Carole Mortimer
Julia Especial nº 1
Título original: "Brand Of Possession"
Publicado originalmente em 1980 pela
Mills & Boon Ltd., Londres, Inglaterra
Copyright: CAROLE MORTIMER Tradução: MAYRA MOYA
Copyright para a língua portuguesa: 1982
ABRIL S.A. CULTURAL E INDUSTRIAL - São Paulo
Composto e impresso em oficinas próprias
Ilustração da capa: MIRÍAM R. C. ARAÚJO
EDIÇÃO COM 2 HISTÓRIAS
ESTRELA DO DESEJO
Carole Mortimer
Ë
PRAZER PROIBIDO
Karen van der Zee
PROJETO REVISORAS
Este livro faz parte de um projeto sem fins lucrativos.
Sua distribuição é livre e sua comercialização estritamente proibida.
Cultura: um bem universal.
Doação do livro: Cida V. R.
Digitalização: Palas Atenéia
Revisão: Marelizpe
Como ela podia ser tão ingênua?
Quando Stacy Adams descobriu a verdadeira identidade de Jake Weston, o "homem sonhador" que tinha conhecido, ela estava furiosa. Ele a tinha enganado deliberadamente!
Mas ela não pôde resistir ao poder do charme dele por muito tempo. E ele era intensamente honesto sobre a própria atração que sentia por ela.
CAPÍTULO I
- Pode ficar com o seu emprego! - Os olhos de Stacy Adams soltavam faíscas que pareciam queimar o homem sentado atrás da mesa. - Eu não me vendo!
- Srta. Adams, se você se acalmar eu posso...
- Não vai fazer coisa alguma! - interrompeu-o, com raiva. - Você é tão fraco como os outros. Sempre que Paul Forbes quer algo, ele tem que conseguir, e coitada
da garota se ela não estiver interessada. Mantenha o astro do seu filme feliz a qualquer preço, este é o seu lema. Mas não conte comigo para isso. Eu simplesmente
o desprezo.
- Srta. Adams! Não está entendendo o que estou tentando lhe dizer. O Sr. Forbes apenas expressou a vontade...
- Eu sei muito bem o que ele quer, Sr. Payne, e não vai conseguir isso de mim. Sendo o diretor deste filme, o senhor deveria ter mais autoridade sobre o
elenco!
- Agora você está indo longe demais! - O homem levantou-se, indignado. - Tem um papel que dura menos de quinze minutos e acha que isso lhe dá o direito de
me dizer como devo fazer o meu trabalho? Dirijo filmes e descubro atores há trinta anos e...
- Então talvez já esteja na hora de se aposentar - respondeu Stacy rudemente, os olhos verdes brilhantes e o longo cabelo avermelhado movendo-se sobre os
ombros, enquanto falava. Ela ainda usava o traje de seu personagem, uma camponesa do século XVIII da região de Cornwall. - As coisas mudaram muito nestes trinta
anos e os atores já não são mais escravos dos estúdios.
- Srta. Adams, você está despedida!
- Não se preocupe, eu ia me demitir de qualquer maneira. Gosto muito do papel de Kate, mas não estou disposta a dormir com Paul Forbes para mantê-lo.
- Pedi que fosse à festa com ele, não para a cama. Não entendo por que tem que dar tanta importância a um simples convite.
- Se era tão simples, por que ele mesmo não me convidou?
- Pelo que entendi, ele fez o convite, mas você não o aceitou.
- Porque não gosto dele! Não passa de um egoísta, presunçoso, idiota...
- Isto é o bastante, Srta. Adams. Acho que foi muito clara quanto aos seus sentimentos para com Paul Forbes. E acho que também fui muito claro quanto ao
seu emprego.
- Sem dúvida. Não se preocupe, eu já vou embora.
- Seus documentos e seu dinheiro estarão à sua disposição amanhã cedo.
- Não pode ser hoje? Pensei que o senhor queria se livrar de mim o mais rápido possível.
- São cinco e meia e o pessoal da administração já foi embora.
- Saíram mais cedo para ir à festa?
- Exatamente. Eles vão à festa que você não quer ir. Se ele pensava que Stacy não ia, estava enganado.
Tinha decidido encontrar alguém para lhe fazer companhia. Seria um choque para Paul Forbes vê-la chegar acompanhada por outro homem, e Stacy não queria se
privar desse prazer. Mas não disse nada a Martin Payne, pois ele poderia tentar impedi-la.
- Então, não tenho alternativa, voltarei amanhã cedo. - Sorrindo, Stacy deixou o trailer que servia de escritório. - Boa noite, Sr. Payne.
- Adeus, Srta. Adams - respondeu friamente.
- Infelizmente, não posso dizer adeus, Sr. Payne. Tenho que voltar aqui amanhã para receber, certo?
- Eu duvido que nos encontremos outra vez, Srta. Adams. Stacy saiu com a cabeça erguida num gesto de desafio e com um estranho sorriso nos lábios.
O Sr. Payne estava certo, a maioria do pessoal já tinha ido para o hotel, apenas alguns ainda se encontravam nas imediações. Matthew Day era um deles. Durante
os últimos três anos tinha sido seu melhor amigo. Ela deu-lhe o braço e caminhou até o carro, para voltarem ao hotel.
Matthew era alto, moreno, muito atraente e já estava se tornando um nome conhecido no cinema e na televisão. Stacy não duvidava de que logo se tornaria um
nome obrigatório nos melhores filmes, mas no momento tinha apenas um papel secundário.
- Você parece muito contente. O que aconteceu?
- Fui despedida!
- Você foi o quê? - O carro deu um solavanco, pois ele acelerou de repente.
- Despedida.
- Mas, por quê? E qual a razão de tanta alegria? Eu pensei que esse emprego significasse muito para você. A parte de Kate pode não ser grande, mas é muito
importante.
- Fui despedida por causa de Paul Forbes. Ele decidiu que sente muita atração por mim.
- Na semana passada foi Jan, a garota do som; na outra, Cindy Davies, e agora você! E você o recusou?
- Sim, e ele foi direto a Payne e usou sua influência para tentar me fazer mudar de idéia.
- E você não mudou, não é?
- Acha que eu mudaria?
- Claro que não. Conheço bem você e seus princípios.
- Pensei que você já tivesse esquecido. - Os dois haviam namorado durante dois meses, alguns anos atrás, mas decidiram terminar quando perceberam que seus
interesses eram muito diferentes. Felizmente, conseguiram manter a amizade.
- Já esqueci, sim, Stacy. Eu só estava chateando você. Mas se Forbes conseguiu que o Sr. Payne a despedisse, por que você está tão feliz?
- Porque ele queria me levar à festa de Jake Weston hoje à noite, e vai ficar uma fera quando eu chegar lá com você.
- Quer dizer que vai, mesmo depois de tudo?
- É claro! No começo eu não estava muito entusiasmada. Ver todo mundo bajulando o roteirista desse filme não é exatamente a idéia que faço de uma festa divertida,
mas agora eu vou. Não a perderia por nada deste mundo.
Matthew aceitou sua decisão com um sorriso, sabendo que Stacy era muito teimosa e que ninguém a faria mudar de idéia.
- Estou curioso para saber como é esse Jake Weston.
- Não espera que artistas como nós sejamos apresentados a ele, não é? Por Deus, Matthew, você está querendo demais!
- E por que não? - Ele deixou o carro no estacionamento do hotel, que estava totalmente lotado. - Nós temos tanto direito de conhecê-lo quanto qualquer um
por aqui.
- Um escritor cujos livros sempre estão na lista dos mais vendidos? - Stacy balançou a cabeça. - Além disso, ouvi dizer que ele não é nada sociável.
- E por que estaria ele interessado na demissão de uma garota que faz um pequeno papel na história que ele escreveu?
- Porque, apesar de você o considerar, deixe-me ver... baixo, gordo, careca e velho... - Ao vê-la corar, acrescentou: - Acho que foi assim que o descreveu.
- Você sabe que foi. Não percebi que alguém estava escutando a nossa conversa.
- Não foi intencional. Mas o fato de você ter essa idéia da aparência dele não significa que ele não saiba apreciar uma mulher bonita.
Stacy ficou encabulada. Seus olhos brilharam e seus cílios tremeram com a raiva que estava sentindo.
- Como ele nunca me viu, não pode saber o que está perdendo.
- Acontece que ele a conhece. Na verdade, devo lhe dizer que já a viu várias vezes.
- Tenho certeza de que me lembraria dele, se isto realmente tivesse acontecido.
- É mesmo? Você se lembra de todo homem baixo, gordo e careca que já conheceu?
- Está repetindo demais o que ouviu de uma conversa particular e isso é muito deselegante.
- Estou sendo censurado?
- Você é arrogante e grosseiro! Ele deu uma risada.
- Pois eu sei que ele a viu.
- Tenho certeza de que me lembraria do Sr. Weston.
- Eu não disse que ele a conhece pessoalmente: disse que a viu. Na verdade, foi no seu teste. Houve mais de cem candidatas e ele fez questão de escolher
pessoalmente a artista que interpretaria Kate.
- Eu nunca poderia imaginar.
- Apesar de ser um papel pequeno, ele considera Kate muito importante: é a garota com quem Jason se casa.
- Você parece conhecer bem a história.
- Eu não seria um bom empregado se não me interessasse pelo trabalho do meu patrão.
- O que é que você faz?
- Um pouco de tudo - respondeu ele, sacudindo os ombros. -Será que agora você pode me dizer a razão de sua demissão?
Stacy levantou a cabeça, orgulhosa.
- Se está tão interessado, pergunte ao diretor.
- Está bem: então, vou falar com ele.
- Divirta-se. Tenho que me trocar para o jantar, com licença. - Virou-se e foi embora, antes que ele respondesse.
- Você não me disse o seu nome.
Ela hesitou, com a chave na mão, e olhou para ele com um sorriso irônico.
- O meu nome? Você parece ter resposta para tudo. Então, descubra isso sozinho! - Entrou e bateu a porta.
Sua colega de quarto estava deitada em uma das camas. Como artista secundária, Stacy não tinha o privilégio de um apartamento sozinha, mas estava feliz,
pois gostava muito de Juliet Small. A outra tinha um papel ainda menor: fazia uma apaixonada pelo herói, Jason.
- Meu Deus, estou exausta! - Juliet levantou-se, espreguiçando-se. - Tive que repetir aquela cena do celeiro com Paul Forbes tantas vezes, que me sinto imunda.
- Eu não me surpreendo. Tendo que suportar aquele homem tocando em você daquele jeito! - comentou Stacy, enquanto tirava o pesado vestido pela última vez.
- Mas eu não me importo com isso. O problema é que sou alérgica a feno.
- E eu tenho alergia a Paul Forbes. Graças a Deus, não preciso deixar que ele me toque! - disse ela, indo para o banheiro.
- Mas tem a cena do estupro, e aposto a minha vida que Forbes vai querer ser o mais realista possível. - Juliet a seguira e tentava conversar, apesar do
barulho da ducha.
- Ele que se dane! Mesmo que eu ficasse, não permitiria que fizesse nada.
- Se você ficasse?
- Vou embora amanhã. - Stacy explicou o que acontecera.
- Com quarenta e três anos, ele devia se interessar por garotas mais velhas. Como eu.
- Juliet! Você não pode gostar dele!
- Bem... Vamos dizer que ele não está na sua melhor fase, mas eu poderia ter aproveitado mais, se não fosse aquele feno.
- Que vergonha! - Stacy aceitou a toalha que Juliet segurava para ela. - Você devia ter visto o tipo que encontrei no elevador. Aquele, sim, é um homem de
verdade.
- Quem é ele? Onde está?
- Neste momento, deve estar com o patrão, o Sr. Weston.
- E que tal é ele?
- Alto, moreno, atraente, corpo perfeito. Arrogante e experiente. Muito experiente, eu diria.
- Até parece um sonho...
- E é. Um pouco convencido, mas sem dúvida um sonho.
- Qual o nome dele?
- Não tenho idéia. Ele não disse e eu nem pensei em perguntar.
- Ficou tão impressionada assim?
- Vou mostrá-lo a você na festa. Tenho certeza de que estará lá. Você vai, não é?
- É claro! Com esse deus grego e Paul Forbes na mesma festa, eu não posso perdê-la por nada deste mundo!
- Parece que ninguém está interessado em conhecer Jake Weston.
- Mas é lógico que eu quero conhecê-lo. Sabe que nunca foi fotografado?
- Acho que o homem que encontrei deve ser algum guarda-costas dele. Pelo menos, físico para isso ele tem.
- Jake Weston deve ser um homem muito atraente.
- Duvido. Eu disse ao guarda-costas que ele deve ser baixo, gordo e careca, e ele não negou.
- Não foi muito leal da parte dele...
- E como poderia negar, se é verdade?
- E aqui estava eu, sonhando que ele fosse muito atraente. Stacy vestiu-se, enquanto Juliet tomava um banho rápido. Seu vestido branco era bem decotado,
com alças e um cinto largo, bordado.
Fez uma maquilagem leve e ficou satisfeita com o resultado. Depois, prendeu uma rosa branca no cabelo, o que a fez parecer uma cigana.
Juliet também estava bonita. Seu vestido era azul e marcava suavemente as suas curvas, contrastando maravilhosamente com o cabelo preto.
Stacy e Juliet formavam um par adorável, e a maioria dos homens no restaurante voltou-se para olhá-las.
Sentaram-se com Matthew e seu companheiro de quarto, Daniel. Stacy logo deu uma olhada em volta, tentando descobrir o arrogante empregado de Jake Weston.
Mas ele não estava lá.
Eram quase nove horas quando deixaram o restaurante e foram para a festa. O salão da recepção já estava quase cheio; todos seguravam uma taça de champanhe
e conversavam animadamente.
- Não vi o famoso autor ainda - disse Matthew, a seu lado. Stacy também não, mas observou com satisfação o homem que conhecera no elevador, conversando do
outro lado do salão. Estava mais atraente do que nunca... era o mais alto dos convidados e, sem dúvida, o mais bonitão. Concluiu que o homem a seu lado fosse Jake
Weston. Combinava perfeitamente com a imagem que fazia dele: baixo, gordo e careca.
Virou-se para Matthew e comentou:
- Eu devia ter feito uma aposta a respeito do Sr. Weston.
- É. - Ele seguiu o seu olhar. - Parece que ganharia.
O estranho olhou para eles e fez um cumprimento com a taça que tinha na mão, quando reconheceu Stacy.
- Quem é ele? - perguntou Matthew, enciumado.
- Não tenho a menor idéia.
- Não tem idéia? Mas o homem olhou para você como se a estivesse despindo!
- E o que posso fazer contra isso?
- Nada, acho. Do jeito como está vestida, ele não será o único. Já disse que está maravilhosa?
- Não.
- Pois está. O Payne é um tolo por tirá-la do filme. Você ainda vai ser famosa.
Nesse momento, o homem do elevador se aproximou.
- Alô! - disse ela, incapaz de pensar em outra coisa.
- Boa noite. Eu gostaria de conversar com você, Srta. Adams. Matthew entendeu a indireta.
- Vou buscar outro drinque no bar. O que você vai querer?
- Nada, obrigada.
- Nesse caso, vejo-a mais tarde. - Matthew cumprimentou o outro homem e afastou-se.
- Você descobriu o meu nome, então.
- Stacy Adams. Muito profissional.
- Não há nada de profissional nele. Acontece que é o meu verdadeiro nome. Pelo menos, foi o que me deram no orfanato.
- Quanto tempo esteve lá? - Ele parecia imperturbável.
- Toda a minha vida, até os dezesseis anos.
- Pobre criança!
- Tive uma infância feliz, não preciso da sua compaixão.
- Pois você não a tem - respondeu ele rudemente. - Vim só para lhe dizer que foi readmitida. O papel de Kate ainda é seu.
CAPÍTULO II
Stacy balançou a cabeça.
- Eu não entendo. O Sr. Payne me despediu!
- Certo, mas mudou de idéia...
- Isso é coisa sua não é? Você o obrigou a mudar de idéia.
- Como eu poderia? - Ele riu alto. - Não tenho tanta influência assim para dizer-lhe o que deve fazer.
- Falou com o Sr. Weston, então?
- E se falei? Parece descontente, como se preferisse estar fora do filme.
- Não, eu... Mas, e Paul Forbes? Ele não vai gostar disso.
- Ninguém está pedindo a ele que goste. Deixe Forbes por minha conta.
- Mas...
- Esqueça dele, Stacy, e concentre-se no seu papel.
- Você sabe o meu nome, mas ainda não sei o seu - disse ela timidamente.
- Meu nome é Jake.
- Isto não provoca confusão?
- Não. Meu nome a incomoda? Se incomodar, pode mudá-lo. Como gostaria que eu me chamasse?
- Ora... seu... Pare de brincar comigo!
- Mas quem está brincando? Qual o problema, afinal? Minha mãe deu-me esse nome e alguém no orfanato escolheu o seu, mas quem pode garantir que sejam os nomes
certos para nós? Você pode ter o nome que quiser. Gosta de Stacy?
- Sim, é claro que gosto!
- Eu também gosto do meu. Pode me chamar de Jake, Harry ou qualquer outro nome. A escolha é sua.
- Você é louco! - Stacy riu. - Não há nada de errado com o seu nome. Só fiquei surpresa, por ser igual ao do seu patrão.
- Bem, quanto a isso, não posso fazer nada. Tenho certeza de que existem centenas de Jake por este mundo afora. Eu mesmo já encontrei muitos.
- Certo, eu desisto. E escolho Jake, mesmo.
- Gostaria que todas as minhas garotas se rendessem assim tão facilmente. - Sua expressão era terna.
- Eu não me rendi, nem sou uma de suas garotas!
- Quantos anos você tem, Stacy?
- Que importância tem isso?
- Responda.
- Dezenove.
- Eu tenho exatamente o dobro, e gostaria que soubesse que acho você muito atraente e desejável.
- Você... você acha?
- Acho. Já lhe disseram que está muito atraente esta noite?
- Sim, já disseram - respondeu, encabulada.
- Quem? Matthew Day?
- Mas como você...
- Sou pago para saber das coisas. Vocês estão namorando há muito tempo?
- Seus informantes não disseram?
- Não perguntei a eles; estou perguntando a você.
- Conheço Matthew há três anos.
- Isto não responde à minha pergunta.
- Não.
- Não quer responder, não é?
- Você está absolutamente certo. - Ela imitou o sotaque americano dele. - Acho que não é da sua conta.
- Nem mesmo se eu quiser namorar você?
- E quer?
- Sim, tenho certeza que quero.
Stacy corou.
- Estou lisonjeada, Jake, mas eu...
- Não me recuse ainda. Deixe as coisas como estão até o fim da noite, e então veremos como vai se sentir a meu respeito.
- Eu... eu acho melhor tentar encontrar Matthew.
Jake pegou o copo vazio de suas mãos e ela sentiu um choque, quando seus dedos a tocaram.
- Não é necessário, vou buscar outro drinque para você.
- Não é por isso.
- Espere aqui - ordenou Jake. - Não vou demorar.
Stacy observou com orgulho, enquanto ele caminhava até o bar, que todas as mulheres se voltavam para admirá-lo.
Percebeu também quando Martin Payne desculpou-se com o grupo em que estava e veio em sua direção, com um sorriso jovial.
- Srta. Adams, creio que Jake já lhe disse para esquecer a nossa discussão de hoje à tarde.
- Ele mencionou qualquer coisa a respeito.
- É, foi um tolo mal-entendido. Se você tivesse dito que já tinha combinado vir à festa com Jake, toda aquela discussão teria sido evitada.
- Eu acho que...
- Eu me senti ridículo quando ele explicou a razão de sua recusa. Espero que você esqueça o incidente.
- Sim - concordou ela, não muito certa.
- É claro que eu nem imagino como você conseguiu isso.
- Não? - perguntou a moça, irônica, olhando para a figura atraente de Jake, que chegava com dois drinques.
Martin Payne ficou sem jeito.
- É, talvez eu entenda. Mas, para seu próprio bem, espero que nunca o irrite como o fez comigo hoje à tarde. Ele pode se tornar um inimigo muito perigoso.
Ela já sabia disso. Sorriu e falou, com voz firme:
- Não acho que isso possa acontecer conosco.
- Não confie tanto. Gente como ele costuma ser temperamental.
Jake chegou, sorriu para ela enquanto lhe entregava um copo e voltou-se para o diretor, que explicou:
- Vim dizer a Srta. Adams que não há necessidade de ir embora amanhã. E me desculpei pelo mal-entendido, também.
- Já falei com ela, mas tenho certeza de que apreciou a sua gentileza. - Stacy sentiu-se segura quando o braço dele rodeou sua cintura, possessivo. - Ela
estava muito zangada.
- Acredito. - Payne estava sem jeito. - Você gostaria que eu o apresentasse a alguém em especial?
- Não é necessário. Stacy e eu podemos cuidar disso sozinhos.
- Mas, Jake, isto tudo é...
- Eu disse que nós cuidamos disso. Stacy pode me apresentar a qualquer um que eu queira conhecer, não é, querida?
- Oh, claro!
- Tudo bem, então. - Payne sabia que não adiantava insistir. - De qualquer maneira, Paul gostaria de falar com você.
- Tenho certeza disso, mas acho que ele é uma pessoa de quem Stacy gostaria de manter distância. E, para ser sincero, não gosto nem um pouco de homens que
tentam forçar garotas.
- Eu... eu vejo você mais tarde.
Jake olhava para Stacy, sorridente.
- Talvez, Martin, talvez...
Ela ficou admirada. Afinal, Payne era um dos melhores diretores de cinema e Jake o tinha praticamente dispensado.
- Desse jeito, você não vai se tornar muito popular.
- Não estou participando de nenhum concurso de popularidade.
