quarta-feira, 10 de março de 2010

Livro: Criaçnas do Tráfico




Livro: Crianças do Tráfico

Obs: Apesar de o link estar com o nome(Meninos do Tráfico) do MV Bill, esse livro não tem nada a ver com aquele.
Por algum motivo que desconheço, no 4shared está uma confusão generalizada com esses livros.
Mas pode baixar esse link, pois corresponde ao livro da foto.Eu testei.
Kisses
Véra

Livro - CRIANÇAS DO 
TRÁFICO

http://www.4shared.com/get/68269021/5ecb8ca0/_2__Meninos_Do_Trafico_-_MV_BI.html



CRIANÇAS DO TRÁFICO UM ESTUDO DE CASO DE CRIANÇAS EM VIOLÊNCIA ARMADA ORGANIZADA NO RIO DE JANEIRO por LUKE DOWDNEY.

Obra eletrônica disponível na internet. 211 p. SETE LETRAS
Rio de Janeiro / 2003. Prefácio de RACHEL BRETT, abaixo:


Quando Luke Dowdney, do Viva Rio, me descreveu pela primeira vez as crianças em gangues de drogas nas favelas do Rio comparando-as com crianças-soldados, confesso que fui cética.

Quando vim a conhecer a natureza, escala e intensidade do
problema, aceitei a lógica de que o equivalente mais próximo é de fato a participação de crianças em conflitos armados.
Isto é verdade não somente por causa das realidades externas – o fato de crianças utilizarem armas militares e de que os números de mortos e feridos sejam tão altos quanto em muitos dos atuais conflitos armados – como demonstra a pesquisa apresentada nesse livro. As causas por trás e as realidades internas – para as crianças e suas comunidades – também têm muito em comum com o uso de crianças-soldados em situações de guerra.

Muitas crianças tornam-se soldados porque não têm muitas outras opções – economicamente, educacionalmente, em termos de proteção e status. Uma vez que entram, diminui ainda mais o leque de opções disponíveis para fornecer a mesma segurança, status e recursos. A pronta disponibilidade de armas leves e automáticas tem permitido
que as crianças se envolvam numa idade cada vez menor em relação ao que era possível anteriormente, e que usem força letal comparável à de adultos.

Ao mesmo tempo, a preocupação internacional para impedir que crianças sejam usadas como soldados não está baseada somente na necessidade de proteger as crianças da exposição aos ferimentos e mortes. Também reconhece que as crianças são diferentes dos adultos porque ainda se encontram em estágio de desenvolvimento – mental, emocional e físico.

Doutriná-los na violência, encorajando-os a matar e ferir os outros, cometer estupro ou tortura, distorce o processo de desenvolvimento. Isto afeta a criança individualmente, é claro, mas também tem um impacto no futuro da comunidade e da sociedade em geral. A pesquisa do Viva Rio e ISER mostra que embora crianças estivessem envolvidas em torno das margens do comércio de drogas na favela antes, a situação atual é qualitativamente diferente e está afetando a relação com a comunidade. A não ser que sejam tomadas medidas imediatas para conduzir a questão, é difícil achar que o aumento da violência e a diminuição na idade das crianças não vá continuar.

Seria isto então, outra manifestação de crianças-soldados?
Superficialmente, as semelhanças são espantosas: facções armadas, com armas militares, controlando territotórios, pessoas e/ou recursos dentro da favela e operando numa estrutura organizada. Porém a resposta é não, e torna-se importante fazer a distinção tanto por razões legais quanto práticas. Em primeiro lugar, regulamentos diferentes são aplicados em conflitos armados – crianças-soldados, por serem soldados, têm direito de agir como soldados e de serem tratadas como soldados – em outras palavras, em um conflito armado, têm direito de matar outros soldados e também podem ser mortas por eles. Em segundo lugar, conflitos
armados são situações excepcionais (a despeito da natureza
prolongada de alguns deles). A natureza excepcional da situação é um dos fatores que conduz crianças a entrar, assim como o fechamento das escolas, a falta de proteção em função da morte ou dispersão da família, a falta de comida por causa da interrupção da chegada de suprimentos, e outros.

Também pode-se assumir que o conflito armado chegará ao fim em algum ponto e a vida voltará ao normal. Em situações de conflito prolongado, em que crianças têm sido seriamente envolvidas, estamos aprendendo que o encerramento do conflito é somente o início da mudança da realidade interna e
externa das crianças soldados – ou soldados que tenham gasto sua infância nesse caminho. Contudo, a precondição para a mudança é o término do conflito.
Ao mesmo tempo, os paralelos com crianças-soldados são mais
próximos do que com outros grupos reconhecidos, como "gangues jovens" ou "crianças de rua", e muitas dessas experiências (positivas e negativas) na busca de soluções para as razões de as crianças se tornarem soldados, e para sua desmobilização e reintegração na comunidade, serão úteis em relação a esta situação de agora em diante definida como "crianças em violência armada organizada".

A pesquisa do Viva Rio e ISER é pioneira em identificar e demonstrar o escopo e as ramificações deste problema. Infelizmente, minha experiência com crianças-soldados me leva a acreditar que a nova fase da pesquisa irá mostrar que o problema de crianças em violência armada organizada não é de modo algum exclusividade das favelas do Rio de Janeiro. Esta é uma importante oportunidade para a comunidade internacional ficar atenta e começar a buscar soluções para o problema.

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Rachel Brett
Escritório Quaker das Nações Unidas


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