sábado, 11 de maio de 2019

{clube-do-e-livro} Lançamento : Psicologia e Espiritismo - Carlos Toledo Rizzini - Formatos : pdf epub e txt

Psicologia

e





Espiritismo





CARLOS TOLEDO RIZZINI

Psicologia

e





Espiritismo


1�� edi����o

10.000 exemplares

DEZEMBRO - 1996

Composto e impresso na gr��fica

da Casa Editora O Clarim

(Propriedade do Centro Esp��rita

"Amantes da Pobreza")

C.G.C. 52313780/0001-23

Inscri����o Estadual 441002767116

Rua Rui Barbosa, 1070 - Caixa Postal 9

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INTERNET e-mail (correio eletr��nico)

clarim. mto@netsite. com. br





FICHA CATALOGR��FICA

( C D D ) CLASSIFICA����O DECIMAL DEWEY

133.901

PSICOLOGIA E ESPIRITISMO

Rizzini, Carlos Toledo

Casa Editora O Clarim

Mat��o ��� SP ��� Brasil

296 p��ginas ��� 13 x 18 cm

��NDICES PARA CAT��LOGO SISTEM��TICO

133.9 Espiritismo

I33.9OI Filosofia e Teoria

1 3 3 9 1 Mediunidade

13392 Fen��menos F��sicos

13393 Fen��menos Ps��quicos





AGRADECIMENTOS


Al��m da equipe de nossos funcion��rios, a

edi����o desta obra somente foi poss��vel gra��as ao

carinho e valiosa colabora����o de um grupo de

abnegados amigos desta Casa Editora:

A��cio Pereira Chagas

Alberto de Souza Rocha

Antonio Lucena

Cec��lia Rizzini

Eliseu F. Mota J��nior

Greg��rio Perche Meneses

Ivan Costa

Jorge Rizzini

Otaciro Rangel do Nascimento

Walter B. Mors

Nota da Editora: Os originais deste livro nos foram enca-

minhados pelo autor no ano de 1991, portanto, antes de

sua desencarna����o ocorrida em 03-10-92. Os direitos

autorais foram cedidos graciosamente pela vi��va do confrade

e amigo Dr. Carlos Toledo Rizzini, Sra Cec��lia Rizzini.

��NDICE

CARLOS TOLEDO RIZZINI 11

APRESENTA����O 15

NO����O DE CONSCIENTE 19

NO����O DO INCONSCIENTE 83

ALGO SOBRE ANSIEDADE 146

RAZ��O E F�� 166

RELIGI��O 181

O QUE �� E O QUE SIGNIFICA

A MAT��RIA 188

MAGNETISMO E CONCEITOS CONEXOS ... 209

O DESENVOLVIMENTO CIENT��FICO

E T��CNICO - PARA ONDE NOS

LEVAR��? EP��LOGO 265

LITERATURA PRINCIPAL 287





CARLOS TOLEDO RIZZINI


m 1960, numa entrevista para a "Folha

Esp��rita", de S��o Paulo, justificou sua

convic����o espirita, desde os 33 anos de

idade, dizendo: "��� Venho de fam��lia votada ao

Espiritismo e, posto isto, desde a primeira juventude

j�� conhecia a Doutrina codificada por Allan

Kardec. Nessa ��poca, contudo, dela n��o me

ocupava (conquanto a aceitasse pura e

simplesmente), pois ainda estava em fase de

forma����o como cientista, trabalhando e estudando

ativamente no setor profissional".

Carlos Toledo Rizzini nasceu na cidade de

Monteiro Lobato, SP, em 18 de abril de 1921,

filho de Joaquim Vicente Andrade Rizzini e D.

Cec��lia Toledo Rizzini. Seu pai era m��dium

psicof��nico e vidente, inclusive de premoni����o.

Sua av�� paterna j�� era adepta do Espiritismo,

seu irm��o, Jorge Rizzini, �� conhecido m��dium

e escritor esp��rita, residente em S��o Paulo.

Era casado com D. Cec��lia Rizzini, pintora

famosa do Rio de Janeiro. Tiveram uma prole de

11

sete filhos: Irma, Beatriz, Cec��lia, Marta, Clarice,

Irene e Lineu, todos casados. Deixou ainda,

como descendentes, doze netos.

Formou-se em Medicina em 1947, pela

Faculdade de Ci��ncias M��dicas do Rio de Janeiro,

que exerceu por curto tempo, dedicando-se

depois �� Bot��nica e ��reas correlatas, sendo

considerado not��vel cientista. Ingressou, por

concurso, em 1947, como naturalista no Jardim

Bot��nico do Rio de Janeiro, chegando a ser seu

Diretor. Foi membro da Academia Brasileira de

Ci��ncias. Sistemata ex��mio, identificava e

classificava com extremo rigor e precis��o vegetais

de g��neros e esp��cies ainda n��o descritos.

Tornou-se especialista em v��rios setores,

destacando-se na classe dos liquens, entre os

vegetais cript��gamos, e nas fam��lias das Acant��ceas,

Lorant��ceas e Cact��ceas, entre os vegetais

faner��gamos. Seus trabalhos cient��ficos somam

mais de cento e cinq��enta, al��m de v��rios livros,

adentrando tamb��m na difus��o e divulga����o

cient��fica. �� bastante conhecida sua contribui����o

na defini����o de voc��bulos da terminologia bot��nica

no "Novo Dicion��rio da L��ngua Portuguesa", da

Aur��lio Buarque de Holanda Ferreira (Editora

Nova Fronteira, RJ).

Al��m da obra cient��fica, deixou tamb��m v��rias

obras esp��ritas, sendo seu livro mais procurado

"Evolu����o para o Terceiro Mil��nio" (Edicel, 1978).

12

Deixou ainda: "Fronteiras dos Espiritismo e da

Ci��ncia" (LAKE); "O Homem e sua Felicidade"

(Correio Fraterno do ABC); "Voc�� e a Renova����o

Espiritual" (Edicel); "A Cura pelos Fluidos segundo

o Espiritismo" (Instituto Maria). Deixou no prelo:

"Espiritismo, Hipnotismo e Reencarna����o" (Petit

Editora) e o "Homem e a Provid��ncia"

(Reminisc��ncias). H�� ainda v��rios in��ditos.

Dentre os livros que Carlos Rizzini deixou na

��rea cient��fica, destacamos os seguintes: "Manual

de Dendrologia Brasileira ��� ��rvores e Madeiras

��teis do Brasil" (EDUSP e E. Bl��cher, 1971),

"Manual de Liquenologia Brasileira", em co-autoria

com Lauro Xavier Filho (Univ. Fed. de Pernambuco,

1976), 'Tratado de Fitogeografia do Brasil" (EDUSP

e Hucitec, 1976), "Latim para Biologistas" (Acad.

Bras. Ci��ncias, 1975) e "Bot��nica Econ��mica

Brasileira" (EDUSP e EPU, 1976, mbito Cultural

Edi����es, 1995), em co-autoria com o qu��mico

Walter Mors, tendo sido traduzido para o ingl��s

e para o alem��o.

Participou das atividades do Centro Esp��rita

"Alian��a do Divino Pastor", no Jardim Bot��nico,

e do Centro Esp��rita "Crist��filos", em Botafogo.

Foi festejado expositor da Doutrina Esp��rita.

Incont��veis vezes compareceu ao Instituto de

Cultura Esp��rita do Brasil, como amigo e admirador

do saudoso Deolindo Amorim, inclusive

participando de Semin��rios.

13

Sua desencarna����o ocorreu no Rio de Janeiro,

no dia 3 de outubro de 1992, v��tima de um

enfarte do mioc��rdio. Deve ser destacado que

nasceu ele em 18 de abril, data do lan��amento

de "O Livro dos Esp��ritos", e desencarnou a 3

de outubro, data do anivers��rio de Allan Kardec.

Deixou imensa saudade nos meios esp��ritas, por

sua colabora����o efetiva. Que os seus exemplos

possam servir de est��mulo aos companheiros da

retaguarda, que trabalham ainda por um Mundo

Melhor.

14



APRESENTA����O

uem ouviu explana����es cient��ficas ou leu

e certamente releu obras de Carlos Toledo

Rizzini, notadamente as sucessivas edi����es

de "Evolu����o para o Terceiro Mil��nio" ��� Edicel-

DF, j�� pode imaginar a preciosidade de um outro

trabalho que ele deixou para a posteridade, ao

partir desta vida, e cujo t��tulo �� " P S I C O L O G I A

E E S P I R I T I S M O " .

Livro para ser estudado e meditado, j�� que por

sua vez resulta de profundas reflex��es, com a

virtude de oferecer, em linguagem acess��vel ao

grande p��blico, o que tem hoje em dia a Ci��ncia

alcan��ado a reboque do que as Doutrinas

Espiritualistas apontavam como caminho do

progresso. Numa s��ntese objetiva, feita por quem

passou por volumosos e complexos comp��ndios,

para trazer-nos, numa cobertura abrangente,

descobertas espetaculares a respeito das rela����es

humanas, que outras n��o seriam sen��o aquelas

ditadas como corol��rio pelos Esp��ritos Superiores

a Allan Kardec, roteiro de todas as melhores

15

an��lises comportamentais. Nesse caso, a Psicologia

vista de cima, a Psican��lise em termos pr��ticos,

a experi��ncia de cada um em seu desdobramento

natural a partir da certeza da sobreviv��ncia da

alma em ritmo de eterno evolver.

Pudesse um p��blico bem maior, deixando as

amarras do preconceito academicista e materialista

de conveni��ncia, despertar de um certo letargo e

adentrar-se por novos conceitos, antecipando-se

�� era do Esp��rito para apreciar sob novos ��ngulos

esse horizonte de conhecimentos que a Ci��ncia,

ela mesma, em ��ltima an��lise se v�� obrigada a

sancionar, ainda que muitas respeit��veis figuras do

mundo cient��fico se aborre��am com isso.

Sempre foi assim: todas as conquistas da

ci��ncia humana, e mesmo da tecnologia, encon-

traram barreiras maiores ou menores at�� atingir

o consenso. A d��vida sempre permeou o caminho

dessas conquistas. Este �� o momento em que nos

encontramos.

A verdade do esp��rito, confiemos, est�� bem

mais pr��xima de ser aceita em termos de

universaliza����o pela Ci��ncia.

Ci��ncia Esp��rita �� tudo isso. A parte experimental

das pesquisas fenom��nicas, que tanto honram e

dignificam os pesquisadores, a�� n��o se encerra.

"O Livro dos M��diuns", pouco lido, seguido,

observado, �� pe��a fundamental daquilo que se

conceitua como Ci��ncia Experimental.

16

Mas o comportamento humano tamb��m pode

e deve ser examinado sob a lente percuciente

de uma Psicologia Espiritualista aplicada sem que

se haja de sentir nenhuma contradi����o entre as

correntes cient��ficas, filos��ficas e de outro lado

a moral que dita o comportamento do homem

na busca do homem integral.

Ultrapassados velhos e tradicionais preconceitos,

a busca da verdade onde ela esteja, �� a isso que

se chega com a obra que a Casa Editora "O

CLARIM" quer apresentar aos seus leitores neste

ensejo. Todo o esfor��o n��o �� em v��o, desde que

o homem, esse desconhecido, no dizer de Carrel,

busque descobrir-se e se conhecer.





O Editor


17




NO����O DE CONSCIENTE

sicolog��a �� a parte da Ci��ncia que trata

dos fen��menos mentais ou ps��quicos,

sendo estes produtos da atividade do

c��rebro (para os materialistas) ou do esp��rito

(para os espiritualistas). H�� numerosos tipos de

psicologia conforme o ponto de vista em que se

coloca o observador (ou onde concentra o seu

interesse), n��o poucas vezes radicalmente distintos.

Por exemplo, a psican��lise procura conhecer

os processos que se passam na profundidade da

mente, dos quais o indiv��duo geralmente n��o

tem no����o l��cida; o b e h a v i o r i s m o (ou

condutismo) s�� se interessa pelas respostas do

organismo aos est��mulos externos, desprezando

todos os fatos da vida ps��quica por consider��-

los inacess��veis �� experimenta����o. De sorte que

a palavra psicologia, sem uma especifica����o

adicional, nada significa. Na verdade, h�� muitos

n��veis complementares em psicologia, pelo que

podemos escolher um adequado ��s nossas

cogita����es (tendo estas base segura) e ficar nele

19

ou mesmo combinar dois n��veis; esta atitude,

contudo, n��o obriga a pretender lan��ar por terra

os demais, corretos dentro de suas metodologias

e conceitua����es; apenas adotaremos um ponto

de vista entre muitos �� disposi����o. A n��s importa,

aqui, t��o-somente conhecer as bases referentes

��s atividades e faculdades da mente que o

homem p��e em fun����o durante sua vida, intima

e de rela����o, de modo a ser poss��vel compreender

a c o n d u t a m o r a l do mesmo (e n��o o

comportamento fisiol��gico).

Come��aremos por considerar que o funciona-

mento da mente ou psiquismo �� dominado,

segundo todas as a p a r �� n c i a s , pelo que se denomina

c o n s c i �� n c i a . Esta constitui o foco de converg��ncia

e de irradia����o de todos os fen��menos que se

desenrolam na mente ou esp��rito. Qualquer fato,

mesmo inconsciente, s�� adquire consist��ncia e

realidade pela rela����o que guarde com a consci��ncia;

sem tal rela����o, n��o o notar��amos. Conseq��en-

temente, embora autores competentes noutros

setores psicol��gicos neguem import��ncia a ela ���

e at�� mesmo a sua simples exist��ncia ���, para os

nossos fins ela serve como elemento de

esclarecimento, dando-nos uma vis��o global do

que se passa dentro do esp��rito humano s e g u n d o

a m a n e i r a d e l e p r �� p r i o e n t e n d e r - s e a s i

m e s m o . Isto possibilita usar conceitos e defini����es

facilmente intelig��veis a qualquer pessoa que seja

20

capaz de se reconhecer, que possa identificar

elementos e fatos ps��quicos ��bvios.

Define-se a consci��ncia (psicol��gica) como

sendo a capacidade que possui o esp��rito humano

de se perceber a si mesmo; por exemplo, s e i

que penso, sofro, quero, e t c , isto ��, noto tais

coisas dentro de mim. Sua principal caracter��stica

�� a s �� n t e s e m e n t a l : a vida ps��quica �� una, o

seu funcionamento �� integrado. Todavia, para

compreender as fun����es mentais englobadas

pela consci��ncia, �� costume consider��-las em

separado. Em cada ato mental podem-se reconhecer

tr��s elementos ou componentes: intelectual, afetivo

e ativo, os quais s��o formas de manifesta����o da

vida ps��quica; quase sempre ocorre, num dado

caso, preponder��ncia de um desses elementos.

Se subdividirmos os f a t o s p s i c o l �� g i c o s

(fen��menos que se realizam durante a atividade

mental) nas tr��s categorias acima indicadas,

ent��o teremos a seguinte correspond��ncia com

as faculdades ps��quicas:

F a t o s p s i c o l �� g i c o s

F a c u l d a d e s

Intelectuais

Intelig��ncia

Afetivos

Afetividade

Ativos

Atividade

Abaixo segue um q u a d r o s i n �� p t i c o d i d �� t i c o

das fun����es da mente humana ao n��vel da

21

consci��ncia, no qual est��o inclu��das curtas

defini����es, cuja ��nica virtude �� a de nos familiarizar

com conceitos e voc��bulos usuais, muito

empregados, e aos quais seremos obrigados a

fazer men����o em numerosas inst��ncias.

1 . F u n �� �� e s g e r a i s d o p s i q u i s m o

la. A t e n �� �� o . A����o selecionadora (observa����o,

contempla����o, reflex��o e medita����o).

l b . H �� b i t o . A����o assimiladora (atos e s��ries

de atos conscientes que se tornam inconscientes

por automatiza����o).

2 . F u n �� �� e s e s p e c i a i s o u f a c u l d a d e s

2a. I n t e l i g �� n c i a . Faculdade de adquirir

conhecimentos: a q u i s i �� �� o (sensa����o, percep����o),

c o n s e r v a �� �� o (mem��ria), e l a b o r a �� �� o (associa����o

de id��ias, imagina����o, abstra����o, generaliza����o,

ju��zo e racioc��nio), e x p r e s s �� o (linguagem).

P e n s a m e n t o �� o resultado das opera����es

intelectuais; �� o produto da intelig��ncia, a sua

manifesta����o. I d �� i a �� a representa����o mental de

alguma coisa.

2b. A t i v i d a d e . Faculdade de emitir atos

(rea����es geradas pelo ambiente e a����es livres da

personalidade).

2b.a. A t o s i n d e p e n d e n t e s d a e x p e r i �� n c i a :

r e f l e x o s e i n s t i n t o s (atos cong��nitos, n��o

aprendidos).

22

2b.b. A t o s d e p e n d e n t e s d a e x p e r i �� n c i a :

h �� b i t o s (atos autom��ticos) e a t o s v o l u n t �� r i o s

(de livre escolha, elabora����o consciente). V o n t a d e

�� o pensamento dirigido com for��a a determinado

objetivo ou poder de determinar livremente a

a����o.

2c. A f e t i v i d a d e ( s e n s i b i l i d a d e ) . Faculdade

pela qual se manifestam os estados agrad��veis ou

desagrad��veis (percep����o do prazer e do desprazer)

ou somos afetados pelas solicita����es do mundo

exterior*.

2c.a. T e n d �� n c i a s . Disposi����es que orientam

o indiv��duo: a p e t i t e s (da vida org��nica; manifestam-

se pelas sensa����es) e i n c l i n a �� �� e s (da vida

ps��quica; manifestam-se pelos sentimentos).

2c.b. P r a z e r e d o r . Estados agrad��veis ou

desagrad��veis ligados aos fen��menos afetivos.

2 c . c . S e n t i m e n t o s . Processos afetivos

persistentes e pouco intensos.

2c.d. E m o �� �� e s . Processos afetivos r��pidos

e muito intensos.

2c.e. P a i x �� e s . Processos afetivos persistentes

e muito intensos.

" Nota da Editora: A emotividade, na etapa cognitiva,

gera um sentimento afetivo, como bem esclarece o autor;

este pode ser a favor (prazer), a desfavor (desprazer) ou

qui���� de indiferen��a.

23

A s��ntese de todos os fatos psicol��gicos constitui

a p e r s o n a l i d a d e , que pode ser normal ou

anormal. Conv��m distinguir personalidade de

individualidade. A primeira �� a maneira pela qual

um indiv��duo se apresenta na Terra, ou seja, o

encarnado. Vem a ser o aspecto transit��rio de

uma individualidade, um homem comum, uma

apar��ncia f��sica. Individualidade �� o aspecto

permanente do ser eterno. Assim, uma certa

individualidade (ou esp��rito) possui muitas

personalidades, cada uma correspondendo a uma

vida e, logo, a um dado homem ou mulher.

Gra��as �� reencarna����o, crescem e enriquecem-

se progressivamente as personalidades. Cada

uma destas �� um cap��tulo de uma individualidade,

que os tem numerosos. Seria in��til discutir a

validade ou mesmo a precis��o do arranjo dado

acima e defini����es anteriores: ambos denotam

um car��ter informativo geral.

Algumas observa����es e dados adicionais ser��o

��teis para ampliar a compreens��o do texto

subseq��ente.

A intelig��ncia �� a fun����o mental que permite

ao homem n��o somente aprender ou conhecer,

dando-lhe compreens��o, mas tamb��m enfrentar

situa����es novas (condi����es de vida) pela varia����o

do comportamento, o que se chama de adapta����o;

assim, desempenha ela duas atividades: a cognitiva

e a adaptativa. Segundo alguns autores, ela s��

24

estaria funcionando com plena capacidade dos 40

anos em diante, ��poca em que o c��rebro se

mostraria completamente apto. Isto porque as

fibras de associa����o, que, relacionando os centros

cerebrais uns com os outros, est��o ligadas ao

desenvolvimento da intelig��ncia, s��o as ��ltimas

a sofrerem o processo de m i e l i n i z a �� �� o (mielina

�� uma subst��ncia amorfa que forma bainha em

torno dos prolongamentos das c��lulas nervosas).

Consoante pensam aqueles investigadores, o

funcionamento das fibras nervosas depende deste

processo, pois sabe-se que as fibras sensitivas e

sensoriais se mielinizam cedo, seguidas das fibras

motoras, ao passo que as associativas s�� o fazem

na maturidade org��nica. De qualquer modo, a

grande maioria dos trabalhos importantes �� realizada

nesta fase da vida, para o que haveria uma raz��o

estrutural; e esta daria ao esp��rito tempo para

preparar-se no sentido do desempenho da miss��o.

A intelig��ncia apresenta grande variabilidade

quanto ao desenvolvimento. H�� uma intelig��ncia

concreta ou de superf��cie, que s�� permite

compreender os e f e i t o s i m e d i a t o s dos fatos

que os sentidos abrangem; esta destina-se a

atender �� vida cotidiana, material, e freq��entemente

�� a ��nica evidente. Evolui para a outra forma,

cada vez mais profunda e abstrata, a qual confere

o poder de entender as c a u s a s m a i s d i s t a n t e s

de muita coisa que nos impressiona. O crit��rio

que as separa reside na capacidade de compreender

25

as i d �� i a s g e r a i s , tais como Deus, Cristo, esp��rito,

evolu����o, subst��ncia, destino, imortalidade, livre

arb��trio, causalidade, vida, morte, reencarna����o,

moral, e t c Advirta-se que a primeira n��o ��

necessariamente curta; em n��o poucos casos, ela

se mostra extens��ssima (da�� o que se chama de

"grande cultura").

A palavra r a z �� o �� de uso vulgar��ssimo e com

numerosas a c e p �� �� e s . Pode ser tomada

simplesmente como sin��nimo de intelig��ncia,

por��m, corresponde propriamente ao s e g u n d o

t i p o ��� a faculdade intelectual por meio da qual

o homem alcan��a a concep����o das id��ias universais

ou gerais. Quando se fala de qualquer coisa

r a c i o n a l quer-se fazer refer��ncia a um produto

da intelig��ncia abstrata ou raz��o: por exemplo

a ci��ncia �� a atividade racional por excel��ncia.

Segue-se da�� que a raz��o distingue o homem dos

animais, porquanto, estes n��o deixam de possuir

sua dose de intelig��ncia concreta; o princ��pio

espiritual, em toda a s��rie zool��gica, �� um

mesmo e ��nico, variando o grau de evolu����o.

�� bom reter que a mente humana tem capacidade

limitada para adquirir e armazenar informa����es.

O processo de aprendizagem preserva somente os

fatos e habilidades que se repetem freq��entemente

(veja h��bito �� p��gina 22, acima, e ��s p��ginas 44

e seguintes, abaixo) ou s��o particularmente

importantes. O interesse �� a mola de tudo na vida

26

e �� ele que determina o esfor��o necess��rio.

Quando se quer aprender, aprende-se mesmo sob

condi����es desfavor��veis; mas ao estudante

desinteressado tudo �� in��til. Diz o psic��logo G.

A. Miller (1967): "Para a maioria dos estudantes,

o estudo �� uma e x p e r i �� n c i a d o l o r o s a e o meio

social raramente encoraja-os a sofrer a dor at�� que

aprendam a am��-la".

A afetividade ou vida afetiva �� a faculdade de

ligar qualquer sensa����o ou representa����o ��

qualidade de ser agrad��vel. O pensamento encerra

sempre um componente afetivo; qualquer um

pode dizer, por exemplo, se lhe agrada mais um

tri��ngulo ou uma esfera.

Os sentimentos s��o os processos ps��quicos per-

manentes ou de longa dura����o, difusos e mais ou

menos intelectualizados. As emo����es s��o processos

explosivos, breves ou circunscritos, que constituem

verdadeiros estados psicofisiol��gicos em vista de

acompanharem-se de manifesta����es org��nicas difusas

(palidez, rubor, frio, calor, suor, hipotens��o, arrepio,

tremor, rigidez, e t c ) .

Os sentimentos d��o forma e orientam o funciona-

mento da intelig��ncia, do mesmo modo que as

emo����es d��o colorido �� vida mental. Sendo os

sentimentos prec��rios, voltados para a satisfa����o

do pr��prio eu, a intelig��ncia revela-se pr��tica

(veja acima) e atende somente a fins determinados

pela vida comum. Se eles forem elevados e

ultrapassarem os limites do eu, ela ser�� idealista

2 7

e n��o cuidar�� tanto de finalidades imediatistas.

N��o se pode separar, como tantos pretendem,

raz��o de sentimentos, a n��o ser para reduzir

aquela ao racioc��nio dial��tico apenas. A raz��o

desenvolve-se nas escolas da vida e do estudo;

n��o sendo um atributo fixo, evolui e aprimora-

se. Ela combina, coordena, condensa, analisa e

ret��m a experi��ncia, o sentimento, a imagina����o,

o desejo e a vontade. Equilibrada, sabe integrar

tudo isso harmoniosamente.

I n s t i n t o s . Entre as atividades org��nicas inatas,

existentes desde o nascimento por independerem

de experi��ncia pr��via, temos os r e f l e x o s e os

i n s t i n t o s . Os primeiros s��o respostas de partes

musculares e glandulares a excita����o espec��fica

oriunda do meio exterior ou interior. O v��mito

exemplifica os dois casos; origem externa quando

se ingere algo impr��prio; origem interna m��ltipla,

como em v��rios estados m��rbidos. A passagem

de um c��lculo pelo ureter origina terr��veis ��nsias

ou contra����es g��stricas sem v��mito (o mesmo

sucede tocando o ureter com o dedo durante

uma opera����o cir��rgica). Quando a luz �� fraca

ou intensa, a pupila aumenta ou diminui o

di��metro de maneira a permitir a passagem de

maior ou menor cota de luz; quando se bate com

for��a na r��tula, a perna salta; quando tocamos

um objeto quente, retiramos bruscamente a m��o,

e t c ; quando sentimos o gosto de algo apetec��vel,

2 8

as gl��ndulas salivares produzem saliva abundante;

quando os l��bios da criancinha s��o tocados, ela

come��a a mamar em seco. V��-se que os reflexos

s��o atos inconscientes e autom��ticos que dizem

respeito ao organismo, embora o centro de

rea����o esteja no sistema nervoso central e eles

achem-se sujeitos aos estados emocionais (por

exemplo, o medo e a c��lera perturbam a digest��o).

Podem tamb��m ser desencadeados por a����es

ps��quicas: se lembrarmos de repente de algo

gostoso, que apreciamos particularmente, podemos

"ficar com ��gua na boca"; se recordarmos uma

coisa repulsiva, podemos sentir n��useas. Estes e

outros reflexos que englobam atos aprendidos,

oriundos de experi��ncias anteriores, dizem-se

c o n d i c i o n a d o s , abaixo descritos. Tudo isso vale

para animais e os homens.

Os instintos s��o mais complicados e dif��ceis de

aprender. Pode-se defini-los de mil maneiras e

destacar muitas de suas particularidades, das quais

supomos serem as subseq��entes as mais

esclarecedoras; como s��o incomparavelmente mais

n��tidos nos animais, come��aremos por estes.

No reflexo, o est��mulo desencadeia sempre

um r��pido movimento ou secre����o. No instinto,

o est��mulo, sobre ser menos mec��nico e mais

complexo, nem sempre determina a a����o;

geralmente, liga-se ele a certas ��pocas da vida.

Os atos instintivos mostram-se tamb��m mais

complicados e duradouros. Assim, o ��ltimo passa-

2 9

se mais na esfera mental. O est��mulo interno

define uma n e c e s s i d a d e : a sensa����o de fome

manifesta a necessidade de alimento; o que

suprime a necessidade se chama s a t i s f a �� �� o ou

gratifica����o; um copo d'��gua satisfaz a sede. O

est��mulo interno pode ser determinado por a����o

de horm��nios.

O instinto apresenta algumas caracter��sticas

que ajudam a compreend��-lo:

1. N��o �� aprendido. A aranha tece a teia sem

nunca ter visto outra realizar tal opera����o.

2. N��o inclui qualquer racioc��nio. O gato

rec��m-nascido n��o pensa em procurar a teta

materna.

3. Processa-se para atender determinada

finalidade. A teia da aranha �� a armadilha para

a captura do alimento; o gatinho morreria se n��o

mamasse desde logo.

4. Apresenta grande tenacidade na consecu����o

do seu objetivo; se alterarmos sua marcha, o

animal insistir�� denodadamente; se o tornarmos

sem finalidade, ele prossegue tenazmente.

5. �� perfeito e n��o erra dentro da marcha

estabelecida para o fim ao qual deve atender;

fora dos limites do trabalho que tem em mira,

sua efic��cia decai.

6. Possui, segundo Freud: uma f o n t e de

excita����o dentro do organismo; uma f i n a l i d a d e ,

que �� a supress��o dessa excita����o; um o b j e t o ,

30

representado pelos meios de realizar a satisfa����o.

O instinto �� tenaz e s��bio e realiza um

trabalho admir��vel. Vejam a delicadeza e

complexidade de muitas teias de aranha e a

"t��cnica" de constru����o de colmeias, termiteiros

e formigueiros, nestes ��ltimos havendo at�� plantas

cultivadas e insetos domesticados e criados.

Quanto �� tenacidade, basta ver que o marimbondo-

ca��ador n��o desiste de uma aranha �� qual

come��ou a dar combate (mesmo que n��o a possa

usar depois para p��r seus ovos ou que a postura

resulte in��til: o instinto n��o raciocina); e que a

vespa ca��adora de grilos (na ��poca da postura)

continuar�� firme por mais que lhe tomemos o

grilo anestesiado (ela d��-lhe uma inje����o com o

ferr��o): quantas vezes lhe retirarmos a v��tima,

tantas vezes ela o retomar�� para lev��-lo �� toca

ou procurar�� outro. E isto �� assim ainda quando

haja perdido a finalidade; mesmo esvaziando o

ninho de uma vespa ela proceder�� �� oclus��o do

orif��cio de entrada.

Contudo, sabe-se que os instintos n��o s��o uma

atividade ps��quica pura e exclusivamente mec��nica,

invari��vel. Se as linhas gerais mostram-se sempre

as mesmas, h�� numerosas varia����es nas min��cias

menores e dois indiv��duos podem diferir a tal

respeito, ocorrendo certa diferencia����o individual.

Por exemplo, certa esp��cie de abelha francesa,

que utiliza resina de cipreste na confec����o dos

31

ninhos, foi vista uma vez empregando graxa de

lubrifica����o recolhida numa estrada de ferro

pr��xima. Segue-se que o progresso n��o est��

interditado aos animais; se bem que muito

lentamente, podem sofrer modifica����es: de pronto,

n��o sabem enfrentar altera����es, pois isto �� a

fun����o adaptativa da intelig��ncia desenvolvida.

O entom��logo Hingston ( 1 9 3 1 ) apresenta o

seguinte paradigma indicativo da maneira pela

qual um instinto poder�� ter evolu��do em esp��cies

afins de formigas orientais. Trata-se do instinto

que conduz u m a f o r m i g a a mobilizar suas

companheiras para transportar uma presa por ela

encontrada; as s��ries de atos v��o-se tornando

cada vez mais eficientes.

Vejamos a opera����o em C a m p o n o t u s s e r i c e u s .

Uma formiga depara com uma presa. Vai ao

ninho anunci��-la e retorna com uma s��

companheira. Nesta esp��cie, a descobridora �� a

guia, caminhando �� frente da outra, que de

quando em quando toca a cauda da primeira. A

orienta����o faz-se pelo tato, raz��o porque, se a

segunda atrasa-se, a primeira p��ra e espera que

o contacto seja restabelecido.

Em C a m p o n o t u s p a r i a as coisas passam-se

como acima, mas as duas formigas em viagem n��o

se tocam, mantendo um intervalo de at�� 5-7 cm.

A orienta����o realiza-se por meio do olfato (faro).

J�� C a m p o n o t u s c o m p r e s s u s leva o instinto

32

um pouco mais longe. A descobridora do achado

traz consigo, n��o uma apenas, mas pequeno

n��mero de formigas (20 a 30). A primeira serve

de guia ��s demais, que n��o a tocam, a orienta����o

sendo obtida pelo faro.

Com P h e i d o l e i n d i c a a complexidade aumenta.

Em seguida �� volta ao ninho para anunciar a

descoberta de uma presa, a formiga inicial n��o

serve de guia. Um verdadeiro ex��rcito de formigas,

no meio do qual est�� aquela, sai do ninho e

dirige-se diretamente para o achado. A orienta����o

�� conseguida por meio do faro, capaz de perceber

o tra��o deixado no ar pela primeira formiga

quando regressou da presa ao ninho.

O comportamento dessas quatro esp��cies

permite tenhamos uma id��ia circunstancial da

progressiva complica����o por meio de graus

sucessivamente desenvolvidos. Em C. s e r i c e u s ,

o instinto �� simples: um inseto conduz outro

usando o tato, de modo que eles s��o estreitamente

dependentes. Num grau acima, como vemos em

C. p a r i a , eles mostram-se mais independentes

por se guiarem pelo olfato. Com o apuramento

deste (C. c o m p r e s s u s ) , j�� diversas formigas

seguem a primeira, aumentando consideravelmente

a efici��ncia da opera����o de remo����o da presa.

Em P . i n d i c a , o instinto atingiu a perfei����o:

grande n��mero de trabalhadores caminha rapida-

mente, sem hesita����o e sem guia, bastando-lhes

33

o tra��o ou rasto deixado no ar pela primeira.

De acordo com o antecedente, podemos definir

o instinto como "a for��a oculta que solicita os

seres org��nicos a atos espont��neos e involunt��rios,

tendo em vista a conserva����o deles" (Kardec, "A

G��nese"). Portanto, �� um conjunto de atos

alheios �� intelig��ncia destinados a perfazer

determinada finalidade e desencadeados por um

est��mulo interno (ou excita����o central). Da��

emana o papel importante dos horm��nios no

caso, ou seja, de subst��ncias qu��micas especiais

produzidas pelo organismo, que atuam sobre o

sistema nervoso e outras partes org��nicas, gerando

modifica����es nas fun����es e no comportamento.

Mas, n��o deixa de corresponder ou estar em

rela����o com o ambiente; muitas vezes parece ser

uma rea����o ��s condi����es e a����es deste ��ltimo,

isto ��, resposta a um est��mulo externo.

Quanto �� natureza do instinto, as opini��es

variam tanto que conferem ampla liberdade de

aceita����o da que mais agradar. Kardec ( " O L i v r o

d o s E s p �� r i t o s " ) declara que o instinto "�� uma

intelig��ncia rudimentar", "�� uma intelig��ncia n��o

racional", cujas manifesta����es s��o espont��neas e

n��o deliberadas, como o s��o as da ��ltima categoria.

Contudo, Kardec n��o conheceu o reflexo e o

mistura com o instinto ao dizer, por exemplo

que "o piscar das p��lpebras para moderar o

brilho da luz" �� um ato instintivo, quando �� um

34

reflexo (o est��mulo, a luz, �� externo). Todavia,

conv��m notar que para os behavioristas

(condutistas) um instinto n��o passa de uma

cadeia de reflexos, desencadeados por fatores

mesol��gicos. Mas, isto n��o melhora a compreens��o.

Para Freud, �� uma quantidade de energia que

se orienta em certa dire����o. �� o representante

mental dos est��mulos oriundos do interior do

organismo, os quais, penetrando na mente, fazem-

na gastar certa soma de energia. Assim, o est��mulo

proveniente da ��rea genital apresenta-se na mente

como excita����o sexual; a intensidade desta

excita����o indica o esfor��o exigido �� mente

(energia consumida) para alivi��-la mediante a

atividade er��tica adequada. Um i m p u l s o , ou

melhor, puls��o conforme Freud, palavra t��o

encontradi��a, vem a ser o est��mulo interno

gerado pela press��o do instinto, isto ��, o estado

de s��bita tens��o ps��quica de origem interna, que

ordena imperiosamente uma satisfa����o externa

(gesto, palavra, deslocamento, e t c ) .

McDougall considera o instinto uma disposi����o

inata associada a uma emo����o prim��ria ou funda-

mental; por exemplo, a emo����o do medo acompanha-

se do instinto de fuga, que p��e em a����o. Como

o funcionamento do psiquismo �� integrado,

inevitavelmente os diferentes processos ou categorias

relacionam-se uns com os outros, mas o problema

�� definir de que tipo s��o tais rela����es.

35

Uma s��rie de autores ilustres relaciona a

origem e a natureza dos instintos animais com

certa dose de intelig��ncia; para eles, n��o h��

diferen��a essencial entre atos instintivos e atos

inteligentes, tratando-se aqui de um rudimentar

racioc��nio objetivo, concreto. Roger julga-os "dois

aspectos ou dois est��dios diferentes dum mesmo

processo psicofisiol��gico." Diz Ubaldi (1935):

"Instinto e raz��o s��o duas fases da consci��ncia."

Veja acima as cita����es de Kardec.

O entom��logo ingl��s Hingston (citado �� p��gina

3 2 ) , que observou meticulosamente a vida dos

insetos no Oriente durante 17 anos, alcan��ou as

seguintes conclus��es: 1) "todos os esp��ritos s��o

feitos da mesma subst��ncia"; 2) "�� imposs��vel

explicar os fen��menos ps��quicos pela a����o t��o-

somente das leis f��sicas e qu��micas" (foi o que

Rhine posteriormente demonstrou atrav��s da

experimenta����o parapsicol��gica); 3) os insetos

possuem mem��ria e consci��ncia, n��o diferindo

essencialmente do homem, mas apenas por

quest��o de grau; 4) que est�� "nos atos deliberados

da intelig��ncia a fonte de cada instinto"; 5) que

"de fato, o comportamento autom��tico deriva de

um comportamento que foi inteligente de in��cio."

Cope, o famoso evolucionista norte-americano

do s��culo passado, assegurava que a consci��ncia

foi um fator primordial na evolu����o. Na sua

opini��o os movimentos atualmente inconscientes

foram, no come��o, conscientes e, posteriormente,

36

�� for��a de repeti����o, tornaram-se inconscientes,

autom��ticos. A progress��o evolutiva teria consistido

na passagem sucessiva de a����es do consciente

para o inconsciente, da intelig��ncia para os

automatismos; as atividades tornadas inconscientes

s��o substitu��das por outras conscientes e

volunt��rias, as quais, por sua vez, tender��o ��

automatiza����o.

Essa �� a doutrina explanada em A G r a n d e

S �� n t e s e . Afirma ali Ubaldi que o instinto "age

sem reflex��o porque j�� refletiu o bastante" e

que "o animal raciocina rudimentarmente no

per��odo de constru����o do seu instinto". Para

Romanes, disc��pulo de Darwin, os instintos

secund��rios resultam de adapta����es inteligentes

freq��entemente repetidas e que se fazem auto-

m��ticas, dispensando o pensamento consciente.

Delanne tinha as mesmas id��ias.

Assim como os citados, v��rios outros consideram

que os atos instintivos s��o uma f o r m a f i x a d a

de atos primitivamente conscientes, cuja repeti����o

��� como resposta a uma a����o ou condi����o

exterior persistente ��� foi suficientemente prolon-

gada. Quanto ao mecanismo desta transforma����o

de uma categoria ps��quica flutuante, ao sabor das

circunst��ncias externas, em uma outra fixa

internamente, pode-se obter p��lida id��ia dele

observando como h o j e formam-se os h �� b i t o s e

as r e l a �� �� e s destes com os instintos; ver-se-�� isto

37

adiante. Para n��s, n��o �� dif��cil admitir tal origem

dos instintos uma vez que sabemos ser o homem

oriundo do reino animal por evolu����o, da qual

�� o produto final e caracterizado por dilatada

cota de raz��o; mas, muitos homens t��m ainda

quase que somente intelig��ncia objetiva, mediante

a qual lidam com o mundo sens��vel �� sua volta

e com finalidades imediatas, n��o se apartando

muito dos animais superiores. Alguns pensadores

inverteram a f��rmula indicada, vendo a quest��o

pelo avesso: para Condillac, o instinto seria um

come��o de intelig��ncia e para Viaud, a intelig��ncia

�� um prolongamento do instinto. O ilustre

bi��logo Cu��not (1932) critica a teoria supra-

exposta observando: "H�� qualquer coisa de bizarro

nesta id��ia de degrada����o ps��quica, que faz os

animais atuais, tal como os insetos ricamente

equipados com instintos, descendentes de

ancestrais inteligentes." Ao contr��rio, tratar-se-ia

de enriquecimento do psiquismo pela aquisi����o

de processo ps��quico mais eficiente; e n��o se

envolve a intelig��ncia abstrata, mas a capacidade

de escolher, repetindo-a, a melhor solu����o diante

de situa����es vitalmente s��rias mediante expe-

ri��ncias bem e mal sucedidas. E menos ainda

pretende-se uma descend��ncia rica em instintos

a partir de ancestralidade dotada de intelig��ncia;

cuida-se da progressiva fixa����o e aperfei��oamento

desta sob a forma daqueles num mesmo psiquismo

38

animal que vive infinito n��mero de exist��ncias.

Mais tarde, no seu canto do cisne, o grande livro

" L ' E v o l u t i o n B i o l o g i q u e " (1951) , Cu��not diz

que os instintos, por todos os t��tulos paralelos

aos atos da "intelig��ncia a mais penetrante", s��o

realmente cadeias de reflexos provocados por

est��mulos sucessivos, sobre os quais o animal

tem um vago controle, podendo, contudo, em

certos casos apresentar uma compreens��o parcial

do que faz. A seguir, declara que as modifica����es

individuais s��o excepcionais, mas que "anunciam

um processo novo, a intelig��ncia."

Agora temos a considerar o homem mais de

perto. Reina a maior liberdade na identifica����o

dos instintos humanos. Roldan ( 1 9 6 6 ) , por

exemplo, prop��e, como instintos de conserva����o,

coisas como amor, ego��smo, soberba, instinto

sexual, de defesa, de ataque, de nutri����o, e t c ,

que ou n��o cabem no conceito de instinto ou

s��o excessivamente vagas.

Na realidade, por mais que se procure, no

homem, s�� tr��s grupos de atividades merecem

a classifica����o de instintivas: fome, sede e

reprodu����o. Estas possuem fonte de excita����o,

finalidade conservadora e objeto para satisfa����o.

Al��m disso, n��o exigem aprendizado nem

racioc��nio (em sua forma espont��nea), t��m

apreci��vel tenacidade e n��o erram dentro da

seq����ncia natural de atos necess��rios �� satisfa����o.

39

Ao demais, os autores mais recentes n��o fazem

refer��ncia a outra coisa.

Tais s��o os instintos presentes no homem.

Todavia, no chamado "civilizado" eles apresentam-

se mais ou menos intensamente intelectualizados,

isto ��, modificados pela influ��ncia da raz��o. E

tanto mais refinados e alterados quanto mais esta

�� desenvolvida e domina a personalidade. �� bem

de ver que o homem citadino n��o realiza o ato

sexual com a simplicidade do animal; este ��

guiado por impulso interno com objetivo certo,

sem interfer��ncia de outros elementos ps��quicos:

realizado o ato, est�� tudo acabado; j�� o homem

racionaliza inten����es e desejos para obter o

m��ximo prazer, pelo que modifica o curso

natural com pr��ticas artificiais e complica tudo.

Portanto, nenhum dos seus instintos equivale aos

dos animais.

Erich Fromm, psic��logo cuja doutrina psica-

nalista baseia-se na sociologia e antropologia,

acentua a import��ncia das diferen��as entre instintos

animais e humanos. Declara que a forma de

express��o e de satisfa����o dos instintos �� deter-

minada culturalmente e, pois, varia enormemente

pelo mundo.

O homem, como os animais, tem certas

necessidades fundamentais. Em ambos, os instintos

representam necessidades biol��gicas, mas no

homem n��o t��m m��dulos fixos, espec��ficos e





40


herdados de a����o, por meio dos quais sejam

satisfeitas. Considera o instinto uma categoria

ps��quica em d e c l �� n i o , sen��o em extin����o mesmo,

nos animais superiores ��� e especialmente na

esp��cie humana. Segue-se que a adapta����o desta

�� natureza depende essencialmente do p r o c e s s o

d e a p r e n d i z a g e m e n��o do instinto.

O animal vive em rela����o harmoniosa com o

seu ambiente (ainda que seja comido por outro);

o patrim��nio instintivo dirige eficientemente (como

mostramos acima) o seu esfor��o para sobreviver

e torna-o parte fixa e imut��vel de seu mundo

restrito. Nele, h�� uma cadeia ininterrupta de

rea����es que come��am com o est��mulo, a fome por

exemplo, e terminam por uma linha de a����o mais

ou menos rigidamente determinada, a qual p��e fim

�� tens��o gerada pelo est��mulo. Isto �� assim quanto

��s rea����es j�� fixadas desde muito tempo sob a

forma de instintos, mas n��o exclui a possibilidade

de desenvolver novas rea����es individuais (veja

R e f l e x o s C o n d i c i o n a d o s , abaixo).

Eis as fun����es que distanciam o homem do

animal: a c o n s c i �� n c i a de si pr��prio como entidade

distinta de tudo o mais; a p t i d �� o para recordar

o passado, visualizar o futuro e designar objetos

e atos por meio de conceitos; a r a z �� o para

conceber e compreender o universo; e a i m a g i -

n a �� �� o , mediante a qual ultrapassa o ��mbito dos

sentidos. Por tudo isto, o homem n��o �� parte

41

fixa e imut��vel do seu mundo amplo, ao contr��rio

dos seus irm��os inferiores; a raz��o, a consci��ncia

e a imagina����o o c u p a r a m o l u g a r dos padr��es

de a����o relativamente uniformes, mediante os

quais os animais est��o ajustados ao seu meio ���

e romperam o ajustamento harmonioso do homem

com o resto do mundo. Criou-se um antagonismo

entre aquele e este, que a pr��pria raz��o

(intelig��ncia, etc.) ter�� de resolver.

No homem, a cadeia de rea����es �� interrompida:

o est��mulo existe, mas a satisfa����o deve-se processar

por meio da escolha de uma dentre v��rias linhas

de a����o. Ao inv��s de uma a����o instintiva e

predeteminada, ele �� compelido a examinar

mentalmente as v��rias maneiras poss��veis de

proceder: come��a a pensar; de uma adapta����o

passiva, passa a outra ativa: produz. Inventa

ferramentas e assim vai superando as limita����es

que a natureza imp��e, pois ele �� o mais fr��gil

e desvalido dos seres ao nascer; quanto mais alto

sobe-se na escala do desenvolvimento animal,

tanto menos completo �� o desenvolvimento

estrutural por ocasi��o do nascimento, o que, no

homem, atinge o m��ximo.

Pensa Fromm, ao contr��rio de Freud, que

grande parte das lutas humanas n��o pode ser

explicada pela for��a dos instintos. Quando as

necessidades humanas de alimento, bebida e sexo

est��o satisfeitas �� que realmente c o m e �� a m o s

42

p r o b l e m a s m a i s u r g e n t e s : luta pelo poder e

prest��gio, amor, destrui����o, ideais religiosos e

pol��ticos, etc.. O problema fundamental da psi-

cologia humana n��o reside na satisfa����o ou frustra����o

dos impulsos e necessidades instintivas, visto que

a aprendizagem cria novos problemas e necessidades

t��o ou mais prementes do que as exig��ncias da

fome, sede e sexo; num mundo din��mico, constan-

temente mut��vel, surgem sempre crescentes

problemas e possibilidades de adapta����o. Os impul-

sos que d��o forma ��s diferen��as individuais, como

��dio e afeto, desejo de poder e de destaque,

submiss��o, prazer sensual, e t c , s��o "produtos do

processo social". Tanto as mais elevadas como as

mais baixas inclina����es humanas n��o s��o partes

de uma natureza invari��vel e "recebida biologi-

camente", mas originam-se do processo social que

forma o homem; paix��es, ansiedades, a natureza

humana enfim, s��o um p r o d u t o c u l t u r a l (cujo

desenvolvimento hist��rico a Ci��ncia fez desfilar

completamente). De fato, os homens precisam uns

dos outros para progredirem; s��o as inter-rela����es

de variado tipo, os entrechoques, as lutas inter-

humanas e rea����es rec��procas que aprimoram o

esp��rito humano (por isso, confessou Andr�� Luiz,

ao libertar-se dos n��veis inferiores, que relacionava

advers��rios como benfeitores...). Embora a sociedade

possa desempenhar papel supressor, sua fun����o

criadora �� not��vel. Em suma, no homem, o

4 3

equipamento instintivo acha-se muito atenuado e

modificado a favor de outras categorias mentais.

A n��s parece que seria razo��vel englobar as

observa����es anteriores na seguinte f��rmula, mais

precisa e esclarecedora. Desde que o indiv��duo

emergiu da coletividade, no processo hist��rico,

como entidade destacada das demais, desenvolveu-

se o s e n s o �� t i c o , conforme j�� mencionado.

Podem os nossos n��o diferirem essencialmente

dos instintos animais, por��m, divergem muit��ssimo

em suas manifesta����es e exig��ncias. Surgiu,

portanto, um novo campo para o desenvolvimento

da a����o instintiva: o m o r a l , guardando propor����o

com o progresso ps��quico de cada indiv��duo e

ausente nos dom��nios zool��gicos. Isto �� natural

em vista da necessidade de relacionamento cada

vez mais estreito com o pr��ximo, acima referida.

Cremos que a evolu����o do esp��rito humano

prossegue no sentido de substituir os instintos

animais (ego��stas, pois eles n��o disp��em de

no����o do bem e do mal) por h �� b i t o s m o r a i s

(em cuja base est�� a no����o de dever para com

o semelhante); os primeiros s��o conseq����ncia da

evolu����o org��nica, os segundos ser��o as aquisi����es

definitivas da evolu����o espiritual, que d��

continuidade ��quela.

Temos falado de h �� b i t o , com rela����o aos

instintos. Tal palavra significa a capacidade de

conservar e reproduzir, com facilidade crescente,

44

atos ou atividades exercidas com freq����ncia

anteriormente. Todo ato (ou s��rie de atos)

autom��tico e adquirido pelo exerc��cio, �� um

h��bito. Logo, �� individual e, embora lembre um

instinto, difere deste porque o ��ltimo �� cong��nito

e comum a todos os esp��cimes da mesma

esp��cie (pelo menos quanto ao plano geral). Em

s��ntese, todas as a����es repetidas numerosas

vezes automatizam-se: deixam de ser conscientes,

como eram no princ��pio, e aperfei��oam-se.

Naturalmente, a forma����o de h��bitos est�� em

conex��o com as tend��ncias individuais e com as

aptid��es oriundas das experi��ncias passadas (h��

pessoas que n��o conseguem aprender a tocar

piano, montar a cavalo, e t c , enquanto que

outras aprendem rapidamente: estas t��m aptid��o,

ou seja, experi��ncia acumulada). E a repeti����o

dos atos, que cria e aperfei��oa os h��bitos,

significa que eles s��o ��teis e vantajosos, do

contr��rio seriam abandonados ou pouco

exercitados. Segundo a natureza das pessoas e

o grau de utilidade, para a constitui����o de um

h��bito podem bastar umas poucas repeti����es; ��

grande, pois, a participa����o do psiquismo, a

aten����o e o interesse desempenhando papel

relevante na fixa����o dos atos, ��teis ou aderentes

��s inclina����es.

