terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

{clube-do-e-livro} Livro: A Segunda Morte - R. Ranieri

R. A. Ranieri A Segunda Morte
Tradução Espiritual de R. A. Ranieri, pelos Espíritos de Altino e André Luiz. Edifrater


Copyright C) 1988 by R.A. Ranieri
1.° Edição — Do 1.0 ao 5.° Milheiros — Dezembro de 1988
Editora da Fraternidade S/C Ltda.
Sede: Guaratinguetá, SP Rua Dois, 295 — Caixa Postal 248 — Guaratinguetá, SP CEP
12.500
Escritório em São Paulo
Rua Santo Alberto, 305- Santo Amaro - Fone (011) 521-8333 São Paulo, SP - CEP 04676
Nota: Os Diretores da Edifrater não possuem remuneração e objetivam unicamente a
divulgação da Doutrina Espírita e do Movimento da Fraternidade.
Coordenação Editorial: Equipe Edifrater Produção Gráfica: João Pascale
Capa: Sinval Composição: Texto & Arte
FICHA CATALOGRÁFICA (FEITA NA EDITORA)
A Segunda Morte/ R.A. Ranieri; pelo Espírito de Altino; com orientação do Espírito de
André Luiz;
1.• Edição; Guaratinguetá, SP; Editora da Fraternidade;
1988.
1. Espiritismo 2. Psicografia 3. Narração
1. Título.
CDD - 133.9
133.91
869.3
índice para catálogo sistemático
1. Escritos psicografados: Espiritismo 133.91 Impresso no Brasil - Presita en Brazilo


índice
— Palavras do Apocalipse —
Introdução
— I PARTE
— cap. I — Encontro
— cap. II Ouvindo explicações sobre a viagem
— cap. III — Apolonius
— cap. IV — O Portal do Sol
— cap. V — A Caminho
— cap. VI — As Libélulas
— cap. VII — No Mar dos Pensamentos
— cap. VIII — Ainda no Mar dos Pensamentos
— cap. IX — Mais Abaixo
— cap. X — A Direção dos Pensamentos
— cap. XI — Ainda a Direção
— cap. XII — Na Corrente
— cap. XIII — Terceiro Céu?
— cap. XIV — Ainda o Terceiro Céu
— cap. XV — Conversas com Platão — A Vibração e as ondas
— cap. XVI — Descendo
— cap. XVII — Ainda Descendo e Conversando
— cap. XVIII — Sobre as Faixas dos Pensamentos da Terra
— cap. XIX — Raios, Irradiações, Ondas
— cap. XX — Pelos Caminhos da Terra
— cap. XXI — Muito Próximo da Crosta
— cap. XXII — Sobre o Mundo
— II PARTE
— cap. XXIII — Ainda estudando ligeiramente o Processo Mental
— cap. XXIV — Aprendendo Ainda
— cap. XXV — Passeio
-- cap. XXVI — Reencontro
— cap. XXVII — O Sábio
— cap. XXVIII — Ainda nos Jardins — O Amor Espiritual
— cap. XXIX — Demócrito e a Segunda Morte
— cap. XXX Pelo Jardim
— cap. XXXI — Primeiro Encontro com a Segunda Morte
— cap. XXXII — No Interior do Portal
— cap. XXXIII — A Segunda Morte
— cap. XXXIV — Ainda Ouvindo Informações Sobre a Segunda Morte
— cap. XXXV — A Volta às Longínquas Regiões Espirituais da Terra
— cap. XXXVI — Mais Além
cap. XXXVII — Aprendendo Mais
— cap. XXXVIII — Rumo à Terra
— cap. XXXIX — As cores e o Planeta
— cap. XL — Mais Abaixo
— cap. XLI — Referências à Segunda Morte
— cap. XLII — Meditando
— III PARTE
— cap. XLIII — Meditando Ainda
— cap. XLIV — Novos Seres
— cap. XLV — Seres Inferiores
cap. XLVI — O Sub-Abismo

Palavra do Apocalipse
O vencedor nada sofrerá da segunda morte.
CAP. II — VERS. 11
(Texto extraído de: O Novo Testamento de Nosso Senhor Jesus Cristo — Edição das
Sociedades Bíblicas Unidas — traduzido segundo o original grego).
O que vencer não receberá o dano da segunda morte.
CAP. II — VERS. 11
E os quatro animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam
cheios de olhos, e não descansavam nem de dia nem de noite, dizendo: santo, santo, santo é o
senhor Deus, o todo poderoso, que era, e que é e que há de vir.
CAP. III — VERS. 8
E a quarta criatura era semelhante a uma águia que voa. As quatro criaturas, tendo cada uma
delas seis asas, são cheias de olhos ao redor e por dentro.
CAP. IV — VERS. 8
(Texto extraído de O Novo Testamento de Nosso Senhor Jesus Cristo e o Livro dos Salmos
— Imprensa Bíblica do Brasil — 1970 — traduzido em português por João Ferreira de
Almeida).
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INTRODUÇÃO
"A Segunda Morte"
Este livro não é um livro comum nem se espera que seja entendido por todos já, mas um dia,
evidentemente, será totalmente compreendido. Muita coisa dependerá de muita meditação e
entendimento. Os Espíritos tomaram a decisão de contar mais alguma coisa relativa às regiões
superiores do espirito. São novas informações que virão ampliar o conhecimento daqueles
que estudam e procuram entender. Natural seja que não tenham eles, nem nós, a pretensão de
agradar a todos. O que se conta é coisa tão velha quanto o Mundo, encontrada nas mais
diferentes Religiões e esclarecimentos dos iniciados; mesmo assim, porém, deverão encontrar
aqueles que não poderão acompanhá-los permanentemente. Há sempre a parte oculta dos
ensinamentos que dependerá do esforço próprio do estudioso para compreendê-los.
Procuramos contribuir com nossa boa vontade junto aos Espíritos Superiores no sentido de
auxiliar os homens. A Segunda Morte é uma informação que vem no Apocalipse, transmitida
por Jesus Cristo, apesar disso não deixa de ser uma novidade nos tempos modernos. De
qualquer maneira é uma informação de Jesus para meditação das criaturas. Esperamos que os
homens possam compreender, pois temos certeza que todos, de qualquer forma, hão de
aproveitar para maior evolução de seu espírito.
R. A. Ranieri
11.08.88
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as Regiões Desconhecidas do Espírito
A Segunda Morte
1 Parte
Orientação de André Luiz pelo Espirito de Altino Tradução Espiritual: R: A: Ranieri
11.03.87


