sábado, 20 de fevereiro de 2021

{clube-do-e-livro} April Genevieve Tucholke - Wink, Poppy, Midnight: Herói, vilão, mentiroso - Galera Record, 2017



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De: Roseli Fuchs Botta




April Genevieve Tucholke - Wink, Poppy, Midnight: Herói, vilão, mentiroso -  Galera Record, 2017
Um thriller  surpreendente que traz narradores adolescentes nada confiáveis. Wink é a nova vizinha esquisita, misteriosa e com roupas estranhas. Poppy é a rainha do ensino médio, com sua beleza estonteante e sua grande habilidade para ser cruel. Midnight é um menino doce e inseguro que se vê entre as duas. Wink sabe contar muitas histórias de cor e sabe que todas elas precisam de um herói. Poppy não acredita em histórias, mas acredita, acima de tudo, em si mesma. Midnight até acredita em histórias, mas está certo de que nunca vai ser protagonista de nenhuma. Ele não é bom em nada. No verão, algo insólito acontece, e Midnight se vê obrigado a lidar com as consequências, mesmo sem saber exatamente o que se passou. Porém, alguém muito próximo sabe a verdade. E alguém está mentindo. Mas quem?



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{clube-do-e-livro} (pdf) Lucy Maud Montgomery - Anne de Green Gables (Clássicos Autêntica) - 2019



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De: Roseli Fuchs Botta 

image.png
Lucy Maud Montgomery - Anne de Green Gables (Clássicos Autêntica) - 2019
Se você gostou de Pollyanna, vai se apaixonar por Anne de Green Gables.
Quando os irmãos Marilla e Matthew Cuthbert, de Green Gables, na Prince Edward Island, no Canadá, decidem adotar um órfão para ajudá-los nos trabalhos da fazenda, não estão preparados para o "erro" que mudará suas vidas: Anne Shirley, uma menina ruiva de 11 anos, acaba sendo enviada, por engano, pelo orfanato.
Apesar do acontecimento inesperado, a natureza expansiva, sempre de bem com a vida, a curiosidade, a imaginação peculiar e a tagarelice da menina conquistam rapidamente os relutantes pais adotivos. O espírito combativo e questionador de Anne logo atrai o interesse das pessoas do lugar – e muitos problemas também.
No entanto, Anne era uma espécie de Pollyanna, e sua capacidade de ver sempre o lado bonito e positivo de tudo, seu amor pela vida, pela natureza, pelos livros conquista a todos, e ela acaba sendo "adotada" também pela comunidade.
Publicada pela primeira vez em 1908, esta história deliciosa, que ilustra valores fundamentais como a ética, a solidariedade, a honestidade e a importância do trabalho e da amizade, teve numerosas edições, já tendo vendido mais de 50 milhões de cópias em todo o mundo. Foi traduzida para mais de 20 idiomas e adaptada para o teatro e o cinema.
Mais recentemente, inspirou também a série Anne com E, já com duas temporadas na Netflix.
Sobre o Autor
(Lucy Maud Montgomery, 1874-1942) nasceu em New London, Prince Edward Island, no Canadá. Quando tinha quase 2 anos de idade, sua mãe morreu de tuberculose. O pai a deixou, então, aos cuidados dos avós maternos e se mudou para o oeste do país, onde se estabeleceu e se casou novamente. Como a única criança vivendo com um casal de idosos, Lucy encontrou apoio em sua imaginação, na natureza, nos livros e na escrita. Aos 9 anos, começou a escrever poesia e a manter um diário. De 1893 a 1894, estudou para professora na Prince of Wales College, formando-se com distinção após completar o curso na metade do tempo previsto. Em 1905, escreveu seu primeiro e mais famoso romance: Anne de Green Gables. À época, enviou o manuscrito para cinco editores, que o rejeitaram. Lucy guardou-o, então, em uma caixa de chapéus. Somente dois anos depois encontrou o manuscrito, releu-o e decidiu tentar novamente publicá-lo. A obra foi aceita pela L. C. Page, de Boston, Massachusetts, e publicada em 1908. Bestseller imediato, o livro marcou o início da carreira de sucesso de L. M. Montgomery como romancista. Ao todo, ela publicou 20 romances (9 deles protagonizados por Anne Shirley), mais de 500 contos, um livro de poesia e uma autobiografia. Em 1911, casou-se com o reverendo Ewan Macdonald, de quem estava secretamente noiva há cinco anos. O casal se mudou para Leaskdale, Ontário, onde Macdonald era ministro da Igreja Presbiteriana. Tiveram três filhos: Chester, Stuart e Hugh, que nasceu morto. Mesmo com obras já consagradas pelo público, além de escrever romances, contos e poemas, ajudava o marido em seus deveres pastorais e cuidava da casa e dos filhos. Sensível e inteligente, Lucy M. Montgomery imortalizou Prince Edward Island, local em que cresceu, por meio de maravilhosas descrições da vida, da natureza, da comunidade e das pessoas da pequena província. Todos os anos, milhares de turistas, direta ou indiretamente influenciados pelo modo de vida descrito em seus livros, vão à ilha para conhecer o lugar que ela tanto amava. Faleceu em 24 de abril de 1942, em Toronto, Canadá.

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{clube-do-e-livro} Miguel Sousa Tavares.rar



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De: Felisberto Melo





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{clube-do-e-livro} Lançamento nº048 A Roleta do Amor - Corin Tellado- Formato: doc e pdf



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De: Reginaldo Mendes


Olá, pessoal:

                   Este é mais um livro de nossa campanha de doação  e digitalização de livros para atender aos deficientes visuais.

                       Hoje estamos lançando livros digitalizado por Marina Campos

.                   Estes livros foram lançados há muitos anos atrás em outro grupo apenas no formato doc. Desta vez formatamos nos principais formatos :pdf, doc  e nesta data  relançamos no nosso Grupo Mente Aberta.

                    Pedimos não divulgar em canais públicos ou Facebook . Esta nossa distribuição é para atender aos deficientes visuais em canais específicos.

O Grupo Mente Aberta lança hoje mais um livro digital !

Desejamos a todos uma boa   leitura !

A Roleta do Amor - Corin Tellado


Sinopse:

Com a morte de seu tio, Rosa Maria passou a viver sob a tutela dos pais de sua melhor amiga, que eram condes. Conheceu o filho deles, João Carlos, por quem não sentiu a mínima simpatia. Sabendo disso, ele apostou com seus amigos que casaria com Rosa Maria, armou um plano que a obrigou a isso. Quando ela descobriu a aposta, resolveu casar... mas ele pagaria caro por isso.        


 LANÇAMENTO GRUPO MENTE ABERTA:




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{clube-do-e-livro} Lançamento: Magnetismo Pessoal -Heitor Durville - Formatos: Pdf,txt e epub

Magnetismo Pessoal



H E I T O R D U R V I L L E

Magnetismo Pessoal

EDUCA����O DO PENSAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DA VONTADE, PARA SERMOS FELIZES, FORTES,

SADIOS E ALCAN��ARMOS ��XITO EM TUDO

COM FIGURAS E X P L I C A T I V A S

Tradu����o

BR��ULIO PREGO

EDITORA PENSAMENTO

S��o Paulo





T��tulo original: Magn��tisme Personnel.

Dados Internacionais de Cataloga����o na Publica����o (CIP)

(C��mara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Durville, Heitor, 1 8 4 9 - 1 9 2 3 .

Magnetismo pessoal : educa����o do pensamento e

desenvolvimento da vontade, para sermos felizes, fortes,

sadios e alcan��armos ��xito em tudo / Heitor Durville ;

tradu����o Br��ulio Prego. -- S��o Paulo : Pensamento, 2 0 0 7 .

T��tulo original: Magn��tisme personnel

2 6 a reimpr. da 1. ed. de 1 9 0 7 .

"Com figuras explicativas"

ISBN 9 7 8 - 8 5 - 3 1 5 - 0 3 9 8 - 6

1. Carisma (Tra��o da personalidade) 2. Felicidade

3. Magnetismo animal 4. Sucesso I. T��tulo.

0 7 - 2 6 9 9 C D D - 1 5 4 . 7 2

��ndices para cat��logo sistem��tico:

1. Magnetismo pessoal : Psicologia 1 5 4 . 7 2

O p r i m e i r o n �� m e r o �� e s q u e r d a i n d i c a a e d i �� �� o , ou r e e d i �� �� o , desta o b r a . A p r i m e i r a d e z e n a �� direita i n d i c a o a n o em q u e esta e d i �� �� o , ou r e e d i �� �� o , foi p u b l i c a d a .

E d i �� �� o A n o

2 6 - 2 7 - 2 8 - 2 9 - 3 0 - 3 1 0 7 - 0 8 - 0 9 - 1 0 - 1 1 - 1 2 - 1 3

Direitos de tradu����o para o Brasil

adquiridos com exclusividade pela

EDITORA PENSAMENTO-CULTRIX LTDA.

Rua Dr. M��rio Vicente, 368 ��� 04270-000 ��� S��o Paulo, SP

Fone: 6166-9000 ��� Fax: 6166-9008

E-mail: pensamento@cultrix.com.br

http://www.pensamento-cultrix.com.br

que se reserva a propriedade liter��ria desta tradu����o.

S u m �� r i o

Pref��cio 7

P A R T E T E �� R I C A

1. Considera����es gerais 17

2. Constitui����o da mat��ria 29

3. O homem magn��tico e o n��o-magn��tico 45

4. De onde e como nos vem o pensamento? 49

P A R T E P R A T I C A

1. Considera����es sobre a vontade 69

2. Amemo-nos uns aos outros 77

3. Isolamento 81

4. N��o pensar em duas coisas ao mesmo tempo 85

5. Concentra����o 91

6. Medita����o 97

7. Respira����o profunda 101

8. Olhar magn��tico 119

9. Sugest��o e auto-sugest��o 129

10. Transforma����o das for��as 165

11. Para vencer o destino 169

12. Higiene 193

13. Conclus��o 205

I 5 I

Pref��cio

Esta obra �� um tratado de energia ps��quica. �� um livro de cabeceira, que

tem seu lugar reservado tanto no pal��cio do rico, a quem a fortuna n��o

d�� a felicidade, como na choupana do modesto oper��rio, que aspira a

uma condi����o melhor.

Alguns, a quem qualquer esfor��o parece imposs��vel, a quem a von-

tade faz mais ou menos falta, v��o folhe��-la febrilmente, na esperan��a de

nela acharem um segredo, uma f��rmula cabal��stica que tenha o poder de.

como a varinha m��gica da fada de um conto infantil, fazer brotar instan-

taneamente a considera����o e o amor que lhes faltam, a fortuna e a felici-

dade que lhes fogem.

Que esses fechem o livro e n��o procurem nele nenhum segredo, pois

aqui n��o h�� nada para eles, pelo menos na sua condi����o ps��quica atual. Po-

r��m, que procurem compreender que a causa da sua infelicidade reside ne-

les e n��o fora deles; que ela �� o produto do seu car��ter, da m�� orienta����o

dos seus pensamentos, da sua incapacidade, da sua indecis��o e da sua fal-

ta de vontade. Que procurem persuadir-se igualmente, salvo rar��ssimas

exce����es, de que ocupamos a posi����o social que merecemos; que podemos

aperfei��oar-nos, tornar-nos melhores e que, com perseveran��a, nos �� sem-

pre poss��vel aprender, tornar-nos ��teis, aumentar a nossa energia e adqui-

rir as qualidades que nos faltam para merecer uma situa����o melhor.

Se chegarem a compreender essas verdades incontest��veis e, sobre-

tudo, se forem capazes de fazer esfor��os para sair do atoleiro em que se

I 7 I

meteram, ent��o abram o livro, releiam-no e estudem-no, pondo no con-

te��do toda a sua aten����o.

Desse modo achar��o, como todos os que querem aumentar suas

aptid��es e adquirir outras novas por uma educa����o bem compreendida,

os meios de desenvolvimento das pot��ncias, das for��as, que d��o a intui-

����o, a coragem, a energia, a confian��a, a vontade.

Pot��ncia e for��as que fazem nascer a simpatia, o interesse, a con-

sidera����o; que asseguram o amor, o poder, o dom��nio; que d��o e man-

t��m a sa��de f��sica e moral; que fazem girar a roda da fortuna como se

deseja; que permitem prever os sucessos futuros e mesmo dirigi-los em

grande parte; que d��o a possibilidade de realizar tarefas consideradas

prodigiosas.

Nele encontrar��o, enfim, o segredo da bondade, da virtude, da sa-

bedoria; o segredo dos segredos; a chave da antiga Magia.

Mas, sejamos modestos; n��o exijamos a posse de todos os poderes,

de todos os dons da natureza, pois seria necess��rio tempo demasiado pa-

ra adquiri-los e a exist��ncia atual n��o nos bastaria.

Que aqueles que ainda n��o sa��ram dos degraus inferiores da escala

social se contentem com desejar a melhora de sua situa����o, ganhar a sim-

patia, a confian��a e a considera����o dos que os cercam; com adquirir, n��o

a riqueza, que muito raramente traz a felicidade, mas uma honesta esta-

bilidade.

Que tenham certeza absoluta de que, seguindo a rota tra��ada nesta

obra, chegar��o a obter, em algumas semanas ou meses quando muito, re-

sultados apreci��veis que os encorajar��o a encaminhar-se ousadamente

para o objetivo almejado.

Eles se transformar��o pouco a pouco, e, transformando o meio em

que se acham, n��o tardar��o em receber a recompensa que merecem. Ve-

r��o, satisfeitos, que as boas coisas, que por longo tempo desejaram em

v��o, acontecer��o por si mesmas sem que fa��am nada de especial para

obt��-las.

Ser�� este o come��o do ��xito, a chegada da sorte, ser�� talvez o prin-

c��pio da fortuna.

Em todos os casos, �� a felicidade que se anuncia. De insignificante,

de nulo, de antip��tico mesmo e repulsivo que era, passar�� a ser algu��m

e se tornar�� interessante, simp��tico e atraente.

I 8 I

Avan��ando resolutamente nessa via, apesar das ciladas que n��o dei-

xaremos de encontrar pela frente, teremos a consci��ncia de que esse es-

tado de simpatia constitui um verdadeiro poder adutor, que se fortalece,

se desenvolve, cresce; de que pode crescer mais e, at�� mesmo, crescer

sempre; de que poderemos fazer coisas melhores e obter mais e mais: de

que, num dado momento num tempo talvez n��o muito remoto, n��o ha-

ver�� fim a que n��o possamos atingir, nem limites que n��o possamos ul-

trapassar.

Quais s��o os meios a empregar para desenvolver essa simpatia atra-

tiva que deve nos dirigir para o alvo almejado?

Esses meios s��o bastante numerosos. Dependem primeiramente de

certas disposi����es f��sicas e morais, naturais ou adquiridas depois, do ca-

r��ter, que se pode modificar, da orienta����o que se pode imprimir �� cor-

rente dos nossos pensamentos habituais e, sobretudo, da persist��ncia e

energia da vontade, que se pode sempre desenvolver.

Alguns sistemas de filosofia ensinam que nosso car��ter �� imut��vel:

que nascemos com um destino que devemos suportar, sem esperan��a de

modific��-lo.

N��o �� assim. Podemos n��o s�� modificar nosso car��ter, mas mud��-

lo completamente ��� somos senhores quase que absolutos do nosso des-

tino.

Sendo assim, o homem possui, portanto, livre-arb��trio, ainda que

certos fil��sofos afirmem que seu destino �� fixo antecipadamente.

A fatalidade governa, evidentemente, os reinos mineral, vegetal,

animal, assim como o homem inferior, cuja vontade n��o foi ainda desen-

volvida. Levado pelo destino implac��vel, o indiv��duo desta categoria �� fa-

talmente arrastado na dire����o que suas atividades anteriores lhe

tra��aram: �� o joguete de todos os acontecimentos. Mas, desde que o ho-

mem saiba querer, pode vencer o destino e adquirir seu livre-arb��trio.

Exerce, ent��o, uma a����o direta sobre os acontecimentos triviais da

vida, e estes, em vez de serem o peso de um passado, respondem aos seus

desejos. �� o que fez Edgard A. Poe dizer: "Prendendo Deus, estreitamen-

te, a natureza pelo destino, deu a liberdade �� vontade humana".

Com efeito, para me servir de um termo correntemente empregado

na linguagem filos��fica, observa-se, muitas vezes, a pluralidade dos ti-

pos no mesmo indiv��duo.

I 9 I

A idade, as doen��as, as pr��prias circunst��ncias fazem desaparecer

tend��ncias naturais e nascer outras novas. Por exemplo, pelo racioc��nio

podemos certamente chegar a fazer compreender ao ego��sta que ele, re-

nunciando a uma pequena vantagem, poder�� realizar outra maior.

De modo an��logo podemos igualmente fazer compreender a um ho-

mem mau que, causando um sofrimento a outro, imp��e a si um maior, e

que, para que ele n��o sofra, deve renunciar (ainda que a t��tulo de ensaio

e durante um tempo mais ou menos limitado) a fazer sofrer os outros.

Se assim ��, o car��ter n��o �� imut��vel; e com aten����o, reflex��o e vonta-

de que oriente a corrente de pensamentos e, sobretudo, com o tempo que

tudo modifica, pode-se conseguir mud��-lo quase completamente e desmen-

tir o prov��rbio: "Expulse o natural e ele, de s��bito, volta a ser o que era".

A mudan��a obtida, ainda que por um instante, pode repetir-se e sa-

be-se perfeitamente que uma tarefa dif��cil se realiza a princ��pio com di-

ficuldade; que, depois, torna-se cada vez mais f��cil, at�� ser, finalmente,

executada com toda a facilidade.

Em todos esses casos, devemos persuadir-nos de que, no dom��nio

ps��quico, as mudan��as e transforma����es se fazem como as composi����es

e decomposi����es qu��micas, isto ��, que nada se faz do nada, que nada se

perde e que tudo se transforma.

O esfor��o mais insignificante, o ato menor que for, deixa, como se

ver�� adiante, um tra��o duradouro sob uma forma real; e, em um tempo

mais ou menos afastado, muitas vezes depois de alguns dias somente,

recebemos, por meio de um "reflexo", o efeito dos nossos maus pensa-

mentos, das nossas m��s a����es, como tamb��m, certamente, a justa recom-

pensa dos nossos bons pensamentos e boas a����es.

A Provid��ncia est�� em n��s e n��o fora de n��s: a natureza n��o nos do-

mina, mas, ao contr��rio, obedece aos nossos impulsos, ao nosso movi-

mento interno; ela n��o �� sen��o o campo posto �� nossa disposi����o para

cultivar a nossa evolu����o, e s�� podemos colher o que nele tivermos plan-

tado; em uma palavra: n��s mesmos forjamos o nosso destino.

N��o h�� efeito sem causa; o acaso n��o existe e o maior n��mero de su-

cessos ordin��rios da vida pode ser previsto, pois os que se cumprem nes-

te momento s��o a conseq����ncia dos que se deram no passado, como os

que se realizarem no futuro dependem dos fatos presentes. Quando du-

rante muito tempo as repetimos, as menores coisas geram os maiores

I 1 0 |

efeitos; e sabemos que a gota d'��gua, �� for��a de bater na pedra dura, con-

segue fur��-la.

Em princ��pio, para nos tra��ar um destino feliz, conv��m inicialmen-

te que cada qual procure o caminho que mais lhe convenha, pois todos

n��s temos aptid��es especiais; que adquira todos os conhecimentos re-

queridos para estar sempre �� altura de sua tarefa, e que dirija a corrente

de seus pensamentos para o fim que deseja atingir.

Mas n��o basta dizer apenas com os l��bios: eu quero; conv��m que a

vontade parta naturalmente dos recessos mais profundos da consci��ncia

e que nas��a de um vivo desejo de ��xito; que seja uma vontade calma,

constante, uniforme; que, sem orgulho, mas com nobre altivez, se tenha

a maior confian��a em seu pr��prio valor, na efic��cia dos meios que se em-

pregam e na certeza absoluta da vit��ria.

Nem todos os indiv��duos s��o aptos para querer com energia e per-

severan��a. A calma e o sangue-frio no momento do perigo s��o ind��cios

de uma vontade poderosa.

Em geral, as pessoas nervosas e impression��veis, que se irritam com

a menor provoca����o, s��o indiv��duos de vontade fraca, sobretudo quan-

do s��o teimosos e n��o cumprem a determina����o tomada no momento de

exalta����o.

Mas a vontade de uns e de outros �� sempre suscet��vel de educa����o

e desenvolvimento, e isto com tanto mais facilidade quanto menos obs-

tinados forem.

Assim, para sermos fortes, sadios, termos ��xito em tudo e assegu-

rarmos o nosso destino, conv��m que exer��amos ao nosso redor uma po-

derosa influ��ncia pessoal; que sejamos simp��ticos e atraentes.

Essa influ��ncia, num grau mais ou menos elevado naturalmente e

mesmo inconscientemente, possuem os l��deres da opini��o p��blica, refor-

madores e religiosos, grandes oradores e por todos aqueles que, de bai-

xa situa����o social, elevam-se ��s melhores posi����es.

Se estes conhecessem a natureza e a causa da influ��ncia que exer-

cem instintivamente sobre os que os rodeiam, poderiam, mui facilmen-

te, fortific��-la, desenvolv��-la mais e melhor e dirigi-la para obter

resultados mais importantes.

Essa mesma influ��ncia existe tamb��m num grande n��mero de indi-

v��duos que n��o sabem absolutamente servir-se dela, pois suas boas qua-

I 11 I

lidades s��o contrabalan��adas por certos defeitos, muitas vezes insignifi-

cantes, que podem mesmo passar por qualidades aos olhos da maioria;

enfim, ela est�� em estado latente nos demais. Tanto os primeiros como

os ��ltimos, se gozam da plenitude de suas faculdades intelectuais e mo-

rais, podem sempre desenvolv��-la, aprender a servir-se dela, faz��-la au-

mentar ainda mais e at�� mesmo faz��-la crescer sempre.

Essa influ��ncia, esse magnetismo pessoal, natural ou adquirido, n��o

depende da apar��ncia exterior. Uma bela estatura, um porte majestoso,

um rosto agrad��vel, maneiras distintas, podem contribuir para ela e con-

tribuem de certa maneira. Mas conv��m n��o esquecer que n��o h�� corpos

t��o defeituosos, nem rostos t��o feios que n��o possam ser magn��ticos.

Se belos pensamentos s��o expostos numa bela linguagem, tendem

a impor-se enormemente; mas a pureza e a nobreza dos pensamentos de-

sempenham aqui o papel principal, e aquele que fala com pouca eloq����n-

cia chega sempre a fazer-se ouvir em raz��o direta da eleva����o dos seus

pensamentos e da convic����o com que os exprime.

Encontramos indiv��duos muito feios, disformes, que nos s��o muito

simp��ticos e que exercem claramente sobre n��s uma influ��ncia suscet��-

vel de nos dispor em seu favor, ao passo que ficamos frios e impass��veis

ante certos indiv��duos de bela apar��ncia, por��m que carecem de expres-

s��o e n��o impressionam o nosso ser interno.

Estes ��ltimos n��o passam de est��tuas belas mas sem calor e sem

magnetismo, simples imagens da vida.

Napole��o era pequeno, sem grande instru����o, desprovido do pres-

t��gio que d��o o nascimento e a fortuna, mas possu��a naturalmente, em

grau que ningu��m poderia ultrapassar, nem sequer atingir pela pr��tica e

adestramento, o magnetismo pessoal, essa influ��ncia, essa for��a, irm��s

mais velhas do g��nio, que permitem superar todos os obst��culos, que

asseguram o poder, fornecem o meio de sublevar o mundo, de dispor dos

imp��rios e realizar obras gigantescas.

"Que nos lembremos simplesmente ��� diz um distinto personalista

que citarei muitas vezes ��� de sua marcha triunfal atrav��s da Fran��a, de-

pois do ex��lio na ilha de Elba, e a irresist��vel soberania que na ocasi��o

exerceu sobre a multid��o. Camponeses, nobres e burgueses precipita-

vam-se �� sua passagem, atra��dos por uma for��a misteriosa; e, sob o im-

p��rio do encanto, um milh��o de peitos humanos soltava o grito

formid��vel, imortalizado pela Hist��ria: "Viva o Imperador!"

I 1 2 |

Possu��do e desenvolvido conscientemente, o magnetismo pessoal

constitui o mais precioso e duradouro de todos os bens. Vale mais do que

a ci��ncia, pois �� a "ci��ncia das ci��ncias", sendo cem vezes prefer��vel �� fortuna mais s��lida pois que esta, de um dia para o outro, mal dirigida, po-

de se dispersar.

Pelo magnetismo, o mais modesto pode sempre ter a certeza de se

tornar melhor, de preparar vantajosamente o seu futuro e o dos seus. de

viver sempre em uma honesta situa����o, rodeado da considera����o de to-

dos, de gozar de boa sa��de f��sica e moral, que transmitir�� aos seus des-

cendentes; em suma, de possuir a felicidade sob suas mais variadas

formas.

Aquele que tem ambi����es, por maiores que possam ser; que cobi��a

o amor; que quer a fortuna ou outra qualquer vantagem, pode igualmen-

te ter a certeza de obt��-las, sobretudo se n��o prejudicam em nada a pro-

priedade alheia.

Com o magnetismo pessoal, tudo �� completo, tudo �� est��vel, nada

�� imposs��vel. Ele ��, em tudo e em toda a parte, a causa direta do ��xito, o

expoente, a express��o do poder. Est�� ao alcance de todos. Esta obra per-

mite a cada um desenvolv��-lo, se j�� o possui; adquiri-lo e desenvolv��-lo

em seguida, se n��o o possui sen��o em estado latente.

Mas os resultados n��o ser��o id��nticos para todos, pois conv��m con-

tar com as disposi����es naturais de cada um. H�� indiv��duos que com-

preender��o todos os detalhes do ensinamento, mesmo antes de terem

lido completamente esta obra. Estes por��o logo o ensinamento em pr��-

tica e tirar��o dele imediatamente as maiores vantagens.

Outros ��� e destes haver�� um n��mero maior ��� o reler��o e com-

preender��o certas afirma����es, cujo sentido lhes ficar�� velado a princ��pio;

depois por��o em pr��tica seus ensinamentos e tirar��o deles resultados sa-

tisfat��rios, no espa��o de um a dois meses.

Enfim, alguns menos favorecidos, os que vivem na indol��ncia e te-

mem o esfor��o, o considerar��o acima das suas for��as e, sobretudo, dos

seus meios de a����o. Estes o ler��o por curiosidade, a princ��pio; depois, o

estudar��o e meditar��o sobre seus ensinamentos. Num dado momento,

um clar��o de esperan��a lhes aparecer��, e eles compreender��o que, se o

quiserem, ser��o capazes de alguns esfor��os. Principiar��o a experiment��-

lo, ent��o, timidamente; com a esperan��a, vir�� a coragem pouco a pouco

I 1 3 I

e, assim, chegar��o a obter, ap��s um tempo mais ou menos longo, tr��s me-

ses, seis meses talvez, resultados satisfat��rios, e a partida estar�� ganha pa-

ra eles.

Depois da primeira tentativa feliz, a tarefa ir��, cada vez mais, se tor-

nando f��cil e j�� n��o lhes custar�� lev��-la adiante, vendo duplicar, triplicar

e at�� mesmo decuplicar seus primeiros resultados.

Para terminar este Pref��cio, j�� longo, mas certamente necess��rio, di-

rei que a obra �� dividida em duas partes:

1. Uma parte te��rica, que estuda as leis ps��quicas, assim como as

manifesta����es do pensamento e da vontade;

2. Uma parte pr��tica, demonstrativa, experimental, que ensina os

meios de se tornar senhor de seus pensamentos, de desenvolver e forti-

ficar a vontade e de garantir os meios de a����o para alcan��ar o objetivo de

seus desejos.

I 1 4 I

PARTE TE��RICA

1

Considera����es gerais

DEFINI����O ��� OBRAS QUE DEVEM SER ESTUDADAS ���

AS LEIS PS��QUICAS ��� COMO ADQUIRIR A INFLU��NCIA





PESSOAL.


DEFINI����O ��� A express��o magnetismo pessoal nos veio dos americanos.

Magnetismo �� uma influ��ncia natural ou adquirida, que permite ao

homem e �� mulher atrair para si a considera����o, o interesse, a simpatia,

a confian��a, a amizade e o amor dos seus semelhantes; obter as melho-

res posi����es sociais; chegar ao poder e �� fortuna, ou, pelo menos, ao bem-

estar, que todos desejamos.

Essa influ��ncia nos p��e, imediatamente, em contato com as ener-

gias que nos cercam, com as simpatias que flutuam incertas e indecisas

na atmosfera, e nos permite fix��-las em n��s, para aumentar a nossa indi-

vidualidade f��sica e moral.

D�� ao magnetizador o poder de realizar, mesmo �� dist��ncia, curas

extraordin��rias e ao hipnotizador o de sugerir o que quiser; �� ela que d��

a cada um de n��s a intui����o, essa percep����o ��ntima, feita com os senti-

dos do esp��rito, que permite distinguir o que nos �� bom e ��til do que nos

prejudica.

I 1 7 I



OBRAS QUE DEVEM SE ESTUDADAS ��� Tr��s obras traduzidas do ingl��s s��o

particularmente recomend��veis ao estudante para o conhecimento do

magnetismo pessoal.

Na ordem da import��ncia que eu lhes atribuo, s��o elas:

A For��a do Pensamento, sua a����o e seu papel na vida, 1 vol., de Wil-

liam Walker Atkinson*.

Nossas For��as Mentais, meio de utiliz��-las, 4 vols., de Prentice

Mulford**.

Curso de Magnetismo Pessoal, do autodom��nio e do desenvolvimen-

to das aptid��es naturais, 1 vol., de V Turnbull***.

Os dois primeiros autores consideraram o pensamento, convenien-

temente dirigido pela vontade, como a causa direta da nossa felicidade

ou infelicidade.

Os pensamentos dos diversos indiv��duos repelem-se, atraem-se e

combinam-se, segundo certas leis de afinidade, para formar pensamen-

tos novos.

Para adquirir influ��ncia pessoal em elevado grau basta, portanto,

alimentar t��o-somente pensamentos altru��stas, benevolentes e bons, que

atraiam os pensamentos da mesma natureza, para formar uma esp��cie de

capital que se emprega, consciente ou inconscientemente, para chegar ao

fim desejado.

O ��ltimo atribui a influ��ncia pessoal a uma for��a mental, que age

como ��m�� ou eletricidade.

Esta for��a manifesta-se na forma de correntes mentais, an��logas ��s

correntes el��tricas, que v��o quase que constantemente de um c��rebro a

outro (fig. 1); e os mais influentes s��o os que sabem armazenar em si,

numa esp��cie de bateria, a maior soma da for��a que lhes pertence pro-

priamente e que lhes vem dos outros.

* William Walker Atkinson, A For��a do Pensamento, Editora Pensamento, S��o Paulo. [N��o ser�� mais reeditado.]

** A tradu����o dessa excelente obra de Mulford, que nos deu a Editora Pensamento, �� muito mais completa do que a francesa, como j�� tivemos ocasi��o de verificar. A raz��o disso �� que a Empresa colecionou e reuniu, na sua edi����o, maior corpo de doutrina, aumentado, sem d��-

vida, das ��ltimas considera����es e leis que o autor escreveu pouco antes de sua morte. (N. T.)

*** V. Turnbull, Curso de Magnetismo Pessoal, Editora Pensamento, S��o Paulo. [N��o ser�� mais reeditado.]

I 1 8 |



Ainda que pare��a resolver apenas certos aspectos da quest��o, a teo-

ria das correntes mentais merece maior considera����o.

A influ��ncia do desejo, do pensamento e da vontade era conhecida

pelos antigos.

As obras b��blicas est��o cheias de exemplos empolgantes desta natu-

reza, que s�� cumpre separar da cren��a na interven����o divina para que se

mostrem em toda a sua simplicidade.

Preocupando-se com o problema das faculdades da alma, Avicena,

Roger Bacon, C. Agripa, Paracelso, Van Helmont e muitos outros anali-

saram-na em seus escritos.

Mas, para n��o recomendar aqui sen��o obras modernas que se pos-

sam estudar com interesse, citarei apenas, segundo a import��ncia que

lhes atribuo, as seguintes:

I 1 9 I



O Homem Vis��vel e Invis��vel, 1 vol., de Leadbeater; Dogma e Ritual da Alta Magia, 1 vol., de ��liphas L��vi*; Tratado Met��dico de Ci��ncias Ocultas, 1 vol., de Papus.

A obra de Leadbeater, especialmente a teos��fica, apesar de seu va-

lor, �� um tanto abstrata para aqueles que ensaiam os seus primeiros pas-

sos num terreno t��o complicado como o do estudo dos poderes do

homem.

A de ��liphas L��vi, considerada como obra cl��ssica do ocultismo,

mereceria o primeiro lugar desta segunda categoria, se as grandes verda-

des que cont��m, relativas ao pensamento e �� vontade, n��o fossem vela-

das pelas f��rmulas m��gicas, que as tornam incompreens��veis aos

n��o-iniciados na linguagem dos ocultistas.

Enfim, a de Papus cont��m profundas observa����es que necessitam

igualmente ser desembara��adas de uma s��rie de f��rmulas que considero

in��teis.

AS LEIS PS��QUICAS. No mundo f��sico, a harmonia resulta da lei dos

contr��rios.

Os efeitos do ��m�� e da eletricidade constituem o tipo mais aparente

da aplica����o desta lei: Os p��los ou fluidos de mesmo nome se repelem; os

p��los ou fluidos de nome contr��rio se atraem.

D��-se o mesmo com o magnetismo humano, que n��o �� sen��o uma

propriedade, um movimento da mat��ria.

As leis ps��quicas s��o inversas; os semelhantes se atraem e os contr��-

rios se repelem. Essas leis podem ser formuladas assim:

Os pensamentos e a����es da mesma natureza atraem-se e fazem nascer,

ou aumentar, a considera����o, a simpatia, a confian��a e o amor que os indi-

v��duos s��o suscet��veis de sentir uns pelos outros; os pensamentos e as a����es

de natureza oposta repelem-se e geram a antipatia, a desconfian��a e o ��dio.

* A edi����o portuguesa desta importante obra, que nos deu a Editora Pensamento ( 1 7 �� edi-

����o, 1 9 5 5 ) �� um trabalho excelente. Foi traduzida por Camaysar, que, tendo not��cias do he-breu e conhecimento das obras fundamentais de Magia, andou reparando, emendando e

corrigindo a obra e o fez com tal engenho e penetra����o que chegou n��o s�� a traduzir, mas a completar e restaurar o Ritual. (N. T.)

I 2 0 I

Nossos pensamentos podem ser considerados como corpos mate-

riais; e como tais, al��m das leis f��sico-ps��quicas, est��o ainda submetidos

a leis qu��micas an��logas ��s que presidem a composi����o e decomposi����o

dos corpos que caem sob os nossos sentidos.

Assim, eles se comunicam e se transformam reciprocamente, pas-

sando, num movimento cont��nuo, de um indiv��duo a outro, sem que. to-

davia, tenhamos consci��ncia disso.

Sendo da mesma natureza, sem serem identicamente semelhantes,

conservam uma esp��cie de afinidade entre si, a qual lhes permite combi-

narem-se para formar pensamentos, id��ias e disposi����es novas.

�� o que explica a nossa mudan��a de opini��o, ap��s ouvir passiva-

mente um conferencista ou um amigo simp��tico tratar de um tema qual-

quer, que n��o conhec��amos inteiramente, explicando, igualmente, a

mudan��a de nossas necessidades, desejos e penhores, quando nos rela-

cionamos, constantemente, com um indiv��duo ou grupo de indiv��duos

que pensam e agem de um modo diferente do nosso.

Esta verdade, aceita h�� bastante tempo, deu origem a este s��bio pro-

v��rbio: As m��s companhias corrompem os bons costumes.

COMO ADQUIRIR A INFLU��NCIA PESSOAL. Os diferentes autores que tra-

taram da quest��o n��o concordaram absolutamente sobre as condi����es

que o homem deve observar para adquirir a influ��ncia pessoal, quando

n��o a possui e para aument��-la, quando a tem em certo grau.

Alguns atribuem essa influ��ncia ao regime vegetariano, sem obser-

var que ela pode, algumas vezes, existir em grau elevado em certos in-

temperantes que abusam do uso da carne.

Atribuem-na outros �� castidade, sem terem em conta que ela tam-

b��m se encontra em pessoas que est��o muito longe de serem castas.

Pensam outros, ainda, que ela est�� por toda parte na natureza e que,

pela respira����o praticada segundo certas regras, se possa colh��-la do am-

biente; que se possa mesmo tom��-la da for��a muscular, convertida em

energia ps��quica.

Resumindo a quest��o, digo que todos est��o mais ou menos de acor-

do em admitir que, quando adquirida, ela se manifesta sob a influ��ncia

do pensamento ou da vontade, e age junto ou separadamente desta, sem

que disto tenhamos consci��ncia.

I 21 I

H��, em todas estas teorias, muita verdade, mas nenhuma delas a

cont��m inteiramente.

A higiene alimentar desempenha certamente papel consider��vel na

conserva����o de nossa sa��de f��sica e moral.

O fato de se n��o desperdi��arem as for��as nos deleites sensuais mui-

to freq��entes desempenha igualmente papel important��ssimo.

Por meio de exerc��cios corporais, inteligentemente executados, as

for��as f��sicas desenvolvem-se, concorrendo grandemente para esse de-

senvolvimento a gin��stica respirat��ria.

Mas tomemos em considera����o o seguinte:

Todos n��s possu��mos, ou estamos dispostos a adquirir, influ��ncia

pessoal.

T��m-na naturalmente bem desenvolvida os que se imp��em e pros-

peram em tudo.

Em alguns, acha-se ela em estado latente, mais ou menos pronta pa-

ra ser desenvolvida.

Para efetuar esse desenvolvimento, dir��amos que todos os meios f��-

sicos ensinados pela higiene s��o excelentes, com condi����o de que se pro-

cure, ao mesmo tempo, desenvolver regularmente as fun����es do

pensamento e o exerc��cio da vontade at�� domin��-la completamente.

Saiba que nada se perde, que nada �� indiferente na vida e que nos-

sos pensamentos aparentemente mais simples influem sobre n��s e sobre

os que nos rodeiam, contribuindo, assim, de certa maneira, para a nossa

felicidade ou infelicidade.

Os pensamentos que emitimos com persist��ncia, se apegam a n��s,

atraindo outros da mesma natureza, e formam em redor de n��s uma es-

p��cie de atmosfera ou aura (palavra latina que corresponde ao nosso so-

pro, vapor sutil), mais ou menos densa ou delgada e que constitui algo da

nossa personalidade.

Dessa atmosfera irradiam em torno de n��s prolongamentos que po-

dem ser comparados (como o foram pelo autor de Magnetismo Pessoal)

��s correntes et��tricas ou, melhor, ��s linhas de for��a observadas em torno

dos ��m��s, como o demonstra o espectro magn��tico (figs. 2 e 3 ) .

Assim, se emitimos pensamentos de bondade e benevol��ncia, atra��-

mos, de fora, pensamentos an��logos e ganhamos, ao mesmo tempo, a

confian��a e a simpatia dos que s��o bons e benevolentes; ao passo que, se

I 2 2 I





Figs. 2 e 3. Espectros magn��ticos.

I 23 I

n��o pensamos sen��o em persegui����o, ��dio, vingan��a, ci��me, atra��mos,

sem d��vida, pensamentos desta natureza, que v��m alimentar e mesmo

adensar a nossa aura.

Por outro lado, afastando de n��s as pessoas que nos poderiam ser

��teis, atra��mos os man��acos, os atormentados, os ciumentos, os maus e

rabugentos, o que justifica amplamente o prov��rbio:

Os que s��o semelhantes se juntam.

�� assim que somos simp��ticos ou antip��ticos, que nos tornamos fe-

lizes ou infelizes, que fazemos girar a roda da fortuna em nosso favor ou

contra n��s; em resumo, que fazemos o nosso pr��prio destino.

Pedi e recebereis, batei e abrir-se-vos-�� ��� diz o Evangelho.

Estas afirma����es s��o absolutamente exatas se interpretadas assim:

Ponha-se nas condi����es requeridas, isto ��, na possibilidade de

obter o que voc�� pede, e deseje obt��-lo como algo que lhe �� devido, e po-

de ter a certeza absoluta de que, se isso n��o prejudica em nada a consi-

dera����o e interesse dos seus semelhantes, voc�� obter��, se n��o tudo o que

pediu, ao menos uma quantidade proporcional �� sinceridade do seu pe-

dido e �� soma de vontade que tiver empregado para obt��-lo. A ��nica di-

ficuldade est�� em querer com energia, persist��ncia e perseveran��a.

A vontade, sobretudo quando auxiliada pela f��, �� a virtude princi-

pal; �� a for��a mais consider��vel que temos �� nossa disposi����o, e �� nela

que repousa o ��nico fundamento dos milagres e da magia antiga.

N��o �� uma vontade superior que nos concede o que pedimos, mas

poder-se-ia dizer que a coisa almejada estava ali, �� certa dist��ncia, �� dis-

posi����o daquele que a quisesse tomar.

�� o que explica a efic��cia real da prece.

Quando esta �� verdadeiramente sincera, possui propriedades sufi-

cientes para atrair ao que cr�� uma soma maior ou menor de consola����es,

de satisfa����o e mesmo de vantagens materiais.

De fato, parece evidente que, quando um cat��lico ora com fervor a

Santo Ant��nio de P��dua, por exemplo, para achar um objeto perdido,

muitas vezes encontra imediatamente esse objeto, quando, segundo to-

das as probabilidades, n��o o teria achado sen��o depois de muito tempo.

A teoria desse fen��meno �� bem simples; n��o �� a personagem invo-

cada quem atendeu �� prece; mas o fiel, por sua f��, p��s-se nas disposi����es

ps��quicas convenientes para atrair para si as influ��ncias suscet��veis de

guiar suas buscas.

I 2 4 I

As curas de Lourdes e outras id��nticas, tidas por miraculosas, t��m

a mesma explica����o.

Pelo desejo de curar-se pelas emo����es da viagem, e sobretudo, pela

f��, os peregrinos p��em-se nas condi����es requeridas para atrair as influ��n-

cias, as for��as ��� os espiritualistas diriam os fluidos; os cat��licos, as gra-

��as ��� e outros agentes suscet��veis de determinar a cura; depois, sob o

imp��rio da a����o f��sica, exercida pela imers��o na piscina, produz-se uma

rea����o muito violenta para vencer um mal invenc��vel pelos diversos

meios empregados pelo m��dico.

Acontece o mesmo com a maioria dos efeitos esp��ritas.

Desdobrado e auxiliado pela for��a, pelos fluidos dos assistentes, o

m��dium atrai para si, do meio ambiente, todos os elementos que s��o ne-

cess��rios para a produ����o dos fen��menos.

Os sentimentos, as qualidades, os defeitos, as paix��es, direi mesmo

todas as propriedades f��sicas e morais que possuem ou podem possuir os

seres vivos, est��o na natureza sob uma forma real, material, quase palp��-

vel, e cada qual pode tomar dela o que lhe �� assimil��vel.

Conhecendo as leis que presidem ��s manifesta����es desses fen��me-

nos da vida ps��quica, cada um pode atrair as boas coisas e repelir as m��s.

Este poder �� universal. N��o �� exclusivo do homem; mas abarca o

instinto e a maneira de ser dos animais.

Descendo os degraus da escala ontol��gica, observamo-lo em grau

muito elevado nas plantas, que possuem propriedades particulares �� sua

esp��cie.

�� por ele que a beladona suga do meio ambiente a atropina; que a

papoula sopor��fera produz o ��pio, que nos d�� a morfina, t��o cara aos de-

sequilibrados, ou mais ainda, que certas algas marinhas absorvem mui-

to bromo e iodo, ainda que esses corpos sejam encontrados apenas em

quantidades infinitesimais na ��gua do mar.

Se cada planta, considerada individualmente, pode, assim, tomar,

do meio em que se acha, os princ��pios que cont��m, �� evidente que esses

princ��pios j�� se achavam a�� e que sua organiza����o lhe permite tom��-los

com exclus��o dos outros.

Aprendamos, pois, a fazer ao menos o que fazem os vegetais, isto ��,

tirar da natureza os princ��pios, os agentes, as for��as que nos s��o neces-

s��rias para assegurar a nossa felicidade.

I 2 5 I

Atrav��s de conhecimentos t��cnicos relativamente pouco extensos,

mas, sobretudo, atrav��s da cultura, do desenvolvimento e do aumento de

nossas faculdades mentais, podemos todos atingi-la em um grau mais ou

menos elevado.

�� o que tratarei de demonstrar.

Para chegar a��, tomarei por base esta afirma����o de Prentice Mulford:

Os pensamentos s��o coisas.

Farei pouca teoria, pois atribuo maior import��ncia aos fatos; e, em

todos os casos, tomarei os melhores processos de educa����o em toda par-

te em que os encontrar.

Aos aflitos se repete sempre: N��o pensem nos seus males; se est��o tris-

tes, pensem na alegria.

Mas n��o se lhes diz nada acerca do que devem fazer para conseguir

isso.

Eu direi.

Explicarei como se podem substituir os pensamentos sombrios, de

desespero e prejudiciais, que deprimem, por pensamentos risonhos e ale-

gres, portadores da esperan��a vivificante, da coragem e da for��a, que per-

mitem vencer os obst��culos opostos ao ��xito e �� felicidade de cada um.

Tenha a certeza absoluta de que este estudo lhe servir�� para melho-

rar consideravelmente a sua situa����o; mas saiba tamb��m que, para que o

poder pessoal atinja um grau muito elevado, �� indispens��vel uma boa in-

telig��ncia natural, guiada por um racioc��nio l��gico e sadio, muito discer-

nimento, tato e bom senso; a bondade, a discri����o, e, acima de tudo, uma

vontade inquebrant��vel s��o indispens��veis.

Algumas palavras ainda para terminar estas considera����es.

Conven��a-se de que o pensamento, mesmo sem o aux��lio da vonta-

de, modifica tudo que nos rodeia; que d�� ��s coisas qualidades novas que

se ajuntam ��s que j�� possuem como pr��prias; que, com o aux��lio da von-

tade, ele cria realmente, n��o imagens, mas agentes, for��as, e mesmo cor-

pos que possuem propriedades f��sicas e qu��micas, corpos materiais,

corpos que agem, movem-se e s��o suscet��veis de comunicar o tom de

seus movimentos, assim como suas qualidades pr��prias aos seres e coi-

sas colocados na esfera de sua a����o.

Se os pensamentos e os diferentes estados da alma existem realmen-

te, do ponto de vista material, podem ser fotografados.

I 2 6 I



De fato, este registro fotogr��fico �� n��o somente poss��vel, mas tam-

b��m certo.

O Dr. Baraduc e o comandante Darget conseguiram bater fotogra-

fias not��veis*.

* Dr. Baraduc, L' Ame Humaine, ses Mouvements, ses Lumi��res e l'Iconographie de l'Invisible Flu��-

dique, 1896; Les Vibrations de Vitalit�� Humaine, 1904.

I 2 7 I



2

Constitui����o da mat��ria

COMO A MAT��RIA �� CONSTITU��DA ��� OS PLANOS DA

NATUREZA ��� OS CORPOS DO HOMEM - OS CORPOS NOS

REINOS DO PLANO F��SICO ��� NOSSA IMORTALIDADE

Para fazer bem compreender como os pensamentos podem ser conside-

rados como coisas, isto ��, como objetos materiais, sou obrigado a entrar

em certas considera����es relativas �� constitui����o da mat��ria, aos planos

da natureza e aos diferentes corpos do homem.

COMO A MAT��RIA �� CONSTITU��DA ��� A mat��ria �� formada de part��culas

infinitamente pequenas, indestrut��veis, que se chamam ��tomos (de duas

palavras gregas: a, privativa, e tome, cortar ��� querendo significar que a

coisa n��o pode mais ser cortada, dividida).

Os ��tomos orientam-se e agrupam-se em n��mero mais ou menos

consider��vel para formarem mol��culas que se mant��m unidas umas ��s

outras, pela for��a de coes��o.

Os ��tomos e as mol��culas n��o se ajustam uns sobre os outros como

cubos do mesmo volume; mas separam-se uns dos outros por espa��os re-

lativamente enormes, nos quais circula livremente um fluido, o ��ter, que,

por sua vez, n��o �� mais que a mat��ria em um estado mais sutil.

I 2 9 I

Livres nos espa��os que ocupam, os ��tomos possuem movimento pr��-

prio, movimento vibrat��rio extremamente r��pido, que �� constantemente

modificado pelos movimentos diferentes que lhes chegam de fora.

Se o ��tomo, que podemos chamar ��tomo qu��mico, representa a ma-

t��ria em seu ��ltimo grau de divisibilidade pelos meios de que dispomos,

tudo indica que ele n��o �� um ��tomo no sentido etimol��gico da palavra,

mas que �� realmente divis��vel por meios mais poderosos.

Qu��micos mais ousados, entre os quais citarei Jollivet Castelot, au-

tor da obra A Vida e a Alma da Mat��ria, afirmam que o ��tomo �� formado

pela aglomera����o de part��culas de ��ter que, por seu n��mero, agrupamen-

to, orienta����o e modo de movimento, constituem os ��tomos dos diferen-

tes corpos com as propriedades f��sicas e qu��micas, que conhecemos em

cada um deles.

O ��ter seria, assim, considerado como o verdadeiro ��tomo, o ��tomo

princ��pio, o protoplasma da mat��ria s��lida, l��quida ou gasosa, que cai sob

nossos sentidos.

Presentemente, procura-se unificar tudo. Se os f��sicos j�� estabelece-

ram e demonstraram a unidade das for��as f��sicas, os qu��micos que pen-

sam como Jollivet Castelot procuram demonstrar a unidade da mat��ria.

Os ocultistas e te��sofos consideram o ��ter como um quarto estado

da mat��ria que vem juntar-se aos tr��s estados: s��lido, l��quido e gasoso, que todos conhecemos.

Estes ��ltimos admitem mesmo que h��, na natureza, quatro estados

et��ricos, que diferem tanto um do outro, quanto o s��lido difere do l��qui-

do e este do gasoso.

Pensam eles tamb��m que a mat��ria, tal como a podemos conhecer

nesses sete estados, �� divis��vel ao infinito.

Em sua excelente obra sobre O Homem Vis��vel e Invis��vel, Leadbea-

ter assim se exprime a esse respeito:

"... O que denominamos um ��tomo de oxig��nio ou de hidrog��nio

n��o �� absolutamente o grau ��ltimo e, de fato, n��o �� de nenhum modo

um ��tomo, mas uma mol��cula, que, sob certas condi����es, pode ser par-

tida em ��tomos.

"Repetindo este processo de separa����o, chegamos, eventualmente,

a um n��mero infinito de ��tomos f��sicos definidos, que s��o todos seme-

lhantes; h��, pois, uma subst��ncia na base de todas as subst��ncias e com-

I 3 0 I



bina����es diversas desses ��tomos ��ltimos, que nos d��o o que a qu��mica

denomina ��tomo de oxig��nio ou hidrog��nio, ouro ou prata, l��tio ou pla-

tina, etc.

"Estes ��tomos, todavia, n��o s��o ��tomos ��ltimos sen��o do ponto de

vista de nosso plano f��sico, isto ��, existem m��todos pelos quais podem

ser subdivididos; mas, quando s��o quebrados assim, produzem uma ma-

t��ria pertencente a uma regi��o diferente da natureza... mat��ria que n��o ��

mais expansiva ou contr��til, seja qual for o grau de calor a que a subme-

tamos.

"Esta mat��ria sutil tamb��m n��o �� simples, mas complexa; e verifi-

camos que, por sua vez, ela existe numa s��rie de estados pr��prios, que

correspondem aproximadamente aos estados da mat��ria f��sica que cha-

mamos s��lidos, l��quidos, gases ou ��teres. Continuando, mais adiante, o

nosso processo de subdivis��o, chegamos a um outro ��tomo... o ��tomo

desta regi��o da natureza que os ocultistas chamaram o Mundo Astral*.

*Para se ver que a moderna teoria dos ��ons e el��trons nada mais representa que a conclus��o dos hindus a respeito dos ��tomos e que estes j�� conheciam h�� s��culos, o que, para os s��bios de hoje, constitui uma novidade ou antes um descobrimento, damos abaixo um trecho do

excelente tratado intitulado Filosofias e Religi��es da ��ndia, pelo Yogue Ramach��raca:

"Estas combina����es do ��ltimo ��tomo s��o meramente tempor��rias e est��o sujeitas a

mudan��a, destrui����o e altera����o no que diz respeito ��s suas combina����es; mas os ��tomos in-dividuais, em sua natureza, n��o podem, sem d��vida, ser destru��dos nem alterados. O estudante de filosofia deve ver nos ensinos do Valshenika, as Id��ias fundamentais que foram, depois, postuladas por Dem��crito, fil��sofo grego considerado o pai da teoria at��mica, e que agora s��o desenvolvidas e sustentadas pelos cientistas mais adiantados do Ocidente. At�� mesmo a destrui����o da primeira Teoria At��mica do Oeste e sua substitui����o pela Teoria Corpus-cular, est�� de acordo com os ensinos de Kanada, nas quais ele sustenta que os ��ltimos ��tomos s��o invis��veis e sem dimens��o, enquanto se tornam vis��veis e adquirem dimens��o, quando combinados ��� sendo o ��ltimo ��tomo de Kanada id��ntico ao Corp��sculo, ��on ou El��tron dos cientistas modernos do s��culo XX, em suas ��ltimas conclus��es e teorias".

Swami Abhedananda, no seu livro intitulado A �� ndia e seu Povo, diz:

"Conforme Kanada, as quatro primeiras subst��ncias como agregadas s��o n��o eternas, mas sim constitu��das de diminutos e invis��veis ��tomos (anus) que s��o eternos. Eles existem como mat��ria org��nica, e s��o como instrumentos de percep����es sensitivas.

"Kanada descreve os ��tomos (anus) como part��culas indivis��veis de mat��ria que n��o possuem dimens��es vis��veis. Neste ponto, ele est�� mais de acordo com os cientistas europeus modernos, do que com os fil��sofos gregos, que atribu��ram aos ��tomos dimens��es vis��veis.

Este primeiro agregado de ��tomos �� de dois anus. Chama-se Dyanu, ou mol��cula, que �� ain-da invis��vel. O agregado de tr��s mol��culas ou ��tomos duplos formam um trasarenu, que tem I 3 1 I



"O processo pode ser ainda repetido; pois, subdividindo este ��tomo

astral, n��s nos achamos em presen��a de um outro mundo mais elevado

e sutil, embora sempre material. Uma vez mais achamos a mat��ria exis-

tindo em condi����es bem definidas e em estados diferentes que corres-

pondem a este n��vel elevad��ssimo.

