sábado, 12 de outubro de 2019

{clube-do-e-livro} LANÇAMENTO: REGRAS DA PAIXÃO - SARA CRAVEN - FORMATOS: EPUB, PDF

Sem sorrir, ele perguntou:

��� Ent��o... quais s��o seus planos?

Todo o corpo dela se retesou de ansiedade

quando Cat olhou para ele. Ela engoliu em seco.

��� Quero que saiba que tudo o que aconteceu

entre n��s foi... maravilhoso ��� come��ou. ��� A

��ltima noite foi inacredit��vel, a mais excitante

de toda minha vida.

��� Obrigado ��� ele falou. Seus olhos estavam na

defensiva. ��� Eu achei totalmente incr��vel

tamb��m. E inesquec��vel ��� ele fez uma pausa. ���

Mas se voc�� estiver prestes a me dizer que esse

nosso... breve encontro terminou ��� ele

prosseguiu, sorridente ���, que por alguma raz��o

decidiu me jogar para fora do para��so, ent��o devo

avis��-la, mo��a, que est�� comprando uma briga.

Querida leitora,

Depois de um encontro apaixonante e explosivo,

tudo o que se quer �� repetir a experi��ncia por in��me-

ras vezes...

Mas ao contr��rio do que Liam imaginava, para

conseguir conquistar o cora����o de Cat n��o bastam

esses encontros calorosos. Ela quer mais... muito

mais...

Descubra o que esse homem exigente vai aprontar

para fazer Cat se render ao seu pedido de casamento

e ao seu amor!





Equipe Editorial




Sara Craven

REGRAS DA PAIX��O

Tradu����o

Carla Werneck

H A R L E Q U I N

B O O K S ���

2006

PUBLICADO SOB ACORDO COM HARLEQUIN ENTERPRISES II B.V.

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodu����o, o armazenamento ou a transmiss��o, no todo ou em parte.

Todos os personagens desta obra s��o fict��cios. Qualquer semelhan��a com pessoas vivas ou mortas �� mera coincid��ncia.

Copyright �� 2004 by Sara Craven

T��tulo original: MISTRESS AT A PRICE

Originalmente publicado por Mills & Boon London

Editora����o eletr��nica:

TopTextos Edi����es Gr��ficas Ltda.

Tel.: (55 21)2240-2609

Impress��o:

RR DONNELLEY MOORE

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Rio de Janeiro, RJ ��� 20220-971

Aos cuidados de Virginia Rivera

virginia.rivera@harlequinbooks.com.br

PR��LOGO

Setembro

O banheiro estava iluminado por velas, as chamas

estavam calmas na atmosfera silenciosa.

Ela pingou algumas gotas do ��leo arom��tico na

��gua quente da banheira, respirou fundo e sentiu o

agrad��vel cheiro de l��rio.

Uma ta��a de vinho branco gelado a aguardava na

pequena mesa perto da banheira. A m��sica vinha do

quarto, um ritmo latino abafado, calma e sensual.

Perfeito, pensou, prendendo os cabelos em um co-

que no topo da cabe��a e desamarrando o robe de seda.

Ela entrou na ��gua, usou o travesseiro para apoiar o

pesco��o com um leve suspiro de satisfa����o, permitiu

que todo o corpo relaxasse. Sentia as tens��es do dia

desaparecerem lentamente para serem substitu��das

por outro tipo de sensa����o.

Ela pegou a ta��a de vinho e deu um gole. N��o de-

moraria muito agora. Apenas meia hora, no m��ximo

quarenta minutos, para concluir o precioso ritual e

esperar. Ela riu suavemente, em antecipa����o.

O sabonete tamb��m tinha cheiro de l��rios. Ela fez

uma leve espuma e come��ou a passar na pele, demo-

radamente, seus sentidos antecipavam o momento

em que outras m��os tocariam seu corpo, outros dedos

acariciariam sua carne sens��vel.

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S A R A C R A V E N

Ela mergulhou uma das pernas ensaboadas e de-

pois a outra, deixando que a ��gua as enxaguasse e ad-

mirou o brilho perolado do esmalte nas unhas dos de-

dos dos p��s.

Sua barriga estava mais reta do que podia desejar e

seus quadris eram enxutos, levemente arredondados.

No geral, estava em boa forma.

Vinha cuidando mais do corpo ultimamente, lem-

brou. Comia com parcim��nia e ia �� gin��stica freq��en-

temente.

Tudo de que sempre precisei, refletiu, esbo��ando

um sorriso secreto, era da motiva����o certa.

��� Voc�� est�� magn��fica ��� elogiou um colega de

trabalho na hora do almo��o. ��� N��o me diga que est��

apaixonada.

��� N��o direi ��� ela retrucou claramente. ��� Porque

n��o estou.

Agora ela imaginava o que ele diria se tivesse fala-

do a verdade. Se ele soubesse de suas noites secretas,

daquelas barganhas sensuais e hedonistas que lhe

rendiam todo o prazer do amor, mas nenhum sofri-

mento.

Mas, eventualmente sofreria, admitiu. Se um dos

dois decidisse que era hora de partir sem que o outro

estivesse pronto.

Por��m esse pensamento n��o devia perturb��-la na

noite de hoje. N��o quando ele estava prestes a chegar.

Ela encheu as m��os de ��gua e jogou pelos ombros,

fazendo uma cascata por seus seios firmes. Observou

as gotas que se acumulavam em seus mamilos rosa-

R E G R A S DA PAIX��O

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dos. Sentiu falta de ar ao imaginar a boca dele sor-

vendo-os.

N��o vai demorar, convencia-se. De repente o celu-

lar tocou.

Ela sorriu com prazer ao verificar quem ligava.

��� Bem-vindo ��� falou suavemente, com o tom de

voz provocativo. ��� Voc�� parece ter ficado fora uma

eternidade.

Ela se recostou novamente, alargando o sorriso en-

quanto ouvia.

��� Chegar�� em vinte minutos? Maravilha.

Ela parou e acrescentou, com a voz rouca:

��� Mas se apresse... Estou esperando por voc��...

CAP��TULO 1

Era um lindo dia para um casamento, pensou Cat

Adamson enquanto descia as escadas do terra��o do

hotel e come��ava a caminhar lentamente pelo jardim.

Isso, �� claro, se voc�� gostar de casamento, o que

certamente n��o era o caso dela. As n��pcias de sua pri-

ma Belinda prometiam ser as piores.

Estava aliviada em respirar um pouco de ar puro,

ao inv��s dos perfumes caros. Era maravilhoso ouvir o

canto dos p��ssaros, no lugar de vozes e risadas altas.

Ningu��m percebeu que ela saiu da festa.

At�� a noiva, cujos olhos se apertavam em suspeita

enquanto observava Freddie, seu novo marido, con-

versar com as madrinhas com bastante interesse.

At�� o pai da noiva, tio Robert, que anteriormente

fizera um discurso emocionado sobre a santifica����o

do casamento, independentemente de ter tido um

caso com a secret��ria ano passado. At�� a sua amada

tia Susan, que ficou ao lado dele como uma est��tua

durante o discurso, olhando para o ch��o com a ex-

press��o indecifr��vel.

Certamente at�� os pais de Cat, que para a alegria dos

anfitri��es, compareceram, apesar de tentarem ignorar

um ao outro e ficarem em cantos opostos do sal��o.

Da ��ltima vez que se viram, o pai dela falou de-

mais, e sua m��e ficou corada e irritada. N��o era bom

sinal.

R E G R A S DA PAIX��O

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Mas ent��o, como Cat bem sabia, os dois eram ato-

res profissionais e tinham personalidades vol��teis, ��s

vezes qualquer lugar servia de palco e qualquer p��-

blico.

Desde a separa����o deles, h�� dez anos, quando Cat

ainda era adolescente, seus pais j�� tinham se casado

com outras pessoas e separado duas vezes.

Quanto David Adamson entrou de bra��o dado ao

seu trof��u louro, Cat se viu detida pela m��e, que cra-

vava as unhas em seu bra��o.

��� S�� aceitei este convite porque pensei que ele es-

taria na Calif��rnia.

��� As filmagens terminaram antes ��� ela respon-

deu. ��� E ele �� o ��nico irm��o do tio Robert. Natural-

mente viria, se pudesse.

��� E com sua mais nova vagabunda. ��� Vanessa

Carlton sorriu levemente. ��� Ela deve ter a sua idade.

��� Creio que ele pode dizer o mesmo de seu acom-

panhante ��� falou Cat rispidamente, tentando ignorar

o rapaz ��� alto, bronzeado, com dentes perfeitos que

se exibia para as pessoas ��� estar beijando sua m��e de

forma extravagante.

��� N��o tem compara����o ��� negou Vanessa. ��� Gil

e eu estamos apaixonados. Ele diz que sempre bus-

cou mulheres mais velhas e sofisticadas. Ele gosta

de... maturidade.

��� �� mesmo? Ent��o espero que ele n��o esteja por

perto quando come��ar a quebrar as coisas.

��� Admito que errei ��� respondeu. ��� Mas agora

vejo que todas as rela����es do passado foram simples-

mente... erros tr��gicos. Por��m ��� ela acrescentou rai-

vosamente ���, voc�� sempre fica do lado do seu pai.

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S A R A C R A V E N

Antes de Cat conseguir responder, sua m��e gesti-

culou para Gil e os dois sa��ram de forma determinada

pelo corredor.

Assim Cat conseguiu escapar. Quando saiu, ela

respirou fundo, um pouco tr��mula. Essa era uma das

coisas mais dif��ceis de suportar, as constantes acusa-

����es de seus pais dizendo que apoiava mais um do

que o outro.

Porque simplesmente n��o era verdade. Ela sempre

fazia o melhor que podia ��� para ser sempre imparcial.

Agora, desejava ter reclinado do convite para o ca-

samento, e n��o apenas ao relutante convite de Belin-

da para que fosse madrinha. Pelo menos teve o bom

senso de evitar isso.

Ela n��o podia culpar a prima pela hostilidade vela-

da que sempre manchou a rela����o delas. Belinda tam-

b��m era apenas uma crian��a e sempre se ressentia da

invas��o de Cat ao seu c��rculo familiar, mesmo saben-

do que n��o havia para onde a prima ir.

Mesmo antes do div��rcio, David e Vanessa eram

muito ausentes por causa do trabalho, moraram em

v��rios locais diferentes.

A separa����o e o div��rcio deles foi como um abalo

s��smico no mundo do teatro, sem contar com o efeito

devastador em Cat.

Eles costumavam brigar, gritar, bater portas, mas

sempre se reconciliavam depois.

Na ��ltima vez, entretanto, n��o houve cenas, ape-

nas uma terr��vel quietude. E ent��o, em uma enorme

mudan��a, cada um mergulhou de cabe��a na pr��pria

carreira e nas novas e exc��ntricas rela����es.

R E G R A S DA P A I X �� O





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Dali em diante, Cat passou o resto de sua inf��ncia

na casa de tio Robert e tia Susan. Apesar de seus pro-

blemas com Belinda, a casa enorme parecia um o��sis

de seguran��a em seu mundo inst��vel.

E isso tornou bem mais dif��cil suportar quando viu

seu tio sentado a uma mesa discreta de um restauran-

te de Londres, trocando garfadas e se derretendo por

uma mo��a muito mais jovem, ela lembrou.

Talvez ele tenha sido mais seu pai do que ela supu-

nha, pensava com real lamento, e esse caso com a se-

cret��ria n��o foi a primeira escapada dele.

Lembrando o passado, ela podia apontar com pre-

cis��o outras tens��es na rotina da casa quando ainda

era muito jovem para entender.

Atualmente, por��m, ela indagou, sobressaltada,

por que as pessoas desejariam se casar quando a trai-

����o e o sofrimento pareciam estar sempre �� espera?

�� o casamento que acaba com tudo, ela insista, cis-

mada. Talvez a familiaridade traga o desrespeito.

Essa foi a raz��o para ela ter se esquivado de todos

os compromissos, especialmente quando havia a pos-

sibilidade de conviv��ncia.

Primeiro se encontra algu��m para dividir o alu-

guel, depois se assume uma hipoteca juntos, para ter-

minar em uma festa de noivado e depois despencar

ladeira abaixo para o matrim��nio.

"N��o posso fazer isso. Nunca vou cair nessa arma-

dilha. Nunca teria grandes aspira����es quando todas

as evid��ncias revelam o contr��rio."

Honestamente, a vida de solteira tamb��m n��o ti-

nha muita gra��a.

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S A R A C R A V E N

N��o acreditava em "felizes para sempre". Mas o

que est�� errado com "felizes por enquanto"?

O resto de sua vida estava j�� planejado. Ela tinha

uma carreira a qual se dedicava, um apartamento

magn��fico e uma agrad��vel vida social.

Seria poss��vel se comprometer com o amor? En-

contrar uma rela����o em que ainda conseguisse man-

ter a dist��ncia, aproveitar o pr��prio espa��o? Esclare-

cer que se interessava pelo aqui, agora e n��o pelo fu-

turo.

Quando ela chegou na beira do lago, sentiu a leve

brisa despentear seus cabelos louros, soprando umas

mechas em seu rosto.

Ela estava prestes a se aproximar para olhar o lago,

quando ouviu a voz de um homem.

��� N��o aconselho que fa��a isso. ��� A voz era bai-

xa e intensa.

Cat virou rapidamente, sobressaltada por ter per-

cebido que tinha companhia.

N��o foi �� toa que n��o o notou. Apesar de estar a

apenas alguns passos, estava escondido na sombra de

uma ��rvore, tinha um dos ombros apoiado negligen-

temente em seu tronco.

Quando ele se aproximou, Cat notou que era alto e

esguio. Usava uma camisa p��lo vermelha que escon-

dia ombros largos, suas pernas longas estavam cober-

tas por uma cal��a creme surrada.

Seu rosto e bra��os estavam bronzeados e seus far-

tos cabelos pretos eram ligeiramente encaracolados,

mas ele n��o era lindo no sentindo tradicional. Seu na-

riz proeminente era muito fino, e os c��lios que co-

R E G R A S D A P A I X �� O

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briam os olhos verde-acinzentados eram muito es-

pessos. Mas sua boca era definida e jocosa, com uma

discreta e sensual curva dos l��bios.

Cat percebeu que ele a analisava, com as duas so-

bracelhas unidas em desnorteamento, como se tentas-

se entend��-la.

Ela estava consciente das batidas lentas e fortes de

seu cora����o. A calma dos raios de sol parecia t��-los

envolvido em uma teia dourada. A respira����o profun-

da dela parecia um suspiro.

Ent��o, em algum lugar bem pr��ximo, um passari-

nho cantou uma longa e penetrante nota.

Ele quebrou o estranho feiti��o que a armadilhava e

a trouxe de volta �� realidade. Ela se esticou, defensi-

vamente.

��� Voc�� costuma dar conselhos n��o desejados a

estranhos?

��� Voc�� est�� muito perto da borda, e a lama est��

solta neste local. ��� Ele desdenhou, aparentemente

sem se importar com a rispidez dela. ��� N��o gostaria

que escorregasse e ca��sse.

��� Obrigada, mas sou bastante capaz de cuidar de

mim. N��o precisa se preocupar.

Ele parou a alguns metros, com as m��os na cintura.

��� �� puro interesse pessoal, pode acreditar. ��� Ele

estava sem express��o. ��� Se voc�� cair, me sentirei na

obriga����o de salv��-la e essa ��gua est�� gelada. Al��m

disso ��� ele prosseguiu, analisando seu vestido com o

spencer marfim e turquesa transparente em mais uma

aprecia����o ���, esse vestido de casamento que est��

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S A R A C R A V E N

usando certamente �� car��ssimo. Seria uma pena estra-

g��-lo.

��� Na realidade, eu mesma pago pelas minhas rou-

pas. ��� Ela franziu o cenho. ��� E como sabe que eu

estava em um casamento?

��� Certamente n��o est�� vestida para um passeio no

campo. Al��m disso, eu vi os carros chegando mais

cedo, enfeitados com flores e fitas e a mo��a de saia

balon�� e v��u com olhar furioso. O usual.

Ele parou.

��� Qual �� o seu papel nisso tudo? Madrinha?

��� Voc�� n��o �� t��o observador quanto pensa. ��� Ela

levantou a m��o em um desafio do qual se arrependeu

imediatamente. ��� N��o sou casada.

��� Isso n��o quer dizer necessariamente nada ��� ele

retrucou.

��� Sou apenas a prima da noiva e devo voltar ago-

ra.

��� Por que a pressa em ir? ��� Seu tom era pregui-

��oso, mas seu olhar, intenso. Ela podia senti-lo exa-

minando-a com toda intimidade de um toque e sen-

tiu-se em total alarme e excita����o. ��� Voc�� divagava

aqui como se tivesse todo tempo do mundo ��� ele

continuou.

��� Porque sim ��� respondeu Cat, retesada. ��� O

clima j�� est�� bem tenso por l��, sem que eu precise

atuar como a desaparecida.

��� Apesar de voc�� desejar isso. ��� Foi uma afirma-

����o, e n��o uma pergunta. ��� Ent��o, qual �� o proble-

ma? Tem uma paix��o secreta pelo noivo?

��� Deus, n��o! ��� A nega����o escapou dela.

R E G R A S D A P A I X �� O

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Ele sorriu secamente.

��� O que h�� de errado com ele?

Agora era a hora de dizer educadamente que n��o

era da conta dele e se retirar, concluiu Cat.

Ent��o, por que ela respondeu?

��� Ele joga r��gbi durante todo o inverno, cricket

durante todo o ver��o, tem muito dinheiro e olhos in-

quietos. Al��m disso, bebe muito mais do que deveria,

e j�� est�� acima do peso.

��� Voc�� retrata com as palavras. N��o �� �� toa que a

noiva parecia t��o contrariada. N��o podia ter feito um

favor a ela e impedido o casamento?

��� N��o creio que ela agradecesse ��� respondeu

Cat. ��� Nem se ele estivesse olhando o decote da me-

lhor amiga dela em toda a recep����o.

��� Eles j�� cortaram o bolo? Se n��o, eu gostaria de

ver o que ela far�� com a faca.

Cat notou que estava esbo��ando um sorriso e ten-

tou se controlar.

��� N��o �� engra��ado. Realmente n��o sei por que

contei isso para voc�� ��� ela acrescentou.

��� Porque precisava de algu��m para conversar ���

ele retrucou. ��� E calhou de eu estar aqui.

��� Bem, isso foi bastante desleal da minha parte

��� ela afirmou. ��� E indiscreto. Ent��o, ser�� gentileza

sua... esquecer isso tudo.

��� Tudo devidamente esquecido ��� ele respondeu.

��� Exceto, �� claro, o encontro com voc��. N��o pode

querer que eu esque��a. �� pedir demais.

��� Mas n��o nos encontramos ��� ela falou. ��� N��o

de verdade. ��� Oh, Deus, se ao menos ele parasse de

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S A R A C R A V E N

olhar para ela desse jeito. Ela podia sentir um calor

indolente a invadindo. Seu instinto dizia que isso sig-

nificava perigo, uma complica����o dispens��vel.

��� Foi apenas um encontro casual ��� ela prosse-

guiu. ��� Acabou agora. Certamente tem coisas a fa-

zer.

��� Como?

��� Bem... ��� Cat olhou em d��vida para a roupa

dele. ��� Voc�� trabalha aqui, n��o?

��� Entre outros locais ��� ele concordou.

��� Ent��o algu��m est�� pagando pelo seu tempo ���

ela falou. ��� Talvez eles n��o gostem de ver voc��... ���

Ela hesitou, sem encontrar a palavra certa.

��� Passando o tempo? ��� ele ajudou, com os olhos

brilhando em esc��rnio.

��� Algo assim. N��o acho que seja f��cil conseguir

emprego nos dias de hoje.

��� Isso depende do trabalho ��� ele respondeu. ���

E se voc�� �� ou n��o especialista no que faz.

��� O que naturalmente voc�� �� ��� Cat retrucou.

��� N��o tenho muitas reclama����es. ��� Ele sorriu

lentamente, deixando que ela soubesse que a conver-

sa n��o tinha nada a ver com trabalho.

Cat sufocou um suspiro, quando seu calor interno

come��ou a incomodar e sua imagina����o repentina-

mente ficou selvagem. Ele percebia sua agita����o.

��� Mas �� bom ter cuidado ��� ele acrescentou ne-

gligentemente.

��� Na realidade, n��o ligo a m��nima para o que

voc�� faz em suas horas de trabalho ou fora delas. Mas

imagino o que a cadeia de hot��is Durant diria se sou-

R E G R A S D A PAIX��O

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besse que um de seus funcion��rios passa parte de

suas horas de trabalho... assediando as h��spedes.

Ele levantou a sobrancelha.

��� �� isso que estou fazendo? ��� perguntou. ��� N��o

notei. Nesse caso, acho melhor deix��-la em paz e vol-

tar para os meus... deveres, para que voc�� possa vol-

tar para a festa do s��culo. ��� Ele virou, levantando

casualmente a m��o. ��� Bom dia.

Ela percebeu os sentimentos rid��culos que se mis-

turavam dentro dela quando ele se afastou. Sim, o

achou atraente e inacreditavelmente desconcertante,

fez com que o encontro acabasse abruptamente antes

que ela dissesse ou fizesse algo genuinamente est��pi-

do, mas seria realmente necess��rio se irritar daquela

forma geniosa?

Talvez, ela pensou, porque eu saiba que em qual-

quer outro local ou situa����o eu ficaria muito tentada.

Mas agora tenho que voltar para a recep����o e veri-

ficar se ainda n��o foi declarada nenhuma guerra.

Ela tentou virar e quase se desequilibrou, quando

notou, tarde demais, que o salto de sua sand��lia esta-

va firmemente enterrado na lama.

"Oh, Deus", gemeu por dentro, era tudo que precisava.

Ela tentou desesperadamente soltar o salto, mas

ele n��o cedia, e agora o outro parecia ter afundado

tamb��m.

