repress��o sexual na era vitoria-
na. Saiba tudo a respeito disso
e voc�� estar�� informado para
entrar em qualquer debate so-
bre o assunto, lendo em "De-
poimento" o excelente artigo
do m��dico norte-americano
Robert T. Francoeur, da revis-
ta "Sexology", que publicamos
com exclusividade no Brasil.
Est�� nas bancas do Brasil in-
teiro "Astrologia, Sexo e
Amor", com um perfil astrol��-
gico e hor��scopo completo pa-
ra 1981.
Outra grande novidade �� o lan-
��amento da seq����ncia de espe-
ciais de CONFISS��ES INTI-
MAS, agora abordando o tema
"Masturba����o sem sentimento
de culpa". Uma obra que n��o
deve faltar em sua cole����o.
�� fim de ano, Natal, �� tempo
de amor maior. Que este amor
maior esteja presente em todos
os dias de 1982, com aquele
abra��o de todo o pessoal aqui
da Editora.
��NDICE: 4��� Inicia����o e Timidez/
6 ��� Anatomia Sexual/
8 ��� Masturba����o/
10 ��� Sexualidade Feminina/
1 4 - Sa��de/
18 ��� Homossexualismo Masculino/
28 ��� Emocional/
30 ��� Depoimento/36 ��� Ponto de
Encontro/38 ��� Opini��o.
INICIA����O
& TIMIDEZ
TENHO MEDO DE FALHAR"...
enho, por meio desta, �� pro- Diga-me, por favor, que devo fazer
cura de uma palavra amiga, e para que isso aconte��a? Que �� que est�� tenho certeza de que serei atrapalhando minha ere����o? Quando
atendido. Aos 19 anos, ain- estou com vontade de ter uma rela-
da n��o tive nenhuma rela����o sexual ����o, eu n��o procuro mulher, por me-com garotas, e, na primeira vez que a do de falhar, e ent��o recorro �� mastur-oportunidade surgiu, trocamos muitas ba����o. Mas assim que termino o ato car��cias, mas n��o consegui a ere����o. solit��rio, meu p��nis abaixa e n��o le-4
vanta mais. Li tamb��m numa revista
Confiss��es que a cor do esperma ��
de um branco-amarelado; pois o meu
�� muito ralo, e n��o sei o que fazer
para que ele volte �� cor normal. Depois
que me masturbo, eu come��o a ficar
numa tremedeira total! Nina, me
ajude, antes que eu fa��a alguma lou-
cura!" (A. A. - Leitor Desesperado ��
Procura de uma Cura)
que possam surgir, como seria per-
Seu diagn��stico foi feito por feitamente compreens��vel durante o voc�� mesmo, o que prova que
ato sexual. Seu problema de n��o ter
seu problema j�� tem o seu
surgido a ere����o, na primeira oportu-
ponto de partida. �� v��tima
nidade em que esteve com uma garo-
do temor do desempenho, esta quase
ta, est�� dentro desse enfoque. O me-
epidemia que assola os jovens brasilei-
do de falhar impediu a ere����o, porque
ros ��� se bem que se encontre tamb��m
se se tratasse de impot��ncia, voc�� n��o
no mundo inteiro ��� , especialmente
teria a ere����o na masturba����o tamb��m.
nesta fase de pseudolibera����o femini-
O fator psicol��gico inibiu o mecanis-
na acompanhada de um total desprepa-
mo da ere����o. Durante a masturba����o,
ro masculino, uma vez que ele conserva
�� perfeitamente normal que, uma vez
ainda o machismo antigo. Veja bem: a
conclu��da, fa��a com que seu p��nis
mulher est�� tomando a iniciativa quanto
fique fl��cido. Sempre que se verifica
�� sua sexualidade e n��o depende da ere-
uma ejacula����o, isso acontece, pois
����o; n��o carrega, tamb��m, o ran��o se-
faz parte da fisiologia masculina. N��o
cular de ser respons��vel pelo sucesso ou
se preocupe quanto �� colora����o de
fracasso do ato sexual. J�� os rapazes co-
seu esperma, porque ela �� vari��vel de
mo voc��, al��m deste fardo machista de
indiv��duo para indiv��duo, e o impor-
"condutores do relacionamento", sen-
tante �� que ela esteja fluindo. A tre-
tem-se despreparados, desinformados e
medeira citada por voc��, depois da
inseguros. Tamanha carga os assusta
masturba����o, �� devida ao fato de voc��
e os inibe. Pelo medo de falhar ��� e na
estar concentrando no ato solit��rio
sociedade machista, este tipo de falha
muita energia f��sica e emocional. Re-
�� erroneamente considerado imperdo��-
sulta numa estafa. Seu problema maior
vel - , n��o v��o ao relacionamento. Co-
ainda �� o temor do desempenho; os
mo precisam aliviar suas tens��es se-
outros s��o conseq����ncias dele. Deixe
xuais, recorrem �� masturba����o. Dela
de lado o pavor de falhar, de n��o con-
esperam - como voc�� - que os livre
seguir ser perfeito no ato, de ser taxa-
das ansiedades e ang��stias gerais. A
do de "menos homem". 'Procure
masturba����o n��o tem esse poder e,
se relacionar sexualmente com garo-
portanto, os deixa frustrados. Toma-
tas que j�� tenham um certo grau de
dos de todos esses sentimentos, num
amizade com voc��. Desta forma,
ato de coragem, eles se lan��am ao pri-
tanto elas como voc�� ter��o uma maior
meiro contato. Mas falta-lhes a auto-
compreens��o um para com o outro. A
confian��a e a humildade para supera-
camaradagem ser�� maior e o ato ficar��
rem as poss��veis falhas e limita����es
muito mais espont��neo. i
5
ANATOMIA
SEXUAL
"A FIMOSE �� PREJUDICIAL?"
QUE FAZER COM P��NIS T��O PEQUENO?"
enho uma namorada, h�� qua-
sesperado - Nepomuceno / MG)
T se um ano, e estou com 19
anos. Estou muito triste por-
que tenho fimose, e queria
saber se essa doen��a, antes de operar,
n��o prejudica o homem ou a mulher.
Quando a fimose �� constatada
por um profissional compe-
Ser�� que h�� algum perigo? Queria tam-
tente ��� um m��dico ��� , deve
b��m saber se, para reproduzir, �� pre-
ser corrigida atrav��s de uma
ciso chegar ao orgasmo." (Jovem De-
cirurgia r��pida, corriqueira, sem riscos
6
e com ��xito garantido. Se a opera����o
n��o for efetuada, fatalmente o desem-
penho sexual ficar�� prejudicado, por-
que a pr��pria penetra����o fica difi-
cultada e o desenvolvimento do ato
sexual torna-se dolorido. Tamb��m a
parceira �� atingida pelo problema.
Quanto �� reprodu����o ��� o fato de gerar
filhos ��� , o orgasmo n��o �� necess��rio,
porque ela independente do cl��max.
Mas se pensarmos que um ato sexual
gratificante e completo reciprocamen-
te deve ser coroado pelo orgasmo de
ambos os parceiros ��� n��o necessaria-
mente ao mesmo tempo - , um rela-
cionamento sexual sem orgasmo de
uma das partes, ou mesmo de ambas,
tenho fraqueza sexual e frieza tam-
que leve em conta apenas a reprodu-
b��m. Ajude-me, por favor, porque
����o, termina fatalmente incompleta e
quero me casar e n��o sei se tenho
frustrante. O seu melhor caminho ��
condi����es de realizar o meu sonho."
procurar um cl��nico ou um urologista,
(Moreno �� Procura da Felicidade -
pedindo-lhe que proceda a um exame
Distrito Federal)
no p��nis e nos seus ��rg��os genitais, pa-
ra que possa se certificar de que real-
mente �� v��tima da fimose. Provavel-
mente, a se constatar a sua suspeita,
ele lhe indicar�� a cirurgia e o livrar��
de problemas atuais e futuros.
Eevidente que voc�� deve con-
sultar um m��dico o quanto
antes, para esclarecer o pro-
blema que est�� havendo com
seu p��nis no tocante ao freio. Pode tra-
"TENHO O P��NIS MUITO
tar-se de fimose ou parafimose, e sen-
PEQUENO"...
do assim, haver�� tratamento e cura.