- Percebe-se. - Ela tomou um gole de drinque. - Mas é o meu predileto! Martini e suco de limão. Seu informante também lhe disse isso?
- Não tenho nenhum informante. Apenas calculei que você gostaria desse drinque e, com respeito ao resto... Bem, perguntei ao Payne por que ele a despediu.
- E ele contou a respeito de Paul Forbes?
- Não, exatamente.
- Mas você acabou descobrindo.
- Foi fácil. Afinal, conheço o Forbes.
- Você o conhece?
- Mais ou menos.
- Entendo - disse Stacy friamente.
- Não acredito que você entenda. Vamos nos sentar e conversar melhor sobre isso. - Sem esperar resposta, ele a levou até uma mesa escondida, bem longe das
luzes e dos olhares curiosos.
- Você estava dizendo que conhece Paul Forbes...
- Mas não da maneira como você entendeu. Sua reputação de conquistador de garotinhas é muito conhecida. Apesar de, no seu caso, não poder culpá-lo.
- Pois eu posso - disse ela, com raiva. - Ele é repugnante e desprezível.
- Concordo. Mas que culpa ele tem de você ser tão bonita?
- Ele só me deseja porque sabe que não o suporto.
- Lógica feminina?
- Se você acha... Caso eu tivesse demonstrado algum interesse por ele, Paul não teria sequer me notado. Não, ele gosta de conquistas difíceis.
- Mesmo? - Ele parecia estar se divertindo.
- É verdade! E não acho nada engraçado.
- Fico contente em saber que você pensa assim.
- É mesmo?
- Não gostaria que sentisse atração por ele.
- É um homem muito bonito e muitas mulheres se sentem maravilhadas por estar em sua companhia. E tenho que confessar que parece ser muito jovem para a idade
que tem.
- Isso tudo é para dizer que você também o acha "atraente"?
- Não! - protestou ela, com um gesto de repulsa.
- Ainda bem, pois ele não passa de um canalha. Se, por um momento, eu imaginasse que você aceitaria a companhia dele, não estaria sentado aqui.
- Ninguém está pedindo para você ficar. Foi você mesmo quem se convidou para me acompanhar.
Ele evitou que ela se levantasse, passando o braço em sua cintura.
- Fique aqui, Stacy. Não seja tão sensível. Acho Paul Forbes um cretino, pois pensa que pode conseguir tudo com o dinheiro e a fama.
- Qualquer homem no lugar dele faria o mesmo.
- Jake Weston não o faria.
- Desculpe, mas acho que ele não poderia, mesmo.
- Concordo. Agora, fale um pouco sobre você.
- Já terminou o interrogatório sobre Paul Forbes?
Jake sorriu, acariciando o rosto dela.
- Eu só estava curioso para saber por que se recusou a sair com ele.
- E agora está satisfeito?
- Nem um pouco. Mas acho que isto se resolverá mais tarde, quando nos conhecermos melhor.
- Você quer dizer... - Sua voz falhou, pois estava confusa.
- Exatamente o que você pensou. Mas não se preocupe, eu lhe darei tempo suficiente para que me conheça bem.
- Está tentando me dizer... - Ela deu uma risada nervosa, sem poder acreditar nos próprios pensamentos.
- Que quero ir para a cama com você o mais rápido possível. Não há razão para esconder isso. Já lhe disse que acho você terrivelmente atraente.
- Sim, mas...
- Eu sei que as coisas vão um pouco mais devagar por aqui. Morei tanto tempo nos Estados Unidos, que já esqueci que sou inglês.
- Você não é americano?
- Quase. Deixei a Inglaterra com cinco anos de idade. Nasci perto daqui, e acho que preciso recuperar pelo menos um pouco desse ar conservador que todos
vocês parecem ter. Porém, como já disse, não vou apressá-la. Se não me quiser, depois de alguns encontros, poderemos esquecer tudo isso. Não gosto de conquistas
difíceis.
- E eu não gosto de encontros casuais.
- Não falei que seriam casuais.
- Mas não pretendo dividir uma cama com você, durante o tempo que estiver por aqui.
- E o que a faz pensar que ficarei apenas pouco tempo?
- Pelo que sei o Sr. Weston vai ficar apenas durante as últimas semanas de filmagem. Como você trabalha para ele...
- Então, vou fazer o possível para que ele goste da Inglaterra e queira ficar mais tempo.
- Bem, isso não me preocupa nem um pouco. - Ela colocou o copo vazio sobre a mesa. - Acho melhor eu procurar Matthew.
- Ainda não me contou o que há entre vocês.
- Somos muito amigos.
- Isto é mesmo verdade, Stacy?
- Por que eu mentiria?
- Medo, nervosismo, poderia haver inúmeras razões...
- Matthew e eu somos bons amigos. Nós já moramos juntos durante algum tempo. - Era verdade, mas Matthew havia sido despejado de seu apartamento e ela o deixara
dormir no sofá da sala. E só.
- O que aconteceu entre vocês não importa, se não estão juntos agora. Não estou exigindo virgindade de você, Stacy.
- Não tem o direito de exigir nada de mim.
- Acho que está certa. - Ele levantou-se e puxou-a suavemente. - Vamos dar uma volta no jardim.
- Já são mais de dez horas, está muito escuro.
- O jardim é iluminado.
- Sim, mas eu...
- Ora, vamos, Stacy! Está muito barulhento aqui e não podemos conversar direito.
- Já falamos demais para um dia só.
- Tenho outras coisas para lhe dizer. Coisas que prefiro dizer quando estivermos a sós.
- Mas...
- Não seja criança!
Ao saírem, ela mentiu, nervosa:
- Está muito frio aqui. Quero voltar para o salão.
Como resposta, ele a abraçou.
- Fique mais perto, que vou aquecer você.
- Talvez seja exatamente disso que tenho medo.
- Foi o que pensei. - Ele acariciou as suas costas. - Não posso fazer muita coisa em um jardim, concorda?
- Acho que não.
- Além disso, gosto do conforto de uma bela cama, quando faço amor. Já passei da época tempestuosa da juventude, quando se faz amor em qualquer lugar. E
quero as coisas da maneira certa entre nós, desde a primeira vez.
- A... a primeira vez?
- A primeira vez que fizermos amor.
- Não sei se você é só presunçoso ou louco, mesmo.
- Nenhum dos dois - disse Jake, desviando os olhos de seus lábios. - Sua boca foi feita para ser beijada. Senti vontade de beijá-la no momento em que a vi
no elevador.
- Mas você... você estava tão frio e impessoal...
- Bem, tem que concordar que eu não ia tentar fazer amor com você dentro do elevador, não é? Além disso, eu sabia que você viria à festa, o que me convenceu
a vir também.
Durante todo o tempo, ela estava consciente daquele corpo másculo colado ao seu e das mãos que a acariciavam suavemente.
- Mas você tinha que vir para proteger o seu patrão.
- Acha mesmo que eu o estou protegendo?
- Não - admitiu, insegura.
- E esse não é o meu trabalho. Odeio festas e tenho pavor de multidões. Só vim por sua causa.
- Estou lisonjeada!
- Com toda a razão: eu raramente faço isso.
Ele era muito arrogante, considerando-se que não passava de um empregado, igual a ela.
- Você tem muita sorte de poder decidir.
- Você não fez nenhuma concessão em sua discussão com Payne.
- Mas aquilo era diferente.
- Nem tanto. Cada um estabeleceu normas de conduta e vive segundo elas. Estou muito contente por você ter mantido as suas hoje. Teria sido uma cena e tanto,
se eu tivesse que brigar com Forbes.
- Você teria feito isso? - espantou-se Stacy.
- Claro.
- É muito difícil uma garota rejeitar você, hein?
- Sou paciente, e posso esperar o momento certo.
- E se não houver esse momento? - Sua voz era apenas um murmúrio.
- Então, farei com que haja.
Ele inclinou lentamente a cabeça e deu-lhe um beijo apaixonado, que quebrou todas as barreiras dela.
Finalmente ela conseguiu se afastar um pouco, a cabeça rodando com todas as emoções que aqueles lábios lhe provocaram quando locaram os seus. Aquilo não
podia estar acontecendo a ela! Ninguém se apaixona tão depressa!
- Eu... eu quero voltar para o salão. - Sua voz ainda não estava firme.
- Por quê?
- Acho que você sabe.
- Só porque eu a beijei?
- Bem, eu... É. Afinal, mal o conheço.
- Está bem. Vou levá-la de volta ao salão.
- Acho que o melhor é ir direto para o meu quarto.
- Eu também - concordou ele, brincando.
- Sozinha.
- Mas é claro, Srta. Adams. Prometo deixá-la na porta de seu quarto, sã e salva.
- Posso muito bem ir sozinha.
- Sei que pode, mas sempre acreditei que um cavalheiro deve acompanhar a dama.
- Será que podemos ir por outro caminho? - perguntou, quando ele abriu a porta para entrarem no salão.
- Por quê?
- Bem, porque eu... eu...
- Seu batom não está borrado, se é isto que a preocupa.
- Não é isso.
- Então, qual é o problema?
- Eu simplesmente não quero entrar no salão com você e subir para o meu quarto em seguida. Sei a que conclusões esse povo aí dentro iria chegar.
- Você sabe?
- Sim, e não finja que não sabe.
- Tudo bem, vamos dar a volta pelos fundos.
- Não foi isso o que eu quis dizer...
- Cresça Stacy! - Ele estava nervoso. - Acha que o simples fato de desaparecermos já não é suficiente para que fofoquem a noite toda?
- Droga! Vá para o inferno! Odeio você! - Ela abriu a porta e marchou para o salão, sem se preocupar se ele a seguia.
Só quando levantou a mão para apertar o botão do elevador foi que o percebeu a seu lado.
- Não vai se livrar de mim tão facilmente.
- Eu não estava...
- Sim, você estava, e nós dois sabemos por quê. Se o que eu falei a aborreceu, esqueça.
- Mas acontece que não é algo que alguém possa esquecer tão facilmente. Não é todos os dias que um homem me diz que quer ir para a cama comigo.
- Talvez os outros homens não digam, mas pode ter certeza de que pensam. - Ele levantou o queixo dela de maneira a não lhe deixar outra alternativa, a não
ser olhá-lo. - Será que é o fato de eu ser tão mais velho que a está deixando tão assustada? Ou pensa que eu a quero apenas por uma noite?
- As duas coisas e mais, muito mais.
- Não posso garantir nada, pois não tenho idéia do que poderá acontecer em um relacionamento como o nosso, mas nunca pensei que minha idade pudesse ser uma
barreira. Ou é a minha experiência que a incomoda?
- Sim! E... e, além disso, nós mal nos conhecemos.
- Não vou insultá-la, pedindo para irmos para a cama agora. Todas as coisas boas da vida merecem que a gente as espere, e você é uma delas. Vai acontecer
quando você quiser. Gostaria de ir nadar comigo amanhã?
Ela estaria totalmente a salvo na piscina do hotel, e gostaria muito de vê-lo outra vez.
- A que horas?
- As dez está bom para você?
- Está. Eu o encontro na recepção.
Jake manteve as portas abertas, para que o elevador não descesse.
- Pode ir para o seu quarto. Não vou sair daqui; portanto, não precisa ter medo. Dez horas, na recepção.
Stacy deu um suspiro de alívio quando se encostou na porta fechada do elevador. Aquele tipo de coisa não acontecia na vida real. Ser perseguida por um homem
alto, moreno, atraente, realmente interessado nela... Mas estava acontecendo!
Quando Juliet entrou no quarto, Stacy fingiu dormir. Não tinha vontade de responder a qualquer pergunta sobre Jake, especialmente quando ela mesma não sabia
as respostas. E foi pela mesma razão que levantou mais tarde no dia seguinte.
Jake já estava esperando, quando desceu, às dez e quinze. Parecia mais moreno e atraente ainda. Stacy olhou para uma cesta a seus pés e perguntou curiosa:
- O que tem aí?
- O nosso almoço.
- Almoço? Nós não vamos precisar disso na piscina.
- E quem disse que vamos à piscina?
- Nós... nós não vamos?
- Não. Eu pedi a lancha de Payne emprestada. Vamos dar uma volta e encontrar uma enseada ou uma praia bem escondida, onde eu possa seduzi-la sem testemunhas.
CAPÍTULO III
- Você não mencionou isso ontem à noite. Pensei que íamos nadar na piscina.
- E você se importa com a mudança nos planos?
- Claro que me importo!
- Por quê? Não, não responda. Acho que posso adivinhar. Não esperava ficar sozinha comigo o dia todo, não é? Pois bem, Stacy, não vou ficar na piscina, para
que todos os seus amigos nos observem como animais raros. Vou sair de lancha, de qualquer jeito. Se quiser passar um dia agradável, pode me acompanhar. - Ele pegou
a cesta com o lanche e caminhou na direção da porta. - Mas, se está tão amedrontada...
Stacy alcançou-o quando ele já estava próximo do maravilhoso carro esporte estacionado na porta do hotel. Jake colocou a cesta no espaço atrás dos bancos
e abriu a porta para ela entrar. Stacy sentou-se com a toalha sobre os joelhos.
- Não estou com medo de você - disse furiosa. O carro partiu e Jake voltou-se para ela, sorrindo.
- Eu sabia que você não seria capaz de resistir a um desafio como esse.
- Ora, seu...
- Trato é trato, Stacy. Ontem à noite, você concordou em vir comigo.
- Sim, mas... Ora, eu nunca podia imaginar isso - disse com relutância. - Aposto que você sempre vence qualquer discussão.
- Eu tento, pelo menos. Fui um garoto muito mimado.
- Posso imaginar.
- E eu imagino que você foi uma garota muito charmosa.
- Não fui. Eu era terrível: gorda, os dentes tortos e tantas sardas, que era difícil ver onde uma terminava e a outra começava.
- Olhando para você agora, eu nunca poderia acreditar.
- Pois devia, Jake. A garotinha terrível não mudou muito.
- E um aviso?
- Se você preferir...
- Também gosto de desafios. Nenhum homem gosta de vencer uma mulher facilmente. Da mesma maneira como não gosta de ser caça, e sim, caçador.
- Acha que vai me vencer?
- Espero que sim.
- Boa sorte. - Olhou para ele com um sorriso de piedade.
- Não gostei muito do seu jeito de falar.
- Nem deveria.
Já estavam chegando ao ancoradouro. Jake estacionou o carro e carregou a cesta até uma lancha branca maravilhosa.
- Pronta para partir?
- Sim. - Ela respirou com prazer a brisa marinha. - Vou gostar muito desse passeio.
- Espero que sim. - Ele se concentrou em dirigir a lancha para fora do ancoradouro, antes de aumentar a velocidade.
- Isto é relaxante.
Jake voltou-se para admirá-la, mas os óculos de sol escondiam o prazer que havia em seus olhos.
- Você trouxe bronzeador? Nós temos muita sorte, pois não é normal um tempo tão bom, nesta época do ano. Mas, embora não pareça, o reflexo do sol na água
pode queimar a sua pele.
Ela se sentou e começou a procurar o bronzeador na sacola. Finalmente mostrou o vidro, sorrindo.
- Eu sabia que estava por aqui.
- Quer que eu passe o óleo em você?
Stacy sentiu-se excitada ao imaginar aqueles dedos longos acariciando o seu corpo.
- Não, muito obrigada.
- Sabia que você ia dizer isso. Trouxe maio?
- Estou com o biquíni por baixo da roupa. - Ainda bem, pois jamais conseguiria colocar o biquíni tranqüila, com ele por perto.
- Por que não tira essa roupa e aproveita para tomar um pouco de sol?
- Bem, não... Vou esperar, até chegarmos à enseada.
- Como preferir. Segure um pouco o leme, enquanto eu tiro esta roupa quente.
- Não sei se...
- Calma querida. Vou ficar bem atrás de você.
Ela se sentou na cadeira que ele deixou livre, estremecendo quando os braços dele a envolveram para colocar suas mãos no leme. Se movesse a cabeça só um
pouquinho para a direita, sua boca encontraria a dele.
Mas não ia virar a cabeça! Tinha que ter cuidado com Jake, ele era perigoso! Devia ter garotas iguais a ela, à disposição, todos os dias.
- Talvez seja exatamente disso que eu tenha medo - disse a moça, quando conseguiu falar.
- Pois não precisa - murmurou Jake, acariciando sua orelha com os lábios. - Não vou fazer nada que você não queira.
- Então, pode começar me soltando. Não gosto disso. - Sua voz era firme, mas ela estava mentindo.
Jake afastou-se e ficou a seu lado. Começou a desabotoar a camisa, puxando-a para fora da calça. Jogou as roupas na cabine e Stacy não podia mais resistir
à tentação de olhar para ele. Estava apenas com um calção de banho azul-marinho e terrivelmente atraente. Ele voltou a pilotar o barco.
- Tem certeza de que não quer ficar de biquíni?
- Tenho - respondeu e o ignorou, enquanto passava óleo nos braços e rosto.
- De qualquer maneira, eu a verei de biquíni, quando chegarmos à praia. Isto é, se você pretende nadar hoje.
- Vou nadar, não se preocupe.
- Então, só preciso de um pouquinho de paciência.
- Que vergonha! - Tentou zombar dele, esquecendo-se de que pretendia mantê-lo à distância. - Posso garantir que não sou diferente de qualquer mulher. Na
verdade, acho que tenho menos do que as outras: sou muito magra.
- Talvez eu prefira as magras. A espera é que me mata.
- Você não morre, não.
- Deve estar brincando! O que acha daquela enseada?
Os olhos de Stacy seguiram a direção que ele apontava, descobrindo uma praia cujo único acesso era pelo mar.
- Parece prefeita. E muito isolada.
- Ótimo! - Ele dirigiu a lancha para a enseada, manobrando devagar e tentando chegar o mais perto possível da praia. - Bem, não podemos passar daqui. Acho
melhor você tirar a calça, ou vai ficar toda molhada.
- Certo. Você pega a cesta com o lanche e eu tiro a roupa. Stacy aproveitou a ausência dele para tirar a roupa. Vestia um biquíni minúsculo. Não imaginava
que fossem ficar sozinhos, quando o escolheu. Por certo, não teria colocado algo tão excitante...
Jake tirara os óculos de sol e, quando voltou ao convés, seus olhos azuis a examinaram da cabeça aos pés.
- Não me olhe assim! - pediu, envergonhada.
- Desculpe - disse ele, sem tirar os olhos dela. - Você é incrivelmente bonita, sabia?
- Vou acabar ficando convencida.
- Sinto muito. Venha, vou ajudá-la a sair do barco.
Stacy saltou devagar, sem conseguir afastar os olhos daquele rosto moreno inclinado sobre ela. Ao tocar a água fria, quebrou-se o encanto.
- Segure isto. - Ele lhe entregou a garrafa de vinho antes de pular na água e, pegando a cesta, caminhou até a areia seca, levando Stacy pela mão.
A areia estava morna. Como a enseada era cercada de rochas, não havia vento, e o calor ali era mais intenso.
Jake abriu uma esteira enorme no chão, pegou a garrafa de vinho e procurou um lugar seguro para colocá-la entre as rochas, porém dentro d'água.
- O que você está fazendo?
- É para mantê-la gelada.
- Você pensa em tudo!
- Pelo menos, tento.
Ele sabia o que queria. Cuidara do lanche, do vinho e tinha conseguido uma lancha fantástica. E tudo para poder ficar sozinho com ela! Aquela idéia assustou
Stacy. Levantou-se: precisava fazer alguma coisa.
- Podemos nadar?
- Claro. Você nada bem?
- Mais ou menos.
- Cuidado com as correntes: muita gente morreu por não acreditar que são muito traiçoeiras.
- Você já esteve aqui antes?
Ele nadou com braçadas precisas e virou-se para esperá-la.
- Já disse a você que nasci aqui perto de Cornwall.
- Sim, mas falou como se tivesse estado aqui recentemente.
- E estive. A pesquisa do livro no qual o filme se baseia foi feita por aqui.
- E veio com o Sr. Weston?
- Sim. -- Ele mergulhou e reapareceu alguns metros adiante. - Você parece uma sereia, com o cabelo boiando.
- Não me deixe ficar muito atrás. Você nada muito melhor do que eu.
- Talvez, mas não vim aqui para nadar. Vim especialmente para ficar com você.
- Oh!
- Ainda tem medo de mim, Stacy?
- Tenho.
- Como posso fazê-la perder esse medo?
- Acho que não pode.
- Será que foi porque eu disse que a desejava?
- Não especialmente: apesar de ter ajudado bastante. Enquanto falava, ele se aproximou e seus corpos agora se tocavam.
- Para não assustá-la mais ainda, estou avisando que vou beijar você agora.
Stacy não teve tempo sequer de protestar. Os dois mergulharam abraçados, as bocas coladas. Tudo parecia irreal. Suas pernas estavam entrelaçadas com as de
Jake e seus braços o seguravam com firmeza.
O beijo parecia interminável e Jake não dava sinal de querer soltá-la. Finalmente, Stacy conseguiu se livrar e subir à superfície. Estava sem fôlego e respirava
com dificuldade.
Em seguida, Jake apareceu a seu lado.
- Eu sempre quis saber como seria um beijo assim.
- Nunca fez isto antes, Jake?
- Você fez?
- Não.
- Eu também não.
- Você me surpreende - disse ela, ainda tremendo de emoção.
- Gosta de surpresas?
- Não muito. - Falou devagar, tentando descobrir o que ele pretendia com aquela pergunta.
- Nenhuma? - insistiu Jake.
- Só as surpresas agradáveis, e detesto brincadeiras de mau gosto, principalmente quando se tornam cruéis. - Stacy sorriu. - Ficamos muito sérios de repente.
- Bateu a mão na água, espirrando-a em Jake. - Pensei que estávamos aqui para nos divertir.
- E estamos! - Ele se aproximou, rápido. - Acho que você merece um castigo por jogar água em mim.
