domingo, 25 de julho de 2010

Verdes Trigos - Divórcios contagiosos, por Contardo Calligaris





Edgar Madruga
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Salvador/BA






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Data: 25 de julho de 2010 01:20
Assunto: Verdes Trigos - 4 new articles
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"Verdes Trigos" - 4 new articles

  1. Divórcios contagiosos, por Contardo Calligaris
  2. Mais Kafka do que Kafka, por Daniela Kresch
  3. TEATRO "As Folhas do Cedro", de Samir Yazbek, estreia em São Paulo
  4. "Nunca existirá algo que substitua o prazer de ler" Woody Allen
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Divórcios contagiosos, por Contardo Calligaris

Se casais fogem de amigos recém-desquitados, é porque separações e divórcios são contagiosos

MUITOS RECÉM-SEPARADOS se queixam (com razão) de que sua relação com os amigos de antes não é mais a mesma. Não é tanto porque, diante de uma separação ou de um divórcio, os amigos se dividiriam em dois times opostos. Isso é raro.
Mais frequentemente, os casais que eram próximos do casal que se separou tendem a evitar qualquer um dos recém-separados.
Às vezes, os desquitados entendem seu afastamento como uma condenação moral por eles terem se separado. Isso lhes resulta intolerável, vindo de amigos que, em muitos casos, foram confidentes ao longo do drama da separação.
Outras vezes, os desquitados entendem que os casais de amigos, ao se afastarem deles, protegem-se contra alguma tentação erótica. É o cúmulo, eles dizem: se a simples aparição de um desquitado ou de uma desquitada é suficiente para ameaçar o casamento, talvez devessem fazer como a gente, separar-se.
Uma pesquisa recente, de R. McDermott, J. Fowler e N. Christakis (http://migre.me/Y90v ), mostra que os casais talvez tenham alguma razão quando decidem fugir dos amigos desquitados, pois separações e divórcios não são apenas dramas privados (que afetam o casal e seus rebentos), mas são também fenômenos coletivos porque, curiosamente, eles são contagiosos.
Os autores da pesquisa usaram o banco de dados de um estudo (originalmente sobre o risco de doença cardíaca) que acompanha a população de Framingham, EUA, desde 1948. Para a segunda geração de pesquisados (5.124 indivíduos), entre outras informações, continuam sendo anotadas, a cada dois anos, as diferentes listas dos que cada um identifica como seus amigos, parentes, vizinhos e colegas. Obviamente, muitos dos que são indicados nas listas fazem, eles mesmos, parte da amostra da pesquisa.
Recortando os dados, os autores constataram que as chances de um indivíduo se divorciar aumentam em 75% quando ele se relaciona diretamente com alguém que está se divorciando ou acaba de se divorciar. Quando o desquitado está a dois graus de separação (ou seja, é o amigo de um amigo), o efeito é menor, mas permanece: as chances de nosso indivíduo se divorciar aumentam em 33%.
Será que a causa disso seria a ruína que a sedução erótica exercida pelos desquitados levaria ao casamento dos outros? Ou será que os próximos que se divorciam nos parecem mais alegres e nos tentam com a imagem de sua nova vida? Uma leitura atenta da pesquisa permite afinar a explicação.
De fato, o aumento de 75%, que mencionei antes, é a média dos efeitos diferentes produzidos pelo divórcio de amigos, parentes, colegas e vizinhos. Quando o "amigo" de alguém se divorcia, a probabilidade de esse alguém também se divorciar dentro de dois anos aumenta em 147%. E, no caso do divórcio de parentes, colegas e vizinhos, quase nada acontece. Em outras palavras, o "contágio" do divórcio funciona mesmo entre amigos e, fato significativo, numa direção apenas: o divórcio se transmite de quem é identificado como amigo para quem assim o identifica. Explico.
As relações de amizade registradas pela pesquisa são, em grande parte, não recíprocas: os que fulano indica como seus amigos não indicam fulano como amigo deles. Entende-se que muitos identificam como "amigos" não seus reais companheiros de cada dia, mas indivíduos que eles admiram, que eles gostariam que fossem seus amigos.
Esse tipo de "amigo", idealizado (e duvidoso), é sempre o porta-estandarte de nossos devaneios. Se ele se divorciar, será, automaticamente, para nós, o exemplo (tentador) da felicidade livre e solteira à qual receamos ter renunciado.
Pouco importa que, eventualmente, o tal amigo lamente amargamente a solidão; preferiremos pensar que ele está vivendo um de nossos sonhos frustrados. Invejá-lo é a revanche contra o que não dá certo (e sempre há algo que não dá certo) em nosso casamento. Invejá-lo e, quem sabe, querer imitá-lo.
Moral da história. Para preservar seu casamento, não é preciso afastar seus amigos recém-separados. Basta (e é mais saudável) parar de identificar como amigos indivíduos que não incluiriam você na mesma categoria.

ccalligari@uol.com.br

Artigo publicado na Folha de São Paulo, quinta-feira, 22 de julho de 2010.

