sábado, 20 de julho de 2013

{clube-do-e-livro} A Última Profecia de Jesus - Raphael Rios,anexo


RAPHAEL RIOS

A ÚTIMA PROFECIA
DE JESUS


SUMÁRIO

Prefácio
O Fim dos Tempos
Clamor de Solidariedade
A Última Profecia de Jesus
O Fim dos Tempos segundo a Codificação Espírita
Nexos Proféticos
Reflexões
A Postura do Espírita Frente às Predições
Gotas de Luz no Cotidiano da Vida
Testemunho e Mudança
Conselhos e Alertas
Perdão e Tolerância
Atenção e Preocupação
Momento da verdade ser dita
Ensinamento sobre a dor
Aos Pais
Aritmética Espiritual
Fios Desencapados
Não é por aí
Frases do Dr. Karl
Pegando no breu
Nutrição dos Corpos
A vida como ela é!
"Dou trato e carinho à minha maneira"
Metabolismo Espiritual
Quando em desequilíbrio
Em busca do grande mar
A Lista do Dr. Karl
Foco Central
Palavras
O bem pelo bem sem olhar a quem
Semelhantes curam semelhantes
Aos Casais
Há medalhas e medalhas
Como se fosse o último dia
Exibicionismo dos pais à custa dos filhos crianças
Doenças nos idosos, nos moços e nas crianças
Colar de jóias esparsas
Elucidações inspiradas na Doutrina Espírita
Reconciliando-nos com Paulo
Atividades doutrinárias dos primeiros apóstolos
Justificação dos Pecados pela fé para ganhar o céu
JESUS, O Evangelho a a Reforma íntima
"Caminhei, hoje, por onde JESUS Caminhou"
Jerusalém - Três Milênios de História
Amizade - laço recíproco de amor fraterno
Alegria de Viver
Temas que constam desta obra publicados pela imprensa


Dedico esta obra à minha esposa, Cecília, às minhas filhas
Sandra Lucíola e Jurema e ao meu neto César, que têm me
cercado de amor, carinho e cuidados, e que são, junto com a
Doutrina Espírita, os tesouros mais preciosos desta minha
encarnação.
E um agradecimento especial à Cláudia Regina Ramos
Almada, por seu eficiente trabalho de digitação e, sobretudo,
por sua dedicação, carinho e amizade.

PREFÁCIO

O objetivo central desta obra é o de levar ao conhecimento
e avaliação dos companheiros espíritas a tese que
desenvolvemos sobre o tema polêmico do Fim dos Tempos,
fundamentada em rigorosa pesquisa realizada nas obras
básicas da Codificação, pilares de sustentação da nossa
Doutrina Espírita redentora.
Procuramos assinalar todas as referências ao tema, favoráveis
ou contrárias, com total isenção de ânimo, para que os
leitores fizessem seu próprio juízo, embora tenhamos, como
dever de respeito a esses mesmos leitores, externado nosso
ponto de vista pessoal, que também poderá ser avaliado por
todos. O propósito implícito nesta investigação não é o de
polemizar e sim o de contribuir com elementos factuais para
melhor entendimento do tema.
Nos outros dois temas — que extrapolam a temática princi-
pal — "Gotas de luz no cotidiano da vida" e "Elucidações
inspiradas na Doutrina Espírita", procuramos, como adiante
se explica, levar luz aos corações e afastar as sombras deste
mundo de expiação e provas através de contribuições
oriundas de ensinamentos educativos provenientes do Plano
Espiritual, especialmente com as lições do Espírito Dr. Karl.
Por fim, apresentamos elucidações à luz da Doutrina Espírita
sobre eventos atuais, do passado, bem como expectativas do
futuro.
Raphael Rios

O FIM DOS TEMPOS
SEGUNDO A CODIFICAÇÃO ESPÍRITA
O FIM DOS TEMPOS

Na primeira parte do livro "O Clímax do Apocalipse", de
autoria de quem lhes escreve, fez-se um ensaio de
convergência da Religião, da Profecia e da Ciência, para
explicar a factibilidade do fenômeno apocalíptico no
chamado Fim dos Tempos, que não será nem o Fim do
Mundo, nem tampouco Juízo Final de sentença eterna, mas
um fenômeno depurador e justo que abrirá as portas para um
novo ciclo evolutivo da raça humana.
Mais tarde, decidimos transformar o ensaio numa tese
consistente, consolidada através de investigações mais
profundas nos Evangelhos de Jesus, na Codificação Espírita,
no panorama religioso mundial e brasileiro, no estado
deplorável de desagregação ética que impera na sociedade
humana, que pudessem trazer novas evidências e coerentes
entrelaçamentos das manifestações milenares da Revelação
Divina, de modo a fundamentar ainda mais
convincentemente a justa, indispensável e inevitável
ocorrência do fenômeno depurador redentor da
humanidade terrestre.
O resultado está contido nos temas que se seguem, todos
eles já publicados pela imprensa espírita, aos quais se fizeram
necessárias atualizações do ponto de vista estatístico.
Eis o que, como pesquisador espírita, nos sentimos no dever
de transmitir aos companheiros da Doutrina Redentora para
que avaliem por si mesmos, uma vez que somos cidadãos
deste Brasil, o maior país espírita do planeta, convocado para
ser o Coração do Mundo e a Pátria do Evangelho, missão
com a qual estamos todos comprometidos para que este país
reúna os méritos para ser o foco irradiador da nova
civilização regeneradora do 3o milênio, onde, seguindo a
promessa do Cristo "os mansos herdarão a terra".

CLAMOR DE SOLIDARIEDADE

O mundo hoje exibe agudamente aos abusos da liberdade
sem freios corrompida pelo poder financeiro, que coopta o
poder político, privilegia castas e miserabiliza bilhões de
párias desamparados. A igualdade se vê negada pela brutal
desigualdade na distribuição da riqueza, degradando sagrados
e inalienáveis direitos à moradia, alimentação, saúde,
educação, trabalho e bem estar. A moral se deteriora, os
valores espirituais são subvertidos, e a fraternidade é
esmagada pela luta feroz da sobrevivência dos mais aptos, a
qualquer preço, movida pelo egoísmo e o orgulho, a
ambição e a cobiça sem limites.
Vozes apreensivas com o rumo dos acontecimentos
procuram fazer-se ouvir nos quatro cantos da terra,
buscando alertar a humanidade dos perigos que a vem
rondando, num clamor uníssono pela solidariedade e
fraternidade entre os homens.
O escritor Zymunt Bauman nos fala "do consumismo,
marcado pela luta generalizada, não havendo mais espaço
para as comunidades morais ou para a coletividade. Em vez
de solidariedade, mesmo a amizade cada vez mais se dissolve
e, enquanto valor, é reduzida a um pacote de trocas com
vantagens mútuas e numa era marcada pela dissolução da
sociedade, diz ele, dissolve-se também a solidariedade".
"O individualismo campeia e a globalização quebra os laços
solidários, antes calcados em idéias de nação e família".
Umberto Eco e Carlo Maria Martini anunciam "o fim da
solidariedade e o advento de um egoísmo inédito e de um
consumismo irrefreável e o Cardeal Martini nega a
possibilidade de uma ética laica, desvinculada de qualquer
religião. Um absoluto moral, afirma ele, exige uma
fundamentação que não esteja ligada a nenhum princípio
mutável ou negociável".
"Para o religioso não há meio termo: a ética é inegociável.
Precisa de um fundamento estável e este só a religião pode
fornecer".
Para o escritor Ignácio da Silva Teles, "a moral, antes
inspirada por uma crença que a iluminava como nascente
viva, se torna um conjunto de leis mortas como árvores de
uma floresta petrificada, impostas com cada vez mais
hipocrisia. Sem uma crença que a alimente, expõe o escritor,
o fim proposto não há de ser transcendental, mas algum
outro fim mergulhado no plano terrestre. O apelo das mais
diversas religiões ao amor e à sabedoria não tem encontrado
ressonância na vida das pessoas, permanecendo cada um
impassível sem amar. E é cultivando-se o amor que se
cultiva a sabedoria".
Edgar Morin, sociólogo francês, desabafa dizendo que
"nunca houve tanta carência de valores éticos. São
necessidades fundamentais do ser humano. A ética há alguns
anos vinha da religião ou dos valores familiares. Isso tudo
entrou em crise. Nas mesmas cidades em que as indústrias
dão emprego está ocorrendo a desintegração das estruturas
tradicionais da solidariedade e das células familiares,
causando o isolamento dos indivíduos".
Num mundo hiper especializado pela ciência, precisamos
reencontrar o senso de responsabilidade e solidariedade, o
que significará a ressurreição da ética, em oposição ao
egocentrismo. A revolução da solidariedade é que poderá
evitar uma catástrofe futura ecológica, econômica e
científica.
O grande historiador Arnold Toynbee nos diz que "todas as
civilizações nasceram e tiveram como eixo mantenedor dos
seus rumos a religião. Quando as civilizações perdem tal eixo
elas perdem as referências balizadoras dos seus rumos e
entram em desarmonia desagregadora".
O jornalista e professor Jorge Boaventura alerta que "em
nome do espírito prático num contexto de relatividade
moral, cria-se um vale-tudo cruel e brutal, vale-tudo
selvagem e indigno da criatura de Deus".
Lester C. Thurow, economista e professor do MIT avalia que
"a falta de valores são o buraco negro do capitalismo
triunfante. Não existem teorias capitalistas para criar valores
universais nem para conservar os que existem; o consumo
individual é glorificado como único foco de ambição
legítima".
José Saramago, marxista, ateu, prêmio Nobel, diz-nos o
seguinte: "Creio que o grande drama da humanidade é não
entender que o único progresso que tem sentido é no
campo ético e moral. Para mim o que define progresso
moral é simplesmente o respeito pelo outro. Isso condensa
toda a capacidade de progredir eticamente. Mas hoje o outro
é um inimigo a abater ou um instrumento à nossa
disposição. Palavras como essas são hoje para pregar no
deserto".
"Cada vez se torna mais claro para mim que a ética deve
dominar a razão. Um santo com todas as suas virtudes tem
de usar a razão. Se não atendermos a uma linha, ao não faça
aos outros o que não queres que te façam a ti, vamos acabar
mal".
Arthur C. Clarke, escritor ficcionista científico famoso,
criador de 2001 - Odisséia no Espaço, afirma: "não creio que
uma civilização possa evoluir tecnologicamente sem o
respectivo avanço moral, pois, do contrário, corre o risco de
autodestruição. Esse é exatamente o que ameaça a nossa".
Carlos A. Barbouth, presidente do Conselho de Fraternidade
Cristão-Judaico de São Paulo afirma que "é preciso educar
para a tolerância e a fraternidade. Quanto maior a caridade,
maior a paz".
O historiador francês Fernand Braudel nos diz, esperançoso,
que "o grande desfecho civilizatório, num futuro não mais
distante, será o triunfo da moral e da ética sobre o poder e a
política".
E Julian Bastide, sociólogo, declara: "vivemos a civilização
do conhecimento, mas não a da sabedoria. Sabedoria é o
conhecimento temperado pelo juízo. Onde está o juízo?".
Clamor de solidariedade e do seu sinônimo fraternidade,
identidade de sentimentos, amor ao próximo, sentimento
cordial, amistoso, afetuoso, que deve ligar entre si todos os
homens, em harmonia e paz, clamor que ecoa de todos os
corações de boa vontade que anseiam pela convivência
pacífica e pelo progresso justo de toda a humanidade.
O nosso codificador, Kardec, em Obras Póstumas, dedica um
capítulo à liberdade, à igualdade e à fraternidade e nos diz
que "essas três palavras, por si sós, constituem o programa de
toda nova ordem social que realizaria o mais absoluto
progresso da humanidade".
"A fraternidade resume todos os deveres dos homens, uns
para com os outros. É a caridade evangélica e aplicação da
máxima: proceder para com os outros, como quereríamos
que os outros procedessem para conosco. O oposto é o
egoísmo. Sem ela não poderiam existir a igualdade, nem a
liberdade séria. A igualdade decorre da fraternidade e a liber-
dade é conseqüência das duas outras. A liberdade é filha da
fraternidade e da igualdade. O egoísmo e o orgulho são
inimigos da liberdade como o são da igualdade e da
fraternidade. A liberdade e a igualdade devem estar sob a
égide da fraternidade, senão o orgulho e o egoísmo causarão
o malogro dos esforços dos homens de bem".
"A fraternidade precisa estar no coração dos homens,
extirpando o egoísmo e o orgulho. Aí está a causa de todo o
mal".
Podemos concluir que só a fraternidade é capaz, pelo amor,
de regular a natural desigualdade de aptidões entre os
homens. Só a fraternidade tem o dom de harmonizar em
direitos e deveres justos as diferenças de nível evolutivo das
criaturas.
A fraternidade é a síntese que reconcilia as duas antíteses,
liberdade e igualdade, única força moral e intelectiva que
consegue integrar esses dois valores, antagônicos no mundo
real.
A fraternidade é a súmula da inteligencia e da moralidade,
unidas em sabedoria para a construção do progresso justo e
da paz duradoura, a ser implantada pela plêiade crescente de
homens de bem, aderentes irrestritamente à fraternidade
universal, no estabelecimento do futuro mundo de
regeneração no planeta Terra.

A ÚLTIMA PROFECIA DE JESUS
O amado Mestre Jesus, na sua última passagem terrena pelo
planeta sob sua tutela, como o ungido de Deus, encarnação
do amor do Pai para esta humanidade, Messias do
Mandamento Maior, corporificou com absoluta autenti-
cidade todos os atos, episódios, sinais, acontecimentos ante-
cipados pelos profetas do Velho Testamento, identificadores
do Enviado do Pai para a redenção das criaturas invigilantes
desta Terra sujeitas pelas suas imperfeições à disciplina das
expiações e das provas.
As profecias sobre a vinda do Messias se fizeram presentes
no Velho Testamento desde 800 a.C., com Miqueias,
passando, entre outros, por Isaías (740-700 a.C.), Jeremias
(626 a.C.), Zacarias (520 a.C.), Daniel (500 a.C.), Malaquias
(500-450 a.C.), Salmos de Salomão (escritos em 50 a.C.) e
Zoroastro (1200 a.C. - Zend Avesta). Oitocentos anos de
revelações proféticas fielmente ratificadas na curta passagem
de 33 anos do Mestre dos Mestres há cerca de 20 séculos na
Palestina.
Os Evangelhos, a Boa Nova que Jesus nos deixou da sua
vivência plena do Mandamento do Amor para roteiro da
nossa própria redenção, não só registraram os atos ordinários
da vida do Mestre, os chamados "milagres", o ensino moral,
mas Ele próprio, com a sua autoridade inconteste legou-nos
revelações, predições, promessas e profecias que
"marcassem rumos à humanidade para manter acesa a
lâmpada do divino conhecimento e aberta a ponte de cristal
que une o homem ao seu Criador". Vamos relembrá-las para
haurirmos suas lições imorredouras.

JESUS PREDIZ SUA MORTE E RESSURREIÇÃO

Mateus 16.21 e 20.17 a 19. Desde esse tempo, começou
Jesus a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário
seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos
principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitar
no terceiro dia (...). Estando Jesus para subir a Jerusalém,
chamou à parte os doze e, em caminho, lhes disse: Eis que
subimos para Jerusalém e o Filho do homem será entregue
aos principais sacerdotes e escribas. Eles o condenarão a
morte. E o entregarão aos gentios para ser escarnecido,
açoitado e crucificado; mas, ao terceiro dia ressurgirá.

Todos os passos da Paixão do Cristo, desde a prisão no
Getsêmani, passando pela condenação no Sinédrio sob
instigação de Caifás e Anás, depois perante Pilatos que lavou
suas mãos ao aceitar a ignomínia da morte do justo pela
crucificação, vociferada pela multidão de fanáticos açulada
pelos sacerdotes, aos açoites, ao escárnio da coroa de
espinhos, à crucificação e morte e o surgir redivivo no
terceiro dia às mulheres piedosas e depois aos discípulos,
autenticaram o vaticínio do Mestre sobre sua sorte frente à
ignorância, à barbárie, aos interesses espúrios que ainda se
aninham no coração de larga porção da humanidade.

SANTUÁRIO RECONSTRUÍDO

Marcos 14.58. Eu destruirei este santuário edificado por
mãos humanas e em três dias constituirei outro, não por
mãos humanas.

À luz da Doutrina Espírita, esta predição não só reconfirma a
interpretação generalizada de que Jesus se referia ao seu
corpo, como explicita que à destruição do corpo físico
gerado pelas leis que governam a reprodução humana
seguir-se-ia a materialização do seu espírito (perispírito)
imortal segundo as leis que comandam o mundo espiritual,
estado em que o Cristo se apresentou aos discípulos nos 40
dias subseqüentes antes de partir para a sua morada.

A TRAIÇÃO DE JUDAS E AS NEGAÇÕES DE PEDRO

Mateus 26.20 a 25. Em verdade vos digo que um dentre vós
me trairá. Mateus 26.34. Em verdade te digo que, nesta
mesma noite, antes que o galo cante, tu me negarás três
vezes.

São ricos em detalhes nos Evangelhos estes episódios que
precederam a prisão, flagelação e tomada da cruz e que, no
caso de Pedro, o fez chorar amargamente, infundindo-lhe
mais tarde o zelo, devotamento e sacrifício com que abraçou
a tarefa de "apascentar as ovelhas" do Mestre.

A DESTRUIÇÃO DO TEMPLO DE JERUSALÉM

Mateus 24.1 e 2. Tendo Jesus saído do Templo, ia-se
retirando quando se aproximaram dele os seus discípulos
para lhe mostrar as construções do Templo. Ele, porém, lhes
disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não
ficará aqui pedra sobre pedra, que não seja derrubada.

Tito, imperador, incumbiu-se de materializar a profecia em
70 d.C, ao arrasar o Templo, do qual só resta hoje o Muro
das Lamentações, durante as revoltas judaicas contra o jugo
romano, que se prolongaram até 135 d.C., quando a cidade
de Jerusalém e o resto do país foram destruídos pelos
exércitos romanos, provocando o banimento e dispersão do
povo judeu pelo mundo, a conhecida Diáspora, que durou
até 1948, com a fundação do Estado de Israel, 1900 anos
depois.
E agora, resumiremos as mensagens-chaves da profecia que
é tão cara à nossa Doutrina Consoladora:

O CONSOLADOR PROMETIDO

João 14.16 a 31 e 16.7 a 33. "E eu rogarei ao Pai, e Ele vos
dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre
convosco. O Espírito da verdade, que o mundo não pode
receber porque não o vê, nem o conhece; vós o conhecereis
porque ele habita convosco e estará em vós (...). Mas o
Consolador, o Espírito Santo, a quem meu Pai enviará em
meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará
lembrar de tudo o que vos tenho dito (...). Tenho ainda
muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.
Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a
toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá
tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas que hão
de vir. Ele me glorificará porque há de receber o que é meu,
e vo-lo há de anunciar. Tudo quanto o Pai tem é meu; por
isso é que vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo
há de anunciar".

Dezenove séculos se haviam passado desde a partida do
Mestre, quando, subitamente, começaram a eclodir, em
meados desse século, com inusitada abundância em muitos
países, principalmente cultos, e nas classes mais abonadas,
fenômenos mediúnicos que chamaram a atenção dos
estudiosos dá época. Era o Consolador Prometido que assim
se anunciava e coube a Kardec a gloriosa missão de ordenar,
pela Codificação, essas manifestações, fazendo chegar
através do Espírito da verdade a Doutrina Consoladora do
Espiritismo, Cristianismo primitivo redivivo, alicerçado na
Reencarnação, na pluralidade das existências e dos mundos,
na lei de ação e reação, no código moral do Evangelho do
Cristo. Com a publicação de "O Livro dos Espíritos" em
1857, seguido das demais obras da Codificação Espírita,
inaugurou-se a era da 3a Revelação, que ampliou ao infinito o
horizonte e as perspectivas da vida humana.
Cumpriu-se assim a promessa profetizada pelo Cristo,
fundamentando num corpo doutrinário coeso, lógico,
coerente, as verdades que o próprio Cristo já fizera entrever,
durante a sua passagem pela Terra, no episódio com
Nicodemus sobre o "é preciso nascer de novo", no da vinda
do profeta Elias na pessoa de João Batista e na profecia de
Joel, citada por Pedro no Atos dos Apóstolos de que "nos
últimos tempos espalharei do meu espírito sobre toda a
carne; vossos filhos e filhas profetizarão; vossos jovens terão
visões e vossos velhos terão sonho"(...).
É importante constatarmos como as mensagens capitais do
Cristo dão fundamento a todos os princípios que regem a
Doutrina Espírita, ao relembrarmos ensinos adicionais
coletados no seu Evangelho Redentor:
1. A existência de Deus, Causa sem causa de todas as coisas,
a quem Ele muitas vezes também chamava de Pai.
2. A reencarnação ou pluralidade das existências, nos
episódios de Nicodemus e de Elias-João Batista.
3. A pluralidade dos mundos habitados — "Na casa de meu
Pai há muitas moradas".
4. A lei de Causa e Efeito — "A cada um será dado de acordo
com suas obras".
5. A comunicabilidade entre encarnados e desencarnados —
"Nos últimos dias, derramarei meu espírito sobre toda a
carne e vossos filhos e filhas profetizarão (...)".
6. A evolução progressiva - "Vós sois deuses". "E podereis
fazer o que eu faço e muito mais", ao que aduzia Kardec
"nascer, morrer, renascer para progredir sem cessar".
7. O código moral do Evangelho, que é a pedra angular da
Doutrina Espírita, sendo Jesus com o seu Mandamento
Maior o modelo para todos os homens.
A esta altura da dissertação, resumindo, o que vimos até
agora?
1º Vimos Jesus sendo legitimado como o Messias pelo seu
cumprimento integral de todas as profecias do Velho
Testamento (vide tema na obra Rumos para a Humanidade
em Tempos de Crise, a ser publicada pela DPL Editora).
2º Vimos Jesus legitimando no Novo Testamento todos os
princípios fundamentais do Espiritismo, como sendo o seu
Consolador Prometido.
3º Vimos Jesus legitimar-se uma vez mais pelo cumprimento
de todas as suas profecias anunciadas no Novo Testamento,
faltando apenas uma, a sua última profecia, da qual agora
falaremos:

a) A última profecia de Jesus
Sinais precursores. O Fim dos Tempos. O Juízo Final.
Mateus 24.6 a 31 e 25.31 a 46 e Marcos 13.32. "Diz-nos (os
apóstolos perguntando a Jesus) quando acontecerão estas
coisas e qual será o sinal do teu advento no fim do mundo
(...). Ouvireis falar de guerras e boatos de guerra. Ficai alerta
e não vos perturbeis com isso. E necessário que assim
aconteça, mas ainda não é o fim. Porque se levantará nação
contra nação e reino contra reino; haverá fome, peste e
terremotos. Mas tudo isto será apenas o princípio das dores
(...) será este evangelho do Reino pregado no mundo inteiro,
em testemunho a todos os povos; só depois disto virá o fim
(...). Quando, pois, virdes reinar no lugar santo os horrores
da desolação (...). Então, sobrevirá uma tribulação tão
grande, como não tem havido igual desde o princípio do
mundo até agora, nem jamais haverá. Se aqueles dias não
fossem abreviados, não se salvaria pessoa alguma; mas
aqueles dias serão abreviados em relação aos escolhidos (...).
Logo depois da tribulação daqueles dias, escurecerá o sol e a
lua já não dará sua claridade; as estrelas cairão do céu e serão
abaladas as energias do firmamento. Então aparecerá no céu
o sinal do Filho do homem; lamentar-se-ão todos os povos
da terra e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens
do céu com grande poder e majestade. Enviará seus anjos, ao
som vibrante da trombeta, e ajuntará os seus escolhidos dos
quatro pontos cardeais, de uma extremidade do céu à outra
(...). Do mesmo modo (exemplo da figueira que brota no
verão) quando presenciardes tudo isto, sabei que está,
iminente, à porta. Em verdade vos digo que não passará esta
geração sem que isto tudo aconteça. O céu e a terra passarão,
mas não passarão as minhas palavras. Aquele dia, porém, e
aquela hora ninguém os conhece, nem mesmo os anjos do
céu, mas tão-somente o Pai (...). Como nos tempos de Noé,
assim há de ser quando vier o Filho do homem. Nos dias que
precederam o dilúvio, a gente comia e bebia, casava e dava
em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca; e não
atinaram até que veio o dilúvio e os arrebatou a todos. Bem
assim há de ser por ocasião do advento do Filho do homem
(...). Alerta, pois, porque não conheceis o dia em que virá o
vosso Senhor (...) porque o Filho do homem virá numa hora
em que não o esperais (...). E reunir-se-ão diante dele (Filho
do homem) todos os povos e ele os separará uns dos outros.
Graças às luzes derramadas pela Revelação Espírita, já
sabemos despojar das parábolas e profecias do Mestre Jesus,
toda a parafernália alegórico-divinizante que lhes imprime
aquela conotação divina, tão imperativa e imprescindível
para sua credibilidade e absorção pelas criaturas daqueles
tempos passados.
Já sabemos, à luz dos parâmetros doutrinários, ressaltar,
cristalina, a essência revelatória crística, ainda mais quando
Jesus, com absoluta clareza e sem alegoria alguma profetiza
que "(...) a aflição desse tempo será tão grande como ainda
não houve igual desde o começo do mundo até o presente e
como nunca mais haverá".
Quando o Cristo, amado e reverenciado pelos cristãos de
todas as nações e cujos ensinos na esfera moral tem
aceitação unânime e irrestrita (e são o elo mais forte de
união indiscutível entre os cristãos de todas as crenças),
quando o Cristo, portanto, profetiza, estritamente no campo
ético, que a reiterada desobediência das suas criaturas ao seu
mandamento moral máximo - Amar a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo - há 2000 anos
expresso, resultará inexoravelmente no desencadeamento de
uma intervenção disciplinar, e o faz de forma descritiva e
absolutamente clara, os cristãos, como um todo, nós,
espíritas, incluídos, tem, no mínimo, de facear a profecia
com o máximo de seriedade.

b) Jesus não se cingiu àquelas passagens apenas, mas reitera,
inclusive, o caráter subitáneo, repentino e coletivo do
evento disciplinador na parábola, que Ele mesmo interpreta,
do Joio e do Trigo.