Encontro
Eu estava à beira de um rio de águas claras e límpidas e meditava. Já estivera ali há muito
tempo levado pelo Espírito feminino de belíssima mulher que conhecera em tempos imemoriais
e que amava com fervor. Depois ela não voltara mais. Lembro-me que estivera em regiões
muito elevadas e que ela sugerira que iríamos ter conhecimentos superiores. Cheguei mesmo a
ver um aparelho semelhante a um grande tubo de vidro, dentro do qual se encontrava um
Espírito que era preparado para penetrar em outra dimensão.
De repente, fui conduzido de novo à Terra e não tornei a ter outra oportunidade de retornar e
reingressar na mesma vibração e retomar as possibilidades do passeio. Ficou-me a saudade
inexprimível daquele passado, daquela região e daquela mulher. Fora reconduzido ao corpo
terrestre e tudo voltou a ser como antes.
Agora, o Espírito de Altino me convidava a continuar a experiência e eu entusiasmado
aceitara e ali estava.
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Ouvindo Explicações Sobre a Viagem
Altino, velho companheiro de lutas terrestres e espirituais, que desde muitos séculos aceitara a
incumbência de servir-me de Guia Espiritual, falou-me com bondade: — Como lhe prometi,
iremos visitar regiões mais altas e mais felizes. Aconselho-o a ouvir com paciência e a
perguntar com respeito e serenidade. Os Espíritos Superiores são sérios, respeitosos, cheios
de carinho e amor e gostam também de ser tratados assim. O Espírito falou-me como um pai
e eu me curvei, humilde como um discípulo e respeitoso como um filho. — Vamos para
regiões onde você já estava antes e viu alguma coisa. Aqui foi, apenas, preparação para esta
viagem. Você precisava estar preparado mentalmente para poder aceitar esta incursão no
Mundo Superior. — Por quê? — Perguntei ingenuamente.
Para não sofrer um impacto das coisas novas que vai ver.
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Apolonius
— Como assim? — Indaguei: O que é novo causa impacto? — Causa. Pela novidade e pela
originalidade. O que é novo e original sempre impressiona. Especialmente sendo de outro
plano. Causa um choque. O novo, por ser incomum e no nosso caso, de esfera diferente,
quase sempre, choca. O imprevisto, o inusitado, abala e às vezes até confunde, quando vem
substituir o existente e já estabelecido. Ninguém gosta de aceitar uma coisa que vem alterar o
que se aceita há longo tempo. O moderno de hoje, só agora revelado, abala o tradicional que
já faz parte da vida humana .. Altino ainda falava e eu ouvia quando Apolonius chegou.
Silenciamos. Altino foi abraçá-lo. Senti o imenso carinho com que se encontravam. Beijaram-
se mutuamente como os antigos homens do Evangelho do tempo de Jesus. E logo o Altino fez
as apresentações. — Apolonius, este é meu afilhado de quem lhe falei. — Kalicrates? —
Sim, Kalicrates. Apolonius abraçou-me. E eu senti uma tremenda onda vibratória que me
invadiu gostosamente como a sublime fragância das rosas. — Chame-me Apolônio, meu
jovem, disse-me ele — fica mais natural. Quero ficar mais perto do seu coração. Chamei
Apolonius em Terras diferentes da que você habi-
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ta agora, em tempos diferentes, com gente diferente... Apolônio é mais adequado à sua
linguagem. Gostei dele. Era simples e simpático. Abraçou-me uma vez mais com alegria. —
Meu amigo, acrescentou, iremos dar uns passeios pelas regiões superiores do Espírito. Recebi
instruções para conduzi-lo. — Iremos devagar, a pé, depois usaremos outro sistema...
Apolônio era magro e simpático. Notei que seus cabelos eram brancos prateados. Largo
sorriso de grande simpatia. Simplicidade absoluta. Estava de túnica branca à Nazarena e
sandálias gregas de cordões trançados. Percebeu-me os pensamentos porque logo falou: —
"Vesti" roupagem semelhante às regiões da Terra onde fui mais feliz! Pensei: "Como é isso?"
— É assim mesmo como você está pensando — Falou com bondade —, pense numa de suas
encarnações na qual você se sentiu mais tranqüilo e feliz e mentalize de novo essa época e
deseje ser como era. Fiz o que dissera e logo estava vestido como um jovem grego. Apolônio
sorriu e abraçou-me. — Como você está belo! Depois bateu-me nas costas e convidou: —
Agora vamos! E começou a andar. Em breve percebi que seguíamos a pequena estrada que
serpenteava ao lado do rio que virava para a esquerda e começava a subir. Embora em passo
de passeio, vi que a estrada logo se tornara uma névoa. Como a neblina da manhã. Lembrei-
me que não me despedira do Altino, que na realidade, como um encanto desaparecera. E ao
mesmo tempo senti que já não parava no chão e que enxergava o mundo através daquela
névoa. Já, já — Disse o Espírito —, tomaremos a Estrada dos Mensageiros, que é a
continuação desta. Paramos um instante, a um sinal de Apolônio e ele colocou a destra em
minha cabeça. Comecei a sentir um calor e o rumor que eu já conhecia do funcionamento do
prodigioso motor vibratório em que se tornara o meu organismo espiritual.
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O Portal do Sol
Apolônio abraçou-me carinhosamente mais uma vez e anunciou:
— Seguiremos a Estrada dos Mensageiros, alcançaremos uma posição mais elevada e
volitaremos em direção ao Portal do Sol. Olhei Apolônio impressionado e agarrei-me ao seu
braço. Sentindo, talvez, meus desencontrados sentimentos, disse-me: — Nada tema, o
Senhor está conosco!
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A Caminho
Senti que me elevava e que, flutuando, alcançávamos logo grande velocidade em direção ao
infinito... O que seria o PORTAL? — pensei comigo mesmo. Impressionara-me o nome.
Apolônio sorriu misteriosamente. — O PORTAL, meu filho?... O PORTAL, como indica o
nome, é uma porta, naturalmente, larga, que brilha como o ouro, toda amarela e, de longe,
parece a fulguração de um sol. Fiquei pensativo, como eram simples as explicações que me
causavam tanta euforia! Nada mais lógico... Ora — Respondeu-me o Espírito às indagações
mentais... —, é apenas a verdade. Como você desliza em outra dimensão e em condições'
diferentes, isso lhe causa excitação.
Não demorou e vimos na fímbria do horizonte espiritual imenso sol que lançava as luzes de
ouro a distância infinita. Senti uma estranha e infantil euforia. Estávamos diante de imenso sol
cósmico? O caminho se estreitava ao mesmo tempo que a luz amarelo ouro daquele sol se
desbordava como um rio de ouro líquido que se espraiava sobre a margem e na realidade a
estrada se assemelhava a um rio que corria nos campos cósmicos da imensidade.
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Logo atingimos as regiões próximas do astro e vimos que na realidade era um castelo de
torres ponteagudas e douradas que se erguia para o alto crivado de janelas circulares. Talvez
portas menores por onde víamos uma infinita quantidade de seres alados, como abelhas que
voltassem para a Colmeia. No entanto, Apolônio não parou como mentalmente supuz.
Continuamos volitando em direção às pequenas ogivas que davam ao prédio ainda distante a
aparência de um ser antediluviano de mil anos. — Esse é o Portal do Sol — Ensinou
carinhosamente Apolônio... — Aí se abrigam aqueles que já alcançaram o conhecimento
Superior Espiritual relativo à Terra e buscam autorização para prosseguir pesquisando e
estudando em regiões ou departamentos mais altos. Aqui, começa um estágio mais elevado da
Sabedoria Espiritual para aqueles que seguem evoluindo ao encontro de Deus!
Atravessando a Porta
Apolônio ao invés de entrar pelas ogivas daquela Colmeia Espiritual, pousou na porta de
entrada que se abria para uma alameda bordada de flores luminosas de todas as cores, que
todavia ostentavam uma irradiação aurífera ou da cor do ouro. Pareciam em sua maioria rosas
metálicas, porém de tecitura veludosa. A alameda era atapetada de alguma coisa semelhante a
grama japonesa, de uma infinita delicadeza. Ali, havia cessado o vôo volitivo e caminhávamos
a pé numa forma diferente da usada na Terra. Por um processo que eu não conhecia. Aquilo,
na realidade, a meus olhos, era e não era uma alameda ou estrada. Seria, em verdade, uma
direção, ou se quiserem um traço, que seguíamos... Apolônio (quem sabe?), vendo em minha
tela mental as minhas aflitivas indagações, esclareceu bondoso e paternal. — Kalicrates, não
temos expressões verbais ou mesmo sinais para demonstrar ou mostrar aos nossos irmãos da
Terra, como são as coisas deste plano... Como dizerlhes que uma estrada não é estrada mas
ao mesmo tempo
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é? Como falar-lhes que aqui estrada é apenas uma direção e que o capim e a grama não são
grama e capim, mas são? Como afirmar que o que não é também é? Como esclarecer que o
avesso e o direito, costumam ser a mesma coisa? Para entender essas coisas o ser tem que
evoluir um pouco para interpretar e compreender. A sinonímia, às vezes, até na Terra
confunde. Entendeu o que quero dizer? Quando se discutia no mundo que o mais pesado que
o ar podia voar, era motivo de muitas discussões e até a chegada do início da Era Espacial,
superar a Lei da Gravidade era considerado um absurdo, no entanto, os astronautas já estão
serenamente flutuando dentro da nave... Os caminhos de Deus estão sempre cobertos de
flores coloridas e brilhantes emitindo luz e cor da força eletro-magnética e o homem guarda
em si poderes ainda insuspeitados.. que um dia, assombrado, descobrirá. Compreendi o
alcance das palavras emitidas de Apolônio. Nada disse, porque já nos aproximávamos dos
misteriosos e resplandecentes portões enormes que emitiam luminosidade cor de ouro do
Portal do Sol.
Rumo às Estrelas
Tudo no Portal era dourado e emitia raios de luminosidade aurífera, o espaço parecia
impregnado de pó e espuma de ouro que flutuava envolvendo tudo. Após a entrada, que tinha
dois guardas luminosos, até ao Castelo, havia um imenso jardim onde numerosos espíritos
passeavam, alguns conversando, andavam lado a lado como nas escolas gregas e usavam
túnicas de colorido variado. Muitos tinham a mesma impregnação daquele ouro, outros não.
Estranhei o fato, mas Apolõnio esclareceu: — Os de cor dourada estão vibrando no mesmo
diapasão, como se diria na Terra... Os outros não, pelo contrário, mantêm ainda o
pensamento próprio e conservam as mesmas idéias que trouxeram. Muitos divergem em
algumas coisas, até do Cristo, mas permanecerão aqui para compreenderem e se reajustarem.
Já não se trata mais
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de doenças físicas ou de reajustes quase físicos como em Nosso Lar.
Quando Dante e Virgílio percorreram estas regiões, estiveram aqui e encontraram nestes
jardins as grandes figuras da humanidade que viveram na Terra antes de Cristo, entre elas,
Sócrates e Platão... Havia muitas outras figuras gregas de inegável evolução. Chamaram este
lugar de Limbo, que para eles significava apenas o lugar do "encontro", preliminar estágio para
seguirem "rumo às estrelas", como nós vamos fazer agora. Pensei comigo: "Onde estão agora?
Estarão aqui?" — Não Kalicrates! Não, já partiram. Alguns embora "grandes", após atingirem
O PORTAL DA LUZ, estiveram com o Senhor e retornaram a Terra para continuarem
ajudando a humanidade. Acredita você que Espíritos dessa envergadura permaneceriam
inativos no Cosmo Celestial enquanto o Universo evolue ou sofre? O Pai trabalha sempre,
disse Jesus. Por isso, Kalicrates, à proporção que o Espírito evolue mais sente necessidade
de trabalhar pelo Universo e por seus semelhantes. A estagnação não teria guarida nos
corações e nas mentes que já aceleraram a evolução e o amor em si mesmos... Depois que o
Ser deu a partida inicial não retorna mais. Evoluir, instruir-se, progredir sempre e amar
eternamente, essa é a Lei do lado de cá!... Na Terra é que o ser se dá ao luxo de parar
eventualmente... Aqui, evoluir, trabalhar, amar é a Lei. Perdoar é obrigação e necessidade...
Depois de percorrer parte do jardim e encontrar figuras que Apolônio conhecia e abraçava,
embora eu não conhecesse ninguém, tive imensa vontade de encontrar Francisco de Assis.
No prédio, porém, fomos informados pelo Anjo da Recepção, pois ostentava esta criatura
belíssimas irradiações em forma de asas, que Francisco não se encontrava ali, mas que
teríamos noticias dele no Portal da Luz.
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Apolônio sorriu para mim... — Sei, meu caro, que Espíritos como esse devem estar sentados
ao lado de Deus! Apolónio não respondeu e manteve um augusto silêncio. Assim que nos
afastamos do informante, perguntei: — Perdoe-me a pergunta Apolõnio, mas essa criatura é
anjo? — Na nomenclatura antiga da Igreja Católica é, mas para nós que entramos nos
tempos modernos da Terra, não. É, no entanto, um Espírito de imensa evolução. O que eles
não podem impedir, mesmo por humildade, é que essas irradiações, como a limalha de ferro à
volta de um imã aglutinem de conformidade com o espectro magnético... É uma força
incoercível... Ao mesmo tempo tem a vantagem de marcar e tornar visível a hierarquia
espiritual desses Espíritos que já atingiram esse estado de evolução que demorou milênios...
Calei-me pensativo, Apolônio ainda disse: Em breve alcançaremos o salão onde governa
Clódio, que nos dará o passe ou autorização para seguirmos rumo ao Portal da Luz.
No Salão
Depois de percorrer extensíssimo corredor atapetado de uma espécie de tapetes de ouro e
branco, alcançamos o gabinete de Clódio, Senhor do Portal, por ordem de Jesus. Salão
simples onde havia apenas uma mesa e uma cadeira (palavras da Terra). No imenso salão
estava o governo geral daquela colônia, o Espírito aproximou-se, abraçou-me e perguntou: —
Vindes das regiões da Terra, do País da Neblina?... Em que posso servi-los? Ao dizer isso,
sentindo-me as indagações íntimas, esclareceu: — Quando na Terra, nos últimos tempos, vivi
em Roma, onde detinha uma parcela do Poder Imperial, cargo que me deu a oportunidade de
aprender a administrar.
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Ali, fui discípulo de Clódio que me ensinou a amar aos escravos e a Doutrina de Jesus; com o
tempo, dediquei-me a causa enfrentando mesmo o sacrifício no grande circo, e prossegui
lutando... Mais tarde, ocupei posições de caráter espiritual e quando chegou a oportunidade,
o Senhor, não levando em conta talvez a minha miséria moral, conduziu-me ao Portal, onde
permaneço até hoje. Não subi mais por ser ainda muito imperfeito e miserável... Mas confio
que venha a aprender mais nas reencarnações do futuro... Preciso progredir dentro de mim
mesmo... Eu estava assombrado. Ele era o Senhor do Portal e falava daquela maneira! E eu
que seria, então? Depois de uma conversação cordial, falou-nos ainda o Espírito: — la me
esquecendo: por amor a Clódio adotei-lhe o nome... Tenho imenso carinho e gratidão pelo
que me fez. Num momento, oportuno, Apolônio expôs ao Espirito: — Venerável Clódio,
gostaria de ter a sua autorização para visitar o PORTAL DA LUZ. Clódio olhou para mim
com imensa piedade e respondeu-lhe: — Impossível, Apolônio, você sabe disso. Kalicrates
não poderá entrar, ele ainda não passou pela Segunda Morte... Lá só entram os que já
venceram essa etapa... Fiquei aturdido, ouvindo essas palavras. O que seria a Segunda
Morte? — Mais tarde, você verá e compreenderá. No entanto, poderia autorizar uma visita
externa. — Sorriu ainda e disse batendo-me amigavelmente no ombro. — Apesar das
restrições é um bonito passeio e poderia ter uma idéia do Rumo das Estrelas pendurado no
Infinito.
A Visita
Autorizados daquela maneira por Clódio, felizes por termos conseguido a autorização,
embora parcial, passamos a visitar o antigo e venerável santuário, ante-câmara de luz.
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Enormes eram as instalações. Fiquei eufórico e me empolgava a cada passo. Surpreendia-me,
no entanto, em face da altura das salas e salões, o que chamamos na Terra, pé direito.
Olhando mais detidamente, o teto decorado com estranhos desenhos, verifiquei que eram
transparentes e que se via, além, o Céu estrelado e milhões de estrelas que brilhavam...
Parecia na realidade um mar imenso para cima, coalhado, na distância, de pequenas
embarcações luminosas. O Céu, em verdade, era uma esteira imensa de fagulhas de luz
irisada. Tudo dali, deslumbrava. Ao mesmo tempo, viam-se passar levas e levas de criaturas
aladas que se cruzavam no caminho das estrelas. A maioria, alada, que singravam
serenamente no Cosmo. Contemplava aquilo tudo assombrado. Apolõnio, uma vez ou outra,
esclarecia. Assim, quando passou um enorme pássaro de asas luminosas e vôo sereno
semelhando enorme águia ou gigantesco condor, o Espírito, diante do meu assombro estático,
pois recuei um pouco, temeroso, ele disse: — Não se assuste, meu filho, aquele é um
Cherubin que habita no Templo da Luz ou no Portal. Às vezes viaja pelo Universo, já que, de
um modo geral, fiscaliza e ordena aspectos da obra de Deus.
O Cherubin
— Mas, é um pássaro? — Perguntei. — Não, não é um pássaro — Disse Apolônio com
expressão de profundo respeito —. Olha bem... Observei melhor, embora à distância, ao
mesmo tempo que Apolônio colocava a destra sobre a minha cabeça, produzindo irradiações
poderosas que me ampliaram a visão. De imediato, minha visão dilatada fez-me aproximar
prodigiosamente, como um microscópio, da ave e estarrecido vi que era a figura de um ser
com a forma humana de um homem ou um anjo. O que me parecera antes milhares de
minúsculas penas luminosas coloridas, era agora à visão ampliada, de irradiação colorida em
matizes, tons e cores, de uma variedade infinita, cores jamais vistas na Terra, e de uma
variegada gama que se sucedia ao infini-
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to... Parecia água irisada. Assim, vi que não eram penas nem que era uma ave, águia ou
condor. O homem exibia a face de um anjo de extrema doçura e tive a impressão que me
olhava com bondade. Atrás dele, centenas de espíritos diáfanos, transparentes o seguiam,
vibrando no espaço, que iluminado iluminava o céu estrelado, como se fossem outras tantas
estrelas e senti que na realidade nos aproximávamos da sede do Reino de Deus.
Em face do meu inegável assombro, Apolônio esclareceu:
— Aqueles espíritos que formam o cortejo do Cherubin, são as libélulas. Sim, são as libélulas
como as conhecemos aqui. Você vai ter a oportunidade de vê-los nascer! Calei-me
estatelado na imensa e aparente solidão do Cosmo!
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As Libélulas
A história das libélulas espirituais me impressionou. O anjo que singrava o céu com
prodigiosas irradiações de irisada luz multicolorida me assombrara, mas as libélulas menores
em tamanho, que viajam "de pé" ou em posição vertical como ser humano, por absurdo que
pareça, me impressionavam mais. A maioria apresentava a fisionomia entre feminina e
masculina. Seriam neutros ou do sexo neutro? Seriam anjos? Apolõnio contemplou-me
cordial e sorridente: — Não, ainda não são anjos, mas caminham para a angelitude. Como
você já sabe, o ser, depois que, através da evolução, atinge o estado hominal e conquista a
razão, inicia a marcha evolutiva para alcançar a angelitude e depois prossegue ao encontro da
razão divina... Elas, as libélulas, estão além da razão dos Espíritos comuns e caminham para a
conquista da razão angélica. Daí, vão ao encontro da razão divina. As libélulas estão num
estado intermediário entre o Espirito-comum e os anjos. — E depois? — Depois, com
algumas outras intermediárias que poucos ou ninguém conhece, vêm os Tronos, os Cherubins,
os Arcanjos... Espantado e incapaz de me conter! exclamei: — Mas isso não é a teoria da
Igreja? Apolõnio sorriu: — Teoria de ninguém ou teoria de todos! Essa é a verdade que está
no Evangelho e nas cartas dos Apósto-
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los! É preciso apenas ler melhor... Não resta dúvida que adulteraram muita coisa e que o
homem às vezes não encontra mais. No entanto esteve lá durante muito tempo. Quem tem
olhos de ver, verá! A Verdade é a Verdade! Assim como o Amor é o Amor e "sustenta o céu
e a alta estrela!" — como disse Dante. Olhei Apolônio e, como Atafon e órcus, eu o vi todo
iluminado.
Foi quando, apagando-se lentamente, Apolônio ainda disse: — Através de João, o
Apocalipse informou muita coisa... que um dia o homem compreenderá! Não se lembra do
Varão de Dias?
Ainda as Libélulas
O Cherubin parecia-me um gigante do Espaço! As libélulas, todavia, impressionavam-me
mais, talvez porque estavam, segundo Apolônio, mais próximas do Espírito comum e do
Homem. Apolônio, por sua vez, acrescentou: — Assustado com as libélulas espirituais? Não
se impressione tanto, meu amigo, elas são apenas uma transformação, como aliás, tudo na
natureza... O velho Lavoisier tinha razão ou quase razão: "Nada se cria e nada se perde na
natureza, tudo se transforma." — Por que "quase razão?" — Porque Deus cria, o Homem
não. Mas por sua vontade e trabalho pode colaborar com a natureza, que também é Obra de
Deus, a transformar e a transformar e a ajudar a evolução... É lógico que com o tempo
aprenderá a técnica da transformação das formas e ajudará a evolução... É lógico que com o
tempo aprenderá a técnica da transformação das formas no campo físico, o que aliás já iniciou
na área do vegetal e, até mesmo, alguma coisa no departamento das aves e dos animais. Irá,
com os séculos, também trabalhando no setor espiritual...
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Os Espíritos vêm insistindo junto à Humanidade nesse sentido. Em toda a parte do Globo
terrestre se observa esse esforço nas Escolas Espiritualistas das mais diversas correntes de
pensamentos... As Esferas de Cima incentivam a aceleração da evolução no Homem,
procuram conscientizá-lo da existência real de outros aspectos da vida. As libélulas, meu filho,
são apenas transformações do perispírito que vem alcançar novo veículo que condicionará os
espíritos. As radiações mais aceleradas e mais tênues adquirem forma de asas ou parecem
aos olhos dos Espíritos comuns e em casos excepcionais e em condições excepcionais, aos
olhos do próprio homem asas físicas. E não são? — Indaguei curioso e espantado. — Não,
anjos são materiais da nossa matéria quintessenciada espiritual... O Céu, firmamento, visto da
Terra não é azul para o Homem? Pois é. E a sombra não é apenas a ausência da luz? A rigor
a sombra não existe... Na realidade, a sombra, ou a treva, é filha da Luz e existe em
decorrência da Luz. Porém, em si mesma ela não existe. Existe porque a Luz existe e dessa
existência aparentemente nascem até resultados práticos: O viajor cansado descansa à
sombra das árvores e bebe a água fresca junto da sombra que refresca o riacho ou a mina. A
árvore no caso funciona, apenas também como simples obstáculo da Luz. Logo o que de fato
existe é a Luz. Compreendi de imediato a imensa sabedoria de Apolônio e continuei estático a
contemplar as centenas de libélulas que desfilavam pelo espaço.
E Nós
— Quer dizer que, um dia, nós também seremos libélulas? — Perguntei a Apolônio. O
Espírito sorriu suavemente e respondeu: — Por certo, Kalicrates, por certo... todos
alcançaremos esse estado... Em breve, teremos a oportunidade dos seres que se denominam
libélulas nestas regiões... São Espíritos que deixaram a "casca", como se afirma nas
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esferas das materializações provisórias e até nas permanentes. Você está espantado? Os
espíritos do lado de cá chamam vocês da Terra de Casca. As libélulas são espíritos que
deixaram a Casca. Ainda ouvia Apolõnio, quando, assombrado, vi uma corrente imensa de
imagens, cores e palavras que como um rio flutuavam suavemente no espaço chamado
"universo do mundo"... — O que é aquilo? — indaguei aflito, desejando saber, ansioso,
ansioso... Notei ao mesmo tempo que aquela massa se avolumava como se o rio engrossasse
e que algumas imagens saíam do meio daquela massa e se projetavam para o mais alto. —
Têm, ou melhor, terão tanta vida quanto a vibração que lhes deu o seu criador ou emissor! De
conformidade com a evolução do seu criador... Você nunca ouviu falar em palavras de vida
eterna?... Por exemplo, as palavras de vida eterna são as que foram pronunciadas por Jesus
ou pelos verdadeiros Iniciados: Krisna, Buda, Ramakrisna, Sócrates. É isso, meu filho. As
palavras de eternidade trazem em si mesmas a eternidade do seu criador... Além disso, são
palavras que despertam a vida eterna em quem as recebe com amor. O amor busca o amor e
a eternidade cria a eternidade. Por isso, disse o Santo: "é dando que se recebe"... e
poderemos parafraseá-lo: ..." e se recebe a vida eterna. Com a eterna libertação do Espírito!"
— A alma aprisionada na carne — Continuou Apolõnio vítima dos próprios pecados ou dos
próprios erros se sente liberta quando alcança o total entendimento relativo à sua faixa
evolutiva. Ser eterno é manter-se em sintonia com a realidade universal... Apolônio calou-se e
eu, ainda estático, fiquei contemplando a marcha dos pensamentos que vibravam e
caminhavam juntos naquele mar de idéias e imagens. De repente, observei que de vez em
quando um pensamento mergulhava naquele mar, como um peixe, e desaparecia. Pensei
espantado naquele fato e, antes que eu enunciasse qualquer indagação, o Espírito esclareceu:
— Meu filho, as mentes situadas abaixo de nós, ou pouco abaixo, da região em que estamos,
como poderoso
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ímã, atraem esses pensamentos que parecem mergulhar (pela Lei de Afinidade Vibratória) e
os assimilam... Eu estava realmente espantado! — Mas como? — Exclamei. — Atração
vibratória, meu filho. Atração: a prece é um exemplo típico disso. Quando alguém ora e a sua
prece, pelo sentimento superior de quem ora, alcança as proximidades da mente de um Santo,
é atraído por ela, e o Santo, sentindo a justiça, a necessidade e o merecimento de quem pede
e o merecimento de quem vai receber, imediatamente atende o pedido ou então envia-o para
o Departamento do Auxílio onde será estudado e atendido ou não, conforme o caso... —
Então, nem todos serão atendidos? — Não, nem todos. Dependerão sempre do merecimento
do intercessor e da necessidade e merecimento de quem é de fato o necessitado... Foi então
que compreendi o problema da prece, às vezes tão discutida em nosso mundo, e imaginei o
trabalho de Santo Antônio... — Mas... — Tartamudeei — é só isso? Não há mais nada? —
Bem, o intercessor tem que ser justo... Você não conhece a Carta do Apóstolo que diz:
Muito vale a oração do justo? O merecimento do intercessor consiste nisso... Ele oferece
parte do que é seu ao tutelado ou protegido, que tanto pode ser um rico quanto um mendigo,
um miserável... No Reino de Deus valem as coisas espirituais em primeiro lugar. — E as
materiais? — O egoísmo, a maldade, o orgulho, a cobiça, enfim, no Mundo de Lá são
considerados coisas materiais, e, evidentemente, os Santos já estão livres disso. Compreendi
e Apolônio abraçou-me carinhosamente: — Vou mostrar-lhe algumas coisas mas, para isso,
teremos que descer um pouco. Senti, de repente, que caíra em mim mesmo como quem se
sente deslocado de uma altura para outra e senti alguma coisa semelhante ao que o homem
sente quando sobe num prédio alto ou se balança numa gangorra: o frio e o vácuo na barriga!
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No Mar dos Pensamentos
Percebi que flutuávamos sobre extensa massa de coisas cintilantes como fagulhas, algumas
mais vivas, outras menos vivas ou mais fracas, com irradiações coloridas, algumas... — Olhe
bem, sugeriu Apolônio, são os pensamentos que pelo seu vigor vibratório chegam até aqui ...
São analisados pelos técnicos daqui por aparelhos especiais que corresponderiam aos
aparelhos Geiger de medir e verificar a presença de radioatividade e assim separar os
inferiores dos superiores... Entendeu? Agora compreendi! ... Separaram as preces
merecedoras de atendimento e as outras? — isso mesmo. — Então é fácil e rápido de saber!
— É, quando há interesse é mais rápido ainda. Ordem é ordem. Fiquei profundamente
admirado. Como eram admiráveis as cidades e as terras do Céu!
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Ainda no Mar dos Pensamentos
— Os pensamentos viajam pelo mundo — Esclareceu o Espirito. Na realidade sobrevoam e
rodeiam o Orbe! — Como? — Interroguei. — Como seres vivos que deslizam no espaço.
Atraídos por afinidade ou semelhança, vibrando em uníssono, imantam-se e ligam-se a outra
mente e ai fazem morada. Você nunca observou que entre os inventores, os poetas, os
escritores, os artistas enfim, um numa parte do mundo e o outro noutra, costumam ter a
mesma idéia e inventar a mesma coisa? Isto é comum especialmente entre os inventores que
vivem com a mente voltada para o espaço Mas acontece também com a outra, de um modo
especial, os escritores e os poetas. Pois é isso, meu filho, os pensamentos voam... Admirado,
quis saber: — Afinal, Apolônio, o que é o pensamento? Apolônio olhou-me compadecido
naturalmente, pela minha ignorância. — Difícil... muito difícil.., explicar, mesmo para você, o
que é pensamento!... — Sei, Apolônio, eu só vejo imagens... não será isso o pensamento? —
Não, não. Isso é apenas a roupagem, ou seja, a roupa que veste o pensamento. O
pensamento é, na realidade, um fulcro ou centro que emite espécie de centelhas ou fagulhas
ou irradiações que antes de atingir o exterior da mente aglutina milhares de partículas
infinitesimais, minúsculas, invisíveis mesmo no mundo invisível e seme-
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lhante à força que forma as imagens no vídeo da televisão, formam as imagens que criam o
pensamento. Mas o pensamento não é a imagem, o pensamento é a irradiação produzida pelo
motor da mente se assim se pode dizer para o seu entendimento. No momento atual, ainda
não temos expressões similares no mundo para explicar... As divisões e subdivisões da
matéria ainda são muito elementares para dar uma idéia. Realmente, procurei compreender
mas embora ouvindo Apolõnio, ainda me pareceu difícil... — O Tempo, amigo do Homem e
dos Espíritos, se encarregará de esclarecer. Apolõnio falou e convidou: — Vamos andando.
33
Mais Abaixo
Apolônio colocou de novo a destra em minha cabeça, na região da pineal, e, como um disco
voador, em altíssima vibração eletro-magnética, comecei a descer rapidamente e pairamos
sobre ondas turbulentas e a seguir atingimos uma espécie de enseada de zona marítima de
praia onde um lixo estranho flutuava. Não havia ali, irradiações luminosas ou auríferas como
em cima. Perguntei: — O que é isto?! — Espantado. Apolônio esclareceu: — São milhões de
pensamentos que sobem da Terra. Não são como os de cima. Estes têm vibrações mais
lentas e por isso são mais densas. Olhei mais atentamente e vi estarrecido que semelhavam
milhões de peixes nadando em águas claras. Nadavam, circulavam, iam e vinham como peixes
vivos terrestres. — São na realidade, seres vivos. Mantêm ainda a vibração viva de seus
criadores. Não têm irradiações luminosas ou luz... mas estão vivos. Os de cima sobem com
altíssima velocidade em toda a parte do mundo e estes também, e flutuam nestas faixas que
contornam a Terra, no entanto podem percorrer o Cosmo em outras direções. — Aqui,
estamos no Cosmo ou estamos na Terra? — Alguns milhões de quilômetros acima do Orbe,
mas estamos na Terra mesmo. Percebendo, talvez, o turbilhão de indagações aflitivas que me
invadiam a mente, Apolônio bondosamente orientou:
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— É muito raro a visita às correntes de pensamentos ou à Terra de pensamentos de outros
mundos, mas existe. São pensamentos emitidos por Seres Superiores de Terras além da Terra
e às vezes extraordinariamente captados por médiuns de altíssima vibração. Como exemplo,
podemos citar João no Apocalipse e Nostradamus nas Centúrias, que aliás são o mesmo
Espírito. Fiquei assombrado: — Como? João e Nostradamus são o mesmo Espírito? — Pelo
menos é o que consta em nossa esfera! Fiquei perplexo com a revelação inesperada!
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A Direção dos Pensamentos
Parados no espaço, ligeiramente enlaçado por Apolônio que me transferia a sua poderosa
vibração que me mantinha tranqüilo naquela região, contemplava aqueles peixes que eram os
estranhos pensamentos dos homens e dos Espíritos que vagavam pelo mundo. Sentindo-me a
admiração e o assombro inusitado, Apolônio me disse:
— Não se assuste, meu filho, a criatura humana, em geral, na realidade, nada sabe da
estrutura do Universo. Os pensamentos caminham e têm vida... Algumas Escolas
Espiritualistas, ainda muito incipientes perceberam isto. Mas o que o homem ainda não sabe
bem é que a mente humana tem o poder de imprimir direção e destino ao pensamento, assim
como maneja um fuzil ou um canhão, e hoje o míssil a longa distância,é capaz de atingir o
objetivo visado... Uma mente atinge outra que esteja neste mundo ou em outro, neste plano
ou em outro. Atinge o objetivo e provoca, no ser portador da mente alcançada, atitude de
harmonia ou atitude de desordem e perturbação. Pode atingir um ser humano quanto ao
espírito. Apolônio falava e eu cada vez mais assombrado acompanhava aqueles milhares de
pensamentos que singravam o espaço e às vezes velozes riscavam aquele lago imenso de
seres vivos que se agitavam. — Quer dizer que, conscientemente, podemos dar direção a
nossos pensamentos?
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— Sim, podemos, para viver ou para matar!
Cada vez mais assombrado com as revelações de Apolônio, senti crescer em mim a imensa
responsabilidade de viver.
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Ainda a Direção
Realmente, poderíamos fazer de nossos pensamentos, se quiséssemos, uma arma para o mal
ou um apoio para o bem. Apenas pensando e dirigindo o próprio pensamento à grande
distância. No silêncio do próprio lar ou na confusão da nossa vida poderíamos estar em
guerra com os outros seres ou trabalhando amorosamente pela alegria do mundo e a paz dos
homens. Era apenas um problema de opção pessoal. Lembrando-me das guerras humanas,
dos grandes conflitos, dos desentendimentos internacionais e das catástrofes, pude sentir a
responsabilidade de cada um...
— Pois é, meu filho, acrescentou Apolônio: somos partícipes do Bem ou do Mal no mundo.
Somos construtores da paz ou da guerra. Estamos com o Cordeiro ou com o Dragão. Como
disse um velho compatriota, será na Terra de Santa Cruz, que é onde começa a nascer a nova
civilização do CORDEIRO: "Entre o Direito e o Crime não pode haver neutralidade". E nós
poderíamos plagiá-lo com colorido novo, dizendo: "Entre o BEM e o MAL não pode haver
neutralidade!" "Verdadeiramente, o Espírito e o Homem devem tomar ,posição, no espaço ou
na Terra. Ou está com o BEM, a favor do BEM. Ou está com o MAL, porque não há
neutralidade." "Não se pode servir a dois senhores!" Também não ensinou Jesus?
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Na Corrente
O mar dos pensamentos era imenso e se perdia no infinito. Apolônio dissera-me que agora
estávamos numa zona mais baixa mas que ainda se situava muito longe da Terra, que quando
voltássemos iríamos ver como os pensamentos e as ondas de pensamentos procediam nas
regiões terrestres e como se comportavam.
Fiquei ansioso por ver e conhecer. A área em que estávamos se perdia na distância cheia de
ondulações que pareciam sucessivas ondas marítimas, a meus olhos, porém de matéria muito
rarefeita e transparente. Por ali passaram muitas libélulas e havia Espíritos de hierarquia mais
elevada que os Espíritos da Crosta Terrestre. Víamos que pensamentos semelhantes a flores e
outros apenas em forma de imagens rodearam-lhes a cabeça como mariposas à volta de
globos iluminados de luz. Tinham vida e poderiam ser comparados a beija-flores em pleno
vôo. Surpreendeu-me o fato, pelo colorido e pela vivacidade com que se locomoviam. Na
corrente, que deslizava como um rio, os pensamentos, de um modo geral, desceram e
rodopiaram quais flores luminosas, a maioria como folhas secas sem luz. Espetáculo silencioso
e belo. Apolônio, porém, me convidou: — Agora subiremos e voltaremos ao Portal do Sol e
amanhã desceremos à Crosta porque quero que veja ou que pelo menos tenhamos idéia,
embora superficial do mecanismo do pensamento do Ser Humano em conseqüência do
Espiritual.
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Dizendo isso, enlaçou-me e começamos a subir vertiginosamente. O firmamento espiritual era
de indescritível beleza e logo avistamos o Portal e seus extensos jardins. Percebendo-me o
embevecimento e a surpresa, o Grande Espírito falou: — Não se lembra de Paulo, o
Apóstolo, quando disse que havia ido ao Terceiro Céu? Pois é. Se quiséssemos classificar
assim, nós também estamos numa região vibratória altíssima do Céu, poderia até ser o
Terceiro, quem sabe?
E o Espírito sorriu para mim, de maneira estranha.
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Terceiro Céu?
A palavra de Apolõnio ficou vibrando em minha cabeça. Aproximávamo-nos rápido do
PORTAL DO SOL. Raios fulgurantes de ouro inundavam o céu que se cobria de amarelo
ouro entremeado de irradiações azuladas e rosas que eu não percebia de onde vinham, mas
punham, na mistura, tons desconhecidos para mim! Navegávamos num oceano de tonalidades
nunca vistas! Um espetáculo diferente de tudo o que já vira! As libélulas que passavam por
nós, também, apresentavam-se com as asas (irradiações que davam o desenho e a idéia de
asas) que pareciam água pulverizada semelhante as asas dos "louva-deuses" de estranhas e
multicoloridas tonalidades que cintilavam como estrelas em pleno espaço! Espíritos Superiores
sob aquela tonalidade também se tornaram, batidos pela luz, seres diferentes e
extraordinários.A Colmeia viva do Portal se aproximava cada vez mais. Logo pairamos numa
das ogivas e entramos como abelhas. Estávamos de novo naquele Palácio de Sol, no meio
das estrelas, plantado nas nuvens diáfanas onde, ainda ingênuo, acreditávamos que morava
Deus! Evidentemente, estava como, aliás, estava em toda parte!
Naquela espécie de plataforma material, que na Terra, por não haver, na linguagem humana,
palavras que possam defini-lo, era muito longinquamente parecido com um plástico
infinitamente tênue e transparente.
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Centenas de seres alados, com fisionomias indefiníveis, não se sabendo se eram femininos ou
masculinos, por ali trafegavam como, na Terra, passageiros que descem do avião no
Aeroporto e se encaminhavam para a saída, sós ou em grupos de dois ou três, conversando
animadamente na linguagem do pensamento e quase sempre a simbólica que corria de mente a
mente, telepáticos, se assim se pode dizer. Eu com Apolônio ainda mantínhamos as nossas
expressões terrestres e falávamos quase como na Terra. Apolônio explicou: — Ainda é cedo,
meu filho, aqui, estamos no mundo das Libélulas Espirituais e dos Espíritos Superiores. — E
você? — Perguntei surpreendido. Apolônio sorriu... — As vezes consigo falar... só as vezes...
Percebi que, por questão de humildade, evitara mas me esclareceu. — Um dia, você
compreenderá as verdadeiras leis que regem o Universo. Descíamos agora deslizando por
largo corredor que conduzia a um dos jardins internos da Instituição. As vezes surpreendia
uma ou outra imagem que escapava da mente do Espírito amigo e era justamente quando
surgia um daqueles seres que Apolônio parecia conhecer e que eu inexplicavelmente entendia
como um cumprimento. Como passamos a trafegar só nas aléias de jardins cobertas de um
pavimento revestido também de material leve, transparente e colorido, comecei a prestar
maior atenção no meu Guia e nas criaturas que encontrávamos e a cada passo ou deslizada.
Tudo era tão belo! As flores eram feitas de irradiações eletro-magnéticas, como aliás
pareciam ser todos os seres daquele mundo. De repente, defrontamos uma figura grega de
grande beleza, quase igual ao Altino espiritual, que se aproximou de nós e abraçou Apolônio e
creio qe devem ter conversado naquela linguagem simbólica e invisível e inaudível, porque não
vi nem ouvi nada!
Logo Apolônio me apresentou: — Kalicrates, este é Platão!
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— Platão — Exclamei surpreendido e espantado —, Platão o filósofo grego?! O jovem,
porque era um jovem, murmurou-me na linguagem humana: — Sim, aquele que por
ignorância, os homens chamavam filósofo. Meu Mestre Sócrates, sim, era filósofo amigo da
Sabedoria, e eu era apenas um pobre e humilde aprendiz... O que aliás, ainda sou... — ? ! ! !
— Queria, meu amigo, ser filósofo, mas conquistar a Sabedoria Verdadeira é muito difícil...
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Ainda o Terceiro Céu
Senti intensa vontade de fazer perguntas a Platão. Primeiro examinei-lhe o físico para ver se
era ainda aquele jovem atlético, de espáduas largas, da Grécia Antiga, mas embora a figura
fosse atlética, a sua beleza era muito diferente da beleza física dos tempos antigos que
aprêndéramos a conhecer nas escolas.
Percebendo-me as indagações mentais, meu Guia disse enquanto Platão sorria, delicado e
suavemente. — Meu caro Kalicrates, os Espíritos se mantêm assim semelhantes a uma das
formas que animaram na Terra, de modo a permitirem que os identifiquemos mais
rapidamente. Por exemplo, como você viveu na Grécia ao tempo dele, apareceu-nos como o
Platão histórico, mas como nós, ele teve muitas vidas e viveu em muitas civilizações e
pertenceu a muitas e muitas raças e povos e possuiu o veículo físico de outro tipo e de outras
gentes. Se nos aparecesse agora como um beduíno, poderia se parecer com o Platão que
conhecemos, é verdade, mas o espírito quando reencarna sofre as características da raça que
escolhe, as características hereditárias, de pai, mãe, avós etc. e é provável que não o
reconhecêssemos. Então, por força de um processo mental-espiritual, consegue por algum
tempo, sob o império integral voltar às características de uma de suas encarnações anteriores,
de acordo com suas possibilidades mentais e apresentar-se como agora a nossos olhos como
era. Muita delicadeza dele...
Platão riu... e disse: — Apolônio está certo, é isso mesmo.
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— Você mora aqui? — Consultei sequioso. — Não. Mas venho aqui constantemente. Tenho
muitos amigos por aqui e que me ensinam muitas coisas... — Ainda?
Ele sorriu mais uma vez. — Ainda. Não lhe disse que sou um aprendiz? Realmente eu estava
encantado. A humildade daquele Espírito era espantosa. Na Terra, todos sabiam que era um
Mestre. Grande de tal maneira que os estudiosos, estudando suas obras não sabiam o que era
dele e o que era de Sócrates! Mas ali ele se apresentava como um aprendiz!
— Mas aqui é o Terceiro Céu! — Penso que corresponde a essa idéia... O apóstolo Paulo
chamou este lugar de Terceiro Céu, quando estava aqui. — E você? — Como todos:
PORTAL DO SOL! Não é bonito?
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Conversas com Platão. A Vibração e as Ondas.
Eu ficara encantado com Platão.
Ele, a seguir, depois de trocar imagens mentais com Apolõnio, creio eu, despediu-se. —
Quando o veremos novamente? — Indaguei. — Amanhã, respondeu amavelmente e se
afastou silencioso pela alameda das flores de luz. E eu fiquei antegozando a hora de
reencontrá-lo. Tinha muita coisa para perguntar e saber!
Aquela fisionomia serena, pura, confiante, ficara vibrando na minha memória. O amanhã
chegaria logo? Como seria?
Apolônio dissera também que no dia seguinte voltaríamos à zona mais baixa onde estávamos
observando os pensamentos flutuantes e mais abaixo ainda onde veríamos os pensamentos
dos homens. Preocupado, perguntei: — Mas, não teremos a visita respeitável de Platão? —
Teremos. Vou convidá-lo para nos acompanhar às regiões mais baixas. Pelo caminho de
descida você poderá obter dele esclarecimentos sob muitos pontos importantes.
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— Fiquei empolgado e deslumbrado com a possibilidade de poder conversar com Platão, o
grande Platão! e poder perguntar-lhe as coisas do Cosmo e talvez do Universo! Ainda
pensava nisto, quando Platão chegou, tranqüilo e sozinho. Atravessamos aquele tempo de
espera com relativa felicidade. O tempo ali, não se media por horas. Dizia Apolônio que nas
esferas mais altas, o tempo era um estado de espirito e não uma coisa que se medisse. Estava
em nós mesmos sentir um tempo menor ou maior, o Homem é que não se dá conta desse
fato, mas na Terra também é assim mesmo! Compreendi, de repente, uma coisa de que nunca
me apercebera. Realmente sentia agora que o tempo era apenas uma questão íntima... Nossa
ansiedade ou não determinava o tempo. Parecia-nos tanto maior quanto mais nos
inquietávamos à sua passagem, e parecia menor, quanto menos nos preocupávamos com ele!
Logo era apenas uma questão de estado de espírito. Só isso nos dava uma impressão
totalmente de viver e sentir aquele mundo ou aquela esfera e o modo de sentir a vida passava
a ser outro. Gozava-se de uma absoluta tranqüilidade! Não havia pressa nem inquietação, o
que ia eliminando o sofrimento. Mas Platão chegou logo e interrompi minha meditação.
Abraçou-nos como sempre, sorrindo e beijou, suave, delicado e cordialmente, esclarecendo à
guisa de desculpa: — No tempo em que o Senhor estava entre os Apóstolos, eles faziam
assim. Foi o que deu oportunidade a Judas de indicá-lo, silenciosamente no Jardim das
Oliveiras.
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Descendo
Atracamo-nos carinhosamente a Platão, como um velho amigo ou um pai, travou-me do
braço e começamos a descer por entre as vibrações do Cosmo... Notei que o Novo Amigo
não usou de vibração diferente da nossa. Seria por humildade? Descíamos na mesma marcha.
— Senhor — Dirigi-me respeitosamente a ele —, Apolõnio concedeu-me a liberdade de lhe
fazer algumas perguntas, posso? — Fala, meu filho, responderei o que for possível Não sou
Sábio não, sou um simples aprendiz, mas o que puder responder dentro dos limites que as
Esferas Superiores me permitem, de conformidade com a evolução atual e o merecimento de
quem pergunta, responderei. Não se lembra que Jesus ensinou: "Não queirais ser Mestres"'
/Porque temos o dever de zelar pelas palavras que pronunciamos e pelos pensamentos que
emitirmos. Fiz que entendi e indaguei: — Já vi e ouvi muita coisa mas tenho ansiedade de
saber! Na Terra ouço palavras e palavras, no espaço também, mas ninguém nunca me
explicou diretamente "o que é pensamento". O que é? Platão sorriu: — Parece que você
deixou a pergunta mais difícil para mim!... O assunto é muito profundo e tudo eu não poderia
dizer: primeiro porque depende de conhecimentos anteriores que você não tem, por evolução
que lhe falta, e segundo porque a Terra não dispõe de meios científicos
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ou literários para usar palavras e meios de comparação que você entendesse. Assim, lhe darei
uma definição pela metade usando meios de comparação da própria Terra onde você ainda
vive. Vamos dizer assim: existe uma força na casa mental do Ser que projeta o pensamento e
televisionisa o pensamento, transformando em imagens e a seguir em palavras de acordo com
o que existe na casa mental da criatura humana (no caso da Terra), médium ou não. Como o
computador que se serve da programação gravada no disco. Dessa forma o pensamento do
Espírito, no caso da mediunidade, transforma a imagem em palavras ou palavra da linguagem
programada do médium (no caso do escritor ou da incorporação) ou nas figuras no caso dos
médiuns pintores e na música numa peça semelhante ao estilo do autor. Nos escritores, o
fenômeno é semelhante ao da música. A explicação de Platão abrira de repente um campo
novo de entendimento para mim e compreendi que o entendimento das coisas do Espírito
depende diretamente da evolução de cada indivíduo em si mesmo e do avanço, progresso e
evolução ou Espiritualização do mundo! — Logo — Exclamei eu —, se a criatura é de língua
portuguesa, fala em português, se é francesa, fala em francês,se inglesa, fala em inglês e assim
por diante? — Exato. Se fala muitas línguas ou mais de uma, fala uma delas e se o Espírito
comunicante fala, então, a dele... Aí o Espírito já está de certa forma programado quanto às
palavras, não quanto às idéias, que serão as dele. Mas a criatura receptiva terá que ter a
programação, da encarnação atual ou de uma encarnação anterior. Assim o médium médico
também já foi médico ou farmacêutico ou cientista em outra encarnação anterior e o que
escreve, terá sido escritor, e o que pinta, terá sido pintor. A regra é simples meu filho, a
natureza não dá saltos... Nem no seu mundo nem no nosso...
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Ainda Descendo e Conversando
Descíamos e falávamos. Eu, cada vez mais deslumbrado com as informações...
Percebi que a nossa vibração, ao descer, se tornava mais lenta e que nosso veículo espiritual
ou perispiritual se tornava mais denso.
Platão, naturalmente, vendo-me o pensamento, falou: — Como os Espíritos mais elevados, e
até nós mesmos, temos que diminuir a vibração do veículo espiritual de que nos servimos.
Esse é um fato que concorre quase automaticamente, à proporção que descemos: vamos de
certa forma nos materializando do mesmo modo que iremos nos espiritualizando à medida que
subimos. O simples fato de pensar determina a condensação ou a exposição das células
espirituais. Dizem que o Cristo iniciou a redução de suas vibrações para descer quatro mil
anos antes do seu nascimento na Terra. Alguns Espíritos Superiores têm até que se reencarnar
na Crosta Terrestre antes de se manifestar entre os homens. Seja para viver na Terra ou
apenas para se comunicar mediunicamente. Fiquei silencioso meditando nas palavras do
grande Sábio Espiritual... Platão, no entanto, acariciou-me os cabelos fraternalmente.
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Os raios do sol nascente avermelhados, àquela hora, anunciavam o amanhecer do mundo.
A zona sob a claridade rósea do amanhecer apresentava-se como um lago de água
transparente. Aqui e ali, surgiam como bolhas que vivem à tona de um lago de peixes que de
mais fundo produzissem aquelas bolhas que vinham despontar na superfície. De fato ocorria
assim. Alguns à superfície da água pareciam flores... Umas, enormes, brancas, azuis ou
coloridas.
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Sobre as Faixas dos Pensamentos da Terra
Libramo-nos silenciosos sobre as nuvens terrestres como três pássaros erradios na manhã
luminosa. Tudo era belo na calma do dia. O amanhecer parecia uma saudação sublime de
Deus Notei que alguns espíritos mais elevados singravam os céus por ali. Não nos percebiam
porque as irradiações de Apolônio e Platão nos ocultavam de seus olhos ainda luminosos.
Penetramos numa zona onde a quantidade de pensamentos era enorme e as corolas menores
e as vezes minúsculas em número maior semelhante a cachos de rosas ou mini-rosas
aglutinadas. Platão voltou a conversar sobre o assunto anterior, sentindo, naturalmente, minhas
indagações íntimas... Disse assim: — Falo-lhe, como pode perceber, numa linguagem que
você possa entender, porque se falássemos em grego, seria mais difícil para você transmitir
aos homens lá da Terra. Para lhe dar uma idéia bem simples vamos materializar. Numa certa
fase bem material, do pensamento, explicaríamos: Uma força ou energia interior é a vibração
inicial dessa fase, porque na realidade ele vem de um passado mais distante com
características e processos mais profundos e sutis que nem os homens nem a Ciência mais
avançada dos Homens, nesta época, não identificariam nem compreenderiam, por estar muito
além das conquistas da descoberta das últimas divisões da matéria que
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a humanidade já conhece. Mas tomando isso como ponto de partida, o já conhecido ou
admitido, partiremos daí e podemos dizer: uma força ou energia configura e projeta a imagem,
que é o pensamento. Isto é, esta energia da mesma forma que a eletricidade corre através do
tungstênio e ilumina a lâmpada. As diversas formas de lâmpada seriam, apenas para
simbolizar, as formas dos pensamentos, mas esses pensamentos se revestiriam das palavras
da língua ou língua anteriormente gravada nos veículos governados pela memória integral do
Espírito. No caso, consubstanciada numa gravação, como um disco de computador. E essa
linguagem gravada pode ser o Inglês, o Francês, o indu, o Hebraico ou o Português. Na
verdade na fase em que veremos o pensamento inicial, de onde partimos para nosso estudo é
sempre imagem. Veja nas civilizações antigas do mundo, a linguagem era gravada por meio
das figuras-símbolos, de animais, índios ou criaturas humanas e seres humanos, isto é, aquilo
que rodeava a própria humanidade. Aquela velha admiração antiga pelo Sábio Grego voltou a
me dominar. — Não, meu filho, para nós de um Plano um pouco mais alto, Mestre ainda é o
Senhor. Nós somos apenas aprendiz e lá, todos sabem disso! Foi quando, pedindo licença ao
Sábio Espiritual, Apolônio falou: — Kalicrates, você entendeu? Com a permissão de Platão,
vou repetir o que disse e que se entenderá melhor no Plano da Terra, embora Platão já tenha
dito na maneira mais simples possível: Força, que seria como a eletricidade no processo de
iluminação. A chama e a Luz que poderia ser já a imagem sem forma quase indefinida e a
lâmpada, que representaria a palavra ou as palavras da língua que a seguir formarão a
linguagem. No caso da música, o processo seria o mesmo. E na pintura já chegamos
diretamente na imagem. Assim como nos outros processos de manifestação mediúnicas,
levando-se em conta que tudo nasce de um ponto inicial, que é a vibração, semelhante a uma
fonte de água, partindo da mente que é ainda para o Homem um mecanismo muito
complicado e delicado, que provavelmente você nem os Seres da Terra entenderiam agora.
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Platão, paternalmente, aprovou o esclarecimento de Apolõnio e exclamou: — Deus
seja louvado, Apolônio, eu não explicaria melhor!...
Nós, descendo, havíamos atingido uma região muito clara e ondulada onde começavam a
surgir algumas criaturas terrestres. Apolônio, imediatamente alertou: — Tenhamos cuidado
agora. São Espíritos adiantados mas que, por estarem fora de nossa missão, não
compreenderiam o que estamos falando e sem querer nos afastariam dos nossos objetivos.
Foi quando vi que pensamentos bonitos em forma de flores saltaram de uma cabeça a outra
dos Espíritos que seguiam em grupo. O que é aquilo? — Exclamei empolgado — Parecem
luzes flutuantes! — Vejam melhor — Disse Apolônio —, penetram flutuando nas cabeças dos
companheiros cujas mentes os absorvem. — Que coisa interessante! — Quase gritei —
Como pode ser isso? — Por Lei de Afinidade. São espíritos afins, vibram igual e sentem
igual. É uma espécie de troca, e esse fato os alimenta espiritualmente. Por isso os bons
aproximados dos bons alimentam os bons e os maus aproximados dos maus alimentam os
maus. Será sempre importante a aproximação dos Espíritos santificados ou considerados
bons porque nós receberemos alimento superior de que necessitamos e eles recebem
vibrações de que precisam para continuar ajudando os que precisam mais. No mundo, lá em
baixo, tal como aqui, vivemos de trocas incessantes! Eram tantos os ensinamentos novos que
recebia, que comecei a ficar aturdido! Sentindo a situação interior, Apolônio falou-me com
brandura: — Você, filho, já está com a mente cansada. Vamos descansar ali. — Apontou
para uma espécie de oásis que exibia, a meus olhos, alguma cascata, e para lá nos
encaminhamos lentamente... Percebi que na realidade nós não andávamos, no sentido que lhe
damos na Terra, mas deslizávamos.
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Raios, Irradiações, Ondas
Continuávamos descendo. Por nós, às vezes à distância, passaram grupos de Espíritos.
Naquela zona, quase que somente, entidades adiantadas ou elevadas. Mesmo assim não nos
enxergavam, por influência de Platão e Apolônio que emitiam irradiações e ondas que de
certa forma, ocultava-nos a visão deles.
Observando que a irradiação de Platão, apesar de sua evidente humildade, ofuscava a visão
espiritual, comecei a pensar naquele fato e indaguei do Filósofo: — Senhor, André Luiz se
refere ligeiramente a raios, radiações, ondas... Mas não nos esclareceu ainda. Poderíamos
saber como nas Esferas Espirituais se conceituaria isso?
O venerável Sábio Grego olhou-me com carinho e disse:
— Meu caro Kalicrates, perdoe-me. Estou muito distante da Terra há séculos, o que me
impossibilita de conhecer de pronto, os conhecimentos atuais dos homens afim de estabelecer
comparações ou encontrar termos comparativos para ilustrar nossos conceitos materiais,
como se entende ainda matéria na Terra, embora na realidade, matéria como é entendida
hoje, não existe. O que existe são vibrações em determinado grau de evolução que se diria,
velocidade.. O Universo na verdade é todo espiritual. Apenas para que os homens
entendessem na fase evolutiva da Terra, diríamos assim: Tudo é espírito ou seja espiritual e a
última divisão da chamada, erradamente, matéria está muito longe de ser a última, como por
exem-
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plo o vapor para o gelo e a pluma para o ferro. Ou o sonho da realidade. Apolônio poderá
ser mais útil a você nas atuais circunstâncias.
Apolônio não se fez de rogado e esclareceu: Partindo dos conhecimentos populares da Terra,
diremos que a vibração seria como o primeiro palpitar ou o inicial do que se chama vibração.
Como se um coração humano começasse a funcionar. No Espírito inicia-se na mente e
desencadeia o movimento vibratório dos corpos espirituais. No homem, do perispírito. Tal
como a pedra atirada no lago, produz ondas decorrentes das radiações ou irradiações que
nascem do pensamento vibrando.
— E os raios?
— Os raios você verá na Crosta nascendo na mente e disparados como tiros de revólver...
— Como tiros de revólver?
— Sim, como tiros de revólver!
E se forem muitos espíritos concentrados juntos, superconcentrados, até como um tiro de
canhão!
— Tiro de canhão! Quer dizer que podem provocar uma guerra? — Poderia! Entre os
Espíritos e entre os homens Como Hitler mobilizou o povo para o Mal e Ghandi para o Bem!
Eu estava estarrecido! Que coisa!
Agora, eu começara a entender muita coisa! Platão olhou-me carinhosamente:
— Compreendeu hoje o valor e o perigo da Idéia?
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Pelos Caminhos da Terra
Foi quando perguntei ao mestre Platão: — Senhor, não seria isso o Inferno? — E ele
respondeu: — Céu e Inferno são estados de Espírito. Onde se reunirem os bons será o Céu,
e onde se reunirem os maus será um Inferno. Enquanto perdurar a maldade neles haverá em
suas almas as chamas do Inferno que são as chamas e tormentos da própria consciência
culpada. O sentimento de culpa determina o tempo da condenação interior, quando ela se
extingue começa o Céu, que é a tranqüilidade e paz interior que em verdade constituem o
Céu. Deus não condena nem absolve ninguém! A criatura, espiritual ou não, vive no reino da
Lei, que a condena ou absolve no âmbito da própria consciência, que lhe cria o tormento ou a
paz. Deus é Lei e o Universo é a área imensa em que ela se exerce. Infringir a Lei é penetrar
no domínio do Inferno, vivê-la é estabelecer o Céu em si mesmo. Dito isto o legendário Platão
sorriu e disse: — Não pensem que esse pensamento é meu! Muito bonito, mas não é meu...
— De quem é então? O Sábio olhou-me enigmaticamente e esclareceu: — É do nosso jovem
Altino, que está mais atualizado com os pensamentos do mundo do que eu! Não se esqueça
Kalicrates, eu sou do Mundo Grego! E deu uma gostosa gargalhada e continuamos descendo.
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Muito Próximo da Crosta
De repente, notei que abaixo de nós o espaço escurecia, assim como na Terra, o Céu
escurece antes da tempestade. Assustado, quis saber de Apolônio o que era aquilo? Pois via
que em certos lugares aparecia aquela sombra, lagos ou manchas enormes suspensas no
espaço... Mas nisso, o Espírito colocou-me a destra na fronte, mais sobre a cabeça! —
Agora, você vai começar a sentir a visão se ampliar. De fato, comecei a sentir. Então, pediu
Apolônio. — Fixe bem a vista, olhe bem. Reparei que flutuávamos sobre imensa massa de
lixo, escuro ou cinza e marrom escuro. Pegajoso, esquisito em alguns lugares. Espoucava em
alguns sítios. Estouravam aqui e ali, parece que como flores envoltas em fumaça. — Aquilo
são os pensamentos inferiores ou maus que nadam na atmosfera da Crosta. ? ? ? — É, meu
filho, a mente humana no Cosmo gera pensamentos de luz pelos Espíritos Superiores também
pela inferioridade das trevas emite forças do mal e da escuridão. Essas ondas de pensamentos
acumulados em certas zonas voltam a atuar sobre outras mentes humanas ou espirituais e
desencadeiam as forças terríveis do mal que chegam até a provocar as guerras. Quer ver?
Desçamos mais. A esse convite de Apolônio, descemos mais ainda ao encontro do mundo.
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Sobre o Mundo
Flutuamos sobre grande praça da capital paulista. A multidão regurgitava. Milhares de
pessoas, cruzando-se misturadas, caminhando depressa, atarefadas, na luta humana, diária.
Homens, mulheres, moços e velhos, falando, discutindo, vendendo, comprando, nas lojas, nas
calçadas, numa tremenda azáfama! Vi que da mente dessas criaturas partiam, como flechas,
verdadeiros raios e pensamentos das mais diversas cores, a maioria escuros, os pensamentos
parecendo flores escuras ficavam flutuando a poucos metros de altura e caminhavam em
sentido horizontal e se aglutinavam uns aos outros e iam se acumulando e formando uma
verdadeira massa de lixo escuro, cinza ou preto, meloso, nojento, feio... Às vezes pousavam
em muitas cabeças e eram absorvidos pelas outras mentes das outras pessoas, como que se
aninhavam ali, como ovos ou filhotes num ninho de passarinho. Ovos de beija-flor, porém
sempre escuros, ou como o ovo do chupim no ninho do Tico-Tico. Os raios, impulsionados
por pensamentos sob o império da mente, partiam das mentes em grande velocidade e
atingiam o organismo espiritual das outras criaturas lesando-as de alguma forma, produzindo-
lhes irritação, ou os mais esquisitos resultados. Como eram pensamentos inferiores, por
afinidade provocavam a movimentação de dezenas de outros semelhantes, que, como que
brotavam, então, daquele fantástico ninho. E à semelhança do movimento das criaturas
humanas da praça se movimentavam agitadamente no plano invisível, atacando uns e outros
desvairadamente. Notei que os raios muitas vezes eram dirigidos e endereçados a certas
criaturas e atingiam-nas.
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R. A. Ranieri
A Segunda Morte
II Parte
13.06.87
Médium: R. A. Ranieri
Pelos Espíritos de Altino e André Luiz