Ela poderia tirar os sapatos e andar na ponta dos

p��s at�� o ch��o mais firme, mas poderia escorregar fa-

cilmente.

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S A R A C R A V E N

Apesar de relutante, percebeu que precisava de

ajuda.

E havia apenas uma pessoa que poderia ouvi-la

para ajud��-la, que estava h�� uns 50 metros, cami-

nhando depressa.

��� Ei ��� chamou. ��� Voc�� pode voltar, por favor?

Eu... preciso de ajuda.

Ele virou e olhou para ela, e por um momento hor-

r��vel ela pensou que ele a ignoraria e a deixaria ali,

presa. Isso seria a vingan��a perfeita.

Mas ent��o, ele come��ou a voltar, sem pressa. Ele

parou a alguns metros, observando-a com o rosto im-

pass��vel.

��� Est�� com problemas?

��� Como v��. ��� Cat mordeu o l��bio. ��� E, sim,

voc�� me avisou, ent��o a culpa �� toda minha. Mas

pode me ajudar a sair daqui? ��� Ela parou, esperando

em v��o por algum movimento dele, nem que fosse

uma suaviza����o da express��o. E, ent��o, ela acrescen-

tou com uma certa dificuldade: ��� Por favor?

��� Eu adoraria. ��� Ele caminhou na dire����o dela.

��� Voc�� est�� preparada para colocar a m��o em volta

do meu pesco��o? Ou mandar�� me prender e demitir?

��� Desculpe por isso. ��� Cat tentou rir. ��� Eu... es-

tou meio tensa, �� isso.

Ela sentiu. Inadvertidamente, sua m��o ro��ou os

cabelos dele e a textura deles provocaram um arrepio

em todo o corpo de Cat.

Ele colocou o bra��o ao redor da cintura dela e ela

sentiu os m��sculos dele contra��rem enquanto ele le-

vantava os sapatos dela, equilibrando-a em seus qua-

R E G R A S DA PAIX��O

19

dris. Ela podia sentir o calor do corpo dele por seu de-

licado vestido e ��� o que era ainda mais problem��tico

��� a imediatez de sua pr��pria resposta.

Ele sorriu, encarando-a.

��� Farei um acordo com voc�� ��� falou, suavemen-

te. ��� Jante comigo hoje �� noite e eu n��o somente a

salvarei, Cinderela, como tamb��m resistirei �� tenta-

����o de atirar seu charmoso bumbum na lama.

Ela apertou o bra��o ao redor do pesco��o dele.

��� Voc�� n��o ousaria.

Ele permitiu que ela escorregasse apenas um pou-

co e ela engasgou, metade assustada e metade excita-

da, ciente de que seu vestido tinha mostrado suas co-

xas e de que ele tinha percebido isso tamb��m.

��� Bem? ��� Ele falou. ��� Temos um acordo?

Ela ficou em sil��ncio por um momento, desnortea-

da.

��� Creio que sim ��� murmurou.

��� J�� recebi respostas mais graciosas. ��� Havia um

toque estranho em sua voz. ��� Mas acho que terei que

me contentar com o que tenho ��� pelo menos por en-

quanto. Que tal oito da noite? Acho que at�� l�� os cor-

pos ter��o sido removidos do sal��o de recep����o.

��� Pedi para voc�� esquecer o que eu disse.

��� Imposs��vel ��� ele retrucou. ��� Mas tentarei n��o

falar sobre isso novamente.

��� Obrigada. ��� Ela hesitou. ��� Tem certeza de

que quer jantar aqui? ��� Cat ficou surpresa com a su-

gest��o. O hotel Anscote Manor era luxuoso, sua co-

mida tinha excelente reputa����o e pre��os �� altura.

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S A R A C R A V E N

��� Voc�� acha que eles se recusar��o a me servir? ���

Ele sacudiu a cabe��a. ��� S��o muito democr��ticos.

Cat pensou que talvez os funcion��rios tivessem

desconto, apesar de isso parecer improv��vel em uma

agitada noite de ver��o.

��� Est�� bem ��� ela concordou. ��� Oito horas.

Ele a levou para uma vereda e a colocou no ch��o.

Depois, se ajoelhou, liberando os dois saltos com

grande gentileza e secou os dois com um len��o que

retirou do bolso.

��� Me d�� seu p�� ��� ele pediu, ajoelhado. Muda, ela

obedeceu, apoiando a m��o delicadamente sobre o

ombro dele enquanto ele a cal��ava. Ela lutava contra

um impulso de deixar os dedos percorrerem as ondas

de seus cabelos escuros, ou de entrarem em sua gola

e explorarem a firmeza dos m��sculos de seus om-

bros. Cat sentiu uma estranha fraqueza agitando-a

por dentro.

Oh, Deus, pensava. Eu n��o posso... deixar que isso

aconte��a.

��� Pronto ��� ele falou. ��� Parecem novos.

��� Obrigada ��� respondeu Cat. Ela sorriu, sem

gra��a. ��� Nos... encontramos mais tarde.

��� Pode apostar. ��� Ele fez uma pausa. ��� Mas

acho que estamos esquecendo algo. N��o sei seu

nome. E voc�� n��o sabe o meu.

��� Isso �� realmente necess��rio? ��� Ela perguntou,

ir��nica. ��� Afinal de contas, encontros casuais e essa

coisa toda. Pode at�� ser... mais interessante n��o sa-

bermos.

R E G R A S D A P A I X �� O

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��� Bem, temos nossas pr��prias id��ias sobre o que

�� interessante ��� ele afirmou, com um toque de frie-

za. ��� Mas ainda gostaria de saber como se chama.

��� Est�� bem, Catherine ��� ela falou, relutantemen-

te. ��� Mas todos me chamam de Cat.

Ele levantou a sobrancelha.

��� E n��o Cathy... ou Kate?

��� Claro que n��o. �� por causa da hist��ria. ��� Ela

deu de ombros novamente. ��� Algu��m uma vez falou

que sou como a gata solit��ria.

��� Gostaria de saber se isso �� verdade. ��� Ele

olhou de volta para ela. ��� Suponho que tenha um so-

brenome tamb��m?

��� Tenho certeza de que voc�� tamb��m tem ��� ela

respondeu diretamente. ��� Mas n��o iremos us��-los, e

essa �� minha parte do acordo. Apenas os nomes.

��� Muito bem. Se �� o que deseja. ��� Ele fez uma

pausa. ��� Eu sou Liam, ��s vezes conhecido como

Lee, mas somente para os ��ntimos. Ent��o n��o �� o seu

caso.

��� Vou tentar superar a frustra����o ��� respondeu

Cat debochada. ��� E agora eu devo voltar para o ter-

rit��rio de guerra. ��� Ela hesitou. ��� Ent��o onde quer

me encontrar hoje �� noite?

��� N��o se preocupe com isso. ��� O sorriso dele

n��o correspondia ao olhar. ��� Quando for a hora... eu

a encontrarei.

E ele foi-se, deixou Cat olhando para ele, sem ex-

press��o, mas com milhares de sons alardeando seu

c��rebro.

CAP��TULO 2

D e v o estar enlouquecendo, admitiu Cat enquanto vol-

tava para o hotel. Porque �� um exagero da minha parte.

Era rid��culo se sentir assim, indefesa ou amea��ada

de alguma forma. Porque era longe da realidade. Ela,

Cat Adamson, era bem capaz de cuidar de si mesma.

E, sim, ele era inegavelmente muito atraente, mas

de jeito nenhum era irresist��vel. Em seu esquema de

vida, nenhum homem era.

Sem d��vida, ele era uma amostra do talento local e

decidiu jogar sua rede um pouco mais longe. Um

oportunista nato, que levaria um tremendo corretivo

dela. Ele n��o poderia adivinhar, �� claro. Mas duvida-

va que seria prejudicial �� arrog��ncia masculina que

florescia daquele perigoso charme.

"Acho que terei que me contentar com isso. Pelo

menos por enquanto..."

Ela realmente n��o se importava, porque inde-

pendentemente do que tenha dito, ela n��o manteria

este encontro.

Em vez disso, simplesmente cancelaria o quarto

que tinha reservado para a noite e voltaria para Lon-

dres antes de ele sequer perceber sua partida. Seria o

ponto final em um epis��dio perturbador, bem mais do

que queria admitir.

Ela entrou novamente no sal��o de festas e se depa-

rou com grande barulho. A m��sica tinha come��ado e

as pessoas dan��avam.

R E G R A S DA PAIX��O

23

Cat viu sua m��o agarrada pelo padrinho, o irm��o

mais velho e divorciado de Freddie.

��� Estava procurando por voc�� em todos os luga-

res. ��� Ele sorriu triunfante. ��� Vamos dan��ar.

Ela concordou, apesar de saber que seria alvo de

um determinado flerte. A esposa dele o trocou pelo

chefe e Tony estava ansioso para restabelecer sua

auto-estima.

Ele ainda estava chateado pela trai����o de Cheryl,

ent��o Cat o divertiu, ao mesmo tempo em que se es-

quivava dos esfor��os dele de querer saber o endere��o

e o telefone dela em Londres.

Perturbada, ela descobriu a imagem de Liam apa-

recendo de novo em sua mente. Ela estava se concen-

trando quase com sede na lembran��a de seu sorriso,

de seu toque. Aquele simples pensamento fazia com

que seus sentidos se agitassem e sua boca ficasse

seca. Bem, isso deve parar, aqui e agora, disse a si

mesma, com grande determina����o.

Rangendo os dentes, ela se atirou na festa. Adora-

va dan��ar, e havia uma fila de homens querendo dan-

��ar com ela.

Foi um grande al��vio quando o casal desapareceu,

em meio aos aplausos, para trocar de roupa e partir.

Assim que eles sa��ssem para a lua-de-mel, Cat de-

cidiu que iria embora. Tudo o que tinha a fazer agora

era se livrar daquele vestido, que n��o queria ver mais

t��o cedo, refazer sua mala e pagar a conta.

Mas quando ela come��ou a se movimentar pelo sa-

l��o, se deparou com seu pai, que parecia furioso.

24

S A R A C R A V E N

��� Voc�� poderia fazer a gentileza de conversar

com sua m��e? Pedir que ela demonstre o m��nimo de

civilidade para com minha futura esposa?

��� N��o ��� Cat respondeu concisamente, olhando

de volta para ele. ��� Estou cansada de ser mensageira

dessa guerra est��pida que voc��s travaram um contra

o outro. De agora em diante, voc��s mesmos far��o o

trabalho sujo.

Meu Deus, ela refletiu. Mal posso crer que falei

isso. Eu geralmente suspiro e concordo em me empe-

nhar.

��� Estou desapontado com voc��, Cathy. Mas voc��

sempre toma o lado de sua m��e contra mim.

��� N��o ��� retrucou Cat secamente ���, de acordo

com a minha m��e. Na realidade, fiz o poss��vel para

me manter imparcial, mas isso obviamente n��o fun-

cionou, ent��o n��o me envolverei.

Ele a fitou calmamente. Ent��o, o rosto de David

Adamson relaxou em um sorriso charmoso.

��� Ponto para voc��. Mas pelo menos posso lhe ofe-

recer uma carona de volta para a cidade? Realmente

gostaria que voc�� e Sharine se tornassem amigas.

��� Obrigada, papai, mas vim de carro. Outro dia,

talvez.

��� Me chame de David, por favor, querida. ��� Ele

fez um gesto expansivo. ��� Papai �� t��o...

��� Velho? ��� sugeriu Cat. ��� Tentarei me lembrar.

Especialmente na frente de Sharine.

Ela se esquivou novamente, evitando conversas,

acenando com sorrisos, mas sendo inevitavelmente

detida pelas pessoas.

R E G R A S D A P A I X �� O

2 5

Quando ela finalmente chegou na porta, sua m��e

esperava por ela impacientemente.

��� O que seu pai estava falando com voc��? ��� ela

perguntou. ��� Era sobre mim? E ele realmente pre-

tende se casar com aquela... ninfeta?

��� Sugiro que voc�� pergunte a ele ��� respondeu

Cat friamente. ��� Como falei para ele, decidi abando-

nar minha fun����o de leva-e-traz.

��� Meu Deus, querida, voc�� parece uma militante.

O que a levou a isso? Muito champanhe?

��� Bebi meia garrafa para brindar ��� respondeu

Cat.

��� Hum. ��� Vanessa enrugou os l��bios. ��� Ent��o

talvez precise de mais.

��� Talvez precise que meus pais comecem a se

comportar como adultos.

��� Ficarei em Londres por pelo menos uma sema-

na. Por que n��o jantamos todos juntos? Estamos no

hotel Savoy.

��� Isso seria... bom. Mas estou bem ocupada no tra-

balho agora.��� Cat deu um beijo na bochecha da m��e.

��� E voc�� est�� linda. Gil est�� fazendo algo certo.

��� Oh, ele �� um anjo ��� falou Vanessa. ��� Mas e

quanto a voc��, querida? N��o devia ter trazido al-

gu��m?

��� N��o chamei ningu��m.

��� Metade das minhas amigas s��o av��s. ��� Havia

um tom melanc��lico na voz de Vanessa.

Houve um repentino burburinho na recep����o do

hotel e os convidados come��aram a se aglomerar nas

portas do sal��o de festas. Cat foi levada com eles.

26

S A R A C R A V E N

Belinda descia as escadas acompanhada de um

acanhado Freddie. Ela parou de forma teatral, segu-

rando seu buqu��, e ent��o jogou-o no ar. Cat percebeu

que ele vinha em sua dire����o e deu um r��pido passo

para o lado, colocando as duas m��os para tr��s.

Do canto dos olhos, ela viu algu��m pegando-o pela

fita branca de cetim. Houve um momento de sil��ncio

e todos come��aram a falar novamente, animados.

Olhando ao redor, Cat viu, chocada, que Vanessa

pegou o buqu��, e estava parada cheirando as flores

que segurava. Ela viu a m��e virar-se para Gil, que se

materializou ao seu lado, puxando-o para dar um bei-

jo triunfante.

Viu tamb��m seu pai a alguns metros, petrificado.

Seu rosto era como uma m��scara, mas foi a express��o

de seus olhos que a impressionou. Havia um fogo de

raiva, mas tamb��m dor.

Cat caminhou horrorizada na dire����o dele e parou,

pois Sharine chegou primeiro, deslizando o bra��o

pelo dele. Ela murmurou algo que fez com que ele

olhasse para ela, relaxando a boca em um sorriso.

Talvez tenha sido um reflexo da luz, pensou Cat,

virando abruptamente. Mas o momento passou.

Ela entrou no sal��o de novo, agora deserto, exceto

por uma solit��ria figura sentada a uma mesa, des-

truindo uma rosa que adornava seu vestido com os

dedos.

Cat falou:

��� Tia Susan, eles est��o partindo, Belinda e Fred-

die. N��o vai se despedir?

R E G R A S DA PAIX��O

2 7

��� Parece que venho fazendo isso h�� um bom tem-

po. ��� Ela fez uma pausa. ��� Umas coisas acabam,

outras come��am. �� assim que funciona.

Cat se ajoelhou ao lado dela, impulsivamente.

��� Quer que eu volte com voc�� hoje �� noite? Que

fique com voc�� um dia ou dois?

��� N��o, querida, mas obrigada por oferecer. Te-

nho muita coisa para pensar, e preciso ficar sozinha

para isso. ��� Ela fez uma pausa. ��� Posso at�� mesmo

me ausentar por uns tempos. Preciso descansar de

todo esse... caos.

��� Manterei contato ��� ela prometeu rapidamente.

Depois da partida do casal de noivos ficou uma

sensa����o de anticl��max e as pessoas come��avam a se

retirar. Quando Cat saiu na dire����o das escadas, viu o

tio em um canto sombrio do sagu��o, falando com

uma certa urg��ncia no celular.

Nem precisava adivinhar com quem ele falava, ela

concluiu, se lembrando das express��es contidas e

calmas de sua tia.

At�� agora as pessoas continuavam interrompendo-a.

"Eram todos cegos?", imaginou incredulamente,

quando finalmente ficou sozinha e se dirigiu ao quar-

to. "N��o percebiam o que acontecia?"

O que fariam se ela se levantasse e berrasse a ver-

dade?

"Me ignorariam, provavelmente", ela pensou, tor-

cendo a boca.

Mas tudo que acontecia simplesmente refor��ava

sua resolu����o de se manter longe de la��os, especial-

mente os emocionais.

28

S A R A C R A V E N

Eles n��o compensam o sofrimento, acreditava.

Enquanto se despia, olhou para a enorme cama

com arrependimento. Queria muito passar a noite ali

e acordar com o som do canto dos p��ssaros, em vez

de som do tr��fego de Londres.

Ela examinou as sand��lias minutos antes de guar-

d��-las, mas al��m de um pequeno peda��o de lama co-

lada no salto de um dos p��s, elas pareciam novas.

Al��m, �� claro, das lembran��as que evocavam. N��o se

livraria delas t��o cedo.

No final, a paz do campo ofereceu v��rias oportuni-

dades de ruminar pensamentos, particularmente coi-

sas que n��o poderia mudar.

Por um momento desconfort��vel, ela se pegou

lembrando da forma que sua m��e falou sobre netos e

a rea����o imediata de David quando Vanessa pegou o

buqu�� e sorriu para o rosto do amante.

Eles eram atores, ela lembrou com repentina seve-

ridade. Ent��o, quem poderia dizer se as emo����es que

testemunhou eram verdadeiras?

Al��m disso, o hotel Anscote Manor Eden tem sua

cobra particular, ela raciocinou, torcendo o l��bio. En-

t��o seria bem mais sensato voltar para a cidade, para

a vida real e para a sanidade, evitando uma tenta����o

desnecess��ria. Porque aquele Liam simplesmente

n��o era para ela, e por v��rias raz��es.

Ainda tinha vergonha de sua resposta descuidada

ao toque dele. E de todas as outras emo����es que ele

fez arder dentro dela.

"Ele sabia exatamente o que estava fazendo", ela refletiu enquanto pegava o telefone para ligar para a

R E G R A S D A PAIX��O

2 9

recep����o. E permiti. Mesmo assim, n��o passarei a

noite aqui.

��� Aqui �� a srta. Adamson do quarto dez ��� ela fa-

lou. ��� Decidi n��o passar a noite, e gostaria que mi-

nha conta fosse fechada, por favor. Vou partir em

aproximadamente 45 minutos.

Ela entrou no banheiro e tomou banho, deixando a

��gua quente fumegar em seu corpo.

Esperava remover os res��duos do dia e quaisquer

resson��ncias remanescentes.

Cat sentou-se para secar os cabelos perto da jane-

la. A vista era de jardins formais com caminhos de

cascalho cercados de flores da esta����o.

O conquistador local parecia trabalhar bem, pen-

sou, sorrindo por dentro, enquanto olhava incons-

cientemente para o reflexo do sol no lago distante.

Ele certamente criou o cen��rio rom��ntico perfeito

para uma pequena aventura rom��ntica.

Ent��o seria bom para ele ser rejeitado.

Ela se sentiria melhor tamb��m, sabendo que seu

momento de fraqueza passou e que tinha voltado ao

controle.

Ela se vestiu, pegou as coisas e desceu.

O lugar parecia deserto. Todos tinham desapareci-

do e o casamento de Belinda tinha acabado.

Tamb��m n��o havia ningu��m na recep����o, ent��o

ela tocou a pequena campainha. Uma mo��a saiu do

escrit��rio interno.

��� Oh ��� ela falou. ��� Voc�� �� Catherine, do quarto

1 0 , que quer a conta?

��� Sim ��� ela confirmou. ��� Algum problema?

3 0

S A R A C R A V E N

��� Estamos com problemas no computador. O sis-

tema �� novo e perdeu alguns dados. O engenheiro

est�� vindo, mas n��o podemos emitir sua conta agora.

Sinto... muito.

N��o tanto quanto eu, pensou Cat, olhando para o

rel��gio, desanimada. O tempo estava passando rapi-

damente e precisava partir.

��� Voc��s n��o podem simplesmente calcular o

quanto devo com l��pis e papel? Qualquer coisa?

��� Sinto muito, mas espero n��o precisar ret��-la por

muito mais tempo. O engenheiro est�� vindo. Gostaria

de esperar no lounge? ��� ela sugeriu. ��� Ou talvez no

bar?

��� N��o ��� respondeu Cat. ��� Voltarei para o quar-

to. ��� Ela fez uma pausa. ��� E se algu��m perguntar

por mim, por favor, diga que j�� parti.

��� Sim ��� ela respondeu suavemente.

Bem, n��o se torture, resmungou em um misto de

irrita����o e divertimento.

��� E voc��s podem me enviar uma bandeja? ��� ela

solicitou. ��� Somente com caf�� e alguns sandu��ches.

��� Certamente, srta. Adamson. ��� A mo��a falou

com mais confian��a.

Esse n��o foi meu dia de sorte, ela resmungou no-

vamente enquanto voltava para o quarto.

Ela achou um livro na bolsa e se aninhou com ele

no assento pr��ximo �� janela, tentando ler. Seria um

p��r-do-sol glorioso, pensou.

Ela voltou a aten����o para o livro, mas achou dif��cil

se concentrar. Sentia-se muito irritadi��a, muito agita-

da para se concentrar.

R E G R A S DA PAIX��O

31

Ela se levantou e caminhou no quarto, olhando

para o telefone e imaginando se a recep����o teria a

perspic��cia de avis��-la quando o computador voltas-

se a funcionar.

Tirou os sapatos e deitou na cama, trocando os ca-

nais da TV. Mas havia pouca coisa que prendesse sua

aten����o, ent��o foi quase um al��vio quando uma batida

na porta anunciava a chegada da bandeja.

��� Entre ��� e quando a porta abriu, acrescentou:

��� Coloque a bandeja na mesa, perto da janela, por

favor.

Liam respondeu:

��� Eu cancelei o pedido da comida. Fiquei com

medo que ficasse sem apetite para jantar.

Cat deixou o controle remoto cair no ch��o quando

se levantou, atordoada.

