sábado, 11 de janeiro de 2014

{clube-do-e-livro} Livro: A Cabala Viva

A Cabala Viva - Will Partiff
CAPÍTULO 10

A Esfera sem Número, Daath
Daath não está situada na Árvore da Vida, e por isso recebe o título de "A Sephira que não é uma Sephira". Ela não recebe um número (em geral), não existe um plano que lhe seja equivalente, e embora esteja situada no meio do Abismo, acima de Tiphareth e abaixo de Kether, de fato ela não tem posição como as demais Sephiroth. Se o diagrama da Árvore é visto como uma representação bidimensional de uma existência tridimensional, então Daath representa a um só tempo nenhuma dimensão e todas as dimensões.
Daath significa Conhecimento - conhecimento sem compreensão (a compreensão de Binah). As vezes, Daath é chamada de "criança" de Chockmah e Binah, e às vezes de "cabeça falsa". Sua posição coincide com a cabeça da serpente que se enrodilha pela Árvore desde Malkuth, tentando chegar ao topo. Essa serpente é incapaz de romper o véu do Abismo, e Por isso não passa de Daath, Conhecimento. As pessoas que fazem do conhecimento o seu deus estão venerando a falsa divindade de Daath (mesmo que por vezes se chamem a si mesmas de atéias).
Tradicionalmente, Daath é vista sob uma luz bastante negativa, de modo especial e com toda a certeza entre as doutrinas exotéricas, mas, como acontece com toda dualidade (e Daath ainda está no reino da dualidade por se situar abaixo da tríade suprema), ela também tem um lado positivo.
Através de sua correspondência com a garganta, Daath está relacionada com a expressão do Conhecimento Espiritual. Essa expressão pode ser clara ou distorcida, dependendo da "abertura" do centro de expressão de Daath na pessoa. Daath é também o centro de geração e de regeneração. Os dois diagramas ilustram a importância central de Daath no diagrama da Árvore da Vida.
As qualidades negativas de Daath - como a falsa divindade - são a dispersão e a restrição, e sua qualidade positiva é a expressão clara. A expressão proveniente de Daath pode ser clara ou distorcida, pois passa pela pessoa. Ela se torna clara por meio do equilíbrio (no sentido dinâmico explicado no último capítulo) do Amor e da Vontade, isto é, Chesed e Geburah. Dissemos que Chesed (Amor/Consciência) pode ter relação com o ser, e que Geburah (Vontade/Poder) pode ter relação com o fazer.
Daath, como o fator de resolução superior que inclui tanto o ser como o fazer, pode ser chamada de - o tornar-se. Nossa Vontade Verdadeira e propósito último da vida é algo com que precisamos entrar em contato e compreender, mas, dia após dia, de momento a momento, o fator importante para todos nós é o próximo passo que estaremos dando na direção desse último objetivo. Daath, como a "criança" de Chockmah e Binah, indica esse próximo passo.
Por haver outras dez esferas, às vezes Daath é atribuída ao número onze, ou pelo menos é chamada de "décima primeira esfera". É apropriado que assim seja, porque onze é o número da magia, da "energia que tende a mudar". O número onze é o primeiro passo depois que o ciclo de dez está completo: isto também combina com a atribuição de Daath como a que "indica o próximo passo".
Às vezes, Daath recebe também o número oito, pois é a oitava esfera, se se começar a contagem de baixo e for subindo pela Arvore. Este número também lhe é adequado, pois oito [eight] é equivalente a "altura" [height] e Daath pode ser considerada como a "altura da Alma"; positiva quando está ligada com o espírito da tríade Suprema, negativa quando formada por seu próprio deus.
Correspondências com Daath
Daath, como "a Sephira que não é uma Sephira", às vezes é também chamada de Sephira "falsa". O Conhecimento sem compreensão é falso. Não existe caminho de Chockmah a Geburah ou de Binah a Chesed. À luz do que foi dito sobre Daath, por que, segundo o seu entendimento, isso ocorre?
Daath é a porta de acesso ao lado reverso da Arvore, que é a zona de Qliphoth - demônios, doenças e assim por diante. Essa zona também é comparada, de maneira obscura, a um "estado que não é um estado" (desculpem-me! Não há maneira melhor de descrevê-la com palavras), recebendo, de acordo com os autores, nomes diversos como o "nogal", "universo B" (a frente sendo o "universo A"), ou os "túneis de Set" (em oposição aos de Hórus, que iluminam a frente da Árvore, Set sendo o irmão obscuro de Hórus).