A parábola do joio e do trigo — "O reino dos céus é como
um homem que semeou boa semente em seu campo. Mas,
enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no
meio do trigo, e foi-se embora. Quando o trigo brotou
efrutificou, apareceu também o joio. Então os servidores
procuraram o patrão para dizer-lhe: Senhor, não foi a boa
semente que semeaste em teu campo? Donde veio, então, o
joio que se acha nele? Um inimigo foi quem fez isto,
respondeu-lhes. E os servidores lhe perguntaram: Quereis,
então, que vamos arrancá-lo? A isso ele respondeu: Não,
porque pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis
também o trigo. Deixai os dois crescerem juntos até a
colheita, e no tempo da colheita direi aos colhedores: colhei
primeiro o joio e amarrai-o em feixes para queimar, recolhei
depois o trigo em meu celeiro". E na explicação que os
discípulos lhe pediram sobre esta parábola, disse-lhes Jesus
que o semeador é o Filho do homem, a boa semente os
súditos do Reino, o joio os seguidores do Maligno, que o
semeou, a colheita o fim do mundo, os colhedores, os anjos.
Como se recolhe o joio para ser queimado no fogo, assim
acontecerá no fim do mundo. O Filho do homem enviará os
seus anjos, que tirarão do seu reino lodos os que causam
escândalos e promovem a iniquidade e os lançarão à
fornalha acesa, onde haverá choro e ranger de dentes. Então
os justos brilharão como o sol no reino de seu Pai. Quem
tiver ouvidos, que escute bem!" (Mateus 13:24-30 e 36-43).

c) Citemos também a parábola de Jesus sobre os trabalha-
dores da vinha, que foi intitulada "Os trabalhadores da última
hora" e que em 0 Evangelho Segundo o Espiritismo se
identificam os operários chegados à primeira hora como os
profetas, Moisés e sucessivamente os apóstolos, os mártires,
os Pais da Igreja, os sábios, os filósofos e, por fim, os
Espíritos (da grande plêiade do Consolador), os últimos a
chegar e, por extensão, os espíritas e todos os homens de
boa vontade.

A expressão "última hora" associada a tarefas da última hora,
a trabalhadores da última hora, não pressupõe vinculação
com um progresso ou etapas que se sucedem gradual e
lentamente umas às outras, mas, ao contrário, impregna-se
de um sentido emergente de ultimação, de desfecho.
É, portanto, do próprio Cristo, revestido da autoridade do
Pai, que nos chegou, pelo Evangelho, a sua última profecia, a
única ainda não cumprida, tendo-se cumprido todas as
demais, as que anunciaram o Cristo e as que o Cristo
anunciou.
Diante de nossos olhos, cumpre também enfatizar, desfila o
estado deplorável em que a nossa humanidade está
mergulhada, multiplicando evidências gritantes de
desagregação moral, alinhando-se com os sinais apontados
pela profecia.
Igualmente, diante de nossos olhos avolumam-se
assustadoramente os desequilíbrios crescentes da natureza
física do planeta, não escapando dos assaltos predadores nem
a fauna, nem a flora, nem a própria humanidade, o ar, a
água, degradados pela cobiça e ambição desenfreada dos
homens inconscientes.
Mas, o Mestre Jesus, em Lucas, também nos diz o seguinte:
"(...) quando, pois, começarem a suceder estas coisas, erguei-
vos e levantai a cabeça, pois se avizinha a vossa redenção".
Portanto, "o sofrimento não estará conduzindo o mundo ao
desespero, mas à esperança. A crise do gênero humano é
decisiva, mas não é apenas uma crise espiritual da
humanidade, mas também uma grande oportunidade
espiritual".

O FIM DOS TEMPOS SEGUNDO A CODIFICAÇÃO ESPÍRITA

Antes de abordarmos este tema, de cuja magnitude e
sensibilidade temos plena consciência, sentimo-nos no
dever de, em respeito aos confrades que porventura venham
a nos ler, dar os seguintes esclarecimentos:
As profecias crísticas sobre o Fim dos Tempos foram,
durante
0 largo tempo de nossa vivência espírita, objeto do
nosso interesse que se traduziu em investigações e pesquisas
substancialmente no amplo acervo doutrinário disponível e
acessoriamente no de outras procedências religiosas e
científicas.
O resultado desse propósito se converteu em livro,
publicado em 1996, no qual um dos seus temas aborda o
evento apocalíptico, que buscamos alicerçar "na rocha"
como aconselhou o Amado Mestre de um leque de trabalhos
investigacionais preparatórios.
Um deles, cujo assunto todos sabemos de capital e óbvia
importância, é este que, a seguir, apresentaremos, no qual
fomos buscar as luzes do Consolador Prometido, emitidas
sobre a égide do Espírito da Verdade e a tutela do Cristo e
codificadas nas obras básicas da Doutrina Espírita pelo
excelso espírito que auto-chamou Allan Kardec.
Como a própria natureza da investigação demandou,
imprescindivelmente, várias e longas transcrições de textos,
procuramos reproduzir ípsis literis aqueles parágrafos e
períodos que espelhassem na letra o espírito que os autores
quiseram imprimir ao seu pensamento diretor, respeitando
na íntegra a autenticidade e o genuíno sentir desses autores
que, como todos sabemos, são o Espírito da Verdade e Allan
Kardec. Todas as citações estão devidamente identificadas
no texto.
Fizemos comentários ao longo do trabalho e procuramos
estabelecer algumas conclusões que são da nossa total
responsabilidade, como poderão igualmente fazê-lo os
confrades que nos lerem chegando às suas próprias.
O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Livro Terceiro - cap. VI- Lei de Destruição - 2. Flagelos
destruidores.
737. Com que objetivos Deus fere a Humanidade com
flagelos destruidores?
"Para fazê-la avançar mais rapidamente (...). Mas as
transformações por vezes são necessárias a fim de fazer
chegar mais rapidamente um melhor estado de coisas;
nalguns anos aquilo que exigiria séculos".
741. É dado ao homem conjurar os flagelos de que é vítima?
"Sim, em parte. Mas não como geralmente se imagina.
Muitos flagelos são conseqüência da imprevidência (...).
Entre os males que afligem a humanidade, entretanto, uns
há que são gerais e estão no desígnio da Providência, e dos
quais cada um recebe, mais ou menos, o contra golpe. A este
não pode o homem opor senão a resignação à vontade de
Deus; (...)".
Livro Terceiro - cap. VIII - Lei do Progresso - 1. Estado de
Natureza.
783. O aperfeiçoamento da Humanidade segue sempre uma
marcha progressiva e lenta?
"Há o progresso regular e lento, resultante da força das coi-
sas. Quando, porém, um povo não avança bastante rápido,
Deus o submete, de tempos em tempos, a um abalo físico ou
moral, que o transforma".

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

Cap. XX. Os trabalhadores da última hora. Os trabalhadores
do Senhor.
4. Espírito da Verdade (Paris) 1862. "Viveis no tempo em
que se devem, realizar as coisas anunciadas para a
transformação da humanidade. Felizes os que tiverem
trabalhado o campo do Senhor com desinteresse e sem
outro móvel além da caridade! (...) Infelizes os que, por
dissensão, houverem retardado a hora da colheita; porque
virá a tempestade e eles serão arrastados no turbilhão (...)".
Idem acima. Missão dos Espíritos. Erasto (Paris) 1863.
"Não ouvis ainda o ronco da tempestade que deve arrastar o
velho mundo e mergulhar no nada a soma das iniquidades
terrenas. (...). Sim, terremotos morais e filosóficos vão
sacudir todos os pontos do Globo. Chegou a hora em que a
luz divina deve brilhar nos dois mundos. (...)".

A GÊNESE

Cap. IX. Revolução do Globo. Cataclismos futuros.
11. Kardec: "A terra adquiriu uma estabilidade que, sem ser
absolutamente invariável, coloca doravante o gênero
humano ao abrigo de perturbações gerais, a menos que
intervenham causas desconhecidas, a ela estranhas e que de
modo nenhum se possam prever.

COMENTÁRIOS

Século e meio depois, a percepção da instabilidade física da
Terra se vem tornando aguda e até dramática. A ciência
detectou que as placas tectônicas que flutuam sobre o
magma incandescente, transportando continentes, oceanos
e humanidade, estão apresentando tensões por atritos
crescentes, geradores do recrudecimento de atividade
sísmica e eruptiva, elas que são responsáveis por elevações e
afundamentos de continentes.
Resultante da atividade humana, o aquecimento global da
Terra, com gradual elevação da temperatura mundial, é fato
notório: o efeito estufa, causado pelo aprisionamento de
gases emitidos pela indústria e veículos automotivos, está
provocando o derretimento das geleiras, com inevitável
elevação do nível dos oceanos e conseqüentes ameaças a
todas as populações costeiras.
Mudanças no clima, já percebidas, poderão trazer alterações
dramáticas nos regimes pluviométricos, na transformação de
áreas férteis em áridas e vice-versa, com enormes
perturbações dos fenômenos meteorológicos, furacões,
secas, inundações, trazendo desorganização à sociedade
moderna. Esta é a advertência das organizações mundiais.
Não bastasse isso, outras ofensas ao ambiente físico são
decorrentes também da agressão humana com o
desflorestamento, a desertificação provocada, a extinção de
espécies vegetais e animais, os agrotóxicos, as chuvas ácidas
e a poluição generalizada do ar, da água e da terra. Os
clorofluorcarbonos liberados pelos sprays e equipamento de
refrigeração destroem as camadas de ozônio, expondo a
humanidade à ação de radiações letais pela via cancerígena.
A OMS adverte que o mundo passa por uma crise global
com as enfermidades se alastrando, fazendo ressurgir
epidemias que pareciam estar há muito tempo erradicadas.
Instituições internacionais alertam para o declínio crescente
de terras aráveis no planeta enquanto a população mundial
não pára de crescer, trazendo sombrias perspectivas para o já
imenso contingente de famintos.
E estes eventos acontecem, como tudo o mais no fim do
milênio, a uma velocidade espantosa, não mais em
progressão aritmética, mas geométrica e até exponencial! E
já se fala em guerra pela água doce, cujos estoques mundiais
começam a sofrer efeitos restritivos, como se não
abundassem sobradas alegações para todas as guerras que
assolam as plagas terráqueas!
Idem cap. IX, 14, Kardec: "Fisicamente, a Terra teve as suas
convulsões da sua infância; entrou agora num período de
relativa estabilidade: na do progresso pacífico, que se efetua
pelo regular retorno dos mesmos fenômenos físicos e pelo
concurso inteligente do homem. Está, porém, ainda, em
pleno trabalho de gestação do progresso moral. Aí residirá a
causa de suas maiores comoções. Até que a humanidade se
haja avantajado suficientemente em perfeição, pela
inteligência e pela observância das leis divinas, as maiores
perturbações ainda serão causadas pelos homens, mais do
que pela natureza, isto é, serão antes morais do que físicas".

Cap. XI Gênese espiritual. Emigrações e imigrações dos
Espíritos.

36. Kardec: "Em certas épocas, determinadas pela sabedoria
divina, essas emigrações e imigrações se operam por massas
mais ou menos consideráveis, em virtude das grandes
revoluções que lhes ocasionam a partida simultânea em
quantidades enormes, logo substituídas por equivalentes
quantidades de encarnações. Os flagelos destruidores e os
cataclismos devem, portanto, considerar-se como ocasiões
de chegadas e partidas coletivas, meios providenciais de
renovamento da população corporal do globo, de ela se
retemperar pela introdução de novos elementos espirituais
mais depurados. (...). As renovações rápidas, quase
instantâneas, que se produzem no elemento espiritual
da população, por efeito dos flagelos destruidores, apressam
o progresso social; sem as emigrações e imigrações que de
tempos em tempos lhe vem dar violento impulso, só com
extrema lentidão esse progresso se realizará". (Obs.: no item
seguinte "Raça adâmica". 38 a 42, Kardec a identifica como a
raça espiritual provinda de outro orbe para habitar este
planeta - aludimos ao "Exilados de Capela" de Edgard
Armond).

Cap. XVIII Predições do Evangelho. Sinais precursores.

54 e 55- Nestes parágrafos Kardec atribui, com sensatos
esclarecimentos, sua marca peculiar, o caráter alegórico que
envolve o quadro do Fim dos Tempos, reproduzidos
integralmente dos Evangelhos de Mateus, Marcos e João,
nos parágrafos 47 a 53. E prossegue, dizendo no 56. Kardec:
"Entretanto, sob essas alegorias, grandes verdades se
ocultam. Há, primeiramente, a predição das calamidades de
todo o gênero que assolarão e dizimarão a Humanidade,
calamidades decorrentes da luta suprema entre o bem e o
mal, entre a fé e a incredulidade, entre as idéias progressistas
e as idéias retrógradas". (...)
57. Kardec: "Quando sucederão tais coisas? "Ninguém sabe,
diz Jesus, nem mesmo o Filho". Mas, quando chegar o
momento, os homens serão advertidos por meios de sinais
precursores. Estes sinais, porém, não estarão nem no sol,
nem nas estrelas, mostrar-se-ão no estado social e nos
fenômenos mais de ordem moral do que físicos e que, em
parte se podem deduzir de suas alusões". (...)
60. Kardec: "Não podemos deixar de convir em que muitas
de suas predições se estão presentemente realizando, donde
a conclusão de que atingimos os tempos anunciados, o que
confirmam em todos os pontos do globo, os Espíritos que se
manifestam".
61. Kardec: (...) "Nos últimos tempos, diz o Senhor,
derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos
e filhas profetizarão. É a predição inequívoca da vulgarização
da mediunidade". (...).

COMENTÁRIOS

Kardec, sem subestimar os fenômenos de ordem física,
acentua mais os de ordem moral, da responsabilidade do
comportamento do homem, da raça humana. E
efetivamente, depreende-se claramente dos nossos
comentários anteriores que a quase totalidade das ameaças
físicas ao planeta e à humanidade deriva das agressões
cometidas pelos próprios homens, seres predadores que se
julgam deuses prepotentes a abusar da natureza, lobos de si
mesmos, faltas de moral fraterna, movidos à ambição, cobiça
e egoísmo desmedido, cegos pelo orgulho e pela vaidade.
O nosso atual século XXI continua prenhe de sinais
precursores típicos daquela desordem moral e social que o
Cristo profetizou e que Kardec enfatizou na sua
interpretação dos textos sagrados. Ei-los, na nossa visão,
quanto ao século passado:
"Século XX, século de luz e sombra, de sonho e pesadelo, de
fausto e de miséria, século de inacreditáveis conquistas
tecnológicas e de povos dizimados pela fome. Século de
guerras mundiais, de morticínio e destruição em massa, de
maravilhosos avanços da medicina e de proscritos que a eles
não têm direito, de silos abarrotados no primeiro mundo
para regular a estabilidade econômica e bolsões continentais
de famélicos no terceiro mundo. Século do totalitarismo
bárbaro de todos os matizes assaltando o dom divino da
liberdade, dos holocaustos, dos genocídios, do racismo
redivivo, da degradação da moral imolada na permissividade
dos instintos desenfreados à conta de liberação sem
responsabilidade. Século de materialismo e de religiosidade,
de dor generalizada e de egolatrias com prazeres insultantes.
Século da liberdade sem respeito aos direitos naturais dos
semelhantes, escrava do egoísmo, do orgulho e da vaidade,
canceres demolidores da solidariedade, da família, da
sociedade. Século dos antibióticos, das vacinas, dos
medicamentos milagrosos, da biogenética e do retorno de
pragas e pandemias ressuscitadas nos habitats de
insalubridade onde chafurdam milhões de seres esquálidos e
esquecidos. Século do clamor dos brandos, dos injustiçados
dos homens de boa vontade, das organizações voltadas para
o bem comum, dos amantes da paz, abafados pela
indiferença dos que contam no mundo material. Século da
AIDS e das drogas desintegradoras da consciência da
juventude, da política e do poder a serviço de interesses
espúrios, de corruptores e corruptos em massa. Século da
riqueza despudorada, do fausto e do desperdício, da
concentração de bens, da desigualdade, das favelas e dos
cortiços, dos sem-teto e das crianças abandonadas. Século
dos supercomputadores, dos especialistas e futurólogos que
nem souberam prever a crise do petróleo, nem a queda
súbita do muro de Berlim, nem o esfacelamento do
socialismo real. Século do capital financeiro, predatório,
itinerante, volátil, mercurial, assustadoramente
desproporcional, substituindo o capital produtivo, estável,
fruto do engenho e do trabalho. Século da injustiça social, da
discriminação européia, dos gastos astronômicos em
armamentos, da frieza e da dureza dos corações diante da
penúria dos desamparados do mundo. Século da frustração
pós-moderna, do desemprego estrutural e da auto-geração
de um terceiro mundo dentro do próprio primeiro mundo,
do fim da história, das dezenas de guerras étnicas, religiosas,
do terrorismo, da guerrilha urbana, da insegurança, do
banditismo, dos crimes hediondos, da mortes cruéis e
inesperadas".

Predições do Evangelho. Juízo Final.
63. Kardec: "Tendo que reinar na Terra o bem, necessário é
que sejam dela excluídos os Espíritos endurecidos no mal e
que possam acarretar-lhe perturbações (...) Serão exilados
para mundos inferiores, como o foram outrora para a Terra
os da raça adâmica, vindo substituí-los Espíritos melhores.
Essa separação, a que Jesus presidirá, é que se acha figurada
por estas palavras sobre o Juízo Final: "Os bons passarão à
minha direita e os maus a minha esquerda".
67. Kardec: "(...), não é exata a qualificação de Juízo Final,
pois que os Espíritos passam por análogas fieiras a cada
renovação dos mundos por eles habitados, até que atinjam
certo grau de perfeição. Não há, portanto, juízo final
propriamente dito, mas juízos gerais em todas as épocas de
renovação total ou parcial da população dos mundos, por
efeito das quais se operam as grandes emigrações e
imigrações de Espíritos".

COMENTÁRIOS

Quando Jesus, na sua profecia do Fim dos Tempos, itens 47 a
53, sob o título "Sinais Precursores", em A Gênese, nos
alerta com veemência e abundância de imagens sobre a
subitaneidade e o inesperado do evento cataclísmico e
acentua que "(...) a aflição desse tempo será tão grande como
ainda não houve igual desde o começo do mundo até o
presente e como nunca mais haverá e que se esses dias não
forem abreviados, nenhum homem se salvaria; mas esses
dias serão abreviados em íavor dos eleitos", fica patenteado
com absoluta clareza e sem alegoria alguma que o flagelo
destruidor obedecendo ao mecanismo transformador
universal revelado na Codificação pelo Espírito da Verdade e
pormenorizado por Kardec, se abaterá direta e
indiretamente sobre a humanidade e o planeta, gerando
desencarnes de tal magnitude que permitirão a seleção dos
Espíritos endurecidos no mal e o seu exílio compulsório em
espantosas emigrações para orbes compatíveis com seus
instintos irredentos. E os bons herdarão a Terra, voltando a
reencarnar para a construção do novo mundo de
regeneração.

Cap. XVIII São chegados os tempos. Sinais do Tempos.
7. Kardec: "(...) É, pois, da luta das idéias que surgirão os
graves acontecimentos preditos e não de cataclismos ou
catástrofes puramente materiais. Os cataclismos gerais foram
conseqüência do estado da Terra ainda em formação. Hoje,
não são mais as entranhas do planeta que se agitam: são as da
Humanidade.
9. Dr. Barry (instrução de Espírito): "A agitação dos
encarnados e desencarnados se junta por vezes quase
sempre,
mesmo porque tudo se conjuga com a Natureza, às
perturbações dos elementos físicos. Dá-se, então, durante
algum tempo, verdadeira confusão geral, mas que passa
como furacão (...)".
10. Kardec: "(...) Se, pelo encadeamento e a solidariedade
das causas e dos efeitos, os períodos de renovação moral da
Humanidade coincidem, como tudo leva a crer, com as
revoluções físicas do globo, podem os referidos períodos
serem acompanhados ou precedidos de fenômenos naturais,
insólitos(...)".
São chegados os tempos. A geração nova.
27. Kardec: "A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de
transformar-se por meio de um cataclismo, que aniquile de
súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a
nova lhe sucederá de mesmo modo, sem que haja mudança
alguma na ordem natural das coisas".

OBRAS PÓSTUMAS

Este livro, publicado em 1890, 21 anos após o retorno de
Kardec à pátria espiritual, adicional (como vários outros
lançados em vida por Kardec) à Codificação Espírita (além da
Revista Espírita), contém relatos autobiográficos de reuniões
mediúnicas no período em que ele estava preparando "O
Livro dos Espíritos", lançado em 1857; foi na reunião de 25
de março de 1856 que se lhe apresentou pela primeira vez o
seu guia espiritual, o Espírito da Verdade.
Reunião de 30 de abril de 1856. Primeira revelação da mi-
nha missão.
Kardec: "(...) o médium, tomando a cesta espontaneamente
escreveu isto: Quando o bordão soar, abandoná-lo-eis;
apenas aliviareis o vosso semelhante; individualmente o
magnetizareis a fim de curá-lo. Depois cada um no posto
que lhe foi preparado, porque de tudo se fará mister, pois
que tudo será destruído, ao menos temporariamente.
Deixará de haver religião e uma se fará necessária, mas
verdadeira, grande, bela e digna do Criador... Seus primeiros
alicerces já foram colocados... Quando a ti Rivail, a tua
missão é aí. (Livre, a cesta se voltou rapidamente para o meu
lado, como o teria feito uma pessoa que me apontasse com o
dedo...)".