Psicologicamente, esse problema est��
influindo em voc�� e o vem inibindo
para a pr��tica sexual. Quanto �� ere-
eu p��nis mede 10 cm de
����o, est�� se verificando normalmente;
comprimento quando ereto
logo, n��o existe problema algum de
e 2 cm de di��metro. Tenho
origem org��nica. Voc�� tem todas as
medo de que eu n��o consiga
condi����es de casar e fazer feliz a sua
satisfazer os desejos de minha esposa,
futura esposa, e para que isso aconte-
quando formos casados. Tenho ainda
��a, �� mister que procure um urologis-
outro problema: o freio de meu p��-
ta. Quanto ��s dimens��es do seu p��-
nis n��o arrebentou e continua puxan-
nis, elas n��o devem ser motivo de preo-
do a cabe��a do p��nis para tr��s. H�� 3
cupa����es suas, porque para uma
anos, venho tendo uma grande difi-
mulher o que realmente importa no
culdade para ter rela����o sexual, mas
prazer sexual �� a qualidade, e n��o a
isso fica imposs��vel, porque o p��nis
quantidade. �� a manipula����o, e n��o
n��o sobe. Sinto ele fraco e frio, digo,
o tamanho���
7
MASTURBA����O
'PENSO AT�� EM OUTRO PARA ME SACIAR". ..
enho 20 anos, e estou de ca-
vezes. Tenho uma vontade louca de
T samento marcado para o pr��- manter rela����es sexuais; entre meu
ximo m��s de janeiro. Me mas-
noivo e eu, existem muitos carinhos
turbo desde os 13 anos de
��ltimos, e isso colabora para que eu
idade, sonho com sexo quase todas as
fique ainda mais excitada. Mas meu
noites e, quando acordo, sinto uma noivo nunca tentou nada al��m desses dor horr��vel na barriga. Sinto tamb��m
carinhos. ��s vezes, tenho vontade de
vontade de ir ao banheiro diversas pedir a ele que tenhamos rela����es 8
sexuais, mas tenho medo de perd��-
lo agindo desta maneira. J�� estive
at�� pensando em um outro qual-
quer, somente para saciar o meu de-
sejo. De vez em quando, uso objetos
para me masturbar e depois at�� chego a
chorar de dor. O que voc�� me aconselha
a fazer? Por favor, me responda! Ser��
que n��o sou mais virgem por ter usado
objetos? Desde j��, envio os meus agra-
decimentos." (Tina - Paranava�� / PR)
N��o h�� d��vida que voc�� est��
explodindo em sexo e busca
a masturba����o, cada vez mais
intensa e violentamente, para
dar um al��vio �� tens��o em que vive.
Mas acontece que a masturba����o, por
mais freq��ente e violenta que seja, j��
n��o a satisfaz. Porque voc�� j�� amadu-
receu emocionalmente para partir
para o relacionamento sexual com o
sexo oposto e, felizmente, j�� encon-
trou seu amor. Pois, como voc�� o
ama e �� correspondida nesse amor,
se buscasse em outro homem esse
al��vio, teria uma profunda decep����o,
caso, o sexual - , pois o sexo, como
porque �� com ele que voc�� anseia
todas as necessidades, tem a sua vez
estar intimamente. �� evidente que e a sua hora. Pense que, no futuro, est�� exagerando na viol��ncia com que
nem sempre seu marido estar�� �� sua
est�� praticando a masturba����o, tanto
disposi����o para fazer sexo, apenas
�� que sente dores profundas e fortes
porque lhe deu na telha! N��o force
quando faz uso de objetos. Tamb��m
seu noivo a agir contra aquilo que
�� evidente que voc�� est�� voltada ex-
lhe d�� vontade, pois o sexo deve ser
clusivamente para o sexo, o que n��o
desempenhado sempre de uma forma
costuma ser uma atitude confortado-
espont��nea. N��o se preocupe com su-
ra. Procure outros entretenimentos,
posi����es como a de que tenha ou n��o
outras distra����es. . . Leia, estude, con-
perdido a sua virgindade; fa��a, isto
verse com pessoas que possam faz��-
sim, uma prepara����o para o casamen-
la crescer interiormente. Por que n��o
to que se aproxima - e sempre h��
busca um trabalho que se lhe constitua
muito o que aprender. Livre-se dessa
em ocupa����o rendosa? Al��m do mais,
verdadeira fixa����o em sexo, porque
voc�� teria a satisfa����o de estar conse-
ela ser�� prejudicial ao seu pr��prio
guindo algo seu, com remunera����o,
casamento futuro. N��o esque��a que
inclusive. �� preciso tamb��m aprender
casamento -n��o se resume apenas em
a controlar os seus instintos - no seu
sexo; ele �� muito mais completo!
9
SEXUALIDADE
FEMININA
"APRENDI O QUE VALE FAZER SEXO COM AMOR"...
stou com 20 anos; sou bonita,
meses, ele me trocou por outra e se
inteligente, tenho um belo foi. Sofri como doida, pensei que fosse corpo, mas sou extremamen-ficar maluca! Com o tempo, readquiri
te infeliz. Perdi minha virgin-
minha seguran��a e meu autocontrole,
dade aos 18 anos, quando me entre-
al��m de ter aprendido muito - embo-
guei, apaixonada, a um rapaz que eu
ra ache que de nada me valeu o apren-
julgava amar-me tamb��m. Mas a vida
dizado. Todas as rela����es que tive a
apronta cada uma! . . . Passados dois
partir da�� foram decepcionantes para
10
mim, se bem que todos acabaram por
ficar meus amigos. Por��m, com meu
atual namorado, foi sempre tudo mui-
to diferente. Ele havia chegado na ci-
dade h�� pouco tempo e nem bem nos
olhamos, no dia em que nos conhece-
mos. Depois de alguns meses, ele me
deu carona e tomamos conhecimento
de que mor��vamos no mesmo bairro,
distantes apenas alguns quarteir��es um
do outro. Quando ele me beijou, senti
que algo ia acontecer, pois o desejo que
eu sentia por ele era imenso, talvez
motivado pela falta que eu sentia de
ter algu��m comigo. Depois de 15 dias
de namoro �� que tivemos a nossa pri-
meira rela����o sexual. Chorei muito na
ocasi��o e disse-lhe que queria algu��m
para amar e por quem fosse amada, e
migo. Eu o entendo, em parte, porque
que n��o desejava transas que me dei-
n��o existe homem que n��o tenha o seu
xassem ainda mais vazia. Ele disse lado "mach��o'�� e eu sempre interpre-gostar muito de mim e, a cada dia que
tei suas atitudes como uma forma dele
passava, mais apaixonado ele se mos-
me agredir. Agora sei que ele n��o ad-
trava. Passei a tomar p��lulas anticon-
mite o fato de n��o ter sido ele o pri-
cepcionais porque, apesar dele ser um
meiro homem de minha vida, mas eu j��
garoto de 18 anos apenas, soube fazer
sofri muito para me livrar do sentimen-
de mim uma verdadeira mulher. Quan-
to de autopuni����o, e d��i quando ele
do eram passados 6 meses de todo esse
me acusa de estar mentindo para ele.
amor, ele quis terminar tudo, dizendo
Como posso contar uma coisa que nem
que n��o confiava em mim, porque n��o
mesmo me trouxe algum bem? Dedi-
poderia pensar em casar com uma ga-
quei-me somente a ele, nem me lembro
rota que j�� havia dormido com outros
do meu passado; mas, sempre que esta-
homens. �� verdade que eu havia menti-
mos numa boa, ele volta com esse pa-
do para ele quanto �� minha, vida pre-
po. Parece ser dif��cil ele entender que
gressa, pois tinha certeza que ele ja-
o amo, que preciso dele, que ele �� uma
mais entenderia a minha situa����o. Co-
necessidade para mim, que hoje estou
mo ele me achava uma verdadeira es-
mais madura e consciente de minhas
pecialista na cama, duvidara que fora
atitudes; mas ele sempre diz que se
ele quem me ensinara e me dera ex-
aconteceu com ele em t��o pouco tem-
peri��ncia. Eu fiz amor com outros
po, poder�� acontecer com os outros,
homens, �� verdade; mas agora eu sei
tamb��m. J�� paguei muito caro pela mi-
que sexo com amor �� o que de mais
nha leviandade, Nina; me d�� um pouco
completo e prazeroso existe. Que de esperan��a, pois j�� perdi a vontade sexo pelo sexo n��o nos traz nenhum
de sorrir como antes, estou me tornan-
bem. Por causa de suas d��vidas, n��s
do uma garota revoltada por minha ati-
j�� hav��amos terminado por 3 vezes,
tude, embora saiba que �� uma coisa pe-
mas ele sempre voltava dizendo que
quena. Aqui me despe��o com os para-
muito me amava e que queria casar co-
b��ns por esse excelente trabalho desen-
de toque de todo seu sofrimento atual:
voc�� mentiu para o rapaz, fazendo-o
supor que ainda fosse virgem e, assim
como teve o direito e a liberdade de
escolher para si, no passado, um tipo
de vida, tem quer dar a ele, tam-
b��m, o direito de escolher o tipo de
mo��a que ele quer para esposa. O mo-
mento, portanto, �� cr��tico e importan-
t��ssimo para ambos, porque da decis��o
que voc��s dois tomarem agora ir�� de-
pender o futuro desse amor. Caso o ra-
paz n��o aceite o seu passado ��� e ele
deve ser contado a ele, com toda a
franqueza, pois a sua atitude deve ser
assumida ���, melhor ser�� enfrentar a
dor de um rompimento agora, do que
volvido por sua equipe!" (Garota Tris-
uma inevit��vel ruptura mais tarde, den-
te - Valinhos/SP)
tro do casamento, causada pelas acusa-
����es e suspeitas duvidosas que ele se-
mear�� entre voc��s. Caso ��� diante de
suas palavras sinceras, dizendo o quan-
Sempre defendemos a liberda- to de sofrimento suportou pelas a����es de de op����o quanto �� sexuali-passadas, usando as palavras que a n��s
dade de cada pessoa, ao mes-
dirigiu ��� ele a enxergar como v��tima ���
mo tempo em que aconselha-
e voc�� realmente foi uma v��tima de
mos que esta op����o nunca deve ser fei-
uma sociedade machista e cruel que v��
a mulher como um ser inferior, como
ta sem que antes tenham sido levadas
um objeto de uso e consumo (note a
em conta as conseq����ncias de escolha.