"O resultado final �� que nossas investiga����es nos levam, uma vez

mais, a um ��tomo... o ��tomo desta terceira grande regi��o da natureza que

a Teosofia chama o Mundo mental.

"Tanto quanto podemos alcan��ar, achamos que n��o h�� limite real a

n��o ser para as nossas capacidades de observa����o.

"Todavia, estamos certos da exist��ncia de um n��mero consider��vel

de regi��es que formam as partes de um todo prodigioso."

os PLANOS DA NATUREZA ��� Os pr��prios te��sofos designam estas re-

gi��es sob o nome de mundos ou planos.

Em realidade, por��m, o fato �� outro.

"... N��o �� conveniente imaginar ��� continua Leadbeater ��� que eles

se superp��em como as estantes de uma biblioteca, mas antes que preen-

chem todos o mesmo espa��o, interpenetrando-se uns nos outros.

"�� ponto pac��fico na ci��ncia que, mesmo nas subst��ncias mais den-

sas, jamais dois ��tomos se tocam.

"Cada ��tomo tem sempre o seu campo de a����o e de vibra����o e cada

mol��cula, por sua vez, possui um campo ainda maior.

"De maneira que h�� sempre espa��o entre esses ��tomos ou essas mo-

l��culas e isso em todas as circunst��ncias poss��veis; cada ��tomo f��sico ��

dimens��o vis��vel. Estes agregados de ��tomos compostos s��o destrut��veis, enquanto os ��tomos s��o, por sua natureza, indestrut��veis. Qu��o not��vel �� ver que a concep����o de ��tomos e mol��culas se levantou, na ��ndia, centenas de s��culos antes do tempo de Emp��docles e De-m��crito!

"E a mais recente teoria at��mica da ci��ncia europ��ia n��o superou, de modo nenhum, a da antiga ��ndia."

Portanto, fica provado que a palavra ��tomo (ou anus) empregada por Kanada e outros antigos fil��sofos da ��ndia, corresponde ao ��on ou El��tron dos modernos cientistas europeus.

Mant��m, al��m disso, o sistema Valshenika que esses ��tomos n��o foram criados por Deus, mas s��o coeternos a Ele. E, todavia, o poder que combina os dois ��tomos e faz agrega����es de ��tomos prov��m de Deus, que �� pessoal, e possui conhecimento, desejo e vontade, e �� o ��nico Senhor e Governador de todos os fen��menos. (N. T.)

I 3 2 I

banhado em um mar astral... um mar de mat��ria astral que o cerca e

preenche todos os interst��cios desta mat��ria f��sica.

"Est�� universalmente aceito que o ��ter interpenetra todas as subs-

t��ncias conhecidas, tanto o s��lido mais denso como o g��s mais rarefeito.

"E assim como ele se move com toda a liberdade entre as part��culas

da mat��ria mais densa, tamb��m a mat��ria astral o interpenetra, por sua

vez, e se move livremente entre as suas part��culas.

"A mat��ria mental, por seu turno, interpenetra a astral nas mesmas

condi����es.

"Essas diferentes regi��es da natureza n��o est��o, pois, em caso algum,

separadas no espa��o, mas existem em redor e perto de n��s, de tal forma

que, para v��-las ou estud��-las, n��o precisamos, absolutamente, deslocar-

nos no espa��o; basta-nos despertar nossos sentidos para perceb��-las."

Para explicar como muitas formas da mat��ria, considerada segundo

seu grau de divis��o ou de tenuidade, podem ocupar o mesmo espa��o, vou

fazer uma compara����o, que tornar�� muito compreens��vel este fen��meno.

Suponhamos uma cavidade qualquer cheia de pedras. Estas pedras

representariam a mat��ria em seus diferentes estados, mas n��o ocupam

todo o espa��o que lhes �� reservado.

H��, entre elas, interst��cios que podem ser cobertos de areia. Esta

areia representaria a mat��ria astral penetrando a mat��ria f��sica.

Os gr��os de areia deixam entre si interst��cios, que podem ser ocu-

pados pela ��gua. Esta ��gua representaria a mat��ria mental penetrando a

mat��ria astral.

A ��gua deixa ainda, entre suas mol��culas, espa��os que podem ser

ocupados pelo g��s, o que faz compreender que a mat��ria mental pode,

por sua vez, ser penetrada por uma outra mat��ria ainda mais sutil.

os CORPOS DO HOMEM ��� �� evidente que o homem n��o �� unicamente

constitu��do pelo corpo, que percebemos diretamente pelos sentidos.

A religi��o crist��, como ali��s as grandes religi��es que partilham a

cren��a dos homens, afirma que somos compostos de dois corpos: um

material que vemos, outro imaterial ou espiritual que escapa ao campo

de nossa vis��o.

Os te��sofos da ��ndia atingiram, h�� milhares de anos, no dom��nio dos

poderes ps��quicos, alturas que estamos muito longe de tocar.

I 3 3 I

Eles afirmam que o homem pode chegar ao que podemos chamar

a perfei����o; e que, atingindo-a, possui ou possuiu sete corpos, que cor-

respondem aos diferentes planos da natureza que ele galgou sucessiva-

mente.

Para n��o perturbarmos nossa imagina����o com o pensamento de se-

melhante estudo, que n��o ser��amos, certamente, capazes de fazer, fique-

mos com os ocultistas e te��sofos ocidentais.

Estes admitem a exist��ncia de tr��s corpos, que, no homem evolu��do

pela intelig��ncia tal como a compreendemos, constituem seus ve��culos,

isto ��, seus meios de locomo����o em cada um dos planos correspondentes

�� mat��ria de que s��o formados.

Ao corpo f��sico, evidentemente formado da mat��ria que conhece-

mos, pertencem fun����es como a digest��o, a assimila����o, a locomo����o e

diversos fen��menos que os menos inteligentes dentre n��s podem verifi-

car, pois s��o diretamente percept��veis: s��o os fen��menos fisiol��gicos.

Os outros dois corpos, mais sutis, v��o encarregar-se das fun����es que

os fil��sofos consideram como faculdades da alma.

O corpo astral �� o "perisp��rito" dos esp��ritas, a alma sensitiva dos antigos fil��sofos.

Composto com mat��ria do plano astral, serve ele, de certo modo, de

meio de uni��o entre o corpo f��sico e o corpo mental.

�� nele que se produzem a imagina����o, a sensibilidade, a dor, as emo-

����es, os desejos, as paix��es e os gozos de grau pouco elevado.

Nos animais, ele �� a sede dos instintos. �� por interm��dio dele que

se produzem os fen��menos, por muito tempo contestados, da telepatia,

apari����es e vis��es que temos no sonho.

Quando dormimos, n��o vivemos sen��o pelo corpo astral, que se

move com toda a liberdade nesse plano.

O corpo mental, formado da mat��ria deste plano, �� a sede da inteli-

g��ncia, do pensamento e da vontade. �� o eu pensante, a alma dos fil��so-

fos (anima, dos latinos; psique, dos gregos), no qual se produzem todos os fen��menos da consci��ncia.

O ju��zo, o racioc��nio, as resolu����es, as delibera����es, fazem parte de

seu dom��nio. No estado de desenvolvimento que podemos apreciar �� o

princ��pio superior que governa todas as nossas fun����es e preside a todas

as nossas a����es.

I 3 4 I

Os corpos astral e mental possuem sentidos correspondentes aos

que nos p��em em comunica����o direta com os agentes f��sicos, com a di-

feren��a que aqueles s��o consideravelmente mais poderosos.

Esses corpos representam tr��s organismos distintos, que est��o ajus-

tados uns sobre aos outros de forma tal que uma impress��o percebida por

um �� imediatamente transmitida aos outros.

Poder-se-ia comparar esta transmiss��o com a seguinte: ��� tirando-

se vigorosamente um som de uma harpa, os instrumentos semelhantes,

colocados na sua vizinhan��a, repetem a nota vibrada pela harpa, se esti-

verem afinados no mesmo tom dela.

O f��sico, o astral e o mental representam aqui oitavas cada vez mais

elevadas, de tal forma que o conjunto das notas, que podem ser dadas

pelo f��sico, forma uma oitava qualquer. O mesmo conjunto de notas

constitui, no astral, uma oitava superior, e no mental, uma oitava ainda

mais elevada.

O ser f��sico �� dirigido pelo astral e pelo mental. Em princ��pio, ele ��

submetido ao astral durante o sono e ao mental durante a vig��lia.

Por��m, como o governo desta ��ltima parte de nossa exist��ncia ��

mais complicado e mais dif��cil que o da primeira, o mental tem necessi-

dade de associar-se ao astral, para auxili��-lo de algum modo.

Chegamos, muitas vezes, a notar que h�� em n��s dois indiv��duos que

comandam, dois chefes que n��o t��m a mesma autoridade, que n��o pen-

sam da mesma forma, que n��o est��o sempre de acordo, que discutem, lu-

tam mesmo, algumas vezes, um contra o outro; e, finalmente, que �� o

mais forte quem decide. Esses dois chefes s��o como o diretor e o vice-

diretor de um grande estabelecimento. S��o eles, precisamente, o ser men-

tal e o ser astral, cujas aptid��es est��o longe de ser as mesmas.

Quando praticamos um ato que a nossa raz��o reprova, como, por

exemplo, o de satisfazer uma paix��o qualquer, percebemos perfeitamen-

te esta dualidade interior.

A necessidade desta satisfa����o nasce no astral que a deseja; e a men-

tal, apesar do racioc��nio que lhe op��e, �� impotente para impedir sua rea-

liza����o.

Os loucos, obcecados e todos os que obedecem aos impulsos mais

ou menos irresist��veis, s��o quase que exclusivamente governados pelo

astral, pois o mental, que reina soberanamente nos homens fortes e se-

I 3 5 I





Fig. 4. O carro atrelado.

nhores de suas a����es, perde, nos primeiros, sua autoridade, de modo

mais ou menos completo.

Esses dois indiv��duos s��o, agora, bem conhecidos em psicologia, ao

menos por sua fun����es.

O ser mental constitui o ser ativo, no qual reside a consci��ncia, o eu

pensante; o astral �� o ser passivo, o subjetivo, que �� a sede da consci��ncia inferior, da subconsci��ncia, do eu inferior.

�� sobre este ��ltimo que a sugest��o, estimada pelos hipnotizadores,

exerce seu imp��rio.

Em seu Tratado Met��dico de Ci��ncias Ocultas, Papus emprega um

simbolismo muito simples para ilustrar o papel de cada um dos tr��s ele-

mentos que comp��em o ser humano.

Representa-o por um carro jungido ao cavalo.

O carro, inerte por si mesmo, representa o corpo f��sico; o cavalo que

o arrasta �� a imagem do astral, e o cocheiro que dirige o cavalo represen-

ta a alma, isto ��, o mental.

O cavalo (o astral) marchando regularmente sob a dire����o do co-

cheiro (o mental) puxa o carro (o corpo f��sico).

A regularidade da marcha (fig. 4 ) , representa as manifesta����es ordi-

n��rias de nossa vida sensata.

O astral �� a sede das paix��es, e quando estas acordam, o mental ��,

muitas vezes, impotente para as conter.

3 6 I



Este estado �� representado pelo cavalo que se desboca, arrastando,

em sua desordenada carreira, o carro e o cocheiro, que n��o pode contro-

l��-lo (fig. 5 ) .

Fig. 5. 0 cavalo se desboca.

Durante o sono, o carro est�� quase abandonado, pois o cavalo, que

�� desjungido, n��o est�� sob o dom��nio do cocheiro (fig. 6 ) .

Neste estado de liberdade aparente, uma outra vontade, que n��o a

do cocheiro, pode apoderar-se do cavalo e dirigi-lo.

�� o que se passa na sugest��o. Aproxima-se o homem da morte. O

cocheiro dorme em seu assento.

Desjungido o cavalo, n��o est�� mais em rela����o com o carro, sen��o

pelas r��deas que se alongam e amea��am romper-se (fig. 7 ) .

O cavalo liberta-se; depois o cocheiro prende-o novamente, monta-

o e leva-o a outro plano, abandonando a carruagem que se fez imprest��-

vel (fig. 8). �� a morte.

O astral �� geralmente invis��vel para n��s, em nosso estado normal.

Todavia, na obscuridade, certas pessoas impression��veis, nas expe-

ri��ncias de exterioriza����o, levadas at�� o desdobramento, podem distin-

guir uma forma mais ou menos n��tida, flutuante, vaporosa, que se

desloca em torno do paciente, que pode afastar-se bastante, conservan-

I 3 7 I



Fig. 7. �� aproxima����o da morte.

do-se, contudo, ligada a ele por um cord��o de mat��ria astral, igualmen-

te vaporosa, partindo da regi��o umbilical.

Apesar de sua sutileza, pode o astral, algumas vezes, ser fotografado.

O coronel de Rochas, fotografando um sensitivo exteriorizado,

obteve uma forma rudimentar.

Um ponto muito brilhante impressionou a chapa; procurando o

ponto correspondente no corpo do paciente, observou que correspondia

a um ponto histerog��nico cuja exist��ncia o experimentador e o paciente

estavam longe de supor.

I 38 I



Fig. 8. O carro despeda��ado �� a morte f��sica.

Eu mesmo tenho obtido provas not��veis.

Al��m do deslocamento experimental, obtiveram-se fotografias mui-

to n��tidas.

os CORPOS NOS REINOS DO PLANO F��SICO ��� Certos s��bios ousados, pen-

sando como os te��sofos e ocultistas, afirmam que a vida est�� por toda

parte na natureza; em outros termos, que a mat��ria, geralmente conside-

rada como inanimada, vive realmente.

Experi��ncias met��dicas, feitas em N��poles h�� uns quinze anos pelo

Professor Von Schr��n, parecem comprovar essa afirma����o.

No seu livro intitulado A Vida e a Alma da Mat��ria, Jollivet Castelot

apoia esta id��ia por observa����es e notas mui judiciosas.

Por outro lado, o estudo profundo do magnetismo mostra-nos que

o agente magn��tico est�� em todos os corpos, mesmo nos considerados

corpos brutos, e que em toda parte obedece ��s mesmas leis.

Se os corpos brutos apresentam sinais de anima����o, possuem sem

d��vida um corpo astral rudimentar, unido a seu corpo puramente f��sico.

Nas plantas o astral seria mais desenvolvido; os animais, al��m do

corpo astral quase inteiramente desenvolvido, teriam um corpo mental

em estado rudimentar.

Os te��sofos n��o consideram essas afirma����es meras hip��teses, mas

verdades.

I 39 I



Em uma figura esquem��tica, facilmente compreens��vel, Leadbeater

faz de certa forma a exposi����o palp��vel do desenvolvimento de cada um

dos corpos de um indiv��duo de evolu����o mediana pertencente a cada rei-

no do plano f��sico.

A figura 9, reduzida e simplificada, segundo a de Leadbeater, basta

para as necessidades desta demonstra����o.

O mineral �� representado por um ret��ngulo pouco elevado, coloca-

do na parte inferior do plano f��sico.

Este ret��ngulo termina em um tri��ngulo, cujo cimo penetra na par-

te inferior do plano astral. �� o ind��cio dos primeiros desejos do mineral

e uma como que primeira manifesta����o de sua consci��ncia.

As palavras desejo e consci��ncia, aplicadas ��s propriedades dos mi-

nerais, n��o s��o, certamente, descabidas apesar das apar��ncias, pois po-

dem ser consideradas como sin��nimos de afinidade; poder-se-ia mesmo

dizer que, em circunst��ncias determinadas, mostram simpatia ou antipa-

tia uns pelos outros.

Expostos a certos contatos, os corpos compostos se decomp��em pa-

ra formar outros.

Um de seus elementos constitutivos abandona aqueles com os quais

se combinou, liberta-se e combina-se com outros.

Estas a����es s��o, ��s vezes, t��o r��pidas, t��o violentas, t��o repentinas,

que se poderiam dizer instant��neas.

Fig. 9. Os planos da Natureza.

I 40 I

Eis alguns exemplos:

Se se junta limalha de zinco ao ��cido clor��drico ��� que �� uma combi-

na����o de cloro e hidrog��nio ��� o cloro abandona o hidrog��nio, que se li-

berta, e combina-se com o zinco para formarem ambos o cloreto de zinco.

Este processo constitui um dos m��todos mais pr��ticos para o fabri-

co do hidrog��nio.

Lan��ando-se na ��gua, composta de oxig��nio e hidrog��nio, um frag-

mento de s��dio, verifica-se que o oxig��nio prefere este metal ao hidrog��-

nio, pois este �� rapidamente posto em liberdade, enquanto o primeiro se

combina com o metal e com este forma um ��xido hidratado de s��dio.

Se se observam atra����es violentas, notam-se tamb��m repuls��es in-

super��veis.

Assim, certos corpos n��o se combinam nunca entre si, quaisquer

que sejam os meios que se possam empregar para isso.

N��o se obt��m acetato de enxofre, porque ainda n��o se conseguiu

combinar este metal��ide com o ��cido ac��tico.

A prefer��ncia, a atra����o e a repuls��o, poder-se-ia mesmo dizer, a

simpatia e a antipatia, o amor e o ��dio que os indiv��duos do reino mine-

ral t��m uns para com os outros, constituem claras manifesta����es de uma

esp��cie de desejo e um como primeiro rudimento de intelig��ncia.

As coisas e os objetos que nos parecem inertes, seriam, pois, real-

mente animados e poderiam considerar-se como os primeiros an��is da

cadeia evolutiva dos seres que partiriam, assim, do n��vel da mat��ria, pa-

ra se elevarem ��s regi��es mais altas do pensamento, passando, sucessiva-

mente, pelo reino vegetal, animal, humano e outros ainda, pois o

homem, tal como o compreendemos, n��o ��, certamente, o ser em que a

marcha para a perfei����o deve se deter.

A planta ocupa completamente o plano f��sico, e o tri��ngulo supe-

rior, que representa seus desejos, suas aspira����es, tem, no plano astral,

um lugar sensivelmente maior que o mineral.

O animal �� completamente formado na parte inferior do plano as-

tral, e o tri��ngulo, muito elevado, penetra no plano mental. Seu corpo

astral �� quase t��o desenvolvido como o do homem, e o seu mental come-

��a a desenvolver-se.

O homem �� completamente desenvolvido na parte inferior do pla-

no mental e o tri��ngulo atinge a parte superior desse plano.

I 41 |

Pode-se supor que, continuando a elevar-se, pode penetrar no pla-

no superior e tomar, paulatinamente, um quarto corpo, composto de ma-

t��ria mais sutil que a que conhecemos, corpo por meio do qual adquiriria

novas qualidades, um aumento de suas faculdades atuais e, muito pro-

vavelmente, faculdades novas.

Agora, tanto para n��o abandonar demasiado a linguagem corrente,

como para simplificar as descri����es que tenho a fazer, considerarei, ge-

ralmente, como mais ou menos sin��nimas as express��es faculdades de es-

p��rito, faculdades ps��quicas, mentais, morais, intelectuais e outras an��logas, para designar as qualidades ou faculdades que pertencem �� vida astral e

mental.

NOSSA IMORTALIDADE ��� Pensei, a princ��pio, n��o tocar nesta quest��o

que aterroriza a maioria dos fil��sofos que ensinam ou admitem as enga-

nosas teorias materialistas; mas, sendo a sobreviv��ncia no al��m-t��mulo

por toda parte discutida, n��o fora este livro completo sem uma afirma-

����o original.

�� por isso que, retrocedendo �� minha inten����o, direi algumas pala-

vras a respeito.

Nossa vida atual �� apenas um elo da imortalidade, e a morte, como

a concebemos geralmente, unicamente uma mudan��a de estado.

A morte �� o fim da vida f��sica, mas n��o o da alma, pois esta �� indes-

trut��vel.

O corpo que morre �� a vestimenta da alma. Em uma morte violen-

ta causada por acidente, por exemplo, o corpo �� bruscamente dilacera-

do, ao passo que, quando chegamos ao ��ltimo grau da decrepitude, fica

enfraquecido e n��o pode mais servir.

O que se considera geralmente como nossa exist��ncia atual �� a con-

tinua����o de exist��ncias anteriores que continuar��o e dever��o continuar

sempre, em condi����es tanto melhores quanto mais fizermos para obt��-las.

Podemos, pois, dizer como Lamartine:

A vida �� um degrau da escada dos mundos,

Que devemos subir para chegar algures.

I 42 I



O esp��rito move a mat��ria*, �� uma afirma����o quase t��o antiga quan-

to o mundo civilizado.

Evolu��mos. Esta evolu����o faz-se em nossa passagem atrav��s da ma-

t��ria f��sica e nossa origem remonta aos tempos geol��gicos primitivos, ��

��poca em que a mat��ria se firmou nos tr��s estados: s��lido, l��quido e ga-

soso, que todos conhecemos.

Postos, ent��o, nos primeiros graus da intermin��vel escala ontol��gi-

ca, lentamente fomo-nos elevando atrav��s dos diversos indiv��duos do

reino vegetal, do reino mineral, at�� o nosso presente estado de desenvol-

vimento.

O que se chama o acaso de nascimento, que parece dar o prest��gio,

a fortuna, a felicidade, n��o existe, porque a natureza soberanamente jus-

ta, n��o o seria, se houvesse prefer��ncias para alguns.

Por leis de atra����o e afinidade, desconhecidas em sua ess��ncia, mas

f��cil de se determinarem em linhas gerais, renascemos em condi����es an��-

logas ��s que t��nhamos precedentemente; e, uma vez mais, suportamos as

conseq����ncias de nossas faltas, como gozamos dos benef��cios dos pro-

gressos que soubemos realizar.

De ��nfimos, maus ou infelizes que ��ramos, elevamo-nos, tornando-

nos melhores; e todos, ao cabo de um tempo mais ou menos longo, de-

vemos chegar �� felicidade.

Mas a esta, como a outra qualquer condi����o, n��o chegaremos todos

ao mesmo tempo.

Chegar��o, primeiro, �� felicidade, aqueles que dela se tornarem mais

dignos.

Nenhum de nossos pensamentos, nenhuma de nossas a����es se perde.

Se agimos mal, somos afetados de um modo doloroso ou desagra-

d��vel, ao passo que, se agimos honestamente, somos afetados de modo

agrad��vel.

No primeiro caso, ficamos quase estacion��rios; no segundo, nos ele-

vamos.

N��o trabalhamos apenas para sermos felizes numa outra vida, con-

soante nos afirma a moral religiosa; mas tiramos grandes proveitos des-

ta, porque quase sempre recebemos, num prazo mais ou menos curto, a

maior parte do que se chama puni����o ou recompensa de nossas a����es.

*Tradu����o da velha senten��a: Mens agitai molem. (N. T.)

I 43 I

Para se conduzir neste labirinto da vida, cheio de escolhos e obst��-

culos, e atingir mais depressa a meta, a maioria dentre n��s tem necessi-

dade de um guia.

Aqueles que conhecem o caminho melhor que os outros, podem

servir-lhes de guia, naturalmente.

Espero contribuir para isso, em larga medida, pondo este livro nas

m��os dos que, ca��dos no charco do infort��nio, retardam seus passos pa-

ra o futuro.

I 44 I



3

O h o m e m m a g n �� t i c o

e o n �� o - m a g n �� t i c o

O homem robusto, alegre, bem equilibrado e consciente de sua for��a e

do papel importante que representa na sociedade, n��o se parece em na-

da com o pobre lipeman��aco, constantemente preso da mais sombria tris-

teza e temendo sempre desgra��as que jamais lhe suceder��o.

�� que nosso estado f��sico e nosso estado moral s��o solid��rios e que,

se um for seriamente afetado, o outro sofrer�� sempre desta ou daquela

maneira.

A for��a silenciosa do pensamento, agindo constantemente no mes-

mo sentido, modela nosso corpo, burila nossos tra��os, dirige nossas ma-

neiras, d�� energia aos nossos gestos e regula nossa marcha.

Imprimindo em todo o nosso ser f��sico uma s��rie de movimentos

correspondentes aos de nosso estado mental, ela nos torna agrad��veis,

atrativos, simp��ticos ou desagrad��veis, repulsivos e antip��ticos; e as mar-

cas dessas qualidades e desses defeitos mostram-se constantemente em

nossa fisionomia, em nossas maneiras, em nosso porte, em nosso andar,

na medida em que essas qualidades mesmas s��o sentidas, pois elas s��o

diretamente percebidas por um sentido do esp��rito, cuja exist��ncia ape-

nas conjeturamos.

Se assim ��, pode-se pois definir de antem��o o tipo do homem atra-

tivo, cuja personalidade magn��tica �� desenvolvida a um certo grau, e

Turnbull tra��a-nos assim, em seu Curso de Magnetismo Pessoal, os si-

nais caracter��sticos de cada um; vejamos, em primeiro lugar, o homem

magn��tico:

I 45 I

"o HOMEM MAGN��TICO ��� Quando voc�� se encontra em companhia do

homem conscientemente magn��tico, a primeira impress��o que ele lhe

causa �� o de estar em repouso: n��o �� nervoso, n��o se agita. Voc�� experi-

menta, em seguida, o sentimento de que ele tem em si uma for��a em re-

serva, uma for��a cuja localiza����o voc�� n��o pode determinar.

"Esta n��o se acha precisamente em seu olhar, nem em suas manei-

ras, nem em seu falar, nem em suas a����es; e, contudo, est�� ali, existe e

parece fazer parte dele.

"Eis exatamente o fato: �� uma parte dele e, alguns minutos antes, por

mais singular que isto lhe pare��a, era, em dimens��o menor, uma parte de

voc�� mesmo.

"Um pouco desta for��a de atra����o que ele mostra e de que voc�� ��

consciente passou de voc�� para ele, sem que disso voc�� desse f��...

"Examinemos o homem de perto a fim de conhecer o segredo da fa-

cina����o que ele exerce sobre voc��.

"Observe primeiro o olhar dele. Seus olhos dominam voc��, ainda

que ele n��o o olhe fixamente.

"Ele n��o o fita nos olhos, nem no olho esquerdo mais do que no di-

reito: olha exatamente entre os olhos, na raiz do nariz. O olhar dele pa-

rece penetr��-lo intencionalmente ��� um olhar fixo e penetrante, em que

n��o h�� nada de desagrad��vel.

"Voc�� sente que ele n��o �� impertinente, nem pode s��-lo.

"Voc�� nota igualmente que ele n��o o olha quando voc�� fala, mas es-

pera a sua comunica����o, e lhe manda depois a sua mensagem.

"Quando ele fala, olha para voc�� de modo determinado, dominador,

por��m brando e benevolente, n��o se mostrando orgulhoso...

"Ele escuta com cortesia, mas transmite-lhe a impress��o de uma

vontade inflex��vel e nele voc�� percebe uma for��a interior, um centro de

for��a e poder. �� ele o homem que deve ser obedecido; em uma palavra,

a impress��o que ele lhe deixa �� a de algu��m que sabe exatamente o que

quer e que n��o se impacienta, pois est�� certo de obt��-lo. Eis por que �� t��o

calmo, t��o seguro de si! O saber �� uma for��a e ele sabe que seu estado

depende das leis de causa e efeito.

"Analisemos o que ele diz. Ensinou-lhe ele alguma coisa? Pouqu��s-

simo e nada que possa ser considerado coisa v�� e pretensiosa: o que ele

d�� n��o �� geralmente importante, ainda que voc�� o julgue, enquanto o

escuta.

I 46 I

"N��o �� precipitado. Antes lhe faz sentir que, se o quisesse, poderia

dizer muito mais.

"Assim, pois, incita a sua curiosidade... por��m, n��o lhe prepara uma

armadilha para fazer-se admirar.

"Quando este homem atraiu a si a popularidade, a influ��ncia, o ��xi-

to, aceitou esses dons, considerou-os como lhe sendo devidos... e conti-

nuou em seu caminho...

"Adquiriu a riqueza da mesma forma que adquiriu a popularidade,

pela domina����o. Dominou pelo magnetismo: atraiu as pessoas para si...

"Qual foi a impress��o que este homem lhe causou?

"��� Esta: voc�� deseja conhec��-lo melhor, porque sentiu que ele lhe

�� simp��tico, de um modo misterioso, que voc�� n��o pode definir.

"Ele o possui, segundo a express��o corrente, e voc�� n��o pode sub-

trair-se �� influ��ncia dele, mesmo depois que voc�� se separou dele.

"Ele se serve da sua for��a. Se quiser observar bem o que se passa en-

tre voc�� e ele, ver�� que voc�� �� que fez alarde dos conhecimentos dele; que

voc�� �� que procurou ser agrad��vel; em resumo, voc�� deu e ele recebeu.

"Sim, foi isso precisamente.

"Se ele quisesse que fosse de outra maneira, ele, forte e consciente

de seu saber, e voc��, fraco e ignorante, teria sido obrigado a receber tu-

do o que quisera lhe dar em forma de impuls��es, ordens e id��ias...

"Mas ele n��o quis; contentou-se simplesmente em causar-lhe uma

boa impress��o... E afastou-se, depois de lhe ter tomado um pouco de mag-

netismo, assim como voa a abelha, depois de haver sugado o mel da flor..."

o HOMEM N��O-MAGN��TICO ��� Depois de haver assim descrito o car��-

ter do homem magn��tico, que vai de ��xito em ��xito, o mesmo autor des-

creveu o do homem n��o-magn��tico, que personifica o fracasso, ap��s o

que, ele os compara.

"O homem n��o-magn��tico o irrita ��� diz ele. ��� Se voc�� �� intrat��-

vel, aumenta a sua aspereza e mau humor; se voc�� tem disposi����es doen-

tias, ele enegrece ainda mais os seus horizontes; se voc�� se sente infeliz,

a presen��a dele parece pesar.

"Sim, ele �� um peso e voc�� tem de suport��-lo. Ele pede a sua simpa-

tia; diz que ningu��m o compreende; queixa-se de sua sorte, do tempo,

de uma pessoa qualquer. �� um descontente, um falador.

I 47 I

"Ele lhe comunica os seus segredos; quer que voc�� tome parte em

seus desgostos.

"�� um impulsivo sem discri����o, carecendo de calma, bom senso,

medida e interesse.

"Voc�� deve lisonje��-lo e deix��-lo ir. Pode fazer isso da maneira mais

f��cil: adulando-lhe o ego��smo; fale do valor dele, livre-se dele e... n��o

pense mais nele.

"Isto feito, voc�� se sentir�� feliz depois da partida dele.

"A presen��a dele pesou horrivelmente sobre voc��, porque voc�� n��o

sabia como subtrair-se �� influ��ncia dele.

"Se voc�� soubesse, poderia n��o s�� evitar uma perda de magnetismo,

mas ainda tirar alguma coisa da fraqueza dele, se voc�� quisesse.

"Por que, pois, ele �� desprovido de disposi����es atrativas?

"A raz��o �� bem simples. Ele �� um negativo; depende dos outros, tem

queixas a apresentar...

"Voc�� pode imaginar o homem magn��tico, que acabamos de descre-

ver, tendo igualmente motivos para queixas?

"Tentar imagin��-lo assim seria um absurdo.

"O nosso homem magn��tico �� uma for��a, porque se tornou senhor

das circunst��ncias, porque soube manter uma atitude de esp��rito que di-

rige os sucessos e domina tudo o que se move ao seu redor.

"Eis o nosso homem n��o-magn��tico personificando o fracasso, ain-

da que n��o o saiba, talvez. Ele �� fraco e lamuriento. A atitude de seu es-

p��rito atrai o insucesso, conforme suas pr��prias confiss��es. Dissipa o seu

pensamento e sua energia.

"Segundo a lei imut��vel de causa e efeito, tal indiv��duo s�� pode ser

infeliz...

"Eis os nossos dois tipos em presen��a um do outro. Estude com

aten����o. Sirva-lhe o primeiro de modelo e o segundo de advert��ncia.

"Observe esses grandes preceitos que se repetem sempre aos nos-

sos ouvidos: N��o descubra os seus males; n��o procure a simpatia nem os

louvores. Procure assenhorear-se da for��a que domina os desejos e aproprie-

se dela."

Para n��o diminuir a import��ncia desta magistral descri����o, n��o di-

rei mais nada acerca do homem magn��tico comparado com o n��o-mag-

n��tico.

I 4 8 I



4

De onde e como nos

vem o pensamento?

D E F I N I �� �� O ��� O S P E N S A M E N T O S S �� O C O I S A S

C A R R E G A D A S D E P O D E R ��� O S P E N S A M E N T O S N O S V �� M

D E F O R A ��� O S N O S S O S P E N S A M E N T O S A G E M S O B R E

N��S M E S M O S ��� I N F L U E N C I A M O - N O S U N S A O S O U T R O S

DEFINI����O ��� Os fil��sofos cl��ssicos suprimiram, de algum modo, a alma,

considerando-a simples fun����o do c��rebro.

Broussais, que foi, ao contr��rio de seus contempor��neos, um parti-

d��rio convicto do Magnetismo e da Frenologia, afirma que o pensamen-

to �� um fluido segregado pelo c��rebro se n��o id��ntico, pelo menos

an��logo ao que os magnetizadores daquela ��poca chamavam fluido mag-

n��tico.

Os te��sofos americanos consideram os pensamentos como coisas, e

os ocultistas, como seres. Para estes, os nossos maus pensamentos s��o

larvas que se agarram a n��s e nos perseguem implacavelmente.

Essas teorias s��o parcialmente verdadeiras, o que podemos reconhe-

cer colocando-nos nas condi����es em que os autores se viram; mas as afir-

ma����es dos te��sofos, de que os pensamentos s��o compostos materiais,

corpos formados de subst��ncia real, pois s��o dotados de for��a mec��nica

e a����o molecular, parecem-me mais justificativos.

I 49 I

Em todos os casos �� do lado destes ��ltimos que me coloco e a teo-

ria que vou expor ��, de certa forma, a de William Atkinson e, mais ain-

da, a de Prentice Mulford.

OS PENSAMENTOS S��O COISAS CARREGADAS DE PODER Os pensamentos

s��o coisas; poder-se-ia acrescentar que s��o coisas animadas de um movi-

mento que lhes �� pr��prio, isto ��, que s��o corpos n��o simples mas com-

postos, formados da mat��ria do plano astral, e que esta mat��ria,

carregada de for��a mental, constitui um verdadeiro poder. Podem os

pensamentos ser observados e estudados sob dois aspectos diferentes:

como objetos materiais e como agentes ou for��as.

A mat��ria e a for��a do plano mental e do plano astral comportam-

se uma para com a outra de maneira quase id��ntica �� que adotam no pla-

no f��sico, com a diferen��a de que as propriedades da mat��ria s��o mais

ativas e numerosas nos primeiros planos do que no ��ltimo.

Aqui, como l��, todas as qualidades dos corpos s��o igualmente pro-

priedades, agentes, for��as, insepar��veis da mat��ria, como esta �� insepa-

r��vel das propriedades que agem sobre ela.

Pode-se, pois, estudar a mat��ria dos diferentes planos da natureza

sob o duplo ponto de vista que chamamos:

1.�� F��sico, pelo que concerne ��s propriedades dos corpos no estado

permanente;

2�� Qu��mico, no que toca ��s propriedades moleculares, �� composi����o

e �� decomposi����o dos mesmos corpos.

Um pensamento qualquer que nos ocorre, faz vibrar a nossa ma-

t��ria mental, e as suas vibra����es comunicam-se em torno de n��s por

ondula����es an��logas ��s dos movimentos ondulat��rios que se observam

na superf��cie de uma ��gua tranq��ila �� qual se atirou uma pedra, e tudo

entra na ordem ao cabo de alguns instantes, se a impress��o n��o foi mui-

to forte.

Mas, se o pensamento se imp��e �� nossa aten����o, se �� intenso, se se

apresenta muitas vezes no campo da consci��ncia, se a impress��o �� forte,

p��e em movimento certa quantidade de for��a mental, que circula cons-

tantemente em torno de n��s. Esta for��a atrai a si a mat��ria astral que aca-

ba por nos envolver e formar a atmosfera ou aura que assinalei no

primeiro cap��tulo.

I 50 I

Esta aura, que ��, assim, uma emana����o de n��s mesmos, age cons-

tantemente sobre n��s como uma for��a estranha, atraindo os pensamen-

tos semelhantes que pareciam adormecidos e aumentando a intensidade

de a����o dos que est��o ainda em atividade.

Podemos a�� observar duas ordens de fen��menos: os ps��quicos ou men-

tais que obedecem a leis opostas ��s que regem as for��as do plano f��sico, leis

que podem ser assim formuladas: as a����es ou pensamentos da mesma natu-

reza se atraem; as a����es ou pensamentos de natureza oposta repelem-se.

Al��m desta a����o mental, que corresponde �� a����o dos nossos agen-

tes f��sicos, podem-se observar a����es qu��micas, que resultam da combi-

na����o dos ��tomos de que se formam os nossos diversos pensamentos;

dito de outra forma: da combina����o dos pensamentos entre si, quando

s��o atra��dos uns pelos outros e que t��m entre si certa afinidade, poder-

se-ia mesmo dizer: certa simpatia.

Os nossos pensamentos s��o, pois, formados de mat��ria astral, que ��

animada de uma for��a mental em cont��nua vibra����o.

Mas, o nosso c��rebro f��sico �� formado de mat��ria grosseira demais

para poder vibrar imediatamente em un��ssono com o c��rebro mental.

H�� uma comunica����o, �� evidente; mas n��o �� t��o direta e simples, co-

mo se poderia supor.

Ela segue, pouco mais ou menos, a ordem seguinte:

As ondula����es determinadas pelas vibra����es da mat��ria mental co-

municam-se �� mat��ria astral, que, pouco a pouco, vibra em uni��o com a

mat��ria mental.

Depois, esse movimento, que n��o p��ra a��, se transmite �� mat��ria f��-

sica: �� recebido na massa cinzenta, na parte posterior do c��rebro, onde

se opera a percep����o.

H��, pois, uma transforma����o do movimento mental em movimen-

to astral e deste no f��sico.

Os mesmos fen��menos operam-se nos tr��s planos. Poder-se-ia dizer

que s��o compar��veis ao que se passa no dom��nio musical. Apresentam

os mesmos caracteres e s��o, de certa forma, como j�� o disse em cap��tulo

anterior, as mesmas escalas ressoando em oitavas diferentes.

Mas, assim apresentado, o assunto n��o est�� ao alcance de todos.

Vou descer destas alturas muito elevadas, e, para simplificar, con-

fundindo os efeitos com as causas que as produzem, passarei simples-

I 51 |

mente a considerar os pensamentos como coisas que agem constante-

mente umas sobre as outras mental e quimicamente.

os PENSAMENTOS NOS V��M DE FORA ��� Os pensamentos n��o nos per-

tencem propriamente; s��o-nos comunicados; chegam-nos de fora e n��s

os absorvemos e transformamos, segundo os nossos desejos, inclina����es

e necessidades.

Justifica-se esta verdade por uma express��o popular. Falando, assim,

de determinados assuntos, ouve-se dizer muitas vezes: Estas coisas est��o

no ar ��� querendo significar que um grande n��mero de indiv��duos pen-

sa, ao mesmo tempo, no mesmo assunto.

N��o h�� d��vida de que os pensamentos se comunicam de um indi-

v��duo a outro.

Assim, na fam��lia, por exemplo, se um indiv��duo pensa em uma coi-

sa e a diz a outro, recebe muitas vezes esta resposta: "Engra��ado, eu es-

tava pensando nisso e ia dizer-lhe".

N��o se desejando fazer intervir o acaso ��� que n��o existe ��� �� im-

poss��vel admitir que o mesmo pensamento tenha nascido nos dois c��re-

bros ao mesmo tempo; ele desenvolveu-se num para passar ao outro

atrav��s do espa��o.

N��o admira que haja transmiss��o de pensamento a curta dist��ncia,

pois o fen��meno j�� se observou a dist��ncias mais ou menos consider��veis.

Assim, pode suceder que, estando em casa, na rua ou alhures, voc��

pensa em determinada pessoa e, minutos ap��s, ela cruze o seu caminho.

Seu pensamento, que veio comunicar-se com voc�� e anunci��-lo, por

assim dizer, justifica o prov��rbio: Falar no mau, aparelhar o pau.

Mulford admite, e n��o estou longe de admiti-lo tamb��m, que os

homens mais fortes e evolu��dos, os que se convencionou chamar g��-

nios, s��o os ��nicos que produzem seus pr��prios pensamentos. Todos os

demais os recebem, absorvem, e transmitem aos outros, mais ou me-

nos transformados e cunhados com o selo de individualidade. Sob cer-

to aspecto parecemo-nos com um espelho refletor colorido de uma

tinta especial.

"A luz que nele se reflete ��� acrescenta ��� lan��a raios da cor do es-

pelho. A luz �� o esp��rito e o refletor representa o indiv��duo, que serve de

intermedi��rio.

I 52 I

"O azeite dos candeeiros prov��m todo ele da mesma fonte, e as lu-

zes de cada um deles podem ser diversamente coloridas, segundo a cor

do globo que os cobre.

"Assim, em uma mesma s��rie de indiv��duos, cada um deles �� ali-

mentado por um mesmo esp��rito e, todavia, cada qual reflete a luz segun-

do o prisma de sua individualidade.

"Tornamo-nos criadores, absorvendo um esp��rito qualquer e dando-

lhe cunho original.

"Quando voc�� considera e admira o m��todo de um artista, voc��

absorve o pensamento dele mas n��o ser�� um simples copista de seu es-

tilo, porque o pensamento dele se combina com o seu.

"Produz-se uma opera����o qu��mica ativa de elementos invis��veis;

uma combina����o desse pensamento com o seu, donde resulta a forma-

����o de um novo elemento, a saber: seu pensamento original. Quanto

mais seu pensamento e sua inten����o forem puros, menos seu projeto se-

r�� ego��sta, e quanto maior for a rapidez da combina����o, tanto mais ori-

ginal e empolgante ser�� seu pensamento.

"Assim �� a gera����o dos pensamentos. As qualidades de justi��a e al-

tru��smo s��o os elementos e fatores cient��ficos desta gera����o.

"O esp��rito de ego��smo contenta-se em tomar de empr��stimo. Apro-

pria-se do pensamento de outrem, sem querer jamais reconhecer-lhe o

leg��timo autor e permanecer sempre um imitador..."

Se assim ��, os verdadeiros pensadores, aqueles que engendram seus

pr��prios pensamentos ou, pelo menos, um certo n��mero de pensamen-

tos novos e originais, devem ser muito raros.

Para encontr��-los, n��o conv��m procur��-los entre os literatos e eru-

ditos; pois a maior parte destes, diz o autor, costuma fazer o of��cio de "ra-

tos de biblioteca", querendo, assim, significar que vivem do pensamento

alheio.

Qualquer que seja a sua origem, quando um pensamento agita nos-

so c��rebro, de um modo duradouro, fortifica e desenvolve-se em conta-

to com os nossos pensamentos; e todos se movem, influem uns sobre os

outros, ligam-se, combinam-se e comunicam-se fora de n��s, atraindo os

pensamentos que s��o da mesma natureza e repelindo os que s��o de na-

tureza oposta.

I 53 I



A figura 10, que representa, grosseiramente, a aura que envolve o

corpo humano, procura fazer compreender, pela dire����o das flechas, que

recebemos e enviamos constantemente pensamentos, sob a forma de

raios ou ondas, que n��o deixam de ter analogia com as ondas luminosas.

Fig. 10. Irradia����o de permuta. A aura.

I 5 4 I

OS NOSSOS PENSAMENTOS AGEM SOBRE N��S MESMOS ��� Mens agitat mo-

lem, diz-nos um velho ad��gio latino, que, em bom portugu��s, se traduz

por: O esp��rito move a mat��ria.

Aqui o esp��rito �� o eu pensante, �� a alma que habita o ser mental.

�� ��bvio que o nosso corpo f��sico �� animado pelo pensamento, que

�� a vontade em movimento, e que este pensamento ou esta vontade nos

vem do corpo mental. �� ela que move os nossos m��sculos e regula todas

as fun����es da vida de rela����o.

Eis alguns exemplos:

Quando queremos erguer um objeto, enviamos ao bra��o, que deve

cumprir tal fun����o, a quantidade de for��a que julgamos necess��ria para

a sua execu����o.

Se o objeto, digamos um vaso que pens��vamos estar cheio de ��gua,

est�� vazio, emitimos for��a demasiada e erguemos bruscamente a vasilha

acima do limite que lhe era assinalado.

Se, pelo contr��rio, o vaso, que julg��vamos vazio, est�� cheio, n��o en-

viamos sen��o a for��a bastante para ergu��-lo vazio e encontramos uma di-

ficuldade moment��nea.

Fen��meno an��logo produz-se no caso seguinte:

Ao erguer um corpo que necessite de emiss��o de uma soma de for-

��a quase igual �� que estamos habituados a emitir normalmente, se nos

assustamos ou nos distra��mos, ainda que seja pela conversa de algu��m

que ouvimos, uma parte de nossa for��a �� desviada para o objeto que nos

prende a aten����o e este pensamento leva consigo uma soma de for��a tal,

que j�� n��o podemos erguer o objeto.

Se, ao contr��rio, no momento de um perigo, por exemplo, puder-

mos concentrar rapidamente todos os nossos pensamentos na id��ia de

levantar e transportar um fardo precioso, que mal podemos erguer no es-

tado normal, quadruplicamos nossa energia e transportamos o fardo sem

pensar que o seu peso est�� muito acima das nossas for��as habituais.

Um trabalho dif��cil, de f��lego, que fazemos de bom ��nimo, termi-

na-se com facilidade, ao passo que, se nos aborrecemos, se pensamos

em outra coisa, uma parte de nossa for��a �� dividida e a que fica �� dispo-

si����o do corpo f��sico j�� n��o �� bastante para levar a termo a tarefa em boas

condi����es. Neste caso, n��o s�� gastamos mais tempo como fatigamo-nos

inutilmente.

I 55 I



O que fizermos deve ser feito com intelig��ncia, calma e perseveran��a.

N��o devemos fazer duas coisas ao mesmo tempo, por pequena que

seja a import��ncia de cada uma delas, pois perde-se energia, tempo e pre-

judica-se ambos os trabalhos.

Mulford, que n��o foi sempre rico, d��-nos um exemplo pessoal da

maneira como devemos executar um trabalho.

"Em minha mocidade ��� diz ele ��� a primeira vez que trabalhei em

uma das minas da Calif��rnia, disse-me um velho mineiro: '�� rapaz, vo-

c�� gasta muita for��a no trabalho; deveria manejar com mais intelig��ncia

a sua picareta'.

"Refletindo sobre a advert��ncia, achei que o meu trabalho exigia

uma coopera����o de intelig��ncia e de m��sculos: intelig��ncia para dirigir

os m��sculos, intelig��ncia para p��r a p�� onde podia tomar mais terra com

pouca despesa de for��as, intelig��ncia para lan��ar a terra apanhada fora

da vala; e partes infinitesimais, se se pode assim dizer, de movimento de

cada m��sculo, durante o trabalho.

"Quanto mais intelig��ncia eu punha ao manejo do meu instrumen-

to, tanto melhor podia cavar ��� e tanto mais agrad��vel ia se tornando o

trabalho.

"Cada pensamento �� uma coisa feita de subst��ncias invis��veis. O ato

de pensar exige certa soma de for��as do corpo. Voc�� emprega esta for��a

mesmo nos seus momentos de lazer..."*.

Para realizar a maior soma de trabalho poss��vel com uma despesa

m��nima de for��as, o homem precisa dirigir constantemente o seu pensa-

mento para o fim de o atingir, e n��o pensar sen��o no que faz; pois, disper-

sando inutilmente as suas for��as mentais, enfraquece-se e qualquer

enfraquecimento �� o princ��pio da doen��a.

Conv��m-lhe, ent��o, ter presente na mem��ria que a sa��de moral �� so-

lid��ria com a sa��de f��sica e que o bom estado da primeira garante, qua-

se sempre, o bom funcionamento da segunda.

Quando ambas est��o bem equilibradas, levamos a cabo maior soma

de trabalho feito todo com satisfa����o.

*Prentice Mulford, Nossas For��as Mentais, 4 volumes. Editora Pensamento, S��o Paulo, 1 9 5 2 .

A passagem citada encontra-se no 2�� volume.

I 56 I

Podemos notar que os maledicentes, os descontentes, os ciumentos,

os de ��nimo azedo e impertinente, bem como os que s��o maus a um t��-

tulo qualquer, assim como os carrancudos, tristes e introvertidos, n��o es-

t��o nunca bem dispostos porque t��m o esp��rito doente, envenenado por

maus pensamentos, e esta pe��onha se transmite ao corpo f��sico que, por

sua vez, adoece.

E assim �� que, remontando dos efeitos ��s causas, somos obrigados

a admitir, com os m��dicos alquimistas e os fil��sofos herm��ticos do fim

da Idade M��dia, que muitos dos males do corpo n��o s��o mais que males

do esp��rito contra os quais todos os tratamentos f��sicos s��o ineficazes.

"Uma grande paix��o a que o homem se entrega ��� diz Eliphas Levi

��� corresponde sempre a uma grande enfermidade que para si prepara."

Quando ela se declara, �� indispens��vel, para a sua cura, que se tra-

te primeiro do moral.

Cheios de esperan��a, se n��s n��o pensamos sen��o em sermos bons,

confiantes e corajosos, atra��mos as boas influ��ncias que flutuam indeci-

sas em redor de n��s, nossa intui����o torna-se mais verdadeira e mais po-

derosa; e, consolidando a nossa sa��de f��sica, preparamos em grande parte

o nosso ��xito nos neg��cios e asseguramos a nossa felicidade.

Mas, se, tristes, desconfiados, ciumentos, receosos e maus, alimen-

tarmos pensamentos de desespero, de ��dio e de vingan��a, atrairemos, fa-

talmente, as m��s influ��ncias que cavam a nossa ru��na e nos levam ��

desgra��a.

Neste ��ltimo caso, n��o temos repouso, nem de dia nem de noite; nada

nos distrai, nada nos alegra; n��o achamos tranq��ilidade em parte alguma.

O c��rebro recebe constantemente, da atmosfera formada pelos pen-

samentos que nos cercam, incita����es a pensar nas mesmas coisas, e es-

ses pensamentos formulados v��o ser reenviados ao lugar de onde vieram,

para voltarem novamente, de modo que ficam girando no mesmo c��rcu-

lo vicioso, sem poderem sair dele.

A dura����o da vida dos pensamentos, considerados individualmen-

te, ��, certamente, muito limitada.

Mas, se os pensamentos antigos se enfraquecem e desaparecem, s��o

constantemente substitu��dos por novos, da mesma natureza, cheios de

for��a e vigor, os quais mant��m, constantemente, o estado de alma em seu

n��vel habitual quando n��o o fazem transbordar.

I 57 I



�� quando nasce a obsess��o, a id��ia fixa, cujo mecanismo �� assim de

f��cil compreens��o.

O c��rebro, em atividade cont��nua, ��, ao mesmo tempo, um recep-

t��culo do pensamento que lhe vem de fora e um gerador do pensamen-

to que transmite.

Produz-se, ent��o, como num circuito el��trico, uma verdadeira cor-

rente de mat��ria pensante, que vai da aura ao c��rebro e do c��rebro �� au-

ra, assim como o mostra a figura 11.

Se pud��ssemos, ver��amos, pelos olhos do mental ou mesmo pelos do

astral, os nossos semelhantes recebendo e reenviando for��as, sob a forma

de raios luminosos; ver��amos tamb��m que a aura e o c��rebro s��o a sede

de combina����es ativas, onde os pensamentos, que n��o s��o absolutamen-

te semelhantes, se aliam, se penetram, se misturam, se confundem, para

formar pensamentos novos, originais, que v��o ser reenviados com o cunho,

com a cor da individualidade de cada um deles (fig. 11).

Os raios do homem bom teriam uma tonalidade clara e um aspecto

agrad��vel. Os do homem mau seriam de um colorido sombrio; pareceriam

espessos, pesados e dariam uma impress��o mais ou menos desagrad��vel.

Ver-se-ia mesmo que, dentre estes ��ltimos, alguns se apresentariam

com um aspecto particular. Os raios luminosos que os cercam parecem

ser ainda mais obscuros, mais pesados, como se fossem formados de ma-

t��ria mais grossa; pois eles t��m tend��ncia a descer como um corpo pesa-

Fig. 11. Circula����o dos pensamentos.

I 58 |

do, de tal forma que, lan��ados perpendicularmente a uma certa dist��n-

cia do corpo f��sico, tornam a cair e, cerrados, em seguida, uns contra os

outros, constituem um verdadeiro envolt��rio que �� quase imperme��vel

��s influ��ncias do meio em que se acham. Os loucos, os man��acos, os ava-

ros, os ciumentos, os obsessos e todos os que se absorvem nas id��ias de

��dio e de vingan��a, muito duradouras, pertencem a esta ordem. N��o s��

est��o encarcerados em si mesmos, n��o vivendo sen��o para si mesmos e

por si mesmos, mas at�� ��-lhes imposs��vel compreender algo que seja

alheio �� sua mania ou �� sua id��ia fixa.

Pode-se dizer que est��o fechados, encurralados, fato que justifica, per-

feitamente, esta express��o trivial, por��m justa, que t��o bem lhes assenta:

Voc�� �� imperme��vel!

Os ocultistas e te��sofos, que conhecem muito bem este envolt��rio, de-

signam-no pela palavra casca. A figura 12 ilustra perfeitamente a situa����o

do prisioneiro, que est�� como que separado do mundo mental que o cerca.

Leadbeater descreve esta casca da seguinte maneira:

"A casca �� formada de grande massa de pensamentos concentrados,

em que o homem comum t��o desafortunadamente se atolou. Durante o

sono, este homem prossegue, geralmente, com o mesmo g��nero de pen-

samentos que o interessam durante o dia, e ele se vai, assim, fechando

numa parede t��o espessa, de sua pr��pria fabrica����o, que n��o pode, pra-

ticamente, saber nada do que se passa fora dela.

"��s vezes, mas muito raramente, alguma violenta impuls��o vinda

de fora ou algum desejo forte formulado dentro daqueles muros, pode

entreabrir, mesmo por um momento, esta pesada cortina de trevas e fa-

zer chegar ao prisioneiro alguma impress��o bem definida; mas o nevoei-

ro cerra-se ao seu redor e ele recome��a a devanear de maneira incoerente.

�� ��bvio, todavia, que esta coura��a pode ser rompida, por diversos m��to-

dos" (O Homem Vis��vel e invis��vel).

1NFLUENCIAMO-NOS UNS AOS OUTROS ��� O pensamento chega-nos de

fora, na forma de movimentos ondulat��rios, nascendo num ou em mui-

tos c��rebros que passaram antes.

Estes movimentos s��o percebidos pelo nosso sistema nervoso e

transmitidos ao nosso c��rebro que entra em vibra����o e reproduz, de cer-

ta forma, automaticamente, o mesmo pensamento.