Reunião de 7 de março de 1856. Acontecimentos.
Kardec: "A comunicação há dias dada faz presumir, ao que
parece, acontecimentos muito graves. Poderás dar-nos
algumas explicações a respeito?"
Resposta: Não podemos precisar os fatos. O que podemos
dizer é que haverá ruínas e desolações, pois são chegados os
tempos de uma renovação da Humanidade.
Kardec: "Qual causará essas ruínas? Será um cataclismo?"
Resposta: Nenhum cataclismo da ordem material haverá,
como o entendeis, mas flagelos de toda a espécie assolarão as
nações, a guerra dizimará os povos; as instituições vetustas
se abismarão em ondas de sangue. Faz-se mister que o velho
mundo se esboroe, para que uma nova era se abra ao
progresso.
Kardec: "A guerra não se circunscreverá então a uma região?
Resposta: Não, abrangerá a Terra. (...)
Reunião de 12 de maio de 1856. Acontecimentos.
Kardec: "Disseram os Espíritos que os tempos são chegados
em que tais coisas tem de acontecer: em que sentido se
devem tomar essas palavras?
Espírito da Verdade: "Em se tratando de coisas de tanta
gravidade, que são alguns anos a mais ou a menos? Elas
nunca ocorrem bruscamente, como os chispar de um raio:
são longamente preparadas por acontecimentos parciais que
lhe servem como de precursores, quais os rumores surdos
que precedem a erupção de um vulcão...".
Kardec: "Confirmas o que foi dito, isto é, que não haverá
cataclismos?
Espírito da Verdade: "Sem dúvida, não tendes que temer
nem um dilúvio, nem o abrasamento do vosso planeta, nem
outros fatos desse gênero, porquanto não se pode denominar
cataclismos a perturbações locais que se tem produzido em
todas as épocas. Apenas haverá um cataclismo de natureza
moral, de que os homens serão os instrumentos".
Chegamos ao término de nossa garimpagem que abrangeu
também "O Livro do Médiuns" e "O Céu e o Inferno", os
quais, dada a natureza de seus objetivos, não registraram
nada de significativo que se relacionasse com o tema objeto
do nosso escrutínio.
É hora das conclusões, do arremate, que a reflexão sobre os
achados conduzirá a todos os que porventura nos lerem,
cada um de acordo com o seu pensar e o seu sentir, no
usufruto dessa liberdade de pensamento que é o apanágio da
nossa Doutrina Redentora, respeitados os princípios eternos
que a sustentam, transparentemente codificadas pelo excelso
companheiro Kardec.
O próprio Kardec nos diz em A Gênese - Caráter da
Revelação Espírita, item 13: "(...) porque a Doutrina não foi
ditada completa, nem exposta à crença cega: porque é
deduzida, pelo trabalho do homem, da observação dos fatos
que os Espíritos lhe põem sob os olhos e das instruções que
lhe dão, instruções que ele estuda, comenta, compara, a fim
de tirar ele próprio as ilações e aplicações. Numa palavra, o
que caracteriza a revelação espírita é o ser divina a sua
origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração
fruto do trabalho do homem".
As revelações do Espírito da Verdade e as interpretações
raciocinadas e inspiradas de Kardec, ao longo de todo este
trabalho de compilação nas fontes doutrinárias, garantem, ao
nosso ver, que está em curso crítico o processo de
submissão desta humanidade aos flagelos e cataclismos
destruidores inseridos na Lei Universal do Progresso como
instrumentos de transformação acelerada que fará ascender
o nosso orbe de expiação e provas ao patamar superior de
planeta de regeneração.
A iminente e rápida intervenção dessa Lei se faz mister
diante da degradação moral e social que está empurrando a
sociedade humana para abismos insustentáveis que ameaçam
sua sobrevivência. Há que mudar o estoque de espíritos
encarnados e desencarnados, com urgência, para que
predominem os predispostos ao bem, com amor nascente ao
próximo, e essa mudança qualitativa só poderá ocorrer com
o expurgo dos espíritos endurecidos no mal através dos
desencarnes que acionem as emigrações massivas.
A ênfase do Espírito de Verdade e de Kardec nos
cataclismos de ordem moral que serão provocados pelo
homem no processo de transformação dão uma idéia clara
da gravidade da agressão humana ao ambiente físico e à si
própria.
Sinais dessa deterioração já foram expostos à saciedade para
quem os quiser ver. O homem mesmo é, também, agente de
flagelos destruidores nesta prova planetária, capaz de tudo,
alimentado pelo ódio e pela cobiça, de cujo resultado não se
excluem conflitos monstruosos que assolem continentes
inteiros.
É possível que, muitos, como nós mesmos, se perguntem
porque o Consolador não foi mais explícito, "dizendo todas
as coisas" a Kardec, definindo a priori e de vez o que
ocorrerá e pondo cobro a todas as especulações que dividem
os estudiosos entre a renovação das almas gradual e lenta ao
longo dos séculos e a intervenção da Providência divina?
Mas, reportando-nos às 3 revelações capitais, qual delas disse
tudo? Moisés nos trouxe, com a 1º Revelação, o Decálogo, a
Lei de Justiça, o não fazer-se mal ao próximo. Mas o
Pentateuco Mosaico já mencionava isoladamente no
capítulo 19:10 do Levítico o "amarás a teu próximo como a
ti mesmo". No entanto, foi preciso esperar 1500 anos para
que, com a vinda do Messias do Mandamento Maior, nosso
amado Mestre Jesus, se inaugurasse a Lei do Amor, por Ele
vivida até as últimas conseqüências. Nesta 2ª Revelação,
tampouco o Cristo pode dizer tudo porque os homens não
poderiam suportar novas revelações por não estarem
preparados. E anunciou Jesus a 3ª. Revelação, o Consolador,
a doutrina redentora do Espiritismo, que nos ensinaria todas
as coisas. E, efetivamente, no início da 2ª metade do século
19, instalou-se a era do Consolador, sob a égide de Espírito
da Verdade e tutela do Cristo, codificadas suas revelações
por Kardec, que são as que foram objeto de nosso escrutínio
neste artigo, datadas de século e meio atrás.
Naquele período portentoso, a plêiade de espíritos, Kardec e
seus amigos encarnados estavam incumbidos da missão
sacrossanta, grandiosa e vital para o futuro da humanidade
de anunciar e a transmitir o código de princípios e
revelações que veio, vem e virá, cada vez mais, lançar as
luzes redentoras para auto-libertação do homem das garras
do egoísmo, do orgulho e da vaidade, com a implantação do
reino da paz no seu coração e da fraternidade no mundo do
3º milênio.
Essa missão, já difícil por si mesma, num mundo onde
imperavam tantas forças antagônicas, teria criado um
perigoso obstáculo a mais, que poderia solapar seus
propósitos se viesse a correr o risco de, por anunciar
simultaneamente a ocorrência espantosa e próxima do fim
dos tempos e do juízo final, ser rotulada como mais uma
seita milenarista, apocalíptica, messiânica, não digna daquele
crédito e confiabilidade que a Nova Doutrina não poderia
jamais prescindir naquela época crucial.
Por isso, a nosso ver, as abordagens do tema em questão
pelo Espírito da Verdade e Kardec foram revestidas de
aparente indeterminação, porque a hora não era chegada
para conscientizar a humanidade. Cremos que esta tarefa
ficou para estas nossas décadas, perto de um século e meio
depois, com a Doutrina já implantada e em expansão, com
um perfil filosófico, religioso e científico firmemente
estabelecido e reconhecido pelo mundo contemporâneo, "às
portas" do espantoso acontecimento. Kardec, em "O
Evangelho Segundo o Espiritismo - Introdução - Objeto
desta obra - Comprovação Universal do Ensino dos
Espíritos", nos orienta no seguinte: "(...) Os Espíritos
Superiores procedem com extrema prudência em suas
comunicações: só gradativamente é que abordam as grandes
questões da doutrina, à medida que a inteligência se torna
apta a compreender verdades de ordem mais elevada e
quando as circunstâncias são propícias à emissão de uma
idéia nova. Por isso, nem tudo disseram de começo, nem o
disseram ainda hoje, jamais cedendo às instigações de
pessoas demasiado impacientes que querem colher o fruto
antes de maduro. Seria, pois, supérfluo querer antecipar o
momento designado pela Providência para cada coisa,
porque então os Espíritos verdadeiramente sérios negam
terminantemente seu concurso".
Queremos concluir este trabalho aludindo à parábola de
Jesus sobre os trabalhadores da vinha, que foi intitulada
como "Os trabalhadores da última hora", em que um espírito
instrutor em "O Evangelho Segundo o Espiritismo"
interpreta os operários chegados à primeira hora como os
profetas, Moisés e sucessivamente os apóstolos, os mártires,
os Pais da Igreja, os sábios, os filósofos e por fim os Espíritos
(da grande plêiade do Consolador), os últimos a chegar e,
por extensão, os espíritas e todos os homens de boa vontade,
que consolarão e assistirão a humanidade invigilante na hora
crucial que se avizinha e na reconstrução do novo mundo
de fraternidade.
A expressão "última hora" associada a tarefas da última hora,
a trabalhadores da última hora, não pressupõe vinculação
com um processo ou etapas que se sucedem gradual e
lentamente umas às outras, mas, ao contrário, impregna-se
de um sentido emergente de ultimação, de desfecho
iminente. Esta parábola ganhou uma motivação, um apelo
poderoso na seara dos trabalhadores espíritas, como
mensageiros das luzes doutrinárias para iluminar as almas
desgarradas na derradeira oportunidade antes que o Dia do
Senhor nasça no horizonte do planeta.
NEXOS PROFÉTICOS

Evidência dos vínculos precursores nas 1a, 2a e 3a
Revelações judaico-cristã-espíritas desvela o próximo passo
da humanidade.

Antes de entrarmos em matéria, queremos esclarecer que
escolhemos a palavra nexo para título deste tema com o
propósito deliberado de a utilizarmos nos seus dois sentidos
etimológicos: o de conexão, vínculo, ligação, união e o de
coerência, pois a ambos buscaremos aplicar nas reflexões
que abrangem o tema expresso no subtítulo.

NEXO PRECURSOR NA 1A REVELAÇÃO

No Livro do Êxodo, 20:1 a 17 do Pentateuco Judaico
(Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio), o Alto
revelou, através de Moisés, o Vidente do Sinai, o Decálogo,
os Dez Mandamentos, a que a Doutrina Espírita denominou
de Lei de Justiça ou Primeira Revelação, onde os três
primeiros mandamentos são de adoração a Deus e os seis
últimos determinam não fazer mal ao próximo, proibições
destinadas àquela humanidade primitiva, associadas à visão
de um Deus terrível e castigador que coibisse a prática do
mal.
A evidência, o primeiro vínculo precursor que estabeleceu a
conexão com a 2a Revelação, o Evangelho de Jesus e por
Jesus, está representado no Levítico, capítulo 19:10, onde,
com todas as letras, se lê o "Amarás ao teu próximo como a
ti mesmo". Este "próximo" teve, por séculos, a interpretação
oral, comum e prática por parte dos judeus como sendo
apenas os integrantes do seu povo, excluindo os demais
povos, quase sempre inimigos da nação hebréia e a desafetos
pessoais que ficavam sujeitas à Lei de Talião, olho por olho,
dente por dente.
Quinze séculos se passariam para que este nexo precursor
tivesse "o seu tempo chegado", com a vinda do amado
Mestre Jesus, o qual, ao afirmar que "não tinha vindo para
destruir a Lei, mas para cumprí-la", uniu, pela primeira vez,
o mandamento do "amor a Deus" no Decálogo do Livro do
Êxodo ao "amor ao próximo" no Levítico, igualando-os,
pondo-os no mesmo nível, criando o Mandamento de
Amor, a mais sublime versão da Lei do Amor Universal, que
Ele próprio viveu até as últimas conseqüências para nos
ensinar o caminho da nossa própria redenção:
"Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda
tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o maior e o
primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é:
Amarás a teu próximo como a ti mesmo. Destes dois
mandamentos dependem toda a lei e os profetas". (Mateus,
7:12).
Não mais abster-se de fazer o mal ao próximo, mas só lhe
fazer o bem sempre e irrestritamente. Amar ao próximo é,
portanto, amar a Deus porque o próximo, nosso irmão, é
filho do Criador tanto quanto nós. Jesus, assim, nos ensinou
que a melhor forma de amar a Deus é amando suas criaturas,
o próximo.
Imprescindível mencionar, com forte ênfase, nestas
primeiras reflexões, os nexos proféticos entre o Velho e o
Novo Testamento expressos pelas profecias sobre a vinda do
Messias que se fizeram presentes no Velho Testamento
desde 800 a.C., com Miqueias, passando, entre outros, por
Isaías (740-700 a.C.), Jeremias (626 a.C.), Zacarias (520 a.C.),
Daniel (500 a.C.), Malaquias (500-450 a.C.), Salmos de
Salomão (escritos em 50 a.C.) e Zoroastro (1200 a.C. - Zend
Avesta). Oitocentos anos de revelações proféticas fielmente
ratificadas, na curta passagem de 33 anos do Mestre dos
Mestres há cerca de 20 séculos na Palestina, retratadas nas
páginas imorredouras dos Evangelhos de Mateus, Marcos,
Lucas e João.

NEXOS PRECURSORES NA 2a REVELAÇÃO

Os estudiosos de nossa Doutrina dividem a materia contida
nos Evangelhos em 5 partes: O ensino moral, as profecias
que anunciam o Cristo e as que o Cristo anunciou, os assim
chamados milagres e as curas, as palavras que serviram para
o estabelecimento dos dogmas da Igreja e os atos ordinários
da vida do Cristo.
O ensino moral, que tem subsistido inatacável e imperecí-
vel, aceito por todas as denominações cristãs,
consubstanciado no Mandamento Maior, a Lei do Amor
Universal, máxima sublime e definitiva, desenvolvido nas
parábolas e demais ensinos, representou o ápice da missão
terrena do Cristo, roteiro luminoso da redenção do ser
humano, consagrado no sacrifício do Gólgota, expresso
indelevelmente no "tome a tua cruz e segue-me" para toda a
humanidade.
Jesus-Messias, Governador Espiritual desta humanidade, o
mais elevado dos espíritos missionários que encarnou neste
planeia, homem-luz e luz dos homens, espírito angélico
colaborador de Deus-Pai na obra majestosa de ascensão da
raça humana, é o vínculo supremo que une a 2a Revelação
com a 3a Revelação, pois Dele derivam, pelo Evangelho,
todos os nexos coerentes que prenunciam, antecipam, o
caráter, os princípios e a missão renovadora do Consolador
por Ele mesmo prometido, o Espiritismo Consolador do
Cristianismo redivivo, advindo da plêiade colaboradora do
Espírito da Verdade, sob a tutela do Amado Mestre,
codificado pelo excelso espírito que se auto-chamou Allan
Kardec: "Se me amais, guardai meus mandamentos e eu
rogarei ao meu Pai e Ele vos enviará outro Consolador para
que fique convosco eternamente, o Espírito da Verdade, (...)
que vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o
que vos tenho dito" (João, cap. 16, vers. 7 a 14).
Vejamos os nexos associados à Promessa do Consolador, que
prepararam o advento da Doutrina Espírita cerca de 19
séculos depois, e que o Cristo fez entrever na sua Boa Nova:
1. A Lei da Reencarnação ou a Pluralidade das Existências
"(...) (Jesus) Elias certamente há de vir e restabelecerá todas
as coisas: digo-vos, porém, que Elias já veio, e eles não o
conheceram, antes fizeram dele quanto quiseram. Assim o
Filho do homem há de padecer em suas mãos. Então,
conheceram os discípulos, que de João Batista é que Ele lhes
falará" (Matheus, 17:10-13).
Reputamos esta passagem a mais explícita entre as que
aludem à reencarnação, clara, direta, patente, não admitindo
outra interpretação que não seja a pluralidade das existências
do espírito humano (cite-se também a passagem com
Nicodemus sobre o "não pode ver o Reino de Deus, senão
aquele que renascer de novo" - João 3:1-2). No entanto, 19
séculos se passaram para que a Lei da Reencarnação tivesse a
"sua hora chegada" com a eclosão dos fenômenos
mediúnicos, em meados do século 19, anunciados também
por Joel e citados por Pedro, nos Atos do Apóstolos:"(...) nos
últimos tempos, diz o Senhor, derramarei do meu Espírito
sobre toda carne; vossos filhos e filhas profetizarão (...)", que
trouxeram à humanidade as Verdades Maiores do
Consolador Prometido, a 3a Revelação, a Doutrina Espírita.

NEXOS PRESENTES NA 3a REVELAÇÃO

Kardec, entre outras jubilosas missões, investigativo,
coerente, bom senso encarnado, científico, estabelece, pela
primeira vez na história da humanidade, os princípios
práticos, a metodologia segura, as normas sadias e prudentes
da comunicabilidade, através do exercício da mediunidade,
entre encarnados e desencarnados, em ambos os planos da
vida e que é uma das contribuições genuínas e próprias da 3a
Revelação.
2. Pluralidade e Hierarquia dos mundos habitados — A Lei
da evolução.
"(...) Não se turbe o vosso coração. Crede em Deus, crede
também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas: se
assim não fora eu vô-lo teria dito (...)" João 14:1-3.
Este nexo precursor encontrou na 3a Revelação uma
resposta multíplice portentosa, inédita, nos campos da
filosofia, ciência e religião, avançaclíssima para o século de
Kardec e até hoje desafiante. As revelações codificadas por
Kardec, oriundas dos Espíritos Superiores, sob a égide do
Cristo, assim como as contribuições subseqüentes
igualmente recebidas até hoje por via mediúnica, afirmam e
reafirmam que a casa do Pai é o Universo e suas diversas
moradas são os mundos que circulam no espaço infinito
oferecendo aos espíritos encarnados os lugares adequados ao
seu adiantamento. E aos desencarnados na erraticidade
estendem-se os planos espirituais numa imensíssima gama
vibratória que os agregam consoante seu nível evolutivo.
Enquanto a ciência, que invariavelmente sucede à revelação,
incrementa nesta segunda metade do século 20 suas
incursões na busca, pelo espaço, de um átimo de vida
primeva, a doutrina insiste na existência corpórea de vida
inteligente, a qual nos será dado conhecer quando
ostentamos aquele grau evolutivo crístico que não venha a
causar dano ao concerto harmonioso dos mundos exteriores.
A 3a Revelação sancionou há 14 décadas a Lei da Evolução,
anímica, pela progressão da centelha divina, dação de Deus,
pelos reinos mineral, vegetal, animal, homínida e humano a
caminho da angelitude, e coletiva, cósmica, pela
categorização e hierarquização cios mundos e humanidades,
corpóreos e não corpóreos, desde as trevas, umbrais e
crostas dos mundos primitivos e de expiação e provas, aos
mundos transitórios, regeneradores, felizes, celestes, numa
sucessão ascendente de aproximações progressivas à
Suprema Divindade. Todas estas contribuições são genuínas
da 3a Revelação e são abundantes em todas as obras da
Codificação Kardecista e nas obras complementares que na
sucessão dos tempos tem enriquecido a Doutrina (e assim o
será continuamente) ao assimilar sob o crivo dos inalienáveis
princípios básicos do Espiritismo as crescentes conquistas do
gênio humano em todos os campos do conhecimento.

NEXOS PROFÉTICOS QUE DESVELAM O PRÓXIMO
PASSO DA HUMANIDADE

1. A Lei de Causa e Efeito ou de Ação e Reação
A tônica presente nos Evangelhos, em parábolas, passagens,
episódios e ensinos é a de que "a cada um será dado de
acordo com suas obras", fazendo a criatura responsável pelos
efeitos de seus pensamentos, palavras e obras e sendo por
eles julgada, redenta ou penalizada, em decorrência da sua
liberdade consciencial de escolha, tendo como régua de
medida o Mandamento Maior de Jesus, que expressa a Lei do
Amor, que é a presença da Suprema Divindade no Universo
e nos seres.
Emana dos ensinos do Mestre, e isto é capital, que a
Misericórdia Divina, expressão do seu Amor Infinito por
suas criaturas, prioriza a Lei do Amor sobre a Lei de Justiça
ou de Causa e Efeito instrumentando esta,
deterministicamente, para que, ao longo do evos, "haja um
só rebanho e um só pastor" e que "o pastor não descansará
enquanto não trouxer para o seu redil a última ovelha
desgarrada". E essa instrumentação nós, humanos, a
conhecemos muito bem, que é catarse, a praxis da dor que
vai conscientizando as almas ao longo das vivências
sucessivas, dos juízos gerais, em mundos e planos diversos, a
se submeterem livremente à única Lei que traz a redenção
perene, a Lei de Amor.
A incorporação da ancestral Lei de Causa e Efeito aos princí-
pios doutrinários espíritas foi a resposta da 3a Revelação ao
espírito evangélico dai redenção pelas obras, Lei cujo
mecanismo divino, contido no conceito "a semeadura é
livre, a colheita obrigatória", síntese magistral da interação
livre-arbítrio e determinismo, rege, administra, o
comportamento e a evolução dos seres em todos os mundos
do vasto Universo. Submetidos coletivamente a esta Lei
estão, igualmente os povos, as nações e os orbes
impermeáveis à Lei do Amor, que os atinge
inexoravelmente com transformações depuradoras e
subitâneas de caráter apocalíptico.
2. Derradeiros nexos crísticos precursores na 2a Revelação
São eles: A parábola do Joio e do Trigo, os Sinais
Precursores, O Fim dos Tempos, o Juízo Final (onde se
encontram as profecias de Jesus) e a parábola sobre os
trabalhadores da última hora, nexos iodos já comentados no
tema "A última profecia de Jesus". Queiram os leitores
reportarem-se a esse tema para recordarem os esclareci-
mentos ali presentes.
Estamos vivendo os 143 anos da Era Espírita da 3a
Revelação, a começar do lançamento de "O Livro dos
Espíritos", ao qual se seguiram os demais quatro da
Codificação, outros adicionais de Kardec, inaugurando o
início da comunicabilidade inter-planos pela qual se
derramaram e até hoje seguem derramando-se inumeráveis
mensagens e ensinos de entidades vinculadas à expansão da
Doutrina, trazendo revelações, orientações complementares,
enriquecedoras da pedra angular kardequiana sobre a qual se
amplia, soberana, a obra do Consolador Prometido.
Em decorrência, já sabemos despojar, das parábolas e
profecias do Mestre Jesus, toda a parafernália alegórico-
divinizante, imperativa para a credibilidade naquelas épocas
e para aqueles povos. Já sabemos, à luz dos parâmetros
doutrinários, liberar, cristalino, o cerne da essência
revelatória crística, ou melhor dizendo, o nexo
prenunciador que o Cristo nos quer comunicar há dois
milênios do próximo passo da humanidade: o já, agora,
inevitável, evento apocalíptico planetário, que não será o
Fim dos Tempos, nem o Fim do Mundo, nem tampouco o
Juízo Final de sentença eterna, mas a hecatombe, um
fenômeno justo e imprescindível, que porá abaixo as
estruturas malsãs desta civilização deletéria, promovendo a
depuração do "joio e do trigo", para que as almas do bem
reencarnem para reconstruir, sob o signo da fraternidade um
mundo que não mais será de expiação e provas, mas de
regeneração, para que os mansos, afinal, herdem a Terra.
E este último nexo precursor se espelha na 3a Revelação,
mais uma vez, com uma contribuição inédita no ciclo
revelatório-profético que une as três revelações, como fio
condutor, entre os fios condutores entrevistos neste
trabalho, pelo qual e pelos quais a Providência Divina faz a
coerente tessitura prenunciadora dos destinos da
humanidade sob o augusto comando do único determinismo
divino que é o de nos elevar, respeitada a nossa liberdade de
semear, mas submetida à compulsoriedade da colheita, aos
paramos da angelitude, como colaboradores na condução do
Universo, dos mundos que o contém e das humanidades que
os habitam.
A 3a Revelação, portanto, como veremos a seguir, desvenda,
com pureza cristalina, (o que as duas anteriores não
explicitaram, pois não era chegado o momento) não só o
porquê dos eventos cataclísmicos, mas o mecanismo de que
se serve o Alto para realizá-los, sancionando-os ainda com a
revelação de acontecimento da mesma ordem, ocorrido em
outro planeta, que teve seu desdobramento atingindo a
nossa própria Terra quando era um mundo primitivo.
É na Codificação Espírita, mais especialmente em "O Livro
dos Espíritos", "A Gênese", "O Evangelho Segundo o
Espiritismo" e também nas "Obras Póstumas", que se
encontram essas revelações. Citaremos as mais categóricas:

A GÊNESE

Cap. XI. Gênese espiritual. Emigrações e imigrações dos
Espíritos.
36. Kardec: "Em certas épocas, determinadas pelas sabedoria
divina, essas emigrações e imigrações se operam por massas
mais ou menos consideráveis, em virtude das grandes
revoluções que lhes ocasionam a partida simultânea em
quantidades enormes, logo substituídas por equivalentes
quantidades de encarnações. Os flagelos destruidores e os
cataclismos devem, portanto, considerar-se como ocasiões
de chegadas e partidas coletivas, meios providenciais de
renovamento da população corporal do globo, de ela se
retemperar pela introdução de novos elementos espirituais
mais depurados. (...) As renovações rápidas, quase
instantâneas, que se produzem no elemento espiritual da
população, por efeito dos flagelos destruidores, apressam o
progresso social; sem as emigrações e imigrações que de
tempos em tempos lhe vem dar violento impulso, só com
extrema lentidão esse progresso se realizará. Neste texto
ficam explicitados o mecanismo e o objetivo da depuração.
No item seguinte "Raça Adâmica", 38 a 42, Kardec a
identifica como a raça espiritual provinda expulsa de outro
orbe, objeto de uma depuração cataclísmica, para habitar
este nosso planeta há multimilênios. Este evento foi relatado
80 anos mais tarde em detalhes na obra inspirada de Edgard
Armond "Os Exilados de Capela", estrela na constelação do
Cocheiro, em cujo sistema se encontra o planeta depurado.
Neste item se ratifica a aplicação do mecanismo, realizada
pela migração adâmica.


