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Carlos Aquino
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Carlos Aquino
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por qualquer meio mec��nico, sen:
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capitulo 1
A garota
D��lia olhou-se no espelho.
N��o, n��o se achava bonita.
Talvez fosse um pouco magra demais
Os cabelos muito negros.compridos e es
tirados.
Os olhos, imensos, tamb��m negros.
Gostaria de ter o nariz arrebitado, os
olhos azuis, cara de boneca. ���5
Mas, se n��o fosse t��o rigorosa com a
pr��pria apar��ncia, descobriria que tinha
at�� um certo encanto.
N��o o encanto vulgar de beleza padronizada.
E sim um encanto especial, de algu��m
especial.
O corpo longo e magro era bem proporcionado.
A pele era lisa e fina, os olhos
negros, davam a impress��o de carregar
uma profunda tristeza.
E carregava.
A garota n��o sabia exatamente porque
era t��o triste
Seria a pobreza?
Mas havia tanta gente pobre e alegre.
E tanto rico triste...
Sim, a 'falta de dinheiro influ��a bastante
em seu estado de esp��rito. Mas n��o
era s�� isso. Talvez aquela tristeza toda fosse
apenas porque D��lia ainda n��o havia
descoberto o amor.
M��s tinha muito tempo pela frente.
6���
Apenas dezenove anos de idade.
N��o tinha namorado.
No col��gio tivera um ou dois admiradores,
que logo se afastaram, justamente por
causa de sua falta de alegria
Desde a adolesc��ncia, e mesmo na inf��ncia,
nunca fora uma crian��a comunicativa.
Nas festas de anivers��rio das amigas,
ficava num canto, agarrada na saia da
m��e, sem querer ir brincar e pular com
os outros garotos.
Ficava sentada entre o pessoal grande,
muito quietinha.
Todos elogiavam:
��� Que sorte voc�� tem, C��ndida, sua
filha �� t��o bem comportada!
Sa��a de casa com o vestido limpo e bem
passado, e voltava do mesmo jeito.
Raramente se sujava; realmente n��o dava
maiores trabalhos �� m��e.
Mas, no ��ntimo, D��lia gostaria de ser
���7
como as outras, correndo e pulando, sujando-
se, caindo e voltando pra casa aos
berros, quando se feriam.
Seu temperamento s�� era acomodado
por fora. Por dentro era um turbilh��o de
pensamentos e vontades n��o realizadas.
Crescera assim.
E n��o mudara
Terminara o gin��sio, e sua m��e, vi��va,
conseguira-lhe um emprego como balconista
numa loja de tecidos.
Quando come��ara a trabalhar ainda era
menor de idade. H�� dois anos que estava
na tal loja, que ficava em Madureira mesmo,,
a algumas quadras da casinha de vila
onde morava.
Dois anos inteiros fazendo a mesma coi
sa.
Indo e vindo todos os dias.
O trabalho era t��o perto que dava pa
ia ir almo��ar em casa. O que trazia a
vantagem de economizar, n��o comendo na
rua.
8
Desde aquela ��poca que ajudava a m��e
nas despesas.
C��ndida tamb��m trabalhava. Mas em
casa, fazendo costuras, vestidos. O dia inteiro
na m��quina de costurar. Tinha muitas
clientes. Mas tudo gente pobre. Como
elas. O que significava que n��o ganhava
muito.
Al��m desta fonte de renda, s�� tinha a
minguada pens��o do marido.
Viviam na maior pen��ria, at�� que D��lia
come��ou a trabalhar.
A�� as coisas melhoraram. Tinham at��
podido comprar uma televis��o.
E nos fins-de-semana, D��lia podia ir,
ao cinema
Mas continuava triste.
E n��o conseguia namorados.
Trancada no quarto, permanecia diante
do espelho. Abriu o decote e deixou os
seios, pequeninos, �� mostra.
Alisou-os.
Teve uma sensa����o agrad��vel.
Fechou os olhos e imaginou que n��o
era sua pr��pria m��o, mas a m��o de um
rapaz que passava pelos seus seios.
A sensa����o tornou-se mais agrad��vel
ainda.
Algum dia encontraria o rapaz de seus
sonhos?
N��o achava muito prov��vel.
Primeiro, por n��o se achar bonita; depois,
por n��o ter muitas oportunidades de
conhecer rapazes interessentes.
Nem na loja onde trabalhava.
A maioria dos fregueses que apareciam
e que atendia era do sexo feminino.
Quando surgia algum homem, logo uma
de suas colegas corria a atend��-lo.
A, vida era dos mais espertos.
J�� havia compreendido isso.
Mas continuava sendo como sempre fora.
10���
Gostaria tamb��m de ser esperta.
De fazer o que as outras faziam.
Exatamente como quando era ainda
crian��a.
S�� que tudo n��o passava de vontade
Mesmo sozinha, n��o era capaz de maiores
aud��cias.
��s vezes, trancava-se no quarto e ficava
observando-se diante do espelho.
Mas nunca descobria mais do que os
pr��prios seios.
Naquele dia, no entanto, num gesto
mais ousado, resolveu ir adiante.
Puxou o vestido e ficou completamente
nua da cintura para cima.
Passou as m��os vagarosamente pela pele.
Decidiu ser mais audaciosa.
Afinal, estava s��. N��o havia testemunhas.
Nem mesmo o perigo de ser surpreendida
pela m��e
���11
Al��m de estar com a porta do quarto
trancada, C��ndida tinha ido fazer as compras
da semana.
Sa��ra h�� poucos instantes.
Demoraria pelo menos quase uma hora.
Pensou em seu pr��prio nome.
Tamb��m n��o gostava de chamar-se D��lia.
Por que a m��e lhe tinha posto o nome
de uma flor?
Ou teria sido o pai?
Nunca perguntara, como tamb��m nunca
externara o fato de n��o gostar de seu nome.
Guardava suas m��goas, seus desejos,
tudo para si mesma.
Como acontecia tamb��m com o pr��prio
corpo.
Ser�� que algum dia o entregaria a algu��m?
Ser�� que deixaria que um homem
12���
N��o completou o pensamento,
Nem mesmo na mente D��lia era capaz
de maiores aud��cias.
Mas, num ��mpeto, puxou o vestido e deixou
que ele ca��sse no ch��o.
A imagem no espelho mostrou-a s�� de
calcinhas.
N��o, n��o era t��o feia assim.
N��o seria que tudo n��o passava de complexo?
Ent��o, pensou que deveria tirar tamb��m
a calcinha.
Teve vergonha do pr��prio pensamento.
Isso n��o era coisa que uma mo��a direita
pudesse fazer.
Mas a tenta����o era grande.
Hesitou bastante.
Mas, finalmente, excitada e com o cora����o
palpitando, despiu a calcinha.
E viu-se totalmente despida.
���13
Sem que se desse conta, automaticamente,
come��ou a acariciar as pr��prias coxas.
As m��os teimavam em encostar em local
proibido. E terminaram encostando,
apesar de todo o esfor��o de D��lia para se
controlar.
A princ��pio, apenas ro��ou os dedos.
Aos poucos, passou a acariciar-se com
mais veem��ncia.
Extasiada, olhou-se no espelho.
A sensa����o de prazer fazia com que se
achasse mais bonita
Uma sensa����o estranha de felicidade..
Que foi logo cortada por um barulho
Que barulho seria aquele?
Parecia que haviam aberto a porta.
Algu��m tinha entrado em casa.
Rapidamente vestiu a calcinha, e mais
.rapidamente o vestido.
Quem seria?
14���
Um ladr��o?
N��o podia ser. Como poderia ter a chave?
Ouviu a voz da m��e:
��� D��lia, voc�� est�� no quarto?
Por que sua m��e voltara t��o depressa?
��� J�� vou, mam��e.
E a garota abriu a porta
C��ndida perguntou, surpresa:
��� O que estava fazendo trancada no
quarto?
��� Nada.
A m��e n��o ligou muito a falta 'de explica����o
:
��� Sabe o que aconteceu?
��� O que foi?
��� Quando cheguei na feira descobri
que n��o tinha levado o dinheiro. Olhei a
bolsa e n��o tinha um centavo. Pensei que
tivessem me roubado. Mas logo me lembrei
que s�� podia ter esquecido.
���15
E C��ndida realmente havia esquecido
o dinheiro. Pegou-o e saiu logo em seguida,
para finalmente fazer suas compras.
Antes de sair, ainda disse:
��� O pior �� que parece que vai chover.
De repente, o dia come��ou a ficar nublado.
A m��e j�� estava na porta, quando D��lia
gritou:
��� Por que n��o leva a sombrinha?
��� �� mesmo.
A filha foi buscar a sombrinha no quarto
e levou-a �� sua m��e.
C��ndida andou apressada pela rua. D��lia
ficou olhando-a afastar-se
16���
cap��tulo 2
Tarde triste
D��lia n��o voltou para o quarto, a fim
de continuar diante do espelho.
Passado o momento de fraqueza, come��ou
a raciocinar melhor.
N��o devia fazer aquilo. N��o ficava bem.
Come��ou ent��o a limpar os m��veis, varrer
a casa, fazer enfim a faxina semanal
Sempre ajudava a m��e nos servi��os dom��sticos.
���17
Aquilo era bom
Cansada do exerc��cio, n��o se sentiria
mais tentada a ficar nua diante do espelho
fazendo o que n��o devia. As horas passaram
depresa. C��ndida voltou da feira.
E come��ou a fazer o almo��o.
Comeram e conversaram.
Sempre em torno do mesmo tema.
C��ndida parecia s�� gostar um assunto.
As saudades do marido que morrera.
E de sua terra, t��o distante
Nascera numa cidadezinha perdida do
Nordeste.
Apareceu por l�� um rapaz do Rio.
Come��aram a namorar e terminaram
casando.
Ela teve que vir morar no Rio.
Nunca se acostumara com a cidade
grande. Mas, onde estava o marido devia
estar a esposa.
18���
E assim haviam passado quinze anos.
Antonio morreu. C��ndida n��o via mais
nenhum sentido em continuar vivendo no
Rio de Janeiro.
Mas voltar para sua terra, tamb��m ��o
fazia muito sentido
Afinal, ficara quinze anos longe.
Seus pais j�� haviam morrido.
Os parentes, que ao contr��rio dela,
eram ricos, nunca haviam ligado a m��nima
para C��ndida.
Assim, achou que n��o lucraria nada
com a volta.
Depois, D��lia j�� 'estava crescida, tamb��m
acostumada na cidade grande.
Pra que voltar?
E continuaram morando no Rio de Janeiro.
No entanto, C��ndida vivia lastim��ndose.
N��o s�� do fato de Antonio ter desapare���
19
cido, mas tamb��m pelas saudades que sentia
de sua terra.
��� Se a senhora gosta tanto de l��, por
que n��o vamos embora?
��� Voc�� n��o ia se acostumar
��� Por que n��o?
��� Nasceu e se criou em cidade grande.
..
��� Mas �� a mesma coisa que viver no
interior. Nunca saio de Madureira.. .
��� Mesmo assim.
Acabaram de comer e foram lavar os
pratos.
Terminado o servi��o, C��ndida lembrou-
se:
��� Voc�� deixou a janela do quarto aberta?
��� Deixei..,
��� V�� fechar correndo. N��o est�� vendo
como chove? J�� deve estar tudo molhado.
20���
De fato, a chuva entrava no quarto.
D��lia fechou a janela o mais depressa poss��vel.
Dormiram um pouco depois do almo��o.
D��lia acordou primeiro
Eram quatro horas da tarde.
Ela saiu do quarto e foi para a sala.
Encostou o rosto per tr��s da vidra��a
da janela.
E ficou observando a tarde triste.
E a rua molhada.