Stacy começou a nadar, fugindo dele, mas não foi bastante rápida.
- Calma, eu só estava brincando com você, querida.
- Eu sei. Acho que já é quase hora do almoço, e eu não tomei café no hotel. Vamos voltar?
- Sim, acho melhor.
Secaram o corpo, antes de sentarem na esteira. Stacy cuidou da comida, contente por ter algo para fazer, enquanto Jake tentava abrir a garrafa de vinho.
Havia carne fria, salada, bolo e frutas.
- Tudo isso, só para duas pessoas?
- Não se preocupe: estou com fome, e você disse que também estava.
- Sim, mas...
- Você não é daquelas mulheres que só beliscam a comida para parecerem elegantes, é?
- Quando foi que deixei de ser autêntica, só para ser educada ou elegante com você?
- Nunca. Talvez por isso eu goste tanto de você, é absolutamente espontânea comigo.
- Por que não seria?
- É, não há nenhuma razão. Tome o seu vinho.
Algum tempo depois, descansavam deitados lado a lado na esteira, com a garrafa de vinho entre eles.
- Você disse que nasceu aqui perto. Seus pais são ingleses? Jake virou-se, apoiando-se no braço direito para vê-la melhor.
- Minha mãe é, mas meu pai é americano. Eles se conheceram durante a guerra, e casaram aqui.
- Sua mãe gosta de viver nos Estados Unidos?
- Nunca perguntei. Acho que sim, pois raramente vem à Inglaterra.
- Mas nunca perguntou?
- Está me censurando?
- Você se sente censurado?
- Sinto.
- Então, acho que é isso o que estou fazendo. Pobre Jake, você não está acostumado a esse tipo de tratamento, não é?
- Acho que não.
- Tem irmãos?
- Duas irmãs e um irmão. Todos mais novos. A caçula foi uma surpresa para todos nós. É só um ano mais velha do que você.
- Conhece o Sr. Weston há muito tempo?
- Sim. Quer saber a história da minha vida?
- Quero.
Jake tirou o copo de vinho da sua mão.
- Pois não vai saber. Tenho coisas melhores para fazer do que falar sobre mim. - Tocou a presilha do biquíni entre os seios dela. - Isso realmente segura
essas partes juntas?
- Sim. - Ela prendeu a respiração, incapaz de se mover.
- Muito tentador. - Seus dedos brincavam com a presilha.
- Não devia ser. - Não podia evitar o estremecimento que sentia cada vez que ele tocava seus seios. - Além disso, prefiro que não tente.
- Nem um pouquinho? - Sua mão desceu lentamente até a cintura dela. - Acho que meu comportamento tem sido realmente exemplar, até agora. Normalmente, não
sou tão paciente.
- Até agora? - repetiu baixinho. - Quer dizer que está perdendo a paciência?
- Pode ser que sim. - Jake inclinou a cabeça e acariciou o pescoço dela com os lábios. - Posso beijá-la?
- Precisa pedir? - Seus olhos verdes estavam fixos no rosto dele e brilhavam de excitação.
- Acho que sim.
Stacy queria muito que ele a beijasse. Precisava daquele beijo!
- Então, a resposta é sim.
Ela levantou a cabeça, entreabrindo a boca para receber os lábios ansiosos de Jake. Já não parecia importar o fato de conhecê-lo há tão pouco tempo. Os beijos
dele não eram como os de seus namorados: Jake a enlouquecia de prazer.
Ele movia as mãos suavemente sobre o seu corpo, desde os seios até as pernas, mas não tentou, nenhuma vez, soltar a presilha do biquíni. Depois, levantou
um pouco a cabeça, os olhos brilhando de paixão, e falou com voz rouca:
- Diga agora que Matthew Day não significa nada para você.
- Matthew quem?
Ele sorriu, satisfeito, acariciando seus lábios.
- Matthew Day, o homem que você conhece há três anos e com quem viveu durante algum tempo.
- Está com ciúme, Jake?
- Terrivelmente - confessou junto aos lábios dela.
- Não devia ter. - Ela tremeu, pois desejava ardentemente que ele a abraçasse mais. - Será que tenho o direito de ter ciúme de suas outras mulheres?
- Não existem outras mulheres.
- Suas mulheres anteriores - corrigiu Stacy, enquanto seus dedos brincavam com o cabelo que lhe caía na testa.
- Não. Já pertencem ao passado.
- Matthew também é parte do meu passado.
- Não é a mesma coisa.
- Não? Pois eu pensei que fosse exatamente a mesma coisa.
- Você é uma pequena feiticeira. - Suas mãos apertaram a cintura de Stacy. - Sua...
- Sim, Jake? - Ela abriu os olhos, encarando-o.
- Sua leviana!
Ela deu uma gargalhada sonora, tocando em alguns cabelos grisalhos que descobrira nas têmporas dele.
- Você não viveu exatamente como um monge, se é que está querendo fazer comparações.
- Parece que eu vivi?
- Não - respondeu maliciosa.
- Bem, não vivi e não vou exigir nada de você.
- Por que nunca se casou?
- Quem disse que não me casei?
- Você é casado? - Arregalou os olhos.
- Faz alguma diferença?
- É claro que faz! - Ela riu, nervosa.
- Por que o fato de eu já ter sido casado faria diferença para nós, aqui e agora?
Stacy levantou-se, olhou-o e tentou descobrir se ele estava brincando ou não. Mas não conseguiu.
- Você realmente não sabe?
- Isto quer dizer que é importante para você?
- Se você é casado, sim! - respondeu, com raiva.
- Por quê?
- Porque não saio com homens casados, só por isso!
- Certo. Então, não sou casado.
- O que quer dizer com isso?
- Quero dizer que gostaria que continuasse saindo comigo.
- Sim, mas... isso não responde à minha pergunta. Você é casado, não é? Posso ver no seu rosto, não tente negar!
- Julgado culpado, sem chance de defesa - ironizou ele.
Stacy começou a recolher as suas coisas, jogando tudo dentro da sacola, com movimentos bruscos.
- Não, eu não diria isso. Ê que... que você tem um jeitão de um homem casado.
- O que está fazendo, Stacy?
- Estou guardando tudo para voltar ao hotel. Eu devia ter imaginado. Todos no hotel devem saber que você é casado, por isso você fez tanta questão de encontrar
um lugar isolado para ficarmos.
- Não é bem assim, Stacy, eu... - Ele tocou seu braço.
- Ah, sim! É exatamente assim. Eu devia ter adivinhado. Sou uma idiota por não ter sequer pensado que você podia ser casado.
- Stacy! - Ele a agarrou com força. - Eu não SQU casado! Ela se soltou, com um empurrão.
- Não acredito em você!
- Já fui casado, mas não sou mais.
- Não, mesmo? - Ela parou de lutar.
- Não!
Ela se inclinou, pegou a esteira e começou a enrolá-la:
- Mesmo assim, quero voltar para o hotel.
- Ora, vamos, Stacy. - Sua voz era suave e terna. - Não precisa ser assim. Admito que não devia ter brincado com você, mas não podia imaginar que reagiria
assim. Está transtornada!
- Oh, não! Não estou transtornada coisa nenhuma. Adorei você me beijar e depois dizer que é casado!
- Passado, Stacy. Eu era casado.
- Não foi assim que você disse. Bem, vou para a lancha. Traga o resto das coisas.
Em poucos minutos, Jake pôs a lancha em movimento. Stacy olhava para ele, ressentida, sem dizer nada.
- Imagino que não vai querer conversar.
- Você está certo.
- Nem jantar comigo esta noite, se eu a convidar?
- Em algum lugar convenientemente distante do hotel e de qualquer um que possa conhecê-lo?
- Eu tinha em mente um pequeno e calmo restaurante...
- Não precisa dar detalhes. Não vou. Não confio em você.
- Não sou casado, Stacy.
- Isso é o que você diz.
- Diabos, Stacy! Por que não acredita?
- Você pode me dar alguma razão para eu acreditar?
- Então, não vai jantar comigo?
- Não. Mas agradeço pelo dia de hoje. A maior parte foi agradável.
- Sei disso. Você é, sem dúvida alguma, a garota mais tempera mental que já conheci.
- Eu avisei, não foi? Eu disse que não me fizesse de boba!
- É, você disse.
Não falaram mais nada. Quando chegaram em frente ao hotel, Stacy pulou do carro, assim que ele parou. Mas Jake logo a alcançou, e acabaram entrando juntos.
- Stacy, por favor, ouça. Sinto muito sobre hoje. Devia ter dito a você, mas é que não gosto de falar sobre o meu casamento.
- Bem... eu...
- Sr. Weston? - chamou-o uma jovem recepcionista. - Há uma chamada importante para o senhor, do seu editor.
- Obrigado. Transfira a ligação para a minha suíte. Dentro de alguns minutos estarei lá.
- Sim, senhor.
Stacy estava paralisada. Mal conseguia falar.
- Você é Jake Weston? - perguntou com raiva. Ele respirou fundo, completamente derrotado.
- Sou.
CAPÍTULO IV
Stacy olhou furiosa para ele, antes de se voltar e correr para o elevador. Jake Weston! Ele era Jake Weston! Meu Deus, ela tinha sido uma completa idiota!
Estava tão convencida de que Weston era gordo, feio, baixo e careca, que nem por um momento ligou o escritor ao atraente e vibrante Jake.
E ele sabia disso! Sabia de seu engano desde o primeiro instante, pois ouvira sua conversa com Matthew. Tinha brincado com ela o tempo todo!
Sentiu que Jake a segurava e disse-lhe, com lágrimas nos olhos:
- Deixe-me em paz!
- Não é o que você quer, Stacy. Por favor, deixe-me explicar. - Estava quase implorando.
- Explicar o quê? Que me fez de tola? Jake Weston... até parece piada! E todo mundo sabia disso!
- Não havia nada para saber.
- Nada para saber? Passei a noite de ontem e o dia de hoje com o famoso Jake Weston, e você diz que não há nada para saber!
- Está bem. - Ele entrou com ela no elevador. - Se você vier comigo, conto tudo o que há para saber.
- Para... para onde está me levando?
- Para a minha suíte. Tenho que atender uma ligação internacional, lembra?
- Do seu editor?
- É.
- E eu pensei que você fosse apenas um empregado, como eu.
- Eu tenho que trabalhar para viver, não se esqueça.
- Mas você é rico, não precisa trabalhar, se não quiser.
- Talvez. - Entraram na suíte e ele trancou, a porta.
- Agora, espere aqui, enquanto atendo o telefone. - E sumiu no quarto.
Stacy ficou andando pela sala, indiferente ao luxo que a cercava. A suíte não era nada parecida com o pequeno quarto que dividia com Juliet. Quando Jake
voltou, ela estava na varanda. A vista daquele lado era muito mais bonita do que a de sua janela. Voltou-se, quando ele parou a seu lado.
- Você se importa de abrir a porta, agora? Eu gostaria de tomar um banho e trocar de roupa.
- E eu quero que ouça o que tenho para dizer. Venha para a sala, poderemos falar melhor lá dentro.
- E o que quer me dizer? Que, de tempos em tempos, gosta de fingir que é outra pessoa? Ou talvez estivesse pesquisando para o seu próximo livro! Será que
eu o ajudei?
- Stacy!
- Sim, Sr. Weston? - Ela o imitou. - O que posso fazer pelo senhor? Suponho que devo tratá-lo assim. Afinal, é graças à sua influência que ainda tenho um
emprego.
- Está certa, quanto a isso. Eu não ia deixar Payne arruinar o meu filme, só porque Paul Forbes queria ir para a cama com você e não conseguiu.
- Então, resolveu tentar me levar para a sua própria cama! Nem mesmo Paul Forbes iria discutir com você sobre isso, pois sabia que seria prejudicado. E o
homem que eu pensei ser Jake Weston ontem à noite, quem é?
- Brad Delmain, um amigo.
- Que conveniente que ele seja exatamente o tipo que eu descrevi para Matthew, não é?
- Foi coincidência.
- E foi uma brincadeira de mau gosto, também.
- Não fiz de propósito. Você pensou que eu era um empregado de Jake Weston, e eu...
-... pensou que seria divertido me deixar sem saber de nada. Só sinto que a sua brincadeira esteja arruinada, pois pode estar certo de que você não vai mais
me fazer de tola. No que me diz respeito, é pior do que Paul Forbes. Pelo menos, ele foi bastante honesto sobre as suas intenções.
- Eu só queria...
- Você queria descobrir como nós, pobre mortais, vivemos.
- Cale a boca, Stacy!
- Não calo! - Ela estava furiosa. - Só espero que a pesquisa tenha valido a pena, Sr. Weston. Estou ansiosa pelo seu próximo livro. Talvez eu tenha um papel
mais importante nele.
- Você não teria.
- Então, descobriu bem depressa que eu não sirvo, não é? Não foi à toa que disse que eu era absolutamente espontânea com você. Talvez eu não fosse, se soubesse
quem você era.
- Não notei nenhuma mudança na sua atitude. Seu temperamento continua tão insuportável como antes.
- E o que mais esperava? Que, só porque descobri quem é, eu me tornasse servil e humilde? Agora também já sei exatamente como você é.
- E como eu sou?
- Um mentiroso! Mentiroso e trapaceiro. Você teria me seduzido esta tarde, sem nenhum remorso. Não acho que isso seja comportamento digno de um homem.
- Você nem sabe o que está falando. Vamos conversar sobre isso mais tarde, quando estiver mais calma.
- Nós não vamos conversar nem mais tarde, nem nunca mais. - Ela caminhou para a porta. - Prefiro sair com Paul Forbes do que com você. Ele pode ser um paquerador,
mas pelo menos é honesto.
- Eu também sou! - Jake segurou seus ombros com firmeza e fez com que olhasse para ele. Apertava seus ombros com tanta força, que machucava. - Eu lhe disse
ontem à noite que a queria e nunca fingi a esse respeito.
- Só não disse com quem eu teria a honra de dormir.
- Droga! - Ele segurou seu cabelo com força. - Você está confundindo tudo. - Soltou-a bruscamente e voltou para a sala. - Eu não sabia como explicar.
- Você nem mesmo tentou. Agora, abra a porta e deixe-me sair daqui.
- Não. Você podia, pelo menos, ouvir o que tenho a dizer.
- Tudo bem, vá em frente. Mas duvido que isso mude alguma coisa. Nem mesmo sei por que quer fazer isso. Deve haver dúzias de mulheres, neste hotel, que estão
sozinhas e que adorariam ser vistas na companhia do famoso Jake Weston.
- Exatamente.
- O que quer dizer? - perguntou, desconfiada.
- Quero dizer que as mulheres gostam de ser vistas comigo. Por causa do meu nome e do que sou. Quando você pensou que eu era apenas um empregado, resolvi
só dizer a verdade depois de estar mais certo de seus sentimentos.
- Ontem à noite, ainda posso entender. Mas, hoje? Afinal, eu teria descoberto de qualquer maneira. Meus amigos devem estar entusiasmados com o meu sucesso.
- Eu ia dizer hoje à noite, durante o jantar.
- Sei... Quero ir embora. Por favor, abra a porta. Jake virou-a, com raiva.
- Você não vai a lugar nenhum, a não ser para meus braços. Ela lutou, sabendo que não teria forças por muito tempo. Tremia de excitação, pois sentia o quanto
ele também estava excitado.
- Largue-me! Quero ir embora! Ele balançou a cabeça, sorrindo.
- Não. Não tenho nenhuma intenção de deixá-la sair, antes de estar convencida de que eu não estava brincando com você.
Stacy levantou a cabeça e seus olhos verdes brilharam em desafio. Jake a abraçava, mantendo seus braços firmemente presos nas costas. Stacy sentia o calor
do corpo dele nos seios.
- E como você pretende fazer isto?
- Assim. - Tentou forçá-la a abrir os lábios.
Stacy teve dificuldades para resistir à sedução daquela boca firme e sensual. Ele era muito experiente, e ela já estava quase cedendo.
- Beije-me, Stacy. Quero que me beije.
Ela balançou a cabeça numa recusa obstinada.
- Não posso impedi-lo, Sr. Weston, mas é claro que não vou tornar tudo mais fácil para você. Tenho certeza de que não vai deixar que a recusa de uma atriz
desconhecida o impeça de satisfazer os seus desejos egoístas.
Os olhos de Jake brilharam de raiva e frustração. Beijou-a, então, com violência.
Quando ela parou de lutar, apertando-se instintivamente contra seu corpo másculo, ele soltou suas mãos, segurando-a pelo cabelo e tornando impossível para
ela fugir daquela boca que a punia tão rudemente.
Uma batida na porta finalmente os separou, e Jake olhou com raiva, antes de perguntar:
- Quem é?
- É Brad, Jake. Posso entrar?
- Um momento. - Voltando-se para Stacy, quase implorou: - for favor, não vá embora. Eu me livro dele num minuto. - Brad Delmain, o homem que ela pensara
ser Jake Weston, entrou.
- Mas que idéia de trancar a porta? Você está... Oh! Estou interrompendo algo?
- Sim.
- Não! - Stacy pegou sua sacola e colocou-a no ombro, decidida, - Você não está interrompendo nada. Com licença.
Jake moveu-se rapidamente, colocando-se à sua frente, antes que pudesse sair.
- Vai jantar comigo? - perguntou, com olhos ansiosos.
- Mas você não desiste, mesmo!
- Vai?
- Não, não vou. Não gosto de você, Sr. Weston. Já lhe dei minhas razões. - Saiu rapidamente e desceu pela escada.
Quando acabou de tomar banho e secar o cabelo, já estava quase na hora de jantar. Juliet chegou às seis e meia e fitou-a, esperando uma explicação.
- Como passou o dia? - Stacy perguntou.
- Você está querendo saber como eu passei o dia?
- Bem, foi o que perguntei - Stacy ignorou seu sarcasmo.
- Foi ótimo, o clima estava perfeito. Mas estou mais interessada em saber como você passou o dia.
- Fui à praia.
- Mas, não sozinha.
- Não, não fui sozinha.
- Ora, vamos, Stacy. Um pouco de entusiasmo! Você precisava ver os olhares de inveja ontem à noite, quando você foi embora com Jake Weston.
- Posso imaginar!
- Bem, conte mais sobre o passeio. Como você conseguiu conquistar o homem?
- Eu não sabia que tinha conseguido.
- Está brincando! - Juliet deu uma gargalhada sonora.
- Ele foi direto para você, assim que chegamos ao salão. Pobre Matthew, foi posto de lado sem qualquer cerimônia.
Matthew! Tinha se esquecido dele.
- Não vou mais sair com o Sr. Weston.
- Não vai?
- Acho que não.
- Por quê? Eu tinha certeza de que ele estava vidrado em você. E, outra coisa, conseguiu o seu emprego de volta. Influência dele?
- Acho que sim, mas não foi como está pensando.
- Eu não tenho pressa. Conte o que aconteceu.
- Não há muito para contar. O Sr. Weston não concordou com Payne sobre a minha demissão.
- Posso apostar que não - brincou Juliet.
- Juliet, por favor! Até alguns minutos atrás, eu nem sabia que ele era Jake Weston.
- Mas todo mundo sabia!
- Pois eu não. E nem Matthew, ontem à noite.
- Ele sabe agora. Ficou furioso ao ver o jeito como Weston a dominou.
- Não sei por quê. Matthew e eu somos só bons amigos.
- Acho que ele não concorda muito com isso. Está uma fera.
- Está sendo ridículo, isso sim. Ele já me viu com outros homens e nunca disse nada.
- Mas nenhum deles era Jake Weston.
- Só o nome dele faz meu sangue ferver.
- Será que posso saber por quê? Stacy suspirou e explicou rapidamente o que acontecera.
- Ele disse que fez isso porque queria que eu gostasse dele por ele mesmo. Não acredito.
- Que maneira estranha de agir.
- Estranha? - gritou Stacy. - É simplesmente estúpida! Assim que chegou ao hotel, a recepcionista o chamou e acabei descobrindo tudo. Já estava com raiva
dele, e isso completou o dia.
- Por que estava com raiva dele?
- Por outra de suas brincadeiras idiotas. Ele estava me chateando, sem confessar se era casado ou não.
- Mas ele é! - disse Juliet, sem hesitar.
Stacy ficou pálida e sentou-se, pois suas pernas falharam.
- E casado? - perguntou, angustiada.
- É, sim, e foi a outra razão que deixou Matthew furioso. Eu estava surpresa também, mas... Ei! - Notou a palidez de Stacy.
- Pensei que você sabia disso. - Ele me disse que foi casado, mas que não é mais.
- Bem, talvez não seja. A gente nunca fica sabendo de todas as fofocas.
- É mais uma de suas mentiras.
- Sinto muito, Stacy. Posso entender agora porque está com tanta raiva dele.
- Não estou mais interessada.
- Bem, isso vai fazer uma pessoa feliz.
- Quem?
- Matthew.
- Ah, não! É a última coisa que quero!
- Pensei que gostava dele.
- Eu gosto, mas só como amigo.
- Nesse caso, não se importa se eu tentar fazer com que ele esqueça você?
- Eu não sabia...
- Que gosto dele? E nem devia. Não costumo roubar os namorados das minhas amigas.
- Já disse que não tenho nada com ele.
- Bem, eu não sabia. Se você tivesse visto a raiva dele hoje de manhã, quando encontrou o seu recado...
- Bobagem! Devia estar só preocupado.
- E quanto a Weston? Está mesmo decidida a não se encontrar mais com ele?
- Não... se puder.
- Ele é o consultor do filme.
- Eu sei. É por isso que eu disse que, se o encontrar, não será por minha vontade. Não posso evitá-lo.
- Você esqueceu que vai ter que rodar a cena do estupro com o adorável Paul Forbes?