Ainda Estudando Ligeiramente o Processo Mental
Platão havia nos deixado e se dirigira para esferas mais altas. Ficamos de reencontrá-lo no
Portal do Sol, depois. Apolônio prosseguiu me ensinando, de conformidade com programa
previamente estabelecido. Eu estava assombrado e empolgado na Esfera do Pensamento
Flutuante. Tudo vibrava por ali. As criaturas tanto materiais quanto espirituais, emitiam raios
que partiam em todas as direções ou numa só que atingia o mesmo alvo quando direcionado
pelo pensamento do ser, espírito ou criatura encarnada e sempre acertava o mesmo alvo,
impulsionados pela vontade que movimenta a energia que fazia também vibrar a mente. Ser
vivo, ela gerava e movimentava novos pensamentos, que por sua vez impulsionava novos
pensamentos que movimentavam novos raios. Mais assombrado ainda, interroguei Apolõnio:
— Quer dizer que as pessoas ou os espíritos se pensarem em alguém emitem raios? — Sim.
Raios e pensamentos que as atingem. Se forem bons, raios e pensamentos bons, enviam-lhes
raios e pensamentos bons, que as ajudam e se forem maus, raios e pensamentos maus que as
influenciam e prejudicam. Se os dois seres estiverem na mesma faixa vibratória e na mesma
onda, a mente deles visada recebe os raios e pensamentos, absorve e se beneficia ou se
prejudica. — Como? E de que maneira se pode defender?
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— Já não lhe disse, que é uma verdadeira guerra? O jeito é ser bom e viver o Bem. As
normas se encontram no Evangelho, é só vivê-lo e transitar na Estrada do Amor e da
Fraternidade com Jesus ou, de acordo com qualquer outro sistema religioso que ensine a viver
o BEM, a FRATERNIDADE, a PAZ, o ENTENDIMENTO, a COMPREENSÃO, a
JUSTIÇA, ENFIM, A LEI DE DEUS, PROCURAR DEUS DIA E NOITE DE TODA
ALMA E DE TODO CORAÇÃO.
Com essas normas, muda-se de faixa vibratória e os dardos não nos atingirão. Por outro lado,
pensando o bem dos outros, enviaremos a eles pensamentos e raios que os auxiliam a
melhorar, não atingem a mente deles, às vezes, mas atingirão por certo o perispírito e à força
de vibrar em favor deles colaboraremos para a sua lenta mas efetiva modificação até que a
mente comece a sentir os apelos do próprio organismo perispirítico do qual é, de certa forma,
a soberana e o centro. Aliás sobre isso, falaremos de novo, no futuro.
Eu estava pasmo, com os esclarecimentos, mas começara a compreender.
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Aprendendo Ainda
Havíamos descido mais e pousamos no meio da praça. Espíritos e pessoas se misturavam.
Pensamentos subiam da cabeça deles, raios partiam para todos os lados, de uns para outros
como balas de revólver e desapareciam em contato com as cabeças mergulhando nas mentes
alheias. Aquilo de certa forma produzia uma balbúrdia e confusão... Perguntei: — Os homens
têm consciência desse fato? Apolônio sacudiu a cabeça. — Praticamente, não. Teoricamente,
só alguns iniciados sabem. Na prática, só espíritos muito adiantados conhecem ou já viram.
Ouvindo essas palavras, senti-me profundamente responsabilizado. — Bem — Esclareceu
Apolônio, naturalmente, vendo-me o pensamento —, o seu caso é diferente. Recebemos
autorização de mostrar, mas para instruí-lo e transmitir a notícia para o mundo. Na realidade,
sozinho, você não sabe nem verá. Infelizmente, você ainda não tem capacidade vibratória e
percepção, porque ainda não atingiu o grau evolutivo que lhe dará a possibilidade de ver. Nós
lhe ampliamos a estrutura mental provisoriamente, para ver e perceber no futuro, com a
evolução você chegará lá. — E os outros seres, os homens? — Eles terão menos que você,
talvez muito menos. Receberão as notícias que você lhes transmitirá e acreditarão se quiserem
ou não, apenas isso... — E qual a utilidade?
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— Há diversas: começarão a pensar no assunto, talvez mesmo a pesquisar e estudar e se
prepararão mentalmente para encontrá-lo no porvir. Pelo menos, ficarão sabendo que
existe... Além disso, com essas informações será fácil entender outras coisas que ainda não
entendem. Acho que isto é mais importante! Pensativo com as palavras pronunciadas por
Apolônio, mal percebera que entráramos porta a dentro de uma loja, magazine, onde
centenas de pessoas faziam compras, eram atendidas por mocinhas ou rapazes ou
conversavam. Verifiquei que cada uma delas era envolvida por aura de colorido diferente,
que era a irradiação do próprio organismo espiritual. Verdes, azuis, vermelho, cor de
abóbora, marrom ou cinza, mas ali não vi nenhuma de cor preta. O Espírito informou que
naquele lugar, com tantas mocinhas, rapazes e crianças, eram muito raras as cores escuras.
Havia muito rosa, abóbora, amarelo, poucas verdes, nenhuma branca, muito vermelho e
outras cores e tonalidades desconhecidas dos homens da Terra. — As crianças e os jovens
emitem comumente irradiações e raios bons e que produzem coloridos suaves e benéficos. Os
maus emitem cores desordenadas e irritantes. Ainda aqui predomina a luta do Bem e do Mal.
Eu continuava assombrado com tudo aquilo que eu conhecia por ouvir falar ou por ter lido em
livros, mas na prática, aquilo impressionava... — É por isso, meu filho — Disse Apolõnio —,
que o Evangelho deve e precisa ser vivido, só lido e ouvido, não basta. Ler e ouvir e executar,
esta também é a Lei.
No salão, porém, havia uma lanchonete onde algumas pessoas, sentadas em tamboretes altos,
comiam e bebiam cervejas, vinhos, whiskey, refrigerantes e diversas bebidas alcoólicas. Três
senhores de aspecto respeitável e com certeza, comerciantes ou industriais, falavam de
negócio e as vezes rindo diziam piadas. Notei que da cabeça deles exalava uma névoa de
colorido escuro, cinza, que circulava à volta deles. Mas, detidamente, percebi que do mais
velho partiam raios emitentes e de volta que atingiam as outras que começaram a se irritar e
não demorou que logo ini-
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ciassem uma discussão agressiva sobre negócios. E não demorou que começassem a se
agredir mutuamente com palavras de baixo-calão. E quanto mais falavam as névoas cinzas
mais se avolumavam, cresciam e envolviam e aumentavam o número de raios como raios e
relâmpagos numa noite de tempestade!
Como fumaça, aquela névoa se espalhava pelo magazine todo. De todas as cabeças
irradiavam cores que variavam de conformidade com os sentimentos e pensamentos de cada
um. Quanto mais intensos, mais coloridos. Sentimentos puros, claros ou de cores belas, rosas,
brancas, azuis, verde claro e outras tonalidades que o homem não conhece. Se sentimentos
maus, mais escuros, cinza, verde escuro, vermelho escuro e até sanguinolentos. E a irritação
ou a violência se alastravam para os outros seres.
Ondas
Notei também que uma irradiação circular se irradiava em torno de cada um vibrando mais
intensamente, crescia e flutuava de maneira ondular, no espaço. — Aquilo, meu filho. —
Esclareceu o Espírito —, aquilo são ondas que vibram nascendo de cada um, se propagam e
flutuam e marcham em qualquer direção. As vezes atraídos, por afinidade, por outras ondas
afins, pelo Bem ou pelo Mal, e muitas vezes até se abraçam e vão pelo infinito! Assim, há
seres que vivem juntos no espaço. São ondas que brotam de outros seres. Não são seres mas
têm vida. Olha, num certo modo de ser até se poderia dizer que se amam! Fiquei estático
verificando que na realidade eu sem querer estava penetrando no Conhecimento do Universo!
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Ainda Ouvindo Falar das Ondas
De repente, notei que na praça, alguns espíritos além de enviar raios maus e escuros, a outras
criaturas, atiravam bolas de material escuro semelhante, pela contextura, ao algodão, que
atingiam essas pessoas e mesmo espíritos, e lhes causavam mal. Às vezes, até parecia guerra
de bolas de neve. Eram vibrações condensadas. Partiam-lhes do organismo e pareciam
verdadeiras mãos que as atiravam. Cochichei para Apolônio: — Parecem verdadeiros
demônios! — Sim, lembram as figuras diabólicas do Inferno de Dante! Não deixa de ser um
pouco das zonas mais abrasadas! Cada um leva para onde vai ou estabelece onde vive o seu
Céu ou o seu Inferno! Como lhe disse, o Céu e o Inferno são estados de espírito que vivem
dentro de cada um! Faz o Bem e estará criando o Céu no seu interior. Faz o Mal e edificará,
pouco a pouco, o Inferno na própria Alma! Aqui, também, se repete aquele esclarecimento
espiritual: "Cada um é o construtor de si mesmo sob a Misericórdia Divina." Ao homem, na
Terra, cabe fiscalizar e manter o equilíbrio necessário. Aliás, no Universo inteiro, a lei do
equilíbrio é o fundamento eterno. Onde há o desequilíbrio há a desordem. Em todas as áreas
do comportamento humano o equilíbrio e a disciplina são fundamentais. A marcha para o
amor universal precisa alcançar primeiro o equilíbrio. Esses seres que vemos agora na praça,
são seres desequilibrados em diversos setores em que governa a própria mente. Se os
homens atentassem nesse ponto e compreendessem que todos os seus sofrimentos decorrem
da falta de equilíbrio e retornassem ao equilíbrio do principio, eles seriam mais felizes e as
guerras desapareceriam do mundo. Contemplei respeitoso Apolônio que me falava sereno
como um pai. As palavras do Espírito cairam-me na mente e no coração como chuva de prata
e senti realmente que o Céu e o Inferno eram construções eternas de nós mesmos que
nasciam e cresciam em nosso interior criados pelos impulsos voluntários ou involuntários de
nossa própria von-
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tade. Sentia que como pêndulo, ora criávamos o Inferno, ora criávamos o Céu, construíamos
um e destruíamos o outro, alternadamente, quase, até que o Espírito ou a criatura
conquistasse o equilíbrio permanente, o que seria a felicidade eterna! Era a luta do Bem e do
Mal de que nos falara Khrisna e de que nos dera provas Jesus. A nossa frente a Praça
regurgitava de espíritos e criaturas, e a guerra continuava e a luta era a mesma.
As criaturas, encarnadas ou desencarnadas, irradiavam ondas que as envolviam e
contornavam como as faixas de um disco long-play, onde estavam gravadas as suas vidas
passadas, em imagens, sons, vozes, acontecimentos, emoções, sensações e sentimentos. O
HOJE na realidade, será o ONTEM e o presente era o passado... Assombrado ainda,
consultei: — Apolõnio, mas como em mim mesmo, não percebo todas as vidas? — O
passado aflora gradativamente à proporção que evoluimos e desperta à medida que já temos
entendimento maior para entendê-lo sem nos confundirmos nem estabelecer confusão à nossa
volta. Meu filho, como espíritos, quando atingimos a responsabilidade maior, nos tornamos
também merecedores de maior apoio e conhecimentos maiores. — Não está escrito, a cada
um segundo as suas obras? Pois é isso, e assim será!!!
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Passeio
Continuamos volitando sobre a praça e observando os Espíritos e os homens. Era uma
colmeia viva. Estavam todos misturados. Vira alguns espíritos que agora estavam
desencarnados e que eu conhecera na Superfície ou Crosta da Terra, na vida social. Vi até
alguns que não me viam, porque por providência de Apolônio, eu estava em outra vibração.
Notei que alguns eram belas criaturas no mundo, no corpo físico, embora eu reconhecesse,
mostravam-se agora feios, horríveis. Outros que conheci, feios, agora se apresentavam belos!
Apolônio explicou: — Nem sempre o corpo revela a beleza ou a feiura do Espírito. Aqui eles
são o que na realidade são. Nestas esferas, quase sempre, apresentam a sua evolução real.
Embora, muitos Espíritos, por humildade exibam a fisionomia vulgar e até feia. Isso aliás,
acontece também na Terra, Grandes Espíritos, para não serem tentados ou não ofenderem as
outras criaturas se apagam numa aparência comum e não exibem a inteligência ou o
conhecimento real que possuem. Mas quando conheciam homens ou mulheres do campo, da
lavoura, ou simples domésticas que não são quase considerados, exprimem conceitos e
raciocínios que os fazem repentinamente admirados. Contudo, leva-se à conta do acaso.
Assim, meu filho, no mundo, há santos, gênios e anjos, que aí vivem e passam quase que
desconhecidos. Estão completando alguma coisa que lhes falta ou cumprindo uma missão que
só o futuro deixará clara a sua passagem ou vão e vem completamente desconhecidos,
porque isso é bom para eles.
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Apolônio conduziu-me através da praça, dos espíritos e da multidão de encarnados que por
ali transitava. Não nos viam. Nós os víamos a todos. Eu acreditava que via. Meu orientador
espiritual, porém, esclareceu: — Você, meu filho, também não vê a todos. Há alguns que
passam por nós e você não os vê porque vibram mais intensamente que você... Olhei à minha
volta e não vi ninguém diferente, que me sugerisse qualquer coisa também diferente... De fato,
se existia e tinha que existir, porque Apolõnio falara, realmente eu não percebia... Era questão
de vibração mais intensa, dissera ele... Na realidade, os espíritos se misturavam com as
criaturas luminosas e as influenciavam de alguma maneira pela mente, pela audição, pelas
sugestões de todo o tipo. Pela proximidade de vibrações, a influência dos espíritos inferiores
era mais freqüente, de modo especial, sobre o sexo masculino e sobre as mulheres perdidas...
— Principalmente, as que vagam à noite. — Esclareceu Apolônio. — E as autoridades gozam
de justiça especial? — Perguntei lembrando-me de uma informação humana que ouvira há
tempos. — Sim, confirmou o Espírito. Especialmente, os homens que lidam com a Lei: juízes,
delegados, autoridades desse setor enfim... Têm uma couraça que os protegem senão não
poderiam cumprir as suas responsabilidades com isenção, desde que mantenham uma conduta
pura. Se têm o hábito de orar, melhor. Você acha que no mundo uma multidão igual a essa
pode prescindir de justiça? Olhei a multidão e compreendi: — Por isso, Deus através de suas
leis e com o concurso da Misericórdia não abandona as criaturas e as autoridades ao sabor
do acaso. As palavras do Espírito eram sábias e me impressionaram vivamente. Na realidade,
no mundo ainda imperava mais a justiça do que o amor.
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Reencontro
Estava na hora de retornar para o encontro com Platão. Por simples ato de vontade,
passamos a subir. Parecíamos flutuar e subíamos a grande velocidade. A Terra voltou a ficar
lá embaixo e nós como pássaros deslizávamos na atmosfera e atravessando a ionosfera, logo
depois de atravessar a ligeira camada de ozônio que protege o planeta na zona do polo. O
planeta muito azulado se tingia, naquela hora, que era a hora da madrugada, de diversas
cores. Na Terra, amanhecia o dia e numerosos espíritos já se movimentavam, lá embaixo em
direção aos seus lares terrestres de onde sairam ao entardecer e se misturaram com os
milhares que buscam o prazer à noite, prazer que não encontram em casa. Os que não
encontram o caminho e o amor com a companheira ou o companheiro ou mesmo no seio da
família, saem à noite e buscam os lugares mais estranhos aos homens honestos: os lupanares e
na linguagem de hoje, as boates e os motéis, ou então encontram consolo nas conversas e
distrações de acordo com sua maneira habitual de pensar. Há aqueles que procuram as mesas
de jogo ou os lugares em que se conversa de futebol, no entanto, no final a maioria se atira
nos braços das mulheres perdidas e se afogam no álcool em companhia de espíritos
atrasados, inferiores e quase sempre sem nenhuma qualificação. É doloroso ver à noite o
terrível espetáculo dos seres decaídos do submundo da Terra. Homens de elevada posição
social, respeitados na vida comum, são na realidade mendigos espirituais e réprobos na vida
espiritual noturna. Aí se libertam de toda a coação moral e se transformam
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nos monstros espirituais que a carne encobre. Expressam toda a medonha realidade da
própria alma. Alguns se entregam a um sofrimento sem limites porque não querem errar e
erram compelidos pela necessidade que não podem satisfazer. O lar é sempre o refúgio das
almas e o abrigo onde encontram proteção, de modo a se defenderem de si mesmos,
amparados por aqueles que as amam e que com elas convivem. Não é à toa que o Instituto
do casamento impõe exigências rigorosas. Os espíritos que se reúnem no recesso do lar
gozam de proteção especial, a fim de uns colaborarem para construir a fortaleza dos outros
de modo a fornecer-lhes as armas de defesa de suas conquistas milenares. Aí é que cumprem
as mais duras provas e se exercitam os melhores meios de proteção, afastando os seres dos
vícios e das fraquezas da Terra, preparando-os para as ascensões gloriosas do Espírito
Eterno! Eu ainda meditava nessas coisas quando ouvi Apolõnio que dizia: — Prepare-se:
estamos chegando. De fato, aproximávamo-nos do Portal do Sol e já apareciam à distância
os seus magníficos jardins de luz, de um sol colorido, que não se vê na Terra e nem permite a
atmosfera terrestre. Assim que pousamos no solo do Portal, avistamos Platão que andando
lentamente, como se estivesse na Grécia, meditava. Vimos de longe que estava
profundamente concentrado porque de sua cabeça sublime luz de todas as cores inimagináveis
se irradiava. Por onde passava ia deixando um longo rastro de luz.
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O Sábio
Recebeu-nos com alegria suave e sincera. Como sempre abraçou-nos. Seus olhos, de um azul
profundo, guardavam carinho e doçura. Os jardins do Portal eram imensos e se perdiam na
distância colorindo o espaço com a luz de mil cores. Disse-nos com bondade: — Já obtive de
nosso irmão Francisco autorização para a entrada e visita de vocês no Portal. Contemplei a
enorme construção de linhas diferentes à nossa frente. Subia-se por uma rampa que
desaparecia para dentro do edifício que era todo de uma espécie de plástico rosa e nos dava
a idéia de leveza e transparência. Ali não via as construções pesadas da Terra. Tudo era leve
e transparente. — Por isso, meu filho — Falou o Sábio —, chamam de Portal do Sol. Aqui
vivem em colônia, numerosos Espíritos Superiores que se dedicam à música sublimada e às
artes mais elevadas do Espírito Eterno. Dirige o Portal nosso amado Irmão Francisco... —
Francisco de Assis? — Indaguei mentalmente. — Sim — Respondeu o Sábio —. Aqui vivem
os Espíritos que já alcançaram um grau elevado de Espiritualidade e atingiram o
conhecimento maior. Passam então, pela segunda morte, a que se refere Jesus. — Mas o que
é a Segunda Morte? — É um fenômeno semelhante ao que acontece na Terra, ou a Superfície
da Terra. Lá os homens não deixam
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o corpo físico por morte deste ou paralização definitiva dele? Aqui se processa alguma coisa
semelhante! Abandona-se o corpo espiritual ou perispiritual, que se desfaz e entra-se na
posse de outro que é um corpo de vibração mais elevada com mais luminosidade, força e
poder. — Você não se lembra de Paulo, o Apóstolo quando disse: "Conheci um homem que
foi ao Terceiro Céu"... Pois é, meu filho, ele veio até aqui e voltou. Olha, hoje, por acaso
temos alguém que se submeterá à Segunda Morte e pediu aos nossos Superiores essa graça,
que lhe foi concedida. Estão dispostos a assistir? Apolônio assentiu com uma atitude de
humildade e respeito, e eu me alegrei com a notícia. Todavia, perguntei: — Venerável Irmão
Platão: Mas a Segunda Morte não é resultado da desintegração do ser? — Não, não há
desintegração do ser, o que há é uma queda contínua em si mesmo, pela degradação que
levará a criatura até ao desaparecimento como criatura criada. Entendeu?
Balancei a cabeça,significando que não entendera. — Para mim é muito difícil entender. —
Mas você entenderá um dia. Receba agora como primeira notícia. Ali havia alguns Espíritos
que andavam e conversavam pelo jardim. Impressionava-me a extensão do jardim que se
perdia na distância imensa. As flores de uma beleza nunca vista por nós vibravam
intensamente. — Aquele que vai ali — Esclareceu Platão —, é nosso amigo Aristóteles. —
Mas Aristóteles não era materialista? — Na Grécia, bem, lá ele ainda procurava a verdade —
Disse delicadamente o filósofo —, mas já encontrou há muito tempo... A verdade, para ele
era naquele tempo, uma obsessão. — Não foi discípulo? — Perguntei abruptamente. — Quer
dizer, eu nunca tive discípulo — Acrescentou modestamente o grande Espírito —. Eu sempre
tive amigos, e, agora, aprendi que são filhos espirituais!... Aristóteles hoje é meu filho
espiritual, nascido do pensamento do Cristo. De fato, se vermos com os olhos do passado e
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o pensamento do mundo moderno poderia ser considerado quase um materialista... Mas não
era. Ele apenas buscava a verdade, despreocupado do Espirito, por isso, como todos nós foi
considerado estacionado no Tempo, que é apenas uma longa espera, até que despertasse
para as coisas espirituais. Na Terra, junto com Demócrito, pode ser hoje considerado um dos
pais da Ciência, pela maneira positiva de ver os assuntos. Afinal, meu filho, todos nós que
estacionamos aqui, estamos estudando e aguardando mais evolução para nos transferirmos
para o Portal da Luz, onde reina e permanece Jesus Cristo. Essas revelações aparentemente
simples, cairam-me na alma como o orvalho da manhã na corola da flor. Quedei-me pensativo
e Platão enlaçou-me os ombros carinhosamente com seus braços de pai.
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Ainda nos Jardins
O Amor Espiritual
Os jardins irradiavam muita luz e beleza, não havíamos visto nada igual. Platão era uma figura
impressionante e bela. Exercia sobre nós uma estranha e esquisita atração. Tínhamos o
sentimento de que ao mesmo tempo que nos atraia e empolgava aquela atração que se
irradiava dele, com uma força que nos acorrentava, era como a claridade ,que iluminasse um
quarto escuro, onde os móveis velhos e as roupas sujas que ali estavam surgiam a claridade
com toda a sua hediondez e mediocridade. Ele nos iluminava por dentro e víamos então a
pobreza da alma e as deficiências do próprio espírito. Sentíamo-nos tão pequenos e
insignificantes diante de sua grandeza. Não nos sentíamos humilhados mas compreendíamos
melhor a nossa pequenez.
Ele, no entanto, exibia uma humildade ou simplicidade a toda prova. Enquanto pensava nessas
coisas, compreendendo ou vendo as minhas indagações, o Sábio disse: Meu filho, eu nada
sou, só o Senhor é tudo em todas as coisas. Aqui, há criaturas melhores do que eu: veja
Francisco, que nos dirige, na sua humildade e amor às criaturas.
Mas eu ainda não vi Francisco, pensei silenciosamente. — Mas verá um dia! E aí os seus
olhos hão de contemplar a luz do Senhor!
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Então compreendi a imensa humildade de Platão e percebi que nas esferas espirituais mais
elevadas a humildade parecia ser norma geral. Platão tornou a falar: — Meu filho, só se chega
até aqui, pela humildade de coração e de espírito. Não há outro meio, a não ser em viagem
acompanhando um Ser Superior ou à sombra e à evolução dele. Como discípulo e mestre vi
logo que com toda a delicadeza, se referia ao meu caso e me envergonhei. — Não se
envergonhe. — Disse Ele ainda, lendo-me o pensamento. — Humildade não se aprende, é
resultado da evolução, conquista laboriosa do próprio Espírito. Os mais Sábios, por força da
Lei, são seres que conquistaram a humildade e a evolução através dos milênios. Não tome a
humildade como graça de Deus mas como trabalho e labor do Espírito. "Cada um é o
construtor de si mesmo sob a misericórdia de Deus". Lembra-se? No entanto, prosseguimos
andando. Pequenos grupos de Espíritos em pé, conversando ou sentados em bancos de
material leve e transparente, mais do que o plástico da Terra, entretinham-se em animada
conversa. Foi quando um grupo de Espíritos jovens aproximou-se de Platão, saudou-o e
abraçou-o alegremente. Um Espírito de avantajado porte os conduzia e Platão apresentou-o:
— Este é nosso amigo Empédocles, companheiro da velha Grécia de Sócrates. — E
Sócrates? — Pensei — Onde estaria? As vezes vem até aqui e nos visita... Vive numa esfera
acima da nossa. Meu filho, na Grécia, ele já era mestre. Continua evoluindo... — Mestre
Platão, lá vós fostes amigo dele... — E ainda sou... amigo e discípulo... Ensinou-me muitas
coisas e ainda aprendo com ele... Embora aqui, ninguém se considere Mestre, para mim ele
ainda é e eu o trato como tal. Considero-o meu pai espiritual. Nós nos amamos muito. O
amor, nesta esfera é diferente e mais intenso que na Terra. Os seres se amam espiritualmente
sem qualquer referência a sexo. É o amor das almas. Assim, como o néctar da flor. Prepara-
se o amor e vive-se o amor, que aqui se traduz por uma irradiação dos sentimentos superiores
e sublimados e por uma atração do
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Espírito, quase divina. Sei que não entendeu. É difícil entender. É preciso sentir e viver esse
tipo de amor para entendê-lo. Questão de evoluir um pouco. Você poderá a princípio
compreendê-lo intelectualmente e só depois que viver é que o entenderá. Foi o que Jesus
disse com as palavras: "Tomai e comei, este é o meu corpo! Tomai e bebei, este é o meu
sangue!" É como uma flor que nasce do nosso organismo espiritual em determinado período
de nossa evolução espiritual. Primeiro, se ama a todos os seres e depois por acaso se
percebe que esse amor é mais intenso relativamente a determinada alma. É o que se chamou
de almas gêmeas. Duas almas no final se fundem numa só. Por exemplo, algumas para você
entender: Francisco, nosso pai e Clara, nossa mãe, que já se fundiram numa só alma,
arrastados por intenso amor espiritual.
Naquelas alturas, mergulhado de intensa vibração na leve e sublime emoção espiritual, sem
saber porque, me comovia até às lágrimas. Platão abraçou-me e acrescentou: — Amor
espiritual é isso! Você sentiu os seus efeitos num momento só. Os Espíritos que o atingem por
evolução sentem isso permanentemente e com mais intensidade ainda. Essa é apenas uma face
do amor espiritual. É preciso senti-lo para entendê-lo! Eu estava assombrado. Como sentira
aquilo, Platão sorriu misteriosamente. Eu fiquei pensando: será que ele me transferira dele
mesmo por algum meio que eu desconhecia aquela capacidade de sentir o amor espiritual?
Mas ele não disse: apenas sorriu.
Apolônio seguia-nos silenciosamente. Surpreendi-me. Parecia ouvi-lo dizer-me: — Kalicrates,
a presença do nosso Venerável mestre Platão nos enche a alma de alegria espiritual e aqui
cabe a Ele falar e ensinar.
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Platão acrescentou: Meu filho, nosso amigo Apolônio tem toda a liberdade de falar e ensinar a
sua modéstia é que o inibe. É espírito que tem trânsito livre por aqui e merece todo o nosso
respeito e amor. Notei a delicadeza de Platão. — Vocês foram admitidos ao Portal do Sol
para assistir uma alma respeitável que já alcançou o direito de passar pela segunda morte. É
uma experiência fascinante a que se refere o ensino de Jesus constante do Evangelho. Vocês
ficarão ainda por aqui por uns dias, na hora oportuna serão chamados ao salão onde
assistirão ao trabalho ou a cerimônia da segunda morte. Nosso abnegado companheiro se
submeterá a essa operação e vocês verão o fenômeno ou o fato que se processará. Enquanto
isso conheceremos melhor o nosso jardim, que poderia ainda ser denominado por vocês de
jardim de Academus, agora no Plano Espiritual ou no Portal do Sol. Conhecerão assim,
muitos companheiros que há muito vieram da Esfera de Baixo, embora de vibração superior e
elevada. Realmente, fomos encontrando, em nosso passeio pelo jardim, numerosas figuras
que conhecêramos na Grécia ao tempo de Sócrates. Algumas delas viveram todo o drama do
Sábio, fato esse que segundo promessa de Platão nos caberá relatar um dia, mediunicamente
para os homens da Terra. Alegrou-nos a notícia que também nos anunciava uma grande
responsabilidade. Percebendo-me o pensamento íntimo, esclareceu o mestre Platão: —
Nosso irmão Altino, que muito ama a Grécia e que tem profundos laços de amizade com
nosso amigo Sócrates já aceitou o encargo do trabalho do qual você participará como
médium e o receptor dos pensamentos e imagens que transmitirá junto com os fatos. Há mais
de duzentos anos esse assunto começou a ser estudado aqui no Portal, apenas durante dois
séculos encontrou a oposição do próprio Sócrates que por uma questão de humildade acha
que não se deveria tratar do assunto que focalizava a sua pessoa, mas do Portal da Luz, que é
a Esfera Superior de onde veio autorização para se transmitir a história emocionante do
Sábio, por necessidade de conhecimento da humanidade. Assim, meu filho, você tem nos
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ombros nobilíssima responsabilidade, o que será muito pesado porque na época de Sócrates
você também estava lá... E Platão sorriu paternalmente.
Súbito, Platão apontou-nos Demócrito, que se aproximava rodeado de discípulos de alta
envergadura. Abraçaram-se euforicamente e o filósofo disse: — Querido Irmão Demócrito,
soubemos que retornaste da Terra há algum tempo já, depois de com êxito ter cumprido a tua
missão coberto de glórias espirituais. Demócrito agradeceu, mas informou: — Meu caro
Platão: cumpri, realmente, a tarefa que me foi designada. Porém, estou muito preocupado
com os perigos e responsabilidades dela. — Mas não te cabe nenhuma responsabilidade... —
Temo pelos homens que poderão desviá-la de seus nobres objetivos da paz... — Isso pode
acontecer... — Acrescentou o Sábio Platão — Fizeste a tua parte, compete agora a outro
departamento especializado controlar ou pelo menos tentar controlar o bom uso do
conhecimento que o mundo recebeu. Como Apolônio observou minha aflição, murmurou: —
Tratam da energia nuclear e da bomba atômica, a cujos estudos para a sua concretização
Einstein deu decisiva contribuição... Foi assim que compreendi que Einstein era o mesmo
Demócrito que permanecera na Terra quase cem anos!
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Demócrito e a Segunda Morte
— Soube também e até estou convidado para assistir à cerimônia gloriosa da sua Segunda
Morte. Demócrito exibiu certa preocupação na fisionomia e disse: — Estou bastante
preocupado. Platão abraçou-o e falou-lhe suavemente com carinho: — Meu caro, os nossos
Benfeitores estarão conosco e tudo correrá bem. Não és o primeiro nem serás o último. Toda
morte é morte que enseja a vida e uma vida maior sempre. Jesus estará conosco. Ora com fé
e coragem. Demócrito expressou na fisionomia uma agradável manifestação de serenidade e
compreensão. — É natural, meu amigo. Disse-lhe Platão. — Toda morte parece um mistério,
mas você sabe que no Universo, na realidade só existe vida, a empolgante vida! A Morte é
quase uma ficção. Nada estaciona e cessa definitiva e permanentemente. Tudo é atividade e
movimento, desde a intimidade da célula e da molécula até as estrelas e os grandes corpos
celestes: tudo gira e tudo se move! No silêncio da intimidade estelar vive a alma do Universo!
Deus está em tudo e em todas as coisas e nada está parado. Mesmo o que chamam o nada
não passa de ficção. Por isso, não há lugar para a morte definitiva como entendem os
homens! Notei que as fisionomias dos dois filósofos no calor da conversa se modificavam.
Eles voltaram a ser dois belos jovens gregos antigos!
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Apolônio falou-me alegremente: — Kalicrates: o Espírito não envelhece! Pelo contrário do
corpo que envelhece e se desgasta, o Espírito pelo conhecimento, sabedoria, amor e evolução
fica cada vez mais jovem e alcança sublimes padrões de beleza imortal! Por isso, viver pelo
Espírito é conquistar cada vez mais beleza interior que se manifesta na própria fisionomia
espiritual da alma. Não se lembra de Dorian Gray? E de Beatriz do Dante? Em Dorian Gray,
Oscar Wilde, que era notável médium, descreveu o mal que, fixando no retrato, na verdade
retratara o verdadeiro Dorian Gray, a Beatriz, que Dante contemplou no Céu! Morte seria
estagnação e a morte e estagnação não existem no Universo de Deus!
Depois disso, Demócrito partiu feliz e radiante de tranqüilidade. No firmamento brilhavam as
estrelas e nos jardins do Portal onde os grandes poetas e os notáveis filósofos conversavam.
As flores luminosas pareciam outras tantas estrelas despregadas do Céu!
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Pelo Jardim
Andávamos pelo jardim admirando as flores luminosas, que nos pareciam flores pendentes de
hastes eletrificadas e de cujas pétalas irradiavam luzes coloridas que à noite davam estranhos
desenhos por toda a parte iluminando o céu. As criaturas espirituais que encontrávamos de
vez em quando, embora apontadas muitas delas como figuras respeitáveis da História
Humana, exibiam fisionomias jovens e risonhas denotando a alegria interior de que se
achavam possuídas. Platão já nos esclarecera que algumas eram residentes no Portal
enquanto que outras eram apenas visitantes ou convidados. Vimos também pássaros de
grande porte e pequenos pássaros cantores que lembravam, embora mais belos e de variado
colorido, os pássaros da Terra. Cantavam sublimes melodias e suaves e inesperadas canções!
Pensei no Paraíso. Platão, porém alertou:
— Meu filho, aqui não é o Paraíso de que você já ouviu falar. Somos apenas uma colônia
mais elevada onde os seres que aqui habitam são mais delicados e se vestem de roupagem
mais bela e delicada. Acontece que o Universo modifica à proporção que os seres que o
habitam se espiritualizem e evoluem. O pensamento aqui é mais veloz e ágil. A evolução dos
seres mais adiantados influencia e acelera a evolução dos seres de menor evolução que com
eles convivem. Cada um dá e recebe. Aqui também é dando que se recebe. Mas é preciso
viver o ensinamento do amor sem limites e sem esperar retribuição. O egoísmo contrai e retrai
o Espírito mesmo na sua forma espiritual que o amor lhe dá expansão e o projeta, dila-
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tando as suas possibilidades. O amor é processo natural de expansão da alma em busca de
seres que se afinam em todo o Universo. Amor gera amor e aproxima as almas e o ódio gera
o ódio e realiza a marcha contrária que é a retração que conduz o Espírito ao estacionamento
e à queda nos abismos interiores e à escuridão e silêncio que petrificam a alma.
Quedei-me ouvindo as palavras de Platão que me conduziam ao entendimento maior das Leis
Universais: — O livre-arbítrio — continuou o excelso Instrutor —, é a capacidade de
compreensão do Bem e do Mal, do que está certo e do que está errado, assim como o
metro serve para medir e a balança, para pesar. O livre-arbítrio, na realidade é quase um
órgão, ou uma bússola e torna mais responsável o Espírito mais evoluído; no Espírito menos
evoluído ele funciona intuitivamente e aumenta suas possibilidades de discernimento com a
evolução do Espírito. Cresce e se amplia à proporção que avançamos espiritualmente. Não
há dúvida que como o Espírito é criação divina que criado passa a crescer mais conforme o
progresso espiritual conquistado pelo próprio Espírito. Nasce do momento em que por
vontade de Deus o Espírito nasce, de conformidade com as leis eternas que criam os Seres.
É uma dádiva inicial que a criatura recebe com os outros órgãos e facilidades que todas as
almas possuem. O ser espiritual quando nasce é apenas um germe da figura inicial que um dia,
crescendo e desenvolvendo todos os seus órgãos e faculdades espirituais, pela evolução se
aproxima de Deus. Isso demora séculos e milênios. Somos ainda, todos nós, espíritos
incompletos que vamos pouco a pouco nos completando e crescendo para Deus. A Evolução
é isso. Uns estão mais completos que os outros. Assim "Não julgueis", disse Jesus, e Sócrates
"Conhece-te a ti mesmo". E nós nos lembramos do "A cada um segundo as suas obras". Os
grandes Iniciados apenas anunciaram Leis Eternas. Não fizeram mais do que isso. Apenas
cada um deles falou com mais ou com menos amor. Cada um dá o que tem e o que pode, e
recebe conforme o seu merecimento. Por isso, lembramos mais uma vez: "Não julgueis, mas
amai-vos".
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Evoluir é acelerar o desenvolvimento da alma ou desenvolvendo os sentimentos dando cada
vez mais vida ao pensamento, dar direção ao progresso dos órgãos embrionários da alma. O
que chamamos faculdades espirituais não são mais que órgãos que funcionam como sede de
suas faculdades. E cada faculdade é adequada a cada órgão que lhe corresponde. O
pensamento que se manifesta de diversas maneiras: sua localização produtora que é a sede
onde todo intelectivo é gerado, a fala e a audição que se manifestam pelos órgãos da fala, que
servem o conjunto dos órgãos vocais: boca, cordas vocais, faringe etc... e finalmente se
materializando nos ouvidos (no caso do Homem) e assim por diante. No Espírito, o som, as
palavras e outras possibilidades se manifestam por todo o organismo espiritual, transmitido
silenciosamente à distância, e até de mente à mente, encarnada ou não. Um tanto
surpreendido pelas revelações, percebi que Platão nos dava delicadamente uma verdadeira
aula. Não me cansava de admirar a beleza dos jovens que a cada passo nos sorriam e
acenavam para nós. Platão correspondia e nós também. — Vejo que se admiram com a
beleza dos jovens! Pois não se surpreendam não, parecem jovens para vocês que há pouco
chegaram do mundo... Mas são Espíritos antiguíssimos! — Como? — Perguntei assustado.
— Não são rapazes e alguns até crianças de tão jovens! — Não — Riu-se Platão —, são
velhos! Aqui acontece ao contrário que nas Zonas mais inferiores! A medida que o Espírito
fica mais velho, e evolui, fica mais jovem e belo! Velhice é coisa da Terra e dos Mundos
Inferiores. Aqui, evoluindo, nós não envelhecemos, porque evoluir também é aceleração e
aumenta a velocidade e a freqüência das células espirituais da alma. Evoluir é crescer para
Deus é juventude e Eternidade! Evoluir é movimento e transformação. A velhice é
estacionamento e imobilidade. Quem estaciona começa a parar em si mesmo e envelhece. Há
um desgaste pela inércia, assim como há um rejuvenescimento pelo movimento. A proporção
que evoluimos nos aproximamos de Deus e da eternidade e no final dos milênios começamos
as transformações porque nos aproxi
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mos da eternidade. A eternidade do Espírito é alcançar a imutabilidade e a não
transformação! Entenderam? Se evoluir é movimento, eternidade é quase estacionamento com
movimento das células que hoje, porque ainda as criaturas sediadas em nossas Esferas não
entendem paradoxalmente o que seriam células mentais ou cerebrais, apenas para esclarecer
por comparação! Sei que é difícil, mas são os primeiros ensinamentos que posso dar nessa
área.
Senti que estava ficando tonto e que era muito difícil para mim penetrar o pensamento do
filósofo. Contemplei o jardim que rebrilhava de flores luminosas e coloridas que davam ao
Céu a aparência de uma paisagem fantástica e pensei como num sonho: Compreenderiam os
homens as novas informações que lhes traria do Céu? E lembrei-me das palavras de Jesus a
Nicodemus: "Se não me entendeis quando vos falo das coisas da Terra, como me entendereis
quando vos falar das coisas do Céu?" Platão sorriu e disse: — Não se preocupe, meu filho,
aqueles que já alcançaram entendimento pela evolução compreenderão tudo porque
penetrarão no espirito da letra, como lhe ensinou outro amigo espiritual: atravessarão a casca
do coco e comerão o fruto... Só os séculos e os milênios possibilitarão ao Espírito o
conhecimento maior e a evolução maior. Não esperemos um Céu que não conquistamos com
luta, suor e lágrimas. A cada um segundo as suas obras e o seu trabalho. Laborioso e
sacrificial é o caminho da Espiritualidade que afinal é a conquista de si mesmo no mundo
interior da própria alma. Ajuda-te a ti mesmo e os bons Espíritos te ajudarão. Dai e
receberás. Prepara-te e o Instrutor aparecerá na hora certa. Faze, também, por ti mesmo, e o
Senhor aplainará o teu caminho. Tu és na realidade a tua verdadeira obra prima que terás que
esculpir sozinho embora orientado e amparado pelos mestres e amigos que te amam. Trabalha
e perdoa os erros e abençoa. Perdoa, esquece e ama e no futuro resplandecerás como a
estrela da manhã! Foi quando, assombrados, percebemos que Platão deixava irradiar-se de si
mesmo, um imenso clarão, pró-
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prio dos Espíritos Superiores que iluminava o espaço como imenso farol e no Céu centenas
de Espíritos estacionavam e contemplavam aquela luminosidade que iluminava a imensidão
como um cometa. Mas o Sábio, alertado pelo silêncio que se fez em seguida, começou
lentamente a apagarse e nos pediu humildemente desculpas do fato como se tivesse
indevidamente praticado imensa falta. E meio envergonhado falou: — Perdoem-me amigos, a
minha involuntária invigilância. Não devia ter permitido isso! Em face do nosso assombro, pois
ainda estávamos estáticos, ensinou: — Nos planos espirituais, como este, não é permitido,
sem ordens superiores, qualquer exibição de superioridade que possa humilhar os outros
seres. Só a Deus pertence toda força e poder e Ele não se exibe!
Primeiro Encontro com A Segunda Morte
De repente, observei que começavam a chegar pequenos grupos de Espíritos de grande
claridade, belíssimos à distância, semelhante aos pássaros em vôo suave e aparelhos com
seres que me pareciam Espíritos em viagem que iam pousando e em seguida penetravam nas
ogivas do majestoso prédio. Foi quando Platão falou: — Meus amigos, chegou a hora da
singela mas efetiva Segunda Morte de Demócrito. Somos todos convidados. Entramos. Altino
tomou-me paternalmente pelo braço e seguimos Mestre Platão. Vi que a fisionomia de Platão
se modificava pouco a pouco e Ele adquiria feições mais suaves e elevadas. Parecia-me mais
velho e mais respeitável. Disse-nos:
— Hoje, se o Senhor permitir, veremos nosso venerável Irmão Francisco, que dirige o Portal
do Sol. Não se preocupem, em nossa Esfera, vigora o Ensinamento do Senhor: Como em
toda parte do Universo, a humildade é Lei. E os menores nas regiões inferiores aqui são os
maiores. O Universo é regido por Leis inflexíveis, por isso, são chamadas eternas e valem
para todos. A Misericórdia sim, é concessão divina e funciona em casos especiais por decisão
de Tribunais ou Juízes Especiais. Em Deus, a justiça precede o Amor em casos especiais.
Todo perdão verdadeiro vem cheio de esquecimento das faltas alheias e do amor que é
sempre misericórdia. A Misericórdia é irmã gêmea da Verdade e da Caridade!
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Aquelas palavras de Platão ressoavam em minha alma com a ressonância da voz do apóstolo.
Qual seria? No cristianismo terreno, Platão que precedera Cristo, qual o apóstolo do Senhor
seria? Ouvindo na casa mental, talvez, minhas indagações, respondeu-me o Sábio e condutor:
— Meu filho, sou apenas e sempre serei, um discípulo de Sócrates e do Senhor!
Surpreendido, senti que ao mesmo tempo que não respondia Ele me dava uma lição de
humildade.
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No Interior do Portal
Lentamente, subimos a rampa que conduzia ao interior. À entrada, Espíritos de suave
claridade faziam a recepção. Foi quando reparei que eram muitos deles Espíritos femininos.
— São as filhas de Clara, que na Terra, é chamada de Santa, tanto pela Igreja como por boa
parte do mundo. Aquele outro ali é Domingos, fundador da Ordem de São Domingos,
canonizado pela Igreja... Esses esclarecimentos nos ia dando nosso Irmão Altino enquanto
penetrávamos no Portal. — Aquele outro que conversa com aquele Grego — E Altino
apontou discretamente com um gesto — é Frei Leão, o irmão amado de Francisco, que
dividia esse amor do Santo, com Bernardo, símbolo de humildade, depois de Francisco, na
Ordem. E assim, foi o Altino enumerando os Espíritos que encontrávamos. Todos de grande
transparência suave e impressionante. Muitas criaturas de grande luminosidade, que eu não
conhecia nem de nome. Vejo que aqui há muitos filósofos e santos. Altino riu delicadamente:
— Meu caro Kalicrates, de fato, os filósofos são muito parecidos com os santos. Ao
encontrarem a verdade, depois de uma longa jornada pelos mundos, aceitam facilmente a
humildade e logo em seguida, a santidade, mas continuam considerados sempre filósofos
porque neles predomina sempre maior a característica de pensar ao passo que no Santo é a
de amar.
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Compreendi a exposição do Espírito amigo. Penetrávamos agora num imenso salão
arborizado de árvores, arbustos e flores de luzes suaves que exalavam surpreendentes
perfumes que embalsamavam o ar de olente odor. Senti-me invadido por estranho torpor que
me transportava a maravilhosas paisagens interiores... Como num filme cinematográfico passei
a ver e a viver cenas de um passado longínquo que eu conhecera, que às vezes não sabia de
onde e que identificara apenas porque algumas criaturas que conversavam comigo, naquele
estado, me lembravam. Um deles me disse: — Eu sou Antônio Pio, de Roma, você não se
lembra? E este é Marco Aurélio, nosso Imperador e Filósofo! A seguir aproximou-se
belíssima jovem vestida à romana que me saudou, exclamando:
- Kalicrates, eu sou Fabíola. Lembra-se que eu o conheci e fui sua irmã? Já estamos quase
vencendo as lutas da Terra e apraz-me encontrá-lo, meu grande amigo! Ainda voltaremos, um
dia, a viver juntos como pai e filha outra vez, se Deus quiser! E Fabíola, despedindo-se, me
abraçou carinhosamente. Aquele estranho perfume me dominava ainda, quando um jovem de
arrebatadora beleza me saudou alegremente: — Olá, Kalicrates, quanta alegria em vê-lo aqui!
Eu o reconheci logo, e lhe disse surpreendido: — Como você está aqui Alcebíades?! — Sei
que não mereço, mas a História Humana não me faz muita justiça. É o que costumam chamar
de "graça". Pela intercessão de Sócrates me foi permitido estar aqui hoje, incluiu-me ele hoje
numa viagem de estudos. Falou-me que eu aproveitarei muito para a evolução necessária ao
meu mais rápido desprendimento das faixas Inferiores! Foi quando tive a idéia de que ele
também fora Oscar Wilde..
Aquela idéia brilhou no momento em minha mente agitada refugiu logo como um pássaro de
fogo! Lembrei-me dos sofrimentos de Wilde nas prisões de Londres e como fôra maltratado,
e de como fôra desprezado pelo povo inglês, que o arrojara dos píncaros da
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glória literária à imundície das frias luzes da prisão onde vivera a pão e água e a roupa
horrível, esfregando o chão... debaixo as vezes de goteiras de água, completamente nú, sob a
vergasta do vento frio onde um dia encontrou as palavras sublimes do Evangelho do Senhor
que o redimiram... Recordei também de Lázaro que saira do túmulo depois de quatro dias, já
podre, pela poderosa vontade de Jesus. E compreendi a razão, ali, da presença de
Alcebíades, pois, para Deus não é impossível! Mas tão distraído ficara em minhas meditações
que quando voltei a falar com o jovem Grego, ele não estava mais! Se perdera entre os
convidados! "Não julgueis", dissera o Senhor. Quem sou eu para julgar? Não se pode julgar
ninguém por uma só encarnação! Somos viajores do infinito! E viajamos da Sombra para a
Luz! Eu ainda estava absorto em meus pensamentos e pensando se Alcebíades não voltara
como Wilde, quando Altino me tocou amavelmente o braço e murmurou: — Meu caro, não
estou autorizado a lhe dizer se Alcebíades, o jovem e leviano Grego, amigo, outrora, dos
filósofos e dos Artistas, de Atenas, voltou como o Poeta e Escritor Oscar Wilde, mas é tema
para meditar e você sabe que a meditação consciente é a base para estudos superiores. Há
possibilidades. São personalidades semelhantes e tiveram defeitos e inteligência semelhantes.
No estudo das reencarnações têm-se que levar em conta primeiro isso. Alcebíades era uma
criatura brilhante e amada por toda a Grécia, pelos grandes e pelos pequenos, porém exibia-
se como um pavão e julgava-se superior a todo mundo! Mas, inegavelmente, uma inteligência
excepcional e uma bondade inata sufocada pelo seu excessivo orgulho. Sócrates, tratava-o
como um filho, causa também, da condenação do Filósofo, pelos cidadãos inconformados de
Atenas. Wilde reconhecido como um Gênio amado inicialmente pelos ingleses, a princípio os
intelectuais e os ricos, foi depois desprezado pelos nobres e aristocratas, embora admirado
pela classe média. No fim, todos os condenaram por suas leviandades que se chocavam de
modo geral com o pensamento e moral da época! Dando a sua opinião, Altino bateu-me
levemente com um carinhoso tapa nas costas e acrescentou:
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— Sabe que tem lógica... E poderia ter sido o mesmo Espírito! Não sei não... Mas vamos
entrando mais depressa que a cerimônia da Segunda Morte já está quase na hora e Platão
está muito na frente. Olhei e vi que realmente Platão seguia à frente com Apolônio... Subi
com Altino e entramos no prédio. Caminhamos por largos corredores e chegamos a vasto
salão repleto de vegetação diferente das que víramos por onde viemos no vasto Universo de
estranhas e esquisitas flores e folhas transparentes, de contextura e tecido brilhante e
transparente que irradiavam e emitiam luzes coloridas de tonalidades desconhecidas para
nossos olhos. Fugiam da nossa habitual compreensão. Tudo para nós era fantástico e
surpreendente. Víamos entidades espirituais de asas, como grandes pássaros. Altino notando
nosso espanto, segredou-me: — São seres superiores, que caminham para a angelitude! —
Mas como — Exclamei arrebatadamente —, são anjos? — Não, ainda não, mas estão no
caminho da angelitude. — E com todas as criaturas acontece isso? — Sim, com todas. Os
milênios sem fim nos conduzirão até ela! O Universo foi construído de tal meios que as leis
que nos organizam nos levam a todos até aos pés de Deus e passaremos todos pelos mesmos
estágios evolutivos. É verdade que alguns tomam caminhos diferentes e demoram mais do que
outros. Alguns se enredam nas malhas perigosas das reencarnações difíceis e problemáticas.
Todavia nenhuma ovelha se perderá. O Senhor é o nosso Pastor! No entanto, a cada um será
dado de acordo com as suas obras. E deveremos buscar a Porta Estreita, que é a Porta da
Salvação. Senti que o Altino à proporção que falava, se transformava e se iluminava e notei
que ali todos eram luminosos e iluminados por uma luz interior. Vi que a contextura do tecido
perispiritual do Altino exibia milhares de bolas semelhantes a bolas de vidro que fulguravam e
irradiavam brilho e irradiações para todos
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os lados como se fossem na realidade milhares de diamantes. A face do Espírito
resplandecia. Prodigioso fulgor se refletia naquelas bolas. E admirado, observei que centenas
de Espíritos eram iguais a ele enquanto que número semelhante caminhava no salão. A
luminosidade do Altino penetrava em todo o ser e me lançava num profundo e doce estado de
serenidade. De repente, estaquei surpreendido, quase paralisado e atemorizado no centro do
salão, uma belíssima figura surgira, de longas asas. Duas de cada lado do dorso,
emparelhadas e transparentes, de brancura lirial. Altino afagou-me a cabeça e serenou-me
trazendo-me para a minha normalidade. — Aquele é um anjo e aquelas asas são apenas as
irradiações do seu perispírito ou corpo espiritual depois de ter atravessado a SEGUNDA
MORTE. — Então, aquele é Demócrito? — Não, aquele é o SUB DIRETOR do Portal. O
diretor é Francisco, o POVERELLO, como ainda gosta de ser chamado. Você o verá!
Demócrito ainda não passou pela Segunda Morte... Passará ainda hoje. A cerimônia é
significativa mas é simples, muito simples e isenta de dor, qualquer dor! Porém, muito cheia de
alegria, alegria para todos nós!
Eu ainda me encontrava dominado por todas aquelas novas e surpreendentes imagens quando
ressoaram no recinto os sons dulcíssimos de trombetas e suave música celestial invadiu todas
as almas. Profundo silêncio invadiu o imenso salão do Portal e Espíritos celestiais voavam
sobre nossas cabeças. Sons de harpas misturavam-se às vozes de criaturas que cantavam no
Infinito. Foi quando caminhou lentamente para o centro do salão a extraordinária figura de um
anjo mais belo que o anterior e suavemente saudou: — A paz do Senhor esteja com todos!
Altino murmurou-me: — Esse é Francisco, nosso Pai e nosso Amigo, companheiro de Jesus!
Contemplei extasiado a figura majestosa de Francisco e lembrei-me de sua simplicidade,
pobreza, qual mendigo
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buscando no mundo os seus irmãos, que procurava salvar e libertar o mundo e dar-lhe o
roteiro da Vida Eterna Ali, agora, era um gigante, um santo e um herói. Caminhava na
serenidade dos justos e dos bons. — Aqui é o Céu? — Perguntei ansioso. — Não! Meu
amigo — disse-me o Guia —. Aqui é uma etapa no meio das estrelas! Há ainda outros
lugares de repouso e evolução na marcha do Espírito no caminho que nos leva a Deus.
Demócrito hoje alcança, com a Segunda Morte, a Santidade, Missionário da Ciência, lhe será
dada a oportunidade de orientar, com autoridade, o uso de energia atômica no Mundo, afim
de minorar a situação dos homens, em face de terríveis guerras que poderão se desencadear
sobre a Terra. Espírito de grande e laborioso trabalho e dedicação, através dos milênios em
favor de todos. Altino parara de falar quando Francisco abraçou Demócrito. Uma chuva de
pétalas de flores luminosas caiu sobre todos, o ambiente e os jardins se iluminaram e
transcendente perfume percorreu o espaço e impregnou o ar. Algumas libélulas voavam por
ali e espíritos de formas desconhecidas para mim também volitavam. Vi seres estranhos de
múltiplas asas, que segundo Altino eram prodigiosas irradiações daquelas almas, que pela
velocidade das células pareciam asas. Um ou dois que me pareciam super anjos, assistiam
Francisco. — Aqueles são Cherubins, na linguagem dos homens. — E Francisco o que é? —
Na realidade, não sabemos! Para nós ele é Anjo ou Espírito muito adiantado! Ele custa a
aceitar que é anjo, prefere admitir que é filho de Deus e apenas amigo espiritual de Jesus
Cristo!
A Segunda Morte
Um silêncio maior invadiu todas as coisas, impregnado por aquele sublime perfume. Francisco
apresentava beleza sem igual. Vozes angelicais elevaram-se e Francisco docemente levou
Demócrito para o meio do salão onde, ajoelhado como Jesus no Horto, começou a orar.
Demócrito humildemente o seguia e tomados de profundo silêncio todos o acompanhavam em
pensamento:
Senhor, dá que tua glória Resplandeça no coração e na mente De nosso Irmão Demócrito,
Que bem merece A vossa sabedoria e o vosso amor! Que ele encontre Na Segunda Morte A
vossa bondade E beleza De uma vida superior! Pelo que tem feito pelas criaturas E pelo que
fará ainda Pela Humanidade. Que ele atravesse Pelas mãos da Segunda Morte Os portais da
vida superior ,E marche para a vida eterna!
Do alto manancial de vibrações penetraram o coração de Demócrito, e percebemos que outra
figura completamente diferente do Cientista e Filósofo se destacava da primeira forma de
Demócrito e veio para fora, no centro
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do salão, que se enchera de perfume de rosas e a primeira forma que vivera encarnado e
reencarnando durante séculos no mundo ou vivendo espiritualmente em diversas Esferas, por
alguns instantes ainda permaneceu no salão e após o novo Demócrito abraçá-la e agradecer
carinhosamente ter lhe servido nos diversos planos de vida, com a bênção de Francisco, à
nossa frente, atônitos, se desfez e desapareceu. A alegria foi imensa. Todos abraçaram
Demócrito que brilhava como enorme diamante que acabou de nascer. Francisco beijou-o na
testa e explicou: — Nem para todos a Segunda Morte é assim. Para uns mais gloriosa, para
outros menos. Disse o Senhor que ele tinha o poder de deixar a vida e retomá-la! Em um
pequeno círculo, um Espírito Superior, que já atingiu a Evolução necessária pode em oração
passar pela Segunda Morte ou mesmo só, quando imensa é a sua Evolução. — Deixo a vida
e retomo — Disse o Senhor — quando bem quiser. O Pai me deu este poder!
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Ainda Ouvindo Informações Sobre a Segunda Morte
Todos foram se despedindo de Francisco e daqueles com quem tinham mais conhecimento.
Eu e Altino descemos a rampa, após prolongado abraço que Platão nos deu à saída do salão
ainda feericamente iluminado pelas luzes multi-coloridas, embalsamado pelo perfume delicado
que se desprendia do alto. Sob aquelas ondas de perfumes chegamos à frente do prédio onde
nos esperava aparelho de linhas imprevisíveis. Dentro já estava ocupado por seres imponentes
que contudo irradiavam estranha humildade. Sentíamos que eram humildes embora a beleza
lhes desse certa imponência. Partimos em alta velocidade. Descíamos vertiginosamente e
percebíamos que íamos adquirindo densidade e corporificando mais. Talvez tendo lido em
minha mente as novas indagações, Altino esclareceu: — Quando se sobe para estas regiões,
rarefaz-se e adquire-se mais velocidade e maior freqüência das células para se ter condições
de entrar no Portal. Perde-se densidade e peso. Quando se desce é o contrário, assimila-se
peso, densidade e a freqüência celular diminui. Alguns Espíritos, de alta envergadura,
começaram a descer lentamente e levam às vezes séculos para chegar à terra ou a regiões
mais baixas. É o caso de Jesus que, segundo as tradições da Vida Espiritual, gastou quatro mil
anos antes de chegar à Terra. Cada um de acordo com sua evolução. — Mas então se
involui?
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Altino riu: — Não, meu filho, o fulcro ou centro da alma ou da centelha divina não sofre
qualquer alteração íntima. A evolução é marcha segura e inalterável depois de atingir ou
conquistar progresso ou altura íntima. O perispírito e os corpos de revestimento é que sofrem
os embates dilacerantes da própria alma, para o Bem ou para o Mal. A iluminação não é de
graça é conquista individual dentro das leis de Deus. Deus é Lei. Fez as suas leis e dentro
delas o Ser vive e se transforma. Excepcionalmente, em casos especiais, funcionaria a
Misericórdia, que é perdão com amor. Aqui também, dentro das Leis de Deus, funciona um
certo grau de Livre-Arbítrio! Caríssimo Kalicrates, você já aprendeu essa lição de Vida
Eterna. Lembra-se? Envergonhado, baixei a cabeça. Altino sorriu: — Não se preocupe,
vivemos sempre a estudar, a meditar e a aprender e reaprender. Meu amigo, a Vida é Eterna!
Com eterna libertação do Espírito. Altino ainda falava, quando o veículo parou. Fomos
informados que dali por diante desceríamos volitando, pois seria útil para se incorporar mais
matéria ao corpo espiritual. Assim, descemos numa espécie de plataforma onde já havia
outros estacionados. De instante a instante chegavam outros veículos diferentes, de formas
diferentes, onde viajavam seres de aspecto estranho, de forma estranha e formas diferentes.
Notei que Apolônio não dizia nada e se mantinha só observando. Cada veículo leva seres de
evolução semelhante e que guardam afinidade entre si, certa afinidade. Não se misturam
atabalhoadamente como nos veículos da Terra. Realmente, vi que desciam dos veículos
espaciais, criaturas diferentes mas que guardavam traços semelhantes.
Altino esclareceu: — São Espíritos ou Seres de Esferas semelhantes, iguais ou as mesmas. —
E por que você diz que são Espíritos ou Seres?
100