O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Livro Terceiro - cap. VI- Lei de Destruição - 2. Flagelos
destruidores.
737. Com que objetivos Deus fere a Humanidade com
flagelos destruidores?
"Para fazê-la avançar mais rapidamente. (...) Mas as
transformações por vezes são necessárias a fim de fazer
chegar mais rapidamente um melhor estado de coisas;
nalguns anos aquilo que exigiria séculos".
741. É dado ao homem conjurar os flagelos de que é vítima?
"Sim, em parte. Mas não como geralmente se imagina.
Muitos flagelos são conseqüências da imprevidência. (...)
Entre os males que afligem a humanidade, entretanto, uns
há que são gerais e estão no desígnio da Providência, e dos
quais cada um recebe, mais ou menos, o contra golpe. A este
não pode o homem opor senão a resignação à vontade de
Deus; (...)".
Livro Terceiro - cap. VIII- Lei do Progresso -1. Estado de
Natureza.
783. O aperfeiçoamento da Humanidade segue sempre uma
marcha progressiva e lenta?
"Há o progresso regular e lento, resultante da força das
coisas. Quando, porém, um povo não avança bastante
rápido, Deus o submete, de tempos em tempos, a um abalo
físico ou moral, que o transforma".
Nas duas leis acima fica claramente determinada a causa, o
porquê imperativo da eclosão do fenômeno apocalíptico.
Junte-se a estes últimos nexos proféticos, refletidos na 3a
Revelação, o estado de precipite desagregação ética que
contamina em vagas crescentes a sociedade humana,
ademais das insanas agressões levadas a cabo pelos homens à
natureza, e aí temos não mais sinais precursores, mas fatos
incontestes conduzindo o ameaçador desequilíbrio
planetário a um ponto de não retorno a menos que a
Providencia Divina interrompa esse curso de destruição
total, com uma intervenção dolorosa e preventiva que
higienize, purifique, espiritual e materialmente, o planeta
como um todo, expulsando todos os rebeldes à paz e à
fraternidade, para que os amantes da convivência pacífica e
solidaria reconstruam o novo mundo do 3o milênio.
Desvenda-se, assim, o próximo passo da humanidade, que
está "às portas". Busquemos pela adesão irrestrita ao
Mandamento Maior, tornar-nos trabalhadores da última
hora, socorristas na hecatombe, obreiros na longa
reconstrução e irmãos solidários na fraternidade da Paz no
mundo da regeneração.
Nós, espíritas sabemos da relevância que representa para a
nossa Doutrina redentora a profecia de Joel (610 a.C, cap. 3,
vers. 1-5), referida por Pedro em "Os Atos dos Apóstolos"
(cap. 2, vers. 17-21) e ressaltada por Kardec em "A Gênese",
como sendo "a predição inequívoca da vulgarização da
mediunidade", cuja eclosão teve seu início em meados do
século 19, que aqui queremos transcrever completa:
Vers. 17 e 18: "Diz o Senhor: Acontecerá nos últimos dias:
Derramarei meu Espírito sobre toda criatura. Vossos filhos e
filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, vossos anciãos
terão sonhos. Sobre meus servidores e servidoras derramarei
meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão".
Toda a ênfase da profecia recaiu, como não poderia deixar de
ser na época da Codificação, sobre esses dois versículos
(conforme explicamos em outro tema "O Fim dos Tempos
segundo a Codificação Espírita"). Vamos completá-la agora
com os versículos que lhe seguem, que dizem:
Vers. 19 a 21: "Farei prodígios nas alturas do céu e sinais na
superfície da terra: sangue, fogo e coluna de fumaça. O sol se
converterá em trevas e a lua em sangue, até que chegue o
Dia do Senhor, aquele grande e glorioso dial Então, quem
invocar o nome do Senhor será salvo".

REFLEXÕES

As investigações, contidas nesta obra, que levamos a cabo
visando obter um panorama estatístico religioso mundial e
brasileiro onde se inserissem, as informações quanto à
Doutrina Espírita, conduziram-nos a nos familiarizar mais
intimamente com os fundamentos doutrinários dos
principais credos religiosos da humanidade, de onde resultou
o que chamamos de pontos de compartilhamento fraterno
dessas denominações com o Espiritismo.
Este aprofundamento foi bem além do aspecto numérico-
estatístico e gerou em nós próprios uma gama de reflexões
que gostaríamos de compartilhar com nossos companheiros
de Doutrina para que possamos todos nós também nos
beneficiarmos das contribuições deles ao se manifestarem
sobre o tema.
1. A ciência nos fala dos ancestrais homínidas com os
primeiros bruxuleios de humanidade surgidos há cinco
milhões de anos, larguíssimo período evolutivo, onde, em
épocas bem recentes, pontilharam civilizações
desconhecidas, lendárias umas, reveladas outras, civilizações
históricas, nas quais o elemento religioso jamais esteve
ausente, sob as mais distintas formas. Nos temas anteriores
nos ocupamos das religiões que tiveram suas origens entre
5.000 e 1.400 anos atrás, a contar de hoje, enquanto que a
nossa Doutrina Espírita, embora compartilhando origens
judaico-cristãs de 5.000 anos, teve seu despertar há 143
anos, com a publicação do Livro dos Espíritos em 1857.
2. Hinduísmo, Budismo, Cristianismo e Islamismo levaram
de um e meio milênio a quatro milênios para dividirem
entre si perto de três quartos da humanidade de hoje.
Significativamente dividem entre si, há dezenas de séculos,
também espaços de superfície terrestre, preferenciais, onde
se encontram os seus núcleos mais numerosos. Os cristãos
no Ocidente - Europa, inclusive Rússia, e as Américas; os
islâmicos na Ásia e Africa setentrional; hindus na Índia e
budistas na faixa de países à beira do Pacífico - do Japão ao
sudeste asiático, incluindo os países aos pés do Himalaia.
Vemos que não só as religiões separam as criaturas, mas
também os espaços continentais. E, em alguns casos,
infelizmente, onde há contiguidade de fronteiras políticas
ou religiosas, estabelecem-se confrontos dolorosos.
3. Judeus, cristãos e islâmicos crêem num Deus
transcendente, imaterial, irrepresentável, misericordioso,
que governa o Universo e as criaturas, pela imanência de
Suas Leis Supremas e de Sua Providência. Deus, Javeh, Allá -
três nomes para a Suprema Divindade e cada um deles
dotado de exclusivismos separatistas insolúveis.
4. Hindus e budistas compartilham da lei do Karma e do
reencarnacionismo, porém, com enfoques doutrinários tão
próprios que acabaram criando comportamentos ético-
culturais tão díspares a ponto de até conformarem
civilizações bastante distintas.
5. Os cristãos, por sua vez, unidos em Jesus Cristo Messias e
no seu código moral expresso no Evangelho e na sua
sublime vivência, mas elevado à altura de Deus como
segunda pessoa da Trindade Santíssima, dividiram-se e
continuam a se dividir nos cismas ortodoxo e reformistas,
entrincheirados em barreiras dogmáticas e sacramentais de
dificílima superação, não obstante os louváveis
empreendimentos na área do ecumenismo cristão e geral.
6. As cisões, das quais tampouco escaparam hindus, budistas
e islâmicos, junta-se a enorme fragmentação do resto da
humanidade em centenas de cultos, crenças, filosofias, que
cada vez mais brotam nos cinco cantos do globo.
7. No Brasil, além das religiões tradicionais, catolicismo,
protestantismo, dividido em mais de 100 cultos,
ortodoxismo, com contração no tradicionalismo em geral, já
não mais atendendo os anseios e as angústias de larga porção
das criaturas, avançam o pentecostalismo e a renovação
católica carismática. Compõe o quadro global o
umbandismo, as seitas orientalistas, como Seicho-No-Iê,
crenças budistas, os islâmicos, rosacruzes, cultos da New
Age, esoterismo de várias matizes, teosofia, judaísmo,
maçonaria. Há, ao lado do materialismo expansivo e da
descrença, num polo, uma religiosidade crescente que busca
incontidamente, noutro pólo, novos caminhos de
plenificação espiritual. Assiste-se no campo das consciências
um processo planetário de fragmentação e polarização.
8. Voltemo-nos agora, para a nossa jovem e, ao mesmo
tempo, ancestral Doutrina Espírita, trazida pelo Consolador,
fruto da promessa e da tutela do amado Mestre Jesus, cujos
princípios e postulados fundamentais derivados das
revelações e das comprovações experimentais instituem:
Deus como causa primária de todas as coisas
A sobrevivência do espírito
A lei da reencarnação
A lei de causa e efeito
A comunicabilidade entre encarnados e desencarnados
A evolução progressiva
O código moral do Evangelho
Jesus como modelo para todos os homens
E acrescentamos os comentários de Kardec que definem o
Espírita: "Reconhece-se o verdadeiro espírita por sua
transformação moral e pelos esforços que faz para dominar
as más inclinações. O espírita tem o coração enternecido e a
sua fé é também à toda prova" (Evangelho Segundo o
Espiritismo).
Todos sabemos à priori que qualquer censo global que
venham as instituições espíritas a realizar, importante sob
todos os aspectos, no Brasil e nos países onde a Doutrina
esteja sendo praticada, quantificará uma ordem de grandeza
ainda sensivelmente minoritária, mesmo no Brasil, coração
do mundo e pátria do Evangelho e mesmo levando em
conta os simpatizantes sincréticos que acreditam
simplesmente na reencarnação. Somos, entretanto, uma
comunidade coesa, crescente, discreta, amorosa, que
respeita todas as crenças, pacífica, crística, que ampara e
recolhe no seio todos os náufragos da dor e os desiludidos
dos ouropéis do mundo e das crenças incompletas. E
estamos conscientes da missão do Espiritismo no Brasil e no
mundo sob a proteção do Alto.
É, nesta altura da argumentação, que pomos na mesa das
reflexões os comentários aqui feitos e os anteriores sobre os
Compartilhamentos Fraternos. Somos a Doutrina que mais
pontos de contato tem com as grandes religiões e largas
faixas das minoritárias. São enlaces, intersecções de fé,
convergências doutrinárias, dotadas de enorme potencial de
união. São verdadeiras minas, reservas preciosas espirituais,
mas que estão ainda, neste fim de milênio, soterradas por
uma ganga multimilenar separatista de intransponível rigidez
dogmática, imobilismo consciencial, interesses criados,
intolerância, isolacionismo, onde o orgulho, a vaidade, o
egoísmo, a ignorância cultivada, soterraram também a
condição básica de união, que é a fraternidade universal,
entre todas as criaturas.
9. Já expusemos em outros escritos presentes nesta obra a
nossa convicção, fundamentada em contribuições sérias que
as tornam dignas da reflexão dos companheiros de ideal
abertos à análise construtiva, de que o planeta está maduro
para grandes, repentinas, próximas e dolorosas
transformações.
É, a nosso ver, a dor planetária, instrumento por excelência
utilizado pela Justiça Divina para sacudir as almas da letargia
espiritual, proveniente da comoção geral que porá por terra
todas as estruturas malsãs da nossa civilização do desfrute
insano, a que desintegrará a ganga maligna e fará aflorar,
enfim, libertas, aquelas gemas preciosas do patrimônio
divino ofertado à humanidade. Depurado este planeta dos
inimigos contumazes do Amor, da Paz, da convivência
fraterna e habitado por reencarnações de criaturas aderentes
ao bem, abertos os seus olhos espirituais pelas lágrimas da
dor universal, promotora da fraternidade, fermento da
reconstrução da terra em bases solidárias, aí, então, se tirará
proveito, com liberdade e igualdade sob a égide dessa
fraternidade, não só do acervo acumulado pelo labor
humano técno-científico sem privilégios odiosos, mas,
acima de tudo, daquele patrimônio de verdades universais
que unirá todas as religiões, independente de rótulos.
E será na hora da dor e da longa reconstrução que a
Doutrina Espírita realizará a sua missão planetária de união
redentora!
Os espíritas tornar-se-ão os trabalhadores da última hora,
primeiro como socorristas da hecatombe, segundo como
obreiros na longa reconstrução e terceiro como irmãos
solidários na fraternidade da Paz no novo mundo da
regeneração.
A POSTURA DO ESPÍRITA FRENTE ÀS PREDIÇÕES

Estimados companheiros do ideal espírita.
Estamos todos, espíritas e não espíritas, e profitentes de
outras crenças, que tem nos seus Livros Sagrados
indicadores sobre futuras e grandes transformações
planetárias, diante de duas alternativas, encruzilhados todos
à frente de duas correntes antagônicas de pensamento:
1a - Não haverá cataclismos, nem hecatombes, nem
catástrofe do gênero dito apocalíptico. A evolução dos seres
e do planeta se dará de forma linear e ascendente com
depuração progressiva das almas e das instituições e exclusão
para outros orbes dos rebeldes através do processo contínuo
e natural da mortalidade individual. Não se excluem
oscilações nessa linearidade, dada a natureza humana, mas
sem radicalidades apocalípticas.
2a - Haverá um cataclismo planetário, a exemplo de Capela e
da Atlântida, que poderá ser de ordem geológica e/ou
astronômica e/ou humana, que destruirá grandes áreas e
grandes contingentes humanos, preservando bolsões de
sobrevivência para a reconstrução. Em conseqüência, se
dará a separação acelerada das almas e o êxodo dos rebeldes
em massa para outros orbes, iniciando-se o labor do
erguimento da nova civilização da regeneração humana na
Terra com almas mais depuradas e detentoras de virtudes
fraternas efetivas e em afloramento.
Nesta altura, gostaríamos de trazer algumas máximas
recolhidas em leituras, pois os aforismos costumam
estimular reflexões sobre temas como as antíteses acima
expostas.
"Quando se aborda o futuro, nada pode ser provado" (1)
"A trama temporal do futuro é movediça e que não há
destino, apenas potenciais" (1)
"O futuro não está na realidade. O passo acima, o novo
patamar não está na realidade, está, sim, acima da realidade.
A seqüência evolutiva tem de ser "criada" e não reproduz ou
copia os moldes da realidade" (2)
"Caminante, no hay camino. El camino se hace al
caminar"(3)
As inferências derivadas dessas sentenças são as de: que nada
pode ser provado em materia de futuro; que a colheita desta
humanidade prevaricadora (o seu destino) pode ser mudada
se houver mudança de comportamento em tempo hábil,
desde que ela crie, na potencialidade futura, por uma contra-
ação espontânea e auto-regeneradora, uma nova
configuração de efeitos favoráveis, que resultaria na
suspensão do resgate cataclísmico, uma vez que o que essa
correção pretenderia já se operaria a priori (o amor apagando
a multidão dos pecados).
Aqueles mesmos que vaticinam a ruptura apocalíptica
certamente ficariam felicíssimos que esse cálice amargo não
viesse a ser tomado pela humanidade. É dever permanente
nosso manter o otimismo e a esperança e o trabalho
incessante na senda do bem.
Qual é, então, a atitude que se recomenda ao espírita? O
espírita vem sendo educado há tantas décadas quanto as do
surgimento do Espiritismo
— à Doutrina que matou a morte no nada ou no juízo
eterno e inapelável;
— à imortalidade do espírito a todas as encarnações e
desencarnações, sejam individuais ou coletivas, seletivas ou
massivas;
- à ética da dor redentora que gera o amor que apaga a
multidão dos pecados graças à sublime misericordia da lei de
causa e efeito;
- à adesão à moral do Cristo e à reforma íntima, fontes do
amor que dissolve os compromissos depuradores;
- ao infinito amor do Pai que provê infinitas oportunidades
de redenção a todos os seus filhos sem distinção alguma.
Se o espírita está se preparando para enfrentar os sucessivos
juízos da Lei a cada partida para a Espiritualidade, está apto
para enfrentar tanto um evento devastador quanto uma
escalada linear.
O seu conhecimento da Verdade Maior e o seu
comportamento serão o seu salvo-conduto, mesmo que tudo
desabe à sua volta, para renascer e renascer continuamente
na Terra e participar da edificação de um mundo melhor
onde a Fraternidade e a Paz sejam realidades universais.
O espírita pode e deve ser um intimorato praticante do amor
incondicional no aqui, no agora e no sempre, face a
qualquer evento externo, protegido pela couraça
inexpugnável do bem.

GOTAS DE LUZ NO COTIDIANO DA VIDA

Quem lhes escreve é trabalhador no Núcleo Espírita
Assistencial Paz e Amor, filiado à FEESP, e há vários anos
participamos como passista na sala onde o nosso bondoso
companheiro Marcial Jardim recebe o espírito Dr. Karl, há
20 anos, que foi um médico alemão no passado e a quem
todos chamam carinhosamente de Dr. Cal.
Têm sido anos de inestimáveis experiências no campo da
caridade proporcionadas pela atuação deste dedicadíssimo e
incansável amigo espiritual. As lições de pedagogia espiritual
que passistas e assistidos dele recebemos, envolvidos numa
aura de grande amor ao próximo, associadas à pedagogia
técnica sobre os mecanismos de inter-relação entre corpo
físico e corpos astrais, tem sido uma escola superior de
espiritualidade e de incentivo a nossa própria
espiritualização.
Os trabalhadores que lá estamos em missão de caridade ao
próximo, somos, como os assistidos, alcançados pelos
aconselhamentos, com certeza, porque deles tanto ou mais
que eles os necessitamos para a nossa própria renovação.
A fim de que os ensinamentos do Dr. Karl não ficassem
circunscritos a passistas e assistidos tornamo-nos seu
cronista para divulgá-los aos freqüentadores através do
boletim da casa "Estamos Aqui", criado e produzido pelo
companheiro Alexandre Ferreira. Graças a ampla
receptividade e significativo aproveitamento decidimos
incluir os ensinamentos nesta obra para que um público
mais dilatado usufruísse do que intitulamos gotas de luz no
cotidiano para fortalecer-nos nos indispensáveis desafios que
a vida nos apresenta para nossa transformação espiritual na
busca da paz interior e da concórdia com nossos
semelhantes.

ENSINAMENTOS DO DR. KARL

Ao longo dos anos que participamos como passistas na sala
onde nosso confrade Jardim incorpora o espírito Dr. Karl,
médico alemão no passado, recolhemos episódios e
mensagens edificantes, comoventes, instrutivas. Eis, em
seguida, nas próximas páginas, alguns ensinamentos que
certamente iluminarão nosso espírito e fortalecerão a nossa
fé.

TESTEMUNHO E MUDANÇA

Dr. Karl, falando àquela paciente valorosa, com câncer
avançado (que viria a desencarnar), sofrendo da enfermidade
e do tratamento quimio-rádio-terápico e que, numa outra
ocasião havia dito que "a vida é maior do que a dor"
(conscientemente ela punha a Vida Imortal acima das
contingências dolorosas e redentoras da vida terrena), assim
se expressou: "Se nós pudéssemos ter tirado uma radiografia
do seu corpo e outra do seu perispírito quando você chegou
aqui pela primeira vez e se, agora tivéssemos feito a mesma
coisa, ver-se-ia, claramente, que enquanto você suportou
valente e resignadamente as tuas dores, sem revoltas,
iluminada pela Doutrina e abrigada na sombra consoladora
do Cristo, o teu perispírito ganhou luminosa fulguração,
plenificou-se de radiosa luz".
Falava-se de uma assistida que viera no passado socorrer-se
no Núcleo, assoberbada por dolorosos problemas. Perguntou
o Dr. Karl: "E ela como está passando agora?" "Está muito
bem", responderam. "E os problemas dela?", voltou a
perguntar o Dr. Karl. "Ah! Os problemas continuam!". "Se os
problemas continuam e ela, que estava mal, está bem, foi
ela, então, que mudou!", concluiu o Dr. Karl. Aí está,
podemos arrematar, a chave do existir humano. Mudarmos
nós para administrarmos os problemas cujo objetivo é nos
mudar. E a nossa Doutrina é sábia e mestra na orientação
que nos oferece para as imprescindíveis transformações
íntimas.
O Dr. Karl é um espírito jovial, entre muitos outros atributos
de bem, que alegra o ambiente e as pessoas com as suas
tiradas engraçadas, de um humor singelo, puro e cristão.
CONSELHOS E ALERTAS

Lembramos a resposta que ele dá às pessoas que,
aconselhadas a não comer carne para melhorarem nos seus
problemas de saúde, perguntam se podem comer carne
branca: "Porquê? Carne branca é legume?".
É muito pródiga a imaginação do Dr. Karl quando ele busca
episódios e exemplos da vida cotidiana, da experiência nossa
de todos os dias, dos nossos comportamentos naturais, para
ilustrar esclarecimentos ou elucidações dadas aos pacientes
para infundir-lhes práticas e impulsos saudáveis de conduta a
bem do físico e do psíquico. Lembram os exemplos simples
e convincentes que Jesus usou nos Evangelhos.
Além disso, muitos são os conselhos e os alertas, como por
exemplo:
"As criaturas muito pessimistas tendem a ser mal humoradas
e irritadiças e seus corpos vivem acossados de dores
generalizadas".
"Sentimentos impróprios, emoções negativas, impulsos
raivosos percorrem o nosso corpo como se caminhassem
pelo sistema circulatório, atingindo áreas enfraquecidas e a
repetição sistemática vai gerando doenças orgânicas".
"Quando o copo está cheio e vai cair, inexorável, a gota que
o transbordará, só resta uma medida: aumentar a capacidade
do copo".
Portanto, há que ampliar a nossa capacidade de tolerância,
perdão, paciência e compreensão.

PERDÃO E TOLERÂNCIA

Desta vez Dr. Karl nos preleciona sobre o tema "Perdão e
Tolerância". Há que distinguir perdão de tolerância; há que
se entender o ensino do Cristo sobre o perdão interminável
(70 vezes 7). O ato de perdoar significa verdadeiramente não
guardar jamais mágoa, ressentimento, rancor, nem revide,
compreender a imperfeição humana interminavelmente.
Interminável deve ser o nosso sentimento de piedade e a
nossa caridade de orar pelos que nos tem ódio, perseguem
ou caluniam ou que nos fazem mal, seja como for.
Perdoar, entretanto, não significa privar o faltoso
reincidente crônico do benefício educador do resgate, do
impacto disciplinador da lei de causa e efeito. O faltoso
consciente e senhor do livre arbítrio deve sofrer as
conseqüências dos seus atos incorretos, contrários à lei do
bem. Os excessos, as desobediências sucessivas, o
desaparecimento contumaz das preciosas oportunidades
oferecidas pela misericórdia divina através das criaturas de
bem, tem de ter um paradeiro, que é o limite determinado
pela tolerância. Este limite, se visivelmente ultrapassado,
especialmente pelos males que faz advir aos benfeitores,
exige que se entregue o faltoso à sua própria sorte, isto é,
que seja lançado no torvelinho da vida, à mercê de si
mesmo, para que, submetido às leis da vida, tenha, pelo
sofrimento, a oportunidade punsante do remorso, do
arrependimento, gerando as transformações redentoras. O
afastamento da cobertura protetora que, se persistida,
ganharia foros de conivência estéril, torna-se em ato de
caridade, de amor esclarecido, embora dolorido, pelo faltoso
pertinaz, sem deixar de haver perdão irrestrito, e legítima
piedade de parte dos benfeitores!!!