Admite-se que os h��bitos tenham magna

import��ncia na vida humana; William James, por

4 5

exemplo, pensava que 99% de nossa atividade

envolve h��bitos. Como meio de ajustamento ou

adapta����o valem muito, porquanto permitem

plasticidade org��nica e facilidade de movimentos

que, de outro modo, n��o haveria. D��o continuidade

��s a����es da vida, ligando umas ��s outras, facilitando

o desempenho. E s��o instrumentos de progresso,

pois t��m a fun����o de evitar recome��os cont��nuos;

simplificam todos os processos de aprendizagem:

nadar, falar, escrever, trabalhar, cavalgar, dirigir

ve��culos, e t c .

Consideremos o ciclista nos primeiros dias de

aprendizado. Presta aten����o aos pedais, ao freio,

�� dire����o e ao caminho a percorrer. Seus gestos

s��o hesitantes e dependem da a����o consciente;

se algu��m distrair a aten����o dele, retirando-a da

bicicleta, poder�� cair ou perder�� momenta-

neamente o equil��brio. Em pouco tempo, diferente

para cada pessoa, todos os gestos automatizam-

se e encadeiam-se na devida ordem, podendo ele

cavalgar e mover o ve��culo sem a menor

interven����o intelectiva. Podemos supor que as

a����es repetidas em demasia passam para o

inconsciente em forma de a p t i d �� o ; este

aperfei��oamento deixa livres os movimentos do

ciclista, que, treinado, anda por uma estrada

conversando e atentando para a paisagem, com

inteira despreocupa����o.

46

Num curso de datilografia, para evitar que o

aprendiz fixe a aten����o no teclado, este costuma

ser coberto com uma l��mina. Com ambas as

m��os, ele bate, durante certo tempo, em partes

sucessivas do teclado. Depois de automatizados

todos os gestos, correspondentes a cada tecla,

ele passar�� a escrever de verdade usando todas,

mas ainda sem v��-las. Quando a tampa �� retirada,

o novo datilografo �� capaz de escrever sem

olhar para o teclado: f��-lo automaticamente, sem

pensar na m��quina, mas pensando no que vai

escrevendo. Formou-se o h �� b i t o de datilografar

pela automatiza����o de todos os gestos necess��rios

na devida ordena����o, gra��as ao que pode usar

suas faculdades racionais noutra atividade. Ao

sentar diante da m��quina, da mesma forma que

ao cavalgar uma bicicleta, o homem treinado

comporta-se como se pusesse em fun����o um

i n s t i n t o ��� algo assim como faz um animal que

corre ��rvore acima para construir um ninho ou

que cobre a f��mea mediante uma s��rie de atos

encadeados ou que arrasta uma presa de certa

maneira. A diferen��a reside em que, no caso do

homem, ele d e l i b e r a escrever ou tomar a bicicleta,

pois o h��bito �� aprendido e depois torna-se

inconsciente; e, no caso do animal, este n��o

precisa pensar, porquanto o instinto �� inato e

inconsciente. Mas, nos seus aspectos essenciais,

as duas opera����es ps��quicas s��o semelhantes.

4 7

Pode-se, conseq��entemente, admitir que o

instinto seja um h �� b i t o m a i s a n t i g o , adquirido

outrora pela repeti����o no curso de muitas

exist��ncias, ficando a aptid��o crescente conservada

no psiquismo imortal. N��o que o animal tivesse,

tal o homem, deliberado adquirir um dado h��bito

frente a uma situa����o vital para ele ��� embora

Hingston (1931) veja "nos atos deliberados da

intelig��ncia a fonte de cada instinto"; f��-lo t��o-

somente empregando sua rudimentar intelig��ncia

objetiva ou concreta, gra��as �� qual pode, atrav��s

dos sentidos, assegurar-se do que �� melhor para

sua garantia. A repeti����o de um ato significa que

ele �� vantajoso, tendendo a conservar-se enquanto

durarem as condi����es ambientais que determinaram

sua exterioriza����o. Quando uma condi����o exterior

solicita-o, ele ressurge como instinto. Assim

como os homens de uma comunidade ou n��vel

social realizam aproximadamente os mesmos

atos fundamentais, tamb��m os animais de dada

esp��cie, que vivem num ambiente bastante

uniforme, operam de id��ntica maneira ��� mais

estreita porque n��o t��m liberdade de decis��o

al��m do imediatismo das circunst��ncias. Por isso,

os h��bitos cong��nitos ou instintos variam pouco

de um para outro indiv��duo, mas sempre h��

pequena amplitude de varia����o individual,

conforme assinalou-se atr��s.





48


N��o se pode ignorar nestas quest��es o fator

tempo. A guarni����o instintiva dos animais consumiu

muitos milh��es de anos para formar-se; a raz��o

humana, que vai modificando aquela, conta sua

hist��ria por alguns milhares de anos apenas e

s�� nos ��ltimos s��culos assumiu preponder��ncia.

Edmond Perrier ( 1 8 8 8 ) , conhecido zo��logo

franc��s, apresenta extenso cap��tulo, em seu

tratado, sobre instinto e intelig��ncia nos animais.

A tese que acabamos de expor se acha ali intacta.

Ap��s descrever o instinto ��� "faculdade bem

distinta, em apar��ncia, da intelig��ncia quando

estudada apenas em um certo n��mero de

manifesta����es e considerada somente em seu

estado atual" ��� declara "exagera����o manifesta"

a doutrina de Descartes e Buffon, que v�� nos

animais meros aut��matos: cada ato destes seria

conseq����ncia fatal do funcionamento dos ��rg��os,

o resultado da fixidez das formas org��nicas (o

que hoje �� inadmiss��vel frente �� teoria da evolu����o).

Ao contr��rio, "muitos animais, mesmo assaz

inferiores, t��m uma incontest��vel intelig��ncia",

assertiva que os modernos behavioristas e

reflex��logos n��o desejam ouvir. A seguir, mostra

que os instintos n��o s��o absolutamente imut��veis,

podendo revelar certas modifica����es de quando

em quando. Demonstra tamb��m que n��o est��o

inteiramente ligados �� forma ou �� disposi����o dos

��rg��os. Tudo isto com min��cias e exemplos.

4 9

Os casos observados de modifica����o num

instinto s��o importantes. Um p��ssaro usa fibra

vegetal para tecer o ninho; de repente, come��a

a empregar fio de l��, um produto da ind��stria

humana (veja acima, o exemplo da abelha que

usou graxa). Um outro p��ssaro troca filamentos

vegetais por crina de cavalo, na Am��rica, onde

o mam��fero foi introduzido pelos colonizadores.

Julga Perrier que tais altera����es nos costumes

inatos envolvem compara����o e racioc��nio "muito

simples"; um ato de intelig��ncia permitiu substituir

o material milenar por um novo, tornado

dispon��vel. Modificou-se, portanto, o instinto

pela intelig��ncia, realizando-se um p r o g r e s s o :

os novos materiais de constru����o s��o excelentes

e f��ceis de obter.

O poder da intelig��ncia de modificar o instinto

leva a crer que n��o sejam faculdades totalmente

distintas entre si; podendo a primeira aperfei��oar

o segundo, pergunta-se se este n��o ser�� uma

cria����o daquela: n��o ser�� o instinto o resultado

de m��ltiplos e obscuros esfor��os da intelig��ncia,

acumulados durante enorme n��mero de gera����es

por uma longa sucess��o de indiv��duos da mesma

esp��cie? De fato, diz ele, numerosos atos

inteligentes parecem-se muito com atos instintivos.

�� o que vamos notar num pianista novi��o, por

exemplo, cujos esfor��os v��o-se tornando cada

vez mais suaves e mais desligados da aten����o ��

5 0

medida que os exerc��cios se sucedem; a repeti����o

facilita sempre e acaba ele executando u m a pe��a

maquinalmente. Esta a u s �� n c i a d e c o n s c i �� n c i a

�� um dos caracteres mais n��tidos do instinto e

pudemos assistir, no pianista (veja acima o

ciclista e o datilografo), a metamorfose gradual

dum ato inteligente em um ato instintivo (ou

melhor, s��ries de atos). Tal sucede com todos

os novos atos habituais. Da mesma maneira pela

qual um cavalo percorre, numa noite escura e

sem errar, um caminho complicado mas conhecido,

um homem pode faz��-lo sem prestar aten����o se

j�� o fez muitas vezes antes.

A s e m e l h a n �� a entre o i n s t i n t o e o h �� b i t o

fizera Condillac definir o primeiro como "um

h��bito privado de reflex��o". Na mesma ordem

de id��ias, Perrier proclama: " o i n s t i n t o �� u m

h �� b i t o h e r e d i t �� r i o " . Acima dissemos que o

instinto �� um h �� b i t o a n t i g o , fixado h�� muito,

e t c . Completa o zo��logo esclarecendo que o

h��bito sup��e uma s��rie de esfor��os intelectuais,

pelo que se conclui das duas defini����es que a

forma����o dos instintos envolve "um primeiro

rudimento de intelig��ncia".

A seguir, tratando dos fen��menos inconscientes,

afirma que a aus��ncia de consci��ncia (seja das

imagens sensoriais, seja dos atos efetuados, seja

da finalidade) n��o serve de crit��rio para separar

instinto de intelig��ncia; devem ser considerados

51

"simplesmente como duas formas extremas da

atividade ps��quica relacionadas por uma multid��o

de intermedi��rios." Aceita a opini��o de Cuvier

e Flourens, segundo a qual "quanto mais a

intelig��ncia aumenta, tanto mais o instinto diminui,

havendo uma r e l a �� �� o i n v e r s a entre as duas

faculdades". �� medida que a intelig��ncia cresce,

modificam-se as condi����es de hereditariedade; a

aptid��o inconsciente para formar uma combina����o

de atos determinados �� substitu��da pela aptid��o

para agir diferentemente segundo as circunst��ncias:

�� o ponto de partida de Erich Fromm (confira).

O comportamento, por exemplo, das formigas

��� a maneira pela qual elas se auxiliam em

trabalhos superiores �� capacidade individual; o

modo de enfrentarem sucessos imprevistos,

hesitando e consultando-se entre si antes de agir

��� levou Perrier a identificar nelas "uma intelig��ncia

assaz desenvolvida". De fato, �� curioso como

distinguem ciclamato (ado��ante artificial) de a����car,

sendo ambos doces e sem cheiro, mas s�� o

segundo servindo como alimento; derramando

um l��quido a��ucarado, acorrem sem qualquer

hesita����o e entram a sabore��-lo; derramada uma

solu����o ado��ada com ciclamato, caf�� por exemplo,

uma ou outra aproxima-se, mas afasta-se logo e

nenhuma volta. Reputa ele que a intelig��ncia

tomou incremento maior nos animais de vida

social; quase todos os nossos animais dom��sticos

eram soci��veis em estado selvagem.

52

Ao concluir, escreve que "em todos os animais,

as manifesta����es mentais, desde as mais humildes

��s mais elevadas, s��o todas da m e s m a n a t u r e z a " .

Inicialmente, s��o inconscientes e limitadas ��s

a����es e rea����es mais imediatas do organismo e

do meio no qual este vive. Tais opera����es,

sempre repetidas, incrustam-se no sens��rio do

animal e chegam a fazer parte dele: temos a�� o

i n s t i n t o . A este estado rudimentar sucede "uma

no����o mais clara" das rela����es organismo/meio;

a c o n s c i �� n c i a come��a a destacar-se; os atos

instintivos podem ser agora ligeiramente

modificados e melhorados. Se as causas destas

modifica����es persistem, elas, primeiro inteligentes,

saem da consci��ncia e tornam-se instintivas; o

instinto altera-se, mas ainda prevalece. Vai a

consci��ncia aos poucos ampliando-se, as id��ias

ficando mais claras, e a intelig��ncia mistura-se

em todos os graus com o instinto. Afinal, chega

o momento em que aquela assume a hegemonia

e domina o ��ltimo, isto ��, o que o instinto tem

de f i x o desaparece mais ou menos completamente

sob o fluxo vari��vel de incessantes inova����es.

Este livro de Emond Perrier �� destinado ao

ensino em escolas adiantadas e n��o �� propaga����o

de id��ias pessoais, fato que leva a supor haver

o autor, competente investigador, ponderado

bem sobre as quest��es explanadas.

5 3

D e s s e ponto prosseguem Geley, Delanne e

Ubaldi. Vejamos algumas comprova����es. "No

animal superior, cavalo, cachorro, macaco, elefante,

e t c , a realiza����o da consci��ncia fez imenso

progresso. As faculdades l��gicas e de racioc��nio

desempenham j�� um papel importante. Ao mesmo

tempo, o p a p e l a p a r e n t e d o i n s t i n t o d i m i n u i .

Suas manifesta����es n��o s��o cont��nuas nem

dominantes: fazem-se limitadas e intermitentes."

�� o que afirma Gustave Geley ( " D o I n c o n s c i e n t e

a o C o n s c i e n t e " ) , agregando que isto ��

indispens��vel �� evolu����o e que o predom��nio do

instinto implica no "estacionamento do progresso

intelectual". V��-se, posto isto, que as id��ias de

Fromm acerca das rela����es instinto/intelig��ncia

no animal e no homem n��o s��o t��o novas quanto

nos querem fazer crer...

Algumas cita����es de Gabriel Delanne comple-

tar��o toda a exposi����o sobre instintos e h��bitos.

"No animal, t o d a a �� �� o i m p l i c a v o n t a d e ,

consci��ncia, racioc��nio, intelig��ncia" e "no animal,

toda a����o �� o resultado de um p r �� v i o j u l g a m e n t o

que implica vontade, consci��ncia, racioc��nio,

intelig��ncia". Vejam " O E s p i r i t i s m o p e r a n t e a

C i �� n c i a " . O erudito autor compara a aquisi����o

do instinto pelo pcrisp��rito �� maneira pela qual

"a crian��a aprende a ler" ��� movimentos inicial-

mente intencionais e custosos, muito repetidos,

e depois mec��nicos; atrav��s de in��meras vidas

54

o perisp��rito, "sob influencia da vontade nascente",

fixa os movimentos sob a forma de automatismos.

Diz que os h��bitos, gerados pela repeti����o

voluntaria de uma s��rie de atos, acabam, em

gera����es sucessivas, como instintos. Faz a seguinte

compara����o: "o movimento �� volunt��rio quando

se sabe c o m o e porque �� feito; habitual

quando �� feito sem se saber c o m o ; instintivo

quando feito sem se s a b e r porque; reflexo ou

autom��tico quando feito sem o saber". Em "A

Evolu����o An��mica", alonga-se muito mais sobre

as quest��es aqui ventiladas, no mesmo sentido.

Afirma, por exemplo, que "Os instintos naturais

s��o, portanto, mais ou menos modificados ou

aperfei��oados pela intelig��ncia. Se as causas que

acarretaram essas modifica����es s��o persistentes,

vimos que elas se tornam inconscientes e se

fixam no inv��lucro flu��dico. Assim, ficam sendo

verdadeiramente instintivas". A luta pela vida

�� o ��nico meio pelo qual a alma jovem pode

desenvolver suas faculdades latentes, como, mais

tarde, o sofrimento o �� para o progresso

intelectual e moral, afirma Delanne ��� pois,

"todos sa��mos do limbo da bestialidade." Adiante:

"Definimos estas a����es, hoje inconscientes, mas,

primitivamente, volunt��rias e tornadas instintivas

por efeito de repeti����es inumer��veis"; a seguir,

encara instintos e h��bitos como tendo a mesma

g��nese. Finalmente, para n��o repetir muito,

5 5

esclarece que em cada encarna����o adquirimos

h��bitos de natureza variada, fato de grande

import��ncia na vida do esp��rito: "Todos esses

movimentos foram originariamente conscientes,

desejados. Depois a repeti����o criou um h��bito...

Acabaram tornando-se inconscientes."

Acima dissemos de h �� b i t o s m o r a i s , ao referir

o novo campo de a����o e o novo rumo da

evolu����o do esp��rito humano. Conv��m acentuar

que o mesmo processo, de transmiss��o do

consciente para o inconsciente das experi��ncias

vividas e assimiladas por constante repeti����o,

continua vigorando em o n��vel ��tico. Eis porque

a "A Grande S��ntese" afirma: "A pr��tica constante

da moral confere ao homem atitudes morais", ou

seja, cria o h��bito de agir corretamente, sem

pensar e sem esfor��o ��� e j�� mencionamos o valor

educativo do h��bito. A vontade, instru��da pela

compreens��o (que procede do conhecimento),

pode determinar uma conduta moral, ainda quando

a tanto se oponham tend��ncias inatas (oriundas

do passado ignaro e culposo); isso �� dif��cil de

in��cio e durante muito tempo, pois, o "instinto"

(h��bito antigo) �� tenaz e exigir�� intensa luta. Mas

aos poucos vai-se vendo o resultado aparecer e

os automatismos contr��rios ca��rem, cedendo

lugar aos novos e bem orientados. Nada poder��

ser expulso do esp��rito, mas, sim, transformado.

�� agindo em sentido contr��rio, conduzidos por

5 6

boa orienta����o, que o conseguiremos. E onde

achar semelhante orienta����o? Estamos lutando

por mostrar que a ��nica fonte dela est�� no

Evangelho, que cumpre compreender e aplicar.

Emo����es. Aqui temos outro grupo de processos

mentais da m��xima import��ncia, considerando a

magna participa����o que t��m em tudo quanto o

homem pensa e faz.

Animais e homens primitivos seriam movidos

principalmente por instintos de conserva����o e

reprodu����o, impulsos compulsivos que ordenam

fuga, ataque ou posse. N��o s��o meros reflexos,

embora expressem-se em forma de atos auto-

m��ticos, em virtude das grandes varia����es indivi-

duais quanto ao m o d o e intensidade que

exibem na esp��cie humana. Por isto, tais rea����es

merecem o nome de e m o �� �� e s . Tr��s destas s��o

fundamentais por englobarem uma infinidade de

situa����es de fuga, agress��o e posse: medo,

c �� l e r a e afeto (amor). T��m elas praticamente

estado por detr��s de toda a atividade do homem,

at�� hoje, sobre a Terra. Todavia, a vida em

sociedade gerou outra for��a, o dever, cuja

fun����o principal �� reprimir ou orientar, conforme

o caso, as tr��s anteriores; tendo surgido muito

depois e sendo de origem externa, n��o se pode

chamar emo����o. A conduta humana est�� muito

ligada ��s imensas e variad��ssimas inter-rela����es

desses quatro elementos que est��o dentro da

57

alma humana. Um quinto elemento �� a raz��o,

que dirige a nossa vida de rela����o na aus��ncia

daqueles outros, os quais, quando emergem do

fundo do ser, a dominam mais ou menos

completamente e passam a comandar o

comportamento.

As emo����es fundamentais procedem do primeiro

dia da evolu����o na s��rie animal. Segundo Mira

y Lopes ( 1 9 4 9 ) , �� a seguinte a escala evolutiva

das rea����es emocionais: 1) a mais primitiva e

b��sica �� a rea����o emocional imobilizadora,

suspensora da atividade vital e destruidora da

individualidade, conhecida pelos nomes de p��nico,

terror ou medo, conforme a intensidade; 2)

depois vem a rea����o extensiva, dita c��lera, ira

ou raiva; 3) segue-se a mais eficiente para o

desenvolvimento da atividade intelectual, a rea����o

atrativa, afetuosa, social, integradora, ou amor,

que permite ao indiv��duo, resolvido o problema

interno de sua exist��ncia imediata, estender-se

no tempo e no espa��o, estabelecendo v��nculos

com o mundo �� sua volta. Tais s��o as e m o �� �� e s

p r i m �� r i a s , que assumem uma multid��o de formas

e podem ser identificadas no rec��m-nascido,

conforme demonstrou Watson. No adulto, muitos

outros estados afetivos podem ser classificados

como emocionais, desde que sejam intensos e

r��pidos, como a emo����o sexual, mas, no fundo,

relacionam-se com aquelas.

5 8

Por falar nisso, cumpre consignar que J. B.

Watson, psic��logo norte-americano que fundou

o citado sistema conhecido como behaviorismo,

foi o primeiro a identificar, na crian��a rec��m-

nata, tr��s tipos de respostas globais que emergem

em seguida �� aplica����o de est��mulos espec��ficos.

Watson considerou-as como rea����es expressivas

das chamadas e m o �� �� e s prim��rias e elas podem

ser associadas a tr��s tipos de conduta posterior.

1. Rea����o de c h o q u e ��� Obtida quando se

suspende o beb�� pelos bracinhos e deixa-se cair

no ar, aparando-o abaixo (ou por meio de um

forte ru��do grave). Ocorre brusca suspens��o das

atividades vitais manifestas: param a respira����o

e a musculatura, ficando a crian��a imobilizada,

os m��sculos lisos paralisam-se (intestinos,

circula����o e gl��ndulas ficam parados). Processa-

se uma inativa����o geral com parada das fun����es

ps��quicas (nas crian��as maiores). Equivale ��

inibi����o dos microorganismos quando amea��ados

por um est��mulo nocivo, que �� uma propriedade

geral da subst��ncia viva. Ao final, podem sobrevir

movimentos desordenados e intensos, convulsos,

ou estado sopor��fico; nas maiores, fuga em

dire����o oposta ao est��mulo perturbador.

2. Rea����o agressiva ��� Surge quando o nen��

sofre imobiliza����o for��ada de seus membros, n��o

mais podendo se mover livremente. Ao desagrado

crescente soma-se um aumento na intensidade

5 9

das atividades gerais do organismo: respira����o e

circula����o aceleram-se, aparece congest��o por

vasodilata����o perif��rica, sudorese, movimentos

violentos e gritos. Embora oposta �� anterior,

pode terminar como esta. Aqui temos uma

e x c i t a �� �� o geral com intensifica����o das fun����es

org��nicas, inclusive ps��quicas. Equivale igualmente

a uma propriedade fundamental da mat��ria viva,

derivada da irritabilidade (ou propriedade geral

das c��lulas reagirem aos fatores do meio ambiente).

As duas rea����es representam conflitos n��o

resolvidos com o meio exterior. Na inibi����o, a

oposi����o tende �� elimina����o do sujeito; na

excita����o, �� elimina����o do objeto. Contudo, a

rea����o agressiva �� um progresso na adapta����o,

pensa Watson, ao ambiente porque p��e o indiv��duo

em contacto com o objeto, embora com o fim

de afastar o est��mulo perturbador ou nocivo.

3. R e a �� �� o afetuosa ��� Conquanto mais

inconstante do que as anteriores, pode ser des-

pertada por meio de leves car��cias no queixo,

peito, n��degas, e t c , do rec��m-nascido. Observa-

se, ent��o, progressiva suspens��o dos movimentos

espont��neos, relaxamento muscular, express��o

tranq��ila, pulso lento, respira����o ampla e, afinal,

sono. Sup��e-se que ela seja um sinal de adapta����o

melhor ao ambiente; outros julgam que indique

o primeiro sinal de manifesta����o sexual no ser

humano.

6 0

Nota-se que na rea����o afetuosa h�� alguns

elementos das duas anteriores, mas integrados

com outros novos que lhe d��o fei����o peculiar;

assim, ocorrem fen��menos de inibi����o, cujo

car��ter �� diverso. A resposta afetuosa n��o determina

desgaste do potencial vital, pois coloca o organismo

em condi����es ideais de funcionamento. Por isso

�� encarada como a que melhor garante a

sobreviv��ncia dele no ambiente em que jaz,

favorecendo uma extens��o do ��mbito vital e

ps��quico no processo de explora����o e

descobrimento do mundo objetivo.

A cada uma destas rea����es corresponde uma

emo����o prim��ria: medo, ira e afei����o, as quais

dominam tr��s tipos de conduta: de inibi����o

(fuga), de agress��o (ataque) e de afei����o ou amor

(compreens��o).

M e d o ��� Sem d��vida, a primeira c��lula, ao

sujeitar-se a uma altera����o do meio onde estava

(por exemplo, aumento de temperatura, frio,

redu����o do teor de oxig��nio, modifica����o da

salinidade ou da acidez, e t c . ) cessou

temporariamente suas atividades vitais; por outras

palavras, imobilizou-se. Um protozo��rio ou alga,

unicelulares, sofre i n i b i �� �� o (suspens��o dos

movimentos) em resposta ao impacto de um

agente externo perturbador. A�� est�� "a primitiva

raiz biol��gica do fen��meno emocional do medo",

como exprime Mira y Lopes.

61

Com o desenvolvimento do sistema nervoso,

as rea����es passam a ser c o n d i c i o n a d a s e

desaparece a necessidade da a����o direta dos

fatores depressores. O animal, da�� por diante,

antecipa o efeito destes ��ltimos; estabelece ele,

inconscientemente, uma rela����o entre as

circunst��ncias e a a����o danosa (reflexo condi-

cionado), de modo que bastar�� um est��mulo

ligado a esta para que se desencadeie �� rea����o

inibidora (redu����o das manifesta����es vitais). Por

outras palavras, antes de sofrer algo ��� ocorre a

previs��o do poss��vel dano. E isto constitui o que

se chama medo, perfeitamente not��rio nos

vertebrados.

J�� o feto humano apresenta rea����es inibit��rias.

Um rec��m-nascido, como vimos acima, deixado

cair alguns palmos e novamente seguro, exibe

sinais muito n��tidos de pavor (susto): palidez

intensa, parada respirat��ria e card��aca, depois

acelera����o, inatividade g��strica e glandular, e t c .

A desnutri����o, o frio e o cansa��o aumentam tais

rea����es ou exigem estimula����o mais fraca.

A rea����o de fuga, nos animais, surge como

uma conduta global derivada de uma intencio-

nalidade que pressup��e certo sentido teleol��gico

de seus atos ��� pois, destina-se ao afastamento

do animal da ��rea perigosa ou da situa����o que

teme (aprendeu a temer). Assim, os dispositivos

6 2

neuromusculares s��o acionados na dire����o oposta

��quela de onde prov��m ou poder�� provir o

est��mulo fob��geno (causador de medo).

Processa-se, portanto, a substitui����o da passivi-

dade inicial (inibi����o, imobiliza����o) pela defesa

pessoal ativa ante a imin��ncia do evento nocivo,

o que deve ter consumido longo tempo no curso

da evolu����o. A fuga deixa de ser interna para

tornar-se externa.

Pensa Mira y Lopes que o animal foge, n��o

porque tenha medo, mas para escapar a este,

deixando de ser v��tima indefesa e assumindo

atitude capaz de livr��-lo sem maiores danos. Em

suma, ele fugiria por ter medo do medo.

Deduz da�� que a fuga n��o �� sinal caracter��stico

do medo, mas ind��cio seguro de sua intelec����o

por parte do animal; este processo n��o ��

obrigatoriamente consciente ("o homem foge

muitas vezes sem o saber").

Admite-se que o processo de aprendizagem

dos animais est�� baseado na fixa����o de experi��ncias

por meio do estabelecimento de uma s��rie,

constantemente modific��vel, de r e f l e x o s

c o n d i c i o n a d o s . Estes constituem um novo

processo ps��quico de relacionamento com os

fatores do ambiente, permitindo r��pido ajustamento

a situa����es inabituais. Por isso, v��m somar-se ou

completar as primitivas rea����es autom��ticas

(instintos), pelo que assumem a significa����o de

6 3

uma razo��vel maneira de ampliar o acervo instintivo

dos animais, dando-lhes oportunidade de adquirir

os resultados de novas experi��ncias vividas em

face a situa����es ainda n��o experimentadas. S��o

algo assim como uma porta aberta �� evolu����o

ps��quica, fazendo com que os animais superiores

n��o sejam simples mecanismos cujo funcionamento

fosse sempre o mesmo por serem movimentados

pelos instintos estereotipados. Portanto, os reflexos

condicionados pressup��em certa dose de

intelig��ncia nos animais que os fixam, o que ��

compreens��vel visto se formarem no c��rtex

cerebral, sede do consciente.

Os reflexos anteriormente mencionados s��o

cong��nitos e desde logo inconscientes, n��o

dependendo de nenhuma experi��ncia pr��via. Os

condicionados revelam a fixa����o desta pela

passagem do consciente para o automatismo. O

c��o novo saliva sempre que se lhe coloca na

b o c a um peda��o de carne pela primeira vez:

reflexo salivar, inato. A o c h e i r a r a carne pela

primeira vez, n��o emite saliva; mas salivar��

sempre que sentir o odor de carne ap��s haver

ingerido esta: reflexo condicionado, adquirido,

pois surgiu depois de uma experi��ncia (ao

ingerir sente o cheiro; depois basta o ��ltimo).

Se, durante um certo n��mero de vezes, tocarmos

uma campainha ou acendermos uma l��mpada

enquanto o c��o come (e salivar�� nesta ocasi��o)

6 4

��� em seguida, ele produzir�� saliva apenas ao

ouvir o som ou ver a luz, sem comer. Solu����o

acidulada provoca saliva����o em qualquer um; se

durante alguns dias pusermos tal solu����o colorida

de azul ou verde na boca do animal, mais tarde

ele salivar�� recebendo simplesmente ��gua colorida.

Tais s��o exemplos experimentais muito simples;

os seguintes s��o mais complicados. Consideremos

um adulto habituado ao uso da morfina por

inje����o. Se lhe injetarmos, com a encena����o

natural e ignor��ncia da fraude, apenas ��gua, ele

ter�� as mesmas sensa����es ��s quais est�� acostumado

e n��o protestar��. O efeito est�� ligado ao ato da

inje����o tanto quanto �� a����o do alcal��ide;

inicialmente este �� indispens��vel, depois bastar��

a inje����o de ��gua. Infelizmente, o ben��fico

reflexo n��o dura muito. Os reflexos condicionados

explicam porque o ru��do de uma torneira aberta

faz contrair dolorosamente a bexiga cheia de

urina: o ru��do de urinar condiciona-se ao ato e

basta o ru��do semelhante da torneira para evocar

a sensa����o desagrad��vel de "vontade de urinar".

Usa-se mesmo tal expediente para apressar a

mic����o de criancinhas que, postas no urinol,

protestam ou adormecem; muitas m��es sabem

que o som da ��gua jorrando freq��entemente

determina a emiss��o de urina. O fato de a crian��a

poder estar dormindo prova que o fen��meno ��

inconsciente, o que tem sua import��ncia, como

veremos a seguir.

6 5



Os reflexos condicionados est��o ligados a

certos casos de f r a u d e m e d i �� n i c a i n c o n s c i e n t e

("animismo") (*). Sucede ��s vezes um m��dium

gesticular e mesmo falar, como �� seu costume

estando sob influ��ncia de um esp��rito, sem que

realmente o esteja (um vidente daria conta da

situa����o). �� que a prece em voz alta, a concentra����o

mental e a manifesta����o real formam um

encadeamento propiciat��rio ao desenvolvimento

de tais automatismos. Da�� acontecer, de vez em

quando, entrar o m��dium em gesticula����o sem

influ��ncia estranha ao concentrar-se e ouvir as

palavras da ora����o. �� bom acentuar que n��o

ocorre m��-f�� nestes casos espor��dicos; por n��o

estar consciente do fen��meno, cumpre n��o seja

o m��dium traumatizado moralmente recebendo

observa����es injustas."

* Nota da Editora: O autor usa a express��o "animismo",

propositadamente entre aspas, no sentido vulgar que a





palavra assume no linguajar comum.


Como se sabe, Aksakoff deu-lhe sentido espec��fico, que

o autor explica satisfatoriamente em "Evolu����o para o

Terceiro Mil��nio".

" Nota da Editora: No caso em tela o autor, com muita

felicidade, distingue as situa����es, prevenindo-nos com

rela����o a conceitua����es apressadas, ainda que possa caber

cuidadosa reeduca����o do m��dium, de car��ter amoroso.

Nada feriria mais o trabalhador de boa vontade que um





estigma dessa natureza.


66


Da precedente explana����o conclu��mos que os

reflexos condicionados s��o de magna import��ncia

para os animais superiores, nos quais se reconhece

geralmente uma certa faixa de consci��ncia.

Constituem a maneira pela qual eles enfrentam

situa����es novas e assimilam as experi��ncias

decorrentes delas. N��o est��o, portanto, condenados

a uma eternidade sem progresso. Kardec ("A

G��nese"), ao admitir que o esp��rito humano "se

individualiza e elabora passando pelos diversos

graus da animalidade", sugere que "haveria assim

filia����o espiritual do animal para o homem,

como h�� filia����o corporal"; a seguir, diz que tal

concep����o se funda na lei de unidade da natureza

e concorda com a justi��a e bondade de Deus,

acrescentando: "d�� uma sa��da, uma finalidade,

um destino aos animais, que deixam ent��o de

formar uma categoria de seres deserdados, para

terem, no futuro que lhes est�� reservado, uma

compensa����o a seus sofrimentos". Delanne ("A

E v o l u �� �� o An��mica" ) desenvolve amplamente

essa tese e, ap��s, Geley e Ubaldi. Conseq��en-

temente, como se disse acima, tais reflexos s��o

compar��veis a uma porta aberta �� evolu����o dos

animais superiores. Kardec ainda sugere que "��

prov��vel que os primeiros homens aparecidos na

Terra pouco diferissem do macaco pela forma

exterior e n��o muito tamb��m pela intelig��ncia";

hoje, a paleontologia descobriu e reconstituiu

6 7

v��rios homens f��sseis, alguns bastante simiescos.

Cumpre atentar para o fato de que, no homem,

o condicionamento existe mas foi superado,

conforme explicado p��ginas atr��s, pelo uso das

faculdades conscientes na qualidade de fator

evolutivo. Tanto no animal quanto no H o m o

sapiens, as experi��ncias s��o consideradas como

aptid��es inconscientes para reagir frente a deter-

minados est��mulos. A diferen��a, contudo, �� enorme:

o ��ltimo elabora-as e as conforma pela utiliza����o

do racioc��nio, mem��ria e imagina����o, e ainda

agrega comportamentos derivados de no����es

��ticas e est��ticas.

Os reflexos condicionados, tratados anterior-

mente, t��m inger��ncia nesta quest��o. Suponhamos

que, ao abrir o port��o pela manh��, escorracemos

o cachorro com gritos, pontap��s e varadas. Em

poucas repeti����es, ele recuar�� temeroso ao ver

abrir o port��o, levantar o p��, ouvir gritos ou

notar uma vara suspensa. Todos esses atos ter-

se-��o transformado em est��mulos efetivos na

determina����o do medo e da fuga, porque estiveram

associados a uma situa����o dolorosa anterior; ter��

fixado a experi��ncia pelo condicionamento e a

usar�� posteriormente, j�� agora bastando uma

parte da mesma para desencadear a rea����o

defensiva. Se sofrer�� medo sem necessidade em

v��rias ocasi��es, por outro lado furtar-se-�� �� dor

quando houver perigo real; assim, os reflexos

6 8

condicionados demonstram possuir grande v a l o r

v i t a l para os animais. Um animal selvagem,

sabe-se, acossado por c��es ou ferido por ca��adores

aprende a escapar antes que nova situa����o

id��ntica chegue a amea����-lo seriamente; para

apanh��-lo ser�� preciso inventar outro ardil, sendo

mesmo conhecidos animais que escapam sistema-

ticamente. A import��ncia dos reflexos condicio-

nados em o n��vel animal �� ampliada pela tend��ncia

que eles possuem para a s i s t e m a t i z a �� �� o ; isto

quer dizer que eles podem formar grupos de

rea����es que entram em fun����o mediante apenas

um dos est��mulos que intervieram na forma����o

do conjunto funcional. Muitos sustos do homem,

por motivos insignificantes, prendem-se ao citado

mecanismo ps��quico. A crian��a que teve

experi��ncias punitivas com um adulto faz gestos

de defesa quando este levanta o bra��o ofensor

apenas para saudar ou co��ar. Tudo isto leva

longo tempo para o condicionamento.

Segue-se que o medo, e as conseq��entes

rea����es de fuga e defesa, desempenhou papel

importante no curso da evolu����o das esp��cies,

porquanto, em o n��vel animal e humano inferior,

a l u t a �� fator evolutivo, levando ao desenvol-

vimento da intelig��ncia concreta, mediante a

qual o ser vivo ganha novas possibilidades de

intensificar o pr��prio progresso em um n��vel

mais elevado. Luta contra o ambiente hostil, no

6 9

qual operam for��as e elementos da natureza, e

contra os seres vivos; essa luta expressa-se desde

logo na c a d e i a a l i m e n t a r , pois uns alimentam-

se de outros, desde o mais insignificante at�� o

mais evolvido. Para a crian��a tamb��m ele �� ��til,

bem como ao adulto em face de variadas situa����es.

Por��m, em rela����o ao ��ltimo, surgem compli-

ca����es adicionais, ao que parece n��o de todo

justific��veis ��� porque j�� aqui n��o se trata de

evolu����o, mas de res��duos dela, mal elaborados.

Entra em cena a i m a g i n a �� �� o , mediante a qual

imagens, datas, lembran��as diversas, pensamentos,

e t c , combinam-se e d��o origem a novas

edifica����es mentais independentes de est��mulos

procedentes do ambiente circunjacente. Sucede,

contudo, que geralmente a imagina����o guarda

estreita rela����o com as tend��ncias, boas ou m��s,

que dirigem a a����o pessoal; da�� comumente levar

o indiv��duo, n��o a constru����es agrad��veis, mas

a temores, suspeitas, d��vidas, press��gios ��� ao

m e d o , enfim. E pior: medo imagin��rio, contra

o qual n��o consegue a raz��o sossegar o esp��rito

provando sua falta de fundamento; a fantasia

cresce alimentando-se �� pr��pria custa e com ela

o sofrimento ��ntimo. Sobretudo temem os homens

o que ignoram, muitas vezes nada existindo fora

da imagina����o; para escapar destas autocria����es

fora preciso fugir de si mesmo.

7 0

Em conclus��o, as causas do medo s��o intr��n-

secas, pertencem �� estrutura pessoal mesma,

visto provirem da reuni��o de v��rios processos

surgidos no decorrer do prolongado curso da

evolu����o biol��gica e ps��quica.

Quanto aos motivos, o homem pode temer

tudo, incluindo suas fantasias mentais: morrer de

sede ou fome, de ficar no escuro, de ver

esp��ritos, de n��o ter sustento para os filhos, de

ser feio, de n��o saber algo, de fracassar, de n��o

poder se decidir, de passar sob uma escada, de

tomar inje����o, de ir ao m��dico, de pagar a conta,

de gostar de algu��m, da morte, do nada, da

loucura, da solid��o, da pr��pria vida, enfim, e de

mil circunst��ncias desta. �� evidente que tudo

isto est�� relacionado com desagrad��veis experi��n-

cias passadas, da presente ou mais comumente

de outras vidas, ainda n��o reformadas por novas

experi��ncias salutares ou modificadas racional-

mente pela assimila����o de conhecimentos esclare-

cedores (educa����o); tais estados dependem,

portanto, do caminho evolutivo percorrido e do

aproveitamento deste pelo esfor��o despendido

no auto-aperfei��oamento.

Dessa multid��o de formas conscientes da

emo����o medrosa, distingue Mira y Lopes (ibidem,

obra citada) as seguintes modalidades b��sicas.

Medo instintivo, equivalente �� forma primitiva

de manifestar-se a inibi����o sob a a����o direta de

um fator mesol��gico nocivo; surge r��pida e

71

automaticamente, sendo id��ntico em todos os

seres: quando percebido, j�� emergiu a rea����o (o

cavalo treme e sua ao ver cobra ou pressentir

on��a; o raio desperta movimentos de temor em

muitos homens, e t c . ) . M e d o r a c i o n a l ,

condicionado pela experi��ncia e baseado na

raz��o, ocorre quando se fala dele; �� a rea����o ante

o p e r i g o , enquanto o primeiro o �� perante o

d a n o , donde a tend��ncia �� fuga pr��via, profil��tica

("prud��ncia"); por ser pensado antes de ser

sentido, d�� tempo de organizar a rea����o

("precau����o"). M e d o i m a g i n �� r i o , j�� referido,

em que o objeto se encontra ligado ao est��mulo

fob��geno por meio de uma cadeia de associa����es

longa e distorcida, raz��o do absurdo e insensatez

de que se reveste; aqui temos as s u p e r s t i �� �� e s ,

de gente tanto culta quanto inculta, e as fobias.

O medo �� contagioso entre pessoas do mesmo

n��vel ps��quico (multid��es em fuga a um grito de

alarme, mesmo falso).

A intensidade da invas��o pelo medo percorre

fases sucessivas (muitas vezes simult��neas, segundo

a rapidez): 1�� - estado de prud��ncia (o sujeito

torna-se modesto, autolimita-se); 2�� - estado de

concentra����o (torna-se cauteloso, preocupado,

ansioso); 3�� - estado de alarme (torna-se alarmado,

desconfiado, inseguro); at�� aqui, o indiv��duo

mant��m-se controlado em seus movimentos; 4��

- estado de ang��stia (o sujeito est�� angustiado,

72



aflito; surgem sinais de c��lera); 5�� - estado de

p��nico (a conduta torna-se autom��tica, descon-

trolada; domina o ser inconsciente); 6�� - estado

de terror (sobrev��m in��rcia; o indiv��duo est��

"petrificado de terror" ou "morto de medo").*

A luta contra o medo �� demasiado importante.

Em nosso atual n��vel evolutivo geral, ele �� um

elemento perturbador ou mesmo destrutivo porque

pertence a um n��vel inferior, que devia estar

superado. Surgindo no plano do consciente

como fonte de inseguran��a, insufici��ncia, frustra����o

e impot��ncia, torna o homem civilizado mesquinho,

inativo, descontrolado, incapaz, inst��vel, inquieto,

neur��tico, com vontade de anular-se, desaparecer

ou reduzir-se ao nada. A luta contra ele est�� na

a����o confiante e inteligente; dito de outro

modo, mais claro: em procurar o cumprimento

de seus deveres, ainda com "medo" deles, em

esclarecer-se pelo estudo e, se puder, em

Nota da Editora: A prop��sito do medo, ali��s, do

p��nico, Laycock, citado por V. de Lima e a seguir por

Delanne, narra o seguinte epis��dio curioso: palhas servidas

em jaulas de le��es foram levadas at�� uma estrebaria e com

elas forrado o abrigo dos cavalos; ao sentirem eles o cheiro

dos le��es nas palhas impregnado, tomaram-se de p��nico.

Certo que gera����es de cavalos selvagens teriam sido

v��timas do fel��dio, que n��o aqueles domesticados. Infere-

se da�� que a mem��ria dita "org��nica" �� bem mais

psicobiof��sica, despertando o instinto de conserva����o.

7 3

espiritualizar-se, procurando o apoio do Alto; o

aux��lio de outra pessoa �� ��til quando esta ��

capaz de emitir conceitos estimulantes (psico-

terapia) e incapaz de transmitir inseguran��a e

pessimismo. Confira Andr�� Luiz em "Nosso Lar".

C��lera ou ira ��� Tem a mesma raiz biol��gica

que o medo. Come��a com a irritabilidade

celular, propriedade que leva qualquer c��lula a

reagir aos est��mulos mesol��gicos. No caso do

medo, a c��lula primeva refreiou (inibi����o); aqui,

ela acelerou suas atividades, isto ��, sofreu

excita����o. Nos animais superiores, mais pr��ximos

de n��s outros, existe uma forma de excitabilidade

intimamente motivada, ou seja, formada de

impulsos e necessidades que aparecem periodi-

camente no organismo sem depend��ncia de

causas exteriores. Nesta caso, �� a aus��ncia de

certos est��mulos (de alimentos, por exemplo)

que irrita o animal e o conduz a atacar o

ambiente onde vive. Mais um passo na senda

evolutiva e temo-lo a procurar o dom��nio e a

organiza����o do meio no seu interesse. Deste

processo deriva a agressividade, a conduta de

ataque ou invasora, conquistadora. No homem,

ela apresenta not��vel aperfei��oamento, sob o

impacto da cultura, em forma de desejo de

poder; por isso, al��m da agressividade, comum

aos animais, h�� outro elemento, ausente nestes,

que �� a a m b i �� �� o (querer sempre mais).

74

Todavia, a insaciabilidade do esp��rito humano,

fazendo-o ambicionar demais, leva-o a padecer

mais temores e a ser mais irado que todos os

outros animais reunidos; essa insatisfa����o �� um

fator evolutivo, pois, n��o permitindo ao homem

gozar suas conquistas, acaba conduzindo-o ��

procura de novos valores (espirituais). Assim, a

c��lera manifesta-se sob o disfarce da ��nsia de

dom��nio (prepot��ncia) como evolu����o da

agressividade pura e simples.

O medo antecede a ira: possu��dos dele, facil-

mente emerge esta. Quando um obst��culo se nos

antep��e, quando algo limita ou menospreza o eu,

ent��o surge a c��lera, desde o simples enfado at��

a raiva descontrolada. Unida ao amor vira ci��me;

ao dever, intoler��ncia; �� religiosidade, fanatismo.

Entre as numerosas formas de ira, ostensivas

ou inaparentes, merece destaque o �� d i o por ser

raiva concentrada, cr��nica, capaz de levar o

indiv��duo a um estado de tens��o e conflito. ��

caracter��stica do ��dio criar uma cadeia, invis��vel

mas firme, que une dois como sombra e corpo.

Surge ele quando algu��m leva outro �� frustra����o

em qualquer setor e a v��tima, n��o podendo

descarregar a c��lera, interioriza-a. �� pr��prio dele

ser tanto maior quanto m a i s s e m e l h a n t e s s��o

o odiado e o odiendo; de fato, no fundo, aquele

que odeia reconhece certo valor no seu objeto

de ��dio, mesmo imanifestamente. Por isso, dois

7 5

rivais s��o mais ou menos equivalentes em inten����es

e possibilidades; e, assim, h�� mais ��dio entre

esp��ritos do mesmo n��vel, da mesma fam��lia,

profiss��o, etc.. (vejam os ��dios entre religiosos

de credos diferentes, ainda que os princ��pios

b��sicos sejam os mesmos; �� o que se d�� com

chineses e russos). Tais rela����es explicam porque

do ��dio nasce o amor e este pode se transformar

naquele. Em suma, o mundo atual est�� cheio de

��dio porque, no curso de numerosas exist��ncias,

os homens v��m bigodeando o direito e frustrando

as esperan��as uns dos outros; de semelhante

c��rculo f��rreo de causa e efeito s�� escapar��o

quando aprenderem a respeitar-se mutuamente:

at�� l��, v��o-se punindo reciprocamente atrav��s

dos renascimentos sucessivos, que colocam sempre

desafetos em contacto bastante estreito. Al��m

disso, o ��dio (rancor, se inteiramente interiorizado

e impotente) �� um v e n e n o c o r r o s i v o para alma

e corpo: ang��stias, tremores, pesadelos, ��lceras,

hipertens��o, depress��o, e t c . s��o algumas

conseq����ncias menores.

Semelhante ao ��dio, por��m mais difuso e

menos intenso (e, como ele, mais um estado

passional do que emotivo; veja adiante), �� o

r e s s e n t i m e n t o . Trata-se do estado afetivo do

homem posto, ou que se julga posto, em situa����o

de inferioridade (minusvalia) em virtude da

oposi����o entre a vontade de poder e a hostilidade

7 6

do ambiente, do q u e promana o sentimento dos

fracos em rela����o aos fortes, dos pobres perante

os ricos, dos doentes em face dos sadios, e t c .

Ao ressentimento deve-se o surto explosivo de

id��ias que representam i n v e r s �� o d e v a l o r e s ,

t��o sofregamente absorvidas pelos fracos,

oprimidos, pobres, incultos, desvalidos sociais,

e outros, com manifesta����es ruidosas ou violentas

contra tudo o que representa dinheiro, poder,

cultura, progresso, e t c . O vigor destes movimentos

prov��m da transforma����o catat��mica por que

passam os valores (veja adiante), donde a inclina����o

para elevar o miser��vel, o fraco e o inculto a

posi����es que lhes n��o correspondem.

A f e t o . Um protozo��rio, como a ameba,

apresenta inibi����o e excita����o, long��nquas ra��zes

biol��gicas do medo e da ira. Chega o momento,

por��m, em que, alcan��adas as dimens��es plenas

da c��lula, um novo fen��meno imp��e-se: a

r e p r o d u �� �� o . Isto ��, atingida a plenitude do

desenvolvimento, a c��lula biparte-se e gera duas

c��lulas-filhas, as quais crescer��o, viver��o

independentemente e, um dia, multiplicar-se-��o

por sua vez. Assim, para uma que desaparece ���

surgem duas jovens; morre o indiv��duo, mas

permanece a esp��cie. Este processo, t��o simples

de in��cio, complica-se tremendamente no curso

da evolu����o (reprodu����o sexuada) e chega ao

homem, que tem a mesma necessidade de procriar.

7 7

O que se chama habitualmente de a m o r �� a

forma s u b l i m a d a do impulso sexual. Este,

modalidade mais evolvida do impulso reprodutivo

animal, corresponde a uma necessidade fisiol��gica

(apetite gen��sico) que, no plano mental, aparece

como emo����o (afeto). A sublima����o consiste em

transportar o impulso sexual da ��rea fisiol��gica,

onde seria plenamente satisfeito, para a ��rea

mental, onde a energia dele derivada �� consumida

em atividades do pensamento ligadas ao objeto;

este, homem ou mulher, sofre o processo de

simboliza����o por meio da fantasia oriunda da

imagina����o exaltada. Da�� procede a infinidade de

imagens liter��rias e po��ticas, que podem chegar

a obras completas. Quantos homens sizudos

fizeram versos de amor na primeira juventude

para alguma mocinha que n��o podiam tomar?

Depois acharam gra��a "de suas juvenis tolices".

N��o se d�� isso com indiv��duos positivos, que

procuram efetivar o ato pr��prio sem medir

conseq����ncias; os mais sens��veis �� que ficam

"sofrendo por amor" ("sonhando acordado").

Amor, no sentido evang��lico, �� sin��nimo de

a l t r u �� s m o , isto ��, afei����o ao pr��ximo; da�� a

prefer��ncia que daremos a tal palavra. O "amor"

vulgar, busca de uni��o, mental ou corporal,

comandada pelo impulso sexual para satisfa����o

do apetite gen��sico ��� �� completamente diverso

daquele, pois denota um manifesto c a r �� t e r

7 8

e g o c �� n t r i c o , de posse, conquista, e t c . Afinal,

que outra e s p �� c i e de amor poder��amos

legitimamente esperar de esp��ritos atrasados como

os que habitam a Terra, quais n��s mesmos? O

Amor de Jesus implica desprendimento, concess��o

para todos e n��o liga����o de dois sexos. Que

dir��s, leitor amigo, do ci��me e do exibicionismo?

Seria injusti��a proclamar que a premente

necessidade fisiol��gica de alcan��ar o orgasmo

fosse o ��nico m��vel da uni��o entre homem e

mulher. Em numeros��ssimos desses contratos, tal

�� o motivo humano, mas n��o �� a raz��o espiritual:

a Lei aproxima-os por terem d��bitos em comum

e a sexualidade os junta; satisfeita esta, come��am

os problemas do esp��rito, que v��o muito al��m

da mera descarga tensional. H��, por��m, os seres

que se unem por afeto, em maior ou menor grau.