I 5 9 I



Fig. 1 2 . A casca.

Este pensamento estranho combina-se com o nosso, p��e nossa ma-

t��ria astral em vibra����o; e essas vibra����es v��o transmitir, a dist��ncia, por

ondula����es, um movimento de pensamentos novos, mais ou menos ori-

ginais e revestidos, como j�� o disse precedentemente, do cunho de nos-

sa individualidade.

Pode-se dizer que o espa��o est�� cheio de impress��es, desejos, ins-

tru����es, mesmo de projetos bons e maus que se movem em todas as di-

I 6 0 I

re����es, e que os atra��mos ou repelimos, em virtude desta lei de semelhan-

��a e afinidade j�� formulada anteriormente: os pensamentos de mesma na-

tureza se atraem; os de natureza oposta se repelem.

H��, pois, uma troca de pensamentos dos outros a n��s e de n��s aos

outros, de tal modo que, constantemente, dia e noite ��� durante o sono

ainda mais que no estado de vig��lia ���, recebemos e emitimos influ��n-

cias que modificam, pouco a pouco, o nosso modo de ser.

��, pois, por meio de incita����es vindas de fora que acabamos por nos

fazer o que somos, bons ou maus, felizes ou infelizes.

A felicidade n��o �� um favor do c��u, nem a desgra��a �� um castigo. A

primeira condi����o �� somente o sinal aparente de uma individualidade

forte e superior; a segunda, a manifesta����o de uma individualidade fra-

ca e inferior.

Saibamos, pois, que urdimos o nosso pr��prio destino; que a nature-

za nos ser�� submissa, se a soubermos dominar; ser�� a serva de nossa von-

tade; seguir�� o movimento que lhe imprimirmos e far�� o que quisermos

que fa��a.

Se quisermos ser en��rgicos, nos dar�� a energia; se corajosos, bebe-

remos nela a coragem.

Mas se, de modo contr��rio, largamos as r��deas ��s nossas paix��es,

n��o possuiremos energia alguma para resistir-lhes e nos transformare-

mos em joguetes das for��as que nos cercam.

Devemos, pois, dizer: quero fazer isto, tornar-me aquilo, e repetir a

afirma����o com muita energia e persist��ncia, para atrairmos as influ��n-

cias ��teis, e repelirmos as m��s. O poder do ��xito est�� no pensamento con-

venientemente dirigido pela vontade.

"O Pensamento ��� diz Atkinson, na sua For��a do Pensamento ��� de-

sempenha papel decisivo na vida.

"Age em torno do indiv��duo; �� o fio que o prende a seus semelhan-

tes e sobre o qual se ajuntam, misturando-se e confundindo-se em uma

s�� corrente, todas as energias do ambiente."

Antes de ensinar os meios pr��ticos, que lhe permitir��o servir-se do

pensamento, segundo as regras requeridas, �� oportuno ainda citarmos al-

guns fatos que se operam, a dist��ncias mais ou menos consider��veis, as

quais nos demonstram que todos agimos uns sobre os outros em uma me-

dida muito maior do que se sup��e geralmente.

I 61 |



�� fato evidente que, quando dois indiv��duos se defrontam, ambos

causam reciprocamente uma impress��o boa ou m��, que desperta em ca-

da qual a confian��a ou a d��vida, a simpatia ou a antipatia.

Quando esses sentimentos s��o bem definidos, podemos notar que, jun-

to do indiv��duo simp��tico, sobretudo se ele �� mais desenvolvido que n��s.

n��o s�� nos sentimos �� vontade, mas ainda mais inteligentes, melhores, e, al-

gumas vezes, mais honestos, ao passo que, junto do indiv��duo antip��tico,

sentimo-nos menos inteligentes, menos bons e, talvez, menos honestos.

A influ��ncia que os indiv��duos exercem uns sobre os outros varia de

acordo com as circunst��ncias.

Confundindo a influ��ncia f��sica com a ps��quica, que s��o ali��s mui-

to dif��ceis de separar uma da outra, Du Potet exprime-se a este respeito

em sua Terap��utica Magn��tica* da seguinte maneira:

"H�� seres que, postos em contato com voc��, lhe sugam, absorvem suas

for��as e sua vida; esp��cie de vampiros sem o saber, vivem �� sua custa.

"Junto deles, na esfera de sua atividade, voc�� vai sentir um mal-

estar, um constrangimento que vem de sua influ��ncia mal��fica e deter-

mina em voc�� um sentimento indefin��vel.

"Voc�� sentir�� a necessidade de fugir e afastar-se deles; mas tais seres

t��m uma tend��ncia contr��ria; aproximam-se de voc��, cada vez mais o

apertam e procuram, por todos os meios, tirar de voc�� o que lhes �� ne-

cess��rio para viverem.

"Outros, pelo contr��rio, s��o portadores da vida e da sa��de. Aonde

quer que v��o, nasce e irradia-se a alegria; a sua presen��a faz-nos bem; a

sua conversa �� agrad��vel e procurada; sentimos satisfa����o em lhes aper-

tar as m��os, em apoiarmo-nos em seus bra��os; da sua atmosfera senti-

mos alguma coisa de bals��mico que nos encanta e magnetiza, sem que o

queiramos.

"Adotamos, com facilidade, a sua maneira de ver, suas opini��es, sem

saber por que, e �� com pena que deixamos a sua ben��fica companhia."

Sabemos todos que o exemplo �� contagioso. A alegria comunica-se

como a tristeza, a virtude como o v��cio, a sa��de como a enfermidade.

A cren��a popular justifica, ali��s, esta verdade pelo prov��rbio: Dize-

me com quem andas e dir-te-ei quem ��s.

* Du Potet, Terap��utica Magn��tica. Ed. Pensamento, S��o Paulo. (N��o ser�� mais reeditado) I 62 I

N��o s�� o exemplo, mas ainda o pensamento e mesmo a maneira de

ser, como tudo o que constitui o ser moral de um indiv��duo, atrai do meio

ambiente os pensamentos, as maneiras de ser an��logas dos indiv��duos de

mentalidade semelhante, que freq��entam esse meio.

Esta comunica����o faz-se mesmo sem que tenhamos consci��ncia dela.

Assim, se penetramos, cheios de profunda melancolia, em um meio on-

de tudo respira sa��de, alegria e contentamento, tornamo-nos logo alegres.

O contr��rio se produz sempre, de modo an��logo, em condi����es

opostas.

A inten����o e o desejo agem efetivamente sobre n��s mesmos ��� dis-

se Du Potet.

Eles se transmitem de um a outro em raz��o de sua veem��ncia; e sa-

bemos todos que h�� casos em que esta comunica����o causa impress��es

t��o vivas que a virtude, para evitar seus efeitos, n��o pode achar ref��gio

certo, sen��o na fuga precipitada.

Um homem que tenha uma convic����o profunda (pouco importa

que seja legitimada pela raz��o ou baseada numa ilus��o de seu esp��rito,

contanto que seja real), age sobre aqueles que o cercam e transforma-os,

pouco a pouco, em fan��ticos iguais a ele.

Quase todos os sect��rios pol��ticos e religiosos n��o t��m outro meio

para escravizar os homens, perverter-lhes a intelig��ncia e submet��-los ao

seu despotismo.

Um general conduz um ex��rcito ao combate e o faz marchar como

um s�� homem. Inspira terror aos inimigos mais fortes e mais numerosos

por uma id��ia belicosa que soube comunicar �� sua volta e que, pouco a

pouco, se foi propagando a uma grande dist��ncia, assim como as ondu-

la����es de uma ��gua tranq��ila, a cujo seio se lan��ou uma pedra.

No teatro, um ator bem senhor de seu papel, imaginando ser o ver-

dadeiro her��i que representa, causa admira����o, temor ou terror aos es-

pectadores. Estes emocionam-se, riem ou choram, ainda que saibam que

o espet��culo a que assistem n��o passa de uma cria����o da intelig��ncia.

Tanto no moral como no f��sico, o mais forte tem sempre um ascen-

dente sobre o mais fraco, e este sente-se, muitas vezes, feliz de se p��r sob

a prote����o daquele.

Os efeitos, que t��m como causa uma transmiss��o desta natureza, s��o

inumer��veis. Basta observar os outros e observar-se, a si mesmo, estudar

I 63 I

a natureza das sensa����es que se provam nas diferentes circunst��ncias da

vida, para ter logo a certeza absoluta de que o maior n��mero dos fen��-

menos atribu��dos, t��o impropriamente, ao acaso, n��o s��o devidos sen��o

a uma s�� causa: a influ��ncia ps��quica rec��proca que os indiv��duos, conscien-

te ou inconscientemente, exercem uns sobre os outros.

Se os pensamentos, as impress��es, a maneira de ser de um indiv��-

duo formam a sua aura, um centro de a����o em torno dele, como j�� o dis-

se atr��s, um centro de a����o mais volumoso, mais poderoso, deve, em

virtude das mesmas leis, formar-se em torno de uma aglomera����o, de um

agrupamento de indiv��duos.

Este centro de a����o �� evidente para todos, e Mulford descreve-o co-

mo segue:

"Todo lugar de reuni��o, todo sal��o onde se re��nem ociosos, mais ou

menos sob a influ��ncia de um estimulante, todo meio, seja qual for a sua fi-

nalidade, se a�� se dizem mentiras ou pratica-se qualquer com��rcio fraudu-

lento, �� um reservat��rio de pensamentos inferiores. A baixa corrente

mental, invis��vel e real, brota dele; assim como a ��gua brota de uma fonte...

"Todo grupo de pessoas maldizentes, faladoras e escandalosas, ��

uma fonte de pensamentos maus, assim como toda fam��lia em cujo seio

reina a desordem, as palavras acrimoniosas e azedas, os olhares rancoro-

sos, o humor ��spero e mau, �� um foco de pensamentos venenosos...

"O esp��rito puro n��o pode viver em tal meio, sem ser afetado. Ele

necessita de uma cont��nua tens��o de for��as para resistir ��quela danosa

influ��ncia.

"Por muito que a pessoa resista ��quelas investidas, acaba por ceder

a elas, por ser colhida na armadilha, cegada e vergada ao seu peso.

"Voc�� j�� p��de, sem d��vida, notar qu��o livre voc�� se sente dos dese-

jos desordenados, todas as vezes que deixa a cidade para ir ao campo..."

E Mulford continua:

"Com uma t��o grande quantidade de elementos invis��veis em torno

de n��s, �� necess��rio, para conjur��-los, um grupo solid��rio de indiv��duos,

de aspira����es nobres e puras, que se re��nam muitas vezes e engendrem

por sua conversa ou silenciosa comunh��o uma corrente de pensamentos

mais puros.

"Quanto mais fizerem em favor de tal coopera����o, mais for��a ter��o

os membros do grupo para se p��r ao abrigo, tanto em vig��lia, como quan-

I 64 I



do dormem, dos ataques e das influ��ncias destrutivas que os cercam. Vo-

c��s constituir��o, assim, uma cadeia poderosa que os ligar�� �� mais alta re-

gi��o espiritual, �� regi��o mais pura e poderosa.

"... A corrente emitida por um pequeno c��rculo de indiv��duos bem

unidos e sempre de acordo entre si �� de valor inestim��vel.

"�� o mais poderoso pensamento; �� uma parte do pensamento e da for-

��a dos s��bios; esp��ritos poderosos e benfeitores, que ser��o atra��dos para o

seu grupo e que vir��o em seu aux��lio, se voc��s manifestarem tal desejo.

"Esta corrente purificar�� a intelig��ncia de voc��s, lhes dar�� vigor,

destruir�� a enfermidade e lhes sugerir�� id��ias e planos, se voc��s manifes-

tarem o desejo disso...

"A gera����o de pensamentos nobres e puros emitidos em comunh��o

verdadeira, e a investiga����o da verdade, o desejo do bem universal, pu-

rificam a intelig��ncia, aumentam a energia, preservam do erro e das pe-

dras de trope��o, melhoram a sa��de e comunicam uma for��a que atrai

todos os bens materiais"*.

No tempo em que a f�� reinava com soberania, o cristianismo ��� t��o

admiravelmente organizado ��� achou, no agrupamento de indiv��duos

unidos no mesmo pensamento, for��a bastante n��o s�� para conquistar

uma grande parte do mundo, mas tamb��m para elevar o n��vel intelectual

e moral, alimentar a esperan��a num futuro melhor e, pela f�� que punha

nos cora����es, aumentar a felicidade de cada um em particular.

* Aqui chegamos ��s bases da funda����o e aos fins nobres do Circulo Esot��rico da Comunh��o do Pensamento, que tem como um dos patronos o esp��rito iluminado do grande Mulford. O

progresso e o desenvolvimento da nossa Ordem e os efeitos ben��ficos que tem produzido aos seus associados, dentro e fora do pa��s, como o atestam eloq��entemente as in��meras cartas recebidas, s��o a prova cabal e s��lida da influ��ncia salutar e maravilhosa das for��as congrega-das. Aqueles dos irm��os que mais cooperarem (s��o palavras do mestre) pela difus��o do pensamento harmonizado, queremos dizer, aqueles que fizerem propaganda dos ideais da

Comunh��o do Pensamento, concorrer��o para o bem-estar de muitos e beneficiar��o a si mesmos, pondo-se ao abrigo da delet��ria influ��ncia dos baixos pensamentos. A nossa Ordem

tem, portanto, bases s��lidas e marca um passo adiantado na evolu����o das id��ias espiritualistas em nosso meio. (N. T.)

I 65 I

PARTE PR��TICA

1

Considera����es

sobre a v o n t a d e

Querer �� poder, com a condi����o, por��m, de n��o querer o que ��

imposs��vel e saber fazer uso da vontade.

Apesar da energia que se possa possuir, �� quase imposs��vel adquirir, ime-

diatamente, todas as qualidades que d��o o poder magn��tico em grau

elevado. Conv��m a todos, para adquiri-las, se n��o as possuem, e aumen-

t��-las, se j�� as possuem em determinado grau, uma certa experi��ncia,

exerc��cio, pr��tica e at�� adestramento.

Se olharmos ao nosso redor para ver como se portam aqueles que

chegam por si mesmos �� posse da fortuna ou que adquiriram uma alta

posi����o, reconhecemos, quase sempre, que trabalharam com uma ativi-

dade infatig��vel; que seguiram, com a maior perseveran��a, ao cabo de um

tempo talvez muito longo, o caminho que tra��aram para si, sem dele se

afastar jamais; que quiseram, com energia, chegar ao fim que intentaram

atingir.

O ponto de partida de todo ��xito, de toda vit��ria, est�� na dire����o que

se pode dar ��s correntes de pensamento, pois este �� um come��o de ativi-

dade; um ato em potencial.

Deve-se sempre ter presente na mem��ria que o pensamento, ainda

que invis��vel, existe sob uma forma real, material, duradoura; que cons-

I 69 I

titui o agente mais poderoso que a alma tem �� sua disposi����o para alcan-

��ar seus fins; que �� uma das for��as da natureza mais sutis e poderosas, se

n��o �� de todas a mais sutil e poderosa; que, por meio dele, consciente ou

inconscientemente, agimos sempre sobre n��s e sobre os outros, como os

outros, por sua vez, agem constantemente sobre si e sobre n��s.

Quando o pensamento se apresenta ami��de no campo da consci��n-

cia, impondo-se por si mesmo ou sendo imposto por n��s, mant��m e,

muitas vezes, aumenta consideravelmente o que se pode chamar o nos-

so capital de for��as mentais, o qual, se for composto exclusivamente de

pensamentos nobres e elevados, forma e desenvolve, poderosamente,

nossa personalidade magn��tica.

N��o se deve esquecer que os pensamentos de bondade, benevol��n-

cia, alegria, esperan��a, coragem e confian��a em si, possuem, por sua pr��-

pria natureza, uma poderosa for��a organizadora que assegura a nossa

sa��de f��sica, atrai-nos as boas coisas e prepara a nossa felicidade; ao pas-

so que a maldade, o ��dio, a malevol��ncia, a desconfian��a, o des��nimo, a

tristeza e o desespero, constituem for��as destruidoras que arruinam nos-

sa sa��de f��sica, fazem-nos detestados pelos que nos cercam, afastando as

boas coisas, atraindo-nos as m��s e cavando a nossa infelicidade.

Os que s��o bons, benevolentes, perseverantes, alegres, corajosos e

cheios de esperan��a, s��o atraentes e possuem j�� a personalidade magn��-

tica a um certo grau; em todos os casos, t��m naturalmente quase todas

as qualidades requeridas para desenvolv��-las rapidamente a um grau

muito elevado.

Os que s��o maus devem fazer-se melhores.

Os desesperados, que n��o chegaram a nada, devem compreender

que este resultado �� devido �� sua insufici��ncia, �� sua in��pcia, �� sua igno-

r��ncia, que devem aprender para melhorar.

Para estes ��ltimos, a tarefa ser�� mais longa, mais dif��cil que para os

primeiros; pois est��o menos avan��ados no caminho da vida, menos evo-

lu��dos; por��m, devem compreender que podem mudar seu car��ter, tor-

nar-se melhores, mais simp��ticos, mais destros; que, ent��o, a felicidade

que lhes fugia obstinadamente, vir�� a eles tanto mais depressa quanto

mais fizerem para possu��-la.

Abreviar��o assim o caminho que deve conduzi-los ao fim almejado,

passando por uma via reta, de melhores condi����es e mais segura.

I 70 I

E assim ganhar��o um tempo precioso, pois tudo �� dominado pela

sabedoria do prov��rbio ingl��s: Tempo �� dinheiro.

Que compreendam que a sa��de f��sica e moral, a for��a, a influ��ncia

pessoal, a felicidade, n��o s��o presentes do c��u, que n��o as recebemos co-

mo d��divas, mas sim pelo m��rito ou, para melhor dizer, que elas se ofe-

recem, pois est��o por toda parte na natureza e cada um pode tom��-las.

A felicidade �� um dos sinais mais aparentes de uma individualidade

forte, mais evolu��da, mais desenvolvida, mais perfeita, enquanto a infe-

licidade �� ind��cio de uma individualidade fraca e atrasada.

Em uns, a verdade �� quase nula; em outros, age por movimentos irre-

gulares e n��o atinge sen��o raramente o fim que persegue. Todavia, pode-se

desenvolver nos primeiros e regularizar-se e desenvolver-se nos segundos.

Os princ��pios do magnetismo pessoal podem ser compreendidos nes-

ta f��rmula pronunciada pelo Marqu��s de Puysegur, falando do magne-

tismo f��sico aplicado �� arte de cura:

Vontade ativa para o bem,

Cren��a firme em seu poder,

Confian��a inteira ao empreg��-lo.

que ele resumia nestas palavras:

CRER E QUERER

Eu resumirei mais ainda, dizendo simplesmente:

QUERER

E como se costuma dizer: Querer �� poder.

Aquilo que queremos com perseveran��a, fazemos, pois toda vonta-

de confirma-se por atos.

Em certas circunst��ncias, pela vontade pode-se at�� afastar a morte.

�� absolutamente evidente que os velhos, cuja ��ltima hora soou, po-

dem esperar a chegada de um filho distante; e depois de terem dado a es-

te o ��ltimo beijo e de lhe haverem dito o ��ltimo adeus, e feito a ��ltima

recomenda����o, morrem tranq��ilamente.

I 71 I

Logo, desenvolver a energia da vontade ��, se necess��rio, o m��ximo que

devemos procurar, pois, �� medida que chegamos �� posse desse desenvolvi-

mento, as qualidades indispens��veis ao ��xito vir��o a n��s por si mesmas.

Repito-o, a maior parte dos indiv��duos pode consegui-lo com maior

ou menor facilidade e n��o h�� dificuldades reais sen��o para certos doen-

tes e para os pregui��osos, que esperam sempre obter tudo sem trabalho.

Mas, sendo tudo dif��cil para alguns, a tarefa n��o �� completamente

imposs��vel para ningu��m.

Desenvolvemos as for��as ps��quicas e particularmente a vontade da

mesma maneira que o fazemos com as for��as f��sicas.

Para isto, h�� uma gin��stica do esp��rito, desportos ps��quicos, que po-

dem ser praticados �� maneira dos que conhecemos.

Podemos praticar apenas um, se aspiramos a uma ��nica coisa, tor-

nando-nos neste uma esp��cie de campe��o invicto.

Podemos cultivar todos ao mesmo tempo, o que �� mais f��cil ainda,

e pormo-nos, assim, no estado requerido para atrair todas as boas coisas

e repelirmos as m��s, sem nada fazer de especial para isso.

N��o h�� limites ao desenvolvimento da pot��ncia magn��tica, e quais-

quer que sejam as alturas atingidas, h�� sempre picos mais elevados, aon-

de podemos, todavia, chegar.

Aquele que, durante cinq��enta ou sessenta anos, perseverasse no

desenvolvimento de um poder qualquer, chegaria a produzir prod��gios

t��o admir��veis como os que fazem os faquires, os br��manes e os mais ve-

ner��veis taumaturgos da ��ndia.

Mas n��o aconselho ningu��m a lan��ar-se neste caminho, que n��o �� o

mais indicado, pois est�� cheio de escolhos e perigos. Melhor �� deixar de

lado a possibilidade de cumprir coisas extraordin��rias e cultivar ao mes-

mo tempo todas as faculdades, preenchendo lacunas em nosso desenvol-

vimento e preparando-nos melhor para percorrer os caminhos da vida,

dos quais, se n��o nos perdemos jamais, podemos, todavia, desviar-nos.

Se a tarefa �� dif��cil para aqueles que n��o vivem sen��o de ��dio ou que

s��o constantemente importunados por pensamentos que n��o conseguem

afastar, pois n��o fazem nada de ��til para isso, �� relativamente f��cil para

a maioria dentre n��s. Disponhamo-nos, portanto, a empreend��-la cora-

josamente, e ningu��m, mesmo aquele que se julga mais incapaz de to-

dos, perder�� completamente o seu tempo.

I 72 I

Desde que a personalidade magn��tica come��a a desenvolver-se, ao

cabo de algumas semanas para os mais favorecidos, de alguns meses pa-

ra os que o s��o menos, experimenta-se um sentimento de amor-pr��prio,

de dignidade consciente, de confian��a em si mesmo, que fazem com que

o temor ou a apreens��o que se tinha, cesse ou, ao menos, diminua em

certa medida.

A esperan��a aumenta, se o indiv��duo j�� a possu��a, ou come��a a nas-

cer se estava desesperan��oso. �� uma nova era que se anuncia.

Perseverando corajosamente nesta via de desenvolvimento, verifi-

camos que todas as qualidades precedentes aumentam, manifestando-se

outras, que n��o possu��amos.

Como o f��sico e o moral s��o sempre mais ou menos solid��rios, �� me-

dida que esta modifica����o interior se produz, observa-se uma modifica-

����o correspondente no nosso ser exterior.

O nosso f��sico modifica-se de modo apreci��vel para todos; o nosso

andar torna-se mais gracioso, mais firme, mais nobre; o nosso olhar mais

poderoso, abrandando e fazendo-se agrad��vel a todos. Assim, sabemos

melhor impor-nos e tornamos mais simp��tica e agrad��vel a nossa presen-

��a, os nossos conselhos ser��o atendidos e, por conseguinte, seremos mais

desejados e procurados que antes. �� a influ��ncia pessoal que come��a a

desenvolver-se e deseja t��o-somente que a desenvolvamos; �� a vida men-

tal que sai da inf��ncia para chegar �� adolesc��ncia. Tornando-nos cada vez

mais conscientes deste desenvolvimento, compreendemos melhor as

grandes verdades; come��amos a sentir que fazemos a conquista de nos-

sas faculdades; que nosso destino nos pertence e que podemos dirigi-lo

para o fim que nossa liberdade moral nos permite escolher.

Continuando a educar-nos metodicamente nesses exerc��cios, entra-

remos na posse de nosso esp��rito e de nosso corpo, enquanto todas as nos-

sas faculdades n��o tardar��o a servir ao cumprimento de nossos des��gnios.

O poder que ganhamos sobre n��s faz-se cada vez mais sentir no

meio que nos cerca, de tal modo que, mesmo sem o querer, diretamente,

dirigimos os outros e compreendemos muito bem que somos tanto mais

aptos a dirigi-los quanto mais h��beis formos no governo de n��s mesmos.

Este desenvolvimento progressivo de nossa personalidade magn��ti-

ca �� acompanhado de uma sensa����o particular de for��a f��sica e moral,

isenta de qualquer disposi����o pretensiosa.

I 73 I

�� um sentimento intenso de amor-pr��prio, uma percep����o ��ntima

de nosso valor real, que nos faz modestos, pois come��amos a sentir que

tudo o que for necess��rio �� nossa felicidade acontecer��, sem que fa��amos

algo para isso.

Quando a pessoa chega a este desenvolvimento progressivo, n��o v��

mais os enfermos, os infelizes, os maus sob o mesmo aspecto que os via

no princ��pio, e j�� n��o pensa em vingar-se dos que procuram prejudic��-la.

Agora j�� compreende que todos seguimos a mesma via de progres-

so para chegar ao mesmo fim; que os infelizes e os maus s��o retardat��-

rios que estacionam abaixo dos outros na escala evolutiva; e que, se se

mostra agora melhor e mais feliz do que eles, �� porque ganhou, pelo tra-

balho, o avan��o que eles tamb��m dever��o ganhar, por sua vez.

Para adquirir o homem a influ��ncia pessoal, se j�� n��o a possui, e pa-

ra aument��-la, se a possui em um grau maior ou menor, cumpre que des-

penda um esfor��o proporcional ao grau e rapidez da evolu����o que deseja

atingir. Tomando por princ��pio jamais fazer a outrem o que n��o deseja que

lhe fa��am, �� necess��rio fixar o pensamento de que far�� todo o poss��vel pa-

ra desembara��ar-se de seus maus h��bitos e substitu��-los por outros bons.

Tomadas essas resolu����es, vinte ou vinte e cinco minutos de exer-

c��cios, metodicamente praticados todos os dias, bastar��o talvez para a

maioria dentre n��s, sobretudo no princ��pio.

Mas, quaisquer que sejam os resultados obtidos, seriam certamente

ultrapassados, se pud��ssemos consagrar-lhes um tempo mais consider��-

vel, duas e mesmo tr��s horas, por exemplo.

Os exerc��cios mais insignificantes e que parecem mais estranhos ao

resultado que se deseja obter, levam certamente a este pela educa����o e

desenvolvimento da vontade.

"Um campon��s que se levantasse todas as manh��s ��s duas ou tr��s

horas ��� diz ��liphas L��vi ��� e que fosse, longe de sua casa, colher um ra-

minho da mesma erva, antes do nascer do Sol, poderia, por meio desta

mesma erva, operar grande n��mero de prod��gios. Esta erva seria o sinal

de sua vontade e por meio dela transformar-se-ia em tudo que ele qui-

sesse no interesse de seus desejos." (Ritual da Alta Magia)

As pr��ticas absurdas da magia cerimonial e as f��rmulas compli-

cad��ssimas, sem se excetuarem os tratados mais s��rios de magia pr��tica,

n��o t��m outra finalidade.

I 74 I

O mesmo autor afirma esta verdade nestes termos:

"Todas essas figuras, todos esses atos an��logos ��s figuras, todas es-

sas disposi����es de n��meros e de caracteres, n��o passam de instrumentos

de educa����o da vontade, cujos h��bitos fixam e determinam. Servem,

al��m disso, para reunir num s�� todo, pela a����o, todos os poderes an��mi-

cos, e para aumentar a for��a criadora da imagina����o. �� a gin��stica do

pensamento que se exerce na realiza����o; por isso, o efeito dessas pr��ti-

cas �� infal��vel como a natureza, quando feitas com confian��a absoluta e

perseveran��a inquebrant��vel". (Ritual da Alta Magia)

Resulta dessas afirma����es que, quanto mais as f��rmulas forem com-

plicadas, mais as pr��ticas ser��o rid��culas e dif��ceis de executar, e mais

suscet��veis ser��o de desenvolver o poder da vontade.

De um modo bem evidente, resulta do exposto precedente que po-

demos, por uma educa����o racional, aumentar a energia da vontade e

transform��-la numa formid��vel pot��ncia, ante a qual tudo o que �� poss��-

vel pode obter-se. �� o que vou experimentar fazer, pondo esse ensina-

mento ao alcance de todas as intelig��ncias.

S��o necess��rios exerc��cios; eu os reduzirei �� sua mais simples ex-

press��o e os classificarei na ordem que me parece melhor. Os principais,

os que parecem mais indispens��veis �� maioria de n��s, s��o metodicamen-

te descritos em alguns cap��tulos; os outros s��o expostos, sumariamente,

sob a forma de Conselhos de Higiene F��sica e Moral.

Uma ��ltima recomenda����o: a princ��pio, os exerc��cios podem abor-

recer e fatigar; e a pessoa p��e-se sempre a indagar se eles s��o realmente

necess��rios ao fim que persegue.

Conv��m, ent��o, tomar, antecipadamente, a firme resolu����o de ven-

cer todas as dificuldades; ainda que fosse apenas para se dar a satisfa����o

de as vencer, e n��o esquecer nunca que elas t��m um fim duplo: desenvol-

ver as for��as ps��quicas e, mais particularmente, a vontade; desenvolver e re-

gularizar a for��a nervosa e a for��a muscular.

Depois de um tempo muitas vezes breve, o cansa��o do princ��pio de-

saparece e os exerc��cios que pareciam os mais rid��culos e tediosos fazem-

se com satisfa����o, pois compreende-se, afinal, que eles servem podero-

samente para a conquista do autodom��nio.

A pessoa deve exercitar-se com a maior regularidade na pr��tica de

tudo quanto vou descrever.

I 75 I

V��rios exerc��cios ser��o praticados apenas por pouco tempo; outros,

durante longos anos; enfim, aqueles que tendem a orientar nossos pensa-

mentos para o fim que almejamos alcan��ar, para constituir o nosso modo

de ser, a nossa linha de conduta, esses n��o dever��o ser jamais esquecidos.

Pondo constantemente a aten����o nos ��ltimos, os mais ocupados en-

tre n��s, pelo trabalho quotidiano, poder��o sempre consagrar aos outros

exerc��cios, mesmo no leito, pelo menos oito ou dez minutos de manh��

ou �� noite.

N��o h�� ningu��m que, por mais ocupado que seja, n��o possa dispor

ainda de alguns minutos durante o dia.

Um excelente h��bito a tomar no princ��pio, para desenvolver a ener-

gia da vontade, �� tomar a firme resolu����o de consagrar-se, pela manh�� e

�� noite, no leito, antes de deitar-se ou ao levantar-se, dez ou doze minu-

tos �� pr��tica de um exerc��cio qualquer e n��o faltar nunca a esta resolu-

����o, quaisquer que sejam os acontecimentos que possam sobrevir.

Contrai-se um mau h��bito com a maior facilidade e, muitas vezes,

sem perceb��-lo.

Conv��m, pois, sobretudo no princ��pio deste exerc��cio, durante um

tempo talvez de quinze ou vinte dias e mesmo mais, repeti-lo, conforme

o que se prop��s fazer, sem faltar um s�� dia. Pois, pelo contr��rio, uma s��

absten����o pode fazer perder todas as vantagens obtidas.

I 76 I

2

Amemo-nos uns

aos outros

Amemo-nos uns aos outros e n��o fa��amos aos outros

aquilo que n��o queremos que nos fa��am.

Este preceito evang��lico, que n��o �� quase aplicado, ainda que seja conhe-

cido de todos, n��o precisa ser comentado para ser suficientemente com-

preendido; e as duas linhas precedentes poderiam, rigorosamente, ser

consideradas como um cap��tulo inteiro.

Apesar disso, vou ajuntar-lhe algumas considera����es que, comple-

tando-o, far��o compreender todo o interesse que h��, n��o s�� em n��o pre-

judicar a ningu��m, mas ainda em fazer o bem, mesmo ��queles que nos

fazem mal.

Aquele que ama seus semelhantes e n��o lhes faz sen��o o que quise-

ra que lhe fizessem, possui, naturalmente, influ��ncia pessoal em um grau

mais ou menos elevado; ele d�� bondade; e, conforme as leis ps��quicas,

que explanei na primeira parte deste livro, recebe bondade sob diferen-

tes formas e n��o poder�� receber nada de mau.

Em tese geral, mais ele dispensar�� a bondade, com a condi����o de

que o fa��a com absoluto desinteresse, mais ele receber��.

Se assim ��, em uma muito larga medida, trabalhar para os outros,

ser bom para os outros, �� trabalhar em proveito pr��prio. Contrariamen-

I 77 I

te, ser mau para os outros, �� ser mau para si; fazer-lhes mal �� fazer mal

para si.

N��o �� necess��rio possuir uma alta inteligencia, ter uma instru����o

cl��ssica muito desenvolvida e, mesmo, ser bem instru��do, no sentido vi-

goroso deste termo, para compreender esta verdade que est�� ao alcance

de cada um.

�� de rigor, portanto, que todos quantos queiram tornar-se mais fe-

lizes, se fa��am melhores.

Devemos pensar, sempre, no bem que as outras pessoas nos fazem

e esfor��ar-nos o mais poss��vel por esquecer-nos do mal, das ofensas e in-

trigas de que fomos v��timas. Se pensarmos, apesar disso, no mal que nos

fizeram, �� de todo necess��rio que n��o pensemos em vingan��a e que n��o

enviemos ao ofensor sen��o pensamentos de paz e votos de felicidade.

Mulford, que podemos considerar um grande moralista, d��-nos a ra-

z��o disso, nestes termos, no primeiro volume de sua not��vel obra intitu-

lada Nossas For��as Mentais.

"Quando se emitem pensamentos de tormento, irrita����o, ��dio ou

tristeza, p��e-se em atividade for��as prejudiciais tanto ao corpo como ao

esp��rito. A faculdade de esquecer implica a de expulsar os pensamentos

desagrad��veis e penosos, e de substitu��-los por um elemento aproveit��-

vel, destinado a edificar em lugar de destruir. A natureza dos pensamen-

tos que emitimos influi favor��vel ou desfavoravelmente sobre nossos

neg��cios e influencia os outros em nosso favor ou contra n��s. �� uma for-

��a que os outros sentem agrad��vel ou desagradavelmente, inspirando-

lhes confian��a ou desconfian��a.

"H�� um s��bio ego��smo: trabalhar para os outros ao mesmo tem-

po que para n��s, porque somos todos unidos pelo esp��rito. Somos for-

��as que agem e reagem umas sobre as outras, para o bem ou para o

mal, atrav��s daquilo que a ignor��ncia chama o espa��o vazio. Existem

nervos invis��veis ligando os homens e as coisas entre si. �� neste sen-

tido que podemos dizer que todas as formas de vida s��o solid��rias. So-

mos todos membros de um mesmo corpo. Um mau pensamento ou uma

a����o m�� �� uma pulsa����o dolorosa vibrando atrav��s de mir��ades de or-

ganismos. Um pensamento am��vel e uma boa a����o produzem exata-

mente o efeito contr��rio. ��, pois, uma lei da natureza e da ci��ncia, que

o bem ou o mal que fizermos a outrem recair�� sobre n��s mesmos. To-

I 78 I

do pensamento discordante �� uma espada de dois gumes contra n��s...

A criatura mais antip��tica, mais hip��crita, mais venenosa, tem neces-

sidade de nossa piedade e do aux��lio de todos, porque, emitindo pen-

samentos maus, atrai para si mesma tristeza e dores. Aquele que nutre

maus sentimentos contra uma pessoa de quem recebeu insultos, algu-

ma injusti��a ou dano, e que os guarda em si durante horas e mesmo

dias inteiros, acaba por fatigar-se e tornar-se incapaz de os expulsar

de si. Esses pensamentos aborrecem-no, fatigam-no, enfraquecem-no

e ele n��o consegue deixar de remo��-los. Isto prov��m do fato de haver

atra��do sobre si toda a carga do pensamento hostil da pessoa odiada.

Ambos t��m pensamentos id��nticos e trocam entre si venenosos dar-

dos. Assim �� que uma e outra d��o e recebem golpes de uma for��a in-

vis��vel. E se esta guerra silenciosa se prolonga durante v��rias semanas,

os dois advers��rios ressentem-se dela. Portanto, fazer esfor��os por

esquecer a ofensa e s�� dirigir aos inimigos pensamentos de paz, �� um

ato protetor, como o estender a m��o para aparar um golpe. A persis-

t��ncia do pensamento ben��volo anula as m��s inten����es e torna-as

inofensivas.

"O conselho de Cristo: ��� fazer bem a nossos inimigos ��� est�� ba-

seado numa lei natural. Indica que a benevol��ncia vence a maldade e des-

via maus efeitos."

N��o conv��m ter, mesmo para os pr��prios inimigos, sen��o boas dis-

posi����es e pensamentos de amor.

"O ��dio ��� continua o mesmo autor ��� �� simplesmente for��a em-

pregada pela pessoa em despeda��ar-se: �� uma for��a destruidora. A boa

vontade para com todos ��, pelo contr��rio, uma for��a construtiva, que tor-

na mais forte quem a emite. O ��dio abate. A benevol��ncia para com to-

dos atrai elementos salutares e edificantes daqueles com quem nos

pomos em contato. Se voc�� pudesse ver os elementos ativos voando de-

les para voc��, em sua simpatia para com voc��, lhe pareceriam como uns

arroiozinhos delicad��ssimos de vida. De modo contr��rio, elementos

odiosos que voc�� incitasse nos outros pareceriam lan��ar-se sobre voc�� na

forma de raios de uma subst��ncia prejudicial e venenosa. Se voc�� enviar

a quem o detesta um pensamento de ��dio, n��o far�� mais que aumentar a

pot��ncia deste elemento. As duas correntes opostas e perigosas encon-

tram-se e misturam-se, reagindo sobre seus emissores e alimentando ne-

I 7 9 I

les a for��a antag��nica, at�� que ambos caiam ex��nimes. �� no seu pr��prio

interesse que as pessoas deveriam amar-se mutuamente."

Poder�� aquele que �� mau, que n��o ama a ningu��m e destesta todo

mundo, mudar esse sentimento e tornar-se am��vel?

Sim, pode, se tiver boa vontade, paci��ncia e persist��ncia; pois as

qualidades morais podem, como a for��a muscular, ser desenvolvidas por

exerc��cio especial seguido regularmente.

Leroy Berrier assim se exprime sobre o assunto, em sua obra Mag-

netismo Pessoal, tratando do amor e da bondade:

"Deixe freq��entemente que se manifestem o amor e a bondade em

seus pensamentos, palavras e atos, e essas capacidades aumentar��o. Fa-

��a intervir sua vontade e aplique-se a amar tudo o que o cerca. Quando

apertar a m��o de uma pessoa, tenha o sentimento de que o amor e a bon-

dade afluem para esse ato, emanando do seu ser. Persevere e seu poder

de amar crescer��. Procure encontrar tudo o que �� bom e am��vel naque-

le com quem voc�� tem contato, e seu amor se desenvolver��. Se desejar

atrair as coisas inanimadas, ame-as t��o ardentemente, que seu amor rea-

ja sobre voc�� mesmo. Ame-as com tal impulso de cora����o, que voc�� far��

conhecer seu amor aos que o cercam. Ame um ideal com for��a bastante

para realiz��-lo..."

N��o ser�� f��cil ��queles que t��m tend��ncia a devolver olho por olho e

dente por dente enviar pensamentos ben��volos aos que lhes fazem mal;

mas tudo n��o passa de uma atitude a assumir e os menos evolu��dos den-

tre n��s poder��o tom��-la com tanto maior facilidade quanto melhor com-

preenderem que eles ser��o os primeiros a lucrar com ela. Se encontrarem

alguma dificuldade para tomar esse h��bito, os exerc��cios que v��o prati-

car, sobretudo o isolamento, a medita����o, a concentra����o e a auto-sugest��o,

lhes permitir��o superar os ��ltimos obst��culos.

Entretanto, aqueles que desejarem elevar-se na escala da perfei����o

para adquirir a influ��ncia pessoal, n��o se esque��am, um s�� instante, des-

ta verdade pr��tica:

AMEMOS AQUELES QUE NOS DETESTAM E FA��AMOS O BEM

AOS QUE NOS FAZEM MAL.

I 80 I

3

I s o l a m e n t o

O organismo humano, como todos os organismos vivos, ali��s, est�� na-

turalmente submetido a per��odos de atividade, durante os quais gasta as

suas for��as, e a per��odos de repouso, nos quais recupera as for��as per-

didas.

Ambos esses per��odos, bem diferentes um do outro, s��o: o estado de

vig��lia, durante o qual o homem trabalha, e o sono, durante o qual re-

pousa.

O corpo �� o instrumento da alma, que serve como um reservat��rio

de for��a mental, que tem necessidade de estar em bom estado para tra-

balhar utilmente.

Se o corpo est�� fatigado, a alma gasta mais for��a para mant��-lo do

que a que despende normalmente, e assim se fatiga e se esgota.

A crian��a que trabalha, sobretudo no desenvolvimento do seu cor-

po f��sico, tem necessidade de dormir ao menos a metade do tempo, e o

adulto, ainda que tenha o seu corpo f��sico mais ou menos formado, ne-

cessita de dormir cerca de um ter��o do tempo.

Se ele n��o dormir o tempo bastante, suas for��as f��sicas, como suas

for��as morais, n��o ser��o suficientemente renovadas; sentir�� inicialmen-

te fadiga e, em seguida, esgotamento; e a neurastenia com seu triste cor-

tejo de incapacidade n��o tardar�� em declarar-se.

Se os pensamentos s��o coisas e se sua emiss��o �� acompanhada de

outra emiss��o de for��as, como o julguei ter demonstrado na primeira

I 81 I

parte deste livro, �� indispens��vel saber pensar, regular convenientemen-

te o curso dos pensamentos e, sobretudo, em certos momentos ��� n��o

pensar em nada.

Durante a vig��lia, quando pensamos em muitas coisas ao mesmo tem-

po, emitimos for��as em diversas dire����es e nos tornamos logo fatigados.

Neste estado, se pudermos deter esta despesa de for��as e recolher ao

seu centro, isto ��, em n��s mesmos, todas essas energias dispersas, recu-

peraremos, incontinenti, todas as nossas for��as perdidas.

Durante quinze ou vinte minutos, ter��amos o repouso correspon-

dente ao de um sono reparador de duas ou tr��s horas.

Estar��amos aptos a fazer diariamente maior soma de trabalho e a fa-

z��-lo melhor e com mais facilidade.

O grande Napole��o possu��a esse poder, em um grau bastante elevado.

Em um dado momento podia isolar-se e recuperar, mais rapidamen-

te, as for��as perdidas ��� por isso dormia pouco.

Al��m disso, adormecia e despertava quase completamente com tal

rapidez que causava admira����o aos psic��logos.

Perfeitamente repousado, estava sempre de bom ��nimo e disposto.

�� este um poder que todos podem adquirir, dando-se ao trabalho

de habituar-se progressivamente a um exerc��cio, nos primeiros tempos

aborrecido e fatigante, mas prometendo para logo os mais encorajado-

res resultados. Tal exerc��cio tem por fim habilitar o homem a isolar-se

do mundo exterior e a recuperar as for��as que o pensamento solto e

vagabundo andou espalhando, inutilmente, por todos os lados e n��o as

deixar fugir de novo.

�� o retiro de sil��ncio de V. Turnbull.

O isolamento pode ser praticado em toda parte. Tanto em casa como

fora, durante o dia e �� noite, sentado ou deitado. Mas para o principian-

te �� melhor recolher-se a um quarto escuro ou meio escuro, longe do ba-

rulho, onde n��o seja importunado. Conv��m sentar-se confortavelmente

numa cadeira ou, de prefer��ncia, deitar-se num leito, cerrar as p��lpebras

sem esfor��o e fechar levemente os punhos. E fazendo, nesta posi����o, um

esfor��o mental, no princ��pio para atrair as for��as mentais exteriores e de-

pois para deter a emiss��o de seus pensamentos, deve cessar todos os mo-

vimentos volunt��rios e involunt��rios e p��r todos os seus m��sculos em

estado de relaxamento t��o completo quanto poss��vel. A boca deve estar

I 82 I

fechada, sem que os l��bios estejam apertados, e a respira����o, lenta, deve

ser feita pelo nariz somente.

O campo da consci��ncia deve estar inteiramente fechado e o prin-

cipiante deve repelir todo e qualquer pensamento que nele queria entrar;

em resumo: n��o deve pensar em nada.

Duas opera����es igualmente ��teis fazem-se ao mesmo tempo: rela-

xamento muscular e a cessa����o do pensamento.

A coisa n��o �� t��o f��cil no princ��pio.

�� raro um completo relaxamento e uma absten����o total de pensar

durante mais de trinta ou quarenta segundos. Os esfor��os fatigam-nos e

somos for��ados a suspender o exerc��cio depois de dois ou tr��s minutos.

Mas, pouco a pouco, alcan��amos o poder de isolamento; suspende-

mos mais facilmente a circula����o dos pensamentos, conseguimos relaxa-

mento completo e podemos assim permanecer de oito a dez minutos.

E assim come��amos a auferir desse estado grandes vantagens, pois

conseguimos um repouso mais ou menos completo em pouco tempo.

Continuando a desenvolver esta faculdade, chegamos a isolar-nos

do mundo exterior para podermos fazer este exerc��cio no meio do ru��do,

e enquanto os outros andam de l�� para c�� ao nosso redor. Os ru��dos, mes-

mo os mais intensos, n��o s��o percebidos sen��o mui fracamente.

A sensibilidade diminui de tal modo que, se uma mosca pousa em

nosso nariz, n��o nos inquieta e n��o pensamos em fazer o mais leve mo-

vimento para expuls��-la.

Os membros tornam-se pesados: parece que teremos dificuldade em

levant��-los e neste estado permanecemos com certa satisfa����o.

Quando o adestramento �� ainda maior, no fim de oito ou dez minu-

tos de um isolamento mais ou menos completo, acha-se a pessoa em uma

deliciosa languidez.

Percebe os ru��dos exteriores com indiferen��a, e, coisa digna de no-

ta, ouve-os a uma dist��ncia muito maior que a habitual. Sente que est��

exteriorizada e com tend��ncia a desdobrar-se, pois, algumas vezes, pare-

ce-lhe que paira acima de seu pr��prio corpo.

Em todo caso, ela compreende que o desdobramento �� poss��vel, is-

to ��, que fora do sono a alma pode abandonar o corpo f��sico e libertar-se

no espa��o.

I 8 3 I

Ao sair desse estado, que cessa mais ou menos instantaneamente,

desde que queira faz��-lo cessar, sente-se transformada do ponto de vista

f��sico. E se conseguiu isolar-se quinze ou vinte minutos, sente-se t��o re-

pousada como ap��s uma noite de excelente sono.

Para se obter os melhores resultados, deve-se observar certas condi-

����es f��sicas, como por exemplo, colocar-se sempre em posi����o heter��no-

ma com a corrente magn��tica da Terra.

Assim, estando sentada, voltar-se para o norte ou para o oeste, es-

tando deitada, ter a cabe��a ao norte e os p��s ao sul, ou, no caso de im-

possibilidade, com a cabe��a para leste e os p��s para oeste.

Este exerc��cio, como os que daremos a seguir, tem import��ncia con-

sider��vel, sobretudo no princ��pio.

�� indispens��vel submeter-se a ele, faz��-lo mui regularmente uma ou

duas vezes por dia, durante quatro ou cinco minutos no princ��pio, de-

pois por um tempo sensivelmente mais longo, desde que n��o se fatigue.

Ele fortifica a energia da vontade, auxilia a pessoa a dominar seu pensa-

mento para dirigi-lo segundo os seus desejos e permite-lhe, quando fati-

gada, repousar em alguns minutos.

Aqueles que o praticam regularmente podem, depois de um tempo

relativamente curto, trabalhar mais longamente e diminuir, em conse-

q����ncia, as horas de sono.

Praticado �� noite, no leito, permite quase sempre vencer a ins��nia

mais rebelde.

Possibilitando fechar o campo de consci��ncia durante certo tempo,

tranq��iliza os que est��o constantemente agitados por uma imagina����o

desregrada e permite mesmo a cura dos obsessos ou, pelo menos, melho-

rar consideravelmente a sua situa����o.

�� certamente um dos exerc��cios mais dif��ceis e fatigantes no come-

��o; mas torna-se agrad��vel desde que se ven��am as dificuldades iniciais.

Em todos os casos, concorre poderosamente para o desenvolvimen-

to da energia e do autodom��nio.

I 84 I

4

N��o pensar em duas

coisas ao mesmo tempo

Perguntando-se ao grande Newton, certa vez, quais eram os meios que

empregava para fazer tantos descobrimentos extraordin��rios, respondeu:

"Pensando sempre neles".

Como j�� afirmaram os est��icos e cartesianos, a vontade tem um po-

der absoluto. �� por ela que nos governamos e tornamo-nos aptos a go-

vernar os outros.

�� ela que constitui a base da nossa responsabilidade.

A caracter��stica de uma vontade poderosa �� a for��a moral, que cons-

titui o que se chama o homem de car��ter, o homem forte, capaz de vencer todas as dificuldades que possam opor-se ao cumprimento de seus des��gnios.

O desenvolvimento da vontade ��, pois, o fator mais indispens��vel

ao aperfei��oamento f��sico e moral do homem. Mas, para dirigir esse de-

senvolvimento, conv��m saber pensar; e, geralmente, para saber alguma

coisa, conv��m aprend��-la. Querer e pensar, pensar e querer, s��o dois ter-

mos da proposi����o, na qual se resume a tarefa que nos impomos.

Sabemos que o pensamento �� uma for��a real; que a a����o segue o

pensamento.

Mas agimos melhor quando n��o pensamos sen��o no que fazemos.

Ou, n��o se deve pensar em duas coisas ao mesmo tempo.

"Enquanto pratica um ato f��sico ��� diz Mulford ��� se voc�� pensar

em uma coisa estranha a ele, vai desbaratar as suas for��as e o seu pen-

samento.

I 85 I

"Antes de fincar um alfinete num travesseiro, voc�� projetou fora, em

pensamento, em subst��ncia, um plano para crav��-lo. Este plano �� uma

for��a. Voc�� dirigiu essa for��a ao seu corpo, que �� o instrumento. Voc�� n��o

deve misturar este plano com um outro projeto para fazer uma outra coi-

sa, enquanto a sua m��o espetar o alfinete. Se o fizer, enviar�� as suas for-

��as ��� ou tentar�� envi��-las ��� em duas dire����es ao mesmo tempo.

"Voc�� confundir�� o plano e a for��a de um ato com o plano e a for��a

de um outro ato. Cada pensamento ou cada ato de impaci��ncia, por me-

nor que seja, custa-lhe uma perda de for��as sem proveito.

"Algumas vezes, voc�� est�� cansado de andar, enquanto o seu c��re-

bro trabalhou, se enfraqueceu, fez projetos; se, ent��o, expulsar todos es-

ses pensamentos, e se puser toda a sua intelig��ncia, toda a sua aten����o,

toda a sua for��a em suas pernas, voc�� ficar�� surpreso de sentir o vigor re-

tornar e a fadiga o deixar.

"Cada ato f��sico custa-lhe um pensamento e cada pensamento �� uma

despesa de for��as.

"Cada passo que voc�� d��, implica um plano para dirigi-lo.

"Se, caminhando, voc�� pensa em outras coisas, voc�� lan��a as suas

for��as em v��rias dire����es ao mesmo tempo.

"Voc�� acredita que um acrobata poderia subir t��o facilmente pela

corda, se n��o aplicasse toda a sua intelig��ncia e sua for��a nesse ato? Ou

que um orador pudesse falar a seu audit��rio, fazendo girar uma manive-

la ao mesmo tempo?

"Esta lei vale para todos os atos da vida. Voc�� n��o deseja poder es-

quecer suas contrariedades, seus aborrecimentos e suas fadigas, concen-

trando todo o seu pensamento em qualquer outra coisa e absorvendo-se

bastante para esquecer tudo o mais?

"A�� est�� uma possibilidade mental bem digna de nossos esfor��os. Ela

pode ser realizada pela pr��tica da concentra����o ou, em outros termos,

pondo toda a nossa capacidade mental no cumprimento das coisas ditas

triviais. Cada segundo consagrado a esta pr��tica aproxima-nos do resul-

tado. Cada esfor��o traz-nos um ��tomo de ganho, seja em geral, seja quan-

to a um ato em particular. Esse ��tomo ganho n��o �� jamais perdido; voc��

o utilizar�� em cada instante do seu trabalho di��rio e dele ter�� necessida-

de para impedir o seu mental de procurar outra coisa, em lugar de con-

cluir um bom neg��cio...

I 8 6 I

"Eduque-se na concentra����o de um s�� ato e voc�� se habituar�� a di-

rigir toda a sua intelig��ncia em todos os atos que praticar. Habitue-se a

empregar todo o seu pensamento em cada a����o, impedindo-o de se des-

viar para outra coisa, e voc�� se tornar�� capaz de dirigir a plenitude de

suas for��as aos seus discursos, quando fala; �� sua ocupa����o manual,

quando trabalha; �� sua voz, quando canta; aos seus dedos, em algum tra-

balho delicado; e aos ��rg��os e a todas as fun����es de seu ser, quando ti-

ver ocasi��o de as exercer.

"Se cultivarmos o poder de localizar as nossas for��as em um s�� ato,

cultivaremos tamb��m a faculdade de transportar toda a nossa intelig��n-

cia de um ponto a outro. A saber: transportaremos o nosso mental de

uma preocupa����o aborrecida a um prazer, esquecendo a afli����o por meio

de um trabalho agrad��vel."

V��-se a import��ncia que o autor da obra acima citada d�� ao pensa-

mento localizado num mesmo ponto ao inv��s de o deixar vagar daqui pa-

ra ali, inutilmente.

O cap��tulo precedente ensina a refrear a emiss��o de nossos pensa-

mentos.

Neste, vou indicar como o homem se habitua a n��o pensar sen��o no

trabalho que faz presentemente ou na resolu����o que quer tomar para o

futuro. Para conseguir concentrar o pensamento num mesmo assunto,

n��o existe ato insignificante que n��o possa e mesmo n��o deva fazer.

E quando est�� apto para isso, o menor dos atos exerce disciplina e

desenvolve sua vontade; direi mesmo que a desenvolve tanto melhor e

mais completamente quanto mais insignificante e rid��culo pare��a para

todo e qualquer outro objeto.

Se se desse por tarefa a um mec��nico inteligente e instru��do o estu-

do de uma bela m��quina, constru��da segundo um princ��pio recentemen-

te descoberto, ele se interessaria muito por ela, se instruiria facilmente,

mas n��o faria nenhum esfor��o para desenvolver a sua vontade.

N��o se daria o mesmo se ele se limitasse a considerar um objeto

muito simples, in��til e que, em todos os casos, n��o apresentasse para

ele nenhum interesse. Seria for��ado a fazer esfor��os tanto maiores

quanto menor fosse o interesse que este objeto oferecesse; e estes es-

for��os repetidos chegariam precisamente a disciplinar e desenvolver a

sua vontade.