ATENÇÃO E PREOCUPAÇÃO

Voltando a consultar o nosso caderno de anotações, vamos
prosseguindo no propósito de estender a todos as lições de
caridade, amor e sabedoria que se registram no ambiente de
trabalho onde atua o nosso mui estimado Dr. Karl:
A propósito de uma mãe preocupada com os sintomas que a
filha (que havia sofrido longa e dolorosa enfermidade e ainda
sob cuidados médicos na convalescença) estava
apresentando:
Dr. Karl lhe disse: Uma coisa é atenção e outra é
preocupação. Atenção é perceber um sintoma e dele cuidar.
Preocupação é saber do sintoma e, ao buscar cuidar,
adicionar ao cuidado, a sobrecarga da preocupação, isto é,
atender com temor pelo futuro, com ansiedade. Vamos
atender e cuidar, deixando de lado a inquietação pelo porvir,
que a Deus pertence. Não disse Jesus: "Não andeis inquietos
pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã a si mesmo
trarã seu cuidado e que ao dia basta a sua aflição".
Dr. Karl lembra que "os passes e tratamentos espirituais, por
força de comando que o espírito exerce sobre a matéria,
promovem a desmaterialização de substâncias nocivas ao
corpo humano, desde que os imperativos da lei do carma o
permitam".
Dr. Karl nos diz que "constância e perseverança são as
virtudes que constroem o futuro; sem elas não há futuro".
Isto nos fez lembrar aquele desabafo conhecido "nada dá
certo na minha vida". E a verdade é que na maioria das
vezes as coisas não dão certo porque nós não fazemos as
coisas certas.

MOMENTO DA VERDADE SER DITA

Dr. Karl nos orienta sobre aquelas situações, muito
freqüentes, em que criaturas bondosas vão suportando em
atitude de ferido silêncio, resignado e compreensivo,
comportamentos inadequados de entes amados que vão
esmagando o coração dia após dia, gerando inquietação e
tristeza e que, a exemplo de cálices amargos sucessivamente
tomados, vão minando progressivamente a saúde das
criaturas.
Recomenda-nos ele que temos o dever de apontar os erros
desses comportamentos injustos, isto é, temos de enfrentar
esse momento da verdade, envolvendo-nos numa atmosfera
de grande serenidade e paz que suplicamos ao Alto, porque
esse apontamento é indispensável para que o infrator tenha
a chance de tomar consciência e refletir sobre seus atos e
suas conseqüências.
Uma vez isto feito, manter-se imediata e subseqüentemente
numa atitude fraterna, sem alimentar rancores,
ressentimentos, sem "cara feia". Com isto, alivia-se a tensão
emocional, e freia-se o avanço dos impactos negativos na
saúde, entregando-se doravante à escola da vida, à
misericórdia divina, que a ninguém abandona, e ao livre
arbítrio do infrator o destino que ele decidir escolher com o
seu inescapável resultado.

ENSINAMENTO SOBRE A DOR

Esclarece-nos o Dr. Karl que o Espiritismo, como alguns
possam imaginar ou querem fazer acreditar, não exalta, nem
enaltece e, muito menos, entroniza a dor como programa
obrigatório de sofrimento que se deve abraçar
permanentemente na vida encarnada. O Espiritismo faz,
sim, com absoluta clareza, compreender a dor e suas causas,
esclarecendo o seu papel de promotora das transformações
humanas para aquelas criaturas que não querem aprender a
se transformar pela prática espontânea do amor
incondicional "que apaga a multidão dos pecados".

Aos PAIS

Mais ensinamentos do nosso querido Dr. Karl para
iluminação do nosso espírito:
O amor, na palavra deste incansável trabalhador, é o
medicamento de todos os medicamentos: dos passistas para
o enfermo e deste para os que o assistem; porque o amor é a
força mais poderosa do universo e aquele que o cultiva faz
esplender, daquela centelha divina que o Criador em nós
colocou como alma, ondas de vibrações poderosas
renovadoras, refazedoras, balsamizadoras, curadoras.
Diz ele também que as vibrações, as forças de conforto,
amor, solidariedade, compaixão enviadas aos pacientes são
imediatamente preenchidas pelo Alto, com acréscimo de
alegria interior, pois esse mecanismo obedece à Lei
Universal do Amor, o que exemplifica bem aquela
conhecida frase: "é dando que se recebe".
Por outro lado, Dr. Karl quer esclarecer as pessoas,
especialmente mães e pais, que, diante das perturbações que
a vida apresenta fora do lar, povoam suas mentes com
temores e cenários sombrios quanto aos seus entes queridos
até o ponto em que, ao estarem com os filhos, ao peso
desses pensamentos, os pais se constrangem, emudecem,
geram até um auto-isolamento que bloqueia a comunicação,
o entretenimento, a convivência. Para os filhos que ensaiam
o seu ingresso imprescindível no fluxo da vida para seu
amadurecimento tolhem-se-lhes até as boas iniciativas. A
educação pelo exemplo, a atenção dos pais e o
aconselhamento indispensáveis nada devem ter a ver com
esse estado de espírito, que demonstra falta de confiança na
justiça e misericórdia divinas, que nada acontece que não
esteja sujeito às leis de causa e efeito, e que os filhos, como
os pais, são almas livres que vem com programas de vida, de
experiência e erro, inescapáveis e que para realizá-los tem de
forçosamente ingressar na corrente da vida. Por isso, há que
envolvê-los com pensamentos construtivos, com cenários
mentais positivos, com otimismo e alegria e co m uma onda
permanente de amor sem temor, plenificado pela fé
verdadeira no Amor eterno do Criador por todas suas
criaturas.

ARITMÉTICA ESPIRITUAL

Ao procurar esclarecer um jovenzinho simpático e
trabalhador sobre o valor do desprendimento dos bens
materiais e da prática da caridade junto aos seus colegas da
escola, o Dr. Karl deu-nos um precioso ensinamento de
aritmética espiritual, ao fazer uma analogia com a tabuada e
as operações elementares. Dr. Karl perguntou-lhe qual a
operação mais fácil. "Somar", respondeu ele. "E multiplicar?"
"Bom, multiplicar não é fácil, mas o que eu acho muito
difícil mesmo é dividir", desabafou o garoto. E, aí, o Dr. Karl
arrematou: "Especialmente quando se tem de dividir um
sanduíche, um doce, com quem está sem merenda, não é?
E aí veio a lição para o jovem e que, para os adultos,
traduzimos assim: Na nossa luta contra o egoísmo e a posse,
somar e subtrair para nós mesmos satisfaz o instinto,
multiplicar no bem requer um esforço incessante de reforma
íntima, mas dividir exige de nós uma luta difícil e sem
tréguas contra as nossas mais profundas inclinações
indesejáveis, ou seja, os nossos instintos de posse egoística
ainda remanescente no nosso íntimo das ancestrais lutas
pela sobrevivência no caminho evolutivo da humanidade da
animalidade para a racionalidade e, daí, para a sublimidade
dos sentimentos.
O ato cie dividir dá ao beneficiário da divisão, que nada tem,
a oportunidade de também multiplicar.

FIOS DESENCAPADOS

Numa outra analogia, que a mente fértil do Dr. Karl cria a
todo instante para facilitar o entendimento, como Jesus fazia
com suas incomparáveis parábolas, comparou ele os
impulsos instintivos, que se projetam fora de nós em atos
negativos sem controle para causar tantos males, a fios
elétricos desencapados do nosso sistema preventivo interior,
os quais, conectados inesperadamente à nossa herança
ancestral irracional, por qualquer evento externo que fere os
nossos melindres, susceptibilidades, orgulho, egoísmo, etc.,
desencadeia faíscas, choques, curto-circuitos de graves
conseqüências muitas vezes.
Há que se proceder gradualmente ao encapamento desses
fios pela transformação consciente dos impulsos instintivos,
hoje travestidos em orgulho, egoísmo, vaidade, ignorância,
com os isolantes dos sentimentos nobres de humildade,
tolerância, desprendimento, compreensão, perdão, amor,
enfim, que nos farão criaturas imunes aos estímulos
negativos que venham de fora para nos desequilibrar.

NÃO É POR AÍ

Podem haver pessoas que, pelo fato de freqüentarem sessões
espíritas, recebendo passes, ouvindo preleções, lendo livros,
esperem que bastará essa exposição aos ensinos da Doutrina
para que se opere, com o correr do tempo, a erradicação das
próprias imperfeições, dos defeitos, das más inclinações, de
tanto ouvir e de tanto concordar com os sublimes
conhecimentos adquiridos. Dr. Karl nos adverte que o
tempo irá passando, os compromissos assumidos do lado de
lá para consigo mesmo e o próximo vão ficando intocados e,
de repente, chega-se ao fim da vida com uma encarnação
perdida. O mesmo pode acontecer com as pessoas que
querem ser curadas, mas que não fazem nada para se curar.
Já diz a sabedoria popular que "do dito ao feito vai um
grande trecho" e o Alto nos assevera que "a fé sem obras é
morta em si mesma".
Sem nos empenharmos com firme vontade na nossa
"transformação moral, sem perseverarmos na luta incessante
contra as más inclinações, sem abraçarmos a caridade na
vivência com o nosso próximo", estaremos nos enganando a
nós mesmos. Voltaremos como viemos ou até pior!

FRASES DO DR. KARL
Todas as enfermidades são chamamentos para a
espiritualidade. Quem fala com amor a alguém está lhe
dando um passe de amor. O amor é o medicamento de todos
os medicamentos. O grande avanço não é ser
compreendido, mas compreender. Sem, constância e
perseverança não há futuro. A conscientização de um
defeito que nos passa a incomodar é o passo à frente para
começar a nos transformar.

PEGANDO NO BREU

Já falamos da imaginação criativa do nosso querido Dr. Karl
ao preceder a orientação espiritual, aos irmãos que o
procuram, com analogias, metáforas, alegorias extraídas do
cotidiano que lembram aquela abordagem luminosa das
parábolas sublimes que o amado Mestre Jesus nos legou.
Noutro dia, a propósito dos exaustivos esforços e escassos
resultados iniciais que obtemos na nossa luta pela iluminação
interior, trouxe-nos ele uma alegoria usando os balões dos
velhos tempos da infância, quando a turma punha a prumo o
balão, puxava cada gomo para abri-lo, abanava até cansar
para inflá-lo, embebia com um pouco de álcool a tocha,
acendia e, aquecido o ar no ponto, ia o balão sendo solto
com grande ansiedade e expectativa. A princípio subia bem
devagarinho até que, num dado momento, começava a
derramar gotas incandescentes. "Pegou no breu, agora vai".
Era o breu derretido que derramava rastros de luz abaixo.
Ganhava, então, um grande impulso ascendente e alcançado
pelas correntes de ar seguia o rumo das alturas.
Assim poderão sentir-se um dia, esclarecia o Dr. Karl, os
perseverantes vencedores dos primeiros e duros obstáculos
na jornada renovadora da vida, pegando no breu e, alçando-
se em missão soberana do bem, derramarem sobre as
criaturas as bênçãos do seu amor em luzes ardentes de
caridade e consolação.
Frase inspirada de um companheiro jovem, liberto do vício
da droga, a outro, ainda sofrendo do seu jugo: "Quando a
gente está pensando em Jesus, não comete erros".

NUTRIÇÃO DOS CORPOS

O corpo físico necessita de alimentação sadia e de hábitos
saudáveis para poder atender às exigências da vida material.
Assim também os corpos espirituais necessitam de alimento
não material para executarem as tarefas mentais e afetivas
que constituem o aprendizado das reencarnações. Não basta,
porém, ao corpo físico alimentação e hábitos sadios para ser
saudável. Se o espírito e seus corpos não forem saudáveis, o
corpo físico será atingido nos pontos vitais.
E o melhor alimento espiritual provém do ato de dar
incondicionalmente sem esperar absolutamente nada de
ninguém. É a caridade sem expectativa de retribuição, é o
amor sem esperança de recompensa do próximo, que é o
beneficiário de nosso ato de desprendimento. É, mais ainda,
continuar ofertando incessantemente, pois a Lei do Amor e
de Justiça, saberá abençoar-nos com a sua paz, a partir do
momento em que fizermos a nossa doação de fraternidade.
O amado Mestre Jesus disso nos assegura: "Não façais a
vossos semelhantes o que não quereis que se faça convosco.
Se ajustais a vossa vida a esse único princípio eterno e
baseais nele a vossa fé e esperança, eu vos digo, em nome de
Deus Onipotente que me assiste, que jamais vos faltará o
necessário para viver a vossa vida em paz e tranqüilidade.
Buscai o Reino de Deus e Sua justiça e tudo o mais vos será
dado de acréscimo. Amai-vos uns aos outros como eu vos
amei e meu Pai e eu iremos ao vosso encontro e faremos
morada nos vossos corações".
Dr. Karl há anos repete com afinco que a carne é
extremamente nociva para quem teve ou tem câncer. Ele,
literalmente, nos diz: "a carne é alimento do câncer". Por
decorrência, com relação às criaturas que, por fatores
genéticos, possam ter predisposição para a enfermidade,
deve a carne ser evitada. A classe médica já vem se
manifestando no mundo inteiro sobre a abstinência do uso
da carne como prevenção contra doenças.
A Vida Como Ela É

A vida como ela é! O que dela fazemos. Dr. Karl nos dá boas
lições sobre a condição humana, a problemática da vida e os
impactos existenciais.
Constantemente nos lembra que somos seres pertencentes,
pela imperfeição, a um mundo de expiação e provas, o qual,
segundo a Doutrina (citação do cronista), "é habitado por
almas vivenciadas, senhoras de liberdade e livre-arbítrio para
acertar e errar e que, pelo acumulo de erros, expiam suas
faltas, sofrem, tem provações e enfrentam a dor redentora.
A condição moral não condiz com a evolução racional. E
um mundo escola, prisão e hospital para as almas, submetido
a sucessivas hecatombes depuradoras".
Orienta-nos o Dr. Karl insistindo que temos de ter
consciência dessa realidade (espíritos endividados, mundo
expiatório) onde estamos inseridos, cujos eventos nos
atingem a todo instante de mil modos, e para os quais o
maior escudo protetor é o código da conduta espírita.
Senão, vamos acabar mergulhando num mar de queixas,
lamúrias, inquietações, decepções, agitações, para dizer o
mínimo, vindo de nós mesmos, da família, do trabalho, da
escola, da casa, do vizinho, do carro, da rua, dos filhos, do
governo, do clima, do corpo físico, etc., lembrando ainda
que nós mesmos também podemos ser agentes da
perturbação. Aí, damos adeus à paz!
Já que a vida é como ela é, temos de, a todo instante, as-
similar os fatos objetivamente, separar o essencial do
supérfluo, o emergencial do prorrogável, o resolúvel por nós
e o que não o é, e atuar firme no que nos incumbe, por
"pedra em cima" do que passou, esquecer, limpar mente e
coração e "vida prá frente".
É isso que da vida devemos fazer, tendo como régua de
medida para tudo a Lei Maior e como modelo o amado
Mestre. Vamos conquistar paz de espírito, vamos ter a
tranqüilidade para usufruir das coisas boas que possuímos e
das bênçãos que recebemos, das quais comumente não nos
damos conta, vamos bloquear toda a negatividade de dentro
e de fora, vamos ser mais úteis, otimistas, sadios e felizes,
tanto quanto nos permita este mundo expiatório. Vamos
vencer este mundo, como Jesus proclamou ao encerrar a sua
missão de luz entre os homens.

"DOU TRATO E CARINHO À MINHA MANEIRA"
Interpelado pelo Dr. Karl, esta foi a resposta de um pai
conturbado diante do filho que sofria as conseqüências de
um acidente provocado por si mesmo. Dr. Karl, compassivo,
procurou esclarecer que as "maneiras" revelam muitas vezes
personalismos incorretos incrustados na nossas atitudes
como o rigor exagerado nas críticas, a intolerância para com
os erros, o distanciamento afetivo. Reações dessa natureza
podem ser indicadoras das frustrações paternas frente às
ilusões criadas em relação ao desempenho dos filhos,
criaturas em aprendizado. O egoísmo, o orgulho e a vaidade
costumam intrometer-se nocivamente nas avaliações e
julgamentos.
Dr. Karl perguntou-lhe, então, quando fora a última vez que
ele dera um abraço no filho; não se lembrava, foi a resposta.
Era evidente a carência afetiva do filho, mas o pai,
despertados pela pergunta os seus bons sentimentos
adormecidos, e prontamente atendendo a um pedido do Dr.
Karl a ambos, abraçou o filho e o filho a ele, com grande
emoção e carinho, rompendo-se a barreira das "maneiras"
graças à presença imprescindível do amor visível e
externado em afeto que deve presidir a convivência de pais
e filhos e entre todas as criaturas humanas. Bela lição de
amor aprendemos naquele dia. Realmente, a mão que
adverte e corrige também tem de ser a mão que afaga e
orienta.

METABOLISMO ESPIRITUAL
Dr. Karl nos dá, desta vez, uma lição de fisiologia interativa
governando corpo físico e corpo espiritual no seu nível mais
elementar, o das células humanas, diferenciadas
naturalmente segundo os órgãos onde estão inseridas, pois
cada um deles tem funções específicas.
A célula, composta principalmente de núcleo, citoplasma e
membrana, absorve seletivamente pela membrana somente
as substâncias nutritivas que, em reações químicas no
interior do citoplasma, gerarão a energia vital para o pleno
funcionamento do órgão.
Já sabemos que o corpo físico, o perispírito e os chacras
(matriz) e o espírito (corpo mental, emocional, etc.) estão
integrados e interpenetrados no mesmo espaço, apenas
distinguidos por teores vibratórios diferenciados, embora
perispírito e espírito avancem além da periferia corporal.
Quando a nossa mente e o nosso sentimento, invigilantes,
impregnam o perispírito (chacras) com vibrações, miasmas
inferiores, isto é, energias enfermas, negativas, estas tem
acesso imediato ao interior da célula, pois a membrana, apta
a bloquear substâncias materiais nocivas, é totalmente
vulnerável, indefesa, com relação a essas energias hostis que
desorganizam a geração das energias vitais da célula. E o
psicossomatismo em plena ação, no campo negativo,
transferindo carga mórbida de corpo para corpo até o fio-
terra, o mata-borrão que tudo absorve, o nosso corpo físico.
Daí, a sucederem-se as emissões contumazes de vibrações
mento-emocionais negativas até o afloramento de
enfermidade real, é apenas uma questão de tempo.

QUANDO EM DESEQUILÍBRIO
O Alto derramará sobre ti bênçãos de misericórdia, o passista
te entregará vibrações de refazimento, o que leres te
elucidará, o amigo espiritual te intuirá, os que te amam te
envolverão em amplexo de afeto e carinho, mas só a ti, e a
ninguém mais, caberá a conquista da tua harmonia interior.
EM BUSCA DO GRANDE MAR

Mais uma vez utiliza-se o nosso grande amigo da sua fértil
criatividade construindo uma narrativa envolvente que
elucida e fortalece o nosso árduo caminhar neste mundo de
provas redentoras.
Imaginem-se, diz-nos ele (na crônica poética de quem lhes
escreve), uma criatura habitando o profundo das florestas
gigantescas, sem horizontes, tendo como céu a copa das
árvores, a quem seus maiores lhe disseram da existência,
ainda que distante, de um grande mar, coroado por um céu
azul anil, de praias douradas e espumas flutuantes à beira de
verdes montanhas de onde se descortinam horizontes de
infinita beleza, onde, dizem, moram os deuses.
Fortemente tocada por esta grandiosa e desconhecida visão,
ansiando sua alma por esta morada de luz, sai ele do seu
habitat estreito e põe-se em marcha em busca do grande
mar, tendo a guiá-lo a trajetória do sol entre as árvores.
Longas e exaustivas são as suas jornadas, enfrentando a
inclemência do tempo, pântanos e fauna selvagens, seres
hostis, dias de alento e incertezas, de temores, de solidão, de
saúde e de doença, de sombra e de luz, mas a cada obstáculo,
a cada contratempo, a visão na sua tela mental daquele
grande mar infunde em seu coração forças poderosas de
bom ânimo e perseverança, e ele os sobrepuja a todos,
retomando incansavelmente seu rumo, animado pela sagrada
visão e guiado pela trajetória inarredável do sol.
Nesta altura, interrompe o Dr. Karl a sua narrativa e nos diz
que esta deve ser a representação de nossas próprias vidas
em busca da nossa redenção pela posse, em nosso coração,
daqueles tesouros que Jesus denomina de Reino de Deus e
sua Justiça. Guiados pelo sol da proteção e misericórdia
divinas, devemos empreender a depuração de nossas almas
compreendendo que em cada desafio, prova, obstáculo, está
a oportunidade bendita de transformação, iluminados
constantemente pela visão sublime do desfecho colimado,
espelhando-nos no modelo evangélico do amado Mestre
Jesus, que nos ampararão com forças irresistíveis de
superação e vitória.
Sim, porque (lembra o cronista) o Reino de Deus e sua Jus-
tiça existem, e bem perto, dentro de nós mesmos. Embora
os fatos se desenrolem fora de nós, é dentro de nós, numa
jornada interior, que se opera a luta redentora para erradicar
de nossa natureza toda a animalidade residual, irracional e
impulsiva, que ainda se aninha em nossa alma, à fim de que
aquela partícula divina, aquela centelha que Deus nela
introduziu, semente potencial de todas as virtudes, se
manifeste, gloriosa, na presença do seu Reino de Amor, em
nosso coração, enquanto encarnados. Este mesmo Reino de
dentro de nós, ao longo dos multimilênios, também nos fará
partícipes, espíritos imortais que somos, dos planos
superiores que formam as ultradimensões infinitas do Reino
Universal do Amor.
A LISTA DO DR. KARL
Mais uma prática de desintoxicação mental e higienização
espiritual que a caridosa solicitude do bom amigo Dr. Karl
nos oferece para todos nós que sobrecarregamos a nossa
memória consciente de tantos erros cometidos contra o
próximo, que insistem em afligir e aflorar à nossa mente para
nos lembrar que o remorso e o arrependimento são as pré-
condições para o exercício dos atos indispensáveis que
deveremos empreender em resgates espontâneos de amor
antes que a justiça nos alcance com suas expiações e provas
reparadoras inescapáveis.
Aconselha-nos o bondoso amigo a organizarmos uma lista
das pessoas a quem ofendemos, em pensamentos, palavras e
obras, a quem prejudicamos, a quem ao amor oferecido
respondemos com desamor e acrescentarmos as que nos
ofenderam e pelas quais ainda há ressentimentos dentro de
nós.
De posse da lista, súplica e ligação com o Alto, enviar a cada
uma delas as nossas mais amorosas vibrações de paz e
perdão, de fraternidade e bênçãos. Estabeleceremos, assim,
uma potente ponte vibratória entre nós e elas, um arco de
luz, que será a preparação para realizar em seguida muitas e
concretas reconciliações, além do grande bem que lhes fará
e a paz crescente que nos trará.
Juntemos a esta lista as pessoas que nos fizeram o bem e
aquelas a quem queremos fazer e fazemos o bem e a elas
enviemos, num vibrante arco-íris de luz, a nossa imensa
gratidão pelo bem recebido e pelas oportunidades de
fazermos o bem.
Assim a paz bendita, fruto e promotora de todas as obras de
amor, virá morar nos nossos corações, paz que é a maior
riqueza que podemos alcançar neste mundo provacional em
vivemos.

Foco CENTRAL

Todas as religiões que se devotam à missão sagrada de
construir criaturas do bem são sementes de Deus derramadas
em todos os tempos, povos e regiões. Mesmo que elas
estabeleçam caminhos próprios, distintos e exclusivos de
redenção espiritual e pessoal, todos os seus seguidores de
boa vontade, ao final da jornada, vão convergir para um
único e grandioso foco: o Amado Mestre Jesus, que os
receberá de braços abertos, Governador Espiritual que Ele é
de toda a nossa humanidade.