Isto, contudo, est�� correlacionado com a no����o

de dever; de uma coisa e de outra, congregadas,

decorre a a t i v i d a d e c r i a d o r a do esp��rito. De

outro modo, o que esperar, no campo afetivo,

de quem nada tem no campo moral? Estando

bem dotado nestes campos, o homem sozinho

poder�� realizar grandes obras. Em suma, com

satisfa����o sexual ou sem ela uns far��o suas obras

e outros nada produzir��o: o que decide �� a

condi����o espiritual.

D e v e r . N��o possui ra��zes biol��gicas. Ao que

tudo indica, �� de origem recente, tendo aparecido

79

depois que a esp��cie humana se organizou em

comunidades; com ele, nascem lei, direito e

autoridade. Nada disso podia ter existido entre

os homens primitivos. Muitos mil��nios, s e m

d��vida, correram sobre a vida deste animal

tagarela enquanto a no����o de dever e direito era

imposta, a princ��pio pela for��a, e depois acatada

espontaneamente. �� f��cil ver que esta evolu����o

da for��a, viol��ncia, prepot��ncia, c��lera, etc..,

para dever, responsabilidade, moralidade, direito,

e t c . . , acha-se em p l e n o a n d a m e n t o , tanto que

estes ��ltimos n��o se constitu��ram em artigos

vulgares. Mas tornar-se-��o qualidades banais: o

que �� ensinado repetidamente e praticado, mesmo

sem convic����o inicialmente, acaba virando h �� b i t o

��� sobretudo quando �� um h��bito de vital interesse

para suavizar as rela����es humanas. O progresso

pede tempo...

Ligados aos estados emocionais s��o os estados

passionais; por exemplo, a c��lera e o medo

podem ser uma coisa e outra. S��o as seguintes

as principais caracter��sticas dos estados de paix��o:

1) crescente p a s s i v i d a d e da esfera volunt��ria do

consciente; as pessoas sentem-se impotentes

para sair deles ("n��o sou dono de mim", "n��o

posso me controlar"); 2) estado tensional de

s o f r i m e n t o e ang��stia enquanto n��o realiza os

atos (positivos ou negativos) aos quais tal estado

impele periodicamente.

8 0



Propendem para as paix��es particularmente

as pessoas nas quais a s e n s i b i l i d a d e predomina

sobre a a����o; s��o antes os t��midos, contemplativos

e introvertidos que se apaixonam e n��o os

homens ativos. A paix��o �� uma sorte de hipertrofia

da necessidade e do sentimento, que imobiliza

o potencial ps��quico e det��m a vida mental.

Abrange a totalidade do homem. *

N��o se pode aplicar a ela um crit��rio ��tico

de diferencia����o, n��o havendo boa nem m��

paix��o: qualquer uma �� delet��ria para o esp��rito.

Da mesma maneira, n��o conv��m distingui-las em

normais e m��rbidas (ou patol��gicas). Por exemplo,

uma paix��o amorosa, conforme o indiv��duo, dar��

origem a uma obra de arte, a um sacrif��cio

generoso, a um crime por ci��mes, �� degrada����o

por abusos sexuais, ao roubo, e t c . Seria normal

o estado passional que n��o leva nem ao m��dico

nem ao tribunal; patol��gica, em caso contr��rio.

Em suma, s��o os estados que produzem as mais

intensas viv��ncias e que mais fortemente

impressionam a consci��ncia individual. O fato de

obras importantes terem sido realizadas sob o

imp��rio de paix��es n��o serve de est��mulo para

que as cultivemos.

* Nota da Editora: Ver as quest��es 901 e seguintes de

"O Livro dos Esp��ritos" em que os presentes conceitos se





encaixam.


81


Acabamos de explanar, em resumo, o que se

denomina usualmente de consci��ncia e que se

pode considerar como a parte do esp��rito capaz

de conhecer a si mesmo; �� apenas uma descri����o,

feita pela pr��pria intelig��ncia, do que se passa

na mente durante o funcionamento do c��rebro.

Nestas condi����es, �� claro que n��o tem base

experimental; tal descri����o s�� se pode obter pela

a u t o - o b s e r v a �� �� o (ou introspec����o), m��todo

segundo o qual a consci��ncia do psic��logo se

volta para dentro de si pr��pria e relata, met��dica

e ordenadamente, tudo quanto a�� percebe. A

concord��ncia geral permite concluir que o esquema

acima oferecido, ��til como simplificado do que

temos no consciente, pode ser aceito como

in��cio do conhecimento deste.

8 2



NO����O DO INCONSCIENTE

da m��xima importancia destacar que a

usual atividade mental, da qual temos

plena no����o, est�� longe de expressar

tudo quanto existe no esp��rito. O contr��rio �� a

verdade. Sabe-se que h�� um a m p l o n �� v e l composto

de conte��dos e processos inconscientes,

independentes da consci��ncia pessoal, e cuja

influ��ncia sobre esta �� poderosa. Assim, o esp��rito

humano possui mais de um n��cleo de

funcionamento (veja Andr�� Luiz, " N o M u n d o

M a i o r " ) .

Na por����o final do s��culo passado falou-se

bastante e claramente sobre i n c o n s c i e n t e ou

s u b c o n s c i e n t e , palavras sin��nimas (") . A

Psican��lise �� a psicologia que se ocupa dos

materiais inconscientes. Conv��m, por raz��es

consistentes, demonstrar que o Espiritismo, a n t e s

d e l a , reconhecera a import��ncia do conhecimento

dos fatos relativos �� parte inconsciente da mente,

pondo-se tamb��m nessa quest��o, de acordo com

a Ci��ncia ��� antecipando-a at��.

83



Em 1883, Gabriel Dellane ( O E s p i r i t i s m o

p e r a n t e a C i �� n c i a ) , tratando da sugest��o de

realiza����o p��s-hipn��tica, postula a extrema

necessidade de investigar-se acuradamente a zona

mental dita inconsciente. Por essa ��poca, a

exist��ncia de conte��dos e processos ps��quicos

alheios �� consci��ncia estava bem averiguada.

Psiquiatras e psic��logos franceses e ingleses

pesquisavam ativamente, em doentes e s��os,

fen��menos ligados ao hipnotismo. Pierre Janet,

por exemplo, pensava que as i d �� i a s f i x a s , no

geral ignoradas pelos doentes, eram a causa das

perturba����es mentais: "essa id��ia fica f o r a da

consci��ncia normal e, entretanto, n��o exerce

menos, por isso, uma influ��ncia preponderante,

visto que �� a origem da enfermidade do indiv��duo."

A id��ia fixa pode-se revelar durante os "ataques,

* Nota da Editora: Aqui o autor, como muitos outros,

dentro do escopo do pr��prio trabalho, considera inconsciente

e subconsciente como termos sin��nimos, o que �� perfeitamente

v��lido. Para alguns estudiosos, o inconsciente �� a parte

do psiquismo onde se situam tend��ncias e recalques,

lembran��as e desejos reprimidos, disfar��ados, que podem

merecer tratamento. 0 subconsciente seria tudo aquilo de

que t��o-somente n��o se tem consci��ncia no momento dado,

mas que pode voltar �� consci��ncia mais facilmente. Ou,

em outra acep����o, o inconsciente seria a mem��ria das

vidas pret��ritas e o subconsciente a mem��ria rec��ndita de

conhecimentos da vida presente.





84


sonhos, sonambulismos ou pelos atos subcons-

cientes e as escritas autom��ticas". A�� est�� o

embri��o da Psican��lise. Em 1895, Delanne ( " A

E v o l u �� �� o A n �� m i c a " ) refere-se muito mais a o

inconsciente. Em uma primeira passagem, declara

que a "vida intelectual inconsciente" constitui "a

base do nosso esp��rito". Depois admite que haja

registo inconsciente de percep����es n��o assinaladas

pelo consciente, das quais "poss��vel ser�� encontrar

o vest��gio mediante uns tantos processos." Julga

que durante a aprendizagem de um idioma, as

palavras, decoradas de in��cio, passam ao

inconsciente, como quaisquer outras no����es, e

o seu uso torna-se "opera����o autom��tica". Um

dos subcap��tulos do citado livro intitula-se O

I n c o n s c i e n t e P s �� q u i c o e nele Delanne explica

que tudo o que fazemos e aprendemos fica

gravado na ��rea inconsciente d e i x a n d o l u g a r

para novas no����es e criando vasto acervo de

elementos mentais. Comenta: "�� a esse tesouro

que denominamos ��� o inconsciente. Tem, portanto,

o esp��rito o seu armaz��m de id��ias e sensa����es."

Indica a exist��ncia do pr��-consciente ao referir

o material que pode voltar ao consciente por um

certo esfor��o. Tratando da mem��ria, esclarece:

"n��s pudemos constatar a o b r i g a �� �� o i n d e c l i n �� v e l

de admitir o inconsciente, isto ��, as lembran��as

n��o mais percebidas pelo eu normal e que, no

entanto, subsistem".

8 5

Percebe-se nitidamente a antecipa����o da

Psican��lise. O conceito de carga energ��tica

(catexia) desponta em rudimento quando ele

exp��e que uma id��ia pode irradiar em v��rios

sentidos e despertar outra id��ia "que se lhe adere

por um tra��o qualquer". Materiais assimilados

numa dada ��poca v��o encontrar outros mais

antigos j�� fixados e far��o renascer "alguns estados

de consci��ncia anteriormente percebidos" e

"poder��o reviver certas impress��es". �� a reativa����o

de imagens e desejos por outros mais recentes,

que v��o somar sua energia �� daqueles. Mediante

tal processo, quanto mais velha for a alma, tanto

maior ser�� "a sua bagagem inconsciente" e

menor o esfor��o necess��rio "para ressuscitar

seus antigos conhecimentos", raz��o das aptid��es

precoces. Tamb��m o conceito de inconsciente

din��mico aparece em embri��o: "N��o ser��, pois,

de admirar que encontremos ind��cios desse trabalho

cerebral que n��o logrou atingir primordialmente

a consci��ncia". Agrega que " t o d o s o s a t o s da

nossa vida mental deixaram em n��s estereotipada

uma impress��o indel��vel", at�� mesmo "os mais

fugazes movimentos do pensamento."

Segundo Delanne, enriquece-se o esp��rito pela

transmiss��o constante de elementos ps��quicos do

consciente para o inconsciente, onde ficam

registados automaticamente no perisp��rito. O homem

primitivo tem o inconsciente formado sobretudo

8 6

de instintos, pela proximidade com o n��vel animal.

Com o passar do tempo, os instintos v �� o sendo

modificados ou aperfei��oados pela inteligencia.

"Hoje, o que importa �� desembara��armo-nos das

paix��es e instintos residuais da n o s s a p a s s a g e m

pelos reinos inferiores". O estudo do esp��rito tem

de ser levado a cabo s o b d o i s a s p e c t o s : 1) o da

parte inconsciente, o "almoxarifado espiritual"; 2)

o da parte pensante e sens��vel.

Por volta de 1895, Freud ocupava-se com a

cria����o da psicologia do inconsciente utilizando

o n o v o m �� t o d o de investiga����o que denominou

Psican��lise. Partia o s��bio justamente das p r �� t i c a s

h i p n �� t i c a s que aprendera com os mencionados

mestres franceses e que empregara durante anos

no tratamento de neur��ticos (sugest��o mental).

Vinha, posto isto, preencher g r a v e l a c u n a j��

denunciada por Gabriel Delanne. E que trazia tal

miss��o �� pouco de duvidar-se considerando o

vigor e o brilho das suas p r i m e i r a s d e s c o b e r t a s ,

formalmente propostas a partir de 1900 (no

famoso livro A I n t e r p r e t a �� �� o d o s S o n h o s ) . Se

j�� existiam no����es sobre as fun����es e materiais

inconscientes, eram, contudo, vagas e dispersas;

a ele coube a imensa tarefa de investig��-los

sistematicamente e relacion��-los com o funciona-

mento normal e patol��gico da mente humana.

Naturalmente, o entusiasmo e o apego demasiado

��s pr��prias concep����es das ci��ncias f��sicas fizeram-

87

no trilhar caminhos distantes da realidade buscada

e ir longe demais, o que �� peculiar aos pioneiros

por n��o disporem de termo de compara����o

estabelecido. Uma dificuldade para identificar o

valor e a import��ncia das contribui����es b��sicas

de Freud reside no fato de estarem elas misturadas

a doutrinas e hip��teses discut��veis e m e s m o

a b s u r d a s ; entre as mais importantes est��o: o

inconsciente din��mico, a causalidade dos processos

ps��quicos, a motiva����o inconsciente (determina����o

inconsciente de a����es e sentimentos), a natureza

emotiva das for��as que impelem o homem

(impulsos), a influ��ncia das experi��ncias infantis

sobre a vida adulta e alguns mecanismos de

defesa contra impulsos inaceit��veis. Percebem-

se, consequentemente, as rela����es de origem

entre Hipnotismo, Espiritismo e Psican��lise.

Precisamente nesta ocasi��o, Delanne publica

grosso volume intitulado " I n v e s t i g a �� �� e s s o b r e

a M e d i u n i d a d e " , no qual trata fundamente de

problemas psicol��gicos. Nessa obra, a no����o de

inconsciente ocupa lugar destacado ��� e Freud

apenas come��ava a publicar suas extensas

contribui����es. Logo de in��cio, Delanne reconhece

que a "soma dos estados de consci��ncia" �� muito

inferior ao que existe no c��rebro e que "a

personalidade consciente n��o pode ser uma

representa����o de tudo o que se passa nos

centros nervosos". Os "fen��menos ps��quicos que

8 8

se tornam inconscientes" s��o os seguintes: 1) os

que se desenrolam durante os sonhos ou durante

o desprendimento da alma, esquecidos ao

despertar; 2) estados de consci��ncia da vida

cotidiana, dos quais poucos se conservam; 3)

fra����es inteiras da vida ps��quica diaria, que

desaparecem da consci��ncia; 4) todas as

recorda����es de vidas anteriores, que constituem

o p r �� p r i o f u n d a m e n t o da individualidade.

Delanne insiste em que as atividades do

espirito durante o sono s��o muito importantes

e exigem considera����o da Psicologia. A recorda����o

da atividade noturna �� inexistente como tal, mas

surge na consci��ncia sob a forma de clar��es

iluminativos, que permitem um trabalho esclare-

cido. Em suma, a "subconsciencia �� a base da

nossa individualidade indestrut��vel", afirmativa

que Andr�� Luiz ( " O b r e i r o s d a V i d a E t e r n a " )

meio s��culo depois refor��a dizendo que a subcons-

ciencia ��, de fato, o por��o de nossas lembran��as,

emo����es e impulsos que n��o se projetaram no

consciente atual e que representa a estratifica����o

de todas as experi��ncias transcorridas em v��rias

exist��ncias.

Transcreve v��rios exemplos de atividade

produtiva, durante o sono e ao despertar, como

produ����es derivadas do uso de materiais conser-

vados em estado inconsciente. Arago, o famoso

matem��tico e astr��nomo, costumava esperar que

8 9

o inconsciente agisse subterraneamente e desse-

lhe respostas aos problemas cient��ficos que o

preocupavam (veja o exemplo recente do bot��nico

Willis, mais abaixo). A�� est�� o inconsciente

din��mico de Freud em a����o.

O famoso recalque freudiano desponta ao longe.

Diz Delanne que, na vig��ncia do automatismo

(estado em que a consci��ncia se acha mais ou

menos distra��da ou adormentada), pensamentos

"que n��s r e c h a �� a m o s habitualmente pela vontade"

podem ser expressos por estar a vontade

desfalecente. Por isso, emergem grosserias e

licenciosidades que deixam o indiv��duo estupe-

fato e que o levam a recusar energicamente sua

participa����o no caso. Adiante assevera que nada

do que entrou no esp��rito poder�� dele ser apagado;

esquecimento n��o �� sin��nimo de desapari����o da

imagem mental; as recorda����es das quais n��o

temos consci��ncia "s��o inumer��veis e sua

import��ncia na vida mental �� de o r d e m p r i m o r -

d i a l . " Outra coisa n��o afirmaria Freud mais tarde

a respeito da repress��o, discutida adiante.

O que desejamos acentuar, com a precedente

condensa����o da obra de Delanne no que concerne

ao inconsciente, �� que nenhum progresso vem

subitamente e sem conex��o com o estado anterior.

A Psican��lise surgiu como um polvo gigantesco

metendo seus longos tent��culos em quase todos

os campos da atividade do ser humano. Mas, eis

9 0

o f a t o s i g n i f i c a t i v o : ela era esperada, prevista

e solicitada pelo adiantamento da ��poca. E,

concordemente, desenvolveu-se a partir do

hipnotismo e do que j�� se sabia acerca do

inconsciente. Provam esta assertiva as seguintes

palavras da psicanalista Clara Thompson (1969):

"A Hipnose foi a precursora da Psican��lise. Freud

era disc��pulo de Charcot e Breuer ��� ambos

talentosos hipnotistas. As primeiras descobertas

da Psican��lise foram feitas em liga����o com a

hipnose". Ora, o fato �� que eram a m p l a s a s

r e l a �� �� e s entre hipnotismo, inconsciente e

Espiritismo ��� raz��o pela qual a Psican��lise, sendo

um magno progresso a despeito dos exageros

iniciais a rejeitar, n��o pode ser desprezada nos

estudos esp��ritas; veja as opini��es de Andr�� Luiz

e m " O b r e i r o s d a V i d a E t e r n a " , " N o M u n d o

M a i o r " e " E n t r e a T e r r a e o C �� u " , sobre Freud

e sua obra, bem como as corre����es que prop��e.

Posteriormente, Geley e Ubaldi prosseguem

no mesmo rumo, ampliando a no����o de

inconsciente din��mico do ponto vista espiritualista.

Geley (1947) discorre sobre a import��ncia dos

elementos inconscientes, que s��o a parte prevalente

da mente. O inconsciente inclui elementos inatos

e elementos adquiridos, estes tendo sido antes

conscientes; tamb��m as faculdades paranormais

fazem parte dele. Diz que "nenhuma recorda����o,

nenhuma experi��ncia psicol��gica ou vital perde-

91

se". "Mas, uma grande parte do inconsciente

permanece normalmente em lat��ncia." Todas as

aquisi����es conscientes s��o assimiladas pelo

inconsciente e convertidas em faculdades: "o

progresso psicol��gico n��o pode ser outra coisa

que a convers��o de conhecimentos em faculdades."

Em cada vida, as aquisi����es da consci��ncia s��o

transferidas para a subconsci��ncia, de sorte que

esta se enriquece vida ap��s vida com experi��ncias

conscientes. A inspira����o prov��m dela (veja

Willis), "quando menos se espera, especialmente

fora das horas de trabalho reflexivo, quando a

intelig��ncia est�� distra��da." Trata Geley particu-

larmente da evolu����o ps��quica.

P R O V A S D A E X I S T �� N C I A

D O I N C O N S C I E N T E

Conforme o supra exposto, Freud, mediante

o m��todo por ele criado e denominado Psican��lise,

realizou a primeira explora����o met��dica do

inconsciente. Investigou profundamente a alma

de in��meras pessoas e desenterrou algumas

verdades novas cuja import��ncia �� fundamental.

Verificou, desde logo, que estados mentais n��o

conscientes t��m efeitos conscientes e que,

inversamente, estados mentais conscientes podem

ser inexplic��veis se n��o se recorre a causas

inconscientes. Deu, como os mencionados

9 2

antecessores, por falta de algo n��o imediata e

claramente manifesto, que parece jazer abaixo

do n��vel consciente. Desse labor resultou a

chamada psicologia do inconsciente, psicologia

anal��tica ou simplesmente Psican��lise.

At�� aqui, a exist��ncia de processos mentais

inconscientes parece bastante afastada da realidade

cotidiana. D��o mais a impress��o de m e r a s

infer��ncias do que de evid��ncias palp��veis.

Ser�� mesmo que processos t��o impercept��veis e

obscuros t��m tamanha influ��ncia a ponto de,

como se afirma, produzirem efeitos sobre a

nossa l��cida mentalidade consciente e o compor-

tamento? Ser�� que, quando penso ou fa��o algo,

h�� outra for��a (motiva����o oculta) dando ordens

de maneira silenciosa?

A sugest��o de realiza����o p��s-hipn��tica,

comumente mencionada como sugest��o p��s-

hipn��tica, constitui a demonstra����o mais evidente

da exist��ncia de processos mentais localizados

fora da consci��ncia. Trata-se da sugest��o por

ordem, dada a uma pessoa hipnotizada, que se

deve realizar em ��poca determinada. Esta opera����o

ps��quica foi muito investigada na segunda metade

do s��culo passado por eminentes psic��logos,

sendo, portanto, b e m anterior �� Psican��lise, o

que prova que todo progresso �� gradativo e liga-

se ao anterior por continuidade; sabe-se que

Freud partiu do uso m��dico do hipnotismo, que

93

aprendera na Fran��a, conforme esclarecido acima.

Quando se ordena ao hipnotizado fazer algo

a certa hora, ao acordar ele n��o guardar�� qualquer

lembran��a da ordem recebida, mas cumpri-la-��

com exatid��o. Mande-se, por exemplo, que o

sujeito, ��s 5 horas da tarde, v�� dormir ou

passear, ao sol, de guarda-chuva aberto. Mesmo

sendo atos absurdos e sem saber porque, ele o

far�� e procurar�� uma justificativa, se interpelado

por algu��m, por meio da racionaliza����o. Dir��,

por exemplo, que estava com sono ou que

julgou estar chovendo, etc.. Onde ficou arquivada

a ordem e de onde partiu o impulso para

obedec��-la se n��o h�� consci��ncia do fato? No

i n c o n s c i e n t e , o qual, assim, agiu sobre o cons-

ciente e, mais ainda, sobre o comportamento.

�� altamente esclarecedor o seguinte trecho

de Delanne ("O E s p i r i t i s m o p e r a n t e a C i �� n c i a " ) :

"Entre as experi��ncias de Richet, �� preciso citar

a seguinte, que �� a mais caracter��stica. A

paciente est�� adormecida. Diz ele: "vir�� em tal

dia, a tal hora". Acordada, ela t u d o e s q u e c e

e pergunta: "quando quer que eu volte?" "Quando

puder, em pr��ximo dia da semana". "A que

horas?" "Quando quiser".

"E regularmente, com uma pontualidade

surpreendente, ela chega no dia e hora indicados.

Certa vez A. chega �� hora exata, com um tempo

horr��vel. "N��o sei, realmente, porque vim", disse

94

ela; "tinha tanta gente em casa; corri at�� c�� e

n��o tenho tempo de ficar. �� um absurdo; n �� o

compreendo porque vim. Ser�� um fen��meno de

magnetismo?"

"De outra feita, esta senhora chega tamb��m

�� hora prescrita e confessa que n �� o s a b i a , antes

de se p��r a caminho, para onde ia. Evidentemente,

ela obedece, aqui, como a uma ordem imperativa.

De nada lembra-se; ignora, absolutamente, o que

lhe ordenaram durante o sono e, entretanto,

obedece. A lembran��a inconsciente, ignorada,

persiste em estado latente e determina o ato.

Ser�� preciso, como diz Li��geois, desconfiar da

inconsci��ncia; h�� a�� um dom��nio absolutamente

ignorado, que reclama um e s t u d o a p r o f u n d a d o

e muito curioso." �� l��cito, conseq��entemente,

considerar que Freud veio preencher a referida

lacuna, pondo a claro os conte��dos e processos

do n��vel inconsciente. N��o menos l��cito �� recordar

que, em 1883, o autor esp��rita citado j�� reclamava

a falta de tais conhecimentos, hoje �� nossa

disposi����o; a ��nica dificuldade �� separar o ouro

da ganga, o que faremos conforme os interesses

em mira.

Outra evid��ncia manifesta da exist��ncia de

processos inconscientes reside na p e r c e p �� �� o

e x t r a - s e n s o r i a l ou obten����o de conhecimentos

sem o emprego dos sentidos f��sicos. Que se trata

de um processo inconsciente �� ��bvio pelo

9 5

simples fato de que a pessoa nada sabe informar

a respeito de uma imagem, cena ou pensamento

recolhidos �� dist��ncia visto os sentidos e o

c��rtex cerebral n��o tomarem parte no fen��meno;

mais ainda: certo grau de obscurecimento da

consci��ncia favorece a nitidez da percep����o. Tal

�� o caso do lojista norte-americano (Sele����es,

mar��o de 1965) que sabia antecipadamente o

que os seus fregueses iam comprar, mesmo antes

de entrarem na loja, mas nada podia esclarecer

a respeito e tampouco se preocupou com isso

��� embora tenha percebido, ao longe, o filho em

perigo de afogamento e podido salv��-lo gra��as

a tais poderes mentais (clarivid��ncia: percep����o

de objetos e acontecimentos fora do alcance dos

sentidos; telepatia: recep����o do pensamento

alheio; precogni����o: previs��o de eventos futuros).

Ele apenas sabia que era capaz de perceber

coisas extra-sensorialmente e era tudo.

Muit��ssimas experi��ncias espont��neas de

percep����o extra-sensorial revestem a forma de

s o n h o l��cido, isto ��, consistem da recorda����o

n��tida do que o esp��rito livre viu realmente

durante o sono. Vejam o sonho relatado pelo

Marechal Victor Goddard, da Real For��a A��rea

da Nova Zel��ndia (Sele����es, outubro de 1951).

O desastre de avi��o, no qual tomou parte, foi

descrito por outro oficial, com base num sonho

que tivera, com detalhes espantosamente corretos;

9 6

este oficial "assistiu" ao que aconteceria dias

depois (sonho premonit��rio, precogni����o).

Se a experi��ncia acontece e m v i g �� l i a , ��

natural crer que seja pelo mesmo mecanismo: a

percep����o pelo esp��rito, de algum modo desligado

momentaneamente dos sentidos f��sicos. Isto,

por��m, corresponde ao que se chama de mente

inconsciente no encarnado, porquanto o material

apreendido permanece em grande parte fora da

consci��ncia. Louise Rhine ( 1 9 6 6 ) admite que,

nos casos de percep����o extra-sensorial, haja

v o l u m e a m p l o de informa����es no inconsciente

e que s�� pequena parte, fragment��ria, alcance

o conhecimento consciente, pois a passagem de

um n��vel para o outro encontra apreci��veis

barreiras (incluindo a repress��o). Muitas vezes,

apenas a e m o �� �� o associada aos fatos atinge a

consci��ncia, n��o raro sob a forma de i m p u l s o

irresist��vel para fazer algo que n��o se pretendia

(descer do trem, n��o viajar no dia marcado, ir

para a casa subitamente, e t c ) .

Delanne (A R e e n c a r n a �� �� o ) transcreve os

sucessos de uma sess��o de sonambulismo, durante

a qual o magnetizador prop��e �� m��dium Luisa,

e m t r a n s e , prestar aux��lio a outra jovem, Sofia,

que desejava adormecer. Luisa, inesperadamente,

recusa, mostrando-se agitada com o pedido. Por

fim, explica que odiava a outra em virtude de

s��rios danos que lhe causara em v i d a a n t e r i o r .

9 7

Ora, em e s t a d o d e v i g �� l i a , Luisa de nada s e

lembrava nem manifestava ��dio. Logo, reminis-

c��ncias e sentimento estavam sob f o r m a

i n c o n s c i e n t e (ou recalcados, como diria Freud).

Durante o transe sonamb��lico dilatava-se a ��rea

consciente e ela entrava de posse daqueles

materiais ps��quicos normalmente inacess��veis.

Prova-se, assim, por uma e x p e r i �� n c i a e s p �� r i t a ,

que consciente e inconsciente s��o estados relativos

de conte��dos e processos mentais. Livre o

esp��rito, cresce o consciente; preso ao corpo,

restringe-se ��s necessidades da vida terrena ���

mas consciente e inconsciente interpenetram-se

e influenciam-se mutuamente: se o inconsciente

pode determinar a conduta, o consciente pode

control��-la. E isto n��o �� assunto para ser esquecido.

Sendo, pois, verdade fatual a ocorr��ncia de

elementos inconscientes, vejamos algumas no����es

fundamentais propostas por Freud a respeito deles.

D e t e r m i n i s m o p s �� q u i c o ��� Ou causalidade.

Tanto quanto no mundo f��sico, em que nos

agitamos habitualmente, nada se passa em o

nosso mundo mental por acaso. A despeito das

apar��ncias, cada acontecimento ou fen��meno

ps��quico, um simples pensamento ou id��ia, est��

relacionado com outro (ou outros) que o precedeu

(ou que o precederam). N��o h�� descontinuidades

ou lacunas na vida mental; todos os processos

nesta desenrolados est��o unidos uns aos outros

9 8

como os elos de uma corrente. Assim, quaisquer

desejos ou pensamentos, por exemplo, n��o

podem ser acidentais, isolados; ao contr��rio,

possuem sempre uma s i g n i f i c a �� �� o . O problema

reside geralmente em descobri-la diante de uma

situa����o; quase sempre n��o sabemos o que

provocou determinado desejo ou id��ia e julgamo-

los sem import��ncia, absurdos, e t c . Na verdade,

afirma a Psican��lise, foram provocados por outros

desejos, pensamentos ou inten����es, dos quais

ignoramos a exist��ncia. Andr�� Luiz ( " A �� �� o e

R e a �� �� o " ) assim enuncia o determinismo mental:

"Toda a����o ou movimento deriva de causa ou

impulso a n t e r i o r e s " . A tal fato, ou seja, ��

aus��ncia de acaso no que se passa dentro do

esp��rito, devem-se os esquecimentos e perdas de

objetos; isto ��, esquecer e perder t��m liga����o

com raz��es profundas e consistentes. O mesmo

dar-se-ia com os sonhos e os lapsos (atos falhados);

cada sonho, cada imagem on��rica e cada lapso

(falha de mem��ria) decorreriam de acontecimentos

anteriores registados na mente e revelariam

liga����o significativa com as atividades desta.

Segue-se da�� que os sonhos n��o s��o oriundos do

funcionamento incoordenado das v��rias partes

do c��rebro, conforme pensava-se antes; e que

as trocas de palavras n��o s��o ocasionais: as

"distra����es" t��m fundamento em desejos e

inten����es obscuros.

9 9

Por exemplo, uma senhora morou sempre

com a filha, com a qual se d�� muito bem. Um

dia a filha resolve morar s��, por necessidade de

encetar alguns estudos e ficar perto do local de

trabalho. A m��e demonstrou certo desconten-

tamento, que procurou superar visitando-a muito

ami��de. Uma feita, referindo-se ao apartamento

da filha, comentou: "l�� onde eu moro..." Isto,

evidentemente, expressa o desejo n��o manifesto

de continuar vivendo ao lado do rebento, do

qual ela n��o tinha consci��ncia quando disse

aquilo. Quase sempre, por��m, o sentido n��o ��

assim t��o claro e o m��todo psicanal��tico foi

criado justamente para trazer �� luz materiais

ocultos e que respondem por semelhantes lapsos,

explicando tamb��m outras fun����es ps��quicas.

H e g e m o n i a d o i n c o n s c i e n t e ��� Para Freud,

a vida mental do ser humano n��o �� governada

pelas fun����es do que denomina consci��ncia;

antes era um como dogma dar a esta a primazia

absoluta, doutrina enfraquecida no fim do s��culo

passado, como vimos. Provou ele que, de fato,

os processos inconscientes s��o de imensa impor-

t��ncia e significa����o no funcionamento normal e

anormal da mente humana; dizia mesmo que a

consci��ncia �� um atributo ou qualidade secund��ria.

Isto quer dizer que a maior parte do que transcorre

dentro do esp��rito permanece ignorado do

indiv��duo. Ora, tal considera����o liga-se intimamente

100

ao princ��pio anterior: �� precisamente o fato de

tantos acontecimentos intraps��quicos serem

inconscientes que explica as a p a r e n t e s l a c u n a s

da atividade mental. Toda vez que um esquecimento,

distra����o, troca, pensamento, sentimento, etc..,

parece ao indiv��duo n��o manter conex��o com

algum outro que ocorreu antes ��� realmente tem

sua conex��o causal com algum processo ps��quico

inconsciente. Esta causa ou motivo inconsciente

poder�� ser revelado pelo citado m��todo de

an��lise e, ent��o, notar-se-�� que ela se encadeia

com os fatos antes tidos como casuais. �� o caso

da senhora que mencionou a resid��ncia da filha

como sendo sua; se ela n��o fosse nossa conhecida,

pensar��amos ter havido uma "distra����o"; mas o

que dissera se unia perfeitamente ao seu desejo

de morar com a mo��a, tempos antes expresso em

voz alta v��rias vezes e, depois, "esquecido".

Por enquanto, n��o �� poss��vel observar

diretamente os processos inconscientes; a t��cnica

desenvolvida por Freud permite abord��-los de

m a n e i r a i n d i r e t a . Como �� bem sabido, o

essencial dessa t��cnica consiste em levar o

paciente a enunciar, em voz aud��vel, todos os

pensamentos que lhe venham ao consciente,

sem exercer sobre eles a menor censura; isto ��,

dar livre e despreocupado curso ��s a s s o c i a �� �� e s

d e i d �� i a s , mediante o que muita coisa oculta

vem �� tona e o psic��logo pode descobrir o que

101

se passa, at�� certo ponto, na profundidade da

alma. E o que o paciente pensa e diz assim

procede das id��ias, motivos, desejos e inten����es

inconscientes. De sorte que s��o os e f e i t o s destes

que se examinam ��� expressos por meio de

pensamentos, sentimentos e recorda����es do sujeito

e das a����es que ele p��e em jogo. Essa t��cnica

sofreu refinamentos nas m��os de Jung; este n��o

deixava o sujeito falar �� vontade, mas enumerava

certas palavras indutoras para que o examinando

pronunciasse, a seguir, uma palavra (dita induzida)

ou frase por ela evocada; ao demais, media o

tempo de rea����o (uma palavra que excitasse algo

penoso custa mais a provocar rea����o).

O material desenterrado por tal procedimento

�� de duas naturezas: 1) lembran��as, sentimentos,

e t c , que podem facilmente passar para a

consci��ncia mediante um esfor��o de aten����o,

constituindo os elementos p r �� - c o n s c i e n t e s ; 2)

lembran��as, pensamentos, emo����es, e t c , que s��

com grande dificuldade se tornam conscientes,

formando propriamente os elementos i n c o n s -

c i e n t e s , e que s��o mantidos fora da consci��ncia

por uma for��a repressora consider��vel; somente

ap��s esta ter sido superada �� que os processos

envolvidos v��m a ser conscientes.

Importa notar, contudo, que a qualidade de

serem inconscientes de forma alguma elimina

sua influ��ncia, que �� poderosa, sobre as fun����es

102

mentais, sendo, al��m disso, t��o complexos e

precisos quanto os processos conscientes. Fora

do conhecimento l��cido existem processos mentais

capazes de produzirem todos os efeitos dos

pensamentos comuns, incluindo mesmo efeitos

que se tornam conscientes como ideias sem q u e

os pr��prios processos assomem �� consci��ncia.

Da�� o car��ter d i n �� m i c o que se atribui ao aspecto

inconsciente das atividades ps��quicas. Segundo

Freud e seguidores, todo ato mental �� i n i c i a l m e n t e

i n c o n s c i e n t e , podendo assim permanecer para

sempre ou passar para o consciente, caso n��o

depare com r e s i s t �� n c i a s (esp��cie de "censura",

cuja a����o ser�� examinada adiante sob o t��tulo de

r e c a l q u e ) . Por isso, dizia ele: o que �� inconsciente

est�� recalcado (o que outros n��o aceitam,

conferindo ao inconsciente amplitude muito maior,

sobretudo os psic��logos jungianos).

No caso referido da sugest��o p��s-hipn��tica,

sabemos donde partiu a id��ia que antecedeu a

a����o, isto ��, conhece-se a origem do processo

ps��quico inconsciente (obedi��ncia a uma ordem)

que provocou um efeito din��mico sobre o

pensamento consciente e o comportamento.

Aceita-se que todo e qualquer pensamento e

conduta tenham a m e s m a b a s e , com a diferen��a

de que n��o identificamos, sem profunda an��lise,

as motiva����es i n c o n s c i e n t e s , visto que s��o

produtos das experi��ncias e elabora����es

103

individuais. Exemplo comum �� o da m��e extremosa

que vive atr��s do filho com mil pequenos

cuidados, n��o permitindo a ele um minuto de

folga; queixa-se ela, suspirando, do imenso

sacrif��cio que faz, tendo de andar sempre com

o rapaz "para cuidar bem dele"; ora, ao observador

�� patente o desejo inconsciente de dominar e

controlar a vida do filho, embora ela o negasse

com raiva se lhe diss��ssemos tal coisa.

Do antecedente, os psicanalistas concluem

que a consci��ncia revela import��ncia secund��ria,

porquanto a maior parte da vida mental transcorre

fora dela; e dizem que freq��entemente ela n �� o

participa da determina����o do comportamento

humano. As atividades mais complexas, precisas

e decisivas podem ser completamente incons-

cientes. Em conclus��o, det��m hegemonia o

inconsciente.

Julga-se que pensamos e formulamos incons-

c i e n t e m e n t e quest��es at�� muito complicadas

usando os materiais arquivados no fundo da

mente, o que influi no pensamento e na conduta.

O bot��nico J. C. Willis (1949) conta minu-

ciosamente que escreveu grande parte do seu

livro sobre a origem e a dispers��o dos vegetais

utilizando c o n s c i e n t e m e n t e resultados de

dedu����es e predi����es que "s��o, de fato, dedu����es

feitas pelo uso da m e n t e inconsciente". Depois

de bem enfronhado num dado assunto, Willis

104

esperava que as dedu����es emergissem espon-

taneamente, o que podia levar at�� 3-4 meses; ��

noite, em r��pida sucess��o, elas apareciam e eram

anotadas em caderno imediatamente porque s��o

fugazes e logo esquecidas. Depois, procurava, na

literatura cient��fica especializada, elementos

comprobat��rios da veracidade e precis��o delas.

E declara nunca t e r e m f a l h a d o ! Afirma haver

anotado mais de 1.000 em 10 anos de trabalho.

Muitas eram predi����es porque nada tinham a ver

com o trabalho em curso no momento e s��

foram ��teis mais tarde. Esclarece ele: "O autor

aperfei��oou continuamente a sua maneira de

usar a d e d u �� �� o i n c o n s c i e n t e , seguida de laboriosa

verifica����o subseq��ente pelo fatos".

V��-se, por esse recente exemplo not��vel e de

fonte estranha �� Psicologia, que o inconsciente

conserva materiais cognitivos em n��mero muito

superior ao depositado no consciente. A emiss��o

de dedu����es p r o n t a s p a r a o u s o , que acontece

com muita gente, indica que os conhecimentos

absorvidos, durante longos anos de estudo, pelo

bot��nico, foram realmente e l a b o r a d o s e o r d e -

n a d o s no inconsciente; as fulgura����es por ele

anotadas n��o eram simples dados dispersos, mas

dados combinados em conclus��es; parece ter

havido um trabalho de i n d u �� �� o , porquanto,

ap��s "embeber o esp��rito em algum assunto", ele

recebia um princ��pio elaborado congregando

105

todos os dados dispersos. Em outro n��vel de

conhecimentos (espiritual), podemos interpretar

o fen��meno como procedente da atividade do

e s p �� r i t o l i v r e durante as horas de sono, quando

goza de mais lucidez; por��m, em estado de

vig��lia, corresponde ao que se chama de

inconsciente. Muitos exemplos deste tipo est��o

referidos na literatura. Al��m de Arago, outro

famoso matem��tico inclu��do no caso foi K. F.

Gaus (s��culo 18), que adiantou ter recebido

certa regra relativa �� teoria dos n��meros "pela

gra��a de Deus. O enigma resolveu-se como

centelhas iluminativas", sem que ele pudesse

explicar o que se passou. Outro ainda mais

c��lebre �� Henri Poincar��, da nossa ��poca, que

descreve como, numa noite insone, apreciava

suas representa����es matem��ticas colidindo dentro

de sua mente, at�� que algumas fizeram sentido.

Esclareceu: "Sentimo-nos como se pud��ssemos

observar o nosso pr��prio inconsciente em a����o

e a atividade inconsciente tornando-se parcialmente

manifesta �� consci��ncia, sem perder seu car��ter

pr��prio". Delanne transcreve v��rios exemplos.

O supramencionado d�� raz��o a Freud e

disc��pulos quanto �� natureza ativa do inconsciente.

O problema �� saber us��-lo regularmente, como

no caso descrito. A maior parte da personalidade

�� formada por ele, j�� o dizia Delanne. Dele

promanam as nossas inclina����es e a orienta����o

106

geral na vida. O preocupar-se com o bem e

procurar o caminho da eleva����o espiritual significa

possuir um inconsciente algo iluminado; deter-

se no mal e querer a exalta����o sensual �� t��-lo

muito animalizado. Portanto, o nosso modo de

ser e de viver est�� em e s t r e i t a c o n e x �� o com

ele, fato l��gico por conter o inconsciente t u d o

q u a n t o a d q u i r i m o s n o p a s s a d o . O que fomos

est�� ali conservado e o que somos agora �� uma

express��o disso. N��o somos inteiramente

governados, como m��quinas, pelos impulsos

emanados desse n��cleo ps��quico porque temos

o c o n t r o l e c o n s c i e n t e , que aceita, modifica ou

rejeita os mesmos impulsos.

Para Jung, o inconsciente �� um reposit��rio

fabuloso de conhecimentos. Seus materiais e

atividades procederiam do passado remoto, tendo

sido herdados dos ancestrais, "de sorte que em

cada crian��a preexiste uma disposi����o ps��quica

funcional, adequada, anterior �� consci��ncia."

Para n��s, esp��ritas, basta substituir "crian��a" por

"vida", e eis a�� a reencarna����o... O consciente

�� ef��mero e relacionado ao presente, produto

de alguns dec��nios e dotado somente dos materiais

da experi��ncia individual. Ao contr��rio, o incons-

ciente �� riqu��ssimo, traz materiais acumulados do

passado coletivo, uma imensa experi��ncia, porque

reuniu as vidas do indiv��duo, da fam��lia, da tribo,

dos povos, i n �� m e r a s v e z e s (donde a designa����o

107

de "inconsciente coletivo", espec��fica de K. G.

Jung). "A consci��ncia �� um rebento tardio da

alma inconsciente", bem como a vontade. Este

ponto de vista jungiano �� o que se harmoniza

com a doutrina kardeciana, com a diferen��a de

que esse ac��mulo de conte��dos no inconsciente

procede da experiencia individual multiplicada

por n u m e r o s a s e x i s t �� n c i a s na carne, ou seja,

atrav��s da reencarna����o. Mediante esta adi����o

explicativa, o resto ��-nos adequado porque produto

de estudos aderentes �� realidade e ligados ��

tradi����o doutrin��ria.

N. B. ��� Para dirimir poss��veis d��vidas sobre

o papel desempenhado, na vida comum, pelo

inconsciente, conv��m acentuar que freq��en-

temente n��o estamos de posse da consci��ncia

plena. Esta pode ser facilmente perturbada por

irrup����es de conte��dos inconscientes, que

emergem na consci��ncia como rel��mpagos no

c��u sereno; trata-se de fantasias que se expressam,

no consciente, como impress��o, opini��o,

preconceito e ilus��o, podendo facilmente provocar

ang��stia, apreens��o e sentimento de incoer��ncia.

Muitas pessoas mostram-se parcialmente

conscientes (mesmo na Europa, anota Jung,

in��meras s��o "anormalmente inconscientes"):

"sabem o que se passa com elas, mas s��

imperfeitamente t��m a representa����o do que

fazem e dizem". N��o conseguem dar-se conta do

108

valor das suas a����es, falam e agem "sem pensar",

como sob o comando de impulsos, que s��o

for��as inconscientes que assomam ao consciente

para obter realiza����o. Tomam consci��ncia quando

surge um fato inesperado que as traz de volta

a si, quando se chocam com qualquer costume,

um h��bito solidamente estabelecido. Se essa

colis��o tiver conseq����ncias penosas, faz-se-lhes

luz no esp��rito, ficam sobressaltadas, conseguindo

ent��o notar os motivos de suas a����es ��� e s��

assim tornam-se conscientes, nesses "momentos

afetivos". Da�� a import��ncia do ego��smo, esclarece

Jung, a fim de tomar consci��ncia de si mesmo;

n e s s e n �� v e l , o ego��smo tem um papel a

desempenhar.

M o t i v a �� �� o i n c o n s c i e n t e . Temos aqui a

determina����o inconsciente de a����es e sentimentos.

H�� quem afirme que nada �� completamente

inconsciente, porquanto o sujeito sempre teria

uma no����o de qualquer fato que esteja em sua

mente; ele apenas ignoraria a import��ncia dos

efeitos do mesmo sobre a sua vida. Ora, o que

importa, diz Horney, n��o �� s�� o c o n h e c i m e n t o

v a g o de uma atitude, mas sobretudo ter n o �� �� o

c l a r a da for��a e da influ��ncia dessa atitude e

entender as conseq����ncias e as fun����es que ela

desempenha na conduta. A aus��ncia de uma

destas caracter��sticas significa que a atitude ��

i n c o n s c i e n t e ��� ainda que haja tra��os de

109

consci��ncia dela, visto que os dois n��veis mentais

interpenetram-se e realizam interc��mbios. Mas

uma tend��ncia pode ser, de fato, inteiramente

inconsciente. Por exemplo, h�� pessoas que

parecem gostar de todo mundo e que afirmam

isso categoricamente; contudo, percebe-se vez

por outra que elas desprezam algu��m sem o

notarem: h��, pois, uma tend��ncia oculta para

humilhar o pr��ximo.

A exist��ncia de motivos inconscientes apresenta

dois aspectos dignos de nota. O primeiro �� o

fato de que a n��o admiss��o de certos impulsos

na consci��ncia (repress��o) n��o impede, como

vimos acima, que eles continuem agindo ativa-

mente. Segue-se disso que podemos estar abor-

recidos, apreensivos ou deprimidos sem saber a

raz��o; que podemos tomar decis��es importantes

ignorando as raz��es que nos conduziram a elas;

que interesses, convic����es, simpatias, e t c , podem

ter origem em for��as desconhecidas do consciente.

O segundo mostra que os motivos (aquilo que

p��e o individuo em a����o) permanecem incons-

cientes porque temos interesse em mant��-los

assim, em n��o tomarmos conhecimento consciente

deles; uma tentativa para descobri-los encontraria

resist��ncia porque poria em perigo algum dos

nossos interesses, seria uma amea��a.

As for��as que constituem os motivos das

nossas atitudes e condutas (impulsos) s��o de

natureza emotiva e correspondem aos usuais

1 1 0

desejos, necessidade, ��nsia e paix��o, conforme

v��rios matizes e intensidades. Isto merece

explica����o mais alentada.

A motiva����o inconsciente manifesta-se por

meio de necessidades e impulsos. Comumente

estas duas palavras s��o tidas como sin��nimas, o

que �� pr��tico porque a distin����o �� sutil e nem

sempre defin��vel; em certos casos, no plano

mental, �� mais f��cil apreend��-la mentalmente do

que a definir verbalmente. Um motivo para agir

envolve, portanto, uma necessidade que exige

satisfa����o e um impulso que objetiva obter a

satisfa����o da necessidade.

Necessidade �� um estado f��sico ou mental que

obriga a preencher determinada finalidade sem

impelir �� a����o. A necessidade de alimentar-se

atende �� finalidade de manter a vida, mas n��o

leva a procurar comida; a necessidade de rela����es

carnais objetiva atender �� reprodu����o. O impulso

�� um estado de tens��o gerado por um est��mulo

e que p��e o organismo em movimento para

satisfazer a necessidade �� qual se liga. Assim,

uma pessoa n��o come porque tenha necessidade:

muitas sabem que a t��m e n��o querem ou n��o

podem comer; come por sentir-se impulsionada

por um estado de excita����o central que a leva

a procurar meios de satisfazer a necessidade:

cessado aquele estado, esta d��-se por atendida.

Os impulsos s��o sempre ps��quicos, mas as

111

necessidades podem ser fisiol��gicas ou

psicol��gicas. As primeiras mostram-se s e m p r e

mais f��ceis de identificar e compreender. T e m o s :

necessidade de alimentar-se (impulso de c o m e r

ou fome), necessidade de beber ��gua (impulso

de beber ou sede), necessidade de ar (impulso

de respirar), necessidade de rela����es carnais

(impulso sexual), necessidade de afeto (impulso

amoroso), necessidade de saber e compreender

(impulso explorat��rio), necessidade de satisfa����o

afetiva (impulsos est��ticos). A restri����o ou priva����o

p��e em evid��ncia a for��a do impulso e a

intensidade do dom��nio que exerce sobre a

raz��o. Impulsos n��o obviamente ligados a neces-

sidades s��o o medo, a c��lera, a excita����o (acen-

tua����o do estado de vig��lia) e a alegria, conhecidos

como e m o �� �� e s ; o medo e a c��lera, evocados

por um perigo real, parecem atender �� necessidade

de autopreserva����o, mas isto teria sido muito

mais no passado do que hoje em dia, quando

manifestam-se a toda hora sem motivo patente.

�� muito importante, num impulso, a

e x p e r i �� n c i a a f e t i v a em fun����o da qual a atividade

determinada por ele prossegue ou �� suspensa.

Assim, comemos enquanto �� agrad��vel e paramos

quando deixa de s��-lo. Um daqueles impulsos

normais torna-se anormal quando a satisfa����o

custa a ser obtida, caso em que ele pressiona

sem parar e leva a uma a t i v i d a d e e x a g e r a d a .

112

A�� temos, por exemplo, os excessos de cama e

mesa; as necessidades de coito e de degluti����o

freq��entes s��o, pois, devidas a impulsos

prolongados por condi����es mentais an��malas.

Os impulsos podem ser condicionados, ficando

associados a certos est��mulos que os despertam

na hora apropriada; determinados alimentos

estimulam o impulso de comer e um parceiro

adequado o impulso er��tico ��� as duas coisas

com amplas varia����es individuais. Quando um

impulso foi posto em fun����o repetidas vezes por

um dado est��mulo, este tende a tornar-se um

sinal para despert��-lo diretamente. Por exemplo,

se uma pessoa p��e-nos zangados muitas vezes,

a sua mera presen��a j�� nos deixa com raiva e

at�� pensar nela �� um aborrecimento; v��rios

telegramas desagrad��veis acarretam apreens��o s��

ao ver o carteiro; se um alimento fez-nos mal

algumas vezes, sentir-lhe o aroma leva a torcer

o nariz ou a "embrulhar" o est��mago. Os impulsos

podem ser modificados pela aprendizagem, estudo

e esfor��o consciente.

Al��m das necessidades e impulsos normais,

com g r a n d e f r e q �� �� n c i a a mente humana,

desviando-se do rumo da normalidade no caminho

evolutivo, cria ou desenvolve necessidades m��rbidas

e impulsos an��malos para atend��-las. Uns s��o

acentua����es e deforma����es de necessidades e

impulsos normais, segundo foi mencionado acima;

113

outros s��o inteiramente anormais, como o impulso

s��dico e o impulso suicida.