— Porque muitos, pela Evolução, de simples Espíritos já alcançaram formas mais adiantadas,
mais belas e superiores. Estão em mudança para estado ou condição diferentes do veículo da
alma! Demócrito, por exemplo... — Demócrito? — Comecei a interrogar. — Sim,
Demócrito, com a Segunda Morte, alcançou estado superior de vida e agora, durante
milênios, lutará de acordo com as Leis Eternas que organizam a todos, pela conquista gloriosa
da Terceira Morte e do Segundo Céu! Estarrecido contemplei o sublime instrutor que me
acompanhava pelo espaço quase insondável do Infinito. Seus ensinamentos também
incompreensíveis para mim, me deixaram tonto e perplexo pela impossibilidade de
compreender tudo de pronto! Todavia, a máquina de vôo que aguardávamos chegara e fomos
entrando e nos acomodamos entre aqueles Seres desconhecidos cujo convívio passávamos a
desfrutar sob o império fantástico de um novo clima na profundidade do caminho das estrelas.
Ao meu lado uma jovem de beleza impressionante sorria para mim: Altino sussurrou-me: —
Kalicrates, esse é um anjo! Assombrado gaguejei (este seria um modo de dizer o que senti...)
— Mas como podemos estar viajando com anjos? Não são os semelhantes que se atraem?
— Meu filho, está esquecendo que somos convidados hoje dos Seres Superiores do Portal,
que por isso, suspenderam, por hoje, todas as proibições e limitações? O anjo sorriu, mais
uma vez, carinhosa e enigmaticamente e eu senti que poderosa força partia do seu coração, e
atingia o meu ao mesmo tempo em que suave perfume embalsamava o ambiente. Parecia que
também me desprendia e imagens, como num filme cinematográfico, ocupavam-me a casa
mental e me revelavam novas cenas das regiões celestiais. Perfeita serenidade dominou
enquanto a nave singrava o Espaço com seus passageiros!
101
A Volta às Longínquas Regiões Espirituais da Terra
Senti que a densidade do que, para compreensão dos Espíritos e dos homens, chamaríamos
atmosfera, e talvez melhor ionosf era, aumentara. Nosso sistema de respirar encontrava mais
dificuldade e a descida, embora para baixo, era mais difícil. Compreendi o quanto era difícil o
sacrifício às entidades Superiores para descerem. Na realidade caminhávamos para os
abismos da Terra. Em verdade, comparada às regiões de cima, íamos ao encontro do Inferno.
Imensa piedade encheu-me o coração! Pobres e infelizes eram os homens e os Espíritos que
habitavam as regiões do mundo onde predominava o "ranger de dentes", ao qual se referira o
Senhor: Regiões de neblina, escuridão e dor! Todavia, descíamos. Lembrava-me na descida,
numa espécie de meditação, da contextura física ou espiritual, se quiserem, dos Seres que
encontramos tão diferentes de tudo o que já conhecera, da suave luz que se irradiava deles e
do perfume que se exalava deles! Altino e Apolõnio, com certeza, viam claramente as cenas
que desfilavam na minha mente porque exibiam uma fisionomia de compreensão,
entendimento e boa vontade, como se eu não passasse de uma criança embebida em
extraordinárias e inocentes descobertas.
— Na realidade, é isso — Explicou o Instrutor —, conforme a palavra de Paulo: somos
crianças que ainda necessitam se alimentar de leite. Não temos condições de aceitar
informações mais elevadas. As revelações só poderiam ser transmitidas gradativamente e por
imagens,
102