PALAVRAS

Não é infreqüente ocorrer entre duas pessoas, amigas,
parentes, vizinhas, colegas, que vêm convivendo há longos
anos com afeto e respeito, um evento inesperado e
imprevisto em que uma delas, num momento invigilante,
venha a dirigir à outra palavras consideradas ofensivas. Nem
tampouco é fora do comum que o agravo seja para o
ofendido inaceitável, fazendo-o, pelo choque, mudar
radicalmente de atitude e mergulhar cm mágoa sem re-
médio. Uma única ofensa terá sido suficiente para enterrar
um passado de longos anos de convivência fraterna, que
ficou sem futuro. Gera-se um comportamento destrutivo
que não resiste à mais elementar regra de caridade: orienta-
nos o Dr. Karl de que se um dia acontecer que o ofensor
venha a pedir desculpas ao ofendido e se este vier a
verbalizar um perdão em palavras que não forem amparadas
por ura perdão interior autêntico que pulverize a mágoa, o
próprio ofensor sentirá o artifício das palavras e o ofendido a
ausência de paz em seu coração. O relacionamento nunca
poderá ser o mesmo. E preciso ter a grandeza do perdão
irrestrito que jorre da única fonte verdadeira, a fonte do
amor, do amor ao próximo, que é o nosso irmão em Deus
Criador, Pai de todos nós.
A palavra escrita é a embalagem, o continente, o veículo
gráfico de idéias, pensamentos e sentimentos, que
representam o seu conteúdo. O sentimento do seu conteúdo
é normalmente claro e, na dúvida, o dicionário esclarece. A
palavra falada, entretanto, explica o Dr. Karl, especialmente
quando proferida de uma pessoa a outra não tem a mudez da
escrita e, ademais, tem a presença física do outro. Sua
verbalização é expressa em som, entonação, timbre c altura
que podem alterar profundamente o seu sentido
etimológico. Isso porque a verbalização vem fortemente
impregnada das emoções e sentimentos do emissor em
relação ao receptor. Pode até expressar o sentido oposto,
como nos exemplificou o Dr. Karl. Uma palavra
etimologicamente positiva pode vir carregada de emoção
negativa, captada pela sensibilidade do interlocutor, e a
recíproca também é verdadeira.
Por isso, ao endereçarmos palavras ao próximo, que o
espírito nelas contido seja a expressão dos nossos melhores
sentimentos de paz, auxílio e convivência, enfim, de
fraternidade. E que os nossos impulsos instintivos de
intolerância, impaciência e revolta, alimentados pelo
orgulho e vaidade feridos, verdadeiros furacões destruidores
das mais árduas conquistas de bem, sejam contidos no
nascedouro, nem que para tanto tenhamos literalmente de
morder a nossa língua, caso esqueçamos de emitir aquela
prece-pensamento-relâmpago de socorro ao Alto para que
emudeçamos nesse instante crucial.

O BEM PELO BEM SEM OLHAR A QUEM

Esclarece-nos o Dr. Karl que não encontraremos paz no
coração se fizermos o bem esperando retribuição,
reconhecimento, agradecimento. Se a nossa expectativa se
frustrar, nos castigaremos a nós mesmos com pensamentos
de ingratidão que nos tirarão o sono e a tranqüilidade. O
bem verdadeiro, o sacrifício, a abnegação se fazem pelo bem
mesmo, pelo ato de servir a quem prezamos, a quem nos
necessita, a quem amamos, sem esperar nada em troca.
Os mensageiros do Alto já nos tem afirmado que "o amor,
assim como o bem, pois o bem é amor praticado, jamais é
inútil, nem deixa de frutificar porque o Universo é regido
por uma única mente, a Mente Divina, e por uma única lei,
a Lei do Amor Universal".
"Portanto, o bem dedicado a alguém pode ser recompensado
através do outro alguém. O bem, como o amor, não
correspondido de imediato é um tesouro que fica acumulado
à nosso favor no Banco do Pai Eterno, para voltar, um dia,
mais valorizado por um evento ou por alguém não
esperado".


SEMELHANTES CURAM SEMELHANTES
Dr. Karl faz-nos saber que assim como enfermidades
altamente agressivas, como o câncer, reciprocamente
demandam terapias igualmente agressoras, como as
quimio/radioterapias, criaturas com oneroso passado cármico
necessitam de pesados impactos, fortes provas. Dolorosas
expiações para expulsar através do organismo físico o
resíduo venenoso alojado no perispírito.
Entretanto, na medida em que vamos nos espiritualizando,
isto é, cancelando heranças negativas por ações positivas no
campo do bem, os efeitos das nossas faltas vão tendo
retornos cada vez menos penosos. Igualmente no campo
físico, as intervenções da medicina acadêmica são cada vez
menos agressivas. Passamos a assimilar muito mais as
doações curadoras provindas das vibrações recebidas e
fazemos com que as nossas próprias vibrações se tornem
mais efetivas em favor do próximo.
Porque espiritualizar-nos é exercitar crescentemente o amor
ao próximo pela caridade constante. É plantar para nós
mesmos colhermos o que semearmos quando a sábia Lei de
Causa e Efeito aprouver nos entregar o saldo da nossa
contabilidade espiritual no bem, descontados os débitos
passados dos nossos atos incorretos.
Aos CASAIS

Num preâmbulo que antecede o ensino, o nosso querido
amigo Dr. Karl inicia falando-nos da natureza sujeita a ciclos
e ritmos consecutivos como o dia e a noite, as estações
climáticas, a semente que gera a árvore, esta a flor e daí o
fruto e nos seres humanos o nascimento, a infância,
puberdade, juventude, maturidade, velhice, fases sucessivas
com suas próprias funções, valores, objetivos, condições,
deveres e usufrutos.
As uniões matrimoniais, pois são dois seres vinculados por
sentimento e compromisso, passam por ritmos biológicos e
experiências, regidos pelo ciclo natural da vida, o enlevo
amoroso, a realidade concreta dos desafios da vida, a prole e
os seus cuidados, a partida dos filhos adultos, os netos.
Enfrentam, então, períodos, especialmente na fase outonal,
nos quais as circunstâncias predominantes podem gerar
certo esfriamento que entristece as almas e abala o
relacionamento afetivo.
Lembra, então, o Dr. Karl que a matéria tem um ciclo
inexorável, mas que o espírito que a anima é imperecível e
ativo, com objetivos eternos e que, entre outros
patrimônios, nos proporciona um precioso arquivo de
memórias inesquecíveis dos anos que passaram. E é nessas
horas de crise conjugal, aí vai o conselho do Dr. Karl, que
marido e esposa, ambos devem puxar de suas lembranças
todos os episódios felizes que, juntos, vivenciaram, todos os
momentos do encantamento do namoro, o florescimento do
amor, o enlace matrimonial, o prazer da intimidade, as
alegrias e os sucessos marcantes da vida em família e muito,
muito mais!
Ao trazer-se esse maravilhoso passado pelo poder do
espírito, passa-se a revivê-los como se hoje fossem, pois,
como recordar é viver, processa-se uma transformação tão
grande dentro dos seres, que os fazem superar todos os
entraves existentes pelo redespertamento da força daqueles
sentimentos enternecedores que trarão a compreensão, a
tolerância, o perdão mútuo na reconstrução da harmonia, da
paz e da felicidade.
Experimentem, diz-nos com um sorriso alentador o nosso
querido Dr. Karl, e ficarão surpreendidos com o resultado. E
não só no outono da vida, mas em toda crise afetiva, pois as
crises apenas querem que as criaturas repensem suas atitudes
para alcançarem um novo e mais elevado patamar de
entendimento e afeição, acima da matéria para estreitar a
união verdadeira dos espíritos.

HÁ MEDALHAS E MEDALHAS
Mais uma vez, o nosso bondoso e incansável companheiro,
utilizando sua prolífica imaginação criativa a multiplicar-se
em lúcidas analogias, comparações, alegorias, que nos fazem
recordar o ensino pelas parábolas com que o Amado Mestre
nos transmitia seu Evangelho Redentor, nos traz orientações
que iluminam o nosso terreno caminhar.
Inicia o Dr. Karl dizendo-nos daquelas pessoas que
costumam se auto-condecorar com vistosas medalhas
quando, por pertencer a uma classe sócio-econômica mais
elevada, ao adquirir um novo bem material, melhor do que o
do vizinho, ao freqüentar lugares badalados, ao achar-se
mais culto e inteligente do que os que o cercam e, assim, por
diante, vão enfeitando suas lapelas com mais e mais
medalhas.
Quando adentram algum ambiente, exibindo as medalhas
que só eles vêem, reagem à menor suposta desconsideração
com aquele já famoso "você sabe com quem está falando?".
É o egoísmo e a vaidade gritantes que as presenteiam com
tantos fictícios penduricalhos!
Por outro lado, existem aquelas criaturas que podem estar
em qualquer classe social, na base ou no topo, simples ou
eruditas, que pensam, respeitam e agem no bem comum
mesmo quando trabalham por sua sobrevivência, que
marcam a sua passagem pelo mundo, solidárias e fraternas
que são, altruístas, esquecidas de si mesmas, realizando-se e
realizando atos concretos de bem, nas mais humildes das
profissões e nos mais responsáveis cargos diretivos.
Estas, ao contrário daquelas, não se condecoram a si
próprias, mas, sim, recebem as medalhas dos que
reconhecem o valor autêntico dos seus atos, fruto da
humildade, da simplicidade e do desprendimento.
Há, portanto, arremata Dr. Karl, medalhas e medalhas: as
falsas do orgulho, que nos impingimos, e as legítimas da
humildade, que nos são conferidas. A escolha por um desses
dois caminhos é responsabilidade do nosso livre-arbítrio.

COMO SE FOSSE O ÚLTIMO DIA
Deus, na sua infinita sabedoria, ao instituir a bênção das
vidas sucessivas pela lei das reencarnações, não facultou aos
seres mortais conhecerem o dia de suas partidas de retorno à
espiritualidade.
Os mentores espirituais ainda nos esclarecem que os
programas encarnatórios não fazem da partida um evento
datado irremovível, apenas estabelecem probabilidades
quanto a esse tempo, uma vez que a conduta humana,
fundada no livre-arbítrio, face aos compromissos assumidos,
influencia decisivamente a posposição ou antecipação do
acontecimento.
Ademais, o Pai da Vida nos dotou do instinto de
conservação, de sobrevivência, que nos impulsiona a lutar
pela vida e a Sua misericórdia nos permite sermos amparados
pelo poder renovador da esperança.
E por isso que o grande amigo de todos nós, Dr. Karl, diante
de todas essas providenciais disposições das leis maiores, nos
impele, com amorosa insistência, que vivamos cada dia de
nossa existência como se último fosse, já que o podemos
fazer pela esperança de continuarmos a viver o amanhã
seguinte e, portanto, sem o ultimato espantoso de uma
sentença pré-lavrada.
A orientação do Dr. Karl, é, então, no dia vigente e em
todos os demais, fazermos um exercício diário imaginativo
do "se último dia fosse" para que nos ocupemos com a
vivência dos verdadeiros e imperecíveis valores que fazem a
essência da vida, revivenciados pela Doutrina Redentora na
observância do Mandamento do Amor que nos legou o
amado Mestre Jesus, e para que descartemos de nossa
existência cotidiana o fardo inútil das nossas pequenezas,
frente ao próximo e a nós mesmos, despidos da indiferença
pelos outros e da autocomiseração para conosco mesmo,
assumindo fazer dos nossos pensamentos, palavras e obras,
os instrumentos da paz, da convivência fraterna, da caridade
e do trabalho construtivo.
Assim criaremos a alegria que inundará o nosso dia pelo
dever cumprido. Cada dia poderá ser vivido, com plenitude
de bons sentimentos. Não foi para uso vão que Deus nos
ocultou o término de nossos dias, mas para que amássemos a
vida todos os dias em comunhão com Ele para que a vida
nos retribuísse em bênçãos, ultrapassando a morte passageira
porque assim estaremos construindo sobre a rocha do bem
os fundamentos de uma nova e melhor vida futura.

EXIBICIONISMO DOS PAIS À CUSTA DOS FILHOS CRIANÇAS

Dr. Karl alerta os pais que sobrecarregam suas crianças com
cursos e concursos além das obrigações da escola regular; é o
balé, a natação, o futebol, o inglês, o instrumento musical, o
computador, a dança, o reforço escolar, etc., fazendo a
criança ter uma agenda diária mais ocupada que a de um
adulto. E o lazer, o brincar, o relaxar, onde ficam? Vai-se
embora a alegria de viver e chega a perigosa depressão
precoce, agravada pelo espírito competitivo metido em
qualquer atividade para que os pais se exibam sobre os
outros, pavoneando seu orgulho e vaidade, querendo que os
filhos façam tudo o que eles não puderam ser ou fazer.
Respeite-se a criança indefesa; cada faixa etária tem sua
potencialidade, seu dever e seu viver. Portanto, menos
egoísmo e mais moderação. Não é a quantidade de
aprendizado que faz o gênio e o vencedor, mas a qualidade
da educação infantil e o exemplo digno que formam o
caráter e que geram os comportamentos para desempenhos
exemplares na escola da vida.

DOENÇAS NOS IDOSOS, NOS MOÇOS E NAS CRIANÇAS

Esclarece-nos o Dr. Karl que há de se fazer uma distinção
quanto ao precedente causante, quando se tem uma moléstia
grave conducente à morte, por exemplo, um câncer,
atingindo criaturas nas faixas etárias acima descritas. Quando
uma pessoa em idade avançada tem um câncer, isto deve ser
visto como uma entre as muitas enfermidades de que
fatalmente tem-se que morrer, não havendo carma ou
resgate envolvido para depuração. Já não é o caso de uma
pessoa de meia idade ou jovem, de bons costumes e vida
regrada; aí há uma causa impelente associada ao passado, há
um resgate. E no caso de uma criança, é um complemento
de resgate, não totalmente exaurido na encarnação anterior,
havendo necessidade de um desencarne muito prematuro
para a total libertação.

COLAR DE JÓIAS ESPARSAS

Colar de jóias esparsas para adornar o coração, oferta do
grande amigo, Dr. Karl.
Diz-nos ele: "a questão fundamental na nossa vivência com
os semelhantes não é o de sermos felizes pela felicidade que
recebemos, mas, sim, sermos felizes pela felicidade que
damos. E a distinção entre a felicidade passiva e a felicidade
ativa. A passiva é o bem ativo dos outros para nós e a ativa é
o bem gerado por nós a favor dos outros e que fica
registrado no nosso livro da vida".
Podemos acrescentar que o amor verdadeiro se revela no
sentimento de alegria pela felicidade que o próximo está
usufruindo. O amor legítimo se regozija com a felicidade
alheia, como se fosse a própria felicidade, o que traz para nós
uma felicidade digna dos céus.
"Dor e tempo, dois instrumentos que a Lei utiliza, como
buril e lapidario, para dar forma e brilho celestes à pedra bruta
das nossas imperfeições ancestrais".
Uma jóia de testemunho de um assistido,vencedor de vício
pertinaz: "Vivi tanto tempo perdido por não saber o sentido
da vida, tendo à mão o Evangelho nunca aberto e quando o
abri encontrei todas as respostas que me desvendaram o
presente e que me deram forças para reconstruir a minha
vida e encaminhar o meu futuro".

ELUCIDAÇÕES INSPIRADAS NA DOUTRINA ESPÍRITA

A Doutrina Espírita, ao ver de muitos estudiosos, é uma
cosmovisão de Deus, de seu Universo e de seus seres que
abarca todos os campos do conhecimento e do
comportamento humano, que pode ser aplicada e associada a
todos os patrimônios cognitivos acumulados pelo labor
humano.
O princípio reencarnacionista, engastado no cerne da
Doutrina, interliga passado, presente e futuro de indivíduos
e de sociedades humanas e promove uma verdadeira
revolução conceptual no enfoque dos eventos da
humanidade e na sua condução evolutiva.
A Doutrina, ademais, conforme muito bem definiu Kardec,
é progressiva e sua estrutura de princípios lhe permite
assimilar as novas conquistas autênticas da humanidade
segundo as leis que governam a evolução planetária,
mantendo-se sempre atualizada.
Por isso, elucidações à luz da Doutrina dos eventos
presentes ou passados ou expectativas do futuro tem-se
universalizado no meio espírita. Aí vão algumas pequenas
contribuições.

RECONCILIANDO-NOS COM PAULO

PRÓLOGO

Ao longo dos anos em que fomos assimilando, pelo estudo e
pelas provas da vida, as verdades maiores e as revelações
trazidas pela Doutrina Espírita, assim como os relatos a todos
nós chegados pela mediunidade escrevente, sobre os
grandes vultos do cristianismo primitivo, apóstolos,
discípulos, missionários e companheiros deixados pelo
amado Mestre Jesus para continuarem sua obra, sobressaía,
imponente, o Paulo dos "Atos dos Apóstolos", de Lucas, o
peregrino incansável do Cristo pelo mundo pagão, o Paulo,
de "Paulo e Estevão", de Emmanuel, monumento planetário
da "fé que move montanhas", merecedor da veneração
profunda da cristandade.
Ao serem lidas suas epístolas (instrumento multiplicador de
sua presença orientadora em tantos núcleos cristãos, frutos
de suas extraordinárias obras catequistas) plenas de
instruções crísticas, de notáveis esclarecimentos, de
consolações inspiradas e de sublimes pensamentos de amor
e de apelos à caridade pelo próximo, que até hoje inspiram
mensagens alentadoras dos amigos espirituais, deparam-se,
entretanto, estudiosos de todos os séculos, com passagens
doutrinárias em linguagem tão densa e intrigada que abriram
campo a teólogos reformadores para extraírem
interpretações de extrema gravidade como a da
predestinação pela graça, a justificação pela fé e não pelas
obras, no caso do grande cisma da Reforma, e a do dogma de
que o sangue do Cristo nos purifica dos pecados, no caso do
catolicismo.
Daí ter-se criado em nosso íntimo uma prudente
ambivalência sobre as doutrinas paulinas, onde se
digladiavam a predestinação pela graça com a equanimidade
divina, a justificação pela fé com a salvação pelas obras, o
que nos impulsionou a mergulhar no tema para uma
tentativa de reconciliação em Paulo e com Paulo.


ATIVIDADES DOUTRINÁRIAS DOS PRIMEIROS APÓSTOLOS
DO CRISTIANISMO
Os apóstolos, diáconos, discípulos e companheiros de Jesus,
de início, continuaram a tarefa de transmitir aos seus irmãos
judeus a Boa Nova do Cristo.
"Os judeus, impregnados das Leis Mosaicas, sentiam
dificuldades em interpretar os ensinamentos de Jesus e,
porque imaginavam ser o povo escolhido por Deus,
cuidavam que somente eles teriam direito à salvação,
bastando para isso crer e de quando em vez ofertar
sacrifícios através da imolação de algum animal. Sempre foi
difícil para eles o entendimento de reconciliação, da
tolerância e da fraternidade em virtude de seus arraigados
conceitos distorcidos da caridade" (IE).
Não aceitavam igualar Jesus a Moisés, quanto mais reco-
nhecer a ascendência do Mestre, Messias do Mandamento
do Amor sobre Moisés, o vidente do Sinai, que recebeu o
Decálogo.
Moisés, ao instituir os Dez Mandamentos imortais, a Pri-
meira Revelação, a Lei de Justiça, que mandava amar a Deus
e não fazer o mal ao próximo, teve de elaborar normas
sociais e religiosas que orientassem a vida cotidiana do povo.
Estas normas sócio-religiosas caminharam ao longo do
tempos - 1500 anos até a vinda de Jesus - formaram um
código comportamental que se chamou Leis Mosaicas e que
incluíam práticas religiosas, rituais de purificação,
cerimônias, festividades santificadas, sacrifício e oferenda de
animais e produtos e, entre eles, a prática intocável da
circuncisão, muito antiga, ligada à higiene e identificadora da
aliança de Deus com o Seu povo eleito.
Ao tempo de Jesus, as práticas exteriores de religiosidade
substituíam o vazio das almas, olvidadas até do próprio
Decálogo.
Ademais, a Palestina era província romana, habitada
também pelos gentios, isto é, todos os não judeus, e à volta
do país, minúsculo, viviam milhões de seres humanos, não
judeus, dominados em grande parte no mundo mediterrâneo
por Roma imperial. E estes gentios passaram a ser também
objeto da catequese cristã, especialmente por Paulo e seus
companheiros, por isso denominado o Apóstolo dos
Gentios.
Imagine-se a tarefa imensa dos apóstolos judeus do Cristo,
portadores do Evangelho do Amor, frente aos gentios
politeístas e pragmáticos e aos judeus das várias seitas
convictos de serem o único povo eleito de Deus e
impregnados de conceitos e práticas ditos mosaicos que os
faziam distintos e apartados do resto da humanidade.
Era lícito esperar que os tempos fossem de polêmicas, de
conflitos até corporais, de tentativas de conciliação e de
cisões inevitáveis, como foi a separação entre o judaísmo e o
cristianismo, que libertou os seguidores do Cristo para
estenderem a Boa Nova a todos os povos do globo.
É com este pano de fundo que apreciaremos as epístolas dos
apóstolos.
Paulo, o antes Saulo, doutor da lei e perseguidor implacável
dos cristãos, e depois do evento da estrada de Damasco, o
glorioso arauto de Cristo, peregrino incansável do evangelho
no mundo mediterrâneo, derramou luzes imorredouras da
Doutrina Cristã com suas pregações, fundações de
comunidades cristãs e interligando-as pelas suas preciosas
epístolas, onde emitiu conceitos doutrinários que exaltaram
e perpetuaram os ensinos primordiais de Jesus.
Algumas de suas declarações, entretanto, em virtude talvez
da complexidade verbal com que revestia seus pensamentos
eruditos de anterior doutor da Lei, geraram, ainda em vida,
polêmicas entre os seus companheiros apóstolos. E século
mais tarde as interpretações dadas aos seus textos
estimularam a criação de dogmas e de cismas separatistas na
história do cristianismo. Vejamos:
A PREDESTINAÇÃO E A GRAÇA SEGUNDO A DOUTRINA DE
PAULO
Primeiramente, definamos etimologicamente o primeiro
termo e sintetizemos o seu conteúdo teológico.
Predestinação é determinação antecipada do que há de
suceder. É uma doutrina de acordo com a qual certos entes
humanos estão de antemão destinados a uma vida de retidão
ou de reprovação. É também o desígnio divino concedendo
a algumas almas a bem-aventurança eterna. A defesa da
predestinação é feita em nome da soberania da graça divina,
com a negação do livre arbítrio. Os adeptos dessa concepção
basearam-se principalmente em Santo Agostinho. Outros
padres da Igreja, entretanto, negaram a predestinação em
proveito da liberdade. Os conceitos agostinianos
influenciaram o determinismo dos tomistas.
Paulo nos diz nos versículos 28, 29 e 30 do capítulo 8 da
Epístola aos Romanos: "E sabemos que todas as coisas
contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a
Deus, daqueles que são chamados por Seu decreto". "Porque
os que dantes conheceu também os predestinou para serem
conforme à imagem de Seu Filho, a fim de que ele seja o
primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a
esses também chamou; e aos que chamou a esses também
justificou; e aos que justificou a esses também glorificou".
A doutrina da predestinação resultou de elaboração
interpretativa realizada por teólogos sobre o texto paulino
séculos depois, responsáveis pela definição teológica de que
a predestinação é a determinação antecipada do que há de
suceder, sentido esse corrente até hoje. Mas, teria sido esse
o sentido que Paulo tinha em mente quando o revestiu com
o verbo complexo, denso e erudito que lhe era peculiar?
Se nos lembrarmos da parábola de Jesus sobre "os muitos
chamados e os poucos escolhidos" e dos ensinos da Doutrina
Espírita sobre o chamamento pelo Alto dos Espíritos com
vocação de bem para assumirem missões de luz no plano
terreno, aceitas com liberdade, sujeitas ao fracasso, em que
os vencedores venham a ser justificados e glorificados pelas
suas obras, como ocorreu com a plêiade de companheiros
que encarnou com Jesus e o sucedeu após a sua partida e em
muitos outros exemplos da história, não poderia caber para
sentido da palavra predestinação o da convocação,
assinalação, que redundou em cumprimento redentor? Em
chamado que foi escolhido por suas obras?
Cumpre registrar que por ocasião do cisma que dividiu os
cristãos em católicos e protestantes, os reformadores Lutero
e Calvino foram influenciados, entre outros textos de Paulo,
por este texto literal, absorvendo o conceito de
predeterminação sob a forma de salvação das criaturas pela
graça, constante nestas palavras de Calvino: "(...) Deus
escolhe os que quer para si e, antes que nasçam, põe de
reserva a graça com que deseja favorecê-los (...) ". Graça aqui
entendida por ele como um dom sobrenatural que Deus
concede, em conseqüência da intercessão de Jesus Cristo, a
criaturas para conduzi-las à salvação eterna.
Pedro, entretanto, no versículo 34 do capítulo 10 dos Atos
dos Apóstolos nos diz: "Reconheço por verdade que Deus
não faz acepção de pessoas" e no versículo 35, referindo-se
ao Senhor, nos afirma: "que, em toda a Nação, aquele que O
teme e obra o que é justo, esse lhe é aceito" e ratifica no
versículo 42: "Enos mandou pregar ao povo e dar
testemunho de que Ele é o que por Deus foi constituído juiz
de vivos e mortos".
O Espírito da Verdade, responde em "O Livro dos Espíritos"
à pergunta 115 formulada por Kardec:
P: Entre os Espíritos uns foram criados bons e outros maus?
R: Deus criou todos os espíritos simples e ignorantes, isto é,
sem ciência. A cada um deu uma missão, com o fim de
esclarecê-los e fazê-los chegar, progressivamente, à
perfeição, pelo conhecimento da verdade epara os
aproximar de Si. A felicidade eterna e sem mescla para eles
está nessa perfeição. Os Espíritos adquirem esse
conhecimento passando por provas que Deus lhes impõe.
Uns as aceitam com submissão e chegam mais rapidamente
ao fim que lhes é destinado; outros não se submetem sem
murmuração e assim, por própria culpa, ficam afastados da
perfeição e da felicidade prometida.
O Consolador prometido nos ensina que Deus distribui a Sua
justiça e o Seu amor indistinta e indiscriminadamente a
todas as criaturas, igualitariamente e sem privilégios injustos.
Somos governados pela sábia e amorosa lei da Reencarnação,
submetidos todos à Lei de Causa e Efeito ou de Ação e
Reação, tendo como régua de medida o Mandamento Maior
do amado Mestre Jesus.
Só há uma predestinação determinística que abrange o
universo de todas as criaturas geradas por Deus, qual seja a
da salvação universal de todas elas pelo retorno a Ele através
da angelização, resultado da conquista integral do Amor com
a aplicação pela criatura do livre-arbítrio na busca do Bem
supremo que lhe dá o mérito da recompensa. Todos
voltaremos ao seio de Deus, ou Dele nos aproximaremos em
direção ao infinito sem jamais alcança-Lo.
Só se pode entender a graça, face à justiça infinita do Pai,
perante o qual somos todos iguais, porque Seus filhos somos,
com o dom divino, oriundo do Seu Amor Infinito, extensivo
a todas as Suas criaturas, que as marca para a salvação total,
sem exceção alguma, na marcha evolutiva que elas
começaram como uma centelha de Si Mesmo e que a Ele
poderão retornar como chamas vivas de Amor.
A graça de Deus se manifesta incessantemente pela Sua
Misericórdia e Providência, frutos do Seu Amor, que alcança
todas as criaturas, todos os povos, nações, épocas,
particularmente aquelas em que envia à Terra Inteligências
Superiores, Encarnações do Seu amor, Messias como Cristo
Jesus, para servir de modelo, "Caminho, Verdade e Vida", a
fim de que a humanidade alcance a sua redenção seguindo o
seu exemplo de Amor irrestrito pelos semelhantes.
JUSTIFICAÇÃO DOS PECADOS PELA FÉ PARA GANHAR O
CÉU