Denomina-se impulso compulsivo ao que,

em oposi����o ao espont��neo ou natural, tem de

ser obedecido automaticamente, mesmo �� custa

dos interesses e sentimentos mais leg��timos do

sujeito, o que ele far�� de qualquer maneira e sem

medir conseq����ncias (isto ��, discriminadamente).

Por exemplo, impulsionado intimamente a disputar

determinada posi����o, movido pela ambi����o

compulsiva, ele usar�� o suborno, a mentira, a

cal��nia, inclusive a respeito de si m e s m o ,

amigos e parentes. Os impulsos compulsivos,

segundo K. Horney, s��o as for��as enfermi��as que

iniciam e sustentam as neuroses, originando-se

de sentimentos de incapacidade, inseguran��a,

medo e hostilidade formados na primeira inf��ncia.

Horney aplica a eles a designa����o de tend��ncias

neur��ticas ��� impulsos destinados a atender a

necessidades doentias do esp��rito; acha ela que

eles permitem uma esp��cie de ajustamento

p r e c �� r i o ��s condi����es do mundo e da vida

quando se est�� dominado por medos, inseguran��a

e isolamento; as condi����es mentais an��malas,

ent��o, n��o permitem lan��ar m��o dos recursos

normais de adapta����o: cordialidade, coopera����o,

solidariedade, e t c . Al��m disso, v��rios desses

impulsos s��o contradit��rios ou antag��nicos, pelo

que arrastam a pessoa em dire����es opostas com

114

igual for��a estabelecendo os conflitos mentais,

pr��prios do estado neur��tico da mente.

Mecanismos de defesa c o n t r a impulsos

Segundo a teoria psicanal��tica, a personalidade

emprega uma s��rie de recursos para impedir que

impulsos perigosos ou inadmiss��veis venham a

emergir e criar situa����es de desajustamento com

o ambiente. Muitas vezes, isto pode ser conseguido

por meio de medidas simples: um esfor��o no

sentido de desviar a aten����o para algo interessante;

orientar a percep����o noutra dire����o; estimular

o aparecimento de outro impulso menos delet��rio;

usar cria����es mentais fantasiosas, e t c . Por��m,

sob o nome de m e c a n i s m o s de defesa, Anna

Freud, filha do criador da Psican��lise, englobou,

em 1936, v��rios processos inconscientes mais

complexos que favorecem o relacionamento do

indiv��duo com o seu ambiente mediante o controle

ou redu����o dos impulsos. S��o esp��cies de defesas

que o sujeito desenvolve contra a p e r c e p �� �� o

i n t e r i o r de suas pr��prias dificuldades, inferio-

ridades ou lacunas ps��quicas: ele age como se

quisesse preservar a estrutura do car��ter em suas

rela����es com os outros.

1. Recalque ou repress��o. Foi o primeiro

identificado por Freud e o mais importante.

Consiste em impedir a penetra����o, na consci��ncia,

115

do impulso indesej��vel e de qualquer elemento

desfavor��vel (recorda����es, imagens, cenas,

inten����es, fantasias de realiza����o de desejos, as

emo����es associadas, etc.) relacionado com e l e .

H�� uma resist��ncia autom��tica �� passagem desses

conte��dos mentais para o n��vel consciente, dos

quais a pessoa n��o guarda n e n h u m a n o �� �� o : ��

como se n��o existissem simplesmente, pois o

fen��meno �� de todo inconsciente. Uma lembran��a

ou experi��ncia recalcada est�� completamente

esquecida, visto que a fun����o da repress��o ��

e v i t a r o s o f r i m e n t o afastando do conhecimento

l��cido materiais cuja presen��a seria dolorosa ou

desagrad��vel para o indiv��duo. Ela ocorre ap��s

uma l u t a �� n t i m a , subterr��nea, um conflito entre

desejos e inten����es (sexuais e agressivos) e

valores morais e aspira����es pessoais. No

esquecimento tempor��rio, o esquecido desloca-

se para o pr��-consciente mas volta ao consciente

por novo esfor��o de mem��ria. N��o se deve

confundir repress��o com s u p r e s s �� o . Esta �� uma

atividade consciente, de certo modo an��loga

��quela, mediante a qual se expulsa deliberadamente

da consci��ncia algum fato reputado desagrad��vel;

o sujeito declara para seus bot��es: "n��o vou

pensar mais nisso", "n��o vou me irritar �� toa",

e t c . Em " E a V i d a C o n t i n u a . . . " , de Andr�� Luiz,

encontramos os dois conceitos expressos assim:

o homem tinha as cenas do crime, cometido

116

anos atr��s, "profundamente b l o q u e a d a s n o s

escaninhos da mente" (repress��o); a mulher n �� o

permitia que "a imagem de Desid��rio se lhe

imiscu��sse na lembran��a" (supress��o). Para F r e u d

e seguidores ortodoxos, o recalque s�� ocorreria

na primeira inf��ncia; sendo a crian��a mais

vulner��vel do que o adulto, as experi��ncias

traumatizantes ocorridas na inf��ncia produziriam

defici��ncias na personalidade e estas tornariam

o indiv��duo mais sens��vel a novos conflitos.

Atualmente, muitos pensam que n��o h�� limite

de idade para a repress��o de derivados das

experi��ncias; o que de prefer��ncia sofre tal

processo de exclus��o s��o os aspectos do car��ter

capazes de suscitarem g r a v e s p r o b l e m a s no

meio social onde o sujeito vive e atua.

O recalque acarreta conseq����ncias s��rias, pois

gera-se um estado de t e n s �� o i n t r a p s �� q u i c a

entre algo que luta por emergir e algo que luta

por impedir a emers��o, o que provavelmente

influi de modo permanente na personalidade. O

processo �� cont��nuo, visto haver sempre p r e s s �� o

c o n s t a n t e para conseguir descarregar-se (impulso)

ou alcan��ar a percep����o consciente e uma

barreira a isso. O equil��brio que se estabelece

entre as duas for��as opostas �� i n s t �� v e l e pode

mudar a qualquer momento; se a energia

empregada contra o recalcado diminuir, ele

poder�� surgir claramente na consci��ncia e

117

c o m a n d a r a a �� �� o correspondente �� realiza����o

do impulso: falhou a repress��o, o q u e tamb��m

ocorrer�� se a energia do impulso aumentar. Em

q u e situa����es costuma acontecer isso?

Sempre que a v i t a l i d a d e sofra redu����o. Nos

estados febris e t��xicos e nos estados anormais

da personalidade (del��rios), quando o paciente

move-se e fala de modo fora do comum. �� bem

not��ria a atua����o das pessoas alcoolizadas que

mudam fortemente de comportamento, revelando

tend��ncias er��ticas ou agressivas que elas pr��prias

desconhecem em estado s��brio. Julgam os psica-

nalistas que o sono tamb��m origine freq��entemente

diminui����o da energia repressora, permitindo a

invas��o do consciente por desejos e lembran��as

recalcados sob a forma de s o n h o s ; da�� as a����es

tidas, como absurdas quando acordado. E ainda

o sonhar com a����es que nos repugnam em

estado de vig��lia, quando reprimimos os impulsos

menos dignos. J�� o grande S. Agostinho faz

refer��ncia a esse tipo de sonho, nas " C o n f i s s �� e s " ,

admirando-se profundamente de sonhar com

desejos que n��o possui quando acordado!

As tenta����es favorecem os impulsos ampliando

as energias deles e, por isso, m o s t r a m o q u e

s o m o s , ou seja, aquilo que est�� gritando no por��o

da mente. Quando as restri����es �� emerg��ncia de

qualquer impulso indesej��vel s��o severamente

118

mantidas, a rea����o defensiva surge como a n s i e d a d e .

Cada recalque reduz a i n t e g r i d a d e d o e u ,

uma v e z que certa parte dele sai de circula����o,

deixa de atuar em beneficio pr��prio, e perde

uma quota de energia, enfraquecendo-se. Logo,

repress��o em excesso �� m u i t o p r e j u d i c i a l (al��m

da tens��o que gera) �� personalidade, a qual tem

de lidar com o mundo exterior e com o pr��ximo;

por isso, comumente leva �� enfermidade mental!

A conten����o de impulsos encontra apoio nas

n o �� �� e s �� t i c a s e nos fatores ambientais; o destino

deles depende do jogo dessas influ��ncias

contrastantes: alcan��ar a gratifica����o, as v��rias

maneiras desta processar-se, sofrer a repress��o,

fracassar a repress��o, formarem-se conflitos

produtores de neuroses, e t c .

Os elementos ps��quicos inconscientes, que

foram eliminados do consciente pelo recalque,

c o n t i n u a m e m a t i v i d a d e . Est��o apenas impedidos

de entrar em a����o abertamente como pensamentos

e atos pela constante oposi����o das energias

postas contra eles. A comum sensa����o de culpa

ou de remorso, sentida como penoso estado de

tens��o mental, seria uma conseq����ncia consciente

da desaprova����o pelo senso moral de uma atitude

assumida sob comando de um impulso; a aprova����o

resultaria em sensa����o de paz e satisfa����o ��ntimas.

O recalque acontece ser parcial; por exemplo,

119

a recorda����o de um acontecimento pode perma-

necer na consci��ncia sem qualquer tra��o da

emo����o associada. H�� diversos graus de remo����o

da consci��ncia e a influ��ncia do que �� inconsciente

sobre o consciente �� relativa e vari��vel.

2. F o r m a �� �� o reativa. Este mecanismo de

defesa consiste em tornar inconsciente uma

atitude e fazer prevalecer, na ��rea consciente,

a atitude oposta. Por esse expediente, o sujeito

objetiva abandonar alguma forma de compor-

tamento inaceit��vel pela sociedade ou deter

impulsos considerados perigosos, trocando-os

por outros aceit��veis ou capazes de controlar os

primeiros. Em casos de tal ordem, ocorre uma

superacentua����o do procedimento tido como

ben��fico. Dizem-nos que uma pessoa pode

desenvolver grande ternura por animais ou pessoas

com o objetivo (inconsciente) de controlar ou

anular impulsos cru��is. O ��dio poder�� jazer sob

apar��ncia afetuosa, a submiss��o ocultar a revolta,

e assim por diante. Julga-se que a natureza de

uma forma����o reativa seria determinada por

aquilo que o eu teme como perigo, levando-o

a reagir com ansiedade; se teme o impulso de

odiar, fortalece a atitude amorosa, e t c . Assim,

um pacifista exaltado pode possuir fantasias

mentais de maldade e defender-se pela acentua����o

da atitude contr��ria, ben��fica. O fingimento ou

hipocrisia �� an��logo, por��m, posto em fun����o

120

pela consci��ncia para ajustar-se transitoriamente

a circunst��ncias que julga venham favorec��-la.

Segue-se que a forma����o reativa se distingue

pelo exagero e compulsividade. O amor reativo,

por exemplo, protesta muito, �� espalhafatoso,

extravagante, afetado. O sujeito n��o pode deixar

de expressar o oposto do que sente realmente;

o seu "amor" n��o �� flex��vel e n��o se adapta ��s

mudan��as de circunst��ncias; tem de estar sempre

em exibi����o, como se houvesse perigo do

sentimento oposto subir �� superf��cie. Tamb��m

o medo de mostrar sentimentos ternos,

considerados como sinal de fraqueza, leva a

constituir um manto de dureza e excesso de

masculinidade, gerando caricaturas de homens.

S��o, pois, condutas exageradas, o que n��o se

pode ter como ��ndice de normalidade.

Exemplo not��vel �� o do sujeito sempre af��vel

e estimado pela pondera����o e prestabilidade. Um

dia, uma situa����o especial p��s a claro que tal

apar��ncia era uma forma����o reativa contra

impulsos agressivos absolutamente insuspeitados.

Certa feita, chamado para ajudar a conter um

sujeito dominado por impulso homicida, que era

seu conhecido, surpreendeu-nos exibindo forte

r e a �� �� o agressiva, inesperada nele, que parecia

uma rocha de calma. Ao chegar, mostrou-se

exaltado e queria agredir o candidato a criminoso;

quase foi preciso agarrar o que viera agarrar

outro... Em seguida ao epis��dio, voltou �� tranq��i-

121

lidade habitual. V��-se que uma atitude e c o n d u t a

podem muito bem ser defesas exteriores c o n t r a

disposi����es interiores contr��rias; o que e s c l a r e c e

a situa����o �� o e s t �� m u l o adequado, que, f e r i n d o

o p o n t o f r a c o , muda o comportamento e revela

a realidade interna. Diz a sabedoria popular que

"as apar��ncias enganam".

3. P r o j e �� �� o . �� o mecanismo que leva a pessoa

a atribuir a outra ou a qualquer objeto externo

um desejo, inten����o, sentimento, e t c . , seu; por

ser ele inaceit��vel, procura a pessoa, incons-

cientemente, livrar-se passando-o para outras ou

para coisas. Dizem que os crimes e v��cios que

identificamos nos demais, os nossos preconceitos

contra estranhos e muitas supersti����es n��o passam

de decorr��ncias da proje����o inconsciente de

nossos pr��prios desejos, impulsos. ��, portanto,

uma inclina����o para atribuir a outros id��ias,

inten����es, motivos, defeitos, sentimentos, e t c . ,

que, na realidade, procedem d e q u e m f a l a e

que n��o se podem reconhecer e m s i m e s m o ;

h�� pessoas que criticam nos outros exatamente

os pontos fracos do seu car��ter. Trata-se de

lan��ar fora as reprova����es feitas pela pr��pria

consci��ncia moral, quando esta existe, ou apenas

de opinar com os materiais de que se disp��e.

Pareceria que, em muitos casos, ver-se-ia o

indiv��duo livre da responsabilidade de seus atos

e pensamentos e do conflito entre desejo e dever

122

ou entre a tendencia natural e a tend��ncia ��tica.

Gra��as a tal expediente, muitos ataques assumem

a apar��ncia de defesa e numerosas a����es ego��sticas

tomam a fei����o de altru��smo. Est�� neste caso a

esposa que presenteia o marido com algo que

ela pr��pria desejava possuir (atribui o desejo de

possuir o objeto ao marido). Temos o indiv��duo

conhecido pela "m��o leve" que, sem motivo

plaus��vel, est�� sempre acusando outros de ladr��o;

pol��ticos e administradores constituem excelente

material para tal opera����o mental: s��o usuais

bodes expiat��rios. A pessoa n��o o "faz por mal";

apenas evacua suas produ����es mentais indesej��veis

sem perceber que realiza um auto-retrato. Pr��tica

antiga esta, j�� recomendada no Velho Testamento.

S�� que a�� se usava um bode de verdade de carne

e osso, cuja fun����o era carregar o peso da

consci��ncia em conflito. Segundo diz-se, isto

teria utilidade porque, atribuindo a outros id��ias

de culpa ou de car��ncia moral, a pessoa aliviaria

a consci��ncia da perturba����o induzida por elas.

Esta explica����o �� l��gica e corresponde ao que

se observa na vida comum, mas n��o elimina a

responsabilidade dos danos causados a outrem,

a qual exige cada um enfrentar as conseq����ncias

do que pratica. Logo, chegada a compreens��o

��� �� tratar da auto-reforma para que as nossas

proje����es sejam favor��veis e n��o gerem rea����es

negativas. No curso da psicose, a proje����o faz

123

parte das id��ias delirantes e de alucina����es; o

doente atribui a outrem o que ele sente dentro

de si: notam seus defeitos, riem e zombam dele,

fazem-lhe acusa����es (a�� entra tamb��m a obsess��o).

Para n��s, termina no dist��rbio mental o contumaz

desrespeito ao pr��ximo. A proje����o em excesso

deforma a percep����o da realidade, isto ��, a

capacidade de analisar o mundo exterior fica

prejudicada: o sujeito est�� sempre v e n d o nos

outros o que s e n t e dentro de si; por exemplo,

se �� grosseiro e col��rico, julga-se constantemente

maltratado e ofendido pelos que o cercam.

Eis, portanto, a maledic��ncia com b a s e p s i c o -

l �� g i c a . Important��ssima l e i m o r a l salta �� vista:

todo julgamento �� um auto julgamento. Toda vez

que uma pessoa define eticamente outra, est��

pura e simplesmente definindo-se a si mesma,

isto ��, trazendo para fora o seu mundo ��ntimo

e aplicando-o sobre o semelhante. A melhor

maneira de conhecer algu��m consiste em ouvir

s u a s o p i n i �� e s a respeito de outras pessoas. ��

a mulher amasiada que chama outras de prostitutas.

�� o homem b��gamo que adverte outro contra...

a bigamia. �� o estudante relapso ou in��bil que

se declara perseguido pelo professor ou que este

n��o sabe ensinar. O esp��rito equilibrado n��o v��

inferioridades em ningu��m, antes projeta bondade

e condescend��ncia; de dentro dele s�� pode sair

o que l�� est��... seja o que for. Q inseguro, tendo

124

a sensa����o de suas defici��ncias, �� desconfiado

e projeta continuamente o que reveste o f u n d o

do seu esp��rito. Em suma, o que cada um d i z

dos outros est�� dizendo de si mesmo, b o m ou

mau, conforme sua ��ndole. �� bem de notar-se

que, sem conhecer os motivos do indiv��duo e

os fatos da situa����o, �� imposs��vel opinar a

respeito de conduta humana; e que praticamente

nunca se conhecem as duas coisas juntas. Portanto,

o c e r t o �� i s t o : "Mas seja o vosso falar: sim, sim;

n��o, n��o; porque tudo o que daqui passa procede

do mal" (Mateus 5 : 3 7 ) , preceito alicer��ado n o

conhecimento da alma humana.

4. R a c i o n a l i z a �� �� o . �� a fun����o autodefensiva

que torna capaz a mente de gerar, para seu uso,

uma falsa motiva����o que permita justificar perante

a consci��ncia a satisfa����o de um impulso �� qual

esta se op��e. �� uma esp��cie de anestesia moral

que o indiv��duo aplica, inconscientemente, �� sua

consci��ncia. Por semelhante meio, �� f��cil arranjar

raz��es que tranq��ilizem aquela ao mesmo tempo

que se obedece aos impulsos. Muitas vezes, o

sujeito n��o percebe o m��vel da a����o e formula

raz��es que acredita a tenham determinado; mas,

estas s��o posteriores ao fato, embora possam

conter parte maior ou menor de verdade. Consegue

o ser humano, por este processo, substituir os

motivos mais ego��stas por motivos de maior

valor ��tico, pondo assim a consci��ncia a salvo

125



da autocr��tica e do julgamento alheio (autoprote����o

ps��quica, que, todavia, n��o abole a responsa-

bilidade). A racionaliza����o permite ao lado inferior

da personalidade utilizar todas as sutilezas de um

intelecto apurado, pois �� mais ativa e fecunda

nos indiv��duos inteligentes e cultos; j�� a proje����o

e a catatimia" s��o peculiares aos fracos, t��midos

e/ou pouco talentosos, raz��o porque �� mais

encontradi��a.

O caso mais simples �� o da raposa da f��bula;

n��o podendo alcan��ar as uvas maduras, que

tanto apreciava, afastou-se proclamando: "est��o

verdes". Depois o do lobo que queria comer o

cordeiro �� margem do regato em que ambos

bebiam; estando a favor da corrente, declarou

o lobo que o cordeiro sujava a ��gua; este

demonstrou a impossibilidade do fato por achar-

se abaixo dele; mas o lobo n��o se deu por

vencido: "se n��o foi voc��, foi seu pai ou seu

av��". E, assim, as raz��es v��o aparecendo ��

medida que se fazem necess��rias, sem conex��o

l��gica com a realidade, por comando inconsciente

e elabora����o consciente. Temos o sujeito que

verberava outro por n��o ir ao dentista tratar de

um dente cariado e, lembrando que possu��a um

na mesma condi����o, declarou: "meu caso ��

Nota da Editora: Catatimia ��� incapacidade de





produzir bons julgamentos.


1 2 6


diferente, pois n��o tive tempo". H�� aquele

homem s��rio que explicou suas rela����es

extraconjugais dizendo inocentemente: "voc��

sabe, eu n��o sou santo". Entram aqui os que,

com medo de outro que quis brigar, passado o

perigo jactam-se: "se n��o me segurassem..." ou

"se ele n��o fosse logo embora..." A pr��pria

Psican��lise, muito divulgada, fornece bom exemplo;

pessoas com algumas leituras indigeridas declaram

desejar "evitar inibi����es", "evitar complexos",

querendo, realmente, dizer que pretendem afastar

os padr��es morais para se entregarem a a����es

menos dignas (adult��rio, e t c ) . Outros criam os

filhos sem cuidados, escapando a pesados trabalhos,

com o fito de n��o gerar futuros "complexos".

��, afinal, a arte de desculpar-se perante si

mesmo e os semelhantes.

Eis como exprime-se Fromm (1967) a respeito:

"Por mais irracional e imoral que seja uma a����o,

o homem sente um impulso irresist��vel de

racionaliz��-la, isto ��, de demonstrar a si mesmo

e aos demais que sua a����o foi determinada pela

raz��o, pelo consenso comum, ou, pelo menos,

pela moralidade convencional. N��o tem dificuldade

em agir irracionalmente, mas �� quase imposs��vel

a ele n��o dar �� sua a����o a apar��ncia de uma

motiva����o razo��vel".

A intensidade da racionaliza����o cresce em

127

havendo orgulho e desejo de poder, n��o sendo

raro tornar-se perigosa em virtude dos sofismas

que faz emitir com visos de verdade. Alcan��ando

o dom��nio psiqui��trico, ela vem a constituir o

n��cleo central da paran��ia, limitando-se ao tema

que absorve a aten����o do doente, de acordo com

os recursos intelectuais de que disp��e ele; logo,

est�� continuamente a justificar-se com raz��es

��ticas e est��ticas. N��o �� �� toa que muitas pessoas

orgulhosas e inteligentes exibem rea����es para-

n��ides por meio de suas constantes autojus-

tificativas racionalidades.

5. Catatimia. H. W. Maier aplicou tal designa����o

�� transforma����o que os conte��dos ps��quicos

sofrem sob influ��ncia dos fatores afetivos. Consiste

na a����o que as tend��ncias afetivas exercem

sobre a percep����o da realidade. Tem ela o efeito

de deformar as percep����es e as viv��ncias na

dire����o assinalada pela atitude de rea����o

predominante na pessoa; adquire-se, portanto,

uma v i s �� o f a l s a das coisas que nos s��o

importantes. A atua����o da catatimia �� tanto mais

evidente quanto mais intensa seja a tend��ncia

afetiva que a p��e em fun����o; a ansiedade, o ��dio,

o temor, e t c , transfiguram o objeto, a imagem

e as rela����es entre os fen��menos, deformando

a realidade exterior; da�� podem surgir novas

raz��es para angustiar-se, odiar, temer, suspeitar,

1 2 8

etc.. Logo, �� muito manifesta quando a pessoa

est�� sob a a����o das emo����es prim��rias. Segue-

se disso que o sujeito emocionado �� a p i o r

t e s t e m u n h a de qualquer situa����o emocionante:

v�� tudo com tintas e dimens��es diferentes das

reais. O medo distorce a realidade externa e

aumenta os perigos, bem como torna maiores os

sintomas em muitos doentes: "era um cachorro

deste tamanho" e o descritor abre os bra��os; "a

arraia n��o tinha mais tamanho"; "vomitei a noite

inteira", "pus o est��mago pela boca"; "quase

morri de dor", etc.. A c��lera faz exagerar as

qualidades negativas ou prejudiciais: "aquele sujeito

n��o vale nada"; "a comida estava envenenada",

etc.. O afeto �� mais deformador ainda: quem n��o

conhece a est��ria da coruja que proclamou a

suprema beleza dos filhotes, levando a ��guia a

com��-los?

Infere-se que a catatimia favorece o ajustamento

da realidade �� mente individual (qualquer crian��a

feia �� a mais bela para a m��e... "coruja"). Se

concilia a pessoa consigo mesma, adaptando o

mundo externo ��s suas conveni��ncias, por outro

lado afasta-a da realidade objetiva, dando origem

a conflitos com as opini��es alheias, cujo processo

catat��mico tem outras dimens��es no caso concreto;

foi o que se deu com a coruja: a ��guia,

informada sobre a grande beleza das corujinhas,

comeu os primeiros monstrengos que encontrou,

129

sem poder imaginar que eram justamente as

crias da coruja. Por aqui compreende-se que a

catatimia pode-se encaminhar para situa����es

patol��gicas. Nota-se ainda que os mecanismos

anteriores dependem dela, pois cont��m elementos

de uma percep����o distorcida.

�� razo��vel considerar que certo grau de catatimia

esteja sempre por tr��s do pensamento criador,

porquanto n��o h�� como livr��-lo da influ��ncia

afetiva do seu autor; antes �� comum que se

apresente impregnado de r a z �� e s p e s s o a i s que

conduzem a pontos de vista unilaterais e mesmo

absurdos. N��o �� por outro motivo que os escritores

que tratam da imortalidade da alma n��o se interessam

pelas d e m o n s t r a �� �� e s e x p e r i m e n t a i s existentes;

preferem discorrer com base nas velhas e

anacr��nicas e s p e c u l a �� �� e s m e d i e v a i s , tornadas

muito queridas pelo h��bito. Se pudessem escapar

ao sentimento e usar de prefer��ncia a raz��o ���

adotariam certamente atitude... r a c i o n a l . D��-se

que a afetividade interfere com o emprego do

intelecto no campo em que ela domina e determina

o modo de encarar as coisas.

Outros mecanismos de defesa denotam escassa

import��ncia. Todos esses mecanismos de

c o m p e n s a �� �� o i n c o n s c i e n t e d a s f r a q u e z a s

�� n t i m a s , que garantem um certo grau de

ajustamento ou equil��brio prec��rio ao esp��rito,

s��o admiss��veis at�� o ponto em que este n��o

1 3 0

dispuser de esclarecimento, compreens��o, dados

pela vida e pelo estudo. Como �� ��bvio, deste

comportamento n��o deriva paz para ningu��m em

virtude dos constantes "choques de mecanismos

autodefensivos" que as pessoas p��em em fun����o,

umas contra as outras. Ultrapassado tal n��vel,

cumpre dar-lhes combate para que o equil��brio

seja real, isto ��, alicer��ado na retifica����o dos

pensamentos, sentimentos, pureza de inten����es

e corre����o das motiva����es; mas para alcan��ar

isto �� preciso saber e praticar. N��o os confundir

com dissimula����o consciente, produto da ast��cia,

que s��o o erro e o mal intencionais, propositais.

Por exemplo, "jogar o verde para colher o

maduro", usar "segundas inten����es"; o comprador

que deseja um objeto e procura apontar defeitos

para desvaloriz��-lo e adquiri-lo mais barato (basta

dizer ao vendedor que n��o pode pagar o pre��o

pedido e solicitar um abatimento); o vendedor

que valoriza o seu produto enganosamente. E

coisas de quejando tipo.

C o m p l e m e n t o ��� Falamos anteriormente da

"natureza ativa do inconsciente" e da sua

preponder��ncia na determina����o do pensamento

e da conduta. Vimos, a mais, que os dois n��veis

mentais se interpenetram e realizam interc��mbios.

E, ainda, referimo-nos ao controle consciente

sobre as for��as inconscientes, que at�� Freud

131

terminou por aceitar relutantemente.

Agora veremos outro lado da quest��o: o papel

do consciente sugerindo a����es futuras ao

inconsciente em favor do pr��prio indiv��duo. Diz-

se que o inconsciente, devidamente saturado de

indica����es provindas do consciente, por vontade

do agente, pode conseguir tudo o que a pessoa

deseja obter. Basta ter a capacidade de repeti-

lo diversas vezes por dia. Vejamos como fazer

tal opera����o intraps��quica.

Desenvolveram-se, neste s��culo, grandemente,

sobretudo entre os pastores protestantes norte-

americanos, t��cnicas de sugest��o consciente ao

inconsciente. Veja a explana����o dada em

"Evolu����o para o Terceiro Mil��nio", do presente

autor, da qual extra��mos o subseq��ente.

�� bem conhecida a relev��ncia m��xima do

pensamento (aliado �� vontade, ou fun����o

coordenadora dos fatores mentais e emocionais

que d�� dire����o nos processos de cura). O

pensamento �� um fluxo flu��dico gerado pela

mat��ria sutil do corpo espiritual, logo concreto

e ��s vezes vis��vel, podendo perdurar longamente

em dadas circunst��ncias. A vontade �� for��a

abstrata, imaterial, do Esp��rito, que �� o senhor

do corpo.

Ernesto Bozzano, um genial e erudito pensador

esp��rita, discorre proficientemente sobre o assunto

no seu livro intitulado "Pensamento e Vontade"

132

(Feb, 1 9 3 8 ) . Refere-se, repetidas vezes, �� "for��a

pl��stica e organizadora, inerente ao pensamento".

Afirma: "o pensamento e a vontade s �� o for��as

prodigiosas" que disp��em de "pot��ncia criadora"

e "constituem for��as plasticizantes e

organizadoras". Ambos s��o capazes de "plasmar

a mat��ria, criando tecidos". Curas r��pidas e

completas decorrem desse poder organizador

mobilizado pela s u g e s t �� o (externa e interna),

podendo a "for��a ideopl��stica" (pensamento capaz

de modelar a mat��ria) ser s u b c o n s c i e n t e

(inconsciente, prefere-se agora). Por conseq����ncia,

encerra o "pensamento subconsciente do m��dium

uma energia pl��stica e organizadora", comum a

todos. Essa subst��ncia "absorve as id��ias

nitidamente definidas", verbais ou mentais, sendo,

pois, mui sens��vel ��s sugest��es.

Declara o s��bio metapsiquista, em s��ntese final

"evidente e indiscut��vel": "o pensamento e a

vontade s��o for��as pl��sticas e organizadoras."

Por exemplo, o casal Worrall, s�� pensando em

fazer o centeio crescer mais, a 9 0 0 km de

dist��ncia conseguiu um incremento de 8 4 % .

Pode, portanto, assegurar-se o leitor de que o

poder do pensamento �� capaz de muito mais do

que t��o-s�� curar o pr��prio organismo ou faz��-

lo adoecer. A f�� e a ora����o ampliam o poder

construtivo e, ��s vezes, at�� a a����o negativa (ou

impeditiva).

Acerca da influ��ncia patog��nica do pensamento,

133

bastam breves cita����es de Andr�� Luiz e Emmanuel,

de ditados medi��nicos. Exp��e o primeiro, por

exemplo, em L i b e r t a �� �� o : "Dirija um homem a

sua vontade para a id��ia de doen��a e a mol��stia

lhe responder�� ao apelo, com todas as

caracter��sticas dos moldes estruturados pelo

p e n s a m e n t o e n f e r m i �� o , porque a sugest��o

mental positiva determina a sintonia e a

receptividade da regi��o org��nica, em conex��o

com o impulso havido, e as entidades microbianas,

que vivem e se reproduzem no campo mental

dos milh��es de pessoas que as entret��m, acorrer��o

em massa, absorvidas pelas c��lulas que as atraem,

em obedi��ncia ��s o r d e n s i n t e r i o r e s , reitera-

damente recebidas, formando no corpo a

e n f e r m i d a d e i d e a l i z a d a (ou seja, plasmada

pelo pensamento, no caso doentio ou negativo)".

Afian��a o mesmo autor, em " N o s D o m �� n i o s d a

M e d i u n i d a d e " , com respeito �� subsist��ncia de

doen��a perispiritual "alimentada pelos pensamentos

que a geraram, quando esses pensamentos

persistem depois da morte do corpo f��sico". Da��,

o trazermos os sinais dos nossos pensamentos,

atitudes, sentimentos, emo����es e obras, j�� que

o esp��rito �� obrigado a conviver com as suas

produ����es, pelo geral mal��ficas. Ao demais, em

" A �� �� o e R e a �� �� o " , revela o ilustre instrutor sobre

alguns esp��ritos dementados: "O problema �� de

natureza mental. Modifiquem as pr��prias id��ias

134

e modificar-se-��o". E segue nesse rumo...

Emmanuel, a seu turno, assevera, por exemplo,

( " P e n s a m e n t o e V i d a " , Feb, 1958), q u e "os

sintomas patol��gicos na experi��ncia comum, em

maioria esmagadora, decorrem dos reflexos

infelizes da mente sobre o ve��culo de nossas

manifesta����es, operando desajustes nos

implementos que o comp��em". E que: "O

pensamento sombrio adoece o corpo s��o e

agrava os males do corpo enfermo". Mais: "Toda

tens��o mental acarreta dist��rbios de import��ncia

no corpo f��sico... cultivar melindres e desgostos,

irrita����o e m��goa... �� intoxicar, por conta pr��pria,

a tessitura da vestimenta corp��rea... arrasando,

conseq��entemente, sangue e nervos, gl��ndulas e

v��sceras do corpo..."

Em suma, enfermidade e cura dependem da

n a t u r e z a e dire���� o do pensamento, o produto

peculiar �� mente ou esp��rito. Pensamentos

elevados, limpos e voltados para o bem: sa��de;

pensamentos inferiores, maldosos, pessimistas e

dirigidos ao mal: mol��stia. A eles, acompanham

sentimentos e emo����es proporcionados, equiva-

lentes ��� consideradas as condi����es ou causas

c��rmicas not��rias de um modo geral.

A mente pragm��tica dos norte-americanos

descobriu esse papel ambivalente do pensamento

��� mal��fico ou ben��fico para o pr��prio autor dele

��� e concebeu uma t��cnica de a u t o - a j u d a , isto

135

��, um sistema de auxiliar a si mesmo em casos

de doen��a ou em situa����es de car��ncia material

e afetiva. Baseiam-se ditos procedimentos nos

poderes das for��as inconscientes. Sugestionadas

pelo pensamento positivo associado �� f�� e, quase

sempre, �� ora����o, atuam favoravelmente sobre

a sa��de e o desempenho org��nico, o estado

mental e emocional, o relacionamento interpessoal

��� e at�� mesmo (dizem) na obten����o de bens

materiais e de c��njuges!

Tais pr��ticas derivam do imediatismo humano,

pois t��m por escopo alcan��ar resultados a c u r t o

p r a z o . Contudo, ap��iam-se no conhecimento

das propriedades do inconsciente, da sua vasta

sugestibilidade (donde a for��a do pensamento

intencionalmente dirigido para a aquisi����o de

vantagens imediatas), da sua atua����o manifesta

sobre o organismo ��� tudo ampliado pela absoluta

f�� no resultado positivo, em Deus, na sobreviv��ncia

da alma, no respeito aos princ��pios superiores,

no Evangelho e na pr��tica do bem. Quem quiser

alcan��ar o que pretende, h�� de crer no sucesso,

pensar sempre positivamente e de modo caritativo,

sugestionando o inconsciente (subconsciente,

preferiam muitos outrora) para entrar em a����o

e conseguir quanto o agente deseja. Afirmam os

escritores em tela que nunca falha tal t��cnica.

Pelo menos, como estilo de vida, norma de

comportamento, sem d��vida �� muito ��til ao

136

esp��rita pensar sempre bem e ter confian��a.

Vimos, acima, que o pensamento de doen��a atrai

enfermidade e que a vontade de sa��de atrai o

bem-estar f��sico e ps��quico. Cogitar benevolamente

dos outros e ajud��-los nada mais �� do que auxiliar

a si mesmo, conforme a lei de causa e efeito

("�� dando que se recebe").

H�� ainda que se considerar a c o n d i �� �� o p e s s o a l :

quem n��o fez o curso ginasial n��o poder��

pretender ser m��dico, pois �� imposs��vel; quem

sofre de mal cr��nico, degenerativo, n��o chegar��

a ser atleta ol��mpico. Urge solicitar socorro ao

inconsciente e �� f�� no ��mbito das possibilidades

individuais! A pretens��o ou desejo tem de ser

compat��vel com as capacidades do sujeito.

Posto isto, n��o esquecendo as naturais limita����es

impostas pelo determinismo relativo ao passado

culposo e pelo sofrimento redentor (terap��utico),

em vista da necessidade de aperfei��oar-se, o

m��todo de auto-ajuda envolve uma genu��na

transforma����o interior ou reforma moral. ��, em

s��ntese, uma pr��tica direta, subsidi��ria, de tratar

a si mesmo e de completar o tratamento esp��rita

��� que difere fundamentalmente por ocupar-se

com o progresso do esp��rito eterno, levando a

aquisi����es definitivas. O sistema do pensamento

positivo atende melhor ao materialista, que aspira

obter vantagens r��pidas e transit��rias, mas serve

tamb��m ao esp��rita, j�� que est�� temporariamente

1 3 7

encarnado. Mas, h�� que possuir vontade mui

concreta, f�� segur��ssima.

A literatura a respeito abarca muitas dezenas

de livros. Os oito seguintes, consoante a ordem

de precis��o e clareza, s��o os mais aconselh��veis:

1. J o s e p h Murphy ��� " O P o d e r d o

S u b c o n s c i e n t e " . Distrib. Record, RJ, 243 p.

Muito simples e conciso. Do mesmo escritor, ��

O P o d e r C �� s m i c o d a M e n t e , adiante citado.

2. Cou��, ��. s/d ��� " O D o m �� n i o d e S i M e s m o

p e l a A u t o - s u g e s t �� o C o n s c i e n t e " . Ediouro; RJ,

133 p.

3. Norman Vincent Peale ��� " O P o d e r d o

P e n s a m e n t o P o s i t i v o " . Ed. Cultrix, SP, 263 p .

4. Harold Sherman - " S u p e r T N T - L i b e r t e

s u a s F o r �� a s I n t e r i o r e s " . Ed. Ibrasa, SP, 279 p.

5. Claude M. Bristol ��� " A F o r �� a M �� g i c a d a

V o n t a d e " . Distrib. Record, RJ, 212 p.

6. Eudas de Figueiredo Baptista ��� " A c o n q u i s t a

d a P a x e d a S a �� d e " . Ed. do autor, RJ, 142 p.

Ele usa p a x com x!

7. Louren��o Prado ��� " A l e g r i a e T r i u n f o " . Ed.

Pensamento, SP, 157 p.

8. Lauro Trevisan ��� " O P o d e r I n f i n i t o d a s u a

M e n t e " . Liv. Ed. e Distrib. da Mente, Santa

Maria, RS, 142�� ed., 80 p.

Note o leitor que tais autores possuem de

v��rios a muitos livros e que todos t��m numerosas

edi����es (exceto o Eudas). O primeiro acima

138

mencionado, em maio de 1986 alcan��ara, no

Brasil, tanto ��xito quanto 27 edi����es; confira L.

Trevisan! Ademais, importa notar que, usando

sempre os mesmos princ��pios, supra-assinalados,

exibem peculiaridades vari��veis nos detalhes, no

modo de redigir e na sele����o do material. Por

exemplo, Peale a todo momento recomenda a

leitura da B��blia, pois �� pastor proeminente;

Bristol, ao contr��rio, �� praticamente materialista;

Sherman, Murphy e Prado mostram-se equilibrados

a respeito, enquanto Trevisan �� padre cat��lico.

Murphy parece o mais aconselh��vel.

Dos tr��s brasileiros estudados, Eudas �� um

pequeno volume escrito por um m��dico esp��rita

competente, resumido e ��til; evita assuntos

religiosos, mas menciona o essencial para uma

exist��ncia sadia e suave ��� e at�� Kardec e sua

doutrina. Prado �� esoterista, mas os princ��pios

que difunde s��o os supracitados, com pequenas

diferen��as de enfoque. Acentua haver pessoas

que "pretendem ser auxiliadas sem se colocarem

em condi����es de receber, por meio do seu

pr��prio pedido e aperfei��oamento de suas

qualidades".

Cumpre deixar claro que os autores em foco

n��o citam os seus antecessores, dando a impress��o

de que s��o originais pioneiros. No s��culo XX,

em 1933, Claude Bristol deu ��nfase, segundo

parece, aos sistemas de ajuda a si mesmo ��� que

139

designou como Ess��ncia Mental ou Ci��ncia da

Cren��a, depois ampliados por Harold Sherman,

seu seguidor.

Murphy refere-se a ocasionais experi��ncias

espirituais espont��neas; v��rias vezes conversou

com esp��ritos desencarnados, durante o sono,

recebendo informa����es para resolver problemas

s��rios neste mundo, seus e de outros. Por

exemplo, certa jovem perdera o pai e ficara sem

tost��o, mas sabendo que ele escondera ampla

soma em casa. Desesperada, telefonou para Murphy

pedindo ajuda para encontrar o dinheiro.

Na mesma noite ele sonhou com um homem

que lhe dizia: "Levante-se e escreva isto: voc��

vai ver minha filha Anne amanh��". Murphy

tomou de uma folha de papel e escreveu o

ditado do esp��rito, revelando minuciosamente o

esconderijo do dinheiro e dando outras

informa����es a respeito.

Comenta o citado autor e pastor: "Estou

absolutamente convencido de que foi a

personalidade do pai dela que, sobrevivendo ��

chamada morte, me deu as instru����es que

explicavam detalhadamente em que lugar da casa

estava escondida grande soma." Agrega o mesmo

que a mo��a tinha, no inconsciente, conhecimento

do fato, mas que n��o sabia comunicar-se com

ele e alcan��ar os dados necess��rios. Confira "O

Poder C��smico da Mente", Record, 1965.

140

Foi dito, antes, que os m��todos de auto-ajuda

se baseiam no conhecimento das propriedades

do inconsciente, da sua enorme sugestibilidade,

da sua evidente a����o sobre as fun����es org��nicas,

tudo ampliado pela f�� nos poderes supremos e

no sucesso do empreendimento. Mediante a

repeti����o continuada de uma ordem consciente

ao inconsciente, alcan��a-se (crendo-se na efici��ncia

do processo) o que se pretende conseguir, pois

ele cuidar�� de operar no sentido proposto.

Agora devemos recorrer a ��mile Cou��, que

parece ter sido o primeiro a tratar de quejanda

quest��o, por volta de 1912. Sua t��cnica consiste

em mandar ordens conscientes ao inconsciente,

as quais funcionam como auto-sugest��o. A frase-

padr��o desse autor ��: "Cada dia, em todos os

sentidos, vou cada vez melhor". Isto repetido,

pela manh�� e �� noite, umas 20 vezes �� o

suficiente para instruir o inconsciente de como

agir; mas que seja feito em voz aud��vel e com

a mente desprevenida, sem for��ar a vontade.

Afirma Cou�� que os resultados s��o completos!

�� importante observar que dito autor declara

vigorosamente que o esp��rito humano �� dominado

n��o pela vontade, como todo mundo pensa, mas

pela i m a g i n a �� �� o . Quando ocorre antagonismo

entre ambas, sempre vence esta ��ltima. E ele

exemplifica bem a situa����o conflitiva. Chega ao

ponto de asseverar taxativamente que imagina����o

141

�� sin��nimo de inconsciente! Diz ele: "o poder

enorme da imagina����o, ou por outra, do

inconsciente, na sua luta contra a vontade". Por

isso, a vontade n��o deve interferir no curso da

auto-sugest��o; esta deve ser uma recita����o

maquinal, sem esfor��o algum.

O b s . ��� Afinal, o leitor deve estar a par da

necessidade de empenhar-se no pr��prio tratamento.

Consoante obtemperava Andr�� Luiz

( " M i s s i o n �� r i o s d a L u z " ) : "apenas o doente

convertido voluntariamente em m �� d i c o d e s i

m e s m o atinge a cura positiva".

A p �� n d i c e ��� O que se adianta n��o poderia

ser ignorado neste contexto.

Em conex��o com o supradito, Ney Prieto

Peres, um engenheiro paulista t��o ilustrado quanto

bondoso, que �� autor esp��rita de renome, publicou

um ��til "guia para a realiza����o do auto-

aprimoramento com base na doutrina dos esp��ritos"

( " M a n u a l Pr��tico d o Esp��rita", Ed. Pensamento,

1984). �� importante ressaltar que ele prop��e a

a u t o - s u g e s t �� o como t��cnica para fortalecer a

vontade quando se trata de lutar contra v��cios

e defeitos. Manda, por exemplo, repetir, ao

longo do dia, frases como estas: "tenho uma

vontade firme e realizadora" e "abandonarei o

cigarro decididamente". Explica que somos

facilmente sugestion��veis pelos outros e que

podemos igualmente nos sugestionar a n��s mesmos

142

por meio da repeti����o, a qual, ao cabo, "provoca

a realiza����o da a����o que lhe corresponde (ao

pensamento emitido)". E, ainda, indica a ora����o

como recurso complementar, capaz de atrair o

aux��lio superior para a "sustenta����o dos nossos

prop��sitos". Eis a�� um excelente emprego das

construtivas for��as ��ntimas sob a dire����o do

pensamento consciente (sugest��o repetida) e

ampliadas pela sintonia com o Alto, ou seja, com

o poder espiritual.

Nota c o n c l u s i v a ��� George Meek, um

pesquisador conhecido das curas medi��nicas, diz

("As Curas Paranormais, Ed. Pensamento, 1977):

o paciente precisa compreender que ele m e s m o

produziu a doen��a em si, que os seus pensamentos

e emo����es abriram caminho para a doen��a, a

disfun����o celular. Depois, desejar ardentemente

curar-se, isto ��, manter tal id��ias no c o n s c i e n t e

e, a seguir, no inconsciente (mediante a sugest��o

pela repeti����o). Urge extrair do i n c o n s c i e n t e a

id��ia da enfermidade e atulh��-lo de pensamentos

de sa��de. Agora, nutrir f�� na cura e no Poder

Superior. Pensamentos e emo����es inferiores ou

negativos (ambi����o, avareza, inveja, maledic��ncia,

ci��me, ��dio, medo, frustra����o, ansiedade alta)

conduzem a uma sa��de prec��ria. E preciso

substitu��-los por outros de fraternidade, solidarie-

dade, compaix��o, bondade, generosidade, altru��s-

mo, para afastar as mol��stias som��ticas e ps��quicas.

143

Como Andr�� Luiz, proclama: "Basicamente,

toda cura �� uma autocura". Cada indiv��duo tem

de ser o seu pr��prio m��dico!

Ir ao m��dico �� necess��rio, mas h�� que remover

a c a u s a e corrigi-la por retorno ao modo de

pensar correto ��� para uma cura definitiva.

Mesmo em casos de c��ncer adiantado, as

emo����es e pensamentos da pessoa podem ser

utilizados de maneira positiva (construtiva) para

restaurar a sa��de, que os mesmos, postos em

fun����o negativamente (destrutivamente), lesaram

anteriormente.

N o t a ��� Eis uma quest��o em que o Espiritismo

entra em franca oposi����o �� Psican��lise. Muito ao

contr��rio das cogita����es freudianas, que

enfatizavam fortemente a influ��ncia perniciosa

das dificuldades experimentadas na inf��ncia, que

teriam um efeito terrivelmente traum��tico sobre

a alma infantil, diz-nos coisa bem diferente a

doutrina esp��rita; mais tarde, no adulto,

responderiam semelhantes les��es mentais pelos

dist��rbios neur��ticos (e at�� psic��ticos), t��o

comuns na humanidade atual. Andr�� Luiz, em

v��rios livros, op��e-se a tal concep����o, afirmando

que os problemas derivados de condi����es ��speras

de vida s��o rem��dios que curar��o os esp��ritos

faltosos e viciosos. Medicamentos amargos, mas

providenciais. Por exemplo, em " O b r e i r o s d a

144

V i d a E t e r n a " , afirma: "O que quase sempre

parece sofrimento e tenta����o constitui b e m -

aventuran��a transformando situa����es para o b e m

e para a felicidade eterna". Em " A �� �� o e R e a �� �� o " ,

afian��a: "A reencarna����o retificadora, isto ��, a

interna����o na carne em condi����es penosas,

surge por alternativa inevit��vel. Ser�� preciso

renascer, suportando os obst��culos tremendos

oriundos da desarmonia perispir��tica criada por

n��s mesmos". J�� em " N o s D o m �� n i o s d a

M e d i u n i d a d e " , informa: "A experi��ncia no corpo

de carne, em posi����o dif��cil, �� semelhante a um

choque de longa dura����o, em que a alma ��

convidada a restabelecer-se".

Os esp��ritos quase sempre t��m de encarar "face

a face o imperativo do renascimento dif��cil no

mundo, passando a trabalhar aqui laboriosamente,

vencendo ��bices terr��veis e superando tempestades

de toda sorte", para implantarem em suas almas

os v a l o r e s m o r a i s de que n��o prescindem. Da��

procede o imenso n��mero de miser��veis, famintos

e doentes: s��o esp��ritos falidos em tratamento pela

reencarna����o sob condi����es duras de vida ��� o

contr��rio da conceitua����o freudiana a respeito dos

traumas infantis.

145





ALGO SOBRE ANSIEDADE


A nsiedade corresponde ao que se designa

comumente como a n g �� s t i a ou a f l i �� �� o .

�� sentida como o p r e s s �� o p r �� - c o r d i a l ,

isto ��, uma esp��cie de aperto mais ou menos

intenso sobre a ��rea do cora����o. Mas, atinge o

organismo globalmente, determinando sinais como,

por exemplo, diarr��ia, mic����o, falta de apetite,

fadiga e palidez. �� particularmente importante a

a����o sobre a atividade mental, produzindo forte

sentimento de desamparo e impot��ncia e tornando

o paciente desinteressado de sua vida, possu��do

de grau vari��vel de depress��o.

Essa modalidade surge em certa fase da vida

de muitas pessoas e mant��m estreita liga����o com

as neuroses. Todavia, o que nos interessa �� o

tipo mais comum, cuja dura����o �� curta e

intensidade menor, que assume a forma de

aborrecimento, preocupa����o, sempre que um

i m p u l s o nos leva a agir de maneira reprov��vel

perante nossa pr��pria consci��ncia; a auto-

reprova����o, a sensa����o de culpa, mesmo mal

1 4 6

definida, acompanha-se de certo grau de ansiedade

em seguida ao impulso, o que tamb��m acontece

quando um destes faz press��o demorada para

obter gratifica����o (levar �� atividade). Tal �� o caso

do desejo sexual voltado para pessoa inadequada,

o desejo de poder, de obter certa posi����o, e t c .

Nem sempre tem-se no����o da exist��ncia da

ansiedade, pois, poder�� ocultar-se de v��rias

maneiras (por exemplo: proje����o e recalque);

talvez exteriorize-se como ira, suspei����o, depress��o,

impot��ncia sexual, v��rias formas de fobias, e t c .

A fim de compreend��-la melhor, deve-se comparar

a ansiedade ao m e d o (temor), com o qual exibe

patente afinidade ��� tendo ambos a mesma

significa����o de r e a �� �� o a o p e r i g o . O medo ��

uma rea����o a um perigo externo, objetivo; a.

ansiedade o �� a um perigo interno, subjetivo e.

portanto, desconhecido.. �� algo como um aviso,

um s i n a l d e a l a r m e , solicitando defesa.

Inicialmente, Freud sup��s que a ansiedade

fosse simplesmente uma rea����o fisiol��gica ��

frustra����o ou satisfa����o incompleta do orgasmo.

Em 1926, formulou teoria radicalmente diversa,

a qual se tornou o n��cleo dos trabalhos posteriores.