por comparação. A palavra humana ainda é muito precária e pode confundir. O Homem
infelizmente, pela sua vaidade, quer sempre mais, esquecido de que muita vaidade pode
conduzi-lo à loucura! Para compreender certos ensinamentos mais elevados é preciso possuir
evolução maior. Realmente, quando atingimos um grau maior de evolução compreendemos
claramente o sentido oculto do ensinamento, como se víssemos, através da casca, o cóco por
dentro. O sentido oculto salta para fora. A cada grau de evolução revela os ensinamentos
dessa evolução ensinados por Espíritos detentores de evolução correspondente. Por mais que
alguém se esforce não compreenderá senão o ensinamento que corresponda à sua própria
evolução. Se insistir entrará em confusão. O seu Espírito só aceita tranqüilamente o que pode
assimilar. Aí, seria o 'caso de dizer: A cada um será dado de acordo com a sua evolução.
"Deus não dá pedra a quem pede pão". Meu filho, também não dá entendimento a quem não
pode assimilar. E para evoluir mais é preciso trabalhar mais em si mesmo.
De repente, paramos numa espécie de casa, onde ligeira corrente de água pura ou elemento
semelhante corria ligeiro e os dois amigos espirituais sorveram em copos de lírios que
brotavam às margens e me ofereceram um cálice. Senti ao tomar a leveza do líquido e a
delicadeza do copo de lírio e imediatamente penetrou-me no ser uma estranha força e a
respiração voltou com facilidade. Parecia que na verdade respirava por todo o organismo e
comecei a perceber que na realidade o Espírito respira ou aspira de modo diferente da
maneira que o Corpo respira nas faixas propriamente da Terra. Na Crosta ou nas colônias
próximas do orbe terrestre. O nariz em verdade, ali, servia para conformar a criatura.
Características das regiões semelhantes ao nosso mundo e das galáxias iguais ou pouco acima
da nossa.Altino, lendo-me o pensamento, acrescentou:
— Meu filho, mas além do Portal da Luz não é assim! — Portal da Luz?! — Indaguei
respeitosamente.
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Já não lhe falamos do Portal da Luz? — Bem, não me lembro... Talvez... Altino olhou-me
surpreendido: — É possível, mostra-se tão surpreso! Meu filho, o Portal da Luz seria como
uma grande marca definindo o Além e o Além do Além. Dá para entender? Disse que não e
ele acrescentou: — Tomando como base o homem da Terra, depois da sua morte ou primeira
morte, temos o Além, em seguida passa-se pelas Colônias como Nosso Lar e outras e
encontramos também o Umbral e, se se pode dizer, Colônias e departamentos do Umbral e
outras possibilidades de sofrimento e reajustes ou retificações do sofrimento. Assim como
Nosso Lar representa oportunidades superiores de despertamento e salvamento das almas,
esses retiros do Umbral ao mesmo tempo que causam sofrimento e dor espiritual como notas
ou impressão de condenação, prisão e pena, colaboram para iniciar ou reiniciar a recuperação
do Espírito que começou a cair. Segue-se evoluindo e passando pelas colônias de
características evolutivas as mais diferentes e pelas colônias cada vez mais belas até atingir o
Portal do Sol onde se processa a Segunda Morte e vai-se até o Portal da Luz onde se
começa a perder as características terrestres e passa-se a Angelitude. Ali, sempre estão Jesus
e os demais anjos do Sistema Planetário Terrestre e dos demais Sistemas semelhantes. Jesus
é o grande Espírito do Sistema. Nos outros sistemas planetários e estrelares do Universo há
outros grandes Espíritos que dirigem e também são chamados Filhos de Deus. Essas
entidades são de tão grande elevação espiritual que a Inteligência, a Evolução e a
Sensibilidade do Homem que atualmente habita a Terra não pode perceber ou entender. Não
poderá nem aceitar o ANJO como ELE realmente é. Para isso não saem do cumprimento da
Lei de Deus.
104
Mais Além
Compreendi que, pela mão de Altino, de Apolônio, de Platão e outros Espíritos de ordem
elevada, eu, pobre discípulo dos mestres da alma, penetrara em estudos mais avançados e
passara a compreender melhor a condição dos Seres e das Inteligências situadas nos mais
variados setores situados além da atmosfera e ionosfera da Terra. Em toda a parte o
Universo está povoado de seres, cuja inteligência no roteiro da Evolução marcham ao
encontro de Deus. Cada alma é uma centelha inteligente que gravita para o Centro de onde,
um dia, há milênios, nasceu e partiu. E em toda a parte cada ser se apoia em outros seres,
ninguém é só no Universo. Só no fim é que caminhará só ao encontro do nosso Mestre que
nos levará ao Sólio da Majestade Divina. A estrada, porém é longa, e depende de cada um
subir ou descer dentro de si mesmo. Somos despertados pelo amor dos Mestres do Espírito,
mas compete a cada um viver!
105
Aprendendo Mais
Surpreendi-me a mim mesmo, sentindo que naquelas regiões além de respirar ou absorver
melhor o ar, bem diferente, é verdade, do sistema das regiões do mundo. Meu raciocínio
também era mais ágil e mais fácil. As imagens e os pensamentos entravam e saíam mais
rápidos em minha casa mental. Parecia a mim mesmo um outro ser. Tudo era claro e perfeito.
Altino e Apolônio semelhavam, para mim, dois pássaros de beleza fantástica! Súbito, notei
que diminuíram a velocidade com que haviam partido do riacho do Oásis. Descemos em
pequena elevação, muito clara onde alguns Espíritos estacionavam. Altino alertou-me para o
fato de que Apolônio iria se despedir: — Kalicrates — Falou —, aqui nos despedimos de
Apolônio. Abraçou-o e deu-lhe um beijo. — Obrigado querido Irmão, por tudo. Seja feliz.
Apolônio também me chamou e nos despedimos. Em breve, Apolônio viajaria em outra
direção, e nós continuamos a descida mais devagar. Aproveitei para fazer perguntas ao
Espírito já que éramos íntimos como Pai e Filho. Na verdade, considerava-o meu Pai
Espiritual, pois que fôra ele que há milênios me iniciara na Vida Espiritual e comigo convivia
diuturnamente. Realmente, eu o amava. Sentia por minha vez o profundo amor que me
dedicava, por tudo, ter renascido na Terra e suportado os apuros do mundo muitas vezes por
minha causa.
106