I 87 I

Mas o mais simples, in��til e rudimentar dos objetos pode ainda

apresentar algum interesse em determinado aspecto.

Pode o homem filosofar sobre um peda��o de papel que encontra na

rua e, se se interessa um pouco por ele, n��o far�� muito esfor��o para fixar

seu pensamento e desenvolver sua vontade.

Na minha opini��o, vale mais dar-se por tarefa realizar um ato de

pouco valor, insignificante, rid��culo mesmo, convencendo-se do que re-

quer tempo e que n��o poderia ser da menor utilidade para qualquer ou-

tro objetivo. �� esta uma a����o f��sica que n��o tem outra utilidade sen��o a

de sustentar o moral, para lhe permitir cumprir sua tarefa sem distra����o.

Esta a����o faz o of��cio do ros��rio que a Igreja recomenda aos devo-

tos para os auxiliar a fixarem a aten����o na prece.

Para a realiza����o desta tarefa, cumpre que a pessoa ponha nela todo

o seu pensamento, toda a sua energia, todo o seu ardor, toda a sua von-

tade, somente para se dar �� satisfa����o de cumpri-la e n��o cessar sen��o de-

pois que chegou a faz��-la com facilidade.

Habituando-se a cumprir ��� sucessivamente ��� muitos atos diferen-

tes, chega com facilidade a fixar o seu pensamento no objeto do trabalho

presente, e o esfor��o necessitado para isso desenvolve rapidamente o po-

der da vontade.

Em princ��pio, quando conseguimos cumprir com ��xito um ato qual-

quer, que n��o seja habitual e que apresente dificuldades, cobramos ��nimo,

coragem, confian��a e for��a, ao passo que, se n��o o conseguimos, afrouxa-

se o ��nimo, ficamos em d��vida sobre as nossas possibilidades, perdemos a

confian��a em n��s mesmos e diminu��mos nossos meios de a����o.

Conv��m, portanto, repito-o, que nos proponhamos a realizar, du-

rante cinco ou dez minutos, certo n��mero de exerc��cios, e podemos es-

tar certos de antem��o de que o conseguiremos com maior ou menor

facilidade.

Os exerc��cios podem ser numerosos: podemos imaginar tantos

quantos quisermos.

Vou indicar alguns somente, dentre os que me parecem mais apro-

priados para o desenvolvimento do poder da vontade, habituando-se a

pessoa a n��o pensar em duas coisas ao mesmo tempo.

Antes de se dedicar a esses exerc��cios �� conveniente p��r-se em um

estado de calma t��o grande quanto poss��vel; e o melhor meio de se p��r

I 88 I

nesse estado �� isolar-se durante quatro ou cinco minutos, conforme as

indica����es do cap��tulo precedente.

1. Fazer uma esp��cie de colar de centenas de contas, que n��o fiquem

muito apertadas umas nas outras.

Depois de pronto, tomar por tarefa, tendo-o entre as m��os, deslocar

cada conta da esquerda para a direita, enumerando-as. Aplicar ao ato to-

da a aten����o e vontade, para n��o pensar em outra coisa e deslocar o maior

n��mero poss��vel de contas em um tempo dado.

Quanto menos deixarmos errar o pensamento, mais contas levaremos

de um lado para o outro, durante esse tempo. Ser�� bom contarmos, por

exemplo, quinhentos ou seiscentos deslocamentos, tomarmos nota do

tempo que empregamos nisso e procurarmos cada vez mais diminu��-lo.

Este processo, embora insignificante, exercita poderosamente a nos-

sa vontade.

2. Estando tranq��ilamente sentado �� mesa, com os antebra��os

apoiados ��� entreabrir os dedos das duas m��os e girar mui lentamente

os polegares um em torno do outro, o maior tempo poss��vel. Depois de

alguns instantes, o movimento p��ra, desde que dividimos para outra coi-

sa o nosso pensamento. �� preciso, portanto, que ponhamos toda a nos-

sa aten����o no movimento e procuremos saber quanto tempo podemos

exerc��-lo sem parar, assim como aumentar progressivamente o tempo de

dura����o.

Como o precedente, este exerc��cio, que n��o �� fatigante, contribui

poderosamente para nos fazer tomar o h��bito de n��o pensar sen��o no que

fazemos.

3. Pormo-nos �� mesa como precedentemente, com as m��os sobre

ela, fechados os punhos, a palma para cima.

Estender lentamente o polegar, pondo a m��xima aten����o no movi-

mento, depois o indicador, o m��dio, o anular e, por fim, o m��nimo.

Repetir a mesma s��rie de movimentos em sentido inverso, isto ��, fe-

char lentamente os dedos um ap��s outro.

Come��ar o exerc��cio com a m��o esquerda, faz��-lo a seguir com a di-

reita, depois com ambas ao mesmo tempo e continu��-lo at�� que possa fa-

z��-lo com agilidade e facilmente.

A dura����o dos primeiros exerc��cios deve ser de quatro a cinco mi-

nutos, a qual se prolongar�� at�� oito, nove, e mesmo dez minutos.

I 89 I

Este exerc��cio �� muito fatigante no princ��pio; mas n��o se deve aban-

don��-lo sob pretexto de fadiga. (Atkinson)

4. Sentado, colocar a m��o direita sobre o joelho direito, com os de-

dos fechados, salvo o indicador, que deve estar estendido e dirigido na

dire����o da coxa. Mover este dedo da esquerda para a direita, pondo no

movimento a m��xima aten����o. (Atkinson)

Fazer este exerc��cio durante quatro ou cinco minutos inicialmente,

depois prolong��-lo at�� oito e mesmo dez minutos, procurando execut��-

lo sem parar.

Estes quatro exerc��cios, bem dirigidos, permitem o dom��nio quase

que absoluto do pensamento e o poder de orient��-lo para os nossos obje-

tivos. Se eles n��o bastarem poder-se-�� inventar outros.

Desde que os fa��amos com facilidade, devemos abandon��-los, pois

o far��amos automaticamente pensando em outra coisa e o fim falharia.

Seu alcance �� consider��vel. Compreende-se facilmente que, se a

pessoa chega a afastar todo o pensamento, qualquer que seja, para se sa-

tisfazer com a execu����o de atos que n��o t��m nenhuma utilidade, pode fi-

xar seu pensamento numa qualidade que deseja adquirir ou desenvolver;

afastar os maus pensamentos e substitu��-los por bons, como, por exem-

plo, expulsar as id��ias tristes e atrair as alegres; substituir pensamentos

de temor pelos de esperan��a e confian��a; sentimentos de ��dio por outros

amorosos, etc.

Obtido o m��nimo resultado pr��tico neste sentido e podendo um

bom pensamento ocupar o lugar do mau e fixar-se, este bom pensamen-

to atrai, em virtude da lei ps��quica que j�� enunciamos, outros da mesma

natureza e repele os maus.

�� este o fim do desenvolvimento da personalidade magn��tica que,

para os mais favorecidos, se torna apreci��vel ao fim de alguns dias.

Adquirido experimentalmente, mesmo de um modo incompleto, o

h��bito de n��o pensar sen��o no que se faz deve ser aplicado praticamente.

Assim, quando se executar uma tarefa, um ato qualquer que seja,

nobre ou trivial, deve-se n��o s�� p��r nele toda a intelig��ncia, como tam-

b��m fazer todo o poss��vel para que seu pensamento n��o se dirija para ou-

tra coisa.

I 90 I

5

C o n c e n t r a �� �� o

A concentra����o �� a arte de isolar-se das impress��es do mundo exterior pa-

ra for��ar a aten����o a vencer a indiferen��a e a dominar, ao mesmo tempo,

as for��as f��sicas e ps��quicas.

Concentrar-se �� diminuir o volume de sua radia����o, localizando-a

em um objeto, n��o num objeto simples, um pensamento ��nico, por

exemplo, mas num conjunto de pensamentos que se referem ao mesmo

objeto.

Concentrar-se �� levar ao seu centro as for��as dispersas, reunir nos-

sa energia, fazer apelo a toda intelig��ncia e vontade para vencer mais se-

guramente os obst��culos que poderiam impedir-nos de chegar ao fim

almejado. �� dar-se de corpo e alma ao que se faz, para faz��-lo melhor e

mais rapidamente.

Aquele que sabe concentrar o seu pensamento e dirigi-lo ao fim que

tem em mira, sem deix��-lo desviar-se, sem nada perder, decupla, destar-

te, o poder do pensamento e os seus meios de a����o.

"O homem ��� diz Atkinson ��� que sabe tomar interesse por seu tra-

balho e achar um verdadeiro prazer em sua tarefa di��ria, ��, evidentemen-

te, o que produz mais e vive mais feliz. N��o conhece o aborrecimento,

nem o cansa��o, nem o desgosto, nem o embrutecimento. O homem que

tem sempre os olhos no rel��gio ou ami��de suspende o trabalho �� espera

do sinal de sa��da n��o passa de uma pobre e miser��vel m��quina, �� qual

s��o vedadas as alegrias e satisfa����es do dever." (A For��a do Pensamento)

I 91 I

Dedicando-se o homem, diariamente, durante alguns meses a exer-

c��cios especiais com um fim duplo: 1.��) concentrar seu pensamento em

uma id��ia, sem deix��-lo divagar; 2.��) desenvolver a sua paci��ncia e suas

for��as f��sicas ��� desprende-se cada vez mais da vida exterior, subtrai-se

��s distra����es que solicitam constantemente o esp��rito e aumenta, por es-

sa forma, grandemente, sua capacidade de trabalho, qualquer que seja

ele, suas aptid��es gerais e especiais e seus meios de a����o.

"A concentra����o do pensamento na express��o entrar em si ��� diz Mul-

ford ��� ou na imagem de seu esp��rito, com seus finos filamentos el��tricos

que se estendem ��s pessoas, aos lugares e a coisas afastadas, contraindo-se

e fechando-se em um centro, o ajudar�� gradualmente a chegar ao seu fim,

pois tudo o que voc�� imagina intelectualmente �� uma realidade espiritual;

em outros termos: o que voc�� imagina toma forma no esp��rito."

Ainda que Annie Besant procure antes preparar o homem para a vi-

da futura, atribui igualmente muita import��ncia ao seu desenvolvimen-

to na vida presente. Eis o que ela diz no Caminho do Disc��pulo, a respeito

da concentra����o.

"A fim de se p��r em estado de lutar contra essa tend��ncia moderna

de se desperdi��arem pensamentos, voc�� deve contrair o h��bito di��rio de

pensar seguidamente e concentrar sua aten����o, durante certo tempo,

num mesmo ponto.

"�� guisa de exerc��cios para a educa����o de seu mental, tome o h��bi-

to de ler, todos os dias, duas p��ginas de um livro que trate dos lados im-

portantes da vida, do que �� eterno antes do que �� transit��rio, e concentre

seu mental sobre o que l��. N��o o deixe errar e perder-se; se ele se afasta,

chame-o, impondo-lhe de novo a mesma id��ia e, deste modo, voc�� che-

gar�� a fortific��-lo e come��ar�� a domin��-lo.

"Voc�� vai aprender, por um exerc��cio constante, a domin��-lo e a fa-

z��-lo seguir o caminho que melhor lhe aprouver.

"Mesmo para as coisas deste mundo, esta faculdade confere grandes

vantagens.

"Prepare a vida superior que se abre diante de n��s, tornando-se ca-

paz de concentrar o seu pensamento em um fim. O homem que alcan��a

��xito �� aquele que sabe concentrar todos os seus pensamentos num alvo.

"O homem que pensa de maneira continuada, clara e precisa, abre

com facilidade o caminho que deseja seguir, mesmo no mundo material.

I 92 I

"Esta constante educa����o do mental lhe ser��, portanto, ��til para as

coisas insignificantes e para as de ordem mais elevada, e voc�� desenvol-

ver��, gradativamente, por meio dela esta for��a diretriz que deve ser uma

das qualidades do disc��pulo-aspirante.

"Exercendo, assim, seu mental, voc�� atingir�� talvez um outro resul-

tado: a medita����o."

Estes meios podem, certamente, auxiliar a concentra����o, mas julgo-

os insuficientes. Os exerc��cios dos dois cap��tulos precedentes disp��em,

preparam e facilitam os exerc��cios seguintes, que me parecem os seus

complementos necess��rios.

�� mesmo conveniente isolar-se durante alguns minutos, antes de

come��ar qualquer exerc��cio.

1. Fazendo todo o poss��vel para n��o pensar sen��o no que se faz, to-

dos os exerc��cios de gin��stica s��o bons, porque, desenvolvendo as for��as

f��sicas, desenvolvem, ao mesmo tempo, a faculdade de concentra����o.

Se todos os exerc��cios de gin��stica s��o bons, �� in��til enumer��-los

aqui.

2. Em todas as circunst��ncias da vida, fazer todo o poss��vel para con-

ter os movimentos involunt��rios, tais como: morder os l��bios, rolar a l��n-

gua na boca, balan��ar o corpo, acenar a cabe��a, levantar os ombros, piscar

desordenadamente as p��lpebras, chupar os dentes, tamborilar com os de-

dos, dar pancadinhas com os p��s e outros costumes sempre desagrad��veis

aos que nos cercam e que desgastam inutilmente as nossas for��as.

Em reuni��es, evitar rir ou mesmo sorrir constantemente: �� sinal de

fraqueza f��sica e de inferioridade moral. Devemos sempre conservar,

mesmo quando estamos s��s, uma atitude correta, calma, digna, sem ten-

s��o nem afrouxamento, procurando tomar a express��o natural que se

mostra diante das coisas agrad��veis.

Obrigar-se a suportar, sem tremer, os ru��dos repentinos, tais como

o som da campainha que um vizinho comprime nervosamente, o choque

de um copo que se quebra, de uma porta que se fecha bruscamente, de

um objeto que cai.

�� bom pensar em tudo isso e dedicar-se aos exerc��cios ao menos

uma vez por dia.

3. Conserve-se ereto em seu assento, com a cabe��a firme, o queixo

saliente e as esp��duas em posi����o natural. Eleve, lateralmente, o bra��o

I 9 3 I

direito at�� a altura do ombro, vire a cabe��a para a direita, olhando para

a ponta dos dedos e mantendo o bra��o em sua posi����o horizontal, du-

rante um minuto ao menos.

Fa��a a mesma experi��ncia com o bra��o esquerdo, e quando execu-

tar movimentos ��geis e precisos, aumente o tempo dia a dia.

Aumente o tempo de um a dois minutos, depois, de dois a tr��s e, as-

sim, at�� cinco. (Atkinson)

4. Pegue um copo d'��gua, sustente-o entre os dedos, estenda bem o

bra��o para a frente e imobilize-o, tanto quanto poss��vel, de modo a evi-

tar qualquer trepida����o.

Aumente a dura����o da experi��ncia, do mesmo modo e na propor-

����o indicada precedentemente (id.). Os resultados obtidos pela pr��tica

dos exerc��cios indicados nos tr��s cap��tulos precedentes s��o consider��veis

para os que se derem ao trabalho de faz��-los conscientemente, durante

cinco a seis semanas somente.

No fim desse tempo, os que os praticarem com desenvoltura j�� po-

dem dirigir os pensamentos e imprimir-lhes um movimento determina-

do, segundo seus gostos, desejos, tend��ncias e necessidades.

Fizeram-se mais fortes, mais equilibrados f��sica e moralmente, mais

senhores de seu corpo e de seu esp��rito.

E assim podem fazer o seu trabalho habitual melhor e mais rapida-

mente, repousar quando o desejam, tanto de dia como de noite, e sentir

que sua personalidade magn��tica vai se desenvolvendo rapidamente.

Dois exemplos escolhidos dentre os mais simples e familiares far��o

compreender a utilidade desse desenvolvimento.

Uma dona de casa que n��o pode fixar o seu pensamento no que faz,

acaba sempre mal o seu trabalho.

A mesa, por exemplo, n��o ficou bem posta e a cada instante algu��m

exclama que lhe falta uma faca; um outro, um garfo; e todos, que falta is-

to ou aquilo. A dona de casa, que n��o tem m�� vontade, desculpa-se, di-

zendo simplesmente: Palavra que foi sem querer, esqueci-me novamente.

N��o esquecer�� nada mais no futuro se seguir as prescri����es indica-

das; pois, sabendo o que deve fazer, o far�� perfeitamente, sem nenhum

esfor��o, tornando-se capaz de concentrar o pensamento s�� na id��ia de

p��r a mesa, em lugar de se distrair.

Ficando a mem��ria sempre alerta, n��o �� poss��vel haver esquecimento.

I 9 4 I

Passeando para se distrair ou repousar, muitas pessoas gesticulam,

movem os l��bios como se falassem, ou falam mesmo �� meia voz como se

conversassem com seres invis��veis.

De fato, assim fazendo, essas pessoas acham-se preocupadas com

seus neg��cios e discutem com um concorrente, um fornecedor, um

fregu��s.

Agitadas e nervosas, mal vendo aqueles que as cercam, ficam auto-

maticamente fantasiando, fatigando-se pouco a pouco e esgotando-se.

O mesmo n��o acontecer�� ��quele que, por mais distra��do que seja,

submeter-se aos exerc��cios indicados, pois adquirir�� rapidamente o po-

der de concentrar o pensamento num ��nico objeto; do ponto em que nos

colocamos aqui, concentrar o pensamento no passeio que o repousar�� em

vez de fatig��-lo.

I 9 5 I

6

M e d i t a �� �� o

A medita����o �� um estado no qual entra o nosso esp��rito para refletir so-

bre um assunto qualquer, examin��-lo seriamente, aprofund��-lo e procu-

rar conhec��-lo tanto quanto poss��vel.

�� na medita����o que se procura a inspira����o, isto ��, segundo a defi-

ni����o que se d�� desta palavra, n��o em teologia, mas em literatura, �� na

medita����o que o homem procura p��r em atividade todas as faculdades

intelectuais, para descobrir alguma coisa de belo, de bom e de bem.

A medita����o consiste em conservar um sentimento favor��vel, impe-

dindo-o de atravessar demasiadamente depressa o campo da consci��ncia

para obrig��-lo a despertar em n��s as id��ias ou sentimentos que �� suscet��-

vel fazer nascer; em repelir os pensamentos e sentimentos desfavor��veis

que poderiam ainda assaltar-nos; em fixar nas diversas circunst��ncias da

vida um olhar penetrante para captar-lhes os menores detalhes; em utili-

zar, proveitosamente, os recursos que est��o a nossa disposi����o e evitar os

perigos a que estamos expostos.

A medita����o d��-nos a for��a e a paci��ncia ��� virtude que caracteriza as

almas elevadas; e, como diz judiciosamente Atkinson, "ela nos assegura o

meio de nos equiparmos no presente e nos prepararmos para o futuro".

Para meditarmos utilmente, cumpre que estejamos em boas dispo-

si����es f��sicas e morais, e nos preparemos pelo isolamento durante cinco

ou seis minutos no m��nimo; que abramos, em seguida, completamente

o campo da consci��ncia para receber todas as influ��ncias, todos os pen-

I 9 7 I



samentos, todas as id��ias, todos os sentimentos que a ele possam chegar;

que os discutamos, conservando os bons e repelindo os maus; e que con-

centremos a nossa energia nas resolu����es que queremos tomar.

A figura 13 ilustra exatamente o que se passa no estado meditativo:

recebemos de todas as partes intui����es, pensamentos e for��as que utili-

zaremos segundo as nossas necessidades.

Se n��o fixarmos a aten����o num objeto especial, procuraremos evocar

as id��ias do belo, do bem e do ��til; fazer nascer em n��s sentimentos de in-

teresse geral; despertar movimentos de afei����o; descobrir um caminho no-

vo que nos possa ser ��til; e procurar estabelecer regras de conduta.

Se fixarmos, pelo contr��rio, a aten����o num objeto determinado,

procuraremos consider��-lo em todos os pormenores, em todos os seus

aspectos, com o fim de pesar as vantagens e os inconvenientes; faremos

ju��zos sobre uns e outros para calcular as probabilidades de ��xito e che-

gar com maior seguran��a ao fim almejado.

Do ponto de vista em que nos achamos, podemos tomar, como ma-

t��ria de medita����o, o desenvolvimento de nossa personalidade magn��ti-

Fig. 13. A consci��ncia em estado receptivo.

I 9 8 I

ca, analisando todas as impress��es, que n��o deixar��o de se fazer sentir, e

procurando bem compreender as vantagens que h�� em nada negligen-

ciarmos para chegar ao alvo mais depressa.

Podemos, em seguida, tomar um objeto particular: querer, por

exemplo, desembara��ar-nos de uma deformidade moral e desenvolver

mais particularmente outra qualidade de que temos necessidade.

Todos temos maior ou menor consci��ncia de que h�� em n��s, isto ��,

em nosso corpo f��sico, como atr��s nos referimos, dois princ��pios: ��� um

que rege nossas faculdades instintivas, a saber: o astral e o subconscien-

te, e outro que regula as nossas faculdades morais, isto ��: o mental, a al-ma, o eu dos fil��sofos.

Mas essa id��ia �� mais ou menos confusa, e sucede, muitas vezes,

que, querendo compreend��-la melhor, a deixamos escapar.

Na medita����o, concentrando tudo em si mesmo, considerando-se

como o centro da vida exterior, o homem chega n��o s�� a compreender

muito facilmente o mecanismo de sua tr��plice individualidade, como

tamb��m a grandeza do fim que todos devemos atingir.

Falando do indiv��duo que procura o seu eu, assim se exprime Atkinson:

"... Despoje-se, por um instante, de sua personalidade f��sica, isole-

se completamente da vida exterior, reduza-se a uma simples abstra����o

e diga: Onde est�� minha individualidade e o que representa ela? Ele conce-

ber��, ordinariamente, a id��ia que temos de n��s mesmos, a qual n��o po-

demos definir, tanto ela �� importante �� conduta humana. Se suceder que

esta id��ia n��o se esclare��a com as primeiras experi��ncias, outras tenta-

tivas dever��o ser feitas at�� o seu completo esclarecimento. Quando ele

chegar a este resultado, um sentimento de alegria imensa o penetrar��. ��

que ter�� compreendido o problema de suas origens e seus fins, alcan��a-

do, em seu significado superior, a id��ia da vida e de seu pr��prio desti-

no, penetrado o al��m e elevado a si mesmo aos horizontes celestiais.

Ter��, enfim, compreendido a eternidade e saber�� doravante que, se seu

ser f��sico �� miser��vel, se seu ser intelectual �� provis��rio e limitado, seu

ser moral �� eterno e infinito. A obra da cria����o aparecer-lhe-�� em toda

a magnific��ncia e ele, t��o pequeno, t��o limitado, t��o fugitivo, se ver�� na

cadeia dos s��culos e no imenso universo como o tra��o imperec��vel e su-

blime que liga as gera����es do passado ��s do futuro". (A For��a do Pensa-

mento)

I 9 9 I

Podemos meditar em qualquer parte: no campo, no bosque, a toda

hora do dia ou da noite; mas �� sobretudo na solid��o que colhemos me-

lhor proveito.

Aqueles que s��o pouco sensitivos meditam muito bem, quer ao luar,

quer ao p�� de uma cascata.

A meu ver, a melhor medita����o �� a que fazemos ao deitar-nos, com

a condi����o de dormirmos com a resolu����o que tomamos, isto ��, pensan-

do brandamente em fazer no futuro esta ou aquela coisa, ou evitar tal ou

qual a����o.

H�� um escolho a evitar: o da pessoa se abandonar ao devaneio, pois,

neste estado, a aten����o repousa, deixando as tramas de id��ias e sentimen-

tos saltarem livremente no campo de consci��ncia e se prenderem sob a

a����o das influ��ncias mais insignificantes e, algumas vezes, mais impre-

vistas.

O devaneio sentimental, que leva facilmente ��s id��ias de enterneci-

mento, �� particularmente prejudicial ao desenvolvimento da personali-

dade magn��tica e nos faz perder energia.

Bem dirigida, a medita����o torna-se um dos fatores mais importan-

tes do desenvolvimento da personalidade magn��tica.

Na Educa����o da Vontade, Payot, que n��o a considera sen��o do pon-

to de vista filos��fico, exprime-se assim:

"Ela origina movimentos poderosos e afetuosos, transforma em re-

solu����es en��rgicas as veleidades, neutraliza a influ��ncia das sugest��es

da linguagem e da paix��o, permite lan��ar ao futuro um olhar l��cido e

prever os perigos de origem interna, evitando que as circunst��ncias ex-

teriores alimentem nossa nativa indol��ncia... Permite extrair da expe-

ri��ncia di��ria regras, a princ��pio provis��rias, que v��o se confirmando,

precisando, acabando por adquirir a autoridade de princ��pios diretores

da conduta".

Faz-nos perceber pelos sentidos an��micos impress��es que os senti-

dos corporais n��o percebem.

Al��m disso, ela nos traz for��as morais, intelectuais e, mesmo, f��sicas.

I 1 0 0 I

7

Respira����o profunda

No homem e nos animais superiores, a respira����o faz-se pelos pulm��es.

�� sob sua a����o, ao contato dos l��bulos pulmonares, que o sangue ve-

noso se transforma em sangue arterial, expulsando o ��cido carb��nico de

que estava carregado devido �� desnutri����o para se prover do oxig��nio.

A respira����o faz-se em dois tempos: a expira����o, que expulsa o ar e

os gases in��teis para as necessidades do organismo; a inspira����o, que

atrai o ar fresco, vivificante e t��o puro quanto poss��vel.

Ao nascer, a crian��a respira normalmente de trinta e cinco a trinta

e oito vezes por minuto.

A respira����o torna-se menos freq��ente �� medida que o homem

avan��a em idade, de tal maneira que o adulto respira somente de dezoi-

to a dezenove vezes.

A doen��a, as emo����es violentas, a pr��pria press��o atmosf��rica mo-

dificam mais ou menos a fun����o respirat��ria.

Os pulm��es e o cora����o, cujas fun����es respectivas s��o a respira����o

e a circula����o, exercem reciprocamente grande influ��ncia um sobre o ou-

tro, de tal maneira que o cora����o pulsa mui fortemente quando a respi-

ra����o �� precipitada, e n��o bate o suficiente quando ela �� fraca.

O cora����o bate cerca de quatro vezes enquanto respiramos uma vez,

isto ��, enquanto executamos completamente os dois tempos da respira����o.

"O pulm��o e o cora����o podem ser considerados ��� diz Papus ��� co-

mo duas rodas dentadas encaixadas uma na outra, o que faz que todo au-

I 1 0 1 I

mento no ritmo respirat��rio se reproduza e multiplique no sistema car-

d��aco e, por conseguinte, em toda a circula����o. A respira����o ��, pois, o

grande fiel do organismo encarregado de restabelecer o equil��brio desde

que este �� destru��do por uma perda qualquer de dinamismo." (Tratado

Elementar da Magia Pr��tica)

A regularidade da respira����o, que se manifesta exteriormente pelo

que se chama sopro, �� o mais aparente sinal de vida f��sica. Depois de ter

formado o homem do limo da terra, o Criador animou-o, disse Mois��s,

atrav��s de um sopro de vida. (G��nesis, cap��tulo II, vers��culo 7)

Quando a alma abandona o corpo perec��vel �� terra que o nutriu, cos-

tuma-se dizer que exalou o ��ltimo suspiro.

�� por este sopro, de boca a boca, que os profetas das Cevenas, c��le-

bres no tempo das Dragonadas, comunicavam a inspira����o prof��tica aos

crentes que, at�� ali, haviam escapado a este efeito do entusiasmo religio-

so; �� tamb��m pela insufla����o de boca a boca que certos exorcistas cura-

vam os endemoninhados.

�� evidente que, quando a pessoa respira a plenos pulm��es, apresen-

ta ordinariamente todas as apar��ncias de sa��de f��sica; ao passo que a su-

foca����o, a opress��o, assim como a dificuldade de respirar, por um motivo

qualquer, indicam sempre fraqueza geral ou local; em todos os casos, elas

s��o ind��cios de um desequil��brio mais ou menos consider��vel.

Os pulm��es, ��rg��os respirat��rios, s��o, no homem sadio, robusto e

forte, uma importante fonte de energia que ele pode utilizar para si, do

ponto de vista puramente f��sico, primeiramente; depois, como mais lon-

ge se ver��, do ponto de vista ps��quico.

Os movimentos respirat��rios n��o se produzem da mesma forma em to-

dos os indiv��duos; s��o geralmente muito diferentes, no homem e na mulher.

Os fisiologistas classificam-nos em tipos abdominal, costo-inferior e

costo-superior.

Tipo abdominal. ��� Em certos indiv��duos, a respira����o calma n��o se

revela sen��o pelo movimento do ventre, que se torna saliente na inspira-

����o e se retrai na expira����o. Estes movimentos denotam as contra����es e

os relaxamentos alternados do diafragma que, neste caso, s�� deprime as

v��sceras abdominais.

As costelas parecem im��veis; as inferiores s��o levadas para fora e pa-

ra baixo, seguindo, no momento da inspira����o, os movimentos das v��sce-

I 1 0 2 I

ras abdominais, que dilatam os flancos, ao mesmo tempo que distendem

a parede anterior do ventre.

Este tipo observa-se constantemente na primeira idade, em ambos

os sexos, mas no fim de um n��mero vari��vel de anos, v��em-se estabele-

cer diferen��as entre os rapazes e as mo��as. A maior parte destas ��ltimas

perde este tipo, que persiste num grande n��mero de homens.

�� o tipo da respira����o do coelho, do gato, do cavalo.

Tipo costo-inferior. ��� Os movimentos respirat��rios s��o muito apa-

rentes ao n��vel das sete ��ltimas costelas; diminuem �� medida que sobem

para o peito, que parece im��vel.

O esterno fica um pouco saliente em sua parte inferior. A parede

abdominal, im��vel; algumas vezes mesmo ela se achata durante a inspi-

ra����o, para se dilatar na expira����o.

Este tipo respirat��rio observa-se raramente na mulher e no homem

�� quase t��o freq��ente como o tipo abdominal.

�� o tipo da respira����o do c��o.

Tipo costo-superior. ��� A maior extens��o dos movimentos tem lugar

nas costelas superiores, que se movem para cima e para a frente.

A clav��cula, o esterno e a primeira costela levantam-se e este movi-

mento se propaga, por��m, enfraquecendo-se da parte superior �� parte in-

ferior do peito.

�� o tipo respirat��rio das mulheres em sua maioria; observa-se igual-

mente nas f��meas dos mam��feros em sua maior parte superior �� parte in-

ferior do peito.

A respira����o faz-se raramente de um modo completo. Ami��de, a

parte superior dos pulm��es, o alto, mal funciona e esta in��rcia �� a causa

direta ou indireta de um grande n��mero de t��sicas pulmonares.

�� sempre nesta parte enfraquecida, atrofiada pela falta de trabalho,

que se formam os tub��rculos que invadem, mais tarde, as diferentes par-

tes do ��rg��o.

A respira����o defeituosa ou incompleta n��o s�� �� a causa mais fre-

q��ente do maior n��mero das afec����es cr��nicas dos pulm��es como cons-

titui tamb��m uma daquelas que, muitas vezes, originam perturba����es da

circula����o e da inerva����o. Ela �� ainda uma causa direta da agita����o ou da

timidez naqueles que n��o s��o senhores de si.

I 103 I

A Marquesa de Ciccolini escreveu uma pequena obra intitulada A

Inspira����o Profunda, Ativa, Desconhecida em Fisiologia, na qual exp��e os

benef��cios da respira����o profunda na anemia.

"Eu era esposa ��� diz ela ���, eu era m��e; tivera mesmo a felicidade

de alimentar meu filho, quando uma anemia se declarou de s��bito por

uma extrema palidez, uma superexcita����o nervosa cont��nua, a perda da

voz, os p��s sempre frios, a falta de apetite, etc.

"Os m��dicos, que me haviam durante longo tempo tratado de uma

irrita����o na garganta, acabaram por compreender que esta podia bem ser

causada por certa pobreza do sangue. Eles n��o acharam nada de melhor

para me curar, que me receitar uma nutri����o extremamente fortificante...

mas n��o o ar, os exerc��cios corporais, nem os passeios, nem as excurs��es

nos bosques, nem a respira����o ativa �� qual devo a minha salva����o.

"Foi em Paris que encontrei minha salva����o. O competente Doutor

Ch. Lethi��re, homeopata, nesta cidade, aconselhou-me o exerc��cio do

canto sob a dire����o do Maestro Wartel.

"Foi neste exerc��cio que acabei por achar o que eu procurava... Wartel

possu��a, em um alto grau, a arte de aplicar a sua teoria especial.

"Todos os seus esfor��os tendiam a produzir, em seus alunos, a res-

pira����o profunda.

"Possu��a o seu segredo, que dizia ter tirado da escola italiana.

"Fazia-nos cantar com a boca fechada. Cheg��vamos assim muito na-

turalmente ao fim, sem o saber. Em breve tempo, tr��s meses de exerc��-

cios di��rios, sob a sua s��bia dire����o, cheguei a recuperar a voz e j�� n��o

tinha os p��s frios como antes.

"Acelerando a circula����o pelo exerc��cio da voz, isto ��, dos ��rg��os

respirat��rios, espalhou-se o calor por todo o corpo."

A vista deste resultado, a autora entusiasmou-se pela gin��stica res-

pirat��ria.

A Marquesa de Ciccolini aconselhou-a a amigos doentes, que con-

seguiram igualmente curar-se.

"Tivemos um amigo ��� diz ela ��� que passara dos 50 anos e tinha a

infelicidade de ser cego. Rico e amante da mesa, n��o recusava nada do

que podia contribuir para o seu bem-estar f��sico. Tomava uma alimenta-

����o fortificante e fazia passeios diariamente. Apesar disso, sofria de uma

terr��vel anemia.

I 1 0 4 I

"Meu primeiro cuidado foi inici��-lo nos benef��cios da gin��stica pul-

monar... Dedicou-se inteiramente a ela.

"Durante as leituras que lhe eram feitas ou enquanto era conduzi-

do nas caminhadas, ouvindo concertos, ou entretendo-se com outras dis-

tra����es, n��o cessava de respirar ativamente.

"No intervalo de dois meses, viu-se aparecer sob o amarelo-esver-

deado de suas faces um pouco de rubor, que se foi, pouco a pouco, acen-

tuando at�� que, ao cabo de cinco meses, estava completamente curado."

Gebbardt, em sua obra A Atitude que se Imp��e, diz: "A gin��stica res-

pirat��ria, feita metodicamente, combate, com ��xito, os sentimentos de

temor e ansiedade, a timidez, o embara��o, o arrebatamento, a sentimen-

talidade e a falta de seguran��a".

Segundo o mesmo autor, h�� dois g��neros desta gin��stica: 1.��) Respi-

ra����o profunda; 2.��) Posi����o respirat��ria ��� que ele explica da seguinte maneira:

"Respira����o profunda. ��� Assim como indica a figura 14, toma-se um

bast��o com as duas m��os, as palmas para dentro e os bra��os pendendo

verticalmente dos lados (Posi����o para baixo).

"No segundo tempo, por um movimento vigoroso, leva-se o bast��o

na posi����o para cima (fig. 15), o que estende o di��metro longitudinal do

t��rax; no terceiro tempo, por uma flex��o tamb��m vigorosa dos cotove-

los, passa-se desta posi����o para a posi����o sobre a nuca (fig. 16).

"Muitos no come��o praticam essa gin��stica gemendo, fazendo care-

tas e agitando o corpo. Para outros, por��m, esta respira����o profunda �� li-

teralmente um tra��o de luz e t��m a impress��o de estarem sendo libertos

de um pesadelo.

"Quando a pessoa se exercitou algum tempo com o bast��o, pode dis-

pens��-lo e tomar a mesma posi����o, como indica a figura 17, simplesmen-

te elevando os bra��os e dobrando as m��os acima do occipital.

"Posi����o respirat��ria. ��� Ap��iam-se as m��os nos quadris, aspira-se o

ar muito lenta e tranq��ilamente, com a boca fechada, e prende-se o f��le-

go o m��ximo poss��vel, em seguida, solta-se, num movimento r��pido.

"Proceder diariamente aos exerc��cios do modo seguinte:

"No princ��pio, limitar-se �� respira����o profunda, tr��s vezes por dia, an-

tes do caf�� da manh��, antes do almo��o e do jantar. Colocar-se para isso de

prefer��ncia diante da janela aberta e repetir o exerc��cio umas vinte vezes.

I 1 0 5 I

"Depois de ter feito, regularmente, durante algum tempo, estes

exerc��cios de respira����o, altern��-los de modo a conservar o alento tr��s ou

quatro segundos apenas no in��cio, depois aumentando um segundo, con-

tinuando assim at�� que possa ret��-lo durante dez ou quinze segundos.

"Deve-se fazer este exerc��cio tr��s vezes por dia, umas vinte vezes an-

tes da refei����o.

"Jamais, nestes exerc��cios variados, se for��ar��o os pulm��es. O au-

mento da capacidade conduz facilmente ao exagero. Certas pessoas che-

gam mesmo a reter o f��lego dois minutos e at�� dois minutos e meio."

Para aqueles que tiverem dificuldade de reter o f��lego ou que qui-

serem fazer mais gin��stica respirat��ria, o mesmo autor aconselha os

exerc��cios seguintes:

"Eleva����o das esp��duas. ��� As esp��duas devem ser levantadas simul-

taneamente com for��a e t��o alto quanto poss��vel, mas baixadas lenta-

mente, para que o movimento, repetido muito freq��entemente, n��o

sacuda muito a cabe��a. Como os m��sculos em exerc��cio determinam, di-

reta ou indiretamente, n��o s�� a eleva����o das esp��duas como tamb��m a

eleva����o das primeiras costelas, este exerc��cio �� recomendado para alar-

gar a parte superior da cavidade tor��cica. Deve-se repeti-lo trinta, qua-

renta ou cinq��enta vezes seguidas.

"Eleva����o lateral dos bra��os. ��� Este exerc��cio consiste em elevar la-

teralmente os bra��os o mais alto poss��vel, mantendo-os em plano verti-

cal sem que se produza a menor flex��o do cotovelo.

"Se os m��sculos elevadores do bra��o e os da articula����o da esp��dua

estiverem completamente desenvolvidos, e se seu jogo for livre, os ante-

bra��os dever��o, na fase mais elevada do exerc��cio, p��r-se em contato com

as partes laterais da cabe��a.

"Os m��sculos elevadores dos bra��os e os da regi��o lateral do pesco-

��o s��o os que, neste exerc��cio, est��o principalmente em movimento.

"Produz-se, sobretudo, um alargamento mec��nico das paredes late-

rais do t��rax e dos espa��os intercostais.

"Este exerc��cio determina, pois, um desenvolvimento mais comple-

to do mecanismo da respira����o.

"Repeti-lo dez, vinte ou trinta vezes.

"Execu����o de um movimento circular com os bra��os. ��� Os bra��os, for-

temente estendidos, s��o dirigidos de diante para tr��s e vice-versa; des-

crevem, assim, um c��rculo de raio t��o grande e extenso quanto poss��vel.

I 106 |

"Cumpre ter cuidado, neste exerc��cio, de fazer passar os bra��os per-

to da cabe��a.

"Este movimento que se chega a realizar na maior parte dos casos,

somente pouco a pouco, pela pr��tica, exige positivamente uma liberda-

de completa na articula����o da esp��dua.

"Os m��sculos da esp��dua e os que t��m seu ponto de uni��o em tor-

no da cavidade tor��cica, se p��em, assim, em a����o franca e total.

"Os efeitos essenciais desta a����o s��o os de conseguir grande liber-

dade de movimentos na articula����o da esp��dua e um aumento de poder

do movimento respirat��rio, �� qual deve juntar-se, como conseq����ncia

concomitante, um crescimento mec��nico da cavidade tor��cica.

"Repetir o exerc��cio oito, doze e at�� vinte vezes.

"Aproxima����o dos cotovelos atr��s. ��� Estando os dois bra��os bem

apoiados nos quadris e semiflexionados, lev��-los fortemente para tr��s de

modo que os cotovelos se aproximem tanto quanto poss��vel um do ou-

tro. O dorso deve ficar bem estendido. A mais completa express��o deste

movimento reside na aproxima����o dos cotovelos, at�� ao contato atr��s.

"Este movimento deve, finalmente, coincidir com a inspira����o. Exe-

cut��-lo duas, doze, at�� dezesseis vezes.

"Jun����o das m��os atr��s. ��� Com as costas bem eretas, juntar as m��os

atr��s; estender os bra��os for��ando os cotovelos para dentro.

"Este ��ltimo tempo do exerc��cio, que constitui o essencial do movi-

mento, deve ser executado fazendo-o coincidir com a expira����o do ar dos

pulm��es. Por esses dois exerc��cios, os ombros s��o fortemente distendidos

e postos para tr��s; no ��ltimo, s��o ainda ligeiramente baixados. O corpo

toma ent��o uma posi����o excelente e salutar sob v��rios aspectos; produz-

se ao mesmo tempo um alargamento mec��nico da parede anterior do pei-

to e, conseq��entemente, um aumento da atividade respirat��ria.

"Aproxima����o e afastamento dos bra��os horizontalmente. ��� Os bra��os,

tendo sido bem estendidos e alongados, s��o aproximados horizontalmen-

te com for��a, sem que as m��os se toquem, e depois levados para tr��s. Este

��ltimo movimento, naturalmente, n��o pode ser executado da mesma ma-

neira que o primeiro. Nestes dois exerc��cios predomina alternadamente a

a����o dos m��sculos anteriores do peito e a dos m��sculos posteriores das es-

p��duas, ao mesmo tempo que as paredes anteriores e posteriores do peito

experimentam alternativamente um alargamento mec��nico.

"Executa-se oito, dez ou dezesseis vezes.

I 107 I



"Estes exerc��cios respirat��rios d��o, ao cabo de pouco tempo, uma

regenera����o extraordin��ria do sentimento de suas for��as e um estado de

bem-estar geral, de for��a ativa que n��o suspeitam os que est��o sempre fe-

chados em casa e os que trabalham exclusivamente com o c��rebro.

"O sentimento de superioridade que acompanha a destreza e a agi-

lidade aumenta, assim como a confian��a, a alegria, a serenidade e a elas-

Fig. 14. Posi����o para baixo. Ftg. 15. Posi����o para cima

I 108 I



ticidade do esp��rito. Desaparecem totalmente: falta de id��ias, confus��o,

corpo pesado, des��nimo, mau humor e tristeza."

Com o nome de gin��stica respirat��ria, a respira����o profunda �� ge-

ralmente considerada, atualmente, como suscet��vel de exercer uma a����o

poderosa no desenvolvimento do peito, de preservar das doen��as dos

pulm��es e mesmo de cur��-las na maior parte dos casos.

H�� alguns anos, o Dr. Lehwens, de Berlim, empenhava-se em pro-

pag��-la, como possuindo a virtude de corrigir as falhas da palavra e at��

mesmo a garganta.

O Dr. Lennox Brown, de Londres, afirmou que ela �� a ��nica base

certa da arte do canto; em todo caso, se ensina hoje, por toda parte, aos

cantores respirar profundamente segundo certas regras.

Muitos outros autores, entre os quais citarei somente Payot (Educa-

����o da Vontade), Papus (Tratado Elementar de Magia Pr��tica), Turnbull (Magnetismo Pessoal), atribuem-lhe uma grande import��ncia, n��o s�� por

desenvolver certas fun����es f��sicas mas ainda os poderes ps��quicos e, mais

particularmente, a vontade.

�� este tamb��m o nosso parecer.

Os bons resultados da respira����o profunda s��o conhecidos h�� mui-

to tempo.

Plat��o, e Kant, posteriormente, recomendaram-na, aconselhando

que se retivesse o f��lego o maior tempo poss��vel.

O Doutor T. Lay cita, num livro publicado em Londres em 1841,

com o t��tulo Os Chineses Tais Quais S��o, um m��todo engenhoso dos m��-

dicos chineses para o tratamento da escoliose*.

Este m��todo consiste em exerc��cios musculares associados a inspi-

ra����es profundas e prolongadas, de modo que os m��sculos da respira����o

servem de sustento aos grupos musculares situados em torno da coluna

vertebral.

H�� milhares de anos, os hindus praticavam a respira����o profunda e

chegaram, gra��as a ela, a adquirir poderes, cuja extens��o �� verdadeira-

mente prodigiosa.

Admitem que, a certas horas e sob certas influ��ncias, respiramos por

uma narina somente, ao passo que, a outras horas e sob outras influ��n-

cias, respiramos pela outra.

* Desvio lateral da espinha.

I 1 0 9 I



Sua teoria �� muito complicada para que nela me detenha. Conten-

to-me com remeter o leitor desejoso de conhecer esta parte da ci��ncia ��

obra de E. Bosc, intitulada Livro das Respira����es.

Alguns americanos, que ensinam o magnetismo pessoal, afirmam

que as for��as necess��rias para desenvolver e manter este poder se acham

exclusivamente no ar, de onde cada um de n��s pode tom��-las por meio

da respira����o convenientemente praticada.

Apesar do exagero, esta afirma����o cont��m uma grande parte de ver-

dade. O ar atmosf��rico, carregado, durante o dia, do magnetismo positi-

Fig. 16. Posi����o sobre a nuca. Fig. 17.

I 110 I

vo da luz solar, e �� noite, do magnetismo negativo da luz lunar; cheio de

eletricidade e deste magnetismo que imprime �� b��ssola a dire����o norte

ao sul; repleto de gases, de pensamentos, de id��ias, de influ��ncias e for-

��as f��sicas e ps��quicas que escapam �� nossa an��lise ��� este ar �� certamen-

te o reservat��rio mais vasto e pleno do qual podemos colher as energias

que nos s��o necess��rias.

Habituando-se a respirar, pode o homem, como j�� o afirmaram os

autores citados e outros ainda, chegar rapidamente a desenvolver em si

a for��a f��sica e moral em grau muito elevado.

Para adquirir este h��bito direi que os exerc��cios, quaisquer que se-

jam, devem fazer-se sem fadiga; deve-se, no princ��pio, pratic��-los pru-

dentemente, a t��tulo de ensaio, depois, com mais energia, at�� chegar a

um adestramento progressivo.

Vou indicar o m��todo que me parece mais racional.

Os processos indicados por Gebbardt s��o excelentes, sobretudo no

princ��pio; aconselho ao leitor familiarizar-se com cada um deles, e de-

pois combin��-los com os seguintes, aos quais dou prefer��ncia:

Exerc��cios respirat��rios. ��� Antes de mais nada, a pessoa deve procu-

rar respirar longamente, de maneira constante, uniforme, profunda; dan-

do aos movimentos respirat��rios o ritmo lento e regular dos grandes

sopros. O peito e o abd��men devem erguer-se e baixar-se regularmente.

As esp��duas devem ficar im��veis. A boca deve permanecer fechada para

deixar entrar e sair o ar pelas narinas somente, que se dilatam e contraem

com a regularidade de uma m��quina de precis��o.

Os exerc��cios de respira����o profunda diferem dos exerc��cios de res-

pira����o normal pela dura����o da inspira����o e da expira����o que devem

prolongar-se o m��ximo e separar-se uma da outra por intervalos igual-

mente longos.

A respira����o pode ser praticada a qualquer hora do dia ou da noite,

de p��, sentado ou deitado. Aconselho a ��ltima posi����o.

Estendido confortavelmente de costas, na cama ou numa chaise-lon-

gue, com as roupas folgadas e bem �� vontade, isolar-se primeiramente do

mundo exterior durante quatro ou cinco minutos.

Distender os membros, relaxar os m��sculos e procurar desembara-

��ar-se o mais poss��vel dos la��os f��sicos; depois, p��r toda a aten����o na res-

pira����o, que divido, para este exerc��cio, em tr��s tempos: inspira����o, um

tempo de reten����o do f��lego e expira����o.

I 111 I

A inspira����o deve fazer-se muito lentamente, elevando-se progres-

sivamente o peito e o abd��men como para abri-los e deixar entrar o ar

profundamente e em grande quantidade. J�� n��o podendo continuar a as-

pir��-lo, parar para prender a respira����o o maior tempo poss��vel, deix��-lo

agora sair lentamente, baixando o peito e o abd��men como para expelir

todo o ar que contiver ou puder conter.

N��o �� t��o f��cil como se pensa esta respira����o, pois temos sempre a

tend��ncia de executar os movimentos demasiado depressa. Todos os es-

for��os devem, portanto, concentrar-se em aumentar a dura����o dos tr��s

tempos de respira����o profunda.

No princ��pio, os m��sculos da face se contraem e fatigamo-nos de-

pressa.

Cumpre que a pessoa repouse e se conven��a da import��ncia deste

exerc��cio; que o recomece e descanse uma vez mais.

Os ��rg��os abrandam pouco a pouco; as dificuldades do princ��pio

desaparecem; e em lugar de fatigar-se, provar�� um sentimento de calma

e de bem-estar, acompanhado da maior ou menor soma de for��a f��sica e

moral.

Para o desenvolvimento da energia da vontade. ��� Praticando os exer-

c��cios preliminares duas ou tr��s vezes por dia, e fazendo todo o poss��vel

para aumentar a dura����o de cada um dos tempos da respira����o, se a pes-

soa quer desenvolver a energia da vontade, vai se impor tarefas cada vez

mais dif��ceis.

Obrigar-se, por exemplo, a respirar dez vezes em seguida, sem pa-

rar, pondo doze segundos para executar a inspira����o, doze segundos pa-

ra a reten����o do alento e doze segundos para a expira����o. Ao todo: trinta

e seis segundos.

No fim de seis a oito dias, em lugar de respirar dez vezes, em segui-

da, sem repouso, respirar�� doze, depois quinze vezes.

Mais tarde, mantendo o tempo de reten����o do sopro, se levar�� a du-

ra����o da inspira����o, como a da expira����o, a quinze, vinte e mesmo a vin-

te e cinco segundos.

Far��, no princ��pio, dez respira����es completas antes do repouso, de-

pois doze, quinze, dezoito, vinte e mesmo vinte e cinco.

Conv��m esfor��ar-se por aumentar a dura����o da inspira����o e da ex-

pira����o, bem como o n��mero das respira����es completas, sem repousar.

I 112 I

Fazer igualmente esfor��os por elevar e abaixar o peito e o abd��men.

Conv��m procurar fazer todos esses exerc��cios com uma s�� narina,

tapando a outra, ora com a direita, ora com a esquerda.

Os resultados desses exerc��cios s��o prodigiosos. Executados com re-

gularidade, duas a tr��s vezes por dia, durante seis ou oito semanas so-

mente, d��o um sentimento de for��a f��sica e moral que se estava longe de

perceber.

Desde os primeiros exerc��cios, a express��o do rosto se modifica, o

olhar revela a tranq��ilidade e o cora����o fica cheio de esperan��a.

A pessoa desenvolve-se dia a dia.

As for��as f��sicas e morais aumentam, a energia cresce, a atividade re-

dobra-se, desaparecem pequenas indisposi����es e a sa��de se fortalece. A

pessoa fatiga-se menos na execu����o de trabalhos penosos; enfrenta o ca-

lor e o frio sem temer resfriados. Torna-se menos impression��vel, mais

confiante e corajosa; as emo����es que deixavam impress��o penosa duran-

te um tempo mais ou menos longo, j�� n��o causam sen��o leves efeitos,

que desaparecem rapidamente.

Procedendo com calma e m��todo, a pessoa pode melhorar quase to-

das as afec����es org��nicas em estado cr��nico e curar algumas completa-

mente, sobretudo as dos pulm��es, cora����o, est��mago e intestinos.

Da mesma maneira, a anemia, as irregularidades menstruais das

mulheres e todos os casos de incompleta ou irregular circula����o, bem co-

mo perturba����es nervosas, de t��o desastrosas conseq����ncias. Vejamos,

agora, o que se pode obter para fazer cessar o efeito das emo����es violen-

tas que n��o teriam completamente desaparecido sob a a����o da respira����o

profunda.

Algumas palavras de teoria s��o ainda necess��rias para fazer com-

preender o mecanismo dos meios a serem empregados para isso.

Como o animal, o homem tem o instinto da conserva����o. Em pre-

sen��a de uma causa que ameace a sua vida, que lhe possa provocar uma

dor, uma sensa����o desagrad��vel, ele prova uma emo����o mais ou menos

grande e muitas vezes tem medo.

Os efeitos da emo����o n��o s��o os mesmos em todos os indiv��duos;

aqueles que t��m uma vontade poderosa, guardam seu sangue-frio no mo-

mento do perigo, dominam as impress��es, ajustam as suas for��as para em-

preg��-las utilmente e mesmo lan��am m��o de outras do meio ambiente.

I 113 |

Contrariamente, aqueles que n��o t��m vontade forte, n��o conservam

o sangue-frio, alarmam-se e ficam dominados por suas impress��es. Re-

sulta disso uma incapacidade maior ou menor para resistir ao perigo: e

perturba����es graves como a histeria, a epilepsia, a paralisia, a loucura e

at�� mesmo a morte podem ser sua conseq����ncia.

Nestes ��ltimos, todas as fun����es s��o mais ou menos perturbadas: a

circula����o e a respira����o s��o aceleradas, o cora����o bate com viol��ncia, a

face empalidece, os vasos capilares mais delicados do rosto se contraem

e remetem o sangue para as partes profundas, que se congestionam.

As art��rias e veias ficam cheias de sangue e o c��rebro pode perder

completamente sua aptid��o para governar o organismo. A for��a nervosa

acumula-se nos plexos e mais particularmente no plexo solar; a v��tima

experimenta uma impress��o de peso e empacho, mal-estar, ansiedade

mais ou menos grande na regi��o do est��mago, que parece ter recebido

um choque violento.

Estas sensa����es desagrad��veis duram pouco ou muito. Quando se

prolongam, o doente pode faz��-las cessar rapidamente, restabelecendo a

circula����o abdominal, que est�� profundamente perturbada.

Que fazer para isso?

Primeiro, aqueles que praticam a respira����o profunda, segundo as

regras que acabo de expor, tornam-se cada vez mais capazes de dominar

as suas impress��es.

As emo����es leves, que deixavam anteriormente certo mal-estar, j��

n��o deixam mais, e as mais violentas, que eram seguidas de perturba����es

profundas, n��o deixam sen��o perturba����es pouco intensas.

Estas podem desaparecer rapidamente com a pr��tica da respira����o

profunda de seis a oito minutos, ap��s um isolamento de minutos.

Mas h�� um processo ainda mais expedito, que se pode chamar o pri-

meiro princ��pio da dan��a do ventre, e que �� apenas uma forma da respi-

ra����o profunda.

Esta dan��a pode ser praticada estando o indiv��duo de p��, sentado ou

deitado, como na respira����o profunda; prefiro a ��ltima posi����o.

Faz-se igualmente em tr��s tempos: eleva����o, repouso, abaixamento;

mas cada tempo n��o deve durar mais que dois segundos.

