sexta-feira, 15 de julho de 2011

{clube-do-e-livro} LIVRO ANEXADO: Evolução em Dois Mundos- André Luiz - Chico Xavier(20)




Repassando:













 Resenha:



ANOTAÇÃO
 

Escrevendo acerca do corpo espiritual, que Allan Kardec denominou perispírito, não se propõe André Luiz traçar esse ou aquele estudo mais profundo, fazendo a discriminação dos princípios que o estruturam, com o fim de eqüacionar debati-dos problemas da filosofia e da religião.

Desde tempos remotos, a Humanidade reconheceu-lhe a existência como organismo sutil ou mediador plástico, entre o espírito e o corpo carnal.

No Egito, era o Ka para os sacerdotes; na Grécia era o eidolon, na evocação das sibilas.

Ontem, Paracelso designava-o como sendo o corpo sidé­reo e, não faz muito tempo, foi nomeado como somod nas inves­tigações de Baraduc.

André Luiz, porém, busca apenas acordar em nós outros a noção da imortalidade, principalmente destacando-o, aos companheiros encarnados, qual forma viva da própria criatura humana, presidindo, com a orientação da mente, o dinamismo do casulo celular em que o espírito — viajor da Eternidade — se demora por algum tempo na face da Terra, em trabalho evo­lutivo, quando não seja no duro labor da própria regeneração. E assim procedeu, acima de tudo, para salientar que, atingindo a maioridade moral pelo raciocínio, cabe a nós mesmos apri­morar-lhe as manifestações e enriquecer-lhe os atributos, por­que todos os nossos sentimentos e pensamentos, palavras e obras, nele se refletem, gerando conseqüências felizes ou infeli­zes, pelas quais entramos na intimidade da luz ou da sombra, da alegria ou do sofrimento.

Apreciando-lhe a evolução, nosso amigo simplesmente esclarece que o homem não está sentenciado ao pó da Terra, e que da imobilidade do sepulcro se reerguerá para o movimento triunfante, transportando consigo o céu ou o inferno que plas­mou em si mesmo.

Em suma, espera tão-somente encarecer que o Espírito responsável, renascendo no arcabouço das células físicas, é mergulhado na carne, qual a imagem na câmara escura, em fo­tografia, recolhendo, por seus atos, nessa posição negativa, to­dos os característicos que lhe expressarão a figura exata, no banho de reações químicas efetuado pela morte, de que extrai a soma de experiências para a sua apresentação positiva na rea­lidade maior.

O apóstolo Paulo, no versículo 44 do capítulo 15º de sua primeira Epístola aos Coríntios, asseverou, convincente:

— "Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiri­tual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual"

Nessa preciosa síntese, encontramos no verbo "semear" a idéia da evolução filo genética do ser e, dentro dela, o corpo físico e o corpo espiritual como veículos da mente em sua pere­grinação ascensional para Deus.

É para semelhante verdade que André Luiz nos convida a atenção, a fim de que por nossa conduta reta de hoje possa­mos encontrar a felicidade pura e sublime, ao sol de amanhã.

 

EMMANUEL

Pedro Leopoldo, 21 de julho de 1958.


NOTA AO LEITOR

 

Ajustadas a supremo conforto, no oceano das facilidades materiais, não se forram as criaturas humanas contra os pesares da solidão e da angústia.

Nesse navio prodigioso a que chamamos civilização, es­truturado em largueza de conhecimento e primor de técnica, ins­talam-se os homens, demandando o porto que já alcançamos pelo impulso da morte.

Contudo, isso não impede regressemos ao bojo da nave imponente para alertar o ânimo dos viajores nossos irmãos, com passaporte imprescritível para o mesmo país da Verdade que os espera amanhã, quanto ontem nos aguardava.

E voltamos porque a suntuosidade da embarcação não está livre do nevoeiro da ignorância a lhe facilitar a incursão en­tre os rochedos do crime, nem segura contra a violência das tempestades que lhe convulsionam a organização e ameaçam a estrutura.

Realmente, dentro dela, atingimos luminosa culminância no setor da cultura, em tudo o que tange à proteção da vida física.