Os grossos pingos de chuva batiam no
vidro emba��ado da janela.
D��lia limpou com a m��o para poder
melhor olhar a rua.
Uns moleques, ensopados, mas completamente
alheios �� chuva, jogavam bola.
Riam, gritavam, brigavam
Viviam, enfim.
Como D��lia gostaria de viver.
���21
Livre.
Sem inibi����es.
Sem receios.
Eles ca��am nas po��as de ��gua, sujavam-
se, e pareciam cada vez mais contentes.
E ela ali, por tr��s da vidra��a, im��vel
como uma est��tua.
Sentiu-se muito deprimida.
N��o demorou e duas grossas l��grimas
ca��ram-lhe dos olhos
Como se fossem pingos de chuva.
N��o as enxugou.
Deixou que secassem sozinhas, que penetrassem
na pele de seu rosto.
Por que n��o lhe acontecia nada?
Entrava dia, sa��a dia, e tudo no mesmo.
Nenhuma surpresa, nenhuma alegria
maior.
Tudo mon��tono, sem esperan��a.
At�� gostava quando tinha que traba
lhar o dia inteiro. Porque assim n��o ficava
muito tempo pensando na vida.
22���
Mas era um s��bado.
Trabalhara at�� o meio-dia
Sem ter o que fazer, enquanto a mae
sa��ra ficara diante do espelho fazendo o
que n��o devia. (Sentia remorsos por isso).
C��ndida continuava dormindo.
E ela, naquela janela, olhando o vazio.
O vazio de sua vida.
Do seu mundinho, que se resumia naquela
vila de casinhas pobres, de pessoas
tamb��m pobres, no emprego...
Seria t��o bom que alguma coisa diferente
acontecesse.
De repente, avistou um vulto no meio
daquela chuva toda. Apenas um vulto. O
vulto de um homem que entrara na ruazinha
e se aproximava.
Ficou prestando aten����o a ele, deixando
um pouco de lado os moleques que jogavam
bola
Notou que o rapaz que se aproximava
olhava cuidadosamente os n��meros das ca
sas. Devia, evidentemente, estar procuran-"
do alguma.
Ele estava de capa e guarda-chuva. (E
nem podia ser de outra maneira, pensou
D��lia, no meio daquele temporal todo).
Surpresa viu que ele se aproximava cada
vez mais e parava diante de sua porta.
O rapaz verificou de novo o n��mero da
casa e bateu na porta.
��� S�� pode ser engano ��� pensou D��lia.
Mas saiu de junto da janela e foi abrir,
��� Boa-tarde ��� falou o estranho.
��� Boa-tarde ��� respondeu D��lia.
Num relance viu que o rapaz era bem
jovem tamb��m E bonito. Principalmente
bonito.'�� tinha um sotaque parecido com
o de C��ndida.
����� aqui que mora D. C��ndida?
��� ��, sim.
��� Ela est�� em casa?
24���
Olhando para o rapaz, D��lia nem se
lembrou de mand��-lo entrar. Deixou o desconhecido
debaixo da chuva mais alguns
segundos, com o guarda-chuva aberto. Observou
entretanto, que a capa que ele usava
era velha e surrada.
��� Eu preciso falar com el��.
��� Um momento ��� disse D��lia
E gritou:
��� Mam��e, tem um rapaz aqui que
quer falar com a senhora!
Como a m��e n��o respondesse, lembrou-
se que a mesma estava dormindo. S�� ent��o
convidou o rapaz a entrar:
��� Desculpe, sou t��o distra��da! O senhor
est�� a�� um temp��o e nem convidei
para entrar...
Achou estranho ter que cham��-lo de
senhor", um rapaz t��o jovem. Mas como
n��o o conhecia teria que cham��-lo assim.
O desconhecido fechou o guarda-chuva
que pingava, e entrou na sala.
D��lia apontou uma cadeira:
��� Sente a��. Espere um pouco. Mam��e
est�� dormindo.
��� N��o precisa acord��-la. Eu vim s��
trazer uma encomenda.
Ela nem havia notado que o estranho
tinha um embrulho nas m��os.
��� N��o tem import��ncia. J�� est�� na
hora dela acordar mesmo.
E deixou o rapaz sozinho na sala, indo
at�� o quarto chamar a m��e.
Denis olhou as paredes pintadas de cor
de rosa, com umas manchas causadas por
infiltra����o. Os m��veis mais do que modestos.
Um quadro de um santo...
Pouco depois, D��lia retornou:
��� Mam��e j�� vem.
Com efeito, logo em seguida, C��ndida
apareceu. Seus olhinhos, ainda sonolentos,
bateram curiosamente as pestanas, aproximando-
se do rapaz e o olhando-o:
26���
��� Boa-tarde.
��� Eu sou Denis, filho de D. Elenice, l��
de Sergipe...
C��ndida sorriu feliz e incr��dula:
��� Como?
��� O filho de D. Elenice.
��� J�� deste tamanho! N��o acredito. Voc��
est�� um rapag��o.
O rapaz continuava com a capa molhada,
o guarda-chuva e o embrulho na m��o
C��ndida repreendeu D��lia:
��� Voc�� nem pediu o guarda-chuva do
rapaz, nem lembrou-se de mand��-lo tirar
a capa, minha filha?
��� Esqueci.. .
��� �� falta de costume ��� explicou C��n-'
dida. ��� A gente nunca recebe visita.
Exigiu ent��o que Denis entregasse o
guarda-chuva e a capa molhada a D��lia,
que foi coloc��-los l�� dentro
O embrulho, Denis entregou a C��ndida
��� Minha m��e mandou isso para a senhora,
��� Que maravilha!
E C��ndida foi logo abrindo o pequeno
pacote. Era um vidro de doce de caju em
calda, feito em casa.
A mulher n��o cabia em si de contente:
��� Estou t��o feliz! Elenice n��o esqueceu
que �� o doce que eu mais gosto. D��lia,
venha ver o que ele me trouxe...
A filha voltou �� sala, tamb��m teve exclama����es
de entusiasmo e foi guardar o
doce.
'C��ndida virou-se para o rapaz.
��� Como voc�� est�� alto. Sabe que o vi
nascer? Como o tempo passa! Passa correndo
tanto que a gente nem v��. Quando sa�� de
minha terra voc�� era bem pequenininho.
Os anos v��o embora assim, correndo, correndo
.. . Como est�� a cidade?
��� Aquilo mesmo de sempre.
��� Tenho tantas saudades de l��. S�� vivo
falando nisso, n��o �� D��lia?
��� ��.. . ��� respondeu a mo��a que tamb��m
se sentara numa cadeira.
��� Quando sa�� de l�� o pr��dio mais alto
tinha tr��s andares e n��o havia elevadores.
J�� tem elevador l��?
��� J��.
��� E telefone?
��� Tamb��m.
��� Ent��o n��o est�� a mesma coisa. Est��
muito melhor. Ah, que saudades, meu Deus,
que saudade! Bons tempos aqueles! Elenice
lhe disse que eu era sua melhor amiga?��
��� Disse, sim ��� respondeu Denis.
��� Pois ��, n��s ��ramos insepar��veis, at��
que eu casei e mudei pro Rio.
Agora, diante daquele menino que tinha
se desenvolvido tanto, C��ndida n��o parou
de falar nas suas recorda����es de um passado
distante.
Enquanto isso D��lia olhava cuidadosa
mente cada tra��o do rosto do rapaz. Era
de fato muito bonito. Parecia at�� gal�� de
fotonovela, que gostava tanto de ler.
Alegrou-se ao pensar que finalmente
alguma coisa de diferente havia acontecido
na sua vida. Aquela visita inesperada...
E se Denis se apaixonasse por ela?
Seria desejar demais?
Se isso ocorresse, seria a pessoa mais
feliz do mundo. Ela, de sua parte, j�� estava
apaixonada. Considerou que talvez fosse
um pouco cedo demais para pensar assim.
Mas recordou que nas fotonovelas era assim
mesmo que acontecia. As paix��es apareciam
de repente, �� primeira vista. Restava
saber se poderia ter esperan��as de se,
correspondida
Mas Denis mal a olhava. (Tamb��m era
um pouco t��mido).
Al��m disso, C��ndida n��o lhe dava tem
po para mais nada a n��o ser responder suas
perguntas:
��� O que veio fazer no Rio?
30���
��� Trabalhar.
��� Quando chegou?
��� Faz dois dias.
��� J�� arrumou emprego?
��� Ainda n��o. N��o deu tempo. Mas trouxe
uma carta de apresenta����o de um amigo
de meu tio, que tem conhecidos importantes
aqui. Fiz um teste ontem e depois
de amanh�� fico sabendo se vou ser admitido.
Aproveitei o s��bado para trazer a encomenda.
��� Est�� gostando do Rio?
��� Ainda n��o sei.
��� A vida aqui �� dura, meu garoto. Muito
dura mesmo. Espero que voc�� tenha sorte.
A sorte existe. E quando a pessoa tem,
ningu��m segura. Mas o Rio de Janeiro n��o
deixa de ser uma cidade muito bonita. Voc��
�� jovem, tem o futuro pela frente. A prop��sito,
voc�� chegou a se formar em alguma
coisa?
��� Fiz o curso de contabilidade.
���31
��� ��timo. Pra quem �� inteligente e esfor��ado,
o Rio oferece boas oportunidades.
Claro que tem que ter sorte tamb��m. Mas
o fato de ter estas qualidadas j�� ajuda. E
muito. N��o desanime. Voc�� vai vencer. Tenho
certeza.
C��ndida n��o tinha tanta certeza assim,
mas precisava animar o rapaz, dizer coisas
que o enconrajasse.
De repente, parecia que C��ndida tinha
esgotado todos os assuntos. Parou de falar,
de perguntar.
Denis olhou para D��lia e os olhares dos
dois se cruzaram. Ela baixou a vista, encabulada.
Ele fez o mesmo.
.O breve sil��ncio foi interrompido por
C��ndida:
��� Quer um cafezinho?
��� N��o precisa ter trabalho.
��� N��o �� trabalho nenhum. Al��m disso
est�� fazendo frio. Nada como um caf��
feito na hora. Fa��o quest��o. N��o adianta
prostetar.
E a mulher levantou-se indo em dire����o
�� cozinha, desaparecendo no interior da
casa.
Os dois jovens ficaram a s��s
E mudos.
N��o havia o que perguntar, nem o que
responder.
Afinal, n��o se conheciam.
Denis venceu a timidez e quis ser soci��
vel:
��� Voc�� estuda?
��� N��o.
��� N��o?!
��� Acabei o gin��sio. Agora estou trabalhando.
��� Em qu��?
���Numa loja de tecidos, aqui mesmo em
Madureira.
A conversa terminou a��.
Minutos depois, C��ndida apareceu de
volta �� sala, com seu caf�� fumegante.
Serviu a visita, a si pr��pria e �� filha.
��� Est�� bom?
��� Est�� ��timo! ��� elogiou Denis.
Foi ent��o que C��ndida fez uma pergunta
que n��o devia ter feito. Ou melhor, praticamente
afirmou; n��o foi bem uma pergunta.
E o que ela disse feriu muito D��lia,
que por um momento quase chegou a odi��-
la. Por que a m��e tinha estragado assim
seus sonhos?
��� Aposto que deixou uma noiva em
sua terra, n��o?
Denis sorriu encabulado:
��� Como a senhora sabe?
D��lia pensou que ia desmaiar.
��� Intui����o, meu filho, intui����o ��� disse
C��ndida. Como �� o nome dela?
��� Suzana.
��� Um nome bonito, tamb��m �� bonita?
��� Eu acho
D��lia sentiu ��dio tamb��m daquela Su34���
zana que se interpunha entre ela e Denis.