Contardo Calligaris Contardo Calligaris: CONTARDO CALLIGARIS é psicanalista, doutor em psicologia clínica e colunista da Folha de São Paulo. Italiano, hoje vive e clinica entre Nova York e São Paulo. Leitura obrigatória semanalmente na Folha de São Paulo
Publicou TERRA DE NINGUÉM (2004), pela Publifolha. Este livro traz textos de autoria do psicanalista Contardo Calligaris publicados no caderno "Ilustrada" da Folha de S.Paulo, de 1999 a 2003. Adolescência, exclusão social, escolhas políticas, moral, violência, conflito de culturas e casamento são algumas das diversas questões abordadas pelo autor em comentários sobre os acontecimentos do momento e sobre os problemas do homem contemporâneo, que vive num mundo de contradições e desigualdades. Um índice temático orienta a leitura indicando os textos correspondentes aos principais assuntos tratados.
Na seqüência, publicou QUINTA-COLUNA – 101 CRONICAS (2008) e O CONTO DO AMOR (2008) e CARTAS A UM JOVEM TERAPEUTA (2007).

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Mais Kafka do que Kafka, por Daniela Kresch

Esta é uma história quase kafkiana!

Depois de quatro décadas de mistérios batalhas judiciais, dez valiosas caixas depositadas em bancos israelenses e suíços começaram a ser finalmente abertas por advogados e pesquisadores. O que há dentro delas: documentos inéditos do famoso escritor tcheco Franz Kafka e de seu melhor amigo, o também escritor Max Brod.

A primeira caixa foi aberta na segunda-feira passada, numa agência do Banco Discount, no centro de Tel Aviv. E, como numa história que poderia ter sido escrita pelo próprio Kafka, assim que a caixa começou a ser aberta, uma senhora idosa que presenciava a cena gritou: "É meu, é meu!". Era Eva Hoffe, de 77 anos, que junto com sua irmã, Ruth, jura que herdou os documentos e que eles só pertencem a elas.

Por enquanto, o conteúdo das caixas continuará em segredo. Os especialistas vão apenas fazer um inventário do que há nelas, já que Eva Hoffe e sua irmã nunca deixaram ninguém chegar perto do tesouro. Só depois é que a Justiça vai determinar se os documentos continuam sendo propriedade das irmãs ou se poderão ser levados para museus e bibliotecas israelenses – e, eventualmente, lidos pelo grande público.

Todo mundo sabe que o último pedido de Kafka, um dos maiores escritores do século 20, foi que todos os seus manuscritos fossem queimados após sua morte. Mas depois que Kafka morreu aos 40 anos, em 1924, de tuberculose, seu melhor amigo, Max Brod, desafiou o pedido do escritor e guardou diários, fotos, estudos, cartas e talvez até mesmo contos ou livros inéditos.

Brod fugiu para Israel em 1939, fugindo dos nazistas, e trouxe a mala com os manuscritos. Quando ele morreu, em 1968, deixou tudo de herança para sua secretária e provável amante, Esther Hoffe, que por 40 anos guardou os documentos na surdina num apartamento aqui em Tel Aviv.

Os poucos que entraram no apartamento disseram que os papéis, importantíssimos para a literatura mundial, ficavam espalhados pela casa, empilhados em cima da mesa e servindo de cama para os diversos gatos que ela possuía. Para ganhar dinheiro, Esther chegou a vender alguns dos documentos, como o manuscrito oficial do famoso livro "O processo", vendido por milhões de dólares.

Quando a secretária morreu, em 2007, aos 101 anos, suas duas filhas, Eva e Ruth, ranzinzas e reclusas qual a mãe, continuaram a esconder todo o material. Só há alguns anos, elas aceitaram colocar os documentos em cofres de bancos. E só agora, esses cofres estão sendo avaliados.