- Oh, não! - O desânimo de Stacy era evidente. - Eu nem me lembrava mais disso. - E, com Jake Weston como consultor, provavelmente teria que suportar sua
presença durante a cena. Deus, que embaraçoso, depois dos beijos apaixonados que haviam trocado!
- Acho melhor me vestir para o jantar. - Stacy não queria continuar falando sobre aquilo.
- Ê melhor, mesmo. Já está ficando tarde.
Stacy pegou um vestido verde-esmeralda, pensando em Jake. Por que tinha mentido para ela? Se ao menos não fosse casado, poderia perdoar.
Matthew e Daniel já estavam no restaurante, quando desceram. Matthew levantou-se e puxou a cadeira para Stacy.
- Eu não estava certo de que você viria jantar conosco. - A voz dele estava cheia de ressentimento.
- Por que não? - perguntou, serena.
- Pensei que você ia jantar com Weston.
- É mesmo?
- É. Afinal, passou o dia lodo com ele, não foi? Honestamente.
Stacy, mal pude acreditar.
- O que quer dizer com isso? - perguntou, irritada.
- Não entendo como pôde se deixar levar por Weston, tão facilmente. Quando ele voltou para a festa sem você, ontem à noite, todo mundo tirou conclusões.
Ela não sabia que Jake tinha voltado para a festa.
- Você se importa de explicar, Matthew? O que, exatamente, imagina que eu fiz?
- Ele subiu com você para o seu quarto, ontem à noite. É bastante óbvio...
- Matthew! - interrompeu Juliet. - Você está completamente enganado. Stacy não...
- Por favor, Juliet, deixe-o terminar.
- Acho que não preciso dizer mais nada. - Matthew não conseguia esconder a raiva.
- Imagino que todos pensam que Weston fez amor comigo e depois, calmamente, voltou à festa, como se nada tivesse acontecido. É isso o que você acha, Matthew?
- Não é importante o que eu acho, já que todo mundo acha a mesma coisa.
- Não estou interessada na opinião dos outros. Quero saber a sua.
- Você passou o dia inteiro com ele, não foi?
- Então, você concorda com todo mundo.
- Não tenho certeza...
- Pois tenha, Matthew! - Stacy levantou-se, as lágrimas escorrendo pelo rosto.
Não se importou com o olhar curioso das pessoas, queria apenas ficar só. Correu para o jardim e aí chorou de verdade. Não era tanto pela dor que Matthew
lhe causara, mas principalmente por não poder mais sair com Jake Weston, mesmo que quisesse.
Não percebeu que alguém a observava a alguns passos. De repente, sentiu o cheiro de um cigarro. Limpou as lágrimas, antes de se voltar para o intruso.
Paul Forbes!
- Stacy? - Ele se aproximou, devagar. - Eu achei que era você. - Ofereceu um lenço. - Seu rosto ainda está molhado.
Ela secou as lágrimas e guardou o lenço na bolsa.
- Eu devolvo, lavado.
- E eu pensando que ia guardá-lo como lembrança! Bem, devia saber que esse tipo de coisa não a interessa.
- Acho melhor voltar para o salão.
Stacy estava sem jeito e não queria conversar com ele. Paul Forbes colocou a mão em seu braço.
- Fique aqui. Não estou zangado com você. Na realidade, eu a admiro ainda mais, por me recusar.
- Foi por isso que mandou Payne me despedir?
- Não tive nada a ver com aquilo. Não sabia, até Payne me falar sobre a interferência de Jake Weston.
- Não sabia, mesmo? - perguntou, incerta.
- Não. E não pedi a Payne para forçá-la a aceitar a minha companhia, ontem à noite. Ele fez isso por iniciativa própria.
- Oh! - Stacy não sabia se devia acreditar ou não. Ele parecia sincero, mas...
- Ê verdade, Stacy. Sei que tenho péssima reputação, e muito do que se diz é verdade, mas nem tudo. Nunca forcei ninguém a me aceitar.
E nem precisava!, pensou ela.
- O Sr. Payne me deu a impressão de que você estava por trás de tudo.
- Pois estou dizendo que não.
- Bem, se é verdade, peço que me desculpe.
- Já jantou?
Stacy corou, ao lembrar da maneira como saíra do salão. -- Não.
- Gostaria de jantar comigo?
Ela hesitou. Apesar de tudo, ele ainda era Paul Forbes, o homem que ela desprezava. Não confiava nem um pouco nele. Mas essa não era a razão de sua indecisão.
Jake Weston podia estar no restaurante.
- É só um jantar, Stacy. Você estaria me fazendo um grande favor. Não estou com humor para aturar multidões esta noite e, se o pessoal nos vir juntos, vai
me deixar em paz.
- Bem...
- Ótimo. - Ele a pegou pelo braço, decidindo por ela. Sorriu, satisfeito, quando abriu a porta do salão.
- Vamos, e não esqueça de que dependo de você para ter um jantar tranqüilo. Não quero saber de mais ninguém.
Stacy levou um susto quando viu Matthew vindo em sua direção. A última coisa que queria era falar com ele agora. Voltou-se, fingindo total interesse por
Forbes. Matthew, porém, não ia desistir tão fácil: parou na frente deles, acusador.
- Eu estava procurando por você, Stacy.
- Paul e eu estávamos no jardim - respondeu ela, com um sorriso forçado, segurando o braço de Forbes com intimidade.
- Sei, mas eu gostaria de falar com você em particular.
- Vou pedir uma mesa para nós, Stacy. Volto num minuto. Paul cumprimentou Matthew com um aceno e entrou no restaurante.
O rapaz agarrou o braço dela e levou-a para um lugar calmo.
- O que está fazendo com ele?
- Pensei que fosse óbvio: vamos jantar.
- Depois de tudo o que falou dele?
- Todos cometem erros.
- Era por isso que eu a estava procurando. Juliet me disse que eu estava errado. Sinto muito.
- Aceito as suas desculpas, mas isto não muda nada. Foi preciso que Juliet o convencesse de minha inocência. Sendo assim, não somos tão amigos como eu imaginava.
- Stacy! Nem por um momento, eu pensei...
- Pensou, sim. E não tenho dúvida de que sua imaginação já está trabalhando sobre Forbes e eu, não é?
- Bem, você não disse que o desprezava?
- Mudei de idéia.
- Quer dizer que agora gosta dele?
- Não sei ainda. Pode ser que venha a gostar, e pode ser que não.
- Nunca a vi desse jeito, Stacy. Não a estou reconhecendo.
- Você nunca me conheceu, se levarmos em conta a nossa última conversa.
- Talvez esteja certa. Primeiro, Jake Weston; depois, Paul Forbes! Está deixando sua popularidade subir à cabeça.
- Não seja ridículo, Matthew. Jantar com Paul Forbes não é nenhum compromisso. - E mostraria a Jake Weston o que ela pensava dele, de uma vez por todas.
- Bem, se é isso o que você quer.
- É só um jantar, Matthew. Se ele se tornar inconveniente, podemos jogá-lo na piscina, e você terá a satisfação de ganhar mais um ponto hoje.
Ele percebeu que Paul estava voltando e disse, preocupado: - Cuidado com as mãos dele, Stacy.
- Vou me lembrar disso.
- Pronta? - perguntou Paul.
- Sim. Vejo você mais tarde, Matthew.
O restaurante estava lotado e Stacy não conseguiu ver se Jake estava lá.
- Paul? - A voz de Martin Payne interrompeu-lhes a caminhada e ambos se voltaram, Payne estava só e Stacy sabia o que ele ia dizer, antes mesmo que abrisse
a boca.
Por que não ficam conosco? Há alguns detalhes que eu gostaria de discutir com você, Paul. Ele olhou para Stacy e ela concordou imediatamente.
- Por mim, não há problema.
Paul puxou uma cadeira para ela e depois se acomodou ao lado de Pavne. Só então Stacy se deu conta que ele tinha dito: conosco. Empalideceu, quando viu o
outro convidado atravessar o salão par se juntar a eles. Jake Weston!
CAPÍTULO V
Jake olhou com ironia para Stacy, ao vê-la em companhia de Paul Forbes. Sentou-se a seu lado e ela se virou, decidida a não falar com ele.
- Achei que seria uma boa idéia Paul e Stacy ficarem conosco - explicou Payne, desculpando-se.
- Entendo - concordou Jake friamente. - Acho que você tem muito a discutir com Forbes.
Stacy não gostou daquilo, pois significava que ela teria que conversar com ele durante o jantar. Ignorou-o a princípio, mas parecia que o diretor e Paul
realmente tinham muito o que falar, fazendo com que o silêncio entre os dois se tornasse constrangedor.
- Você não perdeu tempo. - Jake a observava por cima da horda do cálice de vinho.
- Não perdi tempo para quê? - perguntou inocentemente.
- Para sair com Forbes.
- Eu lhe disse que preferia a honestidade dele às suas mentiras.
- Sim, mas... Diabos, Stacy, você não precisa sair com ele, não é?
- Como já disse, prefiro conhecer as intenções de um homem antes de sair com ele.
- Nós dois sabemos quais são as intenções dele! Por Deus, Stacy! Pelo menos, comigo, você não seria apenas mais uma.
- Não?
- Não. - Pegou a mão dela por baixo da mesa. - Eu gosto de uma só mulher de cada vez.
Stacy afastou a mão, deixando-a longe do alcance dele; depois falou, quase murmurando:
- Então, você devia ter certeza de que só tem uma.
- O que quer dizer com isso?
- Se não sabe, não vou dizer. - Pegou o copo de vinho e bebeu um gole, ignorando-o completamente.
- Stacy, por favor... - Jake interrompeu o que ia dizer quando Paul Forbes voltou-se, colocando o braço no encosto da cadeira dela.
- Você está bem? Não está aborrecida? Ela sorriu para provocar Jake.
- Mas como eu poderia ficar aborrecida na companhia do Sr. Weston?
Paul olhou para Jake, meio desconfiado.
- Quis saber se não está aborrecida por eu ter que discutir trabalho com Payne?
- Não, tudo bem. Só espero que o Sr. Weston não esteja se aborrecendo comigo.
- Tenho certeza de que Paul concorda que você é maravilhosa demais para aborrecer qualquer homem.
- Ela é adorável! - Paul segurou-lhe os ombros.
- Sobre esta cena, Paul - interrompeu Payne, - eu realmente acho que precisamos mudar, antes de chegarmos ao estúdio, amanhã.
Stacy comparou os dois homens. Ambos vestiam terno preto e camisa branca, mas a semelhança parava aí. Jake era uma figura imponente e irradiava um magnetismo
ao qual nenhuma mulher ficava indiferente. Seu bronzeado perfeito era muito mais atraente para Stacy do que a brancura sem graça de Paul Forbes. Jake era elegante
e cheio de vitalidade; Paul não chegava a seus pés.
- Por que você está com ele?
- Ele me convidou.
- Eu também convidei, mas você não aceitou.
- Por razões óbvias.
- Não são óbvias para mim, diabos!
- Pois deviam ser. Seu jantar está esfriando, Sr. Weston. - Ela fingiu estar muito interessada no prato, apesar de não conseguir sequer sentir o gosto da
comida. Se soubesse que ia jantar com ele, jamais teria aceitado o convite de Paul. Jake não tocou no jantar.
- Não estou com fome. E, por favor, não venha me fazer um sermão disso sobre os milhões que estão morrendo de fome, pois não preciso ouvir.
- Eu jamais lhe faria um sermão sobre qualquer coisa, Sr. Weston.
- Jake, Stacy. Meu nome é Jake - murmurou, com raiva.
- Eu nunca faria isso, Sr. Weston.
- Não tente me gelar, Stacy. Ainda não desisti de você.
- Bem, se eu fosse você, já teria desistido. Não gosto de você. Ele encostou-se na cadeira e sorriu, mostrando os dentes brancos e perfeitos.
- Quando a beijei hoje à tarde, você me deu uma impressão bem diferente.
- Está falando de quando me forçou a fazer isso?
- Não precisei forçar por muito tempo. Se Brad não tivesse aparecido...
- Teria acontecido a mesma coisa. Só porque você é um perito na arte de seduzir garotas, não quer dizer que todas concordem em ceder aos seus desejos. Se
seu amigo não tivesse interrompido, eu teria achado um outro jeito de me livrar.
- Teria, mesmo?
- Sim, teria! Será que podíamos falar de coisas menos pessoais? Acho que esta conversa é totalmente fora de propósito. - Sentia que, se Jake a tocasse, não
teria forças sequer para discutir com ele, quanto mais para resistir.
- Sua presença aqui, com Forbes, também é totalmente fora de propósito.
- Você gostaria que eu fosse embora?
- Você, não; só ele.
- Qualquer um que nos ouvisse, diria que está com ciúme, Sr. Weston.
- Qualquer um que pensasse assim estaria certo.
- Você não tem direito de sentir nada sobre qualquer homem com quem eu saia.
- Nem mesmo se eu quiser você para mim?
- Não me venha com essa! Não sou tão tola a ponto dê cair numa conversa assim.
- E se não for conversa?
- A situação continua a mesma. Não pense que o fato de eu ter passado um dia com você lhe dá o direito de receber mais do que um agradecimento. E acho que
já lhe agradeci, não é?
Não acredito que você esteja interessada em Forbes.
- Não estou interessada em ninguém.
- Eu gostaria de fazer com que mudasse de opinião.
Stacy fez um grande esforço para não se deixar envolver pelo magnetismo dos olhos dele.
- Não!
- Por quê? - Nós gostamos um do outro, Stacy. Queria que me conhecesse melhor.
- Acho que já sei tudo o que preciso saber a seu respeito. Jake foi impedido de responder, pela intervenção dos outros dois homens na conversa. Stacy falou
pouco, concentrando-se no vinho e afastando os pensamentos de tudo o mais.
- Será que você concorda, Stacy? - perguntou Paul. Olhou para ele, surpresa, parecendo ausente de tudo.
- Desculpe?
- Perguntei se você gostaria de ir ao salão de danças.
- Oh, sim!
- Podemos continuar nossa conversa lá - disse Paul para Payne. Quando Forbes foi reconhecido, as pessoas começaram a rodeá-lo.
Na maioria, mulheres. Ele não escondeu sua alegria com todo aquele assédio. Martin Payne ficou a seu lado, provavelmente para proteger o astro de seu filme.
Stacy sentiu que alguém segurava o seu braço e a tirava daquela confusão, levando-a para uma mesa isolada.
Jake sentou-se tão perto dela que suas pernas quase se tocavam.
- Você entende agora por que prefiro esconder ao máximo a minha identidade? - perguntou ele.
- Aquelas pessoas estão apenas mostrando que apreciam o talento de Paul.
- Posso muito bem passar sem esse tipo de aprovação. - Fazendo um sinal, pediu ao garçom que servisse bebida. - Gosto de elogios tanto quanto qualquer um,
e não sou imune à badalação, mas preservo a minha vida privada acima de tudo.
- Assim pode se divertir, como fez comigo?
- Não estava brincando com você, e já lhe expliquei isso.
- Oh, sim! Mas será que percebeu que, voltando à festa, deu a todo mundo a impressão de que tinha acabado de me deixar?
- Mas eu tinha mesmo!
- Eu não quis dizer apenas me deixar.
- Entendo. E quem pensou isso?
- Todo mundo!
- Bons amigos você tem.
- Foi o que eu disse a eles. Por que você voltou à festa? Pensei que ia para a sua suíte.
- A festa era para mim, e eu não podia desaparecer.
- É, tem razão.
- Seus amigos realmente pensam que você e eu...
- Não vejo razão para se divertir tanto. Não acho nada engraçado.
- E não é. - Jake deu-lhe um Martini, que o garçom acabara de trazer.
- Então, pare de rir.
- Eu só estava pensando que, como as pessoas parecem convencidas de que já dormiu comigo, você realmente não deveria se preocupar. Não podem pensar nada
pior daqui por diante.
- Não quero dormir com você!
- Você fica uma beleza, quando está com raiva.
Deus, como ele era atraente! Se ao menos parasse de olhar para ela daquele jeito, poderia se levantar e ir embora. Mas Jake sorriu, e Stacy teve vontade
de beijá-lo.
- Será que posso tirá-la daqui, antes que Forbes consiga se livrar de seu adorável público? - perguntou, com os lábios quase tocando sua orelha.
- Acontece que estou com ele.
- E parece que ele esqueceu que você existe.
- Ele vai se lembrar de mim num momento.
- E está satisfeita com isso? Não se importa de ficar aqui sentada, esperando que se lembrem de você?
- Ele é um homem famoso, tem que dar atenção ao público. Jake passou os dedos suavemente em seu rosto.
- Eu prefiro a sua companhia.
- Sua conversa é mais ou menos como a dele.
- Não é apenas conversa.
Jake levantou-se, de repente, e Stacy pensou que ele ia embora, mas logo percebeu que a puxava e praticamente a carregava para a pista de danças.
Reagiu violentamente quando ele colou seu corpo ao dela, movendo-se lentamente ao compasso da música.
- Por que fez isso? Será que não podia simplesmente ter me pedido para dançar, como qualquer outro homem civilizado, em vez de usar a força?
Você teria recusado, não?
- Teria.
Foi por isso que eu não pedi.
- Sua arrogância é incrível!
- Não fui arrogante, Stacy, apesar de admitir que às vezes sou um pouco. Forbes conseguiu, de alguma maneira, livrar-se do público que ele finge tanto desprezar;
então resolvi raptá-la, antes que ele chegasse.
- O que você quis dizer com fingir?
- Quis dizer que ele adora toda aquela atenção. Diz que não. Mas garanto que ficaria uma fera se ninguém o tivesse reconhecido.
- Isso não é razão para me obrigar a dançar com você.
- Era a única maneira de tê-la em meus braços. Paul Forbes já beijou você?
- Como pode...
- Beijou Stacy? - Seus braços a apertaram ainda mais.
- Não, mas espero que me beije. - Estava sendo sincera, pois ele tinha que beijá-la no filme.
- Odeio a idéia de que ele possa tocar esses lábios maravilhosos.
- Pois garanto que vai fazer mais do que isso.
- Não vou deixar - disse Jake, acariciando a sua boca.
- Não pode impedir. E pare com isso! Todo mundo está olhando.
- Gosto de tocar em seus lábios. É o máximo que posso fazer, enquanto estamos aqui.
- É o máximo que vai fazer. E só estou deixando porque sei que seria bem capaz de fazer uma cena, se eu dissesse não.
- Então, ficaremos aqui a noite toda. Não vou levá-la de volta para que Forbes possa colocar aquelas mãos nojentas em você.
- Não quero ficar aqui nem mais um instante. Eles vão achar que somos muito mal-educados, se não voltarmos,
- Pensei que já soubesse que não ligo a mínima para o que os outros pensam. Especialmente, aqueles dois.
- Então, tente pensar um pouco em mim.
- Talvez você esteja certa. Mas não gosto que a mulher que eu desejo fique com outro homem. Ainda mais com Paul Forbes. Até mesmo Matthew Day seria preferível
a ele.
- Matthew e eu tivemos uma discussão.
- Por minha causa?
- Foi.
- Ele não gostou de saber que você esteve o dia todo comigo?
- Nem eu gostei, quando descobri a verdade sobre você. Nunca tinha saído com um homem casado.
- Realmente, faz muita diferença para você, não?
- Você pensou que não?
- Não me ocorreu pensar em nada.
- Uma coisa como essa é difícil de ignorar.
- Nunca me causou problemas, antes. Mas incomoda você.
- Sim.
- Bem, acho que não há mais nada que eu possa dizer, exceto, talvez, avisá-la para tomar cuidado com Forbes. Eu lhe disse desde o princípio o que queria,
mas ele tem uma maneira muito pouco decente de fazer as coisas.
O que poderia ser mais indecente do que um homem casado mentir sobre esse fato?
- Vou me lembrar. Mas não precisa me prevenir. Afinal, só jantei com ele, nada mais.
- Espero que fique só nisso, mesmo.
- Todo mundo parece querer me prevenir contra ele, mas tudo o que fez até agora foi ser muito educado comigo.
- Quem mais a preveniu?
- Matthew.
- Aquele rapaz sabe julgar as pessoas.
- Ele também não confia em você.
- Como eu falei, ele sabe julgar as pessoas. Vamos voltar para a mesa. Você, naturalmente, não vai abandonar Forbes para ir embora comigo.
Stacy acenou para Juliet, que ocupava uma mesa com Matthew, perto deles.
- É sua amiga? - Paul seguira a direção de seu olhar.
- Nós nos conhecemos aqui, mas como dividimos um quarto, nos tornamos boas amigas.
- Vocês dividem um quarto?
- Não somos artistas famosas. - Riu do espanto dele.
- Sim, eu sei, mas não imaginei que dividissem um quarto.
- Estou muito contente com a minha companheira.
- Mas fica muito incômodo, não?
- Como assim? - Stacy franziu a testa.
- Bem... - Seu sorriso foi bastante sugestivo. Ficou vermelha, ao perceber o que ele queria dizer.
- Nós não temos esse tipo de problemas.
- Ah, entendo. Vocês fizeram algum tipo de arranjo?
- É claro que não - respondeu, firme, sabendo que Jake os observava atentamente. - Não é necessário.
- Bem, vou ver se consigo mudar isso. - Paul acariciou o seu braço.
Stacy sentiu que a velha desconfiança voltava, e não gostava nem um pouco daquela intimidade com Paul. Pegou a bolsa e se levantou.
- Por favor, desculpem, mas estou muito cansada.
- Vou com você. - Paul também se levantou.
- Não é preciso. Eu não quero atrapalhar a sua noite.
- Não está me atrapalhando, Stacy. Prefiro ir do que ficar sem a sua companhia.
- Está bem - concordou, sem graça, evitando o olhar de Jake, que parecia querer lhe dizer algo.
- Vejo vocês amanhã. - Paul despediu-se dos outros dois, com um sorriso vitorioso.