Justificação, em teologia cristã, significa o ato pelo qual Deus
muda o homem do estado de pecado (injustiça) para o estado
de graça (justiça). É a restituição do homem à graça divina; é
a ação ou efeito da graça que reabilita e torna justos os
homens, restituindo-os ao estado de inocência. O termo é a
tradução do grego dikaio sis (latim justificatio),
originalmente um termo legal técnico derivado do verbo
"chamar (a alguém) justo, reto".
Antes de transcrevermos para análise alguns textos de Paulo
sobre o tema, queremos esclarecer o seguinte: Ao
encontrarmos citações em Paulo sobre a Lei é preciso
entender à que lei (e onde no texto) ele se refere, se às leis
mosaicas, isto é, ao código comportamental sócio-religioso
que regulava as práticas religiosas, os rituais de purificação,
as cerimônias e festividades santificadas, o sacrifício de
animais e oferendas de produtos para, inclusive, reparar
algum mal de consciência e, em especial, a prática intocável
da circuncisão; se à lei evangélica, à Lei do Amor, vivida e
ensinada por Jesus, o Messias, que é a Lei Suprema de Deus
que governa todo o Universo e Suas humanidades.
Igualmente, quando Paulo fala em obras, se ele se refere (e
onde no texto) às obras de caridade e amor ao próximo que
distinguem as criaturas seguidoras do exemplo do Mestre,
pedra angular da sua doutrina redentora, pois só se pode
alcançar a Deus pelo amor ao próximo; ou se ele se refere às
obras exteriores do culto mosaísta e, em particular, à
circuncisão, aos sacrifícios ritualísticos.
Da mesma forma, quando ele fala em fé, se está se referindo
(e onde no texto) àquela convicção, aquela confiança
inabalável em Deus através de Jesus e por Jesus, o Messias,
portanto, pela confiança nos seus exemplos, no seu ensino,
nas suas promessas, em resumo, no seu Evangelho de
Salvação; ou se identifica fé com religião, crença, corpo
doutrinário institucionalizado, com específicos princípios e
regras aceites por um grupo determinado de profitentes.
Ademais, temos de situar Paulo inserido no seu tempo e nas
suas circunstâncias de apóstolo da Boa Nova a conciliar
argumentos, rebater conceitos antagônicos, enfrentar
ameaças à própria vida, tentando congregar e persuadir
gentios, judeus intransigentes, teólogos, filósofos
materialistas e agnósticos, e respeitando irrestritamente a
pureza e os princípios da doutrina cristã. Missão de uma
alma de gigante inquebrantável na fé, na caridade e na
esperança. Vejamos, então:
Paulo, Romanos 1:19-20: "Ora, nós sabemos que tudo que a
Lei diz, aos que estão abaixo da Lei o diz, para que toda boca
esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de
Deus. Por isso nenhuma carne será justificada diante dele
pelas obras da lei, porque pela lei vêem o conhecimento do
pecado". Romanos 3-21: "Mas agora se manifestou sem a lei
a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas.
Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e
sobre todos os que crêem; porque não há diferença". "Sendo
justificados gratuitamente pela sua graça; pela redenção que
há em Jesus Cristo, ao qual Deus propôs para propiciação
pela fé no Seu sangue, para demonstrar a justiça pela
remissão dos pecados dantes cometidos, sob a presença de
Deus; para demonstração de Sua justiça neste tempo
presente, para que ele seja justo e justificador daquele que
tem fé em Jesus. Onde está logo a jactância? E excluída. Por
qual lei? Pelas obras? Não, mas pela lei da fé". "Concluímos,
pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei. E
porventura Deus somente dos judeus? E não o é também dos
gentios? Também dos gentios certamente. Se Deus é um só
que justifica pela fé a circuncisão, e por meio da fé a
incircuncisão". "Anulamos pois a lei pela fé? De maneira
nenhuma, antes estabelecemos a lei".
Se tivermos presente as observações que fizemos sobre os
duplos sentidos da palavra Lei, da palavra obras, da palavra
fé, e nos inserirmos nas circunstancias da época enfrentadas
por Paulo, verificaremos que este texto foi destinado por
Paulo, naquele tempo, para explicar para o judeus e cristãos
nascentes presos às leis mosaicas porque os gentíos podiam
ser abrangidos no seio de Deus e do Seu enviado Jesus, o
Messias, sem precisar seguir e obedecer às leis mosaicas
(como a circuncisão), uma vez que tinham fé em Jesus e nos
seus ensinos, isto é, que confiavam nas verdades que o
Mestre trouxera.
Este texto (assim como outros mais de Paulo), dada a sua
extremada síntese, concreção, condensação que Paulo
imprimia à verbalização dos seus pensamentos eruditos de
ex-doutor da lei, lhe granjearam uma amorosa admoestação
de Pedro, em sua Ia epístola, capítulo 3o, versículo 16: "(...)
Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as
quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e
inconstantes torcem e, igualmente, as Outras Escrituras, para
sua própria perdição".
E, por esse caminho, enveredaram os reformistas protestan-
tes proclamando a salvação pela graça, pela fé, e não pelas
obras, quando a fé de que Paulo falava não era a simples
crença nos preceitos institucionalizados em religião, nem as
obras eram as ritualistas mosaicas, mas a fé em Cristo Messias
que jorra de um coração convicto e que se derrama sobre o
próximo em obras consoladoras de amor e de caridade,
instrumentos únicos de justificação e salvação do espírito
imortal.
Há, por outro lado, abundância de outros textos em que
explicita exclusivamente o ensino deixado pelo Cristo, fala
com absoluta clareza sobre a nossa salvação e justificação
pelas obras, conforme já dissera Jesus, por quem todos os
profitentes tinham fé, isto é, nele acreditavam e confiavam.
Em Coríntios, 3:13,14, nos diz: "A obra de cada um se
manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo povo
será descoberta, e o fogo provará qual seja a obra de cada
um, se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer,
esse receberá galardão".
Em Coríntios, 13:2, declara: "E ainda que tivesse o dom da
profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência e
ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse
os montes, e não tivesse caridade, nada seria". Continuando
em 13:13, afirma: "Agora, permaneceu a fé, a esperança e a
caridade, estas três, mas a maior destas é a caridade". Falando
do 2o Coríntios 11-15, acerca dos falsos apóstolos: "Não é
muito que os seus ministros se transfigurem em ministros da
justiça, o fim dos quais será conforme suas obras".
Embora ainda em trechos que estão na Epístola aos Gálatas
(2:14-16) ena Epístola a Timóteo (1:9) volta a falar na
justificação pela fé e a salvação pela graça e não pelas obras
(que devemos fazer passar pelo crivo analítico há pouco
utilizado), mas, a seguir, indicados, retoma a salvação pela
boas obras. Em Timóteo 2a-2:6: "O lavrador que trabalha
deve ser o primeiro a gozar de seus frutos" e também em
2:21 e 3:16 e 17. Em Tito 1:16: "(...) Confessam que
conhecem a Deus, mas negam-No com suas obras; sendo
abomináveis e desobedientes e reprovados para toda boa
obra" e em 3:1 e 3:8 e ainda em 3:14. E também em
Hebreus 6:10, 10:22 e 10:24: Igualmente nas Epístolas ao
Colossenses, bem como nas duas aos Tessalonicenses, Paulo
mostra que anda dignamente empós do Senhor aquele que
pratica a boa obra.
Fica, portanto, patenteado que a doutrina de Paulo é a
salvação pelas obras, "com a fé cooperando com as obras e as
obras aperfeiçoando a fé", em estrita aderência aos ensinos
de Jesus.
Ressalta-se que, com relação à doutrina do Amor, cerne dos
ensinos do Mestre, Paulo trouxe mensagens de uma
sublimidade tal que ontem, hoje e amanhã, acenderão nas
almas a tocha ardente das boas obras em favor dos
semelhantes.
De igual teor em favor da salvação pelas boas obras é a
Epístola de Tiago, cap. 2, 2:14: "Meus irmãos, que aproveita
se alguém disser que tem a fé e não tiver as obras? Por
ventura a fé pode salvá-los? " E continua em 2:17: "Assim
também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma"; e
em 2:18, 2:20. 2:21 a 2:24: "Mas dirá alguém: Tu tens a fé e
eu tenho as obras: mostra-me a tua fé sem as tuas obras e eu
te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Mas, ó homem
vão, queres tu saber que fé sem obras é morta? Por ventura
nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando
ofereceu sobre o altar seu filho Isaac? Bem vês que a fé
cooperou com suas obras e que pelas obras a fé foi
aperfeiçoada. Vedes então que o homem é justificado pelas
obras e não somente pela fé. Porque assim como o corpo
sem o espírito está morto, também a fé sem obras está
morta". Nada mais claro, nem mais cristalino!
Como Tiago e Paulo, os apóstolos João, Pedro e Tadeu, em
suas epístolas enfatizaram a salvação pelas obras, além dos
ensinos e revelações que o Mestre havia transmitido nos
Evangelhos.
Convém assinalar que Tiago, na mesma epístola supracitada,
nos faz uma advertência contundente quando, ao falar das
tentações, diz que a tentação pode ser produto da nossa
imperfeição porque "cada um é tentado quando atraído e
engodado pela sua própria concupiscência (...). Depois,
havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o
pecado, sendo consumado, gera a morte (...). Não erreis,
meus amados irmãos".
A verdade insofismável que Jesus deixou bem clara no
Evangelho é que cada um receberá de acordo com suas
obras, segundo as conquistas que venha a fazer no campo
efetivo da caridade pura e da incessante reforma íntima. No
campo da fé, Jesus foi também claramente explícito com o
seu ensino de que "a fé remove montanhas" e quando nos
assevera que "se tiverdes fé, fareis o que faço e muito mais",
conceitos que Emmanuel, em "O Consolador", traduz com
luminosa inspiração: "Ter fé é guardar no coração a luminosa
certeza em Deus, certeza que ultrapassa os limites da crença
religiosa. Conseguir a fé é alcançar a possibilidade de não
mais dizer "eu creio", mas afirmar "eu sei", com todos os
valores da razão tocados pela luz dos sentimentos.
Traduzindo a certeza na assistência de Deus, a fé exprime a
confiança que sabe enfrentar todas as lutas e problemas, com
a luz divina no coração e significa a humildade redentora
que edifica no íntimo do espírito a disposição sincera do
discípulo, relativamente ao "faça-se no servo a vontade do
Senhor".
E deste modo foi que nos reconciliamos com Paulo.
Nota: Para este artigo nos foram de valiosa ajuda as lições 44
a 57 da Iniciação Espírita (Escola de Aprendizes do
Evangelho) e outras fontes citadas no texto.

JESUS, O EVANGELHO E A REFORMA ÍNTIMA

O mal subsiste em nós e entre nós, a despeito das luzes que,
do Alto, se derramam incessantemente sobre a humanidade
desde os seus primórdios.
A condição humana ainda abriga reações animais, em que os
instintos ancestrais de defesa do espaço, da fêmea, da prole,
do alimento, da vida emergem das camadas profundas do
nosso inconsciente.
Instintos que vimos transformando desde que passamos da
fase animalesca para a fase racional, do início da nossa
consciência, há milhões de anos, através do aprendizado das
reencarnações. O que ainda subsiste na raça humana desses
instintos hoje, são terrivelmente prejudiciais à convivência
humana pelos dolorosos conflitos que geram.
As predisposições para o bem ou para o mal, isto é, a
disposição de agirmos num ou noutro sentido, o estado de
ânimo conducente vem do nosso espírito, da nossa alma,
representam o conteúdo da nossa alma.
Esses conteúdos albergam vestígios instintivos que afloram
na consciência sob formas refinadas, entre muitas outras, do
egoísmo, do orgulho e da vaidade, exaltações geradas pelo
nosso ego inferior, os quais são verdadeiros cânceres
arrasadores da paz e deles procede a grande maioria das
imperfeições nefastas que infelicitam cada vez mais os povos
e as criaturas do nosso tempo.
Esses conteúdos íntimos, essas predisposições, desorganizam
nossas emoções, provocam perturbações no nosso plano
mental e povoam a nossa alma de pensamentos negativos
contra o próximo, veneno mortal para a nossa saúde física e
psíquica.
Convidam, por sintonia, a presença de entidades malévolas
que incentivam e se nutrem desses estados de ânimo
negativo, estimuladas ainda pela atmosfera astral do nosso
planeta saturado de miasmas perniciosos que hoje ameaçam
a convivência pacífica, fraterna e harmoniosa em todos os
lugares.
Com o advento do Consolador prometido pelo Mestre, a
consoladora Doutrina Espírita, derradeira benção derramada
pela Providência Divina, luminosa, desvendadora, dos
mistérios e aflições que atormentavam a alma humana,
foram relançadas, revividas, pela Codificação Kardecista, sob
o amparo de Jesus, as bases fundamentais do Evangelho
Redentor para a renovação das almas através da sua Lei do
Amor aplicada na Reforma Intima, permanente, incansável,
de cada ser humano, na realização do objetivo máximo de
tornarmo-nos merecedores, pelo nosso próprio esforço e
mérito, de virmos a habitar o prometido mundo de
regeneração e paz, onde, conforme afirmação do Cristo, os
brandos herdarão a Terra.
A Reforma Intima é um processo voluntário de
transformação de nossa alma ou de nosso espírito. Essa
transformação que o ser humano se propõe a si mesmo é
uma transformação moral. Trata-se de promover mudanças
éticas no nosso caráter, na nossa conduta, nos nossos
pensamentos, palavras e obras.
De acordo com o que a nossa Doutrina nos ensina,
revivescência que é do Cristianismo primevo, original, o
paradigma, o símbolo real, o Mestre em quem devemos nos
refletir no labor incessante da nossa mudança é o doce rabi
da Galileia, Jesus de Nazaré e o Manual Maior que deve
orientar o nosso esforço ascensional é a Boa Nova, o
Evangelho do Cristo, síntese sublime da Lei do Amor que
preside a todas as leis de evolução do Universo, essência e
emanação de Deus-Pai, Criador do Cosmo e de todas as
criaturas. O Evangelho de Jesus é não só pedra angular do
Consolador Prometido, da Doutrina dos Espíritos, mas a
régua de medida, o referencial universal com que aferiremos
o nosso proceder, o nosso avanço ou nosso recuo no
processo de espiritualização que nos propusemos, a visão
real do que somos no íntimo de nossa consciência e quão
perto ou distante estejamos do amado Mestre Jesus que quer
morar nos nossos corações se nos amarmos uns aos outros
como Ele nos amou.
Jesus buscou na sua vida de abnegação e sacrifícios
ilimitados ensinar-nos o caminho da nossa redenção, da
nossa salvação pessoal. "Eu sou o Caminho, a Verdade e a
Vida". Jesus viveu sempre em si próprio os ensinos e
conceitos salvadores que deixou como legado redentor para
a humanidade. Jamais renegou da sua vida física. Embora
fosse um Espírito Excelso, viveu junto aos homens, lutando
na vida humana com as mesmas armas, sem privilégios
especiais e sem recorrer a interferências extraterrenas para
eximir-se das angústias e das dores, inerentes à sua tarefa
messiânica. Seu programa na Terra estava e está destinado a
salvar tanto o sábio quanto o rico, tanto o iletrado quanto o
pobre, por isso enfrentou as mesmas reações que eram
comuns a todos os homens, suportando as tendências
instintivas e os impulsos atávicos, próprios da constituição
humana.
O Evangelho, manual da lei do amor de Deus, na figura
excelsa do Cristo, não é simplesmente um repositório de
máximas e advertências morais. Em verdade, o Evangelho,
relatando a experiência vivida integralmente por Jesus, em
33 anos de sua vida física, é para demonstrar a todos o
"caminho" da evolução indicado pelo Criador à criatura, um
tratado para orientar em qualquer época, qualquer tipo
humano em qualquer latitude terrestre.
A vida de Jesus tão sublime e vivida sob a força do seu
imenso amor por nós, governador que é desta humanidade,
teve por norma fundamental viver e expor a Lei de Deus. O
Evangelho é a síntese global de todos os ensinamentos que,
respeitando o livre arbítrio individual, apresenta, para todas
as épocas, normas de evoluir ao alcance de todos os homens,
independente de grau de inteligência, raça ou condição
social. E um processo doutrinário de moral que disciplina e
orienta qualquer tipo humano. E está consubstanciado na
Lei Áurea: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo
como a si mesmo. Só fazer ao próximo o que queremos para
nós mesmos. Jamais fazer ao próximo o que não queremos
para nós mesmos.
Precisamos, enfim, de Cristoterapia, isto é, da aplicação às
nossas vidas, pensamentos, palavras e obras dos preceitos
crísticos usando o nosso discernimento iluminado pelos
princípios da Doutrina e pela prece sincera e pura e a força
de uma vontade direcionando o nosso livre arbítrio no
caminho do bem e do amor ao próximo, expulsando de
nossa alma o orgulho, a vaidade, o egoísmo que armam o
gatilho das derrotas morais.
A evolução da nossa reforma íntima se medirá pelo grande
amor que vamos ofertando ao próximo, amor que só pode
dar quando se o tem dentro de nós e que só se alcança pela
nossa transformação moral graças à luta diária que temos de
empreender contra as nossas imperfeições.
E Jesus é o modelo, o guia, o amparo sempre presente nessa
luminosa caminhada redentora de nossas almas.
Sigamos o Cristo e seremos vencedores!

CAMINHEI HOJE, POR ONDE JESUS CAMINHOU"

E o título de uma bela melodia religiosa que os anglo-
saxônicos cantam por ocasião do Natal, composta por
Geoffrey O'Hara e Daniel S. Turshing, que pudemos rever
em vídeo antigo, onde os autores, em notas musicais e
versos, descrevem as emoções de alguém percorrendo os
caminhos palmilhados pelo Mestre Amado na Palestina.
Isto trouxe-nos à lembrança as vívidas recordações que
guardamos quando, no passado, em viagem a serviço no
Oriente Médio, tivemos a inesquecível oportunidade de,
num fim de semana, caminhar por alguns dos lugares em
que Jesus caminhou.
Em mui breve síntese, transferimos para o papel, como
desejamos transferir para os corações que nos lerem, as
emoções sentidas e vividas naquelas visitações a lugares
perpetuados pelo Evangelho que registraram, na sua maioria,
em capelas e templos erigidos pelos cristãos em dois
milênios, a passagem gloriosa de Jesus na sua missão sublime
da instauração da paz no planeta pela restauração do amor
fraterno nas almas, numa terra ensandecida até hoje pelo
conflito entre povos filhos do mesmo solo.
A modernidade e a diversidade fizeram com que a
religiosidade que se espera usufruir dos lugares se refugie nas
capelas e igrejas que reverenciam os atos públicos da vida de
Jesus, como ocorre na Via Dolorosa ou Sacra, onde as
estações ou passos do seu calvário, localizados ao longo das
ruelas estreitas da Cidade Velha, vivem atulhadas de pessoas,
jumentos, carrinhos, lojas e vendedores que tudo apregoam,
num burburinho de criaturas se acotovelando
infindavelmente. O guia nos observa que as lajotas que
estamos pisando não são aquelas que Cristo pisou, pois elas
se encontram embaixo destas, numa das reconstruções
porque tem passado no decorrer dos milênios os locais, em
geral, na Terra Santa, destruídos e reconstruídos várias vezes
pelos invasores de todos os tempos.
Surpreendente, num outro momento, é a visão arquitetônica
que, de repente, do alto, se abre diante de nossos olhos, ao
avistarmos, em primeiro plano inferior, a grande esplanada
limitada pela Muralha Ocidental, o Muro das Lamentações,
área restrita às preces judaicas, e que, por um caminho
ascendente, leva ao topo do Monte do Templo, o Monte
Moriah, sobre o qual, há 3000 anos, Salomão ergueu o
primeiro Templo, destruído pelos babilônios, e reconstruído
por Herodes, destruído este pelo romano Tito no ano 70 da
era cristã.
De onde estávamos, viam-se brilhar sobre o Monte a cúpula
dourada da majestosa Mesquita de Omar, o Domo da Rocha,
e a prateada da Mesquita de Al-Aksa.
Ainda, do nosso local de observação, mais além, após um
vale não visível, estendia-se o Monte das Oliveiras,
transformado num gigantesco cemitério por cristãos,
islâmicos e judeus, que alimentam até hoje a expectativa
tríplice de, no fim dos tempos, verem os cristãos, Cristo
fazer a sua segunda vinda a partir dali, ressuscitando-os, os
islâmicos, por sua vez, a volta de Maomé, ressuscitando
também, e os judeus esperando a partir dali a vinda do seu
messias também procedendo as suas ressurreições.
Segundo a tradição bíblica, foi no Monte Moriah que Jeová
criou o homem com o pó do solo, que Abraão quase
sacrifica seu filho Isaac sobre a rocha que está dentro da
Mesquita de Omar, e é também desse monte, segundo a
tradição islâmica, que Maomé partiu para os céus.
Ali também, relembrados por santuários e igrejas cristãs
construídas ao longo do tempo, ocorreram junto à Forre
Antónia e ao Preto ri um a condenação de Jesus, a sua
flagelação, a coroação de espinhos e a tomada da cruz, que
constituem os primeiros passos da Via Dolorosa do Justo,
que termina na 14a estância dentro da Igreja do Santo
Sepulcro, erguida, fora do Monte, no Gólgota, local da
crucificação e sepultamento.
Em todos esses locais, inclusive na cidade de Belém, onde se
ergue a Igreja da Natividade, o fervilhar da vida
contemporânea encobre o sagrado e acaba vibrando no
nosso interior pelas recordações evangélicas do Mestre que
afloram à nossa memória.
Ainda restava conhecer Nazaré e o Mar da Galileia e para lá
partimos buscando seguir os passos do Mestre; no caminho
avistamos o povoado de Cana, o das bodas citadas no
Evangelho, e mais adiante, divisamos, recortado no
horizonte, o cone suave do Monte Tabor, o da
Transfiguração.
Demos com uma grande planície, extensamente cultivada,
que terminava numa cadeia de montes e lá no alto de um
deles estava Nazaré. Até lá fomos levados e do alto para
baixo como de baixo para o alto pudemos sentir, afinal, que
naquela paisagem e perspectiva nada mudara desde o tempo
de Jesus. Estávamos vendo aqueles panoramas que Jesus
tantas vezes contemplara nas suas idas e vindas a Nazaré. Foi
emocionante vivermos aqueles instantes como se ao lado do
Mestre estivéssemos.
Visitada a Igreja da Anunciação, que comemora o anúncio
do Anjo a Maria a sua futura concepção, fomos levados ao
Mar da Galileia. Era um belíssimo dia de sol brilhante, céu
azul, e as primeiras visões do lago-mar mostravam uma
imensa massa de água azulada, límpida e serena. Da Igreja
das Bem-aventuranças, ao lado do local onde a tradição diz
que se deu o Sermão da Montanha, víamos um declive
longo, suave e relvado descendo até as margens do lago. A
vista era espetacular, a paisagem até onde alcançavam nossos
olhos era deslumbrante, água azul, céu puro, encostas
verdejantes, baixios de campos cultivados. Se não fora ali,
em outro lugar apropriado como este, certamente o Mestre
terá pronunciado a mensagem portentora das suas promessas
de boa ventura aos homens de bem de todo o planeta.
Daí, fomos até Cafarnaum à beira d'água, junto aos alicerces
do que teria sido a casa de Pedro, mesmo que esta não o
fosse, outra ali teria sido, pois ali ele habitara, ali tinha a sua
barca, onde Jesus fora buscá-lo para ser pescador de almas.
Naquela plácida tarde, o silêncio reinante no local, igrejas e
povoados distantes, as margens serenas do lago de suaves
ondas, fizeram-nos ver porque Jesus escolhera aquelas
paragens para transmitir a sua mensagem evangélica aos
pescadores e ao mundo de então e de todos os tempos; era
ali que reinava a paz, aquela paz que Jesus quantas vezes, de
dentro de um barco, à margem, dirigia aos seus
conterrâneos, abrindo a sua mensagem com "A Paz seja
convosco" e ao despedir-se com o Seu "Eu vos deixo a
minha Paz".
Ali, realmente, pudemos sentir a presença do Mestre, que
não havíamos podido captar como desejávamos por todos os
lugares que havíamos caminhado, caminhando por onde Ele
havia caminhado.