conduta de seu primeiro namorado,
Porque, concomitantemente com o que a marcou profundamente) ���, en-prazer, h�� sempre uma dose de sofri-
t��o ele a compreender�� e a ver�� n��o
mento, em qualquer que seja a op����o.
como uma farsante e mentirosa, e sim
No seu caso, especificamente, se por
como uma mulher que, desesperada,
um lado adquiriu a pr��tica sexual ��� e
errou e teve o m��rito de reconhecer o
n��o experi��ncia, veja bem a diferen-
erro, com o firme prop��sito de n��o
��a ���, por outro, ficou exposta ��s sus-
voltar a errar. No caso de seu namo-
peitas, como as que seu namorado
rado chegar a esta conclus��o, a atitu-
vem sentindo agora. Quando voc�� de-
de primordial de ambos ser�� a de co-
cidiu, no passado, levar o tipo de vida
locar uma pedra no passado e n��o
que levou, deveria ter inclu��do a possi-
tornar a revolv��-lo. �� fundamental
bilidade de vir amar futuramente um
que voc�� aborde o assunto com ele e
homem que n��o aceitasse esta condu-
diga-lhe a verdade dos fatos. Ao mes-
ta para a mulher que viria a ser sua es-
mo tempo. coloque-o a par de seus
posa. Pode lhe parecer sem import��n-
sentimentos para com ele e de como
cia o seu passado, pois voc�� afirma
ele foi, na ralidade, o ��nico a faz��-la
que ele nem felicidade lhe deu, mas de-
conhecer as del��cias do amor comple-
ve reconhecer que dois pontos de vista
s��o indiscut��veis e est��o como pedra
12
SA��DE
"N��O CONSIGO ARREGA��AR A PONTA DO P��NIS". ..
"TENHO UM PONTO FRACO". ..
'TENHO PAVOR DE ESPELHOS"...
uando eu nasci, o doutor es-
2 - 0 que �� swing, m��nage �� trois, sa-
Q queceu de cortar a ponta da domasoquismo, sexo anal e sexo oral?"
pele que reveste o meu p��nis,
(FJ��.M. - Barras/PI)
e por isso eu n��o consigo
arrega����-lo. Que devo fazer, agora que
estou no in��cio da adolesc��ncia? Devo
me submeter a uma cirurgia? Tenho
ainda outras d��vidas:
1 ��� Por que, quando ereto, o meu p��-
Enecess��rio que voc�� procure
um m��dico, para avaliar o que
est�� se passando com voc��,
nis fica muito para o lado de cima e o
por que raz��o est�� tendo difi-
das outras pessoas fica em posi����o reta?
culdade em manipular seu p��nis. So-
14
mente um profissional ��� e com grande
entre os dois, buscam a solu����o fora
facilidade ��� re��ne condi����es de dizer
deles, e assim, passada a primeira im-
se se trata de fimose ou parafimose, ou
press��o que todo exotismo desenca-
ainda qualquer outro pequeno proble-
deia, voltam os mesmos problemas que
ma. Tamb��m somente o m��dico ver��
haviam permanecido dentro deles
se a cirurgia �� conveniente e necess��ria.
(dentro de cada um deles e do casal,
Mas, caso o seja, n��o �� motivo de alar-
como um todo). Por n��o ter trazido
ma algum, porque n��o tem risco ou
contribui����o alguma ao terreno sexual,
seq��ela. Ao contr��rio, corrige r��pida e
e sim apenas no que se refere �� descon-
definitivamente o problema ��� quando
tra����o social que uma simples reuni��o
feita por um bom profissional, �� evi-
de pessoas com problemas em comum
dente. N��o pode absolutamente ser de-
tamb��m traria ��� sem que se fizesse
sempenhada por curiosos. Quanto ��
necess��ria a pr��tica sexual ���, o swing
pergunta sobre a raz��o de seu p��nis,
est�� sendo abandonado e at��, por al-
quando ereto, ficar voltado para guns sex��logos, desaconselhado, nos cima, provavelmente �� devido �� fi-centros mais desenvolvidos. O m��nage
mose, pois ele fica pressionado. O �� trois segue o mesmo esquema do m��dico explicar�� em detalhes, para swing, diferenciando dele apenas quan-voc��. Mas �� evidente que este pro-
to ao n��mero de praticantes. Como
blema tem que ser corrigido, para diz em franc��s, ele �� um ato sexual pra-que voc�� possa se desempenhar sexual
ticado por "trois" (tr��s) pessoas, que
e mecanicamente bem. Quanto �� sua
podem ser dois homens e uma mulher,
segunda pergunta, vamos por etapas:
duas mulheres e um homem, e, no ho-
Swing �� o nome dado ao ato sexual
mossexualismo, tr��s homens ou tr��s
praticado em grupo, que pode ser de
mulheres. Pelas mesmas raz��es de n��o
dois casais, tr��s ou mais. Os parceiros po-
resolver os problemas b��sicos interio-
dem se manter unidos ou pode haver a
res de cada indiv��duo ��� e sim sobrecar-
troca entre eles. O swing �� chamado
reg��-los ���, os sex��logos encaram o
"aberto" quando o ato sexual �� prati-
m��nage �� trois como uma fuga ou
cado no local em que est��o presentes
excentricidade buscada por pessoas
todos os membros do grupo; �� denomi-
problem��ticas emocionalmente. Sa-
nado "fechado" quando o local de
domasoquismo �� um tipo de compor-
concentra����o serve para se -fazer a tro-
tamento de origem psico-emocional
ca de casais, mas o ato sexual �� prati-
que faz com que a pessoa sinta prazer
cado por dois parceiros num recinto
ao provocar dor em si mesmo e no seu
reservado do mesmo local. �� um re-
pr��ximo. No terreno sexual, �� um ato
curso adotado por casais com consen-
praticado com muita dor e viol��ncia,
timento rec��proco - isto ��, de pr��vio
por um dos parceiros ou pelos dois,
acordo, tanto do homem quanto da
para que possa ser atingido o prazer.
mulher, para se desinibirem sexual-
Por inverter a finalidade do sexo, que
mente, para aprender t��cnicas novas,
�� a de proporcionar prazer ao indiv��-
ou mesmo para trocar de parceiros.
duo, sem mecanismo de viol��ncia e
S��o pessoas que d��o um demasiado
sofrimento, o sadomasoquismo �� ca-
valor �� parte mec��nica do sexo e que
talogado como uma variante sexual.
se recusam a enfrentar - ou n��o est��o
No ��mbito da psicologia, �� considera-
conscientes - os seus problemas pes-
do um desvio ps��quico e precisa ser
soais de relacionamento social e sexual.
tratado atrav��s de uma terapia espe-
Ao inv��s de corrigirem os problemas
cializada. Quando o parceiro n��o
15
concorda com o sadomasoquismo e a sua idade). De qualquer forma, pro-ele lhe �� imposto dentro do casamen-
cure um endocrinologista para respon-
to, ele justifica legalmente uma anu-
der essas quest��es. Porque existem ca-
la����o ou separa����o conjugal. O sexo sos de dist��rbios hormonais resultan-anal �� um tipo de conduta sexual que
tes de um funcionamento insuficiente
usa o ��nus para a penetra����o. Esta das gl��ndulas, e esse pode ser o seu penetra����o pode ser parcial ou total,
caso. Ent��o haver�� solu����o para o que
at�� �� ejacula����o. Tamb��m se caracteri-
voc�� chama de drama. Uma vez corri-
za por sexo anal o uso do ��nus apenas
gido este dist��rbio ��� geralmente na
como zona er��tica, para estimular e
adolesc��ncia o resultado �� ��timo ���,
excitar durante o ato sexual com pe-
os test��culos come��am a se desenvol-
netra����o vaginal. Seu uso �� opcional, ver normalmente. Mas n��o permita n��o �� obrigat��rio, e deve contar com
que esse fator influencie no seu
a concord��ncia de ambos os parceiros.
comportamento social e no seu desem-
O sexo oral �� o uso da l��ngua como
penho sexual. Com a informa����o se-
instrumento de excita����o sexual. Volte
xual e afeto natural, voc�� desempenha-
a escrever-nos, se as linhas gerais dadas
r�� bem e sentir�� prazer, al��m de cola-
n��o lhe foram suficientes ou se tiver
borar para o prazer de sua parceira.
outras d��vidas.
