OU,
O BOM COMBATE
Editora����o Eletr��nica:
D��bora L��bo Bonald Pedrosa
C a p a :
Andreza Barboza
Nome da foto:
Aurora vista do Capibaribe
Revis��o:
Do autor
S 6 7 7 c S o b r e i r a , Elias, 1 9 0 7 -
A campanha do quilo, ou, O bom combate : (sua hist��ria
e as viv��ncias de um legion��rio) / Elias Sobreira. - 6. ed. -
Recife : C E P E , 2 0 1 4 .
211 p. : ��1.
Edi����o comemorativa do centen��rio do autor.
1. E S P I R I T I S M O . 2. C A M P A N H A DO Q U I L O - HIS-
T �� R I A . 3. S O B R E I R A , E L I A S , 1 9 0 7 - B I O G R A F I A . I.
T��tulo.
C D U 1 3 3 . 9
C D D 1 3 3 . 9
PeR - B P E 1 4 - 0 4 5
E L I A S S O B R E I R A
A CAMPANHA DO QUILO,
OU,
O BOM COMBATE
( S U A H I S T �� R I A E A S V I V �� N C I A S D E U M L E G I O N �� R I O ) 6 a Edi����o
2014
Ao meu amado Anjo-Guardi��o - Agosti-
nho de Hipona, que tem, desveladamente,
orientado os meus passos no caminho do
dever, incentivando os meus esfor��os na
pr��tica do bem, renovando as minhas for-
��as nas provas e expia����es indispens��veis
ao meu aperfei��oamento;
ao meu querido Mentor - Bezerra de Me-
nezes, que me tem amparado em todas as
tarefas relacionadas com a Campanha do
Quilo;
dedico as p��ginas contidas neste livro, em testemunho de imor-
redoura gratid��o.
Ao meu prezado irm��o - Jo��o Rodrigues,
que tem sido um sustent��culo ininterrupto
nas minhas atividades em prol da Campa-
nha do Quilo, durante mais de trinta anos,
a minha eterna gratid��o.
Ao grupo de amigos - esp��ritas e n��o-esp��ritas, de cuja valiosa
colabora����o nasceram as condi����es para a
publica����o deste livro,
o meu preito de gratid��o.
Sum��rio
Notas Biogr��ficas 29
PARTE I
Mensagem aos meus bem-amados Legion��rios do Quilo.... 35
Pequena hist��ria da Campanha do Quilo 38
M��todo para fundar uma Campanha do Quilo 43
Os dez mandamentos da Campanha do Quilo 50
Benef��cios que a Campanha oferece 51
Resgate de nossas faltas 51
Benef��cios que a Campanha oferece 52
PARTE II
Viv��ncias 83
PARTE III
Nota Explicativa 209
ELIAS ALVERME S O B R E I R A
1 1
BEZERRA DE MENEZES
Mentor Espiritual da Campanha do Quilo no Norte e Nordes-
te do Brasil
13
A B R I G O E S P �� R I T A B A T I S T A D E C A R V A L H O
Avenida S��o Paulo, 373
Jardim S��o Paulo - Recife - Pernambuco
Fundado em 24.04.1936
Comiss��o fundadora:
Manuel S��rvulo de Amorim
Jos�� Thiago do Chile
Jos�� Bispo de Oliveira
Etelvina Bispo de Oliveira
Abriga 21 velhinhas
15
L A R C E C I C O S T A
Avenida Professor Andrade Bezerra, 826
Salgadinho - Olinda - Pernambuco
Fundado em 22.04.1938
Fundador: Prof. Jos�� de Barros Lins
Abriga 40 menores do sexo masculino
17
LAR ESP��RITA BEZERRA DE MENEZES
Avenida Agamenon Magalh��es, 29 - Vila Popular
Olinda - Pernambuco
Fundado em 01.01.1947
Fundador: Jos�� Lins de Araujo
Abriga 50 menores do sexo masculino
19
A B R I G O E S P �� R I T A L A R D E J E S U S
Rua Vitoriano Palhares, 77
Torre - Recife - Pernambuco
Fundado em 25.12.1947
Fundador: Herm��nio Juliano C��zar
Abriga 30 velhinhas
21
C A S A D O S H U M I L D E S
Rua Henrique Machado, 110
Casa Forte - Recife - Pernambuco
Fundado em 16.12.1964
Comiss��o fundadora:
Elias Alverne Sobreira
Jo��o Rodrigues da Costa
Jos�� Rodrigues
Nilson Melo
Dr. Jo��o Jos�� Costa
Abriga 37 velhinhas
23
A B R I G O L A R D E M A R I A
(Departamento anexo ao Centro Esp��rita Moacir)
Rua Paula Batista, 205 - Casa Amarela - Recife - PE.
Abriga 20 velhinhas. Foi criado em 25/9/1968
25
C o m b a t i o bom combate, acabei a carreira,
guardei a f��. Paulo (II TIM��TEO, 4:6.7)
Notas Biogr��ficas
Elias Sobreira nasceu no dia 2 de mar��o de 1907, no povo-
ado de Carna��ba, munic��pio da cidade de Flores, �� margem do
Rio Paje��, entre as cidades de Afogados da Ingazeira e Triunfo,
Estado de Pernambuco, filho de Manoel Joaquim Sobreira e
Avelina Vasco do Nascimento; ele descendente de portugu��s
com cabocla e ela origin��ria de portugueses.
De pais cat��licos, recebeu ao ser batizado, o nome de Elias
Sobreira do Nascimento. Mais tarde, quando ele pr��prio se regis-
trou em Cart��rio com o objetivo de verificar pra��a no Ex��rcito,
substituiu o sobrenome Nascimento por Alverne, inspirado no
grande orador que foi Monte Alverne, por quem Elias Sobreira
nutria e nutre ainda significante simpatia. Passou a assinar-se
ent��o Elias Alverne Sobreira.
Seus pais eram agricultores e, no duro labor com a terra,
sua m��e veio a falecer, aos trinta e tr��s anos de idade, fulminada
por inesperado colapso no momento que, em plena atividade,
realizava a ��rdua tarefa de aterrar formigueiros que amea��avam
as planta����es. No pr��prio dizer de Elias Sobreira, ela foi um tipo
exemplar de esposa e m��e. Fervorosa na f�� cat��lica, convicta,
diligente at�� onde se pode conceber, "tais foram seus esfor��os e
valores que terminou cedo as suas prova����es".
Conta ainda Elias Sobreira que desde cedo, aos seis anos de
idade, acostumou-se a ouvir o coment��rio que suas irm��s faziam
a respeito de um fato que lhe veio plantar a primeira semente da
cren��a na imortalidade da alma. Eis o ralato:
"Pouco tempo depois de desencarnada, apareceu minha
m��e e falou ��s minhas irm��s Maria e Etelvina, ��s altas horas da
noite, quando estas se encontravam apreciando as chuvas de
29
inverno que se aproximava. Estavam elas na porta dos fundos
da casa, conversando sobre o inverno que acenava com chuvas
para a produ����o de farturas que alegravam a todos os sertanejos,
quando escutaram umas pisadas que se aproximavam, e, a seguir
escutaram a seguinte palavra: MENINAS! Estas reconheceram
ser o voz de nossa m��e que as admoestava por se encontrarem
��s altas horas da noite fora de casa".
De seu pai, Elias Sobreira diz que era um agricultor que
vivia para o trabalho, com disposi����o invej��vel do alvorecer
ao anoitecer, excetuando �� hora do almo��o. Tem bem n��tida a
imagem do seu genitor agarrado �� enxada no cultivo da terra.
Era cat��lico, freq��entava a igreja nas missas solenes; rezava
antes de dormir e ao acordar. Pela madrugada, acordava igual-
mente os filhos, chamando-os cada qual pelo seu nome, um a
um, dizendo-lhes: - Reze pela alma de sua m��e, pelo seu pai e
pelos seus irm��os. Dali rumavam para o trabalho, a p��, h�� uma
l��gua de dist��ncia. Faleceu aos sessenta e quatro anos de idade
em Realengo, arrabalde do Rio de Janeiro, em um quarto onde
morava com Elias, pois a pedido deste ficara sob seu abrigo
por se encontrar muito doente. Era o segundo dia de Carnaval,
em 1930, quando, deitado na rede em que dormia, soltou um
pequeno gemido. Elias se aproximou, ele havia falecido naquele
instante.
Foram nove filhos do casal Manoel Joaquim Sobreira e Ave-
lina Vasco do Nascimento: Narciso, Francisco, Maria, Joaquim,
Ant��nio, Ot��vio, J��lia, Etelvina e o mais novo Elias. Criados
dentro de um princ��pio r��gido de disciplina familiar, primavam
seus pais por serem respeitados com a m��xima obedi��ncia e vi-
giavam com profundo escr��pulo os costumes honestos no seio
da fam��lia; para as infra����es ��s normas do respeito filial, a san����o,
na maioria das vezes, era o a��oite.
Ainda menino, Elias Sobreira esteve morando com o Padre
Eliseu, em Triunfo, cidade pernambucana, onde freq��entou,
inclusive, o Col��gio dos Maristas, cursando ent��o o terceiro
ano prim��rio. Trabalhou em uma loja de miudezas do irm��o do
Padre Eliseu e ao completar dezesseis anos regressou para a casa
3 0
de seu pai. Ali demorou-se apenas alguns meses e depois seguiu
para Recife, onde se alistou no 21��. Batalh��o de Ca��adores, em
11 de novembro de 1923. Dali partiu para o Rio de Janeiro e
seis meses depois passava a pra��a pronta, indo em seguida para
S��o Paulo, para combater este Estado, que se levantara contra
o Governo. Tomou parte em combates, enfrentou o frio e as
agruras e regressou, ap��s terminada a sua miss��o, com o 2 o .
Regimento de Infantaria, ao qual pertencia.
O m��s de junho de 1924 vai encontrar Elias Sobreira cursan-
do a Escola de Sargentos de Infantaria. Em agosto deste mesmo
ano, deslocou-se novamente para guarnecer o Quartel General
face ��s hostilidades que fervilhavam ininterruptamente contra
o governo constitu��do. De regresso, em dezembro seguinte, ��
referida Escola, com sede na Vila Militar, proseguiu no programa
de forma����o de sargentos; foi entretanto acometido de febre t��fica
e, hospitalizado, transferido para o Pouso de Campo Belo. L��
ficou por mais de tr��s meses, quando regressou �� Escola; pediu
ent��o desligamento do curso, seguiu para o 1o. Regimento, onde,
tentando novamente candidatar-se a sargento, foi reprovado.
Conseguiu transfer��ncia para o 2.�� Regimento e ap��s exames
matriculou-se no Pelot��o de candidatos a Sargentos, tendo nos
exames finais tirado o 1o. Lugar. Contudo, as promo����es foram
suspensas e ele ficou como Cabo d'Esquadra.
Na inten����o de melhorar seus conhecimentos intelectuais
e com isto granjear melhores coloca����es, fez exames parcelados
no Col��gio Militar e obteve diplomas de Geografia, Corografia,
Hist��ria do Brasil e Franc��s. Igualmente, no Col��gio Pedro II
conseguiu diplomar-se em Portugu��s, Aritm��tica e ��lgebra.
Em 1929, requereu exames para admiss��o no Curso de
Especialistas na Escola de Sargentos Aviadores, sendo aprovado
e matriculado em seguida. No final do curso, que teve a dura����o
de dois anos, apesar dos esfor��os, foi reprovado. A isto, Elias
Sobreira atribui um doloroso processo de obsess��o de que foi
v��tima por longo tempo. No in��cio de 1932, ap��s novos exames,
foi rematriculado no mesmo curso, que repetiu por mais dois
anos, sendo brevetado em 1933. Da�� em diante repartiu suas ati-
31
vidades entre a profiss��o e as obriga����es da causa esp��rita, pois a
Doutrina Esp��rita era o seu ponto de apoio na luta purificadora.
Apesar dos incentivos dos companheiros para prosseguir na
carreira militar, chegou �� conclus��o que tinha enormes com-
promissos com o Divino Mestre, e, se se entregasse a labores
que lhe exigiam enormes cotas de dedica����o no campo material,
isto, possivelmente arrefeceria a sua participa����o nas atividades
esp��ritas, que, conscientemente desejava desenvolver. Tratou de
intensificar, de mais a mais, o seu trabalho na seara esp��rita, tanto
no campo da propaganda, atrav��s de prega����es evang��licas, como
em benefic��ncia, que passou a realizar dentro e fora do Quartel.
Em 1938, conforme relata Elias Sobreira em seu trabalho,
iniciou no Rio de Janeiro a Campanha do Quilo em benef��cio do
Abrigo Creche Nazareno, estendendo-a a outras Organiza����es
Esp��ritas, em benef��cio de velhos e crian��as.
Em fins de 1945 foi transferido para Recife, onde iniciou
os movimentos da Campanha do Quilo, dirigida pela Escola
Central do Quilo, fundada meses depois para legaliza����o da
referida Campanha.
Amparados pela Campanha do Quilo levantaram-se os
Abrigos Bezerra de Menezes e, Lar de Jesus, para velhinhos
desamparados; Batista de Carvalho, para menores do sexo fe-
minino; enquanto que o Orfanato Ceci Costa, que j�� existia,
passou a beneficiar-se com a coopera����o da Campanha do Quilo.
Atualmente permanecem estes mesmos abrigos a valer-se da
Campanha do Quilo na sua manuten����o, tendo havido algumas
modifica����es no funcionamento, como por exemplo, o Abrigo
Bezerra de Menezes que ampara atualmente menores do sexo
masculino e o Abrigo Batista de Carvalho, velhinhos. H�� ainda
outra Organiza����o de amparo fundada h�� alguns anos passados
(1965) - A Casa dos Humildes, abrigo para velhinhas e velhinhos,
que se vale igualmente da Campanha do Quilo.
Em 1958, transferiu-se Elias Sobreira para a Reserva da Ae-
ron��utica, e, livre das exig��ncias profissionais militares, viajou
durante sete anos pelas cidades de Natal, Jo��o Pessoa, Campina
Grande, S��o Lu��s, Fortaleza, Teresina, Aracaju, Itabuna, Ibicara��
32
e Salvador, sendo esta a ��ltima a ser visitada por Elias.
Fundou em cada uma destas cidades a Campanha do Quilo,
nos moldes como funciona em Recife, o ber��o da Campanha do
Quilo no Norte e Nordeste do Brasil.
De Salvador - Bahia, Sobreira regressou a Itabuna e preten-
dia seguir para Vit��ria do Esp��rito Santo. Entretanto, recebeu
ordens de seu Mentor Espiritual para regressar a Recife, a fim
de fundar a Casa dos Humildes, citada acima; isto ocorreu em
1964.
Elias Sobreira nos diz, em sua autobiografia, que era plano
desse Mentor Espiritual, o Esp��rito de Santo Agostinho, estender
a Campanha do Quilo a todos os Estados e Territ��rios brasileiros,
mas em Itabuna foi acometido de uma bronquite que n��o mais
lhe permitiu viajar nem fazer prega����es evang��licas.
O ano de 1967, Elias Sobreira passou-o todo hospitalizado,
inclusive acamado, o que ele julga ter sido uma bendita prova-
����o expiat��ria que muito lhe alertou, trazendo-lhe proveitosos
ensinamentos espirituias, ensejando-lhe reformar pontos de
vista err��neos e corrigir sentimentalismos inconvenientes. Diz
Elias Sobreira que, entre as paredes do hospital e a investida de
cru��is observadores, foi grande o seu lucro espiritual e somente
se libertou gra��as �� caridade sem limites do Pai Celestial.
Ao finalizarmos estas Notas Biogr��ficas, que apenas mos-
traram certos aspectos da vida deste homem, que iniciando em
1938 a Campanha do Quilo ainda hoje a realiza com o mesmo
cunho de lealdade e dedica����o que o inspirou na d��cada de 30;
faz��mo-lo transcrevendo na ��ntegra a sua mensagem, a fim de
que a beleza da mesma n��o seja lesada pelas modifica����es textuais
que a nossa express��o redacional iria, possivelmente, ocasionar:
"Ao publicar o presente livro - A CAMPANHA DO QUI-
LO, ou O BOM COMBATE, na hora atual, pelas gra��as infinitas
no Nosso Eterno Pai, me encontro na dire����o da referida Casa
dos Humildes. Contudo sinto que j�� n��o posso movimentar-me
como dantes, pois o meu organismo f��sico recursa-se aos esfor��os
espirituais, indispens��veis ao prosseguimento da obra. Tenho
certeza que a Provid��ncia Divina suscitar�� novos obreiros que
33
venham completar a obra iniciada. �� nesta confian��a total que
permane��o. A Casa dos Humildes foi fundada pelo poder de
Deus, nosso Divino Criador e Pai, e este leva-la-�� aos destinos
compat��veis com os Seus des��gnios insond��veis. �� quanto posso
dizer aos meus amados irm��os em provas expiat��rias, concitando
-os para que aproveitem o tempo que lhes �� dado por acr��scimo
de miseric��rdia, para n��o serem surpreendidos nas condi����es de
servos in��teis. Vir�� a velhice com os cansa��os inevit��veis ou a
partida inesperada para o Al��m, e, felizes daqueles cujas consci-
��ncias lhes afirmarem que n��o passaram inutilmente pela Terra.
Aos meus amados irm��os Legion��rios do Quilo ou bata-
lhadores em quaisquer setores de progresso onde se encontrem,
desejo-lhes a verdadeira reforma ��ntima, com a extin����o do ho-
mem velho e a transforma����o em homem novo, feito em Justi��a
e Santidade. Do irm��o Elias Alverne Sobreira. Recife, 29.12.77"
Rubens Uch��a
34
PARTE I
"Naquela mesma hora chegaram os disc��pulos ao p�� de Jesus,
dizendo: Quem �� o maior no reino dos c��us? E Jesus chamando
um menino, o p��s no meio deles, e disse: Em verdade vos digo
que, se n��o vos converterdes e n��o vos fizerdes como meninos,
de modo algum entrareis no reino dos c��us. Portanto, aquele que
se torna humilde como este menino, este �� o maior no reino dos
c��us". - MATEUS, 18:2,3,4.
MENSAGEM AOS MEUS BEM AMADOS
LEGION��RIOS DO QUILO
Meus mui amados irm��os Legion��rios do Quilo: que a Luz
imaculada do Divino Mestre e Senhor Jesus nos ilumine hoje e
sempre.
Ensinou o Divino Mestre: - "Quem se exalta ser�� humilhado
e quem se humilha ser�� exaltado".
Todo desmantelo do mundo, em todos os setores, teve ori-
gem na exalta����o orgulhosa das criaturas. Andaram os tempos,
no decurso dos quais, o Pai Compassivo e Bom enviou insis-
tentemente os seus representantes para lembrarem ��s criaturas
em apre��o, o roteiro humilde de que haviam distanciado. N��o
obstante a compassiva bondade do Pai Misericordioso e Bom,
conclamando os seus filhos ingratos ao caminho reto da humil-
dade e do amor, poucos atentaram para a magnanimidade dos
3 5
ensinos recebidos. Eis que chegamos aos tempos preditos, em que
haver�� um s�� rebanho, dirigido por um s�� pastor, isto ��, em que
a humanidade regenerada ser�� orientada pela Luz inconfund��vel
dos Evangelhos do Senhor Jesus Cristo, em Esp��rito e Verdade.
Afirmam os Esp��ritos Iluminados que, dentro deste ��ltimo
per��odo de s��culo, ser�� feita a escolha dos escolhidos, como
ensinou o Divino Senhor: "Haver�� muitos chamados, por��m
poucos escolhidos". Tendo em vista o preparo indispens��vel dos
escolhidos, que poder��o ficar ao lado do Divino Amigo, o Anjo
Ismael, Guia do povo brasileiro, determinou a cria����o de um
curso intensivo e extensivo, de humildade e amor, vai por mais
de vinte anos. Este curso de humildade amorosa, denominou-se
CAMPANHA DO QUILO. �� que o Anjo Bendito verificou
atrav��s de sua vis��o iluminada, que o maior dos obst��culos, isto
��, a maior das dificuldades existentes, para que as criaturas se
rendam incondicionalmente aos des��gnios do Alt��ssimo, est�� no
orgulho infeliz que as dominam, quase de modo geral. Por esta
raz��o, o Anjo amigo determinou que o referido curso se esten-
desse por todas as cidades do Brasil, inicialmente pelas capitais,
a fim de dar oportunidade a todas as pessoas de boa vontade,
no sentido de se libertarem, tanto quanto poss��vel, da soberba
orgulhosa. Da�� resultou o movimento extremamente simples
da COMPANHA DO QUILO, que se realiza com o saco de
padaria no ombro e a mochila na m��o, ombreando o Legion��rio
do Quilo com o pedinte an��nimo, com o mendigo paup��rrimo
da rua! Compreendamos bem, que a dita Campanha do Quilo,
dentre as muitas finalidades a que se destina, tem uma principal,
que consiste em alijar dos nossos cora����es, o orgulho vaidoso e
ego��stico! Foi mais por essa raz��o, do que pela necessidade ma-
terial dos famintos do corpo, que teve in��cio a tarefa da aludida
Campanha! Dos maus sentimentos que impedem totalmente a
cristianiza����o da criatura, isto ��, a ilumina����o interior, o orgulho
�� sem d��vida, o pior de todos, visto que produz na consci��ncia
uma falsa aprecia����o da ordem natural, pela rebeldia que lhe ��
peculiar, impedindo a transforma����o ��ntima, e portanto, o es-
tabelecimento duma vibra����o harmoniosa, somente realiz��vel
3 6
com a cultura persistente do sentimento de humildade. Por a��,
estamos vendo, a necessidade que temos de realizar, sem mais
demora, o curso de humilha����o do nosso orgulho, nos consa-
grando com entusiasmo e perseveran��a, �� Campanha do Quilo,
por tempo indeterminado, pois somente atrav��s de reiterados
esfor��os, lutas persistentes, campanhas in��meras, no decurso
das quais, �� que iremos alijando as manchas orgulhosas que
enegrecem as nossas almas, nos tornando simples, como o Pai
nos criou. Acresce notar, que nos restam apenas trinta e poucos
anos para o final do presente mil��nio, com o qual ser��o alijados,
isto ��, afastados da face da Terra, todos os esp��ritos orgulhosos
e ego��stas. Em nosso pr��prio benef��cio, se quisermos ser con-
tados no n��mero dos escolhidos, ainda estamos em tempo de
nos decidirmos, atrav��s da m��xima boa vontade, n��o para con-
quistarmos a humildade perfeita, o que n��o �� poss��vel sen��o no
decurso de mil��nios, mas para provarmos ao nosso Divino Mestre
e Senhor, pela sinceridade demonstrada no esfor��o em praticar
o bem com humildade, renegando o orgulho, que sinceramente
desejamos participar do n��mero dos escolhidos. ��, portanto,
do nosso mais alto interesse espiritual, na hora tremendamente
grave que vivemos, enfrentarmos a realiza����o da sagrada tarefa
consubstanciada na Campanha do Quilo, pois como assevera o
Mestre Excelso: "Para os grandes males, os grandes rem��dios",
e estamos convictos de que os nossos piores males t��m origem
em nosso orgulho inveterado. Combater o orgulho, atrav��s de
Campanhas do Quilo, torna-se um dever urgente, imperativo,
por parte de quantos conhecem as suas responsabilidades, em face
�� imortalidade e �� reencarna����o! Matriculemo-nos no curso da
Campanha do Quilo, por tempo indeterminado, e com o correr
dos anos teremos o gozo imenso de vermos que de orgulhosos
que ��ramos, nos tornamos humildes, sinceramente humildes,
isto ��, obedientes e submissos ao Pai de Bondade Infinita.
Bezerra de Menezes
(Mensagem recebida em Salvador: ju-
nho de 1964, m��dium: Elias Sobreira).
37
Pequena hist��ria da Campanha do Quilo
"Se este conselho, ou esta obra �� de homens, se desfar��, mas
se �� de Deus, n��o podereis desfaz��-la, para que n��o aconte��a serdes
tamb��m achados combatendo contra Deus". ATOS; 5: 38,39.
Foi no m��s de agosto de 1938, que conheci a Campanha do
Quilo. Fora iniciada pelo casal Matos Vieira e Da. Relene, em
benef��cio do Abrigo Creche Nazareno, �� rua Pontes Leme, n��
438, em Campo Grande - Rio de Janeiro, ent��o Distrito Fede-
ral. O referido abrigo, fundado por esp��ritas, encontrava-se em
situa����o lament��vel, de vez que, abrigando quarenta menores,
sexo feminino, n��o dispunha de recursos para manter-se, da�� a
necessidade levada at�� �� fome, a que se viam obrigadas as menores
em apre��o. Levado ��quela Organiza����o, naturalmente pelos bons
esp��ritos que velam pelo bem da mesma, aludido casal compade-
ceu-se das pobres internadas, e, influenciado pelos mensageiros
do c��u, iniciou, naquela cidade, a Campanha do Quilo.
O meu primeiro encontro, foi com o Sr. Matos Vieira,
viajando num trem da Estrada de Ferro Central do Brasil,
em meados do referido m��s de agosto. Este senhor falou-me a
respeito do dito abrigo, informando-me sobre a necessidade da
supracitada Campanha do Quilo. Ap��s a exposi����o do Sr. Matos,
senti um desejo ardente de tomar parte na aludida campanha,
prometendo-lhe comparecer no pr��ximo domingo, o que fiz, sem
o menor constrangimento, gozando pela primeira vez em toda
a minha vida, uma paz serena, uma alegria ��ntima inigual��vel,
um conforto inexprim��vel. Ao realizar a primeira Campanha do
Quilo, senti despertar meu cora����o para um sincero amor por
um trabalho dos mais simples, todavia dos mais confortadores
e mais felizes que conheci na vida. A princ��pio a campanha
realizava-se no bairro de Campo Grande, alguns meses depois
passou a ser feita em Bangu, pouco tempo depois no Meier; a
seguir na Esta����o de Piedade, para o Orfanato suburbano Tereza
Cristina; em continua����o, na Esta����o de Santa Cruz, sendo que
nesta ��ltima, realizavam-se aos quintos domingos, para o Abrigo
Creche Nazareno. E o n��mero de trabalhadores da Campanha
38
do Quilo aumentava incessantemente. Era porque todos que
sinceramente se decidiam ao trabalho, gozavam as do��uras da
paz e as alegrias da boa assist��ncia dos bons esp��ritos. Eu mes-
mo, que durante muito tempo vinha sofrendo uma angustiosa
obsess��o, desde o ano de 1927, com a realiza����o da Campanha,
passei a sentir al��vio extraordin��rio, pois os fluidos magn��ticos
recebidos durante a tarefa, envolviam o meu perisp��rito, de forma
que anulavam as influ��ncias mal��ficas dos meus perseguidores.
Posso afirmar, que foi na sagrada tarefa da dita campanha, que
consegui total liberta����o, sem precisar recorrer a Sess��es de
Desobsess��o. Em 1942, era fundada no Lar de Jesus, abrigo para
meninas, em Nova Iguassu, Estado do Rio, a Campanha, por
uma turma de trabalhadores decididos a levarem avante, com
fervor e entusiasmo o santo trabalho. Ditas campanhas eram
realizadas com um saco de padaria no ombro e uma mochila na
m��o. Nos sacos recolhiam-se os g��neros aliment��cios e outros
produtos e nas mochilas o dinheiro. Todas as Campanhas reali-
zadas recolhiam farta messe de produto e dinheiro, capazes de
garantir a subsist��ncia dos abrigos a que se destinavam. Al��m do
mais espalhavam-se as vibra����es do Evangelho do Divino Mestre,
de par com a propaganda do Espiritismo Crist��o, visto que os
tarefeiros, denominados LEGION��RIOS DO QUILO, eram
em geral esp��ritas, s�� realizavam a campanha ap��s haverem se
preparado com a prece. Em fins de 1945, servindo na Aeron��u-
tica, fui transferido para o Recife. Informado da exist��ncia do
Orfanato Ceci Costa, que abrigava meninas ��rf��s, em Salgadinho,
sub��rbio da cidade do Recife, procurei o presidente do mesmo,
que era o Professor Jos�� de Barros Lins, o qual estava presidindo
uma solenidade relacionada com o anivers��rio da funda����o do
referido Orfanato. Pedi a palavra, que me foi dada. Ent��o expus
a raz��o da minha presen��a ali: A CAMPANHA DO QUILO.
O referido professor aceitou compreensivo. Ficou estabelecido
que a campanha seria organizada nos Centros Esp��ritas que
aderissem ao movimento. Na semana seguinte dirigimo-nos ��
Escola Esp��rita Maria de Nazar��, no arrabalde de Arruda, �� rua
do Bom Conselho, cujo presidente era o irm��o Adauto Caval-
3 9
canti. Explicamos minuciosamente as finalidades da Campanha
do Quilo: visava n��o somente humilhar o nosso orgulho, mas
tamb��m pagar as nossas d��vidas do passado e do presente, atrav��s
do servi��o humilde, prestado ��s crian��as ��rf��s e velhos amparados
pelos abrigos. No final da reuni��o, ficou combinado pelo presi-
dente e uma dezena de confrades, que a Campanha teria in��cio
no domingo pr��ximo vindouro para o Orfanato Ceci Costa. No
aludido domingo, comparecemos felic��ssimos, pois os confrades
encontravam-se ao nosso lado. Colocamos em cima da mesa o
Evangelho Segundo o Espiritismo, uma folha de papel alma��o,
para lavrar a ata com as assinaturas dos presentes e como registro
das quantias e quantidades de g��neros arrecadados, e os sacos de
padaria e saquinhos.
A primeira meia hora foi dedicada ao preparo dos Legio-
n��rios, que assim se denominam os tarefeiros da Campanha.
Feita a prece, passou-se �� leitura duma li����o do Evangelho com
respectivo coment��rio. Terminada esta parte preparat��ria, pas-
sou-se a distribuir os sacos e saquinhos, dirigindo-se em seguida
para a rua onde come��aram os pedit��rios.
Inicialmente ficou estabelecido que o trabalho teria a dura-
����o de tr��s horas, sendo meia hora para preparo dos legion��rios
e duas e meia horas para as arrecada����es. Assim foi feito. As
11:00 horas regressava a turma, transbordante de gozo, plenos de
alegria, banhados pelas sagradas influ��ncias dos Mensageiros do
C��u; foi contado o dinheiro, calculados os g��neros aliment��cios
e outras doa����es, tudo registrado na dita ata, feita em duas vias,
sendo uma remetida com as arrecada����es para o Orfanato e a
outra arquivada na secretaria da supracitada escola. Foi imensa a
alegria do professor Barros Lins, ao receber o mensageiro da Esco-
la Maria Nazar��, fazendo-lhe entrega das doa����es da Campanha.
Ficou estabelecido que a referida campanha realizar-se-ia uma
vez por m��s, no terceiro domingo. Em prosseguimento, fomos
ao N��cleo Esp��rita Centelha de Jesus, �� rua do Brum, onde fun-
cionava, cujo presidente Jo��o Rodrigues da Costa Qo��ozinho),
compreensivo e generoso, aderiu ao movimento; sem deten��a
deu in��cio �� realiza����o da Campanha, no domingo imediato. A
4 0
terceira Organiza����o Esp��rita a ser chamada foi o Tabern��culo
Esp��rita Ap��stolos de Cristo, na Encruzilhada. A quarta foi a
Cruzada Esp��rita Pernambucana; a quinta Educand��rio Esp��rita
Joana D'Arc, no s��tio do Berardo na Madalena; a sexta a Uni��o
Esp��rita da Torre; a s��tima o Grupo Esp��rita Regenera����o, �� rua
dos Pescadores; a oitava a Escola Esp��rita a Caminho da Luz,
em Beberibe; a nona a Cruzada Esp��rita Olindense, em Olinda;
a d��cima Centro Esp��rita Andr�� Luiz; a d��cima-primeira Escola
Esp��rita Irm�� Ros��lia, em Beberibe; a d��cima segunda Tabern��-
culo Esp��rita Caminheiros Humildes, em Beberibe; a d��cima
terceira N��cleo Esp��rita Viandantes da Luz, Beberibe; a d��cima
quarta Escola Esp��rita Jesus de Nazar��, em Beberibe.
Em 1947, o irm��o Jos�� d'Araujo Lima, que se fizera Legio-
n��rio, divinamente inspirado fundou no Pina, �� rua do Ara����, o
Abrigo para a velhice desamparada - ABRIGO BEZERRA DE
MENEZES. Foram chamados para cooperar com esse abrigo os
Centros Esp��ritas daquele setor: N��cleo Esp��rita Mission��rios
da Luz, Centro Esp��rita Casa de Marta, Centro Esp��rita Amor e
Caridade. Centros Esp��ritas que vinham realizando campanhas
para o Orfanato Ceci Costa, passaram a fazer tamb��m para o
Abrigo Bezerra de Menezes.
Em 1948, Herm��nio C��zar fundou, �� rua Vitoriano Palhares,
77, na Torre, o abrigo para velhinhas, na Uni��o Esp��rita da Torre,
que em 1953 transformou-se em Lar de Jesus. Em 1949, os Irm��os
Tiago e Antonio Sales inauguravam o Abrigo Esp��rita Batista de
Carvalho, para crian��as ��rf��s do sexo feminino, na Est��ncia de
Dentro. Foram chamadas as seguintes Organiza����es Esp��ritas
para realizarem Campanhas para as Institui����es fundadas: Cen-
tro Esp��rita Vicente de Paula, em Iputinga; Igreja Esp��rita Joana
D'Arc, na Torre; Centro Esp��rita Ant��nio de Paula, na Torre;
Centro Esp��rita Jos�� Acyoli no S��tio Caiara; Centro Esp��rita Paz,
Luz e Harmonia, no Barro; Centro Esp��rita Jo��o Bedor d'Arau-
jo, no Barro; Centro Esp��rita Amor e Caridade, em Sucupira;
Centro Esp��rita Camilo Flamarion, no Barro; Centro Esp��rita
Bezerra de Menezes, em Areias e Centro Esp��rita a Caminho
da Luz.
41
A princ��pio a Federa����o Esp��rita Pernambucana assustou-se,
vendo o intenso movimento da Campanha por todos os bairros.
Reuniu-se a Diretoria daquela Entidade, imaginando ver uma
obsess��o generalizada, invadindo as Organiza����es Esp��ritas no
Estado. Convocou as Institui����es Esp��ritas para se definirem pr��
Federa����o ou Campanha do Quilo. Contudo, as Institui����es que
realizam Campanhas, c��nscias que estavam da majestosa beleza
da tarefa que realizavam, optaram pela Campanha do Quilo. O
irm��o Djalma de Farias, Presidente da referida Federa����o, buscou
realizar um movimento unificador das Organiza����es Esp��ritas
em Recife, temendo as influ��ncias da aludida Campanha, sem
conseguir, pois a cada vez que se reunia com os esp��ritas con-
vocados para tal fim, degenerava em s��rios debates, a terminar
por terr��veis desentendimentos. E o movimento providencial
da Campanha do Quilo prosseguia vitorioso em quase todos os
Centros Esp��ritas, estabelecendo la��os de amizade entre todas as
Institui����es, criando um clima de fraternidade encantadora.
Em 1946 o esp��rito do iluminado Mentor Adolfo Bezerra
de Menezes determinou a cria����o da Escola Central do Quilo,
que deveria orientar as tarefas da Campanha. Foi fundada com
��xito, a dita Escola. A seguir, nos moldes desta, foram organiza-
das Escolas Regionais do Quilo, nos principais setores do Recife:
Escola Regional do Quilo de Beberibe, da Torre, da Encruzilhada,
de Casa Amarela, de Olinda, do Pina e da Est��ncia. A principal
tarefa destas Escolas era realizar movimentos de confraterniza����o
por todas as Organiza����es Esp��ritas, bem orientadas, fortalecendo
os elos de amizade fraterna, convidando os esp��ritas de boa von-
tade para ajudarem as crian��as ��rf��s e os velhinhos abrigados nas
Institui����es fundadas sob os ausp��cios da Campanha do Quilo.
Outras Institui����es Esp��ritas aderiam �� Campanha no setor de
Casa Amarela: Centro Esp��rita Deus, Paz e Luz, Centro Esp��rita
F��, Esperan��a e Caridade, Escola Esp��rita Miguel Arcanjo, Centro
Esp��rita Cristina Menezes d'Albuquerque e Centro Esp��rita Pedro
Carneiro.
Com a desencarna����o do Irm��o Djalma de Farias, a irm��
Helena Moreira Valente, presidente do Instituto Esp��rita Jo��o
42
Evangelista substituiu-o na dire����o do movimento de confra-
terniza����o esp��rita do Estado de Pernambuco. Esta dign��ssima
confreira, sem deten��a, chamou os Legion��rios do Quilo para a
aludida confraterniza����o. A partir da��, verificou-se a mais linda
unifica����o esp��rita j�� realizada, pois o esfor��o amoroso e humilde
dos legion��rios de todos os setores do Recife, espalhava ondas de
paz, vibra����es de fraternidade, ensejando o afastamento dos ini-
migos da luz. E o resultado deste trabalho de fraternidade e amor,
foi n��o somente a funda����o da Comiss��o Estadual de Espiritismo,
mas o triunfo esplendoroso das comemora����es do primeiro cente-
n��rio do Livro dos Esp��ritos, em 18 de abril de 1957. Em princ��pio
daquele ano, apareceu o Frei Boaventura realizando magnetiza����o
de determinadas pessoas, querendo assim, invalidar os fen��menos
esp��rita-medi��nicos, e por esta forma combater o Espiritismo. Em
seguida surgiram oitenta padres enviados ao Recife, para desviarem
a aten����o dos cat��licos das comemora����es esp��ritas. A verdade ��
que ditas comemora����es intensificaram a simpatia do povo pelo
Espiritismo e para a Campanha, de tal sorte que as contribui����es
aumentaram enormemente.
No correr do ano de 1957, foi fundada a Escola do Quilo
de Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte; em 1958, a
Escola do Quilo de Jo��o Pessoa, Para��ba; em 1959, a de Campina
Grande, tamb��m na Para��ba; em 1960, a de S��o Lu��s, no Maranh��o;
em 1961, a de Fortaleza, Estado do Cear��; em 1962, as de Teresina,
Aracaju, Itabuna e Ibicara��, respectivamente, nos Estados do Piau��,
Sergipe, Bahia; em 1963, a de Salvador na Bahia.
M��todo para fundar uma Campanha do Quilo
Para fundar uma Campanha do quilo �� preciso, em primeiro
lugar, fazer incentivos durante as reuni��es esp��ritas de doutrina-
����es, esclarecendo os irm��os sobre o valor desta, como obra de
assist��ncia n��o s�� material, mas tamb��m moral e espiritual. Como
assist��ncia material, porque os Abrigos de Crian��a e Abrigos de
Idosos poder��o ser muito ajudados pelas arrecada����es da referida
Campanha; como assist��ncia moral porque, no santo exerc��cio de
43
pedir a quem tem para dar a quem n��o tem, o tarefeiro encontrar��
valiosa oportunidade para a pr��pria reforma e da coletividade, de
vez que no servi��o laborioso, modesto e humilde em apre��o, ser��
estimulada a pr��tica da humanidade, da paci��ncia, da toler��ncia,
da boa vontade, da ren��ncia, enfim da fraternidade irrestrita, que
influenciar�� a coletividade para a pr��tica do bem desinteressado;
como assist��ncia espiritual, porque na sagrada tarefa realizada
em benef��cio das crian��as ��rf��s e dos velhos abandonados, se-
r��o atra��dos ao conv��vio dos legion��rios e do povo falanges de
esp��ritos benfazejos, que, com as suas ben��ficas influ��ncias, n��o
somente cooperar��o extraordinariamente para as desobsess��es
individual e coletiva, com o afastamento das coortes de esp��ritos
malfazejos, como tamb��m para a paz individual e coletiva. Por
esta forma, torna-se a Campanha do Quilo, um valioso instru-
mento de reforma moral-espiritual.
"Tudo seja realizado com dec��ncia e ordem". - PAULO.
�� preciso que os interessados pela funda����o da referida
Campanha, realizem visitas aos o abrigos de crian��as e abrigos
de idosos; n��o s�� para constatarem as necessidades dos mesmos,
como para obterem o apoio dos seus diretores. Ap��s a realiza����o
das visitas, �� de grande import��ncia buscarem ouvir a palavra
evangelizadora bem orientada, atrav��s de um m��dium seguro.
Em casos tais, nunca se deve dispensar a orienta����o do Alto.
Escolhido o Abrigo de Crian��as ou de Idosos, para que deva ser
realizada a campanha, o interessado pela realiza����o da mesma,
seja o Presidente da Organiza����o Esp��rita ou quem estiver por
este autorizado, passar�� a incentivar os assistentes das reuni��es
esp��ritas doutrin��rias. Nos incentivos, lembrar�� as palavras do
Divino Mestre no Serm��o prof��tico: "VINDE A MIM, BENDI-
TOS DE MEU PAI, PORQUE TIVE FOME E ME DESTE DE
COMER, TIVE SEDE E ME DESTES DE BEBER, ESTIVE NU
E ME VESTISTES, PRESO E ME FOSTES VER, DOENTE E
ME VISITASTES, SEM TETO E ME HOSPEDASTES. Lem-
brai-vos que, quando isto fizestes a qualquer pequenino da terra,
fizeste a mim mesmo. AFASTAI-VOS DE MIM MALDITOS,
PORQUE TIVE FOME E N��O ME DESTES DE COMER,
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TIVE SEDE E N��O ME DESTES DE BEBER, NU N��O ME
VESTISTES, DOENTE N��O ME VISITASTES, PRESO N��O
ME FOSTES VER, SEM TETO N��O ME ABRIGASTES.
Lembrai-vos que, quando deixastes de fazer isto a qualquer irm��o
meu, pequenino da terra, deixastes de fazer a mim".
Portanto, a obra do Divino Mestre consiste em ajudar os
necessitados de toda esp��cie. E ningu��m mais que as crian��as
��rf��s e os velhos abandonados precisa de ajuda. Na estrada de
Cafarnaum, o nosso Divino Redentor, chamando um menino,
coloca-o no meio dos disc��pulos, dizendo-lhes: - "Quem receber
um menino como este, a mim me recebe, e quem me receber,
recebe Aquele que me enviou".
Depois de haver feito v��rios incentivos convidando os
irm��os para a Campanha, perguntar�� quem deseja tomar parte
na realiza����o da mesma, pedindo aos que desejarem, que d��em
os seus nomes, a fim de que sejam relacionados. De posse da
rela����o dos convidados ao servi��o de Legion��rios do Quilo,
ser�� marcado o dia e a hora em que dar��o in��cio. Ser��o provi-
denciados sacos de padaria lavados, em condi����es de limpeza
e mochilas, com as seguintes palavras escritas: Campanha do
Quilo. Essas mochilas dever��o trazer na "boca" um cord��o
ou sutache bastante forte, para ser dependurada na m��o. Se a
Campanha a realizar-se for na cidade do Recife, onde funciona
a Escola Central do Quilo, �� Rua Isrrael Fonceca, 66, Santo
Amaro, Recife, uma Comiss��o constitu��da pelos principais
interessados no trabalho do Quilo, ir�� a esta institui����o, a fim
de comunicar-lhe o plano de servi��o a ser realizado e ao mesmo
tempo obter o tal��o para registro dos nomes dos legion��rios
e o dinheiro e g��neros aliment��cios a serem arrecadados. No
caso da Campanha ter de se realizar numa cidade onde n��o
haja Escola do Quilo como orientadora dos movimentos em
apre��o, ent��o �� conveniente fundar antes de qualquer reali-
za����o dita Escola, para que as tarefas tenham garantia legal.
Em Recife, temos a Escola Central da Campanha do Quilo
de Pernambuco, situada �� Rua Isrrael Fonceca, 66 - Santo Amaro
- Recife, fundada a 2 de mar��o de 1946, registrada no 1o Cart��rio
4 5
de T��tulos e Documentos sob o n.�� 1.785.
A principal finalidade da Escola Central da Campanha do
Quilo de Pernambuco (ECCQP) �� auxiliar os Abrigos de Idosos
e Abrigos de Crian��as, Esp��ritas, a ela filiados, o que faz atrav��s
de campanhas de ruas A CAMPANHA DO QUILO, com seus
Legionarios indo de portas e port��es, no centro ou nos bairros
da cidade, na busca de donativos em dinheiro, g��neros aliment��-
cios, objetos dom��sticos e de uso pessoal, em a����o conjunta com
as Institui����es esp��ritas Kardecistas, segundo o lema de Allan
Kaderc - "FORA DA CARIDADE N��O H�� SALVA����O".
A Campanha do Quilo n��o �� uma tarefa simplesmente
material de angariar donativos. �� tamb��m uma oportunidade
de divulga����o da doutrina esp��rita-crist��, quando o legion��rio
poder�� entregar mensagens durante o trabalho da campanha,
oferecendo, desta maneira, o p��o espiritual para os necessitados
de esclarecimentos evang��licos. Mais adiante daremos explica����es
mais detalhadas sobre os benef��cios que a Campanha do Quilo
oferece.
Em princ��pio a Campanha do Quilo �� realizada aos s��bados,
domingos e dias santos e feriados, das 08:00 ��s 11:00 horas, com
exce����o das que se realizam nos campos de futebol e gin��sios de
esportes, que poder��o ser pela manha, �� tarde e �� noite, e nestes
��ltimos casos ser��o realizados em qualquer dia da semana.
Quaisquer que sejam as situa����es apresentadas acima, a
Campanha partir�� sempre da sede da Institui����o patrocinadora
e ser��o cumpridas as suas normas de funcionamento.
Na realiza����o da Campanha do Quilo h�� uma parte prepa-
rat��ria, �� qual ser��o dedicados trinta minutos �� assinatura do
nome e do n��mero do cart��o de identifica����o no tal��o da Cam-
panha; leitura das normas da Campanha do Quilo; leitura de um
trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo e prece inicial dos
trabalhos. A dura����o da campanha em pedit��rios �� de 2 horas e
30 minutos.
Em toda e qualquer Campanha do Quilo h�� um Dirigen-
te de Grupos. Este dever�� - logicamente - ser um Legion��rio
experimentado no mister.
46
�� da al��ada do Dirigente de Grupos recomendar aos Legio-
n��rios sob sua orienta����o - principalmente os novatos - sobre
o comportamento diante das pessoas a quem se dirigir, nos
pedit��rios, salientando que:
a) - o Legion��rio ao bater palmas, deve faz��-lo moderada-
mente, para n��o assustar quem esteja lendo ou distra��do;
b) - ao ser recebido, falar em tom moderado, com clareza,
sem afeta����o, olhando a pessoa a quem se dirige; dei-
xando aparecer um leve sorriso, dizer: "Bom dia, somos
da Campanha do Quilo, em nome de Jesus, estamos
pedindo um aux��lio para o ... (citar nome do abrigo)".
c) - atendido ou n��o, SEM MUDAR O SEMBLANTE,
desejar a paz do Senhor, lembrando que no pr��ximo
m��s voltar��; se estiver distribuindo mensagens, deve
oferec��-las, mas sem insistir;
d) - deve apresentar o "cart��o" de identifica����o, quando
solicitado, agradecendo a exig��ncia pois pode ser uma
prova de zelo da parte do interlocutor; aproveitar esta
oportunidade para mostrar o verso do referido cart��o,
onde se acham relacionados os nomes e endere��os dos
Abrigos de Idosos e Abrigos de Crian��as, mantidos pela
Campanha do Quilo.
Antes de sair da sede da Institui����o patrocinadora, o Diri-
gente dever�� examinar o material recebido, verificando as con-
di����es de higiene dos sacos e seguran��a das mochilas; verificar se
est�� faltando algu��m assinar o tal��o da Campanha; recomendar
ao legion��rio que terminar primeiro o seu trabalho, ajudar o
companheiro, para que voltem juntos �� sede de onde partiram.
Tanto na sa��da da sede, como na volta, o Dirigente confir-
mar�� se todos os seus comandados est��o presentes e durante o
trabalho colocar-se-�� na retaguarda do seu grupo, para melhor
controle da situa����o.
Se algum Legion��rio cometer algo errado, o Dirigente deve
cham��-lo em particular - nunca na presen��a de outro - explicar
47
o procedimento correto, com brandura, ensinando-lhe o agir
conforme os princ��pios da s�� doutrina, sem usar - nunca - de
pontos de vista pessoais.
No encerramento da Campanha, o Dirigente deve procu-
rar ouvir os seus comandados, procurando dirimir d��vidas ou
solucionar problemas surgidos no desenrolar da Campanha; se
surgirem casos que o Dirigente n��o possa solucion��-los satis-
fatoriamente, deve anot��-los, levando-os ao conhecimento da
Escola Regional do bairro ou da Escola Central, para as devidas
provid��ncias.
�� importante observar, finalmente, que o Dirigente de Gru-
pos ser�� o primeiro a chegar �� sede da Institui����o patrocinadora
da Campanha, e o ��ltimo a sair na conclus��o dos trabalhos.