Tinha uma raiva. No entanto, conseguiu
raciocinar melhor e viu que tinha pensado
uma bobagem. Como poderia consider��-la
uma rival, se o rapaz n��o demonstrara nenhuma
inten����o para com ela? Nem mesmo
tinha tido tempo para isso. Mesmo assim,
sentiu uma raiva incontrol��vel daquela
mo��a que era dona do amor de Denis.
Suas esperan��as morriam logo depois que
haviam nascido.
C��ndida continuou o di��logo com o rapaz:
��� Ela �� bonita mesmo?
��� Bem, pra mim, ��.
��� Tem um retrato dela pra mostrar pra
gente?
t
Meio encabulado, o rapaz tirou uma
carteira do bolso e de l�� retirou um pequeno
retrato tr��s por quatro, que apresentou
a C��ndida
��� �� uma mo��a bonita ��� comentou esta.
���35
A mulher passou a foto para a filha, que
olhou-a com desd��m. N��o achou Suzana
nada bonita. Uma cara redonda, os cabelos
cacheados.
Ent��o, seria aquele o tipo de Denis?
Completamente diferente dela? Suzana parecia
ser meio gordinha, baixinha, o contr��rio
de D��lia.
Esta devolveu a fotografia ao rapaz, que
a guardou cuidadosamente na carteira outra
vez
��� Est��o noivos mesmo? ��� perguntou
C��ndida: ��� Ou s��o apenas namorados?
O rapaz mostrou a alian��a:
��� Depois de conseguir vencer no Rio,
caso-me com ela.
D��lia ficou abismada com sua pr��pria
estupidez e falta de aten����o. Como n��o notara
a alian��a na m��o direita do rapaz? S��
tinha uma explica����o: ficara t��o fascinada
por ele, que nem prestara aten����o em
suas m��os Ao ouvi-lo falar em casar com
a outra, sentiu o cora����o apertar-se. Cada
vez sentia um ci��me maior daquela mo��a
que n��o conhecia e que ficara t��o longe.
Seu interesse por Denis, no entanto, agora
que sabia do obst��culo que se interpunha
entre eles, aumentou.
Denis ficou conversando quase uma hora
mais. J�� estava escuro, apesar de ainda
n��o ser seis horas. A chuva continuava a
cair, incessante.
Ele viu que precisava se despedir. Mas
n��o sabia como. Era uma coisa que acontecia
sempre. Nunca sabia como sair- dos
lugares e, assim, ia ficando.
Mas n��o podia continuar ali por muito-
tempo mais. Teria que enfrentar a condu����o
com aquela chuva e sem conhecer o Rio
de Janeiro. N��o queria que a noite o sur^
preendesse longe da modesta pens��o do
centro da cidade onde estava hospedado.
C��ndida insistiu para que ficasse mais
um pouco, assim que Denis manifestou sua
inten����o de ir embora. Mas acabou por deix��-
lo partir, com a promessa de voltar a
visit��-las com freq����ncia.
O rapaz apertou a m��o de C��ndida e
���37
depois a de D��lia. Esta sofreu uma emo����o
muito forte ao sentir o contato da
pela do rapaz com a sua.
Ele vestiu a capa, que D��lia lhe entregara
de volta, e saiu. As duas acompanharam-
no at�� a porta.
Denis abriu o guarda-chuva e come��ou
a andar. Mais adiante, virou-se e acenou
com a m��o. C��ndida e D��lia, que continuavam
na porta, corresponderam, e s��
ent��o entraram.
Enquanto a m��e foi para a cozinha lavar
as x��caras, D��lia voltou para junto
da vidra��a da janela e ficou observando a
chuva que ca��a. O vulto de Denis j�� havia
desaparecido, mas os meninos, incans��veis,
continuavam jogando bola e brincando
nas po��as de ��gua
Profundamente triste, D��lia julgou
que fosse chorar de novo. Mas conteve as
l��grimas. Com a m��o fechada deu um
murro na parede ao lado da janela. Era
a ��nica maneira de afastar as lagrimas,
enquanto que ao mesmo tempo imaginava
que estava esmurrando o destino
38���
E de repente, sentiu uma for��a estranha
dentro de si mesma e tomou uma determina����o.
Denis seria dela, custasse o que
custasse. Lutaria para conseguir seu amor.
Suzana, t��o distante, acabaria perdendo a
batalha. Haveria de utilizar todas as armas
N��o teria nenhum outro objetivo, daquele
.momento em diante, a n��o ser o de
conquistar o jovem que acabara de conhecer.
A chuva continuava caindo.
O resto de D��lia, colado �� vidra��a, n��o
estava t��o triste quanto antes.
Talvez estivesse at�� um tanto calma
Com aquela calma que se consegue quando
n��o se tem mais d��vidas quanto ��quilo
que se deseja, e pelo qual se est�� disposto
a lutar.
���39
cap��tulo 3
��nsia de amar
��� Bem simp��tico, o Denis, n��o achou?
��� perguntou C��ndida.
���,��, sim...
D��lia n��o queria demonstrar �� m��e o
quanto ficara impressionada com o rapaz
��� �� pena que j�� esteja noivo.
Ser�� que ela adivinhou meus sentimentos?
��� perguntou D��lia a si mesma.
��� Por qu��?
40-
��� Porque sim. Ele bem que podia ca
sar com voc��.
��� Ora, mam��e, ele mal me conhece.. .
��� Mas eu adoraria se Denis casasse
com voc��. S�� assim eu teria motivo novamente
de ter alegria na vida.
��� Deixe de pensar bobagens.
��� N��o �� bobagem coisa nenhuma. Ele
�� filho da minha maior amiga. Ela tamb��m
ficaria muito contente
��� Mas como a senhora mesmo disse,
ele �� noivo.
��� Noivado se desmancha a qualquer
hora.
* * *
Deitada na cama, D��lia escorregou ��
m��o por baixo da camisola e come��ou a
alisar as pr��prias coxas.
Olhou para a outra cama e verificou
que sua m��e estava dormindo. Um gesto
desnecess��rio, ali��s, uma vez que esta roncava.
���41
Mas D��lia temia que C��ndida notasse
os movimentos que fazia por baixo da coberta.
Agora ela afagava o pr��prio desejo.
De olhos fechados, viu Denis ao seu lado,
prestes a am��-la...
* * *
Denis chegara �� pens��o onde estava
hospedado completamente encharcado, depois
de ter enfrentado o trem at�� a Central,
de onde seguiu a p��, perguntando a
um e a outro como chegar �� rua onde estava
morando
Andara tanto que sentia-se mais morto
do que vivo. Julgara que fosse perto, da
Central do Brasil at�� �� pens��o, uma vez que
tudo era considerado centro da cidade.
Ainda n��o se acostumara com o Rio e
pensava que as dist��ncias n��o eram t��o
grandes como acontecia em sua terra.
Comera um sandu��che de mortandela
com guaran��, num boteco pr��ximo e subiu
para seu quarto.
Tirou a capa encharcada, e juntou com
o guarda-chuva, colocou-os num canto.
42���
O outro h��spede com quem dividia a
vaga, ainda n��o chegara.
Trocou de roupa e deitou-se para dormir.
Sentiu uma saudade imensa de Suzana
Queria t��-la ao seu lado, esquentando-o
com seu corpo.
Se pudesse voar, sairia pelos c��us e pousaria
no quarto de Suzana...
A saudade era tanta que podia at��
apalp��-la ��� pensou.
Mas um dia a traria para seu lado.
S�� que este dia lhe parecia t��o distante.
E mesmo que n��o demorasse muito, para
ele seria uma eternidade.
Queria Suzana ali, naquele momento.
E era imposs��vel.
A ang��stia das coisas imposs��veis.
Teria que ter paci��ncia e esperar.
���43
Um dia Suzana estaria ao seu lado; ele
mandaria busc��-la e se casariam.
Com a m��o come��ou a fazer movimentos...
Estava excitad��ssimo.
Fez de conta que estava possuindo Suzana.
E em pouco tempo atingiu o cl��max...
Levantou-se para lavar as m��os e tornou
a deitar-se, desta vez mais aliviado.
E a figura doce de Suzana lhe veio novamente
�� mente, no ��ltimo encontro...
* * *
��� Eu sou sua ��� disse Suzana.
��� N��o podemos fazer isso.
��� Voc�� faz comigo o que quiser, Denis.
��� N��o, Suzana, n��o �� direito.
��� Voc�� n��o me deseja?
44���
��� Claro que desejo.
��� Mais do que tudo?
��� Mais do que tudo.
��� Eu tamb��m.'N��o me importa o que
�� direito nem o que �� errado. Quero ser
sua. N��o vou poder esperar...
Estavam atr��s de um muro, numa rua
deserta.
Abra��ados, colados um ao outro.
Escorregaram at�� se deitarem no ch��o,
com os corpos unidos.
��� Como eu o amo, Denis...
��� Eu tamb��m a amo muito.
O rapaz come��ou ent��o a possu��-l��.
A mo��a gemia baixinho.
Um minuto depois era dele, completamente
dele...
* * *
Suzana tinha-lhe entregue a virginda���
4 5
de. Confiara nele. No ��ltimo dia antes de
sua partida.
De repente, Denis teve medo. Medo de
n��o cumprir a promessa, de n��o mandar
busc��-la, de esquec��-la...
Isso nunca. Esquec��-la, nunca.
Pequena, meio gordinha, com as faces
rosadas, Suzana era a pr��pria imagem da
inoc��ncia. Se se entregara a ele, fora porque
o amava acima de tudo.
Outro receio tomou-lhe de assalto.
E se Suzana ficasse gr��vida? Se todo
mundo descobrisse o que haviam feito? Se
nascesse um filho daquela uni��o?
Isso n��o poderia acontecer, n��o devia
acontecer.
Vencido pelo cansa��o, Denis adormeceu.
* * *
O mesmo, no entanto, n��o acontecia
com D��lia, que n��o conseguia conciliar o
sono de jeito nenhum
46���
Sentia uma ��nsia de viver como nunca
antes em sua vida.
Nunca se impressionara tanto por algu��m,
como acontecera com Denis.
Estava realmente apaixonada, perdidamente
apaixonada. Uma paix��o implac��vel,
aguda, inadi��vel...
���47
cap��tulo 4
O emprego
Depois de passar um domingo vazio,
Denis viu chegar com alegria a segunda-
feira. N��o gostava de ficar, sem ter nada
que fazer, porque aumentava ainda mais
sua saudade.
O domingo fora terr��vel. N��o tinha sequer
algu��m com quem falar, uma vez
que o outro h��spede com quem dividia o
quarto na pens��o, ele mal conhecia e parecia
n��o ser de muitas palavras.
48���
Assim, na segunda-feira aprontou-se
com vivacidade e saiu Tomou a condu����o
e dirigiu-se �� reparti����o na qual fizera o
teste. �� medida que se aproximava come��ou
a temer que n��o fosse aceito. Apesar
da carta de recomenda����o. Apesar de ter.
feito um bom teste.
Se n��o conseguisse aquele emprego, teria
que procurar outro, por si mesmo, sem
nenhuma recomenda����o, o que seria muito
mais dif��cil.
Mas, para sua felicidade, havia sido
aceito. Precisava apenas fazer alguns exames
m��dicos para concretizar sua admiss��o,
e come��ou a trabalhar naquele mesmo
dia.
As coisas n��o estavam sendo t��o dif��ceis
assim.
Com um pouco de paci��ncia, tudo iria
dar certo Era verdade que come��aria ganhando
pouco. Mas isso n��o importava
muito. Depois melhoraria, e mandaria buscar
Suzana.
���4 9
A��, ent��o, seria feliz, completamente
feliz.