As mulheres n��o est��o a fim de belos
test��culos, e as amizades n��o t��m a
preocupa����o de chec��-los, como con-
"TENHO UM PONTO FRACO"...
di����o fundamental para que elas se
estabele��am. Na verdade, pouco ou
nada de aten����o dedicam a eles. 0
omo leitor desta conceituada
drama est�� em sua cuca; e, se a preo-
revista, eu gostaria de saber se
cupa����o com a sa��de do corpo e do
existe algum rem��dio ou tra-
esp��rito �� fundamental, por outro lado
tamento para fazer crescer os
n��o se deve superestimar a import��ncia
test��culos, porque os meus s��o peque-
est��tica e apar��ncia de nosso corpo, a
nos e me deixam complexado. Vivo
ponto de permitir que elas influenciem
um verdadeiro drama, estou sempre em
em nosso comportamento.
conflito comigo mesmo e, por mais
que argumente que tamanho n��o �� do-
cumento, para conseguir um pouco de
paz interior, �� tudo em v��o. Este fato
tem me atrapalhado at�� no relaciona-
"TENHO PAVOR DE ESPELHOS..."
mento social e sexual. Principalmente
com as mulheres, eu fico com receio
de que elas percebam o meu ponto
fraco'." (E.A.M.S. - SP)
screvo esta a voc��s de Confis-
s��es ��ltimas porque, sendo eu
um de seus leitores mais ass��-
P ode ser que seus test��culos duos, li em certas publica����es
geneticamente sejam de ta-
antigas a carta respondida a um outro
manho pequeno (e ent��o n��o
leitor, que pedia solu����o para o proble-
h�� maneira de faz��-los cres-
ma de uma pele cheia de crateras dei-
cer) ou que estejam em pleno proces-
xadas por espinhas. Voc��s responde-
so de crescimento (voc�� n��o nos disse
ram que havia produtos e f��rmulas que
16
resolveriam o caso dele. Como sou v��-
a respeito do problema que nos �� apre-
tima desse mesmo problema, interes-
sentado. No seu caso, seria, sem d��vi-
sei-me pelo assunto e venho por meio
da, a procura de um cl��nico, para fa-
desta pedir os nomes desses produtos,
zer uma revis��o em seu organismo,
uma vez que os farmac��uticos n��o nos
afastando assim qualquer possibilidade
indicam por sua pr��pria vontade. Por
de que o seu problema cut��neo possa
causa da apar��ncia de meu rosto ��� cheio
estar relacionado com outro problema
de buracos ���, tenho verdadeiro pavor
org��nico ��� problema esse que pode es-
de espelhos, vivo com as m��os no ros-
tar sendo a raiz do seu drama. No caso
to, num complexo que me faz afastar-
de n��o existir nenhum problema nesse
me de meu meio social, e nem garota
setor, o pr��ximo passo seria a procura
eu tenho. Evito as pessoas por causa da
de um dermatologista, que, dependen-
minha pele, j�� pensei at�� em suic��dio e
do da gravidade do caso, indicaria um
preciso que voc��s me ajudem a me li-
"peeling", que poderia ser feito nas
bertar. Aproveito para sugerir que as
pr��prias institui����es especializadas.
p��ginas de Confiss��es sejam aumenta-
N��o esque��a, por��m, que existem ato-
res com peles problem��ticas que t��m
das." (R.P. de M. - Campo Grande/MS)
alcan��ado sucesso em seus trabalhos,
realizando-se como profissionais. ��
que a autoconfian��a e o seu talento ���
voc�� tamb��m deve t��-los ��� ultrapas-
sam a apar��ncia f��sica. Por que n��o
Por n��o sermos profissionais, tenta agir assim? Derive seu pensamen-n��o podemos nos aventurar a
to para algo criativo, retire suas m��os
dar nomes de produtos ou f��r-
e agrade��a ser perfeito no que se refe-
mulas farmac��uticas, porque re ao intelecto, �� vis��o, �� fala, �� audi-existem profissionais com estudo e ga-
����o, etc. N��o lhe parece covardia pen-
barito. Podemos indicar o caminho pa-
sar em suic��dio por causa de um pro-
ra que esses profissionais sejam pro-
blema de pele, quando diariamente
curados. Como o problema de pele morrem pessoas por n��o poderem se atinge milhares de pessoas, v��rios s��o
alimentar suficientemente ou serem
os produtos realmente eficientes; mas
atendidas em seus problemas de sa��-
tamb��m existem aqueles que n��o fa-
de? N��o �� muito mais triste e angus-
zem efeito algum e que condicionam
tiante? Ent��o n��o desperdice a sua
as pessoas a um consumismo desenfrea-
vida, destruindo a sua chance de ser
do, na ��nsia que est��o de ver suas an-
feliz porque sua pele n��o �� exatamen-
g��stias solucionadas. Isto provoca um
te como voc�� desejava que ela fosse.
descr��dito da parte de quem vive tes-
Firme-se em seus talentos e seus pen-
tando os mais variados produtos e n��o
dores, desenvolva-os e aplique-os em
v�� melhora alguma em sua apar��ncia.
sua vida. Ver�� como esta preocupa����o
Cremos que nosso leitor seja uma des-
demasiada com a sua apar��ncia desapa-
sas v��timas da propaganda e da publici-
recer�� e lhe dar�� maior prazer pessoal.
dade exageradas. Mas seria realmente
Al��m disso, procure um dermatologis-
anti-��tico de nossa parte invadir um
ta, depois do cl��nico.ter-lhe assegurado
terreno que n��o nos pertence: o de in-
que seu organismo em geral est�� em
dicar nomes de f��rmulas e solu����es.
ordem.
Nem mesmo nomes de profissionais
podemos dar. 0 que nos cabe �� infor-
mar ou um cl��nico ou um especialista,
17
HOMOSSEXUALISMO
MASCULINO
BICHA N��O PODE TIRAR ESSA M��SCARA GRUDADA:
NO BRASIL, A IGNORNCIA �� IMPRESSIONANTE !!!"
u entendo que a generaliza����o
posi����o comodista e dogm��tica. Por.
�� uma das coisas mais est��pi-
que o certo �� que todos n��s somos
das, e que mais equ��vocos e
muito complexos, e cada ser humano ��
empecilhos originou na clari-
um esp��cime diferente. O chamado
flca����o das id��ias. Pior que a generali-
Instinto greg��rio', que leva os homens
za����o, somente o manique��smo. Dizer
a se juntarem, perdendo, temporaria-
que 'brasileiro �� assim', franc��s �� as-
mente, suas caracter��sticas individuais,
sim' ou 'homossexual �� assim', �� uma
n��o �� mais que um subterf��rgio, pro-
18
O COITO ANAL
A chamada
conjun����o anal
exige, antes do ato,
uma prepara����o de
higiene. De
prefer��ncia, a
higiene completa
atrav��s da "chu��a"
ou seringa de lavagem
do reto (encontrada
em qualquer
farm��cia, assim
como o "fleet"
��� flite ��� para essa
finalidade). Outro
detalhe, al��m da
higiene, �� a
lubrifica����o, j�� que
o reto n��o possui
lubrifica����o natural.
A penetra����o deve
ser lenta e s�� iniciada
ap��s encontrar uma
posi����o c��moda.
19
vocado por nosso medo c��smico de
mente por um semelhante; verbi gratia,
extin����o. Assim, por exemplo, torce-
homem ama homen (na sua diversida-
mos por um time ou por uma doutrina
de de idades e tipos) e mulher ama mu-
(preferentemente fortes) porque, quan-
lher. 0 homossexual masculino 'aut��n-
do o time ou a doutrina vencem, n��s
tico' acredita que o corpo masculino
nos consideramos tamb��m vencedores
representa o ideal de beleza, e n��o ou-
(ou seja, mais seguros), com o menor
saria deform��-lo. Os antigos gregos,
esfor��o e risco.
que estabeleceram perenes normas de
Quase todos n��s generalizamos por
beleza, cultuaram o corpo masculino
dois motivos fundamentais: para rotu-
e esconderam o feminino; na estatua-
lar nossos advers��rios com todas as
rua, sob pesadas roupagens. Agora, o
supostas imperfei����es da "esp��cie" na
travesti mutila o corpo masculino e
que o encaixamos, ou para incorporar
cria monstros anat��micos, que s��o co-
�� nossa 'esp��cie' nossos gostos e anelos
mo oferendas ao poderoso deus da
particulares. No terreno da sexualida-
heterossexualidade. Se o Deus Heteros-
de, existem muitos heterossexuais que
sexual adora mulheres, n��s faremos
observam uma completa isen����o de ��ni-
um arremedo de mulheres, falando e
mo a respeito dos homossexuais; mas
gesticulando como elas, injetando sili-
a grande maioria, detentora de homo-
cone nos lugares apropriados e cortan-
fobia defensiva (Freud explica), acha
do, se for preciso, aquilo que o hete-
que todos os homossexuais s��o efemi-
rossexual abomina. Nunca, na hist��ria
nados, maldosos e corruptores. Do ou-
do Homem, testemunhou-se tal escra-
tro lado, os homossexuais generalizam
vid��o volunt��ria, tal masoquismo, tan-
tamb��m. Muitos acredtiam honesta-
to rebaixamento de um homem ante
mente que todos os heterossexuais s��o
outro, tal anula����o do indiv��duo. ��,
cru��is e, no fundo, uns homossexuais
acima de tudo, um crime de lesa-es-
enrustidos. (Paradoxalmente, no Bra-
t��tica, de anormalidade estrutural
sil, o xingamento de certos homosse-
(n��o fa��o reproches moralistas.) Para
xuais para o heterossexual �� 'homos-
um espectador imparcial (se �� que h��
sexual', com seus diversos ep��tetos
espectadores imparciais), um homem
depreciativos. Al��m disso, apelidam de
travestindo-se inteiramente de mulher
'bofe' (que significa 'prostituta de bai-
pareceria t��o grotesto como um rou-
xa categoria') ao mich��. 0 que caracte-
xinol grasnando qual um pato ou um
riza uma inusitada falta de imagina����o
le��o vestindo a plumagem do avestruz.
e de respeito pr��prio.
Num disfarce mais encobridor, pode
Vejam isto; a revista 'Lampi��o', edita-
haver beleza na fantasia colorida e
da por uma equipe excelente de jorna-
brilhante, mas isso n��o tem a menor
listas, �� conceituada pelos heterosse-
rela����o com o homem que a sustenta,
xuais, e por muitos homossexuais, co-
que ficaria mais belo sem enfeites,
mo o porta-voz do homossexualismo.
quase nu.