O Abismo
O Abismo, onde se situa Daath, é o golfo ou a brecha entre o número (isto é, o espírito) e o fenômeno (tudo o que não é espírito). O Abismo existe entre o que é real e o que é ilusório, entre o ideal e o real, o potencial e o manifesto. Acima do Abismo todos os opostos se conciliam - não existe dualidade acima do Abismo. Abaixo dele, tudo é dualidade. O Abismo também pode ser descrito como o golfo que separa a alma individual de sua fonte. Diz-se que os elementos não-resolvidos e irracionais do indivíduo "existem" dentro do Abismo, e que, portanto, não pode ser realmente atravessado sem que esses elementos estejam totalmente solucionados. Diz-se também que, para cruzar o Abismo, o Adepto precisa deixar tudo para trás, renunciar a tudo o que ele é.
No Abismo encontra-se um grande demônio chamado Choronzon. Ele é o arquidemônio de dispersão do falso conhecimento do indivíduo, e, por isso, às vezes é descrito como o que "consome" a consciência humana.
Os Qliphoth
Daath é a porta para o lado reverso da Arvore da Vida. Essa Árvore "negativa", "negra" ou "má" que está atrás da Árvore exterior e visível é o mundo dos Qliphoth (singular, Qlipha). Esses são os demônios (literalmente "prostitutas") ou carapaças das energias positivas.
Tudo o que é positivo tem um lado negativo. O aspecto negativo da "boa vontade", por exemplo, poderia ser a "raiva gratuita". O Qliphoth ou "forças qliphóticas" irradiam Qualidades negativas, o oposto das Qualidades positivas do lado da frente da Árvore. Assim, a Paz se transforma em Guerra, o Amor se torna Ódio, a Alegria se converte em Tristeza, a Verdade, em Desonestidade, e assim por diante. Em certo sentido, os vícios tradicionais das Sephiroth são exatamente essas forças qliphóticas.
Os demônios habitam no que às vezes chamamos de Sephiroth "avessas". O termo "avesso" é usado porque elas não podem ser consideradas esferas independentes - mas sim o aspecto desequilibrado, destrutivo. (Naturalmente, o inverso é verdadeiro para as Qualidades positivas, afirmando assim a existência real tanto do bem como do mal, pois um não pode existir sem o outro. Se eles são iguais ou não é uma questão filosófica.)
Há dois tipos de "mal", que podem ser denominados mal positivo e negativo. O mal positivo se move contra a corrente da evolução; ele é destrutivo com relação ao progresso e à mudança. O mal negativo inclui toda a oposição, bloqueios e restrições ao movimento livre. O mal negativo é relativo - assim, a conservação pode ser "má" para um agricultor identificado com o dinheiro, mas "boa" para muitos outros. O mal positivo não é relativo. Podemos ver também que tanto o "mal" positivo como o negativo se manifestam de duas formas: consciente e inconscientemente. O mal consciente é o mal praticado proposital e maliciosamente, o mal pelo mal. O mal inconsciente, por outro lado, é o que acontece devido à cegueira, à estultícia, à desatenção, sem nenhuma intenção ou malícia consciente.
Se observar as tabelas de correspondência (Apêndice 5), você encontrará listas de demônios, de entidades qliphóticas e de forças semelhantes. Acreditava-se no passado que essas criaturas prolongavam sua existência alimentando-se com "fluidos vitais" (por exemplo, de secreções vaginais e de sêmen) dos seres vivos. Esta é a origem do "vampiro", que é uma espécie particular de entidade demoníaca, típica do tipo que se nutre dos fluidos vitais (neste caso, o sangue). É verdade que existem formas fantasmáticas criadas pelo "desejo sexual" e pela "ansiedade mórbida" que existem dentro dos Qliphoth, mas essas constituem apenas uma pequena parte da demonologia. Também é verdade que o contato com essas criaturas pode ser benéfico, se dirigido com clareza e propósito limpo. O sistema mágico de Abramelin usa essa forma de contato com bons resultados. A seção seguinte, que trata da cura, descreve outra maneira de usar forças diversas com finalidades positivas.