��� Que diabos est�� fazendo aqui?

��� Acabei de falar. ��� Ele parecia levemente sur-

preso. ��� Vim para explicar sobre a comida.

��� Que se dane a comida ��� ela retrucou. ��� Voc��

�� o jardineiro, por Deus! Ent��o, quem lhe d�� licen��a

para entrar nos quartos dos h��spedes com qualquer

tipo de mensagem?

��� N��o me restrinjo aos ambientes externos. ���

Ele tinha o descaramento de falar com prazer. ��� Te-

nho muitos talentos.

Apesar de estar furiosa, ela notou que se ele n��o ti-

vesse falado, ela n��o o teria reconhecido. A cal��a sur-

rada e a camisa que ela viu com grande contentamen-

to tinham dado lugar a uma elegante cal��a escura.

32

S A R A C R A V E N

Sua camisa clara estava aberta no pesco��o e tinha as

mangas dobradas, acentuando seu bronzeado.

Os cabelos escuros estavam bem penteados, e ele

tinha feito a barba. Ela podia sentir o cheiro forte de

uma cara col��nia c��trica no ar.

Ele passou de extremamente atraente a seriamente

glamouroso em um piscar de olhos, ela admitiu, en-

golindo em seco.

Por outro lado, ela estava em grande desvantagem,

descal��a, corada e despenteada, ajoelhada no centro

de uma grande cama.

Ele olhou para ela em deboche, como se adivi-

nhasse o teor de seus pensamentos.

��� Ainda quer esperar at�� 8 horas? ��� ele pergun-

tou. ��� Ou est�� com fome agora?

��� Olhe ��� ela come��ou ���, foi gentil de sua parte

ter me convidado para jantar, mas realmente tenho

que voltar para Londres hoje �� noite. S�� estou espe-

rando o computador gerar a conta.

��� Bem, ela ainda n��o est�� pronta ��� ele falou. ���

Ent��o voc�� pode muito bem comer... comigo.

��� Acho ��� respondeu Cat, mantendo a voz firme

��� que voc�� ter�� que aprender a aceitar n��o como res-

posta. Come��ando por agora. Ent��o, por favor, pode

sair do meu quarto?

Ele se ajeitou mais confortavelmente contra a pen-

teadeira em que se apoiava, deixando-a bastante

consciente da amplitude de seu corpo. E que ele tinha

o ar de um homem preparado para esperar.

��� Me diga uma coisa ��� ele pediu. ��� Do que tem

tanto medo?

R E G R A S DA PAIX��O

33

��� Ah, essa �� velha ��� falou Cat em deboche. ���

Esperava mais de voc��.

��� �� uma solicita����o clara de informa����o. Voc��

reservou um quarto para a noite, mas ficou t��o louca

para fugir de mim que pediu �� recepcionista para

mentir por voc��. Por qu��?

��� Eu mudei de id��ia ��� ela respondeu. ��� E con-

siderei que voc�� pudesse representar problemas. ���

Ela levantou o queixo. ��� Acertei em cheio, n��o foi?

��� Que diabos pensa que farei com voc��? ��� ele

perguntou.

��� Agora voc�� est�� sendo rid��culo ��� falou Cat.

Seu est��mago revirava e sua boca estava seca.

Ele retrucou:

��� Voc�� parece constrangida, �� isso.

��� Sem chances ��� ela respondeu. ��� Como eu fa-

lei, eu tenho... coisas me esperando em Londres. De-

cidi que devia ir embora, foi isso.

��� Mesmo que isso significasse quebrar uma pro-

messa? ��� Ele a fitou. E manteve o olhar preso ao

dela.

��� N��o foi uma promessa. ��� Cat mordeu o l��bio,

ciente de que sua respira����o tinha acelerado. ��� N��o

pensei que estivesse falando s��rio, ou que acreditaria

que eu estivesse falando s��rio.

��� Porque sou meramente parte da equipe de fun-

cion��rios e voc�� �� uma mo��a de Londres cheia de

compromissos?

��� N��o ��� ela respondeu. ��� Porque voc�� �� total-

mente estranho e n��o parecia... apropriado.

3 4

S A R A C R A V E N

��� Mas foi assim que tudo come��ou ��� ele respon-

deu. ��� Com um encontro de estranhos. E, de acordo

com as estat��sticas, muitos desses estranhos na reali-

dade se encontram em casamentos tamb��m.

��� N��o foi o que aconteceu exatamente, se voc�� se

lembra.

��� Totalmente ��� ele falou. ��� De todos os deta-

lhes. Voc�� �� a Gata que se vira sozinha e todos os lu-

gares s��o parecidos para voc��. �� assim?

��� Bravo!

��� Mas se for mesmo o caso ��� ele prosseguiu,

como se ela n��o tivesse falado ���, n��o h�� nada que

possa impedi-la de ficar comigo por um tempo. De

fazer as coisas do meu jeito para variar. ��� Ele sorriu

para ela. ��� Afinal de contas, o que tem a perder?

Mais do que quero imaginar..., ela pensou.

��� Voc�� �� sempre t��o persistente?

��� Voc�� �� sempre t��o evasiva?

��� N��o passa pela sua cabe��a que posso simples-

mente... preferir minha pr��pria companhia?

��� Como pode saber ��� ele falou ���, at�� experi-

mentar a minha? ��� Ele olhou para ela. ��� Claro, se

voc�� tiver vergonha de ser vista comigo no restauran-

te, podemos jantar aqui.

��� N��o! ��� A nega����o parece ter explodido de

dentro dela.

Ele sorriu para ela.

��� N��o para a vergonha ou para ficar sozinha co-

migo?

��� Para os dois.

R E G R A S D A P A I X �� O

35

��� Qual �� o problema, Cat? ��� A voz dele era sua-

ve, excitante. ��� Descobriu um ponto fraco? Voc�� se

sentir�� melhor quando comer.

Ela ficou em sil��ncio, sabendo que tinha ficado

sem argumentos, embora detestasse admitir.

��� Muito bem ��� concedeu relutantemente. ���

Se... eu devo.

��� Voc�� me surpreende ��� ele murmurou. Ele se

permitiu olhar para ela por um instante. ��� Me diga

uma coisa: essa cama �� t��o confort��vel quanto pare-

ce?

Cat se ajeitou defensivamente, ciente de que tinha

come��ado a corar.

��� E boa. Por qu��?

��� Porque voc�� parece colada a ela. ��� Ele se de-

sencostou e caminhou na dire����o dela. ��� Quer aju-

da?

Ela conseguiu lan��ar um olhar frio.

��� N��o, n��o preciso. Obrigada. ��� Ela fez uma

pausa. ��� Encontrarei voc�� l�� embaixo.

��� Agora? ��� Ele sorria novamente, ela notou. ���

Acho que ser�� mais seguro se eu a esperar do lado de

fora, caso tenha algum plano de fuga alternativo. E

n��o demore muito ��� ele acrescentou suavemente. ���

Porque estou ficando com uma senhora fome.

E ele a deixou ajoelhada ali, naquele oceano absur-

do da cama de mola, olhando para ele, com o cora����o

explodindo e os bra��os ao redor do pr��prio corpo

como um escudo.

CAP��TULO 3

N �� o precisa fazer isso, Cat repetia enquanto molha-

va os pulsos com ��gua fria para se acalmar. Pode sim-

plesmente ligar para o gerente e dizer que um dos

funcion��rios a est�� perturbando, algo que devia ter

feito h�� horas. Ent��o, provavelmente ele ser�� demi-

tido.

Sempre supondo que Liam decidisse permanecer

quieto, ela corrigiu, o que de maneira nenhuma era

uma certeza. Afinal de contas, ela concordou em jan-

tar com ele e n��o podia negar isso. Mentir sempre a

deixou totalmente desconfort��vel.

Se al��m disso ele fosse demitido...

N��o o quero em minha consci��ncia, ela pensou. S��

o quero fora da minha vida.

Mas tamb��m n��o queria que ele sorrisse para ela ��

mesa de jantar. Seu est��mago revirava diante dessa

id��ia. De que cor eram seus olhos exatamente, cinza

ou verde? Como ele conseguia fazer aquele truque de

rir com os olhos quando todo seu rosto ficava com-

pletamente s��rio?

N��o v�� por este caminho, aconselhava a si mesma,

enquanto passava p�� compacto nas bochechas.

Talvez a melhor id��ia fosse simplesmente jantar

com ele. Trat��-lo com indiferen��a, como uma passa-

geira irrita����o a ser tratada e descartada. Uma ques-

R E G R A S D A P A I X �� O

3 7

t��o sem import��ncia. Apenas uma refei����o at�� que

voltasse para Londres sozinha.

Certamente n��o gostaria que ele pensasse que a ti-

vesse atra��do de alguma forma, ent��o teria que man-

ter a serenidade.

Cat caminhou com uma falsa compostura at�� a

porta.

Ela parou, inspirando fundo. Que o jogo comece,

preparou-se silenciosamente.

Liam estava apoiado na parede oposta, mas se ajei-

tou quando a viu.

��� N��o h�� necessidade de ficar nervosa ��� ele

mencionou suavemente. ��� Afinal de contas, todos

t��m que comer.

��� N��o estou nervosa ��� retrucou Cat. ��� Apenas

irritada com sua persist��ncia injustificada.

Ele manteve o sorriso maroto.

��� Oh, voc�� estava indisposta hoje, antes de eu

aparecer. Teve um dia cansativo. Precisa descansar e

se divertir um pouco.

��� Eu tinha planejado fazer isso... em casa.

��� Onde, �� claro, voc�� mora sozinha.

��� Sim ��� ela admitiu curtamente. ��� Se �� de seu

interesse.

��� Claro que me interesso ��� ele falou. ��� Ou n��o

estaria aqui agora.

Tola, ela se castigava silenciosamente. Devia ter

dito que morava com um namorado. A ��nica coisa de

que precisa �� parecer vulner��vel ��� ou dispon��vel.

Mas a verdade �� que n��o conseguia pensar direito.

O simples fato de caminhar pela ampla escada ao

38

S A R A C R A V E N

lado dele provocava uma estranha sensa����o nela. Ele

n��o tocava nela, na realidade havia espa��o entre os

dois, mas mesmo assim ela tremia por dentro, seus

sentidos estavam totalmente agu��ados por uma ante-

cipa����o aterrorizante e desconhecida.

Justo quando precisava mais do que nunca manter

o controle, avaliou Cat.

Ambos estavam sendo claramente aguardados no

sal��o de jantar, onde o gar��om os conduziu para uma

mesa de canto.

Eles devem pensar que ele pode pagar a conta, e ��

o que importa, ela ironizou, quando os aperitivos fo-

ram oferecidos. Ela declinou, pedindo apenas ��gua

mineral.

��� Muito circunspecta ��� Liam torceu os l��bios

enquanto pedia u��sque.

��� Vou dirigir ��� ela falou. ��� Ou esqueceu?

��� N��o exatamente. Mas ainda acho uma pena ter

mudado de id��ia sobre passar a noite aqui.

"Por que isso n��o me surpreende?", se questionou Cat.

��� �� isso o que se chama de um sil��ncio dignifica-

do? ��� seu irritante companheiro perguntou, depois

de uma pausa.

��� Estava meramente tentando fazer uma op����o

entre mel��o e sopa de pepinos. A sopa ��� ela falou.

��� E peixe grelhado, por favor.

��� O mesmo para mim.

��� N��o vai comer fil��? ��� perguntou Cat, erguen-

do a sobrancelha em deboche. ��� Eu imaginava que

voc�� fosse um homem chegado a carne vermelha.

R E G R A S DA P A I X �� O

3 9

��� Alguma outra suposi����o sobre mim que gosta-

ria de falar?

��� Bem... ��� Cat considerou. ��� Certamente gosta

de correr riscos.

��� Baseada em qu��?

��� Incomodar uma h��spede para passar a noite

com voc��. Certamente n��o faz parte das suas fun����es.

��� Ela tentou lan��ar outro olhar frio. ��� Como sabia

que eu n��o faria uma reclama����o formal de voc�� para

o gerente?

��� Porque voc�� �� a Cat ��� ele respondeu suave-

mente. ��� E as gatas s��o curiosas.

Era um desafio aberto, e ela sabia disso. Ela teve

tempo suficiente para observar ao redor e notar que a

mesa deles era a mais isolada do restaurante, pratica-

mente separada das demais. O candelabro, tamb��m,

parecia enquadr��-los naquele microcosmo particular.

E apesar de conseguir ouvir o murm��rio de vozes e o

tilintar de talheres do resto do sal��o, Cat ainda sentia-

se isolada.

��� Voc�� tem uma id��ia exagerada sobre o pr��prio

charme.

��� Certamente seu poder de resist��ncia equivale a

isso. ��� Liam fez uma pausa quando o gar��om trouxe

o vinho branco �� mesa. Ele provou e aprovou, e o gar-

��om virou para Cat, enchendo sua ta��a antes que ela

tivesse chance de recusar.

��� Um brinde ��� Liam falou lentamente, olhando

para os olhos dela. Demorando de forma enigm��tica.

��� A promessa da noite.

40

S A R A C R A V E N

Cat sentiu a pele aquecer involuntariamente diante

do olhar dele. Ela mordeu o l��bio, levantando a pr��-

pria ta��a com uma relut��ncia clara. Certamente n��o

era o brinde de sua escolha.

N��o planejava beber, mas teve que concordar que

era um vinho maravilhoso.

Em outras circunst��ncias, reconheceu, quase arre-

pendida, essa certamente seria uma noite memor��vel.

E se fosse...

��� N��o apenas uma pessoa que corre riscos ��� co-

mentou Cat, debochada, esfriando o tom de voz. ���

Mas um otimista tamb��m.

��� Todos t��m o direito de sonhar. ��� Ele ainda a

observava. ��� Com o que sonha, Cat?

��� Ah, nunca me lembro ��� mentiu. ��� Acho que

sou muito ocupada para sonhar.

��� S��rio? ��� Ele levantou a sobrancelha. ��� O que

a mant��m t��o ocupada?

Ela colocou a ta��a sobre a mesa.

��� Desculpe ��� respondeu. ��� N��o fornecerei

mais detalhes pessoais.

��� Assim a conversa n��o ficar�� complicada?

��� N��o �� problema meu. ��� Ela deu de ombros. ���

Afinal de contas, n��o optei por estar aqui. O que sig-

nifica que me reservo o direito de proteger minha pri-

vacidade.

��� Essa �� uma forma dif��cil de come��ar uma re-

la����o.

��� Estamos jantando ��� ela retrucou. ��� Nada

mais do que isso.

R E G R A S D A P A I X �� O

41

Ele estava recostando novamente, com o rosto

meio escondido pelas sombras do candelabro.

��� Talvez para voc�� ��� ele falou. ��� Mas n��o para

mim. Hoje, precisarei de mais do que uma refei����o

para me satisfazer.

Ela engasgou.

��� Como ousa... Est�� louco?

��� N��o ��� ele respondeu. ��� Gosto de correr ris-

cos, e sou otimista. Voc�� mesma disse. ��� Ela podia

ouvir a sensualidade da rouquid��o da voz dele. Podia

sentir a intensidade fumegante do olhar dele para a

protuber��ncia de seus seios sob a blusa t��o intensa-

mente quanto se ele a tocasse nua, apalpando a ma-

ciez deles em suas m��os.

De repente, sentiu-se sem ar, seu cora����o batia de-

sesperadamente quando ela se pegou imaginando

como seria o toque dele...

"Oh, Deus", pensou contrita. Isso n��o pode estar acontecendo. Se recomponha.

Agora era a hora de falar para ele de forma dura e

enf��tica que ele ultrapassou os limites. Hora de pegar

a bolsa e partir, mesmo que isso significasse deixar

um cheque em branco no hotel para pagar a conta.

S�� que ela percebeu, desanimada, que as entradas

estavam chegando e que a mesa deles estava cercada.

O p��o estava sendo servido e as ta��as, desviradas.

Aquela sa��da n��o era mais uma op����o simples.

Em vez disso, como se tivesse programado, pegou

uma colher para tomar a sopa.

��� Bom? ��� perguntou Liam casualmente.

4 2

S A R A C R A V E N

��� Maravilhoso ��� ela retrucou. ��� Os cr��ticos de

restaurante parecem absolutamente certos.

��� Vou dizer ao chef.

��� Sim, por favor. ��� Cat pegou novamente a ta��a

de vinho.

Se tomasse apenas uma ta��a n��o haveria mal al-

gum, refletiu. E ainda podia se acalmar. O vinho aju-

daria a relaxar para encarar o resto da refei����o.

Porque seria isso: um teste de resist��ncia. Ela pre-

cisava vencer.

Ent��o talvez fosse hora de recuperar o controle da

situa����o.

Ela tomou mais um gole de vinho e sorriu para ele

com um charme direto.

��� Que excelente id��ia ��� falou. ��� Obrigada.

��� Meu Deus ��� ele exclamou em deboche. ��� E

eu que pensei que voc�� fosse colocar veneno na mi-

nha salada.

��� Ao contr��rio. Sempre gosto de experimentar

novos restaurantes.

��� Sabia que gostaria ��� ele falou. ��� Apesar de

que comer em casa tamb��m pode ser interessante

tamb��m.

��� Possivelmente ��� ela concordou. ��� Com a

companhia ideal.

��� Gosta de cozinhar?

��� Outro detalhe pessoal ��� ela respondeu. ��� Por-

tanto um tabu.

��� Voc�� n��o acha um pouco desgastante manter

este escudo de prote����o?

��� N��o.

R E G R A S D A P A I X �� O

4 3

��� Ah ��� ele respondeu. ��� Ent��o posso achar isso

tedioso?

Ela tentou se recuperar olhando para o rel��gio.

��� Bem, o t��dio n��o vai durar muito mais. Tenho

que estar na estrada dentro de uma hora.

A m��o dele cruzou a mesa e tomou a dela em um

ligeiro aperto. O polegar dele acariciava os dedos ��

mostra.

Ele falou calmamente:

��� N��o v��. Fique aqui hoje �� noite.

Por um instante, toda a atmosfera mudou, se tor-

nou eletrizante. Cat sentiu a garganta apertar ao ouvir

a pulsa����o ensurdecedora do pr��prio sangue. Sentiu

o calor come��ar a crescer dentro dela.

Ela sacudiu a cabe��a, sem acreditar na pr��pria voz,

com o corpo todo despertando para seu toque sensual

e caloroso. Ela ficou chocada ao perceber o quanto

quis dizer sim, abandonar a si mesma por qualquer

surpresa que a noite pudesse trazer. Cat estava sur-

presa e quase assustada pelo estranho turbilh��o de

seus sentidos.

Ela olhou quase maravilhada para a m��o que ainda

segurava a dela, apertando firmemente, e uma leve

ruga apareceu entre seus olhos. Ela viu que os dedos

dele eram longos e magros, e muito fortes para toda a

gentileza deles.

Mas percebeu que eles tamb��m eram macios e sem

calosidades, e que suas unhas eram imaculadamente

limpas e bem cortadas.

��� Voc�� n��o �� jardineiro, ��? Nem faz nenhum ou-

tro tipo de trabalho manual...

44

S A R A C R A V E N

��� Eu nunca disse que fazia.

��� N��o, me levou a pensar que sim. ��� Cat fez uma

pausa quando os gar��ons voltaram para servir o prato

principal. Ela bebeu mais vinho e aguardou enquanto

eles serviam o peixe.

Tudo isso deu a ela tempo para pensar, para reor-

ganizar o pensamento e recobrar a compostura. Mas

tamb��m fez com que come��asse a fazer especula����es

sobre ele novamente.

J�� tinha notado, claro, que a nova roupa que usava

era cara, mas havia outros detalhes discretos. Usava

um rel��gio com a pulseira totalmente de couro e n��o

possu��a an��is, o que podia significar tudo ou nada.

Quando ficaram sozinhos novamente e ela come-

��ou a comer, Cat falou, se esfor��ando para entender:

��� Parece que realmente devo parar de tirar con-

clus��es apressadas. ��� Ela ficou em sil��ncio. ��� En-

t��o, se n��o �� jardineiro, qual sua rela����o real com este

lugar?

Liam balan��ou a cabe��a em reprova����o.

��� Voc�� est�� quebrando a pr��pria regra, querida.

O embargo nos itens pessoais vale para os dois.

Cat olhou para o prato, sem express��o. Fui pega

em minha pr��pria armadilha, ponderou. Como n��o vi

que isso ocorreria?

Porque ele deixou voc�� sem vis��o, falou uma vozi-

nha de deboche dentro da cabe��a dela. E voc�� n��o

est�� pensando adequadamente. Ele desperta todos os

seus sentidos, menos o bom senso.

��� Talvez deva reconsiderar minha posi����o.

R E G R A S D A P A I X �� O

4 5

��� Ao contr��rio. ��� O sorriso dele ao responder foi

totalmente relaxado. ��� Estou come��ando a gostar

desse anonimato for��ado. N��o h�� busca para pontos

comuns. N��o descobrimos amigos comuns ou diva-

gamos sobre gostos de m��sica e livros. N��o h�� celu-

lares ou e-mails. Sem passado e sem futuro. Simplesmente... o prazer do presente.

Passei a tarde toda tentando me convencer que era

exatamente isso que eu queria, pensou Cat. Ent��o

agora mal posso reclamar.

��� O prazer �� algo exagerado.

��� Ah ��� Liam falou calmamente. ��� Mas a noite

�� uma crian��a. ��� Os olhos dele fitaram os dela e en-

t��o se moveram lentamente para baixo, para absorver

o tremor dos l��bios entreabertos dela.

Ela bebeu mais vinho, com a mente confusa nova-

mente. O olhar dele era voraz, e tamb��m convidativo,

e seu corpo esquentava diante da sugest��o aberta.

"Oh Deus", se perguntou, "em que estou me metendo? Estou realmente considerando transar com al-

gu��m que eu sequer sabia que existia quando acordei

hoje cedo?"

