sábado, 29 de maio de 2021

{clube-do-e-livro} Sábado, O selo de Deus - Peter Paulo Goldschmidt

S�BADO, O SELO DE DEUS
Peter Paulo Goldschmidt

Dedico este livro:

A Deus

� Sandra, minha esposa, pelo seu incentivo e amor.

Ao Peter Erick e � Ingrid, meus filhos, por saberem esperar a hora certa de brincar.

� minha m�e, por ter me mantido no evangelho.

A todos que me auxiliaram na edi��o desta obra.


Nota do autor:

Esta obra foi totalmente escrita e revisada durante as horas do s�bado. Por esta raz�o, por ter sido ela escrita em horas que pertencem a Deus, o autor abriu m�o de todos os seus direitos, revertendo o dinheiro arrecadado com a venda, para a publica��o de mais exemplares.

Direitos de publica��o reservados a:
Peter Paulo Goldschmidt
Rua Fern�o Dias, 537 Jd. Cerejeiras
Atibaia - SP CEP 12940-000

Primeira Edi��o - 1999
Tr�s mil exemplares

Editora��o: ERKS
Capa: Lago Panglipulli - Chile
Foto: Peter Goldschmidt
Revis�o: Jos� Assan Alabi

para pedidos:
Escreva para:
Rua Fern�o Dias, 537 Jd. Cerejeiras
Atibaia SP CEP 12940-000
ou telefone para:
(011) 484 4669

Impresso no BrasiL
Printed in Brazil





�ndice


Pref�cio 8
Sobre a Salva��o 11
Os 10 mandamentos 13
Cap.1: A lei 17
Cap.2: A lei da liberdade 29
Cap.3: O S�bado 35
Cap.4: Jesus e o S�bado 41
Cap.5: Mudan�a para o Domingo 45
Cap.6: O selo de Deus 55
Cap.7: O d�zimo e o S�bado 65
Cap.8: Algumas perguntas 75
Cap.9: Tome uma decis�o 87
Cap.10: Como guardar o S�bado? 91
A lei de Deus no Novo Testamento 101

Pref�cio

Muito j� se escreveu sobre o S�bado e muito ser� ainda escrito sobre ele porque � o �nico dos Dez Mandamentos que foi mudado e, desde ent�o, defensores da manuten��o ou da mudan�a deste dia de descanso escreveram e escrever�o a respeito. N�o � de se estranhar, pois, que Peter Goldschmidt tenha resolvido tomar sua pena e trazer seus argumentos. Ele chegou a conclus�o de que, em assuntos de religi�o, ou seja, de re-liga��o com Deus , o �nico caminho certo e seguro � seguir a Palavra e os ensinamentos divinos.

Das minhas recorda��es das salas de aulas, lembro-me sempre de um detalhe marcante na vida do professor: sua capacidade de ensinar sob as mais variadas formas, porque, se o aluno n�o entende o assunto explicado de uma maneira, vai compreend�-lo quando for ensinado de outra e, nessas tentativas, o mestre se vai esfor�ando at� que a mente do aprendiz se abra para a verdade. Por que me lembrei disto? Muito simples. Porque Peter Goldschmidt argumenta sobre o S�bado de uma forma peculiar, a sua pr�pria, detendo-se num di�logo simples e claro sobre o tema. Seu estilo � mais uma tentativa de levar o homem a pensar sobre a import�ncia do dia de repouso crist�o.

Renato Emir Oberg

Antes de ler este livro,
fechando seus olhos, ore:

" Senhor Jesus,
tu sabes que eu te amo
e pretendo fazer a tua vontade;
por isto, ilumina-me com teu Esp�rito Santo,
para que eu possa compreender
as tuas palavras.
Am�m."

Sobre a Salva��o

Leia os seguintes textos,antes de ler este livro:

"Porque Deus amou ao mundo de tal maneira
que deu seu Filho unig�nito, para que todo aquele que nele cr� n�o pere�a, mas tenha a vida eterna."
S. Jo�o 3:16

"...pela gra�a sois salvos, mediante a f�; e isto n�o vem de v�s; � dom de Deus..."
Ef�sios 2:8

"De maneira que a Lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que f�ssemos justificados por f�."
G�latas 3:24

"...logo, j� n�o sou eu quem vive,mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela f� no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim."
G�latas 2:20

"Porque, como, pela desobedi�ncia de um s� homem, muitos se tornaram pecadores, assim tamb�m, por meio da obedi�ncia de um s�, muitos se tornar�o justos." Romanos 5:19


Quanto a este assunto da Salva��o,

n�o h� muita d�vida entre n�s Crist�os.
N�o h� nada que eu possa fazer para me salvar.
A minha salva��o � um Dom.Uma doa��o.
Um Dom imerecido e gratuitamente fornecido por Deus, pela morte de Jesus Cristo por n�s. Cabe a mim somente aceit�-lo, e eu serei salvo.



Ent�o para que este livro?

Para que falar de Lei e de S�bado se eu j� estou salvo
em Cristo?
Bem, entenderemos isto, n�o no in�cio, mas at� o final destas p�ginas, com certeza.Ao longo desta boa Leitura,voc� ter� sua resposta.

Que Deus aben�oe seus olhos e seu cora��o, enquanto ler este livro.

Que assim seja.


Os dez mandamentos

�xodo 20.3-17


1� "N�o ter�s outros deuses
diante de mim." (v. 3)

2� "N�o far�s para ti imagem de escultura,
nem semelhan�a alguma do que h� em cima nos c�us, nem embaixo na terra, nem na �guas debaixo de terra.
N�o as adorar�s, nem lhes dar�s culto; porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniq�idade dos pais nos filhos at� a terceira e quarta gera��o daqueles que me aborrecem e fa�o miseric�rdia
at� mil gera��es daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos. (vs. 4-6)

3� "N�o tomar�s o nome do Senhor, teu Deus, em v�o, porque o Senhor
n�o ter� por inocente o que tomar
o seu nome em v�o."
(v. 7)



4� "Lembra-te do dia de S�BADO, para o santificar. Seis dias trabalhar�s e far�s toda a tua obra.
Mas o s�timo dia � o S�BADO do Senhor, teu Deus; n�o far�s nenhum trabalho,nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro;
porque, em seis dias, fez o Senhor os c�us e a terra, o mar e tudo o que neles h� e, ao s�timo dia, descansou; por isso, o Senhor aben�oou o dia de S�BADO e o santificou." (vs. 8-11)

5� "Honra teu pai e tua m�e, para que
se prolonguem os teus dias na terra
que o Senhor, teu Deus, te d�."
(v. 12)

6� "N�o matar�s." (v. 13)

7� "N�o adulterar�s." (v. 14)

8� "N�o furtar�s." (v. 15)

9� "N�o dir�s falso testemunho contra o
teu pr�ximo." (v. 16)

10� "N�o cobi�ar�s a casa do teu
pr�ximo. N�o cobi�ar�s a mulher do
teu pr�ximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que perten�a ao teu pr�ximo."
(v. 17)


Capitulo 1

A Lei

Onde surgiu a Lei?

Esta pergunta simples � de vital import�ncia para a compreens�o da Salva��o e da fun��o da gra�a de Cristo. Alguns erroneamente pensam que a Lei e os Dez mandamentos, surgiram com Mois�s no monte Sinai.

A Lei sempre existiu

A Lei, seja ela resumida em dez preceitos
(�xodo 20:3-17)
ou em apenas dois
(Marcos 12:29-31)
existe desde antes da cria��o do nosso mundo,
ou melhor, antes da cria��o do universo, ou ainda,
existe desde a eternidade. E, como n�s sabemos,
a Lei � baseada no car�ter de Deus, � a Lei do Amor.

A mesma Lei, que regeu a vida dos anjos, criaturas de Deus, rege hoje o homem e reger� no futuro a vida dos salvos pela eternidade.

A Lei � a pr�pria representa��o do car�ter de Deus.

A Lei sempre existiu e foi dada ao homem muito antes de Mois�s. O primeiro homem a conhec�-la aqui neste mundo foi Ad�o. Foi ele que conheceu
de perto ao nosso Criador. Foi ele o primeiro que ouviu do eterno amor de Deus, sobre a import�ncia
de cuidar de suas obras, sobre a import�ncia de honr�-lo com um dia especial de guarda, sobre a import�ncia de ser fiel � sua esposa, sobre a import�ncia de ter Deus em primeiro lugar.

Se voc� ler os dois primeiros cap�tulos
de G�nesis e depois �xodo cap�tulo 20, voc� ver� claramente a mesma Lei de Deus exposta de diferentes maneiras, embora com um s� significado.

Nosso Deus � um Deus de ordem, um Deus perfeito; e todas as suas obras s�o feitas com perfei��o e harmonia. O mesmo Universo, criado por Deus, h� n�o sei quantos zilh�es de anos atr�s, continua funcionando como um m�quina perfeita; as estrelas nascem, passam por todos os seus processos e morrem. Sua mat�ria restante se transforma em nebulosas que, por sua vez, d�o origem a outras estrelas, e assim por diante.
As Leis do universo s�o imut�veis.

Nosso Deus � imut�vel e suas Leis tamb�m.

"Porque Eu, o Senhor, n�o mudo...." Mal.3:6

"Toda boa d�diva e todo dom perfeito s�o l� do alto, descendo do Pai das luzes, em quem n�o pode existir varia��o ou sombra de mudan�a."
Tiago 1:17

Nosso Deus n�o � igual aos deuses mitol�gicos que mudavam de humor de acordo com a oferenda a eles oferecida. Muito pelo contr�rio, Ele � um Deus fiel e justo.
Como confiar�amos em um Deus que n�o fosse assim?
Como confiar�amos em um Deus que mudasse as regras quando bem lhe aprouvesse?

A Lei de Deus sempre existiu.

Nunca foi e nunca ser� mudada, pois ela representa
o car�ter de um Deus imut�vel.
Ad�o e Eva foram tirados do Jardim por desobedecerem a Lei de Deus.
Caim foi rejeitado por n�o t�-la obedecido.
No� foi achado justo perante a Lei de Deus.

Era a Lei que fazia a distin��o entre os Filhos de Deus
e os Filhos dos homens na era antediluviana.
O patriarca Abr�ao viveu segundo a Lei de Deus.
Foi assim com Isaque, Jac�, Jos� e tantos outros.


No princ�pio, a Lei n�o foi escrita

Outro ponto a ser analisado � que a Lei, no princ�pio, n�o foi escrita. N�o havia esta necessidade. Nossos primeiros pais viviam em contato direto com Deus. Os preceitos eram passados de pai para filho oralmente.
A Lei foi escrita somente no Sinai com o objetivo de lembrar ao povo de Deus aquilo que eles haviam esquecido durante os 400 anos de escravid�o. Durante todas as �pocas houve sempre algu�m que manteve vivos os Preceitos Divinos, at� mesmo quando o povo de Israel se afastou de Deus. Havia necessidade de relembrar a Lei.

A Lei � t�o importante, que foi diferenciada do resto dos preceitos dados por Deus.

A Lei de Deus difere dos preceitos humanos

A Lei diferia tanto dos preceitos humanos que foi colocada em lugar diferenciado: na Arca da Alian�a.

" E por�s na arca o Testemunho,
que eu te darei." �xodo 25.16

Ela foi separada do resto dos preceitos e das Leis cerimoniais de Israel. Os 40 anos de Israel no deserto constitu�ram uma grande escola, onde todos os preceitos de sa�de, de conviv�ncia justa e de amor
foram ensinados. O pr�prio santu�rio no deserto
foi colocado para que, atrav�s de seus simbolismos,
os homens de Israel entendessem o plano de salva��o que era t�o claro nas vidas de Ad�o, No� e Abra�o.
Deus resumiu em �xodo 20 tudo aquilo que sempre existiu no c�u:

O amor a Deus acima de todas as coisas,
e o respeito e amor ao pr�ximo, seja ele um ser humano ou um anjo.

Se voc� ainda tem d�vidas, veja por este lado.
S� h� pecado se houver Lei.

"Todo aquele que pratica pecado tamb�m transgride a Lei: porque o pecado � a transgress�o da Lei."
I Jo�o 3.4

Seguindo este racioc�nio l�gico, chegamos �s seguintes conclus�es:

Se L�cifer pecou no c�u, ent�o havia Lei no c�u.
Ele se colocou acima de Deus.

Se Ad�o pecou, era porque havia Lei no �den.
Ele colocou sua mulher e o desejo de conhecimento acima de Deus.

Se Caim foi condenado, era por que a Lei continuava valida depois da sa�da de seus pais do Para�so. E assim por diante.

N�o existe justi�a sem que haja alguma Lei.

Se n�o houver um padr�o de atitudes, n�o h� como diferenciar o "certo" do "errado".
Como Deus poderia ter expulso Ad�o e Eva do Para�so, sem que houvesse uma Lei a ser transgredida?
Como punir os antediluvianos,
por suas a��es imorais?

Como destruir Sodoma e Gomorra,
se n�o houvesse Lei?

Ad�o, Caim, Abra�o, Mois�s,... todos pecaram.
Pecaram porque havia Lei.
E, uma vez que nosso Deus e seu car�ter s�o imut�veis, a mesma Lei, que os condenou, tamb�m nos condena hoje.

A mesma f� e gra�a, que os salvaram, s�o a mesma f� e gra�a que nos salvam hoje.

O Plano da Salva��o � um s�.

� um s�, desde a cria��o do mundo at� o final dos tempos. Jesus j� havia se proposto a morrer por todos os pecadores quando ainda estava no c�u. Morrer por todos.

" ...aqueles, cujos nomes n�o foram escritos
no livro do Cordeiro, que foi morto desde a funda��o do mundo." Apoc. 13:8

Ad�o perdeu o Jardim do �den, mas n�o perdeu a f� em um Salvador vindouro. A sua salva��o veio pela f�, que ele tinha no Messias que viria.
E n�o foi s� ele.

"N�o foi por interm�dio da Lei que, a Abra�o
ou � sua descend�ncia, coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e, sim, mediante a justi�a da f�."
Rom. 4:13

E, assim por diante, poder�amos citar dezenas de exemplos b�blicos de pessoas que foram salvas pela sua f�, e n�o pelas suas obras.

O Plano de Salva��o � este.

�, sempre foi, e sempre ser�, at� a volta de Cristo Jesus.
O Plano de Salva��o � o mesmo.
A Lei, que revela o car�ter de Deus, tamb�m � a mesma.


Pergunta:
Se sou salvo pela Gra�a, por que tenho que
guardar a Lei?

Resposta:
Voc� n�o tem que guardar a Lei para ser salvo, mas
guardar� a Lei porque j� � salvo e liberto por Jesus Cristo.

Leia os seguintes versos:

"Porque Deus amou ao mundo, de tal maneira,
que deu seu Filho unig�nito para que todo aquele que nele cr� n�o pere�a, mas tenha a vida eterna." Jo�o 3:16

"Porque pela gra�a sois salvos, mediante a f�;
e isso n�o vem de v�s; � dom de Deus."
Ef�sios 2:8

"De maneira que a Lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que f�ssemos
justificados por f�." G�latas 3.24


Crendo em Cristo e na sua morte por nossos pecados, n�o dependemos mais dos nosso pr�prios esfor�os para buscar a salva��o. Se assim fosse,
estar�amos todos perdidos, pois nenhum homem
foi jamais capaz de guardar a Lei durante toda sua vida, exceto Jesus Cristo, o Nazareno.
Sendo assim,todos estar�amos condenados.
N�o s� n�s como tamb�m todos que viveram antes de n�s, inclusive Abra�o e Mois�s.

Bem, vamos relembrar o que j� vimos:

Para sermos salvos, precisamos estar perdidos;
se estamos perdidos, � porque n�s pecamos;
se n�s pecamos, � porque existe Lei.
A mesma Lei, que sempre existiu.

"...porque a Lei suscita a ira; mas onde n�o h� Lei, tamb�m n�o h� transgress�o." Rom. 4:15

Ent�o voc� pergunta de novo:

Muito bem, se,
para sermos salvos, n�o precisamos da Lei, ent�o, para que serve a Lei?

Os vers�culos j� nos disseram.
A Lei nos serve de aio, de guia para nos mostrar
a diferen�a entre o certo e o errado.

Se somos do pecado, somos condenados pela Lei.
Se somos salvos em Cristo, pela f�, somos aprovados pela Lei.

A Lei mostra, para aquele que escolheu seguir a Cristo, qual deve ser o seu verdadeiro proceder
em rela��o ao Pai: O que Lhe agrada, e quais s�o Seu planos de vida para n�s.
Digo novamente: N�o temos que guardar a Lei para sermos salvos. N�s a guardamos, porque amamos ao Deus que nos salvou.

Jesus disse:
"Se me amais,
guardareis os meus mandamentos."
S. Jo�o 14:15

Ele n�o disse o contr�rio. J� imaginou uma pessoa dizer que ama a Cristo e continuar roubando,
matando, desonrando seus pais, traindo sua mulher,
e fazendo tudo aquilo que a Lei diz que � ofensa a Deus?
Imagine uma pessoa dizer que ama a Deus e cometer atrocidades para com o pr�prio corpo, que a B�blia chama de templo do Espirito Santo. (I Cor. 6:19 ).

N�o � necess�rio pensar muito, para descobrirmos qual � a fun��o da Lei.
Se, verdadeiramente, amamos a Deus, procuramos fazer a Sua vontade acima da nossa, pois Ele deu a sua vida por n�s.

Cap�tulo 2

A Lei da Liberdade


"Falai de tal maneira e de tal maneira procedei, como aqueles que h�o de ser julgados pela Lei da liberdade."
Tiago 2:12

"Porque, se algu�m � ouvinte da palavra e n�o praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural;
pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquecer de como era a sua apar�ncia.
Mas aquele que considera, atentamente, a Lei perfeita, Lei da liberdade, e nela persevera, n�o sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse ser� bem aventurado no que realizar."
Tiago 1:23-25

Nestes dois textos, escritos por Tiago, disc�pulo de Jesus, vemos a import�ncia de guardar a Lei de Deus para os que s�o salvos em Cristo.
Ele nos alerta que n�o s� devemos ouvir, mas tamb�m praticar a Lei em nossa vida, para adquirirmos perfeita liberdade.

Vemos aqui duas palavras, que parecem estar em oposi��o. Lei e Liberdade.
Tiago nos diz que guardar a Lei � ter liberdade.
E � verdade!

Em nossa sociedade, temos liberdade apenas quando fazemos as coisas dentro de uma ordem que foi pr� estabelecida (lei).
Veja o seguinte exemplo:

Se voc� estacionar o carro em lugar proibido e prejudicar o tr�nsito,com certeza ser� multado.

Se voc� roubar o seu vizinho, com certeza ser� preso.

Se voc� matar uma outra pessoa, provavelmente passar� os pr�ximos 30 anos trancado em uma jaula.

Viram?
Guardar a Lei n�o prende e n�o escraviza; pelo contr�rio, d� liberdade a voc�.
E mais, a Lei serve para proporcionar a voc� uma vida melhor. Imagine se cada um dirigisse seu carro por qualquer lado da rua, em qualquer dire��o. Imagine um cruzamento sem sem�foro, guardas ou preferenciais.

A nossa vida seria um caos. As Leis de tr�nsito tornam poss�vel a voc� ir de um local para outro
em relativa ordem e seguran�a.
Elas permitem que voc� dirija a 100K/H em uma auto-estrada, que passe a menos de um metro de outro veiculo em dire��o contr�ria, sem que haja qualquer acidente.


A Lei de Deus tem a mesma fun��o:
Proteger-nos e nos dar uma vida melhor.

Se voc� n�o adulterar, com certeza sua fam�lia ser� mais est�vel, seus filhos ter�o pais exemplares e voc� ter� uma vida feliz.

Se voc� honrar e respeitar a seus pais, com certeza seu filhos e amigos tamb�m respeitar�o a voc�.

Se voc� confiar em Deus como seu guia e �nico Deus, sua vida ser� mais feliz e saud�vel.

Se voc� separar um dia para louvar a Deus, aprender sobre Ele e descansar de sua obras di�rias, dificilmente, voc� ter� problemas com stress, fadiga ou excesso de preocupa��o.

A Lei liberta, n�o escraviza.
A Lei � para liberdade, n�o para pris�o.

Veja por exemplo o viol�o:
Para conseguir qualquer som de sua cordas, elas precisam estar presas de maneira correta nas tarraxas.
Com isto, voc� consegue tirar delas melodias maravilhosas.
Se a corda estiver solta, dificilmente vai produzir qualquer som; muito pelo contr�rio, vai causar s� inc�modo.
Afinal, para que serve uma corda de viol�o,
fora do viol�o?

Da mesma forma, Deus s� pode tirar "som" de sua vida, se voc� aceitar viver de modo agrad�vel a Ele.

Simples, n�o?
Afinal, foi Ele quem nos criou. Deus conhece
cada peda�o do nosso corpo e sabe o que � melhor para n�s.

"Os teus olhos me viram a subst�ncia ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda."
Salmo 139:16

Veja o que disse o pr�prio Jesus:

"Amar�s o Senhor, teu Deus, de todo o teu cora��o, de toda a tua alma, de todas as tuas for�as e de todo o teu entendimento;
e amar�s o teu pr�ximo como a ti mesmo.
Ent�o, Jesus lhe disse:
Faze isto e viver�s."
S. Lucas 10:27,28

Muito bem, se voc� leu este livro at� agora,
de cora��o aberto, conferiu as passagens b�blicas
com cuidado, deve ter ent�o a mesma opini�o que eu:

Sou salvo pela f�, e devo obedecer a Deus,
por op��o, pois O amo e quero fazer a Sua vontade.



Deixe Jesus salvar voc�,
entregue sua vida a ele
e fa�a a Sua vontade por amor a Ele
e certamente voc� viver�.

Cap�tulo 3

O S�bado


� estranho que hoje, as pessoas aceitem os Dez mandamentos como sendo apenas nove.
Uma religi�o foi mais longe e transformou os dez em oito, sumindo com o segundo e mudando o quarto, duplicando o d�cimo.

� estranho como as pessoas pensam...
Vale o mandamento "N�o matar�s",
o "amar�s a Deus sobre todas as coisas",
e at� vale o "n�o levantar�s falso testemunho";
mas o mandamento para "guardar o s�bado",
este n�o vale.
Agem como se o S�bado tivesse sido abolido, mudado, riscado, e cumprido.
E os outros mandamentos? N�o? Por que?

O Quarto Mandamento

Antes de continuar, vamos reler os Dez mandamentos, com est�o na B�blia. Voc� pode ler �xodo 20: 3-17 na sua B�blia ou conferir, nas primeiras p�ginas deste livro a sua transcri��o.


Muito bem, agora que voc� j� tem um vis�o geral do car�ter de Deus e sua representa��o na Lei, vamos analisar o "pol�mico" quarto mandamento.
Qual � sua origem, sua import�ncia, seu objetivo
e, afinal, por que ele n�o � obedecido hoje em dia
pela maioria dos crist�os?

O S�bado surgiu h� muito e muito tempo atr�s,
junto com o primeiro homem, Ad�o.
Na verdade, Deus fez o S�bado por causa dele,
de Ad�o.

Com a cria��o, Deus estabeleceu a ordem que deveria governar o mundo. Criou o dia e a noite,
a semana, os meses lunares, os anos solares, enfim,
p�s tudo em ordem, como � de sua natureza e entregou tudo para o homem a fim de que este usufru�sse da sua cria��o, com sabedoria.

Junto com o "pacote" dado por Deus, veio o S�bado de descanso, criado por Ele para que, depois de seis dias de trabalho, o homem pudesse parar e se lembrar de que tudo o que ele tem vem de Deus,
nosso Criador.

O S�bado foi criado por causa do homem.
Leia o que Jesus disse:
" O S�bado foi estabelecido por causa do homem,
e n�o o homem por causa do S�bado."
Marcos 2:27

Da mesma forma pela qual Ad�o amava a Deus e procurava fazer a Sua vontade, tamb�m guardava o S�bado como memorial eterno daquele que o criara. Afinal, este foi um mandado especifico de Deus, e n�o houve nenhum dispositivo que o revogasse.

E assim foi,
de Ad�o para Sete,
de Sete para No�,
de No� para os patriarcas,
todos passando as Leis (o car�ter de Deus)
para adiante, para seus filhos.
Pois todos amavam a Deus, e, por conseq��ncia,
queriam fazer a sua vontade.

E assim foi, at� que o povo de Israel foi transformado em escravo no Egito e se afastou da Lei de Deus por 400 anos.

Nesse momento, quando a corrente de pai para filho se quebrou, Deus foi obrigado a reeducar o povo e a ensinar-lhe, n�o s� os seus estatutos, mas tamb�m quem Ele era e o tamanho do seu amor pelo homem.
Todas as li��es, dadas a Israel no deserto, n�o traziam qualquer novidade. Eram, na verdade, reedi��es de preceitos divinos estabelecidos desde o principio dos tempos.

Amor a Deus,
amor ao pr�ximo,
a vinda do Messias
e a necessidade de entregar o cora��o ao Salvador,
tudo isso j� tinha sido dado a Ad�o.

O S�bado, como os outros mandamentos, foi reconfirmado e estabelecido mais uma vez como dia sagrado e como memorial da cria��o.
T�o importante era a guarda deste dia, que Deus fez in�meras promessas aos que respeitassem este preceito.
Ali�s, muito mais promessas do que qualquer outro mandamento, com exce��o do primeiro.

"Se desviares o p� de profanar o s�bado e de cuidar dos teus pr�prios interesses
no meu santo dia;
mas se chamares ao S�bado deLeitoso e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares n�o seguindo os teus caminhos, n�o pretendendo fazer
a tua pr�pria vontade, nem falando palavras v�s,
ent�o, te deLeitar�s no Senhor.
Eu te farei cavalgar sobre os altos da terra,
e te sustentarei com a heran�a de Jac�, teu pai,
porque a boca do Senhor o disse."
Isa�as 58:13-14


Muito bem, durante os s�culos que se sucederam, tudo foi preservado como na cria��o.
As medidas, reeditadas por Mois�s, foram escritas e dirigiram a vida do povo escolhido por Deus na terra, aquele que deveria ser a testemunha fiel do seu amor pelo homem.


At� que um dia,
na plenitude dos tempos,
veio Jesus, o Messias.

Capitulo 4

Jesus e o S�bado


Muitos cr�em que, quando Jesus veio � terra, tudo mudou:
a vontade de Deus,
o car�ter de Deus,
e seu plano de Salva��o.

Mas, se voc� leu a primeira parte deste livro, voc� j� sabe que n�o mudou; que nosso Deus � imut�vel, seu car�ter � perfeito, que seu plano � completo.
As mesmas oportunidades s�o dadas a todos os homens, n�o importa a �poca em que tenham nascido.

Veja o que Jesus disse:

"N�o penseis que vim revogar a Lei ou os profetas; n�o vim para revogar, vim para cumprir.
Porque em verdade vos digo:
at� que o c�u e a terra passem, nem um i ou um til
jamais passar� da Lei, at� que tudo se cumpra."
S. Mateus 5:17-18

"Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor;
assim como tamb�m
eu tenho guardado os mandamentos do meu Pai e no seu amor permane�o."
S. Jo�o 15:10

Jesus n�o s� confirmou que seu Pai em nada muda,
como tamb�m se esfor�ou em fazer a Sua vontade,
guardando os Seus mandamentos.
Em sua exorta��es, tanto em refer�ncia ao presente
como ao futuro (ap�s a sua morte), Jesus apoiava a guarda do S�bado.

"Indo para Nazar�, onde fora criado, entrou, num S�bado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler."
Lucas 4:16

"Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha? Logo, � licito, nos s�bados, fazer o bem." Mateus 12:12

"Orai para que vossa fuga n�o se d� no inverno, nem no s�bado"
Mat. 24:20 (Referindo-se � destrui��o de Jerusal�m em 70 d.C.)

Pense comigo:

Se Jesus tivesse qualquer inten��o de modificar algum dos mandamentos, especialmente o que se refere ao S�bado, voc� acha mesmo que Ele daria tanta �nfase � sua guarda?

Se Jesus veio para ensinar o verdadeiro car�ter de Deus, e estabelecer uma nova religi�o, n�o deveria Ele viver de acordo com seus "novos" ensinamentos?

Se n�s nos chamamos de Crist�os, n�o dever�amos agir como Cristo agiu?
Ent�o, saiba voc� que Cristo n�o veio trazer nada de novo.
O seu concerto com o homem � eterno.
Ele veio, isto sim, restaurar a compreens�o daquilo que ele j� havia ordenado.

O homem, atrav�s dos s�culos, havia deturpado a sua santa Lei, acrescentando a ela regras e mais regras.
O que Jesus fez foi tirar da Lei todas as coisas colocadas pelo homem e mostrar como Deus queria as coisas.
Hoje, o S�bado n�o � diferente:
� o mesmo S�bado guardado por Jesus.
Seu mandamento � t�o eterno como os outros mandamentos de Deus e Seu car�ter.

Repare que at� nas profecias sobre a Nova Terra, o S�bado est� presente como dia especial, como dia de honra dentre os outros da semana.

"Porque, como os novos c�us e a nova terra, que hei de fazer, estar�o diante de mim, diz o Senhor,
assim h� de estar a vossa posteridade e o vosso nome.
E ser� que, de uma Festa da Lua Nova � outra
e de um s�bado a outro, vir� toda carne a adorar perante mim, diz o Senhor."
Isa�as 66:22-23



Neste ponto, voc� me pergunta:


Ent�o, por que a maioria das religi�es Crist�s tem o Domingo como dia de guarda?

A resposta est� em seguida, no pr�ximo cap�tulo.

Cap�tulo 5

Mudan�a para o Domingo


Na B�blia, o primeiro dia da semana, ao qual chamamos de Domingo, � mencionado somente oito vezes.
As quatro primeiras s�o:
Mateus 28:1, Marcos 16:1-2, Lucas 24:1,
Jo�o 20:1.
Estas passagens dizem a mesma coisa sobre o mesmo assunto:
que as mulheres foram ao sepulcro, no primeiro dia da semana para ungir o corpo de Jesus.
Em nenhuma delas h� qualquer refer�ncia � santidade do Domingo ou a santidade do dia da ressurrei��o de Cristo.

Jesus guardou o S�bado at� na morte.
Morreu na Sexta,
descansou no S�bado,
e ressucitou no Domingo.

As outras passagens s�o as seguintes:

Marcos 16:9
Fala que Cristo ressuscitou no primeiro dia da semana e que apareceu para Maria Madalena.
Neste texto tamb�m, nada h� referente � santidade desse dia.

Jo�o 20:19
Diz que os disc�pulos estavam trancados em casa, com MEDO dos Judeus.
Vale acrescentar que eles estavam reunidos desde Sexta-feira. Eles tamb�m temiam ser presos e julgados. N�o era uma reuni�o religiosa.

Atos 20:7
Esta � a primeira passagem que menciona uma reuni�o religiosa no primeiro dia da semana, o Domingo. Paulo estava em Tr�ade h� sete dias
e iria partir para continuar sua viagem no dia seguinte, a fim de dar as �ltimas mensagens.
Por isso, convocou a reuni�o com os Crist�os.
N�o existe nada neste verso sobre a santidade do Domingo ou coisa que se assemelhe a isso.
Era uma reuni�o religiosa, como a que hoje fazemos aos Domingos � noite, �s Ter�as ou Quartas-feiras.
O fato de nos reunirmos nesse dia n�o o torna mais ou menos santo.

1 Cor�ntios 16:2
Este verso diz que o primeiro dia da semana era o dia destinado � separa��o das coisas que iriam ser doadas aos necessitados. Note que o ap�stolo ia de casa em casa fazer a coleta. N�o era um dia de reuni�o, nem era considerado sagrado.

Ent�o, como vemos, n�o h� nada nessas oito cita��es b�blicas que contenha algum mandamento indicando a guarda do primeiro dia no lugar do S�bado.
N�o h� nada que fale da santidade do dia da ressurrei��o ou que dever�amos guardar o Domingo de alguma forma. E tamb�m n�o h� nada que anule qualquer um dos Dez Mandamentos.


Ent�o, repito a pergunta:

Se Jesus tivesse a inten��o de mudar algum dos mandamentos, ser� que Ele n�o teria dito isso claramente?

Teria ele se "esquecido" de um assunto desta import�ncia e deixado a ordem apenas nas entrelinhas?

Se acreditamos na B�blia como fonte de toda verdade sobre Deus e Sua vontade, chegamos � conclus�o de que nada foi dito ou escrito no sentido de provocar uma mudan�a do dia de guarda do s�timo dia, O S�BADO,
para o primeiro dia, O DOMINGO.

Al�m do mais, Cristo afirmou que sua Lei n�o mudaria, e que Ele veio cumpri-la mas n�o revog�-la.

"N�o penseis que vim revogar a Lei ou os profetas;
n�o vim para revogar, vim para cumprir."
Porque em verdade vos digo: at� que o c�u e a terra passem, nem um i ou um til jamais passar� da Lei, at� que tudo se cumpra."
Mateus 5:17,18


Ent�o, chegamos a uma pergunta crucial:

Quem, quando, como,
e com que autoridade
mudou o Santo Dia do Senhor
DO S�bado PARA o Domingo?

A Mudan�a

O primeiro dia da semana era considerado, pelos antigos Babil�nicos, como dia de culto ao Sol.

No ano de 274 depois de Cristo, o Imperador romano Aureliano adotou o culto ao Sol como religi�o oficial. O imperador instituiu o primeiro dia da semana, o Domingo, como o vener�vel dia do Sol, ou DIES SOLIS no Latim.

Ainda hoje, em algumas l�nguas, o Domingo mostra suas origens:
SUNDAY (em Ingl�s) e
SOONTAG (em Alem�o)
querem dizer "Dia do Sol".
S�bado em Hebraico quer dizer "descanso".

Em 321 D.C, o Imperador Constantino, baixou um decreto obrigando a todos os que viviam sob seus dom�nios a honrar o dia do Sol:

" Que os ju�zes e o povo das cidades,bem como os comerciantes, repousem no vener�vel dia do Sol.
Aos moradores dos campos, por�m, conceda-se atender, livre e desembara�adamente, aos cuidados da lavoura"

Conv�m lembrar que, desde aproximadamente o ano 100 D.C, a religi�o Crist� era veementemente perseguida por Roma, e que centenas de milhares perderam suas vidas defendendo e provando sua f� diante dos le�es e das labaredas de fogo.
Esta persegui��o s� teve fim com a "convers�o" do imperador Constantino ao Cristianismo.
Esta "convers�o" pol�tica tinha o claro objetivo
de apaziguar as persegui��es, bem como o de conceder poder � ascendente e poderosa religi�o Crist�.

Nessa ocasi�o, muitos dos costumes da religi�o oficial de Roma, o culto ao Sol, foram mescladas ao Cristianismo com o objetivo de atingir mais facilmente os pag�os.
Um desses costumes foi a guarda do Domingo
junto com a do S�bado, ou seja, a cria��o do nosso final de semana.
Tiveram origem, a partir dessa data, v�rias festas religiosas, que utilizaram motivos e datas pag�os, para converter os incr�dulos, mais facilmente, como por exemplo:

A P�scoa Crist� no lugar do ritual de fertilidade
O Natal de Jesus no lugar do sost�cio de outono.

Cerca de 40 anos mais tarde, a Igreja Crist�, j� mais poderosa e organizada, atrav�s de seus Bispos, realizou o Conc�lio de Laodic�ia, onde, oficialmente
e sem nenhuma interven��o Divina, mudou o Santo dia de guarda do S�bado para o Domingo:

" Os crist�os n�o devem judaizar,ou estar ociosos no S�bado, mas trabalhar�o nesse dia;
o dia do Senhor (Domingo), entretanto, honrar�o especialmente, e, como Crist�os, n�o devem, se poss�vel, fazer qualquer trabalho nele.
Se, por�m, forem achados judaizando, ser�o separados de Cristo."
(C�non 29, Conc�lio de Laodic�ia, em 364 d.C.).

Este surpreendente decreto nos apresenta duas verdades:

A primeira � que, ao contr�rio do que muitos afirmam, o S�bado era observado e honrado pelos Crist�os at� o quarto s�culo depois de Cristo.
Se n�o fosse o caso, n�o haveria necessidade de um decreto para desobrig�-lo.

A segunda verdade � que n�o houve qualquer base b�blica para a mudan�a do dia de adora��o.
O objetivo aqui era que os Crist�os n�o fizessem nada que lembrasse o Juda�smo, ou seja, o povo que matou o Senhor Jesus Cristo.

Este ato revela o grande sentimento anti-semita
vigente na �poca, e a �nsia, a qualquer pre�o, de distinguir os Crist�os desse povo.
Notem que a ordem do conc�lio � guardar o Domingo "se poss�vel", enquanto � bem en�rgico
em dizer que quem guardar o S�bado "ser� separado de Cristo".

Como vemos, a mudan�a foi gradativa do S�bado verdadeiro para o Domingo.
Foi tamb�m for�ada e sem qualquer base nas Escrituras.

Veja o que disse o Cardeal Gibbons, arcebispo de Baltimore e primaz da Igreja Cat�lica nos Estados Unidos:

"Podereis ler a B�blia de G�nesis ao Apocalipse,
e n�o encontrareis uma �nica linha que autorize a santifica��o do Domingo.
As escrituras ordenam
a observ�ncia religiosa do S�bado, dia que n�s nunca observamos."
Faith of our fathers, Pg. 89, 1896.