Deveres do Legion��rio do Quilo:
a) - Comparecer pontualmente ao trabalho da Campanha;
b) - Ser ass��duo e dedicado;
c) - N��o fumar, n��o comer, n��o beber (exceto ��gua) durante
a Campanha;
d) - Ser vigilante e firmar o pensamento em Nosso Senhor
Jesus Cristo;
e) - Evitar qualquer conversa com o companheiro de tarefa,
salvo quando se tratar de assuntos referentes �� Campa-
nha;
f) - N��o travar discuss��o com quem quer que seja; chegando
�� porta da casa, agir conforme j�� foi explicado linhas
atr��s;
g) - Quando for interrogado sobre qualquer assunto refe-
rente �� Campanha do Quilo e o desconhe��a, chamar o
Dirigente do Grupo para os esclarecimentos necess��rios;
h) - Quando for coagido ou oprimido por algu��m, procurar
manter-se calmo, retirando-se serenamente em ora����o,
pelo pensamento, a Nosso Senho Jesus Cristo;
i) - Sempre que encontrar pessoas doentes (acamadas) pro-
curar tomar nota do nome e endere��o, para fazer preces
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por elas;
j) - Quando encontrar pessoas em miser��veis condi����es do-
entes, famintas, necessitadas de assist��ncia, o legion��rio
dever�� fazer o seguinte: socorrer com os seus pr��prios
recursos, na medida do poss��vel; tomar nota do nome e
endere��o e levar ao conhecimento da dire����o da Escola
Central, atrav��s do dirigente de seu grupo, ouvida antes
a Escola Regional do bairro;
1) - Quando um legion��rio observar alguma falta no seu com-
panheiro de tarefa, deve procurar esclarec��-lo amorosa-
mente; se ele recusar o esclarecimento, levar o fato ao
conhecimento do Dirigente de Grupo; se porventura
o legion��rio em falta ainda n��o aceitar ou atender, o
Dirigente por sua vez levar�� o caso �� diretoria da Escola
Regional e, se necess��rio, esta levar�� ao conhecimento
da Escola Central para a devida solu����o;
m) - Nenhum Legion��rio poder�� tirar dinheiro da mochila
nem g��nero do saco para socorrer a pessoas necessitadas,
pois os donativos recolhidos pertencem aos Abrigos de
Idosos ou Abrigos de Crian��as mantidos pela Campanha;
n) - O Legion��rio dever�� trazer sempre a mochila na m��o e
o saco no ombro;
o) - Evitar palestra com amigos, conhecidos, fora das normas
da Campanha, limitando-se a dar explica����es r��pidas;
deve chamar o Dirigente, se for necess��rio;
p) - Toda vez que o Legion��rio regressar da Campanha,
chegando �� sede da Institui����o patrocinadora, colocar��
o saco com g��neros aliment��cios numa extremidade da
mesa e as mochilas com o dinheiro na outra, a fim de se-
rem contados, pelo n��mero de Legion��rios participantes
do grupo, e em seguida contado o dinheiro de todas as
mochilas, formando um s�� total, que constar�� declarado
no tal��o da Campanha e logo em seguida, juntamente
com os g��neros arrecadados, ser�� enviado ao abrigo para
o qual foi realizada a campanha;
q) - Depois de todas as provid��ncias tomadas, g��neros e
4 9
dinheiro, material recolhido, cart��o de identifica����o de-
volvido, ser�� feita a prece de agradecimento ao Alt��ssimo
e aos Esp��ritos Mentores da Campanha que ajudaram nos
trabalhos; a�� ent��o, o Dirigente de Grupos dar�� como
finalizada a Campanha;
r) - Todo legion��rio ass��duo, que realizar a Campanha por
um ano e continuar, ser�� considerado s��cio efetivo, com
direito de votar e ser votado para os cargos da diretoria
da Escola Central e demais ��rg��os a ela subordinados;
s) - O Legion��rio que tiver de se afastar dos trabalhos da
Campanha, dever�� enviar por escrito os motivos do seu
afastamento, a fim de conservar o direito de s��cio efetivo,
encaminhando o seu requerimento �� Escola Regional a
que estiver ligado.
OS DEZ MANDAMENTOS
DA CAMPANHA DO QUILO
1o - Perdoar, a todo momento, qualquer ofensa.
2o - Tolerar, cheio de boa vontade, qualquer fraqueza do pr��-
ximo.
3o - N��o procurar enxergar o defeito de ningu��m.
4o - Elevar, no mesmo instante, o pensamento a Deus, por
quem o ofender.
5o - N��o se magoar quando receber qualquer ofensa.
6o - N��o comentar o mal-feito de quem quer que seja.
7o - Falar sempre no bem, no Evangelho e na moral de Cristo.
8o - N��o aceitar o "disse-que-disse", venha donde vier, para ter garantida a paz entre os irm��os.
9�� - Ter muita paci��ncia, em qualquer experimenta����o.
10�� -N��o falar, nem gesticular exaltado, agressivo, com
ningu��m, para n��o perder a boa assist��ncia dos Guias
Espirituais.
5 0
BENEF��CIOS Q U E A
CAMPANHA O F E R E C E
a) - Alijar das nossas almas o orgulho, a vaidade e o ego��smo;
b) - Obedecer ao "Ide e pregai o Evangelho" a todas as criaturas; c) - Praticar a justi��a ensinada pelo Divino Mestre, expressa
nestes termos: "faze aos outros o que desejas que se te fa��a";
d) - Cultivar a humildade, a mod��stia e a fraternidade;
e) - Desenvolver a ren��ncia ao personalismo endurecido;
f) - Treinar a mansid��o ensinada pelo nosso Divino Mestre;
g) - Desabrochar a piedade amorosa, sem a qual n��o seremos
crist��os;
h) - Intensificar em nosso esp��rito e nos da coletividade o
ambiente pac��fico, com os testemunhos do bem;
i) - Educar a n��s mesmos e �� humanidade na pr��tica sincera do
perd��o, sem o qual estaremos sempre afastados de Deus;
j) - Incentivar o povo para a pr��tica do bem desinteressado.
RESGATE DE NOSSAS FALTAS
a) - Resgates das nossas faltas do presente e do passado;
b) - Purifica����o das nossas almas;
c) - Acendimento da luz interior;
d) - Paz equilibrada, gozo permanente;
e) - Reconcilia����o com inimigo do passado e do presente;
f) - Dar oportunidade aos outros para resgatarem as suas faltas;
g) - Desobsess��o individual e coletiva;
h) - Educa����o das nossas almas e de toda coletividade pela
pr��tica do bem;
i) - Conquista de amigos para as fileiras do bem e do amor ao
pr��ximo;
j) - Manuten����o equilibrada dos Abrigos de Idosos e Abrigos
de Crian��as, com arrecada����o em dinheiro e g��neros ali-
ment��cios, realizada nas bases da cultura do amor fraterno.
51
O divino mission��rio do Espiritismo Crist��o frisou, com
muita verdade, o car��ter essencial da Doutrina dos Esp��ritos:
Desfraldar, bem alto, a bandeira do Espiritismo Crist��o Huma-
nit��rio. E pelas finalidades e aquisi����es da Campanha do Quilo,
bem como pelos dez mandamentos do legion��rio e normas da
Campanha do Quilo, vemos claramente, que a referida Cam-
panha corresponde ��s belezas do Consolador prometido, por
criar incentivos e estabelecer fundamentos morais, condizentes ��
reforma das criaturas de boa vontade, ajudando-as praticamente
a se reformarem, isto ��, a se tornarem pessoas de bem.
O Espiritismo Crist��o �� a Escola te��rica e pr��tica por exce-
l��ncia, para a reforma das criaturas; e n��o s�� pela afirmativa do
Sr. Allan Kardec, como pelas experi��ncias que temos atrav��s de
algumas dezenas de anos de lutas no campo da benefic��ncia, po-
demos afirmar com a consci��ncia tranq��ila, que a Campanha do
Quilo correspondente ��s maiores necessidades, n��o s�� de resgate
pelas faltas do passado, mas tamb��m de reforma, de regenera����o
das almas, De cada vez que realizarmos essa tarefa redentora, aten-
tos aos princ��pios em que se baseia, que �� o pr��prio Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo em esp��rito e verdade, teremos a
oportunidade feliz de expelir de nossas almas os flu��dos venenosos
das nossas antigas vicia����es e nos impregnarmos dos puros e sua-
ves influxos das virtudes, que nos trar��o paz e alegria, esperan��a
e f��. �� esta a raz��o pela qual, os tarefeiros experimentados da
Campanha s��o un��nimes em afirmar os gozos que extravasam das
suas almas, toda vez que se entregam sincera e abnegadamente
ao sagrado labor do Quilo. Tarefa de evangeliza����o individual e
coletiva por excel��ncia, a Campanha do Quilo, quando realizada
com sincera ren��ncia, atrai para o conv��vio do tarefeiro e da
coletividade, esp��ritos simples e amorosos, cuja presen��a basta
para afastar as entidades malfazejas, provocadoras de toda sorte
de malef��cios.
52
BENEF��CIOS Q U E A CAMPANHA O F E R E C E
1o
Alijar das nossas almas o orgulho, a vaidade e o ego��smo:
tr��s v��cios ou for��as negativas, cujas ra��zes entrela��am-se na
profundeza d'alma, impelindo-a �� pr��tica de atos que culminam,
in��meras vezes, na queda espiritual, retardando o progresso por
tempo indeterminado.
Adolfo, Bispo de Alger, Normande, 1862 - EVANGELHO
SEGUNDO O ESPIRITISMO:
Homens, por que lamentais as calamidades que v��s mesmos
amontoastes sobre a vossa cabe��a? Desprezastes a santa e divina
moral do Cristo. N��o vos admireis de que a ta��a da iniquidade
tenha transbordado por toda parte. O mal-estar se torna geral.
A quem se deve, sen��o a v��s mesmos, que incessantemente
procurais aniquilar-vos uns aos outros? N��o podeis ser felizes,
sem benevol��ncia, e como poderia esta existir justamente com o
orgulho? Eis a fonte de todos os vossos males. Dedicai-vos pois
�� tarefa de destru��-lo, se n��o quiserdes perpetuar as suas funestas
conseq����ncias. Um s�� meio tendes para isso, mas infal��vel: Tomar
a lei do Cristo por regra invari��vel de vossa conduta, essa lei que
haveis rejeitado, ou falseado na sua interpreta����o. Por que tendes
ent��o grande estima ao que brilha e encanta aos vossos olhos, em
lugar do que vos toca o cora����o? Por que o v��cio que se desenvolve
na opul��ncia �� o objeto da vossa rever��ncia, enquanto s�� tendes
um olhar de desd��m para o verdadeiro m��rito, que se oculta na
obscuridade? Quando um rico libertino, perdido de corpo e alma,
se apresenta em qualquer lugar, todas as portas lhe s��o abertas,
todas as honras lhe s��o dispensadas, enquanto dificilmente se
concede um gesto de prote����o ao homem de bem que vive do
seu trabalho? Quando a considera����o que se dispensa ��s pessoas
e medida pelo peso do ouro que elas possuem ou pelo nome que
trazem, que interesse podem elas ter em se corrigirem de seus
defeitos? Bem diferente seria, entretanto, se o v��cio doirado fosse
fustigado pela opini��o p��blica, como o �� o v��cio andrajoso. Mas
5 3
o orgulho �� indulgente para tudo o quanto agrada. S��culo de
concupisc��ncia e de ambi����o, dizeis v��s. Sem d��vida; mas por
que deixastes as necessidades materiais se sobreporem ao bom
senso e �� raz��o? Por que cada qual deseja se elevar sobre o seu
irm��o? Agora a sociedade sofre as conseq����ncias. N��o esque��ais
que um tal estado de coisas �� sempre um sinal de decad��ncia
moral. Quando o orgulho atinge o seu extremo �� ind��cio de uma
pr��xima queda, pois Deus pune sempre os soberbos. Se ��s vezes
os deixa subir, �� para lhes dar o tempo de refletir e de emendar-se
sob os golpes que, de tempos a tempos, desfere no seu orgulho
como advert��ncia.
Entretanto em vez de se humilharem, eles se revoltam.
Ent��o, quando a medida est�� cheia ele cai de repente, e a queda
�� tanto mais terr��vel, quanto mais alto tiverem se elevado. Pobre
ra��a humana, cujos caminhos foram todos corrompidos pelo
ego��smo, reanimai-vos, apesar disso! Na sua infinita miseric��rdia,
Deus envia um poderoso rem��dio aos vossos males, um socorro
inesperado �� vossa afli����o. Abri os olhos �� luz: Eis que as almas
dos que se foram est��o de volta, para vos recordar os verdadeiros
deveres. Elas vos dir��o com a autoridade da experi��ncia, quanto
as vaidades e as grandezas da vossa passageira exist��ncia s��o pe-
queninas diante da eternidade. Dir��o que, nesta, ser�� maior o que
foi menor entre os pequenos deste mundo; que o que mais amou
os seus irm��os, ser�� o mais amado no c��u; que os poderosos da
terra, que abusaram da autoridade, ser��o obrigados a obedecer,
enfim essas duas irm��s que se d��o as m��os, humildade e caridade,
s��o os t��tulos mais eficazes para obter-se as gra��as do Eterno.
NOTA: Na mensagem acima, compreendemos, claramente,
dada a sua simplicidade, que somente com a extin����o
do orgulho em nossas almas, daremos in��cio �� era
nova, em que principiaremos a ter a paz de nosso
Divino Redentor dentro dos nossos cora����es.
5 4
2 . a
bedecer ao Ide e Pregai o Evangelho �� toda criatura.
MISS��O DOS ESP��RITAS - Erasto, Paris, 1863 - EVAN-
GELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO.
N��o percebeis desde j�� a forma����o da tempestade que deve
assolar o Velho Mundo e reduzir a nada a soma das iniquidades
terrenas? Ah! bendizei o Senhor, v��s que tendes f�� na sua sobera-
na justi��a, e que, novos ap��stolos da cren��a revelada pelas vozes
prof��ticas superiores, ides pregar o dogma novo da reencarna����o e
da eleva����o dos Esp��ritos, segundo o bom ou o mau desempenho
de suas miss��es e a maneira porque suportaram as suas provas
terrenas. Deixai de temores. As l��nguas de fogo est��o sobre as
vossas cabe��as. Oh! Verdadeiros adeptos do Espiritismo; v��s sois
os eleitos de Deus! Ide e pregai a palavra divina. �� chegada a hora
em que deveis sacrificar os vossos h��bitos, os vossos trabalhos,
as vossas futilidades �� sua propaga����o. Ide e pregai: Os Esp��ritos
elevados est��o convosco. Falareis certamente a pessoas que n��o
querer��o escutar a palavra de Deus, porque essa palavra os con-
vida incessantemente ao sacrif��cio. Pregareis o desinteresse aos
avarentos, a abstin��ncia aos dissolutos, a mansid��o aos tiranos
dom��sticos e aos d��spotas: palavras perdidas, bem sei, mas que
importa! �� necess��rio regar com o vosso suor o terreno em que
deveis semear, porque ele n��o frutificar��, n��o produzir��, sen��o
sob os esfor��os incessantes da enxada e da charrua evang��licas.
Ide e pregai!
Sim! V��s todos, homens de boa f��, que tendes consci��ncia
de vossa inferioridade, ao contemplar no infinito os mundos
espalhados, parti em cruzada contra a injusti��a e a iniquidade.
Ide e aniquilai o culto do bezerro de ouro, que dia a dia mais se
expande. Ide, que Deus vos conduz! Homens simples e ignoran-
tes, vossas l��nguas se soltar��o e falareis como nenhum orador sabe
falar. Ide e pregai, que as popula����es atentas receber��o com alegria
as vossas palavras de consola����o, de fraternidade, de esperan��a e
de paz.
5 5
Que importam as ciladas que armarem no vosso caminho?
Somente os lobos caem nas armadilhas de lobos, pois o pastor
saber�� defender as suas ovelhas contra os carrascos imoladores.
Ide, homens que sois grandes perante Deus, e que, mais
felizes que Tom��, credes sem querer ver e aceitas os fatos da
mediunidade, mesmo quando nada conseguirdes obter por v��s
mesmos. Ide: o Esp��rito de Deus vos guia, marchai, pois para
frente, grandiosa falange de f��! e os pesados batalh��es dos incr��du-
los se desvanecer��o diante de v��s, como as n��voas da manh�� aos
primeiros raios de sol. A f�� �� a virtude que transporta montanhas,
disse Jesus. Mas, ainda mais pesadas que as maiores montanhas
s��o as jazidas da impureza e de todos os v��cios da impureza no
cora����o humano. Parti pois, cheios de coragem, para remover
essas montanhas de iniquidades, que as gera����es futuras n��o
devem conhecer sen��o como pertencentes �� idade das lendas, da
mesma maneira como s�� imperfeitamente conheceis os per��odos
anteriores �� civiliza����o pag��. Sim, as revolu����es morais e filo-
s��ficas v��o eclodir em todos os pontos do globo. Aproxima-se
a hora em que a luz divina brilhar�� sobre os dois mundos. Ide
pois, levando a palavra divina aos grandes que desdenhar��o; aos
s��bios que desejar��o prov��-la; e aos simples e pequeninos que
a aceitar��o, pois principalmente entre os m��rtires do trabalho,
nesta expia����o terrena, encontrareis entusiasmo e f��. Ide, que
estes render��o gra��as pelas afli����es que a terra lhe reservou.
Arme-se de decis��o e coragem a vossa falange! M��os �� obra!
O arado est�� pronto, a terra preparada: Arai!
Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que vos concedeu.
Mas cuidado, que entre os chamados para o Espiritismo muitos
se desviaram de senda! Atentai pois no vosso caminho e buscai a
verdade.
Perguntareis, ent��o: - Se entre os chamados para o Espiri-
tismo muitos se transviaram, como reconhecer os que se acham
no bom caminho?
Responderemos: - Podeis reconhec��-los pelo ensino e a
pr��tica dos verdadeiros princ��pios da caridade pela consola����o
que distribu��rem aos aflitos, pelo amor que dedicarem ao pr��xi-
5 6
mo, pela sua abnega����o e o seu altru��smo. Podeis reconhec��-los,
finalmente, pela vit��ria dos seus princ��pios, porque Deus quer
que a sua lei triunfe e que os que a seguem s��o os escolhidos,
que vencer��o. Os que por��m falseiam o esp��rito dessa lei para
satisfazerem sua vaidade e sua ambi����o, estes ser��o destru��dos.
NOTA: Pela mensagem acima, compreendemos o valor
inestim��vel da Campanha do Quilo, como instru-
mento inigual��vel de prega����o dos ensinamentos do
Divino Mestre.
Na verdade, o Legion��rio do Quilo leva aos irm��os em
humanidade, por portas e port��es, a palavra viva do Evangelho,
atrav��s da exemplifica����o recomendada por Nosso Senhor Jesus
Cristo. Com o saco no ombro e a mochila na m��o, renunciando
ao orgulho, �� vaidade e ao ego��smo, exemplificando a humildade,
a ren��ncia, o perd��o, a toler��ncia e a dedica����o, o tarefeiro da
Campanha do Quilo, tendo ao seu lado a legi��o de Esp��ritos
Iluminados, transmite a cada pessoa em particular e ao povo em
geral, os mais ardorosos incentivos de reforma moral, de par com
o convite irresist��vel para a pr��tica sincera do bem. E por essa
forma, oferece �� coletividade valios��ssima oportunidade, para se
libertar dos preconceitos, das obsess��es e realizar o resgate das
pr��prias faltas passadas e presentes, pela pr��tica desinteressada
do bem.
3 o
Praticar a justi��a ensinada pelo Divino Mestre, expressa
nesses termos: - Faze aos outros, tudo o que desejas que se te
fa��a.
No Livro dos Esp��ritos, na pergunta n�� 876, o divino mis-
sion��rio do Espiritismo Crist��o - Sr. Allan Kardec, perguntou
aos Esp��ritos Celestes o seguinte: - Fora do direito consagrado
pela lei humana, qual a base da justi��a fundada sobre a lei natu-
ral? Os Esp��ritos Celestes responderam: - O Cristo vos disse:
57
"Querer para os outros, o que quereis para v��s mesmo". Deus
p��s no cora����o do homem a regra de toda a verdadeira justi��a,
pelo desejo que tem cada um de ver os seus direitos respeitados.
Na incerteza do que deve fazer para o semelhante, em dada cir-
cunst��ncia, que o homem pergunte a si mesmo como desejaria
que agissem com ele. Deus n��o lhe poderia dar um guia mais
seguro que a sua pr��pria consci��ncia. Na p��gina n�� 407, do
Livro dos Esp��ritos (42a edi����o - popular), o Sr. Allan Kardec
diz textualmente: - O amor e a caridade s��o o complemento da
lei de justi��a, porque amar ao pr��ximo �� fazer-lhe todo o bem
poss��vel, que desejar��amos que nos fosse feito.
Mais adiante, no mesmo livro, afirma o divino mission��-
rio: - O verdadeiro homem de bem �� aquele que pratica a lei de
justi��a, de amor e de caridade na sua mais completa pureza. Se
interrogar sua consci��ncia sobre os atos praticados, perguntar��
se n��o violou essa lei, se n��o cometeu nenhum mal, se fez todo
o bem que podia, se ningu��m tem de se queixar dele, enfim, se
fez aos outros tudo o que queria que os outros lhe fizessem. O
homem possu��do pelo sentimento de caridade e de amor ao
pr��ximo, faz o bem pelo bem, sem esperan��a de recompensa e
sacrifica seu interesse pela justi��a. Ele �� bom, humano e benevo-
lente para com todos, porque v�� irm��os em todos os homens,
sem exce����o de ra��as ou de cren��as. Se Deus lhe deu o poder e
a riqueza, olha essas coisas como um dep��sito do qual deve usar
para o bem, e disso n��o se envaidece porque sabe que Deus lhe
deu, tamb��m poder�� retir��-los. Se a ordem social colocou homens
sob a sua depend��ncia, trata-os com bondade e benevol��ncia,
porque s��o seus iguais perante Deus; usa de sua autoridade para
lhes erguer a moral e n��o para os esmagar com o seu orgulho. ��
indulgente para com as fraquezas dos outros, porque sabe que
ele mesmo tem necessidade de indulg��ncia e se recorda destas
palavras do Cristo: "QUE AQUELE QUE ESTIVER SEM PE-
CADO ATIRE A PRIMEIRA PEDRA".
N��o �� vingativo: a exemplo de Jesus, perdoa as ofensas para
n��o se lembrar sen��o dos benef��cios, porque sabe que lhe ser��
perdoado assim como tiver perdoado. Respeita, enfim, nos seus
5 8
semelhantes, todos os direitos decorrentes da lei natural, como
desejaria que respeitassem os seus.
Pelos esclarecimentos acima, poderemos compreender o
valor da Campanha do Quilo, como verdadeiro curso de evange-
liza����o das nossas almas, pela educa����o do nosso car��ter, atrav��s
do esfor��o persistente na pr��tica da justi��a, pedindo a quem tem
para dar a quem n��o tem. Os valores do verdadeiro homem de
bem, como ensina o Sr. Allan Kardec, s��o as conseq����ncias da
pr��tica da lei de Deus, como resultante da compreens��o da vida
espiritual, buscada na realiza����o dum curso te��rico e pr��tico
qual o da Campanha em apre��o. N��o afirmamos que sem rea-
lizar dita Campanha, n��o se desenvolvam aqueles valores, mas
com base nas experi��ncias de muitos anos, diremos a bem dos
nossos irm��os, que todos os que a ela se consagrarem, lograr��o
conquistas espirituais, em menor soma de tempo, uma vez que
se enquadram nas suas disciplinas.
4��
Cultivar a humildade, a mod��stia e a fraternidade.
No Evangelho escrito por S. Jo��o, cap��tulo 13, nos vers��cu-
los de 1 a 20, lemos a seguinte exemplifica����o do Divino Mestre:
- "Ora, antes da festa da p��scoa, sabendo Jesus que j�� era chegada
a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado
os seus, que estavam no mundo, amou-se at�� o fim. E acabada a
ceia, tendo j�� o diabo posto no cora����o de Judas Iscariotes, filho
de Sim��o, que o tra��sse, Jesus sabendo que o Pai tinha deposi-
tado nas suas m��os todas as coisas, e que havia sa��do de Deus e
ia para Deus, levantou-os da ceia, tirou os vestidos e, tomando
uma toalha, cingiu-se. Depois deitou ��gua numa bacia, come��ou
a lavar os p��s dos disc��pulos e a enxugar-lhes com a toalha com
que estava cingido. Aproximou-se pois, de Sim��o Pedro, que
lhe disse: Senhor tu lavas-me os p��s, a mim? Respondeu Jesus e
disse-lhe; - O que eu fa��o n��o o sabes tu agora, mas saber��s de-
pois. Disse-lhe Pedro: - Nunca me lavar��s os p��s. Respondeu-lhe
Jesus: - Se eu te n��o lavar, n��o tens parte comigo. Disse-lhe Sim��o
Pedro: - Senhor, n��o s�� os meus p��s, mas tamb��m as m��os e a
59
cabe��a. Disse-lhe Jesus: - Aquele que est�� lavado n��o necessita de
lavar sen��o os p��s, pois no mais todo est�� limpo, mas n��o todos.
Porque bem sabia quem o havia de trair; por isso disse: - Nem
todos estais limpos. Depois que lhe lavou os p��s, e tomou os seus
vestidos, e se assentou outra vez �� mesa, disse-lhes: - Entendeis o
que vos tenho feito? V��s me chamais Mestre e Senhor, e dizeis
bem, porque eu o sou. Ora, se eu o Senhor e Mestre, vos lavei
os p��s, v��s deveis tamb��m lavar os p��s uns aos outros, porque eu
vos dei o exemplo para que, como eu vos fiz, fa��ais v��s tamb��m.
Na verdade, na verdade vos digo, que n��o �� o servo maior que o
seu Senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou.
Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes. N��o
falo de todos v��s; eu bem sei os que tenho escolhido, mas para
que se cumpra a Escritura: O que come o p��o comigo, levantou
contra mim o seu calcanhar. Desde agora vo-lo digo, antes que
aconte��a, para que, quando acontecer, acrediteis que eu sou. Na
verdade, na verdade, vos digo: Se algu��m receber o que eu enviar,
me recebe a mim, e quem me recebe a mim, recebe Aquele que
me enviou".
Nos ensinamentos acima, poderemos observar a mais
completa exemplifica����o das virtudes celestiais: humildade,
mod��stia, fraternidade. O Divino Mestre, o maior de todos
quantos j�� vieram ao mundo, Senhor da humanidade terrestre,
esp��rito de pureza perfeita e imaculada, esconde os seus divinos
valores, e, com uma bacia e uma toalha coloca-se na condi����o de
servo, e lava os p��s de seus disc��pulos. A Campanha do Quilo,
que se realiza com o saco no ombro e a mochila na m��o, indo
ao encontro de todas as criaturas, para humildemente pedir o
aux��lio para ��rf��os e velhinhos abandonados, �� um santo esfor��o
no sentido de desenvolver, no cora����o do tarefeiro, as virtudes
acima citadas. A simplicidade do saco e da mochila equiparam-
se �� da bacia e da toalha, empregadas pelo Divino Senhor das
nossas almas. Lavando os p��s aos disc��pulos, o Divino Senhor
convidou-os a buscarem na pr��tica da humildade fraterna, a se
prepararem para lavarem as suas almas. O Legion��rio do Quilo,
com o saco no ombro e a mochila na m��o, convida as criaturas
6 0
�� limpeza ou purifica����o das suas almas, pela pr��tica amorosa e
humilde do bem ao semelhante.
5 o
Desenvolver a ren��ncia ao personalismo endurecido.
No Evangelho escrito por Mateus, no cap��tulo 16, vers��-
culos 24, 25, 26 e 27, lemos o seguinte: - "Ent��o disse Jesus aos
seus disc��pulos: Se algu��m quiser vir ap��s mim, renuncie-se a si
mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me; porque aquele que
quiser salvar a sua vida, perd��-la-��, e quem perder a sua vida por
amor a mim, acha-la-��, pois, que aproveita ao homem ganhar
o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dar�� o homem
em recompensa da sua alma? Porque o filho do homem vir�� na
gl��ria de seu Pai, com seus anjos, e ent��o dar�� a cada um segundo
as suas obras. Em verdade vos digo que, alguns h��, dos que aqui
est��o, que n��o provar��o a morte at�� que vejam vir o filho do
homem no seu reino".
V��-se claramente, pelos ensinamentos do Divino Mestre,
que somente praticando obras de humildade amorosa, �� que
poderemos conseguir alijar das nossas almas, o personalismo
endurecido, resultante dos v��cios milenares ficado em nossos
perisp��ritos: orgulho, vaidade e ego��smo. O Divino Salvador
n��o podia ser mais claro, quando afirmou: - "Porque o filho do
homem vir�� na gl��ria de seu Pai, com os seus anjos e ent��o dar�� a
cada um segundo as suas obras". - Por essas palavras, Ele faz um
vigoroso apelo ��s nossas almas, a fim de que busquemos sincera-
mente nos consagrar ��s obras da humildade e do amor. Afirma
o Divino Redentor: - Que pre��o dar�� o homem em reden����o
da sua alma? - Esse pre��o ser�� o esfor��o sincero e perseverante,
para alijar da sua alma as manchas espessas e pesadas do orgu-
lho vaidoso. Somente nos dispondo �� obedi��ncia irrestrita e ��
resigna����o incondicional �� vontade divina, na pr��tica das obras
justas e amorosas, �� que conseguiremos a nossa total liberta����o
espiritual, por renunciarmos a n��s mesmos, em benef��cio do
bem comum.
61
No EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, cap��tu-
lo IX, podemos ler a seguinte comunica����o do Esp��rito de L��zaro:
Obedi��ncia e resigna����o. Por toda a parte, a doutrina de Jesus
ensina a obedi��ncia e a resigna����o, duas virtudes companheiras da
do��ura, muito ativas, do sentimento e da vontade. A obedi��ncia
�� o consentimento da raz��o e a resigna����o �� o consentimento do
cora����o. S��o ambas for��as ativas, porque suportam o peso das
provas, que a rebeldia insensata deixa pelo caminho. O covarde
n��o pode ser resignado. Jesus foi a encarna����o destas virtudes,
desprezadas pelos materialistas da antiguidade. Havia chegado o
momento em que a sociedade romana crescia na corru����o e Ele
veio para fazer brilhar no seio da humanidade abatida, os triunfos
do sacrif��cio e da ren��ncia. Cada ��poca recebe, assim, o selo da
virtude ou do v��cio, que deve salv��-la ou perd��-la. A virtude de
nossa gera����o �� a atividade intelectual; seu v��cio, a indiferen��a
moral. Digo apenas atividade, porque o g��nio se eleva repenti-
namente e de um lance descobre horizontes que a multid��o ver��
muito depois; entretanto, a atividade �� a reuni��o de esfor��os de
todos para ser alcan��ado um objetivo menos brilhante, mas que
atestou a eleva����o intelectual de uma ��poca. Submetei-vos ao
impulso que vimos dar aos vossos esp��ritos; obedecei �� grande lei
do progresso, que �� a palavra de vossa gera����o. Infeliz do esp��rito
pregui��oso, cujo entendimento fica embotado. Porque n��s os
guias da humanidade em mancha, o vergastaremos e for��aremos
sua vontade rebelde com a dupla for��a do freio e da espora. Toda
resist��ncia orgulhosa dever�� ceder, cedo ou tarde; feliz, por��m
os humildes, porque dar��o ouvido d��cil aos ensinamentos.
6.��
Treinar a mansid��o ensinada pelo Divino Mestre.
No Evangelho segundo S��o Mateus, estudamos os seguintes
ensinamentos de nosso Divino Redentor: Bem-aventurados os
mansos, porque possuir��o a terra.
No cap��tulo IX do EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRI-
TISMO, poderemos meditar sobre a seguinte comunica����o do
Esp��rito de L��zaro, em Paris, 1861.
62
"A benevol��ncia para com os semelhantes, fruto do amor
ao pr��ximo, produz a afabilidade e a do��ura que s��o as suas
manifesta����es. Entretanto, nem sempre devemos fiar-nos nas
apar��ncias: a educa����o e os costumes mundanos podem dar o
verniz de tais qualidades. Quanta gente h�� cuja bondade fingida
�� simples m��scara, uma roupagem cujo c��lculo dissimula as de-
formidades internas! O mundo est�� cheio dessa gente que tem
sorrisos nos l��bios e veneno no cora����o; que �� branda desde que
ningu��m a incomode, mas que morde �� menor contrariedade;
cuja l��ngua dourada quando fala cara a cara, se transforma em
dardo venenoso quando por detr��s. A essa classe pertencem
ainda os homens benignos fora de casa, mas tiranos dom��sticos,
que fazem a fam��lia e os subordinados sofrerem o peso de seu
orgulho e de seu despotismo, como se quisesse compensar-se
do constrangimento a que se submetem fora de casa. N��o se
atrevendo a apresentar-se com autoridade aos estranhos que os
reduziriam ao seu papel, querem ao menos ser temidos pelos
que lhes n��o podem resistir; sua vaidade est�� em poderem dizer
- aqui eu mando e sou obedecido - sem pensar que poderiam
acrescentar, muito razoavelmente - mas me detestam. N��o basta
que os l��bios distilem leite e mel. Ser�� hipocrisia, desde que o
cora����o n��o se lhes associe. Aquele cuja afabilidade e do��ura n��o
s��o fingidos, jamais se desmente: �� sempre o mesmo, tanto na
intimidade como na sociedade. Al��m disso, sabe que se enganar
aos homens com apar��ncias, n��o pode enganar a Deus".
7o
Desabrochar a piedade, sem a qual n��o seremos crist��os.
EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO: Cap 13,
A piedade, comunica����o de Michel, em Bordeaux, 1862:
"A piedade �� a virtude que mais vos aproxima dos anjos, �� a
irm�� da caridade, que vos conduz a Deus. Ah! Deixai que o vosso
cora����o se enterne��a com o aspecto das mis��rias e sofrimentos de
vossos semelhantes; vossas l��grimas s��o b��lsamo que derramais
sobre suas feridas e quando, por uma terna simpatia, conseguis
restaurar-lhes a esperan��a e a resigna����o, que satisfa����o n��o espe-
6 3
rimentais! �� verdade que este encanto tem uma certa amargura,
porque brota ao lado da desgra��a; mas se n��o tem a acrimonia dos
prazeres mundanos, nem as pungentes decep����es do v��cuo que
os mesmos deixam ap��s si, tem uma suavidade penetrante que
alegra a alma. A piedade, a piedade bem sentida, �� amor; o amor
�� devotamento; devotamento �� esquecimento de si mesmo, e este
esquecimento �� a abnega����o em favor dos infelizes, �� a virtude
por excel��ncia, a que em toda sua vida praticou o Divino Mestre,
que ensinou na sua doutrina t��o santa e sublime; quando essa
doutrina for restabelecida em sua pureza primitiva, quando for
admitida por todos os povos, dar�� a felicidade �� terra, fazendo,
por fim, nela reinarem a conc��rdia, a paz e o amor.
O sentimento mais adequado ao vosso progresso, pelo
dom��nio do orgulho e do ego��smo; aquele que disp��e a alma ��
humildade, �� benefic��ncia, ao amor do pr��ximo e �� piedade, essa
piedade que vos comove at�� o mais ��ntimo ante o sofrimento
dos semelhantes e que vos leva a lhes estender a m��o caritativa
e vos arranca l��grimas de simpatia. Portanto, jamais sufoqueis
em vossos cora����es essa emo����o celeste; n��o fa��ais como esses
ego��stas endurecidos que se afastam dos aflitos, porque a vista
destas mis��rias turbaria por momentos a sua alegre exist��ncia;
temei ficar indiferentes quando puderes ser ��teis. A tranquilidade
comprada �� custa da indiferen��a culposa �� a tranq��ilidade do Mar
Morto, que no fundo de suas ��guas oculta o lodo f��tido e a corrup-
����o. N��o obstante a piedade est�� longe de causar as perturba����es
e o fastio temido pelo ego��sta. Ao contacto da desgra��a alheia,
a alma sem d��vida, experimenta um estremecimento natural e
profundo, que faz vibrar todo o seu ser e vos afeta penosamente,
mas grande �� a compensa����o quando conseguis fazer readquirir a
coragem ao irm��o infeliz a quem comove a pessoa da m��o amiga,
e cujo olhar, umedecido pela emo����o e pelo reconhecimento,
docemente se volve para v��s, antes de se fixar no c��u, para dar
gra��as por lhe haver mandado um Consolador em seu aux��lio.
A piedade �� a melanc��lica, mas celeste precusora da caridade,
a primeira entre as virtudes, da qual �� irm�� e cujos benef��cios,
prepara e enobrece".
A comunica����o acima, orienta os esp��ritos de boa vontade,
no sentido de perderem o orgulho e o ego��smo, que constituem
64
o mais forte obst��culo ao progresso, e criarem em si mesmo o di-
vino amor fraterno, a principiarem pelo desabrochar da piedade.
Da�� o conselho s��bio de Michel, para nos tornarmos diligentes
na pr��tica amorosa do bem, buscando servir aos irm��os neces-
sitados, com todos os recursos ao nosso alcance. A Campanha
do Quilo �� portanto, na mais leg��tima express��o da verdade,
um curso pr��tico de piedade crist��. O verdadeiro legion��rio do
quilo sentir��, de mais a mais, desaparecer da sua alma as antigas
vicia����es orgulhosas e ego��sticas e no lugar delas, nascer a celeste
precussora da caridade que �� a piedade.
8.��
Intensificar em nossos esp��ritos e nos da coletividade, os
sentimentos pac��ficos, com os testemunhos do bem.
"Bem-aventurados os pac��ficos: porque eles ser��o chamados
filhos de Deus". (MATEUS. 9:9).
"Ouvistes o que foi dito aos antigos: N��o matar��s; e quem
matar ser�� r��u no ju��zo. Pois eu digo-vos: - que todo o que se
irar contra seu irm��o ser�� r��u no ju��zo; e que disser a seu irm��o
- Raca, ser�� r��u no conselho; e que disser; ��s um tolo, ser�� r��u
no fogo do inferno", - (MATEUS, 21:22).
Coment��rios do sr. Allan Kardec:
Por estas m��ximas Jesus elevou a do��ura, a modera����o, a
mansid��o e a paci��ncia a uma lei. Em conseq����ncia, condenou
a viol��ncia, a c��lera e ainda qualquer express��o inconveniente
em rela����o aos nossos semelhantes. Raca era entre hebreus uma
palavra de desprezo, que significa homem sem pr��stimo; era pro-
nunciada cuspindo para o lado. E vai ainda mais longe, quando
amea��a com o fogo do inferno aquele que chama seu irm��o louco.
Evidentemente nesta, como em qualquer outra circunst��ncia, a
inten����o agrava ou atenua a falta. Mas como pode revestir-se de
tamanha gravidade uma simples palavra, a ponto de merecer t��o
severa reprova����o? �� que toda palavra ofensiva �� express��o de
um sentimento contr��rio �� lei do amor e da caridade, que deve
65
regular as rela����es entre os homens, mantendo a conc��rdia e a
uni��o; �� um golpe vibrado na benevol��ncia rec��proca e na fra-
ternidade; d�� p��bulo ao ��dio e �� animosidade; enfim, depois da
humildade perante Deus, a caridade com o pr��ximo �� a primeira
lei de todo crist��o. Mas que quer Jesus dizer por estas palavras:
"Bem-aventurados os mansos, porque eles possuir��o a terra"?
Pois n��o disse Ele que devemos renunciar aos bens terrestres,
prometendo-nos os celestes? Esperando os bens do c��u, tem o
homem, entretanto, necessidade dos bens terrenos para viver.
Apenas recomenda que n��o se d�� a estes import��ncia maior que
aqueles.
Com tais palavras quer dizer que at�� agora os bens terrenos
s��o a��ambarcados pelos violentos, em preju��zo dos mansos e
pac��ficos; que a estes muitas vezes falta o necess��rio, enquanto os
outros t��m o sup��rfluo. Promete que se lhes far�� justi��a, assim
na terra como no c��u, porque ser��o chamados filhos de Deus.
Quando a lei do amor e da caridade for a lei da humanidade, n��o
haver�� mais ego��smo; o fraco e o pac��fico j�� n��o ser��o explorados
nem espezinhados pelo forte e pelo violento. Tal ser�� o estado da
terra quando de acordo com a lei do progresso e a promessa de
Jesus, se houver transformado num mundo feliz, pela expuls��o
dos maus.
Pela mensagem acima, compreendemos a obriga����o inadi-
��vel de cultivarmos os sentimentos pac��ficos, atrav��s do esfor��o
laborioso na pr��tica desinteressada do bem, qual a Campanha
do Quilo nos faculta. Realizando a Campanha de acordo com as
orienta����es dos Esp��ritos do Senhor, expungiremos das nossas
almas, o orgulho infeliz que endurece as nossa fibras espirituais,
e tornaremos gradativamente �� simplicidade com que Deus nos
criou, e por esta raz��o nos tornaremos pac��ficos, isto ��, isentos
de qualquer sentimento agressivo ou violento. A medida que nos
formos transformando, iremos exercendo influ��ncia ben��fica
sobre quantos nos rodeiam, que ir��o insensivelmente aderindo
ao nobre ideal da fraternidade, de vez que compreender��o as
alegrias resultantes da pr��tica do amor fraterno.
6 6
9.��
Educar a n��s e �� humanidade na pr��tica do perd��o, sem o
qual estaremos sempre afastados de Deus.
"Porque se v��s perdoardes aos homens as ofensas que ten-
des deles, tamb��m o vosso Pai celestial vos perdoar�� os vossos
pecados. Mas se n��o perdoardes aos homens, tampouco vosso
Pai perdoar�� os vossos pecados". (MATEUS, 6:14,15).
"Portanto, se teu irm��o pecar contra ti, vai e corrige-o entre
tu e ele s��; se te ouvir, ter��s ganho o teu irm��o. Ent��o, chegando
Pedro a ele perguntou: - Senhor, quantas vezes poder�� pecar
meu irm��o contra mim para que lhe perdoe? Ser�� at�� sete vezes?
Respondeu-lhe Jesus: - N��o digo que at�� sete, mas at�� setenta
vezes sete". (MATEUS, 18:15,21,22).
Coment��rios do sr. Allan Kardec
A miseric��rdia �� o complemento da do��ura, porque os que
n��o s��o misericordiosos n��o costumam ser benignos e pac��ficos.
A miseric��rdia consiste no esquecimento e no perd��o das ofen-
sas. O ��dio e o rancor denotam uma alma sem eleva����o e sem
grandeza, porque o esquecimento das ofensas �� pr��prio das almas
elevadas, que est��o fora do mal que se lhes queria fazer. Uma est��
sempre ansiosa, de uma s��bria susceptibilidade e cheia de fel; a
outra est�� serena, cheia de caridade. Infeliz do que diz: - N��o
perdoarei nunca, - porque se n��o for condenado pelos homens,
certamente se-lo-�� por Deus. Com que direito reclamar�� o per-
d��o de suas faltas, se ele pr��prio n��o perdoa as alheias? Jesus nos
ensina que a miseric��rdia n��o deve ter limites, quando diz que
deve perdoar ao irm��o n��o sete, mas setenta vezes sete vezes.
H��, entretanto, dois modos diversos de perdoar. O primeiro
�� grande e nobre, verdadeiramente generoso, sem segunda inten-
����o; respeita delicadamente o amor pr��prio, a susceptibilidade
do advers��rio, mesmo quando este tem toda culpa. O segundo ��
quando o ofendido ou o que como tal se julga, imp��e ao outro
condi����es humilhantes, e faz sentir o peso de um perd��o que
irrita, em vez de acalmar, se estende a m��o n��o �� por benevo-
l��ncia, mas por ostenta����o, a fim de poder dizer a todos: - Olhai
67
como sou generoso. - Em tais circunstancias, �� imposs��vel que
a reconcilia����o seja sincera, de uma e de outra parte! Isto n��o ��
generosidade; �� urna das m��ltiplas formas de satisfa����o do orgu-
lho. Em toda contenda, o que se mostra mais conciliador, que
demonstra mais desinteresse, mais caridade e mais verdadeira
grandeza de alma, conquistar�� sempre as simpatias das criaturas
imparciais.
Face ao exposto, perguntaremos: - Onde encontrar��amos
um curso pr��tico apropriado ao exerc��cio reiterado do esqueci-
mento das ofensas? Pergunta oportun��ssima, de vez que o orgulho
nos domina a mil��nios, incapacitando-nos para o sentimento
misericordioso do perd��o. Somente com a extin����o da vicia����o
orgulhosa em nossas almas, daremos in��cio �� era venturosa do
perd��o, com o total esquecimento das ofensas. Respondemos,
portanto, com a m��xima certeza, pelas experi��ncias conquistadas
no decurso dos anos: este curso pr��tico existe, e vem funcionando
h�� mais de trinta anos - �� a CAMPANHA DO QUILO, como
a denominamos, enquanto outros a denominam CAMPANHA
DA CARIDADE. Sejamos sinceros conosco mesmo. N��o nos
detenhamos apenas na procura do conhecimento, sem a realiza-
����o das obras, pois se aquele orienta, estas iluminam, acendendo
em nossas almas a divina luz, que mostrar�� os lindos planos da
espiritualidade superior.
10.��
Incentivar o povo �� pr��tica do bem desinteressado.
"Assim resplande��a a vossa luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que est��
nos c��us". - (MATEUS, 5:16).
A benefic��ncia: Adolfo, Bispo de Alger, Bordeaux, 1861.
A benefic��ncia, meus amigos, dar-vos-�� neste mundo os mais
puros e suaves prazeres, os deleites do cora����o, n��o perturbados
pelo remorso, ou pela indiferen��a. Oh! Se pud��sseis compreen-
der tudo quanto de grande e suave se encerra na generosidade
das almas belas, sentimento que leva a olhar a outrem como a
si mesmo, que faz a gente despojar-se para vestir a um irm��o.
6 8
Que Deus vos permita, meus queridos amigos, dedicar-vos a essa
suave miss��o de fazer a felicidade alheia! N��o h�� festas no mundo
compar��veis a essas alegrias, quando como representantes da
Divindade, levais a calma ��s fam��lias pobres que da vida apenas
conhecem sofrimentos e amarguras. Quando subitamente vedes
esses rostos macilentos brilharem iluminados pela esperan��a,
porque n��o tinham p��o; a esses infelizes e seus pobres filhi-
nhos, que ignorando que viver �� sofrer, gritavam, choravam, e
repetiam essas palavras, que penetravam como um punhal no
cora����o materno: - Tenho fome! ... Oh! Compreendei quanto
s��o deliciosas as impress��es daqueles que v��em renascer a alegria
onde um momento antes s�� havia o desespero. Compreendei as
vossas obriga����es para com os vossos irm��os. Marchai, marchai
ao encontro do infort��nio. Ide sobretudo socorrer as mis��rias
ocultas, que s��o mais dolorosas. Marchai meus caros, e lembrai-
vos destas palavras do Salvador: "Quando vestirdes a um destes
pequeninos, lembrai-vos que a mim �� que o fazeis".
Caridade! Palavra sublime que resume todas as virtudes, ��s
tu que deves conduzir os povos �� felicidade. Praticando-a, criar��o
infinitos deleites para o futuro e, durante seu ex��lio na terra, tu
ser��s a sua consola����o, o prelibar das alegrias que mais tarde
ser��o desfrutadas, quando todos se abra��arem no seio do Deus
de Amor. Foste tu, virtudes que me proporcionaste os ��nicos
momentos de felicidade que tive na terra. Possam meus irm��os
encarnados acreditar na voz amiga que lhes diz: - Na caridade
buscai a paz do cora����o, o contentamento d'alma, o rem��dio con-
tra as afli����es da vida. Oh! quando estiverdes a ponto de acusar
a Deus, buscai olhar para mais baixo, e vereis quantas mis��rias a
consolar; quantas pobres crian��as sem fam��lias, quantos velhos
sem m��o amiga para os socorrer e fechar-lhes os olhos, quando
a morte os chamar! Quanto bem pode ser feito! Oh! n��o vos
queixeis; ao contr��rio, da�� gra��as a Deus, e prodigalizai a man-
cheias, simpatia, amor e dinheiro a todos os que, deserdados dos
bens deste mundo, enlanguescem no sofrimento e na solid��o.
Aqui em baixo desfrutareis prazeres muito doces, e mais
tarde... s�� Deus o sabe!
6 9
ritas martizada em Roma; Lyon, 1861.
Chamo-me caridade, sou o principal caminho que a Deus
conduz; segui-me, porque eu sou o objetivo a que todos deveis
aspirar. Esta manh�� fiz o meu passeio habitual e com o cora����o
cheio de tristeza venho vos dizer: Oh! meus amigos, quantas
mis��rias, quantas l��grimas e quanto tereis de fazer para as enxugar
a todas! Em v��o procurei consolar pobres m��es. Disse-lhes ao
ouvido: ��nimo! h�� bons cora����es que velam por v��s, que n��o vos
abandonar��o; tende paci��ncia! Deus aqui est��; sois suas eleitas.
Parecia que me ouviam, pois volviam para mim seus grandes
olhos vagos; depois eu lia em seus pobres cora����es (rostos) que
o corpo, esse tirano do esp��rito, tinha fome e que se minhas
palavras lhes serenavam um pouco o cora����o, n��o lhes enchiam
o est��mago. Repetia novamente: ��nimo! Ent��o uma pobre m��e
ainda jovem e que amamentava o filho, tomou-o nos bra��os e o
levantou, como se rogasse prote����o para aquele pobre e peque-
nino ser, que de seu seio apenas tirava um alimento insuficiente.
Noutro lugar, meus amigos, vi pobres velhos sem trabalho e
em breve sem asilo, presas de todos os sofrimentos e necessidades,
envergonhados de sua mis��ria, sem coragem, pois nunca men-
digaram implorando a piedade dos viandantes. Com o cora����o
tocado pela compaix��o, eu, que nada tenho, pus-me a mendigar
para eles; vou a toda parte, estimulando a benefic��ncia e inspi-
rando bons sentimentos aos cora����es generosos e compassivos.
Por isto hoje venho, amigos, e vos digo: h�� pais cujo tug��rio
est�� sem p��o, a lareira sem lume e a cama sem agasalho. N��o vos
digo o que deveis fazer: deixo a iniciativa aos vossos cora����es.
Se eu vos tra��asse uma linha de conduta, vossas boas a����es n��o
teriam m��rito; digo-vos apenas: sou a caridade, e vos estendo a
m��o pelos irm��os que sofrem.
Mas, se pe��o, tamb��m dou, e muito; convido-vos ao grande
banquete e vos indico a ��rvore que vos saciar�� a todos. Olhai
como �� bela e como est�� carregada de flores e de frutos dessa bela
��rvore, que �� a benefic��ncia. No lugar ocupado pelos ramos que
colherdes porei todas as boas a����es que praticardes, e levarei esta
��rvore a Deus, para que a carregue de novo, porque a benefic��ncia
70
�� inesgot��vel. Segui-me, pois, amigos, a fim de que vos conte entre
aqueles que se alistam sob a minha bandeira. N��o temais; eu vos
levarei pelos caminhos da salva����o, porque sou a caridade.
S��o Vicente de Paula, Paris, 1857.
Sede bons e caridosos! A�� est��o nas vossas m��os as chaves do
c��u; toda felicidade eterna encerra-se nesta m��xima: Amai-vos uns
aos outros. A alma n��o pode elevar-se ��s regi��es espirituais sen��o
pela abnega����o e pelo amor ao pr��ximo; s�� encontra felicidade e
consolo nos impulsos da caridade. Sede bons, sustentai os vossos
irm��os, ponde de lado a terr��vel chaga do ego��smo. Cumprindo
este dever, abrir-se-vos-�� o caminho da felicidade eterna. Al��m
disso, quem, entre v��s, n��o sentiu pulsar o cora����o, dilatar-se sua
alegria interior ao ouvir contar um belo ato de sacrif��cio ou uma
obra verdadeiramente caritativa? Se busc��sseis apenas o deleite
de uma boa a����o, estar��eis sempre no caminho do progresso es-
piritual. Exemplos n��o vos faltam, o que faltam s��o a f�� e a boa
vontade, sempre raras. Vede a multid��o de homens de bem, de
que a vossa hist��ria evoca piedosas lembran��as. O Cristo n��o
vos disse tudo o que refere a essas virtudes de caridade e amor?