Porque uma coisa era declarar sua independ��ncia

sexual, e outra bem diferente era passar da teoria ��

pr��tica mergulhando na intimidade com um estranho

nas calorosas sombras da noite.

Essa seria uma imensa etapa para ela, talvez irre-

vog��vel. E n��o tinha certeza se teria coragem de fazer

isso.

Ela levantou o queixo.

46

S A R A C R A V E N

��� Sim ��� ela respondeu levemente. ��� E ainda

podemos pedir chocolate para sobremesa.

��� Posso garantir ��� ele retrucou. E fez uma pausa.

��� E depois da sobremesa?

��� O que quer dizer? ��� Ela tentou controlar a res-

pira����o entrecortada, mas n��o sabe se foi bem-suce-

dida.

��� Pensei em... caf�� ��� ele respondeu. ��� E conha-

que, talvez? Afinal de contas, acho que voc�� j�� pas-

sou da cota para dirigir.

Ela olhou para a ta��a de vinho vazia e para a garra-

fa vazia no balde de gelo. Seria muito, admitiu, para

boas inten����es.

��� Sim ��� concordou. ��� Creio... que sim. ��� Ela

engoliu em seco. ��� Bem... parece bom.

A torta de chocolate tamb��m estava deliciosa, e

ela tentou se concentrar na comida, apesar de a mente

estar fervilhando.

Havia coisas nele que ela realmente precisava sa-

ber, estava curiosa quando o caf�� foi servido. A pri-

meir��ssima delas era o estado civil. Afinal, ele j�� sa-

bia que ela era solteira. Queria a mesma certeza.

Ele podia estar despertando o corpo dela, mas n��o

havia lugar na vida de Cat para maridos enfastiados

de suas mulheres.

N��o havia outra forma de saber, a n��o ser pergun-

tando diretamente, o que, como ela j�� tinha visto, n��o

levaria a lugar nenhum.

��� Eu daria meu sal��rio do ano todo ��� ele falou ���

para saber o que voc�� est�� pensando.

R E G R A S DA PAIX��O

47

��� Estava pensando que n��s dois j�� temos algumas

informa����es um do outro. Por exemplo, sei que voc��

gosta de comida simples ��� bem-feita ��� e que gosta

de jogar tamb��m ��� acrescentou.

��� Isso parece algo que temos em comum ��� ele

completou. E fez uma pausa. ��� E sei, claro, que voc��

n��o �� grande f�� de casamentos. Me fale... afinal de

contas, conseguiram evitar o derramamento de san-

gue hoje?

��� Felizmente sim. ��� Se descontar os derrama-

mentos internos, concluiu Cat. ��� Mas ainda assim

foi bem dif��cil.

��� Foi por isso que decidiu trocar de roupa? Tipo

um ritual de limpeza?

Ela deu de ombros evasivamente, levando uma

nervosa m��o at�� seu decote.

��� Precisava de algo mais confort��vel para viajar.

��� Mas voc�� ainda n��o ficou confort��vel realmen-

te. ��� A voz dele era suave. ��� Ainda est�� muito ten-

sa... n��o est��?

Cat mordeu o l��bio. Sabia que ele estava certo, que

ela tinha ficado irrequieta durante toda a refei����o.

Ele, por outro lado, a causa de sua agita����o, pare-

cia extremamente relaxado, tinha as pernas estiradas

para a frente, enquanto ela mantinha os p��s compor-

tados sob a cadeira, se assegurando de que n��o hou-

vesse contato.

��� Talvez ��� respondeu. ��� O dia hoje foi horr��-

vel... mas n��o tinha percebido o quanto me afetou.

��� Tome-o como um dia de aprendizado. ��� Os

longos dedos dele brincavam casualmente com a

48

S A R A C R A V E N

ta��a. Ela observava este movimento, como se o me-

morizasse, assim como analisava dissimuladamente

cada gesto dele, cada curva de seu corpo. Estava to-

talmente ciente da presen��a dele, o tempo todo. Im-

poss��vel impedir. Se prendia mais profundamente na

teia dele a cada segundo que passava. ��� Decida aqui

e agora que o dia do seu casamento ser�� totalmente

diferente, totalmente livre de ang��stias.

Cat se serviu de mais caf��.

��� Na realidade, estou bem mais decidida do que

isso. ��� Ela sorriu friamente para ele. ��� Porque n��o

planejo me casar... nunca.

Eles ficaram em sil��ncio. Liam olhou para ela,

confuso.

��� Isso n��o �� um pouco radical?

��� Eu considero "necessidade". Todo o conceito

est�� fora de moda, e totalmente acima das minhas

exig��ncias. ��� Ela fez uma pausa. ��� Voc�� discorda?

��� N��o posso dizer que tenha pensado sobre isso

profundamente. ��� Ele se recostou na cadeira nova-

mente, pensativo. ��� Certamente nunca fui tentado a

experimentar ��� acrescentou. ��� Se era o que queria

saber. ��� Ele aguardou esse coment��rio ser digerido

antes de continuar. ��� E essa conversa n��o est�� en-

trando em zona proibida?

��� Talvez. ��� Cat fez total contato visual com ele.

��� Ent��o, depois de fazer um ponto, posso saber o

que planeja tamb��m?

Eles ficaram em sil��ncio e, em seguida, ele res-

pondeu calmamente:

R E G R A S DA PAIX��O

49

��� Tem certeza de que deseja isso? Pode n��o gos-

tar da resposta.

��� Me parece justo ��� ela respondeu. ��� Ent��o as-

sumo o risco.

��� Ent��o devo dizer que estou me entregando a to-

das as fantasias masculinas b��sicas. ��� Os olhos dele

percorreram a boca de Cat e ent��o viajaram at�� a pro-

tuber��ncia de seus seios. Seu tom de voz era entrecor-

tado, sua boca n��o sorria. ��� Estou me lembrando da-

quele momento, hoje �� tarde, quando a segurei e senti

seu corpo tremer. Estou imaginando como seria t��-la

nos bra��os novamente, e beij��-la, e como voc�� ficaria

sem roupas.

Ela sentiu como se o ar tivesse acabado. Estava

tremendo novamente, n��o era susto, era medo. As ba-

tidas de seu cora����o aceleraram quase dolorosa-

mente.

��� Que estranho, pois estou imaginando o mesmo

a seu respeito.

Liam afastou a cadeira e se levantou. Ele se apro-

ximou dela e puxou-a pela m��o.

��� Ent��o por que perder mais tempo? Por que sim-

plesmente n��o subimos e satisfazemos nossa curiosi-

dade m��tua?

Ele olhou profundamente nos olhos dela.

��� E ent��o? ��� perguntou. E ela simplesmente

concordou.

Ainda segurando sua m��o, Liam caminhou r��pido

pelo restaurante.

Cat tentou se esquivar. E falou, sem ar:

5 0

S A R A C R A V E N

��� Mas n��o podemos simplesmente sair. Temos

que pagar a conta...

��� Eles saber��o como me encontrar ��� ele respon-

deu. ��� Quando precisarem.

Eles subiram juntos. Quando chegaram na porta

do quarto, Cat falou:

��� Voc�� me d�� alguns minutos?

Ele enquadrou o rosto dela com as m��os, olhando

para ela com a boca seca.

��� Est�� repensando, Cat? Planejando fugir nova-

mente, ou trancar a porta atr��s de mim?

��� Nada disso, juro... Apenas preciso... de um tem-

pinho para mim.

��� Talvez os dois precisemos. ��� Ele a soltou, re-

tirando os cabelos do rosto dela. ��� Mas n��o me dei-

xe esperando muito tempo. ��� E ele saiu.

Ela descobriu que o quarto tinha sido arrumado

para a noite: cortinas fechadas, cama arrumada, aba-

jur aceso e camisola esticada.

Os funcion��rios do hotel j�� deviam saber que ela

ficaria. Assim como ela mesma sabia, claro, apesar

das negativas.

Ela se despiu sem pressa e colocou a camisola,

ajustando as al��as nos ombros. Penteou os cabelos e

passou gotas de seu perfume favorito nos pulsos.

Ent��o, apagou o abajur e abriu as cortinas, abrindo

a janela um pouco para que a suave fragr��ncia da noi-

te entrasse no quarto, junto com o brilho da lua.

Ele bateu na porta lentamente.

��� Entre. ��� A voz dela era igualmente conquista-

dora, apesar de um pouco tr��mula.

R E G R A S D A P A I X �� O

5 1

Ele se trocou tamb��m. Estava descal��o, e ela sabia

que o robe de seda azul-escuro era sua ��nica cobertura.

Ficou olhando para ela por um momento, o apetite

declarado de seus olhos misturado com um tipo de

admira����o que fez com que ela engasgasse.

Ele falou com a voz rouca:

��� Voc�� est�� quase... t��o linda. Sabe disso? Est��

t��o ador��vel que me assusta.

Ela sacudiu a cabe��a, corando. Sentia-se repenti-

namente t��mida e incrivelmente vulner��vel diante da

paix��o dele.

��� Estou assustada tamb��m... um pouco.

Ele caminhou lentamente at�� ela, colocando as

m��os em seus ombros nus, passando os polegares

suavemente por suas clav��culas.

Ele falou:

��� Mas sou o primeiro? N��o pode ser.

��� N��o. ��� Por um momento, Cat se pegou estra-

nhamento desejando que a resposta fosse diferente.

Que pudesse dizer a ele que ainda era virgem, que

n��o havia outro homem em sua vida, e que aquela

noite com ele seria sua verdadeira inicia����o.

��� Liam...

��� Shhh ��� ele sussurrou. ��� O passado n��o im-

porta. Apenas o prazer do momento, lembra?

Ele inclinou a cabe��a e encontrou a boca de Cat

com a dele. Ela abriu os l��bios com desejo, avida-

mente diante da press��o conquistadora, correspon-

dendo �� sensual invas��o da l��ngua dele com seu ar-

dente fogo.

5 2

S A R A C R A V E N

Os dedos dele deslizaram dos bra��os para a cintura

dela e se moveram para a base de sua espinha. As

m��os dele ficaram r��gidas quando ele a puxou para

sua calorosa ere����o, Cat suspirou enfraquecida quan-

do sentiu seu corpo responder ao desejo dele produ-

zindo com urg��ncia um calor em forma l��quida.

Quando o longo beijo finalmente terminou, ela tre-

mia como uma folha solta no vento, sua respira����o

era curta e vigorosa, e ela ficou at��nita diante das

emo����es que sentiu.

Ela deu um pequeno passo para tr��s, se afastando

dele, olhando para ele com enorme olhos, enquanto

lentamente tirava com os dedos as al��as da camisola,

ficando totalmente livre.

Quando ela deslizou at�� o ch��o, seu tecido delica-

do parecia provocar calafrios no corpo ardente de

Cat, ro��ando os bicos r��gidos de seus seios, demoran-

do o tempo de uma inspira����o em seus quadris, at��

que ela olhou para ele, nua, com o corpo em um desa-

fio maravilhoso.

A voz dela era doce e rouca, meio perdida na pro-

fundidade do sil��ncio entre os dois.

��� Agora �� sua vez.

Liam fez um ligeiro ru��do com a garganta. Ele de-

samarrou o cinto do robe e o jogou longe, ent��o car-

regou-a em seus bra��os e levou-a para a cama.

Ele se deitou ao lado dela, l��bios colados em sua

boca, em sua garganta, enquanto acariciava seus

seios com dedos gentis e reverentes. Ela curvou o

corpo na dire����o dele, sinuoso e rendido, as m��os co-

me��ando uma explora����o pr��pria, tocando os m��scu-

R E G R A S DA P A I X �� O

53

los dos ombros dele, ent��o se movendo lentamente

para sua espinha, parando no r��gido bumbum mascu-

lino.

Ele tinha um corpo maravilhoso, ela pensou: es-

belto, bronzeado e com a pele macia, al��m dos vest��-

gios de pelo em seu peito. Cat enterrou o rosto nos

ombros dele, absorvendo o cheiro de sua pele, se ma-

ravilhando com a familiaridade e a preciosidade de

sua nudez.

H�� apenas algumas horas eles eram estranhos, re-

fletiu. Agora, naquela cama de casal, estavam se tor-

nando amantes, ��ntimos e atra��dos um pelo outro.

Ele murmurou com a voz rouca:

��� Me toque ���, e ela obedeceu, envolvendo com

os dedos a rigidez macia dele, prestando uma delica-

da rever��ncia �� potente extens��o masculina dele.

Suspirando de prazer, Liam baixou a boca at�� os

seios dela, sua l��ngua adorando e devorando os bicos,

at�� que ela gemesse alto com o prazer e a gl��ria, an-

siando pela possess��o dele, e sentiu ele sorrir contra

sua pele, quando sussurrou:

��� Espere, meu amor.

Ele se moveu ligeiramente, se afastando dela, e ela

murmurou seu nome em desapontamento e apelo, s��

para perceber que ele estava simplesmente cuidando

dela e pegando o preservativo.

Voltou para ela, enquadrando seu rosto com as

m��os, beijando-a de forma profunda e sensual. Ent��o

os dedos dele abriram as coxas dela, explorando o ca-

lor doce e escaldante dela. Seu toque era delicado,

5 4

S A R A C R A V E N

mas quase angustiadoramente preciso. Ora suave,

ora, fogo.

E no momento que a intensa agonia da necessida-

de dela amea��ou ser satisfeita, Liam deslizou as

m��os pelos quadris dela, levantando-a ligeiramente

para que o recebesse em uma aberta atra����o.

Ela respondeu instantaneamente, diretamente,

agarrando os ombros dele e levantando as pernas

para abra����-lo e se aproximar ainda mais.

Ele se movimentou ritmadamente e sem pressa,

enterrando o corpo profundamente no dela. Toman-

do-a bastante inexoravelmente, viajavam para um lo-

cal distante. Para algum lugar que ela vislumbrou v��-

rias vezes, mas no qual raramente chegava.

Dessa vez, ela dizia a si mesma. Dessa vez...

Ela ouviu a respira����o dele mudar, o ritmo do mo-

vimento aumentar e soube que para ele o momento

era aquele. Mas novamente passou para ela, deixan-

do-a para tr��s. Ent��o, quando o corpo dele estreme-

ceu para a ruptura de prazer e ele afastou a cabe��a,

chamando seu nome, ela gemeu tamb��m, com a voz

palpitante em ��xtase.

Ela o puxou, prendendo-o enquanto ele gemia seu

gozo, e Cat procurava a boca dele com uma insaci��-

vel voracidade. Quando acabou para ele, ele se deitou

quieto, de olhos fechados, o corpo molhado de suor.

Inicialmente, ela pensou que ele fosse dormir, algo

com o que j�� estava acostumada. Mas para sua sur-

presa, ele se mexeu, se levantou. Ele claramente n��o

pretendia dormir em seus bra��os, e essa percep����o

causou uma forte agonia em Cat.

R E G R A S DA PAIX��O

55

Por alguns longos momentos, eles ficaram apenas

em sil��ncio, e Cat permaneceu im��vel, sem querer in-

comod��-lo.

Ent��o ela sentiu ele se esticar e no momento se-

guinte ele estendeu a m��o, tomando seu queixo de

forma gentil, mas firme, e virando o rosto dela para

ele. Estava deitado, apoiado no cotovelo, aparente-

mente satisfeito e relaxado. Sorria discretamente,

mas apertava ligeiramente os olhos ao olhar para ela.

��� Ent��o ��� ele falou. ��� Foi bom para voc��?

��� Maravilhoso ��� ela respondeu, e sorrindo de

volta, olhou dentro dos olhos dele. ��� Certamente

n��o precisava perguntar.

Ele respondeu suavemente:

��� Se foi t��o maravilhoso, por que n��o gozou?

Ela engoliu em seco.

��� Mas eu gozei...

��� N��o ��� ele respondeu. ��� N��o sou tolo, Cat, sei

que estava fingindo. Voc�� estava comigo quase at�� o

��ltimo momento, eu pude sentir isso. Ent��o eu a perdi

de alguma forma. Voc�� parece ter se... esquivado.

Eles ficaram em sil��ncio. Ent��o, Cat se afastou

dele e falou:

��� Desculpe...

��� N��o tem por que pedir desculpas. ��� O tom dele

era seco. Obviamente eu devia ter demorado mais,

devia ter sido mais atencioso.

��� N��o sei se isso faria muita diferen��a. Isso sim-

plesmente... n��o acontece comigo com muita fre-

q����ncia.

5 6

S A R A C R A V E N

��� Mas voc�� estava me desejando ��� ele retrucou

gentilmente. ��� N��o estava fingindo isso.

��� N��o sei explicar ��� ela respondeu disfar��ando a

voz. ��� �� como se eu tentasse... tentasse... mas n��o

houvesse nada.

��� �� sempre assim?

A resposta seria "Quase sempre", pensou Cat. Mas ela n��o tinha a menor inten����o de responder isso.

��� N��o creio que isso seja t��pico de discuss��o ���

ela afirmou. ��� Afinal de contas, concordamos: sem

passado, sem futuro, apenas o prazer do presente. ���

Ela fez uma pausa. ��� Ou voc�� �� algum tipo de psica-

nalista que quer investigar meu subconsciente? Por-

que eu estou fora.

��� N��o ��� falou Liam com repentina aspereza na

voz. ��� Sou o homem que acabou de falhar em dar

prazer a voc��. Mas pelo menos posso fazer algo a res-

peito.

Ele a puxou para perto, sufocando com a pr��pria

boca qualquer protesto da parte dela. Mas com o pri-

meiro toque do l��bio dele, Cat estava al��m da resis-

t��ncia, totalmente entregue.

As m��os dele passeavam pelo corpo esbelto dela.

demorando, excitando. Fazendo cada sensa����o, cada

termina����o nervosa estremecer nesse novo despertar.

E onde as m��os tocavam, a boca acompanhava despe-

jando beijos nos pontos mais vulner��veis.

A l��ngua dele brincava com os seios dela, transfor-

mando os bicos rosados em picos que formigavam, e

ela fechou os olhos, suspirando, esquecendo tudo,

exceto as deliciosas sensa����es que ele provocava.

R E G R A S D A PAIX��O

5 7

Quando ele levantou a cabe��a, ela se ouviu falar

decididamente:

��� N��o pare... n��o pode parar...

��� Estou apenas come��ando. ��� Seu sussurro en-

cerrava uma sombra de risada.

Os l��bios dele percorreram a barriga magra de Cat,

acariciando os ralos p��los de seu umbigo, as cavida-

des dos ossos de sua bacia. As m��os dele apertavam

as coxas dela e Cat afrouxava o corpo na antecipa����o

do contato pelo qual ansiava, mas, para seu tormento,

ele n��o parecia oferecer.

��� Por favor. ��� Nem parecia a voz dela. ��� Oh,

por favor.

Ent��o ela gemeu quando a boca dele tocou a jun-

����o de suas coxas e encontrou a do��ura e o calor in-

terno de Cat. Por um momento chocante e desnor-

teante, ela tentou afast��-lo, assustada com a profun-

didade de intimidade, mas ele pegou seu pulso com

uma das m��os e ela ficou indefesa.

A l��ngua dele era uma chama, gentil, mas intensa,

quando come��ou a explorar sua parte mais secreta,

procurando seu bot��o escondido e trazendo-o a uma

maravilhosa vida. Ele tremeu a l��ngua contra ela e

apertou com delicada ast��cia, antes de circul��-la com

controle voluptuoso. E sem miseric��rdia.

Cat estava sem ar, pequenos sons vinham de sua

garganta enquanto sua cabe��a virava no travesseiro.

Havia pequenas estrelas douradas dan��ando atr��s de

suas p��lpebras e ela podia ouvir o sangue correndo

em suas veias como eco de uma onda batendo na

praia.

58

S A R A C R A V E N

Tudo mais ��� cada sentido, cada nervo, cada ��to-

mo de emo����o ��� estava concentrado naquela apai-

xonada agonia de sensa����es que ele estava criando

para ela. Nada mais existia, apenas aquela li����o sobre

a sensualidade dela, que estava sendo ensinada por

um mestre. Ela nem percebeu quando ele soltou seus

pulsos.

Seu calor interno se enfurecia como uma fornalha.

Ela percebeu, em algum local de sua mente, que tinha

chegado quase l�� e foi mantida l�� interminavelmente,

com o corpo silencioso de prazer.

Quando ela gozou, foi como uma silenciosa pul-

sa����o que agia profundamente e intensamente em seu

corpo, unindo poder e for��a, levando-a uma altura

inimagin��vel. At�� ele lev��-la �� beira do abismo e seu

corpo implodir em ruptura, estremecendo violenta-

mente.

E o nome dele em sua boca foi uma a����o de gra��as.

CAP��TULO 4

No fim, Cat se deitou, abra��ada a ele, absorvendo as

pequenas ondas de prazer que ainda a atingiam, com

l��grimas escorrendo pelo rosto.

��� Minha querida ��� falou Liam suavemente, bei-

jando seus olhos molhados. ��� Meu doce anjo. N��o

chore.

��� Nunca soube que podia ser assim... nunca ima-

ginei...

��� Eu sabia ��� ele respondeu gentilmente. ��� Des-

de o primeiro momento que nos vimos, eu sabia.

��� Talvez eu n��o seja t��o sofisticada quanto penso.

��� Ent��o eu descobri. ��� Quando ele encostou na

bochecha dela, sua boca se contorcia ligeiramente. ���

Assim como o fato de Cat, a tigresa, n��o levar as gar-

ras dela para a cama. Voc�� �� um enigma, meu amor.

��� Isso �� melhor do que ser uma fantasia masculi-

na? ��� ela perguntou, sonolenta, com a cabe��a deita-

da na curva dos ombros dele.

��� Simplesmente diferente. ��� Ele acrescentou

suavemente: ��� Mas acho que voc�� preencher�� mi-

nhas fantasias por muito tempo depois que eu desco-

brir o mist��rio.

Ela mal ouvia o que ele dizia. J�� estava entregue ao

sono pesado.