* * *
Mas, ao contr��rio do que geralmente
acontece, Denis s�� se sentia feliz quando
estava no emprego. Quando sa��a do trabalho,
imediatamente ficava triste.
Teria que enfrentar mais uma noite de
solid��o.
E a saudade de Suzana tornava-se forte,
t��o forte que pensava n��o poder suportar..
* * *
D��lia ia e vinha da loja diariamente.
Sua determina����o de conquistar Denis
permanecia inabal��vel. Mas j�� n��o se sentia
t��o otimista.
Tamb��m preferia as horas em que estava
trabalhando. Pelo menos se distra��a
Ao voltar para casa, um pensamento fixo
lhe tomava a mente: Denis.
50���
Uma noite, depois da novela, C��ndida
falou de uma id��ia que tivera:
��� Eu estive pensando numa coisa...
��� Em qu��?
��� Denis bem que podia ficar hospedado
aqui.
O cora����o de D��lia pulou de alegria:
��� �� mesmo...
��� Seria muito melhor pra todo mundo
Logo a alegria de D��lia se dissipou.
��� Mas ser�� que ele aceitaria morar t��o
longe? O emprego dele �� na cidade.
��� ��, este �� o ��nico impecilho...
E D��lia odiou morar no sub��rbio. At��
ent��o n��o se importava muito com o fato.
Mas qualquer coisa que servisse de obst��culo
entre ela e Denis, fazia com que imediatamente
passasse a odiar. Assim como
odiava Suzana.
A m��e deu continuidade aos pensamentos
de D��lia ao falar:
��� Ele vai terminar esquecendo a tal
noiva. ��
��� A senhora acha?
��� Claro, minha filha.
��� Ele pode gostar muito dela.
��� N��o h�� amor que resista �� distancia.
��� Ser��?
��� Tenho certeza. Sou muito mais experiente
do que voc��. Aos poucos ele vai
esquecendo. No come��o, n��o, se realmente
gosta dela...
E D��lia desejou ardentemente que a
m��e estivesse com a raz��o. Ent��o, Denis seria
seu.
Mas lembrou-se com desgosto de outra
possibilidade: Denis podia deixar de amar
Suzana e passar a gostar de outra garota
que n��o fosse ela Isso tamb��m era poss��vel!
Cheia de temores e ansiedades, D��lia esperou
impaciente o outro fim-de-semana
Sem d��vida, Denis voltaria a visit��-las.
52���
apesar de n��o ter dito o dia em que voltaria
Mas D��lia tinha quase certeza de que
ele apareceria.
No s��bado, Denis pensou realmente em
ir de novo visitar a amiga de sua m��e. Mas
desistiu, ao lembrar-se de que n��o podia
gastar um centavo a mais. N��o podia dar-
se ao luxo de gastar dinheiro com condu����o
para passeios. O que tinha mal dava para
comer e pagar sua passagem para ir ao
emprego todos os dias.
Teria que adiar uma nova visita at�� o
fim do m��s, quando receberia seu primeiro
ordenado
Assim, n��o tinha outro jeito a n��o ser
passar, at�� l��, os s��bados e domingos sem
ter absolutamente nada para fazer. O que
para ele era terr��vel, uma vez que ficava
o tempo todo pensando em Suzana.
���53
D��lia foi para loja, no s��bado, pela manh��,
mais satisfeita do que o costume.
Ao medio-dia voltou correndo para casa.
C��ndida foi fazer a feira. Nada mudava
na rotina delas. A ��nica coisa inesperada
em muitos meses fora a visita de Denis
no s��bado anterior.
Como sempre, as duas almo��aram, lavaram
os pratos e foram descansar.
C��ndida adormeceu, mas D��lia n��o.
Aguardava impaciente que Denis chegasse.
Apenas deitou-se e ficou lendo uma fotonovela.
Levantou-se mais ou menos ��s tr��s e
meia.
Esperava que Denis aparecesse ��s quatro.
Vestiu sua melhor roupa, escovou os cabelos,
colocou um pouco de baton nos l��bios.
E depois foi para a janela.
54���
Desta vez n��o chovia.
Fazia um tempo lindo.
D��lia debru��pu-se na janela e ficou
olhando fixamente para o final da ruazinha
da vila, na esperan��a de ver surgir o
vulto querido.
Os moleques jogavam bola com algazarra.
Os minutos passaram e Denis n��o vinha.
Ele deveria chegar mais cedo, uma vez
que n��o estava chovendo, raciocinou D��lia.
Deu quatro e meia.
C��ndida acordou e foi para junto da
filha, na janela.
��� Esperando algu��m? ��� perguntou,
maliciosa.
��� N��o...
��� N��o precisa querer me esconder ���
acrescentou C��ndida, risonha, sem deixar
te perceber que a filha se enfeitara toda.
Mas anoiteceu e Denis n��o apareceu.
���55
��� Deve vir amanh��.
��� A senhora acha?
��� �� bem prov��vel.
* * *
Mas o domingo passou sem que Denis
desse sinal de vida.
As duas ficaram profundamente decepcionadas.
��� Eu devia ter pedido seu endere��o ���
falou C��ndida.
��� Para qu��? A gente n��o ia mesmo
l��.
" ��� De qualquer jeito era bom saber onde
ele est�� hospedado
* * *
No fim-de-semana seguinte, a mesma
espera a mesma decep����o.
t
��� Ser�� que ele n��o vai aparecer mais?
��� perguntou D��lia.
56���
��� Aparece, sim. Deve vir na outra semana
��� animou C��ndida.
* * *
No entanto, Denis tamb��m n��o apareceu
na outra semana.
As duas esperaram em v��o e C��ndida
ficou particularmente preocupada:
��� Ser�� que aconteceu alguma coisa a
ele?
��� O qu��, por exemplo?
��� Sei l��, um desastre...
��� Que �� isso, mam��e? N��o fale assim.
��� Pra ele n��o aparecer este tempo todo,
a gente tem que pensar nisso.
E D��lia ficou com uma preocupa����o dupla
A primeira, que Denis n��o aparecia
porque n��o queria mesmo maiores liga����es
com elas. A segunda, que ele tivesse sido
atropelado, como pensava a m��e.
���57
capitulo 5
Alegria
O fim do m��s chegou e Denis recebeu
seu primeiro sal��rio. E no s��bado seguinte
saiu de sua pens��o em dire����o �� Central
do Brasil, a fim de tomar o trem para Madureira.
O fato de ir visitar de novo a amiga
de sua m��e era unicamente porque eram
os ��nicos conhecidos que tinha no Rio.
Simplesmente por isso. N��o havia nenhum
outro motivo
58
No emprego ainda n��o tinha intimidade
com os colegas.
Na pens��o, seu colega de quarto tinha
sa��do e viera outro. Tamb��m n��o dera tempo
de fazer amizade. Mesmo porque parecia
que cada um estava por demais preocupado
com os pr��prios problemas, al��m
de terem outros amigos na cidade.
Denis compreendeu que era muito dif��cil
estabelecer qualquer tido de relacionamento
com algu��m numa cidade grande
como o Rio de Janeiro.
Assim, n��o tinha outra alternativa, a
n��o ser visitar C��ndida e a filha. '
Os fins-de-semana anteriores passara
inapelavelmente s�� e sem nada para fazer,
a n��o ser escrever longas cartas a Suzana,
o que s�� fazia aumentar a saudade
D��lia desistira de esper��-lo na janela.
Por isso, foi com surpresa que tanto ela
quanto a m��e ouviram bater na porta.
As duas foram abrir.
Tratava-se realmente de Denis.
���59
��� Oi, Denis, como vai? ��� perguntou
C��ndida
��� Bem, e a senhora?
Ela o convidou a entrar.
��� Sabe que estava muito preocupada
com voc��?
��� Preocupada?!
��� Sim, este tempo todo sem aparecer
Pensei at�� que tinha acontecido algum desastre.
Por que n��o veio antes visitar a
gente?
��� Bem...
Denis ficou envergonhado de dizer a
verdade.
��� Al��m de preocupada, estava at��
ofendida. Julguei que n��o tinha gostado de
minha casa.
��� N��o foi isso, D. C��ndida.
��� O que foi, ent��o?
��� �� que eu vim com pouco dinheiro
Menos do que o necess��rio. N��o podia gastar
em condu����o, com passeios...
60���
D��lia quase deu um grito de alegria
Nunca poderia esperar que este tivesse sido
o motivo.
��� Quer dizer que teve vontade de vir
aqui nos outros s��bados?
��� Claro.
��� Sabe que cheguei at�� a preparar um
bolo para lhe oferecer? Hoje n��o fiz nada,
pois n��o esperava que viesse.
��� N��o tem import��ncia.
Da�� em diante conversaram animadamente
sobre diversos assuntos. D��lia mostrava-
se muito mais desinibida do que o
costume.
C��ndida n��o deixou que ele fosse embora
cedo.
��� Est�� intimado a jantar com a gente.
E foi preparar a comida, enquanto D��lia
ficou conversando com o rapaz na sala.
A�� ela mostrou-se menos descontra��da,
temendo que o rapaz adivinhasse seus sentimentos.
���61
Ele jantou com elas.
E ao sair prometeu que no s��bado seguinte
viria.
* * *
As visitas se sucederam.
Durante todo o m��s, invariavelmente,
Denis vinha aos s��bados para a casa de
C��ndida e s�� sa��a tarde da noite.
* *. *
J�� fazia quase dois meses que Denis estava
no Rio de Janeiro. E em completo
jejum sexual, a n��o sei- as vezes (muitas)
em que se satisfazia sozinho.
Mas sentia falta do corpo de uma mulher.
Uma noite de s��bado, ao sair da casa
de C��ndida, tomou, como sempre, o trem,
e desceu na Central. Pegou ent��o um ��n*
bus que o deixou na Cinel��ndia
Resolveu dar uma volta, em busca de
uma mulher qualquer. Sua necessidade era
inadi��vel.
Andou um pouco, parou em frente a um
bar. Uma mulata o abordou.
Disse quanto cobrava para passar a noi'
te com ele.
Decepcionado, Denis viu que n��o tinha
dinheiro suficiente.
Mas ela perguntou quanto ele podia pagar.
E aceitou o que lhe foi oferecido.
Como no momento n��o havia nenhum
companheiro no quarto da pens��o onde estava,
levou a mulher at�� l��.
Silvia, assim que se viu no quarto, foi
logo tirando a roupa.
J�� muito excitado, Denis agarrou-a.
��� Que �� isso, homem, est�� tarado? Parece
at�� que n��o v�� mulher h�� muito tempo.
��� Acertou.
��� N��o v�� mesmo, ��?
��� ��. Pra que negar?
��� Sabe que fui com sua cara? Com
outro, eu n��o vinha por esse pre��o.
���6 3
Denis tirou a roupa e foi para a cama
com a mulata. Ansioso, foi logo possuindo-
a e em pouco tempo alcan��ou o cl��max.
S��lvia pediu um cigarro. Depois, falou:
��� Gostei mesmo de voc��. Quer tentar
outra vez?
��� Se voc�� quiser...
A mulata soltou uma baforada no rosto
de Denis, enquanto dava uma gargalhada:
��� Hoje voc�� vai descontar o atraso,
meu nego.
E foi realmente o que aconteceu.
Denis aproveitou o mais que p��de, possuindo
S��lvia tr��s vezes seguidas.
Ela foi embora e os dois marcaram um
novo encontro no s��bado seguinte
64-
capitulo 6
O passeio
Era a sexta vez que Denis visitava C��ndida
e a filha.
Desta vez, um domigo, pois C��ndida o
convidara para almo��ar com elas e passar
o dia l��.
De tarde, sugeriu:
��� Por que voc�� n��o sai para dar uma
volta com D��lia?