For��as existentes no ��ntimo da pessoa amea��am

suas rela����es com o mundo exterior; for��as

procedentes do id (instintos) e do superego

(no����es morais) p��em em perigo o ego

pretendendo obrig��-lo a cometer atos inaceit��veis

147

perante os padr��es sociais de comportamento.

Gera-se, pois, um combate intra-ps��quico entre

o senso moral e os impulsos primitivos, e isto

sobretudo na infancia, quando fixa-se o modelo

de futuras rea����es ansiosas.

Quando, mais tarde, uma situa����o semelhante

surge, a ansiedade emerge como advert��ncia

para que as defesas do ego entrem em a����o. Tal

concep����o foi elaborada ulteriormente at�� as

id��ias atuais.

�� bem verdade que impulsos p��em em risco,

com exagerada freq����ncia, as rela����es inter-

humanas; o sujeito estar�� amea��ado de perder

amizades, posi����es, etc., e at�� mesmo a liberdade.

Julga-se que a ansiedade desponta sempre que

um impulso acarretar o perigo de subverter a

rela����o com pessoas significantes, ou seja, amea��ar

a seguran��a do paciente. Para Freud, o perigo

produtor de ang��stia residiria na perda do controle

dos instintos de vida e de morte, caso em que

n��o seria poss��vel manter posi����o segura na

sociedade. Agora pensa-se que a grande maioria

das press��es internas perigosas promanam da

h o s t i l i d a d e , que �� uma rea����o �� f r u s t r a �� �� o . ��

certo que, no curso da exist��ncia humana,

potencialidades pessoais s��o frustradas pela

oposi����o do meio social; em resposta, surgem

ressentimento e hostilidade, r e c a l c a d o s tamb��m

por imposi����o da sociedade, que n��o aceita

1 4 8

manifesta����es ostensivas desse tipo. Semelhante

for��a interior �� reputada ser poderosa e estar

fazendo press��o no sentido de manifestar-se

externamente; ora, em sucedendo isto, haveria

s��rios preju��zos, em mat��ria de afei����o e aprova����o,

para a personalidade ��� donde a ansiedade ante

o perigo de que realmente suceda. Em suma, a

amea��a seria produzida por p r e s s �� e s c u l t u r a i s ,

a come��ar na fase infantil em vista das atitudes

inibit��rias dos pais e educadores.

Assim, quando um forte impulso persegue-

nos, intensa ou tenazmente, amea��ando nossa

tranq��ilidade (mesmo sem percep����o n��tida),

poder�� gerar ansiedade. H�� concord��ncia geral

quanto ao papel da h o s t i l i d a d e r e p r i m i d a ,

desencadeada pela oposi����o ou frustra����o derivada

da atua����o de outras pessoas, visto que a c��lera

aberta n��o �� geralmente tolerada.

Sabemos que certa dose de impedimento, de

oposi����o aos nossos desejos e intuitos, e x i s t e

s e m p r e em qualquer situa����o que, na vida,

envolva interesses alheios. Tal �� inevit��vel e nem

sempre, �� claro, origina conflitos ��ntimos, que

dependem do grau de equil��brio ps��quico.

A n��s parece de todo evidente que a ansiedade

�� produto da luta ��ntima (conflito) entre tend��ncias

e desejos inferiores que, ao assomarem �� consci��ncia

para entrar em atividade, se chocam com as no����es

que comp��em o senso moral; n��o havendo este,

1 4 9

a pessoa �� insens��vel, "fria", indiferente, etc.. Por

outras palavras, o que est�� em foco s��o impulsos

inaceit��veis, cujo efeito seria d o l o r o s o ,

desagrad��vel, para o esp��rito. N��o �� tanto o perigo

de estragar rela����es com pessoas significativas,

mas �� o a s p e c t o propriamente m o r a l que est�� em

pauta. Quando se sofre em face da perspectiva de

ofender outro, havendo luta ��ntima contra tens��es

impulsivas ansiosas, geradas sobretudo por pessoas

que funcionam como e s t �� m u l o s constantes, o que

cria o problema mental �� o s e n s o m o r a l . S��o os

sentimentos de altru��smo e dever, s��o as aspira����es

de eleva����o espiritual, etc.., que d��o origem ao

sofrimento interior. Pensa-se mais na derrota moral

do que na seguran��a; preocupa sobretudo o que

parece uma injusti��a contra o pr��ximo, embora

seja este a causa imediata do fen��meno.

Quanto �� origem da hostilidade, para n��s esta

n��o prov��m pura e simplesmente dos obst��culos

colocados no caminho de algu��m. Para n��o

poucos, tais ��bices n��o constituem problemas e

podem mesmo nem sequer ser objeto de aten����o

especial; para aquele que fixa sua aten����o num

i d e a l s u p e r i o r , eles s��o irrelevantes e n��o

conduzem a qualquer dose de frustra����o ��� pois

h�� mais de uma maneira de conduzir-se perante

os mundos f��sicos e social. A frustra����o e

conseq��ente ressentimento ocorrem naqueles

que s��o c o m p e t i d o r e s , que aspiram conseguir

1 5 0

vantagens a qualquer pre��o, que pensam primeiro

em si mesmos. Em esp��ritos deste tipo, rea����es

col��ricas mostram-se f��ceis pelo fato de neles

existir previamente certa dose de hostilidade. E

isto porque s��o seres pouco evolu��dos, demasiado

apegados ao brilho da mat��ria; a�� a frustra����o

nutre a hostilidade. Informa Emmanuel ( " R o t e i r o " )

que milh��es de homens conservam ainda

"avan��ados patrim��nios de animalidade", em

vista de abrigarem "impulsos de crueldade".

Conforme o mecanismo dos impulsos, exposto

antecedentemente, uma situa����o interpessoal de

vida anterior pode ser reativada por nova situa����o

hom��loga. Uma palavra ou uma cena trazem ao

consciente uma chispa impulsiva, uma emo����o

violenta capaz de desencadear uma atividade

aliviadora qualquer. Nesses casos freq��entes,

verdadeiras provas para o esp��rito, sem d��vida

a hostilidade estar�� presente, segundo a natureza

da experi��ncia pr��via. Como h�� uma multid��o

destas, adquiridas em v��rias exist��ncias, a

conclus��o dos psicanalistas modernos acerca do

papel do ressentimento (c��lera interiorizada) ��

correta; mas, num sentido diferente: a hostilidade

n��o poderia se originar numa curta e muitas

vezes insignificante exist��ncia humana, havendo

necessidade de introduzir o conhecimento da

reencarna����o (ali��s, como sempre).

151

Compreende-se tamb��m que a ansiedade, com

sensa����o de fracasso e de culpa, tome conta do

esp��rito sem ter nada que ver com o precedente.

J�� se fez refer��ncia a isso sob o t��tulo de

impulsos. A amea��a de invas��o do consciente

pelos compromissos e deveres n��o cumpridos,

cuja no����o estava recalcada, acarreta angustioso

sofrimento, tanto maior quanto mais sens��vel seja

o esp��rito.

Como e v i t a r a a n s i e d a d e ? Sabido que a

ansiedade gera isolamento emocional, levando a

pessoa, que tanto precisa de confian��a e apoio,

a n��o poder confiar em ningu��m, dando-se que

procura prote����o e afei����o e n��o os consegue

aceitar, v��rios expedientes desenvolvem-se para

evit��-la e para fugir dela. Karen Horney indica

os seguintes procedimentos postos em pr��tica

pelos amea��ados de ang��stia com o fito de

afastar o estado ansioso. Mediante a racionaliza����o

a ansiedade �� transformada num medo racional

como, por exemplo, uma fobia (medo de ficar

s��, de quarto fechado, do escuro, de que os

filhos corram perigo, e t c ) . Pela nega����o

inconsciente ela permanece fora da percep����o

consciente, s�� aparecendo alguns sintomas, como

tremores, suores, v��mito, diarr��ia, intranq��ilidade,

e t c . A nega����o consciente pode determinar uma

decis��o tendente a super��-la; �� o caso da pessoa

cuja ansiedade se acentuaria no escuro e que

152

resolve dormir com a l��mpada apagada; s��

desaparece o temor da escurid��o. Narcotizar a

ansiedade poder�� consistir em usar ��lcool ou

drogas estupefacientes, ou em comer demais; em

desenvolver intensa atividade de car��ter

cumpulsivo, seja social, seja no trabalho; e em

promiscuidade sexual. Uma quarta maneira reside

em evitar pensamentos, sentimentos e situa����es

capazes de evocarem o seu aparecimento; est��

em foco aqui a inibi����o ��� incapacidade para

fazer, sentir ou pensar determinadas coisas, cuja

fun����o �� impedir que ela apare��a, caso tais coisas

fossem tentadas; uma jovem sente-se ansiosa por

julgar-se feia e acaba convicta de que n��o gosta

de festas: evitando a situa����o temerosa afasta a

ang��stia de sentir-se menosprezada (por ela

mesmo); muitos recusam-se a falar em p��blico

pela mesma raz��o.

Instalada a ansiedade e sendo uma sensa����o

dificilmente suport��vel, o indiv��duo procurar��

escapar dela. Os seguintes recursos s��o

mencionados por Horney, os quais inter-relacionam-

se, refor��am-se e entram em choque criando

conflitos. Tais recursos j�� s��o tidos como

penetrando na faixa da anormalidade e merecem

da autora citada a denomina����o de tend��ncias

neur��ticas. Seguem-se os principais, considerados

como tra��os permanentes do car��ter.

153

B u s c a d e a f e i �� �� o . Como o indiv��duo teme

desagradar e receber desaprova����o, fazendo o

que pode para evit��-lo, e sente grande necessidade

de afei����o ou pelo menos companhia, n��o suporta

estar s��, procurando contacto constante com

outros e garantia de amizade. Por isso, em geral

�� pouco exigente na escolha dos companheiros,

visto que est�� na depend��ncia emocional de

algu��m (o que explica muitos casos de sexualidade

mal conduzida). A despeito disso, �� comum que

ele n��o consiga manter nenhuma amizade s��lida,

em face das pr��prias defici��ncias afetivas. Na

neurose franca, a exig��ncia de amor ��

incondicional, pois o doente �� insaci��vel ��� muito

embora seja incapaz de amar algu��m. Contudo,

impulsos agressivos est��o presentes em estado

de repress��o.

B u s c a d o p o d e r . Andam juntos os desejos de

adquirir poder, prest��gio e riqueza (posses) sem

que sejam encarados como anomalia ps��quica.

No caso em exame, contudo, o desejo de

dom��nio brota da ansiedade, da hostilidade e da

sensa����o de inferioridade, pelo que poder�� ser

fren��tico; julga-se que, possuindo poder, ningu��m

molestar��. �� a ��nsia de poder, que leva a inflar

a personalidade. H�� v��rias modalidades: querer

ter sempre raz��o, n��o ceder nunca nas opini��es

expressas; humilhar outros; despojar o pr��ximo

de suas posses; cobi��a, inveja e avareza; esp��rito

154

de competi����o, mesmo contra quem n��o compete;

querer ser o primeiro em tudo, e t c . O resultado

�� a frustra����o inevit��vel: "�� a presa entregue nas

garras do atormentador conflito interno."

S u b m i s s �� o . Nesta solu����o, a pessoa, mediante

uma atitude sempre d��cil, submete-se a u m a

autoridade qualquer ou recalca suas exig��ncias

e afasta a possibilidade de ressentimento,

acreditando n��o poder ser molestada. N��o

desaparecem os impulsos agressivos, reprimidos,

que vez por outra podem eclodir subitamente,

surpreendendo os amigos e colegas habituados

�� atitude mansa do indiv��duo.

R e n �� n c i a . Renunciando ao contacto com o

pr��ximo, atrav��s da conquista de uma situa����o

independente com respeito ��s pr��prias

necessidades, a pessoa pode-se divorciar emocio-

nalmente dos semelhantes e crer-se imune a

qualquer aborrecimento.

Lan��ando m��o desses recursos, todos desviados

da normalidade (na qual o ajustamento �� flex��vel

e indolor), �� poss��vel fugir �� ansiedade ��� se o

ambiente n��o oferecer novos conflitos. Estima

Horney que eles fornecem "uma satisfa����o

secund��ria"; por exemplo, um indiv��duo submisso

ao seu chefe encontra certa compensa����o no

trato mais ameno que lhe �� dispensado (embora

sem a considera����o merecida por outro mais

independente e dotado de iniciativa). �� bom

155

observar que atividades defensivas como as citadas

geram empobrecimento da personalidade, entra-

vada que est�� no seu desenvolvimento. E que s��o

basicamente inconscientes: o sujeito n��o percebe

como �� nem como se comporta; se lhe chamarmos

a aten����o, ficar�� admirado ou aborrecido.

Medidas do tipo mencionado recebem outras

interpreta����es nas m��os de E. Fromm, por exemplo.

Tal deve-se ao ponto de vista em que se coloca

o autor. Para n��s, tudo n��o passa de defici��ncias

espirituais geradas pela atua����o volunt��ria, em

vidas anteriores, no curso das quais outras pessoas

foram seriamente prejudicadas. N��o se trata de

evolu����o incompleta, inexperi��ncia vital, mas de

desvios do bem no rumo do mal ��� acompanhados

de acumula����o de d��vidas perante a Lei. Pela

pr��tica do mal, certos centros ps��quicos sofrem

desorganiza����o ou vicia����o e entram a funcionar

desarmonicamente; mais ainda, esp��ritos mal��volos

e/ou vingativos descarregam a�� sua hostilidade

sob a forma de vibra����es de ��dio. Renascendo,

j�� sem as antigas disposi����es malfazejas, at�� certo

ponto reformado e desejoso de reequilibrar-se, o

esp��rito traz essas anomalias funcionais e o ser

encarnado apresenta comportamento estranho

em um ou alguns setores; s�� o tempo e a pr��tica

do bem poder��o operar a cura.

A busca ansiosa de afeto e a submiss��o parecem

significar forte desejo de relacionamento

156

interpessoal, o qual, contudo, durante muito

tempo transcorre anormalmente ��� mesmo em

grau leve e desapercebido de todos. A pessoa n��o

consegue rela����es humanas equilibradas e procura

afanosamente o contacto com outros; isto poder��.

ser uma causa de promiscuidade sexual: facilitar

a satisfa����o de uma pessoa cuja intimidade ��

desejada (muitos casos de "sem-vergonhice" n��o

passam da busca de companhia e aten����o, movida

pela ansiedade). A busca de poder e a ren��ncia

sugerem forte ego��smo, pelo que se d�� o afastamento

do pr��ximo; portanto, estas duas condi����es s��o

piores do que as duas primeiras.

Em todos os casos, a ansiedade, produto de

conduta err��nea, �� uma rea����o salutar que,

como toda forma de sofrimento, leva a perseguir

solu����o para o mal espiritual; a Lei encarrega-

se de reunir as pessoas certas para isso. Em

conclus��o, mais de uma condi����o profunda acha-

se envolvida nessa quest��o e a defesa contra

a ansiedade n��o pode explicar t��o bem condutas

t��o diversas quanto a orienta����o mal��fica em

vida anterior. V��-se com nitidez isto em se

tratando de crian��as muito pequenas (como, por

exemplo, 1 ano) e que s��o fundamente ansiosas

por afei����o, procurando cont��nua e desespera-

damente a companhia de pessoas ��� quaisquer

pessoas; elas, �� ��bvio, n��o puderam acumular

hostilidade, para n��o falar daquelas que, desde

157

o dia do nascimento, s�� receberam amor e, no

entanto, n��o suportam ficar sozinhas alguns

minutos (gritam sem parar); ainda mesmo gozando

de companhia emitem gritos freq��entes, sem

choro, cujo objetivo �� chamar a aten����o, ��

solicitar carinho, nunca estando saciadas.

Afinal de contas, tanto o Espiritismo quanto

a Psican��lise situam a origem das perturba����es

mentais no passado, com a diferen��a de que o

primeiro leva-as mais longe mostrando que n��mero

muito maior de experi��ncias e materiais est��o

envolvidos; que valem alguns anos de inf��ncia

em face de uma longa vida de sofrimentos? Isto

faria do homem simples v��tima inocente dos seus

maldosos instintos e pais; Horney, por��m, destaca

bem a responsabilidade do doente na g��nese de

suas pr��prias dificuldades neur��ticas, com o que

concorda plenamente a doutrina esp��rita.

Conflitos b��sicos. As tend��ncias neur��ticas,

dadas como mecanismos defensivos contra a

ansiedade, podem-se combinar com refor��o m��tuo

e orientar a atitude b��sica do indiv��duo perante

a vida. Tr��s atitudes s��o reconhecidas por Horney:

1) movimento na dire����o das pessoas; 2)

movimento para longe das pessoas; 3) movimento

contra as pessoas. Em se tratando de atitudes

incompat��veis, conquanto haja uma dominante,

sua presen��a numa pessoa gera o chamado

conflito b��sico. Cada um daqueles movimentos

1 5 8

predominantes, ou modos de enfrentar o ambiente,

permite circunscrever um tipo de personalidade.

O primeiro �� o tipo c o m p l a c e n t e , sempre

em busca de aten����o, considera����o, aplauso e

aprova����o; precisa de pessoas sobre as quais

possa apoiar-se para compensar suas fraquezas

��ntimas; subordina-se facilmente e avalia-se pelas

atitudes dos demais. Os impulsos agressivos

est��o recalcados como defesa contra a hostilidade

alheia. Tal sujei����o e docilidade n��o significam,

de forma alguma, amor ou bondade, mas uma

solu����o provis��ria para limita����es interiores.

O segundo �� o tipo agressivo, bem conhecido

de todos, que considera o mundo hostil e a vida

amargura cont��nua; da�� solucionar seus problemas

internos pela ��nsia de controlar os circunstantes.

A maneira de conseguir seus objetivos varia

segundo seu modo de ser e suas tend��ncias em

choque, mas procurar�� sempre estar acima dos

outros, rebaixando a estes. A�� entram a esperteza,

a ast��cia, e t c . , que podem realmente, n��o

havendo excessos, levar �� efici��ncia na "luta pela

vida" (luta para escapar �� ansiedade dolorosa).

Tende a recalcar afei����o, simpatia, etc., como

"fraquezas" ou coisas rid��culas.

O terceiro �� o tipo indiferente, que se

caracteriza pela necessidade de afastar-se de seus

irm��os. xN��o quer contacto pr��ximo com ningu��m,

suportando mal o envolvimento em situa����es

1 5 9

interpessoais. A intimidade �� fonte de ansiedade

insuport��vel. Segue-se da�� que pessoas desse tipo

procuram a auto-sufici��ncia, inclusive restringindo

suas necessidades, de modo a pouco recorrerem

ao aux��lio externo. Para suportar o isolamento

que se imp��em, �� preciso que se sintam superiores.

Muitos s��o talentosos e alcan��am importantes

realiza����es nos planos intelectual e art��stico,

visto n��o entrarem em competi����o com outros.

Todavia, sua condi����o �� anormal e os torna

fr��geis, desamparados, quando surge uma situa����o

dif��cil, da qual s�� h�� fugir, esconder-se. \S��o

comuns per��odos de agressividade e a ��nsia de

afeto cont��nua, bem como o desejo de dom��nio

umas em estado de repress��o, inaparente.

Vejamos as s o l u �� �� e s encontradas. As

personalidades deficientes supra consideradas

tentam, inconscientemente como costuma suceder

em casos semelhantes, iludir suas angustiantes

condi����es ��ntimas de v��rias maneiras, das quais

duas merecem destaque; elas permitem n e g a r

a e x i s t �� n c i a de conflitos.

A primeira �� a idealiza����o do eu. A constitui����o

de uma i m a g e m idealizada de si mesmo consiste

em crer-se dono de uma personalidade diferente

da real, em parte fict��cia. Conforme certas

caracter��sticas daquela, o indiv��duo edifica, para

seu uso, uma i m a g e m ilus��ria, que cont��m

elementos verdadeiros arranjados e misturados

1 6 0

com outros irreais de maneira artificial. Um formar��

de sua pessoa a imagem de um s��bio ou mestre,

pontificando tolices com absoluta seguran��a e

nada produzindo; outro, a de um santo, pregando

eleva����o e procurando poder e prest��gio; outro,

a de um sujeito muito esperto, a quem ningu��m

engana conquanto n��o passe de um med��ocre;

outro, a de um galante conquistador de bel��ssimas

damas; e assim por diante.

O mau aspecto do neg��cio �� que o pr��prio

n��o percebe o que diz e faz; mais ainda: n��o

nota a rea����o dos que o conhecem e avaliam

bem suas "mentiras e farolagens". Ostenta

qualidades que n��o possui ou s�� tem em rudimento,

mas nada consegue exibir em mat��ria de

realiza����es. Da�� s�� enganar ��queles que t��m

escasso conhecimento dele e em certos casos

n��o poucos males decorrem disso. Tudo isso

torna o sujeito, para quem a imagem idealizada

�� a realidade, vulner��vel, afastado que est�� do

verdadeiro eu; precisa de afirma����o e

reconhecimento, pelo que uma observa����o ou

a����o desfavor��vel desencadeia grande sofrimento;

disso deriva ficar a realidade cada vez mais dif��cil

de suportar, pelo que ele se torna perfeccionista,

vol��vel, irrespons��vel ou derrotista.

Pela exterioriza����o o sujeito atribui ao mundo

externo suas dificuldades de car��ter. Ele foge de

si mesmo projetando-as; os fatores ambientais

161

passam a ser responsabilizados por suas faltas e

sentimentos inadequados. Tudo �� motivo de

perturba����o: o ministro, o diretor, as grandes

na����es, os colegas, fulano, o servi��o p��blico, a

pol��cia, etc.. Todavia, os problemas est��o d e n t r o

d e l e m e s m o ; por exemplo, quando declara que

"fulano est�� com raiva dele", �� ele que est�� mal

satisfeito consigo mesmo e projeta o sentimento,

sobre o pr��ximo.

Para outros, entre os quais se incluem muitos

de alto valor intelectual, s�� resta o a f a s t a m e n t o .

�� viver num determinado ambiente emocional-

mente desligado dos companheiros: nada quer

deles e nada pretende dar-lhes; apenas n��o quer

aproxima����o. Uma resposta t��pica �� esta: "isso

�� problema seu; n��o tenho nada com isso."

�� de toda conveni��ncia e justi��a acentuar

fortemente que, afora os casos extremos, menos

comuns, as pessoas inclu��das nas formula����es

justa-explanadas n��o s��o nem mal��ficas nem

in��teis. Ao_contr��rio, quase sempre h�� nelas um

l a d o b o m em destaque, ao lado de um setor

an��malo, o qual responde pelo comportamento

fora do habitual. Muitas s��o bondosas, chegando

a serem "cacetes", tal a ��nsia de fazer amizade

e servir mil coisas para agradar. H�� os que, por

exemplo, tendo necessidade de afeto e vivendo

solit��rios, adotam crian��as, etc., etc.. A necessidade

de nova orienta����o na vida presente leva-os a

162

procurar o bem poss��vel, dentro de suas limita����es.

Mas, �� certo que, vez por outra, topamos com

um extremo desagrad��vel, que pede paci��ncia.

Formam freq��entemente grupos com seres

semelhantes, grupos que, dentro de uma comu-

nidade, destacam-se como foco de complica����es

e aborrecimentos.

Coment��rio final. Horney e Fromm, dois

eminentes expoentes da escola cultural de

psicanalistas, p��em em destaque que o fator

m o r a l se acha na origem e desenvolvimento dos

dist��rbios ps��quicos que tratam sob o nome

gen��rico de neuroses. (Tudo quanto foi exposto

acima, com refer��ncia �� ansiedade, est�� eviden-

temente na ��rea ��tica e diz respeito, especi-

ficamente, �� atua����o pessoal no cap��tulo das

r e l a �� �� e s humanas; por isso, o conceito de

��tica n��o pode fugir ao aspecto inter-humano.

Quando o esp��rito acumula desobedi��ncia �� Lei

Divina, exposta no Evangelho, no que tange ao

respeito a seus irm��os ��� condena-se a, mais

tarde, encontrar s��rias dificuldades quanto ao

r e l a c i o n a m e n t o . Desejando reformar-se, torna-

se ansioso por amizade e apoio, mas n��o consegue

receb��-los em vista das perturba����es que gerou

em si mesmo; procura afanosamente e sofre por

n��o poder aceitar o de que tanto precisa. Nao

estando ainda nesse ponto, n��o sendo capaz de

identificar a causa de seus problemas mentais,

163

procurar�� outras solu����es para obter relacio-

namento ou buscar�� o afastamento completo; no

primeiro caso, mant��m liga����es emocionais com

os outros, desviadas da normalidade; no segundo,

desliga o circuito afetivo e fecha-se dentro de

si pr��prio. De qualquer sorte, o que temos nas

tend��ncias neur��ticas e na ansiedade, �� o e s p i r i t o

f a l t o s o , que seguiu rumo mal��fico no passado

e que agora sofre a terr��vel sensa����o de isolamento;

estando no meio de uma multid��o, acha-se

completamente solit��rio porque n��o pode p��r

em pr��tica a �� n i c a m a n e i r a produtiva d e

relacionar-se: a solidariedade e a coopera����o. O

relacionamento de solidariedade e coopera����o ��

o caminho certo para uma vida tranq��ila e

frut��fera. O Evangelho �� o c��digo divino que o

ensina com aquela simplicidade que traz o selo

da veracidade. Mas, como descobrir e praticar

essa terap��utica ��nica? Eis o magno problema

que s�� a Lei sabe encaminhar criando situa����es

e provas adequadas. A n��s, compete ajudar

oportunamente.

N��o deixa de ser enormemente significativa

a circunst��ncia de a Psican��lise moderna considerar

t o d o s os tipos descritos ��� em geral encarados

como normais pela sociedade, que at�� estimula

algumas de suas tend��ncias ��� como envolvidos

em n e u r o s e s , ou seja, e n f e r m o s . Significativo

�� o fato porque os mentores espirituais n��o

164

ensinam no����o divergente: para eles, todo aquele

que voluntariamente se entrega ao mau proceder,

atingindo o pr��ximo, �� deveras um d o e n t e e

enfermi��o permanecer�� por muito tempo.

Compreende-se agora a raz��o pela qual o estimado

Emmanuel declara, repetidamente, que a massa

dos homens civilizados �� composta de e s p �� r i t o s

f a l i d o s , que agora lutam angustiosamente com

as conseq����ncias do passado culposo; informa

ele ( " O C o n s o l a d o r " ) que a maioria dos homens

se encontra em l u t a s e x p i a t �� r i a s , lembrando

algu��m que se esforce por alijar de si o pr��prio

cad��ver, representado pelo passado repleto de

culpas. Todo o trabalho da Espiritualidade �� no

sentido de propiciar esclarecimentos acerca das

mazelas humanas, cuja c a u s a e s s e n c i a l �� n i c a

�� o afastamento da Lei, que prescreve seja a

conduta humana baseada no "n��o fa��a aos outros

o que n��o quer que lhe fa��am" ��� isto �� "num

dos mais fundamentais princ��pios da ��tica" (E.

Fromm).

���

165

RAZ��O E F��

Tem-se falado da prolongada luta entre

raz��o e f�� (Ci��ncia e Religi��o). Hoje, h��

os que negam qualquer significa����o �� f��

e os que negam o valor da raz��o, isto ��,

propugnam ainda a f�� cega na "palavra de Deus".

Os primeiros s�� confiam nas pr��prias opini��es,

no julgamento da Ci��ncia, etc.; os segundos, por

exemplo, vivem lendo e recitando o Velho

Testamento. Compreenda-se que n��o estamos

criticando os que se conduzem assim em se

tratando de uma c o n v i c �� �� o p e s s o a l ��� que lhes

�� l��cito manter sem qualquer constrangimento ���

e muito especialmente se acompanhada de obras

de aux��lio ao pr��ximo. O mundo precisa de

solidariedade humana, venha donde vier, e �� por

meio dela que o esp��rito se eleva. A coisa,

por��m, muda de figura quando o sujeito procura

submeter outros ��� t��o livres e filhos de Deus

quanto ele ��� ��s suas id��ias.

Essas p o s i �� �� e s extremadas, conquanto

admiss��veis no ��mbito privado, n��o se mostraram

166

nunca ��teis ao discernimento espiritual. Assim

como o dever �� fundamental para a m o r a l ,

tamb��m a f�� o �� para a religi��o esclarecida; e

ambos caminham lado a lado. Contudo, o t e m p o

da f�� cega passou h�� muito. N��o basta ao homem

moderno a f �� i s o l a d a , a menos que mantenha

a mente fixada no passado; todo fan��tico est��

repleto de f��, todo supersticioso est�� cheio de

f�� naquilo que teme. Ela h�� de ser aprovada pela

raz��o e basear-se em m o t i v o s i n t e l i g e n t e s . O

conhecimento cria condi����es para o desenvol-

vimento da f��: esta, sem conte��do intelectual,

�� pura abstra����o, uma forma vazia. Assim formulou

o pensador Boutroux (1924) a quest��o, q u e

Kardec coloca nos seguintes termos: �� f��, uma

base se faz necess��ria e essa base �� a i n t e l i g �� n c i a

p e r f e i t a daquilo em que se tem de crer. Para

crer, n��o basta ver, �� preciso, sobretudo,

c o m p r e e n d e r . A f�� cega j�� n��o �� para este

s��culo (XIX)" ( " O E v a n g e l h o s e g u n d o o

E s p i r i t i s m o " ) . E estamos no s��culo XX! Neste,

o homem acata e entende o que lhe �� apresentado

conforme a ��ndole da Ci��ncia, mesmo pouco

sabendo dela, porque ela representa a dire����o

do pensamento moderno na busca da verdade.

Ao inv��s de ignorar a Ci��ncia e a Raz��o, o que

conv��m �� assimilar a primeira o melhor poss��vel

e assegurar �� segunda todo o desenvolvimento

que possa comportar; assim, a f�� ser�� ampliada

167

e sustentada. E isto porque "longe de perder, as

id��ias religiosas engrandecem-se com a C i �� n c i a .

A Religi��o ser�� sempre forte quando marchar de

acordo com a Ci��ncia, porque estar�� ligada ��

parte esclarecida da popula����o" (Kardec, R e v i s t a

E s p �� r i t a , 3, 1860).

Toda a atividade investigadora atual gira em

torno do m �� t o d o e x p e r i m e n t a l , o ��nico v��lido

na pesquisa cient��fica. Isto n��o quer dizer que

n��o haja outras maneiras de obter conhecimento;

significa que �� a ��nica maneira de conseguir

r e p r o d u t i b i l i d a d e , isto ��, ter a seguran��a de

poder reverificar sempre o que for oportuno ou

necess��rio: um dado (ou verdade) experimental

pode ser confirmado em qualquer lugar do

mundo quantas vezes se queira; n��o sendo uma

afirmativa gratuita, pode ser repetido �� vontade

at�� que todos os detalhes sejam bem conhecidos.

Uma "verdade filos��fica" �� simplesmente u m a

assertiva pessoal, sem fundamento na realidade.

A investiga����o ps��quica, o estudo experimental

dos fen��menos ditos p a r a n o r m a i s , provou que

o m��todo cient��fico se ajusta perfeitamente a

objetivos religiosos. Desse labor saiu o conhe-

cimento do esp��rito como e n t i d a d e d i s t i n t a do

corpo e que pode atuar por conta pr��pria.

Temos a�� um n o v o n �� v e l de conhecimento que,

por ser superior, n��o se casa com os anacronismos

religiosos medievais; ele exigiria a desist��ncia

1 6 8

das posi����es de mando e de privil��gios arcaicos:

todo ser humano tem um esp��rito essencialmente

igual, cuja origem e destino s��o um s��; o que

varia �� o grau de adiantamento alcan��ado na

evolu����o ao longo do tempo.

N��o nos venham, pois, os "pensadores" apontar

falhas e impropriedades no m��todo experimental.

Isto em nada ir�� alterar o que a�� est�� �� nossa

vista: os resultados te��ricos e pr��ticos, que

usamos em todos os minutos da vida di��ria.

Al��m disso, j�� o observava Comte, o m��todo s��

pode ser avaliado e examinado em conex��o com

a pesquisa �� qual se destina; abstratamente

considerado, n��o ultrapassa vagas generalidades.

Empregando somente a imagina����o, sem o contacto

freq��ente com os problemas do m��todo direta-

mente aplicado a qualquer quest��o positiva, n��o

�� poss��vel mais do que divagar em torno dos

processos empregados pelos cientistas. �� que a

experimenta����o apresenta mil faces e nuances

conforme o objetivo e o material em investiga����o.

Portanto, deixemos de lado os que teimam na

obsoleta mania de analisar intelectualmente o

que n��o conhecem pragmaticamente.

At�� o s��culo passado, as duplas intelig��ncia-

ci��ncia e sentimento-religi��o pareciam atributos

incompat��veis e irreconcili��veis perante a raz��o

humana. Cientistas e religiosos afiguravam-se

empenhados em cavar um abismo cada vez mais

169

fundo entre elas. De 1857 em diante, para quem

estiverem condi����es de reconhec��-lo, o Espiritismo,

realizando verdadeira s �� n t e s e d o c o n h e c i m e n t o ,

funde-as num corpo unit��rio de doutrina por meio

da pesquisa espiritual. Tal opera����o conceptual

tem sido confirmada at�� nossos dias, inclusive fora

do Espiritismo, como, por exemplo, em A G r a n d e

S �� n t e s e , de P. Ubaldi.

Kardec ( R . Esp��rita, 7, 1864, p. 202, e 11,

1868, p. 351-360) declara que as leis da Natureza

fazem parte da Lei de Deus e que, por isso, h��

duas classes de Ci��ncia: Ci��ncia da mat��ria e do

esp��rito, afirmando (idem 10, 1867, p. 102) que

"as leis morais e as leis da Ci��ncia s��o leis

divinas." Mais tarde, Geley ( 1 9 5 8 ) e Ubaldi

(1950) reconhecem expressamente o fato, como

antes fizera Delanne em suas obras cient��ficas.

Tal foi a raz��o de Kardec afirmar: "O Espiritismo

e a Ci��ncia completam-se reciprocamente; a

Ci��ncia, sem o Espiritismo, acha-se na impos-

sibilidade de explicar certos fen��menos s�� pelas

leis da mat��ria; ao Espiritismo, sem a Ci��ncia,

faltariam apoio e comprova����o. O estudo das leis

da mat��ria tinha que preceder o da espiritualidade,

porque a mat��ria �� que primeiro fere os sentidos.

Se o Espiritismo tivesse vindo antes das descobertas

cient��ficas, teria abortado, como tudo quanto

surge antes do tempo."

170

Muitas vezes ele aborda as rela����es e n t r e

Espiritismo e Ci��ncia. Queria deixar b e m c l a r o

o seu pensamento a respeito. Chegou a afirmar

taxativamente ( R . E s p �� r i t a , 12, 1869, p , 193):

"a filosofia esp��rita admite todas as c o n c l u s �� e s

r a c i o n a i s da Ci��ncia" e depois (ibidem 7, 1864,

p. 202): "Repudiar a Ci��ncia ��, pois, repudiar

as leis da Natureza e, por isto mesmo, r e n e g a r

a o b r a d e D e u s . Se fosse imposs��vel o acordo

entre a Ci��ncia e a Religi��o, n �� o h a v e r i a

r e l i g i �� o p o s s �� v e l . Proclamamos altamente a

possibilidade desse acordo porque, e m n o s s a

o p i n i �� o , a Ci��ncia e a Religi��o s��o irm��s para

maior gl��ria de Deus..." E, contudo, a maioria

dos religiosos, esp��ritas inclusive, resolveu, por

conta pr��pria, que o homem pode fazer algo

contra a Divina Vontade... Se a Ci��ncia existe e

tanto incrementa-se, �� porque Deus o permite

e ela, c o m o t u d o o m a i s n a C r i a �� �� o , tem u m

papel a desempenhar. Ter��o, vejamos um exemplo

grosseiro, os bord��is e outros antros um papel

a desempenhar? �� claro: l�� esp��ritos viciados

encontram satisfa����o para suas necessidades

doentias e deixam em paz ambientes melhores,

onde, ent��o, esp��ritos mais qualificados podem

atuar sem a perturbadora presen��a daqueles...

Eles s��o produtos de um baixo n��vel evolutivo,

que a Terra ainda admite.

171

Allan Kardec vai al��m e no " O E v a n g e l h o

s e g u n d o o E s p i r i t i s m o " afirma: "A Ci��ncia e

a Religi��o s��o as duas alavancas da intelig��ncia

humana: uma revela as leis do mundo material

e a outra as do mundo moral, tendo, no entanto,

umas e outras (as leis) o m e s m o p r i n c �� p i o :

Deus, raz��o porque n��o se podem contradizer."

Nas " O b r a s P �� s t u m a s " , declara que o Espiritismo

"n��o repudia nenhuma descoberta cient��fica,

dado que a Ci��ncia �� a colet��nea das leis da

Natureza e que, sendo de Deus essas leis,

r e p u d i a r a C i �� n c i a fora r e p u d i a r a o b r a d e

D e u s " . Agrega a�� mesmo: "Nenhuma cren��a

religiosa, por lhes ser contr��ria, pode infirmar

os fatos que a Ci��ncia comprova de modo

perempt��rio". Emmanuel ( " R o t e i r o " ) , recen-

temente, assim se manifesta: "Uma e outra se

completam no processo de evolu����o de t o d a s

a s a l m a s para o Criador e para a perfei����o de

Sua obra". E acrescenta, mais tarde: "Os laborat��rios

s��o templos em que a intelig��ncia �� concitada

ao servi��o de Deus..."

Eis o resultado dessa luta injustific��vel entre

Ci��ncia e Religi��o, nas palavras de Andr�� Luiz

( " N o M u n d o M a i o r " ) . A Ci��ncia, diz ele, �� uma

"��rvore gigantesca"; a religi��o, uma "erva raqu��tica

a definhar no solo". Enquanto a primeira �� um

o r g a n i s m o , a segunda acha-se subdividida em

numerosos ��rg��os isolados, a maioria dos quais

172

d�� combate uns aos outros, todos empenhados

em conquistar hegemonia mundana; ��rg��os

doentios, portanto. Bem, isto n��o faz mal porque

religi��o, para n��s, s�� pode ser uma e x p e r i �� n c i a

i n t e r i o r e p e s s o a l , sem atos exteriores obriga-

t��rios e sem influ��ncias impositivas.

Atualmente n��o �� poss��vel, muito mais do que

na ��poca de Kardec, ignorar a Ci��ncia em

nenhuma cogita����o intelectual, em vista de impor-

se ela como uma "evid��ncia irresist��vel" (Boutroux)

e de haver conquistado magna parte da consci��ncia

humana. Isto �� compreens��vel em vista dos seus

sucessos em explicar a Natureza e em favorecer

a vida do homem. T��o grande e fecunda tem sido

a sua participa����o em modelar as interpreta����es

que damos �� circunst��ncia, na qual vivemos

mergulhados, que apagou as contribui����es de

outras fontes, mais antigas. Devemos observar

que h�� pelo menos tr��s pontes de liga����o ou

pontos de contacto entre a Ci��ncia e a Religi��o

(conforme entendemo-la agora).

A primeira s��o as muitas vezes citadas Meta-

ps��quica e Parapsicologia. Estas ci��ncias, demons-

trando a exist��ncia do esp��rito como entidade

distinta do corpo e dotada de atributos pr��prios,

nem por isso embara��am o cientista e o religioso:

eles colocam-nas num compartimento cerebral

estanque, sem comunica����o com os outros setores

mentais, de modo que o racioc��nio n��o se deixa

173

influenciar por elas e continua impregnado apenas

do conhecimento material. Mas, por via de regra,

limitam-se a ignor��-las ou a combat��-las com

unhas e dentes (��s vezes, interpretam-nas

soezmente).

A segunda ponte �� a t e o r i a d a e v o l u �� �� o ,

enormemente desenvolvida pela Ci��ncia e parte

integrante do Espiritismo. J�� em 1908, Denis ( " O

P r o b l e m a d o S e r , d o D e s t i n o e d a D o r " )

reconhecia que "a evolu����o gradual e progressiva

�� a lei fundamental da natureza e da vida. �� a

raz��o de ser do homem, a norma do Universo".

Delanne fez amplo uso desse conceito, declarando

que o transformismo segundo Darwin se prestava

muito bem aos fins que tinha em vista. Informa-

nos claramente aquela teoria que seres e coisas

mudam ou podem mudar em algumas de suas

manifesta����es ou mesmo no conjunto de suas

maneiras de ser. Nada �� imut��vel, fixo ou

perfeito neste mundo, antes tudo caminha para

crescente aperfei��oamento, logo para Deus, que

�� a perfei����o. Assim como, para a Ci��ncia, a

esp��cie biol��gica �� uma f a s e no curso da

evolu����o o r g �� n i c a , para o Espiritismo o homem

�� uma f a s e do curso da evolu����o e s p i r i t u a l .

Quando o meio modifica-se, diz a Ci��ncia, os

seres vivos ou evoluem ou desaparecem: a vida

s�� pode se manter com aux��lio do meio onde

transcorre; portanto, o ajustamento �� indispens��vel

174



e isto significa mudar. Como �� evidente que o

mundo onde o homem vive tem mudado

muit��ssimo, a mente humana n��o poderia escapar

�� lei universal e, pois, modifica-se constantemente.

Pretender permanecer escravizado a velhas

f��rmulas ou posi����es superadas pode ser compreen-

s��vel como h��bito espiritual, mas inevitavelmente

acarreta estagna����o: o esp��rito atrasa-se e apequena-

se, fica murcho ou endurecido. Isso, contudo,

�� admiss��vel quando a pessoa o faz por sua

pr��pria vontade, usando a liberdade de escolha

pessoal, e sem procurar i n f l u e n c i a r o s s e u s

s e m e l h a n t e s para que se retardem com ela.

A terceira liga����o entre Ci��ncia e Espiritismo

�� a teoria da unidade da mat��ria e da energia,

a qual leva a considerar corpo e esp��rito

(perisp��rito) como formas distintas de um mesmo

princ��pio ou subst��ncia(*).

Em suma, o homem moderno n��o pode escapar

da maneira cient��fica de conhecer a cota de

(*) Nota da Editora: Felic��ssimo o autor, sen��o vejamos:

Kardec se refere aos elementos gerais do Universo

considerando o esp��rito como sendo o "princ��pio inteligente

do Universo" em contraposi����o ao outro elemento, o

material. �� alguma cousa, dizem os companheiros, pois

cousa nenhuma �� o nada e o nada n��o existe.

Sob novo enfoque, considera-o a individualiza����o do

princ��pio inteligente que habita o Universo. Cada esp��rito

assim o ��. Seria mais exato dizer deles que s��o incorp��reos

175





verdade que lhe foi reservada; pode, como se

v�� comumente, ignor��-la e situar-se mentalmente

numa posi����o retr��grada, numa ��poca de espessa

ignor��ncia ��� se isso lhe apraz e se limita a faz��-

lo a si mesmo.

Por outro lado, o esp��rito humano n��o ��

constitu��do somente de intelig��ncia, que a Ci��ncia

instrui. Tamb��m inclui o sentimento, ao qual se

liga a f��, a r e l i g i �� o i n t e r i o r . Por isso, n��o t e m

cabimento separar radicalmente raz��o de

afetividade. Um dos mais eminentes cientistas,

Pr��mio Nobel de Fisiologia, Charles Richet

reconhecia, em 1937, que "a Ci��ncia �� c o n d i �� �� o

n e c e s s �� r i a para a felicidade humana, mas n��o

�� c o n d i �� �� o s u f i c i e n t e " . E acrescentava: "a

felicidade do homem depende dos progressos

cient��ficos", como �� not��rio, mas "n��o consiste

unicamente no conhecimento das coisas, nem

t��o pouco no seu emprego utilit��rio. �� preciso

mais do que isso: uma esp��cie de o r d e m m o r a l ,

a no����o de solidariedade e de fraternidade

(sendo uma cria����o h��o de ser alguma cousa) ��� "0 Livro

dos Esp��ritos".

Desde que o espirito �� alguma coisa, tamb��m o

perisptrito o ��, por mais forte raz��o: mat��ria quintessenciada,

campo energ��tico estruturado...

A Ci��ncia avan��a e encontra o Espiritismo apenas

aguardando a formula����o da linguagem que esclare��a as

suas afirma����es.

1 7 6

humanas". �� bem de ver, conseq��entemente,

que o cientista n��o �� t��o frio e indiferente

quanto muitos julgam; n��o s��o poucos os que

se manifestaram sobre quest��es desse tipo.

Como vimos, a f�� precisa da aprova����o da

raz��o para ser consciente e l��cida. Por sua vez,

a moral, desde a sua funda����o nas m��os de

S��crates, conforme se nota, foi uma atividade

mental racional. A distin����o entre o bem e o mal

cabe �� intelig��ncia; escolhendo um desses dois

caminhos, o sujeito deve procurar saber o que

est�� fazendo. Ora, sabemos que o progresso

espiritual �� duplo: intelectual e moral. Sucede,

por��m, que o segundo decorre do primeiro, mas

n �� o o segue imediatamente. Da�� haver homens

de elevada intelectualidade e de moralidade

med��ocre; por n��o serem simult��neos, numas

vidas avan��a-se em cultura e noutras em

moralidade. Afinal, intelecto e moral acabar��o

por entrar em equil��brio, visto o progresso

intelectual ampliar a compreens��o do bem e do

mal e conduzir ao progresso moral.

Compreende-se, em conclus��o, porque os

mentores de Allan Kardec responderam: "Sem

d��vida... nenhum conhecimento �� in��til" ��

pergunta dele referente �� utilidade dos

conhecimentos cient��ficos materiais ( O L i v r o

d o s Esp��ritos). E porque o pr��prio Codificador

1 7 7

exclamou: "F�� inabal��vel �� somente aquela que

pode encarar a raz��o face a face, em todas as

etapas da Humanidade".

R a z �� o e n �� v e l m o r a l . Do antecedente,

sugerimos ao leitor tirar a conclus��o de que

Submiss��o t o t a l cabe somente a Deus, no

��ntimo, pois a Sua Lei destina o ser humano ��

perfei����o e felicidade. Aos homens �� conveniente

obedecer, sem d��vida, visto precisar o mundo

de ordem e disciplina para funcionar harmonio-

samente. Mas, n �� o cegamente, com abandono

da livre decis��o racional e, por isso, sem respon-

sabilidade; o inferior deve reconhecer a superio-

ridade dos que se lhe situam acima na escala

evolutiva e cumprir as ordena����es da sociedade

onde nasceu, cresceu e vive. Tal atitude �� a

��nica ben��fica ao progresso do esp��rito.

O livreto-j��ia "Pequenos e Grandes Proble-

mas", de autoria de Angel Aguarod, que examina

essa quest��o em sentido esp��rita, pergunta se "n��o

�� uma indignidade abdicar o homem de sua raz��o

e entregar-se cegamente �� dire����o de outro" ��� a

quem muitas vezes n��o conhece nem por fora; e

"para que deu o Criador ao Esp��rito a raz��o, se este

devesse abdicar dela para deixar que outros homens,

t a n t o o u m a i s fal��veis d o que e l e , por ele

pensassem e por ele raciocinassem?"

Ora, a obedi��ncia desse tipo n��o passa de um

atentado �� raz��o, de uma infra����o �� Lei de Deus.

178

Esta ordena que cada um desenvolva a pr��pria

capacidade racional, sem o que n��o haver��

progresso espiritual por falta de discernimento

e de compreens��o. Afirma o livrinho: n �� o quer

a Lei que "os Esp��ritos andem cegos pelo mundo,

tapando os olhos da raz��o para se deixarem guiar

por terceiros". Funestos s��o os resultados da

sujei����o indiscriminada a outrem, tanto para o

submetido quanto para o dominador ��� porquanto,

afiguram-se d o i s c e g o s , um conduzindo o outro,

e ambos cometer��o desatinos, caindo no p o �� o

da expia����o e da repara����o.

Foi sempre um sonho acalentado, que continua

bem vivo, o de governar a vida do pr��ximo,

tirando-lhe a iniciativa, o direito de aprender

errando e obrigando-o a uma obedi��ncia absoluta.

A velha moral religiosa est�� impregnada de

a u t o r i d a d e i r r a c i o n a l , que exige submiss��o

completa. Isto funcionou enquanto a mente

humana era incapaz de compreender o mundo,

a vida e o esp��rito por falta de conhecimentos;

e funciona hoje ainda nos que criaram necessidades

enfermi��as e t��m a mente obstru��da por elas. O

esp��rito cr��tico, que avultou com a Ci��ncia,

acabou derrubando, na torrente negativista, t o d o s

o s v a l o r e s h u m a n o s , porque contrap��s a eles

valores contradit��rios.

Esta exagerada revis��o de valores teve pelo

menos a vantagem de p��r em destaque o fato

1 7 9

b��sico de que o N��VEL MORAL �� peculiar ao

i n d i v �� d u o quando consegue usar a PR��PRIA

RAZ��O para analisar c o i s a s e s i t u a �� �� e s ��� e,

fazendo-o, declara-se, perante si mesmo, i n s a t i s -

f e i t o : ent��o, procura no����es e princ��pios

s u p e r i o r e s aos do meio social no qual se

movimenta. Aprende a respeitar as pessoas e

institui����es do seu ambiente, mas passa a conduzir-

se, n a �� r e a p e s s o a l , pelo que descobriu ser

V��LIDO acima das leis, conven����es, tradi����es e

costumes da sociedade.

Eis, portanto, que a raz��o, faculdade de

compreender, serve para elevar o indiv��duo a um

n��vel superior ao das cogita����es puramente

materiais, circunstanciais, conduzindo-o ��

autodetermina����o.

1 8 0



RELIGI��O

altou dizer ao leitor o q u e s e d e v e

entender por f �� e r e l i g i �� o i n t e r i o r (ou

sentimento religioso), acima mencionadas.

Pode-se reconhecer dois aspectos nas religi��es:

1) o e x t e r i o r , composto de ritos, credos e

institui����es; 2) o i n t e r i o r , constitu��do de uma

experi��ncia exclusivamente pessoal. Para muita

gente, religi��o �� apenas imita����o ou ato social

ou convencional; elas refletem o meio em que

vivem e as influ��ncias que sofrem. Noutras

condi����es, teriam as mesmas maneiras de sentir

e crer, mas com o r i e n t a �� �� o d i f e r e n t e , inclusive

sem car��ter religioso; durante a Idade M��dia, por

exemplo, os homens estavam sempre rezando

nas igrejas nos intervalos das habituais pelejas

em que viviam metidos: o of��cio religioso era um

h��bito secularmente imposto �� for��a. Nas almas

onde realmente existe, a religi��o denota um

valor singular, peculiar, atribu��do pela consci��ncia

e n��o pela imagina����o; por outras palavras: ��

i n t e r i o r . Conforme o grau de evolu����o dessas

181

almas, poder�� haver necessidade de pr��ticas

externas ou estas serem dispensadas.

Nas manifesta����es religiosas rudimentares, este

elemento interior, subjetivo, �� pouco significativo.