Por que deixastes de lado os seus divinos ensinamentos? Por
que fechar os ouvidos ��s suas divinas palavras, o cora����o ��s suas
doces m��ximas? Eu desejaria que se voltasse mais interesse, mais
f��, ��s leituras evang��licas; mas abandona-se esse livro, conside-
rado como texto quim��rico, mensagem sem valor; deixa-se no
esquecimento esse c��digo admir��vel. Vossos males prov��m do
abandono volunt��rio desse resumo das leis divinas. Lede, pois,
essas p��ginas ardentes sobre a abnega����o de Jesus e meditai-as.
Homens fortes, amai-vos; homens fracos, fazei da vossa do��u-
ra, da vossa f��, as vossas armas; tende mais persuas��o e mais
const��ncia na propaga����o de vossa doutrina. �� apenas um enco-
rajamento que vimos dar-vos, e �� para estimular o vosso zelo e
as vossa virtudes, que Deus permite a nossa manifesta����o. Mas,
se quis��sseis bastaria a ajuda de Deus e da vossa pr��pria vontade,
pois as manifesta����es esp��ritas se produzem somente para os
que t��m os olhos fechados, os cora����es ind��ceis. A caridade �� a
71
virtude fundamental que deve sustentar o edif��cio das virtudes
terrenas; sem ela, as outras n��o existiriam. Sem a caridade, nada
de esperar uma sorte melhor, nenhum interesse moral que vos
guie; sem a caridade, nada de f��, pois a f�� n��o �� mais que um raio
de luz pura, que faz brilhar uma alma caridosa.
A caridade �� a ��ncora eterna de salva����o em todos os mun-
dos. �� a mais pura emana����o do Criador; �� a sua pr��pria virtu-
de, que Ele transmite �� criatura. Como pretender desconhecer
esta suprema bondade? Qual seria o cora����o suficientemente
perverso, para assim pensando, sufocar em si e depois expulsar
esse sentimento inteiramente divino? Qual seria o filho bastan-
te mau para revoltar-se com essa doce car��cia: a caridade? N��o
ousarei falar daquilo que fiz, porque os Esp��ritos tamb��m t��m
pudor de suas obras; mas considero a que iniciei como uma das
que mais devem contribuir para o al��vio dos vossos semelhantes.
Vejo frequentemente os esp��ritas pedirem por miss��o continuar
a minha tarefa; vejo minhas irm��s queridas, no seu doce e pie-
doso minist��rio. Vejo-as praticar a virtude que vos recomendo,
com toda alegria que essa exist��ncia de abnega����o e sacrif��cios
proporciona. �� uma grande felicidade para mim, ver quanto se
enobrece o seu car��ter, quanto a sua miss��o �� amada e docemente
protegida. Homens de bem, de boa e forte vontade, uni-vos
para continuar amplamente a obra de propaga����o da caridade.
Encontrareis a recompensa dessa virtude no seu pr��prio exer-
c��cio. N��o h�� alegria espiritual que ela n��o proporcione desde
a vida presente. Permanecei unidos. Amai-vos uns aos outros,
seguindo os preceitos do Cristo. Assim seja.
As mensagens acima, transmitidas pelos Esp��ritos Celestes,
nos d��o a entender, o valor da realiza����o da CAMPANHA DO
QUILO, como valioso instrumento, a servi��o da Caridade e
da Justi��a. Adolfo, esp��rito iluminado, o esplendoroso esp��rito
de Vicente de Paula e o glorioso esp��rito de Caritas, fazem-nos
sentir nestas mensagens, que o nosso progresso espiritual exige
a nossa decis��o her��ica, de nos dedicarmos ao bem irrestrito dos
nossos semelhantes.
72
RESGATES DAS NOSSAS FALTAS
1.��
Resgate das nossa faltas passadas e presentes.
"Em verdade te digo que de maneira nenhuma sair��s dali,
enquanto n��o pagares o ��ltimo ceitil" - Jesus. (MATEUS - 5:26).
"Mas, sobretudo, tende ardente caridade uns para com ou-
tros; porque a caridade cobrir�� a multid��o de pecados" - (Pedro.
4:8 - I a . Ep. U.).
No Livro dos Esp��ritos, na pergunta 1000, indagou o sr.
Allan Kardec, aos Esp��ritos: - Podemos, desde esta vida, resgatar
as nossa faltas? Resposta: - "Sim, reparando-as. Mas n��o julgueis
resgat��-las por algumas priva����es pueris ou por meio de doa����es
de ap��s morte, quando de mais nada necessitais. Deus n��o toma
em conta um arrependimento est��ril, sempre f��cil e que n��o custa
sen��o o trabalho de bater no peito. A perda de um dedo, quando
se presta um servi��o, apaga maior n��mero de faltas do que o
cil��cio suporta durante anos, sem outro objetivo que o bem de
si mesmo. O mal n��o �� reparado sen��o pelo Bem e a repara����o
n��o tem m��rito algum, se n��o atingir o homem no seu orgulho
ou nos seus interesses materiais. De que serve para sua justifica-
����o, restituir ap��s a morte, os bens mal adquiridos, quando j�� se
tornaram in��teis, depois que j�� os desfrutou? De que lhe serve
a priva����o de alguns gozos f��teis e de algumas superfluidades,
se o mal que cometeu para outro continua o mesmo? De que
lhe serve, enfim, humilhar-se diante de Deus, se conserva o seu
orgulho diante dos homens?".
Conforme ensina o Divino Mestre, os esp��ritos s�� deixam de
reencarnar quando nada mais t��m a resgatar. O ap��stolo Pedro
afirma que a caridade, quando sinceramente praticada, limpa
todos os pecados. E os ensinamentos esp��ritas proclamam que
o mal �� somente reparado pelo Bem, e que a repara����o n��o tem
m��rito algum, se n��o atingir o culpado, no seu orgulho ou nos
seus interesses materiais. Torna-se claro, que a CAMPANHA
DO QUILO �� a obra por excel��ncia de resgate ou de liberta����o
73
espiritual, visto que, realizada nos m��todos do Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo permite que o Legion��rio do Quilo
seja atingido em profundidade e extens��o, no seu orgulho e nos
seus interesses materiais. O tarefeiro do quilo tem na Campanha
do Quilo, o instrumento por excel��ncia, de al��vio da pr��pria
consci��ncia; de vez que na pr��tica humilde e amorosa do bem,
realizado em benef��cio de velhos e crian��as, ele expunge de sua
alma os fluidos impuros da soberba, da vaidade e do ego��smo.
A Campanha do Quilo, realizada com perserveran��a, cria no
legion��rio a inclina����o para a humildade, para a mod��stia e
fraternidade. Cada decep����o bem suportada no decurso da tarefa,
�� um aux��lio ao tarefeiro, para se tronar mais humilde, mais sim-
ples, mais modesto. Em nenhuma tarefa poder�� ser encontrada,
quanto na Campanha do Quilo, a oportunidade de praticar a
moral ensinada pelo Divino Mestre, consubstanciada no: "Ama
teu pr��ximo como a ti mesmo"; "Faze aos outros tudo o que
queres que te fa��am"; "N��o fa��as aos outros o que n��o queres
que te fa��am".
2 . ��
Purifica����o das nossas almas
"Bem-aventurados os limpos de cora����o, porque ver��o a
Deus Nosso Senhor". Jesus. - (MATEUS, 5:8).
"Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos
diante dos meus olhos; cessai de fazer mal. Aprendei a fazer o
bem; praticai o que �� reto, ajudai os oprimidos, fazei justi��a aos
��rf��os, tratai da causa das vi��vas; vinde, ent��o e arg��i-me, diz
o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata,
eles se tornar��o brancos como a neve; ainda que sejam verme-
lhos como o carmesim, se tornar��o como a branca l�� - Isa��as,
1:16,17,18.
"Chegai-vos a Deus e ele se chegar�� a v��s. Limpai as m��os
pecadores; e v��s de duplo ��nimo, purificai os cora����es". - Tiago,
4:8.
Todos os maus sentimentos que escravizam os nossos
esp��ritos, foram por n��s desenvolvidos na pr��tica do mal. Ig-
74
norantes que ��ramos da lei de atra����o e repuls��o dos fluidos,
entregamos-nos inertes �� pr��tica de leviandades, baixezas e
mis��rias, e assim fomos atraindo para os nossos perisp��ritos
os fluidos correspondentes a essas torpezas, de que resultou
nos termos acorrentado ��s infelizes vicia����es que, em camadas
flu��dicas sucessivas, se foram superpondo aos nossos esp��ritos,
entenebrecendo-os, ao mesmo passo que endurecendo as nossas
sensibilidades, tornando-nos focos malfazejos de atra����o dos
esp��ritos ignorantes, que passando a viver em nossa conviv��ncia,
se nos apegaram, impelindo-nos de mais a mais, para toda sorte
de bestialidade e loucura. Esta �� a situa����o quase generalizada dos
esp��ritos em provas de expia����o na face do nosso mundo. Todos
quantos t��m a ventura de estudar e meditar os Evangelhos do
Divino Mestre, �� luz do Espiritismo Crist��o, reconhecem para
logo o seu inadi��vel esfor��o de reforma, pela pr��tica sincera e
amorosa do bem. Da�� a necessidade de se tornarem obedientes
aos programas estabelecidos para a execu����o de tarefas, que sejam
executadas com a m��xima boa vontade, a fim de que, no decurso
do tempo, possam ir se expungindo dos fluidos mal��ficos que
lhes vincam os perisp��ritos e se impregnando dos bons fluidos,
por interm��dio dos quais ir��o desenvolvendo os valores da hu-
mildade, da ren��ncia, da simplicidade, da toler��ncia, do perd��o,
e assim, atraindo ao seu conv��vio os esp��ritos benfazejos, que
os assistindo, os estimular��o cada vez mais, na pr��tica das boas
obras, portanto na senda da pr��pria purifica����o. Essa purifica����o
comporta duas fases ou per��odos. A primeira fase �� a que consiste
na luta para combater em si mesmo, no seu ��ntimo, as vicia����es
monstruosas, que entenebrecem o seu esp��rito h�� mil��nios: o
orgulho, a vaidade e o ego��smo. Conhecedor da reencarna����o,
perante a qual o esp��rito viciado �� o ��nico respons��vel pelos
seus v��cios, consciente da lei divina, conforme ensina o Divino
Mestre: "A cada um ser�� dado conforme as suas obras"; ciente
de que ser�� tanto mais feliz na Eternidade quanto mais perfeito
se tornar; compreendendo que a perfei����o �� conquistada atrav��s
da realiza����o de tarefas em benef��cio do semelhante; c��nscio
de que na ora����o sincera, fervorosa, perseverante, encontrar��
adjut��rio permanente para superar todos os obst��culos, todas
7 5
as dificuldades, o esp��rito esclarecido pelas luzes do Consolador
prometido, estar�� habilitado para superar a primeira fase da
aludida purifica����o. Dominados os maus sentimentos, pelo ali-
jamento dos maus fluidos, come��ar�� a Segunda fase da referida
purifica����o, a qual se processar�� com gozo espiritual, com alegria
��ntima indescrit��vel, numa atmosfera de paz permanente.
N��o sendo mais joguete de sentimentos inferiorizados, n��o
se deixando subjugar por entidades malfazejas, atento aos traba-
lhos que por miseric��rdia de acr��scimo lhe foram concedidos
na Divina Seara, o Legion��rio ter�� somente um impulso, a todo
instante: gratid��o ao Pai de Bondade Infinita, que lhe concede a
b��n����o sacrossanta, de us��-lo para instrumento do seu ador��vel
designo. Por todas as raz��es acima expostas, podemos compre-
ender o valor inestim��vel da Escola da Campanha do Quilo, que
ministra o programa exato, para a obten����o das finalidades que
integrar��o os legion��rios sinceros, na conquista das virtudes que
os unir��o para sempre ao Divino Redentor.
3.��
Acendimento da luz interior
No Serm��o da Montanha, o Divino Mestre afirma: "Que
vossa luz brilhe diante dos homens, para que eles vejam as vossas
boas obras e glorifiquem ao vosso Pai que est�� nos c��us". Esta
afirmativa do Divino Redentor, foi feita logo ap��s haver decla-
rado quais as virtudes conducentes �� bem-aventurados, isto ��, ��
eterna felicidade. O que se depreende da verdade acima enunciada
pelo Mestre da Sabedoria Perfeita, �� que a luz que ilumina a cons-
ci��ncia, promana das boas obras; disto n��o temos d��vidas, de vez
que o mesmo Divino Senhor ensinou: "Meu Pai d�� a cada um de
acordo com as suas obras". Na Campanha do Quilo, realizada em
concord��ncia com os ensinamentos do Divino Mestre, temos a
obra recomendada por Ele, na mais leg��tima acep����o: "Tive fome
e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; doente e
me fostes ver; quando isto realizastes, foi a mim que fizestes".
76
Com pequeno esfor��o mental, verificamos que a Campanha
do Quilo abrange, com muita felicidade, aquelas assertivas do
Excelso Senhor da Seara. Comp��e-se a referida Campanha de
duas partes: a material e a espiritual. A primeira, realizada com
saco nos ombros e mochila na m��o, �� um convite externo, ��
pr��tica humilde e amorosa do bem. Este convite ser�� tanto mais
eloq��ente, quanto mais o legion��rio primar pelas boas maneiras;
pelas atitudes cristas, que ir��o impressionar, impreterivelmente,
a quantos forem por ele abordados. A Segunda, praticada ap��s
o preparo ministrado atrav��s das regras orientadas da aludida
Campanha, �� um foco radiante das mais ben��ficas influ��ncias
espirituais. �� uma luz radiosa, iluminando as consci��ncias na
dire����o humilde e amorosa do Divino Salvador; �� um incentivo
enorme �� pr��tica da humildade e da ren��ncia ensinadas pelo Ex-
celso Messias; �� enfim um est��mulo inigual��vel �� pr��tica de todas
as virtudes ensinadas no Serm��o da Montanha. Na Campanha
em apre��o, leva-se benef��cio total �� coletividade. Incentiva-se
o orgulhoso a ser humilde, o vaidoso a tornar-se modesto, o
ego��sta a ser amoroso, o invejoso a buscar o desinteresse, a lu-
xuriento a esfor��ar-se por conquistar a castidade, ao maledicente
a voltar-se para a inoc��ncia, ao violento a lutar pela mansid��o,
ao pregui��oso o trabalho edificante, ao mentiroso a procurar
a verdade, ao desonesto a integrar-se na retid��o. O legion��rio
sincero, cercado pelos esp��ritos humildes e amorosos, sente-se
desprender gradativamente das pessoas e coisas, unindo-se cada
vez mais ao Pai de Bondade Infinita, transmitindo aos irm��os
em provas e expia����es, os mais belos exemplos de paci��ncia,
resigna����o, toler��ncia e f��.
4.��
Paz equilibrada e gozo permanente
Na paz da consci��ncia tem o esp��rito o maior bem da vida.
Sem a paz da consci��ncia, o esp��rito se assemelha a um barco
sem rumo, sem leme. Foi por isso que o Divino Mestre encareceu
a necessidade absoluta de buscar-se a paz interior, antes de tudo:
77
"Busca antes de tudo o reino de Deus e a sua justi��a, e tudo mais
te ser�� dado por miseric��rdia e de acr��scimo". O reino de Deus,
dentro de n��s, significa paz, uni��o e alegria no Esp��rito Santo".
Na par��bola do bom samaritano, o Divino Mestre ensinou ao
doutor da lei que desejava saber a regra da salva����o: "Vai e faze
como o samaritano". Que fizera este? Socorrera o homem fe:
rido que se encontrava na beira da estrada, prestando-lhe todo
o socorro poss��vel, sem inquirir qual a sua cren��a, l��ngua ou
nacionalidade. No ato de miseric��rdia praticado pelo samarita-
no, o Divino Mestre consubstanciou a regra da eterna salva����o,
isto ��, da conquista da paz eterna. Se o simples ato de socorro
piedoso, qual o feito pelo samaritano mereceu tanta aprova����o
de Nosso Senhor Jesus Cristo, quanto mais n��o merecer�� o da
Campanha do Quilo, quando, piedosamente realizado, durante
horas a fio, com a ��nica finalidade de ajudar pobres velhinhos e
criancinhas, levando ��s criaturas os mais verdadeiros testemunhos
de humildade e amor.
5 . ��
Reconcilia����o com os inimigos do passado e do presente
S��o palavras do Divino Mestre: "Reconcilia-te depressa com
o teu inimigo, enquanto est��s no caminho com ele, para que
n��o aconte��a que o teu inimigo te entregue ao juiz, e o juiz te
entregue ao oficial e te encerre na pris��o; em verdade te digo que
de maneira nenhuma sair��s dali, enquanto n��o pagares o ��ltimo
ceitil". Todos n��s temos advers��rios do passado e quase sempre
do presente, em vista das nossas muitas imperfei����es. Empenhado
na tarefa da Campanha do Quilo, o legion��rio, assistido pelos
esp��ritos humildes e amorosos, coloca-se espiritualmente em
condi����es de verificar as suas pr��prias defici��ncias morais, e com a
consci��ncia tranq��ila pelo bem que realiza, sente-se naturalmente
impelido a mobilizar esfor��os, no sentido de realizar a sua pr��pria
reforma interna, e com esta, a fazer preces pelos seus inimigos.
Muitos dos nossos advers��rios encontram-se reencarnados e por
divina miseric��rdia, ladeiam-se conosco, a cada passo, cruzando
7 8
em nossos caminhos; e na CAMPANHA DO QUILO encon-
tramos o sagrado ensejo de procur��-los, com o saco no ombro
e a mochila na mio, humilhando nosso orgulho, combatendo a
nossa vaidade, interpelando-os com estas humildes palavras: "Em
nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Campanha do Quilo pede
uma ajuda para as criancinhas ou para os velhinhos do abrigo
tal". A princ��pio as palavras e atitudes do legion��rio podem n��o
ser levadas a s��rio. Mas com a continua����o das Campanhas, os
mais ferrenhos inimigos terminam por abrir o cora����o, sentindo
ou compreendendo que o legion��rio a quem tanto antipatiza, ��
um esfor��ado obreiro do bem, uma pessoa bem intencionada, a
qual merece, sen��o a sua simpatia, pelo menos a sua considera����o;
o que constitui um grande triunfo sobre a velha inimizade do
passado. Por esta raz��o �� que um dos princ��pios da aquisi����o da
CAMPANHA DO QUILO preceitua "reconcilia����o com os
inimigos do presente e do passado". Na Campanha do Quilo
temos um instrumento perfeito, para localizarmos os nossos
desafetos e desfazermos desafei����es dv antanho.
6.��
Oportunidade concedida aos outros
para resgatarem as suas faltas
�� um ato de justi��a fazer aos outros tudo o que queiramos
nos seja feito. O legion��rio, cheio de boa vontade, poder�� centu-
plicar esse ato. Com o saco no ombro e com a mochila na m��o,
ir�� de porta em porta, de transeunte a transeunte, repetindo o
mesmo sagrado apelo. Vai pedindo "d�� licen��a meu irm��o, em
nome de Nossos Senhor Jesus Cristo, a Campanha do Quilo
est�� pedindo para as criancinhas ��rf��s ou para os velhinhos abri-
gados", indistintamente, a ricos e a pobres e at�� aos mendigos,
cegos e aleijados. Por for��a desta tarefa vai o legion��rio se desper-
sonalizando, se identificando gradativamente com o Esp��rito do
Divino Mestre, cercando-se sempre das mais puras e mais santas
influ��ncias dos esp��ritos humildes e amorosos, e por esta raz��o,
influenciando as pessoas, em particular, e �� coletividade, de modo
79
geral. �� portanto, um trabalho da mais alta relev��ncia, prestado
aos irm��os em humanidade, porque n��o somente os incentiva
�� pr��tica da fraternidade, como os convida, amorosamente, ao
pagamento das suas d��vidas e presentes.
7.��
Desobsess��o individual e coletiva
No Livro dos Esp��ritos, pergunta 469: - Por que meio se
pode neutralizar a influ��ncia dos maus esp��ritos? Resposta: -
Fazendo o bem e colocando toda a vossa confian��a em Deus,
repeles a influ��ncia dos esp��ritos inferiores e destru��s o imp��rio
que desejam ir sobre v��s. Guardai-vos de escutar as sugest��es
dos esp��ritos que suscitam em v��s os maus pensamentos, que
insuflam a disc��rdia em v��s, e que excitam em v��s todas as m��s
paix��es. Desconfiai, sobretudo, dos que exaltam o vosso orgulho,
porque eles vos atacam na vossa fraqueza. Eis por que Jesus vos
faz dizer na ora����o dominical: "Senhor, n��o nos deixeis cair em
tenta����o, mas livrai-nos do mal".
O Esp��rito Celeste, na resposta acima, consagrou a regra por
excel��ncia, atrav��s da qual poderemos nos libertar das influ��ncias
dos esp��ritos inferiores, que procuram retardar o nosso aperfei-
��oamento. Indiv��duos e coletividades t��m permanecido s��culos
e at�� mil��nios, estacion��rios nas vias do progresso, em vista de
se encontrarem envolvidos nos fluidos pesados de obsessores
cru��is. Todavia, seguindo o conselho s��bio, contido no Livro
dos Esp��ritos, que consiste em fazer o bem e p��r em Deus toda
a nossa confian��a, certamente nos libertaremos do jugo terr��vel
ao qual estejamos escravizados. Ainda no Livro dos Esp��ritos,
pergunta 518, temos: - Sendo os esp��ritos atra��dos aos indiv��duos
por simpatia, se-lo-��o igualmente ��s reuni��es de indiv��duos, por
motivos particulares? Resposta: - Os esp��ritos v��o de prefer��n-
cia aonde est��o os seus semelhantes, pois nesses lugares podem
estar �� vontade e mais seguros de ser ouvidos. O homem atrai
os esp��ritos em raz��o de suas tend��ncias, quer esteja s�� ou cons-
titua um todo coletivo, como uma sociedade, uma cidade ou
80
um povo. H�� pois sociedades, cidades e povos que s��o assistidos
por esp��ritos mais ou menos elevados, segundo o seu car��ter e
as paix��es que os dominam. Os esp��ritos imperfeitos se afastam
dos que os repelem e disso resulta que o aperfei��oamento moral
de um todo coletivo, como o dos indiv��duos, tende a afastar os
maus esp��ritos e a atrair os bons, que despertam e mant��m o
sentimento do bem nas massas, da mesma maneira porque outros
podem nelas insuflar as m��s paix��es.
Pelas explica����es acima, estamos certo de que a Campanha
do Quilo �� um dos mais nobres esfor��os, no sentido da regene-
ra����o individual e coletiva, pois �� a aplica����o do Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo, na sua mais pura express��o.
8 o
Educa����o individual e coletiva pelo incentivo
�� pr��tica do bem
Na educa����o est�� o verdadeiro fundamento da vida. Como
ensina Allan Kardec, n��o a educa����o intelectual, mas a educa����o
moral, e nem ainda a educa����o moral pelos livros, mas a que
consiste na arte de formar o car��ter, aquela que cria os h��bitos,
porque educa����o �� o conjunto de h��bitos adquiridos. Por falta
dessa educa����o, generalizam-se a desordem e a imprevid��ncia,
duas chagas que somente uma educa����o bem compreendida pode
curar. A Campanha do Quilo penetra em cheio o indiv��duo e
a coletividade. O legion��rio do quilo, realizando a campanha, ��
o primeiro a beneficiar-se dos seus sacrossantos princ��pios, dos
quais ir�� se penetrando tanto mais, quanto maiores esfor��os em-
pregar para aplicar os mesmos �� sua alma, ao mesmo passo que
ir�� se constituindo um verdadeiro instrumento de atra����o para
o bem, portanto de orienta����o moral e espiritual para a coletivi-
dade. A Campanha do Quilo �� realizada por portas e port��es, e
tamb��m pelas pra��as e bairros e por todos os recantos da cidade,
da choupana do pobre ao palacete do rico; do pardieiro ao arra-
nha-c��u. E n��o somente pessoas pobres realizam a Campanha,
mas tamb��m pessoas da posi����o social elevada: doutores, oficiais,
professores, etc. Incontestavelmente, a Provid��ncia nos concedeu
81
a Campanha do Quilo como valiosa Escola de educa����o ou de
reforma moral e espiritual.
9 . a
Conquista de amigos para a fileira do bem
N��o existe uma forma mais perfeita para se testemunhar o
bem, do que a Campanha do Quilo; realizando-a, o legionario
aborda milhares de pessoas, de todas as categorias sociais, das mais
pobres ��s mais ricas, das menos classificadas ��s mais altamente
colocadas na sociedade. Existem pessoas que simpatizam com
os velhos, outras com as crian��as e o tarefeiro da Campanha do
Quilo, buscando beneficiar uns e outros, ir�� se tornando tanto
mais simp��tico quanto mais perseverar no servi��o da referida
Campanha. Sem suspeitar, ir�� conquistando amigos para a pr��tica
sincera e desinteressada do bem.
10��
Manuten����o equilibrada dos Abrigos, com arrecada����es de
dinheiro e g��neros aliment��cios,
angariados nas bases do amor fraterno
Temos aprendido atrav��s de longa experi��ncia, no decurso
de quase trinta anos, que a Campanha do Quilo �� a maneira
mais simples e mais completa de se angariar dinheiro e g��neros
aliment��cios para manter as Institui����es que abrigam velhos e
crian��as pobres. Nunca acontece realizar-se uma Campanha e
o legion��rio regressar com o saco sem nenhum mantimento e a
mochila sem dinheiro. Depende do legion��rio arrecadar maior
ou menor quantidade de doa����es. Se este se compenetra da sua
miss��o sublime e procura movimentar-se durante todo o tempo
da tarefa em conson��ncia com os ensinamentos assinalados nos
mandamentos e nas normas da Campanha, o que equivale a ter
boa assist��ncia dos esp��ritos humildes e amorosos, ent��o sentir��
que os cora����es se lhes abrir��o, e em conseq����ncia, o saco e a
mochila se tornar��o repletos de v��veres e dinheiro, para as Ins-
titui����es em apre��o. Da��, a necessidade inadi��vel, de meia hora
de preparo espiritual do legion��rio antes de sair em campo para
a realiza����o da Campanha .
82
PARTE II
Viv��ncias
I a
A CAMPANHA DO QUILO �� sagrada oportunidade para
a reconcilia����o com os inimigos.
"Concilia-te depressa com o teu advers��rio, enquanto est��s
no caminho com ele, para que n��o aconte��a que o advers��rio te
entregue ao oficial, e te encerrem na pris��o; em verdade te digo
que, de maneira nenhuma sair��s dali enquanto n��o pagares o
��ltimo ceitil". Jesus. (MATEUS, 25:26).
Sogro e genro se detestaram por motivo de fam��lia. No auge
do desentendimento, juraram liquidar o assunto no primeiro
encontro. Cada qual prometeu armar-se para decidirem qual dos
dois seria o maior. Acontece que o genro instado por um amigo
esp��rita, compareceu a uma reuni��o esp��rita. Nesta foi convidado
para realizar a Campanha do Quilo, pelo presidente da Institui-
����o. Aludido presidente, muito fluente, esclareceu que todos n��s
precisamos combater o orgulho que se aninha nas nossas almas, e
a Campanha tem como principal finalidade, nos ajudar no ��rduo
esfor��o de reforma interior. Declarou que naquela institui����o
as Campanhas eram realizadas todos os domingos, das 08:00 ��s
11:00 horas. O convidado, no domingo seguinte, compareceu
sumamente desejoso de iniciar a tarefa regeneradora. Realizada
a meia hora de preparo dos legion��rios, o dirigente fez a escala
dos tarefeiros que deveriam realizar a referida Campanha. O dito
convidado foi designado para movimentar-se numa equipe que
deveria percorrer determinadas ruas, numa das quais morava o
sogro odiento e vingativo. Certamente influenciado pelo anjo
guardi��o, que trabalha santamente pela vit��ria do protegido em
8 3
todas as prova����es, o genro sentiu-se na porta de seu terr��vel
advers��rio. Bateu palmas, com o pensamento no Divino Mestre e
aguardou serenamente ser atendido. Compareceu �� porta o sogro,
que entre a revolta e o espanto, exclamou: - Eu bem dizia que ele
n��o valia nada, n��o dava para nada. Est�� pedindo esmolas, com
saco e mochila. �� ele, o miser��vel. Mas que surpresa, quando espe-
rava a rea����o vingativa, escutou estas amenas palavras, proferidas
pelo ex-advers��rio: - Meu irm��o, em nome de Nosso Senhor Jesus
Cristo, a Campanha do Quilo pede uma ajuda para os velhinhos
do Lar de Jesus. Retrucou irasc��vel, o sogro: - Chegou a hora
de resolvermos como homens a nossa quest��o! Ouve, a seguir
o mesmo sublime estribilho. A essa altura, compareceu a sogra
que exclamou sensibilizada: - �� a Campanha do Quilo, vamos
ajudar! O nosso genro �� legion��rio do quilo! E o sogro, revolta-
do, improperava enraivecido. Os membros da fam��lia vieram ��
porta. Todos reverenciando a Campanha, apaziguavam o velho
com palavras amorosas. A dona da casa, mansa, compreensiva,
fez um ligeiro sinal para o legion��rio, a fim de que esperasse um
pouco. Este esperou tranq��ilo. Perante o velho, ela traz pacotes
de a����car, arroz e outros mantimentos. E o legion��rio, com gesto
ameno e olhar transl��cido, agradece com estas palavras: - Desejo
a todos, a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo, retirando-se para
pedir em outra resid��ncia. Com a retirada deste o sogro excla-
mou: - De duas, uma: ou meu genro �� um grande hip��crita, a
fingir santidade ou j�� se santificou! - A esposa, ao lado, esclareceu
tranq��ila: - O nosso genro tornou-se esp��rita, freq��enta o Centro
Esp��rita S.F. e como sabemos, os verdadeiros esp��ritas vivem
preocupados com a caridade. Ao que retruca o esposo: - Mas,
espiritismo �� isso? Francamente! Como mudou o meu genro! E
assim, terminou uma inimizade, que poderia perpetuar-se por
s��culos ou mil��nios. Os dois fatores preponderantes neste feliz
epis��dio foram o Espiritismo Crist��o e a Campanha do Quilo.
Teve raz��o, o divino mission��rio Sr. Allan Kardec, ao escrever
no Livro dos M��diuns: "A bandeira que desfraldamos bem alto,
�� a do Espiritismo Crist��o e Humanit��rio, em torno da qual,
nos sentiremos todos irm��os e nos tornaremos a salvaguarda da
p��tria, a alegria de todos e o bem-estar da coletividade"
84
2 o
A Campanha do Quilo �� sagrado b��lsamo, a suavizar as
provas mais rudes da exist��ncia.
Era uma manh�� de domingo. A Campanha movimentava-se
em um setor do Recife. Um legion��rio, batendo palmas suave-
mente em uma porta, pronunciava as seguintes palavras: - Em
nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Campanha do Quilo
est�� pedindo para as velhinhas do Abrigo Batista de Carvalho.
De dentro da casa solicitada, irrompe a voz desesperada de um
homem em profundo desequil��brio: - V�� pedir no inferno! eu j��
estou desgra��ado, perdi tudo, nada mais me resta... Envolvido por
influ��ncias dos esp��ritos s��bios e amorosos, prossegue legion��rio:
- Em nome de N. S. Jesus Cristo, a Campanha do Quilo pede
para as velhinhas do Abrigo Batista de Carvalho. E o dono da
casa, proferindo palavras de revolta, vem at�� a porta, dizendo: -
Sou um desgra��ado, perdi a fam��lia, o emprego e a considera����o
dos amigos, s�� me resta o suic��dio como ��ltima esperan��a. Ao
que responde o legion��rio, com a voz piedosa e inspirada: - Meu
irm��o, est�� esquecido da infinita bondade do Alt��ssimo que lhe
concedeu a presente exist��ncia para o resgate de suas d��vidas
passadas e presentes. Contudo, poder�� sair desta faixa escura de
desespero e desequil��brio, desde que sinceramente deseje fazer o
bem ao seu semelhante. Pela pr��tica sincera e amorosa do bem
��s criaturas de Deus, o meu irm��o se esquecer�� das amarguras da
vida, das decep����es, das trai����es que possam estar lhe afligindo.
Perguntou o desventurado: - Quanto voc�� est�� ganhando para
realizar pedit��rios pelas portas? - Estou ganhando a paz de Deus,
a purifica����o da minha alma e o resgate das minhas d��vidas pas-
sadas e presentes, respondeu o legion��rio.
- Onde aprendeu estas coisas? interrogou aquele homem
quase descontrolado. - No Espiritismo Crist��o, que pelas vozes
dos esp��ritos celestes, nos transmitem mensagens s��bias e amoro-
sas, a respeito do porqu�� da vida, o que somos, donde viemos, o
que devemos fazer na terra e para onde iremos, ap��s o desman-
cho do nosso inv��lucro corporal. Tornando a falar, o sofredor
8 5
acrescentou: - Pela firmeza e brandura da sua voz, sinto que algo
extraordin��rio se passa em mim; quero conhecer de perto, essa
Campanha do Quilo, deixe comigo o endere��o do local onde
ela �� orientada. O legion��rio deixou dito o endere��o; no meio
da semana seguinte, recebeu a visita do interlocutor, o qual no
domingo imediato j�� se encontrava trabalhando tranq��ilo, com
o saco e a mochila (saco no ombro e mochila na m��o). A partir
da�� come��ou a experimentar o j��bilo de um novo mundo dentro
de si mesmo, uma paz nunca experimentada, um gozo inigual��vel
e n��o mais apartou-se da CAMPANHA DO QUILO.
3 a
A Campanha do Quilo humilha o orgulho farisaico, teste-
munha a humildade de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Quem n��o se lembra do Dr. Enaldo Campelo, aquele es-
p��rita convicto, amoroso, humilde e laborioso por excel��ncia?
Formado em odontologia, nunca o vi com o anel no dedo,
mas muitas vezes encontrei-o com um saco no ombro e uma
mochila na m��o, pedindo para os velhinhos e criancinhas dos
Abrigos Esp��ritas de Recife. Ele s�� faltava a uma Campanha do
Quilo quando era procurado por algu��m para diminuir algum
padecimento, no seu consult��rio, face �� generosa profiss��o de
odontologista.
Certa vez, humilde e amoroso, realizava a tarefa do seu
cora����o, a Campanha do Quilo, na ponte Duarte Coelho. Rente
ao legion��rio vai passando um cidad��o de porte altivo, primo-
rosamente vestido. Este, escutou a VOZ mansa e humilde, que
o interpelou: - Meu irm��o, em nome de Nosso Senhor Jesus
Cristo, a Campanha do Quilo est�� pedindo para as criancinhas
do Orfanato Ceci Costa. O interpelado, violentamente volta-se
para o Enaldo, nestes lermos: - Voc�� sabe quem sou eu? Ao que
este respondeu seriamente: - Perfeitamente, �� meu irm��o, porque
�� filho de Deus como eu! - O violento senhor pela segunda vez
interrogou furiosamente: - Sabe quem sou? Nova resposta do
tarefeiro da Campanha: - �� meu irm��o porque somos filhos do
8 6
mesmo pai, que �� Deus! e acrescentou imperturb��vel: Em nome
de N. S. Jesus Cristo, a Campanha do Quilo est�� pedindo para as
criancinhas do Orfanato Ceci Costa. O altivo senhor retrucou,
raivosamente: - Fique sabendo que eu sou o senhor Fulano de
Tal, com as seguintes credenciais... e declarou o t��tulo honor��-
fico de que se glorificava, aduzindo: - Veja bem com quem est��
falando! E foi se retirando entre espantado e col��rico. Quando
o aludido senhor j�� se encontrava a uns cinq��enta metros de
dist��ncia de Enaldo, virou-se para este, lan��ou-lhe um olhar cheio
de revolta e ap��s r��pidos instantes, seguiu o seu trajeto. Os dois
personagens em apre��o, representam duas humanidades, duas
etapas de progresso: Enaldo Campelo representa a humanidade
cristianizada, a nova era; o fidalgo senhor, a humanidade dege-
nerada, o passado vicioso, err��neo.
4 a
Como o
Dr. Enaldo Campelo
se tornou Legion��rio do Quilo
Nas v��speras de Natal, ano de 1948, Enaldo Campelo com-
pareceu ao N��cleo Esp��rita Centelha de Jesus, onde escutou a
palestra do irm��o E.S. Este, inspiradamente lembrou a preocu-
pa����o de tantas pessoas em presentearem aos seus entes queridos,
por ocasi��o do Natal do Divino Salvador. Mas, bem poucas -
dizia o palestrante - se interessam em ofertar ao Divino Amigo,
algo que lhes possa alegrar. E a melhor prenda que poderemos
oferecer ao Divino Amigo, �� o ato humilde e amoroso, atrav��s
do qual possamos ajudar ao nosso semelhante necessitado; ter-
minava o referido palestrante convidando aos presentes para, no
dia seguinte que era 25 de dezembro, se unirem em esp��rito e
verdade, a fim de realizarem a Campanha do Quilo, em beneficio
das criancinhas do Orfanato Ceci Costa, como obra de gratid��o
ao Divino Redentor da humanidade.
E Enaldo, a partir daquela data, nunca mais deixou de rea-
87
lizar a Campanha do Quilo. Ele s�� faltava quando era obstado
por algu��m que o solicitava ao consult��rio, pela manh�� do do-
mingo, a fim de atender a alguma emerg��ncia, em sua profiss��o
de dentista. Durante vinte anos, Enaldo Campelo se esfor��ou
para ofertar ao M��rtir da Calv��rio, o que de melhor possu��a: a
generosa inten����o de se tornar humilde e amoroso, para se tornar
disc��pulo digno do Crucificado.
5 . a
Encontro com o Esp��rito de Enaldo Campelo,
ap��s a sua desencarna����o
Ap��s um dia de extensos labores, �� noite, depois de fazer a
prece e o exame de consci��ncia, recomendado pelo Esp��rito de
Santo Agostinho no Livro dos Esp��ritos, dormi bastante equili-
brado. Encontrei-me com Enaldo Campelo, junto a v��rios com-
panheiros, acho que rec��m-desencarnados como ele. Perguntei:
- Como vai, meu irm��o? Respondeu-me, feliz: - Estou bom, aqui,
tudo �� bom! A seguir, me apresentou aos seus companheiros.
Apertei as m��os de todos. Um deles falou, curioso, referindo-se
a mim: - Ele tem o sinal da reencarna����o! Compreendi que o
referido companheiro fazia alus��o aos cord��es flu��dos, como
acontece a todos os reencarnados.
6 . a
Como Enaldo Campelo se despediu dos esp��ritas,
um dia antes de desencarnar
Foi realizada a comemora����o do anivers��rio do Centro
Esp��rita Deus, Paz e Luz, no morro da Maca��ba - Casa Amarela.
Muitas foram as Institui����es Espiritas que, convidadas, tomaram
parte no ��gape sublime.
Ali confraternizaram os representantes da Federa����o
Esp��rita Pernambucana com os da Comiss��o Estadual de Es-
piritismo, e em maior n��mero os Legion��rios do Quilo. De
8 8
todos os representantes, o ��ltimo a falar foi Enaldo Campelo.
Quem tiver prestado aten����o bastante h�� de ter sentido, na fala
do Enaldo, a sua despedida da fam��lia esp��rita pernambucana.
Sua palestra, repassada de extrema singeleza, culminou com a
transmiss��o do abra��o das Institui����es que ele estava represen-
tando: Casa dos Esp��ritas, Escola do Quilo, Comiss��o Estadual
de Espiritismo e N��cleo Esp��rita Centelha de Jesus. No final da
reuni��o, realizou-se o sorteio de um livro denominado Legado
Kardequiano, o qual coube a Enaldo. N��o existe acaso! Sem
d��vida, a provid��ncia compassiva do Alt��ssimo, quis que fosse
realizada aquela despedida, aben��oando a felicidade de Enaldo
�� gloriosa doutrina kardequiana, que ele defendeu esclarecido
e amoroso por mais de vinte anos. Sim! Enaldo Campelo n��o
foi apenas um esp��rita te��rico, nem tampouco um praticante
de reuni��es esp��ritas de mesa. Representou o leg��timo papel do
verdadeiro crist��o ou esp��rita, que s��o s�� uma coisa, pregando
pela palavra e pelo exemplo os ensinamentos do Divino Mestre.
No dia seguinte ao da aludida comemora����o, soubemos que
Enaldo havia desencarnado. Comparecemos ao enterro, na
casa que fora a sua resid��ncia fizemos a prece. Tenho assistido
a muitos enterros, nunca por��m, vimos tanta gente como no do
saudoso amigo. �� que ele, espalhando o bem, conquistou vasta
quantidade de amigos, n��o somente na classe seleta como na des-
favorecida. Durante vinte anos ininterruptos, prestou servi��os ��s
pessoas pobres que o procuravam no gabinete dent��rio da Casa
dos Esp��ritas, assim como durante o mesmo per��odo de tempo
realizou a Campanha do Quilo. Deixou tr��s filhos formados em
odontologia e um em medicina. Foi, durante alguns anos, tesou-
reiro da Escola Central do Quilo e por v��rios anos diretor da
orienta����o e propaganda da Comiss��o Estadual de Espiritismo.
Nas tarefas acima mencionadas fez quanto p��de.
Nos ��ltimos tempos que viveu, andou muito enfermo, ele
mesmo nos contou a gravidade da sua doen��a, contudo mos-
trava-se sempre de bom humor. N��o tomava rem��dios, n��o
comia carne. Trabalhador, operoso na profiss��o e na doutrina,
foi ass��duo e dedicado. Temos certeza, pelo que conhecemos da
89
Doutrina Esp��rita, que o esp��rito de Enaldo Campelo encontra-
se em situa����o equilibrada na verdadeira vida. Que Deus, Pai de
Infinita Bondade, envolva o espirito de nosso saudoso amigo na
divina luz de seu Pur��ssimo Amor.
7 o
Campanha do Quilo nos educa nas
li����es de toler��ncia do Divino Mestre
Encontrava-me no jardim de uma pra��a da cidade de Jo��o
Pessoa. Com a pasta debaixo do bra��o, esperava um companheiro
para irmos a um Centro Esp��rita, em tarefas da Doutrina Esp��rita.
Aproxima-se de mim um mulato mo��o, modestamente vestido,
de gravata, chap��u, falando nestes termos:
- Professor, me arranje duas flores com o encarregado do
jardim.
Respondi:
- Amigo, eu n��o conhe��o o encarregado do jardim, por isso
n��o posso servi-lo; pe��o que me perdoe n��o arranjar-lhe as duas
flores que me pede.
O desconhecido respondeu:
- N��o h�� nada, professor, retirando-se em seguida.
O citado companheiro que eu esperava n��o compareceu; perto
da hora de come��ar a reuni��o esp��rita onde iria tomar parte,
afastei-me da pra��a, entrei numa rua deserta e sem ilumina����o e
ap��s andar alguns metros, verifiquei que em sentido contr��rio
vinham dois homens, os quais ao se aproximarem de mim, con-
versando; dizia um deles:
- Vamos pegar este.
Respondeu o outro, que era o mulato que antes me abordara
na pra��a, pedindo as duas flores:
- N��o, com este n��o se mexe.
Insistiu o outro:
- Vamos, peguemos este.
O referido mulato continuou:
9 0
- A este n��o se pega, neste n��o se toca.
Compreendi ent��o que os dois eram assaltantes; e n��o ca��
nas m��os deles, pela toler��ncia caridosa de que usei para com o
mulato, momentos antes.
Pergunto a mim mesmo como ousei sair-me t��o bem na-
quela experimenta����o, quando interpelado por um desconhecido
para ofertar-lhe flores, sem as ter? E a minha consci��ncia me
responde que aquele comportamento fraterno foi a resultante
do longo exerc��cio nas tarefas da Campanha do Quilo, que nos
habitua a ver e sentir em cada criatura, um ser - nosso irm��o,
filho de Deus - como n��s pr��prios o somos. Concluo esse relato
assim: Como progredir��amos com mais rapidez em sentimentos
fraternos e atitudes crist��s, se nos dedic��ssemos com mais boa
vontade e mais dedica����o ao sagrado trabalho da Campanha do
Quilo.
8 . a
Campanha do Quilo cumpre integralmente o ensinamen-
to
do Divino Mestre: "N��o tive teto e me hospedastes"
Num bairro de Recife, realizava-se a Campanha do Quilo.
O Legion��rio bateu palmas na porta de um casebre paup��rrimo.
Apareceu uma velhinha, a qual escutou atenciosa as seguintes
palavras do legion��rio: - Em nome de N. S. Jesus Cristo, a
Campanha do Quilo est�� pedindo para as velhinhas do Abrigo
Bezerra de Menezes. Em continua����o, veio juntar-se �� primeira
velhinha uma outra, que parecia mais idosa que aquela. Eram
duas velhinhas paup��rrimas, sem parente de esp��cie alguma;
viviam de migalhas que recebiam das vizinhan��as, quando estas
se lembravam de socorr��-las. Uma delas respondeu ao legion��-
rio: - o senhor est�� pedindo esmolas a duas velhas que vivem
morrendo de fome, que a estas horas ainda n��o comeram coisa
alguma. O legion��rio olhou para o rel��gio e verificou que eram
10:00 hs. E continuou a aludida velhinha: Pelo amor de Deus nos
91
ajude em alguma coisa, pois estamos famintas e enfraquecidas.
Ele consultou a carteira e retirando alguns cruzeiros, ofertou-
os compadecido ��quelas necessitadas. Retirou-se sensibilizado
a pensar em como atenderia as duas pobrezinhas, livrando-as
daquela situa����o angustiosa!
Terminada a tarefa, procurou o diretor do Abrigo e colocou
-o a par do encontro que teve com as duas velhinhas necessitadas.
Aquele diretor, sem hesita����o, decidiu mandar buscar as referi-
das velhinhas, procedendo, entretanto, �� necess��ria sindic��ncia
para averigua����o da real situa����o. Feita a dita sindic��ncia, foi
constatada a veracidade da tremenda necessidade que passavam
as velhinhas.
Foram as citadas velhinhas conduzidas para o Abrigo, onde
viveram por mais de dez anos. Eram irm��s e at�� se pareciam
muito. Hoje encontram-se no mundo dos esp��ritos, agradecidas
- sem d��vida - pelos benef��cios que receberam por interm��dio
da Campanha do Quilo.
9 . a
Na Campanha do Quilo temos uma das maiores defesas
contra a persegui����o dos inimigos da Luz
No ano de 1939, achava-me debaixo de terr��vel persegui����o
espiritual. Certamente, inimigos de outra reencarna����o, procura-
vam desfechar-me os mais tremendos golpes na fam��lia, no lar e
na profiss��o. As investidas invis��veis, eram de todos os instantes!
Uma manh�� de domingo, dirigi-me ao Asilo Creche
Nazareno, rua Pontes Leme, n.�� 1, Campo Grande - Rio de
Janeiro, GB, onde, ao lado de muitos companheiros efetuamos
o preparo espiritual, para realizarmos a Campanha do Quilo,
em Bangu. Transportados a esta localidade, fomos distribu��dos
pelas ruas. Na faina sagrada de angariar recursos em dinheiro e
g��neros aliment��cios para aquela Institui����o, observei que em
todas as casas onde eu batia palmas, solicitando as doa����es, n��o
era atendido. Pensava comigo: Que seria aquilo? N��o recebia
donativo algum. Numa rua muito extensa, repetindo as mesmas
92
palavras, repassadas de sincera boa vontade: Em nome de N. S.
Jesus Cristo, a Campanha do Quilo est�� pedindo para o Asilo
Creche Nazareno! As respostas eram sempre negativas! - N��o
temos nada! N��o dispomos de nada! Perdoe, que n��o temos coisa
alguma para servi-lo.
Persuadido de que nada conseguiria em benef��cio das
crian��as, naquela manh��, silenciosamente elevei o pensamento
para o Alto, roguei coragem para prosseguir; logo depois recebi
a resposta esperada: os inimigos da Luz estavam me provando a
paci��ncia e o amor ao Bem. Realmente, eu me encontrava reali-
zando a Campanha do Quilo por amor ao Bem, pelo desejo de
ser bom. Gra��as a Deus n��o esmoreci, mesmo verificando quase
nada ter recebido, na sublime tarefa daquele dia.
Entendi que os meus advers��rios invis��veis haviam plane-
jado afastar-me da supracitada Campanha, mediante o esfor��o
que empreendiam, influenciando o povo para n��o me atender,
procurando levar-me ao des��nimo. Ent��o reforcei-me com a
prece e com a mais absoluta resolu����o de prosseguir inabal��vel,
at�� onde o Pai de Caridade e Amor me conduzisse. Senti ��nimo
profundo e sincero e multipliquei ora����es e Campanhas.
Ao inv��s das Campanhas que vinha realizando em Campo
Grande e Bangu, fundei, com a ajuda de Bezerra de Menezes,
outras mais, no Meier, em Santa Cruz e Piedade. Todos os
domingos estavam preenchidos por tarefas em benef��cio dos
Abrigos: Creche Nazareno - 1.��, 3.�� e 4.�� domingos; Legi��o do
Bem - 2.�� domingo e Tereza Cristina - 5.�� domingo.
A persegui����o cruel respondi com mais trabalho. Em casa
estudava o Espiritismo Crist��o; no final de cada m��s, quando sa��a
o pagamento dos militares, no Campo dos Afonso, na Base A��-
rea do Gale��o, movimentava-me com listas, pedindo ajuda para
pessoas pobres; no N��cleo T��cnico da Aeron��utica, fundei com
a coopera����o de Garibalde, funcion��rio daquela Organiza����o,
uma Caixa Auxiliar destinada ao socorro das crian��as do Abrigo
Creche Nazareno.
Certa vez, regressei ��s 23:00 hs, depois de um dia preenchido
com tarefas ininterruptas, a benef��cio do pr��ximo e da Doutrina
Esp��rita. Em casa fiz a prece, deitei-me feliz e quando come��ava
9 3
a dormir, senti e vi, espiritualmente, aproximar-se de mim um
terr��vel obsessor, que me perseguia incans��vel, estendia sobre
mim um negro v��u flu��dico, que n��o me atingia em vista da
diferen��a de densidade flu��dica: os trabalhos sacrificiais que me
impunha purificaram as minhas vibra����es de tal maneira, que
os fluidos densos do perseguidor n��o me atingiam. Vi que este
se debru��ava sobre mim, com os punhos cerrados, procurando
agredir-me, sem lograr resultados. Compreendi ent��o, a verdade
incontante das palavras do Esp��rito Celeste ao sr. Allan Kardec:
- Para afastar as influ��ncias dos esp��ritos malfazejos, �� necess��rio
fazer todo o bem poss��vel e por em Deus toda a confian��a.