Ele aceitou a sugest��o com prazer, e os
���6 5
dois sa��ram mais ou menos ��s tr��s da tarde.
D��lia mostrou-lhe os principais pontos
de Madureira, os cinemas, o novo teatro..
��� Voc�� n��o tem namorado? ��� perguntou
Denis
Mas sua pergunta foi absolutamente
natural, n��o havia segundas inten����es.
Apenas porque, sendo jovem e bonita, D��lia
deveria gostar de algum rapaz. Mas,
pelo visto, uma vez que estava sempre em
casa, n��o devia ter nenhum no momento.
Ela, por seu lado, considerou a pergunta
ccmo um interesse maior. Talvez Denis
estivesse querendo sondar o terreno. E julgou
que finalmente tivesse dado um passo
em dire����o ao seu objetivo.
��� N��o Por qu��
��� Na sua idade, geralmente todas as
mo��as t��m um namorado.
��� Mas eu n��o tenho.
��� Por que raz��o?
66���
��� Simplesmente porque ainda n��o me
apaixonei.
Na verdade, D��lia estava apaixonada
por Denis, mas n��o podia dizer isso assim
diretamente.
��� Quer ia ao cinema?
��� N��o. Podemos ficar s�� passeando.
A mo��a lembrou-se do reduzido or��amento
de Denis e n��o queria for����-lo a
gastar.
��� Vamos tomar um sorvete ent��o?
Ela aceitou o sorvete.
Ele pediu um de morango.
D��lia tamb��m.
Olhavam-se mutuamente, enquanto tomavam
o sorvete.
��� Est�� ��timo, n��o est��?
��� Divino!
Foram depois para uma pracinha.
Sentaram-se num banco e ficaram con���
67
versando e observando o que acontecia em
torno.
D��lia viu um casal de namorados, no
banco em frente, que se beijava
Denis tamb��m observou o mesmo casal.
Ela teve uma vontade louca que Denis
aproximasse o rosto e a beijasse tamb��m.
O mesmo desejo passou pela cabe��a do
rapaz. E se beijasse a garota?
Desejo era o que n��o lhe faltava. Mas
precisava conter-se. Afinal, D��lia era uma
mo��a direita e ele estava comprometido
com Suzana...
A lembran��a da noiva fez com que ficasse
triste. Suzana estava t��o longe! N��o
podia tra��-la Com uma prostituta qualquer,
n��o tinha a menor import��ncia. Apenas
satisfazia seus instintos, dava vaz��o
�� sua sexualidade. N��o havia sentimento,
envolvimento nenhum.
No caso de D��lia era diferente. N��o que
estivesse apaixonado pela mo��a. Mas sentia
cor ela um misto de ternura e desejo
recente. Esta ternura era o que atrapalhava
tudo
N��o podia fazer uma sujeira com Suzana,
nem com D��lia. A primeira, porque o
amava muito, tinha-se deixado possuir por
ele pela primeira vez, com confian��a absoluta.
Quanto �� segunda, n��o podia abusar da
confian��a nele depositada por C��ndida, que
al��m do mais era amiga de inf��ncia de sua
m��e.
Mas se por um lado a lembran��a da
noiva fizera com que controlasse seu ��mpeto
er��tico, ao mesmo tempo fazia aumentar
seu desejo.
Talvez pelo fato de ser proibido. Enquanto
se dividia com seus problemas de
consci��ncia, sentia o corpo de D��lia bem
pr��ximo ao seu...
Tinha mesmo a impress��o de que eia
esperava que a beijasse, exatamente como
os casais que estavam na pra��a.
Para diminuir sua tens��o, falou:
��� Eu sou noivo
���6 9
��� Voc�� j�� me disse isso.
��� Gosto muito de Suzana.
��� Ela tem sorte...
D��lia envergonhou-se depois que disse
isso. N��o queria revelar seus verdadeiros
sentimentos
��� Sorte, por qu��?
��� Tem algu��m que a ama.
��� ��... eu a amo muito. E n��o quero
esquec��-la, n��o posso esquec��-la...
A mo��a teve um rasgo de ousadia:
��� N��o pode por qu��?
Ele demorou a responder:
��� Porque n��o seria direito Tenho ca
r��ter. Nunca iludi ningu��m... Eu e Suzana
estamos muito mais unidos do que voc��
possa pensar.
A decep����o de D��lia foi grande. Quer
dizer que n��o tinha chance? ��� perguntou
a si mesma. Pelo visto, n��o. Apesar de
ausente, a presen��a de Suzana era muito
forte.
70���
Como se tivessem combinado, os dois
levantaram-se do banco.
E seguiram andando devagar de volta
para a casa de D��lia.
* * *
C��ndida notou que a filha voltara do
passeio muito triste. Mas n��o comentou
nada com D��lia. Esta tamb��m achou melhor
n��o falar sobre sua decp����o.
Mas, apesar de saber que tinha poucas
chances de sair vitoriosa, n��o desistira.
Procurou se convencer de que tudo era
apenas uma quest��o de tempo.
Longe, a imagem de Suzana iria cada
vez mais perdendo sua for��a, enquanto que
ela podia aumentar sua influ��ncia sobre o
rapaz
Queria Denis acima de tudo.
E haveria de consegui-lo.
Tinha tempo de sobra. Aprenderia a es
perar.
���71
Em vez de ir direto para casa, Denis
deu uma volta pela Cinel��ndia, na esperan��a
de encontrar Silvia.
Precisava de uma mulher. N��o podia
ficar tanto tempo assim...
Mas n��o encontrou S��lvia.
Teve que se conformar em ir para a
pens��o sozinho.
Atravessou o corredor sombrio da pens��o,
onde enfileiravam-se as portas dos
pequenos quartos, e foi at�� o banheiro.
Trancou-se e procurou satisfazer-se sozinho
...
Imaginou-se possuindo Suzana, aquela
primeira e ��nica vez.
Excitado, estava quase atingindo o cl��max,
quando a imagem de Suzana misturou-
se a de D��lia.
E ele vibrou como se estivesse possuindo
as duas ao mesmo tempo..
72���
cap��tulo 7
Prazer
A mulher enla��ou-o com as duas pernas.
Denis teve a impress��o que S��lvia queria
engoli-lo.
Em mat��ria de sensualidade e t��cnicas
er��ticas, Silvia era uma perfeita profissional.
E, apesar de ser uma prostituta, sentia
verdadeiro prazer em fazer amor com Denis.
���73
Enla��ava-o com as pernas, dominava-o,
fazia com que o rapaz ficasse nas mais diversas
posi����es.
Ele fazia tudo como um cordeirinho,
obedecendo a todos os caprichos da mulata,
mesmo porque sentia tamb��m muito
prazer com isso.
Nunca se satisfaziam com uma s�� vez.
Sempre que Silvia ia para o quarto do
rapaz, eles faziam amor pelo menos tr��s
vezes. E isso acontecia todos os s��bados.
Era preciso compensar a semana em
que passava em completa abstin��ncia sexual,
pensava Denis.
Compreendeu que a mulata tinha se
apaixonado por ele. Isso, de certo modo, o
desgostava. Gostar mesmo, s�� de Suzana,
a noiva.
Mas n��o podia dispensar a companhia
de Silvia. N��o tinha dinheiro suficiente para
pagar outras mulheres para lhe fazerem
companhia na cama. Seu reduzido sal��rio
mal dava para pagar a Silvia apenas uma
74���
vez por m��s. As outras, ela vinha de gra��a,
de livre e espont��nea vontade, porque realmente
sentia prazer com Denis...
* * *
Ao mesmo tempo, continuava frequentando
a casa de C��ndida. Agora, sempre
aos domingos, quando passava praticamente
o dia inteiro l��.
Sa��a com D��lia para passear.
Uma tarde foram ao cinema.
N��o resistiu e passou a m��o pelos seus
ombros.
A jovem compreendeu que havia vencido
mais um ponto em sua luta com Suzana
pelo amor de Denis.
Durante a proje����o do filme, ele abra��ou-
a com mais for��a, e no escuro do cinema
beijaram-se na boca pela primeira vez.
A princ��pio ele encostou a boca de leve
na pele fina do rosto da mo��a. Ela virou-
se lentamente e suas bocas se encontraram.
Ficaram assim, de l��bios colados, du
���7 5
rante muito tempo, num beijo que parecia
intermin��vel
* * *
Na vez seguinte em que foram ao cinema,
ele come��ou a alisar-lhe as coxas, por
cima do vestido.
Cada vez mais ousados, tanto um como
o outro, n��o conseguiram resistir. Ele colocou
a m��o por baixo da saia da jovem
enquanto esta tamb��m retribu��a da mesma
maneira.
N��o comentaram nada ao sa��rem do cinema.
* * *
Denis pensou que seria melhor terminar
com aquelas visitas dominicais �� cas��
de C��ndida.
Ele e D��lia estavam se dirigindo para
um caminho perigoso, do qual n��o havia
retorno.
Mais um pouco, e seria tarde demais.
76���
No entanto, no domingo seguinte, l�� es
tava ele, batendo na porta, sendo atendido
por C��ndida, e encontrando D��lia cada vez
mais apaixonada
N��o, n��o podiam mais recuar.
O cinema onde iam era o ref��gio, o local
onde aumentavam progressivamente as
car��cias. Apalpavam-se mutuamente, procurando
descobrir os mist��rios dos respectivos
corpos.
Nestes momentos, a figura de Suzana
n��o se fazia t��o presente como nas primeiras
vezes.
Inapelavelmente, Suzana estava sendo
esquecida, compreendeu Denis.
E ainda martirizava-se um pouco com
ISSO.
J�� n��o sentia tanto prazer em responder
��s cartas da noiva.
��s vezes, levava v��rios dias para escrever-
lhe E compreendia que j�� o fazia com
una certa m��-vontade.
* * *
���77
��� Eu o amo, Denis.
��� Eu sei disso.
��� Desde o primeiro dia em que foi l��
em casa.
��� Eu tamb��m senti qualquer coisa.
N��o pense que fiquei t��o indiferente como
demonstrei.
��� Voc�� ainda pretende continuar o
noivado?
��� N��o sei, D��lia.
��� N��o sabe?!
��� Vai casar com Suzana?
��� Tamb��m n��o sei.
��� E eu?
��� Nunca a enganei.
��� Claro...
��� N��o queira estar no meu lugar. N��o
posso terminar com Suzana.
��� Ela est�� longe, logo vai esquecer voc��.
�� capaz at�� de j�� ter outro.
78���
��� N��o acredito.
��� Voc�� n��o est�� l�� em sua terra pra
saber. do mesmo modo que ela n��o sabe
que voc�� est�� namorando comigo.
��� N��o posso fazer uma sujeira destas
��� N��o �� sujeira.
��� N��o vamos falar mais nisso hoje, t��
icsal?
* * *
A conseq����ncia l��gica do relacionamen
to entre D��lia e Denis s�� podia ser uma.
E assim, num domingo de tarde, em vez
de ficarem em Madureira, tomaram o trem
para a cidade.
D��lia estava muito nervosa.
Mas se era preciso aquilo para conquistar
Denis definitivamente, ent��o n��o tinha
import��ncia. Mesmo porque ela tamb��m o
desejava, mais do que tudo no mundo.
Desceram na Central do Brasil e tomaram
um ��nibus que os deixou perto da pens��o
onde Denis morava.
-79
A jovem entrou meio encabulada
Finalmente, a s��s, no quarto, com a
porta fechada, D��lia perguntou:
��� Tem certeza que seu companheiro
de quarto n��o vai chegar a qualquer momento?
��� Tenho.
��� Ele disse?
��� Eu pedi para que passasse a tarde
inteira fora.