Quando o elevador passou pelo seu andar sem parar, Stacy começou a entrar em pânico.
- Nós já passamos o meu andar. - Tentava disfarçar o medo.
- Pensei em tomarmos um último drinque na minha suíte.
- Podíamos ter feito isso no bar, lá embaixo.
- Não seria a mesma coisa. E eu estava cansado de ver Weston monopolizar você.
- Ele não estava...
- Estava, sim. Não sei por que você mudou de idéia a respeito dele, mas estou contente com isso.
- Não quero falar sobre o Sr. Weston.
- Nem eu. - Abriu a porta: era uma suíte mais ou menos igual a de Jake. - Prefiro falar de nós dois.
- Não temos nada para falar a respeito de nós dois.
Ele encheu dois copos de uísque e pôs gelo. Seus olhos azuis estavam fixos no rosto de Stacy.
- Talvez não, mas estou tentando. Beba.
- Não gosto de uísque.
- O que quer? Rum, conhaque, gin, vodca?
- Nada, obrigada.
- Concordo. Temos coisas mais importantes para fazer. Stacy começou a se afastar, com o coração batendo forte.
- Acho melhor ir para o meu quarto, Sr. Forbes.
- Ainda não, Stacy. Não agora, que consegui finalmente trazê-la até aqui. Não gosto de ser passado para trás, garota. Você me fez de bobo, mas vai pagar
caro.
- Eu...
- Conseguiu até ser readmitida, depois de eu mesmo dizer a Payne para se livrar de você.
- Você disse a ele? Mas falou... - Stacy estava pálida.
- Sei o que falei, e você é tão tola, que acreditou.
Ela entendia tudo, agora que já era muito tarde. Não podia aceitar a idéia de outro homem ter o que ele queria, e por isso a enganara. Nem mesmo a desejava,
só não suportava ser rejeitado.
- Você é tão mau caráter como as pessoas dizem que é - disse ela num desabafo.
- Talvez.
- Pelo menos, agora sei quem você é. Não vai conseguir me enganar outra vez.
- Não será preciso, uma vez é tudo o que quero. - Abraçou-a e beijou-a, mordendo seus lábios macios.
- Pare com isso! - gritou ela, com lágrimas nos olhos.
- Não, enquanto não conseguir tudo o que quero de você.
- Você é nojento!
Ele deu uma risada, antes de beijá-la selvagemente.
- Você devia tentar aproveitar este momento, também.
- Nenhuma mulher gosta de ser atacada. - Riu, histérica. Sua boca e seus braços estavam machucados.
- Algumas gostam.
- Eu, não!
- Weston não machucou você? Não, com certeza. Imagino que tenha usado outra técnica.
- Ele não precisa recorrer à violência!
Não podia ter dito coisa pior! Os olhos dele se estreitaram de raiva e Paul apertou-a com mais força. Desesperada, Stacy mordeu a orelha dele.
Paul Forbes soltou-a, com um grito de dor.
- Sua vagabunda!
Era tanta a raiva nos olhos dele, que ela correu para a porta. Mas Paul conseguiu segurá-la pelo vestido, rasgando a parte de cima.
Stacy conseguiu abrir a porta e, depois de recuperar o fôlego, gritou, com os olhos banhados de lágrimas:
- Você é um animal! Um animal!
- Você não parece estar muito longe disso, não é, Stacy Adams? - disse ele, batendo a porta, com raiva.
Ela ficou imaginando como estaria, com o cabelo todo desmanchado, os lábios machucados e sangrando, marcas roxas nos braços e o vestido em pedaços.
Quando se voltou para descer a escada, deu um encontrão em um homem.
- Jake! Oh, Jake, ajude-me! - soluçou, agarrando-se a ele. - Meu Deus, Stacy! O que aconteceu com você? Forbes? Forbes fez isso?
- Sim. Ele... ele...
- Meu Deus, ele...
- Não! Não! Eu fugi.
- Aquele porco! Vou matá-lo por isso. Vou matá-lo!
Ela se apoiou nele, enquanto caminhavam até a suíte de Jake. Stacy tremia tanto, que seus dentes batiam.
Assim que chegaram, Jake acomodou-a no sofá e foi preparar um drinque.
- Beba isso, Stacy, vai-lhe fazer bem. É conhaque, vai acalmar os seus nervos.
Amedrontada, Stacy viu que ele se dirigia para a porta.
- Onde... onde você vai?
- Vou ensinar a Forbes como se trata uma mulher.
- Não me deixe. Por favor, não me deixe sozinha.
Ele voltou no mesmo instante, abraçando-a e deitando sua cabeça no ombro largo.
- O que ele fez com você?
- Ele queria... Pensou que você e eu tínhamos... Jake tocou seus lábios machucados, com carinho.
- Pensou que tínhamos feito amor?
- Sim. E disse que eu o fiz passar por ridículo, indo com você à festa de ontem. Ele me enganou, convencendo-me a jantar com ele.
- Eu avisei que ele estava fingindo, mas acho que o aviso chegou tarde demais.
- Sim. Nós já estávamos na suíte, quando percebi isso.
- Você é muito ingênua. Tome o resto do drinque, volto num minuto.
- Você... você não vai vê-lo, não é?
- Vou.
- Eu gostaria que não fosse.
- Tenho que ir. Vou lhe dar uma lição que nunca esquecerá.
Jake voltou em menos de cinco minutos, com um ar de satisfação estampado no rosto.
- Não creio que ele tente atacar mais ninguém.
- O que fez com ele?
- Não se preocupe, não bati em nenhum lugar visível. Ele só vai ficar com algumas manchas negras por algum tempo e uma orelha ferida, é claro.
- Foi a única maneira que encontrei para me livrar.
- Ele tentou me contar uma história diferente, mas logo fechei sua boca. Agora, é melhor você ir para a cama.
Olhou, desconsolada, para o vestido todo rasgado.
- Acho que vai ser um pouco difícil chegar até o meu quarto assim, sem encontrar ninguém pelos corredores.
- Não vai para seu quarto, vai ficar aqui
CAPÍTULO VI
O rosto de Stacy demonstrava quanto estava amedrontada. Será que tinha escapado de uma armadilha, para cair em outra ainda mais perigosa? Jake não podia
ser tão cruel! ;
- O que você... quer dizer?
Ele suspirou, lançando-lhe um olhar de reprovação.
- Só que você está com péssima aparência para voltar ao seu quarto. Se ficar aqui tenho certeza de que não terá mais nenhum problema; pelo menos, esta noite.
- Não vou deixar que Paul Forbes me engane outra vez.
- Você é tão tola, que qualquer um pode enganá-la.
- Se estava querendo me insultar, conseguiu.
- Eu gostaria de fazer coisas muito diferentes, mas acho que você já teve o suficiente por uma noite. Deite-se e durma.
- Eu acho que... Você sabe, divido o quarto com Juliet e ela pode me fazer companhia até que eu consiga dormir.
- Ela ainda não deve ter voltado. E não acho bom você ficar sozinha.
- E se alguém descobrir?
- Ninguém vai saber.
Stacy acabou concordando em ficar, pois se sentia segura com Jake. Pelo menos, ele nunca iria apelar para a força bruta, já que seu magnetismo sensual bastava
para atrair qualquer mulher. Levou-a para o quarto.
- Este é o seu quarto?
- É claro que é. Eu disse que não ia deixá-la sozinha.
- Sim, mas...
- Não é o que está pensando, Stacy. Vou ficar a seu lado, até que adormeça.
- E onde vai dormir?
- Não vou dormir, pretendo ficar aqui com você.
- Mas não seria mais fácil...
- Não quero mais discutir o assunto. - Segurou seus dedos frios. - Boa noite, Stacy.
- Boa noite.
Durante a noite, Stacy acordou chorando e se debatendo, e só se acalmou ao sentir o conforto dos braços que a seguravam firme. Voltou então a dormir.
Já era tarde, quando acordou. Espreguiçou-se e só depois percebeu que estava numa cama estranha. E nua! Ficou feliz por estar sozinha. Jake devia tê-la despido
durante a noite. Mas, por quê? E onde estava ele agora?
Escorregou rapidamente para baixo das cobertas, quando ele entrou no quarto sem bater.
- Bom dia. - Deu-lhe uma xícara de café.
Stacy colocou a xícara na mesinha ao lado, para poder segurar as cobertas sobre os seios nus. -- Não sei se é um bom dia. Eu... Onde você dormiu?
- Aqui. Eu disse que não ia deixá-la sozinha.
- E como é que eu...
- Como ficou sem as suas roupas? Bem, você começou a arrancar as roupas no meio da noite e eu...
- Não fiz isso! - Ela estava ofegante.
- Devia estar sonhando que ia ser atacada outra vez. Depois, simplesmente voltou a dormir. Achei que ficaria mais confortável nua.
- Gostaria que você não tivesse feito isso. Ele pegou um pedaço de seu vestido verde.
- Não tive muita escolha, pois você estava quase se estrangulando.
- Podia ter deixado o resto - ela insistiu.
- Mas deixei. - Sorriu. - A menor calcinha que já vi.
Stacy ficou mais vermelha ainda.
Jake caminhou para a porta, com largas passadas.
- Vou deixá-la sozinha, para que possa tomar uma ducha. Vai encontrar um roupão atrás da porta.
- Mas que roupa vou vestir para sair daqui? Não posso descer Pelo elevador usando o seu roupão de banho!
- É só me dizer o que quer que, depois do café, vou apanhar. Juliet já deve ter saído há horas.
Stacy olhou seu pequeno relógio de pulso.
- Dez horas! Eu devia estar trabalhando desde as sete!
- Telefonei para Payne e disse que você não iria hoje.
- Não devia ter feito isso. Meu Deus, o que é que o pessoal vai pensar? O Sr. Payne não pediu uma explicação?
- Sim. E eu disse para ir falar com Paul Forbes.
- Ele não vai fazer isso.
- Provavelmente, não. Conhece as trapaças de Forbes tanto quanto eu. Não impedi você de sair com ele ontem à noite, porque achei que tinha juízo suficiente
para não ir ao quarto dele.
- Eu tenho! Só que não percebi onde estávamos indo, porque discutíamos a seu respeito.
- E por que estavam discutindo a meu respeito?
- Por que ele acha que você ainda me quer.
- E daí?
- Você... você me quer?
- Quer que eu vá até aí e prove? - perguntou, com malícia.
- Não! - Segurou o lençol com mais força. - Preciso tomar uma ducha, me vestir e ir ao estúdio.
- Payne disse que não vai precisar de você. Além disso, dificilmente conseguiria filmar hoje.
Ela colocou a mão sobre os lábios, preocupada.
- Estou tão mal assim?
- Bem, não está nada bonita. Poderia fazer a cena de depois do estupro sem precisar de maquilagem.
Stacy empalideceu e as lágrimas encheram os seus olhos.
- Isso foi... foi...
- Muito brutal - acrescentou ele, voltando até a cama. - Stacy, eu não queria magoar você. É que... Se ele tivesse conseguido, eu o teria matado.
- Você não pode estar mais aliviado do que eu por isso não ter acontecido.
Jake afastou-se um pouco, para observá-la melhor.
- Não sabe o que eu senti. Stacy... - Seus lábios tocaram os dela. - Oh, Stacy! - Deitou-a novamente e continuou a beijá-la.
Stacy correspondeu, e o medo que sentia não era nada comparado ao prazer que ele lhe despertava.
Depois do ataque violento de Paul Forbes, não tinha por que se opor à paixão suave de Jake. Sentia-se segura em seus braços, apesar de saber que ele talvez
não pudesse parar. As cobertas caíram e Jake passou a acariciar a sua pele macia, segurando seus seios e enterrando o rosto entre eles.
- Quero você, Stacy. Quero muito.
Ela estremeceu quando os lábios dele tocaram o bico dos seios rijos e uma onda de emoções desconhecidas tomou conta de seu corpo. Era uma explosão que a
fazia desejar coisas que nem mesmo sabia quais eram.
Jake continuava a acariciar o seu corpo com os lábios sedentos, excitando-a cada vez mais. Agarrou-se a ele, que também estava muito excitado.
Mais uma vez uma batida na porta separou os dois. Stacy olhou para ele, atordoada, e viu que Jake tinha os olhos brilhantes de paixão.
- Meu Deus! - Ele a soltou, devagar. - Deve ser o café que pedi para nós.
Stacy estava tão embaraçada com aquela intimidade, que tudo o que desejava era ficar sozinha.
- É melhor você abrir a porta - disse baixinho, incapaz de olhar para Jake.
- Sim, é melhor, mesmo. Quer que eu peça desculpas?
- Não. Eu... eu gostaria de ficar sozinha.
- Sabe o que teria acontecido, se o café não tivesse chegado?
- Sei.
- Talvez não seja o melhor momento para lhe dizer isso, mas eu gostaria de protegê-la, Stacy.
- De quê?
- De Paul Forbes e de homens como ele. Mas, depois do que acabei de fazer, tenho certeza de que você me coloca no mesmo nível.
- Não. Eu...
- Droga! - gritou ele, quando bateram outra vez na porta. - Podemos conversar sobre isso enquanto tomamos café, apesar de eu não estar mais com fome.
Ele a examinava detidamente, eliminando qualquer dúvida sobre o tipo de fome que sentia.
Stacy corou, pois queria o mesmo.
- Acho melhor você atender à porta.
- Sim, antes que eles a derrubem. Não demoro. , Ela ouviu o murmúrio de vozes, enquanto estava no banheiro, com vergonha de ter que encarar Jake novamente.
Mas, no fundo, o que desejava é que ele continuasse com suas carícias e não parasse nunca mais. Descobrira, naquela manhã, que amava Jake e que queria ficar com
ele para sempre. Mas Jake era casado. Mesmo que não fosse, só sentia atração sexual por ela, e isso provavelmente acabaria quando a possuísse.
Saiu do banheiro com a cabeça baixa, o roupão dele fortemente amarrado na cintura. Ao entrar na sala, levou um choque: Jake não estava só. Brad Delmain conversava
com ele.
- Oh! - Ela sentiu o rosto pegar fogo.
Jake veio ao seu encontro e passou o braço em seus ombros.
- Brad chegou junto com o café.
- Você devia ter explicado, Jake. - Brad também estava sem jeito.
- Vou buscar algumas roupas para você - disse Jake. Stacy abraçou-o com força:
- Não me deixe aqui.
- Brad é um cara legal, embora não pareça. Dê-me a chave do seu quarto, querida.
Stacy pegou a bolsa, com mãos trêmulas.
- Você não demora?
- Não, doçura. Diga apenas o que devo trazer.
- Qualquer vestido de algodão do guarda-roupa à direita. Não pretendo ir a lugar nenhum, hoje.
- Volto logo. Espero que Juliet já tenha saído. Stacy apoiou-se no batente, sem saber o que fazer.
- Venha tomar café - sugeriu Brad. - Parece que precisa. Ela se aproximou e sentou-se, sem responder. Quando o líquido quente tocou seus lábios feridos,
estremeceu.
- Está bem machucada, é melhor deixar o café esfriar um pouco.
- Sim.
- Espero não ter interrompido nada.
- Não. Não é exatamente o que parece.
- Não estou julgando ninguém, Stacy.
- E por que não? Deve fazer uma péssima idéia sobre uma garota que passa a noite no quarto de um homem casado.
- Casado? Está falando de Jake?
- De quem mais?
- Quem disse que ele é casado?
- Todo mundo sabe disso.
- Pois estão todos enganados.
- Mas... Vai negar que existe uma Sra. Weston?
- Existia uma Sra. Weston. Está morta.
- Meu Deus!
- Sou o advogado dele, Stacy, e posso garantir que isso é verdade. E, por ser advogado, nunca aceito evidências circunstanciais como prova. Você saiu do
quarto de Jake, mas isso não quer dizer que ele também tenha dormido lá.
- Mas ele dormiu, só que na poltrona.
- Acredito. E, mesmo que tivessem dormido juntos, eu não teria nada a ver com isso.
- Você é muito gentil.
- Gentil? Stacy, não sou nada disso. Se eu estivesse no lugar de Jake, você certamente não teria dormido sozinha.
Ela sorriu. Simpatizava com ele. Ainda sorria quando Jake voltou, mas, para sua surpresa, ele estava de péssimo humor.
- Aqui está a sua roupa. - Jogou sobre ela. - Vá se vestir.
Stacy saiu da sala, confusa. Jake estava zangado e distante, justamente quando ela descobrira que não tinha por que se afastar dele, já que sua esposa estava
morta.
Quando voltou, Brad tinha saído. Jake estava sentado no sofá, tomando café.
- Brad teve que ir.
- Oh! - exclamou Stacy, sem saber se ele queria que ela fosse embora ou ficasse.
- Isso a incomoda?
- Por que deveria?
- Pareciam muito amigos, quando cheguei.
Stacy não podia acreditar! Jake estava com ciúme do advogado! Se ele soubesse que não precisava sentir ciúme de nenhum homem!
- Brad é muito simpático.
- Brad? Não levou muito tempo para ficarem íntimos.
- Foi só uma maneira de falar. Ele nunca me chamou de Srta. Adams.
- Será que ainda não aprendeu que não pode confiar nos homens tão facilmente? Ele podia ser outro Paul Forbes.
- Mas não é. É seu advogado.
- Parece ter descoberto muita coisa sobre ele em muito pouco tempo.
- Nem tanto. Quando diz que não devo confiar nos homens, isso inclui você?
- Especialmente. Acha que eu teria recuado esta manhã, se não tivessem nos interrompido? Pois saiba que não. Eu disse uma vez que nunca considerei minha
idade como uma barreira, mas agora começo a pensar que estava errado. A idade, a maneira como tenho vivido, tudo isso junto talvez me impeça de um envolvimento emocional
mais profundo. Comigo tem que ser tudo ou nada. Mas a sua idade é uma barreira intransponível.
- Não, necessariamente.
- E, sim. De qualquer maneira, minha oferta de proteção continua de pé. Mas terá que me desculpar, se eu cometer algumas falhas como a de hoje cedo. É uma
garota adorável, e só tem que sorrir para me deixar louco de desejo.
- E... e como pretende me proteger?
- Transformando-me num guarda-costas não oficial.
- Não consigo entender.
- Precisa de alguém que a proteja de Forbes. Você o fez de bobo, e como ele não conseguiu o que queria...
- Está tentando me dizer que ele pode tentar outra vez?
- Ele vai tentar. E pretendo ficar o tempo todo ao seu lado. Se ele achar que estamos tendo um caso, não se aproximará.
- Acho que seria melhor para todos se eu fosse embora.
- Não! Não seria bom nem para você, nem para mim. E por que dar a Forbes a satisfação de saber que conseguiu amedrontá-la?
- Mas você... você não vai querer passar todo o tempo comigo!
- Não seja ridícula! E não se preocupe. Sei que você me aceitou esta manhã por pura gratidão. Não vou prometer não fazer outra tentativa, mas quero deixar
bem claro que sei de sua aversão pelo que sou e pelo que represento.
Jake realmente acreditava que ela não gostava dele. O que poderia fazer para mudar a opinião dele? Suspirou, desanimada.
- Acho melhor eu ir embora.
- Fique e tome o seu café.
- Não, eu...
- Fique, Stacy - repetiu, com a voz cansada.
- Você acha mesmo necessário me proteger de Paul Forbes?
- Depois de ontem, ainda tem dúvidas? Ela estremeceu, sem responder.
- Bem, vá se trocar logo, pois pretendo ir assistir à filmagem dentro de mela hora.
- Oh, não! - Stacy protestou, protegendo os lábios com as mãos. - Eu não poderia encarar os outros neste estado!
- Você pode, Stacy, e vai. Não pensa que as marcas vão desaparecer amanhã, pensa? Estarão piores e mais escuras. Não, você vai enfrentar Paul Forbes ainda
hoje.
- Não posso!
- Pode, sim. Além disso, tenho que trabalhar. Qualquer problema que eles tenham, preciso estar lá para resolver. Só fiquei aqui hoje porque achei que você
precisava dormir.
- Mas você só chegou há dois dias, e as filmagens já duram semanas!
- Estava resolvendo problemas pessoais nos Estados Unidos.
- Entendo. Mas eu não preciso ir. Preferia não ver ninguém, por enquanto.
- É por isso que tem de ir. Ora, Stacy, você é uma atriz, uma ótima atriz, e certamente pode se sair bem dessa.
- Como sabe se sou boa atriz?
- Vi seu teste centenas de vezes. Será que estará pronta em quinze minutos?
- Sim, se faz mesmo questão que eu vá.
- Faço. Não vai poder ficar escondida para sempre. Se tiver sorte, todos vão pensar que fui eu que fiz isso, que minha paixão se tornou selvagem.
- Oh, não!
- Prefere que saibam que Forbes tentou violentá-la?
- Não! Mas não posso deixá-los pensar que você e eu...
- Por que não? Acha tão terrível que pensem que dormiu comigo?
- Não foi isso o que eu quis dizer. - Os olhos dela imploravam compreensão.
- Então, desça e arrume-se logo.
- Jake, por que está tão zangado comigo?
- Porque você estava flertando com Brad na minha ausência.
- Não estava.
- Não tente negar. E apenas alguns minutos depois de sair dos meus braços.
- Não estava, verdade. É que ele foi amável comigo...
- E se eu for amável com você, vai sorrir para mim como sorriu para ele? - Agarrou seus ombros com força. - Você sorriria, Stacy?
- Está me machucando!
- E vou machucar ainda mais, se a vir sorrindo para outro homem daquele jeito.
Stacy olhou para ele com os olhos arregalados, sem entender a razão de tanto ciúme.
- O que quer dizer com isso?
- Esqueça. Eu me encontro com você em dez minutos, na recepção.
