domingo, 28 de fevereiro de 2010

Dicionário Teórico e Crítico do Cinema



Dicionário Teórico e Crítico do Cinema



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Os critérios são claramente explicitados – «Este livro é um dicionário e não uma enciclopédia. Fizemos um levantamento de 500 palavras ou nomes próprios, e registámos os significados que lhes foram dados por diferentes autores e segundo diversas abordagens disciplinares.» (p.7) Não se trata, portanto, de um repositório que vise qualquer totalidade, que numa obra deste cariz não teria cabimento, antes o resultado de um rigoroso e apertado crivo – «este dicionário limita-se às abordagens teóricas e críticas do cinema; não é um dicionário geral do cinema» (p.7). Basta, por exemplo, pensar que Giulietta Masina, cuja fotografia surge na capa, não ocupa qualquer verbete no livro. «Cada artigo», informam os autores, «é seguido de sugestões de correlações intelectuais e de uma bibliografia muito sintética» (p.8). O fim do volume inclui ainda uma extensa bibliografia geral.

 

Dicionário Teórico e Crítico do Cinema de Jacques Aumont e Michel Marie constitui uma recolha de mais de quinhentos verbetes, apresentados numa linguagem acessível, mas que demonstra que toda a informação pertinente foi tida em conta. Os artigos repartem-se por abordagens de carácter técnico – vejam-se verbetes como «Montagem» (p.168), «Plano Sequência» (p.198), «Regra dos 180º» (p.220) –, teórico e de história do cinema – em rubricas como «Cinema-Verdade» (p.53), «Expressionismo» (p.100), «Política dos Autores» (p.201) –, estudos de personalidade, enfim – leiam-se os textos dedicados a André Bazin (p.35), a Hitchcock (p.131), ou a Rossellini (p.227). A esse respeito, parece-me particularmente proveitoso que, no impressionante trabalho desenvolvido na elaboração deste dicionário, se tenham levado em linha de conta as diversas disciplinas que se podem relacionar com o cinema. Apetece pensar no cinema como arte total, que consegue, nos textos teóricos que convoca, como nas suas próprias realizações, congregar uma constelação de poderes criativos e ensaísticos que fazem do discurso sobre cinema uma aventura particularmente aliciante. Desse modo, o leitor encontrará entradas como «Actante» (p.14), que remete para as categorias de Greimas, as quais são sucinta mas eficazmente explanadas, mas, mais do que isso, proveitosamente articuladas com a especificidade da sétima arte. Por outro lado, não deixaremos de nos deparar com verbetes como «Poética» – neste, depois de se recensear sinteticamente o escopo daquela área de estudo e investigação, resenham-se interessantes hipóteses ensaísticas, apesar da consideração de que não existe «uma poética do cinema propriamente dita» (p.199). Acresce que os autores chamados à colação se inscrevem num espectro que facilmente poderemos considerar abrangente, uma vez que não só os teóricos mais estritamente ligados à reflexão sobre o cinema, mas também filósofos – Gilles Deleuze –, semiólogos – Roland Barthes –, sociólogos – Edgar Morin – e outros especialistas são intimados a depor nesta obra. As suas vozes fazem-se ouvir através de verbetes acerca destas figuras, ou relacionados com determinado conceito por eles criado – caso da noção de «A-Cinema» (p.14), desenvolvida por Lyotard (outro verbete) –, ou por meio de qualquer relação de proveitosa simbiose que os organizadores formulam – «O Paradoxo do Autor de Diderot», revisto à luz da acção criadora de Brecht e dos ditames de Stanislavski (p.188), por exemplo. Diga-se, ainda, que é com agrado que se encontram verbetes que, à partida, apenas diriam respeito à História da Literatura, ou aos Estudos Literários, como é o caso, por exemplo, do verbete «Letrismo». O efémero movimento poético de Isidore Isou é integrado na obra com vista a alargar o estudo do cinema experimental, mas, sobretudo, mercê da intervenção de Isou, na transposição para o grande ecrã dos seus pressupostos teóricos. Salientem-se os verbetes subordinados a Pasolini, Eisenstein e o artigo «Teorias do Cinema».

 

Ambos docentes universitários ligados à área dos estudos sobre cinema, os autores são reputados estudiosos do fenómeno cinematográfico. Jacques Aumont e Michel Marie assinaram, ao longo da sua longa carreira, diversos estudos especializados e de divulgação, em várias áreas de estudo relacionadas com o cinema.



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