Quando acordou j�� era dia, e um intermitente raio

de sol entrava no quarto pelas cortinas abertas. E ela

60

S A R A C R A V E N

estava sozinha na grande cama, com as cobertas arru-

madas.

E mais, percebeu que novamente estava usando a

camisola que retirou h�� algumas horas, sem acreditar

quando tocou no tecido suave.

Quando se sentou e olhou o quarto, Cat experi-

mentou uma curiosa cena de desorienta����o. Porque

n��o havia sinal de que outra pessoa estivera ali, ape-

nas ela. At�� mesmo o travesseiro ao seu lado estava

fofo e liso.

Ser�� que a noite anterior fora apenas fruto de sua

imagina����o? Um tipo de satisfa����o de desejo? Ser��

que simplesmente sonhou com Liam e com o que

conseguiu junto a ele?

N��o, pensou, com o corpo excitando rapidamente.

Isso n��o seria poss��vel. Seus sentidos ainda estavam

aquecidos pela intensidade do sexo.

E sua ��ltima lembran��a foi sentir o cheiro da pele

dele quando deitou a cabe��a em seus ombros e o rosto

se virou para a curva do pesco��o dele.

Dormir nos bra��os dele n��o era parte do plano ���

se, �� claro, ela tivesse tido um plano. Em algum lugar

ao longo do caminho foi seq��estrada, e todas as suas

boas inten����es foram por ��gua abaixo.

Mas dormir junto uma noite inteira sempre pare-

ceu a ela um passo perigoso na dire����o de comparti-

lhar sua vida. Havia um oceano de confian��a implica-

do em abandonar a consci��ncia da presen��a do outro,

e isso era algo que j�� evitara no passado, oferecendo

alguma desculpa, como ter que acordar cedo ou que

R E G R A S D A P A I X �� O

61

tinha ins��nia. Qualquer coisa que lhe restaurasse a

privacidade.

Por outro lado, como sabia que ele passara a noite

com ela? Afinal de contas, ela n��o tinha id��ia de

quando ele decidira ir embora, n��o quando estava t��o

morta para o mundo que ele foi capaz de vesti-la sem

acord��-la.

Parecia rid��culo ter vergonha disso quando n��o ha-

via parte alguma de seu corpo que ele n��o tivesse aca-

riciado e beijado com tamanha maestria e habilidade.

E ela n��o apenas aceitou todas as intimidades do sexo

deles, mas se glorificou com elas. Mas de alguma for-

ma, ter sido vestida quando estava dormindo e inde-

fesa n��o parecia muito familiar.

Entretanto, parecia improv��vel que ela fosse capaz

de envolv��-lo nessa tarefa novamente. Porque prova-

velmente ele estava mais alheio com a id��ia de um re-

lacionamento do que ela. E talvez a forma que ele

limpou todos os sinais de sua presen��a fosse sua ver-

s��o de adeus, evitando todas as desculpas e explica-

����es.

Ela se recomporia, pensou, foi apenas uma noite.

Ent��o mal podia reclamar que Liam tivesse tirado

vantagem disso. Ou que tenha partido.

Cat se inclinou para frente, encostou a testa nos

joelhos e fechou os olhos. Ao mesmo tempo, tinha

ci��ncia de que nenhuma dor f��sica podia competir

com a pequena e insistente dor que havia dentro dela.

Ou a inexplic��vel sensa����o de perda.

62

S A R A C R A V E N

Uma pancada repentina na porta fez com ela se

ajeitasse, o corpo ficasse tenso e a boca, seca.

��� Quem ��? ��� perguntou.

��� Servi��o de quarto. ��� A voz de uma mulher. ���

Seu caf�� da manh��.

Uma chave virou na fechadura e ela entrou, carre-

gando uma bandeja.

Desnorteada, Cat se viu diante de suco de laranja,

croissants quentes, potes de mel e gel��ia de cereja e uma garrafa de caf��. E uma rosa vermelha em um

vaso de cristal.

N��o pediu nenhuma comida, mas talvez o caf�� da

manh�� estivesse inclu��do ��� e n��o podia negar que

estava com fome. Al��m disso, teria que viajar para

Londres, e n��o queria dirigir de est��mago vazio.

Apesar de n��o poder fazer nada contra o estranho

vazio que parecia ter sido aberto dentro dela, no lugar

do cora����o.

"Nunca pense assim", ela concluiu." �� irrelevante.

Voc�� n��o est�� em busca de sua alma g��mea, mas de

um amante para uma noite ocasional de paix��o m��tua

e preenchimento", e nesse ponto Liam pode ter sido a

resposta para suas ora����es.

Mas ele se foi, ent��o ter�� que esquecer o que podia

ter sido e continuar a procurar em outro lugar, um dia

desses.

E com uma determinada nega����o, Cat se dedicou

ao caf�� da manh��.

Quando terminou, ela refez a mala e foi tomar ba-

nho.

R E G R A S D A P A I X �� O

6 3

Ela ficou sob o chuveiro por um tempo, de olhos

fechados na poderosa cascata, massageando um pou-

co o corpo, antes de pegar o sabonete.

Mas algu��m chegou primeiro.

��� Me permite? ��� murmurou Liam, deslizando os

bra��os ao redor dela e puxando-a de costas na dire����o

dele.

Cat se assustou, com o cora����o batendo contra o

peito em choque.

��� O que est�� fazendo aqui?

��� Vim desejar bom dia ��� ele respondeu, toman-

do habilmente o sabonete da m��o dela. Ele come��ou

a passar o sabonete suavemente na pele molhada de

Cat, fazendo pequenos movimentos circulares, co-

brindo seus seios, sua barriga e coxas com a espuma

cremosa.

Cat sentiu uma fraqueza quase entorpecente come-

��ar a invadir seus sentidos diante dos movimentos

dele, e notou que se ele n��o a tivesse segurando, pro-

vavelmente teria escorregado no ch��o do box.

��� N��o vou perguntar se dormiu bem, porque sei

que dormiu ��� ele acrescentou suavemente no ouvido

dela.

��� Sim. ��� Ela mal falou. A cabe��a dela caiu para

tr��s sobre o ombro dele, conforme os delicados movi-

mentos das m��os dele tomavam uma dimens��o mais

��ntima.

��� Mas agora... ��� os l��bios dele encontraram o

ponto sens��vel abaixo das orelhas dela ��� agora voc��

acordou novamente.

64

S A R A C R A V E N

Sua ��nica resposta foi um suspiro, quando Liam

soltou o sabonete e come��ou a acariciar seus seios,

brincando com os bicos excitados com os dedos. Ela

podia sentir a press��o da excita����o dele e se moveu

contra ele com deliberada provoca����o.

A rea����o dele foi imediata. Ele virou o rosto dela

para ele, procurando sua boca ardentemente e sem re-

servas, ent��o tomou-a nos bra��os e a deitou com ele,

com seu corpo molhado e escorregadio se unindo

sem esfor��o ao dela em um ato de possess��o.

Cat uniu-se a ele com a boca grudada na dele, seus

bra��os ao redor do pesco��o dele e suas pernas envol-

vendo a cintura de Liam, todo seu corpo ligado no rit-

mo quente dos movimentos dele. Sua resposta era ar-

dente e completa.

Quando as primeiras ondas de prazer come��aram a

surgir dentro dela, ela arfou contra os l��bios dele,

mas conforme as sensa����es se intensificavam, ela

sentiu o controle escapar e liberou um pequeno e as-

sustado gemido.

��� N��o resista, querida. ��� Ele murmurou as pala-

vras suavemente na boca de Cat. ��� Apenas... deixe

rolar.

O ar solu��ou na garganta quando ela obedeceu e

sentiu a primeira flecha de desejo a atingindo na

alma. Ela podia se ouvir gemendo em um tipo de de-

l��rio quando seu corpo parecia ciente dele se movi-

mentando contra ela, quando chegou �� sua poderosa

libera����o.

Ela ainda estava unida a ele, saciada, exausta,

quando ele desligou a torneira e a levantou. Ele pe-

R E G R A S D A P A I X �� O

6 5

gou uma toalha de banho e enrolou os dois, para de-

pois carreg��-la para o quarto.

Quando ela conseguiu falar, perguntou, meio ma-

ravilhada:

��� ��... assim que voc�� deseja bom dia?

Eles estavam deitados na cama juntos, ainda en-

volvidos na toalha e nos bra��os um do outro.

Liam beijou-a lentamente na boca.

��� Na realidade, sim ��� ele murmurou. ��� E tam-

b��m boa noite, e em dias de muita sorte, boa tarde

tamb��m.

��� Meu Deus ��� ela respondeu, com a voz fraca.

Ela se movimentou um pouco, analisando-o. ���

Como entrou aqui?

��� A camareira deixou a porta entreaberta quando

trouxe sua bandeja.

��� Que... sorte!

��� Com certeza ��� ele respondeu. ��� Devo lem-

brar de deixar uma gorjeta generosa para ela.

��� Pensei que tivesse... partido. ��� "Por que falou

isso?" pensou Cat envergonhada. Pareceu realmente

carente. E era a ��ltima impress��o que queria passar.

��� N��o ��� ele respondeu. ��� Isso nunca foi parte

do plano. Como deve saber agora. S�� pensei que po-

deria ser mais discreto se tomasse caf�� no restau-

rante.

��� Sim ��� concordou Cat. ��� Claro. ��� Ela come-

��ou a retirar a toalha de banho e a m��o dele segurou

seu pulso.

��� Ei, onde voc�� vai?

66

S A R A C R A V E N

��� Tenho que me vestir ��� ela respondeu. Porque

ficar deitada nos seus bra��os dessa forma j�� est�� pas-

sando dos limites da divers��o. Posso vir a gostar mui-

to disso e n��o posso arcar com as conseq����ncias. ���

Al��m disso ��� acrescentou ��� essa toalha est�� fican-

do muito ��mida, e a camareira pode voltar.

��� A porta agora est�� trancada ��� ele retrucou. ���

E coloquei a placa "N��o perturbe" do lado de fora.

��� Voc�� tinha muita certeza de que seria bem-vin-

do.

Ele sorriu para ela.

��� Na verdade, apenas esperan��a.

��� Mas n��o podemos ficar aqui ��� ela concluiu. ���

Tem o hor��rio do check-out.

��� E voc�� tem que voltar para Londres. ��� Ele sus-

pirou. ��� Se voc�� insiste em se vestir logo, pode ca-

minhar pelo quarto sem roupa um pouco? Quero ve-

rificar se minha mem��ria fotogr��fica ainda funciona.

Era rid��culo, depois do que aconteceu entre eles,

mas Cat sentiu-se corar.

��� Acho que j�� temos lembran��as suficientes.

��� Desmancha prazeres ��� Liam se deitou, obser-

vando-a. ��� Vou voltar para Londres tamb��m ��� ele

falou depois de uma pausa. ��� O que �� conveniente.

��� Por qu��?

��� Porque n��o terei que atravessar a Inglaterra

para peg��-la para jantar hoje �� noite ��� ele respon-

deu.

Eles fizeram um longo sil��ncio.

Liam a analisou, um pouco preocupado.

��� N��o vai se opor, espero.

R E G R A S D A P A I X �� O

67

��� Voc�� n��o sabe onde moro.

��� Mas confio que voc�� me contar�� ��� ele falou.

��� Endere��o, telefone, n��mero de fax, e-mail, data de nascimento, flor favorita... todos os detalhes que n��o

p��de me contar ontem �� noite.

Ela tocou os secos l��bios com a ponta da l��ngua.

��� Eu... n��o sei se quero fazer isso.

Liam se livrou da toalha e se esticou de forma in-

dolente, para que ela ficasse completamente ciente de

cada cent��metro de seu corpo.

��� Ent��o terei que confiar em meu poder de sedu-

����o. ��� Ele estendeu a m��o sorrindo em deboche, fa-

zendo com que ela segurasse o ar na garganta. ���

Vem aqui, querida, por favor.

Ela sentiu a pulsa����o come��ar a acelerar. Sentiu as

primeiras ondas daquela deliciosa sensa����o de aban-

dono novamente.

Cat percebeu o quanto queria fazer o que ele pedia,

o qu��o desesperadamente ansiava por ir at�� ele e se

atirar em seus bra��os.

Em seus bra��os e na armadilha, lembrou-se com

repentina for��a. Fascinada pela possibilidade... pelo

sonho de um futuro compartilhado.

Esquecendo o quanto os ��ltimos 24 anos foram du-

ros, mostrando que os sonhos podem virar pesadelos.

Come��am como estranhos, ela refletiu, ent��o voc��

�� seduzida, fica confusa pela paix��o e acredita que

dessa vez vai ser diferente. Mas quando a paix��o

morre, voc��s s��o estranhos novamente, com toda a

dor e a amargura resultante. E a solid��o.

68

S A R A C R A V E N

A lembran��a de tia Susan sentada sozinha no dia

do casamento veio �� sua cabe��a. E por alguma raz��o,

a express��o de espanto de seu pai quando viu sua m��e

pegar o buqu�� de Belinda. At�� mesmo de Belinda,

com seu rosto desafiador pela humilha����o que sofreu

no que supostamente seria um grande dia.

��� Cat? Cat, o que foi? Parece que viu um fantas-

ma.

��� Parece? ��� Ela umedeceu os l��bios com a ponta

da l��ngua. ��� Liam... preciso falar algo.

��� Querida, se for me contar que �� casada, esco-

lheu um p��ssimo momento.

��� N��o ��� ela respondeu. ��� Claro que n��o sou ca-

sada. Falei ontem que isso n��o est�� nos planos... nem

agora, nem nunca.

��� Sim ��� ele falou. ��� N��s dois falamos muita

coisa doida ontem. Mas foi ontem. A ��ltima noite

mudou tudo. Tinha que mudar.

��� Talvez ��� ela respondeu. ��� Mas n��o na forma

que pensa. ��� Ela fez uma pausa. ��� Quais s��o seus

planos para o resto do dia?

��� Nada muito extraordin��rio. ��� De repente, os

olhos verdes estavam procurando algo. ��� Pensei que

no caminho de volta para Londres pud��ssemos parar

em Richmond, almo��ar, comer perto do rio.

��� E depois?

��� Pod��amos caminhar no parque. Conversar. Co-

me��ar a nos conhecer. A menos, claro, que voc�� te-

nha uma sugest��o melhor.

��� Talvez n��o seja melhor. ��� Cat deu de ombros.

��� Apenas... diferente.

R E G R A S DA PAIX��O

69

Eles ficaram em sil��ncio e Liam saiu da cama.

Ele foi at�� a cadeira onde as roupas estavam e co-

me��ou a se vestir. N��o demorou muito.

Sem sorrir, perguntou:

��� Ent��o... quais s��o seus planos?

Todo o corpo dela se retesou de ansiedade quando

olhou para ele. Ela engoliu em seco.

��� Quero que saiba que tudo o que aconteceu entre

n��s foi... maravilhoso ��� come��ou. ��� A ��ltima noite

foi inacredit��vel, a mais excitante de toda minha

vida.

��� Obrigado ��� ele falou. Seus olhos estavam na

defensiva. ��� Eu achei totalmente incr��vel tamb��m. E

inesquec��vel. ��� Ele fez uma pausa. ��� Mas se voc��

estiver prestes a me dizer que esse nosso... breve en-

contro terminou ��� ele prosseguiu, sorridente ���, que

por alguma raz��o decidiu me jogar para fora do para��-

so, ent��o devo avis��-la, mo��a, que est�� comprando

uma briga.

��� N��o ��� ela falou. ��� N��o �� isso que quero dizer.

Mais do que tudo, quero continuar vendo voc��.

��� Gostaria de me sentir incentivado a fazer isso

��� ele respondeu. ��� Mas de alguma forma n��o con-

sigo. Por que ser��?

��� Quer saber por que achei o tempo que passamos

juntos t��o excitante?

��� Pensei que pudesse ser porque n��s claramente

desej��vamos um ao outro ��� Liam respondeu.

��� E porque foi t��o inesperado ��� ela acrescentou.

��� T��o... surpreendente. Nos conhecemos... transa-

mos.

7 0

S A R A C R A V E N

��� N��o me lembro de ter sido t��o simples ��� retru-

cou Liam. ��� Mas continue.

��� Uma das coisas que tornou tudo especial foi o

fato de sabermos muito pouco a respeito um do outro.

N��o nos afundamos em uma s��rie de detalhes irrele-

vantes. N��s dois sab��amos o que quer��amos, e agi-

mos. Isso acrescentou uma nova dimens��o, um tipo

de perigo. Porque est��vamos livres. ��� Ela fez uma

pausa, olhando ansiosamente para o rosto inexpressi-

vo dele. ��� Voc�� deve ter sentido isso tamb��m.

��� Acho que estava muito envolvido sexualmente

para me apegar a explica����es filos��ficas ��� falou

Liam. ��� �� coisa de homem.

De repente, Cat tremia por dentro, mas virou a ca-

be��a confiante.

��� N��o quero perder essa excita����o... esse perigo.

��� Voc�� acha que isso pode acontecer? Est�� se

sentindo amea��ada pela possibilidade de almo��ar-

mos em Richmond?

��� Sim ��� ela respondeu. ��� Acho arriscado nos

envolvermos em coisas assim. Em caminhadas, pas-

seios e viagens. Em conhecer os amigos um do outro

e toda essa banalidade.

��� N��o considero meus amigos banais ��� ele fa-

lou.

Cat gesticulou, impaciente.

��� Isso foi apenas um exemplo. ��� Ela fez uma

pausa. ��� Mas consegue ver o que falo?

��� N��o sei ��� Liam respondeu lentamente. ��� Tal-

vez deva ser mais espec��fica.

R E G R A S D A P A I X �� O

71

��� Quero continuar vendo voc��. Quero que seja-

mos amantes, como fomos aqui. Nos encontraremos

em territ��rio totalmente neutro. Sem fazer perguntas

ou impor nenhuma obriga����o. Simplesmente... apro-

veitando a nossa companhia.

Ele virou e olhou pela janela. Estava im��vel, mas

Cat podia sentir a tens��o de seu corpo.

��� E ent��o partir?

��� Ah, sim ��� ela admitiu. ��� At�� a pr��xima vez.

��� Ent��o ��� ele falou. ��� �� tudo o que quer de

mim? Sexo em v��rios quartos de hotel como este?

Pagos por hora?

��� N��o ��� Cat respondeu. ��� Muito mais do que

isso. Algo totalmente separado de nossas rotinas e in-

finitamente especial. Um caso particular com um

amante secreto. Sabendo os nossos nomes, mas nada

mais. Paix��o sem compromisso. ��� Ela fez uma pau-

sa, desejando n��o ter que falar com as costas dele. ���

Isso n��o o excita nem um pouco?

Liam virou, e Cat se afastou, sobressaltada, con-

frontada pela irrita����o dos olhos dele.

��� Francamente, n��o. Acho que deve estar fora de

si para sugerir algo assim.

��� Por qu��? ��� Ela se irritou tamb��m. ��� Porque a

id��ia vem de mim, de uma mulher, e estabelecer uma

liga����o discreta �� prerrogativa masculina? Isso n��o ��

hip��crita?

Duas passadas longas o aproximaram dela. As

m��os dele agarraram seus bra��os, os dedos se enter-

raram em sua carne. O rosto dele parecia violento.

7 2

S A R A C R A V E N

��� Voc�� tenta me transformar em seu macho do-

mesticado e quer que eu fique contente? Que diabos

pensa que sou?

��� Liam... est�� me machucando...

��� Machucando voc��? ��� ele falou, com a voz tr��-

mula. ��� Meu Deus, eu gostaria de...

Ele parou, mordendo o l��bio com for��a, e a soltou

com um gesto desdenhoso, virando de costas nova-

mente.

Quando falou, sua voz era fria e direta.

��� E quando a paix��o acabar, o que acontece?

��� Ent��o terminamos, calmamente e sensivelmen-

te, como pessoas adultas.

��� Ah, sim ��� ele falou. ��� Como sacrificar um

animal ferido. ��� Ele fez uma pausa, olhando de volta

para ela. ��� Me diga uma coisa: s�� por uma quest��o

de curiosidade, para quantos homens voc�� j�� fez essa

proposta tentadora?

��� Para nenhum. Achei... que tivesse encontrado o

amante perfeito... e queria continuar vendo voc��.

��� Mas apenas em segredo ��� falou Liam, com fria

ironia. ��� E segundo os seus termos, em locais desig-

nados e horas espec��ficas. Dois corpos an��nimos se

encontrando e depois se separando. Incrivelmente ro-

m��ntico.

��� Voc�� n��o suporta isso porque fui sincera com

voc�� ��� acusou Cat. ��� Porque deixei claro que n��o

quero me envolver. Se a situa����o fosse oposta, sem

d��vida seria totalmente aceit��vel. Mas como eu me

recuso a ser apresentada como namorada oficial

quando voc�� precisar de algu��m para levar a uma fes-

R E G R A S DA P A I X �� O

7 3

ta ��� ela continuou ���, ou a cozinhar para voc�� nos

fins de semana e levar sua roupa para a lavanderia, de

repente me torno uma prostituta de primeira linha.

��� Eu levei voc�� para cama, querida ��� ele falou

diretamente. ��� Isso n��o a torna uma autoridade em

minha vida dom��stica ou necessariamente uma can-

didata a qualquer tipo de compromisso de minha par-

te. Voc�� est�� muito �� frente.

��� Foi voc�� que mencionou almo��o e passeio no

parque de Richmond.

��� Erro meu. ��� O tom dele era grosseiro. ��� Isso

n��o se repetir��. ��� Ele caminhou at�� a porta e virou

para ela.

��� A gata solit��ria ��� ele lembrou, em deboche. ���

Eu devia ter prestado aten����o a este detalhe.

��� Liam ��� a voz dela era tr��mula, e ela podia sen-

tir o gosto salgado das l��grimas na garganta. ��� N��o

saia assim, por favor. Vamos conversar. Deixe eu ex-

plicar melhor. Voc�� ver�� que eu... quero voc��.