Stacy estava surpresa com a reação de Jake. Mas sabia que tinha culpa, pois dissera a ele que vivera durante algum tempo com Matthew. Além disso, tinha agido
de uma maneira estúpida, ao aceitar o convite de Paul para jantar.
Levou mais do que dez minutos para ficar apresentável, porque precisou fazer uma maquilagem mais carregada para esconder as marcas escuras. O dia estava
quente, mas foi obrigada a usar um vestido de mangas compridas.
Jake a esperava com impaciência.
- Ficou ótimo, Stacy.
- Fiz o melhor que pude.
- Realmente, um ótimo trabalho!
- Está me acusando de ter provocado Paul Forbes?
- Você provocou?
- Jake!
- Então, não me faça perguntas estúpidas.
Havia muita gente observando, na enseada que estava sendo usada para a filmagem. Stacy segurou a mão de Jake, procurando não tremer. Quando se aproximaram
de Martin Payne, ela sentiu o rosto pegar fogo.
Estavam filmando algumas cenas com Juliet, e era óbvio que havia problemas. Pelo jeito, Payne já tinha perdido a paciência com o seu astro favorito.
- Por Deus, Paul, nesta cena você faz amor com a garota! Você mais parece um boneco de madeira!
Stacy percebeu o sorriso de Jake e teve que desviar o olhar rapidamente, para não rir também.
Paul voltou-se para o diretor, furioso.
- Estou doente e cansado de repetir essa droga!
- Então, devia ter feito um bom trabalho na primeira vez. Tudo bem, vamos descansar. Cinco minutos de intervalo. Só cinco, entenderam? - Virou-se para Jake.
- Não sei o que você fez, mas ele está impossível hoje.
- Ele não é assim todos os dias?
- A maioria deles - admitiu Payne. - Mas, normalmente, consegue atuar bem. Hoje, nem isso. Segura a garota como se tivesse medo de abraçá-la!
- Talvez seja exatamente o que está sentindo. Não deve ser muito confortável, com as costelas quebradas.
- Meu Deus, Jake! Você não fez isso com ele, não é?
- Pode acreditar que fiz. E adorei fazer.
- E por que ele não me disse?
- As circunstâncias que me levaram a agredi-lo talvez não sejam do tipo que ele queira comentar, mesmo com você. - Olhou para Stacy. - Tudo bem, querida?
- Sua voz era terna.
- Sim, tudo bem. Vou falar com Juliet e volto já.
- Certo. Procuro você quando estiver pronto para ir embora. Enquanto Jake e o diretor discutiam uma cena, Stacy foi andando até o local onde Juliet conversava
com outra garota.
Estava quase chegando, quando cruzou com Paul Forbes. Parou, assustada, ele se aproximava com passos firmes e um sorriso diabólico.
CAPÍTULO VII
Stacy queria fugir, mas estava paralisada de medo. Paul segurou-a pelo pulso.
- Sorria, Stacy. Não queremos que ninguém pense que não somos bons amigos, não é?
- Não dou a mínima para o que pensem. Você é desprezível e todos deviam saber disso.
- Saber o quê? Que tentei fazer amor com você à força? Eu diria que você ficou apaixonada por mim e que perdi a cabeça.
- E estas marcas?
- Um pouco mais de paixão. E acho que todo mundo acreditaria. Sabe qual é o seu problema? Você tem se tornado amiga de muitos homens ultimamente.
- O quê?
- Tenho observado. Sábado, você jantou com Matthew, passou o resto da noite e o dia seguinte com Weston, depois jantou comigo. E hoje você está com Weston
outra vez. Experimentou os três e descobriu que Weston é o melhor na cama. Eu não vejo como alguém possa pensar outra coisa.
- Jake sabe a verdade. Ele...
- Claro, Jake sabe tudo. Ou pensa que sabe.
- O que está insinuando agora?
- Que ele só ouviu a sua versão do que aconteceu ontem à noite.
- E não há outra. Eu jamais...
- Dormiria comigo? - Paul deu uma risada irônica. - Eu só tenho que contar a ele uma história diferente. Na realidade, eu já fiz isso ontem.
- Você o quê?
- Eu disse que você gostava de homens brutos. Stacy empalideceu.
- Por quê?
- Porque você fez pouco de mim. Jake Weston é um homem muito ciumento, Stacy. Eu poderia contar a ele como você me perseguiu, e então...
- Nunca persegui você.
- Não. Mas, antes de terminar este filme, vou fazer Weston acreditar que me perseguiu.
- Você está doido!
- Você dormiu com Weston. Não negue, Stacy, eu sei que é verdade. Sem querer, sua amiga Juliet me informou que você não dormiu no seu quarto. Ela pensou
que você estivesse comigo.
- Entendo. E por que está me dizendo tudo isso?
- Tive tempo suficiente para pensar numa boa vingança contra Weston, por todas as marcas que ele me deixou.
- E o que você diz destas marcas? - Mostrou os lábios machucados. - Você agiu feito um animal!
- Sou o astro deste filme, garota, e não gosto que figurantes como você pensem que podem me passar para trás. Como já disse, vou me vingar, e você será o
meu instrumento.
- Como?
- Quando ele estiver louco por você, vou contar que nós dormimos juntos.
- Mas é mentira!
- Você deveria saber, Stacy, que posso ser muito convincente, quando quero.
- Vai fazer isso, só porque eu o recusei?
- Já fiz coisas piores, por muito menos.
- Está doente! E não me assusta.
- Veremos!
Stacy fugiu e foi ao encontro de Juliet.
- Eu gostaria de saber como você conseguiu - disse Anna, uma figurante.
- Conseguiu o quê?
- Conquistar os dois homens mais atraentes das redondezas. - Voltando-se para Juliet, despediu-se: - Vejo você mais tarde.
- Bem! Você parece ser o centro das atenções.
- As coisas nem sempre são o que parecem.
- Já viu Matthew?
- Não.
- Ele voltou para o hotel. Não o viu, mesmo?
- Não.
- Talvez tenha sido melhor assim. Ele estava uma fera ontem, e não sei se já se acalmou.
- Qual é o problema?
Juliet deu uma sonora gargalhada.
- Como se você não soubesse! Venha comigo até o trailer enquanto me troco. Por alguma razão desconhecida, Paul não consegue atuar, e desistiram de filmar
hoje.
Stacy seguiu a amiga.
- Bem, conte-me tudo - pediu Juliet.
- O que você quer saber?
- Tudo. Você deixou Matthew em estado de choque, ontem. Acho que ele está assim porque não teve a mesma sorte.
- De quem?
- Isso é o que eu quero saber. Você saiu do salão com Paul e chegou aqui com Jake Weston. Estou confusa.
- Pois não devia. Nenhum dos dois teve essa sorte.
- Está brincando!
- Se Matthew está zangado porque imagina que dormi com um deles, pode ficar descansado.
Juliet pareceu desapontada.
- Quer dizer que ele passou a noite toda a seu lado... e nada?
- Foi exatamente o que aconteceu. - Não acredito!
- Mas é verdade. Não sou de ter casos.
- Eu não quis dizer que não acredito em você; só acho incrível tudo o que aconteceu.
- Eu gostaria que todos confiassem em mim como você.
- Você está sendo alvo de muita inveja. Afinal, como disse Anna, conseguiu conquistar os dois homens mais atraentes daqui.
- Desculpe, mas não concordo.
- Sobre os dois homens atraentes? Qual deles não o é?
- Adivinhe.
- Bem, como você chegou com o Sr. Weston, suponho que Paul Forbes seja o que está fora do páreo.
- Ele nunca esteve no páreo, pelo menos, no que me diz respeito.
- Mas você jantou com ele ontem.
- Foi o maior erro que cometi em toda a minha vida. Por alguns estúpidos minutos pensei que talvez estivesse enganada a respeito dele. Mas não estava.
- Então, onde passou a noite?
- Como dizer o que aconteceu, sem dar a impressão errada?
- Não estou aqui para julgá-la. Só Deus sabe que não tenho levado uma vida inocente, mas...
- Fiquei na suíte de Jake Weston.
Juliet estava abismada, quando Stacy finalmente terminou sua história.
- Espero que o Sr. Weston tenha dado uma boa lição naquele nojento.
- Acho que você pode imaginar, pelo jeito como Paul atuou hoje.
- É, ele estava péssimo. Só quero encontrar Matthew antes de você. Não acredito que ele vá ter paciência para ouvir toda a história, antes de começar a gritar.
- E Jake também vai gritar, se eu não voltar logo. Ah, para a sua informação, ele não é casado.
- Eu disse que podia estar errada.
Juliet nunca saberia como Stacy estava contente com isso.
- £ melhor eu sair daqui, ou ele vai pensar que fui atacada outra vez.
- Você vai me apresentar a ele? Eu adoraria conhecê-lo.
- Claro que sim, mas não me culpe se ele a tratar mal: muda de humor com a maior facilidade.
Parece que conseguiram pegá-lo no momento certo, pois alguns minutos após serem apresentados, Jake e Juliet conversavam e riam como velhos amigos. Stacy
sentiu-se esquecida e enciumada.
- Podemos lhe dar uma carona até o hotel.
- Você não precisa ficar aqui? - perguntou Stacy, rápida.
- Não, se isto significa que tenho que me privar da companhia de duas lindas garotas.
- Nesse caso, eu sento atrás. Tenho certeza de que você e Juliet têm muito o que conversar.
- Certo. Só vou me despedir de Payne e já volto.
- Esperamos você no carro. - Ela estava positivamente de mau humor.
- Puxa vida! - disse Juliet. - Ele é mais fascinante do que eu imaginava, se é que isso é possível.
- É possível.
- Por que toda essa agressão? Será que está com ciúme?
- Não. É claro que não.
- Sim, você está. Ora, Stacy, ele só está tentando ser gentil comigo.
- Ele pode ser gentil com quem quiser. Tem o direito de flertar e sair com qualquer mulher.
- Mas você não gostaria, não é? Está apaixonada.
- Não!
- Mentirosa!
- Bem... Pode ser que sim.
- Eu poderia facilmente gostar dele, se não estivesse tão interessada em Matthew. Sabe que ele me deu um beijo ontem?
- Fico feliz por você.
- Foi o que pensei. Aí vem o Sr. Weston.
Stacy virou-se para observar Jake, mas desviou o olhar antes que ele percebesse o seu interesse.
- Sinto muito se atrapalhei o seu trabalho - disse ele a Juliet, acelerando o carro. - Acho que Paul não está em condições de trabalhar hoje.
- Stacy esteve me contando o que aconteceu.
Jake deu uma olhada para Stacy pelo retrovisor e percebeu que ela estava atenta à paisagem.
- Espero que você não tenha ficado muito preocupada com a ausência dela.
Os olhos de Stacy brilharam de raiva e ciúme ao se sentir excluída da conversa. E ficou contente quando chegaram rapidamente ao hotel. Jake abriu a porta
para elas descerem.
- Você gostaria de almoçar conosco?
- Adoraria, mas tenho um encontro com Matthew.
- Está bem. Espero vê-la mais tarde. Stacy estava realmente irritada.
- Não me lembro de ter concordado em almoçar com você.
- Você não concordou.
- Então, por quê...
- Mas você vai e, enquanto comemos, vai me dizer o que conversou com Forbes durante tanto tempo.
- Você me viu conversando com ele?
- Vi tudo. Você não me pareceu com vontade de se livrar dele, e muito menos como alguém que disse odiá-lo.
- As aparências enganam - murmurou ela, lembrando-se do pânico que sentira.
- O que ele queria?
- Ele...
- Eu quero a verdade.
De alguma maneira, sentia-se humilhada por revelar a verdade.
- Ele só estava me mostrando o ser repulsivo que é.
- Isso não responde à minha pergunta.
- Ele me fez ameaças estúpidas.
- Que tipo de ameaças?
- Mas, são tão tolas...
- Diga, Stacy.
- Disse que vai se vingar de você.
- Entendo. E ele mencionou qual o tipo de vingança?
- Não - mentiu. Não queria dizer que ele pretendia contar a Jake que já dormira com ela.
- Tem certeza?
- Só estava despejando a raiva em cima de mim. Ele vai superar isso.
- Homens como Forbes nunca superam nada. Será que o comportamento dele ao exigir a sua dispensa do filme, sem falar da atitude dele à noite, não bastam para
provar isso?
- Acho que sim. Mas não tenho muito mais o que fazer nesse filme. Creio que dentro de uma semana voltarei a Londres.
- Já tem algum trabalho programado?
- Não, por algumas semanas.
- Então, não vejo razão para ir embora. Por que não fica até terminarmos o filme?
- Porque, no momento, minhas diárias estão sendo pagas pela produção, de acordo com o contrato, e eu não poderei pagar o hotel. Divido um apartamento com
outras três garotas em Londres e, mesmo estando fora, continuo pagando a minha parte.
- Eu posso pagar as suas despesas,
- O que é que você está sugerindo, exatamente?
- Não quero que você vá para Londres, onde não poderei vê-la.
- Quer me ver?
- O que é que você acha?
- Não faço idéia.
- Nem mesmo depois do que aconteceu hoje de manhã?
- Nem mesmo depois disso. Esta manhã foi... bem, foi o resultado de uma série de circunstâncias.
- A principal delas é que eu a desejo, certo?
- Sim.
- Apavora você o fato de eu ser tão honesto, não? Será que preferia que eu dissesse algo assim como: apaixonei-me por você quando vi o seu teste e fico muito
feliz por não ser mais um homem casado para poder me casar com você? Preferia que eu dissesse isso?
- Não. E pare de brincar comigo.
- Não estou brincando. Você tem que admitir que pode ser verdade. Afinal, tudo combina.
- Você é um gênio, quando se trata de ajustar a realidade à ficção.
- Mas não deixa de ser uma história interessante. O cínico autor se apaixona por uma garota que tem a metade de sua idade. Essa paixão é tão intensa, que
ele não pode sequer esperar para saber se é correspondido. Se eu fosse um escritor romântico, poderia escrever essa história.
- Mas não é, como também não é isso o que se passa entre nós. Você não vê uma mulher como alguém para amar, mas como uma coisa que deseja. Essa foi a única
palavra que usou com relação a mim: desejo.
- Mas acabei de dar uma opção. Eu disse que me apaixonei por você quando vi o seu teste...
- Será que tem que brincar com tudo? Acontece que eu acredito no amor.
- E não pensou que eu poderia estar sendo sincero, quando disse que me apaixonei por você?
- Acredito que, como todos os homens, você diria a uma mulher o que ela quisesse ouvir, para conseguir o que deseja.
- Você é mais cínica do que parece.
- Prática. Nasci como resultado de uma situação semelhante a esta e não quero a mesma sorte para meu filho.
- Por que seus pais não se casaram?
- Porque não estavam apaixonados. O que eles sentiam era atração física.
- Como você sabe, se foi abandonada quando ainda era um bebê?
- Porque minha mãe me contou - disse ela, com amargura. - Mamãe casou-se alguns anos mais tarde e, aparentemente, o nascimento do primeiro filho deles mexeu
com a sua consciência. Então ela resolveu procurar a criança que havia abandonado. Encontrou-me no mesmo orfanato em que me abandonara, contou quem ela era e que
seu marido não permitia que o meu nome fosse sequer mencionado em sua casa.
- Meu Deus! Isso é mais triste do que não saber de nada.
- Pelo menos, eu tinha alguém. A maioria das crianças do orfanato não tinha ninguém.
- Sim, mas sua mãe não podia sequer levá-la para passar um dia com ela!
- Eu não queria. Você tem filhos?
- Eu? Não. - Ele pareceu assustado com a pergunta.
- Bem, não fique tão surpreso, afinal, foi casado, não?
- Não há nenhuma criança.
- Não precisa me agredir. Poderia ter havido.
- Vou lhe contar sobre o meu casamento, algum dia.
- Gostaria muito.
- Enquanto isso, você fica aqui?
- Já disse que não posso.
- Eu pago o hotel.
- Não. Se eu ficasse, iria me tornar exatamente o que todo mundo pensa que sou.
- E o que é que eles pensam?
- Que sou sua amante.
- Mas você sabe que não é.
- Não vejo razão para dar motivos a comentários. Além disso, não gosto de dever favores.
- Tão independente!
- Aprendi por experiência própria a depender só de mim mesma. A gente sofre menos, agindo assim.
- Acho melhor levá-la para almoçar, você está ficando muito sentimental. Depois do almoço, tenho que voltar ao local das filmagens, mas, se você quiser,
podemos jantar juntos, em algum lugar diferente, longe dos olhares indiscretos.
- Gostaria muito.
Logo após o almoço, eles se separaram. Stacy foi para o quarto e Jake ao trabalho. Encontrou um bilhete de Juliet, convidando-a para encontrá-la na piscina.
Ficou indecisa. Matthew certamente estaria lá, e não tinha certeza de qual seria a reação dele ao vê-la. Mas teria que enfrentá-lo.
Eles estavam sentados ao lado de uma mesinha. Stacy acomodou-se ao lado de Juliet, olhando incerta para Matthew.
- Você estava certo - disse, baixinho, enquanto passava bronzeador no corpo.
- Você parece ter saído de uma briga. Veja seu rosto e seus braços! E tudo porque não ouviu o meu aviso.
- Concordo, Matthew.
- E não pense que vai me calar, agindo com tanta humildade! Já é tempo de saber que seu comportamento infantil pode ser muito perigoso.
- Acho que ela já sabe - disse Juliet, conciliadora.
- Também, depois de tudo! Talvez tenha sido bom o que aconteceu, pelo menos, ela criou um pouco de juízo.
- Matthew! - repreendeu-o Juliet. - Deixe-a em paz!
- Pobre garota! - zombou ele. - Esta é a última coisa que ela é. Passar a noite na suíte de Jake Weston!
- E você não passou boa parte da noite em nosso quarto, sozinho com Juliet?
- É diferente. Eu...
- Ponto para Stacy - falou Juliet, sorrindo.
- Você sabe muito bem que foi inteiramente inocente - disse Stacy.
- Inocente!
- E como ela vai saber que nós não fomos para a cama? - perguntou Juliet.
- Porque não fomos.
- Só tenho a sua palavra - disse Stacy, irônica. -- Assim como você só tem a minha.
Matthew olhou de uma para a outra, vendo que elas faziam um grande esforço para não caírem na risada, com a sua confusão.
- Tudo bem, está certo. - Ele sorriu. - Admito que possa estar errado.
- Você está errado - insistiu Juliet.
- Tudo bem! Estou errado. Mas você tem que concordar comigo: Stacy agiu feito criança.
- Ela é uma boa garota, Matthew e, mesmo que tenha passado a noite com Jake Weston, não temos nada a ver com isso.
- Mas...
- Não é, Matthew?
- Não! - Ele se levantou. - Vou dar um mergulho. Stacy assustou-se com o olhar furioso de Matthew.
- Você não devia implicar tanto com ele - disse Stacy.
- Ele não devia ser tão quadrado e teimoso.
- Obrigado por me defender, de qualquer maneira.
- Tudo bem. Mas Paul realmente a machucou - observou Juliet, indicando as marcas nos braços dela.
- É.
- Meu trabalho já está quase terminado. - Juliet deu um suspiro. - Vou ficar triste, quando partir. Tudo aqui ficou muito interessante; principalmente nos
últimos dias.
- Se está se referindo a mim, pode ficar descansada. Vou voltar a Londres dentro de poucos dias.
- Não está com muita vontade de deixar o Sr. Weston, não é? Posso tomar conta dele para você, se quiser.
- Sou apenas um capricho para ele. Assim que eu partir, ele provavelmente vai se interessar por outra garota.
- Garanto que todas estão torcendo por isso.
Stacy olhou para o outro lado, para que Juliet não percebesse quanto estava sofrendo.
- Quer dar um mergulho? Acho que Matthew já está mais calmo. Juliet deixou-os um pouco antes das quatro horas. Matthew, não fez mais perguntas a Stacy, e
ainda ofereceu uma carona para Londres.
- Ainda tenho trabalho, mas prometi levar Juliet, e não vejo razão para você ir de trem, quando pode ir conosco.
Estavam entrando no hotel e Stacy ficou na ponta dos pés para dar um beijo no rosto do amigo.
- Você é um amigo de verdade, Matthew.
Voltou-se, com o sorriso ainda nos lábios, e viu Jake e o advogado entrando. O olhar zangado de Jake mostrou que havia testemunhado o beijo inocente. Parecia
furioso, como se ela fosse sua esposa, pensou Stacy.
CAPÍTULO VIII
Stacy aprontou-se para o jantar, sem saber se Jake viria ao seu encontro ou não. À tarde, depois de um rápido aceno de cabeça para ela e Matthew, ele tinha
caminhado até o bar, seguido por Brad Delmain. Parecia bastante zangado e tinha boas razões, pois não sabia que Stacy considerava Matthew um irmão. O que estaria
pensando agora?
Stacy vestiu-se com bastante cuidado. Mas, apesar de sua boa aparência, não se sentia nem um pouco segura.
Deu um pulo quando ouviu alguém bater na porta, olhando-se mais uma vez no espelho, antes de ir abrir. Ficou surpresa com a elegância de Jake. O terno branco
aumentava ainda mais a sua sensualidade.
Ele não disse uma palavra: limitou-se a olhar para ela. Stacy estremeceu e umedeceu os lábios, nervosa.
- Boa noite.
- Será que é mesmo?
- Eu... acho que sim.
- Bem, você vai me convidar para entrar, ou será que Matthew Day ainda está aqui?
- Matthew? Mas Matthew é...
- Não tenho a menor vontade de saber o que ele é ou deixa de ser. - Entrou e bateu a porta. - Venha cá.
Stacy olhou para ele, amedrontada, apoiando-se na parede.
Esperava que ele estivesse com raiva, mas não a ponto de não querer uma explicação e condenando-a sem saber a verdade. Balançou a cabeça, sem forças para
responder.
