"Queremos liberdade custe o que custar. Queremos justiça custe o que custar. Queremos igualdade custe o que custar." O lema da Organização da Unidade Afro-Americana (OAAU), fundada por Malcolm X em 1964, dá título a esta coletânea de discursos, entrevistas e declarações proferidas no último ano de sua vida. É nesse período, após romper com a Nação do Islã, que sua visão política ganha novos contornos e uma escala internacional.
Ao longo de suas falas – registradas em comícios no Harlem, debates universitários, fóruns militantes e encontros com revolucionários africanos e asiáticos –, Malcolm reflete sobre temas como solidariedade negra, autodefesa, anticolonialismo, internacionalismo, socialismo e a instrumentalização religiosa para fins de dominação. Fala sobre sua ruptura com Elijah Muhammad, a criação da OAAU, a necessidade de denunciar os Estados Unidos por crimes contra os direitos humanos, e a urgência de uma nova organização política para a luta negra.
Mais que um registro histórico, Custe o que custar é a documentação de uma transformação radical – a de um líder que, até seus últimos dias, buscou reinventar as formas de resistência à opressão racial e estrutural.
Malcolm X nasceu Malcolm Little em 19 de maio de 1925, em Omaha, nos Estados Unidos. Filho de pais ativistas, sua família foi sistematicamente perseguida por grupos supremacistas brancos, culminando com o assassinato de seu pai. Marcado pela fome e pela pobreza, Malcolm passou a cometer pequenos furtos e acabou levado pela assistência social. Pouco depois, sua mãe foi internada em um hospital psiquiátrico. Após alguns anos em um centro de reabilitação, já adolescente, Malcolm se mudou para Boston para viver com uma irmã. Vítima de racismo, abandonou a escola e passou a trabalhar em subempregos. Em janeiro de 1946, foi preso por roubo. Permaneceu encarcerado por quase sete anos. Nesse período, seus irmãos, convertidos ao islamismo, introduziram-no à Nação do Islã. Malcolm passou a estudar os ensinamentos do líder Elijah Muhammad, além de história, filosofia e questões raciais. Ao sair da prisão, em agosto de 1952, mudou seu sobrenome para "X", rejeitando a herança escravocrata de "Little", e foi nomeado ministro da Nação do Islã. Em 1958, casou-se com a educadora Betty Sanders (depois Shabazz), com a qual teve seis filhas. Em 1964, decepcionado com a Nação do Islã, deixou o grupo para fundar a Associação da Mesquita Muçulmana. No mesmo ano, realizou uma peregrinação a Meca, quando adotou também o nome El-Hajj Malik El-Shabazz, e viajou por diversos países do continente africano, estreitando relações com líderes e movimentos revolucionários. Ao retornar ao seu país, Malcolm fundou a Organização da Unidade Afro-Americana, uma entidade sem vínculos religiosos. Em meio a atritos com membros da Nação do Islã, com grupos supremacistas brancos e na mira do FBI, da CIA e do Departamento de Polícia de Nova York, passou a receber ameaças de morte. Em 1965, sua casa em Nova York foi incendiada. Na semana seguinte, durante uma palestra no Salão Audubon, em Manhattan, Malcolm foi assassinado aos 39 anos de idade. Até hoje não há respostas conclusivas sobre a autoria do crime.
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