Os movimentos de eleva����o devem corresponder com a expira����o;

o abaixamento com a inspira����o.

I 1 1 4 |



Fig. 18. Dan��a do ventre.

I 115 |

Como o mostra a linha pontilhada da figura 18, devem limitar-se ao

abd��men ou, quando muito, �� parte inferior do peito.

O efeito �� imediato e sua teoria, totalmente fisiol��gica, de f��cil com-

preens��o.

Pelos movimentos do abd��men, as superf��cies interiores tocam-se e

friccionam-se. O efeito desta massagem �� cessar a congest��o e restabele-

cer a circula����o.

Uma fric����o rotat��ria ligeira, praticada primeiro sobre o est��mago,

depois no ventre, por qualquer pessoa, produz efeito an��logo, principal-

mente se esta pessoa sabe magnetizar.

Um ��m�� ��� um plastr��o magn��tico de duas ou tr��s l��minas ��� aplica-

do habitualmente para excitar, na regi��o do est��mago, fortifica o plexo so-

lar e contribui muito para a diminui����o da impressionabilidade habitual.

Os medos doentios e as fobias m��rbidas podem igualmente desapa-

recer; mas conv��m praticar regularmente a respira����o profunda, combi-

nada com a dan��a do ventre e ajudada pelo racioc��nio.

Termino este cap��tulo, um pouco longo talvez, com alguns conse-

lhos relativos ao que se pode chamar: Higiene de respira����o.

O nariz desempenha papel importante na respira����o; �� ele que filtra

o ar para que a laringe e os br��nquios o recebam t��o puro quanto poss��-

vel e na temperatura requerida.

Se o nariz est�� fechado, mesmo incompletamente, desempenha mal

suas fun����es, e a pessoa, neste caso, acha-se exposta aos males da gar-

ganta e do ouvido, bem como ��s afec����es pulmonares.

Conv��m assoar-se freq��entemente at�� que as narinas funcionem li-

vremente.

Se a respira����o n��o se torna livre por este meio, conv��m tomar pi-

tadas de c��nfora, de tabaco, de mentol, misturados com ��cido b��rico e

fazer irriga����es nasais com ��gua salgada (uma colher de sobremesa de sal

de cozinha para 1/2 litro de ��gua fervida t��pida).

Se a dificuldade de respirar pelo nariz persiste durante algumas se-

manas, fora dos casos de resfriados, as fossas nasais podem ser a sede de

obst��culos materiais, de p��lipos, por exemplo. Nesta circunst��ncia, tor-

na-se necess��rio um m��dico.

N��o conv��m fechar as duas narinas quando a pessoa se assoa, por-

que o muco nasal, violentamente comprimido, pode ser lan��ado no ou-

I 116 |

vido m��dio pela trompa de Eust��quio e originar uma otite, que poderia

causar a surdez.

Ao assoar-se, as narinas devem estar abertas e �� bom descarreg��-las

sucessivamente uma ap��s outra.

�� perigoso tragar o muco nasal que cai na garganta, pois este, car-

regado de princ��pios t��xicos destinados �� expuls��o, pode tornar-se cau-

sa de doen��as do tubo digestivo.

Em geral, nossa sa��de �� tanto melhor quanto mais puro �� o ar que

respiramos.

Em um quarto pequeno, onde dormem v��rias pessoas, o ar torna-se

logo viciado pelo ��cido carb��nico lan��ado na expira����o; e, nestas condi-

����es, esse g��s �� um veneno para o organismo.

Conviria que a pessoa dormisse em um quarto grande, bem areja-

do, exposto ao sol; mas n��o temos todos a vantagem de possuir um quar-

to desta natureza.

Podemos, todavia, remediar o inconveniente, tomando certas pre-

cau����es.

Primeiro deitarmo-nos na dire����o norte-sul, com a cabe��a para o

norte e os p��s para sul, e, em caso de impossibilidade, a cabe��a para les-

te e os p��s para oeste; habituarmo-nos a dormir com a janela aberta em

qualquer esta����o do ano, e a n��o temer o frio nem a umidade.

Todavia, por ocasi��o de frio intenso ou durante as chuvas, aqueles

que n��o quiserem dormir com a janela aberta poder��o fech��-la; mas de-

ver��o tomar a precau����o de deixar a porta do quarto aberta tanto quan-

to poss��vel.

N��o deixar nenhum braseiro aceso no quarto de dormir, pois a com-

bust��o consome o oxig��nio que nos �� necess��rio e deixa no lugar dele o

��xido de carbono, que �� mat��ria venenosa.

N��o deixar candeeiro nem mesmo vela acesa, pois ao arder-se, uma

simples vela consome mais oxig��nio que o necess��rio para a respira����o

do homem.

Afastar os animais e levar os vasos de flores para um quarto vizinho,

pois tanto os animais como as flores respiram e viciam a atmosfera.

O quarto n��o deve conter sen��o os m��veis indispens��veis, nem ser

guarnecido de tapetes, cortinas e outros g��neros de tape��arias, que s��o

alojamento de p�� e viveiros de micr��bios e, por conseguinte, focos de

infec����o.

I 117 |

A palavra e o canto constituem, para o pulm��o, uma gin��stica natural.

Os pais deveriam fazer seus filhos cantarem, desde os seus mais ten-

ros anos; porquanto, pela respira����o, que ele prolonga e torna melhor, o

canto bem compreendido �� uma fonte de for��a e sa��de.

Via de regra, a t��sica pulmonar n��o se encontra, ao que parece sen��o

raramente, nos cantores profissionais.

I 1 1 8 |

8

Olhar m a g n �� t i c o

Os olhos exercem influ��ncia, e sabemos que h�� certos indiv��duos cujo

olhar se suporta com dificuldade.

�� pela a����o do olhar que o c��o prende a perdiz e que a serpente fas-

cina o p��ssaro e o atrai.

No domador, o olhar constitui a arma que imp��e respeito ��s feras

de sua cole����o.

Julgou-se que o olhar de certas pessoas produz uma influ��ncia de-

sagrad��vel e mesmo prejudicial, dando-se a esta influ��ncia o nome de

mau-olhado.

Exagerando esta propriedade do olhar, considerada sob o seu pior

aspecto, compreende-se, facilmente, que, no tempo da bruxaria, consti-

tu��a ela o poder dos jettatori, feiticeiros que se acreditava lan��assem fei-

ti��os pela a����o mal��fica do olhar.

Admitindo-se que o olhar de certas pessoas possa influenciar outras

de modo desagrad��vel, pode-se tamb��m conceber que o olhar doce e be-

nevolente de um indiv��duo simp��tico, de sa��de equilibrada, exer��a in-

flu��ncia ben��fica.

Com efeito, como o demonstrei no segundo volume de minhas Teo-

rias e Processos, o olhar lan��ado a uma dist��ncia de alguns metros, doce-

mente, mas com certa energia, com um fim determinado, exerce uma

a����o das mais evidentes que o magnetizador aplica constantemente na

cura das doen��as. O olhar de alguns animais exerce, mesmo sobre n��s,

em certas circunst��ncias, uma a����o muito en��rgica.

I 1 1 9 |

Conheci uma jovem sensitiva que se comprazia em contemplar as

cobras do Jardin des Plantes, provavelmente porque experimentava, com

isso, efeitos an��logos aos da magnetiza����o.

Colocada a cerca de um metro da jaula do r��ptil, se este a olhava fi-

xamente, era atra��da e vinha-se unir estreitamente �� grade.

Era preciso tir��-la dali e soprar-lhe na fronte para voltar ao estado

normal, pois, ao cabo de alguns minutos, ficava mergulhada no mais pro-

fundo sono magn��tico.

Escreve Van Helmont que, se um sapo for colocado num vaso pro-

fundo, de onde n��o possa sair, e sendo olhado fixamente, faz todos os es-

for��os para evadir-se, por��m, n��o o conseguindo, volta-se para o

hipnotizador, fita-o fixamente, irrita-se e cai fulminado, ao cabo de um

tempo mais ou menos longo.

O Pe. Rousseau, um capuchinho erudito e m��dico de Lu��s XIV, ve-

rificou, sob diferentes formas, a observa����o de Van Helmont e achou-a

em grande parte exata.

Depois de ter repetido a experi��ncia certo n��mero de vezes, obser-

vou que o sapo algumas vezes morria, por��m muitas vezes tamb��m re-

sistia �� prova.

Se acreditarmos no que este experimentador conta em uma obra in-

titulada Segredos e Rem��dios Experimentados, que publicou em Paris, em

1697, uma dessas experi��ncias lhe ia sendo fatal.

Se bem me lembro, eis o que aconteceu: Um sapo, provavelmente

mais robusto que outros, dando sinais de superexcita����o, resistiu �� a����o

mortal do experimentador. Este renovou a experi��ncia; mas, sofrendo,

por sua vez, a a����o do animal, caiu sem sentidos e o seu criado encon-

trou-o quase morto algumas horas mais tarde. Tornando a si, lembrou-

se de que o sapo furioso dardejava sobre ele os seus olhares amea��adores;

e de tal forma o fazia que, no fim de um momento, se sentiu dominado

por uma for��a que parecia emanar do animal. Quis resistir, mas, venci-

do por um estranho mal-estar, perdeu os sentidos.

Se o olhar �� suscet��vel de exercer uma a����o t��o poderosa, deve, por

outra parte, prestar excelentes servi��os, sobretudo quando a personali-

dade magn��tica �� desenvolvida a um certo grau.

Com efeito, Papus (Tratado Elementar de Magia Pr��tica) e os auto-

res americanos ��� sobretudo Turnbull e Atkinson ��� atribuem-lhe uma

import��ncia consider��vel.

I 120 I

"De todos os meios de que disp��e o homem para influenciar os ou-

tros ��� diz este ��ltimo ���, o olhar �� certamente o mais poderoso. N��o

serve somente para reter a aten����o da pessoa com quem conversamos e,

por conseguinte, para facilitar a influ��ncia que podemos exercer sobre

ela; �� tamb��m uma pot��ncia que pode, quando bem compreendida e di-

rigida, agir diretamente sobre o interlocutor. Ele atrai, fascina, subjuga

mesmo os mais capazes de resist��ncia e luta.

"O olhar, quando atinge toda a for��a de penetra����o e influ��ncia de

que �� suscet��vel, �� uma arma tem��vel.

"Transporta, comunica aos outros as vibra����es do pensamento e o

fluido vital, cujo reservat��rio �� o c��rebro.

"Aplicada ��s feras, esta for��a do olhar �� soberana. Prende, subjuga,

acabrunha e aniquila o animal mort��fero. A sua a����o n��o �� menor no ho-

mem, mas deve ser inteligentemente aplicada e dirigida." (A For��a do

Pensamento)

Admite o mesmo autor que o olhar magn��tico n��o �� natural no ho-

mem e que n��o se adquire, a n��o ser pelo estudo e esfor��o.

"Uma vez adquirido, se estiver concentrado na pessoa que se quer

influenciar, exerce uma a����o an��loga �� fascina����o ou atra����o hipn��tica...

�� a express��o de uma vontade forte, por olhos cujos m��sculos e nervos

foram se desenvolvendo progressivamente at�� chegarem a um grau de fi-

xidez e for��a excepcional."

Para adquirir o olhar magn��tico e tornar-se capaz de influenciar por

este meio seus semelhantes, segundo seus desejos, �� necess��rio que o ho-

mem se exercite e se adestre a fazer certo n��mero de exerc��cios, sobretu-

do a faz��-lo firme e inteligentemente como para fazer penetrar a sua a����o

no interior.

Conv��m que tenha muita energia e persist��ncia, mas todos os esfor-

��os devem ser feitos interiormente, sem que se revele exteriormente por

qualquer piscadela das p��lpebras, pela menor contra����o dos m��sculos da

face e mesmo pela m��nima tens��o de esp��rito.

A respira����o deve ser regular e a express��o do rosto calma e tran-

q��ila, como a que se toma naturalmente, quando se presencia alguma

coisa agrad��vel.

A fim de desenvolver a pot��ncia magn��tica do olhar, vou dividir os

exerc��cios em preparat��rios e pr��ticos.

I 121 |

EXERC��CIOS PREPARAT��RIOS

1. Tomar uma folha de papel e tra��ar no centro um ponto negro, de

um cent��metro de di��metro, e fix��-la na parede a uma altura de cerca de

um metro e vinte.

Sentar-se, �� vontade, a dois metros da folha e bem defronte a ela; fi-

xar o olhar no ponto o maior tempo poss��vel, n��o pensando sen��o nele e

sem desviar a vista. Se sentir necessidade de piscar, eleve ligeiramente as

p��lpebras para evit��-lo.

Aqueles que est��o habituados a magnetizar, a isolar-se e a n��o pen-

sar em duas coisas ao mesmo tempo, conforme j�� me referi nos cap��tulos

3 e 4 desta Parte, far��o logo este exerc��cio, sem grande fadiga, durante

dois ou tr��s minutos, e n��o tardar��o em faz��-lo facilmente durante cin-

co, dez, quinze minutos e mesmo mais.

Os que come��arem seu desenvolvimento magn��tico por este exer-

c��cio, chegar��o ao resultado mais dificilmente.

Para evitar um excesso de fadiga in��til e mesmo prejudicial, estes

��ltimos far��o bem em habituar-se a fixar primeiro o ponto negro duran-

te um s�� minuto, no fim do qual dever��o repousar, para recome��ar tr��s

ou quatro vezes em seguida.

Quando chegarem a fazer desembara��adamente este exerc��cio qua-

tro ou cinco vezes em seguida, durante um minuto, habituar-se-��o a fa-

z��-lo durante dois minutos e a repousar um, para recome��ar duas ou tr��s

vezes nas mesmas condi����es.

Aumentar, em seguida, progressivamente, a dura����o do exerc��cio

at�� chegar com facilidade a faz��-lo, sem nenhum repouso, cinco, dez e

mesmo quinze minutos.

Os que n��o conseguirem concentrar o pensamento na ��nica id��ia

de olhar o ponto negro, poder��o, para se ajudar, contar mentalmente 1,

2, 3, 4, 5 e assim por diante at�� que lhes sobrevenha a fadiga.

Chegar��o facilmente a contar at�� 100, depois at�� 200, 300 e mesmo

subir��o a 500. Chegados a��, tendo cessado de fixar o ponto negro nas

condi����es prescritas, se esfor��ar��o para o fixar contando at�� 800, depois

at�� 900, subindo at�� 1200 ou mesmo 1500.

Este exerc��cio n��o se faz certamente sem t��dio e fadiga; mas conv��m

vencer todas as dificuldades. �� a este pre��o que se desenvolve a pot��ncia

magn��tica do olhar e se aumenta a energia da vontade.

I 122 I

2. Para habituar-se a olhar de lado, sem parecer que o faz, desloque

o papel um metro para a esquerda, sente-se na cadeira, na posi����o do

exerc��cio anterior, e fixe obliquamente o olhar no ponto, sem que a face

se afaste da primeira posi����o.

Coloque a folha um metro �� direita da primeira posi����o e repita o

exerc��cio, dirigindo o olhar obliquamente para a direita, sem virar o ros-

to para o lado que voc�� olha. Repita estes exerc��cios um ap��s outro, at��

que possa execut��-los sem se cansar, durante cinco ou seis minutos.

3. Torne a p��r a folha de papel no mesmo lugar que ocupava na pri-

meira experi��ncia, sente-se em frente a ela e olhe fixamente o ponto ne-

gro, movendo circularmente a face, da esquerda para a direita, por alguns

minutos, e depois da direita para a esquerda.

Este exerc��cio d�� flexibilidade e fortalece os nervos e m��sculos dos

olhos.

4. Substitua na parede bem iluminada a folha de papel por um es-

pelho ou ponha-o sobre uma mesa diante de si, a uma dist��ncia de cin-

q��enta ou sessenta cent��metros.

Dirija o olhar para a imagem refletida no espelho, fixando a raiz do

nariz, a parte que fica entre os dois olhos, como se quisesse ver um pon-

to no interior do c��rebro. �� o que Turnbull denomina o olhar fixo central.

Este exerc��cio �� muito importante, pois al��m da educa����o do olhar

propriamente dita, d�� ao homem o poder de sustentar o olhar dos outros

e de corrigir as imperfei����es da express��o facial.

Estes quatro exerc��cios podem ser praticados de p��; e os que n��o os

acharem suficientes para o desenvolvimento do olhar magn��tico, pode-

r��o imaginar outros.

Quando o aluno consegue faz��-lo facilmente durante dez ou doze

minutos, acha-se apto para realizar todos os exerc��cios seguintes.

EXERC��CIOS PR��TICOS

1. Estando num sal��o, numa igreja, no teatro ou em outro lugar de

reuni��o, onde muitas pessoas estejam sentadas, uma diante da outra, fi-

xe o olhar nas costas de uma pessoa que estiver �� sua frente, a uma dis-

t��ncia de dois e mesmo tr��s metros, concentrando toda a energia na id��ia

de influenci��-la e faz��-la voltar-se.

I 1 2 3 |

Se a pessoa �� impression��vel e sensitiva, voc�� conseguir�� realizar

seu objetivo em menos de um minuto.

Se, pelo contr��rio, ela �� pouco sens��vel, ser�� preciso um tempo mais

ou menos longo. Mas �� raro n��o se obter o resultado em tr��s ou quatro

minutos.

V��-se primeiro a pessoa encarada fazer alguns movimentos de om-

bros e tremer, como se experimentasse uma leve coceira.

Esta sensa����o aumenta, torna-se mais n��tida, incomoda e obriga qua-

se sempre a pessoa a levar a m��o ao ponto visado e, freq��entemente, a vol-

tar-se como que consciente de que a tocam e desejosa de impedir tal a����o.

Pode-se dirigir a a����o de ambos os olhos ��s omoplatas ou a um pon-

to ��nico, como por exemplo a uma das primeiras v��rtebras dorsais.

2. Tendo sido levada a bom termo algumas vezes a experi��ncia pre-

cedente, quando voc�� se achar com o paciente no mesmo lugar, pode ten-

tar a mesma experi��ncia quando andar na rua, por exemplo.

Para isso, fique a uma dist��ncia de dois metros, mais ou menos, atr��s

da pessoa que escolheu para paciente, ande no mesmo passo que ela e fixe

seu olhar nas costas dela com a energia e inten����o obstinadas. Com grande

surpresa, voc�� ver�� que, tr��s ou quatro vezes em cinco, a pessoa visada se

voltar�� para voc��, ao fim de alguns minutos, e o olhar��, muitas vezes com

ar acusador, como se tivesse compreendido que �� voc�� quem a incomoda.

3. Levada a bom termo a ��ltima experi��ncia, voc�� pode fazer com

que a pessoa que anda na sua frente, nas mesmas condi����es, se volte pa-

ra a direita ou esquerda. Formulando claramente em seu pensamento a

id��ia de direita ou esquerda, voc�� chegar�� facilmente a fazer com que o paciente execute o que voc�� lhe ordena.

4. Escolha, num ve��culo p��blico, uma pessoa sentada no lugar opos-

to ao seu e que se ache �� direita ou �� esquerda de outra, que estiver �� sua

frente.

Finja que voc�� quer olhar para a frente, de modo a parecer-lhe que

n��o a v��; mas olhe-a obliquamente. Dirija-lhe uma corrente mental t��o

forte quanto poss��vel e diga a si mesmo, com toda a energia de que �� ca-

paz, que quer que ela olhe para a sua dire����o. Se a experi��ncia for bem fei-

ta, o resultado ser�� invari��vel: a pessoa escolhida por paciente o olhar��

inevitavelmente.

Algumas vezes, parece que o olhar da pessoa n��o se dirige a voc�� e

o toca muito de leve; mas na maior parte quase sempre este olhar ser�� vi-

I 124 I

vo, concentrado e penetrante, como se o paciente tivesse consci��ncia da

influ��ncia que voc�� exerceu sobre ele.

A pessoa que obedece, assim, �� sua ordem mental, parecer��, na

maioria das vezes, embara��ada e nervosa, quando encontrar o seu olhar;

ter�� o sentimento de uma for��a que a domina, de uma vontade que a sub-

juga, e sua atitude exprimir�� muito bem este sentimento. (Atkinson)

5. V�� at�� a janela e olhe uma pessoa que passa. Se a fixar com ener-

gia bastante, exprimindo a vontade de que ela erga a cabe��a e o olhe, ela

o far�� quase infalivelmente.

Sete vezes em dez, no m��nimo, ela obedecer�� ao seu apelo mental, se

seu poder magn��tico chegou a um grau de desenvolvimento suficiente.

Este resultado depender��, em certa medida, da escolha de sua posi-

����o. Ser��, por exemplo, muito mais sens��vel e pronto, se voc�� estiver nu-

ma janela do primeiro andar, do que numa outra do quarto andar, por

exemplo.

A experi��ncia pode ser feita com o mesmo ��xito em condi����es in-

versas.

O paciente pode ser, n��o um transeunte, mas uma pessoa que esti-

ver numa janela.

Neste caso o fluido age de baixo para cima e o operador est�� em mo-

vimento, enquanto que o paciente est�� im��vel. (Atkinson)

Dois elementos de a����o entram em jogo na ��ltima s��rie de experi��n-

cias: o poder magn��tico do olhar e a concentra����o do pensamento.

Quando o hipnotizador faz com ��xito essas experi��ncias, numa pro-

por����o de uma sobre duas vezes, pode dominar outras mentes e impor-

lhes sua vontade. E para verificar este poder, leva a cabo com facilidade

outras experi��ncias.

Pode-se escolher para sujeito das experi��ncias um amigo ou uma

pessoa qualquer de que se queira obter um favor ou, de prefer��ncia, um

objeto ao qual ela tenha apego especial. Concentrando o pensamento na

id��ia de que o paciente deve entregar-nos tal objeto, e sem que ele suspei-

te da influ��ncia que se pretende exercer sobre ele, colocamo-nos diante

dele e referimo-nos �� satisfa����o que experimentar��amos se possu��ssemos

o referido objeto, nem que fosse por alguns minutos. Fixa-se desta ma-

neira o objeto da experi��ncia, com brandura e persist��ncia, como para fa-

zer penetrar em seu c��rebro a id��ia de satisfazer nosso pedido.

I 125 I

Se a penetra����o do olhar estiver suficientemente desenvolvida e a

concentra����o do pensamento for bastante forte, nota-se logo que cada

palavra exerce sobre o indiv��duo uma esp��cie de efeito f��sico que atinge

diretamente nossa finalidade. O interlocutor, que n��o tarda a ser subju-

gado mais ou menos completamente, d��-se por vencido e acaba por en-

tregar-nos o objeto que desej��vamos.

Os diferentes autores n��o est��o de acordo no modo de se exercer o

olhar magn��tico.

Quer Atkinson que fixemos os olhos nos do intelocutor, ao passo

que Turnbull aconselha que os fixemos num ponto imagin��rio entre os

dois olhos.

�� o ��ltimo modo de a����o o que prefiro. Julgo-o mais intenso e tem,

certamente, a vantagem de n��o permitir que o interlocutor suspeite de

estar sendo sujeito a uma experi��ncia e, por conseguinte, que oponha

qualquer resist��ncia.

Se os resultados que acabo de enunciar podem ser obtidos ��� e a

pessoa pode ter a certeza absoluta de os obter com um pouco de pr��tica

��� pode-se compreender como s��o importantes mesmo nas circunst��n-

cias ordin��rias da vida.

Eis um exemplo t��pico que fomos buscar em Turnbull:

"Tomemos o caso ��� diz ele ��� em que desejamos fazer uma boa im-

press��o a despeito das circunst��ncias.

"Suponha que voc�� vai ter uma entrevista com um homem, cuja per-

sonalidade parece pesar sobre voc��.

"Suponhamos ainda que esse indiv��duo perten��a �� classe dos ho-

mens de olhar insolente, de maneiras bruscas, pesco��o taurino: um ho-

mem de import��ncia em seu meio, mas inteiramente desprovido de

sentimentos delicados... �� uma tortura, como se pode bem conceber, pa-

ra uma pessoa de sentimentos finos e elevados, ter que tratar com tal in-

div��duo, sobretudo para pedir-lhe um favor.

"Voc�� pode, todavia, dominar esse tipo de indiv��duo muito facil-

mente...

"Voc�� aparecer�� diante dele com um aspecto modesto e leal, dando-

lhe a entender que voc�� poder�� apresentar-se com um aspecto mais fa-

vor��vel se o quiser. O fato mesmo de ter consci��ncia disso constitui uma

for��a que transparece em seu semblante e o ajuda a influenciar ou a re-

pelir a for��a contr��ria que ele lhe mandar...

I 126 I



"Conv��m que sua atitude n��o denuncie qualquer sinal de impaci��n-

cia ou perturba����o. Mostre-se af��vel, tranq��ilo, senhor de si mesmo e

n��o se mostre acanhado nem importuno.

"Quando falar com ele, olhe-o bem no rosto, entre os olhos, isto ��,

na raiz do nariz (fig. 19).

"Imagine que voc�� est�� olhando ali um ponto infinitamente peque-

no, que v�� o ponto fraco de seu indiv��duo; depois fale, como se estives-

se falando para esse ponto, entre os olhos do homem.

"Olhe calmamente esse ponto, mas sem fix��-lo e sem cerrar as so-

brancelhas. Voc�� perceber�� logo que o indiv��duo parece embara��ado e o

olhar dele se torna fugidio e incerto.

"Force-o a olhar fixamente para voc�� enquanto voc�� fala; mas assim

que ele falar, baixe ou desvie os seus olhos. Olhe para o seu colete ou pa-

ra outro lugar qualquer, exceto para os olhos dele. Escute-o respeitosa-

mente, e, quando voc�� principiar novamente a falar, procure ainda o

pequeno ponto entre os olhos dele. Fa��a tudo isso sem demonstr��-lo,

pois ele n��o pode, nem de leve, supor que voc�� o submete a uma prova.

�� indispens��vel que a calma seja a sua nota dominante.

"Qualquer que seja o resultado da sua entrevista, fique convencido

de que esse homem se lembrar�� de voc��, que causou nele uma forte im-

press��o que ele procura desconhecer." (Curso de Magnetismo Pessoal)

Fig. 1 9 . Para facilitar uma entrevista dif��cil

I 127 I

Resulta da observa����o precedente que, para exercer todo o poder de

que �� capaz, a pessoa deve influenciar a outra com quem trata sem que

esta o perceba; caso contr��rio, procurar�� resistir; se necess��rio, ela se re-

tiraria e o neg��cio teria fracassado.

A discri����o �� aqui um dever absoluto.

Em princ��pio, o desenvolvimento da influ��ncia pessoal, sobretudo

a do olhar e mais particularmente sua aplica����o no dom��nio dos outros,

deve ficar no mais rigoroso segredo, pois seus melhores amigos descon-

fiariam de voc��, o temeriam e mesmo evitariam a sua presen��a, se supu-

sessem que voc�� seria capaz de submet��-los �� sua vontade.

Por outro lado, contar a todos o que fazemos e o que queremos fa-

zer �� malbaratar inutilmente nossas for��as.

Algumas pessoas que usam ��culos podem achar que este instrumen-

to �� suscet��vel de fazer desviar a pot��ncia magn��tica do olhar. N��o o creio.

Tudo me leva a admitir que, se a pessoa v�� distintamente o ponto que quer

visar, eles ajudam-na a concentrar neste ponto os raios magn��ticos que

emanam dos olhos. Ainda mais, dissimulam os esfor��os exteriores que a

pessoa porventura fizer sobretudo no princ��pio, diminuindo, portanto, a

possibilidade de que o interlocutor suspeite de suas inten����es.

Algumas pessoas, que n��o compreendem os princ��pios do magne-

tismo pessoal, poder��o, talvez, deduzir das ��ltimas experi��ncias que,

quando a penetra����o do olhar e a concentra����o do pensamento s��o bastan-te desenvolvidas, podem obter das outras tudo o que desejam, mesmo

contra o seu pr��prio interesse; que poderiam, por exemplo, obrig��-las a

dar-lhes toda a sua fortuna ou parte dela. Vai nisto um erro profundo.

Primeiro, jamais ocorrer�� a um magnetizador, desenvolvido segun-

do os princ��pios contidos nesta obra, a id��ia de aproveitar-se de sua po-

t��ncia para cometer uma a����o m��.

Depois, se por circunst��ncias imprevistas e excepcionais, comet��-la,

n��o tardar�� a perder a maior parte da for��a que lhe atrai as boas coisas e

exclui as m��s, tornando-se a v��tima principal de sua imprud��ncia.

N��o se deve esquecer que o homem magn��tico tem sempre presen-

te no esp��rito o preceito: "N��o fa��a aos outros aquilo que n��o quer que

lhe fa��am".

Este cap��tulo necessita ainda de um desenvolvimento maior, que da-

remos no cap��tulo seguinte.

I 128 |

9

S u g e s t �� o e

a u t o - s u g e s t �� o

A sugest��o �� o principal e ��nico meio de a����o empregado pelo hipnoti-

zador, por exemplo, para obrigar os pacientes a comer batatas cruas por

frutos deliciosos, faz��-los cometer crimes imagin��rios e obter deles o que

quiser, para espanto dos tolos.

Se ela desempenha papel preponderante nos fen��menos de hipnotis-

mo, n��o tem quase import��ncia nos de magnetismo f��sico; e podemos mes-

mo afirmar, sem medo de sermos desmentidos pelo observador imparcial,

que, nove vezes em dez, ela n��o exerce a m��nima influ��ncia sobre estes.

N��o pretendo dissertar sobre o hipnotismo, que considero uma

sombra do magnetismo, o reverso da medalha, o lado mau, sobre o qual

se agruparam, naturalmente, os inconvenientes que os magnetizadores

souberam evitar, pois estes inconvenientes podem tornar-se perigosos

em m��os impuras ou somente inexperientes.

Contentar-me-ei em dizer que, contrariamente ao que sustentam

quase todos os hipnotizadores, observam-se duas esp��cies de fen��menos

bem distintos: de um lado, o Magnetismo, cujo agente principal �� um

fluido ou movimento vibrat��rio, comunicando-se por ondula����es, do

magnetizador ao magnetizado; de outro lado, o Hipnotismo, que n��o

admite outro meio de a����o al��m da sugest��o, pondo em jogo a imagina-

����o do hipnotizado.

Aqueles que quiserem conhecer o limite das duas ordens de fen��-

menos poder��o colher informa����es no op��sculo de Ber��o, intitulado

i

I 129 I

Para Distinguir o Magnetismo do Hipnotismo (Analogias e Diferen��as), o

qual recomendo.

Em sentido figurado, a sugest��o pode ser considerada como o joio

do Evangelho, contendo um pouco do bom gr��o. O joio s�� �� o mal que

o hipnotizador pode fazer, sugerindo m��s id��ias e fazendo experi��ncias

talvez divertidas para o p��blico, mas sempre fatigantes e muitas vezes

prejudiciais para o paciente, pois s��o suscet��veis de deixar nele impres-

s��es penosas, mais ou menos duradouras.

Mesmo querendo ser ��til, sugerindo constantemente boas id��ias, o

hipnotizador pode ser prejudicial, pois toda sugest��o tem sempre ten-

d��ncia a transformar o paciente em aut��mato, o qual perde, assim, pou-

co a pouco, o poder de se dirigir convenientemente por si mesmo.

O pouco do bom gr��o que pode ser separado do joio representa as

vantagens que a sugest��o, bem compreendida e perfeitamente aplicada

com uma finalidade louv��vel e desinteressada, pode dar ao que �� susce-

t��vel de receb��-la.

N��o querendo perder nada, vou tentar separar o bom gr��o do mau,

abandonar o ��ltimo, dando ��quele toda a import��ncia que merece.

O que �� sugest��o?

Sugest��o �� a arte de fazer agir o moral sobre o f��sico, de impor uma

id��ia e assegurar a sua execu����o.

Admitindo que as id��ias s��o for��as, explica-se geralmente o seu me-

canismo do modo seguinte:

Toda id��ia aceita pelo c��rebro transforma-se em ato, num prazo maior

ou menor.

Esta explica����o, de certo modo admitida por todos os psic��logos

contempor��neos, �� igualmente aceita pelos fisiologistas, que ensinam

que toda c��lula cerebral movida por uma id��ia age sobre as fibras susce-

t��veis de realizar esta id��ia em ato. �� o reconhecimento oficial desta afir-

ma����o dos antigos ocultistas: Tudo o que entra no esp��rito sai pelos

m��sculos.

H�� cinq��enta ou sessenta anos, a sugest��o praticava-se exclusiva-

mente durante o sono hipn��tico; atualmente, os hipnotizadores preten-

dem sugerir tanto no estado de vig��lia como no de sono, afirmando que

basta para isso o consentimento do paciente. H��, certamente, alguma

coisa de verdadeiro nesta pretens��o; em todo caso, �� evidente que todos

I 130 I

n��s somos, mais ou menos, aptos para receber as id��ias dos outros e imi-

tar seus exemplos.

As id��ias que nos v��m de fora, a saber, as que nos s��o impostas com

um fim qualquer, constituem a sugest��o propriamente dita, que se cha-

ma tamb��m hetero-sugest��o.

Desde alguns anos, os psic��logos estenderam consideravelmente o

campo da sugest��o. Admitem, e se aceitamos a defini����o precedente deve-

mos admitir com eles, que as id��ias podem ainda vir de fora por outros

meios e impor-se mais ou menos �� nossa aten����o. �� o que se verifica, mui-

tas vezes, na conversa����o, ou quando se escuta um conferencista eloq��en-

te e simp��tico. Tanto num como noutro caso, ela se produz sempre daquele

que fala ao que escuta, e tanto melhor quando o que escuta o faz de modo

passivo, sobretudo quando �� menos desenvolvido que o primeiro.

As sugest��es que v��m de fora fazem-se quase sempre verbalmente;

mas podemos faz��-las mentalmente, isto ��, sem o aux��lio da palavra ou de

qualquer gesto exterior, apenas formulando interiormente nossa inten����o,

pensamento e desejo, para transmiti-los atrav��s do meio ambiente.

Como se viu precedentemente, a sugest��o mental produz-se mais fre-

q��entemente do que se pensa, sem o concurso da vontade.

Certos pr��ticos, bem adestrados na mat��ria, fazem, com pacientes es-

peciais, igualmente treinados, experi��ncias admir��veis, explicadas na obra

de Fabius de Champville, intitulada Para se Transmitir o Pensamento.

Estendendo mais ainda o campo da sugest��o, que amea��a invadir

todo o dom��nio do pensamento, os pr��prios psic��logos afirmam que,

quando as id��ias e impress��es partem de n��s, como as resolu����es que to-

mamos livremente, existe auto-sugest��o. Quase todos os fen��menos de

consci��ncia seriam, assim, t��o-somente atos auto-sugestivos.

Que a sugest��o venha de fora ou nas��a em n��s mesmos, os detalhes de

seu mecanismo s��o f��ceis de compreender por aqueles que conhecem o pa-

pel de cada um dos seres que comp��em nossa tr��plice individualidade.

O corpo f��sico n��o �� sen��o mero instrumento do astral e do mental.

�� a ferramenta entre m��os de dois trabalhadores, que se substituem alter-

nadamente, para fazer um trabalho que n��o exige, constantemente, as

mesmas aptid��es.

Como j�� o disse na primeira parte deste livro, as sugest��es s��o atos

executados pelo astral, a consci��ncia inferior ou subliminal, o ser impul-

I 1 3 1 I

sivo ou subjetivo que dirige, completamente, em todo outro estado vizi-

nho, no qual o mental, a consci��ncia superior, o ser objetivo, n��o exer-

ce nenhuma vigil��ncia ativa.

No sono hipn��tico, o mental, que repousa completamente, que es-

t�� provavelmente ausente, n��o governa o organismo, e as sugest��es en-

tram, diretamente, sob a influ��ncia da vontade do hipnotizador, n��o na

consci��ncia superior, por��m na inferior, e executam-se quase fatalmen-

te, sem participa����o do mental, que as ignorou sempre.

Em qualquer outro estado vizinho em que o mental, sem estar au-

sente, n��o governa completamente, como no sonho, por exemplo, elas

penetram de surpresa e tendem, mais ou menos, a ser executadas, pois o

mental, que mal as conhece, op��e-lhe fraca resist��ncia.

No estado de consci��ncia plena, a sugest��o pode ainda penetrar na

consci��ncia inferior, se esta est�� voluntariamente aberta, como quando o

paciente pede que se lhe sugira uma id��ia com um fim qualquer ou quan-

do ele quer auto-sugestionar-se.

Consideradas sob um outro aspecto, as fun����es do mental e do as-

tral formam, pouco mais ou menos, o que os fil��sofos chamam o enten-

dimento, isto ��, a intelig��ncia e a sensa����o confundidas juntamente.

Separadas uma da outra, como o fiz aqui, elas constituem a fun����o ativa

que pertence ao mental e a fun����o passiva que �� do astral.

As duas fun����es existem sempre juntas em todos os indiv��duos mas

em graus muito diferentes. O homem forte, resoluto, volunt��rio, de rea����o

imediata, ��, sobretudo, governado no estado de vig��lia pela fun����o ativa que

domina a outra; o irresoluto, que obedece instintivamente, de um modo au-

tom��tico, ��, pelo contr��rio, governado muitas vezes pela fun����o passiva.

O primeiro �� o homem capaz de sugerir, de impor sua vontade e que

n��o recebe sen��o poucas sugest��es; o segundo est�� sempre mais dispos-

to a receber as sugest��es que se lhe d��o, mais inclinado a obedecer que

a comandar. Mas tanto um como outro recebem ou repelem constante-

mente, segundo seu grau de atividade, incita����es sugestivas mais ou me-

nos numerosas que lhes v��m de fora.

Qualquer que seja, ali��s, a teoria da sugest��o, desde que designe to-

dos os atos da subconsci��ncia, �� evidente que se exerce em graus di-

versos na maior parte dos homens, no estado de vig��lia e mesmo, e

principalmente, quando menos pensam nela.

I 132 I

Se �� assim, devemos conhec��-la tanto para aproveitarmos as vanta-

gens que pode oferecer, como para evitarmos os perigos a que nos exp��e.

Daremos neste estudo maior import��ncia �� auto-sugest��o, pois, do

ponto de vista do desenvolvimento de nossa personalidade, �� mais susce-

t��vel de prestar-nos os maiores servi��os.

Auto-sugest��o ��� Na obra Educa����o Racional da Vontade, P. E. L��vy

atribui import��ncia t��o grande �� auto-sugest��o que a considera como

��nica base de seu sistema de educa����o. Mas ele a apresenta como um

fato grosseiro, material, que n��o discute do ponto de vista espiritual.

Seu m��todo, em todos os pontos semelhante ao que seus colegas, os

hipnotizadores, empregam para impor, brutalmente, uma id��ia ao seu

paciente, tem qualquer coisa de ��rido, de incompleto, que nos deixa in-

diferentes: sente-se que o autor n��o se dirige ao presente sen��o para

melhorar um futuro muito limitado.

Os autores americanos, que citei em primeiro lugar, mais particu-

larmente Atkinson e Turnbull, s��o muito mais pr��ticos, e seu m��todo de-

ve ser preferido por ser suscet��vel de dar melhores resultados, sobretudo

no que concerne ao desenvolvimento da personalidade magn��tica. Com

estes ��ltimos, o experimentador tem a consci��ncia de que caminha com

passo firme, de etapa em etapa, para as profundezas infinitas do futuro,

e que nada do que faz neste momento ser�� jamais perdido.

Todavia, indicando sumariamente as condi����es que me parecem as

mais vantajosas para obter mais facilmente da auto-sugest��o o que ela ��

suscet��vel de dar, vou inspirar-me tanto em uns como em outros. A auto-

sugest��o pode sempre vencer o temor e a timidez, para dar seguran��a e con-

fian��a em si. Pode dar energia e coragem aos que s��o fracos; permitir tomar

bons h��bitos em lugar dos maus; fazer desaparecer inc��modos passageiros; di-

minuir a dor na maior parte das doen��as org��nicas e curar certas doen��as ner-

vosas; aumentar a paci��ncia; desenvolver e fortificar a vontade, etc.

Para praticar convenientemente a auto-sugest��o �� necess��rio, mais

ainda que para os exerc��cios precedentes, que a pessoa se isole, medite

nos inconvenientes do defeito do qual se quer libertar e, sobretudo, nas

vantagens da qualidade que deseja adquirir. Isto feito, concentre o seu pen-

samento no ponto principal, durante oito ou dez minutos.

N��o conv��m transformar a tarefa que se empreende em um comba-

te, que torna o insucesso algo penoso, nem contrair os m��sculos, nem

I 133 I

cerrar os dentes, nem tomar um ar amea��ador; mas raciocinar com cal-

ma, mentalmente ou a meia voz, e mais, p��r a vontade em jogo o m��ni-

mo poss��vel, somente para manter a aten����o. Sentado ou deitado, e

completamente �� vontade, para que a fun����o passiva assuma o governo

do organismo facilmente. Reportando-nos �� teoria precedente, com-

preendemos logo que a vontade poderia ser aqui prejudicial porque ��

uma fun����o mental que n��o tem nada a ver com as sugest��es que s��o re-

cebidas e executadas pelo astral.

�� preciso, em seguida, substituir no esp��rito as palavras pelas coisas

que representam; dito de outra forma, materializar o pensamento, dan-

do-lhe um corpo com formas t��o bem definidas quanto poss��vel; p��r es-

te corpo em movimento, v��-lo sob todos os aspectos que ele pode

apresentar; e para servir-me de uma express��o tomada �� linguagem filo-

s��fica, tornar concreto este corpo criado pelo pensamento. Conv��m fa-

zer como o artista que entra na pele da personagem que representa, pois

que a ilus��o faz o of��cio de criador importante.

�� indispens��vel que a pessoa j�� se imagine transformada no que pre-

tende ser futuramente, possuidora dos h��bitos que deseja adquirir, das

vantagens que quer obter e, como dissemos h�� pouco, dar uma forma a

cada um deles, pensando de modo concreto.

Assim, para fazer cessar o temor e obter uma confian��a firme em si,

n��o conv��m dizer: n��o quero ter medo; mas sim: tenho toda a confian��a em

mim e no ��xito do que vou empreender; pois a vontade sozinha n��o �� sufi-

ciente para fazer chegar ao fim almejado, sen��o em indiv��duos de f��rrea

energia, quando a fun����o ativa tornou-se capaz de dominar completa-

mente a fun����o passiva. �� prefer��vel, para todos aqueles que n��o t��m uma

vontade inquebrant��vel, que esta se anule para deixar, durante o tempo

que se d�� �� auto-sugest��o, a dire����o do organismo �� fun����o passiva, em-

pregar a afirma����o pura e dizer-se convictamente: N��o tenho receio; mi-

nha timidez desapareceu, tenho toda confian��a em mim, pois possuo tudo o

que �� necess��rio para vencer.

Ainda que no princ��pio n��o lhes demos a menor f�� ��� diz L��vy ���

estas f��rmulas, repetidas maquinalmente, acabam por nos trazer, pouco

a pouco, a id��ia daquilo que representam.

"Depois nos aplicaremos a precisar esta id��ia, a dar-lhe contornos

mais n��tidos, uma forma mais concreta, mais viva. Representar-nos-

I 1 3 4 I

emos, ver-nos-emos como quis��ramos ser, vigorosos, robustos, cheios de

sa��de. Quanto mais ganhar a id��ia em precis��o e relevo, mais n��tida se

far�� a imagem e mais certa ser�� sua realiza����o. O que concebermos cla-

ramente ser�� mais facilmente realizado.

"Muitas vezes se poder�� fazer uma observa����o curiosa. Tratando-se,

por exemplo, da dissipa����o de fen��menos dolorosos. A auto-sugest��o

acaba de ser feita, por��m a dor persiste; parece que o resultado foi nulo.

Algum tempo depois, casualmente, pensamos na dor e verificamos, com

surpresa, que ela desapareceu. Ser��amos tentados a explicar o fato atri-

buindo-o a uma coincid��ncia, se n��o nos lembr��ssemos da intensidade

da dor primitiva e se, por mais forte raz��o ainda, o fato n��o se reprodu-

zisse muito freq��entemente.

"O que aconteceu? Depositada a id��ia no esp��rito e desviando-se de

toda a aten����o consciente, n��o deixou, todavia, de seguir o seu caminho;

pouco a pouco, ela foi anulando o sintoma que quer��amos combater e

acabou por triunfar completamente sobre ele.

"Em realidade, a dor desaparecera de tal forma que a sua pr��pria re-

corda����o se desvaneceu; provando-se mais uma vez, como se fosse ne-

cess��rio, que a id��ia de uma dor e esta mesma dor se confundem.

"Suponhamos, agora, que o pensamento n��o foi tomado da suges-

t��o que se fez. Ficar��amos na primeira convic����o de que a auto-sugest��o

frustrou-se. Existe a��, compreende-se, um escolho, e esses fatos devem

ser bem conhecidos e cuidadosamente controlados na ocasi��o por quem

quer compenetrar-se bem da realidade e da efici��ncia da auto-sugest��o."

Educa����o Racional da Vontade)

Comentando e querendo, em seguida, aplicar as id��ias de Payot so-

bre a medita����o, o mesmo autor acrescenta:

"O recolhimento �� exatamente o estado do esp��rito que se isola de

todas as coisas, de todas as sensa����es, de todos os pensamentos, para se

recolher inteiramente em si mesmo, e que na calma, sem tens��o, sem es-

for��os, sem fadiga, vivifica e fecunda algumas id��ias previamente esco-

lhidas, pela aten����o puramente contemplativa que ele lhe confere. A

pessoa poder�� colorir e animar a id��ia, imaginando o prazer que experi-

menta com o dom��nio de si mesma, o uso que poder�� fazer da sa��de re-

cuperada, etc. Imaginaremos nitidamente as alegrias calmas do trabalho,

i vantagem que h�� em regular harmoniosamente a vida, a satisfa����o que

I 135 I

sentir��o com nossos ��xitos as pessoas que se interessam por n��s, etc. To-

dos estes sentimentos, atra��dos progressivamente da penumbra �� plena

luz da aten����o que projetamos sobre eles, atenuar��o, paulatinamente, o

brilho dos sentimentos opostos, acabando por dissipar-se por completo".

(Educa����o Racional da Vontade)

A auto-sugest��o n��o �� t��o f��cil de praticar-se como julgamos de

in��cio.

Cheias de um nobre ardor, h�� muitas pessoas que se d��o com afin-

co �� tarefa de pratic��-la convenientemente durante alguns dias e tirar de-

la algum proveito. Mas, no fim de oito a dez dias, sem saber por que nem

como, abandonam o prop��sito e n��o pensam mais nele.

"Ora ��� continua L �� v y ���, a�� est�� o ponto essencial: conv��m que a

pessoa se habitue a pensar na auto-sugest��o. Esta tarefa ser-lhe-�� facili-

tada pela observa����o da regra seguinte:

"Desde o primeiro dia, praticar com bastante regularidade duas au-

to-sugest��es: uma de manh��, ao acordar; e outra, �� noite, no momento

de dormir. Estas duas sugest��es servir��o, de algum modo, como ponto

de refer��ncia; elas n��o devem ser deixadas de lado sob qualquer pretex-

to, ainda que se tenha necessidade ou pressa de se levantar ou de dormir.

"Esta energia regularmente feita contra a nossa pregui��a natural, e

esta pausa imposta a todos os nossos pensamentos e preocupa����es, j�� re-

presentam um excelente exerc��cio da vontade.

"Devemos proceder, primeiro, a uma esp��cie de exame de consci��n-

cia f��sica e moral; cr��tica do dia passado, prepara����o do dia seguinte, re-

capitula����o das modifica����es que desejamos fazer em nossa maneira de

ser atual, qualidades que queremos adquirir, manter e desenvolver. De-

pois vir�� a auto-sugest��o propriamente dita... e ent��o nos aplicaremos

cuidadosamente a conformar-nos com as regras indicadas. Ela ser��, tan-

to quanto poss��vel, continuada at�� que as palavras pronunciadas o sejam

com toda a sinceridade ou, dito de outra forma, at�� que tenham desper-

tado completamente as id��ias correspondentes...

"O h��bito de sugestionarmo-nos afirma-se pouco a pouco. Os pr��-

prios fracassos servem de li����o ao estudante, porque mostram a necessi-

dade de impregnar o esp��rito dos diversos processos, que lhe permitem

variar ou refor��ar a a����o da auto-sugest��o. Ele se far�� mais h��bil na arte

de sugestionar-se e, assim, se deixar�� menos facilmente subjugar pelas

I 136 I

sensa����es, pelas paix��es, chegando mesmo, algumas vezes, a fazer delas

as suas auxiliares..." (Educa����o Racional da Vontade)

Os processos recomendados por Atkinson completam vantajosa-

mente os do autor precedente.

"Estenda-se ��� diz ele ��� numa poltrona ou cadeira do modo mais

confort��vel; e, nesta posi����o, estire-se e relaxe os nervos como se quises-

se libertar-se de sua vestimenta carnal. Isto feito, respire com tanta len-

tid��o e profundidade quanto poss��vel e n��o cesse os exerc��cios de

respira����o at�� adquirir este estado de esp��rito que �� o perfeito repouso e

a absoluta serenidade.

"Concentre sua aten����o sobre si mesmo e mantenha-se neste estado

de recolhimento o maior tempo poss��vel. Fixe ent��o o seu pensamento nas

duas palavras: sem temor, e procure imagin��-las em sua forma gr��fica.

"Depois, passe da imagem ao seu significado e represente-se o que

podem ser as caracter��sticas de uma pessoa que se acha neste estado.

Imagine-se de posse da qualidade que quiser adquirir e j�� agindo sob o

imp��rio dessa qualidade, considere-se, neste estado, em rela����o com os

outros homens e procure analisar essas rela����es; em resumo, mantendo

o estado de esp��rito de um homem que, depois de ter tido um sonho, vi-

ve-o e, para engrandecer sua vida e enobrecer sua natureza, procura re-

ceber altas impress��es, sensa����es fortes e grandes sentimentos.

"E acontecer�� quase sempre que o seu estado geral se transformar��

e sua personalidade se desprender�� do meio restrito em que voc�� se acha.

Voc�� ser��, ent��o, tal qual sonhou e o seu eu tomar�� a forma precisa e a

estrutura moral que voc�� ambicionou para ele.

"Repita esses exerc��cios tanto quanto puder. Cada um deles �� como

a gota de ��gua que cai na pedra. Sua a����o lenta, mas segura, acaba sem-

pre por triunfar dos velhos h��bitos e tend��ncias rebeldes. Pratique esses

exerc��cios, de prefer��ncia �� noite, quando entrar em seu quarto ou du-

rante a ins��nia, ou meio acordado, quando o seu esp��rito, recolhido em

si mesmo, estiver aparelhado para receber todas as impress��es e suges-

t��es. N��o tema que esses exerc��cios o fatiguem; eles lhe facilitar��o, ao

contr��rio, o repouso. Acalmando os seus nervos, tranq��ilizando o seu es-

p��rito, eles o conduzir��o mansamente ao sono...

"�� um erro julgar que essas duas palavras ��� sem temor ��� sejam as

��nicas de que se possa fazer uso. Na realidade, a palavra que conv��m se-

I 137 I

r�� a que exprime a qualidade que voc�� quiser adquirir. Voc�� ��, por exem-

plo, indolente, ap��tico e quer mudar sua natureza? Recorra �� palavra

energia e, durante todo o tempo das suas experi��ncias, seus pensamen-

tos dever��o fixar-se nesta palavra e imagin��-la, para fix��-la melhor como

que em forma gr��fica. Poder��amos citar outras palavras, como, por exem-

plo, bondade, coragem, desinteresse que, igualmente, segundo os defeitos

do seu car��ter, seriam apropriadas para a experi��ncia.

"Em todos esses exerc��cios, n��o se deixe dominar pelos defeitos que

o acabrunham e n��o pense sen��o nas qualidades que intenta adquirir.

"Quando um quarto est�� em trevas, voc�� n��o pega a obscuridade co-

mo um bloco para lan����-la fora. Voc�� lan��a simplesmente m��o da luz que

dissipa as sombras e espalha a sua claridade por toda parte. Sucede o

mesmo com o esp��rito.

"Haver��, pois, necessidade de dizer que este resultado n��o ser�� ins-

tant��neo e exigir��, pelo contr��rio, esfor��os e experi��ncias variadas?

"Voc�� n��o deve, todavia, desanimar; �� de toda sua energia, de toda

sua intelig��ncia, de toda sua vontade que depende a sua emancipa����o."

(A For��a do Pensamento)

Para adquirir a paci��ncia e a confian��a em si mesmo, recomenda

Turnbull um processo que oferece os melhores resultados. Voc�� tem, por

exemplo, um neg��cio delicado a tratar amanh��, com uma pessoa intra-

t��vel ou que voc�� sup��e como tal, sem a conhecer. Voc�� pode facilitar es-

sa entrevista e torn��-la mais vantajosa do que pode supor. Para isso,

estando num lugar qualquer, onde possa estar tranq��ilo, em seu quarto,

por exemplo, exer��a sua influ��ncia sobre uma pessoa imagin��ria seme-

lhante �� que voc�� conhece ou ��quela que sup��e que seja: imagine-a de

prefer��ncia sentada, na atitude que tomar�� naturalmente na entrevista, e

proceda do modo seguinte:

"Primeiro ��� diz ele ��� respire lenta e profundamente durante cin-

co minutos; aspire o ar com toda a for��a de seus pulm��es, depois exale-

o de modo lento e uniforme.

"Endireite-se e fale a seu suposto interlocutor. Voc�� pode na ocasi��o

se servir da sua pr��pria imagem refletida num espelho ou confiar unica-

mente em sua imagina����o no concernente �� pessoa imagin��ria.

"Fale de maneira natural sobre qualquer assunto, por mais estranho

que seja, mas prepare de antem��o cada frase de sua conversa����o. Dirija-

I 138 I



se, ent��o, �� pessoa imagin��ria com uma voz forte, firme e segura. Acen-

tue bem cada s��laba, detendo-se nela um pouco. Conv��m que suas pala-

vras ressoem e saiam diretamente do seu peito. Percorra o quarto a passos

graves, agite os dedos, gesticule de um modo dram��tico, como o indica-

do na figura 20; enfim, diga e fa��a tudo o que desejaria dizer e fazer a es-

sa pessoa, se ela estivesse presente...

"Meia hora deste exerc��cio, quando se sentir abatido e quiser au-

mentar sua confian��a em si mesmo, produz um efeito surpreendente.

"�� muitas vezes ��til servir-se assim do poder da auto-sugest��o por

meio da palavra falada em toda sua for��a, para obter um resultado con-

creto e definido. Pe��a o que voc�� necessita; pe��a-o como qualquer coisa

que lhe pertence e que lhe �� devida." (Curso de Magnetismo Pessoal)

Este processo que se pode variar mais ou menos segundo as circuns-

t��ncias, �� suscet��vel de prestar grandes servi��os em muitos casos.