10.a
A Campanha do Quilo nos educa na pr��tica sincera
do perd��o das ofensas
Dois vizinhos, M. e J., antes bons amigos, inimizaram-se
a ponto de se odiarem. Depois de discutirem violentamente,
juraram que, no primeiro encontro, decidiriam quem seria "mais
homem". J., tocado pelas boas maneiras dos legion��rios, que to-
dos os domingos cruzavam as ruas da cidade onde morava, visitou
o Abrigo para velhinhas a que se destinavam as Campanhas que
vinha presenciando h�� muitos meses. Sentiu o desejo sincero de
servir, trabalhando para as pobres velhinhas.
Fez-se Legion��rio algum tempo depois de freq��entar o
Centro Esp��rita perto de sua resid��ncia, movido pelos apelos do
dirigente deste.
Quando se movimentava feliz, com o saco no ombro e a
mochila na m��o, sentindo-se profundamente influenciado pelos
esp��ritos benfazejos, que soem acompanhar os legion��rios bem
intencionados, entrou em uma venda, exclamando em voz alta
e amorosa: - Em nome de N. S. Jesus Cristo, a Campanha do
Quilo pede para as velhinhas do Abrigo Bezerra de Menezes.
Vem ao seu encontro o antigo desafeto, embriagado, col��rico e
meio cambaleante, vociferando:
- Covarde, chegou a hora de decidirmos, se ��s homem
94
resolve agora, n��o vales nada, deste para pedir esmolas; anda,
retruca, mostra que ��s homem...
J. repete o mesmo estribilho: - Em nome de N. S. Jesus
Cristo, a Campanha do Quilo pede para as velhinhas do Abrigo
Bezerra de Menezes.
Ent��o, o dono da venda e os presentes levantaram suas
vozes:
- �� a Campanha do Quilo para as velhinhas do Abrigo
Bezerra de Menezes. Ningu��m pode atrapalhar essa Campanha.
E a maior parte dos presentes consultou seus bolsos, e, reti-
rando dinheiro, aquelas pessoas foram depositando na mochila;
o dono da venda apanhou um volume de g��neros aliment��cios e
o depositou no saco do legion��rio.
O agressor deteve-se, face ao comportamento geral. Ter-
minada a arrecada����o, J. agradece com toda a sinceridade e
serenidade: - A paz de N. S. Jesus Cristo fique com todos. M.
avan��ou, frente a frente com J. e o interpelou:
- Quer dizer que voc�� j�� �� santo?
J. responde:
- N��o sou santo, mas sou Legion��rio da Campanha do
Quilo; estou aprendendo a perdoar toda e qualquer ofensa,
porque �� isto o que Nosso Senhor nos ensina por interm��dio
do Espiritismo Crist��o e retirou-se com a paz da boa obra que
estava realizando.
11.��
A Campanha do Quilo educa a criatura
para uma serena desencarna����o
Na Cabanga, arrabalde do Recife, morava um casal muito
pobre. O marido trabalhava no Cais do Porto, ganhando com
dificuldade minguado sal��rio. A esposa, necessitada de conforto,
passou a freq��entar o N��cleo Esp��rita Centelha de Jesus, onde,
sequiosa da pr��tica de boas obras, passou a realizar a Campanha
do Quilo.
Assiduamente comparecia; com enorme boa vontade colocava
95
o saco no ombro e a mochila na m��o. Muitas vezes realizava a tarefa
com o est��mago vazio, das 08:00 ��s 12:00 horas, porque na sua casa
n��o dispunha de recursos com que se alimentar regularmente.
Com o correr do tempo, enfraqueceu fisicamente e acamou. N��o
pode comparecer mais ao sagrado labor da Campanha do Qui-
lo, amado do seu cora����o. Prevendo o seu pr��ximo desenlace,
convidou os legion��rios do N��cleo Esp��rita Centelha de Jesus
para despedir-se.
Com a chegada desses, relanceou-lhes o olhar, com profunda
firmeza, dizendo-lhes:
- Vieram para consolar-me, mas eu estou profundamente
consolada e vejo ao meu lado o meu Anjo Guardi��o, que me est��
esperando para receber-me na vida espiritual.
Chamou os visitantes para perto dela, despediu-se apertando
a m��o de cada um; por ��ltimo chamou o esposo, que chorava des-
consolado, confortou-o com palavras carinhosas e estimulantes; a
seguir com muito esfor��o arrumou as pernas uma rente �� outra,
fixou o olhar em frente; correram-lhe duas l��grimas pelos cantos
dos olhos; esticou-se serenamente e desprendeu-se suavemente o
seu esp��rito, penetrando tranq��ilo na vida espiritual.
�� de notar-se neste caso o desprendimento das coisas transi-
t��rias, alcan��ado pela desencarnante. �� ineg��vel que a linda
desencarna����o alcan��ada pela legion��ria em apre��o, resultou do
esfor��o persistente na pr��tica amorosa do bem.
1 2 . a
Quem se humilhar ser�� exaltado
Em Bangu, no Estado da Guanabara, em manh�� dominguei-
ra, realizava eu a tarefa da Campanha do Quilo, em companhia
de alguns amigos tarefeiros da mesma, em benef��cio do Abrigo
Creche Nazareno, para menores do sexo feminino.
Numa rua transversal, distanciei-me dos companheiros e
bati �� porta de uma casa. Surgiu um velho. Lancei o apelo: - Em
nome de N. S. Jesus Cristo, a Campanha do Quilo pede para as
crian��as ��rf��s do Abrigo Creche Nazareno.
9 6
O morador, atendendo com a m��xima considera����o, res-
pondeu:
- Eu sou muito caridoso e pode observar que sou muito
religioso, tenho at�� aquele quadro de Jesus Cristo pregado na
parede.
A seguir, me falou nestes termos:
- Mostre-me a carteira de identifica����o.
Naquele domingo eu havia esquecido a dita carteira. Res-
pondi ao velho:
- Amigo, hoje n��o a trouxe comigo. Com esta explica����o o
velho exclamou, altaneiro:
- �� um vigarista, explorador, ladr��o, vou prend��-lo, e pro-
curou abrir a porta para me alcan��ar. Nesta altura, fiz um giro
r��pido, corri na dire����o dos outros legion��rios, que se movimen-
tavam pr��ximos no sagrado af�� de levarem a bom termo a tarefa
daquele dia.
Realmente, afastando-me em correria do agressor, n��o o fiz
por medo, mas simplesmente para n��o perder tempo como ter
de acompanh��-lo �� Delegacia para explica����es inoportunas, de
vez que a Campanha do Quilo j�� estava bem conhecida naquela
cidade. Incorporando-me aos companheiros, prosseguimos felizes
at�� o fim do servi��o sublime daquele dia. Ao anoitecer, dirigi-me
a um Centro Esp��rita, onde tomei parte numa reuni��o evang��lica
esp��rita, na qual senti banhar-me nas influ��ncias dos Esp��ritos
Benfazejos.
De regresso ao lar, ap��s fervorosa prece ao Pai de Bondade
sem limites, deitei-me, sentindo profunda tranq��ilidade pelo
dever cumprido.
Quando o sono se apossou de mim, verifiquei, com plena
consci��ncia, que desferia um v��o sublime por sobre a dita cidade
de Bangu, onde tinha realizado a tarefa do quilo durante algumas
horas do dia. Em v��o c��lere, contemplava de cima o local onde a
prova����o me experimentara horas antes, recordando as palavras
de Nosso Divino Salvador e Mestre Senhor Jesus: - "Quem se
humilha �� exaltado e quem se exalta �� humilhado e aquele que
se fizer pequeno como menino, esse ser�� grande no reino dos
c��us".
97
1 3 . a
A Campanha do Quilo �� valioso instrumento de resgate das
d��vidas desta e de outras reencarna����es
Quando iniciei a tarefa da Campanha do Quilo, passei a
ter sonhos impressionantes. Noites seguidas eu sonhava que era
detentor de quantias fabulosas, que eu mantinha enterradas.
Certamente, o meu Anjo Guardi��o, me possibilitava a
vis��o dos meus erros de exist��ncias passadas, para me estimular
no respectivo resgate.
Nos sonhos, eu tinha a impress��o de que as enormes quan-
tias enterradas eram pertencentes a outrem. Estes sonhos coinci-
diam com uma revela����o que recebi em S��o Lu��s do Maranh��o,
faz alguns anos.
No Lar de Jos��, onde me encontrava hospedado a servi��o
da Campanha do Quilo, vai por alguns anos, numa solenidade
um m��dium caindo em transe, me transmitia o seguinte:
- Irm��o Sobreira, faz 1005 anos que estivestes revestido
de alta posi����o sacerdotal no Clero Romano. Com a presente
revela����o, que senti corresponder ��s minhas tend��ncias padrescas
e autorit��rias desde a minha inf��ncia, compreendi que a grande
fortuna monet��ria que eu via diversas vezes em sonho, enterrada
era resultante das grandes quantias recebidas por mim, quando
na alta investidura sacerdotal, para ser aplicada em benef��cio dos
pobres e desviada para fins mundanos. Por esta raz��o, no mundo
dos esp��ritos, quando desencarnado, escolhi a prova da Campanha
do Quilo, como instrumento de resgate daqueles desvios clamo-
rosos.
No subconsciente ficam os registros de todos os nossos atos
praticados no decurso das eras. Persistindo na realiza����o da Cam-
panha do Quilo, durante mais de trinta anos, n��o mais sonhei
com as referidas quantias enterrada, donde conclu�� que devo ter
restitu��do, no transcurso dos referidos anos, o dinheiro que desviei
das finalidades justas. A cada qual conforme as suas obras, ensinou
o Divino Mestre.
98
14.a
A Campanha do Quilo nos elucida sobre as nossas graves
responsabilidades de esp��rita que somos
Encontrava-me a servi��o da Campanha do Quilo, em Tere-
sina, Estado do Piau��. Para tanto, fomos convidado pelo confrade
Dr. Ely, interessado em participar do sagrado tentame .
Na Federa����o Esp��rita Piauiense e demais Centros Esp��ritas,
fizemos prega����es explicando as raz��es da Campanha. Observei
que a maior preocupa����o dos m��diuns esp��ritas teresinenses era o
que chamavam dar passagem, o que significa receber o protetor,
com a finalidade de assimilar-lhe os fluidos, para se aliviarem das
influ��ncias pesadas dos obsessores. Quanto aos esp��ritas, de modo
geral, mantinha-se numa indiferen��a completa com rela����o �� bene-
fic��ncia, esquecidos da afirmativa do sr. Allan Kardec, no Livro dos
M��diuns: "A bandeira que arvoramos mais alto �� a do Espiritismo
Crist��o e Humanit��rio, em torno da qual vemos congregados por
todo o mundo, muitas pessoas de boa vontade".
Ora, Espiritismo Crist��o e Humanit��rio n��o �� outra coisa
sen��o a pr��tica humilde e amorosa da benefic��ncia. Verifiquei
que os confrades teresinenses n��o somente eram indiferentes ��
Campanha do Quilo, mas at�� demonstravam certa repulsa por
ela.
Certa vez, ap��s uma reuni��o em que tomei parte na Fe-
dera����o Esp��rita Piauiense, de regresso �� pens��o onde estava
hospedado, antes de dormir, desencantado pela indiferen��a dos
esp��ritas face aos apelos que lhes dirig��amos para realizarmos
alguma tarefa beneficente, ap��s a prece, recostei-me numa rede,
preparando-me para o sono. Sem delonga, desprendido do corpo
f��sico, encontrei-me �� beira do oceano, vendo com nitidez in-
confund��vel, levadas pelas ondas do mar alto, in��meras pessoas,
das quais eu s�� avistava as cabe��as.
Era incont��vel quantidade que as ondas levavam, sem desti-
no certo. Aquele panorama, atrav��s da qual eu via tantas criaturas
9 9
levadas de rold��o, sem destino certo, para ter afinal o desfecho
tremendo do pr��prio afogamento, causava-me profunda triste-
za. E o que mais me compungia, era n��o ver, dentre as aludidas
criaturas, uma s�� que fizesse um movimento para salvar-se.
A. certa altura da vis��o, senti que uma onda forte me apa-
nhara: era a minha vez de testemunhar, em pleno oceano et��reo,
quanto havia lucrado das experi��ncias planet��rias.
Arrastado impetuosamente pela onda, l�� me fui em dire����o
ao ignorado. Todavia, lembrei-me, sem vacilar, da recomenda-
����o do Divino Mestre e Senhor Jesus: "Fa��a da sua parte que
Deus lhe ajudar��". Ent��o, comecei a nadar, singrando as ondas
tempestuosas, nadando sem parar, quando poderosas m��os me
pegaram pelas costas, suspendendo-me e trazendo-me vitorioso
para a terra firme. Em seguida acordei.
Meditando sobre este sonho revelador, compreendi a sua
profunda significa����o para os nossos destinos, na hora grave que
atravessamos na face da terra.
Interroguei a mim mesmo: Quem s��o aqueles levados pela
onda para destino ignorado? A voz do Alto me respondeu:
- Afastai-vos de mim, porque tive fome e n��o me destes de
comer, tive sede e n��o me destes de beber, nu, n��o me vestiste,
preso, n��o me foste ver.
Por que o socorro da m��o poderosa do Alto me libertou da
onda arrasadora? Porque ali, naquele cen��rio, eu representava a
boa vontade, o esfor��o perseverante em servir aos meus seme-
lhantes, obedecendo ao ensinamento do Alt��ssimo: "Tive fome e
me destes de comer, sede e me destes de beber, nu, me vestistes,
sem teto, me abrigastes, preso, me visitastes, doente, me fostes
ver"
Mais uma vez, em minhas lides pelo bem dos meus seme-
lhantes, o meu Anjo Guardi��o mostrou-me que eu estava no
caminho certo da minha pr��pria reden����o, com o realizar a
Campanha do Quilo em benef��cio das criancinhas ��rf��s e dos
velhinhos abandonados.
100
15a
A Campanha do Quilo �� a mais completa
escola de desobsess��o individual
Um funcion��rio de categoria, em completo estado obsessivo,
nos procurou, certa vez, na Escola Central do Quilo.
Causava horror v��-lo, com os olhos esgazeados, cabelos
desalinhavados, fisionomia espantada.
Aproximamo-nos dele e come��amos por esclarec��-lo sobre a
necessidade de praticar o bem, para atrair os bons esp��ritos, com
cuja presen��a os maus se afastam.
Procuramos convenc��-lo de que a maneira mais simples de nos
envolvermos nas influ��ncias dos esp��ritos benfazejos �� prestarmos
servi��os aos pobres, aos necessitados. Convidamos o referido
funcion��rio para realizar a Campanha do Quilo, no domingo
seguinte. N��o obstante encontrar-se enredado nos fluidos de cruel
obsessor, ele compareceu para a realiza����o da aludida campanha.
Tal foi a melhora obtida, que ficou realizando a Campanha nos
domingos subseq��entes.
Ap��s um m��s de tarefa, ele se encontrava nas melhores con-
di����es de equil��brio espiritual e material. A serenidade voltou-lhe
ao olhar, penteou os cabelos e a fisionomia estampava uma paz
equilibrada. Prosseguindo na realiza����o da Campanha, o referido
funcion��rio logrou desvincular-se integralmente do obsessor.
Certamente, realizando essa tarefa, modificou o seu padr��o
vibrat��rio, desligando-se por esta raz��o, das vibra����es vingativas
do seu obsessor. Ou ent��o humilhando-se com o saco no ombro
e a mochila na m��o, comoveu o obsessor, que, enternecido,
desistiu de persegui-lo.
De qualquer forma, no trabalho humilde, atraiu os esp��ritos
humildes e amorosos que se encarregaram de afastar o errado
obsessor. Temos portanto, como experi��ncia, que o mais pode-
roso recurso a empregar-se para a cura da obsess��o �� incentivar
o obsedado �� pr��tica do bem, notadamente da Campanha do
Quilo.
101
16.a
A Campanha do Quilo ��, por excel��ncia, o trabalho mais
adequado �� desobsess��o coletiva
A cidade mais obsedada do Brasil, h�� mais ou menos trinta
anos atr��s, era o Recife. A prova, temos nas lutas armadas suces-
sivas, que se travavam a cada mudan��a de governo e no choque
armado violento provocado pelos comunistas em 1935.
Outrossim, temos essa prova, no preconceito religioso,
separando os crist��os das diversas denomina����es.
Com a orienta����o do nosso Mentor Espiritual Adolfo Be-
zerra de Menezes, fundou-se a Campanha do Quilo, em mar��o
de 1948 e a seguir, nos anos subsequentes, sete Escolas Regionais
do Quilo, nos bairros que cercam a cidade do Recife. Em con-
tinua����o, tiveram in��cio as visitas sistem��ticas aos hospitais e ��
Casa de Deten����o (Pres��dio).
Com o movimento da Campanha do Quilo por todos os
bairros do Recife, verificou-se a venda dos livros esp��ritas em
profus��o. Com o alastramento da Campanha do Quilo, realizada
todos os domingos e feriados, em benef��cio dos Abrigos Ceci
Costa, Lar de Jesus, Bezerra de Menezes e Batista de Carvalho,
foram atra��dos os esp��ritos benfazejos, que passaram a influen-
ciar a coletividade dos recifenses e concomitantemente foram-se
afastando os esp��ritos malfazejos, que insuflavam as dissens��es
pol��ticas e as revolu����es armadas em Pernambuco.
Vinte anos ap��s o in��cio da referida Campanha, sentia-se a
tranq��ilidade enorme reinante no povo recifense e n��o mais se
encontrava fermento algum de lutas armadas.
Sem d��vida alguma, �� pela pr��tica do bem que cultivamos
os bons sentimentos, as boas tend��ncias e assim, atra��mos os
bons esp��ritos, cuja presen��a assegura as boas resolu����es que
estabelecem ambiente pac��fico e feliz.
Eis uma li����o para o campo da Sociologia e que certamente
interessar�� aos soci��logos do futuro. Por isso afirmamos felizes,
atualmente, n��o obstante crimes e mis��rias que se constatam na
capital pernambucana, referida capital �� uma das menos obseda-
das dos Estados e Territ��rios do Brasil.
102
1 7 . a
Quem se exaltar ser�� humilhado
Lan��amos o apelo aos companheiros de determinados
Centros Esp��ritas para realizarem a Campanha do Quilo, para
as criancinhas e velhinhos dos Abrigos supracitados. Dentre os
aludidos companheiros, aquele que denominaremos por S., co-
me��ou a demonstrar real avers��o �� dita Campanha, na maneira
inadequada como a realizava. Enquanto os outros traziam o
saco no ombro, S. empunhava-o trazendo-o para tr��s, como que
envergonhado de traz��-lo �� vista de todos.
S. sentia-se diminu��do na realiza����o da tarefa em apre��o.
Como m��dium de incorpora����o, recebia tocantes mensagens.
Contudo, n��o se decidia a atender ao chamamento para o ser-
vi��o humilde do Senhor. Demonstrava franco desprezo pela
Campanha. N��o buscava entender os ensinamentos do Divino
Mestre: "Quem se humilhar ser�� exaltado", pois em verdade,
dita Campanha �� um curso de humilha����o ao orgulho.
Alguns meses se passaram, quando fui informado de que S.
encontrava-se em situa����o de lament��vel enfermidade. Fui visi-
t��-lo. Ao chegar �� porta da casa onde se encontrava S., avistei-o
sentado e envolvido por um terr��vel esp��rito obsessor, que me
falou assim: - Voc�� veio visitar S., mas n��o adianta porque ele
me pertence. Fiz uma prece, o obsessor retirou-se. S., um tanto
aliviado, disse: - Estou pronto para seguir o meu destino. Retirei-
me. Dois dias depois desta visita, soube do seu desencarne.
Certo dia, desprendendo-me do corpo, encontrei S. ple-
namente consciente, no mundo dos esp��ritos, o qual declarou,
antes que lhe perguntasse qualquer coisa: - Sou um fracassado.
Ao que respondi: - Sou mais pecador que voc�� e por esta raz��o
ainda estou na reencarna����o.
Acreditamos que o lament��vel fracasso de S. foi resultante de
n��o ter-se voltado para uma tarefa humilde e amorosa do Divino
Mestre; m��dium em expia����o e provas, limitou-se ao estudo da
Doutrina Esp��rita, sem preocupar-se com a pr��tica sincera do
bem, para atrair ao seu conv��vio os esp��ritos benfazejos, que lhe
103
dariam ampla cobertura, contra a investidura dos malfazejos,
que se comprazem em obsedar. Chamado para a Campanha do
Quilo, n��o compreendeu a chance important��ssima, pela qual
cultivaria o sentimento de humildade que o ajudaria a vencer,
na ��rdua prova da mediunidade.
Viajando a Campina Grande, fui ao Instituto de Cegos,
presidido por Jos�� da Mata Bonfim, cego de nascen��a. Este me
apresentou uma turma de cegos de ambos os sexos. Relanceei
a vista sobre eles e uma voz vinda do Alto me falou: - Aquela
menina cega �� a reencarna����o do esp��rito de S.
18.a
A pr��tica sincera e persistente do
bem granjeia a assist��ncia dos bons esp��ritos
Por for��a da necessidade, passei a residir no Quartel por
algum tempo. Nas minhas tarefas de pregador esp��rita, regressava
quase sempre perto da meia-noite.
O ��nibus que tomava, obrigatoriamente, era o Ibura, ��s 23:00
hs.
Certa vez, feita uma prega����o no N��cleo Esp��rita Centelha
de Jesus, fui tomar o referido ��nibus num recanto solit��rio perto
da Ponte do Recife. Encontrava-me sozinho, �� espera do refe-
rido ve��culo, quando um mulato forte, altura mediana, dobrou
a esquina, vindo na minha dire����o. Dirigiu-se a mim com estas
palavras: - Me arranje cinco cruzeiros para eu tomar um leite.
Respondi tranq��ilamente: - Um leite paga-se para qualquer
pessoa, e buscando a carteira, fiz-lhe entrega da referida quantia.
O mulato recebeu a doa����o e acrescentou, sem deten��a: - Agora
voc�� vai comigo acol��.
Ele n��o tinha terminado a frase quando um guarda, meu
conhecido, que vinha tomar o mesmo ��nibus, apareceu e veio
na minha dire����o. O mulato, ao ver o guarda aproximar-se, fa-
lou col��rico: - O que esta peste vem fazer aqui, agora! Foi com
raz��o que um esp��rito celeste afirmou no Evangelho Segundo o
Espiritismo: "Na armadilha de lobos, s�� caem lobos, porque o
104
Pastor saber�� defender as ovelhas de lobos devoradores".
De que forma poderia eu livrar-me da sombra perigosa da-
quele perigoso assaltante, a n��o ser por interm��dio da assist��ncia
dos bons esp��ritos, que velam incessantemente, pelo triunfo do
bem, livrando das investidas do mal, aqueles que se fazem me-
recedores?
19.a
A C��sar o que �� de C��sar e a Deus o que �� de Deus
Merc�� da prova����o escolhida, durante vinte e sete anos,
realizei pedit��rio de ajuda financeira, em muitos Quart��is da
Aeron��utica, onde servi.
A princ��pio pedia a colegas, alunos como eu, do Curso de
Sargentos Aviadores; mais tarde, ao sair sargento especializado,
continuei pedindo aos sargentos; em continua����o, estendi o
pedit��rio aos soldados e cabos; prosseguindo com as b��n����os
do Alt��ssimo, passei a pedir tamb��m aos funcion��rios civis que
trabalhavam no Quartel; com o passar do tempo fui aos Oficiais
e trabalhadores quaisquer que encontrava em lide no Quartel.
Todo fim de m��s, ao ser pago o vencimento dos militares e civis,
sentia-me na obriga����o de pedir donativos, em dinheiro, para
as crian��as abrigadas em alguns Abrigos por mim conhecidos.
Tenho a convic����o de que as tarefas em apre��o visavam o resgate
de preju��zos enormes, causados por mim aos meus semelhantes,
em exist��ncias anteriores.
Contudo, o aludido movimento de pedit��rio, completava-se
com o da Campanha do Quilo, realizado desde agosto de 1938,
no Rio de Janeiro. Digo na presen��a de Deus-Pai de Amor e
Sabedoria: Foi nessas Campanhas em benef��cio dos meus seme-
lhantes, que encontrei as for��as morais e espirituais para chegar
ao t��rmino do tempo que servi no Ex��rcito e na Aeron��utica,
durante trinta e quatro anos. �� verdade que aprendi a realizar
referidas Campanhas, com os ensinos do Espiritismo Crist��o,
constantes das seguintes obras: Livro dos Esp��ritos, Evangelho
Segundo o Espiritismo, Livro dos M��diuns, G��nese, C��u e In-
ferno e Obras P��stumas.
105
A orienta����o, eu a adquiri nas obras acima especificadas, mas
conforto e fortaleza foram conseguidas na pr��tica da benefic��ncia.
Certa vez, sa�� aos pedit��rios fardado, com a mochila na m��o.
Depois de pedir a todos, do soldado ao comandante, rumei para
outro Quartel, cont��guo ao que servia. Enquanto andava, fazia
preces, rogando assist��ncia aos bons esp��ritos para o servi��o a
realizar em benef��cio das criancinhas e velhinhos. Penetrei no
recinto do Quartel almejado. Encontrei o Oficial de Dia, cum-
primentando-o, solicitei-lhe o ��bulo, com a seguinte express��o,
que era a mesma para todos: - Em nome de Nosso Senhor Jesus
Cristo, pe��o para as crian��as e velhos dos Abrigos. Respondeu
o dito oficial: - N��o tenho dinheiro, mas pode prosseguir no
pedit��rio.
Fui direto ao comando e encontrei o sub-comandante, Oficial
rec��m-chegado do sul. Sabendo-lhe o posto, cumprimentei-o: -
Major, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, estou pedindo
para as crian��as e velhos abrigados, mostrando-lhe a mochila.
Interpelou-me o referido oficial.
- O que �� isto, o que �� isto, o que �� isto?
Certamente esta interpela����o provinha do impacto que lhe
causaram as minhas palavras, conjuntamente com atitudes que
contrastavam com as regras militares e com o pr��prio ambiente
militar. Repeti a mesma solicita����o - Em nome de Nosso Senhor
Jesus Cristo, estou pedindo para as crian��as e velhos abrigados.
Respondeu o aludido oficial:
- Fa��a meia volta e retire-se.
Obedeci.
- Fa��a meia volta!
Tornei a obedecer, ao que ele perguntou-me:
- Qual �� a sua Unidade?
Respondi, citando a Unidade.
- Qual �� o seu nome?
Respondi citando a minha categoria e nome completo. De
imediato ele se dirigiu ao Comandante, dizendo:
- Aqui est�� um suboficial pedindo esmolas dentro do Quar-
tel.
1 0 6
Respondeu o Comandante: - Comunique ao Comando da
Unidade dele.
Retirei-me. Quando havia dado alguns passos, escutei al-
gu��m me chamando. Voltando-me, defrontei-me com um cabo
meu conhecido. �� que este, vendo o que se passara disse ao oficial
em apre��o, que me conhecia e que eu ajudava a diversos abrigos
da cidade e para isto �� que eu pedia. Face �� informa����o do cabo
o citado oficial mandou que ele me chamasse. Na presen��a do
referido oficial, este me perguntou:
- Em que regulamento voc�� j�� leu que um militar possa
realizar pedit��rio de esmola dentro do Quartel?
Respondendo disse-lhe:
- J�� li em um regulamento militar que todo ato visando o
bem do pr��ximo �� facultativo.
Perguntou-me ele:
- Quantos anos de servi��o militar voc�� tem?
Respondi:
- Tenho vinte e oito anos.
Ao que ele acrescentou:
- Eu tenho 17 anos.
A seguir perguntei-lhe:
- Major, o senhor quer ajudar as nossas criancinhas e os
nossos velhinhos abrigados?
Respondeu-me:
- Este caso �� solucionado pela minha esposa em minha casa.
Pedi licen��a e retirei-me. Tinha cumprido com o meu dever,
atrav��s da minha aparente indisciplina.
"Dai a C��sar o que �� de C��sar e a Deus o que �� de Deus", ensi-
nou o nosso Divino Mestre. Naquele epis��dio eu tinha servido
a Deus, contrariando a C��sar, deixando com este o testemunho
eloq��ente do amor a Deus acima de tudo e ao pr��ximo como a
n��s mesmos.
107
2 0 . a
" que estou convosco todos os dias,
at�� a consuma����o dos s��culos". Jesus
Em obedi��ncia ao programa que trouxe �� atual reencarna-
����o, encontrava-me fardado de 3o sargento, pedindo ��bulos para
as crian��as internadas no Abrigo Creche Nazareno, em Campo
Grande, Rio de Janeiro, GB.
O pedit��rio realizava-se num Quartel do Campo dos Afon-
sos. Nesse tempo, eu s�� pedia a sargentos, cabos e soldados. Mais
tarde, como citei anteriormente, �� que passei a pedir tamb��m
aos Oficiais e Civis de modo geral. Dirigi-me ao 1o Sargento
M., nestes termos: - Em nome de Nosso Senhor
Jesus Cristo, pe��o um aux��lio para as crian��as ��rf��s internadas
no Abrigo Creche Nazareno. Respondeu o Sgt M.:
- Essa n��o �� a fun����o do sargento, vou dar parte de voc�� ao
Coronel Comandante, continuou o referido sargento - a miss��o
do sargento �� defender a P��tria.
Respondi:
- Acha o senhor que recolher as crian��as ��rf��s a um Edu-
cand��rio, procurando educ��-las, para fazer delas pessoas de bem,
n��o �� tamb��m defender a P��tria? Ou o senhor pensa que s�� se
defende a P��tria com armas nas m��os?
Respondeu o aludido sargento:
- ��?! vou dar parte de voc��.
Neste mesmo instante, a um soldado que se encontrava ao
lado, fiz igualmente o pedit��rio, numa demonstra����o inequ��voca
de que n��o me encontrava em mera exibi����o de suposta bon-
dade, mas no cumprimento sagrado do dever que nos impele a
servir a Deus, por todos os meios dignos e honrados que forem
poss��veis. Afastei-me tranq��ilamente daquele recinto, n��o sem
algum constrangimento. Esqueci a ocorr��ncia.
Dois dias depois da dita ocorr��ncia, encontrei o Sgt R., o
qual me falou: - Sabe o que aconteceu com o nosso colega M.?
Respondi que n��o.
108
Disse-me o sargento R.:
- O sargento M, a dois dias atr��s, ao chegar em casa, ao
anoitecer, enlouqueceu e quebrou tudo quanto tinha dentro de
casa, foi preso e levado para a Col��nia da Praia Vermelha.
Ent��o compreendi a raz��o deste triste acontecimento: o sargento
M., vendo-me fazer o bem ��s pobres criancinhas ��rf��s, revoltou-
se, enxergando em mim um militar indisciplinado, pelo que
desejou interceptar o movimento beneficente recomendado por
Deus, na Sagrada Escritura, quando ensina - Amparai o ��rf��o,
socorrei a vi��va; se vossos pecados forem roxos, ficar��o brancos
como a branca neve, se forem encarnados, ficar��o brancos como
a branca l��. O referido sargento M. perdeu a assist��ncia do Santo
Anjo de sua guarda, dos seus mentores espirituais e envolvido
nas influ��ncias tenebrosas dos esp��ritos malfazejos, encerrou o
cap��tulo do livro de sua via, pois pouco tempo depois de ser
enclausurado na Col��nia, falecia fora do aconchego da pr��pria
fam��lia.
A verdade �� que estamos na terra para fazer o bem e o divino
olhar de Nosso Senhor Jesus Cristo, que a todos n��s observa,
reprovou o ato do dito sargento e aprovou o meu, dando-me
cobertura ilimitada, motivo pelo qual nenhum mal me aconteceu.
S��o palavras do Senhor Jesus: "Eis que estou convosco todos
os dias at�� a consuma����o dos s��culos".
2 1 . a
Quando a mediunidade n��o �� orientada para a
pr��tica humilde e amorosa do bem, constitui-se for��a que
impele o medianeiro aos mais atrozes padecimentos.
Convivi, por alguns anos, com um m��dium, que afirmou
ter-se iniciado na Doutrina Esp��rita no ano de 1918. Instado
pelos problemas comuns da vida, abandonara a freq����ncia ��s
reuni��es esp��ritas. Lutara com ardor at�� que conseguira uma
posi����o que, n��o obstante modesta, era suficiente para manter-se
comodamente ao lado da fam��lia.
109
A mediunidade �� um dos mais s��rios compromissos que
o esp��rito reencarnado pode assumir com o Alt��ssimo, seja a
mission��ria ou de provas, pois ambas implicam no cumprimen-
to de deveres inadi��veis, que bem cumpridos, proporcionam
alegrias sublimes; quando negligenciados, atiram o m��dium aos
padecimentos mais terr��veis. O m��dium acima mencionado,
descuidou-se excessivamente dos deveres relacionados com a
mediunidade, que lhe fora concedida para resgate de d��bitos do
passado. Por mais de vinte anos manteve-se indiferente ao sagra-
do compromisso com o Divino Amigo, que generosamente lhe
concedeu o instrumento para a pr��pria reden����o. Era militar o
m��dium em apre��o.
Chegou o dia em que o boletim publicou a sua passagem
para a inatividade, melhor dizendo sua aposentadoria; com que
satisfa����o recebeu a feliz not��cia! "Depois de 25 anos de servi��os,
ia descansar, enfim!" Mas a�� estava a mediunidade abandonada,
porta aberta para as influ��ncias mal��ficas do mundo espiritual
que reduziu a p��, todos os anseios de paz, de conforto e de es-
peran��a, do aludido m��dium; dirigiu-se ao anoitecer para a sua
resid��ncia, onde jubilosamente recebeu os parab��ns pela grande
vit��ria alcan��ada no final da carreira, cujo feliz coroamento fora
a pr��pria aposentadoria, que lhe granjearia recursos garantidos
para o resto da vida. Cessados os cumprimentos, em meio ao
j��bilo da fam��lia, um esp��rito malfazejo incorporou-se no alu-
dido m��dium, que pulou para a porta de sa��da e disparou em
carreira, rua afora, sem paradeiro certo. J., cunhado do referido
m��dium, correu atr��s, sem poder det��-lo. E por toda a noite, na
Esta����o de Marechal Hermes, na Guanabara, o citado m��dium
correu, correu sem parar, tendo o cunhado no encal��o dele. Ao
amanhecer, chegou uma patrulha, que conseguiu det��-lo, condu-
zindo-o para o Hosp��cio da Praia Vermelha, onde viria a falecer
poucos meses depois.
Quando o m��dium citado esperava repousar tranq��ila-
mente, ap��s muitos anos de labor, foi justamente o contr��rio;
ent��o, por lei da compensa����o, o relaxamento na aplica����o do
dom medi��nico, que deveria ter posto em pr��tica, mesmo com
110
ingentes sacrif��cios, trouxe-lhe como resultante a queda no fundo
perturbado de si mesmo, acumpliciado pelos esp��ritos das trevas.
A infidelidade entregou-o inerme �� possess��o, de que resultou a
pr��pria desencarna����o. Isto n��o teria acontecido se ele houvesse
se desprendido um pouco das coisas terrenas e se dedicado na
medida do poss��vel, a alguma tarefa beneficente que justificasse
a posse do dom sagrado da mediunidade de que fora portador.
2 2 . a
" Orai e vigiai para n��o cairdes em tenta����o". Jesus
Em Bangu, Estado da Guanabara, realizava a Campanha do
Quilo, certa legion��ria. Ao bater palmas �� porta de determinada
vivenda, uma senhora respondeu, enfurecida e revoltada: "V��
trabalhar, exploradora, ladra, vadia - e continuou furiosa: - de-
sapare��a da minha porta que n��o quero mais v��-la".
A legion��ria, descuidosa na pr��tica do ensinamento do Di-
vino Mestre, respondeu, tomada de revolta: - ladra, exploradora,
vadia, �� voc��, grandess��ssima malcriada; procure ter educa����o;
aprenda a tratar os outros com respeito, porque voc�� n��o �� mais
que ningu��m.
Terminadas estas palavras, a legion��ria sentiu-se mal.
Aproximou-se do companheiro que vinha perto e disse: - N��o
posso mais continuar neste servi��o; estava me sentindo t��o bem,
contudo depois da resposta que dei �� mulher que me maltratou
nesta ��ltima casa onde pedi, passei a sentir-me mal. Que agonia,
que constrangimento estou sentindo! Desejo que algu��m pegue
no meu bra��o, n��o posso andar sozinha! e conduzida pelo bra��o,
foi levada para a sua casa.
Foi constatado o seguinte: a dona da casa onde a referida
legion��ria pediu donativo, estava atuada por terr��vel esp��rito
obsessor, o qual se apossou da citada legion��ria, que ao receber
os insultos, virou sentimentos de revolta, de c��lera contra a
antagonista. Se a aludida legion��ria tivesse procedido como o
Divino Mestre ensinou: "Amai a vossos inimigos, fazei o bem a
111
quem vos odeia, orai por quem vos persegue", certamente teria
se retirado tranquilamente, por n��o estabelecer sintonia com o
citado obsessor. Mas ela encontrava-se indiferente �� pr��tica dos
supracitados ensinamentos, por isso que revidou col��rica, raz��o
pela qual ligou-se ao esp��rito malfazejo, que a envolveu em seus
fluidos perturbadores. Para libertar a tarefeira em apre��o, da cruel
obsess��o em que se envolveu, foram realizadas sess��es medi��nicas
durante alguns messes, com aplica����o de passes magn��ticos.
�� por esta raz��o que nosso amado Mentor Espiritual Adolfo
Bezerra de Menezes, encarece a necessidade de ser consagrada
meia hora inicial ao preparo do legion��rio da Campanha do Qui-
lo, com estudo do Evangelho, dos mandamentos do legion��rio,
das normas e da finalidade da Campanha do Quilo.
2 3 . a
" M u i t o ser�� pedido a quem muito se houver dado". Jesus
Conheci um jovem oficial aviador, quando realizava a cam-
panha do pedit��rio.
Perguntou-me ele: - Voc�� �� o Sobreira? - respondi: - Para
servi-lo.
Continuou ele: - Quando eu estava para embarcar para
Recife, meu pai me aconselhou que procurasse a sua pessoa!
Aproveito a oportunidade para dizer-lhe que sou esp��rita, estou
procurando um Centro para freq��entar. Desejo que me indique
uma Organiza����o Esp��rita, pois pretendo prosseguir nas minhas
atividades esp��ritas!
Enquanto ele falava, lembrei-me que, por volta do ano de
1943, realizei uma palestra no Centro Esp��rita Amaral Orneias,
na Esta����o do Engenho Novo - GB., do qual era Presidente o pai
do referido aviador. Este, terminara o curso de Oficiais Aviado-
res com brilhantismo, casara-se com uma jovem esp��rita, �� qual
amara desde a inf��ncia, quando ambos freq��entavam as aulas de
moral crist��. Ao embarcar, em lua-de-mel para o Recife, em cuja
112
Base A��rea viera servir, no posto de Aspirante a Oficial, recebera
de seu pai a recomenda����o de procurar-me, para orient��-lo nas
novas atividades esp��ritas que deveria desenvolver nesta cidade.
Compreendi que o referido oficial era uma alma grandemen-
te comprometida com o Divino Mestre, que ensinou: "Muito se
pedir�� a quem muito se houver dado".
Nascera o oficial em quest��o em lar esp��rita, recebera, desde
a inf��ncia, as orienta����es esp��ritas para bem se conduzir no pro-
grama que lhe cabia desempenhar nesta reencarna����o. Tomara
parte nas aulas de moral crist��-esp��rita; freq��entara reuni��es
de mocidade e assistira a muitas confer��ncias esp��ritas; muito
aprendera da imaculada doutrina esp��rita. O pai do jovem em
apre��o, que era funcion��rio de categoria, assegurou-lhe estudos
brilhantes, que o fez sair aspirante a oficial aviador aos 21 anos
de idade; tudo recebera do Divino Amigo para desobrigar-se
satisfatoriamente da miss��o escolhida. Quando ele silenciou,
disse-lhe: - Temos em Recife muitas Institui����es Esp��ritas bem
orientadas, contudo acho que poder�� freq��entar a Federa����o
Esp��rita Pernambucana, onde poder�� incorporar-se �� mocidade
com a qual poder�� cooperar. Todavia, quero dizer-lhe que temos
um vasto movimento de mocidade orientada pela Fraternidade
Raios de Luz e tamb��m a Campanha do Quilo, realizando pe-
dit��rios pelas ruas da cidade, pelos arrabaldes, em benef��cio dos
abrigos para crian��as e velhos, como sejam Bezerra de Menezes,
Orfanato Ceci Costa, Lar de Jesus e Batista de Carvalho.
Respondeu-me:
- Procurarei tratar deste caso.
Passados nove meses mais ou menos, encontrei-o em ativi-
dades rotineiras. Perguntei: - J�� est�� freq��entando alguma Or-
ganiza����o Esp��rita? Respondeu-me: - Ainda n��o me foi poss��vel,
visto que a minha esposa est�� gr��vida e estou dando assist��ncia a
ela. Provavelmente quando terminar o per��odo cr��tico, em que ela
se encontra, buscarei freq��entar, no Pina, onde estou morando.
Em julho de 1947, estava se realizando o 1o Congresso
de Mocidades Esp��ritas, no Rio de Janeiro. Encontrava-me na
minha mesa de trabalhos, quando se aproximou o supracitado
113
aviador, que fora promovido ao posto de 2o Tenente, trazendo
alguns folhetos esp��ritas nas m��os e me falou: - Sobreira, olhe
aqui o notici��rio do Congresso que est�� se realizando no Rio de
Janeiro, remetido por meu pai!
Passei a ler alguma coisa, em seguida, dirigi-me com ele para
o alpendre do compartimento onde eu trabalhava. Em franca
palestra, a certa altura fui envolvido por uma poderosa for��a
espiritual e malgrado o meu querer, disse o seguinte �� queima
-roupa: "Tenente, vai morrer esbaga��ado!"
Ele, assustado, mexeu com os p��s e perguntou-me: - Por
que voc�� diz isto, Sobreira? respondi, mediunizado: - Porque o
senhor tem compromisso com o Divino Mestre e est�� escolhido!
Quando a influ��ncia espiritual se retirou de mim, fiquei
indignado comigo mesmo, a me repreender, pensando: que tenho
eu que ver com a vida dos outros? Mormente com rela����o a mim,
que tinha um posto militar inferior ao dele, que era Tenente,
enquanto que eu era suboficial!
Foi com profunda tristeza, que guardei na mem��ria aquele
acontecimento. Afastei-me do interloucutor, muito constrangi-
do. Isto ocorreu na quarta-feira, �� tarde.
Quatro dias ap��s aquela ocorr��ncia, isto ��, no domingo, li
no Jornal do Commercio: "Falecimento em desastre: - Quan-
do voava na rota Recife-Macei��, caiu um avi��o conduzindo o
tenente I. A. S. e um sargento". Ent��o compreendi a raz��o da
mensagem que transmiti, na 4a.-feira anterior. O aludido jovem
aviador viera ao Recife, em miss��o de fraternidade, em obedi��ncia
aos des��gnios do Divino Mestre. Trabalhador da ��ltima hora,
tinha a sagrada incumb��ncia de colocar os talentos recebidos da
infinita generosidade do Alt��ssimo, a servi��o da Causa Augusta
do Espiritismo Crist��o. Todavia, promovido a oficial, casado
recentemente, envolvido da dul��urosa atmosfera do lar, onde
esperava um filhinho, fruto do m��tuo amor conjugal, por quase
um ano esquecera a tarefa maior, relacionada com o bem geral,
que lhe estava afeta, como tarefeiro do Divino Mestre. Tendo
nascido em lar esp��rita, fora preparado desde a inf��ncia, para a
miss��o sublime que ele mesmo escolhera no plano espiritual. Cer-
114
tamente, as gl��rias passageiras, como sejam o triunfo brilhante
no curso de Oficiais aviadores, o casamento com a eleita que
amara desde a inf��ncia, a perspectiva da carreira que lhe acenava
a nobre profiss��o de aviador, o n��vel social superior em que vi-
vem quantos galgam o oficialato, as alegrias desfrutadas em v��o,
quase diariamente, o filhinho que esperava, tudo isto abafou no
esp��rito do dito jovem os nobres impulsos de bem servir �� causa
do Divino Mestre, empregando alguns esfor��os na divulga����o
da Doutrina Esp��rita, de que fora portador. Foi o abandono da
miss��o esp��rita o que motivou a partida de I. A. S. para o mundo
dos esp��ritos. Verificou-se ent��o um espis��dio tocante: o corpo
dele, dentro de um caix��o funer��rio, fora colocado na fuzelagem
de um avi��o de bombardeio, no qual embarcou a esposa gr��vi-
da, em dias de dar �� luz, para o enterro ser realizado no Rio de
Janeiro, donde viera, meses antes.
2 4 . a
" Se te tirarem a t��nica, oferece-lhe tamb��m a capa". Jesus Em um bairro de Fortaleza, numa manh�� de domingo,
realizava eu a tarefa da Campanha do Quilo. Trazendo na ca-
be��a um bon��, o saco no ombro e a mochila na m��o, ladeado
por diversos companheiros, movimentava-me no gozo de uma
tranq��ilidade que s�� se consegue quando a pessoa se decide pela
pr��tica sincera e desinteressada do bem.
Manh�� ensolarada, c��u azul, paz e alegria, vibravam em
nosso mundo ��ntimo, anunciando o alvorecer do reino de Deus
dentro de nossas consci��ncias. Orando e vigiando, n��o esquecia
que estava num ��rduo combate, para o justo resgate das d��vidas
contra��das com a lei divina, e tamb��m para a extin����o do homem
velho que devemos aniquilar, substituindo-o pelo homem novo,
que, nos dizeres do ap��stolo Paulo "�� feito de justi��a e santidade".
Busquei um transeunte que se movimentava rua afora.
Aproximando-me dele, interpelei-o: - D�� licen��a meu irm��o,
em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Campanha do Quilo
pede uma ajuda para as crian��as ��rf��s. Referido transeunte, sem
115
nenhuma explica����o lan��ou m��o do bon�� que eu trazia na cabe��a,
e, celeremente afastou-se. T��o envolvido eu me encontrava no
suave magnetismo da tarefa, que n��o me importei com a perda
que sofrera. Dirigi-me serenamente para uma resid��ncia pr��xi-
ma, onde fiz novo apelo em benef��cio dos pequeninos de Jesus:
criancinhas e velhinhos necessitados.
S��o do Divino Mestre as seguintes palavras: "Se te tirarem
a t��nica, oferece-lhe tamb��m a capa". O aludido transeunte ti-
rou-me o bon��, contudo em ora����o e vigil��ncia, com as b��n����os
de Nosso Senhor Jesus Cristo, ofereci-lhe a capa da toler��ncia
construtiva. A breve trecho, aproximou-se de mim um dos
companheiros e perguntou-me: - Cad�� o seu bon��? Respondi-
lhe: - Um irm��o necessitado levou!
E naquela formosa manh��, com a paz do Divino Salvador
no cora����o, com as santas alegrias do bom exemplo, levamos
a efeito mais uma tarefa, que tenho certeza ficou registrada no
Sagrado Livro da Vida.
2 5 . a
" Acautelai-vos, por��m, dos falsos profetas, que v��m at�� v��s
vestidos como ovelhas, mas interiormente s��o lobos devorado-
res". Jesus
Na cidade de Salvador - Estado da Bahia, certa manh�� reali-
zava-se a tarefa da Campanha do Quilo, quando me aproximei
de dois vendedores que comerciavam numa pra��a. Pela palestra
entretida entre ambos, compreendi que eram protestantes. Os
meus companheiros agiam �� dist��ncia, sem nos perdermos de
vista. Dirigi-me a ambos, por se encontrarem rentes, um ao outro.
Falei: - Amigos, em nome de N. S. Jesus Cristo, a Campanha
do Quilo pede aux��lio para as crian��as ��rf��s do Abrigo Vinha
do Senhor.
Um deles desculpou-se, sensatamente, dizendo n��o poder
servir, por n��o dispor de nenhum centavo. O outro prorrompeu
116
num palavreado pretensioso e agressivo, que ele entendia como
sendo o testemunho da f�� que desposava. Dizia este: - Sou crente,
batizado, aceito Jesus como meu Salvador - e berrava odiento,
- isto que voc�� est�� fazendo n��o vale nada, voc�� n��o presta para
nada; retire-se, porque sen��o vou lhe bater, logo, retire-se, e
berrava cada vez mais.
Os legion��rios do Quilo que me acompanhavam, �� peque-
na dist��ncia, observavam atenciosamente o desfecho daquele
encontro providencial, no qual eram aferidos os velores esp��-
ritas e protestantes. De um lado, um representante da reforma
luterana, buscando testemunhar sua f�� atrav��s de improp��rios,
descomposturas e insultos, dirigidos contra o servi��o justo, em
benef��cio das criancinhas ��rf��s, recolhidas num educand��rio. Do
outro lado, um esp��rita, de saco no ombro e mochila na m��o,
calmo, tranq��ilo, por sentir-se estribado no ensinamento do
Divino Salvador que ensina, no Evangelho: "Quando ajudastes
a qualquer um destes pequeninos irm��os meus, foi a mim que
ajudastes"; o primeiro, exaltando o orgulho e glorificando a
viol��ncia, em nome do seu credo; o segundo, testemunhando
a humildade e a caridade, ensinadas pelo Divino Salvador do
mundo, que ensinou: "Quem se humilhar ser�� exaltado, fazei aos
outros tudo o que quereis que vos seja feito". Um a extravasar,
col��rico, a rebeldia; outro, a ensanchar a mansid��o.
Creio que o pobre irm��o protestante n��o me agrediu a
socos e talvez a pontap��s, em nome da cren��a dele (cren��a pau-
p��rrima) porque n��o muito longe de n��s encontrava-se a turma
de companheiros de tarefa, aos quais possivelmente, ele temeu.
Com explica����es fraternais, retirei-me, dando gra��as ao Pai de
Bondade Infinita, por me ter guardado da f��ria daquele lobo
com pele de ovelhas, "mas interiormente s��o lobos devoradores.
Conhece-lo-eis pelos seus frutos".
117
2 6 . a
Se te ferirem numa face,
oferece-lhe tamb��m a outra." - Jesus
Em Bangu, Estado da Guanabara, eu dirigia um trabalho da
Campanha do Quilo, numa feira muito movimentada, quando
me vem ao encontro um legion��rio a dizer-me que um fereiro lhe
tomara o saco. Perguntava-me como proceder naquela ocasi��o,
pois ficara desprovido do instrumento onde recolher os g��neros
arrecadados. Orando e vigiando, na presen��a do Divino Mestre,
compreendi que o dito fereiro nada mais era, naquela ocasi��o,
que instrumento dos inimigos da Luz, que pretendia lan��ar a
pertuba����o na tarefa do Senhor.