A mo��a lembrou-se de que n��o podia ficar
muito tempo conversando. N��o havia
tempo. Se demorasse muito ali, at�� chegar
em Madureira de volta, sua m��e iria desconfiar
de que n��o tinham ido ao cinema
ou apenas passear na pra��a.
Fora louca em via at�� o quarto de Denis?
N��o teve tempo para responder a pr��pria
pergunta, pois o rapaz a abra��ou.
J�� tinham ido t��o longe, na escurid��o
das salas de proje����o, que para completar
o ato faltava pouco.
80���
E D��lia tamb��m n��o aguentava mais
A janela do quarto estava fechada.
Denis n��o acendera a luz.
A penumbra era quase a mesma das salas
onde assistiam aos filmes.
S�� que ali estavam sozinhos, absolutamente
sozinhos, para fazerem o que bem
quisessem, sem o perigo de serem surpreendidos.
Ele, lentamente, come��ou a tirar-lh�� o
vestido. D��lia sentiu um certo pudor.
Quando se viu com os seios de fora, cobriu-
os com as m��os.
Compreendendo a inibi����o da garota,
Denis afastou-se um pouco sem olh��-la e
come��ou, de costas para ela, a tirar a pr��pria
roupa
D��lia observava-o.
Viu quando finalmente se despiu totalmente.
Ainda estava de costas para ela.
���81
Voltou-se ent��o, e ela verificou o quanto
o rapaz estava excitado.
Ele andou devagarinho em sua dire����o
Apertou-a de encontro ao seu corpo.
Os corpos estavam unidos, colados, nus,
em p��.
Ficaram assim alguns segundos, praticamente
im��veis.
Beijaram-se.
Na cama, D��lia sentiu como se tivesse
conseguido a felicidade total. E sabia que
ainda faltava muito, faltava o principal.
�� medida que Denis for��ava a posse,
D��lia via aumentar sua sensa����o de felicidade
e prazer, muito mais intensa do que a
dor que sentia.
Mesmo que aquele momento n��o se repetisse,
ela n��o se incomodaria.
Murmurou:
��� Denis...
alcan��aram o cl��max.
* * ��
D��lia olhou o rel��gio e ficou chateada.
Tinha que sair da cama imediatamente ?,
vestir-se depressa Gostaria tanto de poder
ficar ali ao lado de Denis indefinidamen-
Mas C��ndida os esperava.
E havia uma grande dist��ncia a vencer.
i
��� Temos que ir embora.
��� �� uma pena ��� comentou o rapaz.
��� Voc�� me ama, Denis?
��� Claro que a amo. Por que ent��o a
teria trazido aqui?
��� E ela?
��� Ela quem?
��� Suzana...
��� N��o vamos falar nisso.
��� Por qu��?
��� Agora n��o �� o momento.
��� Ela tem escrito? ��� perguntou D��lia,
apesar do rapaz querer fugir do assunto.
��� Tem, sim.
��� E voc��?
��� J�� recebi duas cartas, sem ter respondido
�� primeira...
D��lia ficou satisfeita.
Vestiram-se com presteza e logo sa��ram
da pens��o.
E fizeram o itiner��rio de volta �� Madureira.
Quando chegaram na casa de D��lia, a
noite j�� tinha ca��do.
C��ndida estava preocupada:
��� Onde voc��s andavam?
��� Esquecemos da hora ��� respondeu
D��lia risonha, procurando assumir o ar
mais natural do mundo.
��� Puxa, j�� tinha pensado at�� que havia
acontecido alguma coisa!
84���
Acontecera, sim, uma coisa muito importante,
pensou D��lia, sem exteriorizar
��u s pensamentos, �� claro. N��o no sentido
cm que a m��e se referia. Mas uma coisa
oae modificara tudo: ela agora era mulher
de Denis, tinha sido possu��da por ele, tiaha
conhecido o primeiro homem de sua
vida. Mas nem em sonho C��ndida podia
deacobrir a verdade.
��� N��o vai ficar para comer alguma coisa
com a gente? ��� perguntou C��ndida,
muito sol��cita, ao rapaz.
Ele aceitou.
D��lia n��o estava nem um pouco arrependida
do que fizera. Temerosa, talvez.
Arrependida, n��o.
N��o tinha mais d��vidas de que Denis a
amava. Mais do que a Suzana. E esta n��o
tinha como lutar. Estava longe.
Por isso, D��lia achava que vencera a
primeira batalha. Dentro de algum tempo,
enceria a guerra.
Temia, talvez, um pouco, que Denis, j��
tendo ido para a cama com ela, n��o quises
���85
se mais casar. Mas isso era um racioc��nio
de pessoas antiquadas. Hoje em dia n��o tinha
mais isso. At�� j�� lera que era bem melhor
o homem e a mulher se conhecerem
sexualmente antes de casarem Assim, o casamento
poderia ter mais chances de ser
bem sucedido.
Era com evidente prazer que olhava para
o rapaz. C��ndida n��o deixou de perceber,
e sentiu que havia algo no ar, embora
nem de longe desconfiasse da verdade.
Denis ainda conversou um pouco e depois
foi embora. Afinal, no dia seguinte recome��aria
a batalha da semana, logo cedo.
Assim que ele partiu, C��ndida comentou
:
��� Voc�� est�� diferente!
��� Eu! ��� surpreendeu-se D��lia.
��� Voc��, sim. Est�� com cara de quem..
��� De quem... o qu��?
��� De quem est�� muito feliz.
D��lia sentiu-se mais aliviada (por um
86���
momento teve medo que a m��e tivesse descoberto
tudo.)
��� Estou feliz, realmente. A senhora
acertou.
��� Posso saber a raz��o?
��� Denis declarou-se, disse que estava
gostando de mim.
Satisfeita, C��ndida perguntou:
��� Foi por isso que demoraram tanto a
voltar?
��� Foi. Eu tamb��m gosto dele, a senhora
sabe melhor do que ningu��m Ficamos
na pracinha, de m��os dadas, esquecidos de
tudo fazendo planos...
��� Planos?
��� Sim. Nem notamos que j�� havia escurecido.
��� E a noiva dele?
��� Denis confessou que j�� nem responde
suas cartas.
��� Mas j�� acabou com ela?
���87
��� Ainda n��o.
��� Por qu��?
Falta de coragem, sem d��vida. Medo de
feri-la...
��� �� um rapaz de bons sentimentos.
��� Vendo que ele j�� n��o escreve com
regularidade, ela vai compreendendo aos
poucos que o noivado est�� para terminar.
N��o vai levar um susto muito grande quando
receber a not��cia...
* * *
No trem, de volta para casa, ou melhor,
para a humilde pens��o onde morava, Denis
estava preocupado.
Um emprego miser��vel, mal ganhando
o suficiente para viver sozinho e envolvido
com duas mulheres.
Ou melhor, tr��s, se contasse com Silvia.
Mas esta n��o era motivo de suas preocupa����es.
D��lia e Suzana sim.
88���
Desvirginara D��lia do mesmo jeito que
fizera com Suzana.
E agora?
Prometera a esta ��ltima casar-se com
eia. A D��lia n��o prometera nada.
Mas Suzana estava longe E D��lia, perto.
Sabia que se envolveria cada vez mais
com D��lia, mesmo porque estava realmente
gostando da garota.
Como poderia casar com Suzana, mandar
busc��-la, manter uma casa aqui no
Rio de Janeiro?
Imposs��vel, completamente imposs��vel.
Com D��lia, as coisas seriam mais f��-
Poderia perfeitamente morar com a m��e
dela. Claro que havia a desvantagem de ter
que tomar o trem todos os dias. Mas teria
um lar, os fins de semana tranq��ilos, e
n��o sofreria de solid��o, como acontecia
atualmente naquela pens��o.
���89
E depois, gostara de D��lia na cama
Talvez mais do que de Suzana.
Talvez porque tivesse possu��do D��lia naquela
tarde, a lembran��a estava mais viva.
E Suzana parecia-lhe agora uma coisa distante,
como se pertencesse a outro mundo,
Mas precisava ser honesto.
N��o poderia continuar iludindo a mo��a
que ficara esperando por ele em sua terra.
Naquela mesma noite faria uma carta
contando tudo.
O trem chegou na Central do Brasil.
Denis desceu e tomou um ��nibus para
voltar �� pens��o.
O companheiro de quarto j�� havia chegado:
��� Ent��o, trouxe a garota aqui?
��� Trouxe.
��� Que tal? Gostosinha?
��� ��.
90���
��� Parece at�� que n��o. Voc�� t�� com
uma cara t��o s��ria...
��� Estou preocupado com outros problemas.
��� N��o esquenta a cabe��a, cara. A vida
n��o vale a pena. O neg��cio �� aproveitar o
que aparece.
��� �� isso a��.
E Denis desistiu de escrever para a noiva
naquela noite, desmanchando tudo.
Adiou mais uma vez sua decis��o. Ficava
para outro dia.
J�� fazia mais de tr��s meses que estava
no Rio. N��o se acostumara direito com os
problemas da cidade grande. O dinheiro
curto, o cansa��o, o servi��o rotineiro, chato
e ma��ante, a solid��o, a sordidez daquele
quarto, as paredes sujas, o banheiro imundo,
a falta de conforto.
E ainda por cima seus problemas de
consci��ncia. O melhor mesmo era seguir o
conselho do colega, n��o esquentar a cabe��a
e ir aproveitando os momentos bons que
a vida lhe oferecia
* * *
���91
C��ndida dormia tranq��ilamente.
D��lia, n��o.
Deitada na cama, virava-se de um lado
para o outro. Estava incrivelmente excitada.
Aquele fora um dia muito especial.
Tudo se transformara em sua vida.
Levantou-se, p�� ante p��, e foi at�� a sala.
Havia um espelho no corredor.
Puxou a camisola e ficou olhando-se.
Os seios que, �� tarde, algumas horas
antes, tinham sido acariciados por Denis.
Mesmo com receio que a m��e acordasse
e a surpreendesse, despiu completamente
a camisola e ficou nua.
Olhava fixamente para o pr��prio corpo.
Ela j�� n��o era a mesma.
Tinha sido possu��da por um homem.
O homem que amava.
92���
cap��tulo 8
As cartas
"Suzana querida:
Como vai voc��? Desculpe n��o lhe ter escrito
com a freq����ncia desejada Mas o fato
�� que aqui no Rio de Janeiro a vida �� muito
dura e a gente n��o tem tempo para
nada. O que n��o acontece a��.
A�� a vida corre mansa, tudo �� perto,
as pessoas v��o a p�� para o trabalho e n��o
gastam mais de quinze minutos no percurso.
���93
Aqui n��o. �� tudo muito distante. Fazemos
verdadeiras viagens, todos os dias, para
chegarmos no emprego. E quando voltamos
para casa, muito cansados, n��o aguentamos
mais fazer nada. S�� d�� vontade de
cair na cama e dormir.
Talvez seja um pouco de precipita����o
minha, mas n��o acredito que tenha muita
chance de vencer aqui.
�� tudo muito dif��cil. O que ganho mal
d�� pra mim. O Rio �� uma ilus��o.
Tenho pensado muito em n��s dois.
Como vou poder casar e manter um
lar?
Absolutamente imposs��vel.
Nem daqui a dez anos.
" Por isso estou lhe escrevendo, para dizer
que n��o precisa esperar por mim. N��o
a estou abandonando. Estou pensando em
seu futuro. Pode ser que apare��a algum rapaz
da�� que goste de voc��, e voc�� o recuse
por minha causa.
N��o posso lhe for��ar a esperar por mim.
94���
Voc�� �� jovem, bonita. Encontrar�� outro
que queira casar com voc��.