Fig. 2 0 . Para adquirir firmeza.

I 1 3 9 I

Na v��spera de um exame, por exemplo, imaginando estar diante do

examinador que formula as quest��es do programa pouco conhecidas,

procure respond��-las em todos os seus pontos com atrevimento e con-

fian��a de quem est�� seguro delas. A mesma atitude deve observar o con-

ferencista ou orador que tenha de falar sobre um assunto determinado.

Imaginando ter diante de si um grande audit��rio, mais ou menos dispos-

to a ouvi-lo, fale em voz alta e intelig��vel, fazendo os gestos necess��rios

para dar mais for��a �� express��o.

Feito isso, ponha-se diante de um espelho e observe os seus gestos, cor-

rigindo os que lhe parecem defeituosos. Esse processo, que pode parecer ba-

nal ��s pessoas que n��o sabem que atitudes devem assumir os que falam em

p��blico, �� constantemente empregado por grandes oradores pol��ticos.

Para se tornar melhor, conv��m que voc�� resista ��s suas paix��es e que

n��o se deixe governar pelos instintos. Se, por exemplo, voc�� �� tomado

facilmente pela raiva, voc�� perturbar��, assim, suas fun����es f��sicas e mo-

rais; ao fim de certo tempo tudo parece entrar na ordem, mas voc�� ter��

adquirido maior predisposi����o �� irritabilidade e ficar�� mais facilmente

com raiva �� menor contrariedade.

Se, pelo contr��rio, voc�� resistir ao movimento de raiva, o seu orga-

nismo n��o ser�� perturbado. Em todos os casos, ele o �� consideravelmen-

te menos e, se voc�� n��o ceder jamais, acabar�� lentamente por se libertar

da irritabilidade e a raiva perder�� sua presa.

�� a aplica����o de uma lei moral que se pode formular assim:

Cada vez que o homem cede a uma paix��o, a resist��ncia a ela torna-se

mais dif��cil, quando uma ocasi��o an��loga se apresenta; cada esfor��o que vo-

c�� tem, pelo contr��rio, a reprimi-la torna a vit��ria seguinte mais f��cil.

L��vy, que compreendeu muito bem esta verdade, assim se exprime:

"Se cada um dos nossos pensamentos, sensa����es, sentimentos, mo-

vimentos e atos n��o fosse apenas passageiro, simples resposta do orga-

nismo a uma solicita����o exterior, desaparecendo com a causa mesma que

o provocou, a vida seria apenas um perp��tuo recome��ar; ou, para melhor

dizer, ela mal seria poss��vel, ficando o homem t��o ignorante e in��bil em

todas as coisas como no dia em que nasceu. Na realidade, n��o h�� um s��

fen��meno produzido ou experimentado por n��s que desapare��a por

completo. Todo fato f��sico ou ps��quico, por mais leve que seja, causa-nos

uma impress��o e deixa em n��s um res��duo.

I 140 |

"Este res��duo �� uma tend��ncia a reproduzir-se sob a menor excita-

����o. Em suma, constitui-se, por este primeiro fato, um come��o de h��bito.

"Vem o mesmo fato a repetir-se. Acentua-se a tend��ncia �� revives-

c��ncia. Mas, ao mesmo tempo, e por uma conseq����ncia natural, neces-

sitando, para se produzir, de um esfor��o, de uma soma de aten����o menor,

o fen��meno perde o seu relevo e obscurece-se progressivamente na cons-

ci��ncia. Enfim, no grau mais elevado, o h��bito se afirma e deixa no indi-

v��duo t��o fundas ra��zes, que este, sem o saber, assimila-o completamente.

"O ato n��o s�� tende a reproduzir-se espontaneamente, mas tamb��m,

se anteriormente eram necess��rios esfor��os para produzi-lo, agora seria

necess��rio um esfor��o para impedir sua produ����o.

"O h��bito tornou-se uma necessidade que exige despoticamente a

sua satisfa����o; ��, agora, uma esp��cie de instinto inconsciente e imperio-

so, como as qualidades heredit��rias.

"�� devido ao h��bito que os fen��menos de consci��ncia, uma vez pro-

duzidos, ficam armazenados em n��s, ignorados de n��s, mas prontos a re-

petirem-se sob a influ��ncia de uma circunst��ncia favor��vel, de um mais

poderoso esfor��o de aten����o, para fornecer �� intelig��ncia os materiais

que ela dispor��, combinar�� e elaborar�� a seu modo." (Educa����o Racional

da Vontade)

Querendo dar um exemplo, o mesmo autor acrescenta:

"O paciente que resiste ��s primeiras n��useas produzidas pelo taba-

co, cria em si o h��bito de fumar. Desde ent��o, ��s sensa����es penosas,

inicialmente provadas, ele substitui paulatinamente um prazer, efeito

n��o do tabaco, mas da satisfa����o atribu��da ao h��bito criado.

"Mais tarde, o h��bito torna-se necessidade de fumar, uma esp��cie de v��-

cio desprovido de todo prazer. Ao menos este prazer, inconsciente na posse,

s�� se torna consciente, e cruelmente consciente, quando h�� priva����o. Do mes-

mo modo, o prazer do bebedor se embota cada vez mais, �� medida que a ne-

cessidade de beber se acentua; o gosto para a bebida se torna dipsoman��a.

"O morfin��mano passa pelas mesmas fases; �� impelido pelo incen-

tivo da necessidade, depois pelo pr��prio prazer. Em pouco tempo, o pra-

zer n��o mais existe, mas a necessidade da morfina se faz cada vez mais

viva e exigente.

"De modo id��ntico, h�� in��meras manifesta����es m��rbidas que se ex-

plicam naturalmente �� luz desta teoria... seja palpita����o, seja uma s��nco-

I 141 I

pe, c��lica de est��mago, crise de diarr��ia, tique nervoso, um tremor, um

espasmo, etc.

"Esses fen��menos declaram-se sob a influ��ncia de uma como����o

moral ou f��sica violenta.

"Para faz��-los reaparecer posteriormente bastar��o emo����es progres-

sivamente menores.

"Enfim, a reprodu����o deles se far�� t��o facilmente, que parecer��o at��

mesmo nascer por si mesmos, sendo a causa provocadora t��o insignifi-

cante, que nem mesmo se percebe."

�� evidente para todos que o h��bito cria em n��s uma esp��cie de au-

tomatismo que nos leva a cumprir inconscientemente certos atos que

nossa raz��o reprova, tais como a embriaguez, o tabagismo, a morfinoma-

nia e todas as manias que podem arraigar-se dentro de n��s. �� esta a opi-

ni��o de A. Besant, que se exprime assim, a este respeito:

"O h��bito cria um acr��scimo do poder emocional, que ele represen-

ta pela soma de mat��ria que atrai. Existe alguma coisa de an��logo ao tra-

balho que faz um m��sculo sob a a����o repetida do exerc��cio. Ele toma

elementos novos e provoca a elimina����o das partes in��teis." (O Homem

e seus Corpos)

O homem �� mais freq��entemente governado pelas paix��es, pelos

seus h��bitos e instintos do que pela sua raz��o, isto ��, pelo ser subjetivo

que est�� nele. Pode-se mesmo afirmar que a maior parte das pessoas do-

tadas de certa energia, que cr��em agir em seu pr��prio interesse, volunta-

riamente lhes s��o mais ou menos submissas. Esta observa����o n��o

escapou a Papus, que a exp��e com muita arg��cia.

"Suponhamos que, depois de protelamentos sucessivos ��� diz ele

��� depois de crises de pregui��a e pessimismo, voc�� se ocupe com o seu

trabalho de realiza����o intelectual. Imagine que o esfor��o de vontade

que voc�� empregou para chegar a ele �� a ��nica coisa necess��ria e que

agora tudo caminhar�� sem empecilhos. Mas, apenas se disp��e a escre-

ver ou a desenhar, apodera-se de voc�� uma grande necessidade de sair

e andar. Parece-lhe que l�� fora a sua id��ia, um tanto obscura, vai se de-

finir. Essa necessidade assume logo tal import��ncia que, se voc�� n��o es-

tiver habituado, voc�� se levanta, deixa seu trabalho e sai... Voc�� caiu no

la��o armado pelo ser impulsivo que o repouso f��sico acabrunhava, e sua

id��ia, ap��s o passeio, n��o se fez mais clara que antes. Neste caso, �� o

I 142 |

centro instintivo, cuja marcha �� o meio de a����o caracter��stica, que en-

ganou sua vigil��ncia.

"Suponhamos, todavia, que voc�� j�� conhece a armadilha e, em vez

de ceder, sua vontade se inclina para o esfor��o a cumprir. Ent��o, o ser

impulsivo se manifesta de outro modo. A necessidade de a����o desapare-

ce como por encanto e uma sede muito viva se faz sentir progressivamen-

te, �� medida que o trabalho cerebral se acentua.

"Ainda uma armadilha do centro instintivo; pois cada sorvo do l��-

quido arrasta uma parte da for��a nervosa que neste momento se acha no

c��rebro e adia a realiza����o projetada.

"Mas voc�� domina essa sensa����o e consegue, enfim, escrever sobre

o papel. �� ent��o que os outros centros impulsivos entram em a����o.

"As necessidades f��sicas se calam; mas as emo����es sentimentais v��m

substitu��-las. As imagens das lutas passadas, as afei����es velhas, as ambi-

����es de amanh�� se v��o pouco a pouco delineando e uma for��a, em apa-

r��ncia invenc��vel, o impele a abandonar a caneta, a voltar para tr��s e a

entregar seu esp��rito �� do��ura melanc��lica ou ao ardor impetuoso das

quimeras que se esbo��am.

"Quantos jovens realizadores pouco aguerridos se deixam levar pe-

la tenta����o e quantas vezes a obra permanece em suspenso. E n��o fala-

mos da a����o combinada da necessidade da atividade e dos sentimentos

que se unem, muitas vezes, a estes dois impulsos isolados. Trata-se das

rea����es que cada autor julga pessoais e que n��o s��o dominadas sen��o por

um h��bito instintivo de regularidade muito grande no trabalho ou pela

idade." (Tratado Elementar de Magia Pr��tica)

Sendo conhecida a causa desta a����o impulsiva que acentua as dis-

posi����es da nossa pregui��a nativa, pode-se geralmente evitar seus efeitos

t��o-somente pela vontade. Mas, se a vontade fosse suficiente, ser��amos

bem-sucedidos empregando os processos da auto-sugest��o de que atr��s

falamos.

Ap��s recolher-se em um lugar isolado, e meditar durante cinco ou

seis minutos, nas vantagens que h�� para n��s em trabalhar arduamente,

devemos fixar o pensamento na palavra trabalho; propondo-nos uma ta-

refa, tomaremos o compromisso formal de realiz��-la.

Devemos fazer o poss��vel por adquirir os h��bitos de ordem e traba-

lho, os quais fariam esquecer os costumes de divaga����o e irregularidade.

I 143 |

Devemos persuadir-nos de que se as nossas cren��as, maneiras de ser.

h��bitos, etc., se agarraram a n��s fortemente, �� porque nos agarramos a

eles igualmente.

Pensemos pois constantemente em tomar bons h��bitos e estes n��o

tardar��o a se agarrar a n��s para o resto da vida. Os maiores inimigos do

homem s��o, sem d��vida nenhuma, o t��dio, a pregui��a, a tristeza e o de-

s��nimo. Estes sentimentos paralisam a iniciativa do indiv��duo, rebaixam

e mesmo degradam sua personalidade, arru��nam sua energia, e fazem-lhe

temer males que n��o ter��o, talvez, tempo de acontecer.

"O abismo chama o abismo" ��� diz um velho prov��rbio latino. Na-

da �� mais verdadeiro do que isso e poder��amos mesmo acrescentar que,

quando absorvemos bem esses sentimentos, vamos de Car��bdis a Cila,

isto ��, de um mal a outro pior. A raz��o desse fen��meno �� explicada na

teoria que expus na primeira parte deste livro.

Podemos resumi-la em algumas palavras.

Os pensamentos de enfado, tristeza e abatimento que emitimos

irradiam-se ao redor de n��s e atraem seus semelhantes que lhes aumen-

tam a energia.

Assim, atormentando-nos, temendo uma perda, imaginando sem-

pre que isto ou aquilo n��o dar�� o resultado que queremos, geramos em

n��s for��as destruidoras que agem ao nosso redor, diminuem nossa ener-

gia, nos fatigam, desanimam e nos afastam dos neg��cios, fazem-nos

desesperar de tudo, debilitam-nos e nos predisp��em �� doen��a, tornan-

do-nos desagrad��veis e antip��ticos aos outros, afastando de n��s os bons

amigos que poder��amos conservar e acabando por nos precipitar na des-

gra��a. Uma boa a����o e um bom pensamento se fazem sentir em torno de

n��s como uma s��rie de ondula����es agrad��veis que atraem para n��s as

boas coisas da vida, sem que fa��amos nada para isso, asseguram nossa

sa��de, tornam-nos mais simp��ticos aos outros e contribuem, poderosa-

mente, para a nossa felicidade.

O homem triste e abatido �� quase sempre pregui��oso; o trabalho o

fatiga, a vida o aborrece, a realidade o fere. Se ele falha em tudo e os ou-

tros acodem em seu aux��lio, isto lhe parece errado ou insuficiente; dese-

ja apenas o que n��o pode obter, perseguindo sempre as quimeras.

N��o poderemos chegar a criar uma situa����o independente, a n��o ser

pelo trabalho; e para isso conv��m coragem, esperan��a, conforma����o com

I 1 4 4 I

a sorte moment��nea, mantendo, entretanto, a certeza de que consegui-

remos melhor��-la.

Procurando elevar-nos ��s regi��es serenas da mente, devemos fazer

o poss��vel para compreender que o universo �� uma via de evolu����o; que

todos n��s chegaremos �� perfei����o e �� felicidade perfeita que constituem

a conseq����ncia desta evolu����o e que, empregando os meios que indica-

mos, a ela chegaremos mais rapidamente que os outros.

Evocaremos, portanto, id��ias de atividade, de alegria, de esperan��a;

imaginaremos cumprir um ato de coragem, ter alcan��ado a situa����o al-

mejada e a felicidade que se deseja fruir.

Essas id��ias originar��o estados de alma correspondentes que, afir-

mando-se, substituir��o, pouco a pouco, as id��ias antag��nicas.

Eis dois exemplos:

�� conhecido o fato de que os c��es, as crian��as e mesmo muitos adul-

tos, fingindo-se zangados por brincadeira, acabam por zangarem-se real-

mente. Quando, nas experi��ncias de estado de catalepsia magn��tica ou

hipn��tica, se pede a um paciente para que tome uma atitude qualquer,

ele experimenta instantaneamente a emo����o correspondente.

Para fazer-nos alegres �� necess��rio que tenhamos id��ia de alegria e

tomemos a atitude, a express��o que d�� esse sentimento, revivendo em

nosso esp��rito uma cena alegre que presenciamos outrora ou em que n��s

mesmos nos vimos; e, detalhe muito importante, mas que n��o explana-

remos aqui por falta de espa��o, de levantar os olhos aos c��us, em vez de

os dirigir humildemente para a terra. Este sentimento nos vir�� bem mais

depressa ainda, se excitarmos com um dedo da m��o esquerda o centro

da alegria dos fren��logos, ao lado esquerdo do cr��nio (e n��o no direito,

que faria nascer a tristeza), no ponto C da figura 2 1 .

Os que desejarem conhecer a raz��o deste fen��meno de mec��nica ce-

rebral, encontrar��o a descri����o completa do mesmo no estudo dos cen-

tros nervosos contida no segundo tomo de minhas Th��ories et Procedes

du Magn��tisme ou na obra intitulada Pour Faire le Diagnostic des Maladies

par l'Examen des Centres Nerveux,

Em virtude do princ��pio que certos psic��logos contempor��neos

chamam de polariza����o ps��quica, podemos, quase sempre, substituir

uma id��ia triste por uma id��ia alegre, aplicando um dedo da m��o esquer-

da no meio da fronte, no centro da vontade (E, fig. 2 1 ) . Esta aplica����o

I 1 4 5 |

faz sempre cessar em alguns instantes a emo����o penosa deixada pelo pe-

sadelo, emo����o de que n��o nos poder��amos desembara��ar se n��o nos le-

vant��ssemos para despertar completamente.

�� bastante, neste estado de leve adormecimento, mudar de lado, is-

to ��, virar-se para o direito, se a pessoa est�� deitada do lado esquerdo e

reciprocamente, e aplicar o dedo (de prefer��ncia o indicador) no ponto

indicado, esfor��ando-se por isolar-se, isto ��, por n��o pensar em nada.

A emo����o penosa desaparece rapidamente e, ap��s um tempo que

n��o vai al��m de um a dois minutos, nos menos sensitivos, afluem os pen-

samentos alegres que causam as impress��es agrad��veis e adormecem no-

vamente para despertar com boas disposi����es.

J�� que falei de um efeito que se pode facilmente obter durante o so-

no, �� bom dizer aqui que a auto-sugest��o �� suscet��vel de se produzir

neste estado. Se compreendermos que o astral, o ser subjetivo, o incons-

ciente, governa completamente o organismo durante o sono, consegui-

remos igualmente compreender que, se nos impusermos uma tarefa a

cumprir nesse estado, se fixarmos energicamente uma id��ia no incons-

ciente, esta id��ia se far�� for��osamente elaborar. Com efeito, ela se desen-

volve, se elabora com uma l��gica bem superior �� que ter��amos no estado

de vig��lia, pois a aten����o n��o �� incomodada por outras id��ias e a sua exe-

cu����o se realizar�� com a m��xima precis��o.

Exemplos tomados das circunst��ncias comuns da vida poderiam,

ali��s, convencer os que n��o se contentem facilmente com teorias.

Diz um prov��rbio que "a noite �� boa conselheira", perfeitamente

justificado, pois muitas vezes reconhecemos que, se encontramos difi-

culdade em tomar �� noite uma decis��o importante, certamente a resol-

veremos ap��s o repouso da noite, pois os diversos elementos da quest��o

aparecer��o mais n��tidos, mais claros, mais precisos.

Muitos estudantes sabem que lhes basta, muitas vezes, �� noite, an-

tes de dormir, lerem uma ou duas vezes suas li����es para sab��-las no dia

seguinte. Os mesmos estudantes e at�� muitos de n��s sabemos igualmen-

te que, deitando-nos antes de ter podido resolver qualquer problema que

andamos cogitando durante horas seguidas, achamos, ao acordar, no dia

seguinte, o problema resolvido em nosso esp��rito, bastando-nos pass��-lo

para o papel.

I 1 4 6 I



A muitos indiv��duos basta pensar que despertar��o a esta ou ��quela

hora para que o ato se realize �� hora marcada, embora n��o estejam a is-

to habituados.

Muitas vezes, ao deitarmos com uma dor, uma nevralgia por exem-

plo, pensamos energicamente em dormir e logo adormecemos; quando

acordamos, algumas horas depois, verificamos que a dor desapareceu. A

Fig. 2 1 . Centros nervosos.

1. CENTROS MOTORES E SENSITIVOS. 1 ) Centro do bra��o. 2) Centro da perna. 3 ) Centro do ba��o. 4) Centro c��rebro-espinhal. 5) Centro do ouvido. 6) Centro motor da cabe��a, da

l��ngua e do pesco��o. Linguagem articulada. 7) Cora����o. 8) O Peito. 9) Pulm��es. 1 0 ) F��-

gado. 1 1 ) Impress��o, cren��a. 1 2 ) Nariz. 1 3 ) Est��mago. 1 4 ) Centro genital. 1 5 ) Coordena����o dos movimentos, tato. 1 6 ) Laringe. 1 7 ) Centro dos dentes. 1 8 ) Centro sensitivo da orelha. 1 9 ) Rins, ��rg��os g��nito-urin��rios. 20) Vista e movimento dos olhos. 2 1 ) Intestinos. 2 2 ) Respira����o.

2. FACULDADES MORAIS E INTELECTUAIS. A ) Do��ura �� esquerda, c��lera �� direita. B) �� esquerda, lembran��as alegres; vontade de rir e ca��oar, tomar tudo pelo lado engra��ado; satis-fa����o. B) �� direita, lembran��as tristes; tornar-se sombrio e sonhador; melancolia,

descontentamento. C) Alegria �� esquerda; tristeza �� direita. D) Aten����o. E) Vontade.

I 147 I

concentra����o do pensamento na id��ia de dormir deu lugar a uma deri-

va����o, cuja conseq����ncia foi fazer esquecer a dor ou transform��-la em

um fen��meno de ordem diferente.

Sendo o mecanismo desses fatos conhecido, podemos, com a maior

facilidade, impor-nos no leito, sem perda de tempo, a id��ia que deseja-

mos, conformando-nos com as regras da auto-sugest��o ordin��ria. Assim,

por exemplo, se quisermos desembara��ar-nos de um mau h��bito, deve-

mos fixar o nosso pensamento na qualidade que dever�� substitu��-lo; fe-

char os olhos e meditar, durante cinco ou seis minutos, nas vantagens

decorrentes dessa qualidade imaginando j�� possu��-las em parte e, para

conquistar as demais, dizer mentalmente: Farei isso, acabarei aquilo, sem-

pre precisando as condi����es em que poder�� agir.

Importa que repitamos isto, muitas vezes, nas mesmas condi����es;

depois, abandonando a auto-sugest��o pura, para j�� n��o pensarmos sen��o

nas vantagens a fruirmos, empreguemos nossa aten����o na id��ia de dor-

mir, o que n��o tardar�� em se realizar. Durante a maior parte da noite,

o inconsciente, que se tornou, por algumas horas, o ser ativo, n��o se

ocupar�� sen��o da elabora����o da id��ia, assim como dos meios mais sim-

ples e pr��ticos para assegurar sua execu����o. No dia seguinte, verifica-se

que, se o resultado n��o foi completo, foi ao menos obtido em parte. Tem-

se, agora, uma facilidade muito maior para fazer o que se pretende e um

sentimento interior nos dir�� que, com perseveran��a, o resultado final n��o

se far�� esperar.

Acontece, muitas vezes, que a auto-sugest��o �� aceita com certa di-

ficuldade e que se tem a consci��ncia do instante de sua aceita����o.

Conhe��o um rapaz que dorme bem, como a maior parte das pessoas

jovens, o qual, por for��a de necessidade, desperta �� hora que quer. Para

isso, antes de dormir, auto-sugestiona-se do seguinte modo: Ao fechar os

olhos, diz: Amanh�� despertarei quando der tal hora. A ordem dada pelo ser

consciente ao ser inconsciente n��o �� por este aceita imediatamente, e

uma imagem exterior manifesta-se sob a forma de um "n��o" bem deter-

minado. A ordem repete-se de novo: Despertarei quando tal hora soar, e

o mesmo "n��o" se mostra ainda. Continua-se a auto-sugest��o at�� seis e

mesmo oito vezes e ent��o o "sim" aparece. Abandonando agora toda

id��ia de despertar, a pessoa dorme profundamente e n��o deixa de des-

pertar quando o rel��gio soa �� hora designada.

I 1 4 8 I

Como eu j�� disse ��� e isso �� de import��ncia capital ��� a vontade de

livrar-se de uma paix��o �� um meio her��ico que s�� muito raramente d�� re-

sultado quando se op��e diretamente �� pr��pria, pois se torna quase sem-

pre mais ativa; e, comprimindo-a, assim, muito violentamente, �� de se

recear rea����es perigosas. N��o devemos atac��-la de frente, mas desviar a

dificuldade, canalizar a for��a desta paix��o, opondo-lhe um antagonista; e

aquele que me parece mais poderoso �� colocar no lugar de uma paix��o a

virtude oposta. Assim, a prodigalidade pode ser facilmente transformada

em id��ias de ordem e de economia, principalmente se refletirmos sobre as

vantagens que esta transforma����o pode dar. O amor sexual exagerado,

que sempre �� ego��sta, pode ser transformado em amor �� humanidade.

�� o conselho dos te��sofos e psic��logos que compreenderam a im-

port��ncia dos princ��pios que serviram de base ao magnetismo pessoal.

Na sua obra que trata da Lei do Destino, o doutor Pascal assim se expri-

me sobre este assunto:

"Do mesmo modo que, no mundo f��sico, os fluidos el��tricos positi-

vos e negativos se neutralizam, assim como se pode destruir uma for��a

sutil qualquer, luz, calor, eletricidade, sobrepondo os altos e baixos de

suas ondas, assim tamb��m, no mundo moral, opondo a um v��cio a vir-

tude que lhe �� oposta, destr��i-se o v��cio. O amor e o ��dio s��o os altos e

baixos da for��a abstrata inconsciente, que �� a sua raiz comum. Ora, a fon-

te de todos os erros e v��cios �� o ego��smo... O foco de todas as for��as do

bem arde no cora����o, pelo amor que purifica todas as coisas, une tudo,

faz tudo viver".

"Um desejo isolado n��o morre ��� diz Franz Hartmann ��� mas se tor-

na uma paix��o, e as paix��es comprimidas se tornam cada vez mais vio-

lentas. A energia acumulada n��o pode ser aniquilada, deve ser transferida

para outros modos de movimento pois n��o pode ficar inativa. �� perfei-

tamente in��til tentar resistir a uma paix��o que n��o se pode dominar. Se

sua energia acumulada n��o for canalizada e dirigida para outra corrente,

crescer�� e se tornar�� mais forte do que a raz��o. Para govern��-la �� preci-

so dirigi-la para um fim elevado.

"Do mesmo modo, o amor por alguma coisa vil pode ser transfor-

mado em amor por algo elevado e o v��cio pode transformar-se em virtu-

de, pela mudan��a de sua dire����o. A paix��o �� cega, vai para onde a

dirigirmos e precisa da raz��o para gui��-la.

I 1 4 9 I

"Os antigos disseram que a natureza tem horror ao v��cuo. N��o pode-

mos destruir ou aniquilar nenhuma paix��o. Se conseguirmos expulsar

uma paix��o, ela �� imediatamente substitu��da por outra. N��o devemos,

em conseq����ncia, esfor��ar-nos por destruir o que �� inferior, mas obrig��-

lo a ceder o lugar ao que �� superior. Assim, o v��cio ceder�� seu lugar �� vir-

tude e a supersti����o ao saber." ( Magia Branca e Negra)

Chegamos ao ��xito com relativa facilidade empregando os meios se-

guintes:

Absor����o da energia. ��� Outro meio de auto-sugest��o, recomendado

por Turnbull, �� o que se chama a absor����o da energia. Temos um violen-

to desejo que nossa raz��o reprova e do qual queremos nos desfazer, por

exemplo, o de abandonar o nosso trabalho para nos divertirmos.

Para esse efeito, concentramos fortemente o nosso pensamento nes-

te desejo, que procuramos considerar como a express��o de uma for��a

brutal que se apodera de n��s.

Representada bem esta id��ia de for��a, e observados os tempos da

respira����o profunda, que recomendei e estudei no cap��tulo 7, apropria-

mo-nos dela, apoderamo-nos dela, absorvemo-la para coloc��-la sob o do-

m��nio da raz��o.

A opera����o se faz em tr��s tempos; devem durar cada um de oito a

dez segundos.

Primeiro tempo. ��� Aspirar lentamente o ar; e considerando esse de-

sejo como uma for��a brutal que subjuga a raz��o, dizer com convic����o,

mentalmente, �� meia voz: Absorvo conscientemente essa for��a e apodero-

me dela.

Segundo tempo. ��� Reter o f��lego e pensar com inteira convic����o: Fi-

xo essa for��a que, doravante, me pertence.

Terceiro tempo. ��� Expirando lentamente, dizer: Fiz-me senhor dessa

for��a que utilizarei, conforme minhas necessidades.

Este processo parece-me poderos��ssimo para combater as paix��es e

os defeitos fortemente radicados, que teriam resistido ��s outras formas

de auto-sugest��o, tais como as de roer as unhas, masturbar-se, fumar,

embriagar-se, etc.

Deve-se repetir esta opera����o muitas vezes, depois de alguns instan-

tes de repouso, tendo-se o cuidado de bem fixar no pensamento a tr��pli-

ce id��ia de absor����o, fixa����o e utiliza����o da for��a do desejo.

I 1 5 0 I

A absor����o da energia pode ser empregada em numerosas circuns-

t��ncias para extrair do meio ambiente for��as ou qualidades.

Como j�� tratei no primeiro cap��tulo da primeira parte, todas as qua-

lidades e propriedades dos corpos existem na natureza sob uma forma

real, ainda que invis��vel; elas est��o perto de n��s, e nada mais temos a fa-

zer sen��o tom��-las.

A natureza �� uma esp��cie de mesa abundantemente servida, sempre

�� nossa disposi����o. Ela est�� provida de tudo, para todos os gostos e ne-

cessidades, podendo-se dizer que nada mais temos a fazer do que esten-

der a m��o para apanharmos o que quisermos.

As condi����es a observar para o fim requerido deduzem-se do total

dos meios atr��s indicados. A influ��ncia pessoal deve j�� estar em via de

desenvolvimento para dar resultados importantes; mas a maior parte dos

que come��aram este estudo pela auto-sugest��o obter�� certamente resul-

tados satisfat��rios ap��s alguns meses, nada mais do que consagrando doze

ou quinze minutos de manh�� e �� noite a exerc��cios bem compreendidos

e inteligentemente executados. Depois de isolar-se, deve-se concentrar o

pensamento na qualidade ou vantagem que perseguimos e persuadirmo-

nos de que todos os elementos desta qualidade ou vantagem est��o �� nos-

sa disposi����o; que n��s merecemos esta coisa que n��o tardaria a vir a n��s

por si mesma, e que temos o direito e o poder a tomar em seguida. Es-

tando estas id��ias bem presentes no esp��rito, como para utilizar a for��a

de um desejo, elas dever��o ser absorvidas. Fixemo-las em n��s e tomemos

o prop��sito de aproveit��-las, executando metodicamente os tr��s tempos

da respira����o profunda.

No princ��pio devemos empregar f��rmulas, escrevendo-as num pe-

da��o de papel quadrado que se coloca ante os olhos para fix��-las com cal-

ma e persist��ncia. Quando, por��m, a vontade j�� est�� suficientemente

disciplinada, podemos desistir de todas as f��rmulas porque elas n��o ser-

vem sen��o para fixarmos a aten����o no objeto.

Podemos primeiramente pedir o acr��scimo de qualidades que ain-

da n��o possu��mos a um grau bastante elevado, tais como: a exatid��o, a

paci��ncia, a do��ura, a bondade, o racioc��nio; depois perseguiremos a

for��a moral, e mesmo a f��sica, que t��o necess��ria nos ��, a cura de uma

doen��a leve, o ��xito neste ou naquele neg��cio; enfim, obtendo paulati-

namente o que queremos, poderemos tentar alcan��ar coisas mais impor-

tantes, mais elevadas, mais precisas.

I 151 I

N��o h�� certamente limites para o desenvolvimento deste poder, que

se perde no infinito, sobretudo quando as bases de influ��ncia pessoal es-

t��o bem lan��adas e esta �� metodicamente cultivada.

A maior parte dos leitores vai dizer que me afasto do tema deste ca-

p��tulo que j�� n��o trata da auto-sugest��o. Sou deste parecer. Mas o psic��-

logo que v�� a sugest��o em toda parte, mesmo onde ela n��o est��, n��o

deixar�� de dizer: trata-se de auto-sugest��o; de sugest��o pura, pois a pro-

cura de tais qualidades �� uma sugest��o dada �� natureza, que ��, assim, for-

��ada a conceder o que se n��o dispunha a dar.

Deixemos de lado o que uns e outros podem dizer; fiquemos com

as vantagens que podemos obter e tratemos de explic��-las:

Procurai e achareis, pedi e recebereis, diz o Evangelho (Mateus, 7: 7);

isto ��, pe��a com intelig��ncia, energia e perseveran��a, e isso o far�� desco-

brir os meios de achar o que quer.

Deixou Deus, alguma vez, seus filhos na necessidade?

D�� o sustento aos p��ssaros,

E sua bondade se estende a toda natureza,

Todos os dias o invoco e Ele, com cuidado paterno,

Nutre-me com as d��divas oferecidas em seu altar.

N��o conv��m que tomemos �� letra esta afirma����o que Racine p��e na

boca de Jo��s (Athalie), pois Deus n��o d�� sen��o aos que merecem e sabem

tomar. H�� muitas pessoas menos felizes que Jo��s, pessoas que n��o s��o

nem boas nem m��s, pois s��o incapazes de fazer bem ou mal e que espe-

ram sempre que a roda da fortuna vire em seu favor, sem que isto acon-

te��a, pois nada fazem para tal.

Ajuda-te e o c��u te ajudar��, diz o prov��rbio. �� preciso procurar para

achar, pedir para receber; mas conv��m, sobretudo, saber dirigir suas in-

vestiga����es e empregar, no pedido, a linguagem da natureza.

O pedido �� a base da prece; em suas evoca����es, pedem os espiritua-

listas aos bons esp��ritos e deles obt��m fluidos que s��o utilizados para a

forma����o de fen��menos t��o estranhos quanto reais.

Os devotos tiram da prece consola����es, esperan��as e certas vanta-

gens; tirariam muitas outras coisas mais, se conhecessem o princ��pio que

p��em em a����o e, sobretudo, se n��o pedissem favores injustos, gra��as que

n��o merecem e vantagens que seriam prejudiciais ao pr��ximo.

I 152 I

N��o conv��m que o comerciante de guarda-chuvas pe��a chuvas

constantes, quando a terra j�� est�� suficientemente molhada, nem que o

carvoeiro pe��a o frio quando �� ainda tempo de calor.

Dois ex��rcitos em presen��a um do outro n��o devem rogar pela ex-

termina����o do inimigo, pois a natureza, soberanamente justa, n��o favo-

receria um em preju��zo do outro.

Pe��a o que �� justo, o que lhe �� ��til, sem ser prejudicial aos seus se-

melhantes, e voc�� receber��, em raz��o direta da sinceridade do seu pedi-

do e da soma de vontade que voc�� empregar para a obten����o da coisa

pedida. A faculdade de atrair for��as do meio ambiente, quaisquer que

sejam, constitui, por si s��, o principal fator do magnetismo pessoal. De-

vemos, pois, estud��-la com aten����o e fazer todo o poss��vel para desen-

volv��-la.

Sugest��o. ��� Chegamos, agora, �� sugest��o propriamente dita, isto ��,

a arte de influenciar os outros, comunicar-lhes as nossas id��ias e obter

deles tudo ou parte do que desejamos.

Ainda aqui vou dividir a quest��o, pois n��o pretendo, de nenhum

modo, tratar a quest��o como os hipnotizadores em geral e, sobretudo,

aqueles que, com desprezo da dignidade humana, fazem, com pessoas

sensitivas, transformadas em manequins, experi��ncias sempre in��teis do

ponto de vista cient��fico e, muitas vezes, perigos��ssimas para a liberdade

moral dos pacientes.

Desejo limitar-me aqui exclusivamente �� incita����o, �� influ��ncia que

se pode exercer na vizinhan��a de algu��m, na conversa����o, verbalmente

quando falamos e mentalmente quando escutamos. Ainda n��o aconselho

ningu��m a querer impor-se, nem a praticar o incitamento sugestivo pa-

ra obter uma coisa determinada, pois, quando a pessoa se achar bastan-

te desenvolvida, as boas coisas gravitar��o para ela, sem que nada fa��a

para obt��-las. Apesar disso, aqueles que desejarem cultivar especialmen-

te a arte de influenciar os outros pela incita����o sugestiva, verbal ou men-

tal, poder��o considerar as observa����es seguintes:

Quando a personalidade magn��tica est�� desenvolvida em um alto

grau, a incita����o sugestiva �� espont��nea, inconsciente mesmo.

A maneira de ser do pensador transmite-se aos que o cercam, sem

que eles o queiram, pois seus pensamentos, ativos e fortes, v��o direto ��s

pessoas a que s��o dirigidas. A�� eles t��m tend��ncia a impor-se e os que os

I 153 I

recebem, aceitam-nos sempre, como se nascessem de si mesmos e fos-

sem a express��o de seu pr��prio desejo e verdadeira inten����o.

Mas, se o pensador suficientemente desenvolvido faz, para agir, ato

de vontade, ele imp��e todas as suas id��ias e dita suas ordens que s��o,

muitas vezes, executadas com precis��o e prontid��o prodigiosas.

Aqueles que come��am o estudo de seu desenvolvimento magn��tico

n��o devem esperar um igual resultado j�� nos primeiros ensaios, mas po-

dem ter a certeza de que, praticando inteligentemente todos os exerc��-

cios descritos na segunda parte deste livro, chegar��o rapidamente a

adquirir uma for��a sugestiva invej��vel.

Aqueles que s�� estudassem este cap��tulo, obteriam resultados de

pouca import��ncia, pois a teoria necess��ria para guiar o racioc��nio e a ba-

se principal do desenvolvimento da influ��ncia magn��tica lhes faltariam

quase completamente.

Repito-o, conv��m compreendermos, antes de tudo, que, para diri-

girmos os outros, �� indispens��vel que saibamos primeiro dirigir-nos a

n��s mesmos e que para lhes impor a nossa vontade �� de rigor que nos

tornemos senhores da nossa.

�� indispens��vel igualmente que sejamos essencialmente honestos e

n��o pensemos em obter sen��o o que n��o v�� ferir o interesse e a conside-

ra����o do nosso pr��ximo.

Estando esses dois primeiros pontos bem definidos, conv��m que

nos animemos do vivo desejo de obter aquilo que queremos, nos persua-

dirmos de que temos o direito e temos o poder de obt��-lo e que o obte-

remos tanto mais prontamente quanto mais nos fizermos calmos,

en��rgicos e persistentes.

Para exercer uma poderosa incita����o sugestiva, devemos tirar for��as

do meio ambiente, como acabo de explicar, falando da absor����o da ener-

gia, e pormo-nos, pela vontade, num estado de atividade para dar, e num

estado de expans��o para irradiar nossos pensamentos e desejos ��s pes-

soas que desejamos influenciar.

Aquele que quer dominar os outros deve inspirar-lhes confian��a; in-

teress��-los, alegr��-los com prop��sitos alegres, pois o riso abre o indiv��duo e o disp��e a receber as influ��ncias exteriores. Sua express��o, seu porte, seus

gestos, suas maneiras, o tom da sua voz, s��o outros tantos elementos de

a����o que se combinam e ajustam uns aos outros, se s��o todos concordes.

I 1 5 4 |

O olhar, exercido conforme as indica����es do cap��tulo precedente, e

a conversa����o desempenham aqui papel preponderante: mas esta deve

ser apropriada, adaptada com muito jeito ao car��ter, gosto e aptid��o do

indiv��duo. Judiciosamente empregada, a conversa����o constitui um meio

poderos��ssimo de insinua����o que permite, mesmo ��quele que possui

pouca influ��ncia pessoal, vencer as dificuldades, desconfian��as, antipa-

tias e resist��ncias a que se acha mais ou menos exposto.

"O doente ��� diz Atkinson ��� repousado e confiante, se abrir�� a ele

sem pensamentos reservados, e este abandono far�� mais pela sua cura do

que fizeram as inumer��veis drogas ministradas pelos homens do m��tier.

"Mas esta conversa����o deve ser encaminhada cuidadosamente, com

discernimento e intelig��ncia. Conv��m que o operador se retraia, esque-

cendo-se de si progressivamente, e que o doente se lhe abandone e o in-

teresse cada vez mais.

"O operador, doravante, n��o far�� nada mais que escutar e encorajar,

pela aten����o e interesse, as confid��ncias que ele faz. Aprende-se a escutar

como se aprende a falar, por esfor��os sucessivos, por um estudo met��dico.

"O sil��ncio, como a palavra, tem sua ci��ncia. �� de rigor que o ope-

rador a possua; n��o �� sen��o a pre��o dela que conquistar�� seu paciente.

"Voc�� conhece, porventura, a anedota sobre Carlyle? O grande e te-

m��vel escritor recebeu, um dia, a visita de uma personagem que desejava

conhec��-lo, mas receava abord��-lo. Apresenta-se o visitante um tanto

emocionado; �� recebido friamente e, com esta acolhida, a sua emo����o

mais se agrava. Mas n��o se desconcerta. Conhecendo um dos assuntos de

predile����o do grande escritor, entra nele com discri����o e deixa-o falar.

"Carlyle, passando assim ao primeiro plano e entrando num terre-

no familiar e agrad��vel a ele, n��o tarda a exibir todos os seus recursos.

Fala, anima-se, exalta-se. O visitante escuta-o, o tempo passa e quando,

depois de tr��s horas de sil��ncio, decide-se a retirar-se, o ilustre escritor

acompanha-o at�� a porta prodigalizando-lhe os mais calorosos sinais de

interesse e simpatia e, com um cordial At�� �� vista', despede-se, dizendo-

lhe: 'Que encantadora conversa����o tivemos e como me foi agrad��vel sua

visita! Espero que a renove muitas vezes!'

"Fa��a como o visitante de Carlyle, seja h��bil, delineie bem o seu

assunto, e entre nele com decis��o e nitidez, mas logo que o tocar, deixe

ao interlocutor o cuidado de desenvolv��-lo. Fa��a-lhe crer que ele �� interes-

I 155 I

sante, profundo e persuasivo e sua ci��ncia, sabedoria e arte de conven-

cer s��o inimit��veis." (A For��a do Pensamento)

Essa id��ia de fazer o interlocutor falar �� completada por Turnbull

nestes termos:

"Sendo admitida e bem provada a teoria el��trica ��� que, fazendo

passar uma corrente por um condutor pr��ximo a outro, desperta neste

uma corrente induzida ��� suponhamos que voc�� deseja produzir uma

impress��o ou exercer uma influ��ncia sobre uma pessoa com quem aca-

ba de entrar em rela����o.

"Assente bem em seu esp��rito que essa pessoa �� um instrumento

atrav��s do qual passam as correntes mentais e que voc�� mesmo �� um ins-

trumento que n��o s�� produz como recebe e ret��m, fortemente, as corren-

tes que deseja receber e reter.

"Voc�� pode ent��o come��ar, sem hesita����o, a faz��-la falar, usando ju-

diciosamente o melhor olhar fixo central. Empregue todo o seu tato e ha-

bilidade em faz��-lo discretamente. Conserve ao mesmo tempo firme a

sua pr��pria for��a, como se a reunisse em si mesmo. Fazendo passar cor-

rentes mentais ante o seu interlocutor sob a forma de perguntas ou su-

gest��es inteligentes, desperte nele correntes simp��ticas. Assim, voc��

descobrir�� seus gostos e repugn��ncias e, encorajando as suas confid��n-

cias, no curso da conversa����o pela corrente derivada de uma aprova����o

discretamente expressa, voc�� chegar�� logo a faz��-lo vibrar inteiramente

em un��ssono com voc��.

"Em outros termos: ele o aprecia e prefere a sua companhia a outra

qualquer.

"N��o cometa o erro de empregar baixas lisonjas, expediente que s��

atinge as pessoas superficiais.

"Crie em si, pelo contr��rio, uma corrente de interesse, realmente be-

nevolente, o que voc�� obter�� despojando o seu esp��rito de todas as ou-

tras preocupa����es.

"Gra��as ao seu conhecimento das leis de indu����o e atra����o, que re-

gem as correntes mentais, voc�� achar�� que a pr��tica de atrair as pessoas

para si se far�� uma ci��ncia cheia de atrativos. Voc�� as atrair��, n��o porque

tem um interesse especial em faz��-lo, mas somente para exercer seu po-

der e estudar o mecanismo da lei nas diferentes circunst��ncias." (Curso

de Magnetismo Pessoal)

I 1 5 6 I

Depois de ter estudado praticamente as regras que precedem, pode

a pessoa exercer-se na pr��tica da sugest��o mental. Para isso, deve formu-

lar primeiro em seu pensamento id��ias simples e em harmonia com a ma-

neira de ser das pessoas de suas rela����es.

D�� a essas id��ias formas definidas e, usando da influ��ncia do olhar,

esforce-se por transmiti-las. Assim, por exemplo, procure sugerir a um

amigo a id��ia de uma visita a um amigo comum, a id��ia de um estudo

qualquer que lhe agrade, conseguindo-o tanto mais facilmente quanto

mais concreta for a id��ia a sugerir.

Em seguida, procure transmitir a este mesmo amigo uma id��ia que

saiba n��o ser de seu agrado, e ficar�� maravilhado ao verificar que, ainda

que o plano falhe algumas vezes, d�� bons resultados quase sempre.

As experi��ncias desta natureza podem ser variadas quase ao infini-

to. Devemos repeti-las muitas vezes, pois concorrem poderosamente pa-

ra o desenvolvimento de nossa influ��ncia sobre os outros.

Eis aqui duas que podem ser experimentadas na ocasi��o oportuna.

Numa conversa, a pessoa que fala com voc�� esquece uma palavra,

que procura em v��o pronunciar. Esta palavra lhe �� quase sempre sugeri-

da pela id��ia que dela faz a pessoa que fala. Pense fortemente nesta pala-

vra e fixe o interlocutor entre os olhos. Muitas vezes, num tempo menor

que o necess��rio para diz��-la, ele pronuncia a palavra e voc�� tem cons-

ci��ncia de ter causado nele a lembran��a.

Em qualquer reuni��o, voc�� quer, por exemplo, que um dos assisten-

tes que voc�� escolheu procure ser-lhe apresentado. Passe, algumas vezes,

sob o olhar dele, sem parecer indiscreto.

Quando ele olhar para voc��, dirija com calma o seu olhar para o

ponto que fica entre os olhos dele, e diga-lhe mentalmente: "Voc�� quer

ser-me apresentado, espero-o". Quando a pessoa se acha bem familiari-

zada com a pr��tica da sugest��o mental, obt��m ��xito cert��ssimo com es-

tas duas experi��ncias. Certas pessoas s��o particularmente dotadas para

obter o que desejam.

Conhe��o uma senhora, de g��nio agrad��vel e brando, que apesar dis-

so vive em desacordo com seu marido. Mas basta que ela pense em um

vestido, num manto, numa j��ia, para que ele se apresse a lhe trazer esse

objeto. Contudo, se ela lhe pede algo verbalmente, acha sempre como

resposta uma recusa categ��rica.

I 157 I

Certo artista, pintor de muito futuro ��� que seguiu o meu curso de

Magnetismo Pessoal, e que tirou proveitos dos seus ensinamentos ��� pen-

sou, num dado momento, em outro artista que ele conheceu h�� uns vin-

te anos e procurou recordar-se de suas obras principais. Sen��o quando,

dois ou tr��s dias depois, recebe pelo correio, de uma pessoa que mal co-

nhecia, a reprodu����o de uma obra do artista em que ele tinha pensado.

Alguns dias depois, o mesmo artista abre uma enciclop��dia em bus-

ca de not��cias sobre os monumentos de Trieste. A catedral parece um

monumento not��vel. Tr��s dias depois, recebe de um amigo um cart��o-

postal, ilustrado, reproduzindo a dita catedral.

Esse artista observou, com raz��o, que o que se chama impropria-

mente o acaso n��o poderia ser invocado para explicar o fato, pois se seus

amigos lhe tivessem realmente querido enviar uma lembran��a, um obje-

to ��til ou verdadeiramente interessante, teriam escolhido melhor a natu-

reza do objeto de sua remessa.

Tudo leva a crer que, apesar da dist��ncia, houve transmiss��o do pen-

samento do artista a seus amigos, que lhe quiseram, em seguida, dar uma

prova de sua amizade. Para certificar-se disso, ele acusou o recebimento

dos documentos e pediu aos expedidores que quisessem ter a bondade

de dizer-lhe com que fim tinham feito a remessa. A resposta de cada um

deles foi mais ou menos esta: Pensei em voc�� e tive a id��ia de agrad��-lo com

a remessa deste documento.

Quando se chega a praticar habilmente a sugest��o mental, j�� n��o

se tem necessidade de recorrer �� sugest��o verbal. Todavia, quando es-

ta �� praticada com todos os requisitos que comporta, �� mais ativa que

a primeira.

Na conversa, pode-se praticar a sugest��o de dois modos diferentes:

l��) Sem o conhecimento do paciente;

2��) Com o consentimento do paciente.

Prefiro a primeira, pois �� mais ativa e d��, geralmente, melhor resul-

tado que a segunda; o paciente que n��o suspeita da a����o sugestiva que se

exerce sobre sua pessoa, n��o lhe oferece tamb��m resist��ncia.

Quando o paciente deseja curar-se de uma mol��stia org��nica de cer-

ta gravidade, conv��m que recorra n��o �� sugest��o, mas ao magnetismo,

que cura quase sempre melhor e mais depressa do que os meios comuns

mais apropriados da medicina cl��ssica.

I 158 I

Para uma doen��a moral, tal como a obsess��o, para desembara��ar al-

gu��m mais depressa de certas paix��es, como a embriaguez, o v��cio em

entorpecente, pode o operador recorrer �� sugest��o verbal, sem ou com o

consentimento do paciente; mas �� indispens��vel, sobretudo neste ��ltimo

caso, que o operador seja digno, em todos os pontos, da confian��a do pa-

ciente, porque o rem��dio poderia ser, em caso contr��rio, pior que o mal.

O pr��tico que mais conv��m �� ainda o magnetizador, sobretudo se ele

possui a influ��ncia pessoal a um certo grau, pois, magnetizando para es-

tabelecer o equil��brio f��sico, que est�� sempre mais ou menos perturbado,

emprega, ao mesmo tempo, n��o a sugest��o brutal dos hipnotizadores, mas

uma insinua����o sugestiva, que faz sob forma de uma esp��cie de afirma-

����o condicional.

Para n��o arriscar ver diminu��da a confian��a que se tem nele, o que

diminuiria a sua autoridade moral, o pr��tico n��o deve portar-se como o

hipnotizador que, em certos casos, faz todos os dias, durante cinco ou

seis semanas, a mesma sugest��o com o mesmo fracasso.

Ele n��o deve, pois, dizer: Voc�� n��o sofrer�� mais! Dormir�� muito bem!

N��o ser�� mais v��tima das id��ias que o atormentam! N��o pensar�� mais na

droga! ��� pois esta forma de sugest��o n��o surte efeito sen��o imperfeita-

mente nos raros doentes sensitivos que o operador pode fazer dormir; e

ainda este resultado n��o se obt��m sen��o �� custa de outras fun����es f��sicas

ou morais que se pervertem por sua vez.

Mas ele deve raciocinar com o doente, fazendo-lhe compreender que

a doen��a de que �� v��tima tem causas muitas vezes profundas e tenazes,

que n��o podem, geralmente, cessar imediatamente; que conv��m procurar

restabelecer o equil��brio das fun����es f��sicas e que, ent��o, uma melhora,

provavelmente muito mais sens��vel, n��o tardar�� a se fazer sentir.

A sugest��o poder�� ent��o ser feita, por exemplo, mais ou menos

nestes termos:

Voc�� vai certamente provar melhoras e o sono n��o tardar�� a restabele-

cer-se! As id��ias que o atormentam v��o diminuir pouco a pouco e desapare-

cer��o logo, completamente. Voc�� ter�� menos necessidade de droga e, daqui a

cinco ou seis semanas, j�� n��o sentir�� falta dela!

No in��cio de qualquer tratamento observa-se quase sempre certa

melhora, devida, provavelmente, �� esperan��a que o doente deposita na

efic��cia do tratamento.

I 1 5 9 I

A afirma����o sugestiva realiza-se quase completamente, a confian��a

do doente aumenta ainda e as novas sugest��es exercer��o no futuro uma

influ��ncia tanto maior quanto melhor houver o pr��tico previsto a sua

realiza����o.

O magnetizador que sabe estabelecer o diagn��stico das doen��as pe-

lo exame dos centros nervosos e que conhece o mecanismo das modifi-

ca����es que sobrev��m, sob a a����o do tratamento, sabe, realmente, n��o s��

o que se passa presentemente no organismo do doente, como tamb��m o

que se passar�� dentro de alguns dias.

Desse modo, tanto pela a����o direta do magnetismo, como pela a����o

indireta da sugest��o, ele favorece sempre o trabalho da natureza, sem ja-

mais o contrariar.

Se, pela palavra, pelo gesto, pelas maneiras, pode o homem forte im-

por ao fraco suas id��ias e modo de ser; e se, por outra parte, todas as im-

press��es que v��m de fora s��o sugest��es, �� evidente que todos estamos

mais ou menos expostos a sofrer as sugest��es interesseiras e os maus

pensamentos dos que nos cercam.

Neste caso, �� de toda necessidade que o que procura desenvolver

sua personalidade magn��tica possa escapar ��s m��s influ��ncias. �� sobre

este assunto que vou terminar este cap��tulo.

Para evitar as sugest��es dos outros. ��� �� evidente que fazemos parte

do meio em que estamos e que, se agimos sobre os outros, eles podem

agir sobre n��s, influenciar-nos e at�� escravizar-nos.

"T��o verdadeiro �� isto ��� diz Atkinson ��� que as nossas opini��es va-

riam com as circunst��ncias e, segundo vivemos com uns ou com outros,

nossas id��ias diferem e algumas vezes mesmo se excluem.

"Os exemplos destes fen��menos s��o freq��entes, sobretudo em po-

l��tica. V��-se uma id��ia nascer ou espalhar-se, incutir-se nas pessoas, de-

pois declinar, enfraquecer e morrer.

"Tal multid��o, por exemplo, calma e moderada, agita-se e exaspera-

se de repente, para retornar logo �� modera����o e �� equidade.

"Bastou para determinar estas alternativas a influ��ncia de alguns ho-

mens de a����o, de alguns esp��ritos-resolutos; aqueles provocaram a mul-

tid��o com discursos de viol��ncia; estes acalmaram-na e retiveram-na

apelando para a toler��ncia. Uns e outros usaram o mesmo meio, isto ��,

serviram-se de sua influ��ncia, de sua for��a de penetra����o, de todos os re-

I 160 |

cursos de vontade e a����o, que s��o como a ess��ncia do magnetismo, o se-

gredo das ci��ncias ocultas.

"Importa, pois, se quisermos obedecer �� pr��pria raz��o, preservar-

nos de todas as influ��ncias do meio e criarmos uma barreira em torno de

n��s. Mil perigos nos amea��am... A cada instante, somos solicitados por

for��as exteriores, por vontades que est��o impacientes por nos sujeitar

aos seus des��gnios, ��s suas ambi����es, aos seus interesses.

"�� absolutamente necess��rio que possamos proteger-nos e defender-

nos contra elas. Nossa dignidade o manda e o nosso interesse o exige. Es-

tar��amos expostos a terr��veis eventualidades se nos abandon��ssemos, sem

defesa, a todas as influ��ncias, a todas as sugest��es, a todas as for��as exterio-

res que influem sobre n��s e que nos solicitam." (A For��a do Pensamento)

Se o autor precedente descreve muito bem, exagerando um pouco,

os perigos a que estamos, na maior parte, expostos, mesmo quando a

nossa personalidade magn��tica se desenvolveu a um certo grau, n��o in-

dica, de modo suficiente, os meios a empregar para evit��-los.

