domingo, 6 de junho de 2010

Baixar livros esotéricos e ocultistas em formato .pdf (e-books) gratuitos

 

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As cruzadas, de L.P. Baçan

Posted: 05 Jun 2010 02:24 PM PDT


TRECHO:
O CAMINHO DE SÃO TIAGO

"É muito curioso o fato de a época de ouro das
peregrinações se situar na época das cruzadas. Se
acreditarmos no que diz a lenda (turpini: História Karo
Magni et Rhotolandi), o primeiro peregrino teria sido Carlos
Magno. Tendo passado a sua vida a combater os sarracenos
em todas regiões da Terra, Carlos Magno estava cansado e sonhava com o
repouso, quando uma noite viu um caminho de estrelas que começava no mar
da Frísia e atravessava a Gasconha, a Navarra, a Espanha, corria pelo céu até a
Galiza; durante várias noites, reviu a maravilha sem compreendê-la… "…é por
que Deus te ordena que retomes o caminho que leva ao meu túmulo e à terra
em que repouso. O caminho de estrelas que viste no céu significa que irás à
Galiza à frente de um grande exército e que, depois de ti, todos os povos aqui
virão em peregrinação até o fim dos tempos".
O mais antigo testemunho do culto de São Tiago data de 860. Era, no
inicio, um culto local. Somente no século X é que começam a chegar os
peregrinos da França. O mais antigo deles, de que se tem conhecimento, é um
bispo de Puy-en-Velay, Gotescale, que fez a viagem em 951. O primeiro
arcebispo de compostela chama-se Diego Gelmirez. O peregrino, caminhando
pela estrada, curvado sobre o seu bordão, foi que deu a Compostela toda a sua
força. Na própria época da Cruzada, quando todos os olhares estão voltados
para a Terra Santa, como foi possível aumentar o prestigio do túmulo
galiziano? Pela ação de um livro escrito para o bem da peregrinação, no tempo
em que ela estava em grande voga. Esse livro, ao que parece, veio de Cluny.
Ora, são principalmente os priores clunicienses os que se põem a caminho;
foram eles que, nos séculos XI e XII, povoaram a Espanha de suas colônias. 29
Fica-se surpreso ao folhear o cartulário pela importância de seus negócios na
Espanha.
"Foi um padre de Cluny que, em 1095, solicitou a
Urbano II o pálio para o bispo de Compostela. Foi a
rogo do abade de Cluny que Calixto II, em 1120,
conferiu a Compostela a dignidade de Metrópole. Não
é sem razão que a concha-Santiago aparece no
emblema dos padres de Cluny. Em 1078 é assentada a primeira pedra da
catedral de Santiago de Compostela, cuja construção durou 44 anos e foi
confiada a Bernardo, o Velho, ajudado por Robert e cerca de 5 talhadores de
pedra. A igreja atual data de 1630, mas se compõe de algumas partes antigas.
1085. É uma data importante porque, nesse ano, numerosos senhores
franceses, principalmente da Borgonha, partem para a Espanha. Sua coalizão
militar foi assaz poderosa para, tendo empossado tudola, penetrar na cidade e
expulsar os infiéis do Castelo da Estrela.
A abadia de Cluny alistara-os e enviara-os numa expedição para libertar o
túmulo de Tiago, o Maior, filho de Zebedeu, que foi um dos apóstolos e que
pregou na Judéia, na Samaria e na Espanha. Depois de sua morte (não se sabe
exatamente em que lugar, mas na Judéia, de vez que foi condenado por
Herodes) um navio milagroso, conduzindo seu corpo, veio atracar na Galiza, a
única parte de Espanha que os árabes não conseguiram conquistar
completamente e de onde partiram todas as lendas ligadas à Reconquista, pois
se os árabes levaram sete anos para conquistar a maior parte da Espanha,
foram necessários sete séculos para expulsá-los de lá. Touros puxaram-lhe o
ataúde até o palácio de uma rainha local que, impressionada pelo milagre,
mandou construir uma igreja para abrigar o sarcófago de mármore branco.
Assim o conta a fábula. 30
"Foi a partir da expedição de Carlos Magno,
que terminou pelo desastre de Roncesvales, que é o
que se sabe dela, e da lenda de São Tiago, que
nasceram as canções de gesta, todas compostas
entre 1150 e 1250. Todos os nomes citados nos textos dessas canções são