��� �� uma pena ��� ele falou. ��� Porque n��o pode

me ter. ��� Ele sacudiu a cabe��a. ��� S�� espero que

voc�� n��o ache isso muito solit��rio, querida... quando

estiver em busca do meu substituto.

A porta foi fechada atr��s dele.

CAP��TULO 5

��� N��o posso deix��-lo partir assim... n��o posso ���

sussurrou Cat, quando finalmente se libertou do esta-

do catat��nico. Ela correu at�� a porta e abriu-a com

for��a, mas o corredor estava vazio.

Lentamente, voltou para o quarto e se sentou na

beira da cama, envolvendo o corpo com os bra��os em

um gesto de autoprote����o.

Mal p��de crer na rea����o intransigente dele ao seu

plano. Esperava uma incredulidade inicial, at�� que

ele risse dela, e provavelmente uma argumenta����o.

Mas n��o o tipo de raiva que o pegou da cabe��a aos

p��s.

E se eu tentasse alcan����-lo?, ela pensou. O que di-

ria? Que sinto muito? Que tudo era uma piada e que

n��o era exatamente o que queria dizer? Porque isso

n��o era verdade.

Ela quis ser honesta com ele. Precisou faz��-lo

compreender as limita����es de qualquer rela����o entre

eles.

Mas Liam n��o quis o caso passional e secreto que

ela ofereceu. Na realidade, n��o era certo que ele esti-

vesse dispon��vel sequer para um caso, ela pensou,

sentindo o rosto esquentar quando lembrou o comen-

t��rio desdenhoso dele. Talvez, como ele falou, ela foi

longe demais e a ��nica inten����o dele era um breve in-

R E G R A S DA PAIX��O

7 5

terl��dio sexual para dar gra��a a um mon��tono fim de

semana no campo.

Depois disso, seria obrigado e tchau.

N��o justificava ele se agarrar �� quest��o moral, mas

alguns homens pareciam adeptos a usar dois pesos e

duas medidas, talvez ele fosse um deles.

S�� que n��o acreditava nisso completamente. Inde-

pendentemente do que ele tenha dito ou feito.

Ele me queria, raciocinou. Mas n��o o suficiente para

aceitar meus termos. Por��m n��o posso oferecer mais.

Deus, eu o conhe��o h�� apenas algumas horas e j��

sinto como se meu cora����o tivesse sido arrancado de

meu corpo. Como posso permitir que se aproxime

mais, se torne parte real da minha vida, se j�� estou a

meio caminho de me apaixonar?

De uma certa forma, o casamento de Belinda foi

um catalisador, mostrou a ela claramente a desilus��o

e a tristeza que podia esperar os que amavam e con-

fiavam, cristalizou a determina����o dela de seguir seu

pr��prio caminho.

Uma nuvem de tristeza e insatisfa����o pairou por

todo o evento e agora ela foi pega.

Ela inclinou a cabe��a, se abra��ando enquanto re-

conhecia essa dor e tentava suport��-la. Podia sentir o

cheiro do sabonete que usaram ainda na pele. Perce-

bia a suave marca entre suas coxas, do ��xtase arreba-

tador que compartilharam. Sentiu a garganta apertar

e l��grimas ardendo nos fundo dos seus olhos.

"Como as coisas podiam mudar t��o repentinamen-

te?", pensou. H�� quinze minutos apenas ela estava fe-

liz nos bra��os dele, seu corpo estava quente depois de

76

S A R A C R A V E N

terem transado. Tudo a favor. Agora ele estava fora

de sua vida e ela ficou at��nita e surpresa em sua deso-

la����o.

Demoraria muito para que ela esquecesse o des-

prezo dos olhos dele ou suas palavras de esc��rnio.

Mas demoraria ainda mais para conseguir apagar

tudo referente a Liam de sua mente, ela percebeu, in-

feliz. Quando fechou os olhos, ele estava ali.

Uma coisa era certa. Ela n��o procuraria ningu��m

para o lugar dele, como ele sugeriu t��o duramente.

Ela aprendeu uma severa li����o e precisava unir for-

��as. Repensar sua estrat��gia.

Um dia, futuramente, algu��m que n��o quisesse um

compromisso poderia cruzar seu caminho.

Mas n��o seria Liam, concluiu, e uma l��grima per-

correu a curva de sua bochecha.

Ela respirou fundo e se levantou determinada.

Esse tipo de turbilh��o emocional era exatamente o

que queria evitar, e aquele quarto n��o ajudava a me-

lhorar seu astral.

Em vez de ficar sentada ali, desanimada, devia

agir positivamente.

"Era hora de mudar", resolveu.

Sua ��ltima a����o foi dar uma olhada no espelho, ve-

rificando se aparentava estar t��o fragilizada quanto

se sentia. Sua boca ainda estava ligeiramente inchada

dos beijos de Liam e havia olheiras em seu rosto, mas

passaria, tinha certeza.

Hoje a recepcionista era diferente. Cat colocou a

chave sobre o balc��o.

R E G R A S D A PAIX��O

7 7

��� Espero que o computador tenha sido consertado

��� ela falou. ��� Porque gostaria de pagar, por favor.

��� O computador? ��� A menina olhou para ela in-

trigada. ��� Alguma coisa errada aconteceu? Nin-

gu��m falou nada comigo.

��� Ent��o ele deve estar funcionando novamente.

��� Cat entregou o cart��o e ficou esperando.

Ela podia perguntar sobre Liam, pensou. Esquecer

as pr��prias regras e descobrir quem ele era.

Mas que bem isso faria?, ela se questionou ironica-

mente. Era melhor parar de insistir na mesma tecla.

A recepcionista voltou-se para ela, aparentando

estar ainda mais surpresa.

��� Lamento, srta. Adamson, sua conta j�� foi paga.

��� N��o ��� respondeu Cat firmemente. ��� N��o

pode ser. Tentei pagar ontem �� noite, mas o sistema

tinha ca��do.

��� Mas eu garanto que foi tudo pago. ��� A mo��a

imprimiu uma c��pia da nota e entregou a ela. ��� Viu?

N��o nos deve nada.

��� E voc�� n��o est�� entendendo ��� retrucou Cat. ���

N��o paguei nada.

��� Bem. ��� O sorriso se apagou por um instante,

ent��o voltou ao rosto da mo��a. ��� Talvez algu��m te-

nha pago para voc��. Afinal, esteve aqui na festa de

casamento de ontem.

��� Sim ��� concordou Cat lentamente. ��� Deve ser

isso.

Ela estava perto da porta quando a mo��a a chamou.

78

S A R A C R A V E N

��� Srta. Adamson, acabei de achar este recado em

seu escaninho. Deve ter sido deixado quando eu esta-

va no meu intervalo.

Papel de carta do hotel, Cat reconheceu ao pegar.

E seu nome escrito em um garrancho raivoso no en-

velope.

Inexpressivamente, ela abriu o envelope e tirou a

��nica folha.

A mensagem era breve: "Normalmente n��o pago

por sexo. Mas a noite passada foi excepcional". ��� E

tinha as iniciais de Liam.

Ela conteve o impulso de jogar aquilo na lata de

lixo ou de rasgar, berrando, em milh��es de pedaci-

nhos.

��� Est�� tudo bem, srta. Adamson? Espero que n��o

seja m�� not��cia.

��� N��o ��� respondeu. ��� Est�� tudo bem ��� falou,

colocando o recado na bolsa.

Voc�� deve partir de cabe��a erguida, falou a si mes-

ma. E pode fazer isso.

��� Estou bem. ��� Sua voz era clara e forte. ��� E

obrigada... por tudo.

Cat estava agradecida por voltar �� calma de seu es-

crit��rio na segunda-feira.

Depois de ter ponderado tudo, o fim de semana foi

uma porcaria, seria bom esquecer os problemas pes-

soais e lidar com problemas que conseguiria resolver.

Dirigiu de volta para Londres sem sequer parar

para almo��ar. O tr��nsito estava pesado, e quando ela

chegou em seu apartamento estava com dor de cabe-

R E G R A S DA PAIX��O

79

��a e n��o melhorou nada depois de ouvir recados dos

pais na secret��ria eletr��nica.

"Mais tarde", raciocinou Cat, apagando as mensa-

gens. Quando estiver me sentindo mais forte.

Ela tomou um banho, lavou-se da cabe��a aos p��s

cuidadosamente. Quando se secou novamente, colo-

cou um robe e queimou o bilhete de Liam.

Cat obrigou-se a dar por terminadas essas lem-

bran��as.

Depois de jantar, caiu na cama em um sono pro-

fundo, cortado por sonhos breves e perturbadores.

��� Ainda est�� de ressaca? ��� Andrew, seu chefe,

perguntou, quando chegou para a reuni��o da manh��.

��� O casamento deve ter sido bom.

��� Na nossa fam��lia, nada �� imperfeito.

Era uma segunda-feira t��pica. Cat era arquiteta,

passou quase todo o dia ao telefone com fornecedores

de material de constru����o e decora����o.

No fim do dia, se sentia suficientemente bem para

responder aos recados dos pais.

��� Foi t��o bom ter visto voc��, querida ��� gemeu

Vanessa. ��� Vamos nos encontrar, para um bate-

papo, coisa de mulheres?

��� Eu tinha a impress��o de que ��ramos m��e e filha.

��� N��o seja t��o t��cnica ��� reclamou Vanessa. ���

Podemos nos ver quarta-feira, ��s 8?

Cat suspirou silenciosamente, mas concordou.

��� Voc�� parecia ausente no s��bado ��� seu pai di-

zia.

��� Certamente foi o evento do ano ��� observou

Cat.

80

S A R A C R A V E N

��� N��o. ��� David fez uma pausa. ��� Seu tio saiu de

casa e foi morar com a secret��ria.

��� Oh, Deus. ��� Cat sentiu-se ligeiramente enjoa-

da. ��� Coitada da tia Susan.

��� Ele deve estar enlouquecido ��� falou seu pai

brevemente. ��� Livrar-se de uma mulher incr��vel as-

sim.

��� Voc�� acha que pode criticar? ��� perguntou Cat,

endurecendo o tom.

��� N��o h�� como comparar as situa����es ��� ele se

defendeu. ��� O temperamento de sua m��e era um pe-

sadelo. Por Deus, menina, voc�� estava l��.

��� Sim ��� Cat falou brevemente. ��� Tamb��m sei

que foi h�� muito tempo e que talvez voc��s devessem

parar de atribuir culpas e seguir em frente. ��� Ela he-

sitou. ��� Voc�� falou com a tia Susan?

��� Rapidamente ��� ele respondeu. ��� Para ser

franco, achei um pouco constrangedor. Ela n��o falou

nada de mais, apesar de eu ter me oferecido para pas-

sar l��.

��� Por acaso planejava levar Sharine com voc��?

��� Naturalmente. ��� Ele fez uma pausa. ��� Pelo

seu sil��ncio, creio que pensa que �� m�� id��ia.

��� Eu vi a secret��ria ��� mencionou Cat. ��� Uma

outra jovem loura.

��� Ah ��� falou David calmamente. ��� Entendo.

��� E acho que ela possa estar precisando de tempo

e espa��o para lidar com isso ��� falou Cat. ��� Sem ser

invadida pelos parentes de seu marido, por mais bem-

intencionados que sejam.

Ele protestou.

R E G R A S DA PAIX��O

81

��� Sempre adorei Susan e ela sabe disso.

��� Claro ��� respondeu Cat. ��� E voc�� deve respei-

t��-la muito. Afinal de contas, foi ela quem cuidou de

sua ��nica filha.

Eles ficaram em sil��ncio novamente, ent��o ele fa-

lou:

��� Obrigado por me lembrar, Cathy ��� e desligou.

Cat demorou mais para desligar. N��o era minha in-

ten����o dizer isso, pensou. E talvez seja eu quem deve

seguir em frente.

Isso s�� servia para demonstrar o quanto se sentia

vulner��vel, insegura, e n��o estava acostumada com

isso.

Na pr��xima vez, vou me ocupar apenas com os

clientes, admitiu, enquanto desligava o computador.

Dorita, da contabilidade, apareceu em sua mesa.

��� Estamos indo a um bar tomar vinho. Vem co-

nosco?

��� Ainda estou um pouco cansada do fim de sema-

na.

��� Precisa espairecer ��� aconselhou Dorita. ���

Cindy e Megs est��o com vontade de tomar champa-

nhe.

��� E por que n��o? Me parece ��timo.

Cat n��o estava com muita vontade de sair, mas a

id��ia de ir para seu apartamento ficar remoendo as

coisas tamb��m n��o era atraente.

O bar j�� estava cheio quando elas chegaram, mas

com habilidade conseguiram pegar uma das ��ltimas

mesas dispon��veis.

82

S A R A C R A V E N

Inicialmente, o papo foi relacionado a assuntos de

trabalho, mas quando elas come��aram a relaxar, fi-

cou mais pessoal.

Megs se inclinou para a frente.

��� Como foi o casamento da sua prima? Algum ra-

paz interessante?

��� V��rios. Todos com mulheres igualmente inte-

ressantes.

Ela esperava que esse fosse o fim do assunto, mas

logo percebeu que estava sem sorte. Cindy queria de-

talhes sobre o hotel e o que ele oferecia. Megs pediu

uma descri����o completa do vestido de Belinda. Ent��o

ela n��o teve alternativa, a n��o ser falar.

Quando terminou, a garrafa estava vazia e Dorita

foi ao bar comprar mais.

Essa seria a oportunidade perfeita para escapar,

avaliou Cat, pegando sua bolsa. Quando se ajeitou,

viu Dorita voltando, e seu lugar no balc��o foi pego

por um homem alto com cabelos escuros e encaraco-

lados, vestindo um elegante terno.

Oh, Deus, pensou. N��o pode ser ele...

��� Voc��s viram, meninas? O rapaz novo no bar

Nunca o vi aqui antes, mas �� fisg��vel.

��� E j�� foi fisgado, pelo que parece. ��� Cindy ges-

ticulou para a mo��a loura que se encaminhava para

ele no meio das pessoas.

Cat sentiu-se congelar quando a mo��a se uniu a

ele, entrela��ando o bra��o ao dele com extrema fami-

liaridade. N��o queria olhar. Queria se levantar e ir

embora, mas duvidava que fosse capaz de chegar at��

a porta.

R E G R A S D A P A I X �� O

83

Ent��o, ele virou ligeiramente, sorrindo ao se incli-

nar para beijar a acompanhante, e ela notou que n��o

era ele.

Cat engoliu em seco, curvando o corpo em al��vio.

Em que diabos estava pensando? Esse rapaz sequer

lembrava Liam.

Se todas as vezes que vir um rapaz alto e moreno

eu ficar reduzida a nada, realmente estou em perigo.

Preciso me controlar. Sair desse limbo.

��� Est�� tudo bem, Cat? ��� Megs a analisava. ���

Parece que viu um fantasma.

��� Nada t��o rom��ntico. Acabei de me lembrar que

preciso passar no supermercado. Acho melhor eu ir.

Ela saiu do bar e respirou fundo na rua, enquanto

tentava recuperar o equil��brio.

Tinha que superar os eventos do fim de semana an-

tes que eles a enlouquecessem. Mas se ao menos sou-

besse como...

Ela foi ao supermercado perto de casa e caminhou

com o carrinho, tentando demonstrar interesse em se

alimentar durante a semana.

Espaguete �� carbonara vai cair bem, pensou, j�� ca-

minhando at�� seu pr��dio.

Estava colocando a chave na porta quando a vizi-

nha apareceu, sorrindo com um buqu�� de rosas ver-

melhas.

��� Para voc��, querida. Ganhou um admirador ���

ela acrescentou.

Em qualquer outro momento, Cat teria achado isso

interessante, mas estava muito atordoada para fazer

84

S A R A C R A V E N

algo al��m de agradecer e levou as flores para o apar-

tamento.

��� Jante comigo ��� dizia a mensagem no cart��o,

com a letra redonda. ��� Quinta-feira, 8 da noite, no

Mignonette.

N��o havia assinatura, mas devia ser de Liam, con-

cluiu, com o cora����o acelerado. De alguma forma,

quando a raiva passou, ele descobriu onde ela morava

e estava fazendo contato, e mais cedo do que jamais

podia sonhar. Ela sentiu um n�� na garganta pela em-

polga����o e pela incredulidade.

Ao mesmo tempo, tinha que suprimir uma peque-

na onda de desapontamento por ele ter ca��do na arma-

dilha das rosas vermelhas. E tamb��m previa que ela

estaria livre quinta �� noite.

E estarei, admitiu, mas n��o �� essa a quest��o.

Porque ele n��o ofereceu nenhuma forma de comu-

nica����o, notou. Ent��o ela teria que optar por compa-

recer humilhada ao encontro ou ignor��-lo, o que acre-

ditava que seria o fim de qualquer conex��o entre os

dois para sempre.

Bem, n��o tenho que decidir agora, refletiu, en-

quanto arrumava as flores.

Mas em seu cora����o ela j�� sabia qual seria a deci-

s��o, e jogou a cabe��a para tr��s, rindo com jubilosa an-

tecipa����o.

No dia seguinte, sua exulta����o desapareceu quan-

do procurava algo no guarda-roupa que desse a im-

press��o de que estava bem vestida sem ter se esfor��a-

do muito.

R E G R A S DA PAIX��O

85

Finalmente, decidiu por uma saia creme god�� com

uma blusa de j��rsei que combinava.

Seria melhor se chegasse atrasada, ela sabia, mas o

t��xi a deixou no Mignonette pontualmente ��s 8.

Ela logo o viu parado no bar com um copo na m��o,

e dessa vez seus olhos n��o a tra��am. Usava cal��a cin-

za casual e uma camisa aberta no pesco��o. Seu palet��

estava pendurado no bra��o. Estava conversando com

o atendente e n��o olhava para a porta, ent��o ela podia

se deleitar olhando para ele o quanto quisesse.

Por um momento ela se culpou completamente,

ent��o caminhou na dire����o dele com o est��mago ar-

dendo e um n�� apertado de excita����o no peito.

��� Cat... voc�� veio. ��� Uma voz masculina invadiu

seu sonho. Algu��m impedindo seu caminho.

��� Eu tive tanto medo que n��o viesse.

Tonta, Cat se concentrava nele, apertando os olhos

para tentar reconhecer.

Oh, Deus, avaliou. Era Tony, o padrinho.

��� Isso �� ��timo. ��� Ele sorria feliz, sem notar a re-

pentina palidez dela. ��� J�� veio aqui antes? Um dos

rapazes do trabalho recomendou. Nossa mesa est��

pronta, ent��o podemos nos sentar. Podemos beber al-

guma coisa enquanto pedimos. Melhor do que ficar

no bar.

Qualquer coisa seria melhor do que ficar no bar.

��� Sim. ��� Nem parecia a voz dela. ��� Sim, claro.

Enquanto ela o acompanhava, colocando um p�� ��

frente do outro, arriscou olhar para Liam.

Ele tinha virado, provavelmente para constatar por

que Tony estava t��o empolgado. O mundo de repente

86

S A R A C R A V E N

colocou os dois em um estranho vazio, e seus olhos

se encontraram em um flash at��nito e ardente.

Pensei que fosse voc��. Ela queria gritar as palavras

em desespero.

Mas ela n��o falou nada, e virou para olhar para a

frente, ouvindo em sil��ncio a conversa de Tony.

Ent��o, eles entraram no restaurante, mas Cat ainda

podia sentir o olhar de Liam ardendo em suas costas

a cada passo, at�� que finalmente ela saiu de sua vis��o.

CAP��TULO 6

��� Gostou das flores? ��� perguntou Tony.

��� Obrigada. Elas eram lindas. Mas porque n��o as-

sinou o cart��o? ��� perguntou Cat.

��� Cheryl sempre reclamava que eu n��o era muito

rom��ntico. Pensei que devesse tentar um pouco de

mist��rio... e funcionou. Porque est�� aqui.

��� Estou. ��� Desejando estar em qualquer outro

lugar do mundo.

Oh, Deus, suspirou internamente. Como isso pode

estar acontecendo comigo? Como podia ter conclu��-

do que as flores eram de Liam?

Bem, a resposta mais r��pida para essa pergunta se-

ria a vontade de que fosse isso mesmo. Queria tanto

que acontecesse que deixou de ser racional. Ignorou

o rancor da despedida deles. E o pobre Tony, claro,

simplesmente mal passou pela sua cabe��a.

Mas podia ter evitado o desapontamento de algu-

ma forma se ao menos Liam n��o estivesse ali espe-

rando por ela, como pensou.

Oh, por que ele escolheu ir ��quele restaurante es-

pec��fico e justo naquela noite? Cat lamentava silen-

ciosamente. Aquilo era uma loucura, imposs��vel.

Cruel!

Por outro lado, n��o havia nenhuma raz��o para ele

n��o freq��entar o Mignonette. Era bom e estava na

moda.

88

S A R A C R A V E N

De uma forma perversa, devia ser grata ao convite

de Tony. Caso contr��rio, teria caminhado diretamen-

te para Liam e provavelmente sofreria uma humilha-

����o horrenda.

Agora estava sentada ali, fingindo-se interessada

pela comida e pelo vinho, quando na verdade estava

completamente tensa, enquanto esperava Liam entrar

no restaurante.

O Mignonette era local ideal para enamorados,

mas n��o t��o legal se voc�� estivesse com o homem er-

rado.

Pior ainda quando sabia que o homem que real-

mente queria passaria pela sua mesa a qualquer mo-

mento.

��� Peguei seu endere��o com Freddie. Ele ficou

empolgado diante da possibilidade de nos unir.

Mas n��o ficaremos juntos, ela pensou. Nunca, nem

em mil anos. E se Belinda n��o assassinou Freddie a

sangue frio, eu posso tentar.

��� Ent��o est�� tudo bem.

��� Freddie e Belinda se dar��o muito bem ��� ele

respondeu. ��� As vezes ele pode ser um tolo, mas ela

far�� com que ande na linha.

Aposto que j�� come��ou, admitiu Cat secamente, se

lembrando do rosto da prima no dia que saiu para a

lua-de-mel.