Ent��o eu disse ao referido legion��rio: - sem perda de tempo,
procuremos comprar outro saco numa padaria ou venda qual-
quer. Retrucou o dito legion��rio: - Quer dizer que perdemos o
saco do Abrigo?
Respondi: - Jesus ensinou: se te ferirem numa face, oferece-
lhe tamb��m a outra! Se algu��m te obrigar a caminhar uma milha,
vai com ele duas! Pelo ensinamento acima, o Divino Mestre nos
aconselhou a resistir ao mal com o bem, de vez que somente o
poder deste ser�� capaz de neutralizar a for��a daquele!
E com a orienta����o do Divino Senhor da Seara, compramos
um saco numa padaria pr��xima, e pacificamente prosseguimos a
bendita tarefa de bem servir ��s criancinhas abrigadas. Pensemos
no que poderia ter-nos acontecido, se resist��ssemos duramente
ao arrebatador do saco. Ao lado dele estava um terr��vel obsessor,
inimigo do Espiritismo Crist��o, atuando no dito arrebatador
para, servindo-se dele como instrumento, provocar luta, con-
fus��o e por esta forma, atrair a pol��cia e deter os desordeiros e
com estes, os tarefeiros da Campanha do Quilo. Mas, orando e
vigiando, ao lado dos esp��ritos benfazejos, podemos entender a
engenhosa manobra das trevas e, solapando-a pela base, sairmos
vitoriosos com as b��n����os s��bias e misericordiosas de Nosso
Divino Mestre e Senhor Jesus.
118
2 7 . a
"E disse-lhe: - Se t�� ��s filho de Deus, lan��a-te daqui abaixo,
porque est�� escrito: Que os anjos dar��o ordens a teu respeito;
tomar-te-��o nas m��os, para que nunca tropeces em alguma
pedra". (MATEUS, 4:6).
No Meier, arrabalde dos mais movimentados do Rio de Ja-
neiro, dentro de um Restaurante, quando me deslocava a servi��o
da Campanha do Quilo, em benef��cio do Abrigo Legi��o do Bem,
na Travessa da Hermengarda, fui abordado por um guarda que
me interpelou:
- Para quem est�� pedindo? ao que respondi:
- Para as velhas internadas ao Abrigo Legi��o do Bem.
Continuou o guarda:
- Cad�� a sua carteira de identifica����o?
Retruquei:
- Tenho carteira, por��m n��o a trouxe hoje.
Ele acrescentou:
- Ent��o est�� convidado a ir comigo at�� a delegacia para
apura����o deste caso.
N��o me fiz de rogado, acompanhando o referido guarda.
A poucos metros de dist��ncia, penetramos no edif��cio da citada
delegacia. O agente da ordem p��blica apresentou-me ao Comis-
s��rio, alegando tratar-se dum pedinte, que afirma tirar esmolas
para um abrigo existente no per��metro daquele local. O Comis-
s��rio mandou que eu esperasse sentado num banco em frente
ao xadrez, onde estava recolhido um preso, que poucas horas
antes fora apanhado vestido de Major do Ex��rcito, realizando
neg��cios escusos. Falou-me ent��o o guarda: - Sua sorte vai ser a
daquele que ali se encontra preso quando explorava o p��blico,
sen��o vejamos. Afirmou: - Vou telefonar ao tal abrigo a que
voc�� est�� se referindo.
Ligou o telefone, sendo atendido sem demora. Quem aten-
deu foi a governanta Vicen��a, dizendo que diversas comiss��es es-
tavam pedindo em alguns setores da localidade, em prol das velhas
119
internadas no Abrigo Legi��o do Bem, onde ela se encontrava. O
aludido guarda, entre triste e desconcentrado, dirigiu-se a mim,
pedindo desculpas por ter agido daquela forma, justificando-se
face �� profiss��o de zelador da ordem p��blica. Despedi-me dele,
profundamente satisfeito por encontrar-me desimpedido para
prosseguir na execu����o da tarefa que o Alto me confiara, naquela
manh�� de domingo.
Todavia, meditando na ocorr��ncia, conclu�� que eu mesmo
fora o respons��vel ��nico, pois tinha a carteira, que esqueci, por
confian��a demasiada em mim ou por neglig��ncia. De qualquer
modo, a minha falha resultou de n��o me ter evangelizado bastan-
te, para ponderar o ensinamento de N. S. Jesus Cristo, citando
o Evangelho - 4:6 - onde o tentador se aproximou e disse: - Se
tu ��s filho de Deus, lan��a-te daqui, porque est�� escrito: que aos
seus anjos dar�� ordens a teu respeito; e tomar-te-��o nas m��os,
para que nunca tropeces em alguma pedra.
Por termos f��, n��o quer dizer que estejamos esperando
que os anjos venham servir de lacaios, substituindo-nos na
execu����o dos nossos deveres ou tomando a si as obriga����es que
nos competem. Certamente que eles nos enviam as inspira����es;
transmitem-nos os incentivos atrav��s do pensamento, contudo
somos livres para aceit��-los ou rejeit��-los.
Neste acontecimento, que se realizou comigo, eu fui o
respons��vel absoluto, porque negligenciei o uso da carteira de
identidade do legion��rio do quilo.
2 8 . a
"Se algu��m n��o estiver em mim,
ser�� lan��ado fora como a vara e secar��". - Jesus
Chegou a vez de realizar-se a Campanha do Quilo no Centro
Esp��rita Vincente de Paula, na Iputinga, arrabalde do Recife,
visto como a ordem da espiritualidade maior nos fora dada no
sentido de levar a referida Campanha, por todos os Centros Es-
p��ritas do Recife, oferecendo oportunidade a todos os esp��ritas,
120
sinceramente desejosos, de se empenharem no sagrado labor da
pr��pria regenera����o.
Palestrado no referido Centro Esp��rita, ficou marcado o
in��cio da mesma, para o domingo imediato. Chegando este,
comparecemos transbordantes de j��bilo, pois nos habituamos aos
gozos das tarefas do Evangelho do Divino Mestre; temos sentido
que os da Campanha do Quilo sobrelevam a todos quantos pos-
samos realizar. Foram chegando os tarefeiros comprometidos,
sucessivamente, de forma que ��s 08:00 hs encontrava-se presente
mais de uma dezena. No meio destes, encontrava-se um m��dium
que, deixando-se tomar pelo esp��rito de um sacerdote, p��s-se a
falar, em voz, a princ��pio baixa, como quem apenas palestra; em
seguida, foi-se, alteando em prega����o cerrada, dando a entender
que n��o admitia a Campanha do Quilo, tudo fazendo para que
ela n��o fosse realizada. Entrei na palestra com ele, mas em pura
perda de tempo, porque as minhas palavras eram abafadas total-
mente pelo discurso veemente do padre inconformado.
Momento grave este, em que estarrecido, fiquei numa tre-
menda indecis��o: ou suspender a Campanha do Quilo para fazer
uma reuni��o medi��nica, para tratar da desobsess��o do m��dium
ou realizar a campanha, deixando o esp��rito do dito sacerdote
engrolado ao m��dium, que possivelmente se afinava com aquele,
raz��o pela qual compareceu ��quela tarefa, para obst��-la.
Veio-me a seguinte inspira����o, naquela hora cruciante: N��o
devemos prejudicar os interesses de uma multid��o pelos de uma
ou duas pessoas. Uma d��zia de tarefeiros, a servi��o da justi��a
Divina, que manda pedir a quem tem, para dar a quem n��o tem,
como as crian��as ��rf��s e os velhos abandonados, ia sair na realiza-
����o do sagrado testemunho da benefic��ncia irrestrita, cumprindo
integralmente a recomenda����o do Divino Mestre: "Ide e pregai
o meu Evangelho por toda parte". Como recuar numa tarefa de
tal modo, face �� injun����o suscitada por um m��dium invigilante
e um obsessor perverso? Disse comigo e tamb��m aos ouvidos de
alguns legion��rios: - Sairemos para fazer a Campanha!
Combinei com todos os tarefeiros, falando ao ouvido de
cada um, porque a discurseira do esp��rito obsessor n��o ensejava
121
uma fala dirigida a todos: iremos saindo, um a um, com o saco
e a mochila, para nos reunirmos fora deste recinto. E assim foi
feito. Afastamo-nos todos, deixando o sacerdote a pregar para as
paredes e os bancos. Naquela formosa manh�� de domingo, milha-
res de pessoas receberam o apelo dos tarefeiros de Nosso Senhor
Jesus Cristo em benef��cio das criancinhas e dos velhinhos, em
obedi��ncia ao "Ide e pregai" do Divino Senhor da Seara. Quando
hav��amos nos afastado em pedit��rios, veio algu��m nos dizer que
o esp��rito do sacerdote havia se afastado do m��dium e tomado a
zeladora do Centro Esp��rita, na qual projetou tamanha carga de
fluidos, que a derrubou, produzindo-lhe paralisia complicada. O
m��dium em apre��o n��o pretendia realizar a tarefa da Campanha,
por consider��-la por demais humilhante, por isso estabeleceu
afinidade com o esp��rito do orgulhoso sacerdote, que o reduziu
�� condi����o de boneco.
Por essa raz��o, ensinou o Divino Mestre: "Se algu��m n��o
estiver em mim, ser�� lan��ado fora como a vara e secar��"
2 9 . a
" Sede indulgentes com as faltas dos outros; quaisquer que
elas sejam, n��o julgueis com severidade
sen��o as vossas pr��prias a����es"
Na pra��a principal de Fortaleza, capital do Cear��, tive o
primeiro encontro com A., mo��o bem vestido, uma palestra
animada, ladeado por um companheiro meu, de lides esp��ritas.
E a palestra, que versava sobre princ��pios cient��ficos, prosseguiu
na mesma resson��ncia.
A. demonstrava bela express��o de cultura cient��fica, contu-
do n��o externava coisa alguma com refer��ncia ��s maravilhas do
esp��rito imortal, nem das excelcitudes do Evangelho do Divino
Salvador e Mestre Senhor Jesus.
Palavra f��cil, express��es bem alinhadas, assemelhava-se a
professor de c��tedra, capaz de arrebatar ouvintes que buscam as
ci��ncias de ordem relativa, nunca por��m a quantos procuram as
de ordem divina.
122
Escutei-o bastante sem cansa��o, visto como sempre gostei
das disserta����es que visam enriquecer os conhecimentos. Quando
ele fez uma pausa apreci��vel, como �� espera de cooperador de
verbo, comecei a minha alocu����o. Disse: - Amigo, n��o sei se co-
nhece a Campanha do Quilo, que est�� se realizando atualmente,
nesta cidade, e que se caracteriza por ser feita com saco no ombro
e mochila na m��o. A dita campanha - prossegui - visa a pr��tica
da justi��a ensinada pelo Divino Mestre: "Fazermos aos outros
o que desejamos nos seja feito". Em obedi��ncia a este princ��pio
divino, realizamos a aludida Campanha pedindo a quem tem,
para darmos a quem n��o tem, e como as crian��as ��rf��s e os ve-
lhos abandonados s��o os que mais necessitam, �� precisamente
para eles que se realiza referida Campanha. Para que tenhamos
a tarefa equilibrada e duradoura para atender o melhor poss��vel
as necessidades dos citados velhos e crian��as, precisamos realizar
ou melhor, organizar uma obra denominada ESCOLA DO
QUILO, que ter�� a fun����o prec��pua de centralizar todos os mo-
vimentos que venham a se realizar nos Centros Esp��ritas; porque
o car��ter essencial desta Campanha �� ser baseada nos ensinamen-
tos esp��rita-crist��os, de vez que o divino codificador da doutrina
esp��rita esclareceu no Livro dos M��diuns: "A bandeira que os
esp��ritas devem levantar mais alto, �� a do espiritismo crist��o e
humanit��rio, em torno da qual sentir-se-��o todos irm��os e tor-
nar-se-��o a salvaguarda da p��tria, o bem-estar da coletividade e a
alegria de todos". Continuei: Face ao exposto, convido o nobre
amigo para a realiza����o da obra supracitada.
Respondeu A.:
- poder��amos fundar um Clube l��tero-teatral-beneficente.
Aduzi: Concordo, mas �� mister fazermos uma reuni��o, na
qual tomar��o parte alguns companheiros, aos quais convidei para
a forma����o da referida Escola do Quilo. A. aceitou a proposta e
na mesma hora ficou marcada a data em que deveria realizar-se
a reuni��o. Esta teve lugar, exatamente na ocasi��o marcada, com
a presen��a de diversos companheiros respeit��veis, dentre eles se
encontrava A.
Aberta a reuni��o, feita a prece, foi dada a palavra a quem
123
desejasse fazer uso da mesma. Em primeiro lugar falou A.
expressando os seus nobres anseios de tomar parte na funda����o
de um Clube l��tero-teatral-beneficente. Afirmou que os compa-
nheiros podiam contar com ele na realiza����o desse certame. Em
seguida falou o Major N., dizendo que discordava totalmente
das pretens��es de A., visto como a Campanha do Quilo, tarefa
essencialmente caridosa e humilde, n��o poderia coordenar-se
com movimentos acad��micos liter��rios ou art��sticos, que visam
o engrandecimentos intelectual. Disse mais o Major N., - A
campanha do Quilo destina-se ao aux��lio direto aos velhos e
crian��as, o que se faz necess��rio arregimentar tarefeiros dispostos
a colocar o saco no ombro e a mochila na m��o, para conseguir
o fim almejado. N��o ser�� com literatura, nem com teatro, que
prepararemos obreiros para a Campanha do Quilo, mas sim com
o estudo sincero do Evangelho do Divino Mestre, em esp��rito e
verdade.
Terminada a prele����o do Major N., ningu��m mais quis usar
a palavra, pelo que foi posta em vota����o a dupla opini��o, saindo
vitoriosa a do Major. No dia seguinte, procurei A., lamentando
que o seu desejo n��o fosse satisfeito, contudo fazia-lhe um pedido
para que aceitasse a escritura����o do Livro Caixa da Organiza����o
de Socorro aos Infort��nios Ocultos, institui����o ligada �� Cam-
panha do Quilo, em amplo funcionamento, de vez que esta era
realizada duas vezes por semana, aos s��bados e domingos, no
pr��dio da Uni��o Esp��rita Cearense.
Feito o pedido, A. aceitou a incumb��ncia, visivelmente satis-
feito. Fiquei procurando A., todo fim de m��s, a quem entregava
o relat��rio das arrecada����es e despesas feitas pela Campanha do
Quilo em prol da aludida organiza����o de socorro.
Alguns meses decorreram, durante os quais fazia a entrega
do dito relat��rio, perguntando a A. como ia a escritura����o, ob-
tendo sempre resposta otimista: - Vai bem, est�� em ordem!
Certa vez perguntei como ia o nosso Livro Caixa. A resposta
foi que tudo ia bem, ao que acrescentei: - Por favor, mostre-me
o livro, pois quero ver a supracitada escritura����o. Respondeu
A., muito ir��nico: - Nada feito, n��o escriturei nada! Falei: Mas
o amigo n��o vinha me dizendo que estava escriturando o livro?
124
- ��, mas n��o fiz nada, disse A., continuando - deixe o livro,
que escriturarei depois!
Declarei: - Amigo, por favor entregue-me os relat��rios!
Ele, desinteressadamente botou o chap��u na cabe��a, di-
zendo: - Vou tomar caf��, logo voltarei para atend��-lo,
retirando-se indiferente.
Gra��as a Deus eu me encontrava com o Evangelho do Divi-
no Mestre no cora����o e vigilante com o divino conselho: "Perdoai
n��o sete vezes, mas setenta vezes sete". Fiquei �� espera dele cerca
de uma hora, acho que das oito ��s nove horas da manh��. Afinal
ele voltou e friamente abriu uma gaveta, donde tirou e deu-me
todos os relat��rios, tais quais eu lhe havia entregue. Despedi-me
dele evang��licamente: - Amigo, muito obrigado, desejo a sua
paz.
Retirei-me tranq��ilo, porque senti que o tentador, merc��
de Deus, n��o conseguiu envolver-me nas malhas da tenta����o,
com estimular-me uma violenta rea����o! Afinal, compreendera
que A. ferira-se profundamente por n��o conseguir o seu intento
e vingara-se disfar��adamente, promentendo e n��o cumprindo o
que prometera. Com as b��n����os divinas, eu mesmo fiz todo o
lan��amento dos relat��rios no livro; verdade �� que, quando me
retirei de Fortaleza, deixei toda a escritura����o em boa ordem.
3 0 . a
"Uma das maiores consola����es que podemos ter �� a de nos
pormos em comunica����o com os amigos, que nos precederam
na vida d'al��m t��mulo." - Kardek
No Rio de Janeiro, mantive conviv��ncia, por muitos anos,
com Ernesto Fagundes Varela. Muito ganhei do conv��vio com
ele. Esp��rita de convic����o profunda, f�� ardente e generosidade
em a����o, Ernesto Fagundes Varela primava pela pr��tica das boas
obras.
Em sua resid��ncia, Ernesto manteve sempre um verdadeiro
laborat��rio homeopata, onde ele mesmo preparava os medica-
mentos com tinturas, que adquiria �� sua pr��pria custa, para
125
distribuir gratuitamente com os necessitados. Eu mesmo, muitas
vezes, me tratei com rem��dios homeopatas, fornecidos por ele.
Havia nele um tra��o inconfund��vel: dedicava-se extremamente ��s
crian��as; por isso ministrava aulas de moral �� inf��ncia em diver-
sos Centros Esp��ritas, sistematicamente, metodicamente. Nestas
aulas, o que havia de mais tocante era a maneira como ele procu-
rava descer ao mundo infantil, citando exemplos, empregando
termos, usando compara����es, com que transportava os esp��ritos
das referidas crian��as aos ensinamentos simples e amorosos do
Divino Mestre. Preparando a inf��ncia para torn��-la mais tarde
homens de bem, contava a hist��ria da galinha pintadinha do
vizinho, que pulava o nosso muro; que nosso dever era apanhar
carinhosamente a dita galinha e restitu��-la ao dono.
No ano de 1946, o esp��rito de Ernesto Fagundes Varela
se desprendeu do casulo carnal! Todavia, continuei sentindo a
presen��a dele no meu lado a cada passo. Em sonho, muitas vezes,
encontrei-me com ele. Pouco tempo depois da desencarna����o
dele, encontrei-o no Abrigo Creche Nazareno, para o qual
realizei Campanhas durante alguns anos; certamente ele estava
na vigil��ncia noturna ��s crian��as ��rf��s; desta vez, perguntei-lhe:
- Como vai Sr. Varela? - como era de costume trat��-lo. Ele me
respondeu: - Vou vivendo!
Em Fortaleza tamb��m o encontrei. Nesta ocasi��o ele me
pediu para levar socorro a uma fam��lia muito pobre, atrav��s da
Organiza����o de Socorro aos Infort��nios Ocultos, que hav��amos
fundado recentemente naquela cidade.
Vai por tr��s anos, quando nos encontr��vamos enfrentando
dificuldades, por demais s��rias, para construir a CASA DOS
HUMILDES, sonhei que um esp��rito de mulher aproximava-se
de mim e dizia: - Varela trabalha ali, e apontava um pr��dio n��o
muito distante. Sem perder tempo dirigi-me ao referido pr��dio
pela porta principal, onde encontrei um trabalhador, a quem
perguntei se Varela trabalhava ali, vindo a resposta: - Ele trabalha
ali!
Fui ao encontro dele, pela entrada lateral direita. Encontrei
um balc��o, perto do qual estava um funcion��rio; divisei n��o
126
muito longe, trabalhando num fich��rio o estimado Varela, a
quem me dirigi sem rodeio, dizendo: - Sr. Varela, venho pedir
a sua ajuda! Respondendo, me disse ele: - A minha ajuda vem
de Cristo!
Perante a resposta recebida, respondi: - Muito obrigado e
at�� logo, retirando-me sem mais demora. Quando j�� me achava
distanciado do pr��dio procurado, senti algu��m �� minha procura.
Era o amigo Varela, que vinha c��lere, em busca de mim, a me
perguntar: - O que voc�� quer que eu fa��a? Respondi: - Quero
que o senhor me ajude!
A partir deste encontro, os caminhos se abriram para a
Casa dos Humildes! Tendo certeza que aquele bom esp��rito
de Varela muito cooperou para que tiv��ssemos hoje, a gl��ria
do funcionamento da referida Casa dos Humildes, que abriga
atualmente trinta e sete velhinhas. A ti, amado irm��o e amigo
Ernesto Fagundes Varela, os meus sinceros votos de muita paz
e progresso no mundo real.
3 1 a
NOVO encontro com o esp��rito de Enaldo Campelo
Poucos dias depois da desencarna����o de Enaldo Campelo,
tive um encontro palpitante com o esp��rito dele. Pela porta ca-
ridosa do sono, fui ao encontro dele, com plena consci��ncia do
seu estado. Ao aproximar-me dele, escutei-lhe a voz forte e macia,
que costumava ter: Por que �� que ao pensarmos em algu��m, este
vem ter conosco? Falei t��o somente: - Agora est�� livre, n��o ��?
Fixei bem a fisionomia do Enaldo, notando-o muito remo��ado.
Pouco tempo permaneci ao seu lado, de vez que ele se retirou,
indo sentar-se em um m��vel �� pouca dist��ncia. Creio que ele,
naquela ocasi��o, estava examinando os atos que precederam ��
sua desencarna����o. Na terra, por muito tempo, entrela��amos as
nossas almas na realiza����o das tarefas, ora da Doutrina Esp��rita
no campo das prega����es, ora na Campanha do Quilo, em be-
nef��cio dos abrigos. E um dia, antes do desencarne, ele tomara
parte conosco no anivers��rio do Centro Esp��rita Deus, Paz e
127
Luz, no Alto da Maca��ba, em Casa Amarela, o que j�� foi objeto
de coment��rio em linhas atr��s deste trabalho.
Sempre reconheci no Enaldo qualidades apreci��veis. Tenho
certeza que a folha de servi��os prestados por ele aos sofredores
foi enorme, pois somente na Casa dos Esp��ritas de Pernambuco
ele trabalhou vinte anos, gratuitamente, todos os s��bados, como
dentista; na Campanha do Quilo, com saco no ombro e mochila
na m��o, em benef��cio das crian��as e da velhice desamparada,
empregou dezoito anos. Deixou na terra, como atestado de seu
grande valor espiritual, a esposa solidamente amparada, tr��s filhos
formados em Odontologia, uma filha formada em Medicina,
outra formada em Direito e um filho menor a caminho do curso
superior.
Por isso Enaldo partiu cedo, aos cinq��enta e dois anos
de idade, em vista do vasto labor realizado ininterruptamente
durante muitos anos.
Que a divina luz de nossa M��e Sant��ssima o ilumine mais
e mais, nos planos da imortalidade.
3 2 a
"A cada um de acordo com as suas obras". - Jesus
Nos idos de 1928, preparava-me para o Curso de Sargentos
Aviadores, que funcionava no Campo dos Afonsos - Rio de
Janeiro; o meu professor era um oficial do Ex��rcito, cuja m��e
C, estava bastante doente. N��o obstante ela adotar a cren��a
cat��lica, conquanto meu professor nada adotasse, eu, sentindo
no meu ��ntimo os sagrados lampejos do espiritismo crist��o, toda
vez que ia ��s aulas, me aproximava dela, dirigindo-lhe palavras
consoladoras, ministrando o passe com ora����es.
Fazendo o exame de admiss��o ao referido curso, fui apro-
vado e chamado para a realiza����o do mesmo, n��o voltando
mais �� casa do referido professor, para continuar ministrando a
consola����o esp��rita �� senhora m��e dele. Meses depois, em plena
atividade para atingir a meta, muito cansado, deitei-me para
128
dormir depois de um dia laborioso. Mal fui fechando os olhos,
algu��m sentado na minha cabeceira se encontrava: era uma mu-
lher, que julguei ser o esp��rito da minha m��e, falecida quando eu
era ainda crian��a, e que eu sabia acompanhar-me. Perguntei: - ��
minha m��e? e a resposta foi a seguinte: - N��o, �� C.
Compreendi ent��o que era a alma da m��e de meu professor,
que me fora visitar, visto que ficara grata a mim, pelo conforto
que reparti com ela, na sua doen��a. Dias depois procurei infor-
ma����o a respeito dela, soube ent��o que havia falecido.
Comecei a compreender a maravilha de se fazer o bem ao
semelhante, para conservarmos os verdadeiros la��os do amor
fraterno, pelo que ensinou o Divino Mestre: "A cada um de
acordo com as suas obras!".
3 3 a
"Entre v��s, o maior ser�� como o menor". - Jesus
Conheci Josefa, preta velha, oriunda do cativeiro. Andava
esmolando pelas Esta����es de Bangu, Campo Grande e Santa
Cruz, no Rio de Janeiro.
Sempre que a via esmolando, sentia-me atra��do para ela por
uma for��a irresist��vel; por isso, procurava aproximar-me dela,
para dar-lhe uma palavra, por m��nima que fosse. Nesta quadra,
servia no 2o Regimento de Infantaria, como Cabo-Sinaleiro,
num acocho pavoroso, resultante de tremenda obsess��o que
me fazia tanto mais humilde, quanto maior reconhecia a minha
grave situa����o de obsedado. Por esta raz��o inclinava-me mais ��
dor alheia, porque a minha era enorme.
J�� pensaram o que �� uma obsess��o? Pois eu a padeci durante
14 anos; e s�� n��o fui parar numa casa de alienados, porque estudei
o Espiritismo Crist��o, que se tornou as minhas asas de liberta����o.
Pergunto a mim mesmo: O que teria sido de mim, se n��o me
houvesse tornado esp��rita? E a minha consci��ncia responde: -
Teria encerrado o livro da vida numa col��nia de loucos ou ent��o
sido arrancado violentamente do corpo, pelos obsessores.
Voltemos ao caso de Josefa. Certa vez encontrei-a em Bangu.
129
Fui ao encontro dela, colocando um pequeno ��bulo em sua m��o;
em seguida passei a fazer-lhe perguntas: - Como vai de sa��de?
Onde est�� morando? Qual �� a sua idade? Que religi��o adota?
Ela ia me respondendo sucessivamente �� cada pergunta
feita: - De sa��de n��o estou passando muito bem, visto que
n��o disponho de recursos para me tratar; as esmolas que tiro mal
me chegam para os meus achaques; estou morando no curato
de Santa Cruz, num pequeno quarto que fica nos fundos de um
Centro Esp��rita; durmo no ch��o, porque n��o tenho uma cama;
j�� perdi a conta dos meus anos, o que sei �� que eu j�� tinha muita
idade quando fui liberta da escravid��o! N��o tenho religi��o, mas
gosto muito do espiritismo!
Quando terminei a palestra com ela, estava sentindo sincero
desejo de ajud��-la; mas como poderia faz��-lo, se a minha situa����o
financeira era t��o diminuta e a minha cren��a na Doutrina Esp��rita
era incipiente? Contudo, ao despedir-me dela, beijei-lhe a m��o
encarquilhada, com profundo sentimento de fraternidade!
Pouco tempo depois, matriculei-me no Curso de Sargentos
Aviadores, n��o me sendo mais poss��vel encontrar-me com a
Josefa. Alguns meses depois soube que ela falecera sozinha, no
canto onde morava.
Correram os tempos, casei-me; entrei numa escura faixa de
prova����es. Tanto eu como a esposa traz��amos a mediunidade
�� tona, carecendo ambos de estudos esp��ritas e pr��tica de boas
obras, para mantermos o equil��brio medi��nico. Quanto a mim,
esfor��ava-me quanto podia, estudando os livros kardecistas e
outros autores, aproveitando os domingos para a realiza����o
da Campanha do Quilo, movimentando-me pelos Quart��is em
campanhas de pedit��rios em benef��cios das crian��as internadas
em abrigos e de pessoas necessitadas.
A minha esposa n��o se interessava pelos estudos, nem pelos
movimentos de benefic��ncia, resultando disto as mais terr��veis
perturba����es dentro do lar.
Uma noite, deitando-me, adormeci ligeiramente, vendo o
esp��rito de Josefa sentada na beira da minha cama; creio que ela
muito me ajudou a vencer os duros sofrimentos, que durante 11
130
anos suportei ao lado da esposa.
Outra noite, estava dormindo ap��s ter feito a prece, quando
senti a impress��o de algu��m a me acordar. Fui me acordando
lentamente, e, ao abrir os olhos, estava a minha esposa com um
fac��o, perto do meu travesseiro, a dizer-me: - Vamos resolver!
Ela era m��dium, sem estudo, sem orienta����o, encontrava-se
envolvida nas pesadas influ��ncias de terr��veis obsessores. Eu
simplesmente perguntei a ela: - O que �� que voc�� deseja com
este fac��o? Ela me respondeu: - Vamos resolver! Ent��o retirei
suavemente o fac��o da m��o dela, e no mesmo instante, ela caiu
embolada no ch��o, tomada pelo perseguidor, que s�� conseguiu
apoderar-se dela depois que a desarmei. Com certeza o esp��rito
da boa amiga Josefa e outros esp��ritos amigos cercaram a esposa,
que n��o obstante receber as vibra����es destruidoras dos inimigos
da Luz, estes somente conseguiram apossar-se dela, quando ficou
desarmada.
Quando a vi inteiri��ada no ch��o, a debater-se e a dizer: - Ah
miser��vel! compreendi que o esp��rito malfazejto estava lamen-
tando n��o ter realizado o que desejava: assassinar-me. Olhei no
rel��gio, eram 2 horas da madrugada. Pensei: que deveria fazer?
Resolvi fardar-me para ir ao telefone e chamar o carro rabec��o
do Hosp��cio da Praia Vermelha. Comecei a me vestir e a me
cal��ar, quando se levanta a esposa, vem ao meu encontro e me
pergunta: - Para onde voc�� vai a estas horas? Respondi: - Vou
buscar o carro rabec��o, para lev��-la para Hosp��cio! Ela disparou
no choro dizendo: - Valha-me Deus, eu n��o estou louca, como
ir para o Hosp��cio? Exclamei: - Voc�� estava com o fac��o na m��o
para me matar. N��o se lembra? Ela me respondeu: - N��o fui eu!
Compreendi a situa����o dela: m��dium obsedado, sem cons-
ci��ncia das for��as que a subjugavam. Tive pena dela! Convidei-a
para dormir e nos deitamos para o sono pelo resto da noite.
131
34.a
" Amai aos vossos inimigos, fazei o bem e orai por quem vos
persegue e calunia". - Jesus
Conheci M. como soldado-taifeiro, do Parque do Campo
dos Afonsos.
Sempre que o encontrava, recebia a sua sauda����o militar,
tanto pela for��a da hierarquia militar, visto como o meu posto
era superior ao dele, como porque havia uma certa estima entre
n��s.
Certa vez, algu��m me disse: - M., taifeiro do Parque est��
preso e continuou: - matou um homem, por isso est�� preso.
Fui ao xadrez, onde o encontrei. Ele me contou o motivo
da sua pris��o. Ia passando por dentro do campo - zona militar
- onde encontrou um desconhecido cortando capim. Perguntou
ao desconhecido:
- Quem o autorizou a cortar capim dentro deste campo,
que �� zona militar, interditada a qualquer movimento civil?
- N��o vejo nada demais no que estou fazendo.
M. ent��o exclamou:
- Voc�� est�� preso. Aquele, ao receber a voz de pris��o, sus-
pendeu a serra com que estava cortando o capim, desfechando
violento golpe na cabe��a de M. Este, ao ser golpeado, puxou da
Colt 45 que trazia �� cintura, disparando um tiro no cora����o do
desconhecido, cujas ��ltimas palavras foram estas: - E agora, que
ser�� dos meus filhos?
Depois de contar-me a triste ocorr��ncia, disse-me M.: -
Preciso, sem demora, de um advogado.
Com a m��xima boa vontade falei: - Conhe��o um de minha
confian��a, que poder�� defend��-lo a contento.
Com urg��ncia, fui ao caus��dico que prometi a M., con-
tei-lhe tratar-se de um amigo meu, pedindo para este toda sua
benevol��ncia. No dia seguinte, fui falar com M., buscando o
desenrolar do processo, que desejava fosse favor��vel a ele. Quan-
do me aproximei e cumprimentei amistosamente a M., escutei a
voz entrecortada de revolta dele contra mim: - Judas Iscariotes,
vendeu Jesus Cristo e est�� me traindo.
Interpelei-o:
132
- Amigo, n��o estou compreendendo as suas palavras, ex-
plique-me melhor!
Continuou enraivecido: - Judas Iscariotes me traiu! Disse
que ia buscar um advogado para me defender e veio com um
promotor para me acusar!
Compreendi o que se havia passado. Eu procurei o advogado
de minha confian��a para defender M., mas este se encontrava em
lament��vel estado de perturba����o ap��s a pr��tica do crime e quan-
do aquele chegou na porta do xadrez para se entender com este,
perturbou-se talvez, influenciado pelo esp��rito do assassinado, e
de defensor passou a acusador, e os dois n��o se agarraram porque
ambos se encontravam separados pelas grades do xadrez. Era
esse o motivo da revolta de M. contra mim. Dias depois, vi nas
grades da pris��o onde se encontrava M. uma senhora, advogada
que provavelmente fez-lhe a defesa, que o libertou.
Passados alguns meses, encontrei M., e folguei por v��-lo
liberto. Cumprimentei-o com satisfa����o: - M., como est�� passan-
do? E a resposta veio dura: - Vou bem ��s minhas custas. Judas
Iscariotes traiu a Jesus Cristo!
Doeu-me esta express��o! Mas estudando os ensinos do Di-
vino Mestre, cumpria-me perdoar! Perdoei sinceramente a M.
N��o fazia um m��s desse primeiro encontro, voltei a ver M.,
na Ponte de Marechal Hermes, GB. Falei amistoso: - M., como
est�� passando? ao que ele me respondeu furioso e violento: - J��
lhe disse, vou bem ��s minhas custas.
Nova dor senti no ��ntimo d'alma. Dizia para comigo: procu-
rei servi-lo sinceramente, para granjear um inimigo? Que fazer?
Na noite deste dia, antes de dormir, abri o Evangelho Segundo
o Espiritismo e li: "Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos
que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem e caluniam, para
serdes filhos de vosso Pai, que �� misericordioso at�� para os maus
e perversos". Ap��s a leitura, pensei em M. que considerei grande
necessitado de ora����o. Ent��o, orei com profunda sinceridade por
M.! acho que na minha vida, poucas vezes orei com tanta f�� e
boa vontade de ver o meu semelhante ser beneficiado! Sentindo
profundo desejo de fazer o bem a M., com o pensamento em
prece, atra�� para perto de mim, n��o somente esp��ritos benfazejos,
133
que me assistiram, mas tamb��m os obsessores dele, que foram
devidamente esclarecidos e afastados por aqueles, libertando
M. de terr��vel obsess��o. Naquela noite n��o dormi, mas ganhei
a alegria profunda de ter cooperado para a vit��ria espiritual do
obsedado.
A prova disto tive no m��s seguinte, nas proximidades do
Natal de N. S. Jesus Cristo, quando sa�� com uma lista a pedir para
os pobres. Ao entrar no Parque, onde trabalhava M., fui pedindo
indiscriminadamente, quando escutei uma voz que ecoava n��o
muito longe, dizendo: - Meu Sgt. Sobreira, coloque a�� na lista o
meu nome com Cr$ 2,00. Prestei bem aten����o para escutar com
verdade, se era M. mesmo que estava t��o mudado; gozei profunda
satisfa����o ao constatar que era ele mesmo. Tinha afinal voltado
ao bom caminho: a ovelha desgarrada tinha voltado ao aprisco
de Jesus.
3 5 . a
" Venho em nome de meu Pai e n��o me aceitais;
se outro vier em seu pr��prio nome, a este aceitais". - Jesus
O presidente de uma Organiza����o esp��rita do Recife, apai-
xonou-se profundamente pelas teorias comunistas; deixou-se
empolgar de tal maneira pelo credo marxista, que passou a
freq��entar a reuni��o de uma c��lula extremista existente. Muitos
companheiros de ideal esp��rita, ao saberem da mudan��a dele,
procuraram esclarec��-lo. E todos repetiam o estribilho: - "Como
pode algu��m ser esp��rita e comunista ao mesmo tempo, visto que
o espiritismo crist��o orienta conforme a lei do amor, ensinada
pelo Divino Mestre e foi trazido �� Terra pela Falange Sagrada do
Esp��rito Santo para consolar e instruir todas as pessoas de boa
vontade, por ordem do Alt��ssimo; enquanto que o comunismo ��
um sistema pol��tico, que para concretizar-se, ter�� de apelar para a
luta armada, provocando destrui����o e morte, em desacordo com
o ensino celeste quando estabelece o "Amai-vos uns aos outros;
n��o fa��ais aos outros o que n��o quereis vos seja feito!"?
134
A esposa do personagem em foco, que era esp��rita, con-
clamava-o a se afastar, o mais depressa poss��vel, de toda liga����o
com os seguidores do extremismo. O aludido presidente, n��o
obstante os apelos recebidos, prosseguia no mesmo diapas��o:
dirigia as reuni��es esp��ritas de sua Organiza����o, onde falava sobre
a Doutrina Esp��rita, cujo ideal �� o aperfei��oamento espiritual em
marcha para a perfei����o, mas n��o faltava aos movimentos ligados
�� agremia����o marxista a que se afei��oava, dia a dia. Do mundo dos
esp��ritos tamb��m veio o esclarecimento oportuno: os mentores
espirituais fizeram-no sonhar com a pr��pria desencarna����o, que
estava iminente, caso n��o retificasse o pr��prio ju��zo.
Ele compenetrou-se tanto que desencarnaria dentro de pou-
co tempo, em vista do clamoroso desvio, que certo dia chamou
a esposa e disse-lhe:
- Vai separando as suas coisas das minhas, porque estou
perto de minha morte.
Na realidade, alguns dias depois do aviso �� esposa, ele, ao
acompanhar uma turma de comunistas dentro de um caminh��o,
foi alvejado numa emboscada, quando passava por Gravata, sendo
o ��nico a perder a vida. E o presidente supracitado, que se achava
investido da gloriosa miss��o de iluminar as almas, esquecido da
recomenda����o do Excelso Mestre Jesus: "Vim em nome do Pai e
n��o me aceitais; se outro vier em seu pr��prio nome, a este acei-
tais", perdeu a grande oportunidade de cooperar com o Divino
Amigo, para a cristianiza����o do mundo.
3 6 . a
"Haver�� muitos chamados, por��m poucos escolhidos". Jesus
Uma comiss��o de senhoras cat��licas, da alta sociedade re-
cifense, foi ao Pal��cio Episcopal, a fim de receber diretrizes do
Exmo. Sr. Arcebispo D. Antonio de Almeida.
Uma delas, tomando a palavra, falou entre indignada e
entusiasta:
- V. Exa. sabe que nossa religi��o n��o ser�� jamais obumbra-
da por doutrina alguma! E o que nos traz aqui ��, precisamente,
135
termos reconhecido que o Espiritismo est�� se alastrando como
praga. Estamos devidamente informadas de que, n��o somente
no centro da cidade, atrav��s de pontos principais, mas tamb��m
pelas suas cercanias e bairros mais afastados, centenas de pessoas
esp��ritas, com sacos nos ombros e mochilas nas m��os, nos feriados
e domingos, movimentam-se, realizando o que eles denominam
CAMPANHA DO QUILO. Parece - prosseguiu a referida se-
nhora - que os pedit��rios feitos por portas e port��es, nos bares
e restaurantes, nas filas, destinam-se a alguns abrigos esp��ritas
desta cidade. Por incr��vel que pare��a - continuou a entusiasmada
senhora - os tais esp��ritas est��o invadindo os nossos hospitais
a t��tulo de ajudar os doentes internados; est�� se desdobrando
um vasto movimento de mocidades esp��ritas, tentando tomar a
dianteira da nossa Religi��o Cat��lica.
A falante senhora fez uma pequena pausa e dando ��nfase
maior ��s suas palavras, concluiu mais euf��rica:
- A presente comiss��o est�� procurando V. Exa, para rece-
ber orienta����es no sentido de serem coibidas as movimenta����es
esp��ritas, que n��o se coadunam com os nossos santos princ��pios.
D. Antonio limitou-se a dizer o seguinte:
- Voltem em paz para os seus lares e de hoje a quinze dias,
venham c��, para que sejam devidamente esclarecidas.
Durante duas semanas, o ilustre prelado mobilizou agentes
de informa����es, para conhecer exatamente os fundamentos legais
e sociais em que se apoiava referida Campanha do Quilo.
As informa����es obtidas foram as mais exatas. As autorida-
des confirmaram unanimamente, que a Campanha em apre��o
era, n��o s�� conhecida, mas tamb��m respeitada pelas finalidades
visadas.
Expirado o prazo, a aludida comiss��o voltou para inteirar-
se das orienta����es que poderia receber. Disse o Arcebispo ��s
referidas senhoras:
- A orienta����o mais certa que tenho �� a seguinte: voc��s se
organizem em equipes, e meia hora antes de os esp��ritas compare-
cerem aos pedit��rios, procurem tomar a frente deles, de forma
136
que, tomando-lhes a dianteira, ficar��o as pessoas compreendendo
a superioridade da a����o cat��lica, representada pelas tarefeiras em
a����o.
Exclamou uma das componentes da comiss��o:
- D. Antonio, isto que V. Exa. acaba de aconselhar �� im-
poss��vel, visto como somos da elite social, n��o ficar�� bem para
n��s, colocarmos sacos nos ombros e mochilas nas m��os, para
sairmos a mendigar.
Retrucou o Arcebispo:
- Ent��o, v��o rezar pela salva����o das almas dos esp��ritas, pois
�� s�� o que poderemos fazer!
E as fidalgas representantes do Catolicismo regressaram
aos seus domic��lios, talvez todas esquecidas da s��bia assertiva do
Divino Redentor Jesus de Nazar��: "Haver�� muitos chamados,
por��m poucos escolhidos".
37.a
"Nem todo aquele que me diz Senhor! Senhor! entrar�� no reino dos C��us, mas aquele que fizer a vontade do meu Pai,
que est�� nos c��us". - Jesus
Em Fortaleza, capital do Cear��, onde me encontrava no
servi��o do Senhor, recebi um telegrama do confrade E., mora-
dor em Teresina, capital do Piau��, convidando-me para ir a esta
cidade, fundar a Campanha do Quilo.
Terminada a tarefa na capital cearense, l�� me fui para
atender ao convite recebido. Chegando �� capital piauiense, ap��s
hospedar-me em modesta pens��o, procurei o referido confrade,
em sua resid��ncia, ao cair da noite.
Encareci o valor inestim��vel da dita Campanha, que tinha
muitas finalidades, como ir��amos ver, no decurso da realiza����o
das tarefas com a mesma.
Ficou acertado que principiar��amos os incentivos entre os
esp��ritas, como costum��vamos fazer, pela Federa����o Esp��rita
Piauiense, onde buscar��amos companheiros para a movimenta����o
da primeira Campanha naquela cidade.
137
Na reuni��o esp��rita doutrin��ria, na dita Federa����o, tomei
parte, ao lado de E., onde esclareci os motivos da minha presen-
��a, visando a funda����o do movimento acima especificado. Ap��s
a reuni��o, apresentaram-se alguns esp��ritas de ambos os sexos,
desejosos de cooperar para a consecu����o da dita Campanha.
Com a aquiesc��ncia de E., ficou marcada a reuni��o preli-
minar para o domingo seguinte, na sede da Federa����o Esp��rita
Piauiense, ��s 08:00hs.
Minutos antes da citada reuni��o, j�� me constrangia pela aus��ncia
de E.
Vinte minutos ap��s termos dado in��cio aos trabalhos prapa-
rat��rios, chegou o confrade em apre��o, um tanto desapontado,
pela raz��o de ter a sua esposa enfermado desde a v��spera; mesmo
assim, viera disposto a sair em campo, para realizar a tarefa ao
lado dos esp��ritas compromissados com a aludida Campanha.
Quando j�� nos encontr��vamos no final desta reuni��o, en-
trou no recinto, o presidente da Federa����o Esp��rita Piauiense,
a relancear os olhos sobre a turma sentada em torno da mesa,
onde se encontravam os sacos e as mochilas, para os servi��os que
se realizariam dentro de poucos minutos.
Era de ver-se o misto de tristeza e repugn��ncia que se
estampava no semblante dele, que nada falou, certamente pela
considera����o que tinha a E., que era doutor, vice-presidente da
Institui����o citada. Com uma assist��ncia espiritual encantadora,
foi realizado o trabalho programado, com arrecada����o de di-
nheiro e g��neros aliment��cios em profus��o, para o Internato de
crian��as ��rf��s.
O dito trabalho - Campanha do Quilo - prosseguiu todos
os domingos �� hora preestabelecida: de 08:00 hs. ��s 11:00 hs, mas
passei a observar que E., chegava sempre atrasado. Considerei
que ali me encontrava a servi��o dele, para o sagrado mister de
organizarmos a Campanha do Quilo, em benef��cio das crian��as
��rf��s e da velhice desamparada.
Um domingo, em que j�� est��vamos de sa��da para realizar
a tarefa acima citada, chega E., e, contrafeito, me diz: - N��o
posso acompanhar a Campanha hoje, porque a minha esposa
encontra-se enferma, acamada desde ontem.
138
Lamentei bastante, e prometi que, ao regressar do servi��o,
iria at�� a resid��ncia dele. Mais uma gloriosa batalha realizou-se
naquele domingo inesquec��vel, em que se cumpriu mais uma vez
a Justi��a do Pai de Todos os Amores: "Pedir a quem tem para dar
a quem n��o tem". Finalizadas as atividades do referido trabalho,
dirigi-me ao domic��lio do confrade E., e, ao chegar �� porta deste,
bati palmas e antes de ser atendido, recebi uma carga flu��dica, que
me dava a impress��o de um banho de mistura de vinagre com
"sal amargo"; senti que me eram atiradas faixas de ��dio, oriundas do quarto onde se encontrava a esposa de E., acamada.
Concentrando-me nos esp��ritos superiores, recebi a intui����o
exata do que estava acontecendo: era o esp��rito de um sacerdote,
que se apoderava da mediunidade da esposa de E., para obstar a
a����o dele na obra esp��rita que estava se realizando.
Compreendi, ent��o, as dificuldades deste para levar avante
o seu generoso ideal. A esposa dele era cat��lica aferrada, sem
nenhuma instru����o esp��rita, portanto, totalmente inaparelhada
para apoiar, ao m��nimo que fosse, o generoso sentimento do
esposo.
Quatro meses ap��s o in��cio do servi��o empreendido, veio a
revela����o por via intuitiva, da parte do nosso amado Bezarra de
Menezes: "Retira-te de Teresinha e segue para Aracaju, pois aqui,
por enquanto, n��o dispomos de companheiros que se prestem a
colocar-se �� frente da Campanha do Quilo".
E no dia 28 de agosto de 1960, retirava-me da capital piauien-
se, certo de que havia cumprido com o meu dever, sem contudo
consumar a vit��ria.
38.��
"Logo ap��s haver curado dez leprosos, o Divino Mestre orde-
nou que fossem apresentar-se aos sacerdotes, o que eles fizeram
confiantes; e um deles, vendo que estava s��o, voltou, glorificando
a Deus em alta voz, e caiu aos p��s do Senhor, com o rosto em
terra, dando-lhe gra��as". - (citando S. Lucas, 17:15)
A gratid��o pelos benef��cios recebidos �� oriundo do amor,
assim como a ingratid��o promana do ego��smo. Quanto mais
139
amarmos a Deus e aos semelhantes, mais gratos lhes seremos,
pelo bem deles recebidos.
Foi um pouco daquele sentimento que me impeliu a fazer
preces sinceras, por um amigo falecido, que muito me ajudou a
vencer nas prova����es da vida.
Certa manh��, ao acordar lembrei-me dele, elevando o
pensamento aos mensageiros do c��u, na inten����o do seu esp��rito,
desejando-lhe paz, alegria e um bom lugar. Assim que terminei
a ora����o, senti apossar-se do meu lado direito, completa parali-
sia. Busquei movimentar-me sem o conseguir; estava realmente
paral��tico?
Valendo-me da ora����o roguei ao Mentor Espiritual Adolfo
Bezerra de Menezes, me valesse! Ainda n��o havia terminado
esta, quando comecei a sentir o suave magnetismo espiritual
do mentor amigo a me envolver, numa suave influ��ncia, que
penetrava o lado paralisado, restituindo-me, dentro de menos
de cinco minutos, total movimento. Certamente a paralisia me
fora imposta por algum inimigo daquele por quem eu orei. Este,
durante a ��ltima exist��ncia na terra, desempenhara fun����es rele-
vant��ssimas; desfrutara posi����es as mais salientes no Brasil, da��
ter deixado inimigos terr��veis, atrav��s das atividades exercidas
nas miss��es que lhe couberam, por concess��o do Divino Criador
e Pai. Mais uma vez meditei no poder da ora����o, quando justa,
por isso que o Divino Mestre e Senhor Jesus ensinou:
"Pedi e dar-se-vos-��, porque quem pede, recebe".
"Porque sem mim, nada podereis fazer". - Jesus
O esp��rita A. recebera v��rios convites para tomar parte na
Campanha do Quilo.
Afinal, decidira experimentar a prova da tarefa, que con-
siderava de grande valor para o resgate das d��vidas de outras
reencarna����es e qui���� do presente.
Comparecera ao Centro Esp��rita, onde recebera o convite
fraterno na reuni��o doutrin��ria da semana anterior. Pensava
consigo: - Pretendo alistar-me na Legi��o do Quilo e dela n��o
me afastar, a n��o ser por motivos providenciais, de vez que nela
eu desenvolverei, na minha alma, a simplicidade de Jesus.
140
No domingo aprazado, chegou alguns minutos antes do
in��cio da parte preparat��ria da aludida Campanha; escutou atento
a leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo, dos mandamentos
da Campanha do Quilo e os respectivos coment��rios, banhou-
se nas vibra����es bals��micas das preces feitas no in��cio e no final
desta parte.
Tomou o saco, colocou-o no ombro, pegou a mochila,
ajustando-a na m��o, e na companhia dos irm��os de faina bene-
ficente, saiu a campo, na dire����o do setor onde deveria realizar
os pedit��rios.