Por��m, vai-se tornando cada vez mais

preponderante �� medida que o esp��rito vive e

assimila experi��ncias de car��ter moral. O Evangelho

destaca o valor da disposi����o ��ntima, cuja falta

significa aus��ncia de religiosidade em sentido

mais elevado. Diz-nos mesmo que "a letra mata

e o esp��rito vivifica", querendo expressar que

n��o �� na forma, mas na c o m p r e e n s �� o , que

reside o valor da experi��ncia religiosa interna.

Tanto mais interna quanto mais exige r e n o v a �� �� o

m o r a l do sujeito; sem essa, a pr��tica religiosa

n��o ultrapassa o n��vel material, em nada

conseguindo modificar o indiv��duo para melhor.

Religi��o interior ou sentimento religioso �� o

reconhecimento de, e a consequente submiss��o

a, um Poder Supremo extraterreno. Este poder,

naturalmente, �� Deus e Seus delegados (conforme

a capacidade de identifica����o do homem): Jesus

e as v��rias categorias de esp��ritos superiores

("anjos", e t c ) . A consci��ncia religiosa objetiva

alcan��ar a conformidade com a Vontade Divina,

expressa na Lei, atrav��s da vontade pessoal instru��da

pelo conhecimento e posta em a����o. Assim define

Emmanuel ("Roteiro"): "A religi��o �� o sentimento

divino que prende o homem ao Criador".

182

A f�� �� a confian��a nesse poder. A prece �� uma

declara����o de confian��a e de submiss��o consciente,

pelo que estabelece contacto entre criatura e

Criador, entre disc��pulo e Mestre. Al��m disso, o

estado de confian��a gera "certa aten����o favor��vel"

(A. Luiz) que permite receptividade aos aux��lios

dos Poderes do Alto. Sem tal estado, s��o dif��ceis

recolhimento e respeito e sem estes n��o h��

receptividade, caso em que fica prejudicado

qualquer aux��lio prestado pelo Alto. N��o

esque��amos, contudo, que, em virtude da evolu����o,

os homens s��o essencialmente diversificados,

raz��o da capacidade de compreender variar

muito, nenhuma explica����o ou concep����o jamais

sendo v��lida para todos eles e seu comportamento

mostrar-se divergente.

Sobre que base assenta uma f�� leg��tima?

Segundo Boutroux ( 1 9 2 4 ) , conhecido pensador

franc��s, toda f�� c o n s c i e n t e repousa, saiba-se ou

n��o, no sentimento do dever. Crer �� afirmar algo

resolutamente (sem necessidade de enunciados

p��blicos) e a raz��o, como vimos, exige um

motivo para isso, encontrado no senso do dever.

Assim, a mola oculta da f�� seria o dever, o que

significa que n��o pode haver genu��na religi��o

sem moralidade desenvolvida: as duas formas de

consci��ncia, a moral e a religiosa, caminham

lado a lado ao longo do tempo; da�� ser a doutrina

de Jesus ��tico-religiosa. O pr��prio dever �� uma

183

forma de f��; desaparece quando imposto ou

aceito por raz��es pr��ticas; �� uma for��a viva e

fecunda, que leva a intelig��ncia a conceber e a

gerar. �� interessante notar que semelhante

concep����o j�� se encontra, desde 1874, exposta

em " R o m a e o E v a n g e l h o " , de Jos�� Amigo Y

Pellicer, num ditado medi��nico. Explica o autor

espiritual: "A religi��o ��, por conseq����ncia, progres-

siva; e a melhor das religi��es �� a que melhor

promove o cumprimento do dever. O dever ��,

pois, a religi��o".

Como o esp��rito, que tanto se apega aos bens

terrenos e tanto aprecia os prazeres mundanos,

chega a guiar-se por no����es imponder��veis como

f�� e dever?

�� que pela longa viv��ncia de experi��ncias, em

m��ltiplas exist��ncias na carne, cujos resultados

s��o assimilados e conservados em forma de

aptid��o, e pela acumula����o de conhecimentos,

desenvolve-se um estado especial, dito de

m a t u r a �� �� o i n t e r i o r (ou maturidade do senso

moral, como prefere Kardec). Este caracteriza-

se por uma receptividade cada vez maior ��s

no����es superiores. Do grau de amadurecimento

interno procedem moralidade e religiosidade,

vari��veis segundo o tempo e a intensidade

vivencial com a consci��ncia desperta. Disto

deriva que o sentimento religioso �� de exclusivo

i n t e r e s s e p e s s o a l e ser�� diferente em cada

184

homem conforme o grau de compreens��o

alcan��ado. Esta matura����o surge como um novo

centro ps��quico ��� o superconsciente, no qual vai

crescendo o ideal superior. Compreende-se que

pessoas de grande conhecimento e intelig��ncia

freq��entemente n��o sejam religiosas e at�� detestem

a religi��o; o seu consciente �� muito amplo, mas

o superconsciente acha-se imaturo, isto ��,

desprovido de suficiente n��mero de experi��ncias

bem assimiladas. Mediante tais considera����es ��

compreens��vel que a convic����o n��o possa s e r

imposta; �� in��til ou mesmo contraproducente

aborrecer o pr��ximo com longos serm��es sobre

assuntos que n��o est�� nele entender; chegado

o momento, ele mesmo procurar�� e "quem

procura, acha": esse ser�� o momento de intervir

a favor dele, esclarecendo-o.

Por que ser�� que um n��mero imenso de

homens prefere o materialismo, mesmo sem

conhec��-lo racionalmente (isto ��, s��o materialistas

pr��ticos), ou t��m, no m��ximo, uma vaga cren��a

numa imortalidade imprecisa, incolor, indefinida

e at�� fantasiosa?

Em se tratando de pessoas inteligentes e

cultivadas, como nota Kardec ("Revista Esp��rita",

12, 1869), o principal motivo �� o pavor da

responsabilidade fora da lei humana. D��-se ampla

prefer��ncia �� cren��a de que o homem �� um

mecanismo sem responsabilidade por seus atos:

185

pode fazer o que melhor lhe pare��a ou mais

agrade. Provar positivamente, com fatos vis��veis,

a imortalidade �� mostrar a responsabilidade e

restringir a liberdade desordenada ��� logo, ��

perturbar o tranq��ilo gozo dos prazeres irrestritos.

"A perspectiva da responsabilidade fora da lei

humana �� o mais poderoso elemento moralizador",

diz o mesmo autor. Encontramos pessoas que:

1) concordam apressadamente com tudo para

encerrar logo o assunto; 2) negam tudo

peremptoriamente; 3) n��o tendo coragem de

negar, declaram que precisam "viver em paz" ou

"gozar a vida enquanto podem".

�� que ainda n��o chegou a hora da g r a n d e o p �� �� o

para eles. Quando suas experi��ncias (muitas vezes

dolorosas) forem suficientes, entrar��o na trilha que

Deus riscou para todos os seus filhos. At�� l��,

deixemo-los em paz, nas m��os do Pai.





Bibliografia


Andr�� Luiz, Denis, Emmanuel, Kardec e Ubaldi

��� citados no texto.

Boutroux, E. 1924 ��� Sciencia e Religi��o na

Philosophia Contempor��nea. Livraria Garnier, RJ,





371 p.


Comte, A. 1907 ��� Cours de Philosophie Positive,

vol. 1. Schleicher Fr��res ed. Paris, 410 p.

Geley, G. 1958 ��� Resumo da Doutrina Esp��rita.

Ed. Lake, SP, 2�� ed., 194 p.

1 8 6

Richet, C. 1937 - O Homem de Ci��ncia. Trad.

Portuguesa, A. Amado, Coimbra, 188 p.

Delanne, G. 1952 ��� A Evolu����o An��mica, Feb, RJ,





285 p.


187




O QUE �� E O QUE

SIGNIFICA A MAT��RIA

empre houve pensadores que consideraram

a mat��ria ��� aquilo que podemos tocar,

sentir e manejar, e que ocupa lugar no

espa��o ��� como eterna e indestrut��vel, capaz de

explicar todos os fen��menos existentes, inclusive

os mentais, mediante as m��ltiplas transforma����es

por que passa. Outros pensadores, tamb��m desde

a Antig��idade, julgam que, al��m dela, h�� um

princ��pio mais importante, de natureza imponde-

r��vel, ao qual chamam e s p �� r i t o , cuja natureza

seria totalmente diversa. �� o que o Espiritismo

nos indica, mas acrescenta um processo b��sico

de transforma����o, a evolu����o, referente a ambos

(e n��o s�� �� mat��ria, como o faz a Ci��ncia).

Estudemos a constitui����o da mat��ria com o

fito de apreender o seu verdadeiro significado

e valor. Interessa-nos particularmente a teoria de

Rutherford & Bohr sobre a estrutura do ��tomo,

a qual oferece um modelo relativamente mec��nico

(embora em grande extens��o din��mico) e por

isso mais f��cil de compreender; �� conveniente,

188

por��m, indicar as modifica����es mais recentes

nas concep����es f��sicas relativas ao ��tomo. Antes

dessa empresa, devemos ficar sabendo o que ��

o materialismo, de que tanto se fala e que tanto

se combate.

O m a t e r i a l i s m o

Consideremos o materialismo do s��culo 19 e

do primeiro quartel do s��culo 20, que �� o

materialismo cient��fico cl��ssico. Teremos que

ouvir as opini��es de s��bios pensadores como L.

B��chner, E. Littr��, E. Ilaeckel, J. Huxley, que se

incluem entre os mais eminentes, e Lenine, o

chefe da revolu����o russa de 1917, introdutora

do comunismo na R��ssia; este acabou

completamente na terra de origem em 1991.

O materialismo �� uma doutrina filos��fica q u e

explica todos os fatos do universo em termos

de mat��ria e movimento e que, em particular,

considera os processos ps��quicos oriundos de

modifica����es f��sicas e qu��micas do sistema nervoso.

O seu oposto �� o i d e a l i s m o , que declara a

mente superior e nega �� mat��ria poder para

explic��-la; e o espiritualismo, em sentido mais

espec��fico, que se baseia no princ��pio acima

apontado sob o t��tulo de esp��rito. Para o

materialismo, a vida depende do corpo, o

pensamento �� uma fun����o do c��rebro e a alma

189

apenas a soma dos processos mentais dependentes

de altera����es f��sico-qu��micas. Logo, a decomposi����o

do corpo acarreta a cessa����o da consci��ncia. O

chamado m e c a n i c i s m o �� quase a mesma coisa,

apenas diferindo por acentuar a determina����o

essencial dos fen��menos naturais pelas leis da

materia e do movimento, ou seja, leis mec��nicas;

em geral, serviu para combater outros sistemas

de id��ias, sobretudo o Vitalismo e a Teologia,

que lan��am m��o de entidades metaf��sicas,

extramateriais.

Para o materialismo cient��fico, o postulado

fundamental �� a e t e r n i d a d e d a m a t �� r i a , isto ��,

que ela n��o teve origem e n��o ter�� fim. Todas

as observa����es s�� demonstram, afirma,

transforma����es na natureza: nada se cria, tudo

nasce de algo preexistente. Ap��s dissolu����o,

tudo volta a tomar parte em outras combina����es.

A mat��ria �� a realidade objetiva, existindo

independentemente do nosso conhecimento; o

que importa s��o as suas propriedades f��sicas,

como impenetrabilidade e in��rcia, j�� que ferem

os sentidos e provocam a percep����o. Atributo

essencial da mat��ria �� o m o v i m e n t o : qualquer

mudan��a de forma e de qualidade, �� propriedade

eterna. N��o h�� for��a sem mat��ria, nem mat��ria

sem for��a ��� n��o h�� luz, h�� corpos luminosos.

B��chner acrescenta que os ��tomos s��o imortais

e imut��veis; contudo, confessa nada conhecer

1 9 0

sobre ��tomos e que "nada se sabe da ess��ncia

da mat��ria".

Em suma, a mat��ria existe e move-se desde

a eternidade, evoluindo ascendentemente e criando

formas e qualidades novas, esclarece Lenine. A

vida e a consci��ncia apareceram logo que a

mat��ria, no curso da evolu����o, atingiu grau

adequado de organiza����o. Portanto, primeiramente

surgiu o organismo e depois o esp��rito como seu

produto. S��bios poderosos como Huxley e B.

Russel pensam assim ainda no s��culo atual, al��m

de B��chner, Haeckel e muitos outros no s��culo

anterior. F��sico e ps��quico s��o dois aspectos da

mesma realidade concreta. Por isso, afian��a

B��chner que o pensamento �� um movimento

"das subst��ncias dispostas no c��rebro de forma

determinada", podendo-se mesmo dizer "que a

mat��ria pensa", tal como acha Huxley neste

s��culo. Ao demais, as leis naturais, por imut��veis,

independem de quaisquer influ��ncias exteriores.

Tudo o que acontece no universo se rege por

leis invari��veis e externas. Nada de deuses e

esp��ritos. O destino humano �� o destino da

natureza, resultante de causas e rela����es materiais.

Afirma B��chner: "A imortalidade ou conserva����o

da mat��ria �� hoje em dia um fato adquirido para

a Ci��ncia e que j�� n��o se pode negar." Conforme

veremos, a Ci��ncia destruiu a base f��sica do

materialismo cient��fico, depois de 1925, demons-

191

trando que a realidade da mat��ria �� mais aparente

do que genu��na, por ser devida ao movimento

das part��culas infra-at��micas; suspenso esse

movimento, ela desfazer-se-ia imediatamente. E

provou que ela �� essencialmente vazia, em vista

da imensa dist��ncia existente entre o n��cleo e

as ��rbitas eletr��nicas. E mais, que a mat��ria ��

mortal, transit��ria e destrut��vel, mediante a

desintegra����o espont��nea (morte natural) e

provocada do ��tomo. Da�� dizer o materialista B.

Russel que a mat��ria perdeu a solidez e "transfor-

mou-se num mero fantasma assombrando o cen��rio

de seu antigo esplendor", depois das descobertas

cient��ficas deste s��culo.

Perdendo, posto isto, a estrutura fundamental

sobre a qual se assentava ��� por que persiste o

materialismo?

A raz��o repousa no fato de considerar-se o

materialismo como postulado metodol��gico

indispens��vel �� pesquisa cient��fica. O cientista

precisa explicar os fen��menos da natureza por

meio de causas f��sicas, que s��o razoavelmente

conhecidas, e excluir causas espirituais, que n��o

combinam com as suas t��cnicas de investiga����o.

Cientistas ilustres s��o religiosos e n��o o ocultam;

por reconhecerem poderes espirituais superiores,

n��o ficam impedidos de realizar excelentes

trabalhos de pesquisa ��� mas, durante a execu����o

destes, comportam-se c o m o s e f o s s e m

192

materialistas: quer dizer, usam os mesmos

processos e falam a mesma linguagem que todos

os outros pesquisadores. Os maiores s��bios do

passado eram homens votados ao amor de Deus,

como: Galileu, Newton, Pascal, Faraday e Lineu,

e modernos como Millikan e Einstein, por exemplo.

Essa �� tamb��m a raz��o da resist��ncia ��

Parapsicologia. A grande maioria dos cientistas

ignora-a simplesmente porque as suas

demonstra����es parecem contrariar o postulado

essencial do m��todo experimental, a hegemonia

das for��as f��sicas; da�� o ��rduo esfor��o de quase

todos os parapsic��logos no sentido de construir

uma t e o r i a m a t e r i a l i s t a para explicar os

fen��menos paraps��quicos ��� sem o conseguir

absolutamente porque as for��as mentais latentes

independem, de fato, das rela����es materiais

conhecidas. Isto �� que seria realmente "explicar

o absurdo pelo mais absurdo".

De sorte que, para in��meros cientistas, o

materialismo �� apenas uma atitude necess��ria ��

sua atividade, mas que nem sempre traduz suas

convic����es. Todavia, para aqueles que o t��m

como convic����o t��o profunda quanto uma religi��o,

ele conduz a uma vis��o sombria da vida e do

universo. Eis o desabafo de J. Monod, bioqu��mico

do Instituto Pasteur de Paris e Pr��mio Nobel em

1965: "Enfim, o homem sabe que e s t �� s o z i n h o

na imensid��o indiferente do universo, de onde

193

emergiu p o r a c a s o . N��o mais do que o seu

destino, o seu dever n��o est�� escrito em lugar

algum". Tal �� a desola����o da alma inteligente,

culta e vazia ��� pois, para Monod, o conhecimento

exclui os valores e a ��tica, sendo ele pr��prio o

valor supremo...

Quanto ao materialismo ing��nuo do homem

comum e inculto e ao materialismo pr��tico dos

religiosos (n��o negam Deus, mas suas atitudes

discrepam de suas convic����es), devem-se ��

incapacidade para observar, compreender e apreciar

a import��ncia dos fatos mentais e espirituais, pelo

que n��o revelam qualquer interesse.

A c o n s t i t u i �� �� o d a m a t �� r i a

Desde alguns s��culos antes de Jesus, estabeleceu-

se especulativamente que pequen��ssimos

corp��sculos indivis��veis, ditos �� t o m o s , formam

toda sorte de corpos existentes sobre a Terra.

Contudo, no in��cio do s��culo passado ( 1 8 0 8 ) , o

qu��mico ingl��s J. Dalton enuncia a primeira

teoria at��mica cient��fica, declarando que "o

limite da divisibilidade da mat��ria �� o �� t o m o ,

part��cula real e infinitivamente pequena" e que

"elementos diferentes s��o formados de ��tomos

diferentes". Logo a seguir, o f��sico italiano A.

Avogadro (1811) estabeleceu que entre os ��tomos

e as menores part��culas dos gases (que denominou

194

m o l �� c u l a s , isto ��, "pequenas massas") h �� n��tida

diferen��a; para ele, as mol��culas eram as unidades

da mat��ria, podendo ser compostas de dois ou

mais ��tomos iguais ou diferentes. Isto prevalece

at�� hoje. Mas, a teoria elaborada no s��culo

passado, com base nas transforma����es qu��micas

da mat��ria, vigorou at�� perto de 1925. A descoberta

dos raios X, por Roentgen ( 1 8 9 5 ) , e da

radioatividade, por Becquerel ( 1 8 9 6 ) , permitiu

aos cientistas uma vis��o completamente diversa

do ��tomo est��tico de Dalton e o desenvolvimento,

aos poucos, da moderna teoria at��mica. Em

ess��ncia, eis o que ela afirma:

1. O ��tomo �� algo compar��vel a um sistema

solar em miniatura, sendo formado de certo

n��mero de part��culas elementares, por��m,

contendo cerca de 95% de e s p a �� o v a z i o . Tais

part��culas ou corp��sculos est��o dispostos �� maneira

dos planetas em torno do Sol.

2. Esse conjunto de part��culas acha-se dividido

em duas zonas distintas. Uma central, o n �� c l e o ,

muito compacta, contendo dois tipos de corp��-

sculos: p r �� t o n s e n �� u t r o n s . Outra perif��rica,

muito lacunosa, na qual giram, em c��rculos ou

elipses conc��ntricas (ditas o r b i t a i s ) , part��culas

m��nimas chamadas e l �� t r o n s .

3. O estado din��mico �� caracter��stica essencial

da mat��ria. Al��m do movimento das part��culas,

estas levam cargas el��tricas, sendo os pr��tons

195

animados de eletricidade positiva e os el��trons

de eletricidade negativa (mais provavelmente, os

el��trons n��o passam de cargas el��tricas em

movimento perp��tuo); os n��utrons, conforme o

nome indica, n��o t��m energia.

4. Tais cargas el��tricas est��o em equil��brio; o

��tomo em repouso mostra-se neutro porque a

eletricidade positiva do n��cleo �� equivalente ��

negativa dos el��trons.

5. O ��tomo tem dimens��es inimaginavelmente

insignificantes. O seu raio �� de IO-8 cm (isto ��,

0,000.000.001 cm ou a cent��sima milion��sima

parte do cm) e o do n��cleo de 10-13 cm.

6. A massa do el��tron �� aproximadamente

1.840 vezes menor do que a do ��tomo, pelo que

quase n��o pesa. O n��mero de el��trons de cada

��tomo �� fixo e igual ao n��mero de pr��tons;

chama-se n��mero at��mico. Eles giram ao redor

do n��cleo e de si pr��prios (rota����o), tal como

a Terra em rela����o ao Sol e a si mesma. Como

todo campo el��trico que se desloca cria um

campo magn��tico proporcional e perpendicular,

o el��tron pode ser considerado um m��nimo

eletro-��m��. Quando excitado (recebendo energia

do exterior), pode saltar para uma ��rbita mais

externa e, em seguida, regressar �� posi����o anterior;

ao voltar ao estado habitual, emite o excesso de

energia sob a forma de radia����o ou onda

eletromagn��tica. Os el��trons podem ser libertados

196



e existir livremente: os raios cat��dicos s��o feixes

de el��trons e a corrente el��trica �� um feixe de

el��trons deslocando-se ao longo de um condutor

met��lico. Bombardeando-se uma placa de metal

com el��trons (no caso, raios cat��dicos), surgem

as radia����es eletromagn��ticas conhecidas como

raios X.

7. O n��cleo �� 100.000 vezes menor do que

o ��tomo inteiro. Que significa isso? Que a

mat��ria �� peculiarmente vazia. Diz Pinto Coelho

( 1 9 6 6 ) , f��sico patr��cio, falando do ��tomo: "Sua

caracter��stica principal �� a aus��ncia de mat��ria".

Al��m disso, o n��cleo encerra 99,95% (quase a

totalidade) da massa do ��tomo, pois, como

observamos, os el��trons praticamente n��o t��m

peso. Um f��sico bem humorado declarou que se

toda a mat��ria do corpo humano fosse comprimida,

caberia simplesmente numa cabe��a de alfinete...

o resto s��o cavidades.

8. Outro fato relevante. O n��cleo at��mico

exibe densidade gigantesca, inimagin��vel:

cm3 (n��mero formado de 10 seguido de 14

zeros!) ��� compare-se com as densidades da ��gua:

1,00 e do ferro: 7,5 g/cm3, por exemplo. Um

pequeno dado composto de n��cleos pesaria o

fabuloso n��mero de 1 trilh��o de quilos, ou seja,

1 bilh��o de toneladas! Novamente, v��-se o quanto

o ��tomo (e a mat��ria) �� vazio, lacunoso, j�� que

a mat��ria comum pesa t��o pouco em compara����o.

197

9. O n��cleo �� constitu��do de duas part��culas

id��nticas, segundo se assinalou acima, pr��tons

e n��utrons, distintas pela carga el��trica positiva

dos primeiros. Dois ou mais pr��tons, consoante

os conceitos tradicionais, tendo as mesmas cargas

el��tricas, deveriam repelir-se provocando instabi-

lidade nuclear, ao inv��s de estarem unidos.

Por��m, fatos experimentais demonstraram que

no interior do n��cleo operam for��as comple-

tamente distintas das anteriormente conhecidas

dos f��sicos. As for��as atrativas de um corp��sculo

intra-at��mico t��m curto alcance, exercendo sua

a����o t��o-somente sobre as part��culas pr��ximas;

e, ao demais, s��o independentes das cargas

el��tricas do mesmo. O n��utron comp��e-se de um

pr��ton e de uma part��cula denominada beta ( 8 ) ,

raz��o porque pesa ligeiramente mais do que

aquele e mostra-se inst��vel. As part��culas beta s��o

el��trons (ou p��sitrons) emitidos pelo n��cleo,

embora a�� n��o existam em estado livre; formam-

se em condi����es especiais. Pr��tons e n��utrons

revelam-se convers��veis. Quando h�� excesso de

n��utrons em rela����o ao n��mero de pr��tons,

escapa uma part��cula beta dando origem a um

pr��ton e o n��cleo ficar�� mais est��vel. Se houver,

ao contr��rio, um excesso de pr��tons, um ou

alguns deles se transformam em n��utrons mediante

a "captura" (isto ��, absor����o) de um ou mais

el��trons vizinhos do n��cleo, anulando-se as cargas

1 9 8

el��tricas de ambos. A entrada de energia

correspondente ao el��tron gera emiss��o de raios

gama. Um ou alguns el��trons mais externos v��m

ocupar o lugar deixado vago, movimento esse

que origina a sa��da de raios X (semelhantes aos

raios gama).

10. Outras part��culas, como o m��son e o

p��sitron, inexistentes em condi����es normais na

mat��ria, n��o precisam ser aqui consideradas.

O ��tomo constitui uma extraordin��ria fonte de

energia condensada na mat��ria aparentemente

inerte. S��o os seguintes os principais fen��menos

energ��ticos relacionados a ele:

1. A emiss��o de luz e calor (incandesc��ncia e

combust��o, por exemplo). ��� Um ou mais el��trons

passam da ��rbita externa para outra mais interna,

do que resulta perda da energia a�� retida. D��-se

o movimento inverso quando o ��tomo absorve

energia: um el��tron salta para uma ��rbita mais

afastada do n��cleo a fim de acomodar a energia

absorvida.

2. Raios X ��� Processa-se o mesmo fen��meno,

por��m em ��rbitas mais profundas, donde ser

maior a quantidade de energia libertada.

3. Radioatividade ��� �� a liberta����o energ��tica

espont��nea que ocorre em alguns corpos (r��dio,

ur��nio e t��rio, por exemplo). Ainda o processo

�� id��ntico, por��m localizado no n��cleo. Quando

o homem consegue atingir este ��ltimo com uma

1 9 9

part��cula (como o neutr��n) d��-se a desintegra����o

artificial, base da bomba at��mica. Neste caso, a

energia posta em liberdade ultrapassa o conceb��vel:

1 quilo de uranio desintegrado fornece energia

equivalente �� queima de 2 . 0 0 0 . 0 0 0 de quilos de

carv��o! O futuro pr��ximo da humanidade reside

na energia at��mica, quando puder ser utilizada

com facilidade e para fins pac��ficos, o que j��

come��a a ser feito mediante as usinas nucleares,

que mover��o geradores el��tricos com imensa

produ����o de energia el��trica.

Navios e submarinos at��micos j�� singram os

mares, por enquanto na ��rea militar, dado o

elevad��ssimo custo e os perigos envolvidos.

Falamos de v��rias modalidades de energia:

calor, luz, eletricidade e raios X. Conv��m explicar

porque todas elas saem do ��tomo. Se as diferentes

formas de energia n��o fossem da mesma natureza

��ntima (embora nos pare��am t��o discrepantes),

isso n��o poderia acontecer. Por outro lado, a

facilidade com que uma se transforma em outra

est�� a indicar tamb��m a identidade gen��tica

existente entre elas.

Podemos conceber a mat��ria como sendo um

modo de ser oriundo da energia por condensa����o

ou concentra����o e que volta �� forma energ��tica

por desagrega����o ou desintegra����o. Do que

vimos se depreende que os el��trons constitutivos

do ��tomo (mat��ria) podem ser tidos como energia

2 0 0

"materializada"; em certas condi����es facilmente

exeq����veis eles se libertam e, reunidos em feixe,

formam os conhecidos e j�� mencionados raios

cat��dicos: temos aqui energia diretamente

procedente da mat��ria e constitu��da, como v��rias

outras categorias, por part��culas desta. Tais raios

t��m grande poder calor��fico, luminoso, el��trico

e penetrante; d��o nascimento aos raios X quando

se chocam com qualquer mat��ria: seus el��trons,

muito velozes, penetram nas ��rbitas interiores

dos ��tomos atingidos e ocasionam a liberta����o

de energia, que dissemos serem os raios X, ou

de Roentgen. Os raios cat��dicos constituem

como que uma transi����o entre mat��ria e energia,

pois s��o uma forma de energia composta de

part��culas "materiais". Por isso, Crookes chamava-

os de "mat��ria irradiante".

Podemos asseverar, em suma, que a mat��ria

observada em sua ess��ncia �� energia, corroborando

uma afirma����o da F��sica com mais de 50 anos

��� ci��ncia esta que afirma: "a energia �� a entidade

fundamental do universo". Kardec, em 1868 ("A

G��nese), fazia sugest��o deste tipo acerca da

mat��ria: "Ela talvez somente seja compacta em

rela����o aos nossos sentidos". �� poss��vel "desagre-

gando-se, voltar ao estado de eteriza����o... Na

realidade, a solidifica����o da mat��ria n��o �� mais

do que um estado transit��rio do fluido universal,

que pode volver ao seu estado primitivo, quando

2 0 1

deixam de existir as condi����es de coes��o." Fato

cem anos depois comprovado experimentalmente.

Apreciamos que o ��tomo consta de um n��cleo

em torno do qual giram el��trons em diversas

��rbitas (de uma no hidrog��nio at�� muitas nos

demais corpos ditos simples: ouro, ferro, iodo,

e t c ) . A mat��ria acha-se, assim, animada de perp��tuo

movimento, sendo o giro eletr��nico extremamente

r��pido (cerca de 30 Km por segundo). A imobilidade

de uma montanha ou da nossa mesa ��, portanto,

aparente: a mat��ria pesada e inerte, na realidade,

�� sede de atividade intensa. A energia, ao contr��rio,

logo nos d�� exata id��ia do que ��: movimento. Essas

revela����es da Ci��ncia demonstram-nos que tudo

no universo �� atividade. N��o se justifica, pois, a

in��rcia de muitos esp��ritos, filha que �� da ignor��ncia;

temos, quer queiramos, quer n��o, de tomar parte

no concerto universal, buscando o lugar que os

nossos dons indicam atrav��s do esfor��o pessoal

na constru����o do bem.

Voltemos ainda �� constitui����o da mat��ria para

lembrar que, se o ��tomo, ou unidade material,

�� muit��ssimo pequeno, as part��culas (el��trons,

pr��tons e n��utrons) s��o ainda 100.000 vezes

menores do que ele. O que significa isso? Que

a mat��ria ��, por ��ndole, tipicamente vazia. Uma

vez que os componentes s��o tantas vezes menores

do que o conjunto ��� h�� de haver neste ampl��ssimos

espa��os! Pode a mat��ria, por mais pesada e

2 0 2

compacta que nos pare��a, ser comparada a uma

rede ou tela de arame... O que mant��m, ent��o,

as part��culas at��micas em seus lugares se est��o

separadas por vastas lacunas? �� a carga el��trica

que as mesmas conduzem; a elas cabe exercer

0 importante papel de equilibrar o sistema

at��mico. Os el��trons, tendo todos a mesma carga

(negativa), repelem-se entre si; o n��cleo, sendo

positivo, exerce certa atra����o (proporcional ��

dist��ncia) sobre os el��trons negativos. Al��m

desse fator, h��, ainda, o citado movimento

eletr��nico, veloc��ssimo. Ambas as condi����es

conhecem-se h�� v��rios dec��nios. Sem tal

movimento n��o ter��amos nem montanhas nem

mesas e, muito menos, os nossos corpos. Inerte,

a totalidade da mat��ria seria um pouco de p��.

A sensa����o de solidez que os sentidos org��nicos,

bastante limitados, deixam entrever radica na

atividade eletr��nica.

Aprofundemos mais um pouco. Dissemos que

os el��trons quase n��o t��m peso (massa, realmente)

e que talvez n��o passem de energia condensada;

que os pr��tons do n��cleo �� que pesam, isto ��,

s��o "mat��ria". Se ambos s��o 100.000 vezes

menores do que os ��tomos ��� qual o tamanho

real da mesa da cozinha? M��nimo, porque cem

mil vezes menor do que parece... (se ela medir

1 metro e meio, de fato ter�� 0,015 mm!).

2 0 3

Insistamos um pouco mais, porquanto o

entendimento de tais fatos cient��ficos �� fundamental

para a compreens��o da vida, que, a seu turno,

dar-nos-�� uma religi��o clara, meridianamente

luminosa. Vale dizer: a mesma estabelecida por

Kardec, com as luzes ampliadas por um s��culo

de progresso e pela bondade de nossos instrutores

espirituais sob a doce inspira����o de Jesus.

At�� pouco tempo atr��s, os tratados de F��sica

davam a impenetrabilidade como car��ter primordial

da mat��ria; n��o mais hoje, como se infere do

explanado linhas acima. A mat��ria �� energia, o

��tomo, um edif��cio de for��as; �� a velocidade que

forma a massa, confere estabilidade, gera a

coes��o da mesma; ela por si s��, nada ��. Vimos

que o espa��o existente entre o n��cleo e os

el��trons �� enorme em rela����o ao m��nimo volume

do conjunto e de cada part��cula isoladamente

considerada. Da�� concluirmos que a mat��ria s��

�� impenetr��vel �� mat��ria do mesmo tipo, isto ��,

cuja velocidade eletr��nica mostre-se equivalente;

um prego, ao ser cravado na madeira, n��o

perfura os ��tomos, mas cava um canal afastando

as fibras para nele alojar-se. As part��culas carregadas

de eletricidade, por��m, penetram de fato no

��tomo, embora com certa dificuldade em virtude

da repuls��o eletromagn��tica; os n��utrons, sem

carga, atravessam-nos facilmente.

O mesmo se passa com os esp��ritos. A mat��ria

mais ou menos sutil do perisp��rito vara o mais

2 0 4

denso corpo terrestre. De id��ntica maneira,

podem enxergar com quaisquer barreiras

interpostas entre eles e o objeto visado. Vemos

o ectoplasma fazer coisa semelhante; ele ��

mat��ria no sentido de que �� formado de ��tomos,

por��m elaborados por meio de modifica����es na

forma das ��rbitas (ao inv��s de circulares, s��o

turbilhonares; �� interessante que Delanne tenha

ligado o movimento vorticoso dos rolos de

fuma��a ��s propriedades da mat��ria que nos

ocupa). Esta inapreci��vel, por��m profunda

mudan��a no movimento e, tamb��m, no elemento

fundamental (f��sforo, n��o carbono como mat��ria

viva comum) confere-lhe propriedades n��o

conhecidas na mat��ria constitutiva dos seres

animados (veja Ubaldi, "A Grande S��ntese"). Em

c o n e x �� o com isto, o ectoplasma pouco

impressiona o tato e �� vis��o; parece algo muito

sutil mesmo; por outro lado, tem peso. Vemo-

lo escapar do corpo dos m��diuns atrav��s das

cavidades naturais, mas, para a�� chegar, transpassa

diversos tecidos org��nicos.

Vemos, igualmente, o pouco valor do dinheiro;

uma quantidade invis��vel de "mat��ria" iludindo

os nossos sentidos gra��as ao aumento aparente

de volume conferido pelo movimento das part��culas

constituintes. Compreende-se que todos os bens

ou haveres materiais s��o ainda menos valiosos

porque, na realidade, possuem a mesma

205

composi����o. Eles nos s��o entregues durante

certo tempo como meio para progredir espiri-

tualmente e n��o como fim; grave erro �� transformar

o dinheiro, de meio para conseguir coisas, em

finalidade de uma exist��ncia, imobilizando-o

quando ele pr��prio �� movimento em seus

fundamentos.

N. B. ��� Os dados e fen��menos acima exarados

s��o suficientes para uma compreens��o acerca da

constitui����o da mat��ria em primeira aproxima����o,

com vistas ��s necessidades na orienta����o da vida

frente ��s coisas materiais. Conv��m esclarecer,

todavia, que recentemente as ��rbitas fixas de

Bohr foram substitu��das pela no����o menos definida

fisicamente de orbital. Vejamos como, porque

isto ter�� import��ncia na quest��o do livre arb��trio.

Segundo a mec��nica cl��ssica, que trata do

movimento dos corpos vis��veis, enunciada por

Newton h�� mais de dois s��culos, para calcular

o movimento de um corpo �� necess��rio determinar

simultaneamente a posi����o e a velocidade. Veri-

ficou-se que as part��culas at��micas n��o se sujeitam

a semelhante princ��pio. W. Heisenberg (1927)

demonstrou-o matematicamente; a determina����o

exata da posi����o de um corp��sculo impede haja

precis��o na da velocidade e vice-versa. Da��

derivou o chamado princ��pio de incerteza, assim

enunciado por Heisenberg: duas vari��veis que

descrevem uma a����o n��o podem ser conhecidas

com precis��o ao mesmo tempo. Segue-se que

2 0 6

n��o �� poss��vel determinar com exatid��o a posi����o

de um el��tron. Outro f��sico germ��nico, E.

Schrodinger, na mesma ocasi��o e independen-

temente (1926), estabeleceu f��rmulas que permi-

tem calcular as posi����es mais prov��veis do

el��tron, as quais coincidem em geral com as

��rbitas de Bohr (que come��aram a tornar-se

menos significativas como entidades f��sicas).

Ainda nessa ��poca ( 1 9 2 5 ) , L. de Broglie sugeriu

que as part��culas em movimento podem apresentar

propriedades ondulat��rias (como se fossem

acompanhadas por uma onda associada) e calculou

o comprimento de onda ligado ao movimento

de um corp��sculo intra-at��mico. Em seguida,

isto recebeu confirma����o experimental por outros

f��sicos.

Ent��o, o el��tron passou a ser encarado como

um conjunto de ondas que vibram ao redor do

n��cleo. As equa����es de Schrodinger indicam que

os el��trons se disp��em de acordo com n��veis

energ��ticos, n��o cont��nuos, defin��veis como a

regi��o do ��tomo onde ocorre a maior probabilidade

de existir uma carga el��trica negativa. Orbital

vem a ser a regi��o em torno do n��cleo na qual

existe a m��xima probabilidade de encontrar o

el��tron. Posto isto, este n��o estar�� numa ��rbita

delimitada, mas, dentro de uma ��rea relativamente

ampla, num ponto apenas prov��vel. Um orbital

s�� poder�� ter um ou dois el��trons. Podemos

2 0 7

compar��-lo a uma rota de navios, ou seja, um

lugar no oceano onde navios podem ser

encontrados; se n��o h�� navios na rota, s��

veremos o espa��o vazio que n��o se distingue do

resto. Apesar destas novas concep����es, a teoria

de Rutherford & Bohr continua sendo a

fundamental e as elabora����es acima explanadas

dela derivaram como aspectos subsidi��rios; estas

vieram apenas complet��-la em certos pontos

onde ela era insuficiente.

Conclu��mos, do supra exposto, que a solidez

se evaporou e que "a mat��ria se tornou t��o

fant��stica como qualquer coisa que se manifeste

numa s e s s �� o esp��rita". Assim se expressa, muito

a nosso gosto, Bertrand Russel, matem��tico e

f��sico, al��m de "fil��sofo" (embora querendo fazer

gra��a).

208

MAGNETISMO E





CONCEITOS CONEXOS


Os voc��bulos magnetismo e fluido s��o de

ampl��ssimo emprego na linguagem esp��rita.

A todo momento deparamos com eles.

Todavia, parece haver certa imprecis��o em tal

uso, embora estabelecido e dignificado pela

tradi����o. Vejamos alguns paradigmas para suscitar

e equacionar a quest��o, tomando trechos de

autores terrenos e espirituais ao acaso na literatura

pertinente.

"O fluido vital ou, como queirais, o magnetismo

humano, �� forma de energia derivada da energia

universal". Pode curar se for dirigido pela mente

aos pontos desejados. Se a "provis��o de fluidos"

diminuir, o indiv��duo enfraquece-se. Nesta cita����o,

o autor espiritual identifica tr��s entidades: fluido

vital, magnetismo humano e energia universal,

isto ��, considera fluido, magnetismo e energia

como um �� n i c o e m e s m o elemento.

"O passe magn��tico �� dado pelo pr��prio

magnetizador, enquanto o passe esp��rita �� dado

pelo Esp��rito atrav��s do m��dium, embora haja

2 0 9

combina����o de fluidos do m��dium e do Esp��rito".

Aqui, magnetismo e fluido s��o igualmente

identificados. Tamb��m neste lan��o, de outro

esp��rito escrevente: "... existe um fluido invis��vel

para os nossos olhos, que se denomina de for��a

magn��tica". Ainda nos seguintes excertos ocorre

a mesma sinon��mia: "Dr. Mesmer descobriu um

fluido... L�� se estuda e pratica o magnetismo, que

�� o n o m e d o fluido..." E: "Atraiu para si um

tipo de fluido em completa obedi��ncia �� sua

vontade; esse magnetismo dan��a em sua aura e

mistura-se com certa massa leitosa que se

desprendia de seu corpo, circundando novamente

a atmosfera espiritual do Prof. Pantale��o". Em

suma, fluido e magnetismo, no pensamento dos

esp��ritas em geral, s��o tidos como sin��nimos,

sendo usados indiferentemente um pelo outro.

Andr�� Luiz n��o se afasta do rumo acima

consignado. Usa express��es como: "irradia����es

magn��ticas", "passes magn��ticos", "fluido

magn��tico", "recursos flu��dicos", "energia

magn��tica" e "magnetizador espiritual". Mas existe

quem declare que o fluido t e m a �� �� o m a g n �� t i c a ,

distinguindo causa e efeito.

Consultemos, em definitivo, a conceitua����o

de um conhecido especialista kardeciano, W. de

Toledo ( " P a s s e s e C u r a s E s p i r i t u a i s " , Ed.

Pensamento, SP, 1953), cuja obra �� prefaciada

por Emmanuel e S. Valle. Toledo faz notar que

210

todos os corpos naturais, incluindo minerais e

vegetais, possuem em torno de si um halo

flu��dico (ou aura), luminoso e diversamente

colorido �� vis��o de certos videntes, que �� uma

emana����o da mat��ria rarefeita peculiar do

perisp��rito dos seres vivos; de in��cio, mencionamos

este fato ao tratar do efeito Kirlian. Assim, por

exemplo, o ��m�� tamb��m emite aura flu��dica.

Vimos que a m��quina de Kirlian permite obter

fotos coloridas da irradia����o ��urica de plantas e

animais. Divide, com Kardec, os passes em: 1)

magn��ticos, dados "pelo m��dium, fornecendo

somente os seus pr��prios fluidos"; 2) espirituais,

dados "pelos esp��ritos passistas com elementos

do m��dium, dos seus pr��prios fluidos ou de seus

auxiliares e tamb��m de plantas medicinais"; 3)

medi��nicos dados "por incorpora����o do m��dium".

Toledo, portanto, consagra a identifica����o de

magnetismo e fluido.

Conv��m acentuar que semelhante identifica����o

vem de longe e sustenta-se em raz��es hist��ricas.

Franz A. Mesmer descobriu e desenvolveu, no

curso do s��culo 18, a for��a operante nas curas

promovidas pela imposi����o das m��os,

denominando-a " m a g n e t i s m o a n i m a l " e

declarando que se desprende das m��os um

fluido dotado do poder de curar. Sob o nome

de m a g n e t i s m o (ou magnetismo curativo), essa

pr��tica terap��utica progrediu enormemente depois

211

de Mesmer, antecipando-se ao Espiritismo, q u e

a englobou como um dos aspectos da a����o do

espirito humano e a ultrapassou de muito. O

mesmerismo ��, de fato, um dos v��rios grupos

de fen��menos que a doutrina esp��rita explica e

ensina a empregar de maneira mais produtiva em

benef��cio do atarantado ser humano. Kardec e

Delanne parecem distinguir as duas coisas. O

primeiro chama a a����o magn��tica produzida

"pelo pr��prio fluido do magnetizador" de

"magnetismo propriamente dito ou magnetismo

humano" ( " A G �� n e s e " ) ; o segundo diz: "os fatos

do sonambulismo provocado pelas pr��ticas

magn��ticas s��o devidos �� a����o do fluido nervoso

do magnetizador, dirigido por sua vontade..."

M a g n e t i s m o

O magnetismo n��o �� uma forma de energia, na

acep����o usual desta palavra. �� uma condi����o

especial gerada no espa��o que circunda o ��m�� ou

a corrente el��trica, traduzindo-se por diversos

efeitos caracter��sticos, entre os quais o de atrair

certos metais, como o ferro, o cobalto e o n��quel,

e a magnetita (um mineral composto de oxig��nio

e ferro). As subst��ncias atra��das s��o chamadas

c o r p o s m a g n �� t i c o s ou ferromagn��ticos. Ele n��o

pode ser conduzido, como a eletricidade e o calor,

por exemplo, mas �� poss��vel transmitir a

212

propriedade de um corpo magn��tico para outro:

�� a imanta����o ou magnetiza����o; assim, se um

peda��o de ferro ou a��o for friccionado v��rias vezes

com um ��m��, tornar-se-�� um ��m�� tamb��m (ou seja,

adquirir�� propriedades magn��ticas).

Im�� ou magneto �� um corpo que goza da

propriedade de atrair as subst��ncias magn��ticas.

A magnetita �� um ��m�� natural, pois se trata de

rocha, ou melhor, min��rio de ferro; os demais

s��o artificiais. Quebrado em mil peda��os que seja

um ��m��, cada um deles funcionar�� sempre como

um magneto completo, o que demonstra que o

magnetismo n��o depende de nenhuma parte

especial. D��-se o nome de c a m p o m a g n �� t i c o

ao espa��o situado em torno do ��m��, no qual se

verifica a a����o atrativa.

Esse magnetismo, pr��prio dc corpos inorg��nicos,

denomina-se m i n e r a l ou ferromagnetismo. O

globo terrestre atua como um grande ��m�� e da��

deriva o geomagnetismo. Sabemos que a agulha

da b��ssola, que �� um magneto, orienta-se segundo

os p��los geogr��ficos, norte e sul, da Terra.

Um fio percorrido por uma corrente el��trica

produz, em torno, um t��pico campo magn��tico,

cujas propriedades s��o as mesmas do anterior.

�� o eletromagnetismo. O solen��ide �� um

aparelho simples que consiste de um fio enrolado

em h��lice, cujas voltas ficam separadas umas das

outras, e cuja extremidade final regressa ao

213

ponto de partida pelo centro do cilindro. Quando

se liga a corrente, o espa��o confinado em cada

espira passa a ser um campo magn��tico, mas este

�� anulado, sucessivamente, pela espira

subseq��ente, de modo que s�� h�� a����o magn��tica

na ��ltima volta de cada extremidade. Assim,

como nos ��m��s, temos dois p��los, norte e sul.

O solen��ide ��� simples fio el��trico enrolado de

certa maneira ��� atua como um verdadeiro magneto

quando atravessado pela eletricidade; atrai e

repele os ��m��s conforme o p��lo aproximado;

uma barra de ferro colocada no seu interior

passa logo a funcionar como ��m�� enquanto a

corrente circula, e t c .

A magnetita �� o ��m�� natural; ela imanta o

ferro, a��o, n��quel, etc., e gera outros ��m��s; a

corrente el��trica, nos solen��ides, origina os

eletro-��m��s. Tudo �� a mesma coisa, diferindo

somente o processo de obten����o.

O que j�� h�� bastante tempo a F��sica demonstrou

�� que o magnetismo �� uma propriedade ou condi����o

do espa��o existente em torno dos ��m��s, naturais

(magnetita) ou artificiais (ferro, a��o, etc.), como

vimos acima, e da c o r r e n t e el��trica, tal se acha

dito pouco atr��s. Nesse espa��o, os chamados

corpos magn��ticos t��m um comportamento que

os demais n��o exibem com evid��ncia: s��o atra��dos.

Verificou-se recentemente, no entanto, que todas

as subst��ncias possuem propriedades magn��ticas,

apenas pouco ou nada aparentes.

2 1 4

Sabemos que a corrente el��trica �� constitu��da

de cargas el��tricas em movimento. J�� em 1 8 2 0 ,

o c��lebre f��sico Amp��re sugerira que os fen��menos

magn��ticos se devem a a����es entre correntes

el��tricas. As pesquisas modernas confirmaram tal

ponto de vista. Tem-se como certo que o

magnetismo se origina da a����o de for��as entre

cargas em movimento, isto ��, as cargas el��tricas

que se deslocam exercem, umas sobre as outras,

for��as magn��ticas. Uma carga el��trica em

movimento (solen��ide) gera, no espa��o circundante

um campo magn��tico; por sua vez, o deslocamento

de um ��m�� pode produzir eletricidade. Ficam,

assim, patentes as estreitas r e l a �� �� e s d e o r i g e m

entre a eletricidade (energia) e o magnetismo

(modifica����o da natureza do espa��o em torno

dos corpos).

Os corpos ferromagn��ticos e os eletrizados

apresentam campos magn��ticos potentes, de

a����o vis��vel ��� mas qualquer esp��cie de mat��ria

revela a mesma propriedade ainda que

inaparentemente. E a teoria, que acentua a

constitui����o el��trica da mat��ria, permite

compreender logo por qu��.

Todos os corpos existentes na Terra comp��em-

se de ��tomos, os quais encerram sempre pr��tons,

n��utrons e el��trons, os dois primeiros formando

os n��cleos. Sabemos que os el��trons, al��m do

movimento de rota����o sobre o pr��prio eixo,

215

giram velocissimamente ao redor dos n��cleos,

dispondo-se em camadas conc��ntricas; e s t a m o s

ainda certos de que se acham carregados de

eletricidade negativa. Os el��trons, por

conseq����ncia, s��o cargas el��tricas em movimento,

conforme e x p o s i �� �� o feita anteriormente.

Aprendemos, ao demais, que toda carga el��trica

em movimento gera um campo magn��tico em

torno. Conseq��entemente, c a d a �� t o m o ��� com

seus e l �� t r o n s eletrizados e m��veis ��� representa

pequenino eletro-��m�� com um campo m a g n �� t i c o

min��sculo. A mat��ria, constitu��da de mir��ades de

��tomos, ��, portanto, uma reuni��o de minut��ssimos

campos magn��ticos. Em estado normal, as

correntes eletr��nicas da mat��ria anulam

mutuamente os efeitos magn��ticos e ela parece

inerte perante um ��m�� ou um solen��ide. A prova

de que o magnetismo �� uma propriedade da

m a t �� r i a e m g e r a l encontramos nas ligas de

Heusler e outras. Estas s��o misturas de diversos

elementos met��licos n��o-magn��ticos ��� mas que,

reunidos em um corpo em p r o p o r �� �� e s

determinadas, adquirem aquela caracter��stica e

passam a ser movidos pelos magnetos, podendo

ser imantados e tornar-se genu��nos ��m��s.

Se insistimos ��� e com isso enfeiamos a

exposi����o, dando mais valor �� ess��ncia do que

�� forma, ao esp��rito do que �� letra ��� �� que se

faz absolutamente necess��rio acentuar que a

216

Ci��ncia atual dominou perfeitamente estes dois

conhecimentos fundamentais �� compreens��o dos

aspectos espirituais do magnetismo:

1. Que o magnetismo �� uma condi����o espacial

oriunda da proximidade da energia em movimento.

2. Que toda e qualquer classe de mat��ria

possui propriedades magn��ticas, pois estas residem

no pr��prio ��tomo.

De semelhantes conclus��es deriva uma terceira,

verdadeiro corol��rio:

3. O corpo humano, composto de ��tomos e

encerrando energia, e o perisp��rito, irradiando

os fluidos, constituem c a m p o s m a g n �� t i c o s ,

evidentemente. Significativamente, dizia Kardec,

guiado pelo seu profundo discernimento, que o

perisp��rito participa, ao mesmo tempo, da

eletricidade e da mat��ria.