Nunca foi da vontade de Deus que sua Santa Lei fosse revogada e reescrita, embora esses atos humanos j� fossem previstos tanto no Novo, como no Velho Testamento:

"Eu sei que, depois da minha partida, entre v�s penetrar�o lobos vorazes, que n�o poupar�o o rebanho.
E que, dentre v�s mesmos, se levantar�o homens falando coisas pervertidas para arrastar os disc�pulos atr�s deles."
Atos 20.29-30

"Todo aquele que nega o Filho, esse n�o tem o Pai; aquele que confessa o Filho tem igualmente o Pai. Permane�a em v�s o que ouvistes desde o princ�pio.
Se em v�s permanecer o que desde o princ�pio ouvistes, tamb�m permanecereis v�s
no Filho e no Pai."
I Jo�o 2.23-24

"Proferir� palavras contra o Alt�ssimo, magoar� os santos do Alt�ssimo, e cuidar� em mudar os tempos e a Lei; e os santos lhe ser�o entregues por um tempo, dois tempos e metade de um tempo."
Daniel 7.25

"O ex�rcito lhe foi entregue, com o sacrif�cio di�rio, por causa das transgress�es; e deitou por terra a verdade; e o que fez prosperou."
Daniel 8:12.

Cap�tulo 6

O Selo de Deus

H� poucas coisas mais dif�ceis do que ser crist�o em um pa�s crist�o como o Brasil.
Segundo as pesquisas, nosso pa�s � de maioria cat�lica, mais de 90%, enquanto os outros 10% se dividem entre dezenas de religi�es, principalmente religi�es protestantes.
Era ent�o de se esperar, que sendo o Brasil um pa�s predominantemente crist�o, os seus habitantes defendessem e propagassem os ensinos do cristianismo. A religi�o cat�lica, bem como a maioria dos protestantes possuem a cren�a em comum de que a B�blia, com um todo, foi inspirada por Deus para que o homem pudesse conhece-lo, saber da onde veio, para onde vai e como deve agir.
Discuss�es doutrin�rias a parte, � de se esperar que os crist�os creiam no m�nimo, em Cristo e na cria��o do homem pelas m�os de Deus. Era de se esperar que todo o crist�o fosse Criacionista, pois � isto que B�blia e as religi�es crist�s ensinam.

Mas o que se v� � outra realidade.

Apesar de haver missa na posse dos governantes, cultos e ben��os na inaugura��o de edificios e obras, ensino religiosos na escola, n�s e nossos filhos somos constantemente bombardeados por afirma��es de que o homem veio do macaco, de um dinossauro ou de uma bact�ria desenvolvida no mar primordial. Nada contra os Evolucionistas defenderem suas teses. Acho isto justo em um pa�s democr�tico com o Brasil. O que eu n�o acho justo em um pa�s democr�tico e "crist�o" como o Brasil, � o tratamento que o Evolucionismo tem como fato l�quido e certo, enquanto o Criacionismo � ensinado em nossas escolas como se fosse uma lenda. Vale lembrar que nenhuma das duas "teorias" possuem hoje qualquer prova conclusiva de sua veracidade. Em verdade, elas s�o muito parecidas no que concerne a provas e a necessidade de f� para se crer nelas.

Veja estes tr�s pontos que devem ser ressaltados:

1. A teoria evolucionista tamb�m carece de provas cient�ficas, uma vez que as poucas existentes n�o passam de mera especula��o. Para os cientistas, cada peda�o de maxilar encontrado se torna a descoberta de uma nova fase de evolu��o do homem. S� que anos depois esta "nova"fase tem que ser revista e repensada pois

com o surgimento de novas provas que contradizem as primeiras, a necessidade de "ajeitar" a teoria �s novas descobertas. H� dezenas de especula��es de como surgiram as primeiras bact�rias, todas elas fantasiosas e sem nenhuma prova confirmat�ria.
No cristianismo por�m, todas as provas que surgem, seja sobre o dil�vio ou sobre fatos mencionados na b�blia, s�o comprovat�rias de uma teoria firme e consistente.


2. A teoria da evolu��o
tamb�m necessita de um boa dose de f�, tal qual a criacionista. Sem f� n�o h� como preencher as lacunas deixadas pelos "ditos" ancestrais do homem. N�o h� como organizar cr�nios iguais com datas de carbono-14 diferentes.

Sem f�, o evolucionismo n�o � nada.
Sem f� o criacionismo tamb�m n�o � nada.

Sem f�, nada do que voc� leu ou ainda ler� sobre a B�blia, n�o ter� qualquer import�ncia.

Se voc� � Crist�o, vale lembrar que voc� o � pela f�, uma vez que n�o existe nenhuma prova cient�fica da exist�ncia de Deus e de Jesus como seu filho.

Em outras palavras, ou voc� cr� na B�blia como um todo, ou n�o cr� em nada.
Ou tem f� em Deus, ou passa a n�o acreditar em nada mesmo.


3. A teoria da evolu��o
� contra nosso Deus como o Deus Criador de todas as coisas.
� contra a queda de Ad�o pela tenta��o de Satan�s.
E, consequentemente, � contra a necessidade de um Salvador para o homem.
Afinal, se ele n�o pecou no �den, para que precisa ser redimido pelo sangue de Cristo?
E, se n�o h� necessidade de ser redimido, pelo sangue de Jesus, tudo o que h� na B�blia, n�o tem qualquer validade, desde os sacrif�cios dos Judeus
confiando no Messias, at� as hist�rias de Pedro, Paulo e Jo�o.



� interessante notar que um dos ensinos b�blicos mais combatidos, neste s�culo, foi justamente o criacionismo.

Por que?

Preste aten��o nestes dois pontos:

1- Dentro e fora da igreja, Satan�s tem obtido grande sucesso, transformando a hist�ria da cria��o, contada por Mois�s, em "contos da carochinha".

2- Na Lei de Deus o �nico realmente pol�mico � o quarto mandamento, o S�bado.



Destruindo a Lei de Deus, atrav�s do descr�dito de um s� dos seus mandamentos, o inimigo das almas, cria uma brecha na perfei��o do car�ter de Deus. Com a destrui��o do quarto mandamento, S�tanas destro� a principal lembran�a que o homem tem de Deus como soberano, criador e mantenedor de todas as coisas.

Para voc� entender esta afirma��o h� necessidade de se abrir um parenteses e comentar o t�tulo deste cap�tulo.

S�bado, o selo de Deus

Na antig�idade, para se autenticar um documento ou Lei, era necess�rio que o governante utilizasse um selo, ou anel de selar, e, com ele, legitimasse ser aquela a sua vontade.
Isto aconteceu em diversos epis�dios b�blicos como:

- Quando Jezabel escreveu cartas, em nome do rei Acabe, ela selou-as com seu selo. I Reis 21:8

- Quando o rei Assuero editou a Lei para morte dos Judeus, ele a selou tamb�m com seu sinete. Ester 8:8

- Tamb�m nas ru�nas de Babil�nia, foram encontrados tijolos com o nome do seu construtor, Nabucodonosor.

Enfim, em qualquer documento importante havia a prova de sua autenticidade e legitimidade. No sinete ou selo, deveria sempre haver tr�s coisas:

1. O nome do governante.

2. O seu cargo, ou t�tulo.

3. Sua �rea de dom�nio ou pa�s.

Nos dez mandamentos de Deus, somente em um deles h� estas identifica��es por completo, veja s�:

"Lembra-te do dia do S�bado para o santificar.
Seis dias trabalhar�s e far�s toda a tua obra.
Mas o s�timo dia � o s�bado do Senhor, teu Deus; n�o far�s nele nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro;
porque, em seis dias, fez o Senhor os c�us a terra, o mar e tudo o que neles h�, e, no s�timo dia, descansou; por isso, o Senhor aben�oou o dia de S�bado e o santificou".
�xodo 20: 8-11

Note que este mandamento traz as tr�s coisas necess�rias em um selo, ou sinete:

1. O nome do governante:
SENHOR-JEOV�,
Aquele que existe por si mesmo.

2. Seu cargo:
CRIADOR DO UNIVERSO,
Ele Fez.

3. O seu dom�nio:
O C�US, A TERRA E TUDO O QUE NELES H�.

N�o nos admira ser este o mandamento, juntamente com o criacionismo que ele sustenta, o mais combatido neste �ltimo s�culo.

Destruindo o cr�dito na cria��o como a B�blia nos conta, se destro� tamb�m a necessidade de guardar o quarto mandamento, pois como j� vimos, a guarda do S�bado come�ou na cria��o.
N�o que ele seja o mais importante, pois sabemos que todos os dez t�m igual valor. A sua import�ncia vem justamente do fato de ser ele o ponto de diferen�a entre os que cr�em em um Deus Criador
e daqueles que cr�em ser o homem fruto de um acaso intergal�tico.

No s�culo passado, a teoria da evolu��o
(descendente do pensamento Grego) tomou um grande impulso pelas teorias de Charles Darwin.
Para a mesma �poca, Deus providenciou uma advert�ncia ao mundo, atrav�s de uma profecia,
a fim de lembrar o homem quem ele � e de onde veio:

"Temei a Deus e dai-lhe gl�ria,
pois � chegada a hora do seu ju�zo;
e adorai aquele que fez o c�u, e a terra,
e o mar, e a fonte das �guas." Apocalipse 14.7 (profecia referente ao tempo do fim.)

Notem que isto n�o acontece por acaso. Isto j� foi predito h� muito tempo atr�s por Daniel e pelo ap�stolo Jo�o.

Veja s�:

" e proferir� palavras contra os santos do Alt�ssimo, e cuidar� em mudar os tempos e a Lei;
e os santos lhe ser�o entregues nas m�os, por um tempo, dois tempos e metade de um tempo" Daniel 7:25
(Sobre o anti-cristo.)


" e irou-se o drag�o contra a mulher e foi pelejar com o restante da sua decend�ncia, os que guardam os mandamentos de Deus e a f� de Jesus." Apoc. 12:17
Sobre a persegui��o do anti-cristo aos santos.


� neste final dos tempos, quando � chegada a hora do Seu ju�zo, que Satan�s procurar� levar o homem, atrav�s de erros muito sut�s, a negar a autoridade de Deus sobre a terra e sobre aqueles que nela habitam.

N�o caia voc� tamb�m neste engano.

Cap�tulo 7

O D�zimo e o S�bado


Estes dois assuntos,
aparentemente diferentes e desconexos, s�o na realidade frutos da mesma raz�o e l�gica.
O princ�pio b�sico, logo que compreendido,
n�o deixa d�vidas sobre a import�ncia da devolu��o
da d�cima parte do que recebemos, e sobre a observ�ncia do s�timo dia como especial e santo.
Para podermos entender melhor cada um desses princ�pios, vamos come�ar falando sobre o d�zimo,
pois este tem gerado menos controv�rsias e � geralmente aceito por todos os crist�o, embora, muitas vezes, de maneira autom�tica.

O d�zimo, �s vezes, � encarado como uma obriga��o, o que nos faz lembrar antigos rituais pag�os, onde se ofereciam de tudo para apaziquar a ira seus deuses.
Muito crist�os tem oferecido o d�zimo com o objetivo de satisfazer a Deus ou garantir para si e sua fam�lia conforto e prosperidade.
O principio b�blico para o d�zimo muitas vezes � mal interpretado e leva muitos a crer na necessidade de "pagar" ao Senhor.

Por que devolvemos os d�zimos?
A pr�pria B�blia nos responde nos seguintes versos:

" Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se cont�m, o mundo e os que nele habitam.
Fundou-a Ele sobre os mares e sobre suas correntes os estabeleceu."
Salmos 24:1,2

"...porque do Senhor � a terra e a sua plenitude."
I Corintos 10.26

"N�o se vendem dois pardais por um asse?
E nenhum deles cair� em terra sem o consentimento de vosso Pai.
E, quanto a v�s outros, at� os cabelos todos da cabe�a est�o contados.
N�o temais, pois!
Bem mais vaLeis v�s do que muitos pardais."
Mateus 10.29-31

Nesses versos, podemos ver que Deus � o criador e o mantenedor de todas as coisas e seres viventes.
Se cremos na B�blia e na cria��o, sabemos que todo ouro, toda prata, todas as riquezas da terra,
enfim,
tudo foi criado segundo a vontade do Pai.

Por esses versos tamb�m chegamos � conclus�o de que v�m do Criador a sa�de, o trabalho, e todas as oportunidades que temos para enriquecer.
Consequentemente, n�o s� nosso corpo, mas tamb�m nossas vidas e tudo o que temos devemos a Ele. Teoricamente, como mordomos fi�is e s�ditos leais de Deus, dever�amos devolver tudo ao leg�timo propriet�rio.
Mas n�o � isto que Ele nos pede.

"Trazei todos os d�zimos � casa do Tesouro,
para que haja mantimento na minha casa;
e provai-me nisto, diz o Senhor dos Ex�rcitos,
se Eu n�o vos abrir as janelas do c�u
e n�o derramar sobre v�s
b�n��o sem medida."
Mal. 3.10

"Assim ordenou tamb�m o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho."
1 Cor�ntos 9.14

Interessante!
Deus n�o pede tudo.
Ele pede de volta somente a d�cima parte do que recebemos a fim de que as pessoas, que vivem totalmente da prega��o do evangelho, tenham sustento.

Nada mais justo!
Mas ser� que Deus n�o poderia, de alguma outra forma, sustentar Seus servos que pregam o evangelho?
A resposta � "sim".
Mas acontece,
que esta n�o � a �nica raz�o do d�zimo.

Como em tudo o que Deus ordena, o principal objetivo deste mandamento � o beneficio do pr�prio homem.
Como? Veja este verso:

"Minha � a prata, meu � o ouro, diz o Senhor dos Ex�rcitos." Ageu 2.8

Atrav�s da devolu��o volunt�ria da d�cima parte dos nosso lucros, nos nunca nos esqueceremos de nossa total depend�ncia do Criador.
Nunca nos esqueceremos de quem � toda prata e todo ouro.
Nunca nos esqueceremos de que nossa vida e nossa sa�de dependem de Deus.

Enfim,
nunca seremos ingratos.
Em tudo daremos gra�as a Deus.
Este � o principal objetivo.

Outro beneficio do d�zimo � na luta contra
nosso pr�prio ego�smo. A tend�ncia do ser humano, desde a mais tenra idade, � a de manter tudo o que puder para si.
Para comprovar este fato, basta observar a atitude de qualquer criancinha brincando com outra.
O Eu, pelo pr�prio instinto de sobreviv�ncia, est� sempre em primeiro lugar.
A devolu��o do d�zimo nos ajuda a colocar o Eu em seu devido lugar. Assim, estaremos sempre mais dispostos a ajudar o semelhante, n�o importa a situa��o em que nos encontremos.

O dar � a melhor maneira de aprender a amar.

Ent�o voc� me pergunta:
O que o D�zimo e o S�bado t�m em comum?

E eu respondo:
O S�bado e o d�zimo t�m o mesmo principio.

Apesar de o S�bado representar 1/7 (um s�timo) das horas semanais, ele tamb�m foi criado para que
os homens possam se lembrar de quem foi o Criador de todas as coisas.

Vamos reler o quarto mandamento:

"Lembra-te do dia do S�bado, para o santificar.
Seis dias trabalhar�s e far�s toda a tua obra.
Mas o s�timo dia � o S�bado do Senhor, teu Deus;
n�o far�s nenhum trabalho, nem tu,
nem o teu filho, nem a tua filha,
nem o teu servo, nem a tua serva,
nem o teu animal, nem o forasteiro
das tuas portas para dentro;
porque,
em seis dias, fez o Senhor os c�us e a terra, o mar e tudo o que neles h� e, ao s�timo dia, descansou; por isso, o Senhor aben�oou o dia de S�bado e o santificou". �xodo 20. 8-11

Deus relembra aqui qual � a origem do s�bado.
Em seis dias, Ele criou tudo o que temos em redor, mas, no s�timo dia, Ele nada fez; e o separou para o descanso do homem e para que este medite nas obras e no poder de Deus.
Foi Ele que nos criou.
Por isso, separando um dia para a sua adora��o, e abdicando de fazer a nossa pr�pria vontade, nesse dia em especial, o S�bado, estamos dizendo a Deus que reconhecemos Sua soberania e a necessidade de sua presen�a protetora em nossas vidas.

N�o � um fardo, � uma b�n��o especialmente se amamos a Deus.
� mais uma vez a luta contra o Eu e contra o ego�smo, que pretendem utilizar todo o tempo que nos resta para nosso pr�prio proveito e alegria.

E o nosso semelhante?

E aquele que necessita de uma visita especial?

Que tempo dedicaremos aos desafortunados,
se estamos somente interessados no trabalho e no ac�mulo de dinheiro?
O s�bado n�o � para n�s e, sim, para os outros.
Jesus disse:

"Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha? Logo, � licito, nos s�bados, fazer o bem."
Mateus 12.12

Devemos nos lembrar de que, da mesma forma que o d�zimo, o s�bado tamb�m foi criado para o nosso pr�prio bem.

N�o duvide. Creia nisso.

Reveja a promessa de Deus:

"Se desviares o p� de profanar o s�bado
e de cuidar dos teus pr�prios interesses no meu santo dia;
se chamares ao S�bado deleitoso e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares n�o seguindo os teus caminhos, n�o pretendendo fazer
a tua pr�pria vontade, nem falando palavras v�s,
ent�o,
te deleitar�s no Senhor.
Eu te farei cavalgar sobre os altos da terra
e te sustentarei com a heran�a de Jac�, teu pai,
porque a boca do Senhor o disse."
Isa�as 58.13-14

Deus nos d� uma promessa.
Ele nos diz que, se guardarmos o seu dia, nos dar� alegria sem par.
Mas ser� que faz mesmo diferen�a guardar ou n�o o S�bado, e deixar de fazer nele as nossas pr�prias coisas?
Ent�o olhe ao seu redor e veja quantos est�o hoje enfermos ou morrendo por excesso de trabalho ou preocupa��o; quantos n�o sofrem de doen�as card�acas originadas no stress e na fadiga;

Quantas fam�lias n�o est�o sendo destru�das pela falta de dialogo ou pela falta de tempo juntos sem ser na frente da televis�o;
Quantos filhos n�o est�o crescendo sem um contato real com seus pais, a n�o ser na hora de acordar ou dormir.

Preste aten��o!
Mais um vez, Deus promove um mandamento
que tem como objetivo beneficiar o pr�prio homem.
Jesus disse:

"O S�bado foi estabelecido por causa do homem,
e n�o o homem por causa do S�bado."
Marcos 2.27

� evidente que o s�bado foi feito para beneficiar o homem.
Se, durante 24 horas, o ser humano deixar de lado
todas as suas atividades normais, todas as suas preocupa��es di�rias, toda sua correria atr�s de compromissos e dedicar o seu pensamento para a sua fam�lia, para o seu semelhante e para louvor de seu Deus, � evidente que sua sa�de ser� recompensada.

Nosso Deus � um Deus de raz�o, e tudo o que faz
tem um objetivo claro e pr�tico.

Quando deixamos de separar o seu Santo Dia,
privamo-nos a n�s mesmos
da sa�de,
do companheirismo
e do amor que Ele planejou para n�s.

E qual de n�s � tolo o suficiente,
para deixar de lado
algo que nos faz bem,
e vai nos produzir uma vida mais feliz?

Experimente separar o pr�ximo S�bado para medita��o sobre as obras de Deus,
para o conv�vio com a sua fam�lia
e para ajudar aos que precisam de voc�.

Tenho certeza de que sua vida ser� outra,
desse dia em diante.

Cap�tulo 8

Algumas perguntas


Pelo que vimos nos cap�tulos anteriores,
o S�bado foi institu�do por Deus,
e sua mudan�a n�o est� autorizada
em nenhuma parte da B�blia.
A observ�ncia do Domingo
� um preceito de origem humana
e nada tem a ver com a Lei de Deus.

Agora nos surgem outras perguntas:



Pergunta 1

Foi o S�bado feito somente para o povo judeu? Ou o S�bado � tambem extensivo a todos os Crist�os?

A B�blia come�a da seguinte maneira:

"No princ�pio, criou Deus os c�us e a terra".

Quando a seq��ncia de fatos, que se seguiram a este verso, terminou, ou seja, ap�s a completa cria��o da Terra e de todo ser vivente, Deus instituiu a ordem e as leis que regeriam este mundo.
Uma das ordens mencionadas nesse cap�tulo da Cria��o era a guarda do S�timo Dia, o S�bado, como memorial da Cria��o e para o descanso das atividades f�sicas do homem.
Est� escrito nas Sagradas Escrituras:

"E, havendo Deus terminado no dia s�timo
a sua obra, que fizera, descansou nesse dia
de toda a sua obra que tinha feito.
E aben�oou Deus o dia s�timo e o santificou;
porque nele descansou de toda a obra que,
como Criador, fizera"
G�nesis 2. 2-3

Quando Deus terminou sua cria��o, n�o havia Judeus, nem qualquer outra religi�o.
Havia somente Ad�o e Eva, seguidores do Deus vivo.
Portanto, o S�bado foi dado para o homem e n�o para um povo determinado.
Isto tamb�m � confirmado nas palavra de Jesus
em Marcos 2. 27.

O S�bado, ou descanso semanal, foi institu�do por Deus junto com as outras Leis, que revelavam sua vontade e demonstraram a ordem que rege o universo.
N�o fosse assim, o roubo, o adult�rio, o assassinato
e outros atos maus n�o seriam pecados, at� Deus dar a Lei escrita em pedra para Mois�s.
Por�m, n�o � isto o que nos ensina a hist�ria de Caim e Abel.
Caim foi condenado por quebrar o 6� mandamento de Deus.
Leia este verso:

"Viu Deus a terra e eis que estava corrompida; porque todo o ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra."
G�nesis 6:12

Para que a terra fosse achada em falta e corrompida nos tempos de No�, haveria necessidade de um padr�o para dizer se o homem estava no caminho bom ou mau.

Portanto, a Lei foi dada para o povo de Deus, independentemente de sua �poca ou de seu nome.

Pergunta 2

Ser� que o texto de Colossenses 2.16-17 aboliu o S�bado?

Eis o texto:

"Ningu�m, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou s�bados,
porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; por�m, o corpo � de Cristo."

Esta � uma pergunta muito comum, por�m devemos nos lembrar de que, no Sinai, al�m dos Dez Mandamentos, (eternos, como j� vimos) Deus deu a seu povo uma s�rie de Leis cerimoniais que visavam o bem-estar f�sico de cada pessoa e de toda a comunidade.

Essas Leis tratavam de assuntos diversos como sacrif�cios, coisas imundas, ofertas por pecados,
como assentar acampamentos e at� onde enterrar os dejetos humanos.
O objetivo dessas Leis era educar o povo.
Atrav�s delas, Deus tamb�m estabeleceu sete dias anuais de descanso (feriados), tamb�m chamados de s�bados.

O pr�prio nome s�bado que dizer descanso.
Esses feriados estavam relacionados com o dia da festa das trombetas, do tabern�culo, com o dia da expia��o, etc.
Eram s�bados m�veis, pois caiam, a cada ano, em um dia diferente; ao passo que o S�bado do Dec�logo era comemorado sempre no s�timo dia da semana.

Ao morrer na cruz, Cristo aboliu todo o sistema de sacrif�cios e de festas religiosas, os quais tinham por objetivo apontar para ele, o Cordeiro de Deus.
Todas as festas e cerim�nias judaicas eram apenas uma "sombra", uma imagem do que seria o sacrif�cio de Cristo por n�s.
Prova disto � que quando Jesus morreu, o v�u do templo, que separava o lugar Santo do Sant�ssimo se rasgou, mostrando que o sacrif�cio de Cristo estava feito.
O S�bado semanal n�o tem nada a ver com os s�bados cerimoniais.

Leia todo o cap�tulo 2 de Colossenses com aten��o e voc� ver� que Paulo est� falando de tradi��es e leis cerimoniais judaicas, n�o dos dez mandamentos nem tampouco do S�bado semanal.

Como j� vimos, o S�bado semanal foi guardado e ensinado por Jesus, e, segundo a B�blia, ter� validade at� o final dos tempos.

"Porque, como os novos c�us e a nova terra, que hei de fazer, estar�o diante de mim, diz o Senhor,
assim h� de estar a vossa posteridade e o vosso nome. E ser� que, de uma Festa da Lua Nova � outra e de um s�bado a outro, vir� toda carne a adorar perante mim, diz o Senhor."
Isa�as 66.22-23

"N�o penseis que vim revogar a Lei ou os profetas;
n�o vim para revogar, vim para cumprir.
Porque em verdade vos digo: at� que o c�u e a terra passem, nem um i ou um til jamais passar� da Lei, at� que tudo se cumpra." Mateus 5.17-18

Lembre-se:
A B�blia � uma s�.
E o Deus que a inspirou � o mesmo desde o princ�pio e por toda a eternidade.
Se, durante toda a Hist�ria do mundo, o S�bado, ou s�timo dia, foi separado para honra, louvor e adora��o a Deus, por que, de uma hora para outra, Deus iria mud�-lo, em um �nico vers�culo, que tem interpreta��o duvidosa?

N�o teria ele inspirado Paulo, Pedro ou Lucas
para nos fazer um serm�o mais adequado sobre um mudan�a de tamanha import�ncia?

Lembre-se:
O s�bado faz parte de uma Lei maior.


Pergunta 3

Como posso saber se, com as mudan�as de Calend�rio, o S�bado de hoje � o mesmo S�bado de Ad�o?

Primeiro, o pr�prio Jesus guardava o mesmo dia de S�bado dos Judeus, que j� o guardavam h�, pelo menos, 4.000 anos, ap�s Ad�o ter sa�do do Para�so.
Hoje, temos certeza que pela tradi��o judaica e sua fidelidade pela Lei que guardamos o mesmo S�bado que Jesus guardou. Se este era o S�bado verdadeiro para Ele, certamente o ser� para mim tamb�m.

Agora,
ser� que � este o sentido de guard�-lo?
Santificar um dia?

N�o se esque�a de que o S�bado foi feito para o homem e n�o o homem para o S�bado.

Ele � um dia de descanso e para mem�ria da cria��o feita por Deus.

Outro ponto importante � que, mundialmente, a semana sempre foi de sete dias e o S�bado � o �nico dia que n�o teve seu nome alterado para adorar alguma divindade pag�.
N�o h� realmente m�rito em saber se o S�bado de hoje � realmente o m�ltiplo de 7 em rela��o com o S�bado de Ad�o. O importante �:
Separar o s�timo dia, o S�bado para a honra e gl�ria de Deus. (como Deus pede)

Pergunta 4

N�o podemos guardar qualquer dia, ao inv�s do S�bado?

Se Deus � t�o espec�fico com suas ordens e mandamentos, por que n�o faria quest�o de que
o dia separado para sua honra fosse o S�bado?
Se pegarmos, um a um, os outros nove mandamentos veremos que Deus n�o aceitaria mudan�as, provocadas pela consci�ncia do homem ou pela sua conveni�ncia.

"Porque a sabedoria deste mundo
� loucura diante de Deus..." 1 Cor�ntios 3.19

Ser� que poder�amos ao inv�s de adorar um �nico Deus, ter dois ou tr�s para nos assegurar da salva��o?

Poder�amos ter uma imagem de escultura bem pequenininha para nosso culto, a fim de n�o nos desviarmos demais do segundo mandamento?

Ser� que Deus me permite roubar ou adulterar,
se a minha consci�ncia diz que posso?

Pode o homem guiar-se pela sua consci�ncia
sem medo de errar?
Basta olhar ao redor e ver o mundo em que vivemos.
Al�m disto, este foi justamente o argumento de Satan�s ao enganar aos nossos primeiros pais.

"Ent�o, a serpente disse � mulher:
� certo que n�o morrereis.
Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrir�o os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal."
G�nesis 3.4-5

O resultado de Eva ter escolhido seguir sua pr�pria consci�ncia e vontade n�s j� conhecemos.

Por isso, pergunto a voc�:

Devemos seguir a nossa consci�ncia e a tradi��o dos homens, em lugar de um pedido direto de Deus?
Creio que voc� j� sabe a resposta.

Veja o exemplo de Caim:
Deus pediu a Ad�o e a seu filhos que oferecessem
um determinado sacrif�cio a fim de ser sempre lembrada a esperan�a da vinda do Messias e remissor de seus pecados.
Deus queria um cordeiro puro e sem m�cula.
Ao inv�s de trazer o cordeiro, como foi pedido por Deus, Caim trouxe aquilo que queria, ou seja, frutas e verduras para adorar ao Senhor.
Resultado:
A sua oferta n�o foi aceita e isto o entristeceu grandemente.
N�o porque a frutas eram feias ou estavam estragadas. Caim ofereceu o melhor que tinha, mais n�o o que Deus pediu. Ele colocou a sua pr�pria vontade, o seu pr�prio interesse a frente do pedido de Deus.
Aqui ele quebrou o primeiro mandamento.

"N�o ter�s outro Deus diante de mim" Ex.20:3

Ent�o, o Senhor advertiu a Caim:

"Se procederes bem, n�o � certo que ser�s aceito?
Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz � porta; o seu desejo ser� contra ti, mas a ti cumpre domin�-lo."
G�nesis 4.7

Infelizmente,
Caim n�o atendeu ao apelo de Deus, e, como sabemos, matou seu irm�o.

Ent�o respondo esta pergunta com outra pergunta:

Ser� que devemos ent�o oferecer a Deus s� aquilo que nosso cora��o deseja, que a nossa conveni�ncia permite,
ou devemos oferecer somente aquilo que Ele nos pede, sem tirar nem p�r?

Cap�tulo 9

Tome uma decis�o
Amar � legal

Uma das coisas que me deixam mais intrigados hoje
� a import�ncia que se d� � N�O guarda do s�timo dia.
Quanto aos outros nove mandamentos, inclusive ao segundo, que foi tirado no catecismo Cat�lico, n�o h� nenhuma pol�mica ou discuss�o.
Teria Deus mantido em vigor os nove, enquanto ao quarto mandamento, deu menor import�ncia, deixando por conta do fabuloso intelecto humano
a decis�o de mant�-lo ou n�o?
Duvido!

Deus n�o age assim.
Ele � s�bio e irrepreens�vel.
Deus n�o muda de opini�o.
Deus n�o faz nada para se arrepender depois;
Porque, desde o princ�pio, conhece o fim de todas as coisas.

O S�bado n�o salva, isto n�s j� sabemos, mas o S�bado faz parte da transforma��o do Crist�o.

Jesus disse:

"Se me amais, guardareis os meus mandamentos" Jo�o 14:15

Ele n�o fala em salva��o, em perd�o, ou em remiss�o.
Ele apenas fala que, se n�s entregarmos nosso cora��o a Ele, e O amarmos, com certeza guardaremos os seu preceitos, e procuraremos viver dentro deles.
Ora, nestes preceitos est� inclu�do tamb�m o S�bado,
junto com o de n�o matar, de n�o adulterar, e os sete outros mandamentos.

Espero que este livro possa t�-lo ajudado a conhecer mais sobre uma das verdades contidas na B�blia.
Se voc� � um sincero Filho de Deus, que tem como objetivo de vida fazer a Sua vontade, tenho certeza de que, daqui para a frente, o S�bado ser� uma ben��o na sua semana e na sua fam�lia.

Deus quer que voc� seja feliz, tanto f�sica como espiritualmente.
Por isso, abra seu cora��o e viva essa alegria.

Se Deus nos permitir, nos encontraremos um dia no c�u e, juntos, adoraremos
ao nosso Criador.

De um S�bado a outro, que Deus te aben�oe.


"Se me amais, guardareis os meus mandamentos"
Palavra de Jesus em Jo�o 14.15

Amar:
Que mandamento legal!!!

"Amar�s, pois,
o Senhor, teu Deus,
de todo o teu cora��o,
de toda a tua alma,
e de toda a tua for�a."
Que mandamento legal!!!

"Amar�s o teu pr�ximo
como a ti mesmo."
Que mandamento legal!!!

"Lembra-te
do dia do S�bado,
para o santificar."
Que mandamento legal!!!

Jos� Assan Alaby

Cap�tulo 10

Como guardar o S�bado?

Se voc� aceitou que o S�bado � o Dia do Senhor, provavelmente deve estar se perguntando:
Como vou guardar este dia?
A resposta est� na pr�pria B�blia,
veja estes versos:

E havendo Deus acabado no dia s�timo a sua obra, que tinha feito, descansou no s�timo dia, de toda a sua obra que tinha feito. E aben�oou Deus o dia s�timo e o Santificou; porque nele descansou de toda a sua obra,
que Deus criara e fizera. Gen. 2:2,3

Deus havia completado a obra da cria��o no sexto dia. Tudo estava feito, os animais, as plantas, o homem e tudo mais. A santa Palavra diz ent�o que Deus descansou no s�timo dia de toda a obra que havia feito.

Eu pergunto: Ser� que Deus se cansa?
Ser� que precisava de um dia inteiro para recuperar a sua energia?
Precisava de f�rias?

� l�gico que n�o.

Deus somente quis nos dar um exemplo de como deveriam funcionar nossas semanas.
Como dever�amos agir para descansarmos dos seis dias de trabalho.

N�o esque�a:
"O S�bado foi feito por causa do homem. N�o o homem por causa do S�bado." Marcos 2:27

Deus quis mostrar ao homem que depois de seis dias trabalhando, correndo de l� pr� c�, ele deveria tirar um tempo para descansar. Deve separar um dia para o repouso e recupera��o de suas energias.
O S�bado � o dia da semana no qual devemos deixar de lado todos os nossos problemas, nossas d�vidas, nossas preocupa��es e utilizar este dia para descanso da mente e do corpo.

A B�blia diz que Deus aben�oou o S�bado.
Diz tamb�m que Ele santificou este dia.
Ora, santificar quer dizer separar, deixar de lado. Deus tornou o S�bado um dia de descanso.

"Lembra-te do dia do S�bado para o santificar.
Seis dias trabalhar�s e far�s toda a tua obra.
Mas o s�timo dia � o s�bado do Senhor, teu Deus; n�o far�s nele nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro;
porque, em seis dias, fez o Senhor os c�us, a terra, o mar e tudo o que neles h�, e, no s�timo dia, descansou; por isso, o Senhor aben�oou o dia de S�bado e o santificou". �xodo 20: 8-11

Deus nos manda lembrar de santificar o S�bado (separar). E aconselha a que ningu�m trabalhe neste dia. Nem voc�, nem seu c�njuge, nem seus filhos ou empregados. Deus pede que este seja um dia especial para a fam�lia em geral e explica porque:
Ele quer que n�s nos lembremos sempre que somos criaturas Suas e que � Seu poder que nos mant�m vivos. Ele sabia que o homem ficaria correndo de um lado para o outro preocupado com suas pr�prias coisas, e que ter�amos muito pouco tempo para meditar sobre Ele e sua obra.
Por isto Ele estabeleceu este dia.
Para que par�ssemos. Lembre-se que quando Deus fala em parar de trabalhar, Ele est� falando n�o s� do pai com seu trabalho di�rio, mas tamb�m da m�e com sua correria dom�stica, dos filhos com seus estudos e de nossos empregados e funcion�rios que nos ajudam nas labutas do dia a dia. Todos devem parar e devem fazer deste dia um dia especial.

"Se desviares o p� de profanar o s�bado
e de cuidar dos teus pr�prios interesses no meu santo dia;
se chamares ao S�bado deleitoso e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares n�o seguindo os teus caminhos, n�o pretendendo fazer a tua pr�pria vontade, nem falando palavras v�s, ent�o, te deleitar�s no Senhor.
Eu te farei cavalgar sobre os altos da terra
e te sustentarei com a heran�a de Jac�, teu pai,
porque a boca do Senhor o disse." Is. 58:13-14

Aqui a forma de guardar o S�bado � melhor explicada.
Como posso parar de profanar o S�bado?

N�o falando as minhas pr�prias palavras.
N�o tendo conversas v�s neste dia.
N�o andando nos meus pr�prios caminhos.
N�o fazendo as coisas que s�o do meu interesse.
Devo dedicar as atividades que beneficiem aos outros. Levar a palavra de Deus a outras pessoas. Visitar pessoas doentes ou necessitadas. Fazer a��es que beneficiem a outros.

Lembra do cap�tulo "O S�bado e o D�zimo?

Ali n�s vimos como todo mandamento se baseia em princ�pios e o S�bado tem o mesmo principio do d�zimo. Se voc� entendeu este principio, � f�cil guardar o S�bado.
Devemos guardar o S�bado tendo em nossa mente que este dia, como o d�zimo, n�o nos pertence.
Ele n�o � nosso.
� um tempo reservado e santificado por Deus. Devemos neste dia se abster de fazer qualquer coisa que poder�amos fazer em outros dias, outras horas. Devemos devolver estas horas para o Senhor em forma de agradecimento pela semana toda e oferecer a Ele e ao nosso pr�ximo nossa aten��o e servi�os, sempre tendo em mente honrar ao criador.

Existem regras para guardar o S�bado?

N�o existem regras para guardar o S�bado. Se fizermos isto estaremos correndo o risco de agirmos como os fariseus no tempo de Jesus que tornaram o S�bado um fardo.
Por�m, como seguidores da B�blia, n�s procuramos guardar o S�bado da mesma forma como ele era guardado na antig�idade,
especialmente guard�-lo como Jesus guardou.