E n��o deve recusar por causa de um
compromisso que eu n��o sei se vou poder
cumprir. N��o por minha vontade, mas por
causa das circunst��ncias
Afinal, n��o tenho culpa de n��o ter dinheiro,
nem de ter sido t��o ing��nuo ao
ponto de pensar que ia conquistar a cidade
grande de um dia para o outro.
N��o me queira mal.
Eu a amei.
Ficam as maravilhosas recorda����es dos
bons momentos que passamos juntos.
Um beijo,
Denis."
O rapaz acabou de escrever.
Era a terceira tentativa.
Leu e releu v��rias vezes E chegou ��
conclus��o de que a carta estava perfeita.
Tinha sido bastante delicado, n��o ofendia
Suzana.
���95
Talvez ela chorasse quando a lesse.
Choraria no primeiro momento.
Enxugaria as l��grimas.
Amanheceria triste no dia seguinte.
Depois raciocinaria melhor e veria que
o que ele lhe tinha escrito, que sua atitude,
tinha at�� sido uma prova de amor.
E o sofrimento iria se apaziguando aos
poucos
E Suzana terminaria esquecendo tudo.
Mas tamb��m poderia ser que, como ele,
Suzana tamb��m tivesse come��ado a namorar
algum rapaz. Quem sabe isso n��o
tinha acontecido? N��o era de todo improv��vel.
Assim, at�� ficaria contente com a carta,
pois estaria livre.
Colocou a carta no envelope e escreveu
o endere��o. No dia seguinte botaria no correio
O colega de quarto chegou:
��� Escreveu pra noiva?
96���
��� Foi.
��� Vai casar mesmo com ela, cara?
��� N��o.
��� E por que continua escrevendo?
��� �� a ��ltima carta. Nela eu termino
tudo.
��� Foi o melhor que voc�� fez. Assim, a
garota n��o fica se iludindo, esperando.
* * *
No outro dia, pela manha, Denis foi
para o trabalho, como sempre. Chegou pontualmente,
bateu o ponto. Ao meio-dia,
aproveitando o intervalo do almo��o, iria at��
a ag��ncia dos correios que ficava perto do
seu emprego e enviaria a carta definitiva.
Ao meio-dia, saiu para almo��ar.
N��o sabia bem por qu��, mas sentia-se
deprimido e em d��vida se mandaria a carta
ou n��o.
Terminou de almo��ar e chegou a dirigir-
se at�� o correio.
���97
Mas no ��ltimo instante desistiu de envi��-
la. Precisava pensar melhor. No outro
dia colocaria a carta no correio. Um dia
a mais ou a menos n��o tinha import��ncia.
E Denis ficou com a carta no bolso o
resto da semana, s��m coragem de envi��-
la...
* * *
No domingo, �� tarde, novamente trouxe
D��lia para o quarto.
Como da outra vez, ela entregou seu
corpo sem reservas
Mostrava-se menos t��mida, menos temerosa.
N��o se importou de ficar de luz acesa
e deixar que Denis fizesse algumas varia����es
no ato de amor.
Aos poucos, D��lia ia aprendendo as di
versas formas e posi����es em que podiam
se amar. Desta vez, inclusive, ela tinha
avisado �� m��e que chegaria talvez um pou
98
co mais tarde, e teriam, ent��o, mas tempo.
Como n��o haviam ficado satisfeitos em
atingir o cl��max uma s�� vez, repetiram .o
ato.
D��lia nunca pensara antes que pudesse
ser t��o feliz.
Como Denis a amava!
Depois de se amarem pela terceira vez,
ainda ficaram lado a lado, nus, acariciando-
se, apesar de j�� estar um pouco tarde.
��� Voc�� me ama mesmo, Denis?
��� Ainda duvida?
��� Mais do que a Suzana?
Ele olhou-a Tinha os olhos tristes. Respondeu
:
��� Mais do que a Suzana.
D��lia quase explodiu de alegria.
��� Verdade? N��o est�� querendo me enganar?
��� N��o. A pura verdade.
���99
��� Vai acabar com ela e ficar s�� comigo?
��� Vou. Quer a prova?
E Denis levantou-se da cama.
A jovem olhou o belo corpo nu do rapaz,
aquele mesmo corpo quase insaci��vel
que a possu��ra tr��s vezes seguidas naquela
tarde.
Ele pegou o envelope (j�� um tanto
amassado).
��� Aqui est�� a carta que eu fiz pra ela.
D��lia arriscou:
��� Terminando tudo?
E, deixando a carta novamente onde estava
antes, Denis caiu na cama por cima
de D��lia, beijando-a.
* * *
Na segunda-feira, ao sair do quarto e
passar pela portaria, Denis foi interpelado
por um empregado da pens��o:
��� Tem uma carta pro senhor aqui.
100���
Sem nenhum motivo aparente, Denis
estremeceu:
��� Pra mim?
��� Sim.
S�� podia ser de Suzana.
Mas lembrou-se que podia ser tamb��m
dos pais.
Recebeu o envelope que o empregado
lhe entregou.
Olhou o remetente. Era de fato Suzana.
Ele quis abrir logo, mas deixou para faz��-
lo no ��nibus, enquanto fazia a viagem
para o emprego.
* * *
Com as m��os um pouco tr��mulas, como
se fosse uma premoni����o de que algo de
grave estava escrito naquela carta, Denis
abriu o envelope.
E come��ou a ler:
"Querido D��nis:
-101
J�� era para ter lhe contado nas outras
cartas, mas n��o sabia como, n��o tinha coragem.
Uma coisa ao mesmo tempo maravilhosa
e terr��vel me aconteceu.
N��o sei qual vai ser sua rea����o. Gostaria
de estar ao seu lado para ver.
Ser�� que voc�� vai se aborrecer? Ou ficar
triste? N��o queria lhe causar aborrecimentos,
mas n��o posso mais adiar.
Denis parou de ler a carta.
Como previra, algo de grave acontecera.
Olhou pela janelinha do ��nibus e pro
curou distrair-se vendo os outros carros
que passavam, as ruas, os edif��cios...
E se n��o terminasse de ler a carta?
E se n��o ficasse sabendo o que ela continha?
Se a atirasse pela janela do ��nibus?
Mas voltou os olhos automaticamente
para o papel escrito, mesmo contra a vontade.
1 0 2���
"Eu n��o estou desesperada, apesar de
tudo. Apenas com um certo receio de que
voc�� n��o fique contente com a not��cia.
A verdade, Denis, �� que estou gr��vida,
estou esperando um filho nosso. A nossa
uni��o, ��s v��speras de sua partida, deu um
fruto. Isso s�� pode ser motivo de felicidade
para mim, apesar dos problemas que voc��
j�� imaginou que v��o me acontecer.
Ele parou de ler novamente.
Um filho seu.
Suzana estava esperando um filho seu.
O rapaz n��o sabia dizer o que estava
sentindo.
E continuou a leitura.
"J�� n��o est�� dando mais para disfar��ar
direito a barriga. Meus pais, meus parentes .
e meus conhecidos, todos me olham com
desconfian��a.
Dentro de mais alguns dias todo mundo
descobrir�� a verdade.
E voc�� sabe como �� cidade pequena.
���103
E como meus pais s��o. Eles t��m a mentalidade
atrasada, est��o vivendo no s��culo
passado. E quando descobrirem que vou ter
um filho, certamente vai acontecer uma
cena dolorosa.
Certamente n��o v��o me querer mais em
casa.
Eu n��o queria lhe dar problemas. Sei
que voc�� j�� os tem suficientes.
Mas n��o tenho com quem me aconselhar
S�� voc��. Adiei o momento de lhe dizer,
porque simplesmente n��o sabia como
faz��-lo. Mas agora n��o podia mais deixar
de lhe contar tudo.
Por favor, diga o que devo fazer. O que
voc�� mandar, eu fa��o.
Sem mais, despe��o-me com uma grande
beijo.
Da sua
Suzana."
Os olhos de Denis estavam ��midos.
Uma emo����o incontrol��vel.
Suzana estava esperando um filho seu
104���
E todo o amor que sentia por ela ressurgia
das cinzas.
Viu-se possuindo Suzana atr��s daquele
muro distante no espa��o, mas nem tanto
no tempo.
Como pudera esquec��-la t��o facilmente?
E come��ou a recriminar-se.
N��o tinha nada que estar andando com,
mulheres como Silvia, pensou. Sentia-se
nojento. Mas pensava em Silvia para ver
se esquecia o mais importante, ou seja, ter
come��ado aquele caso com D��lia.
Esta sim, era um problema,
E compreendeu o dilema em que se en-.
contrava.
Perdido em seus pensamentos, n��o notou
que passara do ponto em que devia
descer. Quando viu j�� estava distante v��rias
quadras do local onde trabalhava.
Deu sinal e o ��nibus parou.
Desceu e seguiu quase correndo em di
���105
re����o ao emprego. N��o tanto, porque podia
chegar atrasado. Isso no momento lhe
parecia secund��rio. Talvez estivesse quase
correndo para ver se conseguia fugir de si
mesmo
Uma tarefa absolutamente imposs��vel.
Apalpou o bolso onde estava a carta que
fizera a Suzana, terminando o noivado, e
que, felizmente, achava agora, n��o tinha
posto no correio.
Retirou-a do bolso, rasgou-a em v��rios
peda��os e jogou-a fora.
N��o, n��o acabaria com Suzana.
A outra carta, a dela, onde contava que
estava esperando um filho, guardou-a cuidadosamente
no mesmo bolso onde anteriormente
estava a outra.
Chegou no emprego.
Ainda conseguiu bater o ponto a tempo.
E sentou-se para trabalhar.
S�� que n��o conseguiu.
106���
Ele, que nunca costumava errar quando
datilografava, n��o conseguia bater tr��st��elas
sem cometer um erro.
Colocava um papel atr��s do outro na
m��quina. O servi��o sa��a porco, cheio de rasuras.
Sua tens��o aumentava cada vez mais.
Na hora do almo��o quase n��o conseguiu
comer.
A felicidade que tivera ao saber que Suzana
esperava um filho seu se dilu��ra diante
dos problemas que sabia que teria de
enfrentar (al��m dos problemas que n��o
queria que Suzana enfrentasse).
E sofria porque n��o encontrava uma sa��da
O resto do dia foi-lhe particularmente
penoso.
E naquela noite n��o foi direto para a
pens��o, depois do trabalho.
Sentou-se num bar da Cinel��ndia e pediu
um chope.
Era uma loucura o que estava fazen
���1 0 7
do, mas tinha vontade de tomar um pile
que, gastar as reservas do dinheiro que tinha
para passar at�� o fim do m��s com bebida.
Mas n��o via outra solu����o, a n��o ser
embriagar-se.
Por sorte, viu uma mulher aproximando-
se da mesa onde estava sentado.
Era Silvia.
��� Que bicho o mordeu?
��� Por qu��?
��� Dia de semana e voc�� por aqui, bebendo?
Est�� cheio da nota? Largou o emprego?
��� Nada disso.
Ela sentou-se ao seu lado, realmente
contente por t��-lo encontrado:
��� Ent��o, o que foi?
��� Aconteceu uma desgra��a.
��� Uma desgra��a?!
��� Sim.
1 0 8���
��� E est�� bebendo para esquecer.
��� Exatamente. S�� que n��o tenho dinheiro.
��� N��o faz mal. Eu pago seu pileque
Ontem faturei horrores
E Silvia chamou o gar��om, pedindo mais'
chope. Voltou-se novamente para Denis:
��� Quer me contar qual foi a desgra��a?
��� Lembra que lhe falei na noiva que
deixei na minha terra?
��� Ela escreveu acabando tudo?
��� N��o.
��� Ela morreu?
��� Tamb��m n��o.
��� O que foi, ent��o?
��� Ela est�� esperando um filho meu
Silvia deu uma gargalhada:
��� Mas isso n��o �� desgra��a nenhuma,
cara.