Ao chegar na porta da primeira casa, bateu palmas levemen-
te, como recomendam as normas da Campanha. Veio atend��-lo,
o chefe da fam��lia, ao qual A. dirigiu a palavra: - Estou pedindo
em nome da Campanha do Quilo para as crian��as do Orfanato
Ceci Costa!
O dono da casa fixou o olhar, da cabe��a aos p��s do legion��rio
demoradamente, dizendo a seguir: - Espere um pouco para ser
atendido!
A., em atitude confiante, ficou �� espera do ��bolo almejado.
Dentro em breve, aproxima-se o referido chefe com uma grande
bacia nas m��os, que muito alegrou o legion��rio-pedinte, que
de longe vendo a bacia, teve a impress��o de tratar-se de grande
doa����o de g��neros aliment��cios.
Quando este sorria de contentamento ��ntimo, j�� se felicitan-
do pelo generoso donativo que supunha encher a aludida bacia,
escutou a voz do dono-de-casa, ir��nico e sarc��stico, que falou
junto �� porta:
- Receba! e despejou-lhe toda a ��gua que era o que continha
a bacia, retirando-se em seguida silenciosamente.
A. examinou a situa����o em que se encontrava, todo mo-
lhado; o saco e a mochila ficaram pingando! Pensou: - Como
prosseguir na tarefa, assim todo molhado?! Concluiu: - N��o
irei avante nesta Campanha! Nunca pensei que, num trabalho
t��o santo como este, algu��m viesse a nos faltar com o respeito.
E, entre triste e desanimado: - Eu que pretendia dedicar-me aos
��rf��os e �� velhice, mas por interm��dio da Campanha do Quilo
141
n��o �� poss��vel faz��-lo. Vou procurar outro g��nero de tarefa.
E nunca mais A. colocou o saco no ombro e a mochila na
m��o! Sem d��vida esqueceu o ensinamento do Divino Mestre:
"Sem mim, nada podeis fazer". Estes ensinos significam que,
esquecidos dos mart��rios de Nosso Senhor Jesus Cristo; sem
lembrarmo-nos da coroa de espinhos, dos pregos que transpassa-
ram as m��os e os p��s do Divino Redentor; sem atentarmos para
a cruz, na qual derramou o seu sangue por amor de n��s; sem
fazermos mem��ria das chicotadas que o Divino Amigo suportou
para exemplificar a humildade e a paci��ncia, jamais estaremos
aptos para enfrentarmos as humilha����es ao nosso orgulho.
40a
"N��o me escolhestes v��s a mim, mas eu vos escolhi, e vos
nomeei, para que vades e deis fruto, e os vossos frutos perma-
ne��am". - Jesus
A Federa����o Esp��rita Pernambucana completara 50 anos
de exist��ncia. E para comemorar a data acima, foi elaborado
minucioso programa, do qual fiz parte, a convite de Fernando
Ferreira, membro da Diretoria da dita Federa����o. Fui escalado
para palestrar na reuni��o da quarta-feira.
Na ter��a-feira, comecei a preparar-me, por��m por mais que
buscasse nos livros esp��ritas, na inspira����o atrav��s da prece, assun-
tos que coordenassem com o cinq��enten��rio daquela Institui����o,
n��o encontrava. Interroguei a mim mesmo: Que ser�� que est��
acontecendo comigo, que n��o me surge um pensamento - por
m��nimo que seja - para extern��-lo na palestra a que fui designado?
Eu sabia que os membros da Organiza����o Esp��rita em
apre��o n��o simpatizavam com a Campanha do Quilo, que j��
funcionava h�� quatro anos na cidade do Recife. N��o consegui
coordenar as id��ias com vistas �� aludida palestra, raz��o pela
qual conclu�� pela desist��ncia em atender ao convite amistoso do
confrade Fernando. Disse para comigo: N��o irei realizar esta
palestra.
Ap��s o almo��o, antes do expediente do Quartel, deitei-me
142
para ligeiro descanso. Entre dormindo e acordado, vi entrarem
no meu compartimento de repouso dois esp��ritos: Bezerra de
Menezes e Victor Hugo. Aquele veio direto a mim e ao meu
ouvido falou o seguinte: - Quem escalou voc�� para falar na
Federa����o Esp��rita Pernambucana fui eu!
Fui despertado com as ��ltimas palavras, nas quais meditei
bastante, compreendendo que o esp��rito de Bezerra de Menezes
- Mentor da Campanha do Quilo no Norte e Nordeste do Brasil,
nutria o desejo de ver o Divino Mestre representado nas comemo-
ra����es do cinq��enten��rio da Federa����o Esp��rita Pernambucana,
por um trabalhador da tarefa humilde e amorosa do Evangelho.
Refleti: Fernando foi inspirado pelo esp��rito do amado mentor
Bezerra de Menezes, cuja palavra considerei uma ordem das mais
santas que j�� houvera recebido.
Na quarta-feira marcada, meia hora antes do in��cio da
reuni��o, apresentei-me para o testemunho, que avaliava como o
mais duro da minha exist��ncia atual. Fui chamado para a mesa,
da qual me aproximei vazio de id��ias, sentando-me na cadeira do
palestrante, em obedi��ncia �� ordem recebida do amado mentor
espiritual Bezerra de Menezes.
Feita a prece, veio a mensagem costumeira, de um esp��rito
atrav��s de um m��dium, que pela linguagem correta e eleva����o
de id��ias, arrebatava pela eloq����ncia, empolgava pela beleza do
estilo.
Naquela hora, procurei a mim mesmo sem me encontrar.
Eu monologara assim: Depois desta deslumbrante comunica����o,
que irei dizer para essa gente? Se me fosse dado, eu me esconderia
por debaixo da mesa.
Chegou a minha hora! O presidente da Federa����o L��rio Fer-
reira, passou-me a palavra. Pedi a Bezerra de Menezes me valesse!
Ap��s haver desejado a paz para todos, chegou-me a inspira����o,
como um rel��mpago: O SINAL DOS TEMPOS: - "Ouvireis
falar de guerras, rumores de guerra, terremotos, pestilencias,
maremotos, n��o vos assusteis, �� necess��rio acontecer tudo isto;
a caridade de muitos esfriar��, quem perserverar at�� o fim, ser��
salvo! Outro sinal dos tempos: A CAMPANHA DO QUILO!
143
Engana-se, quem pensa que esta Campanha veio somente para
arrecadar dinheiro e alimentos para crian��as ��rf��s e velhos aban-
donados! Ela veio, principalmente, para humilhar o orgulho de
muitos esp��ritas, sabich��es que pregam palavras, mas n��o t��m
sentimento de humildade; usando colarinho duro e gravata no
pesco��o, sem um pingo de aten����o aos pobres esfarrapados, aos
velhinhos que esmolam pela beira das cal��adas".
Terminadas as minhas palavras, sentei-me, como quem
tirava dos ombros um fardo pesad��ssimo!
Ao retirar-me da mesa, disse-me o Fernando: - J�� escutei
algu��m dizer que voc�� jamais falar�� aqui na Federa����o Esp��rita
Pernambucana; a Campanha do Quilo n��o interessa aqui.
4 1 . a
" At�� agora pedistes em meu nome: pedi e recebereis para que o vosso gozo se cumpra". - Jesus
No m��s de junho de 1929, eu estava matriculado no Curso
de Sargentos Aviadores. Tinha-me iniciado, h�� pouco tempo, no
conhecimento da excelsa doutrina esp��rita, que conforme a pro-
messa de Nosso Divino Mestre e Senhor Jesus, viria lembrar-nos
os seus sublimes ensinamentos. Com algumas mediunidades em
evid��ncia, custava-me movimentar no meio de 80 alunos, fazen-
do refei����es, dormindo e lutando ao lado deles, para realizar o
aludido Curso, que constava de 11 mat��rias te��ricas e 9 pr��ticas
nas oficinas, tendo a dura����o de 18 meses.
Conquanto as atividades se multiplicassem, eu n��o deixava
de freq��entar reuni��es esp��ritas, nas quais buscava o conforto
para as lutas do dia-a-dia.
Uma noite, quando regressava do Gr��mio Esp��rita Luz e
Amor, em Bangu, meditava na dureza dos servi��os das oficinas,
aos quais pouco me adaptava na conviv��ncia obrigat��ria, dia e
noite, com a turma enorme que me ladeava, nas mediunidades
estuantes, por cujas portas investiam influ��ncias as mais contra-
dit��rias; interrogava a mim mesmo, como vencer aquela batalha.
144
Foi quando me lembrei da recomenda����o do Divino Mestre:
"Pedi e dar-se-vos-��, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-��,
porque quem pede recebe, quem busca acha e a quem bater, ser��
aberto".
Deixei o trem na Esta����o de Marechal Hermes, rumando
a p�� para a Escola, onde cursava, no Campo dos Afonsos.
Buscando lugar pr��prio para a ora����o, caminhei atrav��s
da parte mais silenciosa do referido Campo, onde passei a orar
com todo fervor, toda confian��a, ao Divino Mestre, rogando
sua divina ajuda na luta em que me encontrava. Percorri todo o
trajeto, compreendendo este a pista inicial por onde entrei e o
pr��dio da aludida Escola, em ora����o ardente ao Divino Mestre,
dizendo-lhe as minhas d��vidas, contando-lhe os meus receios,
suplicando o apoio do Divino Poder para me fortalecer at�� o
t��rmino do dito curso, do qual pretendia fazer o primeiro degrau
para prosseguir na marcha pelo aperfei��oamento, em conson��ncia
com as suas divinas palavras: "Sede perfeitos como o vosso Pai
que est�� nos c��us!".
J�� me aproximava do recinto do Pavilh��o onde me alojava
com a turma, quando senti descer sobre mim uma for��a ex-
traterrena colossal, indiscrit��vel, que me foi envolvendo todo,
transmitindo-me a majestosa impress��o de grandeza, poder,
honra, majestade! Atravessei a porta do alojamento, para onde
me dirigia, num estado de arrebatamento espiritual inexprim��vel
e quando cheguei junto ao arm��rio, onde guardava os meus per-
tences militares, senti, com toda a minha consci��ncia, a referida
for��a apossar-se de mim, que ca�� de joelhos, inexplicavelmente,
cheio de respeito, de reconhecimento e de adora����o.
Compreendi as palavras de verdade do Amado Mestre e
Senhor Jesus: - "Pedi e recebereis, para que o vosso gozo se
cumpra". E tamb��m o ensino do excelso fundador do espiritismo
crist��o, quando ensinou no Livro dos Esp��ritos: "Podemos entrar
em comunica����o, pelo pensamento, com os esp��ritos puros".
Foi sim, o Esp��rito do Divino Mestre, que respondendo ��s
minhas s��plicas, veio confortar-me, fortalecer-me, em resposta
ao apelo veemente, profundamente sincero que lhe fiz, numa
quadra angustiosa, em que buscava o seu divino aconchego, de
145
Mestre de todos os Amores! Mestre de Bondade e Sabedoria sem
limites, veio, vem e vir�� ao encontro de qualquer lutador, que,
buscando o seu divino aux��lio, apele sincera e fervorosamente
para o seu Divino Esp��rito, visando o agradecimento pr��prio ou
o de seus semelhantes, na terra ou no al��m-t��mulo.
4 2 . a
'"V��gia pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos
por dignos de evitar todas estas coisas que h��o de acontecer, e
de estar em p�� diante do Filho do homem". - Jesus
Jovem aspirante a oficial aviador, no Campo dos Afonsos,
primava por exercer superioridade desp��tica sobre quantos se
encontravam hierarquicamente abaixo dele. Altivo, arrogante,
afirmava: - Soldado �� zero e sargento �� tratado por mim na
chibata.
Por isso, era evitado por quantos dependiam de sua auto-
ridade.
Havia realizado mais de 400 horas de v��o, sem conseguir
aprova����o no Curso de Oficiais Aviadores. �� que, toda vez que
voava em prova, para obter o grau necess��rio ao t��rmino do
curso, apossava-se dele um nervosismo tal, que n��o conseguia
comandar o avi��o com a devida habilidade, sendo por esta raz��o,
reprovado.
Era, sem d��vida, a obsess��o produzida pelo sentimento de
orgulho, que o escravizava, sem que ele compreendesse. Sua for��a
de vontade era herc��lea, mas a soberba orgulhosa, norteada pela
confian��a absoluta em si mesmo, com exclus��o total da f�� no
Poder Divino - ��nico capaz de sustentar o lutador nos grandes
cometimentos - causava-lhe um desequil��brio permanente.
Certa manh��, fora realizar mais uma prova de v��o, de cuja
vit��ria dependia prosseguir na carreira militar aviatoria.
Encontrava-se dentro do avi��o - Morane, tipo escola -
desamarrado, esperando o p��ra-quedas. O mec��nico do aludido
avi��o, sargento especialista, aproximou-se com o esperado p��ra-
quedas, que lhe entregou, dizendo: - Senhor Aspirante, vai voar
146
sem se amarrar?
E a resposta, brusca e repulsiva, n��o se fez esperar:
- N��o se meta, eu sou superior, sei o que estou fazendo;
quando regressar da prova, vou prend��-lo! e revoltado, colocou
o p��ra-quedas, sem entretanto se amarrar.
Ao lado do monitor-oficial, que o acompanhava para exa-
min��-lo, decolou, subindo, subindo, subindo...
Quando desceu procurando tomar a pista para aterrar, o
nervosismo habitual apossou-se dele. Quando as rodas dianteiras
do avi��o tocaram no solo, este capotou e o jovem aspirante, que
estava solto, foi atirado �� dist��ncia, fraturando o cr��nio e fale-
cendo instantaneamente, enquanto que o monitor, que estava
amarrado, ficou de cabe��a para baixo, dependurado.
Isto aconteceu em 1929. Neste tempo eu j�� estava iniciado no
Espiritismo Crist��o e sentia, consciente, a presen��a dos esp��ritos.
Fui ao vel��rio, e, �� pequena dist��ncia do caix��o do falecido,
senti, mediunicamente, a presen��a do esp��rito do jovem aviador,
recebendo as vibra����es angustiosas, da impress��o terr��vel que
ficara no esp��rito dele, com o violento desprendimento causado
pelo acidente, ocorrido pela imprud��ncia orgulhosa.
Sem conhecimento algum das verdades imortalistas, o esp��ri-
to deste jovem h�� de enfrentar um longo tempo de perturba����o,
para chegar ao conhecimento de si mesmo ou da situa����o em
que se encontrava. Ao lado do caix��o, uma voz, vinda do Alto,
me dizia: "Quanta falta faz nas lutas da vida, a cren��a em Deus
e na imortalidade".
4 3 . a
"(E os soldados tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram
sobre a cabe��a e lhe vestiram uma veste de p��rpura". - JO��O,
19:3
No meu encal��o, andavam cru��is obsessores, inimigos de
outras reencarna����es, que n��o perdiam tempo em me causar
decep����es e sofrimentos! Eu os sentia ao meu lado, influenciando-
147
me a cada passo. Muita tolice eu fiz e disse, assediado por eles!
Certa vez, palestrando com um companheiro, num compar-
timento do Quartel, um dia feriado, ap��s longa conversa, senti
forte sonol��ncia que me obrigou a dizer-lhe:
- Vou descansar um pouco.
Dormi logo! Passado algum tempo, senti uma forte furada
num dente. Acordei, sentindo algu��m perto de mim, mas a porta
do compartimento estava trancada, e o companheiro, que a
fechara, se retirara levando consigo a chave. Pela sensibilidade
medi��nica, senti que estava sendo influenciado pelos referidos
obsessores, que procuravam me perturbar e assim levar-me ao
desequil��brio espiritual.
Trancado, com o dente a latejar, sem saber quando o citado
companheiro voltaria a abrir a porta, recebi a inspira����o do meu
Anjo Guardi��o, que me dizia: - Pensa na coroa de espinhos de
Nosso Senhor Jesus Cristo!
Cheio de boa vontade, atendi �� santa inspira����o. Fixei o
pensamento no Divino Mestre pregado na cruz do mart��rio,
focalizando atencioso a coroa de espinhos. Permaneci n��o sei
quanto tempo a fixar o Santo dos Santos, Jesus de Nazar��, coro-
ado de espinhos; dizia a mim mesmo: Se ele suportou tamanha
humilha����o, porque eu, que sou pecador, n��o poderei suportar
esse pequeno sofrimento?! Pensando assim, senti-me profunda-
mente consolado. Esqueci a dor de dente, perdoei sinceramente
aos esp��ritos obsessores que me afligiam e estava disposto a
esperar tranquilamente quantas horas fossem necess��rias, para
que o referido companheiro voltasse, a fim de me ver livre.
Sim, foi pensando na coroa de espinhos do Divino Reden-
tor, que encontrei for��as morais para receber com serenidade a
atua����o dos inimigos, perdoando-os, dando-lhes assim, o exemplo
da ren��ncia e da abnega����o. Quando me encontrava equilibrado
na paci��ncia, chegou o companheiro, ao qual recebi calmo e feliz,
sem nada lhe comunicar.
148
4 4 . a
"Toda a alma esteja sujeita ��s potestades superiores; por que
n��o h�� potestade que n��o venha de Deus". - Paulo (ROMA-
NOS)
Minutos antes de uma aula no Curso de Especialista da
Aeron��utica, um superior hier��rquico transmitiu-me uma
ordem, que procurei cumprir com a m��xima brevidade, n��o
somente para obedecer ao regulamento militar, como tamb��m
porque devia comparecer �� aula, atendendo �� chamada que era
feita antes de ser iniciada. Verdade �� que voltei atrasado e, quando
procurei apresentar-me para justificar o atraso, aquele superior
tinha se retirado do recinto, encontrando-se outro, que havia
realizado a chamada e anotado a minha falta. Este outro, era o
professor de duas mat��rias muito extensas: teoria do motor e do
avi��o.
Apresentei-me a este, que rigidamente, riscando a minha
falta, disse-me: - Mais lealdade e mais atividade!
Quando escutei estas palavras, senti um profundo choque
no meu ��ntimo. Dirigi-me ao professor, Capit��o A., nestes ter-
mos: - D�� licen��a, Capit��o, ao que ele respondeu atencioso: - O
que voc�� quer?
Expliquei que chegara atrasado porque me encontrava a servi��o,
por ordem do Sgt. R. Respondeu o capit��o, simplesmente: - Estou
ciente!
Aquelas palavras ecoaram no meu ��ntimo por muito tempo.
Contudo acabei por esquecer o agrave. Perante a lei divina, todo
ofensor assume d��vida de repara����o com o ofendido, portanto
aquele chefe me feriu, ficou devendo a mim uma repara����o.
Na semana seguinte ao incidente relatado, o professor Ca-
pit��o A., publicou um programa de teoria do motor e do avi��o,
reduzindo ao m��nimo, em benef��cio da turma do meu curso que
muito nos felicitou, uma vez que o conhecimento apronfundado
das mat��rias em apre��o n��o era de muita import��ncia no curso de
armamento que est��vamos realizando. Com a redu����o do citado
149
programa, ficamos com mais tempo para estudar outras coisas. O
certo �� que o referido professor compreendeu a extens��o da d��vida
contra��da: foram duas as palavras ofensivas - "mais lealdade e mais atividade", as quais me foram atiradas em rosto, como a significarem que eu faltara �� chamada, por ser falso e pregui��oso!
Em compensa����o o esclarecido professor aliviou, n��o somente
a mim, mas tamb��m �� turma, que realizava o mesmo curso que
eu; senti que o chefe acima especificado reparou o duplo agravo,
com um duplo benef��cio; depois eu soube que ele era esp��rita.
4 5 . a
" E ser-me-eis testemunha". - Jesus
Depois de dois anos de noivado, casei-me. A minha esposa
era m��dium de incorpora����o inconsciente. Por mais que me
esfor��asse, n��o aderiu �� doutrina esp��rita. Contudo, de quando
em vez ela recebia esp��ritos os mais diversos, dentro de casa, a
qualquer hora! Esp��ritos protetores, a darem conselhos; esp��ritos
de caboclos, a fazerem pedidos em favor de algu��m; esp��ritos de
africanos, a oferecerem prote����o.
Uma manh��, ela escutou o r��dio anunciando uma receita para
fazer bolo. Toma do l��pis e come��a a escrever, desejosa de guardar
a referida receita. Sem que ela perceba, um esp��rito incorpora-se na
mediunidade dela e escreve instrutiva comunica����o, orientando-a
para o cumprimento da miss��o que ela devia desempenhar. Dizia
a citada comunica����o o seguinte: -"Minha querida irm��: Deus a
aben��oe. Venho lembrar a miss��o que lhe cabe desempenhar na
atual reencarna����o. A sua mediunidade indica que �� na pr��tica
da caridade que deve procurar o equil��brio espiritual. Praticando
a caridade, buscando aliviar os sofrimentos do pr��ximo, ter��
ao seu lado os bons esp��ritos, que a ajudar��o a cumprir com os
seus deveres, envolvendo-a nas boas influ��ncias, que afastar��o os
esp��ritos malfazejos, causadores das obsess��es e perturba����es que
desequilibram a mediunidade. N��o esque��a do ensino do Divino
Mestre: - Sede perfeitos como nosso Pai Celestial!"
A mensagem em apre��o trazia a assinatura do esp��rito comu-
nicante Habriel Pizarro Pr��clus. Quando terminou a mensagem
150
o esp��rito retirou-se, e ela, vendo-se com o papel escrito com
assunto completamente diferente da receita que desejava, ficou
perplexa, procurou sua m��e, que morava na vizinhan��a, a quem
mostrou o papel escrito, contando o que ocorrera, e dizendo,
lamentosa: - Mam��e, estou pegando a loucura do meu marido!
E assim passaram-se onze anos, com as maiores perturba����es
dentro de nossa casa, sem que ela difinisse a situa����o mission��ria,
quando, inesperadamente fui transferido para Recife, sendo ela
obstada em me acompanhar, at�� o dia de hoje.
Quando eu soube de minha transfer��ncia, comuniquei a
ela, que chorou muito, mas foi avisada intuitivamente que n��o
poderia acompanhar-me na tarefa que eu teria que realizar.
De Recife, convidei-a para vir tomar parte nos trabalhos
beneficentes que estava realizando, contudo ela me respondeu
que n��o concordava, visto que eu me movimentava muito e por
essa raz��o seria for��ada a viver sozinha.
A nossa uni��o conjugal tinha por fim a realiza����o de tarefas
de resgate das nossas faltas do passado; tendo ela recusado tomar
parte nestas, n��o nos foi poss��vel o reencontro na atual reencar-
na����o. Acho que terminaremos os nossos dias �� dist��ncia, um
do outro.
4 6 . a
"Qual o pre��o que o homem dar��
pela salva����o de sua alma?" - Jesus
Lado a lado com J. F. realizei o Curso de Especialistas, no
Campo dos Afonsos. Compreendendo as graves responsabilida-
des que me pensavam no setor da doutrina esp��rita, n��o cessava
de mobilizar campanhas beneficentes, no Quartel e fora dele!
No fim do m��s, logo ap��s o pagamento dos vencimentos
aos militares, eu sa��a com uma lista dos nomes de todos os
companheiros do Curso, pedindo ajuda financeira para repartir
com fam��lias necessitadas. Sempre que procurava J.F., obtinha
a mesma resposta: - N��o posso!
Terminado o Curso, os nossos ordenados aumentaram
151
centuplicadamente! Mesmo assim, J.F. declarava enf��tico: N��o
posso! Porque agora estou me preparando para o casamento.
No dia do casamento de J.F. ele fora �� Escola, para realizar
um v��o de grupo: tr��s avi��es em provas de v��o.
A especialidade de J.F. era de fotografia a��rea. Quando os
tr��s avi��es voavam por cima de Marechal Hermes, perto da casa
onde eu morava, o avi��o traseiro, pilotado pelo tenente R.M.,
desgovernado, apanhou pela cauda o avi��o em que voava J.F.,
cortando-lhe a parte traseira com o rodopiar da h��lice, vindo
ambos a espatifar-se no solo. A ��ltima vez que vi J.F. foi logo
ap��s o desastre, em cima da mesa de opera����es cercado de m��dicos
operadores, vindo a falecer na mesma hora.
Todavia, uma coisa grave e profunda temos a observar na
ocorr��ncia exposta: o desastre em que J.F. fez a passagem para
o outro lado, foi precisamente no dia em que ele ia casar-se. Na
hora em que esperava encontrar-se ao lado da amada, no leito
nupcial, para desfrutar a encantadora lua-de-mel, o seu esp��rito
pairava no vel��rio, muito perturbado, ao lado do corpo cadav��-
rico dentro do caix��o.
Quanta sabedoria nas palavras do Divino Mestre, dirigidas
ao homem exclusivamente preocupado com as coisas da vida
transit��ria: "Louco, esta noite Deus pedir�� a tua alma, e o que
guardaste, para quem ser��?".
47.a
" (E n��o quereis vir a mim, para terdes vida". - Jesus
Depois que convivi com F.C. durante alguns anos no
Quartel do Campo dos Afonsos, ele fora transferido para Santa
Cruz, no Rio de Janeiro.
Poucas vezes tornei a encontrar-me com ele. Entretanto,
nessas poucas vezes que nos encontr��vamos, eu era inspirado
para convid��-lo para a realiza����o das tarefas esp��ritas no campo
da benefic��ncia. Os nossos Anjos Guardi��es, divinos compa-
nheiros por s��culos e mil��nios, permanecem atentos ��s nossas
necessidades de resgate e repara����o dos d��bitos contra��dos com
152
a lei divina. Eram eles que me inspiravam, para lembrar ao com-
panheiro F.C. as suas necessidades mais prementes, de realizar
obras de abnega����o, em prol dos necessitados, com vistas �� sua
pr��pria liberta����o. Os nossos encontros eram no trem de Santa
Cruz, pela manh��, quando nos dirig��amos aos nossos quart��is.
Ele gostava muito de palestrar sobre os grandes fil��sofos como
S��crates, Plat��o, Pit��goras, etc.
Quando fazia uma pausa, os guias me inspiravam para falar
sobre o maior de todos os pensadores que j�� vieram �� terra: O
Divino Mestre Jesus; sobre o milenar convite dele, para nos asso-
ciarmos �� sua obra redentora, atrav��s da pr��tica amorosa do bem
aos nossos semelhantes, mais necessitados que n��s. A inspira����o
borbulhava, lembrando-nos o convite do excelso m��rtir do Cal-
v��rio quando nos diz, conforme registra o Evangelho: "Vinde
a mim, benditos de meu Pai, porque tive fome e me destes de
comer, tive sede e me destes de beber, estive nu e me vestistes,
sem teto e me abrigastes, preso e me fostes ver; lembrai-vos que
quando fizestes qualquer destas coisas aos mais pequenos irm��os
meus, foi a mim que fizestes".
Com o ensino acima, o nosso Divino Mestre chama as nos-
sas almas para se definirem nos campos infinitos do progresso,
transportando-nos do verbalismo inoperante para a realiza����o
das obras, que ser��o o coroamento dos esfor��os mais nobres, a
servi��o da Caridade redentora. Ser�� sempre respeit��vel, bela e
atraente a cultura - filos��fica, cient��fica ou religiosa, - contudo,
se esta n��o se transforma em obras de caridade e amor, para mi-
norar os padecimentos alheios, assemelhar-se-�� �� figueira est��ril,
atirada ao abandono e ao aniquilamento.
Foi bem este o assunto que entretive com F. C. no ��ltimo
encontro que tivemos.
Antes de nos despedirmos, inspiradamente, lembrei a ele
o que j�� lhe houvera pedido nos ��ltimos encontros: fazer no
Quartel uma campanha beneficente para as crian��as ��rf��s do
Abrigo Creche Nazareno, na cidade de Campo Grande, onde
laborei durante alguns anos.
Um m��s - aproximadamente - depois deste ��ltimo encon-
153
tro, pela manh��, preparo-me para o labor costumeiro, saio ��
rua e ap��s alguns passos, na parte transversal, quase em frente
�� casa onde eu morava, no Clube dos Suboficiais e Sargentos
Aviadores, vi a bandeira hasteada. Aproximei-me ent��o, entrei
port��o adentro, penetrei o recinto, onde encontrei um caix��o
com quatro velas acessas; em torno dele a esposa, tr��s filhos e
poucos amigos de F.C., que falecera no dia anterior, quando
realizava arrojada acrobacia, num avi��o Cors��rio, por cima dos
campos de Santa Cruz.
Contaram-me que na realiza����o de uma "folha seca", o mo-
tor parou o funcionamento; F.C. pulou de p��ra-quedas, mas os
cord��es deste engrolaram na h��lice e o companheiro terminou
o cap��tulo de sua atual reencarna����o.
Tenho pensado que se ele tivesse aceito os convites inspira-
dos, para realizar alguma tarefa na Seara do Divino Mestre, n��o
teria partido naquela hora.
4 8 . a
" Os filhos do s��culo s��o mais prudentes em gerir os seus neg��-
cios, do que os filhos da luz". - Jesus
Um cego, muito rico, vinha freq��entando as reuni��es esp��ri-
tas do N��cleo Esp��rita Centelha de Jesus, quando o pr��dio deste
estava em constru����o. Aproximei-me dele, que me informou ser
do Rio Grande do Norte, onde herdara de seu pai uma grande
propriedade, que vendera por muitos milh��es, de que estava
vivendo.
Em uma palestra com o referido cego, recebi dele a pro-
messa de que pretendia ajudar a constru����o do pr��dio do N��cleo
Esp��rita Centelha de Jesus, visto como simpatizava muito com
a doutrina esp��rita crist��.
Pediu que eu fosse ao hotel onde se encontrava hospedado,
para irmos ao Banco, no qual tinha feito o dep��sito do dinheiro
resultante da heran��a. Procurei-o no dia seguinte, encontrando-o
cercado de muito conforto, ladeado por uma senhora, que na
fun����o de atendente dele, aumentava-lhe de mais a mais o bem
-estar.
154
Sem se fazer de rogado, ele espontaneamente me mostrou
duas cadernetas, com registro de mais de novecentos milh��es em
cada uma. Antes de nos dirigirmos ao Banco, encareci a obriga����o
de ajudarmos ��s Institui����es que ministram assist��ncia ��s crian��as
e ��s fam��lias pobres. Nesse caso, o N��cleo Esp��rita Centelha de
Jesus era, na ��poca, a organiza����o que mais requisitava a ajuda de
quantos disp��em de recursos financeiros equilibrados. Tomando
a palavra falou o dito cego: - Estou disposto a cooperar para o
t��rmino da constru����o do citado N��cleo, todavia neste momento
s�� poderei faz��-lo com pequena contribui����o, de vez que preciso
ter muito cuidado nas despesas, porquanto estou vivendo dos
juros das quantias em dep��sito. Desta vez darei a quantia...
Quando ele mencionou a import��ncia que pretendia ofertar,
em compara����o com os muitos milh��es que tinha em dep��sito,
roguei profundamente consternado: - Amigo, veja se n��o pode
abrir m��o de uma quantia maior, que ficar�� registrada no Livro
da Vida Eterna, para o gozo perene de seu esp��rito; importa
considerar - prossegui - que quando seu esp��rito se encontrar
no outro lado da vida, ao ver o bom emprego dado ao dinheiro
que a Provid��ncia Divina lhe confiou, ser�� motivo de muita paz
para a sua consci��ncia.
Respondeu ele um tanto preso aos valores depositados:
- Tenho muitas despesas atualmente, por essa raz��o n��o posso
oferecer maior import��ncia; contudo, de outra vez espero ajudar
mais.
Retruquei, inspiradamente, na esperan��a de lograr ��xito
na tentativa:- O senhor n��o sabe a data da sua partida para o
al��m-t��mulo; por que n��o decide logo, pois amanh�� poder�� ser
muito tarde!
Ele sustentou a palavra reafirmando que a quantia a ser
ofertada era aquela mesma.
Fomos ao Banco, recebi a oferta um tanto contristado,
pois verificava a vasta possibilidade financeira atrav��s da qual
ele poderia ser mais generoso.
Despedi-me dele, agradeci a doa����o em nome do Divino
Mestre e prometi procur��-lo. A seguir embarquei para o Rio
155
Grande do Norte a servi��o da Campanha do Quilo.
Todo fim de m��s vinha a Recife receber os proventos mi-
litares a que tinha direito, face �� minha passagem para a reserva
desde 1958.
Certa vez, no Recife, resolvi passar pelo Abrigo Bezerra de
Menezes, na Vila Popular, em Olinda, para uma visita. Ao en-
tardecer, encontrava-me neste Abrigo, quando recebi um recado
do mencionado cego. Que eu fosse depressa, pois ele estava nas
��ltimas e desejava doar o restante dos seus dep��sitos aos pobres
do Centelha de Jesus.
Segui para a pens��o onde habitualmente me hospedava e
desta fui atender ao chamado. Quando penetrei no aposento
do referido cego, j�� estava o corpo dentro do caix��o e em torno
dele, diversos parentes, que falavam gananciosamente da heran��a.
Pensei em fazer uma prece, mas o ambiente estava t��o "pesado",
que perdi o ��nimo.
Em Natal, capital do Rio Grande do Norte, numa noite,
numa reuni��o medi��nica, lembrei-me do esp��rito do cego; o
esp��rito dele se manifestou, em sofrimento terr��vel, a expressar-
me em ais e gemidos comoventes. Teve raz��o sapient��ssima o
Divino Mestre e Senhor Jesus quando ensinou:
"Os filhos do s��culo s��o mais s��bios em gerir os seus neg��-
cios, do que os filhos da luz".
4 9 . a
" Mas sobretudo, tende caridade uns com os outros, porque a
caridade cobre a multid��o dos pecados". - S. Pedro
Encontrava-me muito enfermo, pelo que pedi a L. S., irm��s
de lutas pelo aperfei��oamento espiritual, para aplicar-me um passe.
Ela fez a prece e mo aplicou, causando-me um bem-estar enorme.
Quase restabelecido, esclareci-a dizendo: - Voc�� �� m��dium pas-
sista, tem a miss��o sublime de aliviar os enfermos, por isso deve
estender os benef��cios do passe a quantos necessitarem, na medida
do poss��vel; est�� convidada - prossegui - para cooperar com os
m��diuns passistas no nosso Centro Esp��rita.
Ela respondeu, dizendo: - Isto n��o, eu �� que n��o quero arranjar
156
este sacrif��cio.
Quando ela terminou de dizer esta ��ltima palavra, sentiu
uma pancada no punho do bra��o direito, torcendo-lhe a m��o. A
partir deste momento, n��o mais p��de trabalhar com a referida
m��o, sentindo dores permanentes na mesma.
Estavam pr��ximas as comemora����es do Natal. No N��-
cleo Esp��rita Centelha de Jesus seriam distribu��dos donativos:
presentes para as crian��as, doces, guaran��s, etc. Fui a L. S., e
disse: - Ensina o Ap��stolo Pedro na Ep��stola universal: "Tende
ardente caridade com os vossos semelhantes, porque a caridade
cobre a multid��o dos pecados". E continuei - regra geral os
m��diuns s��o grandes pecadores, a quem Deus - Pai Celestial de
Caridade e Amor, concede a mediunidade, como instrumentos
de resgate dos muitos pecados cometidos. Acho que a irm�� L. S.
poder�� comparecer ��s comemora����es do Natal de Nosso Senhor
Jesus Cristo, no N��cleo Esp��rita Centelha de Jesus, quando ser��o
distribu��dos donativos, doces, guaran��s, ��s fam��lias e crian��as
pobres, podendo a referida irm�� ajudar na tarefa generosa da
distribui����o, para com esse procedimento, atrair o amparo dos
bons esp��ritos, que poder��o ajud��-la na cura da sua m��o enferma.
Ela tomou o meu conselho, ajudando a distribuir os bene-
f��cios citados. A noite, quando dormiu, escutou uma voz mansa
e forte, falando assim, na porta do seu quarto de dormir: "D��
licen��a, d�� licen��a". Ap��s estas palavras, entrou um esp��rito des-
conhecido, que se aproximando dela, tomou-lhe a m��o direita,
a qual puxou fortemente por diversas vezes, restabelecendo-a
completamente. A ocorr��ncia acima descrita foi o bastante
para que L. S. compreendesse o seu nobre papel de mission��ria
passista, a qual n��o mais relaxou.
50a
" t oda. ��rvore que n��o d�� bom fruto, corta-se e lan��a-se ao fogo". - Jesus
Na Farm��cia Vit��ria - Rua Nova, Recife, conheci M. que
me aplicou centenas de inje����es que muito me equilibraram o
organismo f��sico, na quadra das maiores lutas para fundar a Cam-
157
panha do Quilo, nesta cidade. Palestrando com M. e com o seu
sogro A., fui devidamente informado de que aquele era m��dium
de incorpora����o, mas que vivia na mais completa indiferen��a
para com o dom medi��nic,o que lhe fora concedido pela divina
miseric��rdia do Alt��ssimo.
Contou-me o sogro de M. que por v��rias vezes, o esp��rito
de Jacyra, Mentora do Grupo Esp��rita dirigido por ele no Pina,
havia convidado M. para iniciar a sua tarefa medi��nica, tendo-lhe
advertido pela ��ltima vez, que se n��o atendesse, seria passado
compulsoriamente para o outro lado da vida.
Casado, nem a esposa nem os dois filhos menores foram
capazes de influenci��-lo bastante, para abandonar o excesso de
bebidas alc��olicas que o perturbavam amea��adoramente.
Uma manh��, fui ao encontro de M. para a inje����o de costu-
me. Ao aproximar-me do balc��o, encontrei o filho do dono da
Farm��cia, que me perguntou o que eu desejava. Respondi que
desejava falar com M., para me aplicar inje����o. Disse-me ele
ent��o, desencantado: - M. a esta hora, encontra-se no Necrot��rio
de Santo Amaro. E continuou, tristonho: - Hoje pela manh��,
entrou na Farm��cia, dirigiu-se ao compartimento de trabalho,
escrevendo na parede "M. n��o aplicar�� mais inje����o em nin-
gu��m". A seguir foi a uma venda, onde comprou uma garrafa de
guaran��, na qual deitou soda c��ustica, que ingeriu imediatamente,
falecendo pouco depois e o enterro dele ser�� hoje �� tarde.
Fui ao Necrot��rio, onde encontrei o cad��ver no caix��o,
tendo ao lado a esposa gr��vida e os dois filhos. Acompanhamos
o enterro, fizemos a prece compungidos, no momento de descer
o corpo �� sepultura. N��o esqueci M. e fui ao Centro Esp��rita B.
S., onde orei por ele.
No leprosario da Mirueira, estivemos em comiss��o, onde
oramos pelo que fugiu ��s santas prova����es da vida; quando
or��vamos por ele, o m��dium J. R. recebeu o esp��rito dele, que
pronunciou as seguintes palavras: - Fui um covarde! J�� estava
esclarecido, estava compreendendo a loucura injustific��vel de
quem procura fugir ��s provas e expia����es redentoras.
158
Anos depois, em S��o Lu��s - Maranh��o, encontrava-me
hospedado no Lar de Jos��, abrigo para ��rf��s, a servi��o da Cam-
panha do Quilo, quando, certa manh�� uma internada me chamou
a aten����o para uma senhora com uma crian��a mutilada, sem as
m��os e sem os p��s, no colo, esperando uma esmola. Fui ver! Olhei
para a crian��a, aproximei-me; que espet��culo triste! A m��e dela
me disse: - Que fez o meu filho para nascer assim, privado das
m��os e dos p��s? Respondi: - Ensinou o Divino Mestre: "Se a
tua m��o ou o teu p�� s��o causas de esc��ndalos, corta-os; melhor
te �� entrar na vida sem a m��o ou sem o p�� que tendo-os, seres
atirado ao fogo da geena". O esp��rito reencarnado no corpo do
seu filho, deve ter abusado muito desses membros, por isso que
est�� privado deles. Nas reencarna����es passadas, esse esp��rito fez
mau uso dos ��rg��os de que hoje se v�� privado.
Quando eu assim falava, escutei a voz do meu Santo Guar-
di��o me dizendo: - Essa crian��a mutilada �� a reencarna����o de M.,
que se suicidou na cidade do Recife. Muito justo este supl��cio,
visto como os p��s e as m��os dele foram usados para o pr��prio
suic��dio.
Da�� a palavra do Divino Mestre: "Toda ��rvore que n��o d��
bom fruto, corta-se e lan��a-se ao fogo".
5 1 . a
" Conduz os meus passos pela vereda da justi��a, por amor do
seu nome". - David (SALMO)
Premido por muitas tarefas no campo da benefic��ncia, face
aos compromissos assumidos com os amados mentores espiritu-
ais, passei a dormir no Quartel.
O coronel O. L. me entregou uma turma de aprendizes,
constitu��da de crian��as pobres, para permanecerem sob meus
cuidados, durante o dia, no recinto do Parque de Aeron��utica
do Recife, distribu��das pelas oficinas, ensaiando-se nas diversas
especialidades. Deu-me ampla permiss��o para angariar donativos
entre militares e civis que desejassem cooperar, o que eu realizava
mensalmente.
Em vista das arrecada����es feitas sistematicamente, em conso-
159
n��ncia com campanhas realizadas aos domingos e feriados, para
os Abrigos mais pobres do Recife, passei a ser visto por alguns
trabalhadores civis de baixo n��vel, como milion��rio. Dormindo
no Quartel, pela necessidade de harmonizar as tarefas beneficen-
tes, fui avisado por mentores do plano espiritual que tomasse
cuidado, pois estava sendo visado por ditos trabalhadores, que
buscavam assaltar-me, na calada da noite, quando eu regressasse
ao Quartel.
A confian��a muito grande que sempre depositei nos referidos
mentores, fazia n��o levar muito a s��rio o desejo daqueles coitados,
dos quais eu tinha piedade.
Num s��bado, regressei das atividades esp��ritas, tomando o
��ltimo ��nibus, ��s 23:30 hs. Como sempre, costumava saltar na
esquina duma rua na Vila do Ipsep, donde tomava a estrada muito
escura, que me conduzia ao Parque; mas desta vez, magnetizado
pelo esp��rito protetor que me acompanhava, adormeci e quando
acordei, encontrava-me no ponto final do ��nibus, dentro da
refeida Vila. Perguntei a mim mesmo como acontecera aquilo.
Saltei do ��nibus rumando para o Quartel. Ap��s haver cami-
nhado alguns passos, ao cruzar uma rua, vi na porta de sua casa
a telefonista do Parque, que me falou um tanto nervosa: - Sr.
Sobreira, a esta hora por aqui?
Aproximando-me, saudei-a com um simples boa noite. Ela
ficou profundamente sensibilizada e falou: - Entre, porque quero
apresent��-lo �� minha m��e. Respondi: - �� muito tarde para uma
apresenta����o, pois o rel��gio est�� marcando 24:00 hs.
Contudo, a dita telefonista insistiu: - O senhor n��o vai ago-
ra, pois pretendo preparar-lhe uma vitamina. Visto a insist��ncia
dela, para m��o contrari��-la, entrei. Fui apresentado �� velhinha
sua m��e, entretendo com ela uma amistosa palestra. A certa
altura, a referida telefonista veio �� sala e me disse: - O senhor
vai me perdoar porque s�� tenho esta pequena banana para a sua
vitamina. Ao que respondi: -Mesmo assim �� muita bondade sua.
Dentro em breve trouxe-me um pequeno copo com a vita-
mina prometida, que sorvi, movido de gratid��o. Ap��s a ingest��o
desta, levantei-me e cumprimentei a velhinha para retirar-me.
160
Esta me disse, em atitude ponderada: - Sr. Sobreira, o senhor
vai ser assaltado! Retruquei: - Minha irm��, estou nas m��os de
Deus, pois �� Ele quem me conduz.
Despedi-me tamb��m da telefonista, a quem agradeci o favor
recebido. Procurei a estrada que me conduziria ao Quartel; quan-
do penetrei na parte escura, o protetor invis��vel que ia ao meu
lado me disse atrav��s da intui����o: - "Os assaltantes te esperaram
at�� h�� bem pouco; o tempo que passaste na casa da telefonista foi
necess��rio para que eles se desvanecessem e se retirassem; acres-
centou: n��o venhas mais a esta hora, procura dormir na cidade.
Recebi o aviso providencial, mas considerei as tarefas que tinha
para realizar, pelo que resolvi n��o interromper o meu programa.
No dia seguinte - domingo - ��s mesmas horas do dia ante-
rior, de regresso das atividades esp��ritas em Afogados, tomei o
��nibus para IPSEP, verificando que dentro dele ia um mulato,
trabalhador do Parque, que morava em ��gua Fria; o qual ne-
nhum trabalho tinha para realizar nesta Organiza����o durante
a noite, pois que as atividades nesta, eram somente durante as
horas do dia. Interroguei a mim mesmo: Que pretende este mu-
lato, a estas horas, realizar por estas paragens? O meu protetor
espiritual respondeu-me, intuitivamente - Este mulato pretende
assaltar-te.
Atento �� resposta recebida, n��o alimentei o menor receio,
pois me senti amparado pelo cumprimento dos meus deveres.
Na Imbiribeira, tomou o ��nibus, um vigilante armado que ia
vigiar o Parque durante o resto da noite. No ponto costumeiro,
dei o sinal para a parada do refetido ��nibus; saltei e quando j��
tomava a estrada escura, ouvi um barulho dentro do ve��culo.
Voltei para ver de que se tratava! Na porta de sa��da do ��nibus,
estava o vigilante revoltado, a maltratar o mulato. Perguntei a ele
o que acontecera. Este exclamou: - O que devo fazer com este
miser��vel, pois quando eu ia saltando, ele me empurrou violen-
tamente para derrubar-me! Respondi, sem deten��a: - Entregue-o
a Deus!
O guarda saltou e me ladeando, acompanhou-me pois ia
para o mesmo destino que eu. O protetor espiritual avisou-me:
161
"O mulato pretendia inutilizar o vigilante para apoderar-se de
ti, foi este o motivo de haver empurrado".
Segui pela estrada escura afora com o vigilante, quando ap��s
alguns minutos de trajeto, dos fundos de uma casa em constru����o,
surgiu outro trabalhador do Parque, p��s descal��os, cal��a e camisa,
que veio em nossa dire����o. Falou-me o mentor espiritual: "este
outro pretendia juntar-se ao primeiro para realizarem o assalto
premeditado; de agora em diante, como j�� te aconselhei, procura
dormir no Recife".
Agradeci a Deus a prote����o recebida, obedecendo ao mentor
amigo, que me livrou da "boca do le��o". Por isso direi sempre:
"Senhor, conduz os meus passos pela verdade da justi��a, por
amor do teu nome".
5 2 . a
" Fazei amigos com as riquezas injustas, para que, quando
elas vos faltarem, eles vos recebam nos tabern��culos eternos".
- Jesus
No Parque de Aeron��utica do Recife, servi sob o comando
do coronel aviador O. L., no qual encontrei n��o somente um
amigo, mas tamb��m um aut��ntico cooperador das obras de as-
sist��ncia.
Autorizou-me a organizar dentro do Quartel uma turma de
aprendizes, constitu��da das crian��as mais pobres dos arrabaldes
desta cidade. E o que havia de lindo naquele chefe era a liberda-
de de pensar! Por isso, orientei a turma, segundo os princ��pios
esp��ritas, fundando at�� uma mocidade, que para a nossa tristeza,
n��o foi avante.
Mo��o ainda, O. L. foi acometido de um enfarte, que o fez
afastar-se do comando daquela Unidade, deixando-nos profunda
desola����o. Passei para a reserva da Aeron��utica, em 1958, saben-
do que o amigo em apre��o se houvera recuperado e viajara aos
Estados Unidos, para cursar a Escola Superior de Aeron��utica.
Encontrava-me em S��o Lu��s - Maranh��o, quando, certa noite,
162
sonhei que era atra��do para o aludido Parque de Aeron��utica do
Recife, onde via uma grande multid��o de militares-aviadores no
alpendre do refeit��rio, cercando o coronel O. L. Quando acordei,
lembrei-me do sonho, mas n��o compreendi o significado dele.
Vindo a Recife, recebi a not��cia, segundo a qual o inesque-
c��vel benfeitor falecera alguns meses antes. Lembrei o sonho,
compreendendo que, na noite em que sonhara, n��s e os esp��ritos
dos amigos de O. L., f��ramos convocados para a despedida que
se realizou no recinto do referido Parque. Depois do sonho
descrito, sonhei outra vez, vendo-o num Sanat��rio Espiritual,
onde ele fora recolhido ap��s o trespasse.
Tenho certeza de que ele deixou na terra um grande n��mero
de amigos, que se ligaram ao seu esp��rito, atra��dos pelos seus atos
de lealdade e de simplicidade, raz��o pela qual o Divino Mestre
aconselhou: "Fazei amigos com as riquezas injustas, para que
quando elas vos faltarem, eles vos receber��o nos tabern��culos
eternos".
5 3 . a
"Se algu��m me servir, meu Pai o honrar��". - Jesus
Dentre os esp��ritos que se comunicavam pela mediunidade
de minha esposa, havia um, que a par do sentimento piedoso,
demonstrava uma en��rgica vontade na pr��tica do bem aos ne-
cessitados. Manifestado na minha esposa, dirigiu-se a mim neste
termos:
- Pe��o, em nome de Deus, para voc�� arranjar uma coloca����o
para P. no lugar onde trabalha.
Eu trabalhava no antigo Dep��sito de Avia����o, cujo pr��dio
funcionava dentro da ��rea da Escola de Cadetes da Aeron��utica.
O pedido de coloca����o para P. era justo, pois o chefe, Coronel
C, havia dado ordens ao Gestor, Tenente X., para colocar
trabalhadores que satisfizessem aos dispositivos legais. Prometi
ao esp��rito de Tupinamb��, da Tribo dos Aymor��s, que faria o
pedido ao sr. Gestor.
163
No dia seguinte, levei os documentos, fiz a solicita����o do
emprego para P.
O Tenente X. me disse: - Deixe comigo os documentos e
aguarde.
Passaram-se os dias e nenhuma resposta foi dada ao caso da
coloca����o em apre��o.
Voltou o esp��rito e tornou a pedir: - V�� falar com o Gestor
sobre o emprego, porque ele esqueceu o pedido.
Atenciosamente tornei a procurar o Ten. X., com a m��xima
cordialidade, uma vez que sempre me esforcei por respeitar ao
m��ximo a hierarquia militar. Pedi a devida licen��a e ponderei
j�� ter entregue os documentos para a obten����o do emprego des-
tinado ao trabalhador P. O Gestor, contrafeito, respondeu-me:
- Deixe por minha conta.
Na v��spera do anivers��rio do Dep��sito, manifesta-se o
esp��rito do caboclo, que me falou nestes termos: - Voc�� �� mole!
Interroguei-o: - Por que eu sou mole? ao que ele me respondeu:
- Porque n��o est�� tomando o devido interesse pela coloca����o
de P. Falei, ent��o: - Meu irm��o, estou cumprindo o que lhe
prometi, mas pe��o a sua ajuda. Ele afirmou: - Vamos conseguir
o emprego, e retirou-se.