Como Adventistas do S�timo Dia, n�s desenvolvemos certos costumes, n�o regras para a guarda do S�bado.
Isto nos tem ajudado a melhor dedicar este dia.
Veja alguns deles:

"Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha? Logo, � licito, nos s�bados, fazer o bem." Mateus 12:12

Jesus fazia o bem no S�bado e isto devemos fazer tamb�m.
N�o s� no S�bado, mas "especialmente" no S�bado.
Fa�a visitas aos doentes e aos necessitados. Torne o seu S�bado um dia especial de ajuda aos outros.

"...De uma tarde a outra celebrareis o vosso S�bado." Lev. 23:32

A conven��o que o dia muda a meia noite � recente. At� pouco tempo atr�s, como a B�blia ensina, o dia come�ava com a noite
e terminava com o p�r do sol. Vinte e quatro horas exatas, independente dos hor�rios de ver�o e outras inven��es humanas. Portanto, n�s que acreditamos no S�bado temos o costume b�blico de come�ar o dia no p�r do sol de Sexta feira e termin�-lo no p�r do sol de S�bado.

Fazendo isto, temos tamb�m uma vantagem extra. Quando o S�bado se inicia e se encerra estamos acordados e preparados para receb�-lo.
� muito comum fazermos um culto dom�stico com nossa fam�lia, cantando hinos, citando passagens b�blicas e orando pedindo que Deus aben�oe este dia.
Se o S�bado come�ar a meia noite, provavelmente estar�amos dormindo e n�o haveria como receb�-lo adequadamente.
Outra vantagem � que, independente do lugar em que se esteja, com rel�gio ou n�o, sabemos quando come�a e onde termina o S�bado.

" E, chegada a tarde, porquanto era dia de prepara��o, isto �, a v�spera do S�bado,"
Marcos 15:42

Os judeus chamam a Sexta feira de dia da prepara��o,
pois � neste dia que todos os preparativos para o S�bado s�o realizados. � na Sexta que se prepara a roupa a ser usada na igreja, as refei��es que ser�o consumidas naquele dia, as ofertas e outras coisas. As lojas e com�rcios s�o fechadas mais cedo, para que os pais possam estar em casa no p�r do sol.

H� um ar de ansiedade e expectativa, como os preparativos para uma grande festa, ou a chegada de um parente distante. Apesar de sempre presente, neste dia fazemos um convite especial para que Jesus venha habitar conosco nestas pr�ximas 24 horas.
Ele � o convidado especial.
Na Sexta-feira procuramos deixar a casa em ordem e deixamos a refei��o principal do S�bado j� pronta. Porque?
Porque tanto a mulher como o homem tem direito e o dever de descansar neste dia.
Nada de ficar horas na cozinha, limpando casa, cuidando da lou�a.
Este � um dia especial.
� muito melhor gastar alguns poucos minutos esquentando uma refei��o do que passar duas ou tr�s horas preparando-a.

Normalmente no S�bado n�s nos abstemos de diversas coisas que desviam nossa aten��o deste dia especial e roubam nosso tempo para estudar a sua palavra e meditar sobre a sua cria��o.
Por isto � costume n�o assistir televis�o, escutar r�dio ou ir a festas.
Fica dif�cil pensar em Jesus ouvindo no Jornal Nacional que o governo adotou tal medida econ�mica, que morreram 5 em um acidente de
carro ou conversando com os amigos sobre o jogo de futebol.

O S�bado � especial. Eu pessoalmente passo a sexta � noite com minha fam�lia, lendo, escutando m�sica sacra ou vendo algum filme sobre Jesus. Uma noite agrad�vel em fam�lia.


"Alegrei-me quando me disseram: Vamos � casa do Senhor!" Salmos 122:1

Jesus tinha o costume de ir � igreja aos S�bados. Ent�o devemos imit�-lo.
Devemos nos congregar, aprender mais sobre sua palavra, ensinar os novos na f�, enfim, nos reunir com nosso irm�o e repartir com eles as b�n��os sab�ticas.


Durante o S�bado, ensine seus filhos sobre a raz�o deste dia. Passeie com eles pela natureza e ensine-os de que tudo foi feito por Deus.
Ensine-os a acreditar na cria��o.
Ensine-os a ser grato a Deus por tudo.
Ensine-os a amar o nosso Pai como Ele nos amou.
N�o h� regra para guardar o S�bado, h� princ�pios.
Deus Santificou e aben�oou o S�bado.
O S�bado � para nosso refrig�rio, conv�vio familiar e louvor a Deus.
Na d�vida, ore e pergunte a Jesus se Ele faria esta ou aquela coisa se estivesse no seu lugar.
Esta � a melhor regra a ser seguida.

Bom S�bado!






A LEI DE DEUS
No Novo Testamento

I
"Ao Senhor Teu Deus adorar�s e s� a Ele dar�s culto".
Mateus 4:10

II
"Guardai-vos dos �dolos."
"Sendo, pois, gera��o de Deus, n�o devemos pensar que a divindade � semelhante a ouro, a prata ou a pedra, trabalhados pela arte e umagina��o do homem."
Atos 17:29

III
"Para que o nome de Deus e a doutrina n�o sejam blasfemados." I Tim�teo 6:1

IV
"Orai para que a vossa fuga n�o se d� no inverno, nem no S�bado." "O S�bado foi estabelecido por causa do homem e n�o homem por causa do S�bado; de sorte que o filho do homem � senhor tamb�m do S�bado."
Porque em certo lugar assim disse, no tocante ao s�timo dia: E descansou Deus de todas as obras que fizera.... Portanto resta um repouso para o povo de Deus, porque aquele que entrou no descanso de Deus, tamb�m ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das Suas."
Mat. 24:20; Mar. 2;27 e 28; heb 4:4,9,10
V
"Honra teu pai e tua m�e."
Mateus 19:19

VI
"N�o Matar�s"
Romanos 13:9

VII
"N�o adulterar�s"
Mateus 19:18

VIII
"N�o furtar�s"
Romanos 13:9

IX
"N�o dir�s falso testemunho"
Mat. 19:18

X
"N�o cobi�ar�s"
Rom. 7:7


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Sábado, O selo de Deus - Peter Paulo Goldschmidt


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{clube-do-e-livro} Kate Donovan-Caminhos do Desejo


Copyright � 2OO3 by Kate Donovan
Originalmente publicado em 2OO3 pela Kensington Publishing Corp.
T�tulo original: Love Passages
� 2OO6 Editora Nova Cultural Ltda.

Resumo:
Inglaterra, s�culo XIX
O amor acontece quando... e onde... menos se espera!
Miranda n�o imagina o que a espera, quando se muda para a resid�ncia de Ryan Collier para ser governanta dos filhos de um primo dele. Al�m de ter que controlar aquelas tr�s crian�as endiabradas, ela se v� envolvida numa perigosa intriga, e em algo ainda mais perigoso... o intenso desejo por Ryan que tomou conta de seu cora��o!
Ryan duvida que a linda e inexperiente Miranda Kent seja capaz de lidar com as indisciplinadas crian�as. Mesmo assim ele a contrata, pois acredita que ela ser� uma boa influ�ncia para sua irm�, que n�o tem um pingo de ju�zo. Mal sabe Ryan que nos corredores secretos de sua mans�o enreda-se uma intrincada teia de segredos e mentiras que por� em risco a crescente paix�o que Miranda lhe desperta...
Autor:
Kate Donavan � promotora p�blica, tem um casal de filhos e adora escrever romances. Na opini�o dela, o romance � a melhor maneira de se desligar da agita��o do dia-a-dia, seja criando hist�rias ou lendo. Kate j� escreveu v�rios romances, tanto hist�ricos quanto contempor�neos.


Caminhos do Desejo
Kate Donovan

Cap�tulo I
Com uma express�o de poucos amigos em seu rosto sisudo, Ryan Collier estudava a jovem sentada � frente de sua mesa. Depois de uma semana desesperadora com os filhos intrat�veis de seu primo e um m�s pior ainda atendendo aos caprichos de consumo de sua irm�, ele n�o estava nem um pouco disposto a perder tempo entrevistando uma governanta que parecia ainda ser uma crian�a.
No entanto, para seu cr�dito, a candidata enfrentava o olhar severo de seu entrevistador sem nenhum sinal de desconforto. Dos ombros eretos ao modo delicado como cruzava as m�os alvas sobre o colo, ela exalava uma confian�a que impediu Ryan de despach�-la imediatamente, sem muita cerim�nia.
Ap�s ler, mais uma vez, a carta de recomenda��o que estava em suas m�os, ele comentou:
- O fato �, Miranda, que Emmaline Weston fez com que voc� e eu perd�ssemos nosso tempo. Recomendei a ela, especificamente, que me enviasse uma governanta madura e experiente. Acreditava que, como diretora do Internato Somerset para Mo�as, ela deveria ter entrado em contato com candidatas mais adequadas. Em vez disso, inexplicavelmente, decidiu me mandar mais uma de suas alunas.
Miranda Kent lhe dirigiu um sorriso confiante.
- A sra. Weston sabia que o senhor ficaria realmente curioso num primeiro momento, mas tinha certeza de que, depois de ler a carta de recomenda��o, veria que sou bastante capacitada para a fun��o.
- N�o vejo como. Voc� n�o � nem madura nem experiente. E apenas uma garotinha ing�nua - disse Ryan, fitando-a com uma n�tida express�o de desaprova��o e incredibilidade naquele rosto j� t�o austero por natureza.
Ele notou certa inquieta��o na jovem ao ver que ela batia levemente a ponta dos dedos da m�o esquerda repousada sobre o colo. Mesmo assim, sem denotar nenhuma altera��o na express�o, Miranda rebateu, determinada a convenc�-lo de suas qualidades:
- Sua rea��o � totalmente compreens�vel, sr. Collier. Mas posso lhe garantir que tenho muita experi�ncia em cuidar das mo�as do internato e de instru�-las.
- Sei, sei. A sra. Weston afirma que voc� possui uma aptid�o surpreendente para isso. Mas, infelizmente, aptid�o n�o substitui maturidade, sobretudo quando a situa��o � t�o apavorante quanto essa.
- Apavorante? - Miranda inclinou levemente a cabe�a, perplexa com o coment�rio. - Estou ciente de que os filhos de seu primo, dois meninos e uma menina, foram abandonados aqui sem serem avisados com anteced�ncia. Deve ter sido uma situa��o um pouco dif�cil para crian�as t�o pequenas, n�o?
- Para elas? Elas est�o �timas. Sou eu quem est� completamente perdido - Ryan retrucou, impaciente. - Provavelmente, voc� teve experi�ncia com crian�as no internato, Miranda, mas os filhos de meu primo Nick O'Hara n�o s�o crian�as normais. Foram criados para dizer e fazer o que bem entendem, e o que mais d� prazer a eles � maltratar e humilhar os outros. S�o como verdadeiros b�rbaros que se apoderaram da minha casa...
A risada discreta de Miranda interrompeu a reclama��o de Ryan:
- Que horror! Eu lhe garanto, senhor, que n�o tolero de forma alguma comportamento de b�rbaros quando estou no comando.
- Acha isso engra�ado? Acredite, n�o estou exagerando. Os meninos, em particular, s�o terrivelmente indisciplinados. A menina n�o � um caso perdido, mas at� mesmo ela n�o tem id�ia de como se comportar em uma casa de pessoas civilizadas. De qualquer maneira, os tr�s parecem formar uma horda de crian�as endiabradas!
- Pobrezinhos, sr. Ryan. O senhor n�o deveria cham�-los assim. S�o apenas crian�as, e crian�as precisam de respeito, de muita aten��o e de carinho. Quantos anos Amy t�m?
- Amy? Acho que tr�s. Novinha, mas n�o t�o nova para que n�o consiga obedecer a regras simples, n�o concorda?
- Sim, senhor, concordo.
Satisfeito com a aquiesc�ncia por parte de Miranda, Ryan lhe dirigiu um sorriso comedido:
- Gostaria de um exemplo?
- Sim, senhor - respondeu ela, �vida por detalhes.
- Desde que Amy chegou, n�o importa quanto eu lhe pe�a para brincar no quarto das crian�as ou na varanda, ela insiste em espalhar suas tralhas pela escada, sem ligar para o fato de os adultos terem de se desviar da sua bagun�a.
- Pobrezinha! - exclamou Miranda em tom piedoso.
- Para ser honesto, descobri por acaso por que ela agia desse modo.
- � mesmo? E por qu�?
- Um dia forcei Amy a dizer por que brincava em qualquer lugar, menos no quarto de brinquedos, e ela me contou que tinha medo dos le�es.
- Como, senhor? - Miranda arregalou os olhos, incerta sobre o que ouvira.
Rindo da rea��o previs�vel dela, Ryan explicou:
- Percebi que Amy estava se referindo �s cabe�as de le�es entalhadas na cornija da lareira, no quarto de brinquedos. E, � claro, pedi que os entalhes fossem removidos imediatamente. Assim, pelo menos este problema foi solucionado. Se ao menos os meninos pudessem ser manipulados com tanta facilidade...
- Deve ser desconcertante para o senhor - Miranda concordou com um gesto de cabe�a. - Mas creio que para as crian�as tamb�m, n�o acha? A sra. Weston mencionou que a partida inesperada do pai delas teve algo a ver com... bem... com... - Miranda conteve-se, encabulada, sem saber se podia entrar num assunto t�o delicado numa entrevista de emprego.
- Com o fato de ele estar sendo procurado pelas autoridades? - Ryan esperou que ela percebesse o tom de sarcasmo em sua voz. - Outra prova incontest�vel de que as crian�as foram criadas sem nenhum escr�pulo ou no��o de certo e de errado. Aparentemente, meu primo Nick roubou um colar de diamantes de um m�dico famoso na cidade. Depois disso, fugiu sem nem sequer ter a dec�ncia de levar os filhos com ele. Agora, estou eu aqui, respons�vel por essas pestinhas.
- Pobrezinhos! - Miranda murmurou, acrescentando rapidamente: - E � muito injusto com o senhor tamb�m.
Ryan estremeceu no mesmo instante, percebendo que ela de alguma forma o via como insens�vel ao infort�nio das crian�as.
- Nem por um momento procurei me esquivar da responsabilidade sobre os filhos de meu primo, e jamais farei isso, voc� pode ter certeza. Mas � muito pedir em troca que eles respeitem a minha casa e as minhas regras?
- Claro que n�o, senhor.
Massageando a testa larga em uma tentativa v� de afastar a dor de cabe�a que o acompanhava desde a chegada das crian�as, duas semanas antes, Ryan prosseguiu:
- Minha frustra��o � maior pelo fato de que preciso de sil�ncio para trabalhar. Presumo que a sra. Weston tenha lhe dito que escrevo ensaios, n�o disse?
- Ela n�o precisava me falar isso, sr. Collier - Miranda assegurou com um inesperado tom de entusiasmo na voz. - J� li, com grande admira��o e interesse, tudo que o senhor escreveu, em especial A Busca Necess�ria pela Utopia.
- Aprecio muito que voc� tenha aprovado - comentou Ryan, lisonjeado por constatar que seu trabalho tivera tamanho alcance.
Mas ele logo se arrependeu de seu tom de superioridade, sobretudo quando percebeu que a bonita garota � sua frente mais uma vez batia a ponta dos dedos no colo. Ainda assim, o rosto de Miranda exibia um interesse respeitoso ao comentar:
- Fico imaginando o grau de concentra��o necess�rio para produzir ensaios t�o convincentes. Deve exigir horas de um estudo solit�rio e concentrado.
- A ironia � brutal, n�o? - Ryan riu de sua pr�pria situa��o. - Depois de anos contemplando e defendendo a utopia, a forma mais elevada de uma sociedade civilizada a que o homem pode aspirar, e depois de estabelecer um santu�rio pessoal que reflita essas qualidades elevadas...
- O senhor sofre uma invas�o de b�rbaros - Miranda concluiu no lugar dele, com os grandes olhos verdes brilhando de exalta��o. - � um absurdo, certo?
- � uma situa��o completamente inadmiss�vel - Ryan a corrigiu e, em seguida, desculpou-se com um sorriso ir�nico. - Percebe agora por que preciso de uma governanta mais madura? Se estiv�ssemos falando de crian�as comuns, uma bonita candidata rec�m-sa�da do Internato Somerset seria perfeita para a tarefa. Mas essas crian�as s�o de fato menos disciplinadas que a maioria, e reconhe�o que minhas exig�ncias s�o muito mais duras do que as encontradas na maior parte dos lares. Quero restaurar a ordem e quero meu isolamento respeitado. Na verdade, quero que ele seja garantido. Isso requer uma pessoa experiente que imponha disciplina e tenha uma express�o r�spida e fria.
- Desculpe-me, mas eu gostaria de fazer uma observa��o. Em seus ensaios, o senhor deposita uma profunda confian�a na intelig�ncia e na imagina��o do ser humano. Se n�o estou enganada, o senhor valoriza essas qualidades acima de tudo, at� mesmo da experi�ncia.
Ryan a fitou um pouco surpreso com o conhecimento aparentemente aprofundado que aquela mo�a t�o nova tinha de sua obra, e, ent�o, buscou corrigi-la:
- Sim, mas n�o acima da disciplina.
- � verdade, li isso em v�rias passagens dos seus ensaios. - Miranda assentiu com um leve gesto de cabe�a, querendo se desculpar. - Felizmente, sou uma pessoa bastante disciplinada. � assim que fui criada, mas � tamb�m meu temperamento normal. Se algu�m pode ensinar a essas crian�as o valor da disciplina e da discri��o, esse algu�m sou eu.
Ryan esfregou os olhos em sinal de frustra��o. De que valeria aquela conversa? Com certeza tratava-se de uma jovem inteligente e controlada, mas dificilmente ela venceria aquele desafio. Keith e Brandon colocariam os olhos nela, perceberiam quanto ela era superior e continuariam a derrubar a mans�o de Collier tijolo por tijolo, at� que sobrassem s� ru�nas.
A n�o ser, � claro, que eles tivessem idade bastante para notar quanto ela era atraente. Nesse caso, quem sabe, Miranda Kent poderia exercer alguma influ�ncia positiva sobre eles. Keith, em particular, tinha quase dez anos, o que parecia idade suficiente para come�ar a perceber garotas atraentes. Ryan esbo�ou um sorriso malicioso com o pensamento e, logo em seguida, sentiu certo inc�modo. Miranda Kent estava, sem d�vida, mais pr�xima da idade de um garoto de dez anos como Keith do que dele pr�prio. Ser� que ela acreditava mesmo que obteria sucesso numa tarefa em que um homem adulto havia falhado?
- Quantos anos voc� tem, Miranda? - Ryan perguntou, mas, antes mesmo que ela pudesse responder, completou: - Vejo que acaba de concluir seu curso no internato. Minha irm� tinha dezesseis quando deixou a tutela da sra. Weston. Devo presumir que voc� tenha mais ou menos a mesma idade, n�o?
- Est� enganado, senhor. Minha situa��o � incomum. Meu pai era aficcionado por tudo que estivesse relacionado � antig�idade greco-romana; assim, al�m dos estudos regulares no internato, ele solicitou que eu fosse introduzida nos cl�ssicos o m�ximo poss�vel. Mesmo depois de eu ter exaurido todo o curr�culo da sra. Weston, continuei meus estudos sob a orienta��o de um professor em Twin Oaks, uma escola vizinha para meninos. Certamente j� ouviu falar dela.
Ryan afirmou com um gesto de cabe�a e comentou:
- Confesso que estou impressionado... e um pouco surpreso. N�o � uma educa��o um tanto elaborada para uma mulher que pretende passar a vida ensinando os fundamentos da educa��o a crian�as pequenas?
- Meu pai jamais desejou que eu passasse minha vida como governanta, senhor, e duvido que venha a fazer isso. Mas, para o momento, serve ao meu intuito, e s� espero que sirva ao seu tamb�m.
- Quer dizer que n�o pretende seguir uma carreira de governanta? - Ryan a encarou com firmeza. - Posso saber por que est� aqui, ent�o?
Baixando um pouco a cabe�a e olhando para as pr�prias m�os, agora repousadas sobre o colo, Miranda explicou-se de maneira humilde e sincera:
- A morte precoce de meu pai me deixou em s�rias dificuldades financeiras. A remunera��o que o senhor est� oferecendo por um ano de trabalho � bastante generosa. Espero que seja o suficiente para que eu possa embarcar na vida que desejo para mim mesma.
Sentindo certa empatia por Miranda, Ryan aproximou-se da cadeira em que ela estava sentada, encostou-se na mesa e perguntou com vis�vel interesse:
- E qual �?
Miranda ruborizou e respondeu num tom de distanciamento: - Desculpe, mas isso n�o deve importar tanto ao senhor quanto a qualidade do meu trabalho.
Um tanto desconcertada, ela pensou se o teria reprimido. Ou pior, se teria tentado faz�-lo sentir-se culpado por interrogar uma �rf� sem recursos.
Arqueando as sobrancelhas, Ryan mostrou-se distante novamente:
- Como voc� disse, estou oferecendo uma remunera��o generosa a uma governanta profissional. Sua falta de experi�ncia e, aparentemente, de interesse pela profiss�o, parece muito relevante.
Os olhos verdes de Miranda se mantiveram fixos nos olhos azuis de Ryan, emoldurados por aquele rosto de fei��es m�sculas e cabelos negros. Mas sem deixar ser influenciada pela beleza rude daquele homem, ela tentou se explicar:
- Est� certo, senhor. Creio que eu deva me explicar. O senhor tem toda a raz�o. N�o imagino nenhuma responsabilidade t�o grande quanto � de ensinar crian�as a serem cidad�os �ntegros e respons�veis. Considero-me apta para essa tarefa e acredito que � o modo mais agrad�vel que tenho para me sustentar at� que tenha a sorte de me casar e ter meus pr�prios filhos para criar.
- Em outras palavras, uma compensa��o generosa que voc� poderia receber por este cargo seria encontrar um marido? � o que quis dizer quando mencionou que isso a embarcaria na vida que deseja para si mesma? - perguntou Ryan, encarando-a e cobrando uma resposta honesta.
Miranda hesitou e, em seguida, concluiu com um suspiro breve e revelador:
- N�o imagino um futuro melhor, senhor.
A declara��o sincera o tocou, e ele se lembrou de que seu prop�sito naquela entrevista era solucionar seus pr�prios problemas, e n�o os infort�nios de uma encantadora estranha, mesmo que isso come�asse a passar por sua cabe�a. No entanto, ela parecia ler seus pensamentos, e continuou, confiando em si mesma e em seu prop�sito:
- Al�m de minhas outras qualifica��es, h� o fato de que estou aqui pronta e disposta a auxili�-lo em tudo o que precisar. Poder� levar semanas para o senhor conseguir outra candidata, e isso, definitivamente, n�o seria uma boa op��o. Ser� que n�o poder�amos fazer uma tentativa, digamos, por um per�odo de experi�ncia?
Antes mesmo que Ryan pudesse protestar, Miranda se adiantou:
- Se a qualquer momento, depois de uma hora, um dia, uma semana ou at� mesmo imediatamente, eu falhar em satisfaz�-lo, o senhor poder� me demitir sem obriga��o alguma de me compensar por um minuto que seja que eu tenha passado aqui.
- � uma oferta um tanto dr�stica - ele comentou, sentindo que tal proposta n�o soava de todo justa.
- Uma oferta ditada pela confian�a - ela retrucou. - Compreendo suas desculpas, senhor. Mas, com toda a certeza, a sra. Weston n�o teria me recomendado se eu n�o estivesse apta para o servi�o. Ela � perfeccionista e extremamente cuidadosa em rela��o � sua reputa��o de excel�ncia na educa��o de jovens. Tenho orgulho de ser indicada pela sra. Weston e estou determinada a provar que mere�o a indica��o dela.
Ryan a fitou com um ar de ironia e observou:
- Depois de uma hora com os filhos de meu primo, voc� mesma desistir� desse acordo. Quanto � minha irm�... - Ele fez uma careta, lembrando a esperan�a que alimentava de que uma mulher mais en�rgica e madura pudesse exercer uma boa influ�ncia sobre Stephanie e sobre as crian�as tamb�m. Miranda Kent, por�m, era jovem demais e, sem d�vida, bastante inexperiente para essa tarefa.
- A sra. Weston falou de sua irm� com muito afeto e considera��o - Miranda declarou, franzindo os l�bios de modo suave. - E com certa irrita��o, confesso. Entendo que o senhor espera incutir nela o senso de responsabilidade financeira e o gosto pelas artes e por outras atividades culturais. N�o quero parecer presun�osa, senhor, mas as minhas pr�prias tend�ncias nesse campo n�o poderiam servir de exemplo?
Ryan deu uma risadinha sarc�stica.
- Voc� est� subestimando minha irm�. Ela tem apenas vinte e quatro anos, mas � um s�mbolo do consumismo e da futilidade. J� foi casada duas vezes e gastou toda a fortuna que meu pai deixou em seu testamento, bem como todo o dinheiro de seus ex-maridos. Sinceramente, duvido que uma garota inocente da sua idade... - Ele se interrompeu para perguntar mais uma vez: - Que idade voc� tem mesmo, dezoito?
- Completarei dezenove antes do final do ano. - Miranda respondeu com firmeza, n�o deixando se intimidar por ser t�o jovem.
Ryan deu uma risada diante do fato de ela ter apenas dezoito anos. Depois, ele se levantou e andou vagarosamente ao redor da escrivaninha, fazendo men��o para que Miranda tamb�m se colocasse de p�.
Conforme se levantava, ela o encarava, e Ryan ficou de novo impressionado pelo seu modo confiante e direto, sem deixar de ser suave e meigo. Era uma combina��o bastante tranq�ilizadora e, por um momento, Ryan permitiu-se acreditar que Miranda pudesse realmente domar os filhos de seu primo, de modo que em um ano, ou at� mesmo antes disso, ele pudesse envi�-los de volta para a escola. Isso era o que desejava havia muito.
Como acontecera mais de uma vez, ela parecia ler seus pensamentos e simplesmente concluiu, lan�ando-lhe um olhar firme:
- Este escrit�rio voltar� a ser o seu santu�rio, sr. Collier. Estou plenamente certa de que, uma vez que as crian�as entendam quanto o seu trabalho � importante e quanto uma casa pode ser agrad�vel quando todos os seus moradores se respeitam mutuamente, n�s estabeleceremos uma atmosfera na qual as crian�as possam progredir e ser felizes sem nenhum inconveniente para o senhor.
- Se � assim, ent�o vamos tentar. - Ryan limpou a garganta antes de abrir a porta e acenar para que Miranda o acompanhasse para o interior do sal�o.