Agora, éramos felizes juntos. Todo o conhecimento que possuía viera dele ou por providência
dele. Todos os Espíritos elevados, inclusive, as palavras dos Mestres e a amizade que agora
possuía, foram por intercessão sua. Conduzira e apresentara a amigos seus que passaram a
ter para comigo consideração especial por causa dele, e dos quais por mim mesmo eu não
poderia me aproximar. Fôra na realidade meu avalista nessas coisas e nunca esperou de mim
retribuição à altura ou correspondente. Em verdade, sempre me tratou dando-me mais que eu
merecia. Por isso, sentia que era mais do que um irmão, era um verdadeiro Pai e eu ainda não
sabia porque tanta dedicação e amor! Pensava nessas coisas, quando ele me falou: — Meu
filho, um dia saberá. Na Terra é que colocamos o nosso coração, as nossas lutas, os nossos
sofrimentos, as nossas dores e o nosso amor. Na Grécia, e em Roma, principalmente, se
situam a nossa glória e a nossa descendência. Falaremos disso tudo, um dia! E dizendo isso,
me abraçou carinhosamente. Por nós, passavam veículos estranhos conduzindo passageiros,
Espíritos que seguiam a rota das Estrelas e buscavam, na imensidade os espaços sem fim do
Infinito! Nós, contudo, agora, íamos, volitando normalmente, encontrando aqui e ali caravanas
de Espíritos que volitavam como nós. De vez em quando surgiam algumas libélulas, que eu
ainda surpreendido contemplava muito admirado. — Nós chegaremos um dia a ser libélulas?
— Indaguei. Altino, humildemente, respondeu: — Chegaremos, meu filho. Chegaremos. Foi
quando percebi que cometera uma indelicadeza: e ele, já não teria sido ou passara por aquela
fase?... Ele não disse nada, apenas sorriu...
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Rumo à Terra
Dali por diante, poderíamos descer rumo à Terra num daqueles aparelhos que passaram, e foi
o que fizemos. Altino fez um sinal e um Espírito que naquelas paragens colaborava no Tráfego
(apenas para comparar, pois na Terra não existe palavra que corresponda ao sentido e às
imagens existentes ali e os aparelhos são tão diferentes como seria o primeiro avião inventado
no mundo e os atuais superjatos, ou a pulga de um elefante, ou um pernilongo da águia!
Mesmo assim a comparação seria grosseira!). Logo estacionou um levíssimo. O Espírito que
o dirigia orientou no sentido de nos identificarmos nos colocando em frente a pequeno
dispositivo que, depois soube, registrava o grau de evolução do Espírito considerando-o apto
a viajar naquele veículo. Além da identificação, Altino apresentou-se ao condutor do
aparelho, dizendo de onde vínhamos e para onde íamos, justificando, também, a minha
presença e esclarecendo que eu estava com ele. Notei, porém, que o Altino não se justificou.
Compreendi, que o tal mecanismo de identificação acusara o seu alto grau evolutivo, o que
dispensava outros esclarecimentos. Sentamo-nos, pois tudo aquilo demorava somente uma
fração infinitamente pequena de tempo. A nave numa extraordinária velocidade foi em direção
à Terra. No aparelho, no entanto, havia outros que seguiam o mesmo destino. Senti que
voávamos para o Abismo da Terra! E vi que à proporção que avançávamos a atmosfera
escurecia pouco a pouco e os Espíritos que encontrávamos apresentavam condição pior. Os
azuis, os brancos, os verdes desapareceram. Passavam agora muitos vermelhos, alaranjados,
marrons e
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cinzas. Era toda uma população diferente. A atmosfera ficava, até para nós, sufocante. Como
devem sofrer e sacrificar-se os Espíritos Superiores para irem ao Mundo e aí permanecer!
Altino, bateu-me amigavelmente no ombro e disse: — Realmente, isso é verdade, mas por
amor às criaturas a que estão ligados ou à Humanidade. É dever e retribuição ao amor que
Jesus e os Grandes Espíritos deram sempre a todos nós. Cada ser se liga a outros seres
vibratoriamente, e cada um emite vibrações que podem ser de amor ou de ódio, de Bem ou
de Mal. Quem recebe, cresce em amor ou sucumbe pelo ódio, ou desprezo, pelo não se
interiorizar com essas forças. Depende dele mesmo receber ou não. Sintonizamos por
afinidade e nós criamos em nós mesmos, pelo que somos, o Bem ou Mal. Por isso, Jesus
ensinou: "A cada um segundo as suas obras". Não retribuir o Bem com o Mal, é uma Lei geral
que quem quer um dia ver a Deus deve observar. É preciso cultivar cada instante o Bem no
próprio coração para que Deus habite no Templo e no Santuário da nossa alma. Façamos do
Senhor o nosso Pastor e não sofreremos. Lembra-se de David? Então faremos assim e
viveremos na Vida Eterna. Fiquei pensando nas palavras e pensamentos de Altino que me
lembram o Rei David e Jesus Cristo! "O Senhor é meu Pastor e nada me faltará! Ainda que
eu andasse Pelo vale da Sombra e da Morte Nada temeria, Senhor,
Porque, tu estás comigo!" O Rei David fôra um poderoso médium e profeta e sabiamente
cantou as suas canções de amor a Deus que atravessaram os séculos! Vivera para Deus e
para os Homens e com Jesus estará conosco até o final dos tempos.
Na Terra
Descíamos velozmente e a terra se aproximava depressa. A atmosfera agora se tornara para
nós sufocante. Para os Espíritos que encontrávamos no caminho em menor escala ou grau.
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As Cores e o Planeta
Víamos, ao aproximarmo-nos da Terra, que a atmosfera que, para nós se tornava sufocante,
também mudava de tonalidade: o vermelho que já se acentuava, à proporção que
avançávamos se tornara marrom avermelhado e marchava para o cinza avermelhado e até o
negro. Os espíritos que por ali vagavam ou erravam exibiam o mesmo tom e seguiam
geralmente em grupo. — Que qualidade de Espíritos são esses? — Perguntei. Altino
respondeu: — São Espíritos de qualidade muito inferior. O colorido deles guarda relação com
o sentimento e o pensamento deles sob a influência vibratória do Planeta. A vibração do
Planeta, resultado da vibração dos seres que habitam e que dominam a Terra, exerce
influência geral sobre eles que por sua vez exercem influência vibratória sobre os habitantes do
Planeta. É portanto, influência vibratória sobre os habitantes do Planeta. É portanto, influência
dupla, daqui para lá e de lá para cá. Os Seres em todo o Universo influenciam-se uns aos
outros! Não disse Francisco: "É dando que se recebe?" E não ensinou Jesus: "Amai-vos uns
aos outros?" Única maneira de a criatura mudar-se a si mesma e também a sua vibração e o
seu colorido é adquirindo e recebendo o AMOR, ser Feliz e fazer os outros felizes ou pelo
menos começar a fugir do mal. O mal na realidade se instala naqueles que, embora não
pareça, no inconsciente ou no fundo do coração, amam o Mal. Aliás, a criatura humana,
inconscientemente ama o Mal e anseia pelo perigo. Daí ser neces-
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sário, em prosa e verso, como dizem os poetas, a necessidade de repetir o Bem e a urgente
necessidade de praticar e viver o Bem. Como vê, no Mundo espiritual, a nossa vibração que
nos dá o colorido, denuncia também a nossa condição inferior ou superior. Mas não é só
esse o meio de identificação. Há outros, muitos outros... E o Altino sorriu... Contudo
prosseguimos descendo.
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Mais Abaixo
Agora, descíamos lentamente, muitas Colônias Espirituais passavam por nós, tipicamente
terrenas. Citadas em alguns livros dos últimos tempos, ficaram conhecidas, a mais conhecida
era NOSSO LAR, que exercia trabalho socorrista muito valioso junto à Crosta Terrestre
recentemente revelada. Espirito de certa elevação, relativamente ao comum dos Espíritos da
Terra, empolgava o pensamento espiritual dos estudiosos dos assuntos espíritas do Mundo. O
Departamento chamado de Umbral era outra área que dominava. Deste ouviam-se gritos
lancinantes que às vezes atingiam os ouvidos dos que passavam na Estrada dos Mensageiros
a Caminho das Estrelas. Pensamento dominado pelas recordações do Portal do Sol, perguntei
ao Altino:
— Meu bom Altino, gostaria de receber e entender alguma coisa do que vi e ouvi no Portal
do Sol, é possível? — Alguma coisa sim, me será permitido informar, pergunte. — Tudo lá
me pareceu maravilhoso, perfeito, lindo. Lá é o Céu? — Não, lá não é o Céu, você já sabe
disso, não é? Onde se reunirem os bons é o Céu. Onde estiverem os maus é o Inferno! Isso
como área, localização... Céu, Inferno e Purgatório são estados de Espírito e estão na mente,
na consciência e no coração da criatura. Representam essa condição ou situação interior. Por
isso, devemos tomar muito cuidado com o que praticamos ou fazemos: nossos pensamentos,
atos e ações em todas as
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vidas, porque as recordações guardadas em nosso inconsciente espiritual ressurgirão de vez
em quando com intensidade constituindo o nosso Inferno ou o nosso Céu interiores. Cada um
constrói em si mesmo, o seu Céu ou o seu Inferno e neles viverá! O Portal do Sol não é o
Céu Interior que cada um traz dentro de si mesmo, mas pode ser comparado a um Céu
Exterior localizado onde estiverem os justos ou os justificados e os Espíritos em maior ou
menor grau de evolução. O lugar onde Paulo esteve em seu desprendimento ou em sua visão
que chamou de Terceiro Céu, não foi lá, nós acreditamos que foi no PORTAL DA LUZ, mais
acima há mais ou menos um milhão de "ANOS LUZ EVOLUÇÃO". Altino calou-se e eu
fiquei pensando...
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Referências à Segunda Morte
— Altino, meu amigo, também não me sinto suficientemente esclarecido quanto à Segunda
Morte... — Compreendo, meu filho, nem sempre ensinamos bem, depende da evolução do
Espírito que ensina. Nem todos conhecem bem todos os assuntos e dão aí, a sua opinião
pessoal, o que pode, às vezes, causar um pouco de confusão na mente do discípulo ainda não
preparado. Mas toda a informação dada por Espírito esclarecido tem uma base verdadeira.
Existe a morte referida por Jesus que Ele chamou de Segunda Morte, que é a morte nos
Planos Inferiores, seria uma explosão da mente espiritual que a faria em estilhaços, se assim se
pode dizer e comparar, como se a dividisse em centenas de partículas a Centelha Divina. Em
verdade seria a morte definitiva da figura espiritual que daria nascimento a tantas outras
individualidades que começariam a crescer novamente e que demorarão milhões de anos a
chegar novamente onde a Matriz está ou estava no momento da explosão. Outra, é a Segunda
Morte que assistimos no Portal do Sol e que é a SEGUNDA MORTE NOS PLANOS
SUPERIORES DO ESPÍRITO. Na realidade pode ser chamada de uma NOVA VIDA ou
de RESSURREIÇÃO já que se nasce para uma VIDA SUPERIOR. É em verdade nova
etapa evolutiva. Difícil de entender? — Não — Murmurei... —, contando assim, não. — De
fato, meu caro Kalicrates, o atraso na senda evolutiva de milhões ou bilhões de anos, é quase
uma
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morte definitiva. Como primeira notícia, em O ABISMO não se poderia esclarecer mais...
Respondi que sim e fiquei pensando seriamente. Será que esta nova notícia era melhor que a
primeira, ao entendimento humano, espiritualmente ainda infantil? Se Paulo, o apóstolo, não
encontrou condições de contar o que vira no Terceiro Céu, como iria eu exprimir com
palavras humanas as coisas do Portal do Sol? Vi que o Altino me observou cheio de pena e
talvez com piedade, porque me disse: — Filho, dura é a sua missão na Terra e terá que usar
muito amor e renúncia... Você vai ouvir muita coisa inconveniente e superar a si mesmo para
suportar a incompreensão humana! Só poucos poderão compreender... ore e espere. A
compreensão só virá com o tempo e devagar porque só os que estão preparados
comprenderão de pronto. Na oração você encontrará a paz. Se quando falou do Inferno não
o compreenderam, como o compreenderão quando falar do Céu? Lembra-se de Jesus a
Nicodemos? Pois é a mesma coisa. Para os homens, a nossa conversa é loucura! Mas temos
de prosseguir: é o nosso dever e por isso, prosseguiremos! É aquela história... "Os cães
ladram e a caravana passa!" Não se pode contar com a compreensão imediata de ninguém,
especialmente em assuntos espirituais... É necessário ter paciência mesmo! Notei que o
semblante do Espírito se entristeceu e uma lágrima rolou de seus olhos e Ele falou: — Não
sofra, meu filho, nem repare, vi o Senhor morrer na Cruz em Jerusalém!... Ouvindo-o,
compreendi o que me esperava! Difíceis e ásperos são os caminhos do mundo! Vivemos no
mundo sempre em tribulações! Se o Cristo morreu na Cruz e foi perseguido pelos homens, o
que poderemos esperar? Assim lamentara e ensinara Paulo. Na Terra, o caminho da evolução
será, ainda por muitos séculos, um caminho de dores, mas também de glórias espirituais! É
preciso viver e sofrer! A ressurreição no espírito se processa entre dores, sofrimentos e
inconnpreensões. Oscar Wilde, preso exclamara: "Sofrer é um longuíssimo momento!" É o
parto do
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Espírito. Só nas Esferas Superiores estaremos livres das dores, embora o Espírito sofra por
compaixão e amor aos que ainda permanecem nas trevas da ignorância e do mal!
As palavras do instrutor haviam me conduzido a profundas meditações! Minha alma
mergulhara no interior de si mesma como um peixe no oceano. Todavia, continuávamos
descendo. A distância, víamos muitos Espíritos na Estrada dos Mensageiros, uns descendo e
outros subindo. Os mais variados tipos evolutivos e das mais variadas cores, a maioria sérios
e compenetrados. Algumas caravanas voltavam buscando os caminhos da Terra. À frente
deles ia sempre um Espírito mais adiantado. Sabíamos pela cor. Geralmente, verde ou rosa.
Foi quando, surpreendido, percebi que eu também irradiava luz rosa. Altino sorriu para mim:
— Nunca tinha notado isso, meu filho? Você também é um Espírito! Fiquei envergonhado.
Nunca pensara que irradiava qualquer luz, mas uma idéia me acudiu: — Não será
conseqüência da sua presença? Altino sorriu mais uma vez e disse: — Não seja tão humilde
assim, meu filho, aqui é diferente do Mundo! Somos o que somos, acima e abaixo de nós há
muitos Espíritos. A Terra é o lugar onde as criaturas se enganam a si mesmas e parecem ser.
Iludem-se fingindo-se que são o que são. Orgulho, simples orgulho! Aqui estamos no mundo
da realidade, os monstros são monstros e os anjos são anjos! Aplica-se integralmente e
rigorosamente a palavra de Cristo: "A CADA UM SEGUNDO AS SUAS OBRAS". Por
isso viver bem é necessário. "Vê se a luz que tens em ti não são trevas". Também palavras do
Senhor. No Evangelho deixou tudo, é questão de ter olhos para ver e ouvidos para ouvir e
nós acrescentaríamos: e entendimento para compreender. Cada um tem em si mesmo luz e
sombra. E essa luz e essa sombra nos acompanharão em todas as horas de nossa vida até que
sejamos apenas luz!
116
Meditando
Contemplando o pomar e as frutas pendentes das árvores espalhadas por toda a parte,
meditava sobre a semelhança com os frutos terrestres, muito admirado com a quase igualdade
existente muitas vezes, já observara, mas nunca tivera uma explicação de um instrutor mais
elevado. Mas o Altino percebeu-me a indagação porque logo falou: — Meu caro Kalicrates,
de um plano ou de uma Esfera a outra que se segue imediatamente acima não há muita
diferença, são quase iguais por exemplo, do plano 1 para o 2, tudo é quase igual, porém se
estudarmos ou observarmos do plano 1 comparado com o 100, com o
200, com o 500, com o 1000 etc... etc... A diferença é imensa das habitações, das
moradias,dos objetos e até do modo de vida... Isso porque se houvesse muita diferença,
como já lhe falei antes, os recém-desencarnados sentiriam um abalo tão grande que ficariam
perturbados ou loucos! Tudo no Universo é gradativo, as mudanças completas e bruscas são
raras... Existem mas são raras... A Natureza não dá saltos, lembra-se do Ensinamento lá da
Terra?! Permaneci meditativo. Compreendi que as leis de Deus que governam o Universo são
realmente sábias e perfeitas. A distância entre a Inteligência Divina e a Humana não tem
limites. Deus legisla muito além da percepção humana. Nos planos onde os Espíritos vivem e
vagueiam ainda não há possibilidades de ver a Deus! Embora os mais adiantados tenham
alcançado o que para eles já é Luz .é apenas uma espécie de luz ou apenas uma espécie
117