Chegado o dia do referido anivers��rio, n��o houve trabalho
na reparti����o, todavia foi obrigat��rio o comparecimento de
todos, para a solenidade que se realizou.
Num canto do Dep��sito, eu aguardava a hora da supracitada
solenidade, ao mesmo passo que pensava em como solucionar o
caso da coloca����o de P.
Num dado instante, chegou o Coronel Chefe e come��ou
a conversar com o Tenente X. e demais oficiais, na porta de
entrada. Lembrei-me do pedido do esp��rito e pensei neste com
verdadeira vibra����o de f��. Senti-me transformado em outro;
soberana coragem me invadiu todo. E, calmamente, sem pedir
permiss��o ao Ten. Gestor, dirigi-me diretamente ao coronel,
nestas palavras:
- Coronel, pe��o licen��a! - Fiz a contin��ncia.
164
Perguntou-me este: - O que deseja sargento? ao que respondi:
- Coronel, conforme a ordem expressa do senhor, para colocar
trabalhadores no Dep��sito, j�� entreguei os documentos do tra-
balhador P. ao sr. Ten. Gestor, faz uns quinze dias, contudo este
nada resolveu at�� agora. Pe��o a sua provid��ncia neste sentido.
Eu n��o tinha terminado a frase, quando o Tenente X. indig-
nado comigo, retrucou: - Ora, sargento... nesta ��ltima palavra,
o Coronel Comandante da Escola de Cadetes dos Afonsos, em
cuja ��rea funcionava o edif��cio do Dep��sito, grita na porta do
fundo deste: - Cad�� o Chefe? Quero falar com ele j��! e foi en-
trando porta a dentro, gritando indignado, porque dera ordens
para que nenhum ve��culo do Dep��sito rodasse pela ��rea lateral
da Escola, para n��o machucar o lindo gramado ali existente; e
naquela manh�� verificara que o referido gramado fora atingido.
Por esta raz��o, ele gritava encolerizado: - Onde est�� o chefe do
Dep��sito? Quero falar com ele!
O Coronel Chefe deu ordens ao Ten. Gestor para ir prestar
contas do caso, que era da al��ada deste, que procurou apresentar-
se ao Chefe do Curso de Cadetes, sem lograr justificativa, pois
alegava este, que havia reincid��ncia na falta, acrescentando com
��nfase: - N��o o prendo porque n��o sou o seu chefe.
Os funcion��rios, os militares que compareceram �� soleni-
dade, se apinhavam para ver o desfecho, que foi ben��fico, de vez
que as coisas serenaram, gra��as a Deus.
No outro dia foi publicada a ordem do Ten. Gestor, colo-
cando P., recomendado pelo caboclo Tupinamb��, como traba-
lhador do Dep��stio de Avia����o.
Na hora em que fiz o pedido ao Coronel Chefe, esperei
ficar preso, contudo cumpriram-se em mim as palavras do Di-
vino Mestre: "Se algu��m me servir, meu Pai o honrar��" e destas
outras "Quando algo fizerdes em benef��cio de um necessitado,
�� a mim que o fazeis".
165
5 4 . a
"Orai por quem vos persegue e calunia". - Jesus
Dirigindo uma turma de aprendizes das oficinas do Parque
de Aeron��utica do Recife, esfor��ava-me por orient��-la com os
princ��pios do Espiritismo Crist��o, que �� o Consolador prometido
pelo Divino Mestre, h�� dois mil anos.
Diariamente, ministrava-lhes aulas esp��ritas. Tive a preo-
cupa����o de distibuir, com cada aprendiz, um manual esp��rita.
Constitu��da de crian��as de n��vel moral variado, faziam-se
mister, em determinadas ocasi��es, repreens��es severas, uma vez
que havia crian��as que assaltavam as outras dentro do pr��prio
Quartel, para arrebatar-lhes qualquer centavo que trouxesse.
Da�� a necessidade das aulas esp��ritas crist��s, para despertar nos
referidos aprendizes as no����es de justi��a, ensinadas pelo Divino
Mestre e confirmadas pelo Espiritismo Crist��o.
N��o ignoramos, pelos estudos esp��ritas a que nos dedicamos
h�� mais de 40 anos, que duas humanidades se acotovelam em
tudo e por toda parte: a corp��rea e a incorp��rea.
A primeira, constitu��da dos encarnados e a segunda dos
desencarnados. Uma movimenta-se temporariamente, presa a
corpos desmanch��veis; outra, livremente, de acordo com o grau
evolutivo alcan��ado.
Certo �� que as orienta����es esp��ritas, por mim ministradas
aos alunos acima referidos, repercutiam mal ao clero invis��vel,
que n��o perdia ocasi��o de mover-me persegui����o: ora ostensiva,
influenciando indisciplinados para oporem obst��culos ��s tarefas,
ora invis��veis, atrav��s da minha mediunidade, visto como os
m��diuns s��o as pessoas mais suscept��veis de serem influenciadas
pelos esp��ritos, dada a sua constitui����o perispiritual.
Notei, pelo sentido medi��nico da intui����o, que estava
numa perigosa faixa de persegui����o espiritual. Todavia, longe de
esmorecer, prossegui no esfor��o e na ora����o e atra�� as pot��ncias
benfazejas, para a defesa de quem ora, pois o Senhor Jesus reco-
mendou sabiamente: "Orai e vigiai para n��o cairdes em tenta����o".
N��o obstante, a persegui����o continuava tenaz!
166
Certa noite, achava-me no servi��o de Oficial de Dia ao
Parque, percebendo visivelmente, pelo sentido medi��nico, o im-
pacto ininterrupto, de flu��dos de ��dio contra mim arremessados.
Ap��s o servi��o de ronda, recolhi-me para o descanso. Retirei a
arma da cinta, fiz a prece comovida e sincera, na qual roguei pelo
meu perseguidor invis��vel. Enquanto orava, exteriorizei-me o
bastante, em esp��rito, adquirindo a vid��ncia espiritual, com a
qual vi claramente ao meu lado, em atitude de ataque com os
punhos cerrados, o esp��rito de um frade, revoltado comigo por
causa dos ensinos esp��ritas que eu ministrava aos meus alunos.
Ent��o dirigi a ele a palavra, neste termos: - Vem, amado
irm��o - estendi-lhe os bra��os - aceita um apertado e sincero
abra��o em nome de Jesus. Continuei: - Vem abra��ar-me; amo-te,
porque ��s meu irm��o.
Vibrando amor fraterno, esperei, com os bra��os abertos,
que ele viesse! Contudo, n��o veio; ao contr��rio, retirou-se com
a rapidez do rel��mpago e n��o mais voltou. Cessou a tenebrosa
influ��ncia, ficando a envolver-me o suave magnetismo dos esp��-
ritos benfazejos por mim atra��dos, com a ora����o feita, com os
sentimentos fraternos recomendados pelo Divino Mestre, no
Evangelho: "Amai a vossos inimigos, fazei o bem a quem vos
odeia, orai por quem vos persegue e calunia".
5 5 . a
"N��O fa��as aos outros o que n��o queres que se te fa��a". -
Jesus
Esqueci-me do divino ensinamento acima mencionado,
motivo pelo qual suportei a expia����o mais pesada da atual reen-
carna����o.
Foi durante o ano de 1967 que enfrentei, corajosamente, a
referida expia����o, que de acordo com os ensinos esp��ritas, signi-
fica "sofrer os efeitos dos sofrimentos que infligimos aos outros".
N��o foi por perversidade que iniciei o desquite com a mi-
nha esposa; foi por inexperi��ncia. Dias ap��s haver dado in��cio
ao aludido desquite, sonhei com ela, que vinha chorando por
167
uma rua onde hav��amos passado muitos anos atr��s, quando nos
casamos. Vendo-a chorando, a lamuriar: - "Desquite! Desquite!
senti profunda piedade dela, perguntando-lhe: - Elzinha, o que
�� que voc�� tem que est�� chorando? Ela nada me respondeu! Foi
t��o grande a emo����o que senti neste sonho, que me acordei
chorando.
Esp��rito pouco purificado e incipiente na conquista da sabe-
doria, n��o previ os sofrimentos que resultariam para a esposa, do
meu ato de desquite, quanto para mim, em conseq����ncia da lei
universal do retorno ou da compensa����o que imp��e ao autor, a
fatal conseq����ncia dos seus atos. Provoquei o citado desquite pelo
seguinte: eu, chegando �� velhice, estava precisando de uma com-
panheira para ajudar-me nas lides da vida. Ela, a minha esposa, se
desviara de mim, para viver com um oficial, que a abandonara.
Todavia, o meu erro lament��vel consistiu em retirar dela a
parte do meu vencimento, que sempre enviara. Eu, na qualidade
de pregador do Evangelho do Divino Mestre, h�� longo anos!
Como propagandista das alcandoradas mensagens esp��ritas, sa-
bedor que ela estava abandonada, eu deveria usar de miseric��rdia
com ela; ensina a palavra divina: "Perdoai, n��o sete vezes, mas
setenta vezes sete vezes", "Fazei aos outros, tudo quanto quereis que vos seja feito", "O servo que soube da vontade do seu Senhor e n��o se aprontou, receber�� duros a��oites".
Eu, na categoria de conhecedor da lei justa e misericordiosa
do Alt��ssimo, achava-me na obriga����o de cumpri-la. Sei que esta
explica����o �� inconceb��vel ao homem mundano, assoberbado pe-
los problemas da vida transit��ria. Quanto a mim, durante quase
um ano, preso ao leito do hospital, tive, merc�� de Deus, tempo
para arregimentar id��ias coerentes com as minhas responsabili-
dades, face �� Gloriosa Doutrina Esp��rita que prego, faz muitos
anos.
Confessei a Deus, Pai de todos os Amores, o meu pecado!
A esposa, revoltada comigo, enviou-me diversas macumbas, que
muito me a��oitaram.
A��oitado por dentro, por t��-la desamparado, pois faltei com a
pr��tica da caridade; a��oitado por fora, pelas for��as da macumba,
passei a meditar nos ensinamentos do Divino Mestre: "Amai-vos
168
uns aos outros, como eu vos amei", "N��o fa��ais aos outros o que n��o quereis vos seja feito".
Compreendi, em ess��ncia, que o meu problema s�� teria
uma solu����o: amar a esposa, perdo��-la sinceramente, tornar a
dar-lhe a ter��a parte do meu vencimento, de que ela precisa para
se manter. Assim o fiz!
Pensando no amor e na humildade de Nosso Senhor Jesus
Cristo, procurei escrever a ela, a quem pedi perd��o, enviando-lhe
mensalmente, como ainda estou fazendo atualmente, dita ter��a
parte de meu vencimento.
Terminou a guerra entre n��s, com a simples aplica����o do
ensino do Senhor Jesus: "Amai-vos uns aos outros, como eu vos
amei".
Por isso pe��o encarecidamente aos meus irm��os, esp��ritos
em provas e expia����es quanto eu: estudem, estudem, estudem...
mas, n��o esque��am de, a cada instante, estarem examinando o
mundo ��ntimo, a consci��ncia, para verificarem se est��o proce-
dendo de acordo com a lei universal do amor, expressa nestas
palavras simples e sapient��ssimas, ensinadas pelo Divino Mestre
e Senhor Jesus: - "Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei
a v��s", "Perdoai n��o sete vezes, mas setenta vezes sete vezes",
"N��o fa��ais aos outros o que n��o queira vos seja feito, fazei aos
outros tudo quanto queirais vos seja feito". Nestas palavras est��
o rumo certo para a paz serena da consci��ncia tranq��ila, para as
eternas alegrias do reino de Deus, onde viver��o, eternamente,
os esp��ritos bem-aventurados.
5 6 . a
"N��O rogo somente por estes, mas tamb��m por aqueles que
pela sua palavra h��o de crer em mim, para que todos sejam
um,
assim como n��s somos um". - Jesus
Muita gente h�� de perguntar pelas raz��es do espl��ndido
triunfo, obtido na constru����o da Casa dos Humildes, n��o obs-
tante a demora para a obten����o do mesmo. Responderei que
169
ditas raz��es repousam na obedi��ncia aos ensinamentos contidos
nas palavras acima escritas, que resumem a sabedoria do Divino
Mestre: PRECE E UNI��O!
Foi orando incessantemente ao Divino Autor das nossas
imortalidades e em uni��o inquebrant��vel com os irm��os de
ideal esp��rita, que conseguimos ver a CASA DOS HUMILDES
tomar vulto e tornar-se o que hoje ��: a Institui����o que abriga 40
internados, muito embora n��o tenhamos chegado ao t��rmino da
referida constru����o, uma vez que faltam muitos detalhes ainda,
para v��-la constru��da.
Contudo, a parte cr��tica foi vencida! Durante nove anos, de
agosto de 1964 a junho de 1973, nunca perdemos as esperan��as de
v��-la constru��da e funcionando; jamais interrompemos as nossas
preces, nem perdemos o roteiro de uni��o com os companheiros
que se haviam comprometido conosco, para, coesos e irmanados,
levarmos a cabo o t��rmino da obra Casa dos Humildes.
N��o resisto ao desejo de citar-lhes os nomes: Jo��o Rodrigues
da Costa, Nilson Melo, Josemar Rodrigues Soares, Joel Almeida,
Arnaldo Correia Barbosa, Dr. Jos�� Costa, Dr. Edgar H. Siqueira,
Judite Lima e o Dr. Arthur Dauzi.
E o dinheiro para a constru����o da referida obra? Este foi
angariado, diretamente das Campanhas realizadas com a mochila
na m��o, por turmas abnegadas de Legion��rios do Quilo, duran-
te oito anos, complementados por listas e pequenas doa����es;
finalmente, durante pouco mais de um ano, pela ajuda valiosa
da CAPEMI que veio coroar os nossos esfor��os.
Jo��o Rodrigues da Costa ("Jo��ozinho"), m��dium a servi��o
do Divino Mestre, h�� perto de trinta anos, presidente do N��-
cleo Esp��rita Centelha de Jesus, foi o primeiro que soube,
transmitida por mim, a determina����o de nosso Mentor Espiri-
tual Adolfo Bezerra de Menezes, para darmos in��cio �� referida
constru����o.
Em agosto de 1964, no N��cleo Esp��rita Centelha de Jesus
foi feito o primeiro incentivo com vistas ao seguimento da obra
em apre��o.
Jo��o Rodrigues da Costa, na presid��ncia da Escola Central
170
do Quilo, meses depois obtinha do N��cleo Esp��rita Centelha
de Jesus a realiza����o de Campanhas do Quilo, em benef��cio da
aludida CASA DOS HUMILDES, todos os s��bados, ficando
os g��neros aliment��cios para o Abrigo Bezerra de Menezes e o
dinheiro para a constru����o daquela Institui����o.
N��o ficou a�� a atua����o do Jo��o Rodrigues; ao meu lado,
marchou nos incentivos pelos Centros Esp��ritas, �� procura do ter-
reno para ser comprado. Incans��vel este companheiro, logo que
se adquiriu o terreno, em Casa Forte, alvitrou para levantar-se o
compartimento onde iniciamos as reuni��es esp��ritas semanais,
ficando o referido companheiro com a dire����o dos trabalhos nas
quintas-feiras.
S�� Deus, Pai de Infinito Amor e Infinita Sabedoria, pode
avaliar a contribui����o enorme dada pelo esfor��ad��ssimo Presi-
dente da Centelha de Jesus. Todavia, com gozo enorme, lembro
aqui, a contribui����o grandiosa ofertada por Josemar Rodrigues.
Este trabalhador decidiu-se a dar a alma e o corpo em benef��cio
do levantamento da Casa dos Humildes. Desde o in��cio, caracte-
rizou-se por uma f�� inquebrant��vel, um prazer irrestrito de servir
�� CAUSA DO BEM, um senso equilibrad��ssimo, para ajudar na
solu����o de todos os problemas referentes ao prosseguimento da
obra. Nunca recuou nos momentos de sacrif��cio em benef��cio
da Causa, quando convidado para enfrentar qualquer problema;
seja com o saco no ombro e a mochila na m��o para realizar a
Campanha do Quilo, seja em contribui����o pessoal, dando do seu
pr��prio suor a quantia necess��ria para a vit��ria do Bem. Jamais
esquecerei, contudo, o valoroso Nilson Melo. Este irm��o de ideal
empregou todos os recursos ao seu alcance para ver concretizada
a dita Casa dos Humildes. Temos a prova desta afirmativa, no
caso do c��lculo da resist��ncia dos materiais para a constru����o
do edif��cio principal, que vinha pendente h�� dois anos. Nilson
Melo resolveu tomar a si a solu����o do caso e por insignificante
pre��o, em menos de dois meses, solucionou o problema. Orga-
nizou, na mais completa ordem, o movimento de promiss��rias
que tanto beneficiou o levantamento da referida obra. A cada
passo, surpreendia-nos o Nilson, raciocinando como melhorar
171
o andamento das coisas para a vit��ria final.
E o Dr. Jos�� Costa? Desde o in��cio da obra manifestou-se sob
a forma genial de verdadeiro benfeitor: inicialmente, cedeu-nos o
terreno por um pre��o que se nos afigurou um presente, pois sabe-
mos os altos pre��os dos terrenos de Casa Forte. Aceitou a ��rdua
tarefa de comprar e carrear os materiais para a constru����o. Na
idade avan��ada em que se encontrava - 78 anos de idade - nunca
se deu por cansado! Durante o espa��o de nove anos trabalhou, o
que fazia por voca����o, servia com absoluto desinteresse, trazendo
na sua alma, uma forte coura��a, resultante dos bons servi��os pres-
tados, ora como m��dico, gratuitamente aos pobres, ora como
obreiro do Alt��ssimo nos trabalhos da Casa dos Humildes.
Que diria eu sobre Joel Almeida? Este confrade serviu
como secret��rio da Casa dos Humildes, durante sete anos, como
espelho vivo de pontualidade, assiduidade e dedica����o; figura
amor��vel, jovial, com a sua presen��a laboriosa, suas atitudes, foi
um inestim��vel aux��lio para todos os companheiros de ideal.
Com rela����o a Arnaldo Correia Barbosa, sei dizer que a
sua palavra era t��o animadora, t��o eloq��ente, capaz de restituir
��nimo e f�� aos mais descrentes.
Com refer��ncia ao Dr. Edgar Homem, s�� sei que por mais
de 4 anos, arrecadou de s��cios, angariados por ele mesmo, mais
de Cr$ 4.000,00 para a constru����o da Casa dos Humildes.
Nenhuma das pessoas acima obscurece a de Judith Lima,
organizadora do Livro-Caixa, cooperadora infatig��vel, cuja a����o
persistente cujo senso de responsabilidade ultrapassa tudo o que
se possa imaginar.
Quanto ao Engenheiro Dr. Arthur Danzi, construtor da
obra, teve a felicidade de registrar no seu livro de vida eterna, o
t��-la constru��do gratuitamente.
Nesta era de utilitarismo, um engenheiro afastar-se dos seus
interesses particulares para construir uma obra, desinteressada-
mente, �� demonstra����o de alto valor consciencial.
Concluindo, de joelhos em esp��rito e verdade, agrade��o
ao meu Divino Criador e Pai, ter-me ladeado por esses compa-
172
nheiros, que formaram o valioso colar, cujo alto valor levantou
a obra da Casa dos Humildes.
Mas neste colar figura uma p��rola de sublime valor: Maria
Bel��m Xavier, Diretora da Casa Assistencial do Velho, da CA-
PEMI, por cuja irrestrita generosidade foi concedido quanto
quis��ssemos para o t��rmino da constru����o. Foi esta ��ltima
oferta, feita pela genial obreira da Causa de Jesus Maria Bel��m,
que assinalou a vit��ria final, em marcha para a conclus��o da obra
que n��o vem longe de terminar. Entretanto, �� justo registrar que
foram milhares os contribuintes de quase todas as Organiza����es
do Recife que deram o mais vivo testemunho dos ensinamentos
de Allan Kardec:
Trabalho, Solidariedade e Toler��ncia.
5 7 . a
" A luz ainda est�� convosco por um pouco de tempo." -
Jesus
A luz a que se refere o Divino Mestre, na passagem evan-
g��lica acima mencionada, �� a oportunidade que todos n��s, esp��-
ritos reencarnados, temos durante a reencarna����o, cujo tempo
�� infinito face �� eternidade, para cumprirmos os deveres que
nos s��o impostos pela Lei Imut��vel do Progresso, com vistas ao
pagamento dos d��bitos contra��dos com a Lei Divina, a fim de
nos reabilitarmos perante as nossas pr��prias conci��ncias.
Negligenciar os deveres �� perder a chance de progredir, e
portanto de se tornar mais feliz na eternidade. �� o caso de O.
X., ex-funcion��rio do Parque de Aeron��utica do Recife.
Instalado pelo meu mentor espiritual, Esp��rito Bezerra
de Menezes, movimentei-me na realiza����o de uma campanha
beneficente, buscando obter de todos os oficiais, sargentos,
pra��as, funcion��rios e trabalhadores civis daquela Corpora����o,
ajuda em g��neros aliment��cios e dinheiro para as fam��lias pobres
dos bairros do IPSEP e IBURA. E todos, com exce����es raras,
concordaram em descontar determinada quantia, mensalmente,
para ser aplicada na compra de g��neros aliment��cios, com a fina-
lidade supracitada. Todo fim de m��s, dita quantia era descontada
na folha de vencimento dos aludidos cooperadores, e o referido
173
funcion��rio O. X., que despachava as compras na Cantina, foi
avisado para despachar tamb��m estas em benef��cio dos pobres.
Contudo, creio que pelo fato de aumentar o seu trabalho,
de vez que ao lado dos g��neros que eram da sua obriga����o despa-
char para militares e civis do Parque, ele que a princ��pio aceitou
a gloriosa incumb��ncia de sacrificar-se um pouco em benef��cio
dos pobres, meses depois recusou cooperar neste sentido.
Poucos mais de um m��s ap��s a recusa, faleceu repentina-
mente o referido funcion��rio. Pensando na partida do esp��rito
dele, para o al��m-t��mulo, recebemos um aviso por via espiri-
tual, segundo o qual, citada partida relacionava-se com a sua
desist��ncia em realizar a obra caridosa de ajuda aos sofredores,
que constitu��a a sua chance de iluminar e preparar a ascens��o
na vida espiritual. Recusando a oportunidade que lhe fora dada
pelo Divino Mestre, assemelhou-se a um aluno que recusasse
enfrentar os providenciais obst��culos do curso, onde estivesse
matriculado. Perdeu a maravilhosa ocasi��o de reparar d��vidas do
passado e qui���� do presente, com o dedicar-se um pouco ao bem
dos semelhantes mais necessitados que ele.
Quantos esp��ritos voltam ao mundo espiritual por retar-
darem indefinidamente a pr��tica da Lei da Caridade, voltando
assim aos umbrais ou planos escuros onde se encontravam, antes
da reencarna����o?
Atendamos, o mais breve poss��vel, �� recomenda����o do Di-
vino Mestre e Senhor Jesus: "A luz ainda est�� convosco por um
pouco de tempo", isto ��, aproveitai a oportunidade em que vos
encontrais, para progredir na pr��tica do bem e amor ao pr��ximo.
5 8 . a
"N��O te hei dito, que se creres ver��s a gl��ria de Deus?". -
Jesus
Em junho de 1964, encontrava-me em Itabuna, cidade do
sul da Bahia, pronto para seguir para Vit��ria, capital do Esp��-
rito Santo, a fim de cumprir o programa que a Espiritualidade
Superior me tra��ara, qual era o de levar a Campanha do Quilo
174
�� terra capixaba.
Estava esperando os meus vencimentos, que me seriam
remetidos por certa pessoa amiga da cidade do Recife, quando
recebi aviso de que o m��dium M. E. viria ter comigo, visando
tratamento de sa��de, por n��o encontrar nesta cidade recursos
para tal.
Dizia o referido m��dium que confiava muito no esp��rito
de Bezerra de Menezes e acrescentava que, achando-se ao meu
lado, poder��amos n��s ambos, obter a devida assist��ncia dele para
atingir o desiderato.
Suspendi a viagem programada, para atender �� solicita����o que
tomava como ponto de refer��ncia o nosso amado Mentor, acima
citado.
Poucos dias depois do referido aviso, chegou o m��dium M.
E., cuja enfermidade exigia tratamento persistente tanto da alma
quanto do corpo.
Ao lado dele, na mesma hospedaria, pusemo-nos em a����o:
preces ��s horas certas, freq����ncias ��s reuni��es esp��ritas, leituras
de p��ginas edificantes e medicamentos sob prescri����o m��dica.
Numa reuni��o esp��rita realizada em domic��lio, recebemos,
por interm��dio da mediunidade de M. E., uma mensagem na qual
o esp��rito manifestante afirmou que trazia do Alto a orienta����o
conforme a qual, eu deveria voltar para Recife, a fim de fundar
nesta cidade, um abrigo destinado �� velhice e �� inf��ncia de ambos
os sexos, pedindo a seguir uma reuni��o ��ntima, para o dia 4 do
citado m��s de junho, na qual viria deixar por escrito a solu����o
do problema exposto.
Reunimo-nos no referido dia, quando nos foi escrita a
orienta����o por via medi��nica, a ser seguida em Recife.
Nas v��speras do embarque senti um enorme des��nimo, face
�� determina����o superior de que estava inteiramente informado.
At�� ent��o tinha me esfor��ado bastante pela funda����o da Cam-
panha do Quilo em benef��cio dos Abrigos Esp��ritas por onde
passara, contudo, a partir daquele instante, teria que batalhar
para construir uma Organiza����o Esp��rita, �� qual fora dada a
denomina����o de CASA DOS HUMILDES, destinada �� velhice
175
e �� inf��ncia de ambos os sexos. Perguntava a mim mesmo: E os
cooperadores para me ajudarem nesta grav��ssima tarefa? �� ver-
dade que ao receber a mensagem em apre��o, aquiesci sem reserva
ao sublime convite, que considerei uma ordem sagrada. Mas um
frio de solid��o e descren��a come��ou a abalar-me sorrateiramente,
pelo que voltando-me para M. E., disse-lhe: - Viajarei para Recife,
movido exclusivamente pelo compromisso que tenho assumido
com Deus nosso Pai; n��o fosse isso, l�� eu n��o iria.
Chegando nesta cidade, empreguei todos os meus esfor��os
para cumprir religiosamente o supracitado programa recebido do
mais Alto. A medida que obdecia ��s determina����es superiores,
os cooperadores, os recursos, iam-se multiplicando em todas as
dire����es. Tarefeiros e dinheiro surgiam como b��n����o divina,
atestando a promessa de nosso Divino Mestre e Senhor Jesus:
"Ficai certos de que estarei convosco, a todos os instantes,
at�� a consuma����o dos s��culos".
Todavia, ao lado dos tarefeiros dispostos a nos ajudarem,
surgiram advers��rios sistem��ticos, inimigos espont��neos a nos
querer provar, por A + B que era um erro clamoroso o que-
rermos construir uma obra de enormes propor����es, quando j��
existiam tantas iniciadas e n��o terminadas.
Explic��vamos que obedec��amos ��s ordens promanadas de
Cima e que era nosso dever prosseguir. Um companheiro que
abriu luta contra a constru����o da Casa dos Humildes, desencar-
nou pouco tempo depois, visto como a sua posi����o de evid��ncia
nos meios esp��ritas atrapalharia largamente o plano do Alto, que
o chamou ao al��m, para ele n��o perder algo que j�� tinha feito.
Outro companheiro influente transferiu-se de Recife, por n��o
concordar com a obra em apre��o!
Nove anos ap��s embates espirituais, morais e materiais de
toda esp��cie, est�� a Casa dos Humildes levantada em bases s��lidas,
porque em obedi��ncia aos ensinos do Divino Mestre: "Fa��as aos
outros tudo quanto queiras que te fa��as", cumprindo-se a pro-
messa do Divino Salvador: "N��o te hei dito que se creres ver��s
a gl��ria de Deus?".
176
5 9 . a
"Seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para irar". -
Pedro, Ap��stolo
Convidei A. para realizarmos a Campanha do Quilo, ao
que ele atendeu. Realizamos a mesma na ponte Velha do Recife
(6 de Mar��o), de um lado e outro da mesma.
Quando terminamos a tarefa, retiramo-nos em palestra.
Dizia-me ela: - Estou morando na vizinhan��a de uma mulher
que est�� procurando me convencer de que eu devo frequentar
uma reuni��o que diz ser esp��rita, mas que j�� constatei tratar-se
apenas da manifesta����o de esp��ritos, sem outra finalidade que
n��o seja a de buscar os interesses da vida material. Continuou: -
Sou esp��rita kardecista e n��o me deixarei arrastar por nenhuma
doutrina, por mais bela que seja.
Quando ela fez uma pausa, eu disse, um tanto ir��nico, sem
pensar em que os apelos da senhora vizinha dirigidos a A. eram
insuflados pelo esp��rito Jos�� Pelintra que estava ali, nos ladeando
e escutando as minhas palavras contr��rias aos seus prop��sitos,
que ela n��o se deixasse envolver pelas influ��ncias reinantes na
casa da sua vizinha, que procurava prejudic��-la.
N��o conseguindo apanhar-me naquele momento, seguiu-me
o citado esp��rito at�� a minha resid��ncia; e ap��s eu haver tomado
a refei����o, deitei-me para descansar. Nesta ocasi��o senti-o aproxi-
mar-se de mim e atirar-me violentas cargas de fluidos magn��ticos
de ��dio: destas, uma me atingiu nas pernas, outra no ventre,
outra na espinha; com franqueza, digo que me senti t��o mal, que
se me afigurava a hora da morte! Pensei em como agir para sair
daquela angustiosa situa����o. Fiz preces e a ang��stia continuou
empolgante, asfixiante. Fui a J. C, meu vizinho, e convidei-o
para realizarmos uma reuni��o medi��nica, para conversar-mos
com o esp��rito que estava me perseguindo acerbadamente. Foi
feita a prece, lida uma p��gina do Evangelho e a seguir iniciado
o trabalho.
Incorporou-se na minha mediunidade o referido esp��rito,
vibrando ��dio contra mim, dizendo que eu era grande e ele
177
pequeno, mas que pretendia mostrar-me quem podia mais dos
dois.
J. C, conversando com ele, fez-lhe ver que nada tinha contra
ele, que o erro da minha palavra era desculp��vel, que n��o visou
desfeite��-lo, mas somente esclarecer a situa����o de A. Disse mais
J. C. que o conhecia, sabia que era poss��vel estabelecer enten-
dimento fraterno com ele de modo a pacificar a situa����o. Este
afirmou ser o esp��rito de Jos�� Pelintra e sem nenhuma revolta
retirou-se, deixando-me em paz.
Conclus��o: Apanhei muito desta vez por falar em excesso,
da�� a verdade da afirmativa do ap��stolo: "Seja pronto para ouvir,
tardio para falar, tardio para irar".
6 0 . a
Como me tornei espirita
Tinha dezesseis anos incompletos. Morava com o padre E.
D., em Triunfo-Pernambuco. Estava convalescendo, ap��s enfer-
midade que n��o fora grave.
Deitado numa rede, em um quarto cont��guo �� sala de jantar,
onde discutiam referido padre com o esp��rita, capit��o T., que
veraneava naquela cidade.
A discuss��o versava a respeito do inferno, cuja exist��ncia
aludido padre procurava provar de acordo com os ensinos da
Igreja Romana, aos quais dito esp��rita retrucava baseado nos
predicados do Alt��ssimo. Afirmava o sacerdote que todo aquele
que morre em estado de pecado mortal, sem se arrepender, vai
para as chamas do fogo eterno.
E o esp��rita argumentava com os arrazoados esp��ritas, di-
zendo:
- Os principais atributos de Deus s��o Onipot��ncia, Onisci-
��ncia, Oniclem��ncia os quais por si atestam a impossibilidade da
exist��ncia do inferno. E continuava: Sen��o, vejamos: Onisci��ncia
�� um predicado divino pelo qual Deus v�� o eterno presente,
n��o existindo para ele nem passado, nem futuro. Sendo assim,
no momento em que Ele cria uma alma ou esp��rito, sabe o que
178
acontecer�� a ela, no futuro mais distante, que para Ele �� presente.
Prosseguia o esp��rita: - Oniclem��ncia �� um predicado
divino, conforme o qual Deus gera todos os seres, por amor,
para lev��-los para o infinito bem, que �� a alegria infinita. Pelos
ensinos esp��ritas, Deus ao criar um ser sabe o caminho que ele
percorrer��, os erros que cometer��, os sofrimentos que suportar��
para libertar-se da ignor��ncia e da escravid��o dos baixos instintos.
Deus sabe as quedas, os fracassos que o esp��rito suportar��, para
tornar-se perfeito; sendo Oniclemente, o Alt��ssimo concede a
este todos os materiais, todas as oportunidades para se iluminar
e engrandecer, at�� atingir a meta, que �� a perfei����o. Da�� poder-
mos entender os ensinos do Divino Mestre, no Evangelho: "Das
ovelhas que meu Pai me confiou, nenhuma se perder��". Todos
os esp��ritos encarnados e desencarnados ligados �� Terra foram
entregues, pelo Criador, a Nosso Senhor Jesus Cristo, Esp��rito
Perfeito e Imaculado, que realizou a sua perfei����o desde o prin-
c��pio das eras. Somos o rebanho do Divino Salvador e Mestre
Senhor Jesus.
E conclui no mesmo tom de seguran��a:
- Nenhum de n��s se perder��; por mais que demoremos
o nosso aperfei��oamento; cedo ou tarde seremos atra��dos pela
Onipot��ncia, Onisci��ncia e Oniclem��ncia do Criador Incriado.
Foi este o tema desenvolvido pelo Capit��o T., que projetou
luz t��o intensa no meu esp��rito, que naquela noite da discuss��o
deixei de ser cat��lico, para tornar-me esp��rita: quanto mais avan��o
no tempo, mais amo a doutrina esp��rita, porque nela encontro
tudo o que consola e que orienta para a nossa verdadeira uni��o
com o Esp��rito Eterno-Criador e Gerador de todos os seres da
Cria����o.
Com a experi��ncia de 52 anos de doutrina esp��rita, posso e
devo dizer aos meus semelhantes, que lutam no plano terrestre,
para se elevarem �� mesma vida feliz:
Irm��os, estudai e praticai o Espiritismo Crist��o, contido
nas obras fundamentais, compiladas pelo divino mission��rio Sr.
Allan Kaderc: Livro dos Esp��ritos, Livro dos M��diuns, Evangelho
Segundo o Espiritismo, A G��nese e O C��u e o Inferno.
179
No estudo acurado dessas obras, encontrareis o sentido
exato dos ensinos do Divino Mestre, da Lei e dos Profetas. Na
pr��tica desses ensinos descobrireis em v��s mesmos, fontes de
gozos, que vos far��o prelibar as alegrias da vida porvindoura no
Plano dos Esp��ritos Bem-A venturados.
Muitos esp��ritas deslumbram-se pelos conhecimentos da
Doutrina Esp��rita, contudo esquecem a pr��tica da caridade, que
se resume na benefic��ncia irrestrita aos que precisam. Perdem
assim a oportunidade de se elevarem na hierarquia dos seres
felizes.
A finalidade toda dos estudos esp��ritas �� nos conduzir ��
pr��tica sincera e consciente do bem aos nossos semelhantes.
Observai porque afirmou um Esp��rito Celeste: "Amai, eis
o primeiro ensinamento; instrui-vos, eis o segundo".
6 1 . a
"Se algu��m n��o estiver em mim,
ser�� atirado fora como a vara e secar��". - Jesus
A minha prima S. M., m��e de cinco filhos, encontrava-se
afastada do marido, que n��o primava pela responsabilidade con-
jugal. No desejo de cooperar com ela, que passava por grandes
dificuldades, concordei em residir no seu domic��lio, que era casa
alugada.
Na conviv��ncia que iniciei, pude observar que a mo��a mais
velha, por encontrar-se desempregada, mantinha linha de con-
duta sumamente exaltada, e a cada passo, externava express��es
de superioridade, que humilhavam a pr��pria m��e.
A princ��pio, mantive-me indiferente aos modos altaneiros
da referida mo��a, a qual, n��o obstante ser a mais velha da turma,
era de menoridade.
Contudo, percebendo as maneiras irregulares dela, eu, como
primo e cooperador do bem da fam��lia, certa vez, tomei atitude
en��rgica, ao verificar que ela desobedecendo ��s ordens de sua
progenitora, pretendia sair a passeio com amiguinhas irrespon-
s��veis. Foi quando tomei a palavra, no instante mesmo em que
180
ela afirmava rebelde: - Vou passear e ningu��m me impede.
Suspendi a voz e a interroguei autorit��rio: - Com que di-
reito voc�� trata a senhora sua m��e com este desrespeito? Onde
est�� o respeito devido a esta que lhe deu o ser? Ela prosseguiu,
revoltada: - Vou passear! ao que acrescentei: - Voc�� n��o vai, e
vou provar o que estou dizendo.
Retirei o cinto da cintura, aplicando-lhe algumas vergasta-
das. A mo��a, recebendo os a��oites, deteve-se e n��o mais intentou
o que pretendia.
Em prantos, gritou que eu n��o era pai dela. Reconheci que
por meu lado, se havia prestado um oportuno servi��o �� jovem
inexperiente, livrando-a das conquistas de sedutores irrespons��-
veis, por outro lado, deixara-me empolgar por um ato de vio-
l��ncia, em contradi����o com os ensinamentos esp��ritas crist��os,
que nos aconselham a buscar a solu����o de todos os problemas,
norteados pela persua����o e brandura. E a minha consci��ncia,
me erguia acerbamente, lembrando-me a condi����o de pregador
esp��rita, pois �� verdade que a Doutrina Esp��rita �� a Escola do
Amor e da Caridade, por excel��ncia.
Como ensinar estas virtudes aos meus semelhantes, atrav��s
de muitas prega����es verbais e usar a viol��ncia com a mo��a inex-
periente? Fiquei intranquilo e perdi a boa assist��ncia dos meus
guias espirituais, face �� lament��vel ocorr��ncia.
A prova do afastamento dos meus mentores da espiri-
tualidade, tive-a num inqu��rito em que fui envolvido, onde a
humilha����o me feriu em cheio.
Houve um desvio de muni����o, no qual n��o tomei parte,
todavia, pela raz��o de pertencer eu �� Se����o Armamento, fui
chamado a informar a respeito do caso.
Sendo interrogado, nada pude esclarecer, pelo que o Major
Aviador A. dirigiu-se a mim, algo ir��nico, nesses termos: - Esse
anjo n��o sabe informar coisa alguma. Senti os espinhos da humi-
lha����o, reconhecendo no meu foro ��ntimo que estava espinhando
a minha exalta����o orgulhosa, por ter violentado a mo��a rebelde,
que me cabia orientar, esclarecer, e n��o a��oitar.
181
As humilha����es prosseguiram. Outro Major Aviador en-
trou na Se����o de Armamento onde eu trabalhava, chamando-me
sobranceiro: - Venha c��! atendi silencioso, apresentando-me nos
moldes militares: - Pronto, Major! Apontando para determina-
do material, interrogou com ares de que me tinha na conta de
indesej��vel inutilidade: - O que �� isto? sem tergiversar, respondi,
dando a nomenclatura do material em apre��o. Ap��s a explica����o,
retirou-se dito Major, sem mais exig��ncia. Dentro em breve,
inesperadamente fui transferido para o Departamento, onde
trabalhava este chefe, que passou a me observar, suspeito.
Eu compreendia, claramente, a minha situa����o de menospre-
zo, face ao afastamento dos meus mentores espirituais, desde que
invigilantemente, resvalei para a viol��ncia, surrando a minha
prima. Todavia, orando a Deus Pai Compassivo e Bom, com
toda sinceridade, supliquei o perd��o para a minha falta, obtendo-o
sem demora.
Sabemos que a miseric��rdia do Eterno Pai �� ilimitada e desce
ao faltoso, toda vez que este se arrepende. A prova, tive-a numa
ordem, em que aludido Major transmitiu, no sentido de que eu
preparasse uma rela����o do armamento do Departamento por
ele comandado. Recebida citada ordem, n��o s�� a executei, como
preparei outra rela����o n��o menos importante que a primeira,
visto que se relacionava com o armamento de modo geral da
Base A��rea.
Organizei, portanto, as duas rela����es muito cuidadosa-
mente. Sem demora, fui interpelado pelo aludido chefe, nestes
termos: - Traga-me a rela����o do armamento que lhe mandei fazer,
ao que respondi: - N��o apenas relacionei o armamento desta
sub-unidade em particular, como o da Base em geral. Com esta
resposta, observei visivelmente atrav��s dos tra��os fision��micos,
a transforma����o do referido chefe, que passou a ver-me, dali em
diante, sem suspeita.
Constatei, em dura experi��ncia, o valor do arrependimen-
to dos erros cometidos, seguido da ora����o fervorosa, sincera,
ao Divino Criador e Pai. Os meus guias espirituais, vendo-me
sinceramente arrependido, voltaram para perto de mim, raz��o
182
pela qual reintegrei-me no equil��brio habitual.
Mais uma vez compreendi o sentido dos ensinos do Divino
Mestre e Senhor Jesus, contidos no Evangelho: "Se algu��m n��o
estiver em mim, ser�� lan��ado fora como a vara, e secar��", isto
��, transgredir a lei moral, que consiste em fazermos aos outros,
tudo o que queiramos que nos seja feito, e em n��o fazermos aos
outros, o que n��o queiramos que nos seja feito, cair�� na faixa
vibrat��ria dos esp��ritos fracassados, atraindo por lei de afinidade
para o seu lado esp��ritos desequilibrados, com estes vivendo de
queda em queda, por tempo indeterminado.
6 2 . a
A apari����o dos esp��ritos �� provada in��meras vezes, em todos
os tempos, conforme os testemunhos inequ��vocos da Doutrina
Esp��rita
Encontrava-me servindo na Base A��rea do Recife. Termina-
do o primeiro expediente, ap��s o almo��o, dirigi-me �� uma ��rvore
muito copada, n��o muito distante do edif��cio onde trabalhava.
Deitei-me �� sombra da referida ��rvore e madornei tranq��ilamen-
te. Exteriorizei-me do corpo e �� minha direita, num relvado, vi
com clareza insofism��vel, a figura calma, impertub��vel do Papa
Pio XI, a olhar-me com insist��ncia. Por que o esp��rito deste Sumo
Pont��fice me teria procurado, demonstrando tanto interesse em
permanecer ao meu lado por alguns instantes? Como j�� disse
anteriormente, torno a repetir: foi-me revelado, certa vez, em
mensagem do mundo dos esp��ritos, que vai j�� por mil��nios, fui
sacerdote e ocupei alto posto no sacerd��cio romano. Ainda
conforme revela����o obtida, no mandato sacerdotal que exerci,
distanciei-me lamentavelmente dos princ��pios ensinados pelo
Divino Mestre, guiando-me vaidosamente ao poder, entreg��ndo-
me �� lux��ria sensual mais desastrada e exercendo o predom��nio
orgulhoso sobre tudo e sobre todos.
Foi a partir desta quadra de t��tricos desacertos morais, que
come��aram as minhas terr��veis fal��ncias espirituais. Vai por mais
de um mil��nio que venho reencarnando, atrav��s de sucessivos
183
fracassos. Sei bem duma reencarna����o na Fran��a, onde fui m��-
dico, tendo encarnado o sublime sacerd��cio da medicina, apenas
como passaporte para movimentar a vaidade mais tola, o orgulho
mais insensato. Tamb��m j�� tive algumas reencarna����es no Brasil,
como militar, buscando sempre extravazar o orgulho vaidoso.
Parece-me que a reencarna����o mais proveitosa at�� agora foi
esta ��ltima, na qual, muito cedo aceitei a Doutrina Esp��rita, com
que tenho buscado nortear os meus procedimentos, e por esta
raz��o tenho errado menos, sem contudo haver-me regenerado
integralmente.
Sabemos, por experi��ncia, que tanto os atos, como os pensa-
mentos e as palavras registram-se nos nossos subconscientes,
atrav��s das exist��ncias sucessivas. Se as nossas exist��ncias forem
desordenadas, estaremos com as marcas das desordens no nosso
mundo ��ntimo, o que �� f��cil de constatarmos, atrav��s dum exame
persistente de n��s mesmos. A nossa regenera����o implica um
persistente e laborioso empenho, no sentido de nos ordenarmos
com a Lei Moral, ensinada pelos grandes moralistas, nas diversas
��pocas da humanidade, principalmente pelo Divino Mestre e
Senhor Jesus.
Para regenerar-se, n��o basta dizer "eu quero regenerar-me",
mas �� necess��rio revestir-se duma vontade tanto mais firme,
quanto mais se houver desviado da senda da regenera����o. N��o ��
somente isto: �� preciso adotar as austeras disciplinas da ora����o
e da vigil��ncia, segundo o preconceito de Cristo e Senhor Jesus:
"Orai e vigiai, para n��o cairdes em tenta����o".
�� indispens��vel seguir uma senda de trabalhos edificantes,
obras construtivas, tarefas beneficentes, em cujas realiza����es pra-
tique a paci��ncia, a ren��ncia, a toler��ncia, o perd��o, o sacrif��cio
e a abnega����o.
Sinto que nesta reencarna����o �� que iniciei a marcha ascen-
sional, atrav��s da conquista dos valores supracitados. Todavia,
embora o meu esfor��o empreendido vai por algumas d��cadas,
para libertar-me das torpezas e mazelas do passado remoto,
verifico, a cada passo, a irrup����o, no meu mundo ��ntimo, dos
velhos fermentos, principalmente os instintos de viol��ncia e
184
sensualidade. Posso dizer, na atualidade, gra��as ��s luzes do Espi-
ritismo Crist��o, que estou me conhecendo cada vez mais, e no
melhor motivo pelo qual, vivo em atividade permanente para
n��o me deixar acorrentar ao baixo mundo animal na pr��tica de
impulsos bestiais.
O estudo das obras fundamentais da doutrina esp��rita-crist��,
a pr��tica da caridade indiscriminada, a freq����ncia met��dica ��s
reuni��es doutrin��rias e medi��nicas, programadas pela mesma
Doutrina, s��o recursos valiosos para regenera����o individual e
coletiva.
Podemos ajuizar, a respeito da diferen��a entre os regenera-
dos e os degenerados. Estes, caracterizam-se por um viver incons-
ciente, intranquilo, inseguro. Vivem quase sempre desajustados, a
se queixarem de tudo e todos. Nestes, os maus sentimentos infe-
licitam o indiv��duo e a coletividade. S��o as for��as predominantes:
o orgulho, a vaidade, o ego��smo, acompanham-nas em todos os
atos, que primam por impor aos demais. S��o estes os causadores
dos malef��cios, que todos os dias infelicitam a sociedade.
Aqueles, os regenerados, s��o assinalados por uma viv��ncia
integralmente oposta; vivem �� luz da consci��ncia esclarecida
pelo moral, que adotam como norma de tudo que praticam, em
conson��ncia com o ensino do Divino Mestre: "Faze aos outros
tudo que desejas que te fa��am; n��o fa��as aos outros o que n��o
desejas que te seja feito". Por praticarem o bem e evitarem o
mal, vivem tranq��ilos e seguros de si mesmos, evitando assim
as psicoses, neuroses e outros desequil��brios, que fatalmente
dominam os degenerados. Ajustam as situa����es, quaisquer que
sejam, buscando com a pr��tica sincera do bem, eliminar o mal
sob qualquer fei����o que se apresente. N��o se queixam de quem
quer que seja, porque sabem que as criaturas s��o instrumentos da
Lei Divina, para punir ou para premiar. Portanto, quem sofre ��
porque merece; quem goza �� porque se torna digno das alegrias
desfrutadas.
Quem compreende estas coisas sente-se naturalmente esti-
mulado para combater em si mesmo, com todas as for��as do seu
esp��rito, as suas pr��prias imperfei����es.
185
6 3 . a
" N e n h u m poder terias sobre mim,
se de cima n��o te fosse dado". - Jesus
Governava o Estado de Pernambuco o Dr. A. M., quando
chegou ao Pal��cio do Governo o Arcebispo de Olinda e Recife
- D. A. A., comunicando ao guarda o seu intento de falar com
o governador.
Conduzido �� sala de audi��ncia, ap��s as sauda����es habitu-
ais, deu in��cio ao caso que motivara a sua ida ao encontro do
governante. Eloq��ente, expressou-se, dizendo: - Governador,
precisamos com a m��xima urg��ncia, solucionar um problema
de maior relev��ncia, qual seja, o relacionado com os esp��ritas,
que est��o realizando movimentos em massa, de tal intensida-
de, nesta capital, visando a propaganda da Doutrina Esp��rita,
fundada pelo fil��sofo franc��s Allan Kardec; que se n��o houver
um en��rgico cerceamento legal ��s expans��es perniciosas de tal
Doutrina, prevemos o quase fatal envolvimento dos cat��licos
ne��fitos. Respondendo �� alocu����o do arcebispo, afirmou o go-
vernador, convincente: - Arcebispo, sou cat��lico por tradi����o
e convic����o; por isso conte com o meu apoio incondicional e
irrestrito, continuou o chefe do governo: - Tomarei, o mais
breve poss��vel, todas as medidas compat��veis com o dever que
me assiste, de reprimir uma cren��a que n��o �� a nossa.
Dito governador, sem d��vida alguma, preparava as ordens
a serem transmitidas aos agentes da ordem p��blica, procurando
obstar as movimenta����es esp��ritas; quando recebeu do Presidente
G. V. um convite para assistir �� inaugura����o das obras p��blicas,
na cidade baiana de Cip��.
Por ter que atender ao citado convite, viajou sem deten��a
com destino �� supracitada cidade, impossibilitado de expedir
aludidas ordens.
Ao chegar �� cidade de Cip��, observou que as solenidades
comemorativas j�� haviam come��ado, pelo que procurou romper
o cord��o de isolamento, defrontando-se com o guarda-costas
presidencial, tenente G, que lhe deu um violento empurr��o.
186
Vendo o Presidente que o empurrado era o Chefe Executivo
pernambucano, exclamou en��rgico: - �� o governador de Per-
nambuco, deixe-o aproximar-se! Todavia, o sr. A. M. humilhado,
contrafeito, rematou: - N��o foi em mim o empurr��o, mas no
povo pernambucano - retirando-se - sem demora.