Ela ouviu passos se aproximando e ficou tensa,

pois sabia de quem eram.

Ele passou sem sequer olhar na dire����o dela. N��o

estava sozinho e, claro, ela n��o esperava isso. Mas ao

mesmo tempo, esperava tanto...

R E G R A S D A P A I X �� O

89

A mo��a com ele era alta e esguia, tinha cabelos

castanhos longos. Sua saia era preta e a t��nica de seda

era listrada de preto e branco. Tinha boas pernas, e se

movimentava bem.

A imagem dos dois caminhando juntos para a sala

adjacente ficou profundamente gravada em sua men-

te.

Mas ao menos n��o ficaram sentados lado a lado, e

ela devia ser grata pelo menos por isso.

A comida estava deliciosa, mas ela comeu pouco,

para seu constrangimento. Mal tocou no vinho tam-

b��m, se restringindo a goles de ��gua mineral.

Devia ter feito o mesmo na outra noite, cogitou.

Mas era errado culpar o ��lcool por sua rendi����o a

Liam. Foi pura atra����o animal que os uniu, fundiu-os

em um desejo f��sico explosivo que ela nunca sentiu e

ao qual foi incapaz de resistir.

Fiz minhas escolhas, refletiu, e agora tenho que

suportar as conseq����ncias.

Ela percebeu que Tony n��o evitou o vinho. Ele ter-

minou rapidamente a garrafa e pediu mais uma.

Quando a segunda garrafa acabou, a fala dele era

arrastada e ele come��ou a ficar amoroso e um pouco

piegas.

N��o era uma combina����o ideal, raciocinou Cat si-

nalizando discretamente ao gar��om. Foi uma descul-

pa perfeita para ignorar a sobremesa.

Ela pagou a conta com a ajuda do gar��om, e rezou

para Liam estar longe e n��o ver sua luta para levar

Tony para fora sem causar muito estrago, e depois

90

S A R A C R A V E N

coloc��-lo em um t��xi. Ele tentou convenc��-la a

acompanh��-lo, mas ela declinou concisamente.

Um minuto depois outro t��xi a levava para dire����o

oposta. De volta ao terreno seguro.

Cat entrou em seu apartamento na noite seguinte,

fechou a porta e se jogou contra ela. O fim de semana

se apresentava como um deserto, pontuado por emo-

����es como limpar a casa e lavar roupa.

Estava determinada a fazer uma coisa: n��o bata-

lharia para dormir �� noite novamente. Assim que apa-

gou a luz na noite anterior, todas as emo����es anterio-

res vieram �� tona e ela come��ou a chorar desespera-

damente.

Mesmo quando finalmente estava exausta, n��o

conseguiu descansar. Acordou perto do amanhecer

para perceber o rosto molhado novamente e sentir o

gosto salgado nos l��bios.

Ent��o, come��aria planejando sua noite como uma

campanha. Um banho relaxante, pensou, e depois se

enrolaria em seu velho e confort��vel robe. Natural-

mente ouviria m��sica. E como almo��ou com um

cliente, o jantar seria leve. Talvez uma omelete de

queijo com uma ta��a de vinho. E ent��o pegaria o

computador para come��ar a idealizar o novo conjun-

to de escrit��rios.

H�� duas semanas, ela ficaria plenamente contente

com uma noite dessas. Pode ficar novamente. S�� pre-

cisa assumir o controle.

Estava seguramente coberta em seu robe, a cami-

nho da cozinha, depois do banho, quando a campai-

R E G R A S D A P A I X �� O

91

nha tocou. Ela parou, franzindo ligeiramente a testa,

imaginando quem seria. Deus, tomara que n��o seja

Tony para pedir desculpas.

Quando a campainha tocou novamente, ela falou:

��� J�� vai. ��� E abriu a porta cuidadosamente. ���

Desculpe ��� come��ou, e ent��o parou mortificada,

com os olhos dilatando de surpresa, apagando o sor-

riso apolog��tico quando viu quem estava ali.

��� Boa noite ��� cumprimentou Liam. Ele estava

totalmente bem vestido naquela noite, usava um ter-

no azul-marinho, camisa branca e gravata de seda.

Seu rosto era s��rio, sua boca, firme.

��� O... que est�� fazendo aqui?

��� Tamb��m n��o sei direito. Jurei que n��o faria

isso, mas parece que n��o tenho mais alternativa.

Ele inclinou a cabe��a e olhou para ela com o olhar

frio e audaz.

��� Se a oferta que voc�� fez ainda est�� de p��, eu

aceito. Quero voc�� e pagarei o pre��o que for necess��-

rio.

��� Eu... n��o entendo.

��� Voc�� sugeriu que dever��amos nos encontrar ���

falou Liam diretamente. ��� Em territ��rios neutros e

com um certo anonimato para que os dois mantives-

sem o prazer. Naquele momento, n��o concordei.

Ele enrijeceu a boca e continuou:

��� Desde l��, pensei muito e aceito seus termos.

Ele hesitou.

��� Mas voc�� decide se ainda quer isso ou n��o. Na-

turalmente acatarei sua decis��o. Se voc�� me der um

fora, nunca mais me ver��.

92

S A R A C R A V E N

Eles ficaram em sil��ncio. Cat estava confusa, ten-

tando entender o que ele falou.

Ele oferecia uma cl��usula para escapar, ela perce-

beu, entorpecida. Ela podia dizer que cometeu um

erro, ou que era uma piada sem gra��a, e ele sairia de

sua vida para sempre, e ela poderia voltar a ter paz.

Talvez.

Em vez disso, simplesmente falou, tremendo:

��� O que fez com que decidisse mudar?

��� Ter visto voc�� ontem �� noite ��� respondeu

Liam. ��� Perceber que todos os esfor��os para tir��-la

da minha cabe��a foram em v��o. Apesar de eu ter ten-

tado ��� ele acrescentou, sentido.

A voz dela virou um sussurro.

��� Eu tamb��m.

Outro sil��ncio. Ele falou, cuidadosamente:

��� Posso considerar que a resposta �� sim?

Ela assentiu com a cabe��a, sem olhar para ele. E

perguntou:

��� Quer... entrar?

��� N��o ��� ele respondeu. ��� Acho que n��o. �� me-

lhor obedecermos suas regras. E voc�� quer que nos-

sos encontros ocorram em territ��rio neutro.

��� Tamb��m falamos que n��o haveria detalhes pes-

soais. ��� Ela engoliu em seco. ��� Apesar de voc�� ter

claramente descoberto onde moro.

��� Sim. Mas isso foi antes de eu saber que haveria

regras e bem antes de eu concordar em segui-las.

��� Como conseguiu meu endere��o? No hotel?

��� Sim.

R E G R A S D A P A I X �� O

93

Cat mordeu o l��bio, lembrando da bela recepcio-

nista que a atendeu s��bado �� noite.

��� Usou seu famoso poder de sedu����o, certamen-

te.

��� Se �� o que acha. Mas de agora em diante n��o

vou trapacear. Manteremos nossos encontros estrita-

mente em locais neutros.

Ela continuou olhando para ele. E falou suave-

mente:

��� Minha conta do hotel. Houve realmente um

problema no computador?

Liam apoiou um ombro no portal com uma expres-

s��o de lamenta����o.

��� Quem sabe? Sempre acontecem problemas com

computadores.

��� Voc��... realmente foi t��o longe? ��� Cat sacudiu

a cabe��a. ��� N��o posso acreditar.

��� Acredite nisso e mais. Precisava v��-la nova-

mente. Eu n��o queria que se transformasse na gata

solit��ria e fosse embora antes de eu ter a chance de

encontr��-la e explicar meu ponto de vista. ��� Ele fez

uma pausa. ��� Serei eternamente culpado por isso?

��� N��o ��� ela respondeu. ��� Acho que �� um pouco

tarde para isso.

��� Ent��o, confia em mim para encontrar um local

suficientemente neutro para nosso primeiro encon-

tro?

Assim?, pensou Cat desnorteada. Sem um beijo ou

toque? Como se estivesse marcando uma reuni��o de

neg��cios?

��� Sim ��� falou, entorpecida.

94

S A R A C R A V E N

��� Na pr��xima quinta-feira seria bom para mim.

��� Ele olhou para ela. ��� Pode ser?

��� Sim. ��� Ela ainda tinha um curioso senso de

descren��a. ��� Pode ser.

��� Ent��o est�� fechado. ��� O sorriso dele foi breve

e formal. ��� Vou mandar um carro lhe pegar ��s 10 ho-

ras. At�� l��.

Enviar um carro, como se ela fosse uma encomen-

da? E ��s dez horas? Dessa vez ent��o n��o haveria jan-

tar.

Ele j�� estava de costas, quando ela o chamou.

��� Esqueci alguma coisa?

Muitas coisas, refletiu Cat, engolindo em seco.

Mas de repente havia uma barreira que n��o conseguia

superar. N��o poderia atingi-lo.

��� Eu queria falar sobre ontem �� noite. Explicar...

��� Mas n��o precisa ��� ele falou gentilmente, mas

com um certo tra��o de deboche na voz. ��� De acordo

com as regras, nos vemos quando queremos, mas o

resto de nossas vidas permanece um livro fechado. E

a beleza disso �� n��o dar explica����es ou pedir descul-

pas.

Ent��o ele n��o se importa com Tony ��� ela pensou,

com uma certa tristeza. Mas tamb��m n��o tenho per-

miss��o para falar da acompanhante dele.

��� Sim ��� ela falou, com a voz ligeiramente abafa-

da. ��� Sim, claro.

Ele demorou, com o olhar meditativo, contem-

plando-a em sil��ncio, e de repente ela percebeu o que

ele via: seu rosto limpo como o de uma crian��a, se

um tra��o de maquiagem. O antigo robe, um tipo

R E G R A S DA P A I X �� O

95

amigo querido, mas indubitavelmente sacrificando a

beleza em nome do conforto.

A m��o dela foi quase de forma protetora at�� seu

pesco��o, unindo as lapelas do robe.

Ela olhou para ele de volta, levantando o queixo de

maneira desafiadora.

��� Est�� com pensamentos maliciosos?

��� Estou pensando em todo tipo de coisa ��� res-

pondeu Liam. ��� Que mal posso esperar para com-

partilhar com voc�� quinta-feira �� noite. E vista algo

glamouroso. Algo que terei prazer em despir. ��� O

olhar dele a tocou como uma caricia ��ntima. ��� Boa

noite.

Ela se pegou muito envergonhada. Sentiu-se corar

da cabe��a aos p��s e viu que isso n��o passou desperce-

bido por ele.

Meu Deus, ela pensou, engolindo em seco. Isso foi

pragmatismo puro.

Em que estou me metendo?, indagou incr��dula.

Algum tipo de acordo comercial agendado e organi-

zado, eficiente, mas sem paix��o?

N��o, admitiu, se lembrando do sorriso dele e do re-

pentino e sensual brilho de seus olhos. Certamente

n��o era sem paix��o. Mas tamb��m n��o era rom��ntico

de verdade.

Honestamente, ainda n��o tinha considerado os de-

talhes pr��ticos de sua id��ia at�� agora. Mas Liam os

analisou, claramente.

Intimamente desejou que ele aceitasse um convite

para passar a noite com ela, e que estivesse ali naque-

le momento, ao seu lado, com os l��bios provocando

96

S A R A C R A V E N

sensa����es m��gicas em sua pele. Seu corpo pressiona-

ria o dela mais profundamente at�� que os dois che-

gassem ao cl��max. O corpo dele contra o dela. Dentro

dela.

Ela percebia a grande chama de desejo se acenden-

do em seu corpo. Levou o punho fechado at�� a boca e

mordeu a m��o com precis��o cl��nica.

Devia t��-lo persuadido a ficar, devia ter usado meu

poder de sedu����o, constatou.

Mas talvez isso estivesse al��m das possibilidade -

Talvez Liam n��o estivesse atra��do pela vers��o pura

que ele viu dela naquela noite. Em vez disso, ele que-

ria que sua amante estivesse produzida, maquiada e

perfeitamente apresent��vel.

Bem, ela queria uma transa secreta e descompro-

missada, e era precisamente o que estava conseguin-

do, ent��o n��o podia reclamar.

Uma coisa era certa, raciocinou, se reanimando:

perdeu totalmente a fome para jantar. Ent��o podia

muito bem ir para a cama, mesmo que sozinha, tentar

descansar.

Por��m, seu instinto dizia que o sono seria ilus��rio

e que seus sonhos seriam perturbadores, mantendo-a

insone at�� amanhecer.

O trabalho foi a salva����o de Cat nos dias seguin-

tes. Ela tentava ocupar cada hora programando visi-

tas, se reunindo com fornecedores. Sua papelada

nunca esteve t��o atualizada.

Tentou severamente esquecer que a noite de quin-

ta-feira estava por vir, n��o conseguiu. Liam estava

R E G R A S DA PAIX��O

97

sempre presente em algum canto de seu subcons-

ciente.

Era rid��culo sentir-se t��o nervosa. Ele era o amante

com o qual sempre sonhou e seria dela, segundo seus

termos.

N��o ia trabalhar na quinta-feira. Tinha v��rios dias

de f��rias acumulados e se planejou para usar um de-

les se paparicando em um spa.

De acordo com a solicita����o dele ��� ou teria sido

uma exig��ncia? ��� ela comprou algo glamouroso

para usar: um robe de seda preto, de mangas compridas, longo, com uma longa sequ��ncia de pequenos

bot��es que come��avam no decote e iam at�� o meio da

coxa.

Ela o estava dobrando e colocando na bolsa para o

dia seguinte, quando ouviu a campainha.

Cat gelou, se olhando horrorizada no espelho. Ah,

n��o, ela implorou, ele n��o pode me pegar assim nova-

mente, de cabelos molhados e vestindo o robe velho.

Ela abriu a porta cuidadosamente, usando a cor-

rente. Um rapaz estava esperando, carregando um en-

velope.

��� Srta. Adamson? Vim entregar isso. Devo espe-

rar uma resposta, se necess��rio.

Ele passou o envelope para Cat, que o abriu. Um

chaveiro com tr��s chaves e uma etiqueta met��lica

deslizou para sua m��o. A etiqueta trazia "Apartamen-

to 2, 53 Wynsbroke Gardens". E logo depois, um bi-

lhete com a letra de Liam: "Caso eu me atrase". Ela ficou olhando para aquilo. Ent��o esse deve ser o local

do encontro que ele arrumou, concluiu. N��o era um

98

S A R A C R A V E N

quarto de hotel an��nimo que ela esperava, mas um

apartamento em uma das ��reas mais caras de Lon-

dres.

Meu Deus, dizia a si mesma. �� verdade. Est�� real-

mente acontecendo. Acho que n��o acreditava at��

agora.

Mas ali estava a verdade nua e crua. Liam queria

mesmo dizer aquilo.

Estou assustada, percebeu Cat atordoada. Estou

realmente assustada. E como isso �� pat��tico!

��� Alguma resposta, senhorita? ��� A voz do men-

sageiro a despertou.

Ela respirou fundo.

��� Obrigada ��� respondeu. ��� Mas n��o tenho res-

posta.

Minha decis��o est�� tomada, ela admitiu, enquanto

fechava a porta.

��� Voc�� est�� muito tensa, falou a massagista ao

terminar.

��� Estou muito atarefada ��� respondeu Cat.

Ainda faria massagem facial, manicure, pedicure e

sauna. No fim estaria totalmente relaxada, com a

mente livre, ansiosa por uma noite de prazer. Por en-

quanto estava completamente tensa.

Ela planejava ir direto para casa, claro. Mas em

vez disso, pegou o caminho de Notting Hill.

Encontrou a rua sem dificuldade. Caminhou lenta-

mente, contando os n��meros das casas at�� chegar ao

5 3 . Simplesmente queria ver onde era, reconheceu.

N��o tinha a menor inten����o de subir, claro.

R E G R A S D A P A I X �� O

99

O n��mero 53 era uma casa alta com escadas de pe-

dra que levavam a um p��rtico e outra escada estreita

que conduzia ao por��o.

Tentarei usar uma das chaves, pensou Cat. Se n��o

der certo, vou embora. Esperarei at�� hoje �� noite.

Mas a chave serviu e ela entrou em um pequeno

corredor. A entrada para o apartamento do t��rreo era

�� esquerda e havia outra porta adiante com o n��mero

L�� dentro, umas escadas atapetadas levavam para

cima, para outra porta.

Cat colocou a terceira chave na fechadura. Ela he-

sitou momentaneamente e virou �� direita, abrindo

toda a porta. Viu-se em uma ampla sala iluminada

pelo sol, com longas janelas e uma varanda.

Todo o ambiente parecia ter sido rec��m decorado.

Curiosamente, tamb��m estava vazio. Alem de uma

bandeja de garrafas com alguns copos de cristal, n��o

havia nada ali. At�� mesmo a mob��lia parecia nova em

folha, como se ningu��m jamais tivesse sentado na-

quelas almofadas ou comido na mesa polida.

O quarto principal se abria para a sala. A ampla

cama j�� tinha sido feita, percebeu, com o cora����o

acelerado.

Bem, pelo menos ele cuidou das prioridades, refle-

tiu, torcendo os l��bios ao ver que toalhas e sabonetes

foram arrumados no banheiro ao lado.

Ela encontrou a cozinha, onde havia um monte de

eletrodom��sticos e utens��lios intocados. Todos os ar-

m��rios e a geladeira estavam vazios.

100

S A R A C R A V E N

Era um local muito elegante Cat n��o tinha a menor

id��ia de quem fosse o propriet��rio. Na realidade, pa-

recia que ningu��m morava ali.

Talvez ele tivesse apartamentos assim em toda a

cidade. Locais transit��rios para onde levava suas mu-

lheres.

N��o, repreendeu-se. N��o faz sentido. Afinal de

contas, essa id��ia foi minha, e n��o dele. E fui eu quem

insisti pelo territ��rio neutro tamb��m.

Bem, estou orgulhosa dele. Esse lugar �� o mais

pr��tico e neutro que ele poderia conseguir.

O que eu esperava? Uma cama em forma de cora-

����o com len����is de seda pretos e espelho no teto?

Ela suspirou. N��o era um ninho de amor, mas pelo

menos n��o era frio.

Foi at�� um supermercado, onde comprou produtos

como leite e ovos, caf��, gel��ia de framboesa e salm��o

defumado. Tamb��m comprou um buqu�� de l��rios e

um vaso para arrum��-los.

De volta ao apartamento, colocou as coisas na ge-

ladeira e arrumou as flores na mesa de jantar. Quando

saiu, seu perfume j�� tomava o ambiente, tornando o

local um pouco menos impessoal.

Mas ainda n��o era um lar, constatou, quando en-

trou de novo no carro. Porque era isso que devia ser

evitado, certo?

E agora simplesmente tinha que fazer o melhor

disso, tinha certeza.

CAP��TULO 7

O carro que Liam mandou foi totalmente pontual.

Isso foi ��timo, avaliou Cat ao entregar a bolsa para o

motorista, porque ��quela altura seus nervos estavam

�� flor da pele.

Ela pensou em perguntar ao motorista se ele sem-

pre levava as mulheres de Liam ao seu encontro, mas

n��o ousou.

O que realmente quero �� algu��m para me dar a m��o

e dizer que tudo vai dar certo. E nunca fui t��o ing��nua.

Ainda sou a gata solit��ria. Tenho que ser.

Ela n��o notou o quanto queria que Liam chegasse

antes e estivesse esperando para tom��-la nos bra��os,

mas abriu as portas e o apartamento ainda estava vazio.

Levou a bolsa at�� o quarto e pegou o robe. Ele

moldava seu corpo como uma segunda pele, e a saia

fazia suaves dobras em seus quadris para depois se

abrir e revelar suas pernas esguias. O forte preto en-

fatizava a brancura de sua pele na linha do decote.

Ela analisou seu reflexo no espelho, tentando se

ver com os olhos dele.

Estava indubitavelmente sedutora, reconheceu, mas

n��o estaria ��bvia demais, principalmente consideran-

do todo o cen��rio ao redor? Bem, apenas o tempo diria.

E Liam j�� devia ter chegado. Ela precisava de sua

for��a, da chama de paix��o de seus olhos, da voracida-

de de sua boca.

102

S A R A C R A V E N

N��o havia televis��o nem som na sala de jantar.

Nada para aliviar a tens��o daquela intermin��vel espe-

ra.

Cat come��ou a questionar se ele podia ter mudado

de id��ia, ou ainda que pudesse ter planejado tudo

aquilo como uma piada cruel para puni-la por ter ou-

sado arranhar a imagem de seu orgulho de macho,

quando ouviu os passos de Liam na escada.

Ela pretendia esperar estendida no sof��, leve e sen-

sual, sorrindo em boas-vindas exclusivamente para

ele. Em vez disso, pulou de p��, enterrando os pulsos

nas dobras do robe para n��o revelar que eles estavam tremendo.

Ele entrou calmamente na sala, com o olhar defen-

sivo, enquanto a analisava.

��� Boa noite. ��� A voz dele era quieta, cort��s, mas

n��o expressava desejo. Ele tamb��m n��o se encami-

nhou at�� ela, como Cat imaginava. ��� Desculpe pelo

atraso.

��� N��o... tem problema. Voc�� est�� aqui agora ���

ela retrucou, incertamente. ��� Parece cansado.

��� Estou ��� ele respondeu. ��� Mas n��o o suficien-

te para diminuir a aten����o que voc�� merece na cama.

��� Eu n��o... Simplesmente pensei que pudesse

querer ura caf��, ou comer alguma coisa. ��� Ela tentou

sorrir. ��� Fa��o bons ovos mexidos.

��� N��o duvido ��� Liam falou com a voz mansa e a

express��o repentinamente c��nica. ��� Mas n��o vim

aqui testar suas habilidades dom��sticas, querida,

caso tenha esquecido. N��o estou com fome. ��� Ele ti-

rou o palet�� e colocou-o sobre o bra��o do sof��. ���

R E G R A S DA P A I X �� O

103

Francamente, tive um dia horr��vel, mas um banho

quente pode me reanimar.