Cap�tulo II
Miranda observou as paredes da mans�o de Collier, encantada pela beleza e pela suntuosidade das portas arqueadas, dos murais vibrantes e das molduras ricamente esculpidas. Tendo passado grande parte de sua inf�ncia em espa�os limitados no barco de seu pai, ela imaginou que os pequenos primos de O'Hara simplesmente n�o resistiam � tenta��o de correr e pular por aqueles sal�es t�o espa�osos, ou de falar mais alto apenas para ouvir o eco de suas vozes nos tetos t�o elevados. At� mesmo uma crian�a muito comportada ficaria tentada a agir assim.
� claro que o homem que a acompanhava de perto n�o compartilhava a mesma id�ia. E embora Miranda tivesse rejeitado o uso de termos como "a horda" ou "os b�rbaros" por parte de Collier para se referir �s crian�as, ela n�o estava disposta a argumentar contra um fil�sofo t�o brilhante, sobretudo quando esse fil�sofo genial poderia lhe oferecer um meio de tir�-la de seu deplor�vel estado financeiro.
Ent�o, seu anfitri�o esguio e de cabelos escuros a tocou no ombro, guiando-a em dire��o a uma enorme escada circular. Miranda quase pulou com o contato inesperado. Oito anos no internato para garotas n�o a tinham preparado para o toque de uma m�o masculina, mesmo se tratando de um toque t�o impessoal como aquele.
Os pensamentos dela se voltaram para uma situa��o embara�osa com Armstrong Hemmingway, um homem com planos de toc�-la de um modo que ia muito al�m do impessoal. N�o pense nele agora, Miranda imp�s a si pr�pria. Concentre-se nas necessidades do sr. Collier, que s�o benignas e deforma alguma pervertidas.
- Pedirei a Simon, meu mordomo, que lhe mostre seu quarto para que voc� possa acomodar-se - Ryan disse com seu modo direto. - O jantar ser� servido exatamente �s seis e meia. Ent�o voc� poder� conhecer os pestinhas.
- N�o vejo a hora de conhec�-los - Miranda comentou com um sorriso mec�nico, tentando disfar�ar o estranhamento e o nervosismo da situa��o.
- O jantar � o momento do dia que escolhi para dedicar �s crian�as e a Stephanie, quer elas queiram isso ou n�o. Uma das suas atribui��es ser� fazer com que essa experi�ncia seja a menos dolorosa poss�vel para mim - observou Ryan, querendo deixar claro que aquilo era uma prioridade e que deveria ser cumprida a qualquer custo.
- Pois n�o, senhor.
- Suas outras atribui��es se concentrar�o em manter as crian�as quietas e longe dos meus estudos. Conquanto voc� possa educ�-las um pouco, para mim est� �timo. Mas j� posso adiantar que voc� estar� totalmente ocupada s� garantindo que elas n�o destruam a casa.
- Sim, senhor - Miranda concordou com um ligeiro gesto de cabe�a.
- Quando conhecer os meninos... Oh, veja isso!
Perplexa com o tom de Ryan, que chegou quase a ser um grito, Miranda acompanhou o olhar perturbado dele e se surpreendeu ao ver uma garotinha sentada na escada, a dois degraus do primeiro lance, arrumando cuidadosamente suas bonecas. Era uma menininha de cabelos dourados e tra�os delicados, t�o diferente de Ryan Collier que Miranda quase n�o acreditava que pudessem ser parentes.
- Amy? - Ele se esfor�ava para n�o erguer a voz. - O que voc� est� fazendo com esses brinquedos espalhados na escada?
- Blincando com as minhas nenecas - ela explicou, numa express�o ing�nua e delicada.
Miranda quase soltou uma risada com a fala confusa e ador�vel da menininha.
- Por que voc� n�o est� brincando no quarto de brinquedos? - Ryan inquiriu, visivelmente irritado pela repeti��o do mau h�bito da garotinha.
- � muito solinho l�.
- Solinho?
- Sozinho - Miranda sussurrou, e acrescentando, de modo que a menina pudesse ouvir:
- Voc� sente falta dos seus irm�os quando est� sozinha no quarto, meu amorzinho?
- N�o, sinto falta dos leozinhos.
- Do qu�? - Ryan vociferou, num sinal claro de que estava a ponto de sair do s�rio.
Miranda teve de morder o l�bio para conter o riso diante da irrita��o dele e, procurando disfar�ar, arriscou fazer uma sugest�o:
- Sr. Collier, o que me diz de Amy subir comigo e me mostrar o quarto de brinquedos? - Ap�s uma breve pausa para dirigir-se � crian�a, ela murmurou:
- O que voc� acha disso, Amy?
- Palece legal.
Miranda tomou a menina pela m�o e a convidou:
- Primeiro, vamos apanhar essas lindas bonecas, e depois voc� poder� me mostrar onde � a casa delas.
Ryan limpou a garganta antes de se pronunciar:
- Vou deixar as duas sozinhas, ent�o. Darei ordens ao motorista para que leve imediatamente a sua bagagem para o seu quarto. Amy, talvez voc� possa mostrar a srta. Kent o quarto dela, depois de terem visto o quarto de brinquedos, certo?
- Tuto bem, tio Lyan - respondeu a menina, concordando com um movimento de cabe�a e balan�ando os pequenos cachos dourados.
- Obrigado! - Ele sorriu para Miranda. - As crian�as sempre se dirigem a Stephanie e a mim como tia e tio.
- � carinhoso, senhor - ela assegurou.
- E refor�a a minha autoridade. Se � que eles s�o capazes de respeitar a minha autoridade - Ryan concluiu num tom sarc�stico.
Miranda tentou n�o demonstrar nenhuma, emo��o no rosto, observando em sil�ncio que Amy parecia extremamente respeitosa, e n�o uma crian�a "b�rbara" ou impertinente. Se as cr�ticas de Ryan Collier em rela��o aos meninos fossem t�o infundadas quanto �s observa��es que fizera a respeito da menina, Miranda n�o tinha d�vida de que seria bem-sucedida naquela empreitada.
Mais confiante do que nunca, ela atreveu-se a garantir:
- Darei o melhor de mim para refor�ar sua autoridade a todo momento, senhor. N�o tenha d�vidas quanto a isso.
- Obrigado, Miranda. - Ele hesitou e, em seguida, curvou-se em sinal de respeito. - Voc� deve estar exausta com a viagem. Aproveite a oportunidade para descansar um pouco antes do jantar. No jantar, conhecer� Stephanie e os meninos.
- �s seis em ponto estarei l� - Miranda assentiu com um gesto de cabe�a. - Estou ansiosa, senhor. Obrigada mais uma vez por esta generosa oportunidade. Esteja certo de que n�o vou decepcion�-lo.
- Veremos! - Ap�s curvar-se mais uma vez, agora em sinal de despedida, Ryan desapareceu em dire��o � sala de estudo.
Miranda sentou-se em um degrau e exibiu um sorriso acolhedor, fazendo com que Amy se sentisse segura ao lado dela.
- Vamos passar bastante tempo juntas nos pr�ximos dias, Amy. O sr. Collier me chamou para ser a governanta. Voc� sabe o que � isso?
- Tio Lyan disse que temos de fazer tudo que voc� mandar. E se voc� ensinar alguma coisa pala a gente, temos de aplender - respondeu a menina automaticamente, como se tivesse ensaiado tal coment�rio.
- � verdade. Mas tamb�m vou cuidar de voc�, ouvi-la e ter �timas conversas. Espero, do fundo do meu cora��o, que tenhamos bons momentos juntas.
- Keith disse que voc� selia feia e chata. Mas voc� n�o �. � bonita e legal.
- Como voc�! - Miranda passou o bra�o ao redor dos ombros da garotinha e lhe deu um abra�o reconfortante; em seguida, adotou uma postura mais ativa. - � melhor apanharmos logo esses brinquedos. N�o seria bom que algu�m trope�asse neles, n�o �?
- N�o.
- Voc� n�o sente falta dos le�es, sente?
- Sinto falta de papai.
Miranda lhe deu mais um abra�o acolhedor e completou:
- Tenho certeza de que ele tamb�m sente muita falta de voc�. Amy deu de ombros, demonstrando tristeza pela irrepar�vel falta do pai.
- � por isso que o quarto de brinquedos parece t�o solit�rio para voc�?
A menina concordou com um gesto de cabe�a.
- Papai rezava comigo e com as minhas nenecas todo dia. Elas tamb�m t�m saudade dele.
- Pobrezinhas! - Miranda juntou quase todos os brinquedos, deixando apenas dois para Amy carregar. Em seguida, ajudou a crian�a a ficar de p� e a conduziu pela escada ricamente entalhada at� chegarem ao segundo andar. No corredor, Amy disparou na frente, passando por dois quartos antes de entrar em um c�modo e sumir de vista.
Correndo para alcan��-la, Miranda parou � porta do quarto de brinquedos e sorriu, aliviada. Temendo que Ryan tivesse aprisionado "os b�rbaros" numa masmorra ou numa cela de castigo, ela viu que seu empregador havia transformado um quarto elegante e ricamente mobiliado em um ref�gio para uma garotinha, acrescentando toques de rosa nas colchas de babados e rendados de linho branco, um aparelho de ch� em miniatura sobre uma mesinha com cadeirinhas de crian�a e cestos abarrotados de brinquedos.
Largando os brinquedos que trazia nos bra�os no parapeito da janela, Miranda observou:
- Veja! Agora as bonecas podem ver que dia lindo est� hoje.
- Elas quelem ficar olhando l� fola comigo - Amy falou, subindo no dossel rendado da cama.
- Tudo bem, elas podem ficar olhando o jardim por enquanto, mas quanto a voc�, bem, acho que est� na hora de tirar uma soneca. O que me diz? - Miranda se espregui�ou, admitindo a si mesma que uma soneca seria maravilhosa. - Vou contar uma hist�ria para voc� e para as bonecas enquanto voc� pega no sono.
Amy assentiu com um gesto de cabe�a, aconchegou-se em seu travesseiro e contestou:
- Mas n�o uma do gigante.
- Claro que n�o - Miranda concordou, come�ando a contar uma relaxante hist�ria de uma terra onde as casas eram de p�o de gengibre e as nuvens, confeitadas de a��car. Em poucos minutos, sua nova responsabilidade estava dormindo tranq�ilamente.
Afagando a testa da crian�a, ela se virou e caminhou em dire��o � porta e se surpreendeu ao ver uma mo�a encantadora, que se manifestou de modo ir�nico:
- Voc� n�o pode ser a nova governanta. Com certeza, deve ser um anjo que veio para salvar as crian�as e a mim mesma do irm�o carrasco.
Miranda devolveu o tom de brincadeira com um sorriso:
- Stephanie Collier, eu imagino. Sou Miranda Kent, do Internato Somerset. Vim recomendada pela sra. Weston.
- Veja s�! - Stephanie avaliou Miranda de cima a baixo; os olhos azuis brilhavam de admira��o, os cabelos aloirados se mexiam com a exalta��o da mo�a. - Gostaria de ter visto a rea��o de Ryan. Ele deve ter ficado furioso, n�o? Ou simplesmente sem palavras, vendo suas inten��es serem afrontadas t�o abertamente.
- O sr. Collier estava esperando uma candidata mais madura - Miranda admitiu. - Mas ele concordou em confiar nas recomenda��o da sra. Weston, pelo menos por alguns dias. Depois disso, dar� sua palavra final.
Stephanie soltou uma risadinha contida e, em seguida, puxou Miranda pela m�o. S� ent�o, esta p�de observar um pouco mais na jovem que a conduzia. Uma mo�a um pouco euf�rica e espont�nea demais, sem d�vida, mas tamb�m muito bonita e distinta. Esguia e um pouco mais alta que Miranda, a irm� de Ryan se vestia com jovialidade, por�m com eleg�ncia e distin��o. Trazia, nas orelhas e no pesco�o, um conjunto de brincos e colar num tom de azul-celeste que combinava com os olhos. Exatamente da mesma cor que os olhos do irm�o, s� que mais vivos e mais alegres.
- Vamos conversar um pouco no seu quarto. Voc� j� o viu? � ainda mais melanc�lico do que este. � claro, a mans�o inteira � amea�adora. Um tributo ao seu propriet�rio.
Miranda acompanhou Stephanie pelo sal�o, atravessando v�rias outras portas.
- � uma atmosfera um tanto assustadora para uma crian�a - ela comentou com sua anfitri�. - Mas, de algum modo, eu realmente acho um lar encantador. N�o posso imaginar como deve ter sido para voc� ser criada aqui. Vivi num barco at� os onze anos e, depois, fui morar no internato. Estes sal�es espa�osos e opulentos n�o se comparam com nenhum dos dois.
- Um barco? Que excitante! - Stephanie abriu a �ltima porta da direita e segurou de novo Miranda pela m�o, fazendo-a entrar no quarto amplo dominado por uma lareira de pedra. - Medonho, n�o?
Miranda observou atentamente as luxuosas cortinas de veludo turquesa, os m�veis de mogno e as paredes escuras, antes de declarar:
- Eu adorei.
- Bem, talvez voc� seja mesmo a candidata ideal - Stephanie disse dando de ombros e completando com ironia: - Voc� trouxe algum pertence ou est� t�o desprovida quanto eu sou aqui?
- O mordomo est� trazendo a minha bagagem - Miranda explicou, resistindo ao impulso de acrescentar que era mesmo completamente desprovida, mas que, ao contr�rio de Stephanie, n�o tinha nenhum irm�o rico a quem recorrer para sanar sua situa��o.
Ela n�o faz id�ia da sorte que tem, Miranda concluiu em pensamento com um suspiro. � como a sra. Weston disse: "Stephanie � elegante e gentil, mas um tanto f�til para ter gastado uma quantia generosa aos vinte e quatro anos, com a assist�ncia de dois maridos, e, ainda assim, n�o apreciar as circunst�ncias nas quais nasceu".
N�o que Miranda trocasse sua pr�pria inf�ncia pela de Stephanie. Tinha certeza de que, at� a morte de seu pai, ela fora a garota mais feliz do mundo. Ainda assim, uma pens�o ou um abastado irm�o mais velho teria ajudado a preencher o vazio, tanto financeiro quanto emocional, deixado pela aus�ncia de seu pai. Ao menos, teria evitado que ela se tornasse uma v�tima das vis manipula��es de Armstrong Hemmingway.
Afastando pensamentos t�o negativos, Miranda perguntou:
- H� quanto tempo a sua fam�lia mora em Bridgehaven?.
- Meus pais constru�ram esta casa h� trinta anos, logo depois de se casarem. - Ela sorriu diante da rea��o de surpresa de Miranda. - Pela apar�ncia deste lugar, voc� poderia imaginar que � muito mais antigo, o que era a inten��o de papai.
Sentando-se em uma poltrona estofada pr�xima � lareira, Stephanie continuou:
- � uma r�plica da mans�o senhorial na Inglaterra na qual ele foi criado. Alguns dos entalhes foram retirados da casa das carruagens dessa propriedade rural e transplantados para c�.
- � surpreendente! Eu nunca tinha visto tanta opul�ncia numa resid�ncia. Tudo parece ter sido planejado nos m�nimos detalhes.
- Eu cheguei a visitar a casa original e, tirando o fato de ela ser bem maior, as duas resid�ncias s�o id�nticas em quase todos os detalhes. Papai chegou at� mesmo a incluir as passagens secretas que tornavam a mans�o senhorial t�o fascinante. Deixe-me mostr�-las a voc�. - Stephanie levantou-se de um salto e percorreu a ponta dos dedos ao longo da moldura ao redor da lareira de pedra.
Para espanto de Miranda, uma parte inteira da parede se abriu.
- Puxa, que incr�vel! - ela exclamou diante da revela��o inusitada de um corredor escondido atr�s da parede do quarto.
- Essas passagens atravessam toda a casa. Durante o dia, elas s�o iluminadas o suficiente pelos blocos de vidro escondidos no teto. Mas, � noite, o caminho � muito trai�oeiro. Assim, tenha muito cuidado se voc� decidir se aventurar pelas passagens alguma noite dessas.
Miranda riu.
- Estou certa de que n�o colocarei meus p�s l�. A n�o ser que as crian�as... Oh, meu Deus, elas n�o mexem pelas paredes, mexem?
- Se essas pestinhas soubessem das passagens, com toda a certeza entrariam nelas. Felizmente, o segredo est� bem guardado. Al�m de mim e de Ryan, acho que apenas uma ou duas pessoas sabem a respeito delas. At� mesmo os criados n�o sabem da sua exist�ncia.
- E por que voc� me contou?
- Somos confidentes. - Stephanie se colocou diante de Miranda e lhe deu um abra�o efusivo. - Estou t�o aliviada que voc� seja jovem e atraente! Insisto para que nos tornemos amigas agora mesmo.
- Gostaria muito que isso acontecesse - Miranda admitiu.
- S� espero que tenhamos a oportunidade. Seu irm�o ainda n�o deu a sua palavra final.
- Se voc� for uma boa influ�ncia sobre mim, ele ir� lhe implorar para que fique. E eu o convencerei disso. Pretendo fingir ler os livros mais enfadonhos da biblioteca dele. At� mesmo me vestirei como voc�, embora eu n�o consiga imaginar como os seus seios sobrevivem a esse decote t�o recatado. - Os olhos azuis de Stephanie brilharam ao indicar o decote baixo de seu pr�prio vestido. - Como voc� pode ver, os meus seios desfrutam um pouco de ar fresco.
Miranda sorriu-lhe.
- Suponho que voc� n�o conseguir� enganar seu irm�o por muito tempo.
- Acha que n�o? - Stephanie perguntou com sarcasmo. - Voc� ficaria surpresa ao ver quanto � f�cil enganar Ryan. Ele � realmente um pouco ing�nuo, de um jeito tosco e imperdo�vel. Meu irm�o foi desagrad�vel ao constatar que voc� � jovem e bonita em vez de rabugenta e insuport�vel?
Miranda sorriu de novo, mas insistiu com fidelidade:
- Foi uma honra encontrar um fil�sofo e autor t�o respeit�vel. E foi gentil da parte dele ter me dado essa oportunidade, embora eu n�o atendesse �s suas expectativas.
- Ningu�m atende �s expectativas de Ryan - Stephanie declarou. - Pelo menos � o que acontece comigo. Mas, como voc�, pretendo impression�-lo. E sabe por qu�?
Miranda recuou. Ela ouvira falar dos detalhes do acordo e sabia que Ryan tinha concordado em criar um novo fundo de cust�dia para sua irm� caso ela aceitasse passar um ano inteiro sob seu teto, aperfei�oando a si pr�pria, aprendendo a lidar com suas pr�prias finan�as e abstendo-se da companhia de amantes. Pelas contas da sra. Weston, os tr�s �ltimos namorados de Stephanie a tinham abandonado logo que se deram conta de seu comportamento irrespons�vel e f�til.
No entanto, Stephanie a surpreendeu ao murmurar:
- N�o � pelo dinheiro, Miranda, � pelo desejo que eu tenho de conquistar o respeito de meu irm�o. Ryan � exatamente como papai, e, quando vejo reprova��o nos olhos dele, fico de cora��o partido. Se papai estivesse vivo, eu n�o teria me atrevido a agir como nos �ltimos anos. E, embora n�o me arrependa de muita coisa que fiz, sei que desapontei a minha fam�lia, sobretudo Ryan. Jamais me perdoaria se n�o buscasse um modo de remediar isso.
- Ent�o, n�o apenas finja ler os livros; leia-os de verdade - Miranda aconselhou.
- N�o ligo para esses assuntos - Stephanie rebateu dando de ombros. - Mas concordo com Ryan em um aspecto. Preciso mesmo aprender a lidar com as minhas pr�prias finan�as. Foi humilhante acordar uma manh� e perceber que eu tinha acabado com uma fortuna inteira. Todos os meus amigos e namorados viraram as costas para mim quando o dinheiro acabou. E a humilha��o final foi voltar para c� e enfrentar a arrog�ncia de Ryan. Nunca, nunca mais mesmo, me permitirei ficar de novo nessa situa��o.
Miranda bateu levemente no bra�o da irm� de Ryan e comentou:
- Entendo muito bem o que voc� quer dizer. Meu pai tamb�m morreu quando eu tinha catorze anos, e fiquei desolada diante da perda do amor e da orienta��o que ele me proporcionava. Mas o que eu n�o sabia era que as suas finan�as estavam num estado prec�rio. Um dia, a pessoa que administrava os neg�cios dele foi at� o internato e me contou tudo.
Miranda interrompeu a si mesma sentindo-se constrangida com o tom hesitante na voz. Balan�ando a cabe�a em sinal de indigna��o, acrescentou com mais firmeza:
- Eu conseguirei satisfazer as expectativas de seu irm�o. Serei generosamente paga. Parece que temos isso em comum, n�o? Stephanie deu um sorriso largo.
- H� s� um modo de se sair bem com essas crian�as: suborno e amea�as. Farei o que puder para ajud�-la.
- N�o seria melhor que eu apenas as ensinasse a se comportarem? - Miranda contestou, tentando mostrar que seus valores morais estavam acima de tudo, at� mesmo de suas necessidades financeiras.
- Isso � imposs�vel! � insensato por parte de Ryan pedir-lhe isso. Assim como � insensato por parte dele me pedir que viva como uma freira. - Um sorriso t�mido se esbo�ou nos l�bios de Stephanie. - Posso lhe contar um segredo?
- Talvez seja melhor n�o - Miranda respondeu prontamente. Havia um brilho nos olhos de Stephanie que lhe dizia que ela estava prestes a ouvir algo escandaloso de que seria melhor n�o tomar conhecimento, por enquanto.
- Voc� promete que jamais revelar� uma palavra sobre isso a Ryan? - Stephanie pediu cruzando os dedos sobre os l�bios para selar um voto de sil�ncio.
Miranda hesitou por um momento antes de assentir com um gesto de cabe�a.
Stephanie olhou em dire��o � porta fechada do quarto, como temendo que seu irm�o aparecesse de repente. Em seguida, ela revelou com um prazer incontido:
- Estou apaixonada pelo homem mais maravilhoso do mundo. Ryan nem sequer suspeita disso e talvez jamais venha a saber. Mas devo dizer que fomos feitos um para o outro! No momento em que o meu ano de confinamento neste mausol�u terminar, Harry e eu vamos nos casar. N�o � maravilhoso?
- Sim - Miranda admitiu. - Deve ser dif�cil n�o poder v�-lo ou ficar sem se corresponder com ele.
- Pelo contr�rio, eu o vejo quase todos os dias.
- Oh, ele � um dos empregados da casa? - Miranda arriscou, meio incr�dula.
Stephanie soltou um riso alto:
- Voc� acha mesmo que eu conseguiria ter um caso com um dos empregados bem embaixo do nariz de Ryan? Ele � ing�nuo, mas tamb�m � insuportavelmente desconfiado. N�o que nenhum dos empregados seja atraente. N�o, Miranda, Harry Anderson n�o � empregado de ningu�m. Ele mora em Bridgehaven e � um advogado bem-sucedido.
- � o advogado do sr. Collier? � assim que voc�s dois se encontram, quando ele visita o sr. Collier a neg�cios?
- Suas visitas s�o apenas para desfrutar os prazeres da vida - Stephanie corrigiu-a com um sorriso malicioso. - Harry usa as passagens secretas, Miranda. N�o � rom�ntico? Encontros �s escondidas por corredores frios e sombrios? Sinto-me de novo como uma adolescente. Ou como uma princesa presa num castelo.
- Meu Deus! - Miranda exclamou, surpresa e at�nita com o que acabara de ouvir.
- Harry odeia ter de se esgueirar �s escondidas para me ver. Se pudesse, eu correria pela porta da frente e me atiraria nos bra�os dele, e n�s nos casar�amos hoje mesmo. Mas quero conquistar o respeito de Ryan. E tamb�m quero ter dinheiro suficiente para me manter caso o pior aconte�a. Embora sinta no fundo do cora��o que Harry e eu nos amaremos para sempre, j� tive li��es bem amargas na vida. Ainda assim, estou mais feliz do que jamais estive em toda a minha vida.
- � realmente muito rom�ntico - Miranda admitiu. - Mas voc�s n�o t�m medo de que o sr. Collier os apanhe juntos?
- � por isso que nunca nos encontramos no meu quarto. N�s nos encontramos aqui, neste quarto.
Miranda arfou, espantada, e Stephanie continuou:
- N�o � genial? E agora que voc� est� aqui, � ainda melhor. Ryan jamais se atreveria a entrar sem bater.
- Mas voc� n�o pretende continuar a se encontrar com o seu namorado no meu quarto, pretende? - Miranda protestou sem muita firmeza.
- Voc� estar� com as crian�as. Prometo que n�o lhe causaremos nenhum inconveniente.
Meneando a cabe�a em sinal de indigna��o, Miranda atravessou a abertura na parede que conduzia � passagem secreta. Ap�s examinar o mecanismo que servia como um trinco, ela o pressionou, tentando trancar a passagem.
- H� um modo de fechar este trinco?
Stephanie suspirou fundo antes de pedir:
- Por favor, n�o fa�a isso. Seremos discretos, eu prometo. Quando voc� encontrar Harry...
- N�o pretendo encontrar Harry. E, particularmente, n�o quero que ele ponha de novo os p�s neste quarto. Vou guardar o seu segredo, Stephanie, mas, por favor, n�o me envolva nele. O sr. Collier teria todo o direito de me demitir se suspeitasse de que eu a estou ajudando a desafi�-lo.
- Ele n�o vai suspeitar de nada - Stephanie insistiu, mas pareceu ler a determina��o na express�o de Miranda e acrescentou: - Vou conversar com Harry sobre providenciarmos um outro local para os nossos encontros.
- Obrigada.
Stephanie bateu levemente no ombro de Miranda e disse:
- Voc� deveria descansar um pouco antes do jantar. Com certeza, meu irm�o a interrogar�, como faz com todos n�s todas as noites. A melhor t�tica � concordar com tudo o que ele disser, n�o importa quanto seja insensato ou penoso.
- Obrigada pelo conselho.
- Pobrezinha. Deve ter ficado chocada com o meu romance com Harry, n�o �? Voc� passou tempo demais naquele internato horr�vel. N�o � uma vida normal para uma garota bonita como voc�, na flor da idade. Lembro-me de como eu era quando deixei o internato, t�o desejosa da aten��o de um homem que, literalmente, me atirava nos bra�os de qualquer um que encontrasse.
Miranda baixou o olhar, um pouco intimidada com o assunto, mas Stephanie prosseguiu com um sorriso malicioso:
- Ryan n�o permitir� que voc� tenha uma vida social mais intensa, mas, sem d�vida, ocasionalmente, ir� � cidade. Harry poder� apresent�-la a algum dos seus amigos e...
- Isso n�o ser� necess�rio � Miranda a interrompeu com rispidez. Depois, olhou em dire��o ao sal�o de entrada. � Voc� ouviu esse barulho? Devem ser as crian�as, ou ent�o a minha bagagem. Deixe-me ver. � Sem esperar por uma resposta, ela passou por Stephanie e abriu a porta a tempo de avistar o motorista no momento em que ele colocava suas malas gastas no ch�o.
Aliviada pela interrup��o, Miranda aguardou at� que o empregado partisse. Em seguida, fez men��o para que Stephanie tamb�m a deixasse a s�s, comentando que precisava descansar um pouco. N�o que pudesse conseguir relaxar, sabendo que um estranho poderia estar espreitando atr�s das paredes.
Mas isso n�o � da minha conta, ela pensou assim que se viu sozinha. Desde que eu n�o tenha uma participa��o ativa no conchavo, o sr. Collier n�o poder� me responsabilizar por nada caso ele venha a descobrir o romance secreto entre Stephanie e Harry.
Mesmo assim, os amantes n�o poderiam mais se encontrar em seu quarto. Ent�o, Miranda examinou mais uma vez o painel que tapava a passagem. Ficou intrigada ao descobrir que duas das rosetas de madeira que decoravam o painel poderiam ser facilmente removidas. Cada uma delas estava presa a uma fina haste de metal, e uma das hastes era muito maior que a outra. Ela podia simplesmente trocar as hastes, de modo que a maior ficasse posicionada logo abaixo do trinco, e a porta n�o mais se moveria quando o mecanismo fosse manipulado.
Sorrindo, aliviada, agradeceu a seu pai e a sra. Weston pelas aulas pr�ticas e, em seguida, despiu-se de sua roupa de viagem e vestiu uma camisola macia. Sua confian�a, embora levemente abalada pela entrevista afrontosa com Ryan Collier e pelas revela��es de Stephanie, n�o a tinha abandonado. Na verdade, Miranda estava mais determinada do que nunca a tirar proveito daquela oportunidade de livrar-se de uma vez por todas da d�vida com Armstrong Hemmingway.
O que significava que ela precisava estar descansada para seu primeiro encontro com os garotos. Ser� que seu empregador estaria observando atentamente o encontro, buscando sinais de inaptid�o de sua parte? Com um sorriso malicioso, Miranda revolveu sua valise at� encontrar um exemplar de A Busca Necess�ria pela Utopia, de Ryan Collier, que a sra. Weston tinha lhe dado para a viagem. Ela sempre apreciara ler esse ensaio brilhante de Collier. Naquele momento, o estudaria com outro prop�sito: aprender sobre o autor, e n�o com ele.

Cap�tulo III
Ryan sentou-se � cabeceira da mesa de jantar e inspecionou seus familiares. Tinha sido uma tolice permitir que Miranda Kent ficasse, mesmo que por um s� dia, n�o apenas porque era insensato alimentar as expectativas da pobre garota, mas tamb�m porque aquela atitude havia alimentado claramente as esperan�as das crian�as e de Stephanie. No caso de Amy e de Stephanie, parecia haver uma afei��o leg�tima pela rec�m-chegada.
Keith e Brandon tamb�m parecia animados, embora Ryan suspeitasse de que a rea��o deles fosse por um motivo menos nobre. Sem d�vida, aqueles pestinhas acreditavam que iriam dominar e esgotar aquela jovem de aspecto fr�gil e de fala macia. Naquele momento, estavam descaradamente com os olhos fixos nos seios da mo�a, apesar do fato de ela estar meticulosamente vestida, tendo trocado sua roupa de viagem, desajeitada e desbotada, por um vestido de algod�o igualmente desajeitado e desbotado.
- Srta. Kent? - o garoto mais velho a chamou de repente.
- Pois n�o, Keith.
- A senhorita j� se casou tantas vezes quanto tia Stephanie?
Brandon soltou uma gargalhada, e Ryan dirigiu a ambos um olhar de reprova��o. Ele poderia t�-los repreendido oralmente, mas queria ver se a nova governanta teria a atitude de faz�-lo por si pr�pria.
Infelizmente, Stephanie interveio na situa��o, frustrando as expectativas de Ryan.
- N�s bem que a avisamos, Miranda, que esses meninos s�o pirralhos mal-educados. Voc� n�o deveria perder tempo tentando ensinar algo a eles ou at� mesmo procurar toler�-los. Acho que deveria simplesmente aplicar-lhes um castigo todos os dias e esperar que Nick retorne o mais r�pido poss�vel.
Ryan notou que a governanta batia de leve os dedos na mesa, da mesma forma como fizera durante a entrevista no escrit�rio. O que isso significava? Anteriormente, ele tinha tomado aquele gesto como um sinal de desaprova��o, mas, naquele momento, imaginou se indicava um desconforto ou uma falta de confian�a moment�nea. Um ou outro seriam perfeitamente compreens�veis diante das circunst�ncias. E, se por um lado Ryan suspeitava de que era doloroso para ela pr�pria descobrir que n�o era apta para aquele desafio, por outro, tornaria mais f�cil a miss�o de demiti-la no futuro.
- Meninos, gostaria que voc�s me falassem um pouco sobre ele - Miranda pediu tranq�ilamente.
Ryan franziu as sobrancelhas.
- Est� se referindo a Nick? Voc� gostaria de ouvir sobre ele?
- Sim. - Ela se voltou para Keith. - Assim como � compreens�vel que voc�s estejam curiosos a meu respeito, eu estou curiosa acerca da vida de voc�s. Por exemplo, seu pai � alto?
- Sim - respondeu Keith com uma express�o endurecida.
- Achei que fosse. Porque voc� � alto para a sua idade, assim como Brandon. Meu pai tamb�m era alto. Voc�s gostariam de saber um pouco sobre ele?
- Sim - Keith respondeu prontamente, demonstrando, pela primeira vez, estar interessado por algo que n�o fosse ca�oar e zombar dos outros.
Conforme Miranda iniciou uma descri��o acalorada de seu pai, um capit�o-do-mar, Ryan teve de admitir que ela fizera uma manobra interessante, mostrando a Keith como um assunto inadequado em um jantar poderia deixar uma pessoa desconfort�vel, e, em seguida, tirando-o da situa��o com um assunto apropriado, promovendo, assim, uma conversa��o civilizada.
No entanto era mais prov�vel que Miranda n�o tivesse se utilizado de um artif�cio, mas sim encontrado por acaso uma solu��o para a gafe dos garotos. Era o que devia ter acontecido, dada a sua idade e inexperi�ncia. Mesmo assim, Ryan estava impressionado com a postura dela. Tirando algumas poucas batidas de dedos, Miranda n�o demonstrara nenhum descontrole diante da pergunta escandalosa de Keith.
Ryan esteve t�o atento � conversa resultante que quase n�o percebeu os movimentos furtivos de Brandon, conforme o garoto mais novo surrupiou um peda�o de p�o do cesto e o guardou embaixo da camisa. Em duas outras ocasi�es semelhantes, Ryan j� havia advertido o garoto por causa daquela conduta t�o inapropriada.
Sua paci�ncia se esgotou e ele estava prestes a repreender duramente o menino quando percebeu que Miranda tamb�m notara o mau comportamento de Brandon.
Vejamos como voc� lida com isso, srta. Kent, ele a desafiou em sil�ncio.
Mas, para seu desapontamento, ela simplesmente disse:
- N�o me lembro de quando tive uma refei��o mais agrad�vel. Obrigado por voc�s terem me recebido t�o bem.
- Estamos todos muito contentes por voc� estar aqui - Stephanie comentou, carinhosa.
- E estamos muito felizes por voc� n�o ser feia - Brandon acrescentou, desmanchando-se numa gargalhada que foi acompanhada pela de seu irm�o.
- Voc� n�o est� feliz que a senholita Kent n�o � feia, tio Lyan? - Amy questionou com uma vozinha inocente.
A pergunta desatou uma nova avalanche de gargalhadas e, para aumentar ainda mais a inquieta��o de Ryan, at� mesmo Stephanie juntou-se ao riso dos garotos.
O �nico motivo que impediu Ryan de vociferar seu descontentamento foi ter percebido uma ruga de preocupa��o na testa de Miranda. Por um momento, ele se permitiu aproveitar o fato de que, pela primeira vez, algu�m mais na casa tinha se ofendido pelo mau comportamento das crian�as. Ent�o, lembrou-se de que n�o era suficiente para ela simplesmente ficar ofendida. Como governanta, seu trabalho era corrigir o mau comportamento.
- Srta. Kent? - ele a chamou, estimulando-a sutilmente.
Miranda bateu os dedos na mesa duas vezes. Em seguida, sorriu e comentou:
- Obrigado pelos elogios, crian�as. E, a prop�sito, pretendo ensin�-los a fazer observa��es menos pol�micas. Mas, por enquanto, devo admitir que estou lisonjeada por voc�s n�o me acharem feia. Na verdade, estou inspirada para lhes contar uma hist�ria especial na hora de dormir. Sobre um patinho feio. Acho que voc�s v�o gostar.
- Conte agola - Amy implorou.
- Contarei assim que voc�s estiverem na cama.
- N�s tamb�m? N�o s� Amy? - Brandon perguntou.
- N�o consigo imaginar nada melhor do que contar minha hist�ria para tr�s crian�as t�o ador�veis.
Ryan empurrou sua cadeira para tr�s de um modo t�o abrupto que provocou um barulho met�lico, por�m ele n�o se importou. Aquilo era demais. Era aquela a t�tica de Miranda? Alcovitar a horda?
- Com licen�a, srta. Kent, Stephanie e crian�as. Se precisarem de mim, estarei na minha sala de estudo. Quanto a voc�, Miranda Kent...
Ela o fitou com um sorriso confiante:
- Sim, sr. Collier?
- Depois de contar �s crian�as sua hist�ria do patinho feio, queira encontrar-me na sala de estudo. Pode ser?
- Certamente, senhor.
- Ryan? - O tom de Stephanie era reservado.
- O que voc� vai fazer?
- Vou ter uma conversa com Miranda, s� isso. N�o posso?
- Gostaria de estar presente, se n�o for inc�modo.
- Talvez outra hora - ele proferiu num resmungo. � No momento, preciso falar com a nova governanta em particular.
- Concordo com o sr. Collier - Miranda declarou. � Espero que voc� n�o se incomode, Stephanie, mas eu realmente preferiria conversar com seu irm�o a s�s.
Stephanie a encarou, desapontada:
- Se voc�s insistem...
- Sim, � melhor - Miranda finalizou.
Stephanie afastou sua cadeira para tr�s com a mesma for�a que Ryan fizera anteriormente e, colocando-se de p�, resmungou:
- Agora vejo por que permitiu que Miranda ficasse. A pobre garota est� desesperada demais para aceitar o cargo. Ela ir� tolerar seu p�ssimo comportamento e concordar com todas as suas posi��es absurdas. Que maravilhoso para voc�, n�o �? - Sem esperar por uma resposta, ela se retirou da sala com os olhos cheios de l�grimas.
Abalado pela observa��o, Ryan voltou-se para Miranda.
- Minha irm� est� enganada.
- Eu sei, senhor. Stephanie � uma pessoa generosa que quer me ajudar. Levar� um tempo para ela perceber que n�o preciso de prote��o. E... - Miranda olhou para as crian�as, que estavam de olhos arregalados, e depois, para Ryan. - Com o tempo sua irm� aprender� que, quando concordo com o senhor, n�o � simplesmente porque sou uma empregada, mas tamb�m porque o senhor est� com a raz�o. As pessoas desta casa precisam de ordem e disciplina, de modo que todos possam come�ar a crescer intelectual e socialmente. � o que o senhor deseja para as crian�as porque as ama.
- Obrigado, Miranda.
Ela sorriu.
- Talvez possamos ter nossa conversa agora, enquanto as crian�as se preparam para ir dormir.
- Sim, acho que seria mesmo melhor.
Miranda se dirigiu �s crian�as:
- Encontro voc�s no quarto em meia hora para a nossa hist�ria, certo? - Seus pupilos concordaram com um gesto de cabe�a. - Bem, agora voc�s podem se retirar.
Sem contestar, as tr�s crian�as se levantaram das cadeiras e deixaram a sala.

Cap�tulo IV
- Sente-se, por favor, Miranda.
Ryan observou-a sentar-se diante de sua mesa de estudo. Parecia que a express�o confiante dela nunca se abalava. Em seguida, ele tamb�m se sentou e murmurou:
- Obrigado por vir falar comigo.
- � claro! Sou sua empregada aqui e devo obedecer �s suas ordens, n�o?
Ryan raramente perdia muito tempo com gentilezas e, ent�o, decidiu ir direto ao assunto:
- N�o fiz segredo, hoje � tarde, sobre o fato de que tenho receio em rela��o � sua situa��o.
- Sua rea��o foi perfeitamente compreens�vel, dada a minha falta de experi�ncia como governanta.
Ele soltou um breve suspiro. Estaria ela admitindo sua incapacidade? Isso n�o confirmaria a observa��o de Stephanie de que aquela pobre garota estava t�o desesperada a ponto de dizer qualquer coisa para agrad�-lo?
Por um breve instante, a mente de Ryan tomou um rumo inesperado. At� onde Miranda iria para agrad�-lo? Perturbado com os pr�prios pensamentos, for�ou-se a se concentrar no vestido dela em vez de no gracioso corpo por baixo dele. N�o, n�o era poss�vel. Miranda n�o estaria se insinuando. Absurdo alimentar um pensamento t�o irreal! Tratava-se de um insulto para a garota, que era atraente, mas com certeza n�o uma sedutora interesseira.
- Voc� n�o est� feliz que a senholita Kent n�o � feia, tio Lyan?
Ele sorriu, apesar das considera��es impr�prias. Naquele momento, Ryan teria preferido uma governanta feia, mesmo que fosse apenas para evitar que seus pensamentos divagassem. Mas, mesmo assim, o que ele tinha diante de si era a vis�o de uma jovem que acabara de se transformar em mulher. Uma mulher muito atraente de olhos esmeralda reluzentes e cabelos castanho claros, lisos como seda. Os seios pequenos e pontudos se projetando no tecido de algod�o branco traziam todo o frescor da juventude que desabrochara.
- Falei algo engra�ado, senhor?
- Oh, n�o. Estava me lembrando de Amy - Ryan tentou disfar�ar rapidamente, com medo de que Miranda pudesse ler seus pensamentos.
- Ela � um amor.
- Concordo.
- Amy o admira, senhor. - Miranda acrescentou. � Quando �amos para o jantar, ela me disse que era a sua refei��o favorita porque tio Ryan estava sempre presente.
- Voc� n�o quer dizer tio Lyan? - ele perguntou com um sorriso.
Miranda n�o respondeu, mas n�o houve como n�o disfar�ar sua opini�o a respeito do coment�rio sarc�stico. Ela bateu os dedos rapidamente por duas vezes, reprovando a observa��o dele. A rea��o deixou Ryan furioso. Estaria Miranda querendo dizer que ele tinha se comportado mal? Que uma observa��o inocente e carinhosa de sua parte havia sido imperdo�vel?
- Tem algo a dizer, Miranda?
- Sim, senhor.
- Pois ent�o, diga.
Ela deu um longo suspiro e falou com firmeza:
- Posso ser inexperiente, mas sei o suficiente para estar chocada com o estado deplor�vel da conduta de seus sobrinhos. Agora entendo por que o senhor sente como se todos n�o lhe dessem ouvidos. O senhor � um exemplo de tudo que � civilizado e culto na nossa sociedade e s� poderia esperar o mesmo da sua pr�pria fam�lia. Eu tamb�m fui criada com as mesmas expectativas. Elas s�o t�o naturais para mim quanto respirar. Juntos, estou convencida de que poderemos ensinar essas crian�as a se comportarem. O senhor com seu exemplo, e eu com minhas orienta��es e dedica��o.
- Voc� � uma �rf� desprovida, t�o desesperada por um emprego que concordaria comigo a qualquer custo - Ryan a contrariou.
- Sou? - Miranda se levantou lentamente, desafiando-o com seus olhos esmeralda faiscando de ira. - � t�o imposs�vel acreditar que uma �rf� desprovida possa ser bem criada e inteligente?
- Eu n�o disse isso. - Ele tossiu para ocultar o desconforto. - Pe�o desculpas se deixei isso impl�cito.
- E eu pe�o desculpas se apareci para bagun�ar as suas cren�as. N�o h� d�vida de que discordamos em v�rios pontos secund�rios. Mesmo assim, no geral, nossas posi��es s�o similares.
Pontos secund�rios?, Ryan esbo�ou um sorriso nervoso. Miranda admitia haver percebido que ele zombara da imaturidade da fala de Amy. E que ela desaprovava o uso do termo "horda" para descrever crian�as inocentes.
Frustrado, decidiu mudar de assunto:
- Voc� viu Brandon esconder um peda�o de p�o debaixo da camisa?
- Sim.
- Mesmo assim, ficou calada, certo?
- Pretendia discutir isso sozinha com ele, sr. Collier. N�o quis constranger o garoto trazendo o assunto � tona � mesa.
- Entendo.
Ryan deu um sorriso for�ado, reconhecendo que Miranda estava absolutamente correta e admitindo que parecia justo n�o demiti-la por enquanto. E, uma vez que ele se orgulhava de ser justo a todo custo, a demiss�o teria de esperar at� outro dia.
- Eu ainda continuo um pouco receoso, Miranda.
- Isso � compreens�vel, senhor. Ou eu os acalmo, ou o senhor ir� me demitir. Este � o nosso acordo, n�o � mesmo?
- �, sim.
Ela sorriu antes de tentar encerrar a conversa.
- As crian�as est�o esperando pela hist�ria, senhor. H� algo mais que deseja me dizer?
Ryan a estudou por um momento, rindo consigo mesmo. Por que estava preocupado? As crian�as, sobretudo Keith e Brandon, fariam o trabalho por ele em breve. Se Miranda realmente prezava a civilidade, em poucos dias estaria correndo, aflita, pela casa atr�s dos garotos. No entanto, se ela estivesse apenas desesperada por um trabalho, logo aprenderia que h� possibilidades mais f�ceis e pediria sua demiss�o em pouco tempo. Por que ele haveria de se preocupar com a tarefa desagrad�vel de demiti-la, quando a situa��o por si s� resolveria o problema?
Com um sorriso nos l�bios, Ryan comentou:
- Se, por qualquer motivo, nos pr�ximos dias, voc� decidir que agiu precipitadamente ao aceitar o emprego, venha me procurar. Eu a recompensarei pelo tempo gasto e providenciarei sua volta ao internato.
- N�o � por menos que o senhor � considerado um pilar da sociedade civilizada, sr. Collier. Como n�o sei de que maneira expressar minha gratid�o, simplesmente vou deix�-lo aproveitar o restante da noite. Boa noite, senhor.
- Boa noite, Miranda.

Mesmo depois de a hist�ria para as crian�as haver terminado e Miranda, finalmente, ficar sozinha em seu quarto, ela ainda se sentia agitada com a conversa frustrante que tivera com Ryan Collier. Seria poss�vel que tivesse admirado aquele homem por quase um ano? Como podia ter sido t�o ing�nua?
Miranda ainda se lembrava da noite em que deparara pela primeira vez com uma cole��o dos ensaios dele na biblioteca do internato. Cada palavra a deixara paralisada. Cada sentimento a seduzira. Ali estava um homem que compreendia sua �nsia por civilidade e respeito pelo pr�ximo. Aquele autor, Ryan Collier, fora um her�i para ela, combatendo as for�as da brutalidade e da vilania que haviam se atrevido a entrar em sua vida na pessoa de Armstrong Hemmingway.
Mas Ryan Collier n�o era mais um her�i, nem sequer seu aliado. Era seu advers�rio. Seu detrator. Seu castigo merecido, seguido apenas de Hemmingway. Como era poss�vel acontecer tanta desgra�a desde a morte de seu pai? Poderia a vida ser t�o injusta com ela?
Sou eu quem est� sendo injusta, Miranda se censurou, enquanto se metia embaixo das roupas de cama macias e limpas. O sr. Collier tem raz�o. O comportamento dos garotos � aterrorizador. E ele est� certo ao querer uma governanta que prove sua habilidade em civilizar aqueles danadinhos. Em vez disso, acaba de ter um encontro comigo, uma garota inexperiente que concordaria com tudo s� para manter o emprego. Como posso esperar que o sr. Collier saiba que abra�o sinceramente e do fundo do cora��o sua filosofia?
Um ru�do bastante sutil vindo das proximidades da lareira a tirou de seu devaneio, e Miranda se sobressaltou conforme seu olhar inquiridor se fixou na porta da passagem secreta. A id�ia de que um homem apaixonado chamado Harry Anderson espreitasse atr�s da porta era mais do que ela podia suportar. Stephanie s� podia estar louca. Ou ela pr�pria estaria louca por n�o contar a Ryan Collier o que sabia?
Miranda levantou-se, correu at� a dobradi�a na parede e se certificou de que a trava ainda estava no lugar. Em seguida, deu um longo e relaxante suspiro e voltou para a cama, determinada a estar descansada para o pr�ximo encontro com os filhos travessos do primo de Ryan Collier.