Podemos, desde logo, adiantar que o chamado

"magnetismo animal" (ou mesmerismo) �� um

conceito inadequado, embora razo��vel outrora;

aquela denomina����o aplica-se a uma transfus��o de

energia de um homem para outro e, notou-o o

arguto Crookes, nada tem a ver com o magnetismo,

compreende-se agora. Mas, acabamos de afirmar

que o corpo humano �� um campo magn��tico e,

conseq��entemente, urge distinguir as duas

propriedades. O magnetismo animal, no sentido

usual, consiste na transfer��ncia de fluidos humanos

��� tanto que os son��mbulos clarividentes v��em as

2 1 7

radia����es escapando das m��os do "magnetizador";

tal express��o deve ser substitu��da por transfus��o

ou infus��o energ��tica, flu��dica, passe, ou melhor,

m e s m e r i s m o . O verdadeiro magnetismo animal,

que chamaremos de b i o m a g n e t i s m o , �� uma

condi����o da aura (irradia����o perispir��tica para

fora dos limites do corpo), gerada pela proximidade

de um corpo carregado de energia e de fluidos,

an��logo ao magnetismo mineral. O outro �� forma

de energia, �� fluido oriundo do perisp��rito.

Se o magnetizador despende energia e se o

magnetismo �� uma modifica����o do espa��o

compreendido nas imedia����es de um circuito

el��trico ��� ent��o n��o h�� analogia entre o magnetismo

animal (forma de energia) e o magnetismo mineral

ou comum. Simples quest��o de palavras que

conv��m repor nos seus devidos lugares.

F l u i d o s

�� mister fixar o que deve entender-se por

semelhante voc��bulo no sentido esp��rita, a fim de

clarear o importante assunto; lembremos que, na

linguagem usual, fluido �� a designa����o gen��rica de

qualquer l��quido ou g��s. Para tanto, vamos buscar

novamente apoio na F��sica, verificando os efeitos

da descarga el��trica no interior dos gases rarefeitos.

Quando aproximamos as pontas de dois fios,

vemos saltar entre elas a centelha ou fa��sca

2 1 8

el��trica. �� acidente vulgar nos lares. Se fizermos

isso mesmo dentro de um frasco de vidro

hermeticamente fechado e no qual o ar �� cada

vez mais rarefeito, observaremos variados

fen��menos luminosos. Tais frascos recebem dois

fios el��tricos, negativo e positivo, um de cada

lado. �� medida que o ar for extra��do, com aux��lio

da m��quina pneum��tica, a centelha muda de

aspecto e torna-se mais brilhante; se levarmos o

v��cuo at�� o extremo poss��vel, desaparece toda

luminosidade, pois a descarga el��trica n��o se

processa em tal condi����o, mas surgem os raios

cat��dicos (feixes de el��trons livres, que apenas

geram uma luz esverdeada na parede de vidro

sobre a qual incidem). O frasco utilizado na

experi��ncia chamou-se de a m p o l a d e C r o o k e s ,

seu descobridor, e hoje constitui o tubo de

imagem da televis��o e a ampola dos aparelhos

de raios X. O que desejamos ressaltar �� a

mudan��a das propriedades da mat��ria (ar) segundo

o grau de rarefa����o ou sutiliza����o e em contacto

com uma forma dc energia.

Damos o nome de f l u i d o aos "estados da

mat��ria em que ela �� mais rarefeita do que no

estado conhecido sob o nome de g��s" (Delanne).

Segue-se da�� que a mat��ria que promana do

perisp��rito, submetida �� vontade, �� um fluido.

Nota-se haver grande analogia com a mat��ria

rarefeita, permitindo mentalizar a a����o flu��dica.

219

Os fluidos s��o mat��ria de constitui����o diferente

da nossa, participando, em elevado grau, da

natureza energ��tica; assim, s��o como radia����es,

orientadas pela vontade. A mat��ria, passando do

estado s��lido ao l��quido e deste ao gasoso, perde

grande n��mero de suas propriedades sens��veis, a

ponto de tornar-se amorfa, invis��vel, e t c . Do

estado gasoso ao rarefeito, muda o comportamento

frente �� eletricidade, fato indicativo de que o grau

de agrega����o �� importante. Os fluidos s��o uma

condi����o mais avan��ada, correspondendo

verdadeiramente ao quarto estado da mat��ria ou

estado radiante (verificado nos citados tubos de

Crookes), formado pelo fluido universal ou mat��ria

c��smica primitiva, origem de todos os corpos.

Tal analogia n��o �� aparente, for��ada. O princ��pio

de unidade constitucional da mat��ria e da energia,

de que j�� tratamos antes, revela que existe uma

primitiva mat��ria dando origem ��s demais por

evolu����o, isto ��, progressiva complica����o das

��rbitas eletr��nicas; e que mat��ria e energia

guardam rec��procas rela����es de origem (veja

"Evolu����o F��sica e Qu��mica"). Isto �� fundamental.

Com efeito, todos os ��tomos (92 esp��cies naturais)

t��m a mesma composi����o ��ntima, formados que

s��o sempre das mesmas part��culas elementares;

a mat��ria gera a energia e vice-versa.

Os fluidos, portanto, no fundo, t��m a m e s m a

constitui����o que a mat��ria e a energia, variando

220

a disposi����o, forma e quantidade da subst��ncia

fundamental e vibrando noutra freq����ncia, donde,

no futuro, virem a ser individualizados pelo s e u

comprimento de onda, sem d��vida. �� substancia

de Haeckel, ao elemento primitivo dos cientistas,

ao prot��lio de Crookes, etc., os esp��ritos chamaram

d e f l u i d o u n i v e r s a l , m a t �� r i a c �� s m i c a

p r i m i t i v a , etc..

De I96O em diante, a existencia dos fluidos

tornou-se materialmente manifesta, sobretudo

ap��s o intenso labor experimental levado a cabo

na R��ssia e na Tchecoslov��quia ��� embora desde

h�� muito eles tivessem sido apontados e descritos

por alguns pesquisadores e numerosos videntes.

Agora, prova-se sua existencia cientificamente,

seja mediante a citada fotografia kirliana, seja

atrav��s dos efeitos que determinam. Confirmam-

se as antigas descobertas de Mesmer sobre o

magnetismo animal e de Reichenbach sobre a

for��a ��dica ��� numa palavra: acerca dos fluidos

ou emana����es energ��ticas do corpo espiritual.

Em 1920, o engenheiro G. Lakhovsky afirmava

que "todos os seres vivos emitem radia����es" e que

as c��lulas s��o algo c o m o "radiadores

eletromagn��ticos", capazes de emitir e receber

ondas de alta freq����ncia vibrat��ria. O Prof. Otto

Rhan, bactereologista da Universidade de Cornell,

publicou um livro intitulado "A R a d i a �� �� o I n v i s �� v e l

d o s O r g a n i s m o s " . Por volta de 1930, o Prof. A.

2 2 1

G. Gurvitch, fisi��logo russo, tornou-se conhecido

pelo que chamou de " r a d i a �� �� o m i t o g e n �� t i c a " .

Dizia: "todas as c��lulas vivas produzem uma

radia����o invis��vel". A experi��ncia fundamental de

Gurvitch consistiu em tomar uma raiz nova de

cebola, coloc��-la dentro de um tubo de vidro e

apont��-la para um ponto de outra raiz, tamb��m

situada no interior de um tubo de vidro. Tr��s horas

depois, ao microsc��pio, contou o n��mero de

c��lulas da ��rea exposta �� ponta de raiz e verificou

haver a�� 25% a mais de c��lulas do que no restante:

logo, alguma coisa deslocou-se de uma raiz para

a outra e estimulou a divis��o celular ��� donde a

express��o "raios mitogen��ticos". A levedura, assim

tratada, revelou uma brota����o 30% ampliada em

suas c��lulas. A raiz irradia alguma sorte de energia

que influencia os tecidos vivos, o que se observou

suceder igualmente com tecidos animais (sangue,

m��sculos, olhos, e t c ) .

"Os seres humanos e todos os seres vivos

est��o cheios de uma esp��cie de energia at��

recentemente desconhecida da ci��ncia ocidental",

esclarecem Ostrander & Schroeder (1974). A

semelhante bioenergia os cientistas tchecos

denominam " e n e r g i a p s i c o t r �� n i c a " , que, afinal,

vem corresponder ao velho p r a n a dos hindus,

f o r �� a �� d i c a de Reichenbach, m a g n e t i s m o

a n i m a l de Mcsmcr e, naturalmente, ao modesto

fluido dos esp��ritas. Os cientistas sovi��ticos, que

2 2 2

em n��mero apreci��vel atacam experimentalmente

o seu conhecimento, designam-na mediante a

express��o " e n e r g i a b i o p l a s m �� t i c a " , tendo-a

como emana����o do que classificam de corpo

bioplasm��tico (ou perisp��rito, para n��s). A

express��o "energia vital" �� inadequada para ela.

Dizem Tompkins & Bird (1974): "Posto que

os trabalhos de Gurvitch, Rhan, Crile e os

proponentes da eletrocultura sustentavam

unanimemente as convic����es anteriores de Galvani

e Mesmer, de que todas as coisas vivas possuem

propriedades el��tricas ou magn��ticas, era estranho

ningu��m tivesse ainda sugerido que tamb��m ��

v o l t a d e l e s houvesse os mesmos campos

eletromagn��ticos j�� aceitos pelo mundo da F��sica.

Pois tal foi, exatamente, a audaciosa teoria

proposta por dois professores da Universidade

de Yale, um deles fil��sofo, F. S. C. Northrop,

e o outro, como Galvani, m��dico e anatomista,

H. Saxton Burr". De fato, as concep����es de

Mesmer e do supracitado Lakhovsky, a respeito

do biomagnetismo, revitalizam-se por meio dessa

doutrina, que considera a exist��ncia de um

campo magn��tico em torno dos seres vivos.

Avancemos um pouco mais, j�� agora no campo

espiritual. Referindo-se a fin��ssimas fibras do

perisp��rito, intensamente luminosas, as quais

funcionam como modelos da forma f��sica, Y.

Pereira ( " R e c o r d a �� �� e s d a M e d i u n i d a d e " )

2 2 3

compara-as a "baterias, acumuladores de vida

intensa". Declara-as sede de "energias vibrat��rias

incalculavelmente ricas", esclarecendo que essa

vida "�� constitu��da pelas v��rias modifica����es do

magnetismo ultra-sens��vel e da eletricidade..." e

que "cada uma de tais baterias, ou ��rg��os, armazena

uma f o r �� a e l e t r o m a g n �� t i c a de grau ou

sensibilidade diferente, ativando as fun����es do

corpo humano" e acionando os diversos ��rg��os

do corpo carnal. Vemos, nesse lan��o que

descobrimos j�� pronto o precedente, que a energia

eletromagn��tica se situa no ��mago do organismo

espiritual, na sua pr��pria ess��ncia, e que responde

pelo funcionamento da r��plica f��sica. Segundo as

esclarecedoras observa����es dessa competente

m��dium e instrutora, a emana����o flu��dica (que

gera um campo magn��tico correspondente) promana

do ��ntimo do perisp��rito, da sua natureza mesmo.

O supra-exposto explica porque o pensamento

humano revela possuir influ��ncia sobre o cresci-

mento vegetal, fato que se tem demonstrado por

diversas experi��ncias convincentes. G. de la

Warr e esposa provaram que as plantas em

crescimento se mostram sens��veis ao estado de

esp��rito dos seus cultivadores; dizem que para

estimular o crescimento delas, basta aben��o��-las,

projetando energia mental sobre elas. O Reverendo

F. Loeher, em trabalhos bem conhecidos, no seu

livro "O Poder da Prece s o b r e as Plantas",

2 2 4

demonstra que h�� 20% de acelera����o do

crescimento pela aplica����o de for��as mentais;

fez 150 pessoas orarem sobre 27.000 sementes

obtendo not��vel incremento, o que v��rios outros

investigadores confirmaram. A influencia����o da

divis��o e do crescimento celulares pela mente

humana decorre das respostas do corpo flu��dico

dos vegetais �� nossa energia ps��quica ou fluidos.

Que se trata de fluidos e n��o da vontade,

sentimentos e emo����es (que a seu turno agem

sobre aqueles), prova-se pelas experi��ncias de

Bernard Grad, psiquiatra da Universidade Mcgill,

de Montreal (Canad��). Mediante ��gua fluidificada,

obtida pelo contacto de certas pessoas com

garrafas cheias, Grad verificou acentua����o da

germina����o e do crescimento; bastava aplicar tal

��gua ��s sementes para que elas crescessem

melhor do que as que recebiam ��gua comum,

sem influ��ncia humana. Mais importante ainda:

se doentes mentais segurassem as garrafas, a

��gua gerava efeito retardador sobre o crescimento

vegetal. A prop��sito, a decantada influ��ncia

tranq��ilizante de S��o Francisco de Assis sobre as

aves e o famoso lobo de G��bio, sempre encarada

como lenda, assume, diante dos fatos assinalados,

nova fei����o no que respeita �� veracidade. ��

poss��vel que um esp��rito t��o elevado emitisse

fluidos que, conformados pelo seu sublime amor,

fossem capazes de acalmar e atrair seres inferiores;

225



se as plantas respondem conforme vimos acima,

por que os animais seriam insens��veis se tamb��m

levam um corpo flu��dico e denotam as mesmas

caracter��sticas vitais b��sicas? E o que pensar da

figueira que Jesus fez secar por for��a do seu

pensamento? Ao ordenar-lhe tal, Ele lan��ou sobre

ela poderoso jato de fluidos desfavor��veis*;

consoante apreciamos anteriormente, nada mais

l��gico tenha a ��rvore obedecido ��� pois, a ��gua

tratada por fluidos de um psic��tico n��o entrava

o crescimento vegetal? �� medida que o intelecto

avan��a em conhecimentos, cada vez mais tudo

parece encadear-se na Obra Divina...

E refor��ados assim por meio das recentes

informa����es cient��ficas, acima exaradas, podemos

prosseguir em a nossa exposi����o sobre magne-

tismo, fluidos e energia eletromagn��tica, sob um

ponto de vista te��rico unit��rio.

O que se considera classicamente como magne-

tismo animal ou mesmerismo �� a transmiss��o

flu��dica de um homem (magnetizador) para outro,

com a finalidade de restabelecer o equil��brio

* Nota da Editora: ��� V��lida em si mesma a exemplifica����o,

dentro dos prop��sitos do assunto desenvolvido. Fluidos

desfavor��veis dariam esse efeito. �� prudente acrescentar,

todavia, sem preju��zo da cita����o acima, que em "0

Evangelho segundo o Espiritismo", referindo-se

especificamente ao poder da f��, Kardec, inspirado pelos

seus mentores, coloca o assunto como par��bola ��� "par��bola

da figueira que secou".

2 2 6

org��nico ou produzir sono magn��tico (sonam-

bulismo provocado). Visto ser apenas uma categoria

de fisioterapia, como a radioterapia, diatermia,

etc., por serem os fluidos mera forma mat��rio-

energ��tica ��� vamos p��r de lado a palavra

magnetismo em tais casos. Transmiss��o ou

transfus��o flu��dica ser�� prefer��vel, mas usaremos

m e s m e r i s m o , curto e bem conhecido, e o

honesto p a s s e cl��ssico no Espiritismo.

O biomagnetismo, ou genu��no magnetismo

animal, corresponde ao conceito f��sico anterior-

mente exposto e mostra-se muito mais importante

teoricamente do que a transfus��o de fluidos, de

grande valor pr��tico. Percebemos a�� mais uma

confirma����o do encadeamento das coisas na

Cria����o Divina: as emana����es dos seres vivos e

a condi����o do espa��o que os circunda s��o

exatamente iguais ��s dos corpos inanimados.

Foi amplamente demonstrado desde s��culos

que o esp��rito ��� encarnado ou desencarnado ���

irradia, em torno de si, uma atmosfera flu��dica;

�� a a u r a " , j�� citada; sendo constitu��da de

mat��ria radiante, determina propriedades seme-

lhantes ��s do magnetismo. Diremos, �� vista disso,

que o esp��rito, em quaisquer condi����es, representa

um campo magn��tico. O apontado princ��pio de

unidade completa-se assim: o i m �� (mat��ria), a

e l e t r i c i d a d e (energia) e os f l u i d o s (mat��ria-

energia ou mat��ria radiante) geram modifica����o

2 2 7



especial no espa��o existente �� sua volta ��� cujas

manifesta����es denominam-se "fen��menos

magn��ticos". Naturalmente, n��o se vai pensar

que o biomagnetismo desvia a agulha imantada,

como o faz o ferromagnetismo e o eletro-

magnetismo; ele se exerce sobre os elementos

de natureza espiritual, do mesmo modo que as

duas outras modalidades dizem respeito a objetos

de ��ndole material e energ��tica.

Transpondo essas no����es para o terreno con-

creto, diremos, primeiro, que a atra����o espiritual

depende do magnetismo; os esp��ritos aproximam-

se em raz��o das caracter��sticas magn��ticas da

aura. �� freq��ente que um esp��rito inconsciente

do seu estado, e por isso com a vontade

desorientada, adira �� aura de uma pessoa ���

principalmente se esta for m��dium pouco

"Nota da Editora: O autor denomina aqui como sendo

"AURA" uma atmosfera flu��dica que o esp��rito encarnado

ou desencarnado irradia; e a isso se refere j�� no cap. 4��

de "Evolu����o para o Terceiro Mil��nio" ��� item 4).

Jo��o Teixeira de Paula ("Dicion��rio de Parapsicologia,

Metaps��quica e Espiritismo") entende de forma diferente,

declara que aura �� emana����o flu��dica do corpo humano

e dos demais corpos org��nicos e inorg��nicos, ainda que

anote para o perisp��rito o termo "aura n��urica". De alguma

forma, deve o autor ter-se referido ��queles que conservam

caracter��sticas muito terreais, salvo melhor ju��zo. Para

diversos estudiosos, trata-se de aspecto bio-energ��tico,

quase se diria algo fisiol��gico. Fica o registro.

228

desenvolvido; �� fen��meno pura e mecanicamente

magn��tico, porquanto a atra����o, de ambas as

partes, independe das vontades. Tudo se passa

tal qual um im�� atraindo um peda��o de ferro,

grosseiramente comparando. �� bem sabido que

a mat��ria perispir��tica �� sens��vel ao estado moral

do ser e, da��, em ��ltima an��lise, o biomagnetismo

depender da eleva����o moral, no que concerne

�� apura����o; como sucede com os magnetos, que

n��o atuam sobre qualquer corpo, a atra����o da

aura n��o se exerce cegamente sobre qualquer

esp��rito ��� sen��o que, nos imperfeitos, acha-se

na depend��ncia da condi����o ��tica e, nos

superiormente evolvidos, da vontade. Isto ficar��

mais claro na continua����o.

A encarna����o depende fundamentalmente do

biomagnetismo. Para come��ar, se o esp��rito

recusar a recorporifica����o, poder�� ser compelido

a tanto sem que lhe toquem: bastar�� o potencial

magn��tico de um superior, posto em a����o pela

vontade, caso em que ele ser�� levado sem saber

como e sem nada ver do processo em si. O

embri��o, desde cedo, atrai o esp��rito em causa

e ambos se ligam por um cord��o flu��dico, que

�� uma extens��o do perisp��rito; a for��a atrativa

cresce progressivamente com o aumento do feto

��� n��o se levando em conta o magnetismo

materno, tamb��m atuante. Compreende-se que

cada vez mais se aproxime e fique perturbado

o espirito encarnante.

229



Na morte, enfraquecendo-se e degenerando os

��rg��os, diminui a energia vital e, conseq��en-

temente, perde pot��ncia o campo magn��tico,

pelo que o esp��rito progressivamente se liberta

do corpo ��� que o deixa, aos poucos, de atrair.

Isto explica dois fatos da maior import��ncia para

o ser humano:

1. Que o corpo f��sico n��o morre em virtude

da sa��da do esp��rito, mas este �� que escapa com

o falecimento daquele (Kardec), dependendo

este do esgotamento da energia vital ��� o

sustent��culo da mat��ria.

2. Que a morte lenta, com agonia, desagrad��vel

para os assistentes, �� favor��vel ao esp��rito, que

n��o sofre (A. J. Davis), a n��o ser moralmente em

propor����o ��s suas culpas e ao apego �� carne,

e livra-se sem grandes abalos*. Tal no����o �� f��cil

de deduzir das informa����es preciosas de Andr��

Luiz. O trespasse s��bito �� em extremo penoso

porque o ser se perturba, sofre (Emmanuel) e

n��o se liberta sen��o depois de conseguir superar

a atra����o magn��tica ainda ativa ��� o que toma

tempo bastante vari��vel, segundo o grau de

* Nota da Editora: ��� 0 autor se refere ao fato belamente

descrito em min��cias por Andrew Jackson Davis e pode

ser encontrado mais facilmente na obra "Magnetismo

Espiritual", de Michaelus, edi����o FEB, a p��ginas 281 e





seguintes.


230


apego �� mat��ria: quanto mais elevado o esp��rito,

tanto menos sujeito ao magnetismo org��nico.

Delanne compara a a����o do corpo espiritual

�� de um campo magn��tico ou el��trico e assevera

que o perisp��rito representa o papel de um

el��tro-��m�� dotado de p��los m��ltiplos, ao inv��s

de dois, conforme se d�� com os ��m��s materiais

que estudamos anteriormente. Por a�� fica patente

que a exposi����o precedente �� mero desenvol-

vimento, permitido pelo gigantesco progresso

cient��fico moderno, de uma id��ia que vem

evoluindo aos poucos e que podemos agora

considerar como definitivamente integrada na

evid��ncia experimental.

M o d o d e a �� �� o d o s r e m �� d i o s

Se abrirmos um tratado de Terap��utica ou de

Farmacologia, com o fito de nos cientificarmos

sobre o modo de a����o dos medicamentos, em

rela����o ��s mol��stias, veremos que a maioria ignora

a quest��o e que alguns declaram n��o haver explica����o

do mecanismo ��ntimo. �� que os cientistas acham-

se muito ocupados na pesca de fatos, na an��lise

dos fen��menos. Uma importante aplica����o do

princ��pio de unidade e da estrutura el��trica da

mat��ria, essas fertil��ssimas revela����es f��sicas, temos

a��. Vamos examinar, primeiro, se uma s��rie de

efeitos id��nticos admitem causas semelhantes e,

2 3 1

depois, se �� poss��vel reduzir estas ��ltimas a um

princ��pio geral, assentado solidamente sobre aqueles

dois conhecimentos modernos da F��sica.

Estamos cientes de que os raios X se originam

da colis��o de um feixe de el��trons (ou raios

cat��dicos) com qualquer esp��cie de mat��ria (em

geral, uma placa met��lica). Desse choque resultam

vibra����es eletromagn��ticas oriundas da mat��ria

e destitu��das de todo suporte f��sico: s��o as

radia����es de Roentgen. Tais vibra����es existem,

pelo menos em potencial, na mat��ria e libertam-

se mediante a a����o de el��trons (no caso dos raios

X) ou durante a desintegra����o at��mica (raios

gama), de modo espont��neo. Repisemos: raios

X (provocados) e raios gama (espont��neos) s��o

vibra����es (ou ondas) eletromagn��ticas, da mesma

natureza, apenas diferentes quanto ao comprimento

de onda (mais curto nos segundos) e freq����ncia

vibrat��ria (menor nos primeiros).

Agora, estudemos a a����o, sobre a pele humana,

de algumas radia����es e de certos produtos

qu��micos (entre os quais se incluem os rem��dios).

R a d i a �� �� e s ��� Os raios X, quando aplicados em

excesso na c��tis, determinam a chamada

r a d i o d e r m i t e ; c o m e �� a com eritema

(avermelhamento), em seguida bolhas (ves��culas

e flictenas), finalmente mortifica����o dos tecidos

(necrose); produzem tamb��m pigmenta����o. Os

raios gama, que escapam continuamente do

2 3 2

metal r��dio, em nada se apartam desse esquema.

Por isso, ambos s��o empregados na destrui����o

de tecidos tumorais, benignos e malignos. A luz

solar (cujos efeitos s��o devidos aos raios

ultravioletas, de natureza id��ntica aos raios X ) ,

nas mesmas condi����es, d�� origem �� a c t i n o d e r m i t e

ou queimadura solar, com fen��menos iguais aos

anteriores. As queimaduras, tanto originadas pelo

calor quanto por radia����es calor��ficas, filiam-se

igualmente a tal grupo de les��es. De um modo

geral, temos, num primeiro grau, vermelhid��o;

depois, bolhas; por fim, ulcera����es com perda

de tecidos; conseq����ncias comuns s��o o excesso

de pigmenta����o e a descama����o epid��rmica.

Isto posto, �� evidente que diversas radia����es

eletromagn��ticas deixam os mesmos sinais na

pele humana.

P r o d u t o s q u �� m i c o s ��� Numerosas drogas

exercem semelhante a����o. S��o os chamados

r e v u l s i v o s ou v e s i c a t �� r i o s . Se aplicarmos, por

exemplo, ess��ncia de mostarda sobre qualquer

parte do corpo, veremos surgir tremenda irrita����o,

extremamente dolorosa (n��o o s��o menos as

precedentes), acompanhada de eritema, bolhas

e chegando �� necrose; e n��o falta a pigmenta����o,

mais tarde. Plantas como a favela e a urtiga

conduzem p��los glandulosos, cujo l��quido,

fortemente urente, determina a forma����o de

eritema papuloso; o l��tex de n��o poucas esp��cies

vegetais �� c��ustico e acarreta destrui����o tissular.

2 3 3

Essa identidade funcional entre a energia e a

mat��ria �� demonstrativa. No exemplo escolhido,

compostos qu��micos agem da mesma maneira

que as vibra����es eletromagn��ticas, pelo que

podemos supor tenham a l g o e m c o m u m

respons��vel por t��o parecidos efeitos. Visto que

a mat��ria encerra energia eletromagn��tica ���

espontaneamente libertada sob a forma de raios

gama ��� esta dever�� ser a for��a atuante em ambos

os casos.

Atingimos, posto isto, a conclus��o de que a

F��sica moderna, esse monumento da intelig��ncia

encarnada, d�� raz��o ao conhecido qu��mico A.

Gautier, do s��culo passado, e mais precisamente

a Andr�� Luiz, quando este afirma categoricamente:

"Todo rem��dio est�� saturado de energias

eletromagn��ticas em seu raio de a����o".

Pelo princ��pio de unidade, sabemos que todos

os medicamentos apresentam a mesma composi����o

��ntima (part��culas subat��micas); a a����o sobre o

organismo n��o pode, pois, depender da mat��ria

em si, restando a energia conservada nos ��tomos

sob forma el��trica e o magnetismo dela decorrente.

O potencial eletromagn��tico, naturalmente, varia

de droga para droga, consoante o n��mero das

v��rias part��culas, o arranjo das mesmas, o estado

de agrega����o, as diferentes combina����es poss��veis,

a concentra����o, e t c . Para ilustrar isso claramente,

basta tomarmos o oxig��nio e a ��gua; aquele ��

2 3 4



um g��s vital que respiramos, mas se levar mais

um ��tomo por mol��cula passa a ser o oz��nio,

g��s impr��prio �� vida; a ��gua ��-nos essencial,

por��m, se incluir outro ��tomo de oxig��nio

transforma-se em ��gua oxigenada, l��quido corrosivo.

Vejam isto para refor��ar: o g��s carb��nico

�� inofensivo produto da respira����o de todos os

seres vivos; se, contudo, lhe retirarmos um

��tomo de oxig��nio, passa a ser mon��xido de

carbono (CO), g��s extremamente venenoso que

se desprende dos motores a explos��o e causador

de acidentes letais por ser incolor e inodoro. As

subst��ncias s��o sempre as mesmas; contudo

variam enormemente as propriedades com

pequenas altera����es quantitativas. Al��m disso, a

a����o sobre o organismo �� vari��vel consoante

uma multid��o de fatores, a come��ar pela natureza

individual, donde dizer-se que n��o h�� propriamente

doen��as, mas doentes.

Compreende-se, pois, que certas drogas sejam

venenosas, outras calmantes, algumas excitantes,

e assim por diante, segundo o potencial

eletromagn��tico e a suscetibilidade pessoal. A

import��ncia desse conhecimento n��o p��ra a��,

veremos adiante.

A analogia poderia ser levada mais longe; por

exemplo, os raios X, aplicados ao sistema

simp��tico, atuam como analg��sico; em dose

235

fraca, excitam a atividade celular, tal qual

numerosos medicamentos. �� prefer��vel passar a

outro setor do mesmo campo de considera����es.

Vejamos a quase absoluta identidade funcional

existente entre fluidos e anest��sicos, t��o bem

evidenciada por Delanne.

�� perfeitamente conhecida, e h�� muito tempo,

a a����o dos fluidos sobre o corpo humano. O

mesmerizador, transfundindo sua energia, gera o

chamado "sono magn��tico", ou melhor, s o n o

flu��dico ��� igual ao sonambulismo. Em estado

sonamb��lico, o sujeito apresenta tr��s categorias

de fen��menos, muito pr��prias do estado em que

se encontra:

1. Insensibilidade ��� Completa, a ponto de

ser poss��vel cortar-lhe qualquer parte do corpo

ou dar-lhe amon��aco para respirar sem dano

algum.

2. Clarivid��ncia ��� O son��mbulo adquire esta

faculdade em virtude da liberta����o do esp��rito

durante o processo.

3- A u s �� n c i a de r e c o r d a �� �� o ��� Ao ser

despertado, de nada se lembra de quanto foi

feito, a ele ou em torno dele.

As pessoas submetidas �� narcose ou anestesia

geral (��ter, clorof��rmio e, modernamente, gases

anest��sicos), sempre permanecem insens��veis e

n��o se recordam de coisa alguma; quanto �� dupla

vista, tem sido verificada nesse estado igualmente

2 3 6

em alguns casos. Pelo que a�� fica, �� poss��vel

afirmar que o c o r r e , num e noutro, o

desprendimento do esp��rito mediante a����o sobre

o sistema nervoso central. Os centros nervosos

ficam inibidos e a alma livre, donde a clarivid��ncia.

Podemos construir o mesmo racioc��nio que ��,

em parte, an��logo ao antecedente. Se produtos

qu��micos e fluidos agem semelhantemente, �� que

possuem algo em comum. N��o �� a mat��ria,

muito diversa em ambos, sen��o a energia que

libertam, filiada �� que estudamos h�� pouco.

Vimos que radia����es f��sicas, radia����es espirituais

e subst��ncias qu��micas exercem a����es id��nticas

sobre a mat��ria organizada e que tais a����es

repousam em cima de uma s�� base: a energia

ou vibra����o eletromagn��tica, presente em toda

a mat��ria.

Cada forma de aplica����o tem a sua indica����o

peculiar e cumpre cortar cerce todo e qualquer

exagero ou exclusivismo. Os m��dicos s�� querem

saber dos rem��dios, dos raios e do bisturi; os

"magnetizadores" afirmam que os seus passes

curam tudo, o que �� material e espiritualmente

imposs��vel. Para as mol��stias cir��rgicas, bisturi;

para os tumores, radia����es; para as doen��as

cur��veis ou de todo incur��veis, medicamentos.

Para que o tratamento flu��dico, humano ou

espiritual, n��o seja desacreditado, urge utiliz��-lo

judiciosamente; mol��stias ps��quicas encontram

2 3 7

nele um e x c e l e n t e recurso; indiv��duos

espiritualizados aproveitam-no; homens grosseiros,

materializados, campe��es na mesa e atletas no

leito, mostram-se insens��veis ou pouco sens��veis

aos fluidos e precisam de rem��dios, cuja a����o

�� mais possante nesse n��vel. Tamb��m, note-se,

os passes revelam-se in��teis se o receptor n��o

se colocou numa condi����o ��ntima adequada

mediante anu��ncia e prece.

Os esp��ritos tratam doen��as do corpo e da

alma e, se devemos louvar a boa inten����o, n��o

�� l��cito esquecer que o entusiasmo impede sejam

examinados os fracassos. Esta quest��o merece

muita pondera����o, tanto por parte do agente,

quanto por parte do sujeito. As anota����es

subseq��entes objetivam alcan��ar um

esclarecimento a respeito.

A maior parte dos preparados farmac��uticos ��

ineficaz ou denota efic��cia vari��vel, infiel, sabem-

no perfeitamente os m��dicos; existem porque,

tendo realmente a����o sobre certos estados m��rbidos,

ela �� apenas sintom��tica, restrita e/ou inconstante,

sujeita a fatores dif��ceis de precisar e avaliar. Por

isso, de tr��s doentes com a mesma afec����o, um

cura-se, outro melhora e o terceiro pode at�� piorar.

A julgar pelos an��ncios e bulas, n��o h�� nenhuma

dificuldade no tratamento das enfermidades que

afligem t��o severamente a humanidade; a realidade,

no entretanto, �� bem outra. Os rem��dios a g e m

238

s o b r e o o r g a n i s m o , e n q u a n t o q u e a s m o l �� s t i a s ,

s e e s t �� o l o c a l i z a d a s n e l e , t �� m s u a c a u s a n o

e s p �� r i t o ��� como regra geral. As doen��as somente

do corpo s��o facilmente cur��veis, porquanto se

devem ��s imperfei����es da mat��ria e ��s conting��ncias

da circunst��ncia. Por exemplo, arranca-se um

dente e sobrev��m um abcesso alveolar ��� nada tem

o esp��rito a ver com isso; �� um acidente. Isto

explica em parte os sucessos e os fracassos,

igualmente comuns, da medicina.

As doen��as de certa gravidade, que surgem

sem causa bem definida, devem ser consideradas

como reflexos de desequil��brios perispirituais e

levam como finalidade o restabelecimento da

normalidade do esp��rito ��� quando suportadas

com ��nimo adequado. Enfim, a distin����o absoluta

ainda n��o �� para. n��s, mas podemos, por via de

regra, faz��-la; resta recorrer aos mentores

espirituais, cujo conselho n��o falha se h��

sinceridade de prop��sito e boa inten����o. Eles n��o

poder��o carregar a nossa cruz e s�� interv��m se

o aux��lio for ��til espiritualmente; se o paciente

n��o estiver em condi����es de aproveit��-lo, pouco

ser-lhe-�� permitido informar ou tratar.

Devemos procurar as prescri����es m��dicas

para os males cur��veis por semelhante processo.

O tratamento pronto e eficaz para am��dalas

cronicamente inflamadas �� a extirpa����o. Quem

tem de tratar a ��lcera p��ptica �� o gastrenterologista,

239

a hipertens��o �� o cardiologista, etc.. �� in��til

procurar os centros em tais casos e os esp��ritos

devem encaminhar esses doentes ao m��dico.

Teriam esp��ritos elevados como Pasteur, Jenner,

Oswaldo Cruz, e outros, vindo �� Terra por sua

pr��pria conta ou para legar-nos meios de caminhar

com os nossos pr��prios p��s? Amigos queridos

do Espa��o, espontaneamente, num caso conhecido

do autor, indicaram uma opera����o para bem

desenvolvida ��lcera duodenal; em 15 dias a

pessoa estava completamente curada, o que ��

fora do comum. Seria l��gico gastasse ela meses,

ou talvez anos, com pozinhos e c��psulas receitadas

por esp��ritos desconhecidos? Quando indispens��vel

ao progresso espiritual, eles sabem abrir caminho

at�� nossa limitada capacidade para ajudar-nos.

Confessemos que o receitu��rio medi��nico n��o

ultrapassa, salvo casos contados, o humano e,

freq��entemente, fica aqu��m deste. O tratamento

espiritual destina-se ��s enfermidades da esfera

mental ou ps��quica e j�� �� muito, pois a�� a

medicina falha em larga escala. Isso n��o quer

dizer que os fluidos espirituais n��o atuem fisica-

mente; vimos um passe dado por elevado esp��rito,

especialista em terap��utica flu��dica, atrav��s de

excelente m��dium, abrir um abcesso dent��rio

duas horas depois e, noutra ocasi��o, fazer cessar

as fortes dores da espondilose em vinte minutos.

Perguntamos aos estimados confrades: nos

2 4 0

centros quantos esp��ritos superiores, de identidade

conhecida, especialistas em terap��utica flu��dica,

e quantos m��diuns competentes prestam servi��os?

Meia d��zia?

O que temos s��o irm��os iguais a n��s, no Espa��o

e na Terra, dando de si com toda a boa vontade

poss��vel. Mas, n��o basta, temos observado, para

os dist��rbios da mat��ria ��� que pertencem ao

campo m��dico, como regra geral. Al��m disso, n��o

�� raro o contra-senso de m��diuns que, durante as

sess��es, receitam rem��dios ao p��blico pedinte e

depois v��o eles pr��prios ao m��dico encarnado

tratarem de suas doen��as pessoais. �� o caso de

perguntar-se: por que n��o cuidam de si mesmos?

Ser��o suas doen��as diferentes das demais?

A medicina propriamente esp��rita possui terreno

peculiar: as mol��stias ps��quicas ou mentais,

principalmente quando envolvem persegui����es

espirituais, o que �� vulgar��ssimo. A�� aqueles

esp��ritos iguais a n��s, mas repletos de boa

vontade (assistidos por entidades superiores),

podem fazer o que n��o �� poss��vel aos escul��pios

terrenos, que desejam manter-se em volunt��ria

ignor��ncia a respeito. Da�� esclarecer In��cio Ferreira,

o conhecido psiquiatra esp��rita: "O Espiritismo

s�� deve ser aplicado em casos especiais de

psiconeuroses", afora, naturalmente, os casos de

obsess��o. Realmente, a "perturba����o" ou neurose,

forma de desequil��brio em que o senso de

241

realidade est�� intacto e a intelig��ncia normal,

constitui excelente campo de aplica����o para as

pr��ticas esp��ritas porque a�� o tratamento b��sico

consiste na reeduca����o espiritual do paciente.

Os dist��rbios org��nicos pertencem �� medicina,

como regra geral ��� dissemos. "Regra geral",

porque, evidentemente, os mentores espirituais

sabem decidir judiciosamente quando intervir no

plano material.

�� comum que os esp��ritos receitem preparados

farmac��uticos e �� igualmente freq��ente que o

fa��am com menos maestria do que seria de

esperar e de desejar. Explica-se por serem esp��ritos

de homens do tipo m��dio, fossem, embora,

m��dicos na Terra. Por outro lado, temos tido

oportunidade de ver que esp��ritos superiores n��o

o fazem, mas tratam com passes e ch��s, ambos

veiculando fluidos curativos. A Sra. D'Esp��rance,

famosa m��dium francesa, conta que o seu elevado

guia agia do mesmo modo, sendo contra os

rem��dios. I. Ferreira quase n��o os empregava no

Sanat��rio de Uberaba-MG.

Teoricamente, torna-se f��cil compreender o

motivo de tal diferen��a. Notamos anteriormente

que a respons��vel pelo efeito medicamentoso

das drogas e fluidos �� a energia eletromagn��tica;

essencialmente, os fluidos do esp��rito agem do

mesmo modo que os rem��dios. Os menos

adiantados desconhecem tal quest��o, resolvida

modernamente, e transvazam a sua boa vontade

2 4 2

como sabem: propinando drogas. Os seres

superiores, tendo adquirido o Bem e a Sabedoria,

o Amor e a Ciencia, conhecem como manejar,

por meio da vontade, os seus fluidos perispirituais

(e os do m��dium) a fim de obter o desejado

potencial eletromagn��tico, id��ntico ao do

medicamento indicado no caso em que estiver

atuando. Compreende-se que seja conhecimento

cient��fico acima das nossas possibilidades atuais,

mas j�� em in��cio de entendimento por interm��dio

da F��sica e da Biologia. N��o esquecer que Jesus,

Pedro e Paulo jamais usaram algo al��m dos

fluidos emanados de suas m��os e poderosa

cerebra����o, em suas curas instant��neas e completas.

Para usar rem��dio �� prefer��vel buscar o m��dico

terr��cola, que disp��e de amplos recursos t��cnicos

e medicamentosos, embora seja f��cil apontar

lacunas na sua atividade. O receitu��rio envolve

responsabilidade gra��as ��s complica����es sempre

poss��veis e ser�� indispens��vel haver um

r e s p o n s �� v e l , que possa extemporaneamente

socorrer o doente de s��bito presa de novos

males. Quem o far��, sen��o o m��dico? O esp��rito,

o m��dium e outros n��o poder��o e nem ter��o

capacidade para tanto. Ficaria o paciente entregue

a si pr��prio e um profissional chamado ��s

pressas viria trazer fatal descr��dito a uma doutrina

cient��fico-religiosa realmente capaz de muitas

curas magn��ficas ��� quando devidamente indicada

243

e sensatamente aplicada.

Cremos que nossas palavras ser��o tomadas ao

p�� da letra, mas, por medida precaut��ria,

afian��amos que tudo quanto julgamos deva ser

dito a�� fica claramente exarado, n��o havendo

nenhum sentido oculto ou c o n c e i t o s

subentendidos. Tomem-se as letras e voc��bulos

na sua acep����o vulgar.

NOTA FINAL ��� �� f��cil comprovar que esp��ritos

e confrades se orientam pela tese supra defendida.

Emmanuel (F. C. Xavier, " E n t r e v i s t a s " , Araras,

SP, 1972) declara "muito natural" recorrer ��

assist��ncia m��dica e que "o nosso corpo precisa

de assist��ncia m��dica em t o d o s o s d i s t �� r b i o s

que apresente". Agrega que n��o se pode desprezar

"a coopera����o da Ci��ncia atrav��s do socorro

medicamentoso. Se h�� tal socorro, �� porque Deus

permite". Porque, esclareceu, "uma casa de sa��de,

um sanat��rio, um hosp��cio, �� uma casa de Deus".

Por outro lado, Emmanuel (sess��o de 5-VI-50,

Pedro Leopoldo) aconselha, a quem desejar o

aux��lio dos mentores espirituais na "solu����o de

tuas necessidades fisiol��gicas ou nos problemas

de sa��de" ��� colocar um frasco contendo ��gua a

sua frente enquanto ora. Assevera: "o orvalho do

plano divino magnetizar�� o l��quido, com raios de

amor..." Andr�� Luiz ( " O b r e i r o s d a V i d a E t e r n a " )

conta-nos que o Assistente Jer��nimo, querendo

prolongar a vida da velha Sra. Albina, prestes a

244

desencarnar, por ordem superior opera mediante

os seus pr��prios fluidos sobre as coron��rias,

sustando o processo patol��gico durante v��rios

meses. E relata tamb��m como o feto de uma m��e

desnutrida recebe um suprimento de fluidos

nutritivos das m��os de um m��dico espiritual.

T. Rossini ( " A N o v a E r a " , Franca, SP, 31-111-

7 5 ) defende a doutrina de que as mol��stias do

corpo f��sico devem ser tratadas pelos disc��pulos

de Hip��crates, salvo situa����es especiais. Explana:

"O Espiritismo Crist��o Kardecista n��o tem como

uma de suas finalidades a preocupa����o de curar

enfermidades, por serem estas da c o m p e t �� n c i a

d a m e d i c i n a t e r r e n a . " Acentua que o objetivo

dele "�� contribuir para a transforma����o dos

povos". Alega que Jesus prometeu enviar um

Consolador e n��o um "curador", que prometeu

al��vio e n��o "cura" (Mt. 11:28). A Kardec, os

esp��ritos, v��rias vezes, advertem que cuide da

sua sa��de ou n��o concluiria a miss��o em curso.

E o nosso querido Chico Xavier mesmo tem sido

aconselhado pelos instrutores espirituais a tratar

os seus v��rios males f��sicos com m��dicos de

carne e osso; uma vez, teve de internar

pessoalmente uma parenta chegada num sanat��rio

psiqui��trico... Consultado por parente meu, sobre

uma dolorosa espondilose, o Chico respondeu

que apenas poderia orar por ele. Reconhece

Rossini haver curas por via medi��nica nos casos

245

em que a mol��stia resiste �� terap��utica humana

ou o doente possui m��ritos.

Andr�� Luiz ( " O b r e i r o s " ) conta que, diante de

um m��dium que psicografava mensagens em

resposta a consulentes encarnados (opera����o

usual nos centros), o mentor declarou que se

tratava simplesmente de "respostas reconfortantes",

derivadas "do impositivo da coopera����o". E

acentua que n��o "traduzem e q u a �� �� o d e f i n i t i v a

para os problemas que exp��em". �� exatamente

o que se percebe nas respostas dadas a pedidos

de orienta����o e receitas. A cada um compete o

esfor��o, comumente estr��nuo, de auto-regenera����o,

caso em que a doen��a �� fator importante de

reajustamento. E como promana de passados

deslizes e culpas, nem sempre pode ser eliminada

prontamente ��� fazendo-se mister primeiramente

a modifica����o das condi����es ��ntimas que originaram

a perturba����o.

A falibilidade do receitu��rio �� bem conhecida

dos estudiosos do assunto. Confrontem-se as opini��es

de Osty e de Emboaba, em dois campos algo

diversos. Esses, e os demais autores, por outro

lado, reconhecem que, pelo geral, ele seria digno

de confian��a n��o fora extremamente sujeito ��

mistifica����o, comumente humana e, ��s vezes,

espiritual. Isto devemos levar em conta. �� mais

pr��tico e seguro recorrer ao m��dico quando este

se acha qualificado para o caso, o que muitas vezes

246

recomendam os esp��ritos superiores quando instados

a opinar sobre doentes. A mediunidade curadora

�� bem conhecida quanto aos resultados poss��veis,

por��m, mal no concernente �� oportunidade; enfim,

�� meio para o futuro, quando pudermos contar

com melhor material de ambos os lados ��� a n��o

ser nos dist��rbios ps��quicos.

Outro aspecto da quest��o, pouco comum,

reside nas opera����es transcendentais, para as

quais �� preciso um m��dium de efeitos f��sicos.

S��o indiscut��veis, por��m, raras. Isto demonstra

que os mentores do Espa��o n��o desejam que

ponhamos de lado a medicina; evidentemente,

tais seres elevados n��o pretendem sejam abolidos

os meios de progresso an��mico, representados

pelo sofrimento redentor, donde concluirmos

que os inconvenientes da medicina medi��nica

desaparecer��o com a eleva����o geral do n��vel

moral. Da�� tomarmos como base o caso geral e

n��o as exce����es, isto ��, as curas prodigiosas.

O Artigo 284 do C��digo Penal (314 em o novo

c��digo, ainda a vigorar) ao mesmo tempo que

pro��be a prescri����o de rem��dios, vai ao exagero

de proscrever passes e preces e at�� simples gestos

e palavras que denotem a inten����o de curar!

Puseram, assim, de lado a recomenda����o do Mestre

aos disc��pulos: "... curai os enfermos...", opera����o

que realizavam com a imposi����o das m��os; pouco

mais fazem os m��diuns com os passes.

247

O passe, nos centros, �� dado, via de regra, sem

qualquer inten����o de curar, mas sim de descarregar

cargas flu��dicas inferiores ��� capazes de alterar a

sa��de. De resto, �� pr��tica ben��fica e in��cua, pura

express��o do intenso desejo de fazer o Bem e

cumprir, portanto, os des��gnios divinos.

Podemos, criteriosamente, estabelecer os

seguintes princ��pios concernentes �� atitude atual

do Espiritismo em face da doen��a e do tratamento:

1. Os medicamentos e os fluidos agem em

virtude da energia eletromagn��tica que veiculam.

2. Os primeiros s��o adequados ��s mol��stias de

fundo material e aos indiv��duos excessivamente

materializados. A maior parte dos rem��dios ��

ineficiente e, por isso, devemos us��-los parcamente

e s�� quando bem indicados. Ponhamos de lado,

terminantemente, todos os rem��dios "que me

fizeram muito bem uma vez quando..." ou "que

deram ��timo resultado para fulano e a av�� de

beltrano..." N��o h��, propriamente, doen��as; o

que h�� s��o doentes e cada caso difere de outro,

por mais parecido seja. As apar��ncias enganam.

3. Os fluidos (passes) constituem excelente

terap��utica para as mol��stias mentais, aliados ��

doutrina����o tanto do encarnado quanto dos

desencarnados, se os houver. Tamb��m para males

f��sicos de origem espiritual imediata.

4. Conv��m, sempre que poss��vel, ouvir os guias,

lembrando que nem todos os esp��ritos s��o guias.

2 4 8

5. Se tivermos a felicidade de reunir o dif��cil

conjunto de condi����es que permita a presen��a

ativa de um esp��rito reconhecidamente superior,

ent��o n��o h�� restri����es a fazer, porquanto grande

�� o seu poder. �� uma exce����o e n��o se pode

tom��-la como base de racioc��nio.

6. O ideal para os centros esp��ritas, cujo senso

caritativo �� not��rio, �� a colabora����o de um

m��dico ��� que julgar�� das receitas e assumir�� a

responsabilidade, j�� que os seus conhecimentos

especializados permitir��o o socorro, r��pido e

eficiente, quando houver complica����es ulteriores.

7. Os passes habitualmente dados nos centros

s��o sempre ��teis para aliviar as cargas flu��dicas

delet��rias. Nada curam, sen��o pequenos males

delas decorrentes (dor de cabe��a, mal estar,

ang��stia, e t c ) . Os passes curativos s��o especiais

e est��o na depend��ncia da eleva����o da fonte de

origem, do m��dium e do ambiente; quantas

vezes teremos realizado tal associa����o de condi����es

favor��veis? N��o, certamente, nas sess��es p��blicas

vulgares, onde n��o h�� ��� nem poder haver, que

a isso n��o se destinam ��� sele����o moral.

8. Em ��ltima an��lise: discernimento nas

atividades beneficentes, aten����o nos conselhos

dos esp��ritos, prud��ncia nas promessas. �� essencial

formar-se em grupo moralmente homog��neo de

pessoas estudiosas e boas.

249

9. Estes princ��pios s��o pl��sticos e devem

adaptar-se ��s condi����es particulares de cada

assembl��ia.

10. N o t a a d i c i o n a l . As mol��stias que acossam

a humanidade desempenham papel relevante na

reden����o do esp��rito imortal, na qualidade de

fatores de reajustamento em face das quedas e

desvios. In��meras resistem a quaisquer tipos de

terapia, melhorando e piorando sucessivamente.

Segue-se que, em muitos casos, teremos de

conviver com elas, buscando um inteligente

regime de adapta����o. Logo, urge n��o voar atr��s

do primeiro aceno ilus��rio de liberta����o total e

imediata. Lembremos: n��o poucos estados

m��rbidos s��o solicitados pelo pr��prio reencarnante

com o fito de impedir excessos e desvios de

fun����es, os abusos t��o comuns das sensa����es

f��sicas ( i n i b i �� �� e s p e d i d a s , de A. Luiz).

M u t a �� �� e s

Verificamos anteriormente que radia����es e

produtos qu��micos, em muitas inst��ncias com a

maior evid��ncia, atuam de modo semelhante

sobre a mat��ria organizada. Em seguida, notamos

que os fluidos espirituais e as drogas anest��sicas

demonstram completa identidade funcional. Por

fim, conclu��mos que as a����es das radia����es,

fluidos e compostos qu��micos repousam sobre

2 5 0

u m a �� n i c a b a s e : a energia ou vibra����o

eletromag��tica, universalmente difundida.

Sabemos que as muta����es s��o varia����es

descont��nuas, que aparecem bruscamente num

descendente de pais normais; assim ��, por exemplo,

quando nasce uma crian��a com seis dedos em

cada m��o, apresentando cinco os seus progenitores.