JERUSALÉM - TRÊS MILÊNIOS DE HISTÓRIA

Jerushalayim (cidade da Paz) em hebraico, Bayt al -
Mugaddas ou El Qhuds (a Santa) em árabe, cidade três vezes
santa, indiscutivelmente ligada às três religiões monoteístas
do planeta, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, que,
juntas, reúnem 3,1 bilhões de fiéis entre 6,0 bilhões de
habitantes da Terra, 52,5% da população mundial. Cidade
que é um mosaico de Fé, onde se adora e reverencia o Deus
único dos cristãos, Jahweh dos judeus e Allá dos islâmicos,
três nomes distintos para o mesmo Criador do Universo e
dos seres.
Indiscutível a importância crucial de Jerusalém, inserida no
Estado de Israel, anterior Palestina, cravejado de lugares
santos em todo seu território, com santuários e caminhos
que algumas vezes são até venerados simultaneamente pelas
três crenças. Não é sem razão que o presente e o futuro
dessa região, a Terra Santa, é o foco da atenção vigilante de
metade do planeta.
Tanto mais entenderemos esse entrelaçamento inevitável e,
muitas vezes, desgraçadamente doloroso, se voltarmos os
nossos olhos para o passado multimilenar e tumultuado dessa
região eleita pelo Alto para ser a luz do mundo e até hoje
ensombrecida pela recorrente inferioridade humana.
Reportemo-nos ao tempos de Abraão, ao redor de 2000 anos
a.C, patriarca do povo judeu, guardião da 1a Aliança, que de
Ur, na Caldeia, conduziu seu grupo, passando por II a rã, até
Canaã, tendo se deslocado, devido à seca, até o Egito,
voltando de lá para Canaã, a terra prometida, estabelecendo-
se em Hebron, habitado pelos cananeus, parcela de uma
região, mais ampla que teve a presença, ao longo dos
séculos, de amoritas, sumérios, acádios, hititas, arameus,
fenícios, cananeus, egípcios e filisteus.
Foi, entretanto, em Jerusalém, onde se descobriram assen-
tamentos datados de 1800 a.C., que as lendas e tradições
colocaram o evento de nascimento de Adão e onde, no que
viria a ser o Monte do Templo, o Monte Moriah (em
hebraico, "respeito", "temor" e ainda "meu guia é Deus"),
Abraão quase sacrificou o filho Isaac.
Estima-se, muito tentativamente, que ente 1900 a.C. e 1750
a.C., Jacó e seus filhos emigraram para o Egito, onde José era
chanceler, ali se estabelecendo e, mais tarde, sendo
escravizados pelos egípcios durante 400 anos, até o tempo
de Moisés (1350 a.C.?), condutor do Êxodo do povo judeu,
após 40 anos no deserto do Sinai e de ter recebido do Alto o
Decálogo, de volta à terra prometida, Canaã, que teve de ser
conquistada aos povos que nela habitavam.
Disseminaram-se os descendentes das 12 tribos, oriundas
dos filhos de Jacó, pelo território, até que em 1000 a.C., o
sucessor do rei Saul, David, reuniu os reinos de Israel e
Judéia e instalou sua capital em Jerusalém, conquistada aos
filisteus.
Salomão, seu filho, no seu glorioso reinado, construiu, sobre
o Monte Moriah, também chamado de Zion, o majestoso
Templo que abrigou a arca da aliança, iniciado em 960 a.C.
Dividido o reino entre seus dois filhos, o de Israel, susten-
tou-se até 738 a.C. e o de Judéia até 625 a.C., ambos
conquistados pelos assírios. Os babilônios conquistaram os
assírios e apossaram-se dos reinos judaicos em 597 a.C.
E foi em 587 a.C. que os babilônios destruíram o Templo de
Salomão e expulsaram os judeus do seu território e os exila-
ram como escravos na Babilônia.
Graças a Ciro, rei dos persas, conquistador de todo o Oriente
Médio, foram os judeus libertados e permitido-lhes foi o
retorno ao seu país, onde iniciaram a reconstrução do
Templo, modesto desta vez, em 539 a.C. Desde o exílio na
Babilônia, o país judaico foi absorvido por uma sucessão de
poderosos impérios, após os assírios e babilónios, a saber:
persa, macedônio, ptolomaico, seleúcida, romano, bizantino,
islâmico e turco-otomano, com um pequeno interregno de
liberdade no reinado judaico dos basmoneos ou macabeus,
de 167 a.C. a 65 a.C., quando Pompeo anexou à Roma o
território denominado pelos romanos de Síria-Palestina,
nome que provinha do grego Palaistina, que, por sua vez,
derivava do hebreu Pleshet (terra dos Filisteus).
Foi, no reinado de Herodes, o Grande, rei vassalo dos ro-
manos, da Galileia à Judeia, idumeo malquisto pelos judeus,
que o templo foi reconstruído (40 a.C. - 6 a.C.) com todo o
esplendor do antigo Templo de Salomão.
Pelos cálculos modernos, ao redor do ano 6 a.C, o grandioso
evento para a Cristandade: nasce Jesus, o Messias, profetiza-
do ao longo dos 800 anos que o antecederam nas revelações
do Velho Testamento. Estabelece-se a nova aliança e a
Palestina se craveja de lugares santos marcados pelas
sandálias do Mestre na construção do seu Evangelho
redentor em Belém, Nazaré, no mar da Galileia, Carfanaum,
Magdala, Corazin, Tiberias, Caná, Séforis, Naim, Cesaréia de
Filipe, Bethsaida, Cesaréia e muitas mais, encimadas por
Jerusalém, o monte das Oliveiras, o jardim de gethsemani,
de onde o justo partiu par o seu martírio glorioso, o Templo
no cimo do Monte Moriah, o Pretório da sua condenação, o
pátio onde foi flagelado e coroado de manto, cetro e
espinhos e de onde, recebendo a cruz, iniciou a Via Sacra,
pelas vielas da cidade velha, ainda existentes, até a sua
crucificação no monte da Caveira, o Calvário, o seu
sepultamento nas proximidades e o seu retorno da morte.
Após a ascensão de Jesus ao seu Reino, os discípulos apósto-
los, Pedro à cabeça e Paulo, o converso, depois, apóstolo dos
gentios, disseminaram-se pelo mundo conhecido para levar
a Boa Nova a todos os povos.
Nos anos de 66/73 d.C. ocorreu a primeira revolta judaica
contra os romanos, resultando em massacres e na destruição
do Templo por Tito no ano 70 d.C, do qual hoje só resta
parte de uma muralha, o Muro das Lamentações, objeto de
pranteada veneração do povo judeu. Na segunda revolta, em
132/35 d.C., Jerusalém e muitas outras cidades foram
arrasadas pelos romanos e o povo judeu expulso de toda a
Palestina, a conhecida Diáspora, que o afastou por cerca de
1800 anos da Terra Prometida até a fundação do Estado de
Israel em 1948.
A partir do ano 300 d.C. foi se avolumando a presença dos
cristãos na Palestina e em 324 d.C. a conversão do
imperador romano Constantino tornou o cristianismo a
religião oficial do Império, cuja capital foi transferida para
Constantinopla (ex-Bisâncio). Sua mãe, Sta. Helena, movida
por inspirações, localizou e erigiu nos principais lugares
santos do país - em especial, em Jerusalém, desde o topo do
Monte do Templo até o Santo Sepulcro - as igrejas e
santuários que existem até hoje, destruídos e reconstruídos
inúmeras vezes por guerras e intolerâncias religiosas nestes
dois últimos milênios. Jerusalém passou a ser o lugar mais
sagrado da cristandade.
Vivia a região sob o Império Romano do Oriente ou
bizantino quando, em 638 d.C., o califa Omar I conquista
Jerusalém. Era o início do domínio de grande parte do
mundo conhecido de então pelo Islam, composto de povos
árabes iluminados pela nova fé trazida pelo profeta Maomé,
que tinha seu livro sagrado na Alcorão, onde, entre piedosas
páginas do novo credo, também declarava a veneração pelo
patriarca Abraão, considerado o pai das três religiões, e
judeus, cristãos e islâmicos "como os povos da Bíblia".
Criaram os maometanos uma civilização que dominou a
cultura humana por 800 anos, enquanto ingressava a Europa
na Idade Média, com a invasão bárbara e a queda de Roma
em 475 d.C., cultura aquela que serviu de trampolim para o
reingresso da cultura grega na Europa, através dos eruditos
árabes, fertilizando o Renascimento e o início da Idade
Moderna.
O califa Omar I declarou a área do Templo arrasado por Tito,
o Monte Moriah, lugar sagrado do Islam (o terceiro, sendo o
primeiro Meca e o segundo Medina) apoiado na tradição de
que Maomé ali tomara impulso para subir aos céus.
Ulteriormente, acrescentou -se a viagem mística de Maomé
a Jerusalém para receber sua revelação do céu.
Em 688 o califa Abdul Malek Ibu Marwan construiu no topo
de Monte do Templo a mesquita de Omar, a Cúpula da
Rocha, como é conhecida, nesse topo também conhecido
por Haram-esh-shariff, o Nobre Santuário. Mais tarde, no
décimo século, muçulmanos erigiram no Monte a mesquita
Al-Aqsa para marcar o "remoto santuário" de onde alçou
vôo ao céu Maomé.
Em 614 d.C., uma invasão persa massacra e destrói igrejas
cristãs e em 1010o califa fatímida do Egito ordena a
destruição dos templos cristãos e em 1071 os turcos
seljúcidas derrotam bizantinos, islâmicos adversários e
egípcios e se apossam de Jerusalém, cortam as rotas de
peregrinação e acendem o estopim para o início das
cruzadas cristãs.
No ano 1000 ocorre o grande cisma dos cristãos, separando
ortodoxos do Oriente, sob Constantinopla e católicos do
Ocidente, sob Roma.
Jerusalém fica sob domínio dos cruzados de 1098 a 1187,
derrotados por Saladino, e depois, voltam a dominá-la de
1229 a 1239.
Em 1243/44 Jerusalém é saqueada pelos tártaros karesmanos
e em 1247/57 fica sob o domínio dos mamelucos egípcios
até que em 1517, cerca de 60 anos após a queda de
Constantinopla e fim do Império Bizantino, o sultão
otomano Selim I inaugura o regime turco, que manteve mais
400 anos de islamismo até 1917, com o início do
protetorado inglês, quando a região voltou a se chamar
Palestina.
Em 1948, sob os auspícios das Nações Unidas, funda-se o
Estado de Israel na Terra Prometida e circunscrevem-se os
territórios da Cisjordânia e Gaza para o povo palestino.
Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel, vitorioso, anexa os
territórios palestinos e o setor árabe de Jerusalém. Nas
guerras subseqüentes, Israel, novamente vitorioso, anexa,
em nome da segurança e da defesa, parcelas de territórios
dos países árabes vencidos limítrofes.
Em 1996, comemoram os israelenses e os judeus de todo o
mundo os 3000 anos de Jerusalém e em abril de 1998, o
Estado de Israel celebra os 50 anos de sua existência.
A terra, cognominada legitimamente de Santa, por ser o
berço e nutrição religiosa das três maiores denominações do
planeta, luzes da Misericórdia Divina para cada alma e cada
povo e para todas as almas e todos os povos filhos do Criador
aqui contemplados, sem privilégios da Divindade, como o
são também os demais fiéis dos outros e milenares credos do
mundo, vive ainda hoje sob permanente tensão e vigilância.
E Jerusalém, cidade da Paz, experimenta três mil anos de-
pois, a angústia de não ter ainda conquistado a vitória mais
preciosa, a Paz e a convivência entre os povos que habitam a
Terra do Deus Único.

AMIZADE - LAÇO RECÍPROCO DE AMOR FRATERNO

A amizade que chega a sublimar-se num patamar de mútua
estima fraterna transforma-se num dos mais belos exemplos
do sentimento humano que se aproxima do incomparável
amor materno e paterno, do amor filial, do amor de esposos
responsáveis, formas todas estas de amar derivadas de Deus -
Amor por nós, seus filhos, e de nosso amor para com o
Criador, nosso Pai.
As culturas grega e romana da antigüidade também
evidenciaram a sua sensibilidade por este sentimento que
afeiçoa e liga duas ou mais pessoas entre si, numa
reciprocidade de afeto, erigindo altares à Amizade.
Na Grécia figuravam-na como donzela vestida com uma
túnica abrochada, com cabeça descoberta, uma das mãos
sobre o coração e outra sobre um olmo (árvore) fendido pelo
raio, à volta do qual se enlaçava uma videira carregada de
cachos. O olmo simbolizava o infortúnio; a videira a doce
consolação da amizade.
Em Roma era representada por uma donzela vestida de
branco, coroada com flores de roseira; em sua fronte liam-se
as palavras "inverno e verão"; na franja do vestido estava
escrito "a morte e a vida", com a mão direita descobria o
peito esquerdo até a altura do coração onde se lia "de perto e
de longe".
Este sentimento é tão poderoso que o vemos ser estendido
pela natureza até às espécies animais mais próximas da
convivência com os humanos, confundindo-se com a
amizade incondicional do cão pelo seu dono, na
convivência pacífica sob um mesmo teto de cães e gatos e
no amparo materno de uma espécie a filhotes órfãos de
outra especie de que a imprensa nos dá notícias em lares e
zoológicos.
A amizade, sendo urna faceta do amor universal, convive
com e abraça emoções afins como a amabilidade, a estima, a
afabilidade, a benevolência, o afeto, a reciprocidade e,
sobretudo, a compreensão e a lealdade.
E a amizade um instrumento precioso no alargamento de
nossa convivencia para além dos limites dos nossos lares e
dos laços consanguíneos, já que é nosso dever, assim nos
ensina a Lei do Amor, ampliar cada vez mais a nossa família
espiritual até um dia alcançarmos toda a humanidade com o
nosso amplexo amoroso, ideal sublime da fraternidade
universal.
Ao contatarmos novas pessoas no nosso círculo de vivencia
diversificada, desarmemos nossos espíritos de preconceitos e
de supostas antipatias à primeira vista, sem abandonarmos a
prudência e, com bondade no coração, busquemos descobrir
afinidades, antes que incompatibilidades, que possam dar
início a uma aproximação convivencial que permita que
"cada árvore se conheça pelos seus frutos" e que poderá
resultar numa amizade sincera e leal ou, então, num simples
conhecimento educado.
A amizade para ser cultivada e mantida tem de fechar as
portas aos melindres, às suscetibilidades, às querelas, às
vaidades, ao orgulho, à intolerância e tem de abrir
comportas ao diálogo fraterno, produtivo, construtivo, à
tolerância, à compreensão, ao auxílio mútuo, à palavra amiga
que conforta e aconselha sem diminuir.
A amizade verdadeira é totalmente desinteressada de
objetivos egoísticos e ambiciosos cm causa própria. É
genuína lealdade. Em suma, pura fraternidade.
Como bem escreve (em síntese nossa) um companheiro de
ideal espírita: "quando verdadeiros amigos estão reunidos,
não há outro interesse senão o de desfrutar da convivência.
As pessoas que são amigas entre si gostam de estar juntas. E
juntas podem realizar muito, especialmente quando essa
amizade se concretiza sob o teto de um núcleo espírita,
promovendo realizações concretas impregnadas de paz no
bem do próximo e materializando o ideal espírita que é o da
fraternidade".
Finalizemos com a palavra sábia e amorosa de Emmanuel
nos descrevendo a Amizade:
"Na gradação dos sentimentos humanos a amizade sincera é
bem o oásis de repouso para o caminheiro da vida na sua
jornada de aperfeiçoamento. Nos trâmites da terra, a
amizade leal é a mais formosa modalidade do amor fraterno
que santifica os impulsos do coração nas lutas mais dolorosas
e inquietantes da existência".
"Quem sabe ser amigo verdadeiro é, sempre, o emissário da
ventura e da paz, alistando-se nas fileiras dos discípulos de
Jesus, pela iluminação natural do espírito que, conquistando
as mais vastas simpatias entre os encarnados e as entidades
bondosas do Invisível, sabe irradiar por toda a parte as
vibrações dos sentimentos purificadores".
"Ter amizade é ter coração que ama e esclarece, que
compreende e perdoa, nas horas mais amargas da vida. Jesus
é o Divino Amigo da Humanidade. Saibamos compreender a
sua afeição sublime e transformaremos o nosso ambiente
afetivo num oceano de paz e consolação perenes".

ALEGRIA DE VIVER

Para que possamos nos contagiar da alegria pura de viver,
precisamos procurar entender o que é viver, detectar o
sentido da vida, para que vivemos, por que vivemos e onde
a vida nos leva, o que a vida quer de nós.
Vão presidir o roteiro da nossa exposição as convicções
fortemente arraigadas que auferimos da excelsa Doutrina
Espírita, revelação bendita das Entidades Superiores,
concepções filosófico-religiosas e princípios sublimes que
respondem com lógica inatacável às questões propostas pela
razão e que atendem aos anseios e esperanças da nossa
intuição e dos nossos sentimentos.
Em palavras singelas, para começar, a vida é aprendizado.
Viver é aprender. E no sábio pensamento de Ortega y Gasset
"Viver é também conviver", isto é, aprender convivendo
com os nossos semelhantes.
Esse aprendizado se alicerça nos fundamentos doutrinários
do Espiritismo, quais sejam, a crença na existência de Deus e
no nosso Espírito imortal que se depura através de
reencarnações sucessivas submetidas à Lei do Carma ou Lei
de Justiça ou de Ação e Reação, que preceitua que "a
semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória",
demonstrando aos homens a sua responsabilidade pessoal na
colheita dos frutos, bons ou maus, que tenham semeado
outrora. Esse aprendizado responsável é regido pelo código
moral do Evangelho do Cristo, que consubstancia a Lei do
Amor, expressa no "Amor a Deus e ao próximo como a nós
mesmos", que medirá o nosso progresso espiritual pela
adesão verificada a essa Lei Suprema do Universo, que quer
de nós a espiritualização integral até a angelitude que nos
religará com Deus, como colaboradores de sua Obra
Universal e Eterna.
A alegria de viver, portanto, começará a brotar à medida
que, conscientizados do sentido da vida e do que quer ela de
nós, empreendermos a marcha, pelo nosso esforço e livre
arbítrio, da purificação de nossas almas, sabedores de que
todos os obstáculos, desafios, provas, vicissitudes, aflições
com que a vida nos faceia não são nada mais, nada menos,
que benditas oportunidades disfarçadas e necessárias para a
nossa ascensão espiritual, ofertadas pela misericórdia divina
e nunca superiores às nossas próprias forças.
A alegria pura, como a paz e a felicidade verdadeiras, não é
um fim que se alcança de per si, mas resultante das
crescentes virtudes da alma na prática do bem.
E para sermos amparados, consolados, refeitos, revigorados
na árdua caminhada pela nossa redenção, guardemos no
coração estes ensinamentos do Cristo:
"Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, quem me segue não
anda em trevas, mas tem a luz da vida.
Vinde a mim todos vós que andais aflitos e sobrecarregados
e eu vos aliviarei, porque o meu jugo é suave e meu fardo é
leve e achareis repouso em vossas almas.
Buscai o Reino de Deus e sua justiça e todas as outras coisas
vos serão dadas de acréscimo. E, assim, não andeis inquietos
pelo dia de amanhã. Porque o dia de amanhã a si mesmo
trará seu cuidado. Ao dia basta a sua própria aflição".
Unamo-nos em Jesus, na prece, e a Ele confiemos o nosso
fardo. Ele nos aliviará.
"Não pensemos que, ao aderirmos ao Cristo, devamos ser
induzidos a viver misticamente, fora das leis da sociedade.
Ao contrário, viver é conviver, submetamo-nos às
necessidades da época, às frivolidades do dia, mas sempre
com sentimento de pureza. Sejamos alegres e felizes, com a
alegria de uma boa consciência e com a felicidade de
herdeiros da promessa do Cristo, de que o Amor nos
conduzirá a Planos de Paz e de imorredoura Alegria. Não
vamos assumir aspecto severo, nem repelir os prazeres
permitidos pela condição humana. Basta usufruí-los de
consciência tranqüila e respeitando o próximo". (Emmanuel)
Vivamos sempre com alegria. Um simples balanço de nossas
vidas e uma olhada à nossa volta nos mostrará que temos
mais razões para alegrar-nos do que entristecer-nos.
Enfrentemos a vida com otimismo. Não demos tréguas ao
pessimismo que mata no nascedouro as nossas energias e
impede materializarmos as nossas legítimas esperanças.
Voltemo-nos para a luz. Esqueçamos a sombra. Sejamos
úteis. Trabalhemos. E demos graças ao Senhor.
Nota: Elucidações sobre tema extraído da obra O Clímax do
Apocalipse do mesmo autor.




















 
 
 
 
 
Sinopse:
 
Nos últimos temposem que o individualismo predomina e a globalização rompe os laços da solidariedade entre as nações, o mundo exibe abusos de liberdade - sem freios e corrompida pelo poder financeiro - enquanto a igualdade se vê negada pela brutal desigualdade na distribuição da riqueza, degradando os mais inalienáveis direitos à moradia, alimentação, saúde, educação, trabalho e bem-estar.
A Ultima profecia de Jesus, de Raphael Rios, apresenta uma reflexão aprofundada sobre o tema polêmico do Fim dos Tempos, com total isenção de ânimo, permitindo ao leitor fazer o seu próprio juízo.
Ao analisar as profecias de Jesus, o Autor destaca a última delas, a única ainda não cumprida - contudo, diante do que ocorre no mundo, ele assegura que "o sofrimento não estará conduzindo ao desespero, mas à esperança".
 
 
 


Do nosso acervo :

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PENSE NISSO! ASSIM CONSTRUIREMOS UM MUNDO MELHOR."

JOSÉ IDEAL

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