- Srta. Kent?
- Sim, Brandon?
- O que significa a palavra "coito"?
Miranda fitou o garoto friamente.
- Brandon?
- Sim, Srta. Kent? - ele respondeu ao chamado fazendo-se de inocente.
- Por favor, v� brincar um pouco com seu irm�o. Preciso dar uma olhada em Amy.
O garoto lhe deu um sorriso sarc�stico, depois correu para juntar-se a Keith, que batia cerejas maduras em uma �rvore com o galho que ele tinha achado no ch�o.
Voc� deve uma desculpa ao sr. Collier, Miranda disse, inconsol�vel, a si mesma enquanto entrava na mans�o. Dirigiu-se ao andar de cima e entrou no quarto de brinquedos. Eles realmente s�o uma horda de b�rbaros.
Depois de tr�s dias e tr�s noites na companhia de Keith e Brandon, a paci�ncia de Miranda chegara ao limite. Pior, sua confian�a estava abalada. Como algu�m poderia esperar orientar e educar criaturas que viviam apenas para zombar, bagun�ar e destruir?
Para seu cr�dito, ela havia conseguido impedi-los de perturbar Ryan. Mas por quanto tempo isso duraria? Eles eram definitivamente incontrol�veis. E Miranda estava exausta, sem poder relaxar a vigil�ncia nem por um minuto sequer.
Mesmo � noite, ela n�o tinha descanso, gra�as a Stephanie e Harry. Miranda estava ciente do fato de que eles ainda usavam seu quarto para seus encontros amorosos. Ela sabia pelas pregas sutis que apareciam do nada em seus len��is e pelo fato de que algu�m continuava removendo a haste de ferro da trava no painel da parede.
Homens nas paredes de seu quarto! Como poderia dormir em tais circunst�ncias? E como teria sucesso em disciplinar os garotos quando ela n�o conseguia sequer dormir direito por tr�s noites seguidas?
Pense em Armstrong Hemmingway, Miranda aconselhou a si pr�pria ao olhar para a doce Amy que dormia como um anjinho. Com o dinheiro que o sr. Collier me pagar�, poderia ficar livre daquele dem�nio para sempre. Sem isso, o que ser� de mim?
Ajeitando-se em uma cadeira de balan�o, ela permitiu-se sonhar acordada com o tempo em que Ryan pudesse mandar Keith e Brandon para a escola. Quando chegasse esse momento, de acordo com a sra. Weston, ele planejava encontrar uma escola ou uma nova governanta para Amy. Talvez at� mesmo oferecesse o cargo a Miranda, o que ela recusaria. De posse de suas economias, Miranda voltaria � cidade de Armstrong Hemmingway e atiraria o dinheiro na cara daquele homem execr�vel. Depois, com m�rito e dignidade, come�aria a tarefa dif�cil, por�m merecida, de construir uma nova vida para si mesma.
Mas isso s� aconteceria se ela conseguisse se sair bem, o que significava que o melhor que precisava fazer era manter os olhos nos meninos. Eles estavam sozinhos por mais de uma hora, tempo mais que suficiente para b�rbaros destru�rem uma civiliza��o inteira. Miranda s� tinha de ser mais vigilante, apesar da vontade incontrol�vel de deitar-se ao lado de Amy e tirar uma soneca tamb�m.
Correndo escada abaixo, Miranda estava passando pela porta da sala de estudo, quando uma voz furiosa gritou por ela:
- Miranda!
Ela levou um grande susto. N�o agora. N�o quando suas defesas estavam t�o enfraquecidas. Discutir com Ryan Collier era tarefa para uma pessoa bem descansada, e n�o para uma mulher exaurida como se sentia. Miranda tivera sorte suficiente de sobreviver � sua �ltima conversa a s�s com Ryan e, desde ent�o, sua �nica exposi��o a ele fora durante o jantar, quando, gra�as aos c�us, os garotos permaneceram sob controle. Por sorte, Ryan acreditara que havia sido por m�rito de Miranda. Mas a verdade era que Keith e Brandon estiveram t�o ocupados agindo mal o dia todo que simplesmente n�o tinham mais for�as para estragar o jantar.
- H� algo errado, senhor? - ela inquiriu, esperando que ele n�o percebesse o tom de preocupa��o em sua voz.
- Para falar a verdade, sim. Por favor, entre um pouco.
Miranda quis gritar "n�o", mas seu senso de dever a fez entrar na sala, notando, pelo enrijecer dos ombros de Ryan, que ele estava de p�ssimo humor. E, enquanto tentava afirmar a si mesma que era uma �tima governanta, parte dela era obrigada a concordar com o fil�sofo: uma jovem protegida e inexperiente, embora inteligente, n�o era p�reo para garotos endiabrados como Keith e Brandon O'Hara.
Ryan deu um passo para o lado, indicando, com um gesto do bra�o, que Miranda deveria seguir na frente. Ela, arfou ao ver duas espadas lustrosas largadas em cima da escrivaninha geralmente t�o organizada de Ryan. N�o condizia com ele tratar artefatos t�o valiosos, e perigosos, de modo t�o displicente.
- Estas espadas est�o na minha fam�lia por doze gera��es - Ryan resmungou atr�s de Miranda. - Por doze gera��es, t�m sido tratadas com um respeito que beira a rever�ncia. Agora, gra�as a voc� e a Emmaline Weston, elas se tornaram brinquedos de crian�as sem regras que s�o capazes de invadir minha sala de estudo devido � falta de aten��o da sua governanta.
- Sinto muito, muito mesmo, senhor. Rezo para que n�o tenha ocorrido nenhum dano. Como eles puderam fazer isso? - Miranda mordeu o l�bio ao observar que uma banqueta de apoio para os p�s tinha sido colocada junto � parede, bem abaixo do quadro de vidro na qual as espadas estavam expostas.
Depois, voltou-se para Ryan e murmurou:
- Sou totalmente respons�vel pelo ocorrido, � claro. E lhe dou a minha palavra de honra que isso jamais voltar� a acontecer.
Os olhos azuis de Ryan brilharam como o a�o das espadas.
- Gostaria de uma governanta que pudesse incutir sabedoria e discri��o nesses meninos, mas j� me contentaria com uma que conseguisse ao menos mant�-los longe desta sala. N�o deixei isso bem claro na sua entrevista?
- Sim, senhor. Muit�ssimo claro. Como disse, sou completamente respons�vel.
- Pelo contr�rio, sou eu o culpado. Culpado por permitir que voc� ficasse por alguns dias que fosse. Para n�o mencionar Emmaline Weston, que demonstrou fazer um julgamento err�neo de todos n�s. - Seu queixo ficou visivelmente contra�do. - Devo confessar que houve um tempo em que admirei Emmaline Weston por haver conseguido manter Stephanie fora de perigo por um longo per�odo. Mas hoje, vejo que ela falhou comigo, e com voc�, sugerindo esse acordo absurdo.
Miranda sentiu o peito apertado em desespero.
- O senhor n�o deveria culpar a sra. Weston! Eu sou a respons�vel por tudo. � imperdo�vel eu n�o ter atendido � sua exig�ncia mais b�sica para a minha perman�ncia aqui. Falhei com o senhor, mas tamb�m falhei com a sra. Weston, n�o v�?
Miranda baixou o olhar, decepcionada consigo mesma, antes de continuar:
- Ela foi t�o boa comigo ao me recomendar para este emprego, sabendo quanto eu estava desesperada para ganhar dinheiro rapidamente e sob condi��es seguras. A sra. Weston confiou que eu n�o a decepcionaria, e n�o posso suportar a id�ia da sua reputa��o ser prejudicada por minha causa. Por favor, sr. Collier, compreenda.
Miranda percebeu que Ryan estava constrangido com sua explos�o, mas ela n�o conseguia se conter. Simplesmente tinha de garantir que o nome de Emmaline Weston na comunidade n�o fosse manchado por causa de uma generosidade e confian�a depositadas em uma pessoa errada. Apanhando a m�o de Ryan e pressionando-a entre as suas, num gesto de desespero, Miranda insistiu:
- Lembra-se de quando eu disse que as meninas em geral deixam o internato com dezesseis ou dezessete anos?
Ele confirmou com um ponderado gesto de cabe�a.
- Eu, de fato, sa� do internato aos dezessete anos. Fiquei muito deprimida. Era o �nico lar que eu tinha conhecido por seis longos anos. Mas tamb�m estava feliz porque poderia recompensar a generosidade do administrador dos neg�cios de meu pai, que havia pago por minha educa��o ap�s a morte de papai. T�nhamos um acordo de que eu terminaria os estudos e voltaria para trabalhar para ele como uma assistente pessoal, a fim de pagar a d�vida.
Ryan franziu as sobrancelhas.
- A heran�a de seu pai n�o foi suficiente para pagar os seus estudos?
- Ele pretendia me dar tudo, mas... - Miranda fez uma pausa para se acalmar e, em seguida, soltou a m�o de Ryan e deu um sorriso contido. - Tamb�m foi um choque para mim. E para a sra. Weston. Jamais esquecerei o dia em que o sr. Hemmingway veio ao internato para nos contar sobre a �ltima viagem de meu pai. Fazia um m�s que t�nhamos recebido a not�cia do naufr�gio, e eu estava apenas come�ando a lidar com a minha dor. Nunca havia ocorrido a mim ou a sra. Weston que n�o haveria dinheiro para os pr�ximos tr�s anos de estudos. Mas soubemos, por interm�dio do sr. Hemmingway, que papai havia investido tudo que possu�a naquela �ltima viagem. Mas o barco afundou e tudo foi perdido.
- Deve ter sido devastador.
Miranda assentiu com um gesto de cabe�a.
- A sra. Weston foi t�o boa! Por muito tempo, foi como uma m�e para mim. Mas eu sabia que o ocorrido a tinha deixado em uma situa��o desagrad�vel. Ent�o, o sr. Hemmingway garantiu a n�s duas que tudo se arranjaria, argumentando que ele e papai tinham sido amigos, al�m de s�cios, e sabia quanto a minha educa��o significava para meu pai. O sr. Hemmingway insistiu em cobrir os custos dos meus estudos com os seus pr�prios recursos, prometendo que ele encontraria um jeito... - Ela parou novamente para se recompor, sabendo que, se falasse mais uma palavra, come�aria a chorar.
- Miranda?
- Estou bem. - Ela projetou o queixo com orgulho. - O sr. Hemmingway disse que meu pai tinha comentado quanto eu era inteligente e organizada. Sugeriu que completasse os meus estudos e, depois, fosse trabalhar para ele, de modo a se ressarcir dos gastos que teria com a minha educa��o. Fiquei muito agradecida, assim como a sra. Weston.
- O que me parece justo - observou Ryan.
- E eu estava determinada a servir o sr. Hemmingway um dia. E, ent�o, quando esse dia chegou, deixei a sra. Weston e o internato em prantos e viajei para Boston para come�ar a trabalhar com o sr. Hemmingway. Ele me encontrou na esta��o de trem e insistiu para que eu fosse para a sua casa, onde deixou bem claro quais seriam minhas obriga��es. Fiquei chocada e assustada...
- Miranda - Ryan murmurou, pousando as m�os sobre os ombros dela. - Voc� n�o precisa continuar...
- Mas eu quero. - Ela enxugou com raiva uma l�grima que come�ava a rolar pela face. - Tenho de faz�-lo entender por que a sra. Weston me mandou para c�. Ela sabia quanto eu estava desesperada para pagar cada centavo que aquele monstro havia gasto com os meus estudos. Mais de uma vez, a sra. Weston me ofereceu suas pr�prias economias para me ajudar, mas ela � vi�va e vive de seu pr�prio esfor�o; seria impens�vel colocar o seu futuro em risco. Por�m, quando seu pedido por uma governanta chegou, oferecendo uma quantia praticamente igual � que eu devia...
- Entendo.
- Eu dei a sra. Weston minha palavra de que n�o a decepcionaria. De que n�o decepcionaria o senhor. Mas agora vejo que cometi um grande erro. Sou um fracasso completo. Entende agora? Por favor, n�o deixe que a minha falta diminua a sua estima pela sra. Weston.
- Minha estima por ela n�o poderia ser mais elevada, agora que sei de toda a hist�ria - Ryan observou, tentando confortar Miranda.
Uma onda de al�vio ajudou-a a se recompor.
- Aquela senhora � uma verdadeira santa, sr. Collier. Quando, finalmente, consegui fugir das investidas do sr. Hemmingway e corri de volta para o internato, ela entrou em contato com aquele homem e lhe disse que o meu contrato com ele era claro: eu n�o come�aria a trabalhar at� que tivesse terminado os meus estudos. E eu estava longe de terminar os estudos, a sra. Weston falou. Acho que ela encontraria novas li��es para mim at� eu estar idosa e de cabelos grisalhos, se fosse necess�rio. E, enquanto isso, eu ajudava com as garotas mais novas e acabava ganhando um pouco tamb�m, com isso conseguia guardar algum dinheiro para pagar a minha d�vida. Mas levaria muito tempo para conseguir juntar tudo.
- E ent�o a minha carta chegou, apresentando uma solu��o.
- Mas s� porque a sra. Weston realmente achava que eu poderia servi-lo bem, senhor. Acredita nisso, n�o?
- Sim, Miranda. Acredito.
- Se ela soubesse quanto o decepcionei, se arrependeria de me haver recomendado.
- O que me surpreende - Ryan admitiu - � que voc� se sentiu segura vindo para c�, para a casa isolada de um estranho, depois da sua experi�ncia com um desgra�ado como Hemmingway.
- Mas o senhor n�o � um estranho - Miranda o recordou. - A sra. Weston sabe que o senhor � um homem de princ�pios. E eu li os seus ensaios. Tive a oportunidade de vislumbrar o mundo que o senhor cultua. Um mundo no qual todos, homens, mulheres e crian�as, s�o tratados com respeito.
Ela se interrompeu, receosa de que ele pudesse interpretar seu tom saudoso como se fosse uma tentativa de reconquistar-lhe a confian�a, quando n�o era nada mais do que a verdade. Miranda precisava sair daquela casa imediatamente. Ela havia falhado e, pior, tinha lhe contado sobre Armstrong Hemmingway. Miranda n�o suportaria ficar por nem mais uma hora em circunst�ncias t�o humilhantes.
- Srta. Kent... Est� chorando? - Keith perguntou da porta.
- Oh, querido! - Miranda se virou para ver os dois irm�os com ar de desapontamento e arrependimento.
Brandon fixou o olhar em Ryan e o interrogou duramente:
- O que voc� fez para a srta. Kent chorar? Ela nunca fez nada de errado.
- Ao contr�rio de voc�s - Ryan rebateu com severidade.
Miranda enxugou os olhos e, em seguida, caminhou em dire��o �s crian�as e perguntou:
- Voc�s lembram o que eu falei sobre esta sala? Keith afirmou com um gesto de cabe�a e completou:
- Que � um santu�rio.
Ryan arqueou uma sobrancelha.
- Parece que voc�s n�o sabem o que essa palavra significa.
- Sim, sabemos - Brandon retrucou.
- � como uma igreja. Embora voc� n�o seja Deus.
- Brandon! - Miranda chamou a aten��o do menino.
Keith, ent�o, disse com voz suave:
- A srta. Kent nos explicou que voc� � um fil�sofo, tio Ryan, e que precisa de sil�ncio e privacidade para filosofar. Ela disse que as pessoas pagam para ler o que voc� pensa; assim, temos de deix�-lo pensar bastante. � por isso que aqui � um santu�rio, como uma igreja. E n�o devemos brincar nesta sala.
Ryan fez men��o de responder quando sua aten��o foi desviada pela apari��o do mordomo.
- Simon? Est� precisando de algo?
O mordomo fez uma careta:
- Voltarei quando for mais conveniente, senhor. Pe�o apenas que tomem cuidado com essas espadas at� que eu termine de poli-las. N�o seria adequado a esses rapazinhos praticar esportes com elas.
- Poli-las? - Miranda perguntou delicadamente.
Simon concordou com um gesto de cabe�a:
- H� certas tarefas que eu n�o confio �s empregadas, e cuidar dessas espadas � uma delas. Estava justamente terminando de poli-las quando ouvi um tumulto l� fora. - O mordomo dirigiu um olhar recriminador �s crian�as. - Percebi que os rapazinhos corriam perigo e corri para socorr�-los.
- O cachorro corria perigo, e n�o n�s - Brandon protestou.
- Cale a boca, bob�o! - Keith o advertiu com um gesto brusco. Depois, acrescentou na defensiva:
- N�s n�o mexemos com o cachorro. Ele � s� um c�o malvado, tio Ryan. � verdade.
Miranda molhou os l�bios e, ao falar, n�o se atreveu a olhar para Ryan.
- Parece que todos tiveram uma tarde excitante. Diante das circunst�ncias, Simon, voc� se importaria de pedir � cozinheira que me fizesse o favor de servir um peda�o de torta �s crian�as?
- Torta? - O rosto de Brandon ficou vermelho no mesmo instante. - Voc� n�o est� zangada conosco?
- Para falar a verdade - ela murmurou -, estou orgulhosa de terem se lembrado da minha conversa com voc�s a respeito da sala de estudo de seu tio.
- Concordo - Ryan disse com um calor inesperado na voz. - Estou impressionado que voc�s tenham aprendido o conceito de santu�rio t�o r�pido. E... - Ele deu um passo em dire��o aos garotos e colocou as m�os em seus ombros. - Devo um pedido de desculpas a voc�s.
- Deve? - eles perguntaram em coro.
Depois, Keith perguntou com cautela:
- Voc� vai comer torta com a gente?
- V�o com Simon. Eu preciso conversar a s�s mais um pouco com a srta. Kent.
- Voc� n�o vai faz�-la chorar de novo, vai?
- N�o, Keith. Dou minha palavra de que n�o vou fazer isso. Constrangida, Miranda se afastou e, assim que as crian�as se retiraram, ela murmurou:
- Se o senhor avisar o motorista, irei apanhar os meus pertences. S� gostaria de um minutinho a s�s com os garotos e Amy...
- N�o posso acreditar que voc� esteja se demitindo - Ryan a interrompeu, meneando a cabe�a conforme falava. - Sou eu quem lhe deve um pedido de desculpas.
- N�o, senhor! - Miranda tapou os ouvidos e se virou para n�o encar�-lo. - Juro que eu disse a mais pura verdade. Tudo n�o passou de um mal-entendido. Se eu tivesse apenas perguntado �s crian�as o que aconteceu em vez de come�ar a despejar os meus problemas pessoais, nada disso teria ocorrido. N�o sei o que se passou comigo... a n�o ser um profundo desejo de proteger a reputa��o da sra. Weston.
- Miranda. - Ryan a tomou pela cintura e a virou para mir�la no rosto. - Voc� n�o fez nada de errado. Fui eu quem se comportou mal. N�o a culpo por querer partir, mas as crian�as precisam de voc� e, sendo assim, creio que devo insistir para que fique.
Ela recuou diante do ar de pena que havia nos olhos de Ryan.
- N�o sou uma senhora madura e nem tenho experi�ncia, senhor. O que significa que a sua repentina mudan�a de atitude em rela��o � minha adequa��o como governanta est� baseada nas circunst�ncias dignas de d� das quais o coloquei a par. N�o posso de jeito algum aceitar dinheiro sob tais condi��es. Certamente, a sra. Weston lhe mandar� outra governanta.
- N�o estou pedindo que fique por causa das suas condi��es pessoais. Estou pedindo para ficar porque, de algum modo, voc� conseguiu explicar o conceito de "santu�rio" aos pequenos b�rbaros.
Miranda sentiu as ma��s do rosto ruborizarem.
- Mas, senhor...
- Voc� n�o pretende discutir comigo, pretende? - Ryan a censurou com rispidez, demonstrando frustra��o. - Suponho que, se eu dissesse que voc� � a pior candidata poss�vel para a fun��o e que deveria deixar esta casa imediatamente, voc� insistiria em afirmar que � a pessoa mais indicada e apropriada para ser minha governanta.
- Sei que parece tolice, mas...
- N�o � tolice. - O tom de voz de Ryan se abrandou. - Estou envergonhado pelo modo como a confrontei. E estou furioso com o desgra�ado do Hemmingway por tentar se aproveitar da sua lament�vel situa��o. Quero que fique. � s� isso! N�o h� por que discutir comigo sobre isso. Apenas concorde para que possamos ir comer o nosso peda�o de torta.
Confusa com a mistura de relaxamento e de sinceridade nos olhos azuis brilhantes de Ryan, Miranda baixou o olhar e falou com certo pesar na voz:
- Posso lhe pedir um favor?
- Qualquer coisa.
- O senhor poderia simplesmente esquecer tudo o que lhe contei? N�o creio que suportaria ficar aqui mais uma hora sabendo que o senhor sente pena de mim.
- N�o � pena. Sinto-me revoltado com o que me contou.
- Ningu�m no mundo sabe sobre isso, exceto o senhor e a sra. Weston. E, claro, o pr�prio sr. Hemmingway.
- O desgra�ado!
Ryan deu de ombros.
- Para o sr. Hemmingway, sou uma mulher ingrata e articuladora que se aproveitou da sua generosidade e que sabia muito bem o que ele esperava em troca. Mas esse assunto � entre mim e ele, e eu gostaria muito, na verdade insisto, que esque�a toda essa hist�ria e nunca mais volte a falar ou a pensar sobre o assunto.
Ela hesitou por alguns instantes e, depois, acrescentou com um tom de tristeza:
- Eu realmente n�o me perd�o por haver lhe contado minha hist�ria. Sinto muito, senhor, mas gostaria de me retirar para o meu quarto a fim de me recompor.
- Tem raz�o! Descanse at� o jantar. Farei com que Simon mantenha os olhos nos meninos e, se Amy acordar da soneca, mandarei dar a ela tamb�m um peda�o de torta.
- Obrigado. - Miranda parou � porta da sala de estudo e, em seguida, virou-se para lhe dirigir um sorriso t�mido. - E o senhor vai tirar essa hist�ria da cabe�a, promete?
- Farei o poss�vel.
Sem pensar, ela fez uma leve rever�ncia e tomou o rumo da escada, estarrecida por haver perdido t�o completamente a compostura. O que seu pai pensaria dela? Ou a sra. Weston? Ter perturbado um estranho com hist�rias de suas dificuldades financeiras e circunst�ncias t�o comprometedoras.
O sr. Collier nunca mais se sentir� � vontade comigo. Sim, se sentir� incapaz de me demitir por medo de me mandar de volta para as garras de Hemmingway. Coloquei o pobre homem em uma situa��o muito delicada! Se eu tivesse um pouco de dignidade, usaria uma daquelas passagens secretas e deixaria a casa sem ningu�m perceber. Poderia pedir que me enviassem minhas malas quando j� estivesse longe, e seria o fim de todo esse tormento.
Ao chegar ao seu quarto, Miranda abriu a porta com viol�ncia e soltou um gemido de desgosto ao ver o painel da parede acabando de se fechar. Das profundezas da passagem secreta, ela ouviu duas vozes, uma mais suave e outra mais forte, e soube que Harry estava repreendendo sua amante para que ficasse quieta. Se Miranda precisasse de mais provas para confirmar suas suspeitas, bastaria olhar para a cama, ou mais precisamente para os len��is amarrotados, para saber que havia interrompido um encontro amoroso.
Isso � loucura!, ela pensou. Como espero ganhar a confian�a do sr. Collier, para n�o dizer o seu dinheiro, fazendo um papel t�o rid�culo?
Mesmo assim, como o pr�prio Ryan havia observado, os meninos pareciam ter aprendido a primeira regra da casa: entenderam que a sala de estudo era um santu�rio.
Seria poss�vel que Miranda se sa�ra bem depois de tudo? N�o completamente, � claro. Nenhuma governanta conseguiria. Os garotos eram impetuosos demais. Mas, num prazo de um ano, ela poderia usar uma combina��o de amea�as e de pequenos subornos, como a pr�pria Stephanie sugerira. E talvez na �poca de Ryan mand�-los para a escola, eles estariam prontos para a civiliza��o.
Apesar do estado deplor�vel de seus len��is, Miranda sabia que devia se deitar um pouco. Por�m, antes de fazer isso, ela verificou a porta oculta e descobriu que a haste longa estava faltando. Frustrada, foi na ponta dos p�s at� o quarto das crian�as, onde j� havia identificado um segundo mecanismo, e retirou o pino de travamento para us�-lo na porta da passagem secreta. Depois, beijou a bochecha de Amy e voltou para seu quarto a fim de tirar uma longa soneca e ter a oportunidade de decidir o que faria a seguir.

Cap�tulo V
Ryan sentia pena de Miranda. Ela p�de constatar isso em seus olhos azuis e melanc�licos, � mesa de jantar naquela noite. Mesmo quando as crian�as a bombardearam com perguntas sobre o barco de seu pai, Ryan n�o chegou sequer a arcar a sobrancelha em sinal de desaprova��o, como fizera anteriormente.
Com certeza, Miranda recebeu um voto de confian�a quando Brandon contou a Ryan que o barco do pai dela se chamava Sereia, acrescentando:
- Voc� sabe o que � uma sereia, tio Ryan? � uma mulher linda que vive nos mares e canta nas pedras para seduzir os marinheiros. Certa vez, um marinheiro grego colocou cera nos ouvidos para n�o ouvir as sereias cantar, mas ele as ouviu mesmo assim e quase foi morto. Depois, tamb�m quase foi morto por um monstro de um olho s�... Como � mesmo o nome? Um ci... um ci... ah, um ciclope! Ele quase foi morto um monte de vezes!
Ryan sorriu.
- Vejo que voc�s t�m aprendido bastante, apesar de tudo. Um m�rito da srta. Kent. Ela realmente tem se empenhado muito.
- Amanh� aprenderemos um poema sobre uma ilha, n�o � verdade, srta. Kent? - O garoto pulava na cadeira, agitado.
Ryan dirigiu um olhar inquiridor a Miranda, que sentiu as bochechas ruborizarem.
- Os garotos est�o numa idade em que a declama��o parece apropriada, n�o acha? - ela se justificou.
- Eu detestava declamar quando estava no internato - declarou Stephanie.
Ryan logo se manifestou franzindo as sobrancelhas:
- Imagino que sim. Mas a srta. Kent est� certa. N�o h� um modo melhor de treinamento intelectual do que trabalhar bastante a mem�ria. E declamar com uma excelente dic��o e uma emo��o sincera � uma �tima ferramenta para isso. Mal posso esperar para v�-los prontinhos para declamar algo para mim. - Depois, voltando-se para Miranda, ele acrescentou: - Um poema sobre uma ilha, n�o �?
N�o querendo constranger Keith ao dizer que o poema tinha pouco a ver com ilhas de verdade, ela explicou com cautela:
- Um dos trabalhos religiosos de John Dorme, senhor.
- Uma �tima escolha. - Ryan molhou os l�bios e, em seguida, come�ou a falar com uma voz t�o n�tida e pura que abrandou o cora��o de Miranda.
- Nenhum homem � uma ilha isolada; todo homem � um peda�o de um continente, uma parte da...
At� mesmo Stephanie ficou paralisada enquanto os presentes � mesa escutavam em profundo sil�ncio, at� que Ryan terminou com �nfase:
- Por isso, nunca indagues por quem os sinos dobram.
- Eles dobram por te! - Brandon exclamou. - Voc� sabe cada palavra, tio Ryan! Quero aprender a fazer igualzinho a voc�.
- Eles n�o dobram por "te", eles dobram por "ti".
- Poesia no jantar... � sofisticado demais! - Stephanie zombou. - Miranda tem sido uma �tima influ�ncia para cada um de n�s.
Ryan apertou os olhos antes de comentar:
- N�o percebi nenhuma mudan�a no seu comportamento. Para falar a verdade, n�o tenho visto muito nenhum de voc�s. Com o que t�m se ocupado durante as tardes?
Stephanie respondeu com um sorriso malicioso:
- Miranda sabe. Devo contar nosso segredinho, Miranda? Antes que a pobre governanta n�o pudesse fazer mais nada a n�o ser morrer de vergonha, Stephanie acrescentou efusivamente:
- Estou lendo O Para�so Perdido por insist�ncia de Miranda.
- Oh, � verdade! - Miranda exultou, aliviada, enquanto Stephanie lhe lan�ava outro sorriso, maroto.
- O cap�tulo de hoje foi bastante hilariante, muito embora eu tenha sido interrompida antes de chegar � melhor parte.
Miranda a encarou com rigidez.
- Voc� deveria ler no seu quarto, onde n�o � interrompida t�o facilmente.
- A rara beleza da leitura � que voc� pode faz�-la em diferentes lugares. N�o � verdade, Ryan? .
- Apenas estou satisfeito que voc� esteja lendo - ele se manifestou com um dar de ombros.
Depois, dirigiu a Miranda um sorriso de aprova��o, e ela sentiu as faces ruborizarem. Seria apenas compaix�o, ou Ryan estava mesmo come�ando a v�-la como uma pessoa competente?
Pelo canto dos olhos, Miranda observou Brandon apanhar um pedacinho de batata do prato e escond�-lo no casaco, e sua �ltima ponta de confian�a nos meninos desapareceu por completo. Depois de horas intermin�veis de tentar ensinar bons modos aos meninos, eles simplesmente pareciam n�o mudar de comportamento. E, o que era pior, ela p�de perceber pela express�o de Ryan que ele tamb�m tinha notado aquela transgress�o.
Mas, em vez de censur�-la com um olhar, repreend�-lo ou mostrar sua insatisfa��o de alguma forma, de repente Ryan pediu licen�a para se retirar da mesa, parando apenas para acenar com a cabe�a, em sinal de respeito, na dire��o de Miranda.
Por que ser� que, de um momento para outro, o sr. Collier passou a me tratar com respeito e gentileza? Por que n�o mais me fuzila com aquele seu olhar de reprova��o que sabe fazer como ningu�m e que faz com que eu me sinta o mais incompetente dos seres humanos? Porque para ele, agora, sou apenas uma jovem desamparada passando por um grande infort�nio. Escrava de um porco chauvinista, ela remoeu para si mesma. E s� h� um jeito de desfazer essa m� impress�o: tornando-me uma governanta indispens�vel, o que � exatamente o que vou fazer a partir deste momento.

Como j� havia acontecido mais de uma vez desde a chegada de Miranda, a hora de dormir de Amy foi marcada pelo choro da crian�a, em parte porque a menina tinha medo do escuro, mas, sobretudo, porque a aus�ncia do pai era um peso muito grande para ela. Miranda podia lembrar muito bem da dor que sentia quando as noites chegavam, logo ap�s a morte de seu pai. Assim, cedeu �s vontades da pobre garota naquela noite mais do que nas outras, uma vez que ela tamb�m se sentia aflita com os acontecimentos daquele dia.
- Tente pensar em outra coisa, minha querida Amy.
- Quelo pensar no papai!
- � claro que quer. Que bobagem a minha sugerir o contr�rio. - Miranda aninhou a crian�a em seu colo. - Fale-me sobre ele. Quero saber dos detalhes.,
Os olhos azuis de Amy brilharam atr�s das l�grimas.
- Toda noite ele cantava uma m�sica soble mim e soble a mam�e.
- Que lindo, minha pequena! � sinal de que eles a amavam muito e queriam v�-la feliz. - Miranda a embalou contra o peito. - Gostaria que eu cantasse para voc�?
- N�o! Quelo o papai!
- Eu sei, amorzinho. Sei que sente saudade dele.
- Quelo ir com ele agola. Porque ele n�o vem me pegar? Sou uma boa menina. N�o sou m�; n�o quelia ter sido m�.
- Oh, Amy! Voc� nunca foi m�. Tenho certeza de que seu pai queria lev�-la com ele. Tenho certeza de que ele sente muita falta de voc�. Seu pai a ama.
- Ele n�o me ama mais! - A crian�a, quase hist�rica, caiu em prantos, escondendo o rosto nos seios de Miranda.
- Meu Deus! - ouviu-se um sussurro na escurid�o e, por um momento, Miranda imaginou que Ryan Collier tinha entrado no quarto das crian�as sem fazer barulho.
De repente, algu�m surgiu � sua frente; um rosto bonito e m�sculo, por�m desconhecido, se contorceu numa express�o de pesar.
- Voc� n�o acredita mesmo nisso, acredita?
- Papai! - Amy se soltou rapidamente do colo de Miranda e se atirou nos bra�os do homem de cabelos dourados. - Papai, voc� voltou!
- Shhh... - Ele aninhou a crian�a no peito, tentando acalm�-la, e, depois, entre l�grimas, falou por cima da cabe�a da menina em dire��o a Miranda. - Finalmente nos encontramos, Miranda Kent.
Os olhos de Miranda tamb�m estavam marejados de emo��o conforme ela se punha de p�. Como paralisada, encarou aquele homem alto e esguio como Ryan. O rosto de Nick at� podia ter os mesmos tra�os do rosto do primo, e os olhos eram do mesmo azul peculiar a toda a fam�lia, mas havia em sua express�o uma alegria de viver e um ar de sedu��o que n�o eram t�o evidentes em Ryan. Todo seu corpo viril, os ombros, as costas largas e os bra�os musculosos inspiravam paix�o e desejo, at� mesmo em uma garota inexperiente como Miranda.
- Sr. O'Hara! Gra�as a Deus que est� aqui. Isso significa... - Ela conteve a avalanche de perguntas que desejava fazer e, em vez disso, apenas suspirou. - Devo ir buscar os garotos? Com certeza eles v�o querer saber agora mesmo que o senhor voltou.
- Eu nunca os abandonei - Nick O'Hara assegurou com um leve sorriso, acrescentando com voz melodiosa: - Eu nunca abandonei meu docinho, n�o �?
- Sim, voc� abandonou - Amy o corrigiu, soltando-se do abra�o para olhar nos olhos do pai. - Eu senti muita saudade e estou de mal com voc�.
- Perdoe-me ou eu vou fazer um monte de c�cegas em voc�.
Amy soltou uma risadinha.
- Est� bem, eu perd�o voc�.
- Assim est� melhor. - Ele arqueou uma sobrancelha ao voltar-se para Miranda. - E quanto a voc�, Miranda Kent, poder� me perdoar um dia?
- Desculpe, senhor, n�o entendi.
Nick esbo�ou um sorriso malicioso e acrescentou, enquanto afastava os fios de cabelo loiros que insistiam em lhe cair na testa:
- Minha conduta tem sido muito impr�pria, n�o �? N�o posso imaginar nada mais tentador do que ser punido por uma bab� t�o atraente.
Miranda sentiu as bochechas corarem.
- Sua reputa��o como brincalh�o � bastante conhecida, sr. O'Hara; assim, n�o vou me sentir ofendida. Mas, se o senhor n�o se incomodar, acho que vou me retirar.
- Devo insistir para que fique. - Ele segurou a m�o de Miranda. - Se voc� vai criar meus filhos, gostaria de saber tudo a seu respeito.
- Criar seus filhos? - Miranda soltou sua m�o. - Assumi que o seu retomo significava que... Bem, que a minha fun��o aqui chegou ao fim. - Hesitando, ela ainda tentou insistir: - Foi uma atitude bastante corajosa e nobre de sua parte ter retomado.
- Eu nunca cheguei a partir - Nick reafirmou com um sorriso. - Mas estou lisonjeado por me ver como um homem corajoso e nobre. - Ainda segurando Amy no colo, ele beijou Miranda na face. - A dist�ncia, voc� me parecia bonita. Agora vejo que � de tirar o f�lego.
-Oh, sr. O'Hara. � muito atrevimento de sua parte. O senhor acaba de me conhecer e deveria procurar conter mais os seus modos de galanteador.
- Sil�ncio, Randi - Nick advertiu. - Nunca se sabe quando Ryan pode estar espreitando.
Miranda recuou.
- Est� dizendo que o sr. Collier ainda n�o sabe que o senhor voltou?
- Ele nunca partiu - uma impaciente voz juvenil declarou, e Miranda meneou a cabe�a, perplexa por ver que outra pessoa tinha entrado no quarto sem ela perceber. Virando-se em dire��o a Keith, Miranda viu que a porta secreta ao lado da lareira estava entreaberta e comentou com um suspiro: - Voc� conhecia a passagem secreta?
O garoto afirmou com um gesto de cabe�a.
- Com certeza. Usamos a passagem o tempo todo.
Como para confirmar a afirma��o do irm�o, Brandon saiu da escurid�o e pisou no quarto.
- N�o conte ao tio Ryan, caso contr�rio ele criar� uma nova regra para estragar a nossa divers�o.
Os garotos n�o pareciam impressionados com o retorno do pai. Porque ele nunca tinha partido, Miranda explicou a si pr�pria com desconforto. E, de alguma maneira, os garotos sabiam de tudo o tempo todo. Aquilo certamente explicava o furto de comida durante o jantar. Mas o sr. Collier n�o sabia...
Diante de uma revela��o t�o surpreendente, Miranda sentiu o quarto come�ar a rodar e soltou um longo suspiro.
- Seria melhor voc� se sentar um pouco, querida. - Nick colocou Amy no ch�o e, em seguida, acompanhou Miranda at� o p� da cama. - Vamos, acalme-se um pouco que eu vou lhe explicar tudo.
- Obrigada! - Ela se sentou com o m�ximo de formalidade poss�vel, dadas as circunst�ncias.
Nick fitou o olhar inquiridor dela com uma sinceridade silenciosa.
- Eu n�o roubei um colar de diamantes. Para falar a verdade, n�o acredito que algu�m tenha feito isso.
- N�o entendo.
Ele deu de ombros.
- Eu estava tendo um caso inocente em Bridgehaven com uma mulher casada. O marido descobriu e quis se vingar. Ent�o, ele escondeu o colar e, depois, me acusou de hav�-lo roubado.
- Meu Deus, que armadilha inescrupulosa!
Nick pareceu tomado de confian�a.
- O homem era um m�dico com consider�vel influ�ncia na cidade. Eu n�o acreditava que poderia convencer um juiz da minha inoc�ncia, mesmo com a ajuda de Ryan. Minha �nica esperan�a era achar o colar, seja junto ao marido ciumento, ou de posse do verdadeiro culpado. Obviamente, eu n�o conseguiria fazer isso trancado em uma cela.
- O senhor nunca partiu?
Nick esbo�ou um sorriso sarc�stico.
- Esta � a minha Miranda! Respire fundo e, depois, d� um belo sorriso.
Miranda franziu as sobrancelhas, ainda atordoada com a avalanche de informa��es inusitadas numa �nica noite.
- O sr. Collier n�o sabe nada disso, n�o �? Por favor, diga que n�o; caso contr�rio, vou me sentir ainda mais enganada do que j� estou me sentindo.
- Pode ficar tranq�ila, querida. Asseguro-lhe que Ryan n�o sabe de nada. Nem pode saber, ou ele vai me entregar �s autoridades. � a atitude de uma pessoa civilizada, n�o �? - Ajoelhando-se, ele aproximou-se da filha e murmurou: - Voc� me entende, docinho? N�o podemos deixar que o tio Ryan saiba que eu estou aqui. Ele � um homem muito bom, mas n�o pode proteger o papai. Se o tio Ryan descobrir que estou aqui, terei de ir embora de novo.
- N�o, isso n�o! - a garotinha protestou com voz chorosa.
- Fique quietinha agora, sen�o ele vai nos ouvir.
Miranda esfor�ou-se para falar num tom neutro:
- O senhor n�o acredita que eu vou esconder isso do sr. Collier, acredita?
- Sei que n�o contar� nada a ele. Da mesma forma como guardou o segredo de Stephanie. Se voc� o enganou para proteger um caso de amor il�cito, com certeza far� o mesmo para proteger a liberdade de um homem inocente, para n�o dizer a felicidade de tr�s crian�as preciosas.
Miranda o fitou espantada.
- Stephanie sabia o tempo todo da sua presen�a aqui?
- N�o. Eu teria confiado em lhe contar o segredo se n�o fosse pelo seu amante encrenqueiro. Harry Anderson � do tipo de advogado que faria algo precipitado, como me denunciar ao promotor. - As covinhas em seu rosto ficaram mais profundas. - Voc� n�o pode contar a ningu�m, Miranda. Os garotos e Amy, voc� e eu, n�s cinco somos os �nicos que podem saber.
- Isso n�o pode estar acontecendo. - Mais uma vez Miranda meneou a cabe�a em sinal de indigna��o. - N�o me sinto confort�vel em lidar com segredos. Al�m disso, o sr. Collier n�o merece uma deslealdade t�o desmedida.
- � s� uma quest�o de tempo at� que eu ache o colar e limpe o meu nome. Ryan ficar� exultante em se ver livre de n�s todos. Voc� vir� comigo e trabalhar� para mim. Ser� muito menos desgastante. Pelo menos no que diz respeito �s crian�as. Quanto a mim, terei as minhas pr�prias exig�ncias - ele terminou piscando maliciosamente um dos olhos e afastando mais uma vez os cabelos loiros da fronte.
- Sr. O'Hara! - Miranda tentou repreend�-lo. - N�o sei se fico mais furiosa com as sua arma��es ou com o seu atrevimento, sobretudo na frente das crian�as.
Nick soltou um riso sarc�stico e prosseguiu, indiferente aos protestos dela:
- Agora chega, querida. V� para o seu quarto e descanse um pouco. Eu colocarei as crian�as na cama. Depois que voc� tiver refletido sobre o assunto, teremos um outro encontro... mais longo.
Miranda quis assegur�-lo de que n�o haveria mais encontros. Que ela o denunciaria a Ryan na manh� seguinte, faria suas malas e voltaria para o internato. Mas, no fundo do cora��o, sabia que n�o seria assim. Seria exatamente como Nick tinha dito. Miranda enganara seu patr�o para proteger um caso de amor; n�o faria o mesmo para proteger a liberdade de um homem e a felicidade de uma garotinha?
- Ent�o, trate de achar logo esse colar - ela declarou dando um suspiro, mas Nick j� estava cantando para Amy uma can��o de ninar sobre uma menina de cabelos dourados igual � sua m�e.
E, assim, com um olhar de repreens�o para Keith e Brandon, Miranda dirigiu-se ao seu quarto, onde o absurdo de seu dilema foi aumentado pela necessidade de checar a trava da porta da passagem secreta, para que pudesse ter algumas horas de descanso, se � que isso seria poss�vel.