Sabemos equilibrar a circulação do sangue para garantir a segurança do ciclo cardíaco, mas ignoramos como libertar o co­ração do cárcere de sombras em que jaz, muitas vezes, mergu­lhado na poça das lágrimas, quando não seja algemado aos monstros da delinqüência.

Identificamos a neurite óptica com eliminação progressi­va dos campos visuais, e medicamo-la com a vantagem possível, na preservação dos olhos; entretanto, desconhecemos como arrancar a visão às trevas do espírito.

Ofertamos braços e pernas artificiais aos mutilados; con­tudo, somos francamente incapazes de remediar as lesões do sentimento.

Interferimos com vasta margem de êxito nos processos patológicos das células nervosas, auscultando as deficiências de vitaminas e enzimas, que ocasionam a diminuição da taxa meta­bólica do cérebro; todavia, estamos inabilitados a qualquer anu­lação das síndromes espirituais de aflição e desespero que agra­vam a psicastenia e a loucura.

Achamo-nos convictos de que a hidrocefalia congênita provém da acumulação indébita do líquido céfalo-raquiano, impondo dilatação no espaço por ele mesmo ocupado na província intracraniana; no entanto, não percebemos a causa fundamental que a provoca.

Ainda assim, não voltamos para confabular com aqueles que se sintam acomodados ao desequilíbrio.

Retornamos à convivência dos que contemplam o hori­zonte entre a inquietação e a fadiga perguntando, em pranto, so­bre o fim da viagem.

De espírito voltado para eles, os torturados do coração e da inteligência, aspiramos a escrever um livro simples sobre a evolução da alma nos dois planos, interligados no berço e no túmulo, nos quais se nos entretece a senda para Deus... Notas em que o despretensioso médico desencarnado que somos — to­mando para alicerce de suas observações o material básico já conquistado pela própria ciência terrestre, material por vezes colhido em obras de respeitáveis estudiosos —, pudesse algo dizer do corpo espiritual, em cujas células sutis a nossa própria vontade situa as causas de nosso destino sobre a Terra.

Páginas em que conseguíssemos aliar o conceito rígido da Ciência, compreensivelmente armada contra todas as afirmações que não possa esposar pela experimentação fria, e a mensagem consoladora do Evangelho de Jesus-Cristo de que o Espiritismo contemporâneo se faz o mais alto representante na atualidade do mundo... Um pequeno conjunto de definições sintéticas sobre nossa própria alma imortal, à face do Universo...

Todavia, para tal empreendimento, carecíamos de instru­mentação mais ampla, motivo pelo qual nos utilizamos de dois médiuns diferentes (1), em lugares distintos, dois corações amigos que se prontificaram a receber-nos os textos humildes, dos quais se compõe a nossa apagada oferta.

Foi assim, meu amigo, que este livro nasceu por missiva de irmão aos irmãos que lutam e choram.

Se não sentes o frio da noite sobre o revolto mar das pro­vações humanas, entorpecido na ilusão que te faz escarnecer da própria verdade, nossa lembrança em tuas mãos traz errado endereço.

Mas se guardas contigo o estigma do sofrimento, inda­gando pela solução dos velhos problemas do ser e da dor, se percebes a nuvem que prenuncia a tormenta e o vórtice traiçoeiro das ondas em que navegas, vem conosco!... Estudemos a rota de nossa multimilenária romagem no tempo para sentirmos o calor da flama de nosso próprio espírito a palpitar imorredouro na Eternidade e, acendendo o lume da esperança, perceberemos, juntos, em exaltação de alegria, que Deus, o Pai de Infinita Bon­dade, nos traçou a divina destinação para alêm das estrelas.

 

ANDRÉ LUIZ

Uberaba, 23/7/58.

 

(1) A convite do Espírito André Luiz, os médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira receberam os textos deste livro em noites de domin­gos e quartas-feiras, respectivamente nas cidades de Pedro Leopoldo e Ube­raba, Estado de Minas Gerais. As páginas psicografadas por — um e outro po­dem ser Identificadas pela data característica de cada texto. — (Nota dos médiuns.




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