sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Olá, Eli: Saudades... agora é a vez de vocês!

Olá, Eli

Esta crônica me trouxe algumas imagens à memória:

Ainda alcancei um pouco desses maravilhosos tempos, embora, na minha
infância, a casa sempre estivesse "cheia", não só pelo fato de sermos 12
irmãos, mas por termos sempre um sobrinho, primos ou afilhados dos meus
pais, morando conosco.

No fim da década de 50, início da de 60, apenas o irmão mais velho era
casado e vivia em sua própria casa, mas, para compensar, seus dois
filhos mais velhos, ainda crianças, moravam conosco. (Risos)

Seis irmãos, já adultos (três homens e três mulheres), tinham muitos
amigos e, nos fins de semana, muitos iam "filar" o pirão de Dona Nair.

Lembro que, na Copa de 62 (ou 66 - aí já não lembro - risos), tinha
gente "fugindo pelo ladrão", pois, na nossa rua, nossa casa foi uma
das primeiras a ter televisão.

Talvez me confunda quanto ao ano da Copa, porque, desde que foi comprada
a tevê, meados de 1959, a sala vivia apinhada de crianças e adultos, os
famosos "televizinhos". (Risos)

Como havia muita criança e pouca cadeira, minha mãe colocava algumas
esteiras diante do aparelho para a criançada, deixando as cadeiras para
os adultos.

Bons tempos!

Depois conto mais!

Agora é a vez de vocês!

Beijão.

Luís

*De: "eli" <eli.enne@gmail.com>
Para: <Undisclosed-Recipient:;>
Data: Sexta, 12 de Fevereiro de 2010 19:54
Assunto: <CantinhoDaLeitura> Saudades...



Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho porque a família toda iria visitar algum conhecido.
Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente, à noite.
Ninguém avisava nada, o costume era chegar de paraquedas mesmo. E os donos da casa recebiam alegres a visita. Aos poucos, os moradores iam se apresentando,
um por um.
– Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.
E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino. Repetia-se toda a diplomacia.
– Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!
A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos
num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... casa
singela e acolhedora. A nossa também era assim.
Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo benfazejo,
surgia alguém lá da cozinha – geralmente uma das filhas – e dizia:
– Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa.
Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite... tudo sobre
a mesa.
Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também. Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga? A vida estava ali, no riso, no
café, na conversa, no abraço, na esperança... Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam.... era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade...
Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes
longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida. Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa.. A mesma alegria
se repetia. Quando iam embora, t ambém ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos... até que sumissem no horizonte da noite.
O tempo passou e me formei em solidão. Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, e-mail... Cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe
mais em casa. Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa:
– Vamos marcar uma saída!... – ninguém quer entrar mais.
Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde
perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.
Casas trancadas.. Pra que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga,
dos biscoitos do leite...
Que saudade do compadre e da comadre!


José Antônio Oliveira de Resende

Professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa, do Departamento de Letras, Artes e Cultura,
da Universidade Federal de São João del-Rei.


Salve Maria!
Eliene

"Não tentes conseguir de outra maneira o que não conseguires por amor".
(São Francisco de Sales)
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