Alguns em Israel defendem o tesouro kafkiano deve ficar no país, até porque tanto Kafka quanto Brod eram judeus. A Biblioteca Nacional israelense pede há anos que os documentos sejam guardados lá. Mas tem gente que acredita que esses documentos pertencem aos tchecos, já que Kafka nasceu em Praga. Outros alegam que o tesouro deve ir para a Alemanha, por que a obra foi toda escrita em alemão.

Essa história, termine como terminar, dará um bom livro. [ Daniela Kresch, jornalista direto de Tel-Aviv - Rua Judaica]


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TEATRO "As Folhas do Cedro", de Samir Yazbek, estreia em São Paulo

A nova montagem da companhia Teatral Arnesto nos Convidou, dirigida e escrita por Samir Yazbek, tem como protagonista uma mulher de meia idade, filha de imigrantes libaneses, que revisita suas origens a partir de lembranças de seu passado e da história de seus pais.
Por meio dessas lembranças, viaja a lugares como a Amazônia na época da construção da Transamazônica, durante a ditadura militar brasileira, e a São Paulo de hoje.
Entremeada às memórias da protagonista, a peça traz diversas referências à imigração libanesa no Brasil, que completa 130 anos em 2010, e na qual o diretor Samir Yazbek, filho de imigrantes do Líbano, se inspirou para fazer o texto.
A peça tem no elenco Helio Cicero, Daniela Duarte, Douglas Simon, Gabriela Flores, Mariza Virgolino e Rafaella Puopolo.
Conta ainda com preparação de atores de Antônio Januzelli (Janô), cenografia e figurino de Laura Carone e Telumi Hellen, trilha sonora de Marcello Amalfi e iluminação de Domingos Quintiliano.
"As Folhas do Cedro" -que estreou nacionalmente no 23º Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau, no último dia 9 – fica em cartaz em São Paulo até o dia 22 de agosto no teatro do Sesc Vila Mariana, (r. Pelotas, 141, tel. 0/xx/11/5080-3000; sex. e sáb. às 21h, dom. às 18h; de R$ 5 a R$ 20; classificação indicativa 12 anos)

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"Nunca existirá algo que substitua o prazer de ler" Woody Allen

Woody Allen conta como "odiou" gravar suas obras em audiolivro

DAVE ITZKOFF – DO "NEW YORK TIMES"

Com a possível exceção de sua invenção do orgasmatron, Woody Allen não é necessariamente conhecido como um dos primeiros a aderir à tecnologia inovadora. Apesar disso, ele descreveu um salto ousado para dentro do século 21 e gravou edições em audiolivro das quatro coletâneas de ensaios de humor que escreveu entre 1971 e 2007.
As leituras feitas por Allen de suas antologias "Getting Even", "Without Feathers", "Mere Anarchy" e "Side Effects" podem ser compradas na Audible.com e no iTunes. No set de seu próximo filme, "Midnight in Paris", Woody Allen respondeu por e-mail a algumas perguntas.

PERGUNTA – Como você se deixou convencer a aderir ao formato do audiolivro?
WOODY ALLEN – Fui persuadido em um momento de apatia, quando eu estava convencido de estar com uma doença fatal. Não tenho computador e tenho interesse zero por tecnologia. Muitas pessoas acharam que seria uma ideia simpática que eu lesse minhas histórias, e eu cedi.

Como foi a experiência da gravação? Você fez novas descobertas sobre esses textos ao fazer sua releitura?
Imaginei que seria bastante fácil para mim, mas, na verdade, mostrou ser tremendamente difícil. Odiei cada minuto, lamentei ter concordado em fazê-lo. A descoberta que fiz foi que muitíssimas histórias são feitas para funcionar realmente no ouvido da mente e que fazer sua leitura em voz alta diminui sua força. Não é divertido ouvir uma história que na realidade foi feita para ser lida, ou seja, não existe e nunca existirá algo que substitua a leitura.

Você acredita que a palavra impressa esteja morrendo?
Só posso esperar que a leitura em voz alta não contribua para o fim da literatura. Quando eu era jovem, sempre podíamos ouvir T. S.. Eliot, Yeats, S. J. Perelman e uma multidão fazendo leituras no selo Caedmon, e isso era um deleite que de maneira alguma prejudicava o prazer de se ler essas pessoas.

Kugelmass [personagem criado por Allen em 1977] conseguiu escapar daquele verbo irregular espanhol?
Ele está sendo perseguido pelos mesmos verbos detestáveis que me perseguem.

Tradução de CLARA ALLAIN, publicado na FSP.

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