Mas, pelo que lemos, a revista se consa-
O 'Lampi��o' espanta-se diante das mi-
gra principalmente �� exalta����o do tra-
norias homo-machistas que aparecem
vestismo e da androginia ��� formas
no filme 'Cruising'. Longe de mim
particulares do homossexualismo, t��o
compartilhar o entusiasmo de alguns
exacerbadas que quase pulam fora de-
pela imagem daqueles homens ar-
le. 0 homossexual 'aut��ntico', se for-
tificial e exageradamente muscula-
mos coerentes com a etimologia, ��
dos, mas creio mil vezes prefer��vel
aquele que se sente atra��do sexual-
inspirar um pouco de medo que ins-
23
pirar risos de zombaria. Lembro agora
adolescente, e 'erastes', amante. Na
o c��lebre 'Batalh��o Sagrado' tebano,
outra margem, um homem visceral-
a cuja frente Pel��pidas e Epaminondas
mente efeminado, habitualmente pas-
obtiveram decisiva vit��ria na batalha sivo, quer ser amado por um homem de Leuctra, em 371 a. C. Todos os adulto, preferencialmente musculado, homossexuais deveriam estar eterna-peludo e heterossexual. Com esse de-
mente gratos a essa tropa quase m��-
sejo, nosso homem �� capaz at�� de
tica, que tanta gl��ria e respeito deu ��
castrar-se para ter semelhan��a com
homossexualidade. Amantes e amados
uma mulher. �� o andr��gino.
matavam ou morriam sem perder a A dist��ncia entre estes dois homos-compostura, conscientes de que pos-
sexuais pode medir-se em anos-luz. E
su��am a mesma dignidade que os divi-
claro est�� que convivem numa laten-
nizados her��is.
te hostilidade. O pederasta acusa o
Ou �� prefer��vel bufonear? O palha��o
andr��gino de que est�� envilecendo a
de circo, bem sabemos, n��o perde a
homossexualidade e fazendo mais di-
respeitabilidade, porque �� ele quem f��ceis e perigosas suas 'conquistas', domina a situa����o, a farsa moment��-
porque o garoto teme virar 'bicha es-
nea. O palha��o tira a m��scara e por
candalosa'. O andr��gino acusa o pe-
baixo dela surge um homem, um cida-
derasta de que est�� mexendo com a
d��o com todos os direitos. A gra��a juventude inocente e provocando a ira do 'bicha' travesti consiste em acei-dos heterossexuais, dificultanto assim
tar o julgamento heterossexual de suas sedu����es amorosas e seu ganha-que a homossexualidade �� uma coisa
p��o. Como acontece freq��entemente,
rid��cula, motivo para as piadas mais ambos est��o certos em suas posi����es saborosas. O 'bicha' n��o pode tirar
irreconcili��veis, sendo que o heteros-
a m��scara porque a m��scara est�� gru-
sexual apoia decididamente o andr��gi-
dada nele. O engra��ado n��o �� a situa-
no, porque este n��o almeja seus meni-
����o, �� ele mesmo. Para o Deus Heteros-
nos sub-repticiamente, como fazem
sexual, a homossexualidade ou �� diver-
os pederastas, e porque a estampa dos
tida ou �� nojenta.
travestis e 'desmunhecadores' em geral
No Brasil, nunca haver�� um movimen-
�� educadora para seus garotos.
to unificado dos homossexuais, porque
A heterossexualidade, por vingan��a ou
as diverg��ncias entre os diferentes por des��dia, faz a mais trai��oeira gene-grupos s��o profundas, abismais. Tanto
raliza����o quando denomina pederasta
que ��s vezes existem mais pontos de
a todo homossexual. Qualquer dicion��-
coincid��ncia entre um 'homo' e um
rio brasileiro nos ensina que 'pederas-
'hetero' que entre dois 'homos'. Por
tia �� o homossexualismo entre pessoas
exemplo (indo aos extremos): um ho-
do sexo masculino'. Para eles, um an-
mem n��o efeminado, habitualmente
dr��gino �� tamb��m um pederasta, ape-
ativo, ama um garoto de 14 anos que
sar de que 'bicha' travesti, por via de
est�� na sua fase transit��ria de normal
regra, detesta garotos (garotos mesmo)
homossexualidade. (N��o estou inven-
com a mesma fobia que o elefante
tando nada. Este g��nero de homos-
detesta cachorrinhos. Outra grave ge-
sexualidade foi institucionalizado na
neraliza����o �� a de confundir ped��filo
Gr��cia, onde insignes fil��sofos, l��deres
(que gosta de crian��as antes da puber-
militares e pol��ticos eram seus adeptos.)
dade) com pederasta (que limita suas
Refiro-me �� pederastia em sua signi-
prefer��ncias entre os 12 e 17 anos).
fica����o primordial, de 'pais', jovem
Deste modo, os gregos antigos, que
24
eram preponderantemente pederastas,
tutivamente homossexual n��o mudar��
seriam igualmente ped��filos, o que ��
nem com vinte mil surras. Mas se o fi-
totalmente falso, porque a pedofilia
lho est�� na fase normal da homosse-
�� a mi��do heterossexual e compreende
xualidade pela que a maioria dos garo-
um reduzido n��mero de pessoas.
tos passa (em cujo per��odo o garoto
Ainda que mitigados substancialmente,
pode aceitar ou promover as obsceni-
os problemas da homossexualidade dades mais incr��veis), depois de um n��o s��o hoje f��ceis de resolver. Os pe-breve intervalo entrar�� nos trilhos da
derastas, principalmente, est��o, mais 'normalidade'. . . e o pai respirar�� fun- '
uma vez, escondidos nas catacumbas
do, considerando-se o salvador mila-
das falsas apar��ncias, amedrontados, groso do filho, apesar de que real-na nervosa expectativa de serem desco-
mente n��o alterou absolutamente nada
bertos e jogados ��s feras da mofa, do
no dom��nio da sexualidade.
menosprezo. Ganhara, deve mos admitir,
No Brasil a ignor��ncia a respeito da ho-
uma coisa muito valiosa, o reconheci-
mossexualidade �� impressionante. Pou-
mento, pelos sex��logos mais eminen-
cos dias atr��s, num escrit��rio de muito
tes, de que n��o s��o doentes, nem
tr��nsito, um rapaz de certa cultura di
anormais, nem maliciosos corruptores.
cursava: 'N��o, esse artista (aqui um no,-
Mas este reconhecimento demorar�� me famoso) �� s�� efeminado. Mas gosta muito em chegar ao povo heterosse-de mulher, n��o de homem. Ele �� um
xual, conservador por natureza, sem
homossexual'. Juro que ningu��m refu-
o menor interesse em mudar o status-
tou essa extraordin��ria afirma����o."
quo sexual, a n��o ser para uma maior
(Jugan Piter - Rio de Janeiro/RJ)
permissividade heterossexual.
Os heterossexuais acham-se muito
condescendentes porque permitem e
assistem os shows dos travestis, mas is-
so �� para eles uma terapia muito salu-
tar. Acompanhados de suas esposas,
Um grande n��mero de univer-
sidades, cl��nicas e institui����es
cient��ficas dos Estados Uni-
riem as momices dos travestis e se
dos e Europa mant��m grupos
comprazem em saber que eles n��o s��o
permanentes de pesquisa em torno do
como aqueles 'bichas', que eles s��o comportamento sexual ��� humano e
'muito machos'. Mas a simpatia pelos
animal. Alguns desses grupos de traba-
homossexuais acaba com o aplauso in-
lho - assim mesmo n��o seria f��cil enu-
dulgente. Se algum de seus filhos co-
mer��-los - dedicam-se quase que ex-
me��a a desmunhecer ou d�� para um
clusivamente �� pesquisa da express��o
pederasta, entram num desespero supe-
homossexual. Ou melhor dizendo, do
rior ao que provocaria se o garoto se
grau 6 de Kinsey, o do homossexual
dedicasse ��s drogas ou assassinasse al-
exclusivo.
gu��m. A�� o pai mais 'avan��ado' perde
N��o se pode exigir que o Brasil, um
a equanimidade, alega que sua fam��lia
pa��s do chamado "terceiro mundo"
'n��o �� dessas' (est��o mexendo com seu
disponha de verbas para uma pesquisa
machismo) e brada que seu filho foi
t��o espec��fica. Nem mesmo no sentido
corrompido por um daqueles vermes.
gen��rico, do comportamento sexual
Esse pai, que em outras ocasi��es fez
humano, com todas suas varia����es.
alarde de modernismo, d�� uma surra
De qualquer forma, �� indesculp��vel
no garoto e ent��o podem acontecer
que, no m��nimo, nossas comunidades
duas possibilidades: se o filho �� consti-
cient��ficas se recusem a aceitar, estu-
25
sua fase edipiana). De outro, uma esp��-
cie de determinismo do pr��prio ho-
mossexual em classificar todos como
seus pares.
