
TRECHO:
O Taro é reconhecido como a pedra fundamental do Hermetismo no Ocultismo
Tradicional do Ocidente. Ouspensky no seu trabalho "The Symbolism of the Tarot –
Philosofy of Occultism in Pictures and Numbers", resume a ligação entre o
Ocultismo e o Simbolismo do Taro, como a seguir:
Nenhum estudo de filosofia oculta é possível sem uma familiaridade com
simbolismo, pois se as palavras ocultismo e simbolismo são corretamente
utilizadas, elas significam quase que a mesma coisa. O Simbolismo não pode ser
aprendido como se aprende a construir pontes ou a falar uma língua estrangeira, e
a interpretação de símbolos requer um estado mental especial; além de
conhecimento, faculdades especiais como o poder do pensamento criativo e o
desenvolvimento da imaginação são necessários. Alguém que entenda o uso do
simbolismo nas artes, sabe, de maneira geral, o que significa simbolismo oculto.
Porém, mesmo neste caso, um treinamento especial da mente é necessário, para
a compreensão da "linguagem dos Iniciados", e para expressar nesta língua as
intuições, à medida em que são levantadas.
Existem muitos métodos para o desenvolvimento do "sentido dos símbolos" para
aqueles que procuram conhecer as forças ocultas na Natureza e no Homem,
assim como ensinar os princípios fundamentais e os elementos da linguagem
esotérica. O mais sintético, e um dos mais interessantes destes métodos, é o Taro.
Este estudo, entretanto, obedece regras especiais, pois um símbolo pode servir
para engatilhar e transferir nossas intuições e sugerir novas, apenas enquanto seu
sentido não é definido; por isso, símbolos reais como o Taro, estão perpétuamente
em processo de criação, porque se recebem um significado definido, tornam-se
hieróglifos e finalmente, um mero alfabeto. Desta forma passam a expressar
conceitos ordinários, deixando de ser a linguagem dos Deuses ou dos Iniciados e
tornando-se meramente um língua, que qualquer um pode aprender….
Em sua forma exterior o Taro é um pacote de cartas utilizado para jogos e
adivinhação da sorte. Estas cartas foram inicialmente conhecidas na Europa no
final do século XIV, quando eram utilizadas por ciganos espanhois, como quer
Ouspenski; Taro do Bohemios, para Papus.
Embora sua origem exata seja desconhecida, diversos ocultistas famosos como
Paracelso (Teophrastus Bombastus von Hohenheim), Papus (Gerald Encausse),
Fabre d'Olivet, Court de Gebelin e Eliphas Levi (Alphonse Louis Constant) a
atribuem aos egípcios, outros aos Atlantes.
Segundo Ouspensky, durante a Idade Média, quando os Taros apareceram
históricamente na Europa, existia uma tendência para a construcão de sistemas
lógicos, simbólicos e sintéticos análogos à "Ars Magna" de Raymond Lully. Mas
produções similares ao Taro existiram na China e na Índia, desse modo
impedindo-nos de imaginar que o Taro foi um destes sistemas criados na Europa,
durante a Idade Média. Por diversos motivos, é também evidente que o Taro está conectado aos Antigos Mistérios e Iniciações Egípcias. Entretanto, embora de
origem discutível e de objetivos desconhecidos o Taro é sem nenhuma dúvida o
mais completo código de simbolismo Hermético que possuímos.
Diz Eliphas Levi no seu Dogma e Ritual da Alta Magia:
O Taro é uma verdadeira máquina filosófica que impede a mente de vagar, embora
mantenha sua iniciativa e liberdade; é matemática aplicada ao Absoluto e aliança
entre o positivo e o ideal, uma loteria de pensamentos tão exatos quanto números,
talvêz a mais simples e maior criação do gênio humano…
Ainda relacionando o Taro à Cabala diz em outro trecho:
…A Tétrada simbólica representada nos mistérios de Menphis e Tebas pelos
quatro aspectos da esfinge – homem, águia, leão e touro, correpondia aos quatro
elementos do mundo antigo: água, ar, fogo e terra. …Agora estes quatro símbolos
com todas as suas analogias, explicam o mundo único e oculto em todos os
santuários. …Além do mais, a palavra sagrada que não era pronunciada, era
soletrada e expressa em quatro letras: Iod, He, Vau, He…
Eliphas afirma ter encontrado uma peça de Taro cunhada no antigo Egito, e sobre
ela diz:
…Essa Clavícula, considerada perdida durante séculos, foi por nós recuperada e
temos sido capazes de abrir os sepulcros do mundo antigo, de fazer os mortos
falarem, de observar os monumentos do passado em todo o seu esplendor, de
entender enigmas de cada esfinge e de penetrar todos os santuários. …Ora a
chave em questão era esta: um alfabeto hieroglífico e numérico, expressando por
caracteres e números uma série de idéias universais e absolutas.
Laurens van der Post em sua introdução para o livro "Jung e o Taro – uma Jornada
Arquetípica" de Sallie Nichols, coloca:
… Ele (Jung) reconheceu de pronto, como fêz com muitos outros jogos e tentativas
primordiais de adivinhação do invisível e do futuro, que o Taro tinha sua origem e
antecipação em padrões profundos do inconsciente coletivo, como acesso a
potenciais de maior percepção à disposição desses padrões. Era outra ponte não-
racional sobre o aparente divisor de águas entre o inconsciente e a consciência,
para carrear noite e dia o que deve ser o crescente fluxo de movimento entre a
escuridão e a luz… Desta forma o Taro é no mínimo uma autêntica tentativa de
ampliação das possibilidades das percepções humanas…
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