de sombra e os seres que aí habitam são seres que já estão assumindo formas, atitudes e
hábitos de vida dife- rentes. Já se transformam em direção à Unidade através da diversidade e
da variedade. Altino sorriu, bateu-me nas costas levemente e comandou: Prossigamos, já que
a Lei nos manda prosseguir com Jesus. E assim, fomos descendo.
Minha mente, no entanto fervilhava de estranhos pensamentos. Viajara, através do
pensamento, conduzido por um veículo que era eu mesmo e às vezes dentro de uma nave
espacial, de forma e proporções que o Mundo terrestre ainda não conhece para Esferas
longínquas... Ou não? Seriam aqui mesmo? Ouvindo-me o pensamento, Altino logo correu em
meu auxílio: — Meu amigo, calma, vamos com calma e você aos poucos entenderá. A
criatura espiritual viaja dentro de si mesma e também consigo mesma... Os pensamentos são
produto da sua atividade mental e andam de mente em mente, são seres vivos depois de
gerados pela mente e facilmente captados por mentes afins. Nelas se agasalham e aí podem
viver. E daí podem sair para outra mente. Manter-se proprietário deles para sempre, é
impossível. Assim, viaja-se pelo pensamento ou através do perispírito. Como se vai de um
país a outro, vai de uma Esfera a outra. Em verdade, dentro do perispírito estivemos física e
espiritualmente no Portal do Sol, que é próximo do Terceiro Céu de que fala Paulo, o
Apóstolo... Entendeu agora? E os grandes Seres que você viu e as figuras estranhas e
diferentes que você viu são reais. É lógico que vimos apenas superficialmente e apenas a
Cerimônia, mas vimos o Portal, não em profundidade... Mas vimos! Se voltaremos lá? Não
sei... Depende de Ordens Superiores. Se recebermos, voltaremos.
118


A Terra que estava muito vermelha se tornara e começara a escurecer. Mergulhamos nela
para retornar às regiões onde habitávamos com a esperança de um dia rever o vasto Mundo
do PORTAL. Visão perdida no Infinito, contemplamos a Lua cheia que muda lembrava a
maravilhosa presença de Deus.
20/08/88 Ranieri
119

R. A. Ranieri
A Segunda Morte
III Parte
Médium: R. A. Ranieri
Pelos Espíritos de Altino e André Luiz

Meditando Ainda
A Segunda Morte não saía do meu pensamento como uma obsessão. ia e voltava. Borboleta
insistente que volteava sobre a minha mente e tentava invadir-me a casa mental. Altino,
carinhosamente, aconselhou-me: — Não se preocupe, meu filho, quem falou na Segunda
Morte foi Jesus Cristo e as palavras do Senhor não passarão nunca! Ele mesmo disse isso:
"Passarão os Céus e a Terra mas as minhas palavras não passarão". Sei, Kalicrates que os
homens da Terra se surpreenderão. No entanto, você assistiu a Cerimônia da Segunda Morte
em dois tempos, no plano inferior, quando a identidade do Ser se desfaz para renascer em
centenas de outros e quando pelo aprimoramento no Plano Superior, adquire forma Superior,
mais apurada e marcha para uma vida mais elevada. Os seres evoluem sempre e crescem em
si mesmo. Na realidade, nascemos como seres espirituais incompletos. À proporção que
evoluimos vamos desenvolvendo novos órgãos e criando um novo organismo. — Então não
somos completos? — Não, não somos. Crescer para Deus é uma verdade incontestável!
Crescemos em nós mesmos e conquistamos novas percepções espirituais. No Cosmo cada
um nasce, se desenvolve, cresce e avança ao encontro da Consciência Divina. Deus vive em
nós e nós vivemos em Deus, segundo a Palavra de Paulo. A Segunda Morte verdadeiramente,
é uma forma de vida. Em Deus, tudo é
123


Vida e Eternidade. A morte é apenas o nome da Transformação Eterna. Por isso, Sócrates
tinha razão, conhece-te a ti mesmo, estuda-te e trabalha no interior da tua alma! Disso, não
fugiremos. Também, por isso bom é que nos aproximemos dos Santos e com eles
convivamos, principalmente em pensamento. Assimilamos o seu modo de pensar e de viver! É
vivendo que crescemos para Deus! É preciso viver os ensinamentos dos Mestres, não basta
apenas conhecê-los, decorando-lhes os termos. A Palavra é morta, só o Espírito é vivo! É
preciso viver! "Tomai e comei, este é o meu corpo! Tomai e bebei esta é a minha alma"! Estas
são palavras do Mestre. Simbolizou no vinho e no pão os ensinamentos, dizendo com isso
que deveríamos assimilá-los, incorporá-los ao nosso organismo espiritual e vivê-los como se
fossem nós mesmos! Seriam dali por diante na realidade a nossa carne e o nosso sangue. O
verbo se fez carne e viveu entre nós! Assim quis o Senhor que fosse a sua Doutrina entre os
homens! A Segunda Morte é o primeiro sinal maior da renovação Espiritual no caminho dos
Espíritos que fazem a sua Evolução nos caminhos da Terra". Dos nascidos de Mulher, Ele é o
maior, mas no Reino dos Céus, Ele é um dos menores!", não foram essas as palavras de Jesus
a respeito de João? A Segunda Morte nos Planos Inferiores, porém, é uma espécie de
explosão atômica! O Espírito cai em si mesmo, cai mais e vai caindo sempre, se retraindo e
contraindo, egoisticamente, até que explode! Como em sua intimidade é uma centelha divina
não deixa de existir como centelha divina e eterna, mas desaparece como identidade ou seja
como criatura personalizada e volta à ignorância do princípio. Entendeu? Sacudi a cabeça e
disse: — Meu caro Altino, compreendi mas não entendi... Altino riu, abraçou-me e falou: —
Um dia entenderá. O tempo é o tesouro do homem; disse Emanuel, e podemos acrescentar:
O TEMPO É O TESOURO DO SER!
124


Admirado, contemplava o orientador Altino, que nos caminhos da Terra me explicava as
coisas do Céu, que eu dificilmente entenderia, contudo ia raciocinando com aquelas novas
informações. Agora, eu já compreendia que adquiri o Conhecimento e o Amor era uma longa
jornada dentro de nós mesmos. Cada um, no momento em que nasce o Espírito, inicia o seu
trabalho de evolução ou então estaciona no tempo, permanece na ignorância ou se perde em
si mesmo e começa a cair em si mesmo, no próprio interior de sua alma. Tem tudo para subir
ou descer, crescer ou estacionar, viver ou morrer, e até desaparecer como individualidade.
Esses ensinamentos novos abriam meus olhos, para uma compreensão maior das coisas do
Infinito. Minha visão dilatava-se diante da Vida Imortal e do Cosmo Interior! Começava, de
certa forma, a ver Deus em mim mesmo! Ouvi de novo a voz de Sócrates: "Conhece-te a ti
mesmo", na Praça do Mercado de Athenas! Ressoava em meu íntimo e me lembrava como
Deus em Sua Sabedoria alertava-nos de tempos a tempos e de milênios a milênios, através de
seus grandes Mensageiros, o caminho a Seguir, as almas e os seres em sua milenar ignorância
teimavam em não entender!
Pensava eu nessas coisas, quando ouvi a voz de Altino ressoar no interior de minha casa
mental:
- A morte só existe como transformação, é, na realidade, quase uma ficção! Não existe morte
eterna! O ser é anulado ou se anula a si mesmo! As leis da vida não aceitam a inércia, pois a
inércia é estacionamento e paralisia e paralisia assemelha a morte. Estacionar é morrer! Vida é
movimento! Em Deus tudo trabalha e vive, vive e existe! Quando tudo cessa o ser começa a
morrer. O que chamamos de morte na Terra, não é mais do que para o ser humano uma das
primeiras transformações. Tudo que existe é vida eterna com eterna transformação. A
Segunda Morte de que falamos agora, no cumprimento da Palavra do Senhor, é para o
homem terrestre a seguir,
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assimilada numa série infinita de transformação porque passa o ser no extenso processo
evolutivo que conduz a Deus que lhe deu a Vida Eterna.
As palavras do Altino caiam em minha alma com a sonoridade do princípio, como orvalho da
madrugada sobre a pétala da rosa recém-nascida! Meu coração batia acelerado e eu sentia
renovar-se em mim as esperanças sublimes do eterno amor e da eterna justiça! Naquela hora
Deus vivia em mim e eu vivia em Deus, calmo e sereno sem articular palavra ou pensamento.
E quedei-me extático invadido por uma alegria Superior e Eterna! — Meu filho e meu amigo
— Esclareceu ainda o Grande Espírito —, a morte que simboliza a paralização eterna, só
existe na imaginação do Homem, o Espírito que não mais passa por transformações
compreende logo que os corpos que usa, sejam físicos ou espirituais são maquinismos vivos
que estão permanentemente em movimento e a atividade permanente é a expressão de todas
as coisas do Universo. Nada é extático. A vida se manifesta em atividade permanente e
eternamente se transforma. Os seres no Universo imenso são a manifestação da vida de Deus.
Por isso, razão tinha o Apóstolo quando afirmava que tudo e todos estavam em Deus, nele
viviam, se moviam e existiam. Nós estamos em Deus e em verdade, por isso, disse Jesus:
"Vós sois deuses". Evidentemente, deuses, por sermos uma centelha divina e pela
imortalidade... Mas apesar disso, precisamos através dos milênios conquistar a glória de com
o Senhor, sermos um com o Pai. Altino falou e eu pude ver duas lágrimas de emoção
espiritual em seus olhos e percebi que imensa onda de safirina luz se irradiava de seu
coração..
Atravessamos a noite avermelhada e cinzenta e começávamos a divisar o sol que nascia
devagar na linha do horizonte da Terra... E já nos aproximávamos lentamente
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como dois pássaros erradios. Sentíamos agora a opressão da atmosfera do mundo carregada
de estranhas vibrações.
A volta era, realmente, sofrida e dolorosa. Não havia aqui a leveza das regiões superiores do
Espírito e Altino esclareceu: — Necessário é que o Espírito primeiro se espiritualize e suba
dentro de si mesmo e isto Deus permite a todo Espírito. Cada um assim se torna obra de si
mesmo e trabalha no interior da própria alma. Concede-lhe a Misericórdia Divina os
instrumentos de que necessita: a possibilidade de manter a consciência reta desde que o
queira. A vigilância constante para não se desviar da Lei, o anseio de evoluir e o amor, se o
despertar, com outros seres, fazendo cada um irmão de toda a parte e mais alguns
instrumentos que aceleram a máquina espiritual que é o Espírito. Crescer ou estacionar em si
mesmo é problema de cada um, direito de todos! No Universal concerto da vida cósmica
cada um representa um instrumento musical que, no entanto, será a glória da música toda em
conjunto.
íamos lentamente descendo e sentindo a diferença dos ambientes, quando pensei: Seria o
Portal do Sol aquilo que comumente se chama de Céu? Altino, mansamente sorriu: — Não
Kalicrates, não, não é o Céu do Catolicismo ou do Protestantismo. Mas é uma região de Paz
do Espírito... Lembra-se? Onde se reunirem os bons aí será o Céu e onde se reunirem os
maus, aí será o Inferno. Céu e Inferno, vamos repetir, para gravar, cada um traz dentro de si
mesmo. É construção interior de cada um, a reunião de muitos bons forma uma Zona de Paz
e aí será um Céu, ou zona de vibrações de ódio, dor e maldade e então será o Inferno! Onde
permanecermos com nosso clima de paz ou de ódio serão o nosso Céu ou o nosso inferno
localizado. Céu e Inferno, levamos conosco dentro da alma e

127
trabalhamos na sua construção cada dia, cada hora, cada minuto e cada instante! Não nos
esqueçamos: "cada um é o construtor de si mesmo dentro da Misericórdia Divina!" Ouvindo a
palavra sábia do Espírito quedei-me no silêncio da minha alma!
Súbito, vimos alguns Espíritos, que nos pareciam amigos, que se aproximavam vindos da
Terra. Sentindo-me, talvez, a inquietação, Altino, murmurou: — Não se preocupe, meu filho,
são amigos. Na realidade, estamos numa região de vibrações pesadas que é a região da
Terra, mas Deus está conosco! Tenhamos fé e coragem! Compreendi que havia uma
informação secreta naquelas palavras por que disse o Altino aquilo? Os Espíritos
aproximaram-se e interrogaram veementes: — Vocês, o que fazem nestas regiões? Não são
Guias? Apesar da agressividade das palavras Altino respondeu: — Queridos Irmãos e
amigos, estamos retornando de uma excursão espiritual por ordem de Mensageiros! . — Eu
sei! — Disse um daqueles espíritos, de fisionomia agressiva. Por acaso vocês voltam do Céu?
— Como sabe, meu irmão? — Porque essa é a estrada que vem das colônias mais altas
segundo consta! Por aqui passam todos que buscam o Paraíso! Por acaso, vocês não são
anjos do Paraíso? Altino percebeu a zombaria porque respondeu novamente. — Não somos
anjos do Paraíso, porque para Deus e o Cordeiro a Lei é uma só e todos podem visitar ou
viver no mesmo lugar! O outro, um tanto despeitado, perguntou: — E como posso fazer isso?
— Dedicando-se a você mesmo, mudando o modo de pensar e de agir!
128