Jake veio até ela, puxou-a com violência e beijou-a com paixão.
Stacy sentiu as pernas tremerem. Foi tomada de um medo incontrolável diante da determinação dos lábios dele para forçá-la a abrir os seus.
- Beije-me. Mostre-me um pouco da paixão que todos os outros homens conseguem de você.
Pela segunda vez em apenas dois dias, ela estava sendo atacada, mas por Jake não sentia repulsa, mas prazer. Ele abraçou-a com força e beijou-a de novo.
Jake a mantinha imobilizada. Não que ela quisesse realmente fugir dele, pois sua sensualidade aflorou livre, levando-a a juntar o corpo ao dele, numa intimidade
jamais experimentada com outro homem.
- Assim está melhor - murmurou ele junto a seu pescoço, puxando-a para o sofá e sentando-a no colo. Acariciou os ombros e a curva suave de seus seios.
Stacy percebeu que ele tirava os grampos, soltando seu cabelo.
- O que está fazendo?
Ele enrolou o longo cabelo em volta de seu pescoço.
- Estou tentando decidir se a estrangulo agora ou se espero até depois de ter feito amor com você.
- Mas você... você não pode.
- Seria fácil e eu gostaria muito.
- Eu quis dizer que você não pode fazer amor comigo. Os olhos de Jake brilharam de desejo.
- Posso, sim! Há uma cama logo ali, e tenho você em meus braços. Além disso, você me deve isso.
- Eu lhe devo isso?
- Sim, você me deve! Fiquei de lado, enquanto você flertava com Forbes e Day, dando a eles o prazer que me negava, mas agora chega.
- Não, Jake, isso não é verdade! Matthew...
- Não quero ouvir nada sobre os seus outros homens. Esta noite, serei o único.
- Não!
Jake jogou-a na cama e tirou o paletó. Stacy jamais pensou que ele tentasse forçá-la, mas agora ele estava fora de seu estado normal.
- Não, por favor. Eu não...
- Cale a boca. Não sei o que você pretendia, pondo-me de lado. Deixei-a sozinha por apenas algumas horas, e você já estava de amores com Matthew. Agora,
já sei quem você é: pare de fingir.
Stacy estava sem fala. Jake realmente estava decidido a fazer amor com ela. Ele afastou seu cabelo do rosto e beijou-a com doçura.
- É muito jovem para ser tão experiente com os homens, mas quem sou eu para julgá-la? Desejo você, é isso o que me importa.
Ela choramingou como uma criança sob a volúpia daquela boca que se movia sem parar de seus lábios para seu pescoço, enquanto as mãos acariciavam-lhe o corpo.
Fechou os olhos quando percebeu que ele soltava as alças do seu vestido e tremeu, quando Jake tocou seus seios.
- Jake, eu... - Ela gemia de prazer. - Por favor, seja gentil.
- Não se preocupe, já percebi que você não gosta de homens violentos. Sua reação com Forbes me mostrou isso.
Lutou para manter-se lúcida, mas ele a excitava cada vez mais, fazendo com que só desejasse uma coisa: ser possuída. Mas tinha que dizer a verdade, antes
que isso acontecesse: tinha que lhe confessar que era virgem!
- Jake, eu...
- Não quero conversar agora.
- Por favor, você precisa me ouvir. Se tem que fazer isso, então pelo menos saiba que será o primeiro.
Ele levantou a cabeça, respirando fundo. Procurou seus olhos para comprovar a sinceridade de suas palavras.
- Não acredito. Nada do que diga agora vai me deter. Ela continuou deitada em seus braços.
- Eu não estou tentando deter você. De qualquer modo, logo vai descobrir a verdade.
- Você tem que estar mentindo.
- Por quê? Só porque você me viu com Matthew algumas vezes e Forbes tentou me violentar, não quer dizer...
- Você viveu com Matthew.
- Não vivi com ele. Matthew apenas morou na minha casa durante algum tempo.
- Um tipo de casamento experimental que não funcionou?
- Não foi nada disso.
- Ah, entendo! Não pretendiam se casar.
- Você está confundindo tudo. Durante o tempo em que ele morou no meu apartamento, dormiu no sofá da sala.
- Que idiota!
- Ele não tinha para onde ir. Se não fosse por isso, eu jamais teria deixado que ficasse lá.
- Você espera que eu acredite?
- Acredite se quiser. Mas, por favor, não duvide de mim quando digo que será o primeiro.
Jake deitou-se a seu lado.
- Você tem que estar mentindo. - Olhou para ela, acariciando seus seios. - Seu corpo é maravilhoso. Muitos homens devem ter perdido a cabeça. Tem que estar
mentindo, Stacy! Diga que está!
- Não posso. - Seus olhos encheram-se de lágrimas.
- Gosta de se divertir, não é? Você seduz um homem até o fim, e depois o detém com a sua virgindade. Foi isso o que aconteceu com Forbes? Ele não conseguiu
se controlar?
- Não! Não, Jake, não foi isso o que aconteceu. Não estou tentando deter você, estou?
- Da maneira mais eficaz possível. Está me desafiando a possuí-la e, se por acaso o que você disse for verdade, vou me sentir terrivelmente culpado. - Levantou-se
e abotoou a camisa. - Retiro minha oferta de proteção. Para alguém tão jovem, você aprendeu muito bem a torturar um homem.
Stacy segurou o vestido contra o corpo, com as mãos trêmulas.
- Você vai embora?
- Já estou saindo, antes de perder o controle e não ligar mais para o fato de você estar dizendo a verdade ou não.
- Por favor, Jake, não vá embora assim. Eu não sou nada disso que está pensando. Acontece que... - Parou, quando percebeu que estava quase confessando quanto
o amava.
- Sim?
- Nada. - Desviou o olhar.
- Deixe-me terminar para você, então. Você simplesmente tem aversão aos homens.
- Não. Isso não é verdade.
- Acho que logo vai descobrir que é. Você se diverte com o poder que sua beleza lhe dá sobre todos nós. Pois bem, não comigo, garota. Não suplico a mulher
alguma por seu corpo. Não pretendo alimentar os seus problemas emocionais. Acho que faria um grande favor a nós dois, se saísse do meu caminho.
- Vou para Londres muito em breve.
- Matthew vai levar você?
- Espero que sim.
- Tudo o que posso dizer é que ele não passa de um idiota. Você sempre volta para ele, depois de acabar os seus casos?
Stacy esbofeteou-o, antes de pensar em responder. Ao vê-lo pálido de raiva e com a marca de seus dedos e de suas unhas no rosto, deu um passo atrás, assustada.
- Meu Deus! Sinto muito, Jake.
- Não se desculpe. Boa noite.
- Não acha melhor dizer adeus?
- Não sei. Talvez eu decida aceitar o seu desafio, se não descobrir nada melhor para fazer. Há muitas mulheres bonitas por aqui e...
- Fora daqui, Jake! Vá, divirta-se com essas mulheres! Tenho certeza de que elas vão adorar.
- Eu também.
- Vá embora. Estou contente por ter machucado você.
A risada irônica de Jake permaneceu em seus ouvidos durante um longo tempo. Stacy deitou-se, completamente entorpecida.
Juliet já tinha saído para trabalhar quando Stacy desceu para o café da manhã. Passava das dez e só havia uma pessoa no salão: Brad Delmain, o advogado de
Jake.
- Sente-se comigo - convidou, assim que ela entrou.
- Mas você já está acabando.
- Estou fazendo hora.
- Por quê?
- Esperando para ir ao aeroporto. Volto para os Estados Unidos hoje. Já terminei o meu trabalho. Você brigou com Jake?
- Por que pensa isso?
- Não penso, Stacy, eu sei. Você deixou a sua marca nele.
- Oh!
- Ele provavelmente mereceu - disse Brad.
- Jake vive de acordo com as próprias regras e espera que todo mundo concorde com ele.
- Será que posso perguntar o que, exatamente, você quer dizer com isso, Stacy?
- Jake tem... Bem, ele tem tido muitas mulheres, mas parece não confiar em nenhuma.
- Em você, não é o que quer dizer?
- Não, necessariamente. - Ela preferia não falar sobre isso.
- O que sabe sobre a vida de Jake?
- Depois de ontem à noite, acho que não sei nada.
- Ele não costuma ser assim.
- Está dizendo que a culpa é minha?
- Eu diria que sim. Nunca o vi dessa maneira antes. Seu humor estava péssimo esta manhã e não preciso lhe dizer que as marcas das suas unhas estão bem visíveis.
- Como sabe que fui eu?
- Quando mencionei o seu nome, ele quase me colocou para fora a pontapés.
- Não acho que devíamos estar conversando sobre isso.
- Pois eu acho que devo ao menos tentar explicar a atitude dele. Somos amigos há muitos anos e já o vi muito feliz e no mais profundo desespero. Ele foi
casado durante vinte anos com uma mulher que não devia ser esposa de homem nenhum.
- Vinte anos? Mas isso é uma vida!
- É um longo tempo, sem dúvida. Na realidade, eles só viveram juntos um ano, e foi o suficiente para Jake descobrir que ela era ninfomaníaca.
Stacy corou.
- Não creio que Jake vá lhe agradecer por me contar isso.
- Talvez algum dia agradeça. Ele tem vivido sozinho por muito tempo, fugindo de emoções. Além do mais, você o ama.
- Não!
- Por favor, não tente negar. Sou advogado há tanto tempo que posso saber quando alguém está mentindo.
- - Por que Jake não se divorciou?
- Seria simples, se não houvesse a criança...
- Criança! Mas, ele disse que não tinha filhos.
- Não tem. Danny morreu com sete anos.
- Oh, Deus, que coisa terrível!
- Sim. Teria sido suportável, se Margareth não se sentisse tão culpada.
- Bem, se as coisas estavam tão mal, Jake podia ter requerido a guarda da criança.
- Não havia qualquer deslize no comportamento dela como mãe. E assim foi, ano após ano, sendo que o único elo que os unia era o amor pelo filho. Então, Danny
morreu.
- O que aconteceu?
- O garoto teve leucemia. Depois que morreu, Margareth começou a beber e a tomar drogas.
- E Jake?
- Ele tem a sua própria maneira de enfrentar a dor. Graças a Deus, conseguiu se recuperar e voltou à vida normal.
- Como ela morreu?
- Isso é algo que terá que perguntar a Jake. Eu só queria que você entendesse a razão da atitude dele: não consegue confiar em mulher alguma. Não, depois
de Margareth.
- Mas eu tentei explicar que os outros homens nada significam... -p Pensa que Margareth não dizia a mesma coisa, todas as vezes?
O único problema com ela era que eles não significavam nada, mesmo. Simplesmente, precisava deles para viver, tanto quanto de oxigênio.
- Pobre Jake! Creio que agora posso compreender melhor. Mas não aceito o fato de ele ficar tão zangado quando vejo os meus amigos. Não temos nenhum compromisso,
Jake e eu. Mal nos conhecemos.
- Você o conhece o suficiente para se apaixonar e Jake... Bem, terá que perguntar a ele o que sente.
- Ele foi bem claro a esse respeito, ontem à noite,
- Eu me lembro que você também deixou bem claros os seus sentimentos, mas não eram verdadeiros. Agiu movida pela raiva. Jake fez a mesma coisa. Provavelmente,
vai se desculpar logo.
- Não conto com isso.
- Nem eu, se ele não estiver mais calmo. Já terminou?
- Sim, podemos ir. Deixaram o salão juntos.
- Falando do diabo... - Brad murmurou, segurando-a firme pelo braço, pois percebeu que ia fugir.
Jake entrou no hotel e caminhou na direção deles. Seus olhos pareceram soltar faíscas, ao notar a mão de Brad no braço dela.
- Dê-lhe uma chance - Brad falou, junto a seu ouvido.
- Para quê? Ele parece querer me estrangular.
Jake parou diante deles, impedindo Brad de responder.
- Vim me despedir e pedir desculpas pelo meu comportamento idiota de hoje cedo. Não sabia que você estava acompanhado.
- Stacy e eu tomamos café juntos. Jake olhou para ela, rapidamente.
- Algo errado?
- Não, nada.
- Ótimo. Você vai verificar aqueles problemas para mim? - perguntou a Brad, ignorando-a totalmente.
- Sim. Na verdade, tenho que sair imediatamente.
Depois que o advogado os deixou, um silêncio incômodo se estabeleceu entre eles por alguns momentos.
- Bem, tenho que voltar. Adeus - disse Jake.
- Eu... sinto muito pelos arranhões.
- Pois não sinta. Não sabia que era tão amiga de Brad.
- Tão amiga? Mas eu não sou, mesmo. Não sou como Mar...
- Como quem? - Ele agarrou os seus braços.
- Não sou assim. Por favor, deixe-me ir, está me machucando.
- Eu gostaria de fazer muito mais do que isso! O que você sabe sobre Margareth?
- Não sei nada, nada!
- Foi Brad. Você teve uma conversa muito agradável com ele sobre minha esposa ninfomaníaca e bêbada, não é?
- Não...
- Você tem um jeito especial de fazer os homens contarem tudo. Mas ele não tinha o direito de falar sobre o meu casamento.
- Ele achou que ajudaria...
- Ajudaria em quê? Já sabemos o que pensamos um sobre o outro. Ele percebeu a semelhança entre minha esposa e você?
- Não! Você está errado. Ela era doente. Ela...
- E o que você considera que são os seus pequenos casos? Um apetite saudável? Posso pensar num nome bem melhor para isso!
- Jake, por favor...
- Suma da minha frente!
Ele a afastou, com raiva e foi embora sem esperar resposta.
CAPÍTULO IX
Stacy esperava com certo temor a filmagem da cena com Forbes, nervosa com os acontecimentos da véspera e com a presença de Jake junto a Payne.
- Esperando ansiosa a hora de filmar? - perguntou Paul Forbes, com sarcasmo.
- Tanto quanto espero encontrar o diabo na minha frente.
- É uma pena. Vou gozar cada momento.
- Você me enoja!
Idiota! Stacy odiava-o ainda mais, se é que isso era possível. Uma vez feita a cena, seu trabalho estaria terminado e esperava nunca mais vê-lo.
- O que ele queria? - perguntou Juliet.
- O que você acha?
- Já vão começar a filmar. Vá logo, estão esperando.
- Oh, Deus!
- Estarei torcendo por você.
Stacy devia correr pela praia, sendo perseguida por cinco ou seis marinheiros, cujo único objetivo na vida era roubar e violentar quantas garotas pudessem.
Naturalmente, o filme era para agradar ao público masculino. Sua principal atração eram as batalhas navais, mas, como toda boa história, tinha um pouco de romance.
Paul Forbes fazia o capitão dos piratas e tinha quantas amantes quisesse. Só que a que ele mais queria sempre o recusava, deixando-o desesperado. Esse era o papel
de Stacy, que era possuída à força, antes de ser obrigada a casar com ele.
Na primeira seqüência, Stacy fugia, sendo finalmente alcançada, mas reservada como prêmio para o capitão.
Todos que não iam participar da filmagem tinham sido dispensados. A presença de Jake, porém, a incomodava demais. Seus olhos a seguiam por todo lado, curiosos
e felinos.
A princípio, tudo correu bem, mas, quando Paul Forbes se inclinou sobre ela, Stacy ficou enojada. Por coincidência, a reação dos dois era real e ideal para
o filme, mas ó medo que ela sentia daquele homem era terrível.
Sua boca causava-lhe repulsa, seus braços lhe davam mal-estar.
- Lute sua vagabunda! - ele desafiou selvagemente, falando junto a seu ouvido para que ninguém mais escutasse. - Lute comigo!
- Meu Deus, como você é desprezível! - Ela deu um grito de dor, quando ele mordeu sua orelha.
Forbes pareceu ficar mais excitado ainda com isso. Stacy sentiu então que ele dava um puxão em seu vestido, arrancando a parte da frente. Ficou tão surpresa,
que não soube que atitude tomar. Aquilo não devia acontecer. Agora, estava lutando de verdade para se livrar dele.
Subitamente, Paul foi jogado para trás e recebeu um soco tão forte que caiu no chão. Jake segurou-o, com o rosto desfigurado pela raiva.
- Nunca mais toque nela, seu porco!
- Ela estava gostando, idiota! Elas sempre gostam. Ela, principalmente, gosta que os homens sejam brutos. Pensei que você já soubesse disso.
Stacy levantou-se, com as lágrimas escorrendo pelo rosto pálido e tentando cobrir-se com o que restara do vestido.
- Está tudo bem, querida - consolou-a Jake, tirando o paletó para cobri-la. - Vamos embora.
Martin Payne chegou, com o rosto crispado.
- O que está acontecendo por aqui? Você não pode simplesmente levar Stacy embora assim, Jake. Nós estamos filmando! Onde pensa que vai com ela?
- Falo com você mais tarde. E mantenha aquele bastardo longe de mim, ou vou matá-lo.
- Mas... - Payne estava completamente atônito. - Nós ainda não terminamos as filmagens!
- Ah, sim, você terminou. Use o que já tem. Stacy não vai ficar Perto daquele animal nem mais um minuto.
- Você é um tolo, Weston. - Paul Forbes aproximava-se deles, rindo. - Ela é melhor atriz do que imagina. Acha que eu não a possuí na outra noite? E ela
gostou!
Stacy segurou o braço de Jake, quando ele se voltou com violência para atacar Forbes.
- Ele não vale isso, Jake - disse, angustiada.
- Você não ouviu o que ele disse? E para todo mundo ouvir?
- E que importância tem? Já foi dito, e não há nada que você possa fazer para remediar.
- Mas ele...
- Preste atenção no que ela diz, Weston - ironizou Paul. - Stacy sabe que eu disse a verdade. E não se pode negar a verdade.
Uma apatia total tomou conta de Stacy. Para qualquer lado que olhava, só via rostos hostis e acusadores.
- Você está bem? - perguntou Juliet, preocupada,
- Estou.
- Acho melhor levá-la ao médico.
- Não. Não quero ir ao médico.
Jake pareceu-lhe novamente um estranho. Seus olhos estavam frios como aço.
- Juliet tem razão.
- Não! Só quero sair daqui. Vou para o hotel arrumar as minhas malas e voltar para Londres, hoje mesmo.
- Primeiro, vai ao médico - insistiu Jake. - Você sofreu muitos choques, nos últimos dias.
- Choques? - repetiu, histérica. - Se com isso você quer dizer que quase fui violentada por dois homens, está certo.
- Dois homens? - Juliet olhou para Jake, assustada.
- Mas você não acredita nisso, não é, Jake? Prefere acreditar na versão de Paul Forbes. Para você, não passo de uma vagabunda que dorme com qualquer um,
não é?
- Stacy! Desse jeito, você me assusta - disse Juliet.
- Diga a ela, Jake. Diga a ela o que pensa de mim!
- Se não se acalmar, vou ser forçado a lhe dar um tapa.
- Não vou lhe dar esse prazer. Força física parece ser o grande recurso dos homens. Estou cansada de todos vocês!
- Você devia agradecer ao Sr. Weston, Stacy. Ninguém mais teria coragem de bater em Paul. Você teria sido violentada na frente de todo mundo - pediu Juliet.
- O Sr. Weston tem certeza de que eu gostaria disso.
- Eu avisei você - disse ele, e esbofeteou-a.
- Seu... seu estúpido! - Lágrimas de dor e humilhação correram-lhe pelo rosto. - É só disso que você entende, não é? Sexo e brutalidade!
Jake olhou para Juliet.
- Acho que ela não precisa mais do médico. Parece estar em seu estado normal novamente.
- O que você esperava, quando me bateu?
- Isso nos colocou em pé de igualdade novamente.
Stacy não podia acreditar que fosse ele o homem que a defendera minutos atrás.
- Vamos embora daqui - disse para Juliet.
- Vou levá-las de volta ao hotel-
- Não se preocupe, nós sabemos o caminho.
- Vai fazer exatamente o que eu disse. - Jake praticamente carregou-a para o carro. - Já discuti com você o suficiente por hoje. E, se não calar a boca,
vou lhe dar mais uns tapas.
- Sexo e brutalidade! - repetiu ela, quando ele a jogou dentro do carro.
- Com você, a única coisa que funciona é a brutalidade. Cuide-se, ou vou querer saber se sexo funciona, também.
- Pode tentar, que não vai conseguir.
- Não me provoque. Poderei tê-la na hora em que quiser.
- Querer! E só isso que você sente? Desejo?
- Com você, isso não é muito difícil. Agora, comporte-se. Está deixando Juliet embaraçada.
Ao chegarem ao hotel, Jake nem se preocupou em descer do carro.
- Espero que consiga fazer com que essa pequena fera descanse algumas horas - disse a Juliet.
- Vou tentar.
- Não preterido dormir. Vou partir no primeiro trem. Os olhos de Jake estreitaram-se perigosamente.
- Você vai descansar, e estará aqui quando eu voltar, à noite.
As duas subiram para o quarto. Stacy jogou as malas sobre a cama e guardou as roupas, de qualquer jeito. - Você devia ouvi-lo, Stacy.
- Se eu ouvisse tudo o que ele diz, teria ido para a cama com ele na primeira noite.
- Ele ajudou você. Paul Forbes foi bastante rude com você, e na frente de todos. Devia ter deixado que Jake batesse nele.
- Forbes é um mentiroso. Qualquer um que me conheça sabe que ele estava mentindo. Não é o caso de Jake.
- Mas você não deu chance a Jake! Brigou e discutiu com ele o tempo todo. Por quê? Você não costuma ser assim!
- Eu não briguei o tempo todo. Só depois que ele me acusou de dormir com qualquer um. Não se pode lutar contra o inevitável, Juliet, ele não acredita nas
mulheres.
- Mas, se você explicasse tudo...