Vou tratar de faz��-lo em algumas palavras, tomando, por exemplo,

o ��dio que um indiv��duo pode ter contra n��s, e a impureza de certos

meios, nos quais nos vemos, ��s vezes, for��ados a penetrar.

O principal meio de resistir ��s m��s influ��ncias ��, primeiro, n��o te-

m��-las, pois elas agem como a peste que contagia sobretudo aqueles que

a receiam. Depois, ser sensato, justo, equitativo, bom e n��o fazer mal a

ningu��m.

Apesar disso, h�� certas influ��ncias, as do ��dio prolongado durante

muito tempo, as quais poderiam bem chegar a afetar-nos. Estejamos, pois,

de sobreaviso. Se desconfiarmos de alguma pessoa mal-intencionada, te-

nhamos o cuidado de n��o lhe enviar sen��o pensamentos ben��volos e fa-

��amos, ao mesmo tempo, apelo a toda a nossa vontade, a todas as nossas

energias internas, para nos pormos em um estado de expans��o que fa��a

irradiar a nossa for��a em torno de n��s como o indica a figura 22. Neste

estado estamos em atividade para dar e n��o recebermos nada de fora.

Nossa impenetrabilidade ��s influ��ncias exteriores ser�� ainda au-

mentada se nos representarmos bem no esp��rito a aura dos pensamentos

e influ��ncias que nos cercam, e se, precisando bem o papel protetor des-

ta aura, fizermos ato de vontade para torn��-la ainda mais impenetr��vel,

dobrando-a sobre n��s mesmos. Podemos rever, para isso, as figuras 10,

I 161 I



Fig. 2 2 . Irradia����o expansiva.

11 e 12. Tendo bem claro em nosso esp��rito que n��o seremos jamais do-

minados por um pensamento estranho, se o n��o quisermos ser, a auto-

sugest��o prestar�� ainda aqui alguns servi��os.

Ali��s, logo que chegamos a um grau de evolu����o, ultrapassando

uma certa m��dia, nos acharemos naturalmente protegidos contra os

maus pensamentos e as m��s inten����es de outros.

Esta prote����o �� f��cil de compreender por meio das considera����es se-

guintes:

A mat��ria mental e a mat��ria astral n��o s��o id��nticas em todos os

indiv��duos. Pesada, grossa, impura no bruto, �� fina, leve e pura naquele

que atingiu um alto grau de desenvolvimento. Ela vibra constantemente

e seus movimentos comunicam-se ao meio ambiente. Estes podem ser

enviados a grandes dist��ncias pela vontade.

Mas as vibra����es da mat��ria grossa s��o consideravelmente menos

r��pidas que as da mat��ria leve e pura.

Os pensamentos, que s��o coisas, e que revestem formas particula-

res, s��o formados de uma mat��ria an��loga �� mental e astral daquele que

os emite; suas vibra����es s��o as mesmas.

Nenhum movimento, ou melhor, nenhuma a����o pode se comunicar

a esta mat��ria, fora de certas condi����es de analogia e rapidez.

I 162 I

�� por isso que as vibra����es lentas do mau n��o podem modificar as

vibra����es muito mais r��pidas do homem evolu��do.

Entre estes extremos, o movimento, isto ��, a a����o, pode comunicar-

se, mas a comunica����o �� tanto mais lenta e dif��cil quanto a diferen��a ��

maior entre a analogia e a rapidez dos movimentos daquele que age e da-

quele que recebe.

Em tese, um pensamento de ��dio n��o pode atingir uma alma pura;

�� repelido e, como nada se perde, volta-se contra a pessoa que o proje-

tou. E, como ele vibra de modo id��ntico ao dos pensamentos que emite,

recebe esse movimento com a maior facilidade e sua atividade redobra-

se para produzir ainda outros de igual natureza.

Assim, finalmente, o criador de um pensamento mau sofre sempre

as conseq����ncias do que ele quis fazer ao pr��ximo.

E, se este pensamento for en��rgico e se renovar constantemente, o

seu emissor poder�� sofrer muito e vir mesmo a morrer por sua causa.

Assim �� que o feiti��o volta-se contra o feiticeiro, sobretudo quando

a a����o que dirige n��o �� recebida por aquele a quem se destina.

No tempo da bruxaria, dizia-se, com apar��ncias de raz��o, que cedo

ou tarde, o bruxo acabava por ser estrangulado pelo diabo.

O que n��o �� evolu��do fica, portanto, exposto, de certa forma, aos

ataques dos que querem prejudic��-lo; por��m, quando se purifica, o ci��-

me, a inveja, os inimigos que ainda pode ter, n��o podem nada ou quase

nada contra a sua pessoa.

Como procurei fazer compreender nos cap��tulos precedentes, deve-

mos buscar a companhia dos felizes, corajosos, alegres, fortes, cheios de

esperan��a, e evitar o mais poss��vel os medrosos, melanc��licos, col��ricos,

maus e os infelizes em geral, pois, consoante j�� observou C. Agrippa, "a

alma deles est�� cheia de irradia����es mal��ficas e comunica o seu cont��gio

aos que dela se aproximam".

N��o obstante, somos obrigados a penetrar em seu meio, a pormo-

nos em contato com eles. Podemos faz��-lo alegremente, pondo-nos no

estado de expans��o de que acabei de falar, para lhes dar e nada lhes tomar.

N��o tenhamos qualquer receio de ser influenciados.

Encorajemo-los, demos-lhes bons conselhos, fa��amos uma esmola

aos que dela necessitam, de acordo com as nossas posses, mas n��o nos

compade��amos de sua sorte e deixemo-los com a satisfa����o do dever

cumprido, para s�� voltarmos a pensar neles quando se apresentar uma

nova ocasi��o de lhes sermos ��teis.

I 163 I

Para terminar este cap��tulo, resta-me dizer algumas palavras aos

sensitivos que se prestam ��s experi��ncias e que podem temer sugest��es

p��s-hipn��ticas que executariam quase fatalmente no momento estipula-

do. �� para ensinar-lhes a frustrar toda sugest��o, empregando um proces-

so simples de automagnetiza����o.

Basta que o paciente saiba que, para impedir uma sugest��o de se reali-

zar, n��o precisa mais do que aplicar sua m��o esquerda e mesmo um s�� de-

do desta, na fronte, durante alguns instantes. Esta a����o constitui o processo

todo, cujo mecanismo se far�� claro ap��s algumas explica����es te��ricas.

Na maioria dos pacientes, o sono hipn��tico apresenta quatro estados

bem distintos: estado sugestivo, estado catal��ptico, estado sonamb��lico e es-

tado let��rgico, ainda que a escola hipn��tica de Salp��tri��re classifique ape-

nas os tr��s ��ltimos.

Todas as sugest��es p��s-hipn��ticas, a saber, as que o hipnotizador d��

durante o sono para serem executadas quando o paciente desperta, n��o

se executam sen��o no primeiro estado, no qual o paciente entra por si

mesmo, quando lhe vem a id��ia de cumprir o ato sugerido. Ent��o, o pa-

ciente faz cessar este estado, a sugest��o n��o se realiza.

O paciente pode sempre agir fisicamente sobre si mesmo por auto-

magnetiza����o. A a����o de sua m��o direita aplicada �� fronte f��-lo dormir;

a de sua m��o esquerda, no mesmo ponto, desperta-o.

No caso de que nos ocupamos, o paciente obsedado pela id��ia de

executar o ato sugerido entra automaticamente no estado sugestivo. Nes-

te momento, se ele aplica sua m��o direita na fronte, passa para o estado

catal��ptico, depois para o sonamb��lico; se ele aplica a m��o esquerda,

desperta.

Em ambos os casos, havendo cessado o estado sugestivo, a sugest��o

n��o tem mais qualquer influ��ncia.

Eis aqui um outro meio mais complicado, pois que necessita da in-

terven����o de uma outra pessoa, mas podendo, todavia, prestar servi��os

aos pacientes f��ceis de sugestionar.

Um amigo fiel poder�� sempre aconselhar ao paciente a n��o receber

jamais sugest��es de outras pessoas, ou, pelo menos, este ou aquele tipo

de sugest��o.

Este meio surte bom efeito sempre, pelo menos durante certo tem-

po, no fim do qual pode-se renovar a sugest��o.

I 1 6 4 I

10

Transforma����o

das for��as

Sabe-se, hoje, que as for��as f��sicas s��o manifesta����es da energia, pois a

presen��a de uma, que se manifesta em certas condi����es, basta para de-

terminar o desenvolvimento de uma ou mesmo de v��rias outras.

Em uma palavra, uma pode engendrar outra, e cada qual pode trans-

formar-se em todas as outras.

Assim, a eletricidade origina o movimento mec��nico, o calor, a luz,

a imanta����o (magnetismo pr��prio do ��m��), as decomposi����es qu��micas.

O calor d��-nos o movimento mec��nico, a luz e as correntes el��tricas

com as quais se obt��m a imanta����o.

A luz, em suas diferen��as qualitativas, apresenta cores, ao sair do

prisma, e nesta observam-se a����es calor��ficas e qu��micas.

O ��m��, quando em movimento pr��ximo de um circuito, faz nascer

neste uma corrente el��trica que pode se transformar em calor, em luz, em

movimento mec��nico, em decomposi����es qu��micas.

E, o que os f��sicos ignoram completamente, todas essas for��as trans-

formam-se ainda em um magnetismo an��logo ao que se observa no cor-

po humano.

Uma quantidade de calor pode reproduzir o equivalente do movimen-

to mec��nico que o produziu. A caloria, quantidade de calor necess��ria pa-

ra elevar de um grau a temperatura de um quilograma de ��gua, equivale a

425 quilogr��metros. O quilogr��metro representa o trabalho mec��nico ca-

paz de elevar um peso de um quilograma a um metro de altura.

I 165 |

Os fen��menos assim relacionados a uma s�� e mesma causa ��� o mo-

vimento mec��nico ��� d��o a certeza da correla����o, da unidade das for��as

f��sicas.

As for��as ps��quicas ou morais, que s��o t��o reais como as for��as f��si-

cas, transformam-se igualmente umas nas outras. Elas t��m tamb��m sua

correla����o e suas equival��ncias, que ser��o certamente determinadas, um

dia, de modo preciso.

Assim, conforme a eleva����o moral dos indiv��duos, que s��o as suas

testemunhas, a vista de um crime provoca o horror do crime, a piedade

ou o ��dio para com o criminoso, e mesmo a incita����o de se cometer ou-

tro crime id��ntico.

Nota-se, igualmente, mas sem se ligar import��ncia ao caso, que, mui-

tas vezes, uma for��a moral ou ps��quica se transforma em for��a f��sica e re-

ciprocamente. Assim, observa-se freq��entemente que o desgosto, um

sofrimento moral, determina uma doen��a f��sica; e que a esperan��a, a f��, o

desejo, a vontade auxiliam sempre no restabelecimento da sa��de.

Se estes ��ltimos sentimentos, que se designam geralmente sob o no-

me vago de imagina����o, s��o muito intensos, podem mesmo restabelec��-

la quase instantaneamente. Eles constituem, evidentemente, as ��nicas

causas das curas consideradas milagrosas que se produzem realmente em

Lourdes ou noutro lugar. �� igualmente neles que reside o poder oculto e

a magia dos tempos passados.

N��o devemos admirar-nos dessas transforma����es, pois sabemos

atualmente que o desejo e a vontade podem decuplicar as for��as f��sicas

no momento do perigo e retardar at�� mesmo a morte por v��rios dias.

Uma emo����o repentina, muito violenta, como o terror, determina

sempre acidentes f��sicos nas pessoas impression��veis, acidentes que se

traduzem, muitas vezes, em nevroses, tais como a cor��ia, a histeria, a ca-

talepsia; em paralisias e afec����es do cora����o, que se tornam muitas ve-

zes mortais; em loucura incur��vel e mesmo produzem a morte imediata.

Se essas transforma����es s��o t��o reais como aparentes, o que parece

absolutamente certo, devemos, com alguns ousados pensadores, admitir

a unidade das for��as da natureza, quer perten��am �� f��sica geral, quer �� fi-

siologia ou �� psicologia.

Tomando origem num agente ��nico, o ��ter ou um fluido an��logo, sem-

pre em vibra����o, seriam t��o-somente manifesta����es da energia universal.

I 166 |

Nosso ser f��sico e nosso ser astral combinam-se de tal modo que, se

se faz vibrar uma corda de um, a mesma nota ressoa imediatamente no

outro. As for��as f��sicas parecem como que escalonadas umas sobre as ou-

tras como as cores de um feixe de luz solar decomposta, ou, melhor ain-

da, como as notas da gama musical, originando-se as for��as ps��quicas da

parte superior, como se fossem as mesmas notas uma oitava acima.

Na ordem f��sica, segundo a tabela que Crookes estabeleceu em

1897, o primeiro grau �� ocupado pelo som com vibra����es de cerca de 32

a 32.000 por segundo. �� entre estes dois limites extremos que t��m ori-

gem os sons mais graves e os mais agudos, suscet��veis de serem percebi-

dos pelo ouvido humano.

Acima de 32.000 vibra����es por segundo, a velocidade aumenta, pa-

ra atingir limites que aterrorizam a imagina����o. V��-se, ent��o, aparecer a

eletricidade, depois uma lacuna que n��o se relaciona a nenhuma for��a

conhecida. O calor vem depois, em seguida a luz, uma segunda lacuna

e, por fim, os raios X, que cont��m mais de dois quintilh��es de vibra����es

por segundo, n��mero fant��stico que n��o se escreve com menos de deze-

nove algarismos.

Assim, as vibra����es menores fazem nascer a eletricidade; as mais r��-

pidas, o calor, depois a luz, etc.

Em uma comunica����o que o Professor Blondot fez �� Academia das

Ci��ncias, em 1904, os raios N que acabara de descobrir e que s��o paren-

tes pr��ximos daqueles que constituem o magnetismo humano, afirma

que sua velocidade �� sensivelmente maior do que a da luz, fato que per-

mite cumular com eles a segunda lacuna de Crookes, entre a luz e os

raios X.

N��o se sabe nada acerca da velocidade das vibra����es que d��o origem

��s for��as ps��quicas, a n��o ser que s��o consideravelmente mais r��pidas do

que as que originam as for��as f��sicas.

Admitindo que o conjunto dessas for��as seja, em certos limites, cor-

relativo e equivalente, como se poder�� transformar, por exemplo, volun-

tariamente a for��a muscular em for��a ps��quica, para aumentar o capital

desta e nos permitir vencer certas resist��ncias, desembara��armo-nos, por

exemplo, de uma paix��o tenaz, que resistiu �� a����o de substituir uma id��ia

por outra, �� auto-sugest��o, e mesmo �� absor����o da energia, descrita no

cap��tulo precedente?

I 167 |

Eis aqui um m��todo a que Turnbull atribui grande import��ncia.

Este autor reconhece que todas as for��as que t��m seu ponto de apoio

no corpo humano s��o da mesma ess��ncia, tanto o pensamento, o desejo

e todas as for��as chamadas ps��quicas, como as for��as nervosas ou mus-

culares, e que elas n��o diferem entre si sen��o pela forma que tomam pa-

ra executar a sua fun����o.

Baseando-se nesta teoria, para transformar a for��a muscular em for-

��a ps��quica, conv��m sentar-se comodamente numa poltrona ou, de pre-

fer��ncia, estirar-se num sof�� ou numa cama, isolar-se durante quatro ou

cinco minutos; e, imaginando ter de fazer um esfor��o muscular conside-

r��vel, fechar os punhos e contrair os m��sculos o mais energicamente

poss��vel. Neste estado de contra����o, acha-se a pessoa, evidentemente, de

posse de uma for��a f��sica que se desenvolveu, mas que n��o foi aplicada.

Para transform��-la ��, portanto, necess��rio fixar muito fortemente o

pensamento na resolu����o a tomar, abrir as m��os que se aplicam natural-

mente sobre as coxas e distender-se brandamente, querendo, com toda a

energia, que esta resolu����o se cumpra completamente.

"Devemos assegurar-nos, ao mesmo tempo ��� diz o autor ���, de que

a for��a-express��o f��sica se transforme em uma for��a-express��o mental.

Importa, para isso, reter em seu esp��rito esta id��ia: enquanto a for��a es-

capa de seus m��sculos fatigados, retira-se sob a forma mental de seu de-

sejo e age desta forma sobre as pessoas ou condi����es interessadas."

(Curso de Magnetismo Pessoal)

Depois deste exerc��cio, que n��o conv��m repetir muitas vezes, con-

tinuamente, porque �� fatigante, �� bom praticar a absor����o de energia pe-

la respira����o profunda, para fixar a id��ia que se quis impor.

Assim associados um ao outro, estes dois processos permitir��o cer-

tamente a todos os que possuem ainda um pouco de vontade, desemba-

ra��arem-se das id��ias fixas mais tenazes e das mais violentas paix��es, e

at�� mesmo do mais desordenado amor f��sico, embriaguez e outros v��cios

ou manias an��logas, repetindo-os regularmente tr��s ou quatro vezes por

dia, durante um tempo proporcional �� energia, �� agilidade e ao bom sen-

so empregados.

I 168 I

11

Para v e n c e r o destino

A ARTE DE TRIUNFAR ��� A ARTE DE SER FELIZ

Sob este t��tulo, eu resumo e completo o programa que me impus ao es-

crever este livro. Com efeito, desenvolvendo, nos cap��tulos preceden-

tes, os meios que me pareciam melhores, mais simples e pr��ticos para

adquirir a influ��ncia pessoal, apliquei estes meios a todos em geral,

sem insistir nos dois pontos que resumem por si s��s a finalidade da

nossa exist��ncia.

1. A ARTE DE TRIUNFAR

2. A ARTE DE SER FELIZ

�� para preencher essa lacuna que acrescento o que segue. Primeira-

mente, algumas palavras relativas ao destino.

O destino (do verbo destinar) ��, segundo os fatalistas, o encadeamen-

to necess��rio e inevit��vel das causas determinantes dos bons ou maus su-

cessos que se sucedem constantemente. Segundo os antigos, o destino d��

a cada indiv��duo, no momento de seu nascimento, a parte de bem ou de

mal que lhe adv��m, sem mudan��a poss��vel. As suas condi����es estavam re-

guladas de antem��o pelas grandes divindades. Estas, quase impotentes

I 1 6 9 I

para modificar a sua marcha e suas manifesta����es, eram tamb��m v��timas

dele de certa maneira. "O pr��prio Zeus era um escravo do destino."

�� a personifica����o do destino que, ainda hoje, segundo a cren��a popu-

lar, submete n��o s�� o homem, mas ainda a natureza inteira, �� fatalidade.

O destino, que �� impiedoso para a planta, o animal e o homem in-

ferior, j�� n��o existe para o homem superior que, aprendendo pouco a

pouco a dominar e dirigir os acontecimentos, soube conquistar o imp��-

rio da natureza.

Os primeiros, sempre agitados pelas circunst��ncias mais diversas e

mesmo mais opostas, incapazes de prever e resistir, podem ser e s��o fre-

q��entemente precipitados na fatalidade, ao capricho daquilo a que cha-

mam impropriamente o acaso, sobre os recifes da vida, onde se quebram

como um navio desamparado e sobre os rochedos, onde os atiram a tem-

pestade. Mas desde que o homem consegue aprender a prever alguns

acontecimentos, diminui j��, de certa forma, os efeitos da fatalidade; e

quando ele quer dirigir seriamente sua evolu����o, come��a a aprender a to-

mar um lugar especial na natureza. Em vez de ser joguete dos aconteci-

mentos, dirige-os de certo modo; em todos os casos, mesmo sem que o

perceba, atrai as boas coisas da vida e repele as m��s; em vez de ser domi-

nado pelas for��as brutais da natureza, pelo contr��rio, domina-se e sub-

mete-as.

O acaso j�� n��o existe; �� uma palavra que n��o exprime sen��o a soma

de nossa ignor��ncia.

Todo efeito tem sua causa; e mesmo com os conhecimentos limita-

dos que possu��mos, podemos com freq����ncia estabelec��-la, pois tudo se

encadeia, o presente �� a conseq����ncia natural do passado, como o futu-

ro, preparado pelo presente, est�� sob sua depend��ncia imediata.

Em uma pequena obra intitulada O Acaso e suas Rela����es com Nos-

sa Mentalidade, Albert d'Angers faz perfeitamente compreender esta im-

portante verdade. Portanto, n��o �� nem o acaso nem o destino o que nos

condenam a infelicidades que parecem inevit��veis, mas, sim, nossa im-

perfei����o, nossa imprevid��ncia, nossa maldade e todo o conjunto de fal-

tas e m��s a����es que anteriormente cometemos. Este estado de falta de

sorte, em que a adversidade parece ferir-nos com golpes redobrados, po-

de ser atenuado num prazo relativamente curto pela nossa vontade. E,

com o tempo, podemos mesmo desviar-lhe o curso quase completamen-

I 170 I

te. De infelizes, podemos tornar-nos felizes. �� a energia unida ��s quali-

dades de car��ter que decide nosso destino.

"O homem n��o foi lan��ado na vida sem armas ��� diz Atkinson. ���

Ele recebeu como dom a vontade e, por meio dela, faz-se senhor de seu

destino. Por meio dela pode dirigi-lo neste ou naquele sentido, para es-

te ou aquele fim e dar-lhe esta ou aquela significa����o. Quaisquer que se-

jam os meios que se considerem e os homens que se interroguem, esta

verdade parece universal.

"Em neg��cios, por exemplo, s��o as qualidades de esp��rito, os atribu-

tos de car��ter e as tend��ncias do temperamento que determinam o ��xito.

"�� a energia, a coragem, a confian��a, a ambi����o e a obstina����o que

conduzem o indiv��duo, atrav��s de uma alternativa de sucessos e reveses,

a um fim e lhe permitem resistir ��s circunst��ncias e aos acontecimentos.

�� por todas essas qualidades, que est��o esparsas nele, que a vontade

aproxima e coordena, que ele pode combater o mal de triunfar sobre ele."

(A For��a do Pensamento)

Para evitarmos as conseq����ncias da fatalidade que pesa realmente

sobre a maioria, �� indispens��vel que desenvolvamos o magnetismo pes-

soal, submetendo-nos a uma boa higiene f��sica e moral e a exerc��cios

apropriados, para gozarmos de uma sa��de t��o perfeita quanto poss��vel,

fazendo o bem e evitando o mal; sendo moderados e previdentes; e sa-

bendo por uma vontade ativa, dirigir nossos pensamentos para um

ideal suscet��vel de nos levar ao objetivo que almejamos.

Uma pessoa de desenvolvimento m��dio ��� um advogado, um enge-

nheiro, um m��dico, um comerciante, um industrial, cujos neg��cios cor-

rem bem; um empregado e mesmo certos oper��rios ��� que, sem serem

completamente felizes, n��o s��o, todavia, infortunados, na acep����o pr��-

pria do termo ��� podem ter primeiro um ideal filos��fico ou mesmo reli-

gioso, para favorecer seu desenvolvimento mental, e, em seguida, um

ideal mais terra-a-terra para melhorar-lhes o bem-estar e a abastan��a, se

o nascimento n��o lhes brindou com a fortuna. Aquele que j�� possui es-

te bem-estar e n��o tem necessidade de ganhar dinheiro para prover ��s

suas necessidades materiais, pode dirigir suas aspira����es para as ci��ncias,

artes, literatura, cole����es.

Um duplo ideal parece-me essencialmente ��til, pois n��o se pode,

sem fadiga, pensar constantemente em uma mesma coisa.

I 171 I

A fadiga exagerada n��o tardaria em determinar o esgotamento de

um ou v��rios grupos de c��lulas cerebrais, e este esgotamento, sem ser fa-

tal, poderia imobilizar-nos, durante um tempo mais ou menos longo, re-

duzindo-nos �� impot��ncia.

Enquanto trabalhamos em uma dire����o, as c��lulas de certos grupos

s��o as ��nicas ocupadas e, dando �� corrente de nossos pensamentos ou-

tra dire����o, novas c��lulas entram em atividade e as que est��o fatigadas

repousam. Um ideal e mesmo dois s��o, pois, indispens��veis para fixar

no intelecto dos indiv��duos medianamente desenvolvidos os meios que

devem conduzi-los a este ou ��quele fim, por��m, n��o devem ser mais nu-

merosos, pois seus pensamentos, isto ��, suas for��as, em lugar de se con-

centrarem, se dispersariam demais para poderem agir utilmente.

Aqueles que ainda est��o no loda��al do infort��nio n��o devem ter se-

n��o um s�� e ��nico ideal: alcan��arem ��xito em suas empresas para se faze-

rem felizes. Os esfor��os requeridos por este ideal s��o absolutamente

necess��rios, pois aquele que n��o se esfor��a para nada, fica primeiro es-

tacion��rio e, depois, n��o tarda a tornar-se inferior em intelig��ncia aos

que buscam um fim determinado e bem definido, pois, em raz��o da teo-

ria que desenvolvi, suas id��ias vagas, indecisas e sem energia atraem

id��ias an��logas, que n��o possuem nenhum poder construtor, e suas fa-

culdades intelectuais, insuficientemente exercitadas, se atrofiam mais ou

menos depressa.

O desenvolvimento da individualidade, que nos conduz paulatina-

mente �� perfei����o, n��o tem limites, pois a eternidade se estende diante

de n��s.

Qualquer que seja o grau de nosso desenvolvimento, quaisquer que

sejam as alturas onde nos encontremos, h�� sempre cumes mais elevados

que havemos de atingir mais tarde.

Trabalhemos, pois, sempre pelo nosso desenvolvimento, com certe-

za absoluta de que o menor dos nossos esfor��os n��o ser�� perdido e dele

aproveitaremos num futuro mais ou menos afastado.

Por��m, muitas pessoas infortunadas dir��o, certamente, que o seu

infort��nio �� muito grande e que dura h�� um tempo demasiado longo pa-

ra que possam super��-lo; por conseguinte, �� in��til procurar sair dele. Es-

te racioc��nio �� falso. Parece, entretanto, evidente que, se uma pessoa foi

muito infeliz durante sessenta anos, por exemplo, torna-se quase impos-

I 172 I

sibilitada, apesar de seus esfor��os, de melhorar seriamente os dias que

lhe restam a viver, pois o que se chama impropriamente destino, pesa for-

temente sobre ela.

Seus esfor��os n��o ser��o perdidos; se deles aproveitar muito pouco

na vida atual, se recompensar�� largamente mais tarde.

Para bem compreender esta verdade, �� preciso admitir que a morte

n��o passa de uma mudan��a de estado, sem ser o fim da vida; conv��m

admitir tamb��m, como o fazem os te��sofos espiritualistas, a pluralidade

das exist��ncias, conforme o que expliquei num breve bosquejo relativo

�� nossa imortalidade.

Compreende-se, pois, que as nossas exist��ncias anteriores prepara-

ram a exist��ncia atual, como esta prepara as que vir��o mais tarde. N��o

somos nem recompensados nem punidos por nossas boas ou m��s a����es,

como ensina o cristianismo, mas estas s��o as causas diretas e inevit��veis

de nossa felicidade ou infelicidade; em resumo, s��o os fatores do nosso

destino. Como este ��ltimo nos pertence pessoalmente, cabe a n��s dirigi-

lo segundo as nossas aptid��es, para o fim que mais desejamos.

Somos como o trabalhador que cultiva o seu campo, faz a sementei-

ra e a colheita. Quanto melhor for o campo cultivado, e a semente esco-

lhida, tanto mais vantajosa ser�� a colheita. Saibamos, pois, cultivar o

campo do nosso destino, semeemos bons pensamentos, fa��amos boas

a����es e colheremos o ��xito e a felicidade em abund��ncia.

Colheremos quase imediatamente nesta vida uma parte da safra e

mais tarde, numa outra vida, o resto.

�� esta a lei da natureza que permite compreender por que uns nas-

cem na abastan��a, com todos os atributos de um bom destino, enquan-

to outros, j�� marcados na fronte por uma estrela fatal, nascem na lama da

mis��ria, de que s�� conseguem sair �� custa de penosos e cont��nuos esfor-

��os. Segundo express��o dos s��bios da ��ndia, eles consomem o seu mau

karma.

Apressemo-nos, pois, em abandonar os pensamentos de maldade,

��dio, tristeza, des��nimo e enfermidade, para substitu��-los pelos de bene-

vol��ncia, amor, alegria, coragem, esperan��a e sa��de, pois os primeiros,

que s��o negativos e destrutivos, s��o portadores de desgra��a, de doen��a,

ao passo que os outros s��o positivos, construtivos e produtores certos do

��xito e da felicidade.

I 173 |

"Toda pessoa que pensa continuamente em doen��as ��� diz Mulford

��� emite germes de doen��a; se ela pensa em sa��de, for��a, alegria, emite

germes que determinam, tanto em si como nos outros, a alegria e a sa��-

de." (Nossas For��as Mentais)

Desde a antiguidade mais remota, os fil��sofos admitem, com justa

raz��o, que o homem �� o que pensa, pois torna-se paulatinamente o que

deseja ser. �� fazendo alus��o a esta verdade que o Evangelho nos diz que

"�� preciso edificarmos n��s mesmos nossa casa nos c��us", isto ��, transfor-

mar-se desde j�� no que se deseja ser mais tarde. Os c��us n��o est��o em ne-

nhuma parte do espa��o; est��o c�� embaixo e em toda parte onde

quisermos assegurar a nossa felicidade.

Para fazermos um destino feliz, os meios que indiquei precedente-

mente, unidos aos que v��o a seguir, bastar��o amplamente para todos os

que quiserem seriamente tomar a sua dire����o. Eles n��o tardariam a cons-

tatar que suas for��as f��sicas e morais se desenvolvem, que seu julgamen-

to torna-se mais sadio, que a considera����o para com eles aumenta, que

sua intui����o dirige-os para caminhos mais fecundos; e logo perceber��o,

com prazer, que as boas coisas da vida come��am a vir a eles, sem que na-

da fa��am de especial para atra��-las.

Ainda que o destino seja quase insepar��vel da felicidade e do que se

chama o ��xito em geral, vou tratar, de modo mais especial, dessas duas

aspira����es.

Para triunfar. ��� Desde que os americanos puseram em moda o mag-

netismo pessoal, um grande n��mero de autores de todos os pa��ses, mui-

to diversamente recomend��veis, tratou da arte de triunfar sob as suas

formas mais variadas. O que vou dizer a este respeito dirige-se a todas as

classes da sociedade: ao rico que procura um ideal para ocupar os seus

lazeres; ��s pessoas abastadas que desejam uma profiss��o liberal, assim

como ��s pessoas do povo que s��o for��adas a abra��ar uma carreira qual-

quer, a dar-se aos trabalhos intelectuais ou aos trabalhos manuais ou a

empreendimentos de que esperam, se n��o a fortuna, ao menos uma po-

si����o c��moda que lhes assegure a educa����o de sua fam��lia em boas con-

di����es pecuni��rias.

N��o tratarei aqui dos meios de satisfazer todas as aspira����es mas, a

t��tulo de exemplo ou de modelo, que servir�� para cada uma delas, com

algumas modifica����es insignificantes, vou tratar mais detalhadamente

I 1 7 4 |

do ��xito nos neg��cios em geral e dos meios que me parecem mais acer-

tados e f��ceis de se porem em pr��tica, sobretudo para aqueles que j�� se

familiarizaram com as regras do magnetismo pessoal.

"A fortuna sorri aos audaciosos", diziam os antigos; Garfield acres-

centou depois: "N��o se espera a fortuna, avan��a-se para ela".

A aud��cia, que �� o resultado de uma vontade brutal e irrefletida, lon-

ge de conduzir ao ��xito ��, muitas vezes, suscet��vel de levar �� ru��na o

audacioso que n��o possui outras qualidades. Quando muito, �� recomen-

d��vel em alguns momentos, para obter um neg��cio.

Uma vontade refletida, persistente, �� sempre necess��ria para asse-

gurar o ��xito na profiss��o que se escolhe, como em geral em todos os ne-

g��cios comerciais, industriais ou outros que se empreende.

Para que um jovem possa triunfar na profiss��o que escolheu, �� in-

dispens��vel que tenha estudado suas aptid��es e tenha examinado se es-

ta profiss��o lhe conv��m realmente. Para isto, cumpre consultar seus

gostos, tend��ncias, for��as, aptid��es e mesmo defeitos, pois todos n��s te-

mos disposi����es especiais que nos permitem chegar, mais ou menos de-

pressa e mais ou menos bem, a uma situa����o desejada, ao passo que,

apesar de nossa boa vontade, n��o far��amos sen��o vegetar em uma outra.

Assim �� que um mau m��dico, que n��o sabe curar seus doentes, nem con-

servar sua clientela, poderia fazer fortuna no com��rcio ou na ind��stria;

um advogado, que n��o faz fortuna no of��cio, poderia muito bem ser um

excelente m��dico, um talentoso engenheiro ou um arquiteto modelo.

Para que cada qual possa achar o lugar adequado que deve ocupar,

conv��m romper com as tradi����es de fam��lia, que querem que o filho abra-

ce a carreira do pai, sobretudo quando este acertou em lograr a riqueza e

o bem-estar ao seio do lar. Em raz��o do meio onde ele foi criado, o filho

pode ter as mesmas aptid��es que o pai, e fazer fortuna por sua vez, mas po-

de tamb��m ter aptid��es diametralmente opostas e n��o ser capaz, no cami-

nho seguido pelo pai, sen��o de dissipar insensatamente a sua heran��a.

Fatos assim observam-se por toda a parte, em todas as classes so-

ciais e falam bem alto para que eu me dispense de citar exemplos.

Antes de abra��ar uma carreira qualquer, liberal, art��stica, liter��ria,

administrativa, comercial, industrial ou qualquer outra, conv��m primei-

ramente p��r-se �� altura da sua tarefa, conhecendo-a em seus menores

detalhes, pois �� evidente que, se ignoramos alguns, estamos expostos,

I 175 I

muitas vezes, a enganar-nos ou deixar-nos iludir. ��-nos preciso, ao mes-

mo tempo, orientar a corrente de nossos pensamentos para o fim a atin-

gir. Desde que o caminho esteja escolhido e o fim visado, �� indispens��vel

n��o pensar sen��o em atingi-lo ou, pelo menos, n��o se preocupar com ou-

tro assunto importante. N��o deve olhar nem para a direita nem para a es-

querda e, sobretudo, para tr��s, se n��o for para continuar no caminho j��

percorrido.

Para isto, uma condi����o �� absolutamente necess��ria: querer. Mas

n��o basta dizer da boca para fora "eu quero"; �� de rigor que a vontade

parta do mais fundo recesso da consci��ncia e que nas��a de um vivo de-

sejo de ��xito; que seja calma, constante, uniforme; e que, sem orgulho,

mas com nobre altivez, tenhamos a m��xima confian��a em nosso valor

pessoal, na efic��cia dos meios empregados ou que nos propusermos em-

pregar e tendo a mais absoluta certeza de vit��ria.

Com tudo isso, s��o ainda necess��rios: a coragem, o bom senso, cer-

ta ambi����o, ainda que apenas para satisfazer o amor-pr��prio, a const��n-

cia, a perseveran��a, a tenacidade e obstina����o mesmo. �� pelo conjunto

dessas qualidades coordenadas e reunidas em um feixe pela a����o do ju��-

zo e da vontade, tal como, por uma lente, se re��nem em seu centro os

raios luminosos e magn��ticos que atravessam paralelamente o seu eixo,

que n��s nos tornamos aptos n��o s�� a dirigir-nos, como tamb��m a vencer

todos os obst��culos que se antepuserem aos nossos passos, sem jamais

impedir-nos de visar o fim que almejamos.

�� evidente para todos que, no princ��pio da vida comercial, indus-

trial ou outra qualquer, os empregados mais corajosos, perseverantes e

trabalhadores s��o os mais bem pagos e suscet��veis de progresso r��pido.

A ambi����o, quando n��o ultrapassa o conjunto das outras qualida-

des, �� um auxiliar de primeira ordem e essencialmente muito ��til.

Assim, o modesto empregado, que inicia a vida comercial aos 13 ou

14 anos, em qualquer estabelecimento, deve procurar fazer melhor tra-

balho que seus colegas, a fim de ganhar considera����o e ser apontado pa-

ra um posto mais elevado e mais bem remunerado. Certamente deve ter

a ambi����o de tornar-se um empregado modelo entre os que contam mais

anos de servi��o. O seu desejo n��o deve parar a��, mas propender para um

lugar de maior vulto; o de chefe da se����o, do departamento de expedi-

����o ou do escrit��rio.

I 176 I

Sempre por seu trabalho e seu m��rito, o empregado deve aspirar a

um cargo superior e tornar-se o auxiliar imediato do patr��o ou diretor e

mesmo substitu��-lo, quando a ocasi��o se oferecer.

�� com estas disposi����es ambiciosas e outras que as favore��am que

um modesto empregado pode tornar-se s��cio e mesmo diretor de uma

grande e rendosa empresa; e que um indiv��duo, tendo o tino dos neg��cios,

estabelece, com uma pequena soma de dinheiro, um com��rcio min��scu-

lo, que vai, depois, aumentando, at�� tornar-se uma casa colossal.

Sem falar dos multimilion��rios norte-americanos que se tornaram

os reis do com��rcio e da ind��stria; em Paris, Potin com sua mercearia,

Ruel com o Bazar do Hotel de Ville, Chauchard e Boucicant com os

Grands Mogasins do Louvre e do Bon Marche, s��o exemplos not��veis. Pa-

ra tais resultados, uma instru����o superior teria sido provavelmente pre-

judicial; em todo caso, ela n��o �� necess��ria.

Para o caso acima, basta somente uma boa instru����o fundamental e,

sobretudo, uma instru����o especializada extremamente s��lida e que diga

respeito quase exclusivamente ao conhecimento dos artigos que se dese-

ja explorar.

Esta instru����o especializada que a pessoa adquire, ��s vezes, muito

rapidamente, como empregada em outros estabelecimentos deve ser

secundada pelo bom senso, uma vontade poderosa e outras qualidades,

como atr��s dissemos. Antes de empreendermos um neg��cio importan-

te, conv��m que pensemos nele muitas vezes; que concentremos nosso

pensamento no objetivo principal, e que nele meditemos, para fixar no

intelecto todos os elementos ��teis que a ele se referem e rejeitar os pre-

judiciais. Em todos os casos, com alternativas de repouso e atividade

bem calculadas, �� indispens��vel que n��o o percamos de vista, nem

mesmo por um dia.

Goethe prepara sua concep����o do Fausto durante trinta anos; e ��

pensando sempre na mec��nica celeste que Newton constata a gravita����o

universal.

Quando, ap��s madura reflex��o, um projeto de empresa se estabele-

ce, devemos delinear um plano de execu����o t��o completo quanto poss��-

vel, imaginando-o sempre em seus m��nimos detalhes.

Sabemos que "o pensamento �� um ato incipiente". �� um embri��o

que procura desenvolver-se. Intensificando-o, este ato embrion��rio se

I 177 I

torna um ato real. Repetindo-o, ele torna-se um h��bito, fixa-se e n��o tar-

da a transformar-se em parte integrante de n��s mesmos.

Executado quase sempre de um modo autom��tico, exerce uma in-

flu��ncia consider��vel em nosso destino e decide, muitas vezes, nosso fu-

turo; �� a vit��ria acompanhada de felicidade ou o fracasso, com a m�� sorte

que nos persegue at�� no al��m-t��mulo. ��, pois, de absoluta necessidade,

feito e planejado definitivamente um projeto, n��o abandon��-lo para pen-

sar em outro neg��cio do mesmo g��nero ou num outro empreendimento.

"Todo plano, todo projeto, todo esfor��o que se refira a um neg��cio

ou inven����o ��� diz Mulford ��� �� uma constru����o real de elemento vis��-

vel e este edif��cio virtual �� tamb��m um ��m��, pois atrai for��as construti-

vas. Persevere em seu plano ou projeto e estas for��as se aproximar��o de

voc�� cada vez mais e se tornar��o cada vez mais fortes e produzir��o resul-

tados cada dia mais favor��veis. Abandone seu projeto, e voc�� deter�� a

vinda dessas for��as e destruir�� a for��a magn��tica anteriormente reunida

por voc��. O ��xito de todo empreendimento depende inteiramente desta

lei." (Nossas For��as Mentais)

Pensando freq��entemente nesse plano, como j�� dissemos, n��o de-

vemos, todavia, pensar constantemente nele, pois acabar��amos, deste

modo, por nos fatigar e, como o corpo n��o �� sen��o o instrumento do es-

p��rito, j�� n��o o poderia empregar utilmente. Portanto, se o trabalho �� in-

dispens��vel para o ��xito, n��o o �� menos o repouso.

Algumas horas de passeio de bicicleta ou de outra forma em que a

pessoa n��o pense sen��o em descansar, em se distrair, n��o s��o jamais per-

didas.

Sabemos que a elabora����o dos pensamentos continua em condi����es

favor��veis, sob a dire����o da parte inconsciente, enquanto a intelig��ncia

se preocupa com outra coisa e quando n��o pensamos em nada, sobretu-

do durante o sono profundo.

��, pois, muito ��til meditar profundamente, �� noite, no leito, duran-

te dez ou quinze minutos, sobre o plano do projeto, e adormecer n��o

pensando em nada, conforme os princ��pios preestabelecidos na parte que

chamamos isolamento.

"Para obter o maior ��xito em qualquer neg��cio ��� disse-o j�� Mul-

ford ���, para fazer grandes progressos em uma arte, para favorecer uma

causa, �� absolutamente necess��rio, diariamente, com alguns intervalos,

I 1 7 8 I

esquecer totalmente tudo o que se refere a esse neg��cio, a esta arte ou a

esta causa, a fim de repousar o esp��rito e reunir for��as frescas para um

novo esfor��o.

"Pensar continuamente no mesmo projeto, no mesmo estado, na

mesma especula����o que se deve fazer ou n��o, �� dissipar esta for��a numa

roda de moinho que gira no v��cuo. Assim, repetimo-nos sempre a mes-

ma coisa.

"Edificamos pela cent��sima vez, com este invis��vel elemento-pensa-

mento, sempre a mesma casa e a segunda �� j�� uma in��til repeti����o da pri-

meira. Aquele que tem propens��o a pensar sempre na mesma coisa, a

falar sempre dela, sem perd��-la de vista; aquele que n��o pode seguir o fio

de outra conversa����o, sem se interessar pelo que dizem ao seu redor, e

que n��o sabe sen��o falar do assunto ou calar-se, est�� bem perto da mo-

nomania." (Nossas For��as Mentais)

Durante o dia, muitas vezes, podemos achar um repouso de grande

valor no isolamento repetido, uma ou duas vezes por dia, durante oito ou

dez minutos, n��o pensando em nada. Atkinson encontra este meio de re-

pouso na concentra����o, pensando num assunto diferente.

"O homem ��, por ess��ncia, um ser limitado ��� diz ele. ��� O repou-

so ��-lhe necess��rio. O m��todo de concentra����o d��-lhe o repouso, e por

isso este pode juntar-se aos benef��cios que indicamos atr��s.

"Se voc�� est�� esgotado fisicamente por um longo esfor��o ou por um

trabalho excessivo, basta sentar-se numa cadeira ou poltrona confort��-

vel, e distender seus membros. Voc�� obter�� um benef��cio imediato. Seus

m��sculos se afrouxar��o, seus nervos se acalmar��o e tudo em seu ser se-

r�� mergulhado num agrad��vel torpor.

"Mas, ao mesmo tempo, o seu pensamento, concentrando-se num

dos objetivos que voc�� tem em vista ou num des��gnio que persegue, faci-

litar-lhe-�� a tarefa do dia seguinte e assegurar-lhe-�� o ��xito. Voc�� ser�� me-

nos exposto aos acidentes, ��s aventuras e aos abismos em que o homem

pode cair com facilidade e sua caminhada n��o encontrar�� obst��culos.

"�� assim que voc�� trabalhar��, ao mesmo tempo, para o seu repouso

e em seu interesse, pois que, sem novas fadigas, voc�� preparar�� os esfor-

��os e as etapas sucessivas que lhe restam a completar.

"Como o homem se distrai de uma ocupa����o com outra, assim vo-

c�� recrear�� com a mudan��a de um pensamento por outro.

I 1 7 9 I

"Efetivamente, cada pensamento que age, afeta uma c��lula do c��rebro.

"Importa, pois, que os pensamentos se sucedam, para que as c��lu-

las cerebrais se alternem em seu funcionamento. Pode ser que uma das

c��lulas que voc�� afetou tenha uma tend��ncia a prosseguir o seu trabalho,

mas se voc�� �� capaz de se concentrar, n��o ter�� nenhuma dificuldade em

ret��-la e imobiliz��-la e, depois de algum tempo, haver�� para ela um re-

pouso completo.

"�� exatamente o que se passa quando, depois de um longo tempo

de esfor��os e preocupa����es, voc�� toma, para se recrear, um romance in-

teressante. A leitura desse romance n��o se faz, evidentemente, sem fadi-

ga, mas esta afeta n��o as c��lulas cerebrais que voc�� quer restaurar, mas

aquelas a que voc�� nada pediu. De modo que as primeiras repousam e as

segundas entram em atividade. E o resultado final �� uma esp��cie de equi-

l��brio ou de harmonia f��sica que gera o bem-estar e o repouso."

Uma das mais indispens��veis condi����es para agirmos na plenitude

de nossa for��a �� estarmos calmos, pois a agita����o irrefletida conduz a atos

que jamais pensar��amos praticar. "Os poderosos ��� diz o autor preceden-

te ��� s��o os que jamais abandonam o sangue-frio, os que n��o se como-

vem nem se irritam por nada e demonstram em todas as circunst��ncias

uma fisionomia risonha e serena." (A For��a do Pensamento)

A esse respeito, dissertando sobre as vantagens da medita����o, Payot,

reitor da Universidade de Chamb��ry, diz-nos o seguinte:

"O agitado tem necessidade de agir; e a sua atividade traduz-se pe-

la a����o freq��ente, incoerente e imediatista. Mas, como todos os sucessos

da vida n��o se obt��m sen��o pela continuidade dos esfor��os na mesma di-

re����o, essa agita����o desordenada faz muito ru��do, por��m, pouco ou ne-

nhum trabalho proveitoso.

"A atividade orientada e segura implica a medita����o profunda. E to-

dos os grandes ativos, como Henrique IV e Napole��o, refletiram longa-

mente antes de agir, quer por si mesmos, quer por seus ministros.

"Quem n��o medita, quem n��o tem sempre presente na mem��ria o

plano geral a seguir, n��o procura assiduamente os melhores meios para

atingir os fins parciais, torna-se, necessariamente, o joguete das circuns-

t��ncias; o imprevisto perturba-o e obriga-o, a todo instante, a virar o le-

me a esmo, o que acaba por lhe fazer perder a dire����o geral a seguir.

Todavia, v��-lo-emos, a a����o deve sempre seguir a reflex��o meditativa; por

I 1 8 0 I

si s�� esta n��o basta, embora seja a condi����o necess��ria de toda vida fe-

cunda." (Educa����o da Vontade)

O mesmo autor considera, com justa raz��o, a calma necess��ria pa-

ra o ��xito como a condi����o indispens��vel para a cristaliza����o.

"Em qu��mica ��� diz ele ��� se numa solu����o, que cont��m v��rios cor-

pos em satura����o, mergulharmos um cristal, das profundezas da solu����o,

as mol��culas da mesma natureza que o cristal, movidas por uma atra����o

misteriosa, v��m agrupar-se, lentamente, em redor dele.

"O cristal aumenta pouco a pouco e, se a calma durou meses, obt��m-

se esses admir��veis cristais que, por seu volume e beleza, fazem a alegria

e o orgulho de um laborat��rio.

"Se se perturba o trabalho, a cada instante, com a agita����o do l��qui-

do, o dep��sito se faz irregular e o cristal fica imperfeito e muito pequeno.

"Sucede o mesmo em psicologia. Se mantivermos no primeiro plano

da consci��ncia um estado psicol��gico qualquer, insensivelmente, por uma

afinidade n��o menos misteriosa que a primeira, os estados intelectuais e

afetivos da mesma natureza v��m agrupar-se em torno dele. Se este estado

�� mantido durante longo tempo, pode organizar em torno de si uma con-

sider��vel massa de pot��ncias; adquirir, de modo decisivo, uma soberania

quase absoluta sobre a consci��ncia e fazer calar o que lhe for estranho.

"Se essa cristaliza����o se operou lentamente, sem irregularidades,

sem interrup����es, toma um car��ter de solidez not��vel.

"Organizado assim, o grupo tem algo de poderoso, calmo e definitivo.

"Note que n��o h��, talvez, uma id��ia que n��o possa, se quisermos,

criar em n��s uma tribo bastante consider��vel.

"As id��ias religiosas, o sentimento materno e mesmo os sentimen-

tos miser��veis e vergonhosos, como o amor ao dinheiro pelo dinheiro,

podem desenvolver-se em n��s at�� se tornarem todo-poderosos." (Educa-

����o da Vontade)

No seu Curso de Magnetismo Pessoal, Turnbull �� ainda mais cate-

g��rico:

"O homem cuja for��a de vontade ��� diz ele ��� �� a mais eficaz, n��o

�� o que cerra os dentes, vira os olhos, toma um ar amea��ador, endurece

os seus m��sculos e se p��e brutalmente �� obra.

"Este pode ter algum ��xito, mas gasta energias e n��o pode lutar con-

tra o homem calmo, tranq��ilo e confiante em si mesmo. O calmo e tran-

I 181 I

quilo p��e-se resolutamente �� obra, acolhe o fracasso com um sorriso e

recome��a, com paci��ncia, a mesma tarefa, pois deposita f�� em sua capa-

cidade de vencer. N��o transforma esta for��a em combate, como faz o ou-

tro indiv��duo, mas considera-a simplesmente uma manifesta����o de

atividade inteligente, cujo resultado s�� pode constituir-se em sucesso."

Visando apenas seu objetivo, o comerciante, o industrial e todos os

que possuem a influ��ncia pessoal ou que trabalham para adquiri-la, de-

vem ter sempre o m��ximo escr��pulo de honestidade e fazer tudo o que

for poss��vel para jamais prejudicar algu��m.

Atkinson insiste sobre este ponto nos seguintes termos:

"Insistimos bastante nisso porque temos em vista o interesse do

operador e do paciente. N��o h�� d��vida, com efeito, de que, se o opera-

dor reservasse seus meios de influ��ncia para fins conden��veis, compro-

meteria infalivelmente n��o s�� sua autoridade e seu prest��gio, mas ainda

a pr��pria fonte do seu poder.

"Poderia ter ��xito provisoriamente mas o seu desastre final seria ine-

vit��vel. Poder��amos demonstr��-lo racionalmente, se esta demonstra����o

n��o nos parecesse sup��rflua. Os nossos leitores n��o t��m certamente ne-

cessidade de que se lhes prove que um poder, que foi dado ao homem

para fins superiores, n��o pode ser posto a servi��o de interesses inconfes-

s��veis e baixas paix��es. Por��m, nada lhe pro��be us��-lo para seus leg��ti-

mos interesses e desejos louv��veis.

"O operador pode muito bem, por exemplo, dirigi-lo para o fim co-

mercial. Se ele trata com algu��m alheio a seus interesses e finalidades, ser-

lhe-�� perfeitamente permitido usar da sua pot��ncia magn��tica para reduzir

a hostilidade que encontrar ou vencer a resist��ncia que se lhe opuser.

"Todavia, neste caso ainda, o operador n��o deve buscar sen��o um

fim honroso. A probidade �� um dever nos neg��cios, e o roubo n��o se jus-

tifica jamais.

"Se, pois, o poder magn��tico fosse destinado a um des��gnio deso-

nesto, o operador seria objeto de censura e teria que sofrer algum dia o

mal cometido numa propor����o relativa a esse mesmo mal. �� este pensa-

mento que traduz, sob outra forma, o velho ditado: Colhemos o que se-

meamos.

"De resto, estamos aqui falando um pouco fora de prop��sito, pois a

experi��ncia demonstra que, os que adquiriram, em toda a sua extens��o

I 182 I

e plena efic��cia, o poder da vontade, n��o tentaram nunca fazer dela um

mau uso. Instintivamente, eles a destinam a fins elevados e morais." (A

For��a do Pensamento)

Mulford explica perfeitamente o motivo desse fato num cap��tulo in-

titulado "A Lei do ��xito":

"Quando o homem est�� num estado de esp��rito confiante, decidido,

calmo e tem em vista um projeto determinado, baseado no direito e na jus-

ti��a, p��e em movimento uma corrente silenciosa extremamente podero-

sa, que atrai as pessoas, cuja coopera����o lhe �� necess��ria.

"Se o seu projeto n��o se baseia no direito e na justi��a, por��, mesmo

assim, em atividade, esta mesma for��a silenciosa, mas com resultados ne-

gativos.

"�� imposs��vel obter ��xito duradouro pela fraude e pelo ardil; pois

estes atrair��o fatalmente as fraudes e artimanhas dos outros, e passar��

ent��o a tratar com pessoas desonestas, pois estas, em virtude de uma lei

natural, se agrupam sempre. Mas, cedo ou tarde, elas se prejudicar��o mu-

tuamente de algum modo." (Nossas For��as Mentais)

O dinheiro �� indispens��vel �� satisfa����o de nossas necessidades ma-

teriais ainda que desprez��vel por si mesmo; �� necess��rio, pois, desej��-lo

at�� um certo ponto, mas sem p��-lo no primeiro plano de nosso ideal, pois

ele n��o faz a felicidade.

Devemos, antes de tudo, visar um fim humanit��rio. Para vender

muito, o comerciante deve vender melhor e mais barato que os seus con-

correntes; o industrial deve sempre produzir artigos de qualidade supe-

rior, tendo ambos a certeza absoluta de que, se o conseguirem, o dinheiro

lhes vir�� por acr��scimo, como afirma o prov��rbio.

H�� uma qualidade necess��ria que ainda n��o mencionei: a esperan-

��a. Kant denominava-a benfeitora da vida. Se a esperan��a �� t��o salutar �� porque �� a mais doce das paix��es expansivas e, ao mesmo tempo, a mais

constante, pois jamais abandona o que sofre.

Fica no fundo do cora����o como ficou outrora no fundo da caixa que

Epimeteu teve a imprud��ncia de abrir. Anima o homem, mesmo no fim

de seus dias, e o acompanha at�� a morte. Com justa raz��o deram-lhe os

antigos o t��tulo de "ama da velhice". �� esta nobil��ssima qualidade que fez

dizer ao autor da Henriade:

I 183 I

Do Deus que nos criou, a clem��ncia infinita,

Para abrandar os males desta curta vida,

Colocou, entre n��s, dois seres benfeitores

Da terra, para sempre habitantes am��veis,

Apoio nos trabalhos, tesouros na indulg��ncia;

Um �� o doce sono e o outro a esperan��a!