As entidades qliphóticas, quer se trate de demônios, vampiros, súcubos, ou outros, podem "infiltrar-se" em todas as Sephiroth desde Chesed até Malkuth, mas não cruzam o Abismo. Além disso, estão sempre presentes num certo sentido, como o lado "negativo" de cada qualidade positiva de Sephiroth, como descrito acima. Elas são particularmente propensas a entrar na consciência através da fantasia sexual. Assim, Yesod é importante como ponto de ingresso para sua influência. Como Yesod está também associada com os "habitantes " do inconsciente inferior, com os monstros e demônios dos sonhos e do astral inferior, essa esfera é particularmente importante em termos de demonologia.
Todos os atos sexuais, inclusive a masturbação, devem ser realizados com algum tipo de ritual de proteção prévio. Este pode ser um ritual de expulsão com o pentagrama ou simplesmente a imaginação de um ovo azul envolvendo a pessoa/casal.
O contato intencional com os Qliphoth, com fins de equilíbrio e crescimento positivo, pode usar esse ingresso através de Yesod. Alternativamente, o contato também pode ser feito através de Malkuth usando Karezza (uma forma passiva de fazer amor) ou através da contenção do orgasmo. Mas o contato primeiro é feito, pelo menos pelo iniciado, através de Daath. Isto inevitavelmente leva ao contato com Choronzon, o "chefe", por assim dizer, de todos os demônios. Embora esta seja uma forma de contato potencialmente recompensadora, é importante dar-se conta dos perigos envolvidos; aliás, este trabalho não deve ser realizado sem um guia experiente.
A Cura da Doença
Nas tabelas de correspondência para cada esfera (página 264), você encontrará uma categoria de "Distúrbios Físicos": trata-se de uma lista das desordens mais comuns enquanto atribuídas aos vários caminhos da Arvore. Esses distúrbios representam, em certo sentido, o resultado do que acontece se os demônios ou Qliphoth o apanham. As doenças desses tipos são o resultado dessas forças sobre o corpo. E como se estivessem usando seu veículo físico para chegar à manifestação na parte da frente da Árvore. Isto se aplica especialmente aos vírus.
Para lidar com esses distúrbios é preciso entrar em contato com as forças positivas apropriadas para contrapor à intrusão do demônio. Assim, se a doença está associada a Hod, o uso dos atributos positivos dessa esfera irá contrapor-se à doença. O uso de outras correspondências poderá sugerir-lhe maneiras adequadas de fazer isso. Como exemplo, para uma doença relacionada com Hod, você pode usar algo de cor laranja próximo ao lado afetado, ou salmodiar / invocar o nome de uma força divina correspondente, elohim tzabaoth, ou pode encher o quarto com as flores correspondentes, concentrar-se nos animais, tomar infusões de ervas apropriadas, e assim por diante - usando todas as correspondências para introduzir uma quantidade maior de aspectos positivos do caminho em seu campo de consciência.
Estrelas que curam
Você pode fazer este exercício em qualquer hora, mas ele é especialmente eficaz antes de dormir. Siga os procedimentos iniciais de costume; em seguida, relaxe o mais que puder. Visualize intensamente uma grande estrela azul acima da sua cabeça. De repente, essa estrela explode, transformando-se em milhares de pequenas estrelas: uma chuva de minúsculas estrelas azuis cai sobre você. Essas estrelas são energia de cura. Todo esse fluxo de estrelas penetra em seu corpo, curando-o. Elas banham as suas emoções, os seus sentimentos e os seus pensamentos, curando todas as partes da sua personalidade. Você se sente bem com esse contato de cura com as estrelas. Essas minúsculas estrelas azuis se deslocarão através do seu corpo durante o sono. Ao acordar, você se sentirá bem e revigorado.
A transformação da doença
Siga os procedimentos iniciais costumeiros. Sentado confortavelmente, entre em contato com o mundo de sensações em seu corpo. Preste atenção ao corpo todo, tomando consciência de áreas agitadas e perturbadas. Concentre-se na área afetada e deixe que a imagem representativa dessa perturbação emerja. Em seguida transforme a imagem (por exemplo, se é a de uma casa em chamas, imagine um carro de bombeiros chegando e apagando o fogo; inclua também a reconstrução e redecoração da casa exatamente como você a quer). Projete a imagem transformada na área originalmente afetada. Alternativamente, você pode se imaginar assumindo dimensões minúsculas e indo até a área para fazer os "consertos" necessários.


Muita paz !

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