���109
��� Como n��o? Voc�� n��o conhece cida
de pequena.
��� Conhe��o, sim. Vim de uma
��� Ent��o sabe como ��. O pai dela �� fogo.
��� E o que voc�� vai fazer?
��� N��o sei. E �� justamente por isso que
resolvi beber.
��� E fez muito bem. Amanh��, voc�� pensa
com calma e v�� o que vai fazer. Hoje ��
noite voc�� �� meu Talvez pela ��ltima vez
��� Pela ��ltima vez, por qu��?
��� Porque talvez voc�� volte pra sua terra,
pra casar com a tal mo��a, ser feliz. O
que �� que est�� fazendo no Rio? Trabalhando
como datilografo, ganhando pouco mais
do sal��rio-m��nimo?
��� Voc�� tem raz��o.
E os dois encheram a cara.
Denis considerava um golpe de sorte ter
encontrado Silvia. Dificilmente sobreviveria
��quela noite, sozinho.
110���
���111
Tiraram a roupa no escuro e deitaram-
se na cama.
O colega de Denis roncava.
Silvia deitou-se com o rapaz
Os dois se abra��aram. E pela primeira
vez ele tamb��m sentiu ternura por Silvia.
Era uma boa mulher.
Em todos os sentidos, n��o apenas na
cama.
E come��aram a fazer movimentos. A cama
rangia, Silvia gemeu. O colega de quarto
acordou.
��� Tem uma mulher a�� com voc�� ��, Denis?
Este respondeu:
��� Por que n��o continua dormindo?
��� Voc��s me acordaram
��� Volte a dormir.
��� N��o d�� para eu participar da festa'
��� N��o.
112���
Mas Silvia riu, sem um pingo de vergonha:
��� Se quiser, pode vir aproveitar.
O outro homem n��o esperou que ela insistisse.
Pulou de sua cama, e voou para a
outra onde estavam os dois.
Silvia delirava.
E Denis tamb��m gostou da experi��ncia.
N��o que fosse dado a este tipo de coisa
Mas, afinal, estava b��bado.
Como a cama era muito estreita para os
tr��s, eles terminaram no ch��o.
E a orgia continuou quase at�� o amanhecer.
* * *
Silvia deu um beijo em Denis antes de
sair. Este continuou dormindo. No ch��o,
ainda. O outro j�� voltara para a cama.
* * *
���113
Denis n��o conseguiu acordar a tempo
de ir para o trabalho. A cabe��a do��a. Sentia-
se um trapo.
Desceu e tomou um caf��.
Comprou uma ficha de telefone e avisou
que n��o ia trabalhar naquele dia porque
amanhecera doente. Afinal era a primeira
vez que faltava em quase quatro me
ses.
Retornou ao quarto.
O colega tinha levantado mais cedo e
sa��ra.
Sozinho, ele procurou p��r em ordem os
pensamentos.
Para come��ar, releu a carta de Suzana
Emocionou-se at�� as l��grimas, com a
perspectiva de ser pai.
E tomou uma decis��o, inspirado no que
lhe dissera Silvia na noite anterior no bar
Por que ficar no Rio de Janeiro?
Por que continuar dando murro em ponta
de faca?
Por que se iludir?
Ele n��o tinha mesmo muitas possibili
dades de vencer.
Dentro de dois dias receberia o sal��rio.
Estava at�� com sorte. Compraria uma pas-sagem
de volta para sua terra. E recome
��aria tudo l��. Ao lado de Suzana, com
quem casaria o mais depressa poss��vel, antes
que ela passasse por humilha����es
A decis��o tomada, sentiu-se invadir por
uma grande tranquilidade.
N��o iria mais encontrar-se com D��lia.
Viajaria no s��bado.
Ela o esperaria no domingo, em v��o.
Sabia que era sujeira de sua parte.
Mas sujeira maior seria se largasse Suzana.
Uma das duas teria que ser sacrificada.
E das duas, s�� podia ser D��lia
Afinal, esta quando o conhecera sabia
que ele era noivo. Entregara-se de livre e
espont��nea vontade.
���115
Apesar de sentir uma ponta de remorso;
n��o era t��o culpado assim.
E depois, D��lia se entregaria ao primeiro
por quem se sentisse atra��da. O acaso
fizera com que fosse ele. Al��m disso, D��lia
morava no Rio, onde estas coisas n��o costumam
tornar-se problemas t��o grandes.
Mais tarde encontraria um outro rapaz que
�� fizesse feliz. Ela tinha muito mais possibilidade
do que Suzana
Apenas um pensamento o perturbou um
pouco mais.
E se D��lia tamb��m estivesse gr��vida dele?
Seria coincid��ncia demais. Provavelmente,
como a maioria das mo��as da cidade
grande, mais civilizadas, ela devia ter
tomado suas precau����es...
1. 1 6���
capitulo 9
O destina de cada um
Denis pediu demiss��o do emprego, na
manh�� seguinte.
Teria que dar o aviso pr��vio e n��o se
importou que lhe descontassem a quantia
correspondente.
S�� que iria ficar sem dinheiro para voltar.
Mas nada mais lhe importava. Iria embora
nem que fosse a p��.
�� noite, procurou encontrar Silvia no
���117
local onde ela fazia ponto Teve novamente
a sorte de encontr��-la:
��� Voc�� me faria um favor?
��� Dois, at��.
��� Vou embora, de volta pra minha terra,
depois de amanh��.
��� Apesar de ficar com saudades, acho
que voc�� faz muito bem.
��� Vou de ��nibus...
��� Vai chegar l�� arrebentado. �� uma
viagem muito longa.
��� N��o faz mal O principal �� chegar
l��. Mas a viagem de ��nibus �� a mais barata.
Mesmo assim meu dinheiro n��o d��.. .
��� Eu completo.
��� �� pouco o que preciso. Mas n��o quero
dado, quero emprestado. Voc�� me diz
seu endere��o e eu pago a d��vida assim que
puder.
��� Sem essa, Denis. J�� falei que estou
faturando alto
118���
��� S�� aceito se for emprestado.
��� Est�� bem, n��o vamos discutir. Se
quer assim...
* * *
Denis n��o escreveu para a noiva avisando
de sua chegada.
Preferia fazer uma surpresa.
E assim, viajou no s��bado, como planejara
Silvia foi se despedir dele.
Beijou-o na boca, acariciou as partes
proibidas do corpo do rapaz, em p��blico.
Muita gente notou, e Denis ficou encabulado
Entrou no ��nibus, que partiu.
Ele olhou pela ��ltima vez a cidade que
o amedrontava.
E ansiou que chegasse logo o momento
de ver de novo Suzana...
* * *
���119
No domingo, C��ndida e D��lia passaram
o dia inteiro esperando pelo rapaz.
N��o tinham a m��nima id��ia que ele estava
a milhares de quil��metros de dist��ncia.
Cada vez mais nervosa, D��lia viu o dia
passar e escurecer. Teve uma vontade enorme
de ir at�� a pens��o de Denis, mas n��o
podia, por causa de sua m��e.
Naquela noite n��o dormiu.
Apareceu na loja de tecidos, na segunda-
feira, de olheiras e com dor de cabe��a
Procurou no cat��logo telef��nico e descobriu
o telefone da pens��o.
Na hora do almo��o, telefonou de um
orelh��o. Perguntou por Denis, dizendo o
n��mero do quarto onde ele estava hospedado
Uma voz impessoal lhe avisou que ele
deixara a pens��o no s��bado.
��� Sabe pra onde ele foi?
��� N��o.
1 2 0���
Ela desligou o telefone mais desnorteada
do que nunca.
Como Denis se mudara e n��o comunicara
nada? E por que n��o fora em sua casa
no domingo?
Lembrou-se de telefonar para o emprego
do rapaz. Como n��o tinha pensado nisso
antes? Estava t��o confusa...
Mas tinha que esperar para ligar depois
da hora do almo��o. E assim fez, da pr��pria
loja onde trabalhava.
E recebeu uma informa����o que a deixou
mais inquieta ainda. Denis simplesmente
havia sa��do do emprego, pedira demiss��o.
Resolveu ent��o que iria at�� a pens��o e
perguntaria ao companheiro de quarto de
Denis para onde ele fora. Talvez ficasse
sabendo de alguma coisa. Era sua ��ltima
esperan��a.
Apesar de saber que C��ndida ficaria
preocupada se chegasse tarde em casa, ao
sair do trabalho tomou o trem e for para a
cidade
���121
Dirigiu-se �� pens��o onde tinha passado
horas de amor inesquec��veis
Na portaria disse que gostaria de falar
com o rapaz que morava no quarto com
D��nis, explicando que tinha um neg��cio
urgente para falar com o mesmo.
Teve receio que o colega de seu amante
n��o tivesse chegado. O porteiro n��o soube
dizer, n��o o vira voltar do trabalho.
D��lia bateu na porta.
O colega de Denis veio abrir.
Ela perguntou por Denis e ficou sabendo
que ele viajara. De volta para sua terra.
��� Mas por qu��?
��� N��o sei. Deve ter desistido de morar
no Rio. Ele tinha uma noiva l��, n��o sabia?
Claro que D��lia sabia, mas julgada que
tinha vencido a batalha. No entanto, perdera
...
O rapaz que lhe dera a informa����o es
122���
tava com uma sunga min��scula, e parecia
excitado, ou melhor, estava excitado.
A jovem, apesar de toda sua perturba����o,
notou o fato.
Ele perguntou:
��� Voc�� �� a garota que vinha aqui nas .
tardes de domingo?
��� Sou.
��� Denis tinha muita sorte com mulher
N��o sei porque reclamava tanto da vida.
E sorriu Um sorriso que era um convite.
Mas D��lia despediu-se.
Deu alguns passos.
O rapaz perguntou:
��� Eu n��o sirvo?
Ela se virou, olhou e viu que ele era
bem mais bonito e desej��vel do que Denis.
Sentiu-se tentada.
O rapaz ainda disse:
��� Se quiser vir no domingo, eu vou
estar aqui.
D��lia sorriu
Havia perdido mesmo Denis
���123
N��o adiantava chorar.
E logo ali. dispon��vel, estava um outro
homem que talvez lhe proporcionasse mais
prazer ainda.
Ele insistiu:
��� Voc�� vem?
��� Venho, sim.
��� Domingo, ��s tr��s da tarde, combinado?
124-
De: Bons Amigos lançamentos
O GRUPO BONS AMIGOS E O GRUPO SÓ LIVROS COM SINOPSE LANÇA HOJE MAIS UMA OBRA NOS FORMATOS : PDF,TXT,EPUB, MOBI E DOC E DOCX
A GAROTA DO ESPELHO - CARLOS AQUINO
Este lançamento foi digitalizado por Fernando Santos
Sinopse:
Dália é uma moça de dezenove anos. Ela é balconista de uma loja e mora em Madureira com a mãe que é viúva.
SOBRE O AUTOR:
Escritor, jornalista e ator, Carlos Aquino nasceu em Sergipe, mas foi para o Rio de Janeiro ainda adolescente.Trabalhou em filmes e peças de teatro, mas finalmente descobriu que sua verdadeira vocação era escrever, passando a dedicar-se à literatura. Sua estréia foi com o romance: Verão no Rio" em 1973. Com seu.estilo vigoroso e moderno, colocando sempre uma dose de verdade em seus personagens, ele foi no século passado na década de 70 e 80 um dos escritores de mais prestigio junto ao público. Detalhes sobre sua morte leia em : https://www.terra.com.br/istoegente/79/tributo/index.htm
Este e-book representa uma contribuição do grupo Bons Amigos para aqueles que necessitam de obras digitais como é o caso dos Deficientes Visuais
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