Falei de certas qualidades mestras do ��xito, mas nada disse acerca

dos defeitos dos quais o homem deve desembara��ar-se a todo custo.

Para terminar este estudo relativo �� arte de triunfar, fa��o ainda ape-

lo �� autoridade de Atkinson para expor os efeitos desastrosos do temor e

do ��dio.

"O temor destr��i a energia, o ��dio desumaniza o homem; o primei-

ro o enfraquece, o segundo o perde. Pelo primeiro, cai gradativamente no

abatimento, na desesperan��a, na impot��ncia. Pelo segundo, despoja-se de

sua humanidade e rebaixa-se ao n��vel dos animais; abafa em si todo ger-

me moral; destr��i com suas pr��prias m��os os dons que Deus lhe deu.

"O temor paralisa a iniciativa, afrouxa o car��ter, entorpece a ener-

gia e degrada o indiv��duo.

"Milhares de pessoas v��em cortada a sua carreira por ele. Tinham

todos os meios para vencer; intelig��ncia, ambi����o, sa��de; mas uma du-

pla for��a lhes faltou: a coragem de querer e a for��a de agir.

"Abandonar o temor ��, pois, para o homem que aspira ao ��xito, uma

necessidade imperiosa. �� por esta liberta����o que ele se prepara para o de-

sempenho de todos os deveres e responsabilidades que lhe pesam. Em-

pregando livremente todos os recursos de sua intelig��ncia, energia e

vigor, estar�� sempre �� altura de sua tarefa. N��o ter�� receio de agir, nem

de avan��ar. Ele se lembrar�� que a vida n��o passa de uma longa ascens��o

para um fim um tanto vago e que o homem que fica no meio do cami-

nho n��o cumpre a sua tarefa nem seu dever.

"Mas n��o �� s�� contra o dever que o temor conspira. Ele amea��a ain-

da a felicidade do indiv��duo.

"O homem, cujo esp��rito �� assaltado pelas inquieta����es, n��o tem

prazer em nada.

"Se chega a possuir alguma coisa, receia perd��-la; se deseja uma ou-

tra, desespera de obt��-la.

I 1 8 4 I

"Sua vida n��o �� sen��o um longo pesadelo e suas noites e dias, po-

voados de fantasmas." (A For��a do Pensamento)

Para desembara��ar-se desses obst��culos e seguir o caminho do ��xi-

to, disse-o j��, n��o conv��m atac��-los de frente, dizendo: N��o quero temer

nada; n��o terei mais ��dio de ningu��m; mas �� preciso, recorrendo �� auto-sugest��o, �� absor����o da energia e �� transforma����o das for��as, substitu��-los

por qualidades opostas e considerar-se possuidor destas.

Em um trabalho de Albert d'Angers, Para Prosperar (Meios Pr��ticos),

encontram-se documentos, aprecia����es e observa����es preciosas que s��o

particularmente ��teis a quantos queiram abrir caminho feliz na vida ativa.

Para ser Feliz ��� O que �� a felicidade, e o que �� a infelicidade?

Eis duas palavras que n��o s��o definidas e n��o d��o sen��o uma id��ia

imperfeita do que pretendem dizer.

A felicidade e a infelicidade n��o existem por si mesmas. Indicam

duas condi����es de exist��ncia que s��o, aparentemente, muito diferentes

uma da outra, pois o que faz a felicidade de um, causa, algumas vezes,

infelicidade de outro. Estas condi����es est��o, pois, em n��s e n��o fora de

n��s. S��o estabelecidas por nosso modo de conceb��-las, por nossos h��bi-

tos, car��ter e tamb��m por nossa sa��de f��sica e moral. Assim �� que certos

indiv��duos se consideram muito felizes em uma situa����o modesta, ao

passo que outros s��o realmente infelizes possuindo fortuna, estima e

considera����o de seus concidad��os.

Entre o rico efeminado, soberbamente vestido, que n��o pensa sen��o

nos prazeres ego��stas, e o pobre andrajoso e honesto, o contraste �� im-

pressionante.

Enervado pelos excessos, quase sempre descontente, o primeiro n��o

tarda a ficar entediado e perder o interesse em tudo.

Obrigado a cortejar pessoas que n��o aprecia e a passar uma parte de

suas noites nas recep����es suntuosas que d�� ou em que deve tomar par-

te, ele n��o tem o repouso suficiente. Possui uma galeria de quadros, cu-

jo valor desconhece e os autom��veis mais luxuosos sucedem-se nas

garagens de seu pal��cio. Vive cercado por uma hierarquia de criados que,

apesar da polidez, est��o mais ocupados em servir a si mesmos que ao seu

patr��o.

Fatigado da culin��ria requintada de seu cozinheiro, que �� antes um h��-

bil qu��mico, freq��enta os melhores restaurantes e paga a peso de ouro os

I 185 I

pratos mais finos e os vinhos mais deliciosos, os quais mal experimenta por-

que seu est��mago, doente como seu sistema nervoso, recusa o alimento.

Bocejando de t��dio, de inquieta����o e de toda aquela mis��ria doura-

da, apela para os "pr��ncipes da ci��ncia", incapazes de o aliviar, pois n��o

se submete ao regime que constituiria a base de seu tratamento.

O outro, sem domic��lio fixo, dorme onde pode encontrar abrigo.

N��o tendo sen��o necessidades limitadas, alimenta-se de coisas frugais e

bocados incertos. E quando, por acaso, arranja, por meios honestos, uma

boa refei����o, goza realmente de certo prazer. Se esse estado de mis��ria se

prolonga por meses e anos, ele acaba por suport��-la com certa paci��ncia,

esperando melhores dias para o futuro.

Esta esperan��a vivificante falta ao primeiro, pois a fortuna que ele

dispersa tolamente domina todas as suas ambi����es e n��o lhe permite a

menor esperan��a. Rebaixou-se a si mesmo e esse rebaixamento confun-

de-o com o miser��vel na aspira����o comum: a busca da felicidade.

Comparemos agora esse rico infeliz ��� que se considera, todavia, co-

mo um afortunado da Terra ��� com um inteligente e econ��mico oper��-

rio que ganha bem pouco.

Apesar deste minguado sal��rio, ele acha meio de educar honrada-

mente a fam��lia, de fazer algumas economias para os dias magros e se dis-

trair convenientemente de tempos em tempos.

Forte e bem disposto, trabalha facilmente, cantarolando alegres can-

tigas; e se, ap��s bem empregadas semanas, desejando distrair-se uma noi-

te, diz �� mulher: "Esque��a as panelas e, para mudar um pouco, vamos

jantar no restaurante", ent��o, com a pequena soma que ganha, fazem

juntos uma deliciosa refei����o que saboreiam com grande apetite.

Se v��o uma noite ao teatro, aplaudem a representa����o dos artistas e

apreciam o espet��culo que lhes enche de alegria. Ao tornar a casa, mos-

tram-se perfeitamente felizes. Ele se sentir�� repousado e, no dia seguin-

te, retomar�� corajosamente o trabalho.

Parece-me que esta compara����o basta amplamente para fazer com-

preender qual dos dois �� mais feliz.

�� o rico avaro mais feliz do que o que vive �� cata dos prazeres mun-

danos?

Evidentemente n��o! ��, na realidade, apenas um pobre homem "cur-

vado ao peso de suas riquezas, que ele n��o aproveita nem permite aos ou-

I 186 |

tros aproveitarem; uma esp��cie de c��o humano ao p�� de seu canil, o qual

gasta todas as suas for��as a vigiar e a rosnar por um angu que n��o come

e nem deixa que comam, vindo por fim a morrer pela emiss��o cont��nua

de pensamentos envenenados, efeitos de sua avareza e rabugice". (Mul-

ford, Nossas For��as Mentais)

A fortuna, o lugar que habitamos, a estima e a considera����o de que

a pessoa goza, n��o bastam, portanto, para a sua felicidade. A For��a, a mo-

cidade, a beleza, que s��o bens ef��meros, a intelig��ncia mesma, tal como

se concebe ordinariamente, n��o bastam igualmente.

Poucos dentre n��s sabem ser felizes. Joguetes das paix��es que os go-

vernam, os infelizes s��o sempre atra��dos ou repelidos por correntes de

influ��ncias, cuja exist��ncia ignoram; e, como cegos abandonados no

meio do tumulto, s��o constantemente empurrados, agitados, arrastados,

sem mesmo pensar em resistir. Ignoram que a fonte dos bens de que go-

zamos, como a dor dos males que sofremos, est�� dentro de n��s e n��o fo-

ra; que temos o que atra��mos e que atra��mos o que merecemos.

Para tomar a felicidade onde ela se acha, isto ��, em n��s, �� indispen-

s��vel compreender que ela n��o est�� alhures e que �� sempre proporcional

ao n��mero e �� import��ncia das qualidades que possu��mos.

Alguns indiv��duos suficientemente evolu��dos possuem naturalmente

qualidades bastantes para serem relativamente felizes mesmo na pobreza e

em certos per��odos de sua vida. A maior parte dos outros pode adquiri-las,

desenvolvendo em si o magnetismo pessoal que, fazendo-os progredir o

mais rapidamente, lhes permite vencer as tenta����es e os desejos de m�� qua-

lidade que os assaltam e substituir seus defeitos por qualidades.

Quando o indiv��duo possui as qualidades requeridas, pode ser feliz

em qualquer parte, tanto numa choupana como no mais suntuoso pal��-

cio, na pobreza como na opul��ncia; no quartel, na oficina, onde ganha

pouco, como em certas profiss��es liberais onde o dinheiro entra a rodo.

H�� muitas qualidades a possuir ou condi����es a desempenhar para o

homem ser feliz; mas como uma n��o ��, muitas vezes, sen��o a conseq����n-

cia de outra, pode-se reduzi-las a um pequeno n��mero.

�� o que vou fazer, classificando-as segundo a import��ncia que lhes

atribuo.

1. A mais importante das condi����es suscet��veis de assegurar a feli-

cidade acha-se, exclusivamente, na maneira de a conceber.

I 1 8 7 I

Conv��m primeiro lembrar que ocupamos t��o-somente a situa����o

merecida, conseq����ncia natural e inevit��vel dos pensamentos que emi-

timos e das a����es que praticamos. Em seguida, qualquer que seja a situa-

����o que possu��mos, devemos contentar-nos com o que temos sem

cobi��ar o bem alheio.

N��o querer parecer maior do que somos realmente, com inten����o

de chamar a aten����o e gozar de uma considera����o imerecida, pois a in-

veja causa-nos numerosas priva����es que s��o sempre acompanhadas de

dores pungentes. Aquele que for favorecido pela fortuna, n��o perca de

vista que n��o deve apegar-se a ela demasiadamente e que n��o a levar��

consigo ao deixar este mundo; que ela constitui para si uma pesada res-

ponsabilidade moral, se n��o a administra prudentemente, isto ��, toman-

do o que lhe �� necess��rio e deixando o resto aos necessitados.

Procurando um conforto suficiente, deve evitar o grande luxo e co-

brir-se de ornamentos que n��o passam de ostenta����es da vaidade. A me-

sa n��o deve ser um objeto de gozo. Deve saber que �� obrigado a comer

para viver, e n��o viver para comer.

Que aquele que est�� momentaneamente na necessidade guarde to-

da a sua serenidade e n��o lamente a sua sorte, pois seu des��nimo e suas

lamenta����es viriam agravar mais o seu estado.

Que espere, pelo contr��rio, uma situa����o melhor; que procure obt��-

la e a exija como coisa que lhe �� devida; se esta exig��ncia for leg��tima e

razo��vel, n��o tardar�� em obt��-la, pois ele possui o poder de realiz��-la.

Que pense na felicidade futura e a atraia. Esperando-a, qualquer que

seja a sua desgra��a, compreenda que, em seu redor, h�� mis��rias ainda

maiores.

Esta maneira de considerar a desgra��a e de transform��-la em felici-

dade constitui uma grande parte da ci��ncia espiritual que proporciona a

intui����o e permite ver claramente o que os entendimentos comuns n��o

alcan��am. �� dela que brota a fonte inesgot��vel onde bebem, constante-

mente, sem perceb��-lo, todos os que triunfam.

2. A segunda condi����o �� ter sa��de. Gozando sa��de, o rico pode di-

vertir-se, se tal �� o seu desejo; o pobre pode trabalhar e prover honrada-

mente ��s suas necessidades; e ambos, faltos de outras condi����es, podem,

por seu modo, gozar de certa felicidade.

I 188 I

��, pois, necess��rio fazer o poss��vel para conservar a sa��de, se a pos-

sui; e quando a n��o tiver, procurar todos os meios razo��veis, principal-

mente os da higiene, para a recobrar.

E todavia a sa��de, por mais importante que seja, n��o ��, como se pen-

sa geralmente, a condi����o mais importante para a felicidade, pois h�� um

grande n��mero de doentes que, apesar dos seus sofrimentos, reconhe-

cem que n��o s��o infelizes. Isso �� devido, sem d��vida, �� sua resigna����o,

paci��ncia, coragem e alegria; em resumo: ao seu modo de conceber a feli-

cidade.

3. A bondade �� uma das condi����es indispens��veis �� felicidade.

Dando a m��o fraternalmente a todos os homens, tanto ao rico como

ao pobre, sem distin����o de cren��a, idade ou sexo, a bondade domina as

consci��ncias elevadas e penetra-as inteiramente.

Aquele que �� bom, goza constantemente de uma imensa felicidade,

que aumenta todas as vezes que ele acrescenta um benef��cio ��queles que

j�� prodigalizou anteriormente. Pode-se ainda afirmar que a bondade faz

brotar a felicidade de nossos passos e que quanto mais honestos nos tor-

narmos, mais felizes nos faremos; e, inversamente, quanto mais maldo-

sos, tanto mais infelizes. Ser bom para o pr��ximo �� semear a felicidade

para si, mesmo quando se colher unicamente ingratid��o, pois a verdadei-

ra bondade deve ser colocada acima das pessoas a que servimos. Embo-

ra esque��amos o servi��o prestado, o prazer que auferimos pelo benef��cio

que fizemos n��o se apaga jamais.

Dizem que a bondade n��o �� acess��vel a todos, pois a pessoa a traz

consigo, quando nasce. Realmente. Nascemos com aptid��es, faculdades,

qualidades ou defeitos que s��o a conseq����ncia inevit��vel dos atos bons

ou maus que praticamos nas exist��ncias passadas. Como, por��m, com os

progressos da evolu����o, todos os indiv��duos se aperfei��oam e devem tor-

nar-se bons, a bondade reside em estado latente no fundo de todas as

consci��ncias, mesmo as menos desenvolvidas; e, como todas as faculda-

des, ela pode ser cultivada e desenvolvida.

4. Compreende-se agora que a felicidade n��o se acha completamente

na fortuna, nos prazeres mundanos, nem mesmo na sa��de; reside, sobre-

tudo, no modo de conceb��-la. Depende da bondade, da paz do cora����o, da

tranq��ilidade de esp��rito, de certa estabilidade econ��mica e uma vida sim-

ples e isenta de preocupa����es que n��s pr��prios criamos.

I 1 8 9 |

A ocupa����o do esp��rito por pensamentos e projetos ��teis aos outros,

o trabalho manual, s��o ��teis a todos, pois �� no trabalho e na satisfa����o

do dever cumprido que se acha uma das fontes principais da felicidade.

�� o que quer dizer o prov��rbio latino: Hominis labor primum virtus (O

trabalho �� a primeira virtude do homem).

Devemos meditar para discernir o que �� poss��vel do que n��o ��, limi-

tar nossas aspira����es, a fim de nos certificarmos antecipadamente de po-

der realiz��-las.

5. No estado atual de nossa evolu����o o sofrimento �� um mal neces-

s��rio. �� a sombra que faz ressaltar a beleza da luz.

H�� poucos homens entre os que chegaram ao fim que tiveram em

mira, que n��o tenham sofrido dissabores, priva����es e mis��ria. Pergunte-

lhes isto! Todos lhe dir��o que o sofrimento que passaram lhes fez com-

preender hoje toda a import��ncia de sua felicidade. Toda medalha tem

seu reverso; n��o h�� verdadeira alegria sem amarguras. O prazer afrouxa,

a alegria prolongada cansa.

Contrariamente, a dor ��� que n��o mata as pessoas bem equilibradas

��� fortifica o car��ter e abre ao destino horizontes novos.

N��o procuremos o sofrimento, mas quando nos atingir, aceitemo-lo

corajosamente como se o merec��ssemos; comparemo-nos, ent��o, com os

que est��o acabrunhados sob o peso de sofrimentos maiores e, esperando

pacientemente que a calma se restabele��a, consideremo-nos como sufi-

cientemente felizes.

6. Postos no mesmo meio, todos os indiv��duos n��o o v��em de ma-

neira id��ntica.

Certos indiv��duos podem olhar o mal, sem o ver, ao passo que ou-

tros o v��em por toda a parte, mesmo onde n��o est��.

O bem ou o belo lhes escapa quase completamente. Os primeiros,

que atingiram certo grau de desenvolvimento, s��o felizes; os segundos,

que s��o pobres retardados, n��o conhecem a felicidade verdadeira.

N��o �� o que olhamos que nos impressiona, mas o que somos susce-

t��veis de perceber e, sobretudo, de compreender.

Procurem os infelizes dirigir a corrente de seus pensamentos para o

bem, para o ��til, para o belo, que chegar��o, pouco a pouco, a atingi-los

e a felicidade que lhes fugia vir�� ao seu encontro porque se far��o capa-

zes de a apreciar e, sobretudo, de a merecer.

I 190 I

7. Se quisermos ser felizes, n��o percamos ocasi��o de fazer o bem.

Portemo-nos um pouco segundo nossa raz��o, mas, sobretudo, conforme

a intui����o que d�� a reflex��o meditativa, e n��o segundo o sentimento, pois

este nos escraviza a pessoas e coisas que nos rodeiam.

Evitemos, pois, o sentimentalismo; levemos socorro ao doente e ao

ferido, animando-o; fa��amos a esmola ao pobre, antes mesmo que ele nos

estenda a m��o. Depois, afastemo-nos dele e n��o pensemos mais nisso,

pois apiedando-nos de sua sorte, despendemos energia ao mesmo tem-

po que somos mais desastrosos do que ��teis.

Termino este cap��tulo oferecendo ao leitor uma lista de pensamen-

tos de alguns mestres. Espero que o suave perfume que espalham inebrie

a sua alma e acabe por gravar em sua mem��ria as afirma����es. Estas fo-

ram por mim vividas antes de as apresentar aos leitores.

A arte de ser feliz �� enriquecer-se cada dia por um benef��cio; n��o h��

felicidade maior que a bondade. ��� Juliette Adam.

A ci��ncia da felicidade �� amar seu dever e procurar nele o prazer. ���

Condessa Dash.

Muito se disse do meio de fazer a vida feliz. A f��rmula �� simples: ���

saber fazer-se amar. ��� H. de la Pommeraye.

A felicidade pertence ��quele que faz aos outros felizes. ��� Delille

Voc�� ficar�� contente com a vida, se dela fizer um bom uso. ��� Renan.

N��o faz o homem a sua felicidade, a n��o ser ocupando-se da de ou-

trem. ��� Bernardin de Saint-Pierre.

A felicidade �� um sentimento do bem. ��� Volney.

A felicidade �� a sa��de da alma. ��� Berth��lemy.

A felicidade depende mais das afei����es que dos sucessos. ��� Mme.

Roland.

A felicidade �� necessariamente a partilha exclusiva da verdadeira

virtude. ��� Cabanis.

Toda felicidade �� feita de coragem e de trabalho. ��� Balzac.

A felicidade n��o est�� em possuir muito, mas no esperar e amar mui-

to. ��� Lamenais.

O grande segredo da felicidade �� estar contente consigo mesmo. ���

J. Janin.

A felicidade �� sentir que a sua alma �� boa. ��� J. Joubert.

I 1 9 1 I

A felicidade depende menos das circunst��ncias que do car��ter. ���

E. de Girardin.

O homem faz a sua felicidade como a abelha, o seu mel. ��� Deschanel.

A felicidade �� um efeito da sabedoria, mais do que um presente do

destino. ��� L. de Veuillot.

A felicidade n��o consiste no adquirir e gozar, mas em n��o desejar,

pois ela baseia-se na liberdade. ��� Ep��teto.

Ser feliz �� ver, sem inveja, a felicidade dos outros e, com satisfa����o,

a felicidade comum. ��� Bossuet.

Um grande obst��culo �� felicidade �� esperar por uma grande felici-

dade. ��� Fontenelle.

O prazer �� uma situa����o, a felicidade um estado. ��� Duelos.

�� em v��o que o homem procura ao longe sua felicidade, quando des-

cura cultiv��-la em si mesmo, pois ainda que venha de fora, n��o pode fa-

zer-se sens��vel sen��o quando se acha dentro de uma alma que saiba

goz��-la. ��� J . J . Rousseau.

O prazer pode apoiar-se na ilus��o, mas a felicidade assenta na ver-

dade. ��� Chamfort.

Nem o ouro, nem a grandeza nos fazem felizes. ��� La Fonta��ne.

Procuro a minha felicidade na de outrem. ��� Corneille.

Provam-se gostos diversos

Em diferentes idades:

Prazer �� felicidade dos loucos.

Felicidade �� o prazer dos s��bios.

Boufjlers.

A felicidade nasce, muitas vezes, do seio da pr��pria desgra��a.

��� M. J. Ch��nier.

Uma felicidade constante torna-se insuport��vel. ��� Du Houssaye.

Pe��a �� virtude o segredo da felicidade. ��� V. Hugo.

O prazer faz crer na felicidade. ��� B��ranger.

A felicidade �� o fim a que todo mortal aspira. E a ela s�� nos pode le-

var o caminho dos bons costumes. ��� Ducis.

I 1 9 2 |

12

Higiene

N��o �� realmente �� medicina, mas �� higiene que o homem deve recorrer

para se desembara��ar da maior parte dos males que o atormentam e, so-

bretudo, para os evitar, pois o m��dico �� t��o impotente para curar os ou-

tros como a si mesmo.

A sa��de n��o se compra por receitas mas adquire-se por merecimento.

A nossa for��a, os nossos meios de ��xito est��o sob o controle

imediato da nossa raz��o, e �� numa higiene bem compreendida que

devemos achar n��o s�� o meio de viver cem anos, mas felizes e bem

dispostos.

Esse breve cap��tulo, cuja parte maior constitui o resumo do que o

precede, n��o tem quase raz��o de ser para os que j�� adquiriram certo grau

de desenvolvimento, pois estes j�� compreenderam qual a linha de con-

duta que devem observar na vida. N��o o escrevo sen��o para aqueles que,

atrasados no caminho da felicidade, t��m firme vontade de avan��ar mais

depressa. Divido-o em higiene f��sica e higiene moral.

HIGIENE F��SICA

O homem deve sempre sujeitar-se ��s regras ordin��rias da natureza,

regras que nos s��o suficientemente indicadas por toda parte.

Aqueles que n��o as conhecem suficientemente poder��o tomar exce-

lentes exemplos da observa����o dos animais.

I 1 9 3 I

Em todos os casos, conv��m abster-se de pr��tica antinatural inven-

tada por interessados sob o mentiroso pretexto de aumentar nossas for-

��as e riquezas materiais.

Tanto quanto poss��vel, deve o homem deitar-se cedo, depois de um

dia bem preenchido pelo trabalho, e levantar-se, na medida do poss��vel,

a horas regulares e sempre as mesmas segundo as esta����es. Segundo a

natureza do trabalho, temperamento, estado de sa��de, a dura����o do so-

no do adulto deve ser compreendida entre seis e nove horas.

�� bom habituar-se a dormir com a janela aberta, tanto no inverno

como no ver��o, em um quarto bem arejado, pois nossos pulm��es neces-

sitam de ar puro e suficientemente renovado.

Veja-se, para melhor orienta����o, o cap��tulo da Respira����o profunda.

As refei����es devem ser tomadas a horas regulares. �� preciso comer

lentamente, mastigando muito bem os alimentos.

N��o ler �� mesa, nem discutir apaixonadamente; e, tanto quanto pos-

s��vel, escolher para a conversa����o (que n��o deve ser muito ativa) assun-

tos interessantes e alegres.

N��o comer nunca sem ter fome, e deixar a mesa com algum apetite,

pois n��o �� a quantidade de alimentos que nutre, mas a qualidade deles.

Uma alimenta����o leve conv��m melhor �� maioria das pessoas, sobre-

tudo aos que se d��o a trabalhos intelectuais.

O regime vegetariano �� excelente para alguns, ao passo que o abu-

so de carne prejudica a maioria.

Um regime misto muito bem compreendido, suficientemente varia-

do, �� o mais proveitoso para todos. Em todos os casos, consulte cada qual

o seu gosto e a sua experi��ncia, pois o alimento que se toma com satis-

fa����o, digere-se com facilidade e fornece materiais ��teis �� assimila����o pa-

ra manter convenientemente o organismo.

O melhor elixir de longa vida �� a frugalidade e a sobriedade; em to-

dos os casos conv��m evitar os aperitivos e digestivos, como evitamos os

venenos, e considerar o ��lcool como um medicamento ��til, mas muito

prejudicial na maioria das vezes.

Diz Mulford: "O estado do seu mental durante as refei����es �� muito

mais importante do que o alimento que voc�� ingere, por mais agrad��vel

que seja. Ao comer, voc�� incorpora em seu eu espiritual os pensamentos

que ocupam seu c��rebro naquele momento. Se os pensamentos s��o col��-

I 1 9 4 I

ricos, sombrios, desanimadores, irresolutos, odiosos ou se voc�� come com

precipita����o e impaci��ncia, voc�� assimila essa forma do mal e ela torna-se

parte integrante de voc�� mesmo. Seu alimento torna-se, assim, o meio ma-

terial que lhe traz a for��a nociva. Ele pode ser substancioso, mas se seu es-

tado mental �� m��rbido, o alimento n��o ser�� sen��o um canal de elementos

nocivos. Comer com calma, serenidade e tranq��ilidade no meio da mais

s�� e agrad��vel conversa����o, proporciona pensamentos salutares". (Nossas

For��as Mentais)

Conv��m, sobretudo, n��o esquecer que, desejando o homem melho-

rar a si mesmo ��� purificar-se segundo a express��o teos��fica ��� deve evi-

tar nutrir-se de alimentos pesados, carnes, e sobretudo quando n��o

est��o muito frescas, e que, se deseja dominar as paix��es, �� necess��rio

abandonar as subst��ncias que incitam esses sentimentos. Assim, aque-

le que quer moderar os excessos do amor f��sico, deve evitar os alimen-

tos afrodis��acos.

O ar e a luz solar s��o alimentos t��o indispens��veis como os que in-

gerimos pela boca.

Aqueles que trabalham em recintos fechados devem fazer, diaria-

mente, exerc��cios ao ar livre e procurar p��r os m��sculos em atividade. A

nata����o, o remo, a patina����o, a gin��stica, o ciclismo, os jogos e passeios

ao sol, as distra����es em geral, e sobretudo a marcha regular, tonificam o

corpo e o esp��rito; mas o excesso fatiga inutilmente ou leva �� dissipa����o

e esta conduz ao v��cio.

O aspecto pessoal deve ser bem cuidado. Evitando o desleixo assim

como as ostenta����es sup��rfluas, devemos vestir-nos com dec��ncia, sem

esnobismo e sobretudo sem extravag��ncia. As roupas devem ser c��mo-

das para n��o oporem obst��culos aos movimentos. O modo de nos trajar-

mos deve ser tal que nos sintamos bem confortados no inverno e n��o

muito despidos no ver��o.

Uma casa clara, alegre, bem arejada e espa��osa, sobretudo na cida-

de, se os nossos recursos o permitirem, contribui grandemente para a

nossa sa��de e felicidade.

O asseio meticuloso do corpo, do vestu��rio e da resid��ncia �� condi-

����o absolutamente indispens��vel.

Muitas dores de cabe��a e outras mol��stias de causa ignorada s��o de-

vidas �� a����o t��xica de certos odores.

I 1 9 5 I

Nada aromatiza t��o bem como uma pessoa robusta e s��. Os perfumes

n��o devem ser usados sen��o para corrigir odores malignos e profissionais.

Em plena sa��de, s�� se deveriam perfumar os vendedores de peixe e

queijos, quando sa��ssem do seu of��cio.

Voc�� n��o deve ser influenci��vel demais, mas obede��a aos menores

avisos dados pelos seus ��rg��os sob forma de dor ou mal-estar.

Procure a causa desse sofrimento e trate de suprimi-la; para isso, os

meios mais simples s��o quase sempre os mais eficazes.

Redobre os cuidados higi��nicos, empregue a automagnetiza����o, a

magnetiza����o de um conhecido e apele mesmo para um amigo simp��tico.

Quando deixamos um mal-estar transformar-se em doen��a e, sobre-

tudo, quando esta se fez cr��nica h�� muito tempo, conv��m muita paci��n-

cia para nos desembara��armos dela e, neste caso, nos ser�� de grande

vantagem a ajuda de um magnetizador profissional.

Para possibilitar �� maioria desses doentes tratarem-se sozinhos, re-

digi, num estilo simples e conciso, ao alcance de todos, monografias re-

lativas ao tratamento da maior parte dos casos. Esses estudos foram

publicados num pequeno volume ilustrado, na cole����o Pour combattre...

pela Librairie du Magn��tisme.

Se formos v��timas de um acidente ou bruscamente afetados de mo-

l��stia aguda, �� preciso chamar imediatamente o m��dico, pois, neste ca-

so, sobretudo para a fam��lia, �� bom que o paciente seja cientificamente

tratado segundo ritual da Faculdade.

N��o deve mesmo ser desagrad��vel ao doente, sobretudo quando n��o

pode fazer outra coisa, morrer doutoralmente conforme as regras da arte.





HIGIENE MORAL


N��o fazer aos outros o que n��o queremos que nos fa��am. Para bem

se compenetrar do alto valor deste preceito, remeto-lhe ao cap��tulo 2 da

segunda parte.

Os maus h��bitos e as paix��es constituem obst��culos quase insupe-

r��veis ao desenvolvimento da personalidade magn��tica. Conv��m, pois,

p��r toda a sua aten����o na resolu����o bem firme de se desembara��ar des-

ses sentimentos o mais cedo poss��vel.

Se n��o o conseguir pelo racioc��nio e pelo poder da vontade, empregar

a auto-sugest��o (rever este cap��tulo) e mesmo a absor����o da energia.

I 196 |

N��o cobice o ouro do rico nem a ci��ncia do s��bio, que d��o raramen-

te a felicidade. O bem mais precioso �� a influ��ncia pessoal que, empre-

gada com amor e desinteresse, assegura o bem-estar e garante a sa��de

f��sica e moral.

N��o seja arrogante nem orgulhoso, mas conserve a nobre e modesta

altivez que d�� o sentimento da for��a real. Conv��m sobretudo que voc�� se-

ja digno e n��o descaia �� humildade, pois a humildade exagerada conduz

�� baixeza e esta obriga a rastejar aos p��s dos outros, e os que rastejam es-

t��o sempre mais expostos ��s brutalidades da sorte do que os demais.

N��o aceite o prazer sen��o quando o quiser e n��o o queira sen��o

quando for necess��rio, pois se o abra��a a cada passo que se apresenta, vo-

c�� malbarata inutilmente as suas for��as.

��, portanto, necess��rio que voc�� absorva a for��a de um desejo que

voc�� n��o deve satisfazer, para empreg��-la segundo as necessidades, co-

mo o expliquei no cap��tulo precedente.

�� indispens��vel que voc�� se domine, refreando as suas paix��es, pois

n��o podemos governar os outros se n��o o fazemos com n��s mesmos.

A alegria, a esperan��a e a confian��a em si pr��prio originam o amor

�� vida e este �� a alma da sa��de f��sica e moral.

Conv��m, ent��o, utilizar os meios precedentemente indicados para

expulsar a tristeza, a desesperan��a e o des��nimo, que conduzem ao in-

sucesso e �� desgra��a.

O homem cuja personalidade magn��tica �� desenvolvida a um certo

grau tem, muitas vezes, necessidade da solid��o para meditar e p��r-se

mais facilmente em contato com as for��as superiores da natureza; mas a

maior parte das pessoas deve procurar a sociedade, possuir muitas rela-

����es, com a condi����o de fazerem uma escolha rigorosa, pois n��s absor-

vemos o pensamento dos outros e nos influenciamos facilmente, sem o

perceber, por suas qualidades e principalmente por seus defeitos.

Muito ganhamos em nos relacionar com pessoas mais adiantadas do

que n��s, ao passo que nos prejudicamos consideravelmente em conviver

com pessoas menos evolu��das, a menos que nos ponhamos em estado de

expans��o, para nos defender, consoante o que j�� disse no fim do cap��tu-

lo intitulado Sugest��o e auto-sugest��o.

Devemos procurar ver coisas alegres, evitar o mais poss��vel as coi-

sas feias e n��o aceitar nunca convites de pessoas que nos s��o antip��ticas.

I 1 9 7 I

Devemos ser dignos em rela����o a todos; mas nas rela����es sociais n��o

nos devemos absorver. Sem termos a pretens��o de dirigir as sociedades,

devemos retirar-nos daquelas em cujo meio n��o poder��amos tomar qual-

quer iniciativa, a menos que nela ingressemos exclusivamente para edu-

car-nos.

A discri����o �� uma qualidade indispens��vel ao desenvolvimento da

personalidade magn��tica, pois se algu��m conhecesse o fim que voc�� per-

segue, desconfiaria de voc�� e esta desconfian��a poderia neutralizar o seu

poder.

Por outro lado, o p��blico deve ignorar geralmente nossos desejos,

inten����es, planos e des��gnios, pois, sendo-lhe comunicados, perderemos

primeiro toda a for��a e, em seguida, podem ser realizados por outrem em

nosso detrimento.

N��o devemos nos esquecer jamais de que o segredo constitui um

dos arcanos da magia antiga, e ocultistas modernos atribuem-lhe a mes-

ma import��ncia.

N��o conv��m, todavia, guardarmos tudo para n��s; mas confiar t��o-

somente em amigos leais, mais evolu��dos que n��s e que nos poderiam

ajudar com suas experi��ncias e conselhos.

N��o procure louvores e menos ainda lisonjas, pois todo lisonjeador

vive �� custa daquele que o escuta.

Quando um vaidoso se comove pela adula����o, uma corrente men-

tal se estabelece entre ele e o adulador; e o adulador �� o que ganha a for-

��a perdida por sua v��tima. N��o procure cumprimentos: procure antes os

conselhos do que os louvores.

"A f�� remove montanhas" ��� pois ela p��e precisamente o crente no

estado desejado para agir por si mesmo com efic��cia.

Aqueles que t��m a f�� religiosa devem conserv��-la procurando orien-

t��-la para o desenvolvimento de sua personalidade; os esp��ritas, que

cr��em na interven����o dos seus bons esp��ritos, devem continuar a evoc��-

los, e aqueles que n��o cr��em em nada, devem acreditar, pelo menos, nas

suas possibilidades e no desenvolvimento de suas pot��ncias pessoais. E,

para isso, n��o encontrar��o dificuldades. Que ponham, pois, m��os �� obra

e logo obter��o alguns resultados satisfat��rios e, �� medida que estes forem

aumentando, lhes ir�� tamb��m crescendo a confian��a no poder pessoal e

a f�� n��o lhes tardar�� a chegar.

I 1 9 8 I

T��mida e fraca no in��cio, ela se desenvolver�� progressivamente e po-

der�� tornar-se bastante forte para realizar verdadeiros prod��gios.

O conhecimento e o respeito de si mesmo, rigorosamente regulados

pela raz��o, constituem uma pot��ncia soberana.

Forte �� aquele que bem se conhece e mant��m-se simples, modesto

e digno.

Sejamos sobretudo pr��ticos, principalmente quando nos ocupamos

dos neg��cios.

N��o desprezemos os m��todos racionais; prefiramos sempre os

meios l��gicos, honestos e l��citos.

Saibamos limitar as nossas aspira����es.

N��o nos aferremos aos bens da Terra, os quais, n��o s�� s��o passagei-

ros e fugazes, mas ainda podem, de uma hora para outra, ser-nos tirados.

Renunciemos e tratemos de adquirir a grandeza de alma, a nobreza

da intelig��ncia e a bondade de cora����o, que s��o indestrut��veis e, como

promete o Evangelho, o resto vir�� por acr��scimo.

Esforcemo-nos por compreender tamb��m que, sob modestas apa-

r��ncias, o indiv��duo que consideramos algumas vezes como um homem

pobre, pode ser (em bens verdadeiros) mais rico do que a maior parte

dos milion��rios.

Devemos evitar a c��lera, pois ela constitui uma for��a terr��vel que

produz sempre efeitos destruidores, primeiro sobre n��s, depois sobre

aqueles que nos rodeiam.

Quais condi����es a preencher para ser forte e chegar ao cumprimen-

to de suas aspira����es?

Conv��m, antes de tudo, que saibamos o que queremos e quer��-lo

realmente; que nos conven��amos de que, se o desejo �� l��gico, razo��vel e

leg��timo, poderemos realiz��-lo num tempo mais ou menos longo. O ��xi-

to nos pertence.

O homem que, no cumprimento de sua profiss��o, p��e nela diaria-

mente toda a sua intelig��ncia, consci��ncia e vontade, chegar��, sem ne-

nhuma d��vida, a desempenh��-la com perfei����o e a achar nela grande

satisfa����o, quaisquer que sejam os obst��culos que deparar pela frente.

O autodom��nio possui por si mesmo consider��vel import��ncia. Os

gritos, as amea��as, os gestos representam j�� uma energia esfacelada; a c��-

lera �� o maior sinal de fraqueza. O s��bio sempre foi representado sob as

I 199 I

apar��ncias de uma grande calma. O homem que conserva uma atitude

firme, calma e pac��fica quando aparece num meio revoltado, leva j�� uma

impress��o de repouso, tranq��ilidade e conforto, que vai aumentando ��

medida que a sua presen��a se prolonga. Este homem inspira algumas ve-

zes o temor, mas sempre imp��e respeito.

Muitos se queixam de ac��mulo de trabalho e n��o sabem como o far��o.

Vendo-os em suas agita����es, podemos perguntar se eles podem real-

mente cumprir, sem sofrimentos, os seus m��ltiplos trabalhos.

N��o �� a soma do trabalho a cumprir, por mais consider��vel que se-

ja, que os fatiga. Muitos dias antes de come��ado o per��odo de atividade

mais intensa que os desgosta, j�� se assustam e se inquietam. Desempe-

nhar��o a sua tarefa? N��o se achar��o faltos de for��as de modo a n��o po-

derem desempenhar bem o seu dever? Terminar��o a tempo?

Em lugar de distribuir seu trabalho metodicamente, o que os tran-

q��ilizaria plenamente, na generalidade dos casos, deixam errar o pensa-

mento e, com o esp��rito j�� fatigado, mal dispostos, p��em m��os �� obra.

Pensando a cada instante nas obriga����es que devem cumprir em um pe-

r��odo determinado, esgotam-se por uma atividade interior multiplicada

e s�� d��o de si fracas manifesta����es exteriores.

Este resultado �� ainda perturbado pelo fato de que o pensamento do

trabalho a cumprir preocupa o do trabalho atual e leva-nos de um traba-

lho a outro desordenadamente, sem discernimento, o que aumenta ain-

da a afli����o do inacabado e o sofrimento produzido pela verifica����o de

uma diminui����o de capacidade.

Fazer uma coisa por vez �� ter todo o seu pensamento voltado para

essa coisa, como se as demais n��o existissem. Tendo o homem estabele-

cido, na v��spera ou de manh��, o programa do dia, sabe que os trabalhos

chegar��o cada um em sua hora. �� preciso n��o apenas concentrar-se na

tarefa presente, mas ainda faz��-la sem pressa, pois uma relativa lentid��o

�� a condi����o requerida para realiz��-la depressa e bem, sobretudo se a ta-

refa �� complicada.

Para isso deve o leitor meditar sobre o cap��tulo 4 da segunda parte.

A atividade �� indispens��vel; dizem, e com raz��o, que o movimento

�� a vida.

Para desenvolver suas for��as e abrir para si um caminho, deve o ho-

mem procurar a atividade, trabalhar muito e n��o temer a luta.

I 200 I

N��o temer dar de si mesmo, pois quanto mais gastarmos for��as,

mais receberemos outras novas e, quanto mais doarmos de n��s, melhor

nos sentiremos. �� esta a raz��o por que quase todos os grandes magneti-

zadores, que consagraram sua vida ao bem de seus semelhantes, acaba-

ram felizes, atingindo idade avan��ada.

N��o sejamos avaros nem dissipadores; mas se voc�� tiver grandes lu-

cros, d�� largamente.

Em todos os casos, fa��amos o poss��vel para aliviar a mis��ria dos que

nos rodeiam, sem lastimar sua sorte.

Aquele que �� realmente forte, n��o censura a ningu��m nem se quei-

xa de nada.

N��o deve jamais falar de si como de algu��m importante que sabe

tudo.

Quando falhar num projeto, ele deve estudar um novo, medit��-lo

mais profundamente a fim de alcan��ar um ��xito completo quando fizer

outro projeto.

Todos n��s somos solid��rios; �� por isso que devemos prote����o e au-

x��lio uns aos outros.

Somos membros da mesma fam��lia e todos destinados a chegar, ce-

do ou tarde, ao mesmo fim.

Todos seguiremos o mesmo caminho de evolu����o; mas n��o somos

igualmente evolu��dos.

Enquanto uns est��o mais perto do cume, outros, mais jovens e re-

tardat��rios, est��o ainda longe dele.

Os primeiros nos auxiliam como foram auxiliados por seus anteces-

sores, e n��s, pelo menos aqueles que precedem os ��ltimos, devem esten-

der-lhes a m��o, pois n��o nos esque��amos de que no caminho, seguimos

uns, e outros nos seguem com maior ou menor dificuldade, que pode-

mos, de algum modo, suavizar.

Amemos a vida, tornando-a t��o agrad��vel quanto poss��vel e trate-

mos de prolong��-la assim, pois �� sobretudo em nossa passagem atrav��s

da mat��ria f��sica que evolu��mos.

Mas, quando a ��ltima hora soar e os ��rg��os que servem de vestimen-

ta ao ser real estiverem gastos, deixemo-los com alegria, lembrando-nos

de que a vida atual �� apenas um degrau da imortalidade, um degrau da

intermin��vel escada que devemos subir e de que, depois de um tempo de

I 201 |

repouso, renascemos em condi����es tanto melhores quanto tivermos fei-

to para merec��-las.

Resta-me acrescentar algumas reflex��es interessantes, que foram

expressas por autores conhecidos e apreciados:

Querer bem, querer muito, querer sempre, sem jamais cobi��ar nada, tal

�� o segredo da for��a. �� este o arcano m��gico que Tasso p��e em a����o na pes-

soa dos dois cavalheiros que v��m libertar Renaut e destruir os encanta-

mentos de Armida. Esses her��is resistem tanto aos amores das Ninfas mais

encantadoras como aos mais terr��veis animais ferozes. Assim �� que ficam

sem desejos e sem temores e chegam ao seu fim. ��� ��liphas Levi (Dogma

e Ritual da Alta Magia)

Se desejar progredir no caminho da perfei����o, aprenda a amar.

Ame o que �� elevado e voc�� ser�� atra��do para o que for elevado.

Devemos amar em cada homem a humanidade e n��o a personalidade.

Se voc�� desprezar algu��m, desprezar�� a si mesmo, pois aquele que nota de-

masiadamente os erros dos outros, possui em si mesmo os elementos des-

ses erros. ��� Hartmann (A Magia)

O amor �� o elemento mais necess��rio para a conserva����o da vida. Sem

este elemento, n��o h�� possibilidade de vida e, se um homem cessa de amar

a vida, cessa de viver. Amar uma vida mais elevada, conduz o homem a

uma posi����o mais elevada; amar um estado inferior, f��-lo descer ao que ��

degradante. ��� (Idem)

N��o tomamos as coisas pelo que s��o a n��o ser quando queremos agir.

O selvagem n��o v��, na Minerva esculpida, sen��o um curioso peda��o de

rocha, e um belo quadro n��o ��, para ele, sen��o uma tela com borr��es de

v��rias cores.

O avaro, olhando as belezas da natureza, pensa somente em seu valor

monet��rio, ao passo que, para o poeta, a floresta regorgita de fadas e a ��gua

est�� cheia de Ondinas.

O artista v�� belas formas nas nuvens, nos rochedos e nas montanhas e,

para as naturezas po��ticas, cada s��mbolo da natureza torna-se um poema

e sugere-lhe id��ias novas.

Quanto ao vil��o, que atravessa a vida com ar sombrio, este v��, em todos

os cantos, um inimigo e n��o acha nada de atraente, salvo a sua pessoa.

O mundo �� um espelho em que cada homem pode ver o seu pr��prio re-

flexo.

��quele que tem uma bela alma, o mundo parece belo; ��quele que a tem

disforme, tudo parece feio. ��� (Idem)

I 202 I

O dinheiro representa o princ��pio de equidade e deve ser usado de mo-

do a fazer todos aptos a obterem o justo equivalente de seu trabalho.

Se desejamos mais dinheiro que o que nos �� necess��rio, apetecemos coi-

sas que n��o nos pertencem, mas sim a outrem.

Se pedimos a algu��m um trabalho e n��o lhe pagamos o equivalente, pri-

vamo-lo da justi��a e, ent��o, nos privamos da verdade, que �� uma perda

muito mais s��ria que a do dinheiro para aquele a quem enganamos. ���

(Idem)

A melhor educa����o a dar aos jovens e mesmo aos velhos, n��o �� repreen-

d��-los, mas conduzir-se �� vista deles segundo os princ��pios que se deseja-

ria ensinar-lhes. ��� Plat��o

O primeiro passo para o bem �� n��o fazer o mal. ��� J . J. Rousseau.

A alma do lar �� doce e benfeitora para os que lhe atribuem amor e res-

peito. ��� O. Gr��ard

Por toda parte e sempre, a natureza tende a favorecer as fortes indivi-

dualidades. Aquele que trabalha para cultivar uma individualidade em si

ou em outros, n��o encontra jamais verdadeiros obst��culos. ��� V. Morgan

O que �� a vida? ��� Sonhos em um sonho.

Desperta o homem a cada passo, at�� ao t��mulo, despertar supremo. ���

Walter Scott

I 203 I

13

Conclus��o

Haveria ainda muito que dizer; mas os grandes programas n��o s��o sem-

pre os melhores e o que precede bastar�� certamente para a maior parte

dos que querem desenvolver, seriamente, sua personalidade magn��tica.

�� com esta convic����o que termino este trabalho.

Tenho absoluta certeza de n��o ter perdido o tempo que consagrei a

redigi-lo, pois tenho a intui����o de que ele ser�� de proveito aos que, com

paci��ncia, o estudarem, mesmo aos que n��o se julgam capazes de fazer

o menor esfor��o.

Ele ter�� um alcance consider��vel para os que s��o j�� suscet��veis de

fazer inteligentemente ato de vontade, e ser�� uma verdadeira revela����o

para os que se elevarem pouco acima do comum dos homens, pois ele

lhes indica meios simples e pr��ticos que nem mesmo supunham existir.

Abre-lhes vias retas e seguras que n��o seguiam ��� vias claras que o leva-

r��o �� felicidade mais rapidamente que as que trilhavam at�� ent��o.

Magnetismo Pessoal n��o �� um livro que se l�� como um romance. ��

uma obra de se ter �� cabeceira, digna do estudo atento e meditado, pois

as grandes verdades que cont��m n��o podem ser imediatamente com-

preendidas por todos em sua simplicidade.

Relendo-o, compreendem-se certas demonstra����es que nos haviam

escapado; as partes obscuras se esclarecer��o; e, relendo-o, poder-se-�� ler

nas entrelinhas alguns pensamentos que n��o pude exprimir por falta de

espa��o.

I 205 I

Um ��ltimo conselho ao leitor, antes de o deixar.

Dois m��todos se tiram do ensino precedente: um passivo, que con-

siste em desenvolver, ao mesmo tempo, todas as suas faculdades, para se

tornar magn��tico na acep����o pr��pria do termo, isto ��, suscet��vel de atrair

naturalmente as boas coisas e repelir as m��s, mas sem fazer nada de es-

pecial para isso, outro ativo, que consiste em cultivar uma ou v��rias fa-

culdades, com o fim de obter vantagens determinadas, por exemplo, a

fortuna, o dom��nio, as satisfa����es do amor f��sico, o poder de produzir es-

te ou aquele fen��meno estranho.

O primeiro m��todo �� prefer��vel ao segundo, pois n��o deixa lacunas

em nosso desenvolvimento e permite-nos estar mais bem armados para

a luta que travamos constantemente.

Com o primeiro, aquele que n��o perdesse de vista a id��ia de seu de-

senvolvimento completo e que, para isso, consagrasse regularmente

uma hora, todos os dias, a exerc��cios escolhidos e inteligentemente exe-

cutados, obteria resultados prodigiosos que aumentariam ainda de ano

em ano.

Aquele que o quisesse seriamente, seria completamente senhor de

seu corpo e de seu esp��rito; sua atividade redobraria e sua energia aumen-

taria o bastante para torn��-lo quase infatig��vel.

Se ele n��o chegasse �� fortuna, poderia estar certo de possuir sempre

c��modos recursos; tornando-se rico, ficaria senhor de suas riquezas e

n��o se escravizaria jamais a elas. Ele levaria a bom termo tudo o que ten-

tasse fazer, tanto melhor e mais depressa, quanto menos despidos de

ego��smo fossem seus projetos.

Chegaria ao conhecimento intuitivo de todas as coisas, sem as ter

aprendido, a saber, �� primeira vista, o que se passa no ��ntimo da alma de

todas as pessoas com quem se relacionasse; poderia prever quase todos

os acontecimentos futuros.

Sempre respeitado por toda parte, n��o teria jamais inimigos; estaria

acima de todas as afli����es e desgostos; a doen��a n��o o feriria e a sua exis-

t��ncia prolongar-se-ia para al��m de um s��culo.

Chegado a uma certa idade, seria mais que um homem, pois teria

atingido o m��ximo de felicidade que se pode esperar no plano f��sico, e ul-

trapassado o m��ximo de humanidade que �� poss��vel ser atingido neste mo-

mento pela grande maioria dos homens.

I 2 0 6 I



N��o cultivando sen��o uma s�� faculdade, tornar-se-ia, logo, extraor-

dinariamente forte do ponto de vista do exerc��cio desta faculdade; mas

ficaria fatalmente med��ocre e mesmo inferior ao maior n��mero de seus

semelhantes quanto a outras faculdades.

�� assim que os faquires, que fazem prod��gios, s��o quase sempre se-

res miser��veis, mal-equilibrados no f��sico e pouco desenvolvidos do pon-

to de vista intelectual. Por outra parte, a maior parte dos s��bios de que a

ci��ncia se honra s��o, evidentemente, indiv��duos incompletos, possuindo

a sua ci��ncia, mas ignorando, muitas vezes, quase todas as outras.

Em todos os casos, o s��bio fora da sua roda �� quase sempre consi-

derado um homem original. ��, muitas vezes, pouco soci��vel e seu esp��ri-

to se acha fechado a todas as coisas que n��o s��o do dom��nio estreito e

limitado de seus conhecimentos.

Do ponto de vista do conjunto das faculdades humanas, �� uma es-

p��cie de desequilibrado tanto mais forte num determinado assunto,

quanto mais fraco na maior parte dos outros.

Tentei fazer compreender, pela figura 23, como este desequilibrado

se mostra em nossa irradia����o.

Fig. 23 ��� Irradia����o daquele que s�� desenvolveu uma faculdade.

I 207 I

Este desequilibrado leva-me, naturalmente, a dizer algumas pala-

vras a respeito do que se chama o homem de g��nio.

Lombroso e mais alguns antrop��logos consideraram o homem de

g��nio, n��o como um ser perfeito sob todos os pontos, mas como um ser

incompleto, uma manifesta����o anormal da esp��cie humana; como um

lun��tico, um desequilibrado, e mesmo uma esp��cie de louco.

O verdadeiro homem de g��nio �� perfeitamente equilibrado; n��o h��

lacunas em seu desenvolvimento, e podemos dizer que ele constitui o

homem perfeito, o homem que atingiu quase o ��ltimo grau de desenvol-

vimento a que podemos chegar em nossa condi����o atual.

Mas os homens desta natureza s��o extraordinariamente raros e qua-

se todos aqueles que se consideram g��nio n��o s��o realmente homens su-

periores sen��o em um ou dois pontos de vista; s��o apenas eruditos mais

ou menos distintos ou, se quiserem, meios-g��nios.

Eles cultivaram, com cuidado, uma faculdade, uma aptid��o que se

desenvolveu al��m da medida, ao passo que as outras ficaram estacion��-

rias ��� e, talvez, algumas atrofiadas! Do ponto de vista do conjunto das

faculdades mentais, n��o s��o equilibrados; e apesar de serem mais ou me-

nos felizes, est��o menos adiantados no caminho da evolu����o do que ou-

tros, que n��o atra��ram a aten����o geral.

A via que leva �� felicidade est�� tra��ada.

Ponha agora o leitor m��os �� obra com coragem e trabalho no desen-

volvimento de sua pot��ncia pessoal, pois deve saber que, para ter ��xito,

�� preciso ser forte.

O pregui��oso, o indolente, prejudica a si mesmo, n��o sabendo uti-

lizar as for��as que a natureza p��s �� sua disposi����o em toda parte.

Com o saber, que d�� o ensinamento precedente, ao inv��s de ficar ce-

gamente sujeito ao destino t��o implac��vel para alguns dentre n��s, o ho-

mem forte, o homem que sabe e quer, toma essas for��as e as utiliza para sua

satisfa����o, para a sua felicidade e para o seu desenvolvimento tanto inte-

lectual como moral.

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De: Reginaldo Mendes <





Olá, pessoal:
                   Este é mais um livro de nossa campanha de doação de livros e revistas  espíritas e não espíritas para atender aos deficientes visuais.
                   Agradecemos ao Irmão Fernando pela doação e  digitalização.
                    Pedimos não divulgar em canais públicos ou Facebook. Esta nossa distribuição é para atender aos deficientes visuais em canais específicos
"A  MAIOR CARIDADE QUE SE PODE FAZER É A DIVULGAÇÃO DA DOUTRINA ESPÍRITA. EMMANUEL"

O Grupo Allan Kardec lança hoje mais um livro  digital                    Desejamos a todos uma boa leitura !                                                                                                                                            
Magnetismo Pessoal -Heitor Durville 

Livro doado e digitalizado por Fernando José

Sinopse:
Magnetismo pessoal é um poder que todos  nós possuímos, é a verdadeira chave do segredo das pessoas triunfante e felizes


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