Temos observado, que at�� mesmo alguns
dos mais ilustres psicoterapeutas e psi-
quiatras (os primeiros formados em
psicologia e os segundos em medicina),
assim como psicanalistas (m��dicos com
op����o pela psiquiatria e mais tarde fi-
liados �� Sociedade Brasileira de Psica-
n��lise, que, por sua vez, exige cursos
e est��gios complementares) - os ��lti-
mos, em menor escala ���, ainda n��o
adotam a Escala Kinsey em seu traba-
lho. �� evidente que n��o se trata de
uma cr��tica ��� isso seria pura ingenui-
dade, falha bastante comum em nosso
pa��s ���, mas de um reparo a uma pr��ti-
ca que, sem a preocupa����o t��cita de
rotula����es, como sucede nas antag��ni-
cas classifica����es de hetero/homosse-
xual, ultimamente com o in��til discur-
so em torno da bissexualidade. Bisse-
dar e discutir o resultado que esses
xualidade essa que, j�� em 1900, Freud
pesquisadores estrangeiros publicam.
declarava numa carta a Fleuiss: "��
A oferta �� gratuita, nada temos de pa-
isso a��, bissexualidade"...
gar por ela.
Preocupados exclusivamente com a
Vamos citar um caso: antes de Kinsey,
qualidade do desempenho homosse-
o comportamento sexual humano, na
xual, em seu recente livro "Homosse-
quest��o de prefer��ncia, era classificado
xualidade em Perspectiva", William
como homossexual (atra����o pelo mesmo
Masters e Virg��nia Johnson revelam
sexo)ou heterossexual (atra����o pelo sexo
que, em todo o decorrer da pesquisa, o
oposto). Em 1948, na publica����o do seu
primeiro passo foi sempre estabelecer
famoso Relat��rio, Alfred Kinsey de-
o grau Kinsey de cada participante
monstrava ao mundo inteiro que n��o e-
sub-rogado na pesquisa. Sabe-se per-
xistem s�� essas duas express��es, mas na
feitamente que essa obra foi o resul-
verdade h�� 7 graus diferentes de prefe-
tado de 10 anos de pesquisa. O livro
r��ncia sexual. Pois bem: essa descoberta
foi publicado em 1979, nos Estados
de Kinsey, ap��s longa avalia����o, �� con-
Unidos e em 1980 no Brasil.
siderada hoje como uma verdade abso-
Estamos h�� exatamente 33 anos de
luta pelos meios cient��ficos dos Esta-
1948, ��poca em que foi publicado o
dos Unidos e Europa. No entanto, aqui
Relat��rio Kinsey e quando muitas das
no Brasil ainda persiste uma incr��vel
revela����es dessa pesquisa revoluciona-
resist��ncia em aceitar essa realidade.
ram os meios cient��ficos e, principal-
H��, de um lado, o machismo do hete-
mente, a opini��o p��blica. Especial-
rossexual (especialmente o heterosse-
mente quando Kinsey revelava que,
xual que n��o solucionou muito bem a
naquela ��poca, cerca de 50% dos nor-
26
te-americanos j�� haviam tido pelo me-
nos uma rela����o homossexual.
N��o s�� esta, como outras revela����es
de Kinsey pareceriam estarrecedoras
na ��poca. Especialmente no que se re-
feria �� mec��nica do orgasmo feminino
e, por extens��o, �� incompet��ncia se-
xual do homem. Tais den��ncias certa-
mente feriram, na ��poca, at�� mesmo o
amor-pr��prio das mais imparciais comu-
nidades cient��ficas.
�� compreens��vel que uma verdade que
nos atinge parece uma bazofia.
N��o queremos generalizar isso, nem si-
tu��-la no universo brasileiro. Ningu��m
�� suficientemente informado: a cada
dia que passa, estamos recebendo no-
vos dados, aprendendo algo de novo.
Incr��vel (e imperdo��vel) �� considerar-
se suficientemente bem informado ou,
pior ainda, "dono da verdade". E des-
prezar pesquisas, resultados aceitos e
consagrados, especialmente num pa��s
onde n��o h�� pesquisa. Felizmente, re-
cebemos quase tudo isso l�� de fora, in-
teiramente de gra��a. Se assimilamos
tantas coisas, nem sempre saud��veis e
v��lidas, das culturas das superpot��n-
Brasil em 1979 e aqui divulgou seus es-
cias, por que negar o ��bvio?
tudos com rela����o ao transsexual), de-
Outro equ��voco muito comum no Bra-
dica-se quase que exclusivamente ao
sil �� acreditar que o transsexualismo, o
estudo do transsexualismo. Nessa cl��-
travestismo e o homossexualismo sejam
nica, o transsexual �� avaliado num
exatamente a mesma coisa. O grande
per��odo de dois anos, e logo ap��s pro-
n��mero de cartas que recebemos, as
cede-se �� cirurgia de redetermina����o
entrevistas na televis��o, artigos em
sexual. Ou seja, a mudan��a de sexo,
jornais e revistas ��� h�� um volume
dando ao transsexual a anatomia de
terr��vel denunciando a ignor��ncia de
sua verdadeira identidade psicossexual.
que travestismo �� uma variante do im-
Todas essas considera����es foram tra��a-
pulso sexual, e nada tem a ver com o
das �� margem, ou em linhas paralelas,
homossexual que faz travesti. Quanto
��s queixas apresentadas pela carta do
ao transsexual, h�� uma incessante pes-
nosso habitual leitor e missivista Jugan
quisa nos grandes centros, e sua condi-
Piter. Numa esp��cie de refor��o ��s suas
����o n��o s�� �� reconhecida, como h�� em-
afirma����es de que h�� muito para ser
penho cient��fico na solu����o de sua dif��-
conquistado, n��o s�� na compreens��o e
cil problem��tica. Na Universidade John
aceita����o, como, num sentido mais
Hopkins (Baltimore, Estados Unidos),
profundo, tamb��m no conhecimento
o servi��o de Endocrinologia, dirigido
desse complexo universo do homos-
pelo Dr. John Monney (que esteve no
27
EMOCIONAL
"O QUE �� QUE EU TENHO DE ERRADO?"
enho 19 anos e gostaria muito
roso fosse arrancado, por voc��, de mi-
de ser atendido por voc��. To-
nha cabe��a. J�� fiz de tudo para que eu
da vez que vou a uma festa
pudesse me livrar desse complexo de
com meus amigos e chamo inferioridade, mas n��o consegui. Po-
uma garota para dan��ar, se ela for
r��m, quando dan��o com uma garota
muito linda, n��o posso evitar um senti-
que n��o �� do meu gosto, me sinto
mento de inferioridade em rela����o a
potente, n��o sei por que. Nestas oca-
ela. Queria que esse sentimento pavo-
si��es, tenho disposi����o para fazer
28
tudo com ela e completamente �� von-
tade. A mesma coisa acontece no na-
moro. Meus irm��os conseguem namo-
rar a garota que eles escolhem e gos-
tam; por que s�� eu n��o tenho essa
sorte? Feio sei que n��o sou; ent��o,
qual a causa desse azar com as na-
moradas? A menina que eu verda-
deiramente paquero at�� parece l��sbi-
ca, ou est�� dando uma de dif��cil co-
migo. J�� tentei todas as formas amoro-
Repare como esta separa����o acaba se
sas para ganhar esta garota, e n��o con-
voltando contra voc��: na hora de te-
sigo nada, nem um cheirinho! O que ��
cer coment��rios acerca de sua pr��-
que eu tenho de errado? Que devo
pria pessoa, voc�� s�� se analisa como
fazer? Qual o rem��dio que devo to-
n��o sendo feio. E suas outras virtu-
mar? Quais as medidas necess��rias des, onde ficam? E suas limita����es, que devo adotar? Quanto �� impot��n-onde est��o? Quanto ao seu relacio-
cia com as meninas lindas, que me
namento com a garota por quem se
diz dela? Por que s�� fico potente com
mostra mais interessado, ele est�� no
as feias?" (Moreninho dos Olhos Ver-
ponto certo. Voc�� ainda est�� por de-
des - Jo��o Pessoa/PB)
mais preocupado com as outras me-
ninas lindas; ent��o, por que raz��o a
garota iria permitir a voc�� maiores
intimidades? Numa demonstra����o de
Acha mesmo que o mais impor- bom senso e maturidade bem maior
tante numa mulher, para vo-
que a sua, sua namorada est�� esperan-
c��, �� a beleza do rosto? Pre-
do voc�� amadurecer para ent��o lev��-
tende se unir, no futuro, com
lo mais a s��rio. N��o h�� o menor sinal
uma garota apenas por ela ter tra��os
de lesbianismo nem de esnobismo da
perfeitos? E quando esses tra��os fica-
parte dela. H��, isto sim, l��gica e ma-
rem apagados pelo tempo, o qual n��o
turidade. Ela pode n��o estar permitin-
poupa ningu��m? Voc�� a trocar�� por
do nem um "cheirinho", como voc��
outra tamb��m bela, e nesse troca-tro-
diz, mas est�� dando chance para que
ca pretende levar a sua vida? Percebe
voc�� descubra as suas qualidades e
como est�� se fundamentando em algo
seus valores. Voc�� �� que n��o os est��
que n��o tem estrutura? Gostaria que a
querendo enxergar! Esta altera����o,
mo��a com a qual vier a casar tamb��m
esta mudan��a radical no prisma com
o escolhesse apenas pela beleza? Te-
que voc�� est�� encarando o relaciona-
mos certeza que n��o! Ent��o, n��o fa-
mento humano �� que precisa ser feita
��a aos outros aquilo que n��o quer que
imediatamente por voc�� - acima de
fa��am com voc��. Voc�� se inibe diante
tudo, para o seu pr��prio bem. Sem ela,
das mo��as bonitas justamente porque
sua vida ser�� um ac��mulo de frustra-
as coloca num pedestal inating��vel. As
����es, um armazenamento de decep-
feias, para voc��, s��o consideradas "in-
����es. N��o pense que a mulher s�� tem
feriores", portanto merecedoras de cheirinhos, chamegos e intimidades pa-uma considera����o menor. Est�� come-
ra oferecer ao homem que ama. Des-
tendo n��o apenas um grande erro,
cubra o quanto antes que coisas belas
mas tamb��m uma terr��vel injusti��a.
ela tem para oferecer.