Cap�tulo VI
Tr�s semanas depois, quando Ryan subia as escadas em dire��o aos quartos no terceiro andar, ele notou com satisfa��o que n�o havia bonecas espalhadas pelo caminho. Parecia que Miranda estava se saindo bem. E, a n�o ser que seus ouvidos o enganassem, ela havia conseguido de algum modo convencer Amy a brincar no quarto das crian�as. Um cantarolar suave de menina emanava do segundo andar, e Ryan decidiu ir at� o quarto para elogiar sua sobrinha por obedecer �s regras.
Al�m disso, ele tinha de admitir que apreciava a id�ia de observar a bonita governanta trabalhando. Miranda fizera um bom trabalho mantendo as crian�as quietas; Ryan nunca mais vira nenhuma delas a n�o ser na hora do jantar. At� mesmo Stephanie andava quieta e sumida. Ele creditava a Miranda tamb�m esse surpreendente avan�o. Teria ela convencido sua irm� a se dedicar aos livros?
Ryan estava sorrindo quando bateu levemente na porta entreaberta do quarto das crian�as. A cantoria foi interrompida, mas n�o antes de ele ouvir algo sobre um le�o. Intrigado, entrou no quarto e franziu as sobrancelhas ao perceber que sua sobrinha pulava na cama enquanto cantava uma cantiga de crian�a.
- Boa tarde, Amy. Onde est� a srta. Kent?
- Ela est� no quarto dos meninos. Ouvindo a deca... declama��o.
- Voc� n�o deveria estar dormindo?
A garotinha concordou com um gesto de cabe�a e deu um sorriso ao se justificar:
- Por favor, tio Lyan, n�o conte � senholita Kent que eu estava pulando na cama.
Ryan inclinou levemente a cabe�a.
- O que ela faria se eu lhe contasse?
- Ela ficalia muito, muito blava comigo.
- Bem, n�o podemos deixar que isso aconte�a, podemos? - ele perguntou, cativado pelo jeito da menina. Aproximou-se da crian�a e a tomou nos bra�os. - O que voc� estava cantando?
- Eu estava cantando minha deca... decla... ma��o.
Ryan devolveu-lhe um sorriso af�vel. - Voc� n�o � pequena demais para isso?
- A senholita Kent disse aos meninos que isso falia suas palavlas mais clalas. Minhas palavlas n�o s�o clalas, ent�o eu pedi que ela me ensinasse tamb�m.
- Est� certo! - Ele afagou a bochecha r�sea da garotinha.
- Fico muito contente com o seu esfor�o, Amy. Todos n�s devemos procurar melhorar, n�o �? At� mesmo uma menina maravilhosa e inteligente como voc�.
A crian�a ficou euf�rica.
- Voc� quer ouvir?
- Adoraria.
- Voc� podelia bater para mim?
- Como? Bater? Bater o qu�?
Ela apontou para uma lousa que havia sido pendurada em uma prateleira:
- A senholita Kent bate pala mim; assim, eu n�o esque�o de dizer minhas palavlas coletas.
Ryan sorriu ao ver o poema, que havia sido escrito com esmero na lousa.
La La
Ra Ra
La La
Ra Ra

- O que voc� quer que eu fa�a?
Amy pegou uma vareta longa e fina e bateu na primeira linha, enquanto cantarolava:
- La, la, le�o.
- Entendi. - De novo encantado, agora pelo fato de sua sobrinha ter pronunciado perfeitamente cada som, ele se colocou de joelhos e mirou fundo nos olhos da menina. - Excelente, Amy!
- Obligada, tio Lyan - a garotinha falou de forma carinhosa.
- Olha quem eu encontro por aqui. Ol� para voc�s dois. - Uma voz ainda mais doce veio da porta, e Ryan se colocou de p�, rindo de seu pr�prio comportamento. Por um momento, parecia estar agindo como um adolescente.
- Boa tarde, Miranda. Amy estava me dando uma demonstra��o da sua �ltima li��o.
- Ah, sim. - Miranda lhe dirigiu um sorriso envergonhado e, depois, virou-se para sua pupila. - Acho que voc� deveria estar dormindo, n�o �, mocinha?
- Tio Lyan veio me ver, por isso n�o pude.
- Hum, est� bem. J� que � assim, est� perdoada. Ryan zombou:
- Pe�o desculpas, Miranda. Mas, uma vez que j� interrompi a sua rotina, poderia lhe pedir mais um favor?
- Pois n�o, senhor.
- Amy estava acabando de me falar sobre bater o ritmo. Como sei que � uma especialidade sua, esperava poder ter uma demonstra��o.
- Uma especialidade minha? - Miranda franziu a testa. - O que o senhor quer dizer com isso?
- Ele quer ouvir minha declama��o - Amy traduziu.
Ryan reparou no rubor que se espalhou pelo rosto alvo de Miranda. N�o podia imagin�-la ainda mais bonita, mas, quando ela umedeceu os l�bios e pareceu buscar uma resposta apropriada, ele teve certeza de jamais ter tido uma vis�o t�o atraente.
Ent�o, Miranda explicou com uma prud�ncia evidente:
- A declama��o de Amy n�o � um discurso ou um verso conhecido. � algo que eu mesma compus especialmente para ela. O senhor ficar� desapontado, posso garantir.
- Posso afirmar, Miranda, que jamais poderia ficar desapontado com voc�.
Miranda o encarou com rigidez, e Ryan praticamente podia ouvir os dedos longos e finos dela batendo no c�s da saia em sinal de reprova��o. Atrevendo-se a olhar em seu rosto, ele puxou uma cadeira de balan�o que estava por perto e sentou-se.
- Amy, estou pronto para a sua apresenta��o - Ryan anunciou num tom solene.
Miranda hesitou, virando-se para a garota logo em seguida.
- Acho que seu tio est� se divertindo � nossa custa. Voc� gostaria de recitar seu poema?
- Voc� n�o vai bater as palavlas na lousa pala mim? - Amy perguntou, aflita.
Miranda recuou, mas concordou com um gesto de cabe�a.
- � claro que sim, querida. - E acrescentou defensivamente dirigindo-se a Ryan: - � um modo de faz�-la concentrar-se. Funciona muito bem. Embora, tenho certeza, possa parecer tolice para o senhor.
- Nada que voc� faz parece tolice para mim, Miranda.
Os olhos verdes dela brilharam muito mais do que qualquer esmeralda que Ryan j� tivesse visto, e ele teve certeza de que Miranda estava prestes a erguer a voz pela primeira vez. No entanto ela se recomp�s rapidamente e, em seguida, apanhou a vareta para bater o ritmo na lousa.
Sem dar chances para outro constrangimento, Miranda acenou com a cabe�a para Amy e, depois, falou com bastante clareza:
- Era uma vez um...
- Le-le-le�o - Amy cantarolou, pronunciando com perfei��o enquanto Miranda batia levemente sobre as s�labas na lousa.
Miranda dirigiu um olhar desconcertado para Ryan antes de dizer:
- E o seu nome era...
- Ra-Ra-Ryan - Amy declarou com um sorriso travesso.
- Hum, sinto-me honrado - ele comentou num tom de zombaria.
- Ainda n�o acabou - a menina reclamou. - Agora tenho de come�ar outra vez.
- Que seja, ent�o. - Ryan se esfor�ou para n�o rir enquanto ouvia o poema inteiro, chegando at� mesmo a marcar o ritmo com as m�os.
Era uma vez um le-le-le�o.
E seu nome era Ra-Ra-Ryan.
Sua cauda felpuda era lo-lo-longa E ele nunca estava erra-ra-rado

- Brava! - Colocando-se de p�, Ryan aplaudiu vigorosamente. - Amy, foi excelente. N�o me lembro de ter me sentido t�o orgulhoso de algu�m.
A crian�a ficou radiante e, depois, voltou-se para Miranda com ternura:
- Obligada por me ensinar.
- Oh, minha querida. - Miranda se ajoelhou e abra�ou sua pupila. - N�o h� de que, meu docinho. Agora, v� para a cama um pouquinho, certo? Tenho certeza de que seu tio precisa ir. E eu tenho de costurar algumas roupas antes do jantar. Vamos l�?
Ryan levantou a menina e a colocou na cama, beijando-lhe a bochecha com ternura.
- Tenha bons sonhos. E obrigado mais uma vez pela apresenta��o.
Para sua surpresa, a garota abra�ou seu pesco�o com enorme afei��o.
- Eu adolo voc�, tio Ly... quelo dizer, tio Ryan.
- Eu tamb�m te amo, Amy - ele sussurrou, emocionado com o gesto da pequenina. Depois, ajeitou a crian�a na cama e puxou a coberta sobre ela.
Virando-se para Miranda, Ryan admirou o leve brilho no olhar dela.
- Que grande alegria o senhor proporcionou a Amy, sr. Collier - Miranda murmurou. - O senhor deveria visitar o quarto das crian�as com mais freq��ncia.
- � exatamente o que pretendo fazer. Teria feito isso mais cedo se soubesse que havia sido homenageado num verso.
Miranda deu um sorriso e tentou se justificar:
- Tenho certeza de que percebeu que s� usei o nome do senhor porque Amy faz quest�o de pronunci�-lo corretamente. Ela est� se empenhando muito, embora eu lhe tenha garantido que isso ser� corrigido com o tempo, com ou sem pr�tica.
- N�o subestime o poder da sua marca��o de ritmo, Miranda. � um grande incentivo para a melhora de qualquer pessoa.
Ela ruborizou e afastou-se daquele homem intrigante, e, em seguida, arcou uma sobrancelha em sinal de desaprova��o.
- � injusto de sua parte ca�oar assim de mim, sr. Ryan.
Ele deu um passo em sua dire��o novamente e, depois, aproximou-se seu rosto do dela, esperando sentir o calor que emanava daquelas bochechas rosadas e daqueles l�bios de carmim.
- N�o estou zombando, Miranda. Voc� n�o conhece mesmo a import�ncia de marcar o ritmo no aprendizado?
- Francamente, sr. Collier, gostaria muito que o senhor parasse de me importunar. O que acha que Amy pensaria se soubesse disso?
- Amy est� dormindo profundamente. Olhe voc� mesma.
Sem se voltar para a cama a fim de confirmar a afirma��o de Ryan, ela adotou uma express�o fria.
- Bem, se o senhor me d� licen�a, prefiro me retirar. Segurando-a pelo bra�o conforme Miranda se virou, ele pediu:
- Espere s� mais um instante, pode ser?
Ryan imaginou que teria o prazer de ver a face dela ruborizar de novo, mas ficou igualmente satisfeito ao perceber a rapidez com que Miranda se recomp�s. E pensar que ele a tinha julgado jovem demais para aquela tarefa...
- Lamento hav�-la ofendido, Miranda. E tamb�m pe�o desculpas pelo meu comportamento, agora e Deus sabe em quantas outras ocasi�es.
- Isso n�o � necess�rio - ela protestou, um tanto desconfort�vel com a situa��o.
- Creio que sim. Ao contr�rio do le�o no seu verso t�o gracioso, receio que eu estava erra-ra-rado.
- Sr. Collier, agora basta! - Miranda tentou se desvencilhar novamente, mas ele insistiu em segur�-la pelo bra�o.
Tentando n�o rir do olhar assustado dela, Ryan insistiu:
- Eu estava errado em achar que precisava de um senhora r�gida e linha dura para me ajudar com as crian�as. Agora, vejo que esse tipo de governanta n�o teria se sa�do bem. Tudo que voc� me disse na sala de estudo naquele primeiro dia provou ser verdade. Voc� � por natureza discreta e disciplinada, e essas qualidades permeiam meu lar devido � sua presen�a. As crian�as est�o se comportando e aprendendo, e Stephanie est� at� lendo livros.
- O senhor n�o deve me agradecer por nada disso - Miranda protestou, puxando o bra�o para livrar-se dele. Em seguida, correu em dire��o � porta, virando-se apenas para tentar se desculpar: - Tenho algumas roupas para consertar, senhor. Ficarei no meu quarto at� o jantar. Obrigada mais uma vez por ter visitado o quarto das crian�as. Tenho certeza de que isso significou muito para a pequena Amy.
Antes que Ryan pudesse responder, ela precipitou-se pelo corredor.
Ryan sorriu com orgulho. Ent�o, a impec�vel e corret�ssima Miranda Kent tamb�m estava sujeita a gaguejar e perder os sentidos. Era como se ele tivesse recuperado sua capacidade de seduzir uma mulher. N�o que estivesse tentando seduzir a governanta, claro, mas agradava-lhe saber que ela n�o era completamente imune ao seu charme.
O que Miranda faria se ele a seguisse at� o quarto e tentasse beij�-la? Ryan esbo�ou um sorriso malicioso com o pensamento. Certamente, ela pediria demiss�o e n�o seria por descumprir a sua parte. Assim, era melhor ele se contentar apenas com esse flerte inesperado.

Os pensamentos e as emo��es de Miranda formavam um turbilh�o em sua mente enquanto ela corria pelo corredor em dire��o ao seu quarto. Nunca tinha visto seu patr�o com um humor t�o jovial. Rindo com o uso de seu pr�prio nome naquele verso tolo, elogiando Amy sem se conter e, era claro, ca�oando dela sem piedade. Por que ela n�o conseguira responder da mesma forma, ou seja, com uma observa��o sarc�stica? Ou, que n�o fosse isso, por que n�o tinha conseguido ao menos responder com um sorriso amistoso?
Em vez disso, repreendera-o, zangara-se e se sentira ofendida. E por qu�? Porque Ryan tinha chegado perto demais, falado com intimidade demais e a provocado de forma maliciosa. E, a cada palavra dele, a temperatura dela subira assustadoramente, enquanto seus sentidos balan�aram de um modo alucinante.
Miranda apenas rezou para que Ryan n�o tivesse percebido, ou, se houvesse notado, que tivesse atribu�do sua rea��o � timidez de uma colegial. Era assim que ele a tinha visto at� aquele dia, n�o era? E, aparentemente, estava certo. Ainda faltava muito para que ela estivesse preparada para cuidar daquela casa e das pessoas que ali viviam. Miranda mal podia controlar as pr�prias emo��es.
At� aquele momento, sua respira��o estava curta e irregular e, quando ela fechou os olhos, podia visualizar Ryan em p� � sua frente, e sentir os l�bios dele t�o pr�ximos dos seus que seus h�litos se misturavam.
For�ando-se a inalar o ar e expir�-lo profundamente, ela lembrou-se de que era uma governanta e estava sendo paga por aquele homem para manter em ordem sua casa, sua fam�lia e sua criadagem. O comportamento dele naquele exato momento tinha sido seu modo bizarro de elogi�-la por um trabalho bem-feito quando, era �bvio, nada podia estar mais distante da verdade.
As crian�as est�o se comportando e aprendendo, e Stephanie est� at� lendo livros.
Mas as crian�as n�o estavam se comportando. S� estavam respondendo a subornos e amea�as, como ocorreria com qualquer b�rbaro. At� mesmo Amy, embora fosse um doce de crian�a, ainda ignorava todas as regras, deixando as bonecas espalhadas por todos os cantos e pulando na cama, a despeito dos olhares de reprova��o e das reprimendas de Miranda. Gra�as a Deus a menina n�o estava agindo assim quando Ryan apareceu � porta do quarto.
E o que ele quis dizer, afinal, ao fazer tantas refer�ncias a seu modo de marcar o ritmo do verso de Amy? Miranda tinha certeza de que era algo escandalosamente impr�prio e, se ao menos ela tivesse tido uma m�nima experi�ncia com homens, poderia ter entendido e o censurado com dureza. Quem sabe teria at� mesmo chegado a esbofete�-lo.
Sim, um tapa teria sido bastante oportuno, se pelo menos Miranda soubesse o que significava "marcar o ritmo".
Uma onda de furor invadiu Miranda diante do comportamento de Ryan, fazendo com que suas perturba��es e d�vidas fossem dispersadas. Fora ele que se comportou mal, e n�o ela. Ryan n�o passava de mais um homem que pretendia divertir-se � sua custa, e Miranda n�o podia permitir de novo uma atitude dessas. J� bastava todo o mal que Armstrong Hemmingway havia lhe causado e continuava causando de uma forma indireta. Afinal de contas, ela s� estava ali, sujeita a todo tipo de humilha��o e mentiras, por causa da maldita d�vida que contra�ra com aquela execr�vel criatura.
Empurrando a porta de seu quarto com certa for�a, Miranda soltou um grito de espanto ao ver um homem nu abra�ado em Stephanie, os quadris � mostra em seu modo mais primitivo. Voltando-se no mesmo instante para o corredor, ela bateu a porta atr�s de si, encostando a testa na madeira fria, tentando desesperadamente controlar as batidas aceleradas de seu cora��o.
Miranda nunca havia beijado um homem a n�o ser por um beijo af�vel no rosto de algum amigo. Nem mesmo Armstrong Hemmingway, com todas as suas investidas abomin�veis, fora capaz de pintar um retrato t�o chocante quanto o que Harry e Stephanie acabavam de lhe proporcionar. Era muito pedir que permanecesse protegida, apenas por mais um ano, de uma cena como aquela, ao menos at� que estivesse pronta para encontrar um marido amoroso e civilizado que lhe mostrasse tudo aquilo aos poucos?
- Miranda? Voc� est� passando mal?
- Oh, n�o! - Ela n�o queria abrir os olhos. N�o queria ver aquele rosto m�sculo e bonito. N�o naquele momento. N�o enquanto n�o conseguisse falar. N�o enquanto a imagem de um homem nu ainda povoasse sua mente torturada.
Mesmo assim, Miranda n�o podia simplesmente desejar que Ryan estivesse longe; ent�o, respirou bem fundo e olhou com firmeza naqueles olhos azuis brilhantes.
- Espero que n�o o tenha assustado, sr. Collier. Estou bem. Obrigada por perguntar.
- Ouvi voc� gritar.
- N�o, creio que s� dei um suspiro mais alto.
Ryan estudou com aten��o o rosto de Miranda antes de inquirir:
- O que a fez suspirar?
- Foi um tarde �rdua - ela tentou consertar, desejando que Ryan pudesse compreender que ele tinha contribu�do para o seu desconforto. Talvez, assim, fosse embora e a deixasse se refazer daquele furac�o repentino.
- Voc� est� p�lida como um fantasma.
- Estou? Imagine, talvez seja s� a luz. - Miranda tossiu, tentando esconder o rosto, evitando encar�-lo o m�ximo poss�vel.
Ele colocou as m�os no ombro dela antes de se desculpar:
- Fiz muitas perguntas, n�o? Voc� faz t�o bem o seu trabalho que eu esque�o quanto aqueles garotos s�o terr�veis. E, como se n�o bastasse, tive a aud�cia de lhe pedir que me ajudasse com Stephanie. Poderia me desculpar por exigir tanto de voc�?
Miranda o fitou fundo nos olhos e quase se desmanchou em adora��o. Ryan sabia tamb�m ser gentil, ter considera��o. Ainda assim, havia uma for�a em sua voz. E em suas m�os, em seus bra�os. Em seu corpo esguio e vigoroso.
Ela quase desmaiou diante da imagem daquelas coxas musculosas e salientes que invadiram seus pensamentos.
Pulando para se afastar dele, Miranda conseguiu balbuciar:
- Estou bem, senhor. N�o se preocupe. Foi s� um calafrio repentino.
- Voc� est� exausta - Ryan a corrigiu. - Vou lev�-la at� a cama. Precisa repousar um pouco.
Antes que ela pudesse barr�-lo, ele alcan�ou a ma�aneta e abriu a porta do quarto. Depois, bastante sol�cito, tomou-a levemente pelo cotovelo e a conduziu para o interior do quarto.
Quase incapaz de olhar, Miranda rezou para que Harry e Stephanie n�o estivessem mais no aposento. Eles tinham dado o melhor de si para esticar os len��is, mas Miranda ainda tinha certeza de que Ryan notaria a bagun�a. Assim, apressou-se em pedir:
- Gostaria apenas de me sentar perto da lareira por alguns minutos. E... - Ela livrou o bra�o do toque dele e lhe dirigiu um sorriso de desculpas. - O senhor est� sendo maravilhosamente gentil mas eu estou bem. O senhor deveria sair, por v�rias raz�es.
Ryan soltou uma risada maliciosa.
- Voc� est� sugerindo que eu deixe os empregados me verem sair do seu quarto?
- Como assim, senhor?
Ele deu uma gargalhada e caminhou em dire��o � lareira.
- Felizmente, eu tenho uma solu��o, gra�as aos dons de engenheiro de meu pai. - Manipulando o trinco, Ryan abriu a porta oculta, depois dirigiu a Miranda um sorriso maroto. - H� passagens secretas conectando praticamente todos os aposentos desta casa. Surpreendente, n�o?
- Tudo nesta casa me surpreende - Miranda retrucou, com cuidado.
- Se tem certeza de que est� se sentindo melhor, vou fazer uma retirada clandestina. Mas, antes, permita-me mostrar como fechar a porta depois que eu passar.
- Tenho certeza de que n�o h� necessidade - Miranda murmurou, imaginando o que ele faria se percebesse que estava faltando o pino de travamento.
Ryan arqueou uma sobrancelha.
- Estou chocado, Miranda. Imaginei que voc� iria pedir ao mordomo para selar esta porta com pregos.
Ela adotou sua express�o mais severa.
- A porta j� estava aqui desde a minha chegada, e tenho estado bem segura. N�o � verdade?
- E n�o est� curiosa a respeito do mecanismo?
- Pretendo estud�-lo em detalhes assim que o senhor se retirar. E, por favor - Miranda acrescentou de pressa -, o senhor n�o deveria sair pela parede. � desnecess�rio. Deve estar bastante empoeirado a� dentro. Use o corredor, n�o � melhor?
- Eu n�o me importo. Faz anos que nem sequer penso nessas passagens antigas - Ryan confidenciou. - Minha irm� e eu costum�vamos nos divertir muito com elas quando �ramos crian�as.
E Stephanie ainda se diverte, Miranda pensou. E, at� onde sei, neste exato momento ela est� se divertindo nas passagens secretas com um homem nu. Assim, por favor, n�o entre agora.
A id�ia de Ryan dar de cara com o casal rom�ntico ou, pior, de deparar com a presen�a de Nick a alarmou. Mas Ryan parecia determinado a entrar na passagem secreta; ent�o, ela se resignou, dizendo apenas:
- Obrigado mais uma vez pela sua solicitude. Tenho certeza de que estarei bem descansada para o jantar. Espero v�-lo � mesa, ent�o.
- Venha comigo.
- Como?
- Voc� deve estar curiosa - Ryan insistiu. - N�o tenha medo. N�o h� nada l� dentro que possa amea��-la.
- N�o estou com medo - Miranda o corrigiu, vendo que ele estava determinado. Ent�o, ela caminhou em dire��o � porta e entrou na passagem logo atr�s de Ryan.
Surpreendentemente, havia pouca poeira e uma quantidade generosa de luz, gra�as aos tijolos de vidro colocados no teto. As placas de assoalho eram mais s�lidas do que Miranda havia imaginado, assim como era bem firme uma estreita escada de ferro a poucos passos da parede de seu quarto.
- Esta escada leva aos meus aposentos - Ryan lhe segredou.
- Bem, ent�o, parece bastante conveniente para o senhor usar a passagem neste momento - ela retrucou. - Cuidado com os degraus, est� bem?
De repente, quando Miranda come�ou a caminhar de volta para seu quarto, ele apanhou-a pela cintura e perguntou com intimidade:
- Miranda, posso lhe pedir um conselho a respeito de algo? Sentindo o calor daquelas m�os viris sobre seu corpo, ela mal p�de manter a respira��o e respondeu:
- � �bvio que sim. Mas o senhor n�o acha conveniente esperar para depois do jantar? Poder�amos nos reunir na sua sala de estudo e ter um bate-papo bastante agrad�vel.
- Gostaria que fosse aqui - Ryan contestou. - Voc� j� esteve em um baile, Miranda?
- Desculpe, senhor, n�o entendi. - Ela ficou estarrecida, n�o acreditando no que ouvia. Ser� que ele a estava cortejando outra vez? Ali, em uma passagem secreta escura, fora de seus aposentos? O que, afinal, ela poderia fazer em circunst�ncias t�o comprometedoras? Sobretudo quando seu corpo estava surpreendentemente pronto para se entregar a toda e qualquer investida.
Ryan sorriu.
- Recebi um convite hoje para eu e Stephanie irmos a uma festa na casa de um m�dico local. Minha rea��o imediata foi declin�-lo, mas, agora, j� n�o tenho tanta certeza se devo recusar. Estou t�o impressionado com o seu progresso...
- Oh, senhor, n�o sei por que me elogia tanto! - Com um gesto brusco, Miranda afastou aquelas m�os perturbadoras de sua cintura e sorriu num al�vio desconcertante. - Claro, o senhor deve levar sua irm� para o baile! Apesar da displic�ncia de Stephanie, eu honestamente acredito que ela est� tentando ganhar seu respeito, sr. Collier. Uma festa seria uma recompensa perfeita.
Ryan hesitou e, em seguida, disse com muita calma:
- Concordo que Stephanie merece uma recompensa. No entanto � voc� que merece o cr�dito pela fa�anha de modific�-la.
- Isso n�o � verdade - Miranda protestou. - Sua irm� j� tinha se determinado a tentar agrad�-lo antes mesmo de eu chegar. Ela me disse isso no meu primeiro dia aqui.
- Disse mesmo? - Ele riu de novo. - Obrigado por me contar isso.
- Mal posso imaginar a express�o de alegria no rosto de Stephanie quando o senhor lhe der a not�cia - Miranda lhe assegurou, entusiasmada. - Ela tem sido muito paciente, apesar dos seus desejos quase incontrol�veis de fazer compras e fofocar com as amigas na cidade. Imagine s� quanto ficar� contente com a oportunidade de usar um maravilhoso vestido de festa e dan�ar a noite toda!
- E quanto a voc�? Tamb�m se sentiria feliz por usar um vestido elegante e dan�ar a noite inteira?
Miranda sorveu o ar bem fundo antes de observar com uma express�o de indigna��o:
- Espero que o senhor n�o esteja imaginando que estou sugerindo isso! N�o consigo pensar em nada mais impr�prio. - Ela balan�ou a cabe�a, enraivecida consigo mesma por ter vibrado com a id�ia de participar de um baile, fazendo com que Ryan se sentisse na obriga��o de convid�-la. - Poderia lhe pedir uma gentileza, senhor? Eu realmente preciso descansar um pouco antes do jantar; caso contr�rio, n�o conseguirei cuidar das crian�as, como � meu dever. Seria muito indelicado de minha parte se pedisse que o senhor se retirasse agora?
- De forma alguma. - O tom de Ryan mudou completamente, assim como sua postura, que, naquele momento, tornaram-se r�gidos e formais.
Depois, como para acentuar o efeito de sua altera��o, ele se curvou de leve diante de Miranda e se manifestou:
- Assim que voc� estiver de novo no seu quarto, eu fecharei a porta com seguran�a. Depois disso, voc� s� ter� de mudar a posi��o das rosetas debaixo do trinco, e ningu�m conseguir� entrar no seu aposento.
For�ando-se a retribuir o modo impessoal de Ryan, Miranda lhe agradeceu e, em seguida, recuou pela passagem secreta e entrou em seu quarto, sem se atrever a virar-se at� que tivesse ouvido a porta se fechando atr�s de si. Ent�o, se afundou na cadeira pr�xima � lareira e se esfor�ou para compreender o que havia acontecido entre ela e aquele homem t�o misterioso.
Por um lado, Miranda se considerava respons�vel por isso, j� que, afinal de contas, ela havia ultrapassado os limites do flerte inofensivo ao deixar impl�cito que Ryan deveria levar sua governanta a um baile como acompanhante. Por outro lado, era �bvio que ele era tamb�m culpado, pois jamais deveria ter se insinuado para ela daquela forma, sabendo que Miranda era inexperiente nesses assuntos.
Mesmo assim, o pobre homem devia ter ficado chocado ao ver que seu avan�o tinha sa�do pela culatra. Miranda nem fazia id�ia de quanto seus olhos brilharam enquanto falava de vestidos chiques e de dan�ar noite adentro. No fundo do cora��o, ao traduzir essa fantasia em palavras, ela se imaginara trajando um vestido glamouroso, dan�ando, sendo conduzida pelos bra�os m�sculos de Ryan Collier, balan�ando no ritmo daquele corpo esguio e sensual. Por ser um homem de percep��o agu�ada, ele devia ter lido seus pensamentos na express�o de Miranda e se sentido na obriga��o de lhe estender o convite. Com certeza, tinha notado que sua sedu��o casual, mais que provocar sensa��es nela, havia inspirado seus sonhos tolos de juventude.
Voc� deve procur�-lo antes do jantar e se desculpar, Miranda instruiu a si pr�pria com determina��o. Ele tamb�m se desculpar� e, talvez, a atmosfera entre n�s ficar� tensa por um dia ou dois. Mas logo voltar� ao que era, uma rela��o profissional e nada mais. Isso seria um conforto, ela concluiu, ao se virar na cadeira, tentando n�o se lembrar do que havia sentido.