formados do prenome e do nome de lugar: Garin de Mntglane, Renier de
Gennes etc., exatamente como se chamaram os construtores das catedrais:
Colin de Berneval. Jean de Chelles, Pierre de Montreuil e como ainda hoje os
Companheiros do Dever: os filhos do Mestre Tiago.
Toda canção de gesta estava construída sobre uma
idéia central. Por exemplo, na canção de Guilherme
d'Orange é mostrada a necessidade de defender a França
contra os sarracenos da Espanha, porque Carlos Magno
era velho demais. Assim se diz numa versão, pois numa outra ele já está morto
e seu filho é incapaz de defender a sua herança. De fato, em Guilherme
d'Orange se reconhece certo personagem que viveu na época de Carlos
Magno. No fim de uma longa existência dedicada à guerra, fez-se monge e
morreu em odor de santidade num claustro conhecido pelo nome de Saint-
Guillaume-du-Désert, fundado em 804, sob o nome de Gellone, por monges
que vieram da abadia vizinha de Aniane. Em seguida, as duas abadias
colaboraram para construírem uma ponte, com despesas em comum, entre
1026 e 1048. Por que volta do destino veio essa ponte a chamar-se a Ponte do
Diabo? Esta referência ao Maligno apresenta-se como uma explicação,
permitindo admitir a construção da ponte por cima das Gargantas como obra
sobrenatural do Hereault a fim de evitar fornecer uma explicação técnica que
deixaria transparecer os conhecimentos postos em execução, o que somos
forçados a considerar uma proeza. 31
"Ou outra explicação: a ponte, permitindo ir
de Saint-Guilhem-le-Desert a Aniane, podia
permitir igualmente aos peregrinos acharem o
caminho que vem de Saintes-Maries-de-la-Mer,
depois de fazerem escala em Pabbay de Gellone, antepassado de Saint-
Guilhen; isto, porém, diminuiria os lucros de Aniane; batizando pois a obra
com o nome de Ponte do Diabo pela qual os religiosos — que, como se sabe,
estão salvaguardados das artes do demônio — podiam passar para irem
explorar as suas terras, ficava a mesma interditada aos peregrinos, o que os
obrigava, desde a sua chegada em Alés, a prever a sua passagem pela estrada
que, evitando Le Vigan, os faria atravessar Saint-Hippolyte-du-Fort e fazer
etapa na abadia de Valmagne em Villeveyrac, antes de alcançar a estrada da
Peregrinação em Montblanc.
A rivalidade entre essas duas abadias era de tal modo ardorosa que cada
qual pretendia possuir uma parte da verdadeira cruza. O mesmo sucedia com
muitas outras abadias, entre elas e de Saint-Denis, nos arredores de Paris.
Todas afirmavam ter recebido esse pedaço de madeira de Carlos Magno, e
toda canção difundida pelos menestréis, que iam bem mais longe, à frente dos
peregrinos, contando cada qual a sua historia maravilhosa, tentava canalizar
para a sua abadia a vaga de esmolas; e para isso só havia um meio: convencer
que era conveniente à salvação vir honrar uma santa relíquia.
Assim, em volta do Mosteiro vem aglutinar-se e rodopiar
todo um povo: os habitantes, que só podem comerciar com os
monges, os construtores que vão de canteiro em canteiro, os
menestréis, verdadeiros batedores, que vão em busca do
cliente, contando-lhe historias extraordinárias, mas falsas, com o objetivo de
atraí-lo à abadia, onde se encontram pretensas relíquias únicas, as mais 32
antigas, as mais santas que podem ser encontradas, mas igualmente falsas.
Geralmente, o caminho era este: Paris, clermont-Ferrand, Brioude, Le Puy,
Regordane, Alais, Vézénobres, La Calmette, Le Gardou, Noziéres, Nimes,
Saint-Gilles-du-Gard, Gellone, Toulouse, Auch, Le Somport, La Estrella.
O peregrino, que chegava a Paris, vinha em geral de Saint-Denis e
passava diante de Saint-Martins de Champs (hoje Conservatório das Artes e
Ofícios) orava em Saint-Nicolas-de-Champs onde devia reconhecer a estrela
da auréola de Santa Cecília. Doravante, ele estava no caminho das Estrelas.
Então, continuando, chegava diante de Saint-Jacques-la-Boucherie,
atravessava o Sena pela rua des Jacques, atualmente rua Saint-Jacques e
começava a viagem por um aclive. No alto, fazia uma parada num