Regressando a Recife, recebeu incontinenti, telefonema
do Aeroporto dos Guararapes, solicitando a sua presen��a para
abra��ar a fam��lia do seu amigo pol��tico A. P., que se achava de
passagem por esta cidade, procedente dos Estados Unidos com
destino ao Rio de Janeiro. Chegando ao citado Aeroporto, ao
rentear a fam��lia em apre��o, foi por esta recebido e tratado com
inconceb��vel ironia e desd��m, humilhado e rechassado; regressou
para o Pal��cio das Princesas e ap��s subir os degraus de acesso a
este, logo que transp��s a porta principal, sentiu-se mal, sentan-
do-se no sof�� da sala de espera; expirou, entregando sua alma a
Deus.
Se examinarmos as ocorr��ncias acima descritas, �� luz da
Doutrina Esp��rita, que esclarece o porqu�� das coisas, compre-
endemos, sem nenhuma dificuldade, que o sr. A. M., desde o
instante em que deliberou freiar os movimentos esp��ritas, perdeu
a assist��ncia do seu anjo guardi��o, da�� as decep����es angustiosas,
que culminaram com a sua pr��pria morte.
No Livro dos Esp��ritos, que �� o maior monumento filos��fi-
co, moral espiritualista depois dos Evangelhos do Divino Mestre,
na p��gina 256 e na pergunta 495, lemos o seguinte: - Poder��
dar-se que o esp��rito protetor abandone o seu protegido, por se
lhe mostrar este rebelde aos conselhos? Resposta: - Afasta-se,
quando v�� que seus conselhos s��o in��teis e que mais forte ��, no
seu protegido, a decis��o de submeter-se �� influ��ncia dos Esp��ritos
inferiores. Mas n��o o abandona completamente e sempre se faz
ouvir. �� ent��o o homem quem tapa os ouvidos. O protetor volta
desde que este o chame.
Por estes ensinamentos dos Esp��ritos Celestes, conclu��mos
que o governador A. M., a partir do momento em que tomou a
resolu����o de solapar os movimentos esp��ritas no seu Estado, per-
deu a assist��ncia valiosa do seu santo protetor, e por esta raz��o,
187
sofreu os inevit��veis impactos na cidade de Cip�� e no Aeroporto
dos Guararapes. Aludido governante, n��o compreendeu que a
Doutrina Esp��rita �� o Consolador prometido pelo Divino Mes-
tre, que veio no tempo marcado pela Provid��ncia Divina para
restabelecer todas as coisas.
Para satisfazer conveni��ncias de ordem humana, em aten����o
��s criaturas fal��veis, intentou A.M. mobilizar recursos de ordem
transit��ria para apagar o Sol excelso da Revolu����o Divina, que ��
a Doutrina Esp��rita Crist��. Escolheu a senda ingrata da oposi����o
ao Divino Mestre, de que resultaram as dores angustiosas que o
alancearam e a perda da grande oportunidade de prosseguir na
magn��fica miss��o de governar o seu povo, realizando progressos
maravilhosos, caso n��o se desviasse do plano de sabedoria e da
miseric��rdia do Divino Autor da Cria����o.
Foi com raz��o insofism��vel que o Divino Mestre afirmou a
Pilatos, perante a turba desvairada: "Nenhum poder terias sobre
mim se de cima n��o te fosse dado".
A prop��sito do caso que estamos estudando, conheci um
cego, j�� falecido, morador no Ibura, o qual me perguntou se eu
conhecia o Sr. A. M., ao que respondi que sim. O referido cego
acrescentou: - Pois eu sonhei com ele, que �� baixo, moreno.
Afirmei: - Exatamente! Prosseguindo, aduziu o cego: - No
sonho, eu dizia a ele: - Quanto gosto de laranjada Crush! E ele
me respondeu: N��o �� isto o que me interessa, mas sim, lamento
o que perdi!...
Realmente ele perdeu a grandiosa oportunidade de cum-
prir a magn��fica miss��o de governar e distribuir o bem ao povo
pernambucano. Partiu para a espiritualidade por n��o atender ao
imperativo de cooperar com o Divino Mestre, obedecendo aos
seus des��gnios excelsos.
64.��
"Quando deixastes de ajudar a um destes pequeninos, foi a
mim que o deixastes de fazer". - Jesus
Quando servia no Parque de Aeron��utica do Recife, chefiei,
188
merc�� de Deus, uma turma de crian��as paup��rrimas, na condi����o
de aprendizes.
Essa tarefa fora-me delegada pelo Comandante do referido
N��cleo, Coronel O. L.
Foi uma miss��o bastante ��rdua, de vez que citadas crian��as
eram, na sua maioria, mal educadas e viciadas. A cada passo
recebia avisos de assaltos, brigas e at�� de pederastia. Tive que
aplicar corretivos en��rgicos sem descuidar a parte educativa,
com prele����es morais e preces.
Com a sa��da do Coronel O. L., que foi realizar curso nos
Estados Unidos, assumiu o comando o Major P., que constatou,
com pouca simpatia, a presen��a da turma de aprendizes. Tinha
suas raz��es este chefe, visto como filho do Rio Grande do Sul,
n��o era familiarizado com as mis��rias nordestinas, de que aquela
crian��ada era representante.
Al��m do mais, como oficial aviador, engenheiro, afeito
��s disciplinas militares, reconhecia a insufici��ncia dos meios
existentes para educar e instruir as ditas crian��as. E para agravar
a situa����o, deu-se uma ocorr��ncia com um aprendiz, que em
brincadeira com os companheiros fora do ��mbito do Quartel do
Parque, fraturou uma perna. Por esta raz��o, o Major P. chamou-
me para transmitir as ordens, segundo as quais seria extinto o
curso de aprendizes.
Ao receber ditas ordens, ponderei que existiam crian��as
aproveit��veis ao lado das desatinadas; contudo as ordens preva-
leceram e o curso foi extinto.
Poucos dias depois da extin����o do curso, o supracitado
chefe foi destitu��do do comando do N��cleo de Parque, e no seu
lugar foi designado o Coronel L., que me perguntou se eu queria
fazer um movimento beneficente, em prol das crian��as pobres da
Organiza����o Oz��rio, existente no Rio de Janeiro. Respondi estar
disposto a realizar almejado movimento com a mais profunda
satisfa����o. E a ordem do novo chefe foi publicada em Boletim,
autorizando-me a relacionar quantos militares e civis do N��cleo
em apre��o quisessem cooperar para a organiza����o supracitada.
O ex-Chefe havia-me proibido angariar donativos para
crian��as e velhos necessitados, dentro do dito Parque, contudo
189
o novo Chefe a�� estava a me apoiar irrestritamente.
Disse o Divino Mestre: "Quando deixastes de ajudar a um
desses pequeninos, foi a mim que deixastes de fazer. Lembrai-vos
que estarei convosco at�� a consuma����o dos s��culos".
Mais uma vez o Divino Amigo demonstrou estar presente
na obra regeneradora das criaturas, que o Eterno Pai lhe entregou.
Assim �� que ap��s as ordens para impedirem o movimento
beneficente e a extin����o do curso de aprendizes, que visava a
regenera����o da coletividade, o Divino Mestre enviou outro chefe
que correspondesse ��s divinas expectativas.
Este chefe foi o Coronel L., para o qual rogo e rogarei ��s
b��n����os divinas, sem esquecer tamb��m de rogar por aquele que
nos desprezou.
65.��
"Lembrai-vos que estarei convosco at�� a consuma����o dos
s��culos" - Jesus
Encontrava-me extremamente atarefado com a constru����o
da Casa dos Humildes. Nos momentos de medita����o, pensava
na grande necessidade de resgatar as minhas faltas, as minhas
d��vidas de reencarna����es passadas e tamb��m da presente.
No pavimento t��rreo do primeiro andar, observava os ope-
r��rios na faina bendita de levarem a bom termo o final da obra,
quando senti apossar-se de mim, a principiar do meu ��ntimo, uma
emo����o formid��vel de superioridade, de grandeza ou majestade.
Entrei em vigil��ncia, como ensina o Divino Mestre: "Orai e vigiai
para n��o cairdes em tenta����o". Examinei-me sinceramente, para
n��o me deixar envolver em sentimentos de exalta����o �� minha
pr��pria personalidade. A sensa����o ��ntima de grandeza terminou
por prevalecer no meu ser.
Ent��o, foi quando escutei uma voz en��rgica, carinhosa
a irromper de mim mesmo, dizendo encadeadamente: "Meu
filho, eu Jesus, afirmo, em nome de Meu Pai! Pagar��s as tuas
d��vidas, ainda nesta reencarna����o, tem paci��ncia!" - E a seguir,
a impress��o majestosa afastou-se lentamente de mim. Mais uma
190
vez compreendi a infinita piedade de Nosso Senhor Jesus Cristo
para com as criaturas.
No livro monumental HA 2000 ANOS, escrito atrav��s da
mediunidade de Francisco C��ndido Xavier, pelo esp��rito s��bio
Emmanuel, �� descrito o encontro do Senador Publius Lentulus
com o Mestre de Nazareth. Aquele, pela posi����o elevada que
desfrutava, envergonhou-se de aproximar-se de Jesus na antiga
fonte p��blica da cidade. Ali o Senador apoiou-se num banco de
pedra se deixou-se ficar, numa sondagem de pensamentos sobre a
doen��a incur��vel de sua filha, trazida de Roma em busca da cura
almejada. Sentado, a refletir na difuldade que sentia de aproximar-
se do Cristo, para pedir pela sua idolatrada filha, inesperadamente
surge-lhe o Divino Amigo, com os cabelos soltos e a fisionomia
a trescalar o excelso perfume da virtude. Parando bem perto do
senador romano, este, sem dar-se conta, caiu de joelhos aos p��s
daquele que lhe falou, com piedade lacrimejante: "Senador Ro-
mano, n��o te procuro embalando-te na vaidade da tua posi����o,
mas atra��do pela tua dor paternal. Escuta bem! Vais obter o que
desejas, porque a tua filha j�� est�� curada, mas n��o te esque��as de
receber esta d��diva de Meu Pai, com provas de gratid��o. Mas se
com esta divina concess��o n��o procurares tirar proveito para o
progresso de teu esp��rito, s�� tenho a lamentar-te porque muitos
ser��o os padecimentos que vir��o ao teu encontro".
A predi����o do Excelso Mestre cumpriu-se integralmente,
visto o Senador ao chegar em casa, encontrou a filha limpa da
lepra que a acometia. No entanto n��o tirou nenhum proveito
espiritual da grande d��diva recebida, pois continuou empavona-
do na louca vaidade da posi����o, tendo ainda na mesma reencar-
na����o, ao tempo em que recebeu o aviso divino, tomado parte
numa guerra contra os judeus; da qual resultou ser aprisionado e
perdido os dois olhos que foram queimados com ferro em brasa,
pelos inimigos vingativos.
O Novo Testamento narra a apari����o do Esp��rito do
Divino Mestre ao perseguidor do Cristianismo nascente, que se
denominava SAULO, dizendo-lhe numa vis��o inconfund��vel:
"SAULO, SAULO, POR QUE ME PERSEGUES?".
191
Foi o chamamento do Esp��rito do Divino Mestre, a causa
principal de Saulo, que mudou o seu nome mais tarde para Paulo,
ter-se transformado no maior dos ap��stolos da Religi��o Crist��.
Alegremo-nos, portanto, que o Esp��rito do Senhor Jesus
nos v��, nos ouve e observa a todo o instante, nos inspirando,
nos influenciando a todos para o bem, porquanto Ele afirmou,
conforme est�� escrito no Evangelho de Jo��o: "Eu conhe��o todas
as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem".
66.��
" Pela paci��ncia possuireis as vossas almas". - Jesus
O denodado batalhador da benefic��ncia esp��rita crist�� - Jos��
de Ara��jo Lins, Presidente do Lar Esp��rita Bezerra de Menezes e
Casa Padre Germano, entregara-me carta de recomenda����o para
o Presidente da CAPEMI, Coronel Jaime Rollemberg, no Rio
de Janeiro, onde fui buscar apoio para a constru����o da Casa dos
Humildes, cuja obra levantava-se dif��cil e vagarosamente.
Foi nos meados de agosto de 1964 que realizei a viagem, que re-
puto das mais promissoras, por ter conseguido, a princ��pio, uma
ajuda financeira pequena e por fim, em pouco tempo, o aux��lio
total, como explicaremos no transcurso da presente explana����o.
Chegando ao Rio, procurei aproximar-me do citado coronel,
entregando a referida carta ao seu secret��rio, que me declarou
n��o ser poss��vel falar com aquele, a n��o ser algumas horas mais
tarde, em raz��o dos seus muitos afazeres.
Pus-me a esperar pela hora poss��vel. Das 13:30 ��s 18:00 ho-
ras, isto ��, durante quatro horas e meia, num banco, aguardei o
momento de ser chamado pelo chefe da CAPEMI, para solicitar-
lhe ajuda para o prosseguimento da constru����o das obras da Casa
dos Humildes, no Recife. Durante a espera precisei lembrar as
palavras do Divino Mestre: "Pela paci��ncia possuireis as vossas
almas". N��o somente isto. Rememorei a experi��ncia, tantas vezes
repetidas, no curso da minha exist��ncia sacudida por decep����es
in��meras, por a��oites morais incont��veis, lembrando-me que
toda vez que busquei empreender a realiza����o de alguma coisa
que se me afigurou dif��cil, este foi sempre o sinal da valiosa vi-
192
t��ria, e ali eu me encontrava numa prova de paci��ncia, a qual,
certamente me traria os melhores resultados poss��veis.
E as minhas passadas experi��ncias n��o faltaram: ��s 18:00 h,
fui chamado para falar com o supracitado chefe, que me explicou
humilde e amoroso, o motivo da longa demora. As m��ltiplas
atividades exercidas por este, face ao acervo imenso dos depar-
tamentos da CAPEMI foram a raz��o de ter demorado tanto a
me atender. Cumprimentei-o, sentindo profunda alegria, pela
intui����o clara de que seria atendido.
Expus, em r��pidas palavras, o que desejava. No mesmo
instante ele me ofertou um livro esp��rita e desculpas por n��o
dispor de tempo para palestrar comigo. Recomendou-me a
seguir, �� diretora da Casa do Velho Assistencial e divulgadora
Dra. Maria de Bel��m Xavier, que se encontrava presente.
Na companhia desta, dirigi-me ao local de seu trabalho. Ela
pediu-me que fizesse o relato do que desejava, ao que atendi, sem
delongas. Recomendou-me que voltasse dois dias depois, pois
seria o tempo necess��rio �� aprova����o, em reuni��o especial, da
solicita����o em apre��o.
No prazo marcado, com a mais viva satisfa����o voltei, vindo
a saber que o dito pedido me fora concedido.
Realmente, sem omiss��o alguma, foi realizada a promessa de vez
que mensalmente, chegava �� Casa dos Humildes, a quantia pro-
metida. Todavia, continuei fazendo as preces ao Pai Compassivo
e Bom; em ora����es incessantes rogava a divina ajuda; orava do
fundo do cora����o, pois sentia o impulso das responsabilidades
que me feriam dia e noite.
J�� houvera realizado in��meras campanhas pr�� constru����o
do pr��dio da Casa dos Humildes, pelo espa��o de sete anos inin-
terruptos, ao lado de companheiros respeit��veis. Por todos os
arrabaldes do Recife, por todos os Centros Esp��ritas da capital
pernambucana, por todas as feiras e at�� por muitas portas e por-
t��es, atrav��s da Campanha do Quilo, cujos produtos aliment��cios
eram revertidos ao Lar Bezerra de Menezes e o dinheiro apurado
para as obras da Casa dos Humildes. Foram realizadas campanhas
beneficentes sistem��ticas.
193
Ensinou o Divino Mestre:"Fa��a da sua parte, que Deus o
ajudar��". �� com grata satisfa����o que afirmamos ter feito quanto
nos era poss��vel.
Por isso nos veio ajuda irrestrita, total, por fim.
Foi assim que, quatro meses ap��s a promessa da CAPEMI
nos enviando ininterruptamente a quantia de Cr$ 2.500,00 men-
salmente, era-nos avisada a chegada do Coronel-Chefe, ao qual
fomos receber no Aeroporto Guararapes.
Ao cumpriment��-lo, falou prazeroso:
- Venho ao Recife para assentarmos as bases do t��rmino da
constru����o das obras da Casa dos Humildes, no mesmo espa��o
de tempo ou dentro de seis meses, caso poss��vel.
Em continua����o, acompanhou-me ��s obras em constru����o,
pediu a presen��a do tesoureiro da organiza����o em apre��o, tam-
b��m do engenheiro respons��vel, presentes os quais, declarou que
tinham ampla liberdade para fazerem os c��lculos dos materiais
necess��rios ao t��rmino das ditas obras e ao funcionamento da
organiza����o, ap��s conclu��da.
Compreendi, mais uma vez, o valor inestim��vel da ora����o
fervorosa, perseverante. A vinda do Presidente do CAPEMI
ao Recife, exclusivamente para solucionar o caso referente ao
prosseguimento e t��rmino da constru����o das obras da Casa dos
Humildes, era, inequivocamente, em obedi��ncia a uma deter-
mina����o superior. Possivelmente como prova����o necess��ria ao
abatimento do meu orgulho vaidoso, o engenheiro respons��vel
pela constru����o fez um cronograma incompleto, relacionando
somente as despesas referentes �� constru����o, omitindo, lamenta-
velmente, as que visavam o funcionamento, isto ��, os apetrechos
necess��rios destinados ao uso dos internados.
Nesse ��nterim, senti a presen��a de um esp��rito protetor
da CAPEMI, pois sou m��dium, vai por muitos anos. Este me
falou dizendo que queria entrar em contato com o engenheiro,
encarregado da constru����o das obras em andamento. Atendi ao
pretendido pelo esp��rito, realizamos a reuni��o com a presen��a
do engenheiro, ao qual falou a entidade espiritual incorporada
194
na minha mediunidade, dizendo: - Sr. Engenheiro, n��o fez o que
ficou combinado com o Presidente da CAPEMI, n��o enviou o
cronograma geral das despesas, e �� preciso elaborar o restante
com urg��ncia, para atingir a meta.
Feito este, chegou o mesmo atrasado, raz��o pela qual n��o
foi introduzido no or��amento daquela organiza����o como fora o
primeiro, e por isto ficaram interrompidas as obras por alguns
meses, que me custaram tremendos sofrimentos morais... Fiquei
completamente desacreditado perante a organiza����o em apre��o,
que passou a ver em mim, um displicente, que tendo recebido
tudo para consagra����o das obras, respondia com atitudes nega-
tivas.
Contudo, em telefonemas, expliquei que o engenheiro era
muito ocupado, que dava �� constru����o o tempo que lhe sobrava.
A verdade �� que somente seis meses mais tarde Dra. Maria Bel��m
Xavier, passando pelo Recife, veio visitar a Casa dos Humildes,
trazendo-nos a boa not��cia da prossecu����o dos servi��os pela
ajuda financeira e que ensanchou a inaugura����o naquele dia 16
de dezembro de 1973.
As dores morais que curti durante o espa��o de 10 anos,
per��odo de constru����o da Casa dos Humildes, foram grandes
ganhos espirituais, porque n��o dizermos as vezes senti a minha
vaidade e o meu orgulho serem a��oitados em cheio.
Portanto, posso afirmar feliz: - Tornei-me menos orgulhoso
e menos vaidoso, gra��as ��s tarefas que me foram confiadas pelo
Divino Amigo.
E suportando com paci��ncia as afli����es do bom caminho,
que depuram os nossos caminhos, teve raz��o o Divino Mestre,
quando afirmou:
"Pela paci��ncia possuireis as vossas almas".
67.a
" Os ��mpios n��o subsistir��o no conselho, nem os pecadores na congrega����o dos justos". Davi ( SALMO)
Era o Major A. oficial aviador competente e corajoso, con-
195
tudo deixou-se arrastar lamentavelmente pelo orgulho vaidoso,
por isso que, sem motivos que o justificassem, perversamente,
atirou uma bomba explosiva em uma prociss��o que pacificamen-
te se movimentava em Belo Horizonte, capital mineira. Havia
sintomas de revolu����o nesta, por��m o aviador militar disp��e de
instrumentos capazes de ver com clareza e fixar com precis��o os
objetivos sobre os quais despejar as bombas destruidoras.
O considerado aviador, versado nas ci��ncias humanas, des-
conhecia as verdades divinas, contidas nos evangelhos de Cristo.
Por estas raz��es n��o previu as tremendas rea����es que lhe viriam
de retorno, pelo comportamento acima exposto.
As rea����es irromperam arrasadoras, tanto assim, que pouco
tempo depois de ter praticado o ato destruidor, voando com des-
tino a Mato Grosso, chocou o avi��o em que viajava com a Serra
das Araras; caindo dentro de uma espessa mataria, envolto nos
escombros do aparelho sinistrado com vida, ao lado do coronel
S., falecido no sinistro. Foi socorrido longas horas ap��s o desas-
tre, visto as dificuldades colossais resultantes da grande altitude
onde se precipitou o avi��o; todavia, ao lhe serem ministrados os
primeiros socorros, verificou-se que o Major A. estava cego!
Alguns anos se passaram, durante os quais este movimentou-
se �� procura do restabelecimento das vistas, sem nada conseguir.
Viajou pela Su����a, Espanha e Estados Unidos, buscando recu-
perar-se, todavia n��o logrou resultado algum, at�� que viajando
num avi��o da FAB, rota Rio/S��o Paulo, veio a falecer de desastre,
juntamente com o Piloto Tenente A. e o soldado J. P., que o
acompanhava servindo de guia.
Levei muito tempo orando pelo ex-major; certa vez sonhei
com ele, andando sozinho, abandonado a si mesmo, no mundo
espiritual. Passados alguns anos, estava em Natal, Rio Grande
do Norte, em tarefa da Campanha do Quilo, hospedado na
casa de um amigo meu, quando certo dia este me convidou
para visitarmos uma crian��a cega e aleijada do bra��o e da perna
direitos. A referida crian��a era um menino de 2 para 3 anos de
idade, filho de um funcion��rio da Base A��rea de Natal. Ao nos
aproximarmos deste, para fazermos a prece de reconforto �� sua
m��e, grandemente sofredora pelo estado angustioso do filho, con-
196
centrei-me em Deus, e escutei uma voz interior, procedente do
meu anjo guardi��o, que me dizia: "Esta crian��a �� a reencarna����o
do Esp��rito do Major A., e a voz fez-se repetir v��rias vezes, com
clareza e sem me deixar nenhuma margem �� d��vida. Concentra-
do, mergulhei no esp��rito deste e com os olhos espirituais, vi que
aquele bra��o e perna direitos aleijados, assim como aqueles olhos
que na reencarna����o passada comandaram bombardeio sobre a
prociss��o, eram portanto o efeito da Lei Divina de compensa����o,
na expia����o justa ao desentranhado infrator.
Com raz��o excelsa disse o Divino Mestre: "Se o teu olho
for motivo de esc��ndalo, arranca-o, se o teu p�� for motivo de
esc��ndalo, corta-o". N��o quer o Divino Mestre ensinar que
arranquemos os nossos olhos e cortemos os nossos p��s, em hip��-
tese alguma, mas que aceitemos, pacientemente, a priva����o dos
mesmos. Nesse caso, ser uma grande b��n����o a n��s concedida, o
privar dos instrumentos, com que escandalizamos aos outros,
nesta ou noutra exist��ncia.
6 8 a
" Fazei aos outros tudo o que quereis vos seja feito,
nisto est�� a Lei e os Profetas". - Jesus
O esp��rito de rotina prende-se a quase totalidade das cria-
turas.
Estas, sem d��vida inexperientes, cingem ora aos pre-
conceitos, ora �� lei do menor esfor��o. E quando algu��m
procura afastar-se da faixa rotineira, os acomodados excla-
mam revoltados: "Est�� errado, �� falsidade, n��o aceitamos,
porque o certo �� como sempre se tem feito". Estes, muitas
vezes s��o bem intencionados, todavia inexperientes e at��
imprudentes, de vez que clamam contra uma coisa que n��o
conhecem, porque n��o a experimentaram, nem a viveram.
Foi o que aconteceu com rela����o ao programa adotado
pela Casa dos Humildes. Esta foi constru��da com a finalidade de
amparar a velhice de ambos os sexos, desde que se encontrem
em miser��vel estado de abandono.
197
Antes do t��rmino da constru����o das obras desta, a sua di-
retoria combinou com o Presidente da CAPEMI em aceitar-lhe
a ajuda financeira, no sentido de acelerar o final da constru����o
em apre��o, ficando estabelecido que, ao finalizar o levantamen-
to da citada obra, dita diretoria receberia os velhos internados
no Lar Bezerra de Menezes e Casa Padre Germano, que eram
amparadas pela aludida CAPEMI, que mensalmente enviava a
esta organiza����o uma quantia indispens��vel �� manuten����o das
mesmas. Tudo se realizaou como fora combinado, uma vez que,
chegando ao termo do levantamento do pr��dio, foram recebidas
na Casa dos Humildes, as velhinhas procedentes da organiza����o
supracitada, sendo nesta mesma ocasi��o transferido para aquela,
o numer��rio com que a CAPEMI ajudava anteriormente. Eram
23 velhinhas e cada uma recebia mensalmente Cr$ 105,00 al��m
da ajuda acima referida. A Casa dos Humildes recebia doa����es da
Campanha do Quilo e de s��cios, como pequenas contribui����es.
Inicialmente fazia parte do nosso programa, recebermos velhos
tamb��m. Todavia, ap��s um ano de experi��ncia, durante o qual
n��o apareceram estes para se internarem, ficando o sal��o desti-
nado ao internamento destes vago, a diretoria resolveu suspender
o internamento de velhos, ficando o dito sal��o destinado tamb��m
ao sexo feminino.
Havendo muitas vagas, existindo recursos para serem colo-
cadas internas recolhidas da mis��ria, isto ��, da pobreza extrema,
fomos inspirados para atendermos tamb��m velhos abastados. E
a inspira����o dos nossos maiores da espiritualidade nos esclareceu
com amor e justi��a, que existem duas mis��rias. A esfarrapada,
fedorenta e andrajosa e a dourada, adornada, cheirosa e bem
vestida. Qual das duas �� pior? - fazemos espontaneamente - a
interroga����o. E respondemos que, em muitos casos, a mis��ria
dourada �� a mais detest��vel.
A situa����o da quase totalidade dos velhos ricos �� das mais
angustiosas, porque quando possuem filhos, netos, bisnetos ou
parentes outros, todos estes vivem em ansiosa expectativa, espe-
rando desejosos, que aqueles morram para lhes herdarem a for-
tuna. Quando referidos velhos s��o solit��rios, padecem ang��stias
cru��is, pelas explora����es a que s��o obrigados, pagando quantias
198
enormes a empregados inescrupulosos, que quase sempre os
deixam no abandono.
�� raro o velho rico que possui a paci��ncia necess��ria para
suportar o abandono, a tristeza, resultantes do viver solit��rio,
da�� a converter-se a sua exist��ncia num inferno, de que resultam
algumas vezes o suic��dio. O tra��o principal da velhice andrajosa
�� a conforma����o, ante as dores que lhes abroquelam as almas.
Isto se justifica plenamente, visto como tendo nascido, crescido e
envelhecido na pobreza, acostumaram-se ��s necessidades de toda
esp��cie, e em virtude disto, facilmente acomodam-se ��s situa����es
mais angustiosas.
Contudo, na Casa dos Humildes, at�� hoje n��o foi internado
nenhum velho rico, alguns abastados, digamos da classe m��dia.
Para o internamento destes, pedimos que elas ou algu��m que seja
respons��vel pelas mesmas, se associe com uma quantia compat��-
vel com a possibilidade de mant��-los. �� com profunda satisfa����o
que em boa hora rememoramos os casos de internamentos de
velhinhas paup��rrimas, que foram subtra��das ��s penosas ang��stias
da via p��blica onde dormiam, do casebre esburacado, da fome e
do abandono.
Conversemos com as internadas Josefa Barros, Porcina Joa-
quina, Severina (cega), Maria Jos�� (anquilosada), Izaura, Ad��lia,
Maria Felipe, Rosa e outras que encontraram bendito refrig��rio
na Casa dos Humildes. A nossa preocupa����o n��o consiste apenas
em mantermos ditas internadas fartas da alimenta����o material;
preocupamo-nos bastante em transmitir os confortos moral e es-
piritual, como trat��-las carinhosamente e esclarec��-las o mais que
poss��vel com a luz do Evangelho do Divino Mestre, em esp��rito e
verdade, preparando por esta forma um despertar feliz no al��m-
t��mulo. Os partid��rios da id��ia de que s�� a mis��ria esfarrapada ��
que deve ser atendida nos Abrigos Esp��ritas destinados �� velhice,
est��o esquecidos dos ensinos de Jesus: "Faze aos outros, o que
queiras que te seja feito".
199
6 9 . a
"N��o fa��as aos outros o que n��o queiras
que te fa��am". - Jesus
O principal motivo do fracasso da Campanha do Quilo
no setor de Casa Amarela, temo-lo na propagando negativa
realizada pelo companheiro A. F. que, conforme informa����es
de um confrade de responsabilidade, A. F. andou apregoando
pelos Centros Esp��rtas daquele local, que a Casa dos Humildes
e o Lar Ceci Costa n��o precisavam de Campanha do Quilo, pois
que eram mantidos pela CAPEMI.
A informa����o prestada por aquele companheiro aos esp��ritas
daquela localidade, foi triplamente infundada, da qual resultou
grande responsabilidade do companheiro em apre��o, perante a
Lei Divina. Eu disse triplamente infundada e apresento a seguir
a comprova����o da minha assertiva.
Primeiro, porque nem a Casa dos Humildes, nem o Lar Ceci
Costa s��o mantidos pela CAPEMI. Esta ajuda com a quantia de
Cr$ 115,00 mensais para cada velhinha, 24 internadas da Casa
dos Humildes, enquanto o Lar Ceci Costa tem 42 ao todo, sem
contar com seis auxiliares, encarregada, cozinheira, copeira,
encarregados da limpeza, etc. Do Lar Ceci Costa sei, por convi-
v��ncia direta com o seu presidente Adnar de Carvalho, que esta
organiza����o recebeu uma pequena doa����o na queda do galp��o
de suas oficinas e nunca mais recebeu nada. Baseados em tais
fundamentos, estruturados na verdade, como afirmar algu��m
que as organiza����es de amparo acima referidas n��o precisam da
Campanha do Quilo?
Segundo porque a Campanha do Quilo n��o se destina ��
manuten����o - no termo exato da palavra - de Abrigos, o que
est�� devidamente provado, atrav��s de trinta anos de experi��ncias,
mas a ajudar, na medida do poss��vel.
Terceiro, porque a principal finalidade da Campanha do
Quilo �� contribuir, com os seus m��todos essencialmente crist��o,
para o aperfei��oamento dos legion��rios em particular e do povo
em geral, ao mesmo passo que dar-lhes oportunidades de pagarem
2 0 0
as suas d��vidas de exist��ncias passadas e presente. Neste caso,
aconselhar os seus irm��os, em prega����es nas tribunas esp��ritas,
que n��o realizem Campanhas do Quilo, implica nas seguintes
responsabilidades perante a Lei de Justi��a do Eterno Pai: pri-
meiro - cometer injusti��a contra as organiza����es necessitadas,
as quais precisam de toda contribui����o poss��vel, visto como a
carestia cresce ininterruptamente; segundo - �� injusti��a contra
a santa tarefa da mesma Campanha, que representa uma t��bua
de salva����o para muitos esp��ritos endividados e orgulhosos, que
ajude a libertar-se do seu passado culposo. Entravar o desen-
volvimento do servi��o providencial, �� tornar-se grandemente
comprometido com a Lei Divina; terceiro - procurar convencer
os seus semelhantes de que n��o devem realizar a justi��a, que
consiste na pr��tica humilde e amorosa do bem, nada mais �� do
que obstar o progresso destes, assumindo responsabilidade pelo
estacionamento dos mesmos, portanto ficando comprometido
pelas d��vidas que seus companheiros poderiam resgatar no curso
da atual exist��ncia. Ecoam em nossos ouvidos as palavras do
Divino Mestre e Senhor Jesus: "N��o fa��as aos outros, o que n��o
queiras que te fa��am".
70.��
"Quem vier a mim, n��o o lan��arei fora". - Jesus
Estava servindo no Segundo Grupo de Bombardeio, na
Base A��rea do Recife, quando fui inesperadamente chamado por
ordem do Capit��o Chefe do Pessoal, para explicar a proced��ncia
de uma lista, na qual figurava o meu nome, assim como os dos
sargentos da referida Base, estes assinalados com uma cruz a l��pis,
em vermelho e aquele com tr��s cruzes.
C��lere, fui atender �� ordem recebida. Perguntou-me o citado
chefe:
- Como explicar esta rela����o encontrada dentro do Quar-
tel, contendo o seu nome assinalado com tr��s cruzes e os dos
sargentos com uma cruz?
Respondi que nada sabia a respeito do assunto. Acrescentou
201
o capit��o: - Esta lista �� procedente do movimento comunista que
est�� procurando envolver a Aeron��utica. Que diz? Respondi: -
Nada sei a respeito deste caso. Sou esp��rita e nunca me interessei
por outra forma de doutrina.
O Coronel A. P., Comandante da Base, chamou o Sargento
A., seu auxiliar, dizendo-lhe: - O cabe��a dos comunistas aqui na
Base �� o Sobreira.
Disse-lhe o sargento, respondendo: - Eu sei que o Suboficial
Sobreira �� esp��rita e que os comunistas s��o os protestantes. Ao
que atalhou o Coronel: - N��o �� verdade porque a minha esposa
�� protestante e n��o �� comunista.
Ent��o, me deixaram livre.
Foi o ex-capit��o do Ex��rcito A. B., exclu��do daquela Corpo-
ra����o por se tornar comunista, quem mobilizou a referida lista,
pensando que eu simpatizava com o credo marxista, por saber
que eu gostava de realizar campanhas beneficentes. Possivelmente
ele n��o sabia que eu realizava tarefas beneficentes em fun����o da
Doutrina Esp��rita, que �� um p��lo antag��nico ao comunismo.
Sim, Espiritismo Crist��o e Comunismo s��o duas doutrinas
em campo diametralmente opostos. A primeira mostra quem so-
mos, donde viemos, o que devemos fazer enquanto estivermos na
Terra e para onde iremos ap��s o desmancho do corpo, por for��a
da lei da morte. Esclarece, por provas reais que somos almas, seres
imortais, criados para a gloriosa ascens��o. Que estamos na Terra
para nos aperfei��oarmos pelo estudo, pelo trabalho, pela dor. O
Espiritismo Crist��o nos ensina a solucionar todos os problemas
pelo direito com justi��a, do��ura e persuas��o; visa preparar-nos
para sermos felizes na eternidade. O Comunismo visa o indiv��duo
e a coletividade na terra, procurando solucionar os problemas
pela for��a, pela viol��ncia. N��o interessa ao comunismo a vida
espiritual, nem os sagrados la��os da fam��lia �� o seu principal
fundamento. Assenta-se no ate��smo. O Espiritismo baseia-se no
amor a Deus sobre todas as coisas e no amor ao pr��ximo como
a n��s mesmos.
Que esperamos de uma doutrina que relega Deus, o Divino
Autor da Vida a plano in��til, tendo-O na conta de nada? Venho
202
adotando a Doutrina Esp��rita h�� 48 anos, tendo estudado outras
doutrinas, nunca por��m encontrei uma que fizesse paralelo com
esta.
Pela Doutrina Esp��rita estou buscando chegar-me para Jesus
e Ele afirmou: "Quem vier a mim, n��o o lan��arei fora".
71.��
" Procura em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justi��a,
e tudo o mais te ser�� dado por
miseric��rdia e de acr��scimo". - Jesus
Com a faculdade medi��nica que vibra em mim desde a
inf��ncia, integrado nos meus deveres medi��nicos, quais sejam
as realiza����es de servi��os beneficentes: Campanhas do Quilo,
visitas aos hospitais e freq����ncias ��s reuni��es esp��ritas medi��nicas
e doutrin��rias, vivia equilibrado, tranq��ilo e feliz, porque gozava
da ininterrupta assist��ncia dos meus protetores, que por mim
velavam do mundo dos esp��ritos.
Premido pelo desejo de prendar a minha companheira com
uma casa, procurei com toda a boa vontade poss��vel, a aquisi-
����o desta, esquecendo-me lamentavelmente dos meus sagrados
compromissos, condizentes com a minha mediunidade. Durante
muitos dias, afastei-me das tarefas que me garantiam a prote����o
dos amigos espirituais benfazejos; deste modo, em tremenda
obsess��o, que despejava em mim cargas de fluidos viciosos, im-
pelindo-me ao desequil��brio espiritual e material, recorri a um
m��dium de minha confian��a, D.V., que muito me ajudou, toda-
via, n��o solucionou o meu caso com passes magn��ticos apenas.
Meditando sobre o meu problema, conclui que o meu dese-
quil��brio resultava de ter-me afastado das obriga����es medi��nicas,
abandonadas, de que provinha o afastamento dos meus protetores
espirituais.
Compreendendo assim, voltei aos compromissos aban-
donados, e dentro de poucos dias estabeleci-me espiritual e
materialmente.
203
Ent��o passei a meditar mais na pergunta n.�� 469 do Livro
dos Esp��ritos, na qual o sr. Allan Kardec interrogou os Esp��ritos
Celestes pela seguinte forma: - Por que meio podemos neutralizar
a influ��ncia dos maus Esp��ritos? Resposta: - Praticando o bem
e pondo em Deus toda a vossa confian��a, repelireis a influ��ncia
dos Esp��ritos inferiores e aniquilareis o imp��rio que desejam
ter sobre v��s. Guardai-vos de atender ��s sugest��es dos Esp��ritos
que vos suscitam maus pensamentos, que sopram a disc��rdia
entre v��s outros e que vos insuflam as paix��es m��s. Desconfiai
especialmente dos que vos exaltam o orgulho, pois que esses vos
assaltam pelo lado fraco, essa a raz��o por que Jesus, na ora����o
dominical, vos ensinou a dizer: "Senhor, n��o nos deixes cair em
tenta����o, mas livra-nos do mal".
Pelas explica����es acima, comprovamos que a pr��tica sincera
e desinteressada do bem, de par com a prece fervorosa a Deus,
s��o as duas grandes alavancas para removermos as permanentes
investidas dos inimigos da Luz.
Aos m��diuns sobretudo, �� que mister se faz meditarem
acuradamente nos ensinos acima expostos. Que os m��diuns
ou n��o m��diuns, desejosos de vencerem na incumb��ncia ��rdua
de se espiritualizarem, tomem como disciplina prec��pua de sua
vida a pr��tica programada da benefic��ncia e a ora����o, e por este
modo tornar-se-��o verdadeiros crist��os, portanto invenc��veis ��s
arremetidas dos obreiros da iniq��idade.
Falo da benefic��ncia programada e n��o da praticada espora-
dicamente, que pouca ou nenhuma marca deixa n'aima de quem
a pratica. Para contar com a assist��ncia permanente dos Esp��ritos
Iluminados, �� preciso decidir-se ao esfor��o persistente de servir
metodicamente aos seus semelhantes necessitados.
O Divino Mestre nos esclarece com a m��xima transpar��ncia:
"Quem perseverar at�� o fim ser�� salvo".
Pela dor da aludida obsess��o �� que fui compelido a reen-
cetar a tarefa interrompida. Se tivesse prestado mais aten����o ��s
palavras do Divino Mestre, que dizem: "Procura em primeiro
lugar o reino de Deus e a sua justi��a, e tudo o mais te ser�� dado
por miseric��rdia e de acr��scimo", certamente n��o teria passado
204
pela dur��ssima expia����o de ver-me obsedado, isto ��, cercado de
Esp��ritos malfazejos a me explorarem e perturbarem por muitos
dias.
7 2 . a
" Perdoai-lhes, Pai, porque n��o sabem o que fazem". - Jesus
��s primeiras horas do 17 de agosto de 1975, passava pelas
portas das casas do arrabalde de Casa Forte, Recife, uma senhora
da Assist��ncia Social, avisando atrav��s do microfone, que sa��ssem
todos os moradores das ruas residenciais, pois estava eminente a
vinda de uma CHEIA, maior que as antecedentes. Poucas pessoas
deram cr��dito ao aviso transmitido e por esta raz��o, ao cair da
noite, quando as ��guas amea��avam a popula����o daquele bairro,
come��avam a chegar na Casa dos Humildes, abrigo para velhi-
nhas pobres, in��meras fam��lias pedindo ref��gio. As portas desta
abriram-se sem reserva para acolher a todos. Ricos e pobres at��
��s altas horas da madrugada. Gra��as ao nosso Pai Compassivo e
Bom, a Casa dos Humildes tornou-se um pouco de amor para
quantos a procuraram, confusos e sobressaltados.
Esta organiza����o participou a fundo das afli����es dos atin-
gidos pela cheia - os flagelados.
Velhos e mo��os, homens, mulheres e crian��as, pretos e
brancos, aglomeraram-se nos segundo e terceiro andares, ao lado
de muitos c��es que acompanhavam os seus donos.
Pela manh��, em diversos fog��es, eram providenciados os
caf��s para todos com muita harmonia. A partir do segundo dia,
observamos lastim��vel estado de sujeira que se espalhava desde
os sanit��rios - onde as fezes se multiplicaram por cima e por
baixo destes - que se achavam cheios e entupidos, at�� os sal��es
que mais pareciam monturos das deje����es dos c��es.
Tomamos a frente da limpeza, que se fazia urgente. Mas os
dias se repetiram e j�� se ia pelo sexto dia, com o mesmo espet��culo
de sujeira, sem que nenhum dos benefici��rios se oferecesse para
ajudar em coisa alguma; uma vez que pela manh�� retiravam-
se os homens para cuidarem dos seus problemas particulares,
205
enquanto que as mulheres permaneciam encostadas. Vimo-nos
obrigados a lan��ar m��o das crian��as de oito, nove a dez anos para
nos ajudarem no asseio.
Com certeza, com a inspira����o dos bons Esp��ritos e informa-
dos pelos funcion��rios da Sa��de P��blica, as autoridades enviaram
no sexto dia um funcion��rio, dois soldados do Ex��rcito e um
caminh��o, no qual deveriam serem os flagelados transportados
para a Escola Dom Vital, �� semelhan��a do que estava sendo feito
em outros abrigos.
P��de-se notar a resist��ncia geral em n��o querer atender aos
apelos, justos e amor��veis, do dito funcion��rio. N��o obstante a
n��o aceita����o da maioria, a ordem foi cumprida, mesmo porque,
quando faltava meia hora para extinguir-se o prazo dado para a
retirada, os referidos soldados lembraram em tom mais incisi-
vo, as ordens vigentes, de caso algu��m recusasse, ser retirado ��
for��a. Foi ent��o que o caminh��o encheu-se logo, e l�� se foram
cumprir as suas prova����es. Muitos desses amparados na Casa dos
Humildes, tratados com todo o nosso carinho, sa��ram revoltados,
proclamando que Elias Sobreira - presidente desta, �� que foi o
culpado da retirada deles, dando parte ��s autoridades. Houve
mais: um diretor da Casa dos Humildes, funcion��rio da R��dio
Olinda, obteve um caminh��o de g��neros aliment��cios, cal��ados e
roupas, destinados ��s internas desta organiza����o; surgindo quem
declarasse em alto e bom som, que os recursos em apre��o vieram
para o povo e que Elias Sobreira havia desviado. Lembramo-nos,
nesta altura, do Divino Mestre em cima da cruz, pouco antes de
entregar o seu Excelso Esp��rito ao Eterno: "Perdoai-lhes, Pai,
porque n��o sabem o que fazem".
Imitando polidamente o Divino Senhor, digo: "Perdoai-lhes,
Pai, porque n��o sabem o que dizem".
206
73.��
"O hornern deixar�� seu pai e sua m��e, se unir�� �� sua mulher, e
ser��o dois numa s�� carne; n��o separe o homem,
o que Deus ajuntou". - Jesus
Fazia onze anos de casado com E.S., quando fui trans-
ferido do Dep��sito da Aeron��utica, no Rio de Janeiro para a
Base A��rea do Recife. Ao saber da transfer��ncia, comuniquei
a esposa, respondendo esta que n��o podia acompanhar-me por
causa da sua m��e que estava enferma. Concordei plenamente,
por tratar-se dum sentimento respeit��vel, qual o do amor �� sua
pr��pria m��e. Pouco mais de um ano decorrido de minha estada
na capital pernambucana, escrevi a ela, convidando-a para vir
ao meu encontro, visto que estava em casa alugada e de posse da
chave desta. Ela respondeu-me que n��o vinha porque eu costu-
mava movimentar-me muito no servi��o da Doutrina Esp��rita,
deixando-a sozinha. Entendi a situa����o dela, que n��o participava
de minhas lides esp��ritas, embora n��o vivesse s��, pois ao seu lado
tinha uma filhinha nossa, de doze para treze anos.
Quinze anos depois, j�� me encontrava na inatividade mi-
litar, isto ��, reserva, convidei-a para acompanhar-me na minha
peregrina����o e n��o tive resposta. Dez anos ap��s este, convidei-a
novamente, por��m expliquei o meu g��nero de vida qual era.
Intenso movimento nas atividades esp��ritas. Ela respondeu que
preferia ficar onde estava. Perto da fam��lia.
Mais uma vez compreendi que o g��nero de vida adotado por
mim n��o se coadunava com o dela, este o motivo da desist��ncia
absoluta em viver comigo.
Estimo-a, contudo, como a uma irm��, e mensalmente envio
para ela a ter��a parte dos meus vencimentos, que chegam de sobra
para as suas necessidades. N��o cesso de orar por elas e n��o estou
esquecido da Lei Divina:
"O homem deixar�� seu pai, sua m��e, se juntar�� com sua
mulher, ser��o dois numa s�� carne; n��o separe o homem o que
Deus ajuntou".
207
A quebra do compromisso acima, face �� Lei Divina, impre-
terivelmente ser�� sonda no futuro, em posterior reencarna����o,
na qual seremos compelidos a voltar unidos por la��os que nos
assegurem conscientiza����o plena das nossas responsabilidades,
perante a Lei do Amor e da Justi��a Eterna, ensinada pelo Divino
Mestre: "Faze aos outros tudo o que queiras que se te fa��a; n��o
fa��as aos outros o que n��o queiras que te fa��am".
208
PAPTE III
NOTA EXPLICATIVA
A 3 de mar��o do ano de 1946, era iniciada a Campanha do
Quilo no Recife. Elias Sobreira trouxera do Rio de Janeiro, a
sua experi��ncia como Legion��rio do Quilo e em uma reuni��o
no ent��o Orfanato Esp��rita Ceci Costa, Salgadinho, Olinda, PE,
foram programadas as atividades em sua fase inaugural.
Naquela data, um domingo de sol e calor, seis homens e sete
mulheres sa��ram ��s ruas do bairro de Arruda, partindo da Escola
Esp��rita Maria de Nazar��.
Eram expoentes daquele inusitado evento no Recife, Elias
Alverne Sobreira e Adauto Cavalcanti Costa, este, diretor
daquela Escola.
Rubens Uch��a registra em uma de suas cr��nicas no livro "
O ��LTIMO TOQUE DO CLARIM", edi����o de 2003, uma
entrevista com Adauto Costa, cheia de detalhes onde bem se
evidencia o grande primeiro passo deste movimento, destinado
a ajudar, na ��poca, a manuten����o do Orfanato acima referido.
Agigantando-se como "Obra de Deus", a Campanha do Quilo
atualmente atende �� manuten����o de um expressivo n��mero de
institui����es esp��ritas - creches e abrigos para idosos -, obedecendo
ao Regimento da Escola Central da Campanha do Quilo, situada
�� rua Israel Fonseca, 66, bairro de Santo Amaro, Recife, PE.
Email- campanhadoquilo.pe@gmail.com / Fone: (81) 3222-0144.
Extrapolando sua atua����o, a Campanha do Quilo vai ao encontro
209
das car��ncias em cidades do interior do Estado, onde �� realizada
nos moldes estabelecidos por aquela Escola.
Elias Sobreira, como um Peregrino do Quilo, sob a orienta����o
do esp��rito Bezerra de Menezes e sua equipe, levou para v��rios
estados do nosso Nordeste este trabalho, deixando em sua
trajet��ria um rastro luminoso de amor ao pr��ximo em sua mais
significativa express��o.
S��o exemplos, entre outras, das institui����es mencionadas no
in��cio deste livro:
- Lar das Crian��as - (anexo ao Cen��culo Esp��rita Casa de Maria)
Rua Marqu��s de Baipendi, 219, Campo Grande - Recife.
- Lar Transit��rio de Christie - (anexo �� Associa����o Esp��rita Lar
de Chistie).
Rua 48, 4a Etapa da Vila Cohab - Rio Doce - Olinda -
fone: 34314775.
- Creche Mission��rios da Luz - (anexa ao N��cleo Esp��rita
Mission��rios da
Luz).
Av. Encanta Mo��a, 212 - Pina - Recife - fone: 34664025.
- Creche Morada da Felicidade - (anexo ao Instituto
Esp��rita Semeadores da F��).
Rua Rego Monteiro, s/n�� - Cidade Universit��ria - Recife
- fone: 32726633.
- Creche Lar de Paulo - (departamento Pronto Socorro
Esp��rita Casa do Caminho).
Rua Belo Jardim, 514 - ��gua Fria - Recife - fone:
34446058.
- Creche Esp��rita Maria de Nazar�� - (departamento
Instituto Esp��rita Andr�� Luiz).
Rua 51, n�� 85 - Jardim Paulista - Paulista - PE - fone:
343872977.
210
Associa����o Esp��rita Templo da Crian��a.
Rua Maria Gon��alves, 136 - Mangabeira - Recife -
fone:32689469.
Creche Cruzada dos Militares Esp��ritas.
Rua Caet��s, 66 - Santo Amaro - Recife - fone: 34215973.
Comunidade Esp��rita Elias Sobreira - (sede provis��ria).
Rua Coelho Neto, 162 - Campo Grande - Recife - fone:
32422756.
Centro Esp��rita Irm�� Gertrudes
Rua Franco Gondim, 51 A - Casa Forte - Recife
211
Este livro foi composto e
editado eletronicamente por D��bora Lobo Bonald Pedrosa,
em fonte Garamond, corpo 1 1 , sendo a
capa impressa em cart��o supremo 250 gr/m2 e o miolo
em offset de 90 gr/m2 e com uma tiragem de 2.000 exemplares.
Produzido no Parque Gr��fico da
Companhia Editora de Pernambuco - CEPE,
em fevereiro de 2014.
Fone: (81) 3183.2700 - Fax: (81) 3183.2747
E-mail: orcamento@cepe.com.br
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Este e-book representa uma contribuição do grupo Bons Amigos e Só livros com sinopses para aqueles que necessitam de obras digitais como é o caso dos deficientes visuais
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