Cap�tulo VII
Foi com um misto de al�vio e decep��o que Miranda tomou conhecimento de que seu patr�o n�o estaria jantando com eles naquela noite. O mordomo explicou que o sr. Collier tinha recebido uma incumb�ncia e n�o voltaria antes do final de semana.
Miranda suspeitou de que Ryan estivesse t�o desconfort�vel com a possibilidade de se indispor com sua bab� que preferira alugar um quarto na cidade por uns dias, dando tempo para que ela tirasse da cabe�a aquelas tolices e se dedicasse novamente aos seus deveres como governanta da casa.
E foi exatamente isso que Miranda fez nos tr�s dias que se seguiram. Sem mais chantagens para obter um bom comportamento por parte das crian�as. Em vez disso, ensinou-as com austeridade, insistindo que elas estudassem antes de sair para brincar no jardim. Ela sabia que elas podiam ter se rebelado, se n�o fosse pela interven��o de Nick.
Com Ryan fora de casa, Nick aparecia com mais freq��ncia no quarto de brinquedos, no dos garotos e tamb�m no pr�prio quarto de Miranda. Ela dava o melhor de si para ignorar o pai amoroso, concentrando-se no cumprimento de sua tarefa, ou seja, tornar-se a governanta que Ryan acreditava que ela era.
Miranda n�o mais se permitiria tolerar tolices, sobretudo vindas de Stephanie ou de Nick, e adotara uma nova t�tica: simplesmente parou de falar com eles.
- Sei que voc� est� zangada conosco - Stephanie tentou bajul�-la. - Dou minha palavra de que: Harry e eu acharemos um novo quarto para os nossos encontros amorosos. Far�amos isso de qualquer forma, uma vez que as suas interrup��es est�o se tornando um inc�modo.
A �nica resposta de Miranda para tal desatino foi um olhar frio e um dar de ombros displicentes.
- Farei o que voc� pedir, Randi - Nick sussurrou em seu ouvido durante uma aula das crian�as. - Voc� quer que eu me entregue �s autoridades e v� para a pris�o? Farei isso com prazer. Basta voc� me pedir, meu amor.
Miranda apenas o encarou, recorrendo a Keith e a Brandon para relembrar o pai da presen�a das crian�as:
- Ela n�o quer que voc� a chame de Randi. E pare de lhe beijar o pesco�o e de surgir de dentro da parede sem bater primeiro.
Finalmente Miranda parecia estar fazendo algum progresso com todos. Nick visitava as crian�as com mais assiduidade do que nunca e fazia um esfor�o para cham�-la de Miranda e se sentar em sil�ncio, em vez de incitar maus comportamentos durante as aulas.
E Stephanie realmente come�ou a ler O Para�so Perdido, comprovando a leitura a Miranda ao recitar longas passagens de cor. Melhor ainda, Stephanie e Harry come�aram a se encontrar em outro lugar, embora ainda n�o tivessem contado a Miranda onde era, mas ao menos prometendo que n�o se tratava do quarto abandonado de Ryan.
- Agora, voc� vai voltar a ser minha amiga de novo? - Stephanie implorava sem cansar, at� que Miranda por fim concordou, dando-lhe um abra�o encabulado. - Ufa, que al�vio! - Stephanie disse logo em seguida, com um suspiro vigoroso. - Agora vou lhe contar as not�cias maravilhosas que tenho.
- Nem posso imaginar o que voc� considera not�cias maravilhosas.
Stephanie sorriu antes de comentar:
- Voc� ir� concordar, eu lhe garanto. Ryan fez algo espl�ndido.
- N�o sabia que ele tinha voltado - Miranda murmurou.
- N�o precisa se assustar. Meu irm�o ainda est� a quil�metros de dist�ncia, eu presumo. Mas, antes de partir, voc� sabe o que ele fez? Aceitou um convite para um baile de gala na mans�o de um doutor da regi�o. E ele vai me levar de acompanhante. N�o � magn�fico? Harry disse que a cidade toda est� em polvorosa com a not�cia.
- Fico feliz por voc�, Stephanie, j� que aprecia tanto essas festas cheias de pompa, n�o �? Ter� oportunidade para rever suas amigas e se inteirar do que aconteceu na cidade nesses tempos em que esteve fora da agita��o. Al�m disso, voc� merece. Reconhe�o que tem se aplicado ao m�ximo.
- Sim, mere�o - Stephanie concordou. - S� desejaria que voc� pudesse vir conosco. Harry poderia apresent�-la a um dos seus amigos.
- Isso n�o seria muito apropriado, Stephanie. Eu sou apenas uma empregada aqui, voc� se esqueceu?
- Por que n�o? Ryan � a �nica pessoa em Bridgehaven cabe�a-dura o suficiente para fazer essas considera��es. Harry disse que voc� seria bastante popular entre os homens da cidade. Ele jura que um deles a roubaria de n�s e se casaria com voc� em menos de um m�s.
- Lamento, Stephanie, mas eu n�o gostaria de discutir isso. Est� claro?
- Voc� tem quase tantas regras quanto Ryan - Stephanie protestou. - � de admirar que meu irm�o n�o a aprecie mais. Miranda mordiscou o l�bio.
- Ele tem demonstrado seu apre�o permitindo-me permanecer aqui, apesar do fato de que eu n�o tinha experi�ncia.
- Isso � verdade. - Stephanie a fitou com soberba. - Mas voc� est� feliz, Miranda?
- Sim! - ela lhe assegurou. - Vamos, apresse-se e v� se encontrar com Harry agora. Tenho certeza de que ele est� espreitando pelas paredes, esperando ardentemente pelos seus beijos.
- Ele esteve aqui durante toda a tarde e jogar� cartas esta noite. Mas vou deix�-la sozinha antes que eu diga algo que a contrarie mais uma vez. - Stephanie hesitou e, depois, deu em Miranda mais um abra�o af�vel. - Estou t�o feliz que ficamos amigas de novo!
- Igualmente, minha querida! - Miranda retribuiu o abra�o e dirigiu-lhe um sorriso carinhoso.
Agitada como sempre, Stephanie saracoteou pelo quarto, deu mais um beijo na face de Miranda e desapareceu pelo corredor.
Miranda tirou o robe, deitou-se na cama e enrolou-se nos len��is; em seguida, virou-se para reduzir a luz do abajur. Imediatamente, come�ou a pensar na pergunta que Stephanie lhe fizera minutos antes.
Mas voc� est� feliz, Miranda?
Felicidade? Ela n�o tinha sequer certeza se ainda sabia o significado dessa palavra. Gra�as a Ryan, havia encontrado um modo de livrar-se da sua obriga��o com Armstrong Hemmingway e, nesse sentido, estava mais feliz do que j� estivera em anos, vivendo em uma casa magn�fica, cercada de quadros e livros.
Ent�o, por que se sentia t�o oprimida? Porque estava vivendo uma mentira e, pior, traindo a confian�a do homem que a tinha salvado e a acolhido.
Amantes usando passagens secretas para seus encontros amorosos... Um suspeito de crimes utilizando-se dessas mesmas passagens para escapar das autoridades... Ryan ficaria furioso se soubesse. E, se descobrisse que ela estava a par de tudo isso, ele a demitiria sem hesita��o. Sua empatia em rela��o ao infort�nio dela com Hemmingway, e at� mesmo sua culpa por ter sido r�gido demais em alguns momentos, ou pelos flertes que haviam passado um pouco dos limites em uma ou em outra ocasi�o, evaporariam em um acesso de raiva justificado.
Miranda, honestamente, pensava que poderia continuar a participar daquela fraude por mais um ano? N�o era de sua natureza. Por mais que Ryan fosse obcecado por ordem e civilidade, ela era muito mais ainda. E confian�a... Miranda aprendera uma dolorosa li��o sobre confian�a quando fora tra�da pelo homem que ela julgava ser o melhor amigo de seu pai. Agora, Miranda estava traindo o homem que lhe oferecera um emprego. Um homem respeit�vel. Um homem que ela admirava com adora��o...
- Acorde, querida.
- Nick! - Miranda afastou o rosto m�sculo que estava colado em seu pesco�o, olhando-o fixamente com express�o de nojo. - Saia da minha cama agora mesmo!
- Tenho algo para lhe dizer, querida.
- Pare de me chamar assim. Nunca lhe dei liberdades para isso.
Fazendo for�a para respirar, Miranda cobriu a parte de cima de sua camisola, puxando as cobertas sobre si. Logo em seguida, repetiu de modo afetado:
- Saia j� daqui; caso contr�rio, vou gritar por socorro.
- � algo importante, Randi. Extremamente importante.
Seu olhar eloq�ente era t�o sincero que ela acabou por ceder.
- Fale r�pido, ent�o. Sei que voc� n�o vai mesmo sair, nem que eu implore.
Nick esbo�ou um sorriso malicioso.
- � por isso que eu a amo. Voc� tem o mais doce dos cora��es. E, s� agora eu descobri, os mais rosados seios tamb�m...
- Nick! - Ela o interrompeu bruscamente, puxando o len�ol at� o queixo. - Deixe de ser atrevido. Voc� j� est� indo muito al�m dos limites. N�o abuse tanto da minha condescend�ncia. Eu posso me cansar de tudo isso e revelar toda a verdade ao sr. Ryan, nem que essa atitude custe a minha perman�ncia nesta casa.
Nick riu com ternura.
- N�o seja t�o recatada, querida. Estamos praticamente comprometidos. E se o meu plano der certo, poderemos nos casar antes do Natal.
- Seu plano? Por favor, Nick, n�o me fa�a rir com tamanha insanidade.
- � brilhante. - Ele escorregou o bra�o sobre os ombros alvos de Miranda. - Quando ouvi, por acaso, Stephanie falando sobre a festa na casa de Bentley, eu j� sabia o que ir�amos fazer.
- Voc� estava escutando a nossa conversa?
- Preste aten��o, querida. Bentley � a pessoa de quem eu supostamente roubei o colar.
Miranda mordeu o l�bio.
- Estou surpresa que tenha convidado os primos para irem at� a casa dele.
- Bentley convidou a cidade inteira. E ele n�o cultiva rancores contra ningu�m a n�o ser contra mim. Mas confesso que estou um pouco surpreso que Ryan tenha aceitado o convite. Pensei que fosse mais leal em rela��o a mim.
- Se voc� tivesse ficado e se defendido em vez de fugir, talvez ele teria sido.
- Eu n�o fugi - Nick a relembrou. - De qualquer forma, estou contente que Ryan decidiu participar da festa. E concordo com Stephanie; voc� deveria acompanh�-lo.
- Ah, ent�o voc� quer que eu dance com o sr. Collier? Fica me fazendo juras de amor e, ao mesmo tempo, joga-me nos bra�os de seu primo? Parece estar sendo um pouco incoerente, n�o?
Nick deu um sorriso.
- Como professora dele. E eu a pro�bo de dan�ar com quem quer que seja. Mas, uma vez estando l�, voc� pode me ajudar a descobrir a combina��o do cofre, entende?
- Ah, sim, era s� o que me faltava! Roubar segredos de cofre! - Miranda comentou com ironia. - Mas por que raz�o esse doutor me revelaria a combina��o?
- Bentley n�o revelaria. Mas, se o meu plano funcionar, ele abrir� o cofre enquanto voc� estiver no quarto. E eu estarei escondido atr�s das cortinas, observando cada movimento. Entende agora?
- E por que ele abrir� o cofre estando na minha presen�a?
- Simples, porque voc� flertar� com ele.
- Nick O'Hara, que planos s�rdidos voc� tem em mente?
Ele segurou o rosto p�lido de indigna��o de Miranda entre as m�os.
- Nada acontecer� al�m disso, querida. Eu lhe prometo. Voc� flertar� com Bentley. Dir� que admira o prendedor de gravata esmeralda que ele usa em ocasi�es sociais. Dir� tamb�m quanto adora j�ias. Bentley a levar� at� a sua sala de estudo e abrir� o cofre, com a inten��o de mostrar sua cole��o de pedras preciosas, na esperan�a de que isso a far� realizar o que ele quiser. Mas, assim que Bentley tenha revelado a combina��o e esteja remexendo no interior do cofre, voc� voltar� para a festa.
Miranda meneou a cabe�a num gesto de indigna��o.
- Definitivamente, n�o tenho como fazer isso, Nick. Queria poder. Talvez dev�ssemos pedir para Stephanie. Ela � mais despachada do que eu para esse tipo de artimanhas.
- N�o podemos confiar a ela esse segredo, querida. Se Stephanie souber que eu estive aqui, poder� contar �quele brutamontes do amante dela. Tem de ser voc�.
- Tudo bem, mas esqueceu que eu n�o fui convidada para a festa. Como poderei estar l�?
- Diga a Stephanie que quer ir. Ela obrigar� Ryan a lev�-la. � o m�nimo que ele pode fazer, depois de t�-la for�ado a trabalhar duro nesta casa deprimente. - Segurando-a firme pelos ombros, Nick sussurrou: - Voc� n�o v�, querida? Se fizer isso por mim, posso provar que o colar jamais foi roubado. Ent�o estarei livre de novo. Meus filhos poder�o voltar a ter um pai. Poderemos nos casar ou, na pior das hip�teses, termos um caso escandaloso.
- Quieto, Nick. Voc� consegue me deixar atordoada com tantas besteiras. Deixe-me pensar um pouco.
Miranda pulou para fora da cama e come�ou a andar de um lado para outro.
Ser� que n�o seria mesmo o melhor a fazer?, ela se perguntou. Nick levaria as crian�as embora, Ryan teria seu santu�rio de volta, e eu retornaria ao internato para pagar cada tost�o a Hemmingway. Nada mais de decep��es. Nada mais de homens surgindo inesperadamente detr�s das paredes do meu quarto. Nada mais de Ryan...
- E ent�o, Randi, diga que vai me ajudar.
- N�o sei. - Ela dirigiu a Nick um sorriso de desculpas. - Parte de mim quer desesperadamente ajudar, mas n�o tenho certeza de que conseguiria ter sucesso ao flertar com esse m�dico.
- � claro que voc� se sair� bem. Se consegue convencer um homem brilhante como Ryan de que ele � o respons�vel por uma criadagem impec�vel, tamb�m conseguir� convencer Bentley de que se sente irresistivelmente atra�da por ele.
- � verdade - Miranda admitiu para si mesma baixando o olhar. - Sou muito mais ardilosa do que eu jamais supus.
- N�o foi isso que eu quis dizer, querida. - Nick se colocou diante dela e apertou-lhe a bochecha corada. - Voc� � a mulher mais honesta do mundo, e eu a adoro...
- Pare com isso! - Miranda soltou-se e come�ou a caminhar outra vez. - Acho que seria melhor pararmos com toda essa loucura agora mesmo, Nick. Honestamente, n�o sei se tenho condi��es de participar de um plano t�o arriscado. Flertar, dissimular, enganar, roubar senhas de cofre... � demais para mim. Nunca fiz nada disso em toda a minha vida, posso lhe garantir...
- Miranda! - A voz de Ryan, vinda da porta do sal�o, foi acompanhada por um som alto de batida, fazendo uma onda de calafrio percorrer todo o corpo dela. - Miranda, h� algo errado?
- Oh, sr. Ryan, que surpresa! - Miranda apanhou o robe, vestiu-o por cima da camisola, respirou fundo e apressou-se para ir abrir a porta apenas o suficiente para que pudesse espiar pelo corredor. Ent�o, ela ergueu o rosto na inten��o de reafirmar seu cumprimento a Ryan.
Por�m sua garganta estava apertada demais, tamanha a consterna��o ao avist�-lo, ainda mais atraente do que se lembrava, dirigindo-se a ela, com seus olhos azuis vibrantes e preocupados com seu estado emocional. Miranda chegou at� a imaginar como seria se ele se inclinasse e deslizasse suavemente sua boca carnuda contra a sua.
- Miranda, voc� teve um pesadelo?
- Um pesadelo?
- Escutei a sua voz, e voc� parecia aflita.
Ela tossiu um pouco antes de se evadir.
- N�o sabia que o senhor tinha retornado.
- Acabei de chegar. - Era a vez de Ryan limpar a garganta.
- Suponho que esteja se perguntando por que eu estava parado em frente � sua porta.
Miranda sentiu sua face ficar vermelha.
- O senhor permaneceu parado aqui? Por quanto tempo?
- Estava tentando criar coragem - ele explicou com um sorriso perturbado.
- Como assim?
- Queria ver se voc� estava acordada. Para que eu pudesse me desculpar pela minha conduta na passagem secreta naquele dia. E no quarto de brinquedos, por aquela quest�o. E tamb�m em todos os outros lugares e em v�rias outras ocasi�es. Enfim, queria tentar me redimir pela minha conduta em geral desde o momento em que voc� chegou a esta casa.
- E eu tamb�m poderei me desculpar pelas v�rias gafes que cometi? - Miranda perguntou com suavidade. - Ou simplesmente decidiremos come�ar de novo?
Ryan sorriu, aliviado.
- Na verdade, eu gostaria muito que isso acontecesse.
- Ent�o est� decidido - ela declarou, tentando p�r um fim � conversa, acreditando por um momento que era de fato poss�vel esquecer tudo. Eles come�ariam do princ�pio, conhecendo um ao outro devagar, explorando com respeito aquela ineg�vel atra��o.
Enquanto voc� o engana a todo instante, assim como Nick bem observou?, Miranda disse a si mesma com uma ferocidade inesperada. Homens por detr�s das paredes, crian�as indisciplinadas fazendo algazarra por todos os lugares, e, ainda assim, o sr. Collier a elogiando por restaurar a sua felicidade ut�pica? Desde quando se tornou algu�m t�o mentirosa, Miranda? E justamente com o homem que voc� admira e adora acima de tudo?
- Miranda, h� algo errado? Voc� est� p�lida de novo.
Ela lambeu os l�bios, seduzida pelo modo com que aqueles olhos azuis e penetrantes brilhavam de preocupa��o. Havia uma emo��o profundamente honesta naquele olhar. J� n�o era hora de retribuir com sua pr�pria honestidade?
Conte tudo a ele, Miranda tentou se impor. Mas, e depois, o que vai acontecer? Nick ser� mandado para a pris�o? E Stephanie ser� expulsa da casa. Eu jamais ganharia o respeito de Ryan? N�o posso sacrificar a todos com a minha honestidade.
Contudo, talvez ela tivesse encontrado uma maneira de ser honesta e leal, gra�as ao plano inventivo de Nick.
- Sr. Collier?
- Sim, Miranda?
- Naquela tarde, quando me convidou para ir � festa com o senhor e sua irm�...
- Sim?
- Eu sei que isso � embara�oso, mas eu realmente gostaria de ficar uma noite longe desta casa, por mais ador�vel que ela seja. Seria tarde demais para aceitar seu convite t�o gentil?
A surpresa ficou estampada nos olhos azuis de Ryan. Ele, ent�o, afastou-se, curvando-se em uma rever�ncia.
- Seria uma honra ser seu acompanhante, Miranda Kent.
- Sou eu quem se sente honrada. Acompanhar um homem t�o distinto como o senhor... Nem pode imaginar quanto me far� feliz - ela finalizou, pensando no que aquela ida ao baile realmente significava. Se tudo corresse conforme Nick esperava, seria o fim de toda sua ang�stia por ser conivente com tantas mentiras e arma��es.
- Ent�o, at� amanh�?
- Sim, senhor. At� amanh�.
- Boa noite, Miranda.
- Boa noite, senhor - ela murmurou enquanto Ryan retornava ao sal�o, desesperado para escapar da tenta��o de agarrar aquela mulher que lhe despertava desejos havia muito adormecidos.
Se voc� soubesse, Ryan, Miranda pensou. Se esse plano der certo, Nick ser� inocentado de toda culpa e levar� os filhos com ele. Seu santu�rio ser� restaurado. E voc� se livrar� desta mulher dissimulada e manipuladora para sempre.
Ryan fez o que p�de para evitar Miranda durante os dias anteriores � festa de Bentley. Se ele parecesse interessado demais, com certeza ela cancelaria sua ida ao baile. Apesar de tudo, Ryan queria apenas afastar-se temporariamente das obriga��es da casa e das crian�as. Se Miranda suspeitasse das suas inten��es ao estender-lhe o convite, ela, sem d�vida, ficaria assustada. E, mesmo que ele pudesse fingir estar calmo e pensativo, poderia dizer algo que a ofendesse, e mais uma vez seus planos iriam por �gua abaixo.
Miranda tamb�m parecia determinada a evit�-lo, e Ryan achava gra�a nisso. Dada sua inclina��o por assumir regras e um comportamento adequado, ela se sentia, sem d�vida alguma, constrangida por ter aceitado o convite, sabendo que isso era de alguma forma inapropriado ou inconveniente.
Ryan, por outro lado, n�o estava disposto a permitir que a sociedade civilizada interferisse no intenso, agrad�vel e, sem sombra de d�vida, primitivo desejo que a governanta acendia nele. De fato, estava determinado em corromp�-la na festa. Um segredo que ele n�o ousaria revelar at� que ela estivesse fora da casa, dan�ando uma valsa em seus bra�os.
Miranda n�o aprovaria que voc� escondesse segredos dela, Ryan disse a si mesmo dando uma risada alta. Sinto que a nossa Miranda Kent preza a honestidade acima de qualquer outra virtude.
O pensamento o fez relembrar do outro segredo que ele escondia de Miranda. Um segredo que poderia irrit�-la ainda mais que suas inten��es libidinosas. Se ela soubesse que ele fizera um acordo com aquele desgra�ado do Hemmingway em seu favor, ficaria irreparavelmente ofendida. Afinal de contas, Miranda havia lhe pedido para n�o mais tocar e nem sequer pensar naquele assunto t�o dif�cil e constrangedor para ela.
Esfregando seus dedos machucados, Ryan lembrou com uma ponta de orgulho o prazer que sentiu ao acertar com o punho o rosto nojento daquele parasita. Miranda teria de entender. Ele n�o tivera outra escolha a n�o ser vingar-se por ela, n�o apenas por ser um cavalheiro, mas porque estava desesperadamente apaixonado por aquela jovem que entrara timidamente em sua vida.
Com certeza, Miranda pelo menos ficaria lisonjeada. Poderia inclusive sentir-se aliviada por saber que n�o devia mais nada a Hemmingway! Ryan sorriu, recordando o brilho naqueles olhos esmeralda e ternos naquele dia na sala de estudo, quando ela lhe contara tudo sobre seu infort�nio. N�o, Miranda n�o ficaria aliviada nem lisonjeada. Ficaria furiosa.
Mas, definitivamente, tinha valido a pena.

Cap�tulo VIII
- Miranda, voc� parece um anjo! N�o ouse dan�ar com o meu Harry hoje � noite estando t�o encantadora. Ele n�o ir� resistir.
Miranda afofou a saia de seu vestido pregueado de tule rosa.
- Ele ter� olhos somente para voc�, Stephanie. Voc� est� fascinante.
- Estou, n�o estou? - Stephanie esperou por uma confirma��o com um sorriso largo.
- Mesmo assim, h� um brilho em voc� que eu invejo. Ser� que eu tinha esse fulgor quando ainda era virgem? Oh, pelo amor de Deus, pare de puxar esse decote para cima! Ele � bem modesto se comparado ao meu.
Miranda riu.
- Eu nunca usei algo nem sequer parecido com este vestido. Obrigada novamente por me emprestar.
- Emprestar n�o, querida. Ele � seu agora. Eu jamais ousaria us�-lo depois de hoje � noite, com medo de que Harry lembre de quanto voc� est� magn�fica. - Stephanie se virou e correu at� a porta. - � Ryan nos chamando? Como todo homem, ele n�o tem paci�ncia, n�o � mesmo? Homens... nunca entendem as mulheres nessas horas.
Miranda sentiu um tremor apoderar-se dela s� de pensar em trajar um vestido t�o elegante na presen�a de Ryan. Ser� que ele ficaria chocado? O pior ela j� tinha feito: haver praticamente se convidado para ir � festa. Ryan mal tinha lhe falado a semana inteira e, mesmo na hora do jantar, havia focado a aten��o nas crian�as, poucas vezes dando um olhar de relance em sua dire��o.
Assim n�o � melhor? Depois desta noite, Ryan n�o precisar� mais de uma governanta, e voc� nunca mais o ver�. Fique contente por n�o ter usado esta semana para ficar mais perto dele. Isso s� tornaria a separa��o ainda mais dif�cil.
Caminhando atr�s de Stephanie, Miranda tentou dar um sorriso discreto, esperando que Ryan ficasse t�o distra�do pelo escandaloso decote da irm� que nem sequer chegasse a not�-la.
Esperando at� que Stephanie tivesse quase chegado ao fim da escada, Miranda parou para olhar. Ent�o, sentiu sua confian�a balan�ar ao avistar Ryan, t�o imponente em seu refinado casaco e cal�a pretos da Marinha. Ele estava falando com a irm� e, por um momento, Miranda teve certeza de que n�o a olharia nem de soslaio.
No entanto Ryan ergueu seus olhos azuis e fixou-os nela com uma express�o t�o clara de admira��o que Miranda quase voltou correndo para seu quarto para se esconder. J� tinha observado nele aquele olhar de desejo uma vez, no quarto de brinquedos, mas achara que havia sido fruto da sua imagina��o. Talvez por tamb�m v�-lo como um homem irresistivelmente atraente. Mas, naquele instante m�gico, teve certeza de que aquela express�o cheia de mal�cia e desejo n�o era ilus�o de sua parte. Numa esp�cie de transe, suas pernas pareceram fugir ao seu controle, tamanha a confus�o de pensamentos.
Sentindo a situa��o dif�cil em que Miranda se encontrava, Ryan subiu as escadas de dois em dois degraus e, em segundos, tomou-a pelo bra�o com sua m�o forte e quente.
- Posso? - ele perguntou num tom sedutor.
- Obrigada, sr. Collier - ela conseguiu sussurrar, sem se dar conta direito de suas palavras.
- Miranda n�o est� magn�fica? - Stephanie inquiriu ao p� da escada. - Agora, voc� n�o desejaria hav�-la tratado melhor? Mas � tarde demais, meu caro irm�o. Ela ir� se apaixonar por outros companheiros de dan�a, e voc� ter� de procurar a sra. Weston para que ela mande uma nova governanta. O que acha disso?
- Acho que voc� est� enganada - disse Ryan, de um modo despreocupado. - Com licen�a, formosa senhorita?
Ele escorregou seu bra�o em volta da cintura de Miranda e, em seguida, olhou fixamente para a irm�.
- Sou o acompanhante de Miranda Kent nesta noite. N�o haver� outros companheiros de dan�a para ela. Estou sendo claro?
Stephanie suspirou e, fazendo cara de pouco caso, perguntou enfaticamente:
- Mas, e se Miranda quiser dan�ar com mais algu�m?
Os irm�os lan�aram olhares taxativos sobre Miranda, que, de repente, teve dificuldade para respirar. Mas os olhos penetrantes de Ryan a ajudaram a se acalmar, e ela conseguiu finalmente admitir:
- Pode ter certeza de que n�o vou querer dan�ar com mais ningu�m.
- Santo Deus! - exclamou Stephanie - Ele n�o � seu dono, Miranda, acorde. H� centenas de homens nesta cidade que colocariam o mundo a seus p�s. N�o permita que a sorte escape pelos seus dedos.
Ryan deu um triunfante sorriso para sua irm�.
- Se preferir n�o nos acompanhar, Stephanie, n�s entenderemos perfeitamente.
- Voc� o qu�? Oh, pelo amor de Deus! - Ela bateu com o p�, e ent�o virou-se e dirigiu-se para as portas de entrada, terminando por falar por cima do ombro: - Espero que voc� n�o fa�a papel de bobo na festa, Ryan.
- E � exatamente o que vou fazer - ele admitiu, oferecendo seu bra�o a Miranda e acrescentando num tom de sedu��o:
- Estou entregue �s suas ordens esta noite. Pe�a o que quiser, e eu farei.

Miranda n�o tinha certeza absoluta de como comportar-se durante o percurso na carruagem. Mas, para seu contentamento, sua falta de experi�ncia em uma ocasi�o como aquela pareceu n�o ser um grande problema. Durante todo o trajeto pela cidade, Stephanie e Ryan conversaram como se nada de incomum estivesse acontecendo. Tiveram uma discuss�o intelectual acalorada sobre suas respectivas interpreta��es de O Para�so Perdido, discordando apenas breve e casualmente quando um deles precisava da confirma��o de um ponto espec�fico.
E Miranda sabia muito bem o que estava acontecendo. Stephanie n�o ousou constranger o irm�o ao questionar a exist�ncia ou o conhecimento do repentino interesse dele em Miranda. Stephanie apenas fingiu n�o perceber nada.
E quanto a Ryan? Ele estava maliciosamente adorando a situa��o em que Miranda se encontrava. Ryan sabia, sem d�vida alguma, por seu rubor, por sua excita��o ao falar, por seu sorriso t�mido, que ela lhe pertencia de corpo e alma, e estava esperando o momento certo para torn�-la em seus bra�os e consumar a sedu��o por completo.
Os dois irm�os eram bem diferentes um do outro, mas n�o menos perfeitos. Miranda tinha de admitir que adorava ambos. Eles tinham lhe proporcionado a primeira sensa��o de fam�lia desde a morte de seu pai. Acontecesse o que acontecesse nessa noite, ela carregaria aquele sentimento para sempre consigo.
- Por que permitiu que Ryan a intimidasse daquela forma? Voc� � livre para dan�ar com quem quiser. Sabe disso, n�o sabe?
Concordando com um gesto de cabe�a, Miranda teve sua aten��o distra�da por Ryan. Ele, por sua vez, buscava assegurar que seus trajes estavam apropriados para uma recep��o na casa do dr. Bentley.
- Harry conseguiu v�rios parceiros de dan�a para voc� - declarou Stephanie. - Se se apressar, poderemos desaparecer em meio � multid�o antes que Ryan se d� conta que sumimos.
- V� e divirta-se para valer - Miranda respondeu com um sorriso. - Esperarei por seu irm�o.
- Por qu�? N�o se preocupe com Ryan! As mulheres o veneram. Ele ter� mais companheiras de dan�a do que voc� pode imaginar, todas brigando pela sua aten��o. Ryan n�o precisa de uma governanta esta noite. - Stephanie puxou Miranda pela m�o e, vendo que esta n�o se mexeu, olhou para ela horrorizada e completou: - N�o me diga que realmente prefere a companhia de meu irm�o! Miranda! � isso mesmo?
Miranda deu um tapinha carinhoso no rosto surpreso de sua amiga.
- Sempre ficarei feliz por hav�-la conhecido. V� e divirta-se.
- Isso soa como um adeus - Stephanie falou tristemente.
- S� estou permitindo que esta noite seja um momento �nico, diferente de todos os outros.
- Um momento �nico? S�rio? - Os olhos azuis de Stephanie ficaram obscuros com as l�grimas.
- Com Ryan? Isso � verdade, Miranda? Ele ser� gentil, � claro, sabendo que � a sua primeira vez, mas...
Miranda esbo�ou um sorriso.
- Para mim, um momento �nico � uma dan�a. E, talvez, um beijo. Nada al�m disso. N�o se preocupe. E, por favor, pe�o-lhe que v� se encontrar com Harry.
Stephanie hesitou e segurou o rosto de Miranda, desejou-lhe uma noite inesquec�vel e misturou-se � multid�o, alguns segundos antes que Ryan retomasse.
Deslizando seu bra�o em volta da cintura de Miranda, ele a conduziu para a pista de dan�a sem dizer uma �nica palavra. Ent�o tomou-a em seus bra�os e come�ou a valsar com ela em volta do sal�o. Seus olhos brilhavam de admira��o enquanto a fitava fixamente.
- Como est� se sentindo? - Ryan perguntou com delicadeza.
- � tudo perfeito - Miranda admitiu. - Exceto que eu n�o consigo respirar.
- Nem eu, tampouco.
- Bem, ent�o estamos no mesmo barco. Parece que nem eu nem o senhor temos muito jeito para essas situa��es de grande pompa - ela confessou com um suspiro de al�vio.
Enquanto dan�avam, Ryan dava beijos suaves no pesco�o alvo e esguio de Miranda, cujas m�os delicadas e macias acariciavam as costas largas dele.
- Voc� � t�o linda! T�o irresist�vel! - Ryan sussurrava o tempo todo, inebriado pelo perfume que exalava da pele acetinada, revelada pelo decote que Stephanie tanto insistira para Miranda usar.
- Oh, sr. Ryan... Nunca esquecerei deste momento. Nem do senhor.
- Vou fazer de tudo para que esta seja a noite mais inesquec�vel da sua vida - ele prometeu com um sorriso contido. - Quem poderia imaginar que George Bentley chegaria a me fazer um favor um dia, muito menos um dessa magnitude?
- Como assim?
- Voc� n�o sabia? - Ryan fez uma careta. - Nosso anfitri�o, o dr. George Bentley, era o dono do colar de diamantes roubado por meu primo.
- Stephanie mencionou isso.
- Eu sei. - Ele franziu a testa. - Ela ficou admirada de eu ter aceitado o convite?
- Admirada, mas tamb�m satisfeita.
- Tive meus motivos. - Ryan ruborizou e continuou: - N�o apenas rom�nticos. O �ltimo encontro entre mim e Bentley foi bastante desagrad�vel. Ele simplesmente acusou Nick pelo roubo, e eu, em troca, o ameacei por difamar meu primo.
Miranda sorriu, radiante.
- O senhor defendeu Nick? Muito digno de sua parte!
- Como sempre, voc� fica facilmente impressionada. - Ryan irritou-se e lhe deu um olhar sombrio. - Depois de Nick ter fugido, eu sabia que devia desculpas a Bentley, mas as palavras ficaram presas na minha garganta. At� hoje, n�o fui capaz de dizer mais nada.
- O senhor tinha todo o direito de defender seu primo.
- Ainda assim, antes que a noite termine...
- N�o, sr. Collier. N�o pe�a desculpas a ele - Miranda o interrompeu bruscamente.
Com uma express�o de quem desconfiava de algo, Ryan a analisou com evidente curiosidade.
- Por que n�o?
As express�es de ambos se tornaram mais pesadas, e ela se deu conta de que era o momento de dizer a verdade. Com as ma��s do rosto levemente coradas, Miranda sussurrou:
- Tenho tanto a lhe contar... Precisamos conversar seriamente.
- Eu a pro�bo, Miranda Kent.
Ryan deu-lhe uma piscadela, e ela sorriu, confusa.
- Como assim?
Ele tamb�m sorriu.
- Voc� parece t�o s�ria, e eu quero que esta noite seja... bem, sem complica��es.
- Mas...
- Temos tanto a dizer um ao outro... e iremos dizer. Compartilharemos todos os segredos amanh�. Mas esta noite n�o poder�amos aproveitar o milagre de nos encontrarmos? - Ryan n�o lhe deixou margem para que Miranda retrucasse.
Ela tocou os pr�prios l�bios com a ponta da l�ngua, enfeiti�ada pelas palavras dele.
A voz de Ryan assumiu um tom s�rio e um ritmo compassado � medida que o clima entre eles se tornava cada vez mais envolvente:
- Eu jamais teria acreditado que existia uma garota no mundo t�o inteligente e bonita quanto voc�, muito menos uma que compartilhasse meus anseios por ordem, respeito e civilidade. E se o seu encantador h�bito de corar quando eu a toco for um sinal, compartilharemos outros anseios tamb�m.
- Sr. Ryan! Comporte-se! O senhor est� atrevido demais.
Ele tocou-lhe o pesco�o com a ponta do nariz e sorveu o perfume delicado, sem expressar arrependimento.
- Voc� nega o calor que existe entre n�s? Este desejo vertiginoso que toma conta dos nossos corpos quando estamos pr�ximos um do outro?
- Como posso? - Miranda admitiu em tom baixo, inclinando a cabe�a para tr�s, a fim de que Ryan a tocasse ainda mais com seus l�bios carnudos e quentes. - � como voc� disse... uma noite repleta de milagres.
E n�o apenas para n�s, ela adicionou silenciosamente. Para Nick tamb�m, se tivermos bastante sorte e se eu conseguir ser ardilosa o suficiente para executar seu plano.
Segurando o rosto de Ryan entre as m�os, Miranda sussurrou:
- Faria qualquer coisa por voc�. E voc� faria algo por mim agora?
- Qualquer coisa - ele respondeu com a voz cheia de desejo.
- Poderia ver se ainda h� um pouco de ponche? Estou com tanta sede...
Os olhos azuis de Ryan expressaram um estado de confus�o, seguido de contentamento.
- N�o � exatamente o que eu tinha em mente, mas n�o a desapontarei mesmo assim, meu amor. - Beijou-a delicadamente na ponta do nariz e a conduziu at� o canto da pista de dan�a. - Espero que ainda consiga encontrar um pouco de ponche. Parece que os convidados est�o bebendo sem parar; n�o sei se terei muita sorte. Se n�o encontrar, vou pedir que fa�am um especialmente para voc�.
Miranda sorriu e, depois, assistiu com fascina��o ao lento caminhar dele. Ela estava t�o perto do para�so! Apenas um detalhe se antepunha no caminho de sua felicidade. E Miranda iria cuidar disso imediatamente.
Ela passou por um grupo de convidados, at� que estivesse cara a cara com o anfitri�o. Sem parar para pensar, esticou um dedo e deu um leve toque no alfinete de gravata que adornava a lapela do dr. Bentley. Depois, sussurrou em um tom seco:
- Suas esmeraldas me chamaram a aten��o do outro lado do sal�o, senhor. S�o espl�ndidas! Quase fiquei sem ar.
Tomado de surpresa, ele ficou momentaneamente sem palavras. Ent�o, soltou uma gargalhada:
- Srta. Miranda Kent, n�o �? Devo dizer, minha cara, que as mais belas j�ias no sal�o s�o aquelas que brilham em seus magn�ficos olhos esmeralda.

