terça-feira, 2 de março de 2010

Trilogia espírita 03 - O Drama da Bretanha.zip

 



O Drama da Bretanha
 
Romance da mesma série de
 
NAS VORAGENS DO PECADO e O CAVALEIRO DE NUMIERS
 
 
- "Na verdade vós, como nós, todos vivemos mergulhados num Oceano
Espiritual imensurável, do qual se originam a ciência e a sabedoria
possíveis ao espirito humano.
Essa a Comunhão com o Espírito Santo, de que tratam as Sagradas Escrituras quando dizem: "Ele mora em vós    e
convosco existe."
 
(Imperador - Espírito - guia de
Stainton Moses. Ver "Os Enigmas
 da Psicometria", de Ernesto Bozzano)
 
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Desde épocas remotas, a Bretanha foi fértil em lendas sugestivas, pelo
sabor dramático com que os bretões souberam revestir os acontecimentos
desenrolados em seu seio, não raramente tocando-os dos matizes do
mistério e do maravilhoso. Terra de antigos bárbaros, berço de príncipes
ilustres, a Bretanha, adaptada às próprias lendas, ainda hoje oferece ao
viajante algo de estranho e singular que atrai, comove e atemoriza. Sua
topografia presta-se às insinuações da sugestão: enfeitada de montanhas
agrestes, bordada de florestas consideradas outrora misteriosas, dando
asas à superstição, contornada de ribanceiras selvagens deitando para o
Atlântico Norte, sempre bravio em suas costas e cujas águas se esboroam
ininterruptamente por entre contrafortes de pedras brutais, essa terra
de fadas e gênios alados convida o pensador ao exame e à meditação pois
tão preciosos detalhes oferecem vestígios empolgantes de um pretérito
atraente e quiçá inesquecível. Nenhum filho de solo francês teria sido
mais orgulhoso, mais dose dos valores da própria raça do que o foram os
bretões. Talvez porque a Bretanha houvesse demorado a se incorporar ao
território francês, os bretões preferiram sempre as suas sete famosas
florestas e as suas superstições, as suas ribanceiras do Atlântico e os
seus castelos seculares, suas misérias e suas crendices, seus piolhos e
sua ignorância, ao restante do solo do pais, suave e galhardo.
A Bretanha há sido rude, sombria, equivoca. Deu à França a mais
audaciosa e original guerra civil de que há memória na História Nacional
Francesa, a da Vendéia, conflito estranho e trágico, que escondia o seu
exército de camponeses, fiel ao realismo, nas entranhas da terra, no
interior das florestas, solapando o terreno com subterrâneos, e onde o
bretão ignorante, miserável e oprimido pelo regime ainda feudal lutava
selvagemente contra os defensores dos
 
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seus próprios direitos de cidadão livre de uma república, preferindo
defender a causa absolutista dos seus escraviza dores seculares, isto
é, os nobres e aristocratas, acomodados à ignorância do servilismo
depressor. (1)
Mas, acima de tudo, a Bretanha é encantadora. Há em sua atmosfera certa
naustálgia indefinível, que nos envolve em impressões imorredouras. O céu
de opala, de um azul esgazeado, a atmosfera saturada de frescas
neblinas, o oceano rumoroso, elevando eternos brados heróicos ao longo
de suas costas eriçadas de reentrâncias pedregosas, as florestas
pujantes, de onde se exalam perfumes saudáveis e penetrantes, os
castelos feudais, pesados, evocando o rigor medieval, as torres maciças
que ornam os seus vilarejos e ainda as ruínas evocativas de uma época
bela, forte e trágica, cativam o coração daquele que um dia recebeu por
berço as suas terras lendárias.
 
 
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