— Já entendi, você quer que aceitemos as idéias do Cordeiro? — Não sei quais são as suas
atuais idéias, mas sei que esta Estrada é a Estrada do Bem e só por ela se vai para o Paraíso!
A outra é a estrada do Dragão que conduz ao ABISMO e ao Império dos Dragões! A cada
um é dado o Direito de escolher! — Mas nós não queremos seguir o Cordeiro nem os filhos
do Cordeiro! Eu sei — Disse Altino vocês têm o Livre-Arbítrio e vão para onde quiserem.
Não são obrigados a tomar esta ou aquela estrada! A cada um segundo as suas obras... Essa
é a Lei...
Vi logo que aqueles Espíritos não eram amigos, como pensei à primeira vista... — Não, meu
filho — Exclareceu o grande amigo que me conduzia —. Nas regiões da Terra, infelizmente,
reina a hipocrisia e a maldade, o mal e a deslealdade mesmo entre os que mais parecem
amigos. A nós compete distinguir o Bem do Mal. Nos pequenos gestos e nos atos menores se
identificam com mais freqüência as falhas dos que conosco convivem. Contudo, devemos
compreender, fingir que não vemos, perdoar e esquecer, mas sempre que possível orientar
para o Bem, pois Jesus disse à mulher pecadora: Vai e não peques mais! Ela apesar de
perdoada, não ficou sem orientação para o futuro! Sábias eram as palavras de ALTINO e
sobre isso fiquei meditando.
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Novos Seres
Mergulhados na atmosfera terrestre, nossa caminhada seguia ao encontro da Superfície, cada
vez mais escura! Realmente, a visita ao Portal do Sol me impressionara muito e sentia, de fato,
que retornara do Paraíso há séculos decantado pela Humanidade e pelos grandes Poetas do
Mundo e Escritores. No entanto, nenhuma descrição humana igualava a realidade. Era
indescritível! Ali encontrara criaturas diferentes com características novas. A descrição ou a
menção dos Livros Superiores não bastavam para dar uma idéia precisa da realidade
espiritual, o fator de os Espíritos e os grandes médiuns usarem uma linguagem simbólica, no
Plano Espiritual Superior as vibrações e as irradiações representavam muito ou é quase tudo!
Evidentemente na natureza tudo se transforma e vive. Adquirindo novos órgãos, adquirem
nova forma de expressão e manifestação que o ser inferior não possue. O Universo ostenta
milhares e milhões de seres diversificados. Conforme o ambiente assim serão os seres que o
habitam. Surpreenderam-me a princípio as libélulas. Altino também me surpreendera com as
meditações porque disse: — Compreendo as suas surpresas, que considero naturais.
Contudo, devemos nos habituar com a idéia de que a Evolução é transformação sob o
impulso do pensamento e do desejo de mudar para o Bem na criatura que atinge o Reino
Hominal. Aceitando e vivendo essa idéia, mais fácil se torna compreender e transformar-se. A
substituição dos pensamentos maus pelos bons, areja a casa men-
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tal e promove a transformação interior de todo o organismo espiritual ou perispiritual. Nas
zonas do pensamento comum a substituição do modo errado de pensar pelo Bem é tudo. Aí é
que começa a vida nova e uma nova vida. As percepções se ampliam e o organismo adquire
nova freqüência vibratória e se renova! Na casa mental está o motor que aciona a vida! —
Altino — Perguntei um tanto inibido —, e os seres com asas que encontramos, o que é
aquilo? O Espírito contemplou-me com ar compadecido e ensinou: — Meu caro Kalicrates,
essas figuras já são conhecidas desde a Antiguidade! Os antigos já falavam delas. A Bíblia
cita-as, o Apocalipse faz referência a algumas delas, os livros sagrados dos Egípcios e dos
Indus. Naturalmente, usam nomes diferentes mas sempre falam delas. A Mitologia também de
certa forma alude à sua existência. Nas legendas de São Francisco, especialmente nos "I
FIORETTI" conta-se o caso dos estigmas e ali aparece Jesus Cristo que aparece como um
Serafim. Você por aí vê que não contamos nada de novo. Disse Salomão que não há nada de
novo debaixo do sol... e é verdade... — Bem — Acrescentei —, mas o que me preocupa é
se um dia seremos mesmo um deles. — Seremos. A Evolução é Lei e será executada por
todos, assim é o Universo. E o Universo é obra de Deus e na realidade é Deus em todo o
vigor da sua existência! Houve até um filósofo que disse: "O UNIVERSO É O CORPO
ESTRUTURAL DE DEUS". É na verdade apenas um pensamento de um grande Pensador,
mas exprime bem a idéia de Deus e do Universo. Os seres vivos espirituais evoluem através
das formas em demanda do Infinito do tempo. Poderemos dizer mesmo: Tempo e Eternidade
mantêm e conduzem o Espírito que só é eterno dentro deles. O amor une os seres com a
ajuda do Tempo que se torna eterno. Bem e Mal se dissolvem na engrenagem do tempo e se
encontram um dia na alegria da Eternidade. Ser e não ser são duas aparências de uma mesma
coisa. A Imortalidade não é mais do que Deus em nós. E Deus em nós
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é a vitória do Amor na chegada final de Tempo e Eternidade. Altino brilhava em todo o poder
de sua grandeza espiritual e notei que quando falava de Deus se transformava e tinha eu a
impressão de que lhe via asas sobrenaturais que brilhavam intensamente.
— Sim, meu filho — Continuou Altino —, a intensidade das vibrações do próprio Ser, por
evolução, seguindo um plano espiritual divino, se articula em asas e parecem asas! A libélula é
uma primeira fase nesse campo e o Espírito saindo da animalidade começa a se transformar.
Tão surpreso fiquei que Altino, carinhosamente, me esclareceu: Ninguém cresce, mesmo
espiritualmente, de qualquer maneira. A Natureza é Universal, não é particularizada. Deus está
em tudo e em todo lugar. Os seres crescem e vivem segundo uma programação divina. Assim,
as formas não se modificam de modo brusco, elas se transformam lentamente no correr dos
séculos e dos milênios. Ninguém se transforma em anjo da noite para o dia, mas se
transforma segundo a Lei de Evolução. O modo de pensar, de ser e de viver aceleram e
determinam a transformação da forma. O ser é que se espiritualiza e cresce com a tendência
que refletem os seus ideais para cima e para o alto o sentimento de liberar-se, o que lhe
desperta vibrações que semelham asas. Sei que você não entenderá, mas sei também que
ficará gravado em sua memória integral. Ninguém estaciona na ascenção espiritual, pode, no
entanto estacionar se não quer melhorar. É como um motor que não parasse sozinho. Mas
pode ser parado. O LivreArbítrio, concessão divina é lei que equilibra o Universo. Querer e
não querer estão impressos na consciência do ser. As leis divinas não trazem em si a marca da
violência. A violência é apenas desequilíbrio e desequilíbrio é morte e estacionamento
espiritual... O mecanismo da alma pára, quando somos invadidos pelo desequilíbrio. Na
realidade o mal é também somente estacionamento e desequilíbrio. Evoluir é, em verdade,
equilibrar-se em si mesmo. A busca do equilíbrio e consegui-lo é evoluir e crescer para
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Deus, porque Deus é o Centro Universal do Equilíbrio. Equilíbrio é o Bem e Desequilíbrio é o
Mal e a origem de todos os males.
Altino cessou de falar e eu o contemplei extático, sentindo que, realmente, ele era uma fonte
suave de sabedoria de onde jorrava silenciosamente a água pura e sublime do amor e da
verdade: Compreendi também que equilíbrio era amor, compreensão e entendimento. E vi que
a Esfera Suprema criava na criatura a serenidade e a paz. Eu ainda estava dominado pelas
imagens do PORTAL e por tudo o que vira e que me acontecera e não conseguia afastar o
pensamento daquela colônia, dos Espíritos e de tudo o que vira lá. O Irmão Francisco, que
recebera Einstein, e que conduzira à Segunda Morte e presidira a cerimônia, desfilava em
minha mente com insistência irresistível! Aquelas criaturas luminosas, o perfume que invadira a
todos e as belíssimas flores de intenso brilho e beleza que se espalhavam pelo imenso jardim!
Tudo era profundamente tão belo e sobrenatural como num conto de fadas! E todos nós, um
dia, seríamos assim?! — Seremos — Acrescentou Altino —, essa é a Lei da Evolução.
Somos partículas de Deus que dEle nascemos e que a Ele voltaremos, depois de peregrinar
pelos caminhos ásperos e difíceis da Imperfeição e do Mal! — Mas por que isso? — Tal é a
Lei. De Mundo em Mundo e de forma em forma, nascendo e renascendo, entrelaçados com
os demais seres das Trevas para a Luz, através do Mal voltaremos ao Bem, engrandecidos e
iluminados!
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Seres Inferiores
A proporção que avançávamos íamos encontrando pelo caminho criaturas menos belas e mais
materializadas, profundamente diferentes dos lugares que percorríamos. Fisionomias que,
naturalmente, já conhecíamos. Em todos os caminhos e em todas as estradas e rotas
encontram-se seres diferentes e diferenciados, mas à aproximação de orbes como a Terra
proliferam e perambulam os seres inferiores e estes tendem mais para o feio do que para o
belo. O pensamento Superior forja formas belas ao passo que o pensamento Inferior modela
formas cada vez mais feias até atingir o horrível e conduzir a criatura para os desvãos das
trevas mais densas. Cabe ao Espírito sentir em si mesmo os anseios do Bem e da Beleza, da
Perfeição e do Sublime conquistando os veículos de linhas dinâmicas e aéreas que o levam ao
Infinito! O feio e o horrível no ser é resultado da sua permanência no Mal e o Belo é
conquista da alma que cada vez mais se espiritualiza. Subimos ou descemos dentro de nós
mesmos, consciente ou inconscientemente conforme manifestação de nossa vontade, oculta ou
não. Você já ouviu isso, não é Kalicrates? — Perguntou Altino, encimando suas maravilhosas
e sábias palavras.
A atmosfera mais se escurecia. Aos Espíritos mais adiantados, porém, era fácil ver. A sua
visão, viam tudo. Embora imperfeito em relação as Altas Esferas, ali, eu também vía.
Naturalmente, Altino, mais do que eu. Assim,
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passou um magote de espíritos maus, que logo nos assediaram dizendo impropérios e
zombarias: — Então, vocês visitam as sombras e vêm do céu? Infelizes adoradores do
Cordeiro! Um dia libertaremos o Dragão e ele nos protegerá. E levantavam os punhos em
desafio... Deles partiam bolas negras como se atirassem pedras. Altino, com certeza, poderia
revidar se quisesse, com vibrações e jatos de luz, mas não o fez. Admirei-lhe a humildade.
Compreendendo meu pensamento, o grande Espírito sorriu e esclareceu: — Não é revidando
agressões físicas ou verbais que crescemos diante de Deus. Suportar e perdoar é desenvolver
qualidades superiores que jazem no coração como pás saros mortos. Entendi a lição e
prosseguimos.
Por aquelas regiões fomos encontrando dezenas de espíritos de aspecto mau e de fisionomias
feias ou más que irradiavam vibrações repelentes e horríveis que causavam mal estar.
Recebíamos ondas de estranhas vibrações como as ondas de um mar pestilento e de péssimo
odor. Tudo muito ao contrário do Portal onde só havia luzes, cores e perfumes. Aqui a
coloração era sombria e tudo escuro. Lá havia claridade, luz e colorido. A suavidade era o
clima permanente. Ao contrário, enfrentávamos agora forças do mal e irradiações de temor.
Os Espíritos aqui eram mal encarados e maltrapilhos! Região de tristeza e sombra e nós
viajávamos para a Terra! Comecei a sentir pena dos homens. Foi quando avistamos um grupo
de três que comandavam um grupo maior de aspecto tenebroso. — Para onde vão? —
Perguntei. — Para a Itália. — Fazer o quê? — Insistir com Mussolini e seus adeptos para
colaborarem na deflagração da 3ª Guerra para a confusão dos homens e destruição do
Mundo!
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Altino talvez aproveitando o assunto, explicou: — Na superfície existem muitos espíritos que
vêm do Abismo e dos Sub-Abismos para promover desordem no Mundo, instigam os
governantes a fazer guerras de modo a estabelecer a perturbação geral no Mundo. Outros,
estimulam os ladrões e assassinos a fazer o mal. Na realidade ninguém está só. Há,
naturalmente, os Espíritos bons que orientam para o Bem. Daí é que vem a crença em que
toda a criatura tem um anjo bom e um anjo mal. Um soprandolhe as idéias de bem e outros
procurando ajudá-los a seguir o Mal. Isso tem um fundo de verdade. É lógico que não há uma
escala determinada para ser anjo do Mal ou anjo do Bem. Isso é questão de afinidade e cada
um é que atrai o Bem ou o Mal e conquista o anjo do Bem que o ajudará e atrai o anjo do
Mal que lhe soprará na consciência o anseio de praticar o Mal. Na realidade são Espíritos
ligados a eles por muitas vidas, o que lhes dá perfeita afinidade. Dessa forma, construímos o
nosso passado e o nosso futuro. Se não fôra assim, iria atribuir a Deus a autoria do Mal, o
que é errado.
Era para mim muito doce ouvir os ensinamentos do Espírito. Penetravam-me na alma
suavemente e iluminavamme a mente com claridades espirituais novas. Gostava de ouví-lo.
Pareciam-me músicas as suas palavras.
Dezenas de criaturas inferiores, de fisionomias estranhas passavam por nós, perambulando ou
buscando instintivamente regiões mais inferiores e isso o faziam por sentirem-se bem nesses
lugares. Em minha mente ressoavam ainda as palavras do Grande Espírito: "Onde se reunirem
os bons, aí será o Céu, onde se reunirem os maus, aí será o Inferno. Céu e Inferno estão
dentro de nós. Cada um constrói o seu Céu ou o seu Inferno. Céu é um estado de
consciência, não é um estado interior. É dentro da criatura que está o seu Céu ou o Inferno!"
E eu vendo aquelas criaturas esquisitas compreendia que carregavam o próprio Inferno dentro
da alma e que buscavam lugares escuros onde se aglomeravam.
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Sentindo-me as cogitações íntimas, Altino acrescentou: — Meu filho, essas coisas existem.
Evidentemente, não como as concebem muitos espíritos e muitos homens: como lugar
localizado, criado para esse fim como obra de Deus ou do Demônio. Existem em cada um,
obra de si mesmo, resultado do mal ou do bem que fizeram! Nós próprios construimos o
nosso destino dentro das leis divinas equilibrada ou desequilibradamente. Por isso, as criaturas
devem buscar primeiro o equilíbrio, e o amor é o artífice maior nesse trabalho. Os
representantes do mal procuram conduzir a criatura para o desequilíbrio, que é o seu reino!
Havíamos descido muito e pairávamos sobre uma cidade movimentada e fervilhante de gente
e de espíritos dos mais variados aspectos e vi que se misturavam bons e maus. — Por que
vivem misturados, os bons e os maus? — Porque só assim uns aprendem com os outros e
evoluem. É o processo que acelera a Evolução. No Mundo há Espíritos adiantados que se
encontram e convivem com criaturas menos adiantadas e adquirem conhecimento que não
adquiririam em outras faixas vibratórias onde não há possibilidade de se verem e se
entenderem, porque o superior vê e entende o inferior, mas o inferior nem sempre vê e
entende o superior. Só se este quiser e estiver em condições de permitir. Na verdade, não me
surpreendi, mas sabia que para muita gente, isso era uma revelação. O espírito inferior vive
numa vibração mais lenta e o seu veículo é sempre mais denso. O Espírito Superior tem
vibração mais rápida e veloz e o seu veículo é mais leve. Dificilmente é visto ou sentido pelos
inferiores! Ou eles têm que elevar a vibração ou o Superior tem que baixar a sua. Nos dois
casos não é muito fácil embora possam fazê-lo. Esse fato obedece à Lei de Afinidade que é
inalterável em todos os planos, faixas vibratoriais e Mundos! É Lei Eterna! imodificável,
inalterável, portanto! Quedei-me pensativo. O Universo é assim constituído, é vontade de
Deus.
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O Sub-Abismo
Aproximando da crosta terrestre naquela volta das Esferas mais elevadas, compreendi que
meu amigo e mestre Altino, fazia com que visse de novo as condições inferiores em que
vivíamos. Compreendi também que era uma lição de humildade, necessária a quem for a
regiões superiores sem merecer. A diferença das condições dos seres que agora
encontrávamos, evidentemente, aplacava qualquer sentimento de vaidade, orgulho ou glória
que pudesse brotar em nosso Espírito. E na verdade, senti isso. Fiquei imensamente pequeno
dentro de mim mesmo. Via, assim, a que distância espiritual estávamos da glória de Deus.
Teríamos que avançar milênios no interior da própria alma para alcançar o Reino de Deus,
despertando cada dia novas faculdades que estavam adormecidas em nós mesmos e ali
jaziam imobilizadas por milênios, aguardando o despertar de nossos anseios de nascer e
crescer de conformidade com a Lei de Evolução. Porque pela Lei despertaremos sempre
para as coisas espirituais que dormem em nós no fundo da nossa consciência. Se tudo é vida
no Universo, natural é que a força da Lei nos desperte de tempos em tempos. Todo ser
despertará para prosseguir a jornada evolutiva reiniciando nova etapa para o alto. Evoluir é
trabalho incessante e árduo que o Espírito tem que realizar em si mesmo. Ele é o artífice da
construção permanente da própria alma. Na verdade o ser não é completo, precisa ir se
completando à proporção que evolue. Aqueles ensinamentos do Altino cairam-me na alma
com a ressonância de coisa nova e com um novo sabor.
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Sentia neles o gosto de eternidade e ficava abismado da minha ignorância sem limites! De
fato, em permanência como tantos outros, milhares de anos adormecido! E vinha outra vez o
pensamento de Paulo: "As crianças se dá leite... " Como a criatura custava a atingir o ponto
de receber e entender notícias mais adiantadas das coisas do Universo! Como queríamos
entender Deus? Muito limitada e acanhada é a capacidade de compreender Deus! .. Os
Espíritos e os Homens ainda permanecem nas sombras incapazes e cegos para vislumbrar os
raios do sol espiritual! Deus está em nós e nós estamos em Deus, Nele existimos, vivemos e
nos movemos, mas não podemos sentir as suas poderosas vibrações de Eternidade e de
Amor!
Eu não conseguia impedir o anseio íntimo de conhecer mais, de saber, de sentir... Sentia em
mim fervilhar o borbulhar da Espiritualidade como poderia ter dito o poeta... Minha mente não
sossegou, queria saber! No recesso de minha alma correntes desconhecidas corriam em alta
velocidade e despertavam o desejo de conhecer! Muita coisa não compreendi e queria
compreender! Ao mesmo tempo reconhecia que já havia recebido muito! O fato de me ser
permitido viajar com instrutores da envergadura de André Luiz e Altino era evidentemente,
uma concessão especial, que não merecia. Compreendia e agradecia esse fato com humildade
ilimitada e com lágrimas nos olhos. Parecia-me uma oportunidade conseguida por intercessão
de Altino que se empenhava usando o seu crédito pessoal junto às Esferas mais altas do
Espírito. Seria esse interesse motivado por problemas existentes em reencarnações passadas?
Grandes eram os laços que nos uniam e também grandes e necessários os acertos na esfera
íntima entre nós dois. O passado, embora distante, ainda era vivo e nos arrastava à
reconciliação permanente. Já vivíamos no campo do amor, imortal e eterno. Compreendia e
aceitava como um filho o gesto do pai que voltava para ajudar, amparar e reabilitar! Se por
ventura um dia, que eu não acreditava, me devera alguma coisa, agora em troca, me dava o
Céu! Pensando e sentindo essas coisas, baixei a cabeça sob o peso da minha pequenez e
ignorância. Eu não era
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mais que um menino ainda, espiritualmente, em face do Altino. Pai e filho? Talvez
Estávamos muito próximos da Crosta e ouvimos o sussurro de vozes que falavam na sombra
e o murmúrio de muita gente que circulava por toda a parte. Os mais variados e diversos
problemas me assediavam e me convocavam ao raciocínio. Por que tudo aquilo existia e por
que os seres não entendiam os outros seres nem se entendiam a si mesmos? Por que agiam
como agiam e Deus permitia? — Meu filho Esclareceu Altino, mansamente —, Deus fez o
Universo para todos os seres e Dele procede a vida e dentro é governado por suas leis, e aí
vivem eles. Conforme vivem, seguem a lei que os fez crescer e os eleva ou decrescem, se
rebaixam e atingem condições e climas inferiores vivendo no domínio de outras leis. No
Universo, você já sabe, tudo é lei e as leis governam os seres. Não há uma determinação
especial para cada um. Tudo é igual para todos. A mesma Lei que atinge um atinge todos,
dependendo do modo de cada um agir. Para isso, a Lei do Livre-Arbítrio, que funciona de
conformidade com a evolução de cada um. O Livre-Arbítrio será maior para o mais evoluído
e menor para o menos evoluído. Ensinamento novo, meu amigo, para os mundos inferiores.
Parecerá estranho para os atuais homens e espíritos da Crosta do Mundo esse ensinamento,
mas podemos comparar as criaturas espirituais ou não às crianças para efeito de estudar o
Livre-Arbítrio: o entendimento de uma criança está em relação à sua idade, desenvolvimento
intelectual, sentimental e de mais possibilidades. Embora a criatura humana tenha direito ao
Livre-Arbítrio total, a possibilidade de exercê-lo em sua totalidade é limitada. Tanto maior
será o Livre-Arbítrio quanto maior sabedoria possuir. Além disso o seu conhecimento das
coisas do Universo amplia essas possibilidades. Quem tem pouco conhecimento e pouca
sabedoria tem o Livre-Arbítrio limitado ao grau de conhecimento e sabedoria. Aí, se poderia
dizer, a cada um segundo o seu conhecimento e sabedoria. Conhecer e sentir é ampliar os
horizontes da alma! Fundamentalmente, é lógi-
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co, todos têm o mesmo direito e são iguais, mas sabendo e conhecendo mais, se age com
maiores possibilidades e justiça. Logo, menor é o Livre-Arbítrio de quem sabe menos. Para
se entender perfeitamente isto, como tudo o que há no Universo é preciso ter vivido mais as
situações que são apreciadas. As coisas de Deus têm que ser sempre vividas, sentidas...
Entendeu, meu filho, o Livre-Arbítrio e lei igual para todos mas o uso do Livre-Arbítrio é
proporcional ao conhecimento e à sabedoria de cada um. Altino calou e eu fiquei meditativo
percebendo que estava diante de interpretação da Lei, porém com muita lógica! -- Em
compensação — Voltou a falar o Espírito —, quem tem maior responsabilidade diante da Lei,
tem que ser tratado com mais rigor! Se o uso que a Lei faculta aos que sabem mais é quase
ilimitado, o uso e a falta decorrente deles por sua vez é quase ilimitado em extensão e
intensidade. Entardecia e nós chegamos à Crosta logo. — Como viu e conheceu, meu filho,
existe além da Crosta a Sub-Crosta, ou a região abaixo da Superfície, onde os Espíritos estão
em condições piores. Mas o espírito só chega lá caindo em si mesmo, por responsabilidade
sua, não tendo continuamente vivido a Lei de Deus ou a Lei que eleva. A criatura ou espírito
se materializa ou se espiritualiza a cada dia, vivendo o mal ou vivendo o bem, vivendo a Lei.
Superior que espiritualiza ou desprende das coisas inferiores e materializadas ou vivendo e se
prendendo às coisas materiais e também se materializando a si mesmo e ao próprio coração.
Em verdade não há pecado, o que existe é afinidade com o Mal ou afinidade com o Bem, que
o próprio espírito desenvolve e cria em si mesmo. Assim, ele se materializa ou se espiritualiza,
cria o seu Céu ou o seu Inferno, nada mais. À proporção que se espiritualiza adquire o direito
de penetrar em regiões e agrupamentos ou colônia de espíritos mais elevados e crê que aí é o
Céu, um céu localizado, que na verdade por ser região de paz, tranqüilidade e amor pode ser
entendido como céu, ao contrário, agrupamento de maus onde só existem vibrações
inferiores, de violência e de maldade pode ser entendido ou chamado Inferno. Mas o Céu e
Inferno cada um traz dentro de si
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mesmo, na sua mente e no seu coração e se constroi a cada dia.
Notei que Altino vinha repetindo esses conceitos de tempos em tempos, a cada passo,
deixando-me compreender que esperava que ficassem gravadas na minha memória para
sempre!
Ainda pensava nisso, quando vi que havíamos chegado em Nosso Lar e éramos recebidos
cordial e afetivamente pelo Ministro Clarêncio que enlaçou Altino delicadamente, beijou-o e
convidou para entrar, após ter me cumprimentado efusivamente. Fiquei na Porta e os
acompanhei com os olhos do espírito e o pensamento vendo-os subir de túnicas esvoaçantes
e belas que eram o símbolo de sua evolução.
Médium — Ranieri — 17 de abril de 1987 Guaratinguetá — SP
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Obras do Autor
— Flores do Bem — João Vermelho no Mundo dos Espíritos — No Castelo do Ego —
No Palácio Encantado da Mediunidade — História de Cristo para Crianças Forças
Libertadoras — Materializações Luminosas — Recordações de Chico Xavier — Chico
Xavier e os Grandes Gênios — Chico Xavier o Santo dos Nossos Dias — O Prisioneiro de
Cristo — Sonetos Imortais — Assim Estava Escrito — Luz da Outra Esfera — O
Divórcio Segundo o Espiritismo — O Abismo — O Sexo Além da Morte — Aglon e os
Espíritos do Mar
EM PREPARAÇÃO — Jerusalém Libertada — O Império dos Dragões (André Luiz) —
O Rei dos Judeus — O Amor de Outras Vidas — Sócrates — A História Fantástica da
Minha Vida
NO PRELO — O Pensamento de Chico Xavier — Pensamentos Iniciáticos — O Reino de
Deus (Oscar Wilde)


e DAG GRÁFICA E EDITORIAL LTDA. Av. N. Senhora do O, 1782, tel. 857-6044
Imprimiu
COM FILMES FORNECIDOS PELO EDITOR

Digitalizado em junho de 2010.







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