Foi at� mais f�cil do que Nick havia premeditado, e Miranda tinha de lutar para n�o rir perante a suscetibilidade de Bentley em ser manipulado. Dentro de minutos, ele a estaria conduzindo por um longo corredor cheio de quadros, afastado da festa e em dire��o � sua fict�cia cole��o de esmeraldas.
O cora��o de Miranda disparou ao pensar na id�ia de recuperar a reputa��o de Nick antes que a noite terminasse. E, pela manh�, enquanto ela e Ryan compartilhassem seus segredos, haveria apenas alegria ao saber que as crian�as estariam reunidas novamente, bem distantes da mans�o dos Collier.
- Aqui estamos n�s. - Bentley direcionou-a atrav�s de uma sala pouco iluminada.
Assim que Miranda se acostumou com a penumbra, percebeu que a t�nue luz vinha de uma profus�o de lanternas, atrav�s das paredes de vidro do que parecia ser um jardim-de inverno. N�o havia nenhuma cortina � vista por detr�s da qual Nick poderia se esconder. Em vez disso, apenas uma parede s�lida que poderia abrigar um cofre.
- � uma sala de estudo um pouco incomum - ela notou, sentindo-se desconfort�vel.
- No entanto suponho que seja o esconderijo perfeito para a sua cole��o de pedras preciosas.
- A �nica j�ia que me interessa neste instante � voc�, meu encanto. - Bentley a assegurou, tomando-a pela cintura e encarando-a com mal�cia.
- Oh, meu querido! N�o fa�a isso! - Miranda se esquivou das m�os ousadas de Bentley, mas ele a agarrou de novo.
- Mas � a mais pura verdade, minha cara. S� quero beij�-la.
- Voc� � surdo, Bentley? - bradou uma voz que vinha da porta de entrada, e Miranda saiu em disparada em dire��o a ela, esperando que fosse Nick O'Hara. Mas logo se sentiu ainda mais segura ao ver que era Ryan Collier, o qual avan�ou sobre Bentley com tamanha ferocidade que o doutor pareceu perder a consci�ncia mesmo antes que um poderoso soco o atingisse. Ent�o, num ato totalmente impetuoso, Ryan puxou Miranda para si, dando-lhe um forte abra�o.
- Querida, voc� se machucou? Perdoe-me por deix�-la sozinha.
- Ryan... - Ainda assustada, ela envolveu os bra�os no pesco�o de seu amado, abra�ando-o com gratid�o.
- N�o precisa se explicar, querida. Confio plenamente em voc� - Ryan sussurrou por entre os cabelos de Miranda. - Tenho certeza de que foi trazida para c� por alguma conversafiada desse patife de Bentley.
- Voc� n�o entende - ela insistiu com uma certa agonia em seu olhar. - Eu estava tentando limpar o nome de Nick...
- Nick? - Ryan olhou-a fixamente, em estado de p�nico. - Por Deus, Miranda, se eu soubesse que iria dar nisso, jamais teria lhe contado sobre o meu confronto com Bentley.
- N�o, Ryan. Voc� n�o compreende...
- Nem mais uma palavra. - De repente, ele cobriu-lhe a boca com seus l�bios tenros, beijando-a gentilmente.
Um abrasamento espalhou-se por todo o corpo de Miranda e, num instante, ela se esqueceu das j�ias, de Nick e dos outros convidados da festa. Havia apenas Ryan. Ent�o, Miranda aproximou-se mais dele, sentindo aquele corpo m�sculo tocando cada parte de seu pr�prio corpo, que ardia de desejo. Abrindo levemente os l�bios, ela permitiu que Ryan aprofundasse o beijo e lhe enviasse ondas vibrantes de calor para seu corpo sedento de amor.
Depois disso, a boca de Ryan deslizou novamente pelo pesco�o de Miranda, provando cada peda�o daquela pele alva e sedosa, seduzindo-a at� suas pernas fraquejarem e ela n�o querer nada mais al�m de entregar-se a ele por completo. No entanto o burburinho dos convidados, reunidos pr�ximos � porta de entrada, tentando espiar dentro do quarto, trouxe-a de volta ao seu estado normal.
- Ryan! - Miranda sussurrou em seu ouvido. - As pessoas est�o olhando.
Ele pareceu confuso por um instante. Em seguida, tentou voltar sua aten��o para a multid�o. Com uma express�o irritada, examinou brevemente aqueles rostos e, ent�o, perguntou:
- Onde est� Stephanie? L� fora beijando algum homem, suponho. Basta eu virar as costas por um minuto.
- Mas de onde voc� tirou isso? - indagou Miranda, zombando. - Por que acha que ela esteja beijando algu�m? E o que isso tem a ver com este momento?
Ryan sorriu e pediu em voz baixa:
- Touch�, Miranda Kent! - Ent�o, chamou pela irm� elevando a voz: - Stephanie! Onde diabo voc� se meteu?
- Estou aqui! Pare de gritar. - A irm� surgiu do meio da multid�o que havia se formado � porta. Seus grandes olhos azuis estavam fixos, primeiramente para a imagem sem movimento de Bentley ca�do no ch�o, e depois para o irm�o e a mulher em seus bra�os.
- O que aconteceu? - ela inquiriu com uma express�o de espanto.
- Mais uma vez, Bentley mostrou sua verdadeira natureza - Ryan disse. - Primeiro acusou nosso primo pelo roubo, e agora ousou p�r as m�os � for�a em Miranda.
- O qu�? - Stephanie puxou Miranda para si e deu-lhe um abra�o protetor. - Pobre anjo! Eu n�o deveria t�-la deixado sozinha.
Dando um olhar penetrante em Ryan, a irm� o relembrou com raiva:
- Eu confiei Miranda a voc�.
- N�o importa. V� pegar os nossos casacos. Vamos para casa imediatamente.
- N�o! - A voz de Stephanie era um lamento melanc�lico. - Voc� n�o pode fazer isso. Esta � a primeira festa a que eu vou em meses...
- Estamos partindo! - Ryan a cortou com rispidez, sem dar chance para que ela prosseguisse com suas argumenta��es.
Com isso, Harry caminhou em frente e, antes que Stephanie ou Miranda pudessem par�-lo, ele insistiu calmamente:
- Eu ficaria muito feliz se pudesse acompanhar sua irm� em seguran�a at� sua casa antes da meia-noite, senhor.
Ryan franziu a testa.
- Qual � o seu interesse em minha irm�, sr. Anderson?
- Harry, n�o responda! Isso � um insulto! - Stephanie se colocou entre os dois homens e, voltando-se para o irm�o, vociferou: - Eu n�o permito que voc� interrogue Harry desse jeito t�o autorit�rio na frente de todos. Ele est� apenas tentando ajudar. Miranda, por favor, fa�a Ryan se comportar.
- O anfitri�o est� inconsciente - Ryan falou devagar. - Voc� acha mesmo que a festa continuar� em tais circunst�ncias?
- Continuar� at� o momento em que eu disser que terminou - uma nova voz anunciou e todos e os olhos da aglomera��o se voltaram para Sadie Bentley, uma mulher alta e voluptuosa, que parecia n�o estar t�o hist�rica em rela��o � condi��o de seu marido.
- Sr. Collier, por favor, sinta-se � vontade em deixar sua irm� aqui. Eu prometo que ela n�o passar� pelo mesmo constrangimento que sua governanta teve de enfrentar. Meu motorista pode lev�-la em seguran�a para casa a qualquer momento que ela quiser.
- Ryan. - Miranda tocou no rosto de seu amado, intervindo por Stephanie, que continuava com uma afli��o de dar d� estampada no rosto. - O sr. Anderson parece estar sendo sincero. Voc� n�o deveria deixar que Stephanie escolha, como uma recompensa por todo o esfor�o que ela tem feito para agrad�-lo?
Ryan parecia a ponto de querer zombar, mas, em vez disso, demonstrou indiferen�a:
- E quanto a voc�, Miranda? Qual � a sua escolha? Deseja voltar � mans�o comigo?
Ela confirmou com um gesto de cabe�a, e os olhos azuis de Ryan brilharam intensamente.
Decidido em n�o prolongar mais aquela situa��o j� por demais constrangedora, ele declarou:
- Bem, ent�o... Anderson, leve minha irm� para casa at� a meia-noite. Sra. Bentley, obrigado pela sua hospitalidade. Stephanie?
Sua irm� o fitou com afei��o.
- Sim, Ryan.
- Comporte-se!
- Sempre - ela assegurou ao irm�o dando um sorriso maroto.
Ryan acenou com a cabe�a e, logo ap�s, sorriu abertamente para Miranda.
- Vamos, meu amor?

Cap�tulo IX
N�o querendo dar a Miranda a chance de mudar de id�ia, Ryan tirou o casaco e colocou-o em volta dos ombros dela. Depois conduziu-a para fora e, em seguida, para a carruagem, ignorando o fato de que o casaco fazia parte do guarda-roupa de Bentley. Tanto Stephanie quanto seu novo namorado lembrariam de devolv�-lo, ou n�o. Ryan n�o se importou.
Ele se preocupava apenas com uma coisa: ficar sozinho com Miranda, pelo menos pela preciosa meia hora que levariam para regressar � mans�o. Uma vez chegando l�, as crian�as poderiam interferir. Mas, ao menos naquele momento, Miranda pertencia a ele, e Ryan pretendia aproveitar ao m�ximo aquela situa��o.
- Tenho tanto para lhe contar... - ela disse, como se lhe faltasse o ar, quando Ryan, finalmente, tomou seu assento ao seu lado na carruagem.
- Concordamos em conversar amanh� - ele a relembrou. - Neste momento, eu prefiro beij�-la de novo.
Os l�bios de Miranda abriram-se devagar, e Ryan pensou que ela iria protestar, mas, para seu espanto, Miranda se curvou na dire��o dele e implorou num murm�rio:
- Por favor, continue...
Ent�o, o homem extremamente sedutor no qual Ryan, de repente, se tomara naquele noite beijou-a com grande delicadeza, de modo a n�o assust�-la, mas de uma maneira completa, sem deixar nenhuma sombra de d�vida de que ele a desejava como mulher. E, para seu deleite, Miranda retribuiu com ardor, permitindo que a l�ngua de Ryan explorasse sua boca. As m�os delicadas e macias dela escorregaram pela nuca de Ryan at� os dedos se enroscarem em seus cabelos escuros.
Enquanto Miranda gemia de excita��o, as m�os fortes dele come�aram a passear por sua pele aveludada, acariciando-lhe as costas e os ombros, descendo para os seios e, depois, buscando desfazer-lhe os la�os do vestido. Ao ouvi-la soltar pequenos gemidos de um prazer incontido, Ryan sentiu uma s�bita e impaciente necessidade de induzi-la a encostar-se no assento at� que Miranda ficasse reclinada. Ent�o moveu-se com lentid�o sobre ela, sorrindo com uma mal�cia arrebatadora.
- Voc� � t�o esplendidamente linda...
- Ryan! - Miranda pressionou as m�os contra o peito dele, abra�ando-o logo em seguida, como se tivesse medo de perd�-lo. - Tenho guardado segredos de voc�.
- E eu de voc�. Por exemplo, voc� sabia que eu nunca desejei tanto uma mulher como a desejo neste momento?
- N�o � esse tipo de segredo - ela confessou, baixando o olhar com um rubor na face. - Voc� ficaria desapontado...
- Com voc�? Nunca. - Demonstrando compaix�o, Ryan a encarou com determina��o, falando baixo em seu ouvido: - Eu sei que voc� quer conversar, mas considere as conseq��ncias. Se um de n�s disser algo impr�prio para o momento, pararemos de nos beijar. � isso que voc� quer?
- � verdade, eu n�o suportaria. Gostaria de n�o parar de beij�-lo nunca mais - Miranda admitiu.
Aliviado, ele arqueou uma das sobrancelhas, numa express�o de vit�ria.
- E ent�o, vamos continuar exatamente de onde paramos?
- Amanh� ser� tarde demais. Mas... - Ela tomou o rosto de Ryan entre as m�os, antes que ele o abaixasse para lhe dar outro beijo ardente.
- Amanh�, com beijos ou n�o, vou lhe contar tudo. Eu n�o posso continuar a engan�-lo.
- Nem eu - ele admitiu. tirando um cacho de cabelo do rosto de Miranda com a ponta dos dedos. - Depois de amanh�, nunca mais teremos segredos um para o outro. Este ser� nosso compromisso e nosso pacto de amor. Mas, agora, minha �nica obriga��o � surpreend�-la e lhe dar todo o prazer que voc� merece ter de um homem.
Ela sorriu e esquivou-se, como se estivesse tentando evit�-lo, mas Ryan n�o podia perceber nada al�m de seu incontrol�vel �mpeto de domin�-la. Quando sua m�o deslizou por dentro do decote do vestido, encontrando um seio firme e suave, Miranda arfou numa vol�pia sem-fim e n�o fez nenhum movimento para barr�-lo. E quando aquela boca quente e carnuda encontrou seu mamilo rosado e enrijecido, tocando-o com a ponta molhada da l�ngua, ela largou completamente o corpo no assento do banco, posicionando-se com uma sutil por�m clara inten��o de acentuar ainda mais seu pr�prio prazer.
Inflamado pelo desejo, Ryan deitou-se sobre Miranda, pressionando os l�bios nos dela, saboreando, sorvendo, sugando-lhe a l�ngua. Parecia que Miranda n�o pretendia impor limites �s car�cias daquele homem dominador e, at� onde ele julgasse que deveria ir, ela deixaria ser subjugada.
Sem parar de beij�-la, Ryan deslizou a m�o at� seu torso e, por fim, conseguiu apalpar a pele firme e aveludada do quadril de Miranda.
- Ryan! - Num lampejo de consci�ncia, ela se deu conta de onde se encontravam e a que estavam chegando.
Culpando-se por seu modo desajeitado, ele a fez de novo recostar-se, sentada.
- Desculpe, Miranda, n�o era minha inten��o avan�ar tanto assim. Simplesmente n�o consegui controlar os meus impulsos...
- Nem eu - ela admitiu, ainda ofegando de tanta excita��o.
- � uma quest�o de inexperi�ncia, meu amor, n�o falta de... bem, desejo...
- Voc� n�o me deve uma explica��o por resistir ao meu mau comportamento.
Agraciando-o com um sorriso largo de desculpas, ela trouxe a m�o de Ryan at� seus l�bios e a beijou com ternura. Em seguida, reparou nos dedos dele com evidente surpresa.
- Eu n�o tinha percebido que voc� se machucou ao acertar aquela cara horrorosa do dr. Bentley.
- N�o foi nada. Est� tudo bem. Valeu s� pela satisfa��o de bater naquele aproveitador safado.
- � grosseiro, mas n�o deixa de ser rom�ntico tamb�m - Miranda confessou. - Eu nunca esperei encontrar um homem que se importasse comigo a ponto de se meter numa briga para me salvar. � maravilhoso saber que temos um homem pronto para nos defender, para nos proteger de pessoas como Bentley... como Hemmingway. - Uma n�voa de tristeza tomou conta do semblante de Miranda ao se lembrar da d�vida que ainda tinha com aquele canalha de Hemmingway e de tudo por que passara em suas m�os.
- Que bom saber disso! - Aproveitando que ela havia tocado no assunto, Ryan se atreveu a lhe contar: - Voc� deveria ter visto as marcas da minha visita em Hemmingway.
- Como assim, Ryan? Voc� n�o est� querendo me dizer...
Tentando fazer com que Miranda compreendesse sua atitude de procurar Hemmingway escondido dela, Ryan sorriu de um modo encabulado e buscou se justificar:
- N�o fique com raiva, querida. Eu n�o suportava a id�ia de que voc� devia algo �quele porco aproveitador. Fui l� para incutir nele um pouco das minhas id�ias sobre civilidade. E tamb�m para lhe esfregar na cara seu dinheiro amaldi�oado. O soco n�o foi planejado de modo algum. Excitante, mas n�o planejado. Voc� pode me perdoar?
- Voc� acertou Armstrong Hemmingway com um soco?
Cauteloso, Ryan confirmou com um gesto de cabe�a.
- E eu n�o devo a ele mais nenhum dinheiro? Nada mais mesmo? - Miranda procurou se certificar.
- Nem um centavo. Posso lhe garantir. E Hemmingway nunca mais a importunar�. E acredito que tamb�m pensar� duas vezes antes de fazer de novo algo parecido com outra garota indefesa.
- Gra�as a esta m�o? - Ela beijou aqueles dedos fortes quase com rever�ncia.
Mais uma vez, Ryan afirmou com um aceno de cabe�a. Ent�o, para seu deleite, Miranda tomou de novo aquela m�o m�scula e protetora e a guiou at� tocar seus seios excitados. Foi descendo para o ventre e, em seguida, mais para baixo, enquanto erguia a saia at� que ele tocasse a pele em brasa, perigosamente perto da regi�o das coxas. Num frenesi, ela entrela�ou os dedos nos cabelos de Ryan, empurrando o rosto dele contra o seu. Em pouco tempo, o casal estava entregue � paix�o, de modo insano, mas, ao mesmo tempo, t�o doce, t�o completo que o resto do mundo parecia ter desaparecido, deixando apenas o amor reinar soberano.
- Deixe-me acompanh�-la at� o quarto, querida.
- E se uma das crian�as aparecer? - Miranda ruborizou, sabendo que essa tardia preocupa��o por sua reputa��o devia ser rid�cula. Mas Ryan n�o estava rindo. Seus olhos ainda cintilavam de adora��o e respeito por aquela mulher que ati�ara seus desejos de homem a um ponto que parecia n�o ter mais retorno. E Miranda sabia que seria dif�cil ag�entar ficar longe dele durante a longa caminhada do sal�o at� seu solit�rio quarto.
Se Ryan fosse com ela, eles terminariam naquela cama juntos. Miranda n�o tinha d�vidas quanto a isso. No entanto havia um grande inconveniente com o qual ela ainda teria de lidar, querendo ou n�o. Nick certamente estaria em seu quarto esperando para ver o que fariam agora que seu plano de provar sua inoc�ncia tinha falhado.
- A manh� chegar� antes que a gente perceba, Ryan. Eu preciso descansar. Para pensar em tudo que aconteceu nesta noite que mudar� minha vida para sempre. Para sonhar com voc�...
- Isso soa como m�sica para os meus ouvidos. � magn�fico ouvir essas palavras vindas da sua boca - ele admitiu, deslizando os l�bios ao longo do queixo de Miranda.
- E amanh�... o que ser� de n�s?
- Amanh�, todos os segredos ser�o revelados, tudo ser� devidamente explicado e passado a limpo - Ryan assegurou, dirigindo-lhe um sorriso afetuoso. - Tenha bons sonhos, meu amor... de prefer�ncia comigo.
Como flutuando no ar em dire��o ao seu quarto, Miranda digeriu cada palavra dele. Todos os segredos ser�o revelados. Seu corpo estremeceu s� de pensar no que aquilo poderia acabar. Daria a Nick um ultimato: "Abra seu cora��o para Ryan. Conte tudo a ele, sem esconder nenhum detalhe. S� assim voc� saber� se ele tamb�m o ama como seu primo, se acredita em voc� e se o ajudar� a lutar contra a acusa��o de Bentley".
Stephanie receberia um discurso similar; embora, em seu caso, n�o houvesse necessidade de ela revelar todos os detalhes do passado. Seria suficiente se simplesmente conversasse com o irm�o, pedindo por mais liberdade em troca da completa coopera��o em seu processo de reeduca��o, de reformula��o de seus h�bitos. Desse modo, ela poderia come�ar a encontrar Harry na cidade, ao mesmo tempo que lhe garantisse que jamais cometeria novamente a besteira de se entregar a seus caprichos de consumo e atolar-se em dificuldades financeiras.
Ainda antes de entrarem seu quarto, Miranda virou-se e soprou um beijo para Ryan, que ainda permanecia parado no sal�o de entrada, sem tirar os olhos dela nem por um instante sequer. Em seguida, voltou-se para a porta, deu a volta na ma�aneta, entreabriu a porta com cautela e deparou com Nick parado pr�ximo � sua cama.
Mas o que ela n�o podia prever era o circo que estava armado em seu quarto, esperando por sua chegada triunfal.
Amy estava pulando na cama, cantando com voz suave e ritmada:
- Este � o lar de Randi, lar de Randi.
A alguns metros da cama, estavam Stephanie e Harry, discutindo em voz alta que aquilo n�o era nada al�m de um cantarolar inocente de crian�a. Se notaram a chegada de Miranda, n�o demonstraram nenhuma rea��o. Permaneceram discutindo como se nada acontecesse ao redor deles.
E Miranda mal p�de not�-los tamb�m, t�o estupefata estava por ver Brandon e Keith sentados no ch�o, bem no caminho entre a porta e a cama, em meio a um pilha de cacos de cer�mica. Apavorada, ela caiu de joelhos e come�ou a examinar freneticamente os peda�os azuis e vermelhos, desejando a qualquer custo que n�o fossem os restos de um dos vasos de porcelana chinesa de Ryan, de valor incalcul�vel.
- Sentimos muito, srta. Kent - Keith se manifestou com pesar. - N�s o consertaremos. Est� vendo? Temos cola.
- N�o � poss�vel que isso tenha acontecido justamente esta noite - Miranda disse com pesar. - Eu estava preparada para tudo, menos para uma bagun�a como esta. N�o numa noite t�o incomum como a de hoje.
- Tio Ryan nem chegar� a ver os cacos - declarou Brandon, demonstrando pouca confian�a nas pr�prias palavras. - Vamos ficar a noite toda acordados tentando colar e, se for necess�ria, parte da manh� tamb�m.
- Pela manh�, seu tio ficar� furioso. E com raz�o. Este vaso estava no sal�o da recep��o. O que voc�s estavam fazendo l� para que uma calamidade dessas acontecesse? Mas isso � o que menos importa agora.
Miranda sentou-se na beira da cama e cobriu o rosto com as m�os, apavorada com a id�ia da rea��o de Ryan ao seu �ltimo e irrevers�vel insulto. Por mais que estivesse preparada para contar a ele que a aparente calma dom�stica na verdade tinha sido um caos sob seu comando, ela nem sequer imaginara que a situa��o chegasse a esse extremo, a essa irrepar�vel e horr�vel injusti�a. Afinal, Miranda havia se esfor�ado ao m�ximo. Mas nada que fizesse teria adiantado.
Ryan tinha raz�o desde o in�cio. Todos naquela casa n�o passavam de uma horda de b�rbaros sem conserto. Da imatura Stephanie � danadinha de Amy. N�o haveria mais sa�da. No dia seguinte, ela faria suas malas e partiria dali para sempre. Adeus, mans�o dos Collier... Adeus, Ryan, o primeiro e �nico amor de sua vida.
- Amy, por favor, fique quieta para que eu possa pensar - Miranda implorou � garota. - E pare de pular nessa cama, antes que voc� se machuque. N�o prometeu a seu pai e a mim que n�o faria mais isso?
Surpresa com seu pr�prio comportamento e percebendo a aparente aus�ncia de Nick pela primeira vez, ela examinou o quarto rapidamente. Logo sentiu-se envergonhada ao v�-lo parado, sozinho, pr�ximo � escurid�o da passagem secreta, que estava aberta. Trazia no rosto uma express�o de profunda depress�o, estando quase a ponto de chorar.
Voc� � t�o orgulhosa, Miranda Kent!, acusou-se, pondo-se de p� e apressando-se em dire��o a Nick. As esperan�as deste pobre homem estavam depositadas no sucesso do plano que havia arquitetado para esta noite. E voc� n�o considerou, por um momento sequer, qu�o desapontado ele deve ter ficado por voc� n�o ter descoberto a combina��o que o libertaria de uma falsa acusa��o.
- Pobre Nick. - Miranda envolveu os bra�os em torno dele e o abra�ou gentilmente. - Sinto tanto, mas tanto que o nosso plano n�o tenha sido bem-sucedido! Mas tenho certeza de que, juntos, n�s encontraremos uma outra maneira de provarmos a sua inoc�ncia.
- N�s, juntos? - Nick a afastou de uma maneira um pouco rude e, em seguida, p�s o rosto dela entre suas m�os e acusou a si pr�prio num tom cruel:
- Depois de tudo que fiz com voc�? Depois do perigo a que eu a expus com a minha orgulhosa, impensada e insana conspira��o? Quando escutei Bentley tentar abusar de voc�, odiei a mim mesmo. Condenei-me por n�o ter sido mais forte desde o in�cio e ter enfrentado Bentley, a pol�cia e todos que me julgaram, at� mesmo meu primo Ryan. Jamais me perdoarei por hav�-la colocado nessa situa��o por minha causa.
- Cale-se, Nick. Eu estou bem. Ryan interveio e me defendeu das garras de Bentley.
- Sou grato a ele. E estou cansado de mim mesmo. L� estava eu, perfeitamente seguro e escondido na sala de estudo, enquanto voc� se encontrava numa situa��o de extremo perigo, � merc� daquele homem desprez�vel. Voc�, a quem eu amo acima de qualquer outra coisa. Sou um cr�pula e devo partir imediatamente. Ryan tinha raz�o, sou um mal para a sociedade e uma p�ssima influ�ncia para os meus filhos e para todos que me cercam.
- Cale-se, Nick. Basta de se punir tanto - Miranda repetiu, segurando com for�a o maxilar cerrado do homem transtornado � sua frente. - Estou aqui, em seguran�a e fora de perigo. Por favor, n�o se desespere tanto. Nem tudo est� perdido. Confie em mim, vou encontrar uma maneira de limpar seu nome e resolver tudo isso.
- O que, em nome de Deus, est� querendo dizer, Randi? Como poder� provar...
Ela deu um grito ao ouvir um ru�do e virar-se para encarar Ryan, que, naquele momento, tinha uma express�o t�o distorcida, confusa e, ao mesmo tempo, t�o condenadora que lhe fez doer o peito com falta de ar.
- Ryan, o que faz aqui? - foram as �nicas palavras que Miranda conseguiu proferir, transtornada com tudo que havia acontecido naquela �nica noite.
Aqueles olhos azuis que ela j� conhecia t�o bem estavam vidrados, observando o quarto inteiro, prestando aten��o a cada detalhe, antes de se fixar de novo na dire��o de Miranda.
- Estarei na minha sala de estudo, srta. Kent, quando estiver pronta para explicar o que est� acontecendo nesta casa. Explicar todo esse insulto e desrespeito � minha pessoa.
Antes que algu�m pudesse manifestar qualquer rea��o, Ryan virou-se e retirou-se �s pressas do quarto.
Paralisada com toda aquela situa��o avassaladora e embara�osa, Miranda escutou, completamente atordoada, o som dos passos de Ryan esvaecer pelo corredor. Ela n�o tinha no��o alguma do que fazer, dizer ou pensar. S� pelo modo como ele a tratara, chamando-a de srta. Kent, Miranda j� poderia deduzir que Ryan n�o a perdoaria jamais. Todo seu sonho de viver ao lado do homem a quem amava, de constituir uma fam�lia, havia se desmoronado como um castelo de cartas.
Talvez fosse melhor nem mesmo ir encontr�-lo na sala de estudo. De que adiantaria argumentar? Desde o in�cio, ela havia fingido e dissimulado uma situa��o que nunca existira. Era uma jovem despreparada e desqualificada para ser governanta. N�o estava apta para comandar ningu�m, nem mesmo a si pr�pria. Tudo naquela casa era um caos quando ela chegara e continuou sendo por todo o tempo em que estivera ali. Pior ainda, as mentiras, os conchavos e as farsas s� aumentaram com a sua presen�a entre aquela fam�lia de b�rbaros.
Em vez de ir conversar com Ryan e passar por mais um constrangimento em sua vida j� t�o amargurada, seria melhor ela pedir a todos que se retirassem, fazer suas malas e partir logo ao amanhecer, sem deixar rastos.
- Miranda? - Stephanie bateu nos ombros dela, tirando-a do turbilh�o de seus pensamentos. - Fique aqui. Eu irei explicar tudo a Ryan. Tenho certeza de que ele ao menos me ouvir�.
- N�o, Stephanie, sou eu quem tem de ir - Nick interferiu. - Isso s� diz respeito a mim. Foi eu quem provocou toda esta situa��o desde o in�cio. J� est� em tempo de eu assumir as minhas responsabilidades e arcar com o peso dos meus pr�prios erros.
- Como assim, isso s� diz respeito a voc�? - Stephanie protestou. - Voc� n�o tinha a menor id�ia, at� alguns minutos atr�s, de que eu estava me encontrando �s escondidas com Harry h� tempos.
- Todos n�s sab�amos, tia Stephanie - Brandon a corrigiu. - Quer dizer, exceto Amy.
- Eu tamb�m sabia, eu tamb�m sabia, eu tamb�m sabia - Amy cantarolou.
Nick caminhou a passos largos pelo quarto e agarrou a filha num abra�o, murmurando:
- N�o agora, meu docinho.
Miranda meneou a cabe�a em sinal de nega��o.
- Aprecio muito que todos queiram me ajudar, mas Ryan... quer dizer, o sr. Collier pediu que eu fosse. Sinto-me no dever de ir at� a sala de estudo e me explicar. Farei o melhor que puder - ela conclui sem for�as, lutando contra as l�grimas que teimavam querer invadir-lhe as faces.
- Randi...
- Est� tudo bem, Nick. Eu ia contar tudo ao sr. Collier amanh� de qualquer jeito. E ensaiei esse discurso tantas vezes que j� o sei de cor. Se eu tivesse me aberto com ele esta noite, quando tive a chance...
- Pobre Randi. - Nick a abra�ou, por�m Miranda se soltou, furiosa consigo mesma.
Qual o motivo daquela autopiedade, se Ryan era quem tinha sido enganado? Ele fora o prejudicado na festa. E, naquele momento, estava na sala de estudo esperando uma explica��o. Ela n�o tinha sido capaz de comportar-se com honestidade e lealdade. O m�nimo que poderia fazer era enfrentar a situa��o e se apresentar o mais r�pido poss�vel.
Cabisbaixa, Miranda se retirou do quarto e caminhou lentamente em dire��o � escada e, em seguida, at� a sala de estudo de seu patr�o. Com certeza seria o fim de tudo. Depois da conversa que teriam, em que tudo o que havia passado at� ent�o seria posto a limpo, nem mais trabalhar naquela casa ela iria. Quem diria morar ali como esposa de Ryan Collier.
Seria muito dif�cil para Miranda suportar tanta perda. A perda do trabalho, a perda das crian�as, �s quais havia se apegado durante o pouco tempo que estivera cuidando delas, a perda at� mesmo de Stephanie, que a considerava sua confidente e amiga. E a pior perda de todas... a perda do amor de Ryan.

Cap�tulo X
Ryan estava parado, com as costas viradas para a porta de entrada, olhando fixamente para as espadas antigas que pertenciam � fam�lia havia tantas gera��es. Ele est� mesmo olhando para elas? Miranda se perguntou ao deparar com Ryan paralisado como uma est�tua. Talvez as espadas apenas n�o deixassem que as imagens de trai��o e caos que haviam se apresentado no quarto dela se dispersassem em sua mente. Assim, Miranda desejou que as espadas tamb�m fossem uma fonte de conforto diante de tantas outras trai��es que ela revelaria.
- Ryan? Temos muito que conversar. Estou aqui para tentarmos esclarecer tudo, desde o in�cio. Estou pronta para responder a qualquer pergunta que voc� queira me fazer.
Ele virou-se lentamente, o rosto inexpressivo, e falou num tom seco e formal, igual ao que assumira no dia em que Miranda o encontrara pela primeira vez, na entrevista que tivera naquela mesma sala:
- Obrigado por vir, srta. Kent.
- Ryan... - Ela esfor�ou-se para barrar o choro e, caminhando na dire��o dele, insistiu:
- Sei que n�o h� desculpas para a minha conduta. E, como � de minha verdadeira �ndole, n�o vou buscar justificativas para os meus erros, nem fingir nem ocultar mais nada. Mas...
- Espere.
Ryan segurou a m�o de Miranda, soltando-a somente quando ela concordou, com um gesto de cabe�a, para que ele continuasse. Seus olhos azuis brilharam.
- N�o consigo sequer come�ar a citar todas as atrocidades que presenciei no seu quarto esta noite. Stephanie entretendo um cavalheiro, sem a minha permiss�o, no meio da noite. Amy acordada � meia-noite e ignorando minhas ordens de n�o pular na cama. Isso sem falar em Keith e Brandon... - Ele pareceu perder o f�lego com a lista t�o longa de barbaridades que teria de enumerar e assumiu uma express�o severa. - Mas, dentre todas as coisas estranhas e absurdas que vi, apenas uma me importa. Pedi para que viesse at� aqui para me explicar uma �nica coisa, e, do fundo do meu cora��o, gostaria que voc� fosse honesta a respeito daquela vis�o �nica e incompreens�vel que eu tive.
Miranda estremeceu ao perceber o tom de miseric�rdia que havia na voz de Ryan. Tomada de coragem, mordeu o l�bio e, ent�o, arriscou:
- Est� falando de Nick?
- Sim. Dele mesmo, Nick O'Hara, meu primo e um foragido da justi�a.
- Ele � inocente, Ryan. Estou convencida disso. Nick n�o deveria t�-lo enganado. Ou melhor, n�s n�o dever�amos t�-lo enganado, mas...
- Miranda! - Seus olhos reluziram de frustra��o. - N�o se fa�a de desentendida. Estou lhe fazendo uma pergunta simples. Voc� est� apaixonada pelo meu primo?
Ela respirou fundo, tentando absorver a pergunta t�o inesperada.
- Por Nick? Mas de onde voc� tirou essa id�ia? � claro que n�o! Quer dizer, ele � um homem muito gentil a seu modo e meio louco, � claro, mas eu gosto de Nick tanto quanto gostaria de qualquer crian�a malcriada que estivesse sob os meus cuidados. Agora, am�-lo? Isso n�o, Ryan! N�o estou apaixonada por ele. Estou perdidamente apaixonada por voc�, Ryan Collier, o homem da minha vida.
- Gra�as a Deus! - Segurando-a pela cintura, ele a puxou para si e enfiou o rosto em meio aos cabelos castanhos e perfumados de sua amada. - Eu fiquei parado � porta do seu quarto escutando sua declara��o de amor, observando-a enquanto acariciava meu primo. Eu juro, meu amor, pensei estar tendo um pesadelo e quase perdi a raz�o mais uma vez, partindo para cima dele.
- Oh, Ryan, perdoe-me. Por isso e por todo o resto. Especialmente pelo vaso. Darei um castigo bem duro para Keith e Brandon para que nunca mais brinquem com nada que n�o devam. Talvez uns dias decorando algumas passagens dos seus ensaios para que aprendam a agir como pessoas civilizadas.
- O vaso era uma c�pia - Ryan assegurou, olhando-a com fervor. - Uma c�pia um pouco valiosa, sim, mas substitu�vel. Ao contr�rio de voc�, que � de um valor inestim�vel para mim e, enquanto eu viver, ser� insubstitu�vel. Voc� n�o deve se preocupar com isso, querida. Nem com mais nada. A n�o ser com viver ao meu lado para sempre.
Envolvendo os bra�os ao redor do pesco�o de Ryan, Miranda disse:
- Voc� n�o tem id�ia de como tem sido dif�cil para mim. Cada dia e cada noite. Os segredos, os corredores e homens estranhos surgindo por detr�s das paredes. E voc� estava certo com rela��o a essas crian�as! Elas s�o mesmo umas pestinhas. Voc� tinha raz�o a respeito de tudo. Eu n�o pude manter a ordem ou ensinar-lhes bons modos. Tem havido desordem e mentiras por toda parte. Nem no seu mais louco devaneio voc� poderia imaginar qu�o terr�vel tem sido meu desempenho como governanta da sua casa.
- Querida, isso n�o � verdade. Vejo como todos mudaram desde o momento em que voc� entrou aqui. - Ryan a apertou com mais for�a.
- Voc� est� tremendo. O que lhe fizeram? O que eu fiz a voc�?
- Voc� tem sido meu ref�gio - Miranda confessou em tom de gratid�o. - Voc� era a �nica coisa que me fazia lembrar que a civiliza��o e a disciplina ainda existiam neste mundo. No mais, tudo parecia ter virado de cabe�a para baixo.
Com um sorriso acolhedor, Ryan a conduziu at� a cadeira e a fez sentar-se.
- Tudo est� acabado agora, Miranda. Acalme-se, eu estou aqui do seu lado.
Esperan�osa pela primeira vez desde a cena no quarto, ela falou em tom baixo:
- Nick � inocente, Ryan. Ele acredita que Bentley ainda tem o colar guardado no cofre.
- Vou providenciar para que essa suspeita seja averiguada. Se for necess�rio, farei com que o cofre de Bentley seja vasculhado amanh� mesmo.
- Voc� far� isso? Promete? Nick lhe ser� eternamente grato se a hist�ria do falso roubo for confirmada e ele inocentado dessa acusa��o t�o injusta.
- Uma vez que Nick tenha seu nome limpo novamente, poder� levar as crian�as com ele. Voc� concorda com isso, n�o concorda?
- Era exatamente o que ia lhe sugerir. O pouco tempo que passei aqui foi suficiente para eu amar Amy e os meninos, mas entendo que essas crian�as precisam do pai perto delas. S� ele poder� educ�-las do modo adequado e dar-lhes todo o amor e aten��o de que precisam para se tornarem adultos respons�veis. � claro, elas podem nos visitar sempre que quiserem...
- Visitas r�pidas.
- Sim, bastante breves - Miranda concordou com um sorriso malicioso e dando-lhe uma piscadela.
- E quanto a Stephanie? - Ryan apoiou-se em um joelho. - O que faremos com a estouvada de minha irm�?
- Ela est� desesperada tamb�m, Ryan - Miranda afirmou. - Perdoe-me por dizer isso, mas � verdade. A seu modo, Stephanie est� tentando. Eu, honestamente, creio que ela quer aprender a lidar com as suas pr�prias finan�as, e deseja mesmo ganhar o seu respeito. Mas, quando o assunto � relacionamento amoroso... bem, sua irm� j� � uma mulher crescida e do tipo incorrig�vel.
- Conte-me o que voc� acha que eu devo fazer, e eu o farei.
Miranda deu um longo e sereno suspiro e, ent�o, ousou sugerir:
- Diga-lhe que pode ficar aqui pelo tempo que quiser, indo e vindo de acordo com a necessidade dela. E que, se decidir casar com Harry, ela ter� a sua aprova��o.
- Casar-se com Harry? Mas Stephanie o conheceu h� apenas cinco horas!
Encarando Ryan, ela sorriu e, em tom baixo, confessou:
- Meu pobre, doce e ing�nuo Ryan. Prometa-me que nunca mudar�. Que continuar� sendo essa pessoa cr�dula que voc� �... dentro de um certo limite, � claro.
Ele sorriu com relut�ncia.
- Eles n�o a fizeram mudar de id�ia quanto ao seu plano original, fizeram?
- Desculpe, n�o entendi. A que est� se referindo?
- Naquela primeira vez que nos vimos, aqui na minha sala de estudo, voc� disse que queria ter seus pr�prios filhos, para criar e educar como bons cidad�os. Ainda quer realizar esse desejo, sendo eu o pai dos seus filhos?
Miranda respirou com dificuldade e, num �mpeto, admitiu:
- N�o consigo imaginar nada mais maravilhoso. Seria o grande sonho da minha vida tornando-se realidade.
- Ent�o, vamos fazer um trato. Banimos essa horda que nos cerca na primeira oportunidade que tivermos e, depois, restauraremos a ordem em cada c�modo desta casa. Com exce��o do nosso quarto, � claro - Ryan finalizou soltando uma sonora gargalhada.
- Como assim? Ah, entendi! - Miranda ruborizou, envergonhada, mas ao mesmo tempo sentindo prazer em tais palavras.
Havia um brilho malicioso nos olhos azuis de Ryan, um brilho de que Miranda se lembrava desde aquela tarde no quarto das crian�as, quando ele lhe fizera propostas indecentes, e que ela n�o entendera muito bem.
- Ryan?
- Pode dizer, minha querida.
- Voc� se lembra de como ca�oou de mim algumas semanas atr�s... bem, com rela��o � maneira como eu marcava o ritmo da can��o de Amy? Soou t�o... como posso dizer... provocativo.
- Provocativo? Sim, seu modo de marcar o ritmo � mesmo excitante. � tamb�m um paradoxo, pois faz com que eu melhore como pessoa e, ao mesmo tempo, faz com que eu me comporte mal.
- O que voc� quer dizer com isso? - Miranda perguntou de maneira encantadoramente confusa.
- Posso demonstrar?
Ela consentiu, ofegante. Ryan, ent�o, debru�ou-a sobre o ch�o de seu santu�rio, pronto para lhe mostrar exatamente o que ele queria dizer.

F I M

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