E crian��as albinas de pais normais, fato que se

passa tamb��m com animais e plantas. As muta����es

espont��neas s��o relativamente raras, embora

possam surgir em quaisquer animais ou vegetais;

insetos sem asa, descorados, carneiros negros,

flores e folhas dotadas de formas e cores diferentes

das usuais, etc.. O importante �� que elas se

mostram desde logo transmiss��veis �� descend��ncia,

conquanto aconte��a permanecerem durante v��rias

gera����es ocultas, sem manifestar-se no organismo.

As c��lulas sexuais (gametas), femininas e

masculinas, fundem-se para formar o ovo, no qual

existem potencialmente as caracter��sticas maternas

(trazidas pelo ��vulo) e paternas (levadas pelo

espermatozoide), veiculadas pelos genes ou

part��culas da hereditariedade, os quais se encontram

no interior dos cromossomos. Se os genes ou os

cromossomos sofrerem qualquer altera����o ��� seja

quanto �� posi����o, �� integridade ou ao arranjo

interno das mol��culas ��� ela refletir-se-�� no corpo

futuro do descendente e aparecer�� a muta����o,

imediata ou posteriormente. N��o h�� determina����o

251

no aparecimento da mesma, parecendo dar-se ao

acaso e, posto isto, sendo imprevis��vel (conforme

se explicar�� no cap��tulo subseq��ente).

Descobriu-se que certas radia����es s��o capazes

de produzir muta����es em animais e plantas.

Raios X, gama e ultravioleta s��o os principais.

Tamb��m algumas subst��ncias qu��micas, como o

g��s-mostarda. Exemplo famoso e recente de

droga mutag��nica, embora malfadado, �� o

tranq��ilizante talidomida; n��mero apreci��vel de

futuras m��es, ��s quais o f��rmaco foi propinado

no curso da gravidez, deu �� luz filhos com um

dos membros deformado: ora sem m��o, ora sem

antebra��o, ��s vezes com uma perna atrofiada, e

assim por diante. Mais ainda, nenhuma das

muitas muta����es induzidas pelos raios ou pelas

drogas �� espec��fica; todas elas foram tamb��m

encontradas na natureza.

Este conhecimento casa-se perfeitamente com

os acima explanados. De fato, continuamos

defrontando-nos com um fator ��nico, respons��vel

pela atua����o mutag��nica das radia����es, dos

compostos qu��micos e da natureza.

Em o n��vel evolutivo animal e humano inferior,

reina o determinismo aparente e, a��, cremos que

as muta����es (isto ��, na esfera submicrosc��pica)

est��o sujeitas �� indetermina����o essencial dos

genes e, aos nossos olhos, eclodem como

manifesta����es do acaso. Seria totalmente il��gico

e inadequado considerar o mesmo mecanismo

2 5 2

em o n��vel humano habitual, mais adiantado

intelectual e moralmente. Aqui, as muta����es,

rar��ssimas, mostram-se i n t e n c i o n a i s .

Visto que as radia����es e as subst��ncias qu��micas

podem originar muta����es e sabido que agem do

mesmo modo que os fluidos espirituais (os tr��s

tendo como elemento comum ondas eletro-

magn��ticas) ��� logo, os fluidos tamb��m poder��o

induzi-las. �� o que permite se conclua a teoria e

certas informa����es de Andr�� Luiz, o muito estimado

instrutor. Entidades elevadas t��m capacidade para

alterar a estrutura cromoss��mica ou a ordena����o

dos genes, dirigindo a energia flu��dica por meio

da sua poderosa vontade, sobre as c��lulas da

reprodu����o; e isto com a nobre finalidade de obter

corpos adequados a esp��ritos que necessitam

resgatar faltas pret��ritas. N��o �� por acaso que

nasce um ser humano defeituoso, a partir de pais

normais; tal muta����o �� intencional, gerada por

meio da energia eletromagn��tica veiculada nos

fluidos, sob a����o da vontade de seres superiores.

No caso da talidomida, a a����o mutag��nica foi

aproveitada para a corrigenda de esp��ritos

necessitados de mutila����o em decorr��ncia de

graves d��bitos a acertar perante a lei de causalidade.

N��o h�� outra explica����o para a grande evolu����o

do passado remoto, quando imensas altera����es

org��nicas eram freq��entes. Tais muta����es foram

concebidas pelo eminente geneticista Goldschmidt,

253

que as denominou s i s t �� m i c a s , sem agregar

qualquer explica����o. Admitimos terem sido obra

da vontade de Entidades Ang��licas, sob a orienta����o

do Cristo; do contr��rio, n��o �� admiss��vel tivesse

a Terra sido povoada pelos fr��geis seres atuais,

cujo desenvolvimento ps��quico �� incomparavel-

mente maior do que no passado, quando os

corpos eram muit��ssimo volumosos. Por incr��vel

que possa parecer, esta �� a opini��o explanada

pelo famoso paleont��logo Robert Broom na

reuni��o anual da Associa����o de Cientistas da

��frica do Sul (3-VIII-33), trabalho depois publicado

sob o t��tulo de " E v o l u �� �� o ��� h �� i n t e l i g �� n c i a

p o r t r �� s d e l a ? "

Consoante se sabe, Broom teve importante

participa����o na descoberta de antigo ancestral

simiesco do homem atual, o australopiteco, em

estado f��ssil. A opini��o em tela j�� era a de Alfred

R. Wallace, descobridor, com Darwin, da evolu����o

por sele����o natural e profundo estudioso dos

fen��menos medi��nicos e an��micos. Afirmam ambos

os s��bios: "Uma intelig��ncia superior dirigiu o

desenvolvimento do homem numa dire����o definida

e para um objetivo especial". N��o estamos,

portanto, desamparados da Ci��ncia, conforme

muitos lamentam na seara esp��rita.

O supra exposto n��o �� obscuro misticismo,

mas uma explica����o l��gica e que prov�� um fim

�� evolu����o ��� porquanto, ao mesmo tempo em

254

que a intelig��ncia e o seu ��rg��o, o c��rebro,

cresciam, o corpo diminu��a.

Tais quest��es pertencem ao futuro. A Gen��tica,

ci��ncia nova, acha-se ainda na fase anal��tica, de

arquivamento de min��cias, e n��o pode cogitar

de uma s��ntese satisfat��ria e clara. Atualmente,

os seus cultores descem ao n��vel molecular e

acabar��o na referida s��ntese, mais tarde; procuram

entender o comportamento dos agregados de

part��culas materiais. Quanto a n��s, se esse

comportamento �� absolutamente governado por

leis f��rreas ou se admite certa liberdade de a����o

�� o que examinaremos no pr��ximo cap��tulo,

ap��s a no����o de onda.

N o �� �� o d e o n d a e l e t r o m a g n �� t i c a

Falamos bastante de energia, radia����o, onda

e vibra����o; n��o poucas vezes mencionamos a

palavra e l e t r o m a g n �� t i c o . �� hora de adquirirmos

uma id��ia do que tais vozes significam, mesmo

porque s��o altamente relevantes no campo

doutrin��rio esp��rita, sendo empregadas a todo

momento, inclusive pelos escritores espirituais.

Onda �� a forma pela qual a energia se propaga

no espa��o. O movimento do mar d��-nos uma

representa����o do que �� onda, bem como os

c��rculos conc��ntricos formados na superf��cie de

um lago quando pedras caem sobre a ��gua. A

2 5 5

parte saliente (ou c r i s t a da onda) que sobe e

corre indica o movimento gerado pela aplica����o

de energia (o impacto das pedras). O que vemos

�� uma sucess��o de abalos ou oscila����es, isto ��,

sucessivas cristas propagando-se na ��gua a partir

do ponto onde a pedra caiu, tal como no mar

(por outras raz��es). Se houver um tonel ou rolha

em cima da superf��cie, veremos ambos oscilarem

(subir e descer alternadamente) �� medida que as

ondas passam. A dist��ncia entre duas c r i s t a s

vizinhas chama-se c o m p r i m e n t o d e o n d a . E o

n��mero de oscila����es observadas na unidade de

tempo (usa-se o segundo) denomina-se f r e q �� �� n c i a .

Quanto maior aquele, tanto menor esta e vice-

versa. Por exemplo, quanto mais espa��adamente

caem as pedras na ��gua, tanto maiores e menos

numerosas ser��o as ondas; se ca��rem muito

depressa, as ondas ser��o numerosas, muito

pr��ximas e, portanto, dotadas de alta freq����ncia

e curto comprimento de onda.

Suponhamos, agora, que n��o existam as ��guas

do mar e do lago ou po��a d'��gua. Ver��amos o

barril e a rolha flutuando no ar e n��o numa

superf��cie vis��vel; se houvesse propaga����o de

alguma onda, eles passariam a oscilar. �� o que

sucede com as formas de energia que percorrem

o espa��o sob a forma de ondas invis��veis. Tanto

as cargas el��tricas quanto os campos magn��ticos

produzem ondas desse tipo; e, mais, um campo

256

el��trico �� sempre acompanhado de um campo

magn��tico. Em virtude desse relacionamento

manifesto, as diversas formas de energia que se

propagam ondulatoriamente no espa��o receberam

a designa����o de o n d a s ou r a d i a �� �� e s

eletromagn��ticas (tamb��m podem ser chamadas

de vibra����es). Podemos defini-las assim: as

ondas eletromagn��ticas s��o formas de energia

constitu��das de campos el��tricos e campos

magn��ticos (situados cm planos perpendiculares

entre si) que se deslocam velozmente no espa��o.

No v��cuo, sua velocidade �� a da luz (300.000

km por segundo). O comprimento de onda ��

uma caracter��stica que permite classificar

comodamente tais vibra����es; dos mais curtos aos

mais longos, temos as seguintes modalidades:

1. Raios c �� s m i c o s - At�� 0,000.000.000.1

mm. S��o os mais curtos e penetrantes. Cont��m

part��culas at��micas e radia����o eletromagn��tica,

��s quais estamos fazendo refer��ncia. Cruzam o

espa��o universal em todas as dire����es.

2. Raios gama - De 0,000.000.000.1 a

0.000.000.001 mm. Originam-se do n��cleo at��mico

quando este sofre altera����es.

3. Raios X - De 0,000.000.001 a 0.000.01

mm. Formam-se quando os el��trons chocam-se

com chapas met��licas.

4. Ultravioleta - De 0,000.01 a 0,000.4 mm.

Libertam-se quando os el��trons saltam de um

n��vel externo para outro mais interno. A luz solar

2 5 7

�� rica em raios ultravioletas, que queimam a pele.

5. Luz vis��vel ��� De 0,000.4 a 0,000.7 mm.

Escapa do ��tomo pela mesma raz��o precedente.

6. Infra-vermelho ��� De 0,000.7 a 0,1 mm.

Ainda como o anterior e como calor de irradia����o

dos corpos aquecidos.

7. Ondas de radar e micro-ondas ��� De 0,1

a 100 cm. Prov��m dos impulsos sofridos pelos

el��trons num condutor.

8. Ondas hertzianas ��� De lm a 1 km. S��o

semelhantes ��s antecedentes, por��m, usadas nos

transmissores de r��dio e de televis��o (nesta, as

mais curtas).

OBS. ��� As ondas eletromagn��ticas supra

relacionadas s��o lan��adas no espa��o de maneira

descont��nua (n��o como a corrente d'��gua caindo

duma torneira); em forma de "pacotes" de energia

ou unidades denominadas f��tons. A energia de

um f��ton chama-se quantum (plural: quanta).

Vibra����o e sintonia

As no����es precedentes levar-nos-��o ao

discernimento destas quest��es de tamanha

import��ncia no Espiritismo. A presente exposi����o

completa a anterior e acrescenta-lhe aspectos

ligados aos problemas do esp��rito.

Vimos antes que mat��ria e energia, por mais

diferentes possam parecer aos nossos sentidos,

2 5 8

no que respeita ��s suas manifesta����es, s��o muito

afins na intimidade. Da�� as transforma����es

rec��procas. E notamos que vivemos num universo

de ondas; at�� as part��culas elementares da mat��ria

acompanham-se de ondas ao deslocarem-se no

espa��o. Uma multid��o incalcul��vel de raios

atravessam a atmosfera em todas as dire����es,

sem parar. Neste contexto f��sico, o c��rebro

aparece como um aparelho receptor e emissor

de ondas mentais e o pensamento como fluxo

energ��tico; este ainda �� considerado mat��ria,

mas, segundo os padr��es terrenos, mat��ria rarefeita

que se comporta antes como energia.

A palavra v i b r a �� �� o e seus derivados t �� m

ampl��ssimo emprego no linguajar esp��rita, tanto

quanto s i n t o n i a . Para alcan��ar-lhes a significa����o

conv��m buscar primeiro os aspectos f��sicos desses

conceitos.

Observemos o p��ndulo de um rel��gio em

movimento. Vemo-lo executar uma s��rie de

vaiv��ns at�� terminar a corda (que corresponde

�� energia aplicada ao mecanismo). Trata-se de

um movimento ritmado, peri��dico, cuja intensidade

n��o diminuiria se a energia n��o acabasse (a corda

dura alguns dias). D��-se o nome de v i b r a �� �� o (ou

oscila����o) a um movimento desse tipo ��� no qual

um objeto executa numerosos vaiv��ns antes de

parar na posi����o anterior �� excita����o ��� quando

anima as m��nimas part��culas da mat��ria e da

259

energia. Pode ser comparado tamb��m ��s pulsa����es

do cora����o; os seus dois movimentos (s��stole e

di��stole) equivaleriam �� ida e �� volta do p��ndulo,

o que constitui uma vibra����o completa.

Agora atentemos para o som. Golpeando a

mesa ou soltando subitamente a l��mina de uma

faca flex��vel (fazendo-a vibrar), ouviremos, em

ambos os casos, um ru��do. O que ter�� acontecido

na intimidade da mat��ria? As mol��culas (agregados

de ��tomos), embora dotadas de movimento

perp��tuo, ocupam certa posi����o de equil��brio

quando a mesa e a faca est��o em repouso. Com

a batida, as mol��culas agitam-se e antes de

regressarem ao estado de repouso realizam uma

s��rie de movimentos parecidos com os do p��ndulo

h�� pouco mencionado. Dizemos que elas est��o

vibrando ou animadas de um movimento vibrat��rio.

Este propaga-se atrav��s de todas as mol��culas da

mesa e da faca sob a forma de ondas, alcan��a

as mol��culas do ar e, sempre como ondas, chega-

nos aos ouvidos. As ondas, quando se deslocam

no espa��o, executam movimento semelhante. A

luz, por exemplo, n��o caminha como fluxo

cont��nuo, dissemos acima, compar��vel �� ��gua

jorrando de uma torneira, mas propaga-se

executando movimentos internos de vaiv��m.

O movimento vibrat��rio costuma ser

caracterizado por meio de duas medidas, que

vamos redefinir: 1) c o m p r i m e n t o de onda, que

�� o espa��o percorrido durante uma vibra����o (um

2 6 0

vaiv��m); 2) f r e q �� �� n c i a , que �� o n��mero d e

vibra����es por segundo. Assim, uma radia����o ou

onda pode ser curta ou longa, r��pida ou lenta,

e t c . O que se denomina p a d r �� o v i b r a t �� r i o ��

o tipo de vibra����o de uma pessoa ou esp��rito:

baixo, inferior, elevado, e t c . E s i n t o n i a designa,

na F��sica, a condi����o de um circuito cuja freq����ncia

de vibra����o �� igual �� de outro. Posto isto,

sintonia significa identidade ou harmonia vibrat��ria

��� ou seja, no campo espiritual, o grau de

semelhan��a das emiss��es ou radia����es mentais

de dois ou mais esp��ritos, encarnados ou

desencarnados. Est��o em sintonia pessoas e

esp��ritos que t��m pensamentos, sentimentos e

ideais id��nticos. Por outras palavras, a sintonia

vibrat��ria �� uma express��o f��sica de uma realidade

mais profunda, que �� a a f i n i d a d e m o r a l . Se o

perisp��rito emite certo tipo de onda e esta

caracteriza-se por uma vibra����o espec��fica, ele ��

sens��vel ao estado moral do esp��rito e �� tanto

mais apurado quanto mais este �� elevado. Portanto,

o padr��o vibrat��rio �� uma maneira de definir o

padr��o moral do esp��rito. Em suma, a posi����o

do esp��rito e suas rela����es com os outros decorrem

de suas caracter��sticas morais: maneira de encarar

a vida, o mundo, o pr��ximo, Deus, modo de agir,

o a que aspira, impulsos, sentimentos, e t c .

Neste sentido, mediunidade �� a capacidade de

sintonia, caso em que todos s��o m��diuns ou

261

sensitivos. Todos entram em rela����o com

determinados esp��ritos, que se afinam com suas

inclina����es, e recebem deles influ��ncia. Mas, ��

um sentido muito geral; �� como dizer que "todo

mundo �� m��dico". Isto �� verdade at�� certo

ponto, visto ser excessivamente generalizada a

mania de indicar rem��dios para doen��as que se

conhecem apenas de nome "porque o irm��o de

minha av�� teve uma amiga cujo pai se curou com

isso..." Ora, m��dico �� o indiv��duo que se preparou

numa faculdade para o exerc��cio da medicina.

E m��dium, propriamente dito, �� o sujeito que

se preparou para o exerc��cio da mediunidade e,

assim, recebe c o m u n i c a �� �� e s ostensivas e de

interesse geral ��� ou seja, que tem a mediunidade

como tarefa espec��fica, como dever a cumprir.

Das no����es expostas decorre uma conseq����ncia

fundamental. Atra��mos as mentes que possuem

o mesmo padr��o vibrat��rio, que est��o em id��ntico

n��vel moral. A comunica����o inter-espiritual ��

controlada pelo grau de sintonia, a qual, a seu

turno, promana da afinidade moral. Temos, por

isso, a companhia espiritual que desejamos

mediante o nosso comportamento, sentimentos,

aspira����es e pensamentos. N��o que tenhamos

escolhido intencionalmente pessoas e esp��ritos

do nosso s��quito habitual. Mas fazemos tal

escolha automaticamente de acordo com o nosso

modo de ser: est��o ao nosso redor aqueles que

2 6 2

sintonizam conosco (ou que t��m contas a ajustar).,

�� o caso de perguntar: como podemos elevar

cada vez mais as nossas vibra����es e, assim,

aprimorar a capacidade de sintonia?

S�� h�� um meio: enriquecendo o pensamento

por meio do desenvolvimento da intelig��ncia

(estudo, conhecimento, compreens��o) e do

sentimento (pr��tica do bem, servi��o prestado,

moralidade). Tais s��o as duas vias do progresso

espiritual; em suma, auto-aperfei��oamento pelo

esfor��o pr��prio no caminho do Bem. Isto ��

uma norma geral, com particular aplica����o ��

mediunidade, que n��o progride sem o

aprimoramento do m��dium.

Em virtude do princ��pio de sintonia, estabelece-

se uma depend��ncia entre encarnados e

desencarnados quando ambos est��o perturbados

e emitindo vibra����es viciadas. Estas ret��m os

menos vigorosos ou mais transtornados. A

identidade vibrat��ria inferior, no caso de ��dio,

m��goa, ressentimento, tristeza, des��nimo, e t c ,

prende os desencarnados mais ou menos

inconscientes do seu estado na aura magn��tica

dos encarnados. Ocorre, assim, influ��ncia

rec��proca, troca de pensamentos e sentimentos,

e, portanto, obsess��o bidirecional. Comumente,

por esse mecanismo, parentes e amigos mortos

h�� anos continuam a conviver com os antigos

companheiros, como se ainda fossem vivos:

263

sentam-se �� mesa, choram com os amigos,

lamentam-se com os parentes, deitam-se com

eles �� cama... E haja desequil��brio no ambiente

dom��stico.

N. B. ��� "Nossos apontamentos sint��ticos

objetivam apenas destacar a analogia do que se

passa no mundo ��ntimo das for��as corpusculares

que entretecem a mat��ria f��sica e daquelas que

estruturam a m a t �� r i a m e n t a l " . Subscrevendo

estas linhas de Andr�� Luiz ( " M e c a n i s m o s d a

M e d i u n i d a d e " ) , acreditamos p��r um fecho

adequado ao presente cap��tulo.

264





O DESENVOLVIMENTO


CIENT��FICO E T��CNICO

Para onde nos levar��?

Ep��logo

oje, pessoas inteligentes questionam a

relev��ncia da Ci��ncia e p��em em d��vida

o valor do progresso material. Perguntam

se tem havido real progresso em face de v��rios

inconvenientes apont��veis.

Quando se fala da relev��ncia ou validade da

Ci��ncia, as respostas trazem sempre um car��ter

tecnol��gico, referindo-se a benef��cios materiais:

boas coisas e mais comodidades para o ser

humano. Cumpre distinguir entre Ci��ncia e

T��cnica. Ci��ncia �� o conhecimento met��dico e

organizado do nosso mundo, da natureza e do

homem, e a busca deste conhecimento; o que

se exige dele �� que se sujeite a investiga����es

ulteriores e �� cr��tica por outros pesquisadores,

pois sua aquisi����o �� gradual e sua natureza

progressiva, devendo aprimorar-se mediante

contribui����es sucessivas e parciais. T��cnica �� a

parte do m��todo experimental aplicada ��

265

investiga����o de um problema espec��fico; em

sentido amplo, �� o conjunto de processos e

recursos de execu����o de que se serve uma

ci��ncia particular, raz��o de express��es como

"t��cnica histol��gica", "t��cnica bacteriol��gica",

"t��cnica usada foi a microtomia de congela����o",

e t c . T e c n o l o g i a , palavra de cunhagem recente,

exprime o conjunto dos processos (ou t��cnicas)

que o homem emprega para transformar seres

e corpos da natureza em objetos ��teis; diz

respeito, portanto, a instrumentos e t��cnicas

industriais, donde unir Ci��ncia e engenho. A

tecnologia �� a T��cnica aplicada �� ind��stria

humana para tornar a vida mais f��cil e c��moda.

O principal fator do seu enorme desenvolvimento

foram os modernos recursos energ��ticos, antes

inexistentes. A diferen��a esclarece-se quando se

pergunta p o r q u e um homem realiza uma

investiga����o. O cientista estuda um problema

t��o-somente para ampliar o nosso conhecimento

b��sico da natureza. Ele sabe que isso ajuda a

fazer objetos ��teis, mas o t��cnico �� quem aplica

o conhecimento a finalidades pr��ticas. Poucos

s��o, ao mesmo tempo, cientistas e tecn��logos,

porquanto as duas atividades envolvem

mentalidades diferentes. Matem��ticos e f��sicos

investigam os fen��menos relativos ao

comportamento e constitui����o dos corpos, e os

qu��micos as transforma����es da mat��ria ��� mas ��

2 6 6

o engenheiro quem concebe m��quinas, monta

f��bricas, planeja pr��dios e pontes. Os fisi��logos

estudam as fun����es do corpo e a a����o das

drogas, mas �� o m��dico quem usa isso no

tratamento dos doentes. Uns querem saber o

q u e as coisas s��o, outros p a r a q u e servem.

Voltando ao problema acima enunciado, muitos

duvidam da validade do progresso tecnol��gico,

antes aceito sem reservas, com entusiasmo. Em

face do ru��do ensurdecedor dos grandes avi��es,

declaram que o transporte a��reo n��o �� t��o

importante. Considerando os efeitos colaterais

nocivos das drogas medicamentosas, acham que

a natureza �� mais s��bia. E os efeitos prejudiciais

dos inseticidas, que n��o vale a pena interferir

no meio ambiente. At�� as viagens �� Lua s��o

contestadas mediante o argumento de que, havendo

tanta mis��ria na Terra, n��o se admite fortunas

t��o vastas sejam gastas sem benef��cio imediato.

O que eles pretenderiam seria reduzir o ritmo

das aplica����es t��cnicas ou mesmo paralis��-las.

�� verdade palmar que o desenvolvimento

tecnol��gico trouxe uma s��rie de inconvenientes

��� e dos mais graves, que foram minuciosamente

analisados, em computadores, por um grupo

formado de t��cnicos, cientistas e economistas,

conforme exposi����o feita por Meadows et al

( 1 9 7 3 ) . Aproveitaremos os seus dados precisos

e concisos.

267

Podemos verificar que a "problem��tica mundial"

(os problemas que afligem povos e pa��ses)

consta de: pobreza em meio �� abund��ncia, perda

de confian��a nas institui����es, expans��o urbana

descontrolada, inseguran��a nos empregos,

aliena����o da juventude, rejei����o de valores

tradicionais (por exemplo, autoridade, moralidade,

religi��o, disciplina, respeito humano), infla����o e

outros transtornos econ��micos, aos quais cumpre

acrescentar: ruptura da integridade moral, delin-

q����ncia, toxicomania, sexolatria e agressividade.

�� claro que tais problemas s��o inter-relacionados

e ser�� in��til examin��-los como elementos isolados

do todo.

Cinco fatores b��sicos foram destacados para

a an��lise, como respons��veis pelos citados

problemas: 1) aumento da popula����o; 2) produ����o

agr��cola; 3) produ����o industrial; 4) utiliza����o de

recursos naturais; 5) contamina����o do meio

ambiente ou polui����o. A par do r��pido crescimento

demogr��fico e do acelerado ritmo de industria-

liza����o, temos: desnutri����o generalizada por

escassez de alimentos, esgotamento dos recursos

naturais n��o-renov��veis (minerais, metais, hulha

e petr��leo), destrui����o em massa dos recursos

florestais e deteriora����o ambiental. Ao que conv��m

adicionar: desagrega����o moral, tamb��m veloz. A

an��lise cobre o per��odo de um s��culo e intende

demonstrar as conseq����ncias do atual modo de

268

viver e de explorar a natureza, e ainda o que

poder�� acontecer se n��o houver medidas corretivas

e controladoras a curto prazo. Continuando

conforme vamos, dentro de cem anos alcan��aremos

os limites do crescimento e iniciar-se-�� o decl��nio

da popula����o e da produ����o agr��cola e industrial;

haver��, ent��o, um retrocesso na civiliza����o. Isto,

s�� levando em conta os f a t o r e s f �� s i c o s ; se

consider��ssemos os f a t o r e s s o c i a i s , dotados de

grande for��a de express��o, as coisas complicar-

se-iam ainda mais: greves, depreda����es, sequestros,

revolu����es, guerras, desemprego... Donde se

conclui que a operosa atividade humana,

conducente ao progresso, acabar��, por fim,

levando ao caos, �� ru��na. Por qu��?

�� que semelhante atividade, sempre crescente,

por um lado esgota o solo ar��vel e as fontes de

mat��ria prima ��� terminando por conduzir a

agricultura e a ind��stria �� fal��ncia ��� e, por outro

lado, acumula montanhas de detritos na superf��cie

terrestre e envenena a atmosfera, os rios e o

oceano ��� tornando o ambiente impr��prio �� vida,

inclusive humana. ��, conseq��entemente, um

s u i c �� d i o l e n t o , que poucas pessoas compreendem,

j�� pela vastid��o do problema, j�� pelos complexos

aspectos t��cnico-cient��ficos. A imensa maioria,

movida pela id��ia do lucro, monta f��bricas ��

vontade, derruba matas e explora minas sem

restri����o ��� e n��o avalia as conseq����ncias para

269

o f u t u r o p r �� x i m o . Exemplifiquemos com uns

poucos dados espec��ficos para instru����o do

leitor impulsionado pelo desejo de saber o que

deve esperar.

1. Popula����o. A popula����o mundial cresce

vertiginosamente. Em 1650, havia cerca de 500

milh��es de habitantes e a propor����o de aumento

era de aproximadamente 0,3% ao ano; a popula����o

dobraria em 250 anos. Em 1970, existiam 3.600

milh��es de pessoas aumentando �� taxa de 2,1%

ao ano; a duplica����o seria alcan��ada em 33 anos.

Segue-se da�� que, por volta de 2000, teremos

perto de 7 bilh��es de terr��queos. Qual a raz��o

desse incremento? Antes da bem estudada

Revolu����o Industrial (princ��pio do s��culo 19), a

fertilidade e a mortalidade humanas eram

relativamente altas e irregulares, de modo que

a taxa de natalidade (n��mero de pessoas nascidas,

por ano, em cada mil) superava de pouco a taxa

de mortalidade (n��mero de pessoas falecidas,

por ano, em mil). Al��m disso, em 1650, a

dura����o m��dia da vida era somente de 30 anos.

Ao entrar o progresso tecnol��gico, as condi����es

de vida melhoraram, com o avan��o da medicina

e da agricultura, havendo melhores alimentos,

rem��dios, moradias, transportes, condi����es de

trabalho, e t c . Nascem mais crian��as e os seres

humanos vivem mais (cerca de 60 anos e at�� 70

anos em certos pa��ses).

270

O famoso explorador dos oceanos, Jacques

Cousteau ( P a r i s Match, maio de 1991) d�� como

garantida que a explos��o demogr��fica �� o fator

que, pouco depois de 2000, acabar�� com a vida

na Terra; n��o haver�� ��gua pot��vel, nem alimento

e nem moradia para tanta gente, afian��a.

2. I n d �� s t r i a . Mais depressa do que a popula����o,

vem crescendo a produ����o industrial. No per��odo

entre 1963 e 1968, a taxa de crescimento da

produ����o chegou a 7% ��� al��m do triplo em

rela����o �� popula����o. A produ����o crescente gera

mais capital e este, ampliado, conduz a maiores

investimentos, que, a seu turno, aumentam a

produ����o e, portanto, o capital. Como o desgaste

ou deprecia����o �� reduzido, o capital industrial

cresce vertiginosamente. A situa����o p a r e c e

f a v o r �� v e l : a produ����o industrial aumenta de 7%

ao ano e a popula����o de 2,1%; logo, deveria

haver mais bens para maior n��mero de pessoas.

Mas, n��o �� o que acontece! A distribui����o ��

desigual entre os cidad��os do mundo. D��-se que

o crescimento industrial �� notavelmente maior

nos pa��ses j�� industrializados, nos quais a taxa

de crescimento do povo �� relativamente baixa.

Ao contr��rio, nos pa��ses mais atrasados nasce

bem mais gente. Resultado: mais indiv��duos,

menos produ����o. Os quatro pa��ses mais

industrializados (R��ssia, Estados Unidos, Jap��o e

Alemanha) t��m muito mais dinheiro por pessoa

271

e a propor����o do aumento desse capital ��

manifestamente maior do que o aumento da

popula����o. Nos pa��ses menos desenvolvidos, o

dinheiro �� mais escasso e o povo aumenta mais

depressa do que os recursos. Da�� dizer-se: "o rico

torna-se mais rico e o pobre ganha filhos" e "o

dinheiro chama dinheiro". Quanto ao Brasil,

nota-se, nos ��ltimos tempos, acentuada melhoria

na situa����o econ��mica e suas perspectivas s��o

excelentes em face do futuro pr��ximo com as

recentes e variadas descobertas de len����is

petrol��feros e a acelera����o da ind��stria pesada.

O que �� de perguntar-se �� o que acontecer�� ��

b a s e f �� s i c a desse progresso econ��mico e

populacional: haver�� recursos para que ele prossiga

na forma atual?

3 A l i m e n t o s . Provavelmente 50-60% da

popula����o terrena recebe alimenta����o inade-

quada. A produ����o agr��cola tamb��m sobe,

por��m, somente nos pa��ses mais adiantados. Nos

demais, �� estacion��ria e n��o superior ao

crescimento da popula����o. Disso decorrem fatos

como este: em Z��mbia (��frica) 26%, no

Paquist��o (��sia) 14% e na Bol��via (Am��rica do

Sul) 8,2% das crian��as morrem antes de

completar 1 ano e muito mais antes da idade

escolar. �� bem de ver que a produ����o de

alimentos exige, antes de qualquer medida, s o l o

c u l t i v �� v e l . E parece haver, no m��ximo, uns 3,2

2 7 2

bilh��es de hectares dispon��veis na Terra ��� e a

melhor metade est�� sob cultivo. A outra metade

acarretar�� despesas enormes se tiver de ser

aproveitada. �� de supor-se haja car��ncia dentro

de 30 anos, continuando a incrementar-se a

popula����o como agora. Chegar��, portanto, o dia

em que os alimentos come��ar��o a subir de pre��o

a ponto de muitos morrerem de fome e outros

comerem mal. Ora, isto j�� est�� acontecendo, de

fato, em v��rias partes do mundo: ocorrem 10

a 20 milh��es de mortes anuais atribu��veis direta

ou indiretamente �� desnutri����o. Em seguida ao

solo, vem a �� g u a doce como fator importante

na produ����o alimentar, a qual, em diversas

por����es do planeta, falta ou �� dif��cil de obter.

4. Recursos naturais. Os grandes processos

industriais demandam numerosas mat��rias primas

que a natureza tem de fornecer, cujo consumo

igualmente ascende velozmente. Por exemplo,

minerais, petr��leo, hulha, metais e g��s natural,

incapazes de renova����o. Mesmo a madeira, pass��vel

de reposi����o pelo esfor��o humano, sobe

continuamente de pre��o porque as madeiras de

lei n��o s��o plantadas e, quando o s��o, crescem

com apreci��vel lentid��o. Avalia-se que daqui a

cem anos ser�� extremamente custosa a obten����o

de v��rios metais ��teis �� ind��stria; basta ver que,

nos ��ltimos trinta anos, os pre��os do chumbo

e do merc��rio subiram 300% e 50096! A tais

273

dificuldades soma-se o constante aumento do

consumo de energia. Pode duvidar-se de que os

7 bilh��es de indiv��duos do ano 2000 venham a

dispor de suficientes mat��rias primas para o

desenvolvimento econ��mico e um razo��vel padr��o

de vida, caso prossiga o atual ritmo de produ����o.

Mas, as produ����es agr��cola e industrial, e o estilo

de vida associado a elas, d��o origem ao terr��vel

problema subseq��ente, do qual toda gente se

queixa hoje em dia; a pesada amea��a que ele

representa vai-se tornando cada vez mais palp��vel,

servindo de exemplo S��o Paulo.

5. P o l u i �� �� o . Os refugos do engenho e da

exist��ncia dos seres humanos v��o-se acumulando

crescentemente na superf��cie planet��ria e invadindo

os ares e as ��guas, tornando-se vis��veis, inc��modos,

irritantes e, por ��ltimo, nocivos �� sa��de e �� vida

das plantas e animais. ��leo e excremento nas

praias de banho, merc��rio nos peixes do mar,

chumbo e gases t��xicos no ar das cidades,

montes de lixo, latas vazias em toda parte, valas

com ��gua suja, e t c , s��o produtos usuais do

trabalho industrial e da simples presen��a do

homem em grandes concentra����es. Com isso, o

meio ambiente torna-se perturbado e, aos poucos,

inadequado �� vida. Em conclus��o, avoluma-se a

polui����o.

Muitas s��o as fontes de polui����o: ind��stria

qu��mica, usinas el��tricas, usinas at��micas, chamin��s

2 7 4

de f��bricas, ve��culos motorizados e o lixo est��o

entre as maiores. Vejam o que se joga fora nos

Estados Unidos anualmente: 48 bilh��es de latas,

26 bilh��es de garrafas, 65 bilh��es de tampinhas

e 7 milh��es de autom��veis como sucata, n��o

contando m��veis, utens��lios, etc.., imprest��veis

(uma fam��lia produz, em m��dia, 3 Kg di��rios de

detritos). At�� o calor, derivado do uso intensivo

de energia, e o g��s carb��nico, oriundo dos

carros, inofensivos em si mesmos, pioram o

meio; o calor, por exemplo, afeta o clima local

e perturba a vida aqu��tica (polui����o t��rmica). O

ru��do demasiado perturba o sono e o equil��brio

mental de muitas pessoas (polui����o sonora).

Quanto ��s subst��ncias qu��micas, in��meras mostram-

se patentemente venenosas. E o oxig��nio, o g��s

vital? Sabe-se que 3/4 do oxig��nio s��o devolvidos

�� atmosfera pelas plantas e 1/4 pelo fitopl��ncton

que flutua nos oceanos (formado de plantas

verdes unicelulares). Derrubando as ��rvores e

lan��ando res��duos t��xicos nos mares, reduz-se

aquele g��s pouco a pouco.

Embora muitos cientistas tenham dado brados

de alarme e escrito obras esclarecedoras, poucos

avaliam a magnitude e a significa����o do problema

da destrui����o do ambiente em que vivemos. Os

poluentes podem espalhar-se muito longe e perdurar

longamente. N��o poucos afetam a sa��de humana,

originando enfisema, asma, bronquite, c��ncer

2 7 5

pulmonar e conjutivite, por exemplo. Interroga-

se: a crosta e a atmosfera terrestres poder��o

suportar e manejar tamanha c��pia de materiais

perniciosos �� vida? Quanto mais industrioso �� o

homem, tanto mais se degrada o meio no qual tem

de viver. O combate �� polui����o exigir�� quantias

gigantescas de dinheiro e vast��ssimos recursos

t��cnicos, ainda n��o elaborados.

C��rculos viciosos. Prev��-se que antes de

2100 as referidas atividades ter��o chegado ao

limite do seu crescimento. Sem medidas corretivas,

ficar-se-�� envolvido nos seguintes c��rculos viciosos,

promanados das informa����es resumidas acima:

1. O aumento da popula����o determina maior

quota de alimentos.

2. A produ����o de alimentos cresce com o

acr��scimo de capital.

3. Mais capital leva a consumir maior c��pia

de recursos naturais.

4. O uso deles na ind��stria e na agricultura

gera polui����o.

5. E, finalmente, a diminui����o das reservas de

mat��ria prima e a polui����o conduzem �� redu����o

tanto da popula����o quanto dos alimentos!

�� um ciclo fechado dif��cil de romper. Espera-

se que, entre 2000 c 2050, haja somente amplia����o

da popula����o e da polui����o. E que, at�� 2100,

tudo esteja em decr��scimo, vindo o colapso logo

a seguir: ter��o sido ultrapassados os limites

2 7 6

naturais do crescimento por falta de mat��ria

prima, ru��na da agricultura e hipertrofia da

polui����o. Tal �� a perspectiva da humanidade se

o ritmo de atividade continuar como �� agora ���

n��o se levando em conta fatores a g r a v a n t e s ,

como guerras e epidemias, que apressariam a

decad��ncia do nosso mundo: o progresso sozinho

acabar�� com a civiliza����o...

E s p e r a n �� a s . Talvez se dobr��ssemos a

quantidade de recursos naturais (supondo novas

descobertas de minerais, petr��leo, e t c ) , a coisa

se equilibrasse. N��o ��� cresceria tanto a

industrializa����o que a polui����o, o eterno fantasma,

se tornaria mort��fera e, afinal, os recursos acabariam

com mais alguns anos. E um aumento das ��reas

verdes? A grande esperan��a seria a pr��pria

tecnologia, mediante a descoberta de novos

materiais e novas t��cnicas. Por exemplo, a

inesgot��vel energia at��mica traria magnas

facilidades na minera����o e na ind��stria; mas, far-

se-ia acompanhar de vasto incremento da polui����o

(e da pior esp��cie), al��m do alt��ssimo pre��o.

Parece que o X do problema �� a polui����o. O

caso �� que o seu controle �� tecnicamente muito

dif��cil e economicamente pouco vi��vel em face

do custo excessivo. Ainda que se conseguisse

controlar a polui����o e reduzir o consumo de

mat��ria prima natural, cresceriam a produ����o

industrial e a popula����o, acarretando defici��ncia

277

de alimentos. Se a agricultura progredisse muito,

por meio de novas t��cnicas, decorreria grande

aumento de alimentos a par da industrializa����o;

seria ��timo para a popula����o, que poderia

reproduzir-se �� vontade ��� mas, a polui����o tornar-

se-ia letal... N��o h�� sa��da, conforme as coisas

passam-se agora!

O que se pode dizer �� que a aplica����o de

solu����es tecnol��gicas poderia prolongar o per��odo

de crescimento, mas n��o eliminar as condi����es

desfavor��veis; adiar, mas n��o impedir o desastre.

Isto s�� quanto aos aspectos materiais, volte a

reafirmar-se.

�� bom acentuar que a tecnologia, junto com

os ampl��ssimos benef��cios que introduziu na vida

humana, permitindo criar utilidades e prolongar

a vida humana, trouxe tamb��m uma s��rie n��o

pequena de problemas ou efeitos delet��rios.

Acabamos de examinar a explos��o populacional,

a deple����o dos recursos naturais (sobretudo

minerais) e a contamina����o do meio (polui����o

e res��duos s��lidos). Favorece ainda a migra����o

de gente do campo para as cidades, atra��das

pelas aparentes facilidades; a forma����o de imp��rios

industriais e comerciais, concentrando a riqueza

nas m��os de poucos; a viol��ncia e a guerra. Mas,

de fato, s�� o esgotamento das reservas naturais

de mat��ria prima e a polui����o s��o obra exclusiva

da tecnologia.

278





Agora, cumpre atentar para o outro lado da

est��ria: n��o podemos, se somos racionais e

l��gicos, considerar a tecnologia como perniciosa

ou in��til ��� a despeito dos seus reconhecidos

inconvenientes. Todo o nosso estilo de vida

depende das suas realiza����es. Que dizer dos

ve��culos motorizados, das geladeiras, do cinema,

dos aparelhos m��dicos, dos medicamentos

essenciais, das m��quinas impressoras, dos

computadores?... Muitos dos desenvolvimentos

t��cnicos s��o indispens��veis ao futuro da esp��cie

humana. Afirma o fotoqu��mico ingl��s G. Porter

(1973): "O nosso progresso tecnol��gico �� parte

da evolu����o do homem". Poucos h��o de querer

voltar �� ��spera luta pela exist��ncia e �� escravid��o

do ��rduo trabalho bra��al. Muitos desejam a

redu����o das aplica����es t��cnicas ou mesmo

suspend��-las ��� mas a popula����o continuaria a

crescer... Vimos antes que a comunica����o de

Vaucanson prova que o caminho da evolu����o

terrena tinha de ser tal ��.*

* Nota da Editora: A comunica����o em refer��ncia est��

publicada na Revista Esp��rita de mar��o de 1864 (ano VII). Ali��s,

inicialmente, pelo m��dium Leymarie, Jacquard se manifesta

referindo-se ao desejo de que fora possu��do de melhorar as

condi����es penosas de trabalho do velho tear de Vaucanson,

fazendo c��lebre advert��ncia: "��� Pobre humanidade! ��s est��pida

quando estacas, cruel quando avan��as..." Isto porque os

melhoramentos foram eficientes, aumentando a automatiza����o

2 7 9



Solu����es n��o-t��cnicas. N��o podemos, assim,

eliminar a tecnologia e se ela continuar, seremos

n��s os eliminados. Urge, portanto, introduzir um

novo fator na quest��o ��� controles deliberados

do crescimento da popula����o e da produ����o

industrial, os dois fatores que aumentam

desordenada e verticalmente, sugerem Meadows

e Cols. Como a Terra �� limitada em suas dimens��es

e capacidade, restri����es ser��o necess��rias ao seu

povoamento e utiliza����o, dizem-nos. �� preciso

romper os c��rculos viciosos apontados para evitar

o colapso material no pr��ximo s��culo.

Que medidas levariam a tal resultado?

A imposi����o de controles da natalidade e da

produtividade, desviando o capital da fabrica����o

de utilidades materiais, �� praticamente imposs��vel,

pois o homem de neg��cios n��o est�� preparado

para renunciar a suas ambi����es e inclina����es.

Mas, essas medidas corretivas e estabilizadoras

ter��o de ser tomadas j��; n��o �� poss��vel esperar

at�� o ano 2000: seria tarde demais, prev��-se. Ora,

o que o ser humano indisciplinado da era

presente mais detesta �� controle, restri����o,

limita����o. Contudo, o fato irrecus��vel �� que

e diminu��ram a m��o de obra, determinando o desemprego, cujas

queixas tanto o abalaram. D�� ainda nova mensagem, vindo a

seguir a de Vaucanson, reconhecendo que ningu��m pode

insurgir-se contra o progresso. Prev�� que o homem substituir��

sucessivamente as opera����es manuais pela for��a da intelig��ncia.

2 8 0

mudan��as fundamentais se revelam indispens��veis,

antes que a natureza imponha uma limita����o

definitiva por esgotamento.

O estado de equil��brio (em que a popula����o

e o capital se encontrem estabilizados e

proporcionais), n��o tendo em conta os desajustes

sociais, exigir�� for��osamente restri����es a certas

liberdades humanas e ao ego��smo individual. J��

agora se invoca o lado moral da quest��o ��� "uma

mudan��a b��sica de valores e objetivos em n��veis

individuais, nacionais e mundiais". Acentuam

Dubos & Ward: "a situa����o �� grave se permanecer

como est�� e no ritmo em que as coisas se

processam, sem nenhuma interven����o do homem

para conter este estado de coisas". Por outras

palavras: "caminhos inteiramente novos s��o

necess��rios... a inicia����o de novas maneiras de

pensar... liberar for��as morais, intelectuais e

criativas necess��rias para iniciar-se tal

empreendimento..."

Todavia, pergunta-se, por que ele faria isso,

de s��bito, sem mais nem menos, se ama comer,

beber, divertir-se, ganhar o m��ximo sem considerar

os meios e estar bem acima dos seus semelhantes?

Que tipo de educa����o recebe desde a inf��ncia,

sen��o a que objetiva ensin��-lo a competir e a

"vencer na vida" a qualquer pre��o?

O que lhe falta �� respeito e amor ao pr��ximo,

�� solidariedade e coopera����o, �� sentimento de

2 8 1

fraternidade, tudo isso aliado �� ignor��ncia dos

valores do esp��rito. O que realmente se faz mister,

acima de tudo, �� uma revolu����o moral, uma

transforma����o interior, conforme dizem A. Toynbee

e o Espiritismo, trocando os valores de compra

e venda por valores humanos (Wiesner) ou, ainda,

os valores da Revolu����o Industrial pelos valores

de S��o Francisco de Assis (Toynbee). Semelhante

auto-reforma teria de acompanhar-se de objetivos

espirituais em lugar de aspira����es materiais vulgares

e exclusivas, isto ��, competir no interesse pr��prio,

lutar pelo poder, e t c . Mudar a sociedade nesse

sentido, buscando o equil��brio social, econ��mico

e ecol��gico, �� t��o dif��cil "a ponto de exigir uma

revolu����o copernicana da mente", esclarecem

Meadows e Cols. �� a supra dita revolu����o moral:

o que tem de mudar, primeiro, �� o homem

interior, o pensamento e o sentimento, as maneiras

de avaliar, julgar e sentir; depois, a orienta����o e

a conduta.

E p �� l o g o : a i n t e r v e n �� �� o d o A l t o

Ficamos cientes de que o tempo �� escasso

para que sobreviva a esp��cie humana em estado

��til de exist��ncia. O esfor��o ter�� de ser

empreendido nesta gera����o, j��, sem demora.

Uma nova orienta����o da atividade humana no

planeta dever�� ser estabelecida at�� o final do

2 8 2

s��culo XX. Isto coincide com informa����es que

muitos espiritualistas possuem a respeito do

chamado Terceiro Mil��nio, no qual se esperam

fundas modifica����es no panorama moral do ser

humano e, conseq��entemente, na crosta terrena.

Prev��-se, desde a ��poca de Allan Kardec, e t��m-

se recebido variadas informa����es pertinentes,

um expurgo espiritual em torno do ano 2000,

mediante o qual a Terra se livraria de seus

habitantes mais persistentes na pr��tica do mal.

Tal opera����o (de que j�� falamos anteriormente)

seria efetuada aproveitando situa����es calamitosas

desencadeadas pelo pr��prio homem. Deus, que

�� amor, n��o condena ningu��m; utiliza sua Lei os

desmandos em favor da recupera����o dos que

entraram num fundo de saco evolutivo, levando-

os a mudar de rumo atrav��s do sofrimento

gerado pela pr��pria culpa. In��meros esp��ritos

fixados no ego��smo feroz e no orgulho, que os

conduzem constantemente ao abuso contra o

pr��ximo e torna-os antifraternos e endurecidos

nas a����es mal��ficas, seriam atra��dos para outro

planeta, no qual vigoram ��rduas condi����es de

exist��ncia. Para esse mundo primitivo seriam

automaticamente encaminhados em virtude da

sintonia magn��tica; suas vibra����es inferiores

estariam harmonizadas com o baixo padr��o

vibrat��rio do novo ambiente, onde poder��o

exercer suas atividades costumeiras na satisfa����o

283

de ambi����es e impulsos menos dignos. A�� ficar��o

at�� que, exaustos pela dor proveniente de suas

a����es culposas em face da lei de amor, justi��a

e fraternidade, mudem interiormente e mostrem-

se aptos a regressar ao ambiente ent��o

espiritualizado da Terra. Ser�� uma reedi����o da

est��ria da Capela, que relatamos anteriormente;

agora �� a vez da Terra exportar seus filhos

rebelados contra o bem geral e adeptos do bem

pessoal apenas.

Haver��, portanto, magna redu����o da popula����o

terr��quea, que, al��m disso, ter�� uma natureza

moral bastante superior �� atual. Decorre dessa

circunst��ncia que os recursos naturais passar��o

a ser utilizados com a devida parcim��nia e as

produ����es industrial e agr��cola permanecer��o

dentro de limites justos ��� pois s��o de prever-

se, nessa ��poca que se avizinha, equitativa

distribui����o de bens (sem acumula����o em certas

m��os) e acentuada simplicidade (j�� que as pessoas

estar��o empenhadas em valorizar as coisas

referentes ao aspecto espiritual da vida).

Em conclus��o, se o ser humano, por si s��, ��

incapaz de controlar a ambi����o e o ego��smo, n��o

podendo coibir o excesso de produ����o, a

distribui����o egoc��ntrica dos bens, a devasta����o

da natureza e a degrada����o do ambiente ��� e os

decorrentes desajustes sociais ��� Deus, pelas

misericordiosas m��os de Jesus, secundado por

2 8 4

esp��ritos superiores, tem a solu����o ideal que

conduzir�� o planeta e seus habitantes ao porto

de salva����o. Que o homem comum por si mesmo

n��o consegue governar seus impulsos destrutivos

�� mais do que manifesto. N��o �� s�� porque tal

afirmem livros e mais livros de Psicologia. Todos

sabem dos perigos generalizados da radioatividade

e in��meras s��o as advert��ncias a respeito. E, no

entanto, as bombas at��micas foram utilizadas,

t��m sido aperfei��oadas e est��o sendo fabricadas

e armazenadas. Logo, poder��o ser usadas um dia

destes novamente.

Abandonemos as cogita����es puramente materiais

(sem desprezar a mat��ria). O homem �� um

esp��rito imortal revestido de um corpo material

como instrumento de progresso. A vida n��o ��

para se perder tempo e sa��de com prazeres

embrutecedores (sem repudiar o prazer). Como

a revis��o dos valores �� inevit��vel ��� mostra-o a

ci��ncia terrena e afirma-o o Mundo Espiritual ���

cuidemos agora da transforma����o moral com

vistas ao progresso do Esp��rito imortal de que

n��o podemos escapar.

Tal �� o ep��logo deste livro e adeus...

2 8 5





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2 9 1



292





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