estabelecimento pertencente aos Cavaleiros do Hospital, ou Hospitalários, que
adotaram para titulo particular o nome de um dos seus estabelecimentos
situados na Itália: Saint-Jacques-du-Haut-Pas. Deste ponto domina-se o
caminho que levava para fora dos muros de Paris rumo a sé arquiepiscopal de
Sens, deparando antes a hospedaria situada aproximadamente entre a rua
Cujas e o n. 11 da rua Soufflot. Nesse lugar, mais tarde, os Dominicanos
construíram um convento que recebeu o nome de Jacobino e coube por
herança ao clube revolucionário, que o alugou em 1769.
Finalmente, para deixar o terreno, o peregrino atravessa um quarteirão
chamado "O feudo dos túmulos" situado entre as casas de n. 55 à de n. 61 da
rua La Tombe-Issoire e os imóveis de n. 18 ao de n. 24 da avenida
Montsouris. O feudo marcava a saída: o Issoire, em velho francês, tornou-se
atualmente na língua moderna issue (saída). Daí o nome de Tombe-Issoire,
transformado em Tombe-Isoré pela criação de uma lenda que contava que
Guilherme d'Orange veio a Paris para libertar a cidade de um assediador. 33
Estamos na Páscoa, a via-láctea ou o caminho de Santiago está no eixo da
estrada: seguindo esse caminho, chega-se no dia 25 de julho a Santiago de
compostela, ou seja, um percurso de 1.500 quilômetros em 100 dias,
aproximadamente. Quem sabe ler pode comprar um pequeno livro. O guia do
Peregrino, à venda nos mosteiros, do qual se encontra um preciosíssimo
exemplar, na Biblioteca Nacional, redigido em latim em 1139, conforme
manuscritos anteriores.
"Simbolicamente, de um ponto de vista
esotérico, explica-se assim a presença flamejante,
que não pode ser a estrela Polar porque está
situada a sudoeste do Templo, exatamente na
direção da Igreja de la Estella (estrela) na Espanha,
onde se juntam os três caminhos da peregrinação. E em toda etapa encontra-se
a letra G como inicial da maior parte dos nomes das pessoas que tinham
qualquer relação com a peregrinação. Guillaume é um nome corrente e
também o nome de uma plaina de marceneiro; Saint-Genés, Saint-Guilles,
Gellone tornam-se Saint-Guilhem, Girart de Roussillon, Gaifer d'Aquitaine,
Galienne, Guillaume, Girart, Geoffroi Gerad de Blaye. Encontra-se também a
Estrela na fachada de todo edifício religioso.
Cada etapa da peregrinação é uma cidade de
corporação. Os Companheiros do dever, filhos de
Mestre Tiago seguem a Peregrinação intimamente
ligados aos Beneditinos. No tempo das Cruzadas,
foi formado o Dever da Liberdade com os companheiros estrangeiros, filhos
de Salomão e, depois de terem construído o Krac dos cavaleiros, os dois
deveres tornam-se rivais, e bem ou mal procuram conviver em cada etapa, de
vez que, para se deslocarem livremente, têm de seguir o mesmo caminho dos 34
peregrinos. Nas Saintes-Maries-de-la-Mer, os Filhos de Salomão embarcam
para os Lugares Santos; na volta reencontrarão os Filhos de Mestre Tiago, que
acompanharão até Toulouse, e estes, por sua vez, irão a Santiago de Poitier e
de Paris, pois o circuito da França não é senão o circuito do sul da França.
A peregrinação de Santiago estabeleceu comunicação entre homens
vindos de regiões bem distantes uma das outras. Aí está um elemento
essencial, pois se do ponto de vista religioso a peregrinação afirmava e
confirmava a unidade moral do mundo cristão, na ordem material,
favorecendo o comércio, aproximava povos de economias diferentes. A
peregrinação colocava frente à frente duas economias, a da Europa Cristã,
essencialmente agrícola com um pouco de metal tendo por padrão
a prata, diante da economia dos povos muçulmanos mais
industrializados e que dispunham de grandes reservas de ouro.
Nessa época, acontece na Espanha o desmoronamento do
Califado, paralelamente à grande revolução econômica que
ocorria na Europa cristã e que coincidia curiosamente com o
rápido crescimento da peregrinação de São Tiago. A Europa cristã conhece
então um crescimento geral de sua população e uma recrudescência da
atividade em todos os setores: guerra, religião, comércio.

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