- O quê, por exemplo? Talvez eu pudesse explicar, se estivéssemos longe daqui e continuássemos a nos encontrar. Mas o que aconteceria se eu olhasse para
outro homem por alguns instantes? Não, Juliet, eu não poderia viver assim. - Fechou as malas.
- Pelo menos, espere até a noite. Matthew poderá nos levar.
- Prefiro não correr esse risco. Não quero me encontrar com Jake outra vez. Se ele tentar me seduzir, não sei se terei forças para resistir.
- Mas você pode jantar no quarto.
- Está bem, você venceu. Vou ficar. Detestaria voltar sozinha.
Foi realmente uma coincidência que Jake saísse do elevador, na hora em que Stacy chegou com as malas.
- Eu ia justamente falar com você.
Stacy apertou novamente o botão para chamar o elevador, sem olhar para ele.
- É mesmo?
- Onde pensa que vai?
- O que parece?
- Eu lhe disse...
- Não ligo nem um pouco para o que você disse! Sempre fiz o que quis, e nada do que aconteceu aqui vai mudar isso.
Stacy entrou no elevador, não se preocupando em esconder sua raiva. Ele entrou também e apertou o botão do seu andar.
- O que está fazendo? Matthew e...
- Matthew pode esperar. Você não vai a lugar algum, antes de acertarmos certas coisas.
- Não há nada mais a dizer. Eu já decidi, Jake. O que você precisa é de uma mulher que possa trancafiar, enquanto o seu interesse por ela durar. Posso entender
por que tanta suspeita, mas sempre acreditei que confiança é essencial em qualquer relacionamento. - Caminhou ao lado dele até a suíte, com as malas nas mãos.
- Será que não pode me deixar ir embora e esquecer? Nunca precisei explicar minhas amizades a ninguém.
- Terminou? - Ele lhe entregou um dos copos de uísque que preparara.
- Não, não terminei. Por que não me deixa partir sem complicar mais as coisas? Vá atrás de outra mulher para se divertir. Existem tantas garotas bonitas
aqui!
- Você não me diverte, Stacy. Faz da minha vida um inferno.
- O inferno foi você quem procurou, pois preferiu dar crédito ao que os outros falaram de mim. Não temos mais nada para conversar. Você me faz mal Jake;
só sabe ferir meu orgulho e minha dignidade.
- Eu...
- Você me deseja. E é só o que sente.
- Não é apenas desejo.
- Seja o que for, não é o bastante.
- Você prefere Matthew?
- Eu não disse? Você não tirou da cabeça a idéia de que todos os homens que conheço já dormiram comigo?
- Talvez, se fizéssemos sexo, eu me sentisse mais seguro.
- Uma relação física não é a resposta para tudo.
- Mas ajuda.
- Não.
- Fique aqui comigo. Não vá embora.
- Não posso deixar Matthew esperando.
- Matthew! - gritou Jake, puxando-a para junto dele, - Por que você tem que me provocar sempre?
- O que acha?
- Não tenho idéia. - Beijou-a com sofreguidão. - Pode negar que gostou?
- Eu vou para Londres com Matthew Day, Jake.
- O que quer dizer?
- Que ele vai me levar para casa e só vai voltar amanhã. Jake estava prestes a perder o controle.
- Você está me dizendo...
- O que você queria ouvir.
- Então, é ele que você quer?
- Adeus, Jake. - Ela pegou as malas e saiu.
Stacy sentou-se em frente a televisão, para assistir à sua série preferida. Apesar de ter visto todos os capítulos nos últimos meses, não se lembrava de
quase nada. Na verdade, não tinha conseguido se interessar por nada, desde que voltara de Cornwall, daquelas malditas filmagens.
Deu um pulo quando a campainha tocou, voltando à poltrona assim que Helen saiu do quarto e se ofereceu para atender.
- E para você - Helen avisou, voltando ao quarto.
Juliet e Matthew entraram no quarto, o brilho do diamante na mão direita da amiga confirmando o recente noivado. Tinha finalmente conseguido que Matthew
se declarasse e assumisse um compromisso sério. Naquele momento, os dois vestiam suas melhores roupas, pois iam assistir ao lançamento do filme em que trabalhavam
juntos.
Matthew surpreendeu-se com a aparência de Stacy. O cabelo preso para trás revelava a sua palidez: usava jeans e camiseta.
- Stacy, ainda não está pronta? - perguntou ele.
- Eu não vou.
- O que quer dizer com isso? Você tem que ir.
- Claro que não, Matthew.
- Não compreendo você. Se continuar vegetando desse jeito, provavelmente não vai continuar fazendo cinema. Você emagreceu demais, está perdendo a forma!
- Matthew! - Juliet interrompeu. - Deixe-a em paz.
- Alguém tem que pôr um pouco de juízo nessa cabeça oca. Ela está trancada aqui dentro há semanas!
- Isso é um exagero. Eu estive na festa de noivado de vocês, na semana passada.
- Não acho que ir a uma festa e ficar meia hora possa ser levado em conta.
- Mas eu fui.
- Será que vale a pena, Stacy? Você está se isolando demais!
- Posso sair na hora em que quiser.
- E será que não acha esta noite importante o suficiente para compensar o esforço de se arrumar e sair? Esse filme é o seu primeiro grande trabalho, Stacy.
- Ora, vamos, Matthew. Meu nome está tão em evidência como o de todos os outros atores coadjuvantes. Provavelmente, em letras tão pequenas que ninguém poderá
ler, como sempre.
- Não, desta vez. Você está em todos os cartazes, junto com os astros principais.
- Não acredito.
- Você esteve perfeita - comentou Juliet. - Jake disse que ninguém poderia fazer uma Kate melhor.
- Estou surpresa que Paul Forbes tenha permitido. Ele não tinha nada que permitir. Foi Weston. - Jake fez isso?
- Sim. Fez, por você.
- Mas... por quê?
- Quem pode dizer por que aquele homem faz ou deixa de fazer qualquer coisa? Ele simplesmente decide, e todos concordam.
- Nós podemos esperar, enquanto você troca de roupa. - Juliet sorriu, aguardando a decisão da amiga.
Stacy estava surpresa com a atitude de Jake, mas não mudou sua decisão de não ir ao lançamento do filme. Não queria se encontrar com ele. Tinha passado quatro
meses desde que o deixara. Quatro meses de luta contra o amor: uma batalha perdida.
Matthew, no entanto, estava certo. Ela tinha perdido a forma e, se não tomasse cuidado, perderia até mesmo a vontade de viver. De qualquer maneira, nada
mais parecia importante. Nem a carreira. Não se preocupara em procurar emprego. Vivia com o dinheiro que tinha economizado nos últimos dois anos.
- Jake vai estar lá? - perguntou.
- É provável que sim. Mas você não precisa falar com ele.
- Não, sinto muito. Agradeço a preocupação de vocês, mas não vou.
- Você é uma tola. - Matthew estava nervoso novamente. - A maneira mais fácil de resolver esse problema é encará-lo de frente. Stacy sorriu; não era tão
fácil assim. Não havia como mudar o que sentia por Jake.
- Não posso ir. Você me entende, não é, Juliet?
- Entendo. Mas Matthew, não. Você sabe que ele gosta de bancar o seu irmão mais velho.
- Está mesmo decidida a ficar? - insistiu o rapaz.
- Estou.
- Está bem. Mas não nos culpe, se todos ficarem zangados ao saberem que a nova estrela não compareceu à festa de lançamento de seu filme. Nunca imaginei
que você fosse tão temperamental!
- Vamos embora, Matthew. Amanhã telefono para você, Stacy. Stacy voltou para a mesma cadeira em que estava antes. O seriado que assistia tinha terminado
e agora passava um filme antigo. Era muito ruim, mas assistiu até o fim, sem nenhum interesse.
Sandy chegou por volta de meia-noite e foi direto para o quarto; as outras duas tinham ido a uma festa, e só voltariam de madrugada.
Stacy adormeceu. Acordou com o barulho da televisão ligada. Deu uma olhada no relógio, passava das três da manhã. Levantou-se para desligar a tevê e assustou-se,
ao ouvir baterem na porta. Abriu, pensando que Helen e Sheila tinham esquecido a chave.
Jake estava encostado no batente, mal conseguindo ficar em pé. Sua aparência era horrível. O cheiro forte de uísque deixou-a preocupada. Além disso, notou
que estava bem mais magro; linhas profundas marcavam-lhe os lábios e a testa; o cabelo, bem mais comprido, estava grisalho nas têmporas. Mas foram seus olhos que
mais a impressionaram: embaçados, vazios.
- Meu Deus, Jake! Isso é hora de visitas?
- Para o inferno com a hora. Você nem foi para a cama!
- Entre, por favor. Você vai acordar os vizinhos. Ele cambaleou até o sofá.
- Você não dirigiu até aqui nesse estado, não é?
- Eu vim de táxi.
- Mas, o que está fazendo aqui?
- Você não foi à festa; então, eu vim vê-la. Por que não foi? - Ele enrolava as palavras.
- Eu não quis ir.
- Não queria me ver?
- Você está se dando muita importância. Eu simplesmente não estava com vontade de ir.
- Eu queria ver você. Será que não sabe que a amo? Stacy empalideceu.
- O quê... o que você disse?
- Eu disse que...
A sala ficou subitamente em silêncio.
Stacy olhou para ele, assustada. Adormecera. Ela não podia acreditar. Jake viera até o seu apartamento, às três horas da madrugada, dissera-lhe calmamente
que a amava e adormecera no sofá.
CAPÍTULO X
Sandy veio até a cozinha, bocejando. Ainda estava de camisola e pegou uma xícara de café, antes de sentar-se na frente de Stacy.
- O homem no sofá... - disse ela, entre um gole e outro.
- Sim?
- Quem é?
- Jake Weston.
- O autor?
- Sim.
- Oh! - Sandy levantou-se e foi até a sala, voltando alguns minutos depois.
- É lindo de morrer.
- É.
- Ele é seu?
- Não!
- Não? - repetiu, interessada.
- Ele veio me ver, mas não me pertence.
- Bem, é que não estou acostumada a encontrar estranhos dormindo no sofá. Ele ficou lá a noite toda?
- Desde as três, mais ou menos.
- E você ficou acordada a noite toda, cuidando dele?
- Cochilei um pouco na poltrona. Não ia simplesmente deixá-lo no sofá. Ele podia acordar e entrar no quarto de vocês, sem querer.
- Nenhuma de nós teria se importado.
- Talvez fosse exatamente disso que eu tivesse medo. - Vou voltar para a cama. Seu autor está acordando.
- Meu Deus! - Stacy deu um pulo da cadeira. - Por que não me avisou?
- Ele estava apenas começando a se mover. Além disso, não parece capaz de ir muito longe sozinho.
- Nisso você tem razão.
Quando entraram na sala, Jake estava sentado, com os olhos fechados, como se doessem. Stacy tinha tirado seus sapatos e colocado um cobertor sobre ele.
- Bom dia! - cumprimentou Sandy alegremente.
- Alô. Meu Deus, que dor de cabeça.
Sandy sorriu antes de ir para o quarto. Stacy olhou para Jake, indecisa.
- Não estou surpresa;
- Posso tomar um café?
- A cozinha é logo ali.
- Você não pode me trazer uma xícara?
- Não sou sua empregada!
- Certo. - Levantou-se com dificuldade. - Ali, não é?
- Sim.
Podia ouvi-lo abrindo e fechando o armário, enquanto procurava o café e uma xícara. Ficou com pena quando o escutou resmungar baixinho e resolveu ir até
lá.
Quando chegou, ele só tinha conseguido colocar a água para esquentar. Afastou-o do fogão e preparou o café para os dois. Aliás, era graças ao café que ainda
se mantinha acordada.
Tinha cochilado um pouco às seis horas, mas acordara novamente, quando Helen e Sheila chegaram.
- Obrigado. Imagino que tenha feito um papelão, ontem.
- É verdade. - Stacy pegou a xícara e voltou para a sala. Jake seguiu-a e sentiu-se bem melhor depois de tomar o café.
- Você tem um péssimo humor quando acorda. - Ele observou.
- Quando acordo, estou sempre de bom humor. Acontece que não acordei agora; não dormi a noite toda.
- É mesmo? Pois eu dormi muito bem.
- Provavelmente, porque esteve inconsciente a maior parte do tempo.
- Você achou que eu estava bêbado?
- Você estava completamente embriagado quando chegou e, se não fosse por isso, eu teria chamado um táxi para levá-lo de volta ao hotel.
- Eu não estava bêbado, Stacy. Passei muitas horas num avião, fui a um lançamento a que não precisava ir e passei duas horas numa festa que acabou com a
minha paciência. Confesso que tomei alguns drinques, mas...
- Alguns? Eu diria algumas dúzias. Você chegou aqui às três horas, falou algumas' coisas incoerentes e apagou completamente.
- Eu não estava bêbado. Estava exausto. Tomei pílulas para ficar acordado, e o uísque em cima delas me deixou quase em coma. Eu podia sentir o efeito, quando
vinha para cá, mas tinha que ver você. Acho que não falei tantas tolices assim. Eu me lembro que disse que a amo.
- Os delírios de um bêbado não significam muito para mim.
- Não estava bêbado, diabo! - Agarrou seu braço, puxando-a, e manteve-a imóvel junto ao corpo, fitando-a apaixonadamente. - Amo você, Stacy! Amo muito. Não
pode imaginar quanto.
- E quando descobriu isso?
Stacy sentia o corpo reagir ao contato do dele. Nada mais importava, contanto que ele fizesse amor com ela naquele momento. Fechou os olhos, numa entrega
total.
- Não descobri. Sei disso há muito tempo.
Ela não podia acreditar, não devia. Jake estava brincando!
- Sabia, mesmo?
- Mas, o que está acontecendo com você, Stacy?
- Nada. Só não entendo por que está aqui.
- Não entende? Mas, se acabei de dizer! Ou será que você recebe esse tipo de declaração todos os dias? Oh, meu Deus! - Passou a mão no cabelo. - Não vim
aqui para brigar com você.
- Então, por que veio?
- Para dizer que a amo! Só que isto parece não significar muito para você.
Stacy esteve a ponto de lhe dizer que nada significava muito para ela, ultimamente. Amava Jake e ele a amava também, mas mesmo assim sabia que não poderiam
ser felizes juntos, pois Jake não confiava nela.
- Estou lisonjeada, é claro...
- Lisonjeada! Não quero isso de você. Quero saber o que você sente por mim.
- Não sinto nada.
- Não acredito. Se não sentisse, não estaria tremendo desse jeito.
- Admito que você me atraia fisicamente, mas...
- Você vai ter que admitir mais do que isso - disse Jake, abraçando-a novamente.
- Não! Por favor, lembre-se de que tenho três colegas que moram aqui e podem sair a qualquer momento dos quartos.
- Mas elas não vão sair. Não, se tiverem um pouco de bom senso. Eu não gostaria que ficassem embaraçadas.
Beijou-a suavemente; suas mãos a acariciavam sob a camiseta, trazendo-a cada vez mais para perto dele.
- Beije-me, Stacy. Eu preciso de você.
Não pôde resistir. Entreabriu os lábios e beijou-o apaixonadamente. Deitaram-se no sofá, a camisa de Jake totalmente desabotoada e a camiseta de Stacy levantada,
suas peles se tocando. Ela gostaria que estivessem sozinhos no apartamento, para que a entrega fosse total.
- Seu corpo é maravilhoso - disse Jake com ternura, após beijar seus seios. - Quero fazer amor com você. Quero-a inteira para mim.
- Sim, querido - concordou Stacy, tremendo de prazer. - Oh, Jake, por que você me deixou?
- Foi você quem me deixou. Eu pedi para ficar, quase implorei.
- Você sabia que eu não podia. - Deitou-se, exausta, em seus braços. - Não quero ser sua amante. Não poderia viver assim.
- Não estou pedindo isso. Quero me casar com você.
- Não! Não pode estar falando sério!
- Por que não?
- Você não pode estar querendo se casar. Não, depois... depois de Margareth.
Suas palavras foram como uma ducha fria sobre Jake. Num minuto ele estava de pé, abotoando a camisa.
- Você sabe por que eu cheguei tão atrasado às filmagens?
- Algum problema pessoal?
- Muito pessoal. Margareth suicidou-se quando eu estava para partir. Planejava me divorciar. Não, que ela soubesse; era só uma idéia. Ela não fez isso de
propósito: simplesmente, tomou alguns drinques em cima de umas pílulas.
- Oh, não!
- Depois, vim para a Inglaterra, encontrei você e me apaixonei. Mas você só sabia jogar seus outros homens na minha cara.
- Você disse que eu lembrava a sua esposa.
- Não se parece em nada com ela. Por favor, case comigo. Stacy gostaria de dizer não, mas não conseguiu. Queria ser a esposa dele, queria isso acima de qualquer
outra coisa! Como seria maravilhoso acordar ao lado de Jake!
- Não vai dar certo.
- Por que não? Você sabe tudo sobre mim. Brad me contou que explicou tudo a respeito de Danny e Margareth.
- Sinto muito por seu filho. Ele teria quase a minha idade.
- Eu o amava muito, mas consegui superar isso. Margareth jamais se recuperou do choque. Mas, por que o nosso casamento não daria certo, Stacy? Será que é
tão difícil me amar?
- Não. Ao contrário, é muito fácil.
- Então, por quê? Eu a amo e quero me casar com você. O que mais posso dizer?
- Nada. Não pense que não sou grata por seu amor, mas...
- Quer parar de usar palavras como grata e lisonjeada? Quero que seja minha esposa. Sei que daria certo.
- Pode ser que sim, mas só até o seu próximo ataque de ciúme.
- Então, é isso? Não posso controlar meus ciúmes; não, quando você está envolvida.
- Eu sei.
- Mesmo assim, eu a quero. Case comigo, Stacy.
- Bastaria olhar para outro homem para você começar a me dizer aquelas coisas horríveis.
- Isso acontece apenas porque eu a amo.
- Mas tem sido assim desde o começo, desde a primeira vez.
- Já estava apaixonado por você. Uma vez, eu lhe disse para imaginar que eu me apaixonara vendo seu teste para o papel de Kate. Bem, não imagine mais, acredite.
Foi isso exatamente o que aconteceu. Foi por você que resolvi pedir o divórcio a Margareth. Queria ser livre, quando viesse para a Inglaterra.
- Está brincando!
- Não estou, não. Como você sabe, fiz questão de escolher você para o papel de Kate. Nem imagina quantas vezes vi seu teste nestes últimos meses. Eu pedi
uma cópia para mim. Sabia que, se você sentisse a mesma coisa quando me conhecesse, eu me casaria com você. Eu...
- Sim? - perguntou, ansiosa.
- Você era muito mais bonita do que eu imaginava. Assisti ao teste tantas vezes que, quando a vi no elevador naquele dia, mal pude acreditar que fosse você.
Desde então, passei a sentir ciúmes.
- Totalmente desnecessários.
- Sim, mas eu não podia me controlar. Lembre-se de que suportei durante anos os homens de Margareth. Na noite em que Forbes tentou violentar você, eu poderia
matá-lo. E quando ele a atacou durante as filmagens, tive vontade de acabar com ele!
- Foi minha culpa. Nunca devia ter jantado com ele. Só aceitei Para provocar você.
- Porque pensou que eu fosse casado, não é?
- Sim. Além disso, você mentiu sobre a sua identidade.
- Entendo. Eu só a conhecia do filme e não sabia como você era na realidade. Não tinha idéia se o fato de eu ser Jake Weston faria diferença para você.
- Talvez me interessasse mais, você quer dizer.
- Isso me incomodava, também. Depois que você descobriu, parecia achar qualquer homem mais interessante do que eu. Por isso, quase a violentei. E então,
você me falou que eu seria o primeiro.
- E você não acreditou.
- Mas eu queria acreditar!
- Quase confessei quanto o amava naquela noite. Ele aproximou-se, sem poder acreditar.
- Você me ama?
Stacy percebeu tarde demais que tinha se traído.
- Mesmo assim, não daria certo, Jake. Não quero me tornar uma prisioneira do seu amor. Tenho amigos e não pretendo me afastar deles.
- Diga que me ama. - Ele parecia não ter ouvido nada do que ela dissera. - Por Deus, Stacy, diga que me ama!
- Eu o amo! Eu quero ser sua! - Atirou-se nos braços de Jake, desejando mais uma vez sentir a carícia de seus lábios.
Ele estava trêmulo, quando se separaram.
- Case comigo, Stacy. Agora.
- Mas você é muito ciumento...
- Nós teremos que superar isso juntos. Estou avisando que, se não disser sim, vou fazer amor com você aqui mesmo, apesar de suas colegas.
- Talvez seja melhor nos tornarmos amantes...
- O que quer dizer com isso? - Olhou para ela, com raiva.
- Um envolvimento assim é mais fácil de acabar do que um casamento.
- Desse jeito, você poderia ser livre quando quisesse.
- Não quero ser livre. Nunca estive apaixonada antes.
- Nem eu. Meu casamento com Margareth foi um erro do princípio ao fim. Sei que não fui razoável com você, mas eu a amo tanto... Quero você para sempre, Stacy.
- E o meu trabalho?
- Não vou impedir que faça o que quiser.
Sabia que ele não lhe negaria nada agora, e isso não lhe agradava.
- E filhos? - perguntou Jake.
- Oh, é claro que quero. E você?
- Um filho meu e seu? Mas é claro que sim. E vai ser uma garotinha com cabelo vermelho e olhos verdes.
- Ou um garoto com a arrogância e o charme do pai.
- Eu tenho charme?
- Só quando quer.
- E meu charme está funcionando agora? Vai casar comigo? Será que poderá viver com um homem que a ama tanto que chega a ficar louco de ciúme de você?
- Posso, desde que ele se lembre a cada momento que eu também o amo muito.
- Você nunca vai se arrepender - prometeu, beijando-a novamente, com paixão.
F I M
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Bezerra
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