29
DEPOIMENTO
ROBERT T. FRANCOEUR, AUTOR DESTE ARTIGO, �� M��DICO
E PROFESSOR DE SEXUALIDADE NA UNIVERSIDADE
FAIRLEIGH DICKENSON, ONDE TAMB��M LECIONA
EMBRIOLOGIA HUMANA. COM ANA FRANCOEUR, ELE
PUBLICOU UM LD/RO DE GRANDE DESTAQUE
INTERNACIONAL: "SEXO FRIO E SEXO QUENTE:
CULTURAS EM CONFLITO".
30
Otorvelinho social, tr��s depres- do e dos filhos, nos campos principal-
s��es, o desenvolvimento in-
mente, o sexo era um dos meios raros
dustrial e a expans��o territo-
e livres prazeres que a vida poderia pro-
rial dos Estados Unidos no porcionar. Mas, ao mesmo tempo, es-
s��culo XIX, marcaram um per��odo his-
sas mulheres eram exploradas por seus
t��rico de grandes rupturas. Entre estas,
patr��es da classe m��dia, no aspecto se-
a nova fam��lia de classe m��dia america-
xual e emocional, da mesma maneira
na que se formou acabou por se tomar
que, antigamente, as escravas e empre-
o ��nico ref��gio seguro de um mundo
gadas haviam sido.
em constantes transforma����es e mu-
dan��as. Os novos pap��is desempenha-
A ANSIEDADE SEXUAL
dos pelo homem e pela mulher, ante
Numa era na qual as esposas vitorianas
uma vis��o diferente de sexo surgida nos
eram tidas como inocentes e sexual-
fins daquele s��culo, permanecem co-
mente ing��nuas, e as mulheres de clas-
nosco at�� hoje. Interessante ser��, por-
se social mais pobre eram subjugadas
tanto, fazer uma retrospectiva dos e for��adas ao sexo, imperava a ansie-
tempos idos, a fim de relacion��-los dade sexual. Esta ansiedade n��o impe-
com nossas atitudes e nossos pensa-
dia que quatro em cada cinco homens
mentos atuais, para que haja uma da cidade de Nova Iorque se tornassem
maior compreens��o das causas e con-
infectados e contaminados por qual-
seq����ncias de tudo - ou quase tudo ���
quer esp��cie de doen��a ven��rea. Esta
o que adotamos, hoje, como definiti-
constata����o acabou por obrigar os m��-
vamente conquistado.
dicos a recomendarem a insemina����o
artificial, para proteger a sa��de e o
, A NOVA CASTIDADE
bem-estar das mulheres de bem. Entre
Com o estouro da Bolsa e a depress��o
as mulheres de classe m��dia e de alta,
de 1830, veio �� tona o novo protestan-
esta ansiedade sexual criou uma epide-
tismo e, com este, as experi��ncias de
mia de uma certa doen��a bastante ines-
Oneida, Amana e os M��rmons, os plei-
pec��fica. A irm�� de Harriet Beecher
teadores do amor livre; e ��� contrapon-
Stowe descobriu, numa pesquisa, que a
do todas estas id��ias e desenvolvimen-
maior parte das mulhres agrupadas nas
tos ��� surgiu um estilo de vida vitoria-
200 cidades por ela compiladas para
no, com caracter��sticas totalmente an-
seus estudos estava habitualmente "in-
ti-sexuais.
v��lida" ou "adoentada". Em seu pr��-
Na apar��ncia, a senhora vitoriana era
prio c��rculo de amizades e conheci-
completamente livre, despida de qual-
mentos pessoais, Miss Beecher mal
quer conhecimento sexual ou desejo.
conseguiu arregimentar 10 mulheres,
No entanto, os manuais de sexo e de
nesse pa��s, que tivessem uma apar��ncia
casamento daquele tempo enfocam o saud��vel e cheia de energia. A doen��a
relacionamento sexual entre os espo-
sexual e a disfun����o para o sexo eram
sos como uma experi��ncia saud��vel,
muito comuns entre as mulheres vito-
deliciosa e natural. Ainda que confli-
rianas. Um dos jornais de maior tira-
tantes, as duas mensagens tinham al-
gem da ��poca ��� a "Gazeta de Pol��-
guma rela����o com a realidade dos cia Nacional" - e alguns dos princi-
costumes. Nas casas de classe m��dia,
pais ��rg��os de comunica����o comu-
era mais do que comum a esposa con-
mente apresentavam propagandas de
siderar o sexo como algo brutal e ani-
medicamentos para a s��filis. O cinto
malesco, que ela tinha que ag��entar e
el��trico Sanden, que foi desenhado e
tolerar para ter filhos e garantir um
criado para curar qualquer problema
futuro seguro ao lado do homem que
de fraqueza masculina, impot��ncia, era
era seu marido. Para as mulheres de
tamb��m empregado para aliviar os pro-
classe social menos favorecida, for��a-
blemas causados pelo abuso da pr��tica
das ao trabalho duro ao lado do mari-
sexual e do nervosismo que acompa-
31
nhava os outros sintomas. A Confec-
����o Mexicana garantia restaurar a viri-
lidade perdida num m��nimo de dez
dias. Um n��mero incomum de eli-
xires apareceu para curar a ansieda-
de sexual caracter��stica da era vito-
riana.
EMISS��ES ARTIFICIAIS
Por volta de 1840, os franceses pare-
ciam ser doutores nas desastrosas con-
seq����ncias da pr��tica da masturba����o.
Leopold Deslandes, um membro da
Academia Real de Medicina de Paris,
fez vir �� p��blico um den��ncia "sobre
o excesso das doen��as ven��reas - par-
ticularmente os excessos de masturba-
����o ��� e como eles contribu��am para
um enfraquecimento generalizado da
ra��a humana, por ela s�� j�� t��o sofrida
e debilitada". Uma das muitas autori-
dades citadas pelos editores america-
nos de Deslandes declarou que "ne-
tado pela masturba����o, o jovem se
nhuma das pragas - nem mesmo a punha a cortar duas ��rvores de troncos
guerra, a var��ola ou as doen��as simi-
maci��os; e, se ainda tivesse tenta����es,
lares a esta ��� tinham produzido re-
ele tinha que cortar outras tr��s ��rvores,
sultados t��o desastrosos para a hu-
para se livrar tamb��m do sentimento
manidade como o h��bito pernicio-
de culpa que o perseguiria infalivel-
so do onanismo; �� um elemento des-
mente.
truidor das sociedades civilizadas, que Foram inventados artif��cios mec��nicos
est�� constantemente em a����o e que para serem aplicados e manipulados
solapa gradualmente a sa��de de toda nos casos em que os chuveiros frios e
a na����o".
o corte de ��rvores provassem ser infru-
O ato sexual com prostitutas e com t��feros. Uma bola de metal com um
mulheres de classes mais baixas social-
anel ajust��vel, apresentando pontas
mente, que se supunha n��o proporcio-
afiadas na dire����o do p��nis, por certo
nassem sensa����es de forte prazer, de at�� hoje inibiria qualquer vontade de
acordo com os estudos de Deslandes,
ere����o. Como este, centenas de outros
est�� ligado geralmente a um decr��sci-
artif��cios foram inventados, na ��nsia
mo de produ����o mental". O maior pe-
de acabar com o apetite e o desejo
rigo no que se refere ao sexo - quer sexual. Deles, o mais engenhoso foi,
praticado sozinho ou com parceira -
sem d��vida, o de um sino que tocava
era a paix��o, o amor e, acima de tudo,
sempre que o p��nis ficava ereto, me-
o prazer sexual. Um homem podia diante um dispositivo com pequenas
assegurar para si a sua sanidade men-
plaquetas presas na cintura. O baru-
tal se se limitasse a n��o sentir absoluta-
lho feito pelo sino n��o apenas inibia o
mente nada, tanto ao ejacular no ato jovem, como tamb��m alertava seus fa-
sexual quanto nas emiss��es sexuais miliares o bastante para ele desistir
noturnas que produzisse.
da id��ia de fazer amor.
O trabalho duro e for��ado era o me-
Algum tempo depois do aparecimento
lhor rem��dio para a tenta����o da con-
do primeiro livro de Deslandes na
cupisc��ncia. E, evidentemente, os ba-
Am��rica - "MANHOOD" -, surgiu
nhos de chuveiro frios. Quando ten-
seu segundo livro, "OS H��BITOS SE-
32
CRETOS DO SEXO FEMININO", no ano que se seguia ��quele da amamenta-
qual o autor recomendava uma dieta ����o, pois a mulher necessitava de um
especial com leite e salitre do Chile, per��odo de descanso e de preparo para
groselha, rabanetes, aves dom��sticas e o pr��ximo filho que viria, e sua sa��de
espinafre, para que as mulheres ingeris-
n��o poderia ser posta em risco. As re-
sem, com a finalidade de "amansar" as
ceitas do Dr. Graham foram aceitas
suas partes mais intimas. Aipo, repo-
unanimemente como excelente m��-
lho, alcachofra, aspargos, p��ssego, mo-
todo de medicina preventiva. Ele
rango, alho, cebola, peixes de todas as
receitava uma esp��cie de p��o por ele
esp��cies, lagostas e carne de gado em
mesmo inventado e biscoitos que n��o
geral deviam ser evitados na alimenta-
produziriam qualquer est��mulo ao es-
����o de uma donzela, se ela tivesse a in-
t��mago e aos ��rg��os genitais. Deve-
ten����o de se manter pura. Caso a dieta
riam estes p��es e estes biscoitos ser
n��o fizesse efeito algum, os m��dicos ingeridos com ��gua. O leite, ch��, caf��
recomendavam a remo����o cir��rgica do
ou canela n��o eram permitidos! As
clit��ris ou a coloca����o de "sanguessu-
sentinelas da castidade da nova era
gas" em suas "partes secretas."
trataram de lan��ar modelos de roupas
que cobrissem as curvas do corpo e
AS SENTINELAS DA NOVA
botas que escondessem as pernas. Os
CASTIDADE
livros escritos por homens nunca fi-
Os m��dicos descobriram uma conex��o cavam nas estantes ao lado daqueles
escritos por mulheres, a menos que
direta e bastante intima entre o siste-
os autores fossem casados. As revistas
ma digestivo e o sistema reprodutivo. dedicadas ��s mulheres promoveram
Eles conclu��ram que o que quer que um novo tipo de mulher da era vito-
excite o est��mago, excitar�� tamb��m os riana: a imagem de uma mulher pia,
genitais, com resultados negativos. O pura, dom��stica e esposa submissa.
Dr. Sylvester Graham, conhecido m��-
dico e tamb��m padre, assegurava que
"toda esp��cie de est��mulo e qualquer
O MOVIMENTO DE COMSTOCK
tipo de subst��ncia calorosa, alimentos Um dos maiores esc��ndalos nacionais
da esta����o, pratos cheios de recheios, ocorreu em 1860 e envolveu atitudes
o uso indiscriminado de carne e at�� o
libidinosas entre o Comodoro Vander-
excesso de alimenta����o - tudo isso au-
bilt, Victoria e Tennessee Woodhull
menta a excitabilidade concupiscente e (advogado do amor livre de ent��o), o
a sensibilidade dos ��rg��os genitais ".
Reverendo Henry Ward Beecher e mui-
O problema era evitar a apar��ncia da tos maridos tra��dos e esposas engana-
pele "doentia, p��lida, enrugada, com das de nomes conhecidos - antes ti-
ar cadav��rico, as espinhas e cravos, o dos como s��mbolos de respeitabilida-
cora����o superexcitado e convulso, a de. Este esc��ndalo, associado com o
hemorragia nasal e pulmonar, que ha-
crescimento da prostitui����o e da por-
bitualmente acompanhavam as doen-
nografia, alarmou de tal forma o jo-
��as ven��reas."
vem militante da Associa����o Crist��
Na mente dos m��dicos, "sexo excessi-
dos Homens, chamado Anthony Coms-
vo" queria dizer fazer sexo antes dos tock, que ele se autodenominou "o
trinta ou quarenta anos, pratic��-lo guardi��o moral dos Estados Unidos".
mais do que uma vez cada tr��s anos, Exatamente a 1 hora da manh�� do dia
para os casados, e a masturba����o, 3 de mar��o de 1873, Comstock conse-
qualquer que fosse a idade ou o n��me-
guiu que um Congresso cansado e
ro de vezes. O sexo era encarado e per-
exausto de tanto palavreado fizesse pas-
mitido apenas com o objetivo de re-
sar uma lei que viria a imortaliz��-lo.
produ����o. Marido e mulher nunca o A lei proibia a remessa de qualquer
praticavam enquanto ela estivesse gr��-
material considerado obsceno nos
vida ou amamentando, ou durante o correios e caixas postais americanos;
33
Mas a lei, enquanto esteve vigente,
moldou muito de nosso posicionamen-
to da obscenidade e pornografia.
MATERNIDADE
Durante a era vitoriana, verificou-se
um grande aumento e um avan��o es-
petacular da medicina, que viriam a re-
duzir bastante os riscos trazidos pela
maternidade. Em 1847, a despeito de
todas as advert��ncias feitas quanto ao
uso de anestesia durante o parto (in-
clusive afirmando que tais mulheres
n��o teriam capacidade de amar seus
filhos nascidos de anestesia), e assegu-
rando que tal pr��tica estaria em desa-
cordo com os preceitos b��blicos que
recomendavam "parir��s com a dor", a
pr��pria rainha Vit��ria abriu caminho
para suas companheiras de sexo, usan-
do anestesia em seu pr��prio trabalho
de parto. A partir de 1864, quando os
antiss��pticos foram usados pela primei-
ra vez para controlar a febre puerperal,
os ��ndices de mortalidade das parturi-
entes e dos rec��m-nascidos diminu��ram
enormemente. Antes, uma em cada
cinco mulheres morria de parto, e um
em cada cinco nascituros morria antes
de completar o seu primeiro ano de
vida. Era a morte que desempenhava
isto significava que qualquer coisa que
ent��o o papel que o div��rcio ocupa
tivesse rela����o com o sexo, incluindo a
nos dias de hoje, como fator de impe-
informa����o sexual, anticoncepcionais, dimento para a monotonia dentro do
etc, teria que passar pelo olhar atento
casamento.
e vigilante do agente Comstock. Ele
tinha o direito legalizado de abrir qual-
quer correspond��ncia de quem quer
A. GUERRA CIVIL (1861-1865)
que fosse, de colocar na pris��o qual-
Nos quatro anos de luta civil, perto de
quer pessoa que ele desconfiasse em
400.000 soldados morreram de infec-
atua����o nesta ��rea. Realmente ele en-
����o e doen��as, exatamente o dobro
viou �� pris��o Victoria Woodhull por
das mortes ocorridas por ferimen-
ter publicado na imprensa artigos tos �� bala. Este fator fez com que a
que focalizavam o esc��ndalo provo-
enfermagem - como profiss��o femi-
cado por Corn��lius Vanderbilt e Be-
nina ��� fosse uma necessidade pre-
echer. Cinq��enta anos depois, ele p��s
mente. Ao t��rmino da guerra, as
na pris��o o marido de Margaret Sanger
muitas esposas que tinham seguido
por ter publicado seus estudos sobre seus maridos nos campos de batalha
anticoncepcionais e sobre planejamento
continuaram em sua profiss��o. Entre
familiar. Somente 90 anos depois da
os anos de 1873 a 1900, 432 hospitais
aprova����o desta lei absurda �� que a Su-
abriram oficialmente suas escolas de
prema Corte Americana finalmente de-
enfermagem. Muitas mulheres que ha-
clarou a lei Comstock como uma inva-
viam tomado conta dos neg��cios de
s��o inconstitucional da privacidade.
seus maridos, enquanto eles se acha-
34
vam ausentes, continuaram no mun-
do de neg��cios ap��s a guerra. E. Re-
mington e Filhos, que haviam feito
uma verdadeira fortuna fabricando
rifles para a guerra civil, com o cessar
fogo, deram ao mundo um tipo de
m��quina de escrever inovador, que
mais tarde viria a dar emprego a cen-
tenas de milhares de secret��rias e ban-
c��rios. Nesta ��poca, um ter��o de um
milh��o de mulheres se dirigiu pa\a o
Oeste americano, encontrando seus
maridos por l�� e dando inicio �� civili-
za����o daqueles territ��rios. Em 1869,
as mulheres do Wyoming ganharam o
direito de votar e adquiriram outros
direitos antes somente reconhecidos
aos homens.
COLCHA DE RETALHOS
DO S��CULO XK
Nas cidades, entre as fam��lias de clas-
se m��dia e grande influ��ncia, surgi-
ram muitos adeptos das id��ias de Gra-
ham e Comstock. Mas as diferen��as
das classes foram de grande import��n-
cia na era vitoriana e, ao fim dela, os
valores e os estilos de vida que as fam��-
lias apresentavam n��o eram mais os
de J.P. Kennedy ou de seus contem-
por��neos de Boston. Pois ingleses,
alem��es, italianos, poloneses, chine-
ses, chilenos, mexicanos, peruanos e
tchecos - al��m de outros imigrantes
que aportaram nos Estados Unidos -,
tinham, cada um, suas caracter��sticas
pr��prias, seus valores e sua religi��o.
Tamb��m diferentes eram as suas atitu-
des sexuais. Cada um destes grupos foi,
pouco a pouco, colaborando para a
forma����o dos diversos estilos de vida,
dos costumes e dos padr��es de com-
portamento sexual dentro do casa-
mento e fora dele. A id��ia de uma era
vitoriana monol��tica �� uma enorme
simplifica����o, ainda que esta no����o
permane��a at�� hoje conosco. O mais
importante �� que o s��culo XIX deu
lugar ao surgimento de pap��is alta-
mente especializados e bem defini-
dos para o homem e para a mulher,
cujas influ��ncias chegam agora, nos
anos 80, at�� n��s ���
35
36
REVISTA CONFISSÕES ÍNTIMAS Nº 57/1981
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