Ele caminhou na dire����o do quarto afrouxando a

gravata, e parou.

��� Mas voc�� pode me trazer uma bebida ��� ele

acrescentou, suavemente. ��� Se quiser. Pode ser em

dez minutos?

��� Claro. U��sque sem gelo?

��� Voc�� tem boa mem��ria.

��� Quase tudo que tenho s��o lembran��as.

��� Eu tamb��m ��� ele falou, avaliando-a novamen-

te. ��� E n��o esqueci nada. ��� O sorriso dele era inten-

so. ��� Ent��o... em dez minutos.

Ela notou que havia uma garrafa de u��sque no

buf��. Despejou uma generosa dose em um dos copos,

sentou e esperou, apesar de achar que poderia fazer

algo de ��til, pensou, pendurando o palet�� no cabide.

Meu Deus, ela falou a si mesma. Ele est�� aqui h��

apenas cinco minutos e j�� ajo como namorada.

Ela olhou novamente para o palet�� e para a porta

entreaberta do banheiro, onde n��o havia sinal de mo-

vimento. Ele j�� devia estar imerso na banheira.

Ele sabia tanto sobre ela, apesar de ela n��o saber

quase nada sobre ele. Claro, ela percebeu que ele de-

via ser rico, mas estranhamente este era o fato que

menos interessava.

Devia haver pistas nos bolsos do palet�� dele, como

a carteira de motorista ou a de fatos. Talvez n��o fosse

uma atitude muito honesta, mas ele obteve seu nome

e endere��o no hotel.

N��o havia carteira de motorista, mas a carteira

dele estava no bolso interno. Ela a pegou lentamente

104

S A R A C R A V E N

e come��ou a fu����-la, em busca de cart��es de cr��dito,

cart��es de visita, qualquer coisa que pudesse dizer

algo.

Mas ficou desapontada. A carteira dele continha

dinheiro, mas nenhum cart��o. Nada que desse sequer

uma dica de sua identidade. Exceto, ela notou, algo

em um dos pequenos bolsos internos. Cat pegou o ob-

jeto depois de um certo esfor��o, e viu que era uma fo-

tografia, virada de costas.

A mulher dele?, ela se perguntou, olhando para a

foto, relutante para desvir��-la. Seria sua noiva? Na-

morada? Fosse quem fosse, estava mantida bem es-

condida.

Logo ela teria que levar a bebida, constatou, se

for��ando a ver a foto. E se fosse uma mulher, s�� po-

deria culpar a si mesma.

Mas era um cachorro com um sorriso aberto, e ela

rapidamente colocou a fotografia de novo na carteira.

Bem, isso foi total perda de tempo, pensou, en-

quanto entrava no banheiro com o copo de u��sque na

m��o e a saia farfalhando ao redor de seus quadris.

Liam estava deitado na banheira. Seus olhos esta-

vam fechados, mas o olhar quase exausto que ela no-

tou mais cedo estava desaparecendo.

Ela permaneceu olhando por um momento, sentin-

do o cora����o acelerar, ent��o falou:

��� Trouxe sua bebida.

��� Obrigado. ��� Ele pegou o copo da m��o dela e o

colocou em uma pequena mesa lateral. ��� Se importa

de unir-se a mim?

��� Obrigada, mas n��o bebo u��sque.

R E G R A S DA PAIX��O

105

��� N��o foi o que quis dizer ��� ele retrucou gentil-

mente. ��� Tenho certeza que sabe o que quero dizer.

��� Bem ��� um sorriso tremeu nos l��bios dela. ���

Talvez. ��� E suas m��os desabotoaram o primeiro bo-

t��o do corpete.

��� N��o. ��� A voz dele era suave, mas incisiva. ���

Fique vestida. Quero voc�� como est��. Ou se esque-

ceu?

��� N��o, mas meu robe ficar�� arruinado.

��� Mas por uma causa nobre. Al��m disso, ele ja-

mais teria o mesmo efeito se usado novamente ���

acrescentou Liam, sorrindo.

��� Bem... ��� Cat fingiu levar isso em considera-

����o. ��� Provavelmente n��o. ��� Ela entrou na banhei-

ra e se acomodou na extremidade oposta, arrumando

a saia ensopada ao seu redor e tentando n��o rir. ���

Seu humor certamente melhorou.

��� E essa n��o foi a ��nica ��rea de aprimoramento,

prometo ��� ele falou virando os olhos de brincadeira.

Ele colocou o copo na mesa e se inclinou para a frente

se aproximando dela. Ele a beijou, movimentando a

boca com sensualidade e carinho dentro da dela, e os

l��bios de Cat se abriram em um suspiro, permitindo

um acesso mais profundo. Quando ele finalmente le-

vantou a cabe��a, os dois estavam sem ar e tr��mulos.

Com enorme ternura a m��o de Liam retirou as me-

chas de cabelo molhado que ca��am sobre o rosto dela,

e ent��o percorreu lentamente a linha de seu pesco��o,

desceu at�� a linha dos bot��es. Ele come��ou a desabo-

to��-los um a um, com olhar intenso.

106

S A R A C R A V E N

Cat estava im��vel, sua respira����o ainda era ofe-

gante, seus olhos entorpecidos se arregalaram quan-

do Liam a descobriu lentamente. Os bicos dos seios

de Cat endureciam de forma incontrol��vel contra o

suave ro��ar da seda; a doce profundidade de sua fe-

minilidade ansiava pela possess��o dele.

Quando o ��ltimo bot��o foi removido, Liam em-

purrou para o lado as laterais do robe respirando profundamente, com seus olhos se deliciando ao v��-la e

com uma voracidade que ele n��o se preocupava em

ocultar.

��� Voc�� �� ador��vel nua. ��� A voz dele era rouca e

um pouco contida.

Ela sorriu para ele enquanto retirava o robe dos

ombros, removia os bra��os das mangas e deixou a

seda arruinada boiar na ��gua.

Cat se aproximou, se ajoelhando e abrindo as co-

xas, enquanto suas m��os agarravam o pesco��o dele.

Ela se inclinou para a frente, ro��ando a boca na dele.

brincando e provocando.

Com uma das m��os ela acariciava o pesco��o dele.

sentindo a pulsa����o acelerada de Liam.

Ent��o, com a m��o livre, come��ou a se tocar leve-

mente e com prazer, em deliberada incita����o, deixan-

do os dedos ro��arem nos bicos rosados de seus seios

e depois descerem para sua barriga e para os suaves

pelos entre suas coxas. Ele gemia em resposta ao ob-

serv��-la quase embasbacado.

Ela pegou o rosto dele com as m��os e o beijou no-

vamente, passando a l��ngua suavemente por todo a

l��bio inferior de Liam. Abaixou a cabe��a e ro��ou

R E G R A S DA PAIX��O

107

mamilos lisos dele com a ponta da l��ngua, enquanto

suas m��os desciam, explorando a extens��o da ere����o

dele com delicado desejo.

Os bra��os de Liam a envolveram, apoiando sua es-

pinha como uma barra de ferro quando ela se arquea-

va para tr��s com os olhos meio fechados, segurando-

o com os dedos, guiando-o para seu limite secreto. E

quando ele entrou em seu corpo, ela se abriu para ele

como uma flor.

N��o foi uma mera possess��o. A necessidade m��-

tua era muito forte, muito intensa. O corpo dela

acompanhava os movimentos dele quase frenetica-

mente. Ela j�� podia sentir o prazer internamente le-

vando-a a um ��xtase inesquec��vel.

��� Estamos protegidos? ��� As palavras sa��ram

com urg��ncia de Liam.

Ofegante, sem palavras, ela assentiu com a cabe��a,

agarrando os ombros dele, sua ��nica realidade naque-

le universo de desintegra����o.

As m��os dele deslizaram entre os dois, procurando

e encontrando seu ponto mais secreto, tocando-o quase

at�� um doloroso intumescimento com a ponta de seus

dedos. Ela foi levada ao ��pice, e depois al��m disso.

Ouviu seu pr��prio gemido; seu corpo estremecia

violentamente enquanto era absorvido pelos espas-

mos de prazer e ent��o ouviu a resposta dele.

��� Catherine.

Ela sentiu-se cair sobre ele, envolvida em seus

bra��os, a pulsa����o de um se misturando �� do outro.

��� Esta ��gua est�� ficando fria ��� murmurou Liam

contra o ouvido dela. ��� Por que n��o vamos para a

cama?

108

S A R A C R A V E N

Ela sorriu contra a pele dele.

��� Por que n��o? Oh, Deus ��� acrescentou, enquan-

to se separava dele. ��� Voc�� viu o estado do ch��o?

��� Sim. ��� Ele ria enquanto a ajudava a sair da ba-

nheira. Pegou uma toalha e passou gentilmente na

pele dela.

Ela selecionou uma toalha dela para sec��-lo, ex-

plorando-o com as m��os e adorando isso.

��� N��o dev��amos enxugar?

��� Podemos jogar essas toalhas no ch��o quando

acabarmos para secar o grosso. ��� Ele deu de om-

bros. ��� Mas limpar n��o �� tarefa nossa.

��� Oh. ��� Ela ouviu isso, franzindo a testa. ���

Liam, este apartamento �� seu?

��� N��o. ��� Ele sorriu para ela. ��� �� nosso aparta-

mento.

��� Quer dizer que o alugou? Para n��s?

��� Sim ��� ele falou. ��� Pelo tempo que quisermos

As m��os de Cat tremeram um pouco. Percebeu que

estava sendo lembrada que aquela era uma rela����o fi-

nita.

��� Mas isso n��o �� justo. Deixe eu contribuir.

Ele enquadrou o rosto dela com as m��os e beijou

sua boca.

��� Voc�� contribuiu ��� ele falou calmamente. ���

Est�� aqui. ��� Depois a beijou novamente. ��� Agora,

venha para cama comigo e me conven��a que n��o es-

tou sonhando.

Ele pegou a toalha da m��o dela e jogou-a no ch��o

molhado juntamente com a sua, ent��o tomou-a nos

bra��os e a levou para o quarto.

R E G R A S D A PAIX��O

109

Ela deitou em seus bra��os e seu corpo ��mido se

unia ao dele, cego, irracional, extasiado diante da

crescente e maravilhosa sensa����o que ele provocava

nela. Seus l��bios se abriram em um gemido silencio-

so quando todo seu ser se derretia em mais um orgas-

mo.

Quando conseguiu falar, ela disse, ofegante:

��� Nunca acreditei que pudesse me sentir assim.

Ele a puxou para perto, encaixando-a em seu corpo

como se tivesse nascido para isso.

Ela relaxou no abra��o dele, as p��lpebras estavam

pesadas. Fazer amor com ele era como ser jogada em

um rio �� deriva, concluiu. Ela se jogava em uma cor-

rente que inicialmente era forte, mas pac��fica. Mas a

correnteza sempre estava esperando, e al��m dela, a

beira das cachoeiras, que a levavam e sacudiam em

seu brilho e seu tremor. No fim, em sua base, havia

uma piscina profunda e serena, na qual adorava mer-

gulhar, sabendo que a luz do sol a aguardaria acima

da ��gua esverdeada.

Haveria beijos, imaginou, enquanto se entregava

ao sonho do p��s sexo, em que ele acariciava seus ca-

belos, dando prazer a ela mais uma vez. Quando acor-

dasse em seus bra��os.

Mas quando ela finalmente despertou, a realidade

era bem diferente. Porque a cama estava vazia ao seu

lado, com as cobertas reviradas, e o quarto n��o estava

mais escuro, como quando ela caiu no sono.

De repente, ela percebeu um movimento e se sen-

tou, retirando os cabelos dos olhos.

110

S A R A C R A V E N

Liam estava de p��, do outro lado do quarto, prati-

camente todo vestido.

A voz dela era mansa, estava desnorteada.

��� O que est�� acontecendo? Aonde voc�� vai?

��� Eu n��o queria perturb��-la, Cat, desculpe.

��� Desculpe? ��� Ela sacudiu a cabe��a, tentando

entender, e olhou para o rel��gio. ��� Meu Deus, s��o

duas e meia da manh��. ��� Ela olhou para ele. ��� Voc��

est�� indo? J��?

��� Preciso ir. Tenho um v��o para Heathrow ama-

nh�� de manh��. Tente voltar a dormir.

Cat se sentou e as cobertas deslizaram por seu cor-

po. Ela ouviu quando ele gemeu ao ver seus seios ex-

postos. Ouviu e sorriu por dentro. Talvez pudesse

embarcar mais tarde hoje ��� se pegasse outro v��o.

Deitou no travesseiro, olhando para ele com os

olhos meio cerrados. E falou suavemente:

��� Pensei que voc�� passaria a noite toda. Que to-

mar��amos caf�� da manh�� juntos. Estou um pouco...

surpresa.

��� Voc�� queria que nos encontr��ssemos secreta-

mente para fazermos amor. E foi o que fizemos. N��o

acho que caf�� est�� inclu��do nos termos. ��� Ele cami-

nhou at�� a sala e voltou com o palet��. ��� A menos, ��

claro, que queira renegociar ��� ele falou, com a voz

rouca.

��� N��o ��� ela respondeu claramente, escondendo

seu desapontamento. ��� N��o, tudo bem. Afinal de

contas, n��s dois temos vidas atarefadas. Estou bem

satisfeita com a combina����o ��� ela acrescentou re-

servadamente, fechando os olhos e sorrindo ligeira-

R E G R A S DA PAIX��O

1 1 1

mente. Deliberadamente, ela se transtornou na gata

diante do pote de leite e fez com que ele ficasse ciente

disso. ��� At�� agora.

Ele sorriu friamente e n��o foi at�� a cama como ela

esperava.

��� Fico contente em servi-la, madame.

��� S�� que o acordo est�� unilateral ��� prosseguiu

Cat, se espregui��ando luxuriosamente e permitindo

que o len��ol escorregasse. Ele podia estar indo embo-

ra, ela refletiu. Mas n��o seria f��cil. ��� Voc�� sabe o

meu nome e onde moro, e n��o sei nem a metade sobre

voc��.

Liam vestiu o palet��, torcendo os l��bios em prazer.

��� Eu diria que nos tornamos bastante ��ntimos ���

falou. ��� Posso at�� vir a deix��-la me chamar de Lee.

��� Obrigada. ��� Cat mordeu o l��bio. ��� Mas n��o

foi o que quis dizer.

��� Mas �� isso que tenho a oferecer. ��� Ele deu um

segundo para que ela digerisse isso e pegou um car-

t��o no bolso traseiro da cal��a. ��� Pedi um carro para

vir peg��-la ��s sete e meia, mas se quiser mudar o ho-

r��rio, ligue para este n��mero.

��� Percebi que n��o tem telefone aqui ��� ela falou.

��� No entanto, tenho certeza de que voc�� n��o sai

de casa sem seu celular ��� retrucou Liam suavemen-

te. ��� E o carro est�� reservado em seu nome, ent��o

n��o h�� raz��o para fazer perguntas ao motorista ��� ele

acrescentou.

��� Voc�� �� muito eficiente.

��� E �� voc�� que quer manter as coisas em segredo

e excitantes. ��� Ele sorriu para ela, seus olhos percor-

1 1 2

S A R A C R A V E N

reram todo seu corpo nu com indisfar����vel arrependi-

mento. ��� E n��o est�� funcionando, querida. Ainda

pretendo pegar meu avi��o, ent��o evite ficar resfriada

por minha causa.

Cat fuzilou-o com o olhar e puxou o len��ol at�� o

queixo.

��� Quando nos veremos novamente? Ou tamb��m

n��o devo saber disso?

��� Eu entro em contato ��� ele respondeu beijando-

a intensamente. ��� Mantendo uma dist��ncia de segu-

ran��a, naturalmente.

Quando ele se levantou, Cat viu que ele tinha pego

a carteira e que casualmente brincava com ela na sua

frente. Ela gelou.

Ele olhou para ela com o olhar cintilante.

��� E voc�� descobriu algo sobre mim esta noite ���

falou. Ele jogou a carteira para cima e a pegou, antes

de coloc��-la no bolso. ��� Porque j�� sabe que adoro

cachorros ��� ele acrescentou gentilmente.

Sorrindo, ele jogou um beijo para ela e saiu, dei-

xando Cat olhando para ele corada, furiosa e comple-

tamente vencida.



***

Ele falou para ela voltar a dormir, mas n��o era as-

sim t��o f��cil. Mesmo no escuro e com o travesseiro

confort��vel, Cat estava muito desperta.

Liam estava sempre �� frente dela, constatou amar-

gamente. Ele sabia perfeitamente bem que ela cairia na

tenta����o de olhar sua carteira e preparou a armadilha.

R E G R A S DA PAIX��O

1 1 3

Porque ele estava totalmente determinado a man-

t��-la ao seu alcance, mental e emocionalmente.

Bem, ela resignou-se, eu pedi isso. Na realidade,

ela exigiu, ent��o era a ��nica culpada. Mas ��s vezes

isso n��o era t��o f��cil de suportar.

Porque tinha que encarar o fato de que seu char-

moso plano estava fundamentalmente defeituoso,

pois agora ela era a ��nica no escuro.

Preciso saber tudo sobre ele, pensou, do dia que

nasceu at�� o presente imediato. Quero saber onde

est�� agora, para onde planeja ir, no que est�� pensan-

do. Acima de tudo, no que est�� pensando...

Se qualquer pensamento doloroso fosse revelado

nessa busca, ela teria que enfrent��-lo. Por enquanto,

tinha que se contentar com o desapontamento e a so-

lid��o.

Ela se virou, enterrando o rosto determinadamente

no travesseiro. As vezes conseguia cochilar um pou-

co, mas sempre acordava novamente, tentando ach��-

lo na cama enorme, com l��grimas entaladas na gar-

ganta.

Nunca passou pela sua cabe��a que eles jamais pas-

sariam a noite juntos. Ela acreditava que o amanhecer

ainda os pegaria na cama, um nos bra��os do outro.

At�� ele a ter lembrado que aquele n��o era um caso de

amor comum.

Finalmente desistiu de tentar dormir e decidiu se

preparar para ir embora.

Acabou de limpar o ch��o do banheiro com as toa-

lhas descartadas e as colocou em uma cesta. Cat ajoe-

lhou-se ao lado da banheira para recolher o robe des-1 1 4

S A R A C R A V E N

tru��do. Estava completamente acabado, mas levaria

para casa junto com a comida, em uma bolsa de su-

permercado.

N��o deixaria nenhum tra��o de sua presen��a. Ne-

nhuma lembran��a da noite anterior. De agora em

diante, viveria as regras do acordo dele, preocuparia-

se apenas com o presente.

Ele disse que pegaria um avi��o, mas n��o mencio-

nou se seria uma viagem de neg��cios ou divers��o.

Por um momento ela se lembrou da morena que esta-

va com ele no restaurante. Ser�� que ela seria sua com-

panheira no avi��o? Dividiria a cama com ele no ho-

tel?

Tudo que Liam precisava fazer era ir e n��o voltar.

Eu simplesmente ficaria sentindo este vazio eter-

no.

Ela se ajoelhou ao lado da geladeira vazia, apoian-

do a cabe��a na prateleira fria diante do que acabou de

admitir.

Como posso ter certeza disso?, refletiu atordoada.

Como posso ter ido t��o longe e t��o rapidamente,

quando era a ��ltima coisa que queria que aconteces-

se? Quando isso era tudo contra o que sempre bri-

guei!

Liam, ela lembrou dolorosamente, n��o �� o ��nico

com segredos. N��o mais. Mas o meu ser�� bem mais

dif��cil de guardar.

Oh, Deus, tenho que ter cuidado.

CAP��TULO 8

Quase uma semana se passou para Cat, tinha o cora-

����o aos pulos e nem uma palavra de Liam.

Entrarei em contato, ele falou. Mas n��o fez nenhu-

ma promessa sobre quando seria esse contato, e a ne-

cessidade de v��-lo, de ouvir sua voz, de toc��-lo, esta-

va se tornando insuport��vel.

No trabalho, ela permanecia sorridente, eficiente e

determinadamente ocupada.

Mas em casa, nas noites, seu confort��vel aparta-

mento parecia uma gaiola onde ela caminhava insone

para cima e para baixo, entediada. Era continuamente

perseguida pela id��ia que ele tinha pensado nova-

mente na situa����o deles e resolveu esquecer.

Ela estava tentada a voltar ao apartamento para ver

se ele ainda estava arrumado para os encontros dos

dois, mas a possibilidade de encontr��-lo vazio a fazia

desistir. Era melhor ter esperan��a, pensava, mesmo

quando j�� n��o havia mais esperan��as. Ela ainda n��o

tinha chegado a esse ponto.

Outras vezes, ela imaginava que ele a fazia esperar

deliberadamente, fazendo com que sua antecipa����o

ao pr��ximo encontro chegasse ao m��ximo.

Mesmo tendo apenas as lembran��as das transas

dos dois ela j�� se sentia perturbada, com os sentidos

agu��ados quase ao ponto m��ximo.

116

S A R A C R A V E N

Agora estava ali, sexta-feira �� noite e mais um fim

de semana vazio pela frente. Como isso era pat��tico!

Colocar a vida em espera devido a uma poss��vel con-

voca����o.

Havia v��rias outras op����es dispon��veis, claro.

Seus pais ainda estavam em Londres, e fazia tempo

que n��o os via. Mas n��o teve sorte no Savoy.

��� A srta. Carlton foi passar o fim de semana fora,

madame. Quer deixar algum recado?

E no apartamento do pai, a secret��ria eletr��nica

atendeu.

��� Ol��, papai. S�� queria saber como est��. Me ligue

quando puder.

Ela vestiu uma cal��a jeans e uma camiseta e come-

��ou a limpar o apartamento. Tinha acabado de se jo-

gar no sof�� com uma x��cara de caf�� quando ouviu ba-

terem na porta.

Cat se levantou violentamente, espirrando caf�� no

tapete que acabou de limpar, e atravessