Luís Campos (Blind Joker)
Sexta-feira pela noite, dia 19 de março, após resistir às cólicas
abdominais que vinha sentindo há dias, resolvi ir até a Unidade de
Emergência do hospital pertencente ao plano de saúde que tenho.
Após a espera rotineira para preencher a ficha de entrada, o que, a
meu ver, descaracteriza o termo "emergência" destas unidades de
atendimento médico, fui "examinado" numa conversa com a plantonista e
encaminhado para fazer um raio-X do abdômen. Ao retornar com a "chapa",
a médica a examinou e disse que meu intestino estava cheio de fezes
endurecidas. Encaminhou-me ao ambulatório para tomar soro, analgésico e
descansar um pouco. Quando a dor passou, fui liberado. Ela receitou-me
um "laxante" e me mandou para casa.
Naquela mesma noite tomei a primeira dose do remédio, tomando a segunda
lá pras nove horas do sábado.
Como estava sem apetite, almocei apenas uma "sopa de Miojo" (depois eu
dou a receita - risos). Não lembro o que fiz durante a tarde, mas,
possivelmente dormi, afinal, só sou homem até o meio-dia... pela tarde
eu durmo!
Por volta das dezoito horas, resolvi tomar um pouco de café com leite e
comer um pão. Mal havia dado a segunda mordida no pão, senti ânsia de
vômito e corri para o vaso, vomitando tudo que comera.
Liguei para minha filha e retornei à emergência, encontrando a mesma
médica que me atenderá na noite anterior.
Fiz outra radiografia e, desta vez, ela disse que já não havia qualquer
obstrução no meu intestino, causada por fezes ressecadas.
Falei-lhe do vômito e de que achava interessante fazer uma colonoscopia.
Ela resolveu me internar e colocar-me sob soro e analgésicos.
Assim, desde o sábado à noite até a terça-feira por volta das dez horas
do dia, apenas tomei soro, analgésicos e nada mais... nem mesmo água,
pois, segundo os médicos, para fazer a colonoscopia eu deveria estar
com o intestino vazio. Até aí, tudo bem, mas acontece que já
transcorrera mais de sessenta horas e eu não comera nada e comecei
a reclamar que queria comer. Por volta das dez horas tentaram dar-me
comida intravenosa, mas, após me furarem quatro vezes e não acharem uma veia
para colocarem o cateter, eu disse que não iria deixar que me furassem
mais e que queria comida de verdade.
Aí foi aquele quiprocó... e eu dizendo que estava com fome e esperando!
Uma hora me retei e pedi à minha afilhada para pegar minha bermuda e
minha camisa. Vesti as roupas e saí com ela em busca do que comer!
Relembro que vinha avisando às enfermeiras, médicos e até a uma irmã
que estava lá comigo que estava com fome e queria comer.
Guiado por minha afilhada, fui até a cantina dum hospital vizinho e
comi uma esfiha de frango moído e bebi dois sucos de uva, satisfazendo
minha vontade... e o estômago!
Quando retornei ao meu quarto, o rebuliço era geral. As enfermeiras
queriam saber como eu conseguira sair sem ser visto; Nai, minha irmã,
reclamava comigo porque eu fizera isto e meu vizinho de quarto,
sorrindo, me chamava de "meu herói cego"... e eu, agora sem fome,
também sorria!
O interessante é que eu vinha avisando que queria comer e que, se fosse
o caso, iria sair com este fim... e ninguém acreditou!
Também eu já havia decidido a ir para casa!
Quando eu estava sentado na cama, veio uma enfermeira e me disse:
- Seu Luís... o Senhor vai entrar numa dieta líquida!
Respondi-lhe:
- Agora já não interessa, moça... já estou em dieta sólida!
Além do zum-zum-zum que causei, logo me mandaram água de coco e suco de
lima... que não rejeitei, claro!
Como eu já havia decidido "dar-me" alta, minha filha apareceu com o
marido para levar-me para casa e também revoltou-se com o descaso do
hospital e exigiu que a alta fosse dada por eles e não pedida por mim.
Logo apareceu a psicóloga, tremendo mais do que vara verde, enfermeiras
e até o"mangangão" do hospital tentando explicar o inexplicável: o
descaso com um paciente... não tão paciente!
E assim foi feito!
Nesta mesma noite fui atendido por meu "gastro" que, após examinar-me,
me receitou dois comprimidos e me disse que não havia necessidade de
fazer a colonoscopia, pois eu já fizera este exame o ano passado.
Agora estou em casa seguindo uma dieta não tão rígida e até passei
cinco dias numa convenção em Fortaleza... comendo de quase tudo,
tomando meus remédios e visitando o "trono" nas horas devidas... e sem
as dores abdominais!
Conclusão:
Nem sempre num hospital somos tratados decentemente!
Salvador, Bahia, 03 de abril de 2010.
_ * _
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Luís Campos (Blind Joker)
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