sábado, 16 de janeiro de 2021

{clube-do-e-livro} Livro, Afonso Lopes Vieira - Pinhal do rei

Afonso Lopes Vieira

Pinhal do Rei


Catedral verde e sussurrante, aonde
a luz se ameiga e se esconde
e aonde, ecoando a cantar,
se alonga e se prolonga a longa voz do mar:
ditoso o "Lavrador" que a seu contento
por suas m�os semeou este jardim;
ditoso o Poeta que lan�ou ao vento
esta can��o sem fim...

Ai flores, ai flores do Pinhal florido,
que vedes no mar?
Ai flores, ai flores do Pinhal florido,
rei D. Dinis, bom poeta e mau marido,
l� vem as velidas bailar e cantar.

Encantado jardim da minha inf�ncia,
aonde a minh'alma aprendeu;
a m�sica do Longe e o ritmo da Dist�ncia
que a tua voz mar�tima lhe deu;
m�stico �rg�o cujo al�m se esfuma
no al�m do Oceano, e onde a maresia
ameiga e dissolve em bruma,
e em penumbra de nave, a luz do dia.
Por estes fundos claustros gemem
os ais do Velho do Restelo...
Mas tu debru�as-te no mar e, ao v�-lo,
teus velhos troncos de saudades fremem...

Ai flores, ai flores do Pinhal louvado,
que vedes no mar?
Ai flores, ai flores do Pinhal louvado,
s�o as caravelas, teu corpo cortado,
� lo verde pino no mar a boiar.

Pinhal de her�icas �rvores t�o belas,
foi do teu corpo e da tua alma tamb�m
que nasceram as nossas caravelas
ansiosas de todo o Al�m;
foste tu que lhe deste a tua carne em flor
e sobre os mares andaste navegando,
rodeando a terra e olhando os novos astros,
� g�tico Pinhal navegador,
em naus, erguida, levando
tua alma em flor na ponta alta dos mastros!...

Ai flores, ai flores do Pinhal florido,
que vedes no mar?
Ai flores, ai flores do Pinhal florido,
que grande saudade, que longo gemido
ondeia nos ramos, suspira no ar!

Na sussurrante e verde catedral
oi�o rezar a alma de Portugal:
ela a� vem, dorida, e nos seus olhos
son�mbulos de surda ansiedade,
no roxo da tardinha,
abre a flor da Saudade;
ela a� vem, sozinha,
dorida do naufr�gio e dos escolhos,

vi�va de seus bens
e p�lida de amor,
arribada de todos os al�ns
de este mundo de dor;
ela a� vem, sozinha,
e reza a ladainha
na sussurrante catedral aonde
toda se espalha e esconde,
e aonde, ecoando a cantar,
se alonga e se prolonga a longa voz do mar.




2



---------- Forwarded message ---------
De: antónio veloso 

-- 

--

--
--
Seja bem vindo ao Clube do e-livro
 
Não esqueça de mandar seus links para lista .
Boas Leituras e obrigado por participar do nosso grupo.
==========================================================
Conheça nosso grupo Cotidiano:
http://groups.google.com.br/group/cotidiano
 
Muitos arquivos e filmes.
==========================================================
 
 
Você recebeu esta mensagem porque está inscrito no Grupo "clube do e-livro" em Grupos do Google.
Para postar neste grupo, envie um e-mail para clube-do-e-livro@googlegroups.com
Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para clube-do-e-livro-unsubscribe@googlegroups.com
Para ver mais opções, visite este grupo em http://groups.google.com.br/group/clube-do-e-
---
Você recebeu essa mensagem porque está inscrito no grupo "clube do e-livro" dos Grupos do Google.
Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie um e-mail para clube-do-e-livro+unsubscribe@googlegroups.com.
Para ver essa discussão na Web, acesse https://groups.google.com/d/msgid/clube-do-e-livro/CAB5YKhmpZnMZCgCMYpM_q_-EKJcaNYu4MPW76EcYRoeAC7_G0g%40mail.gmail.com.

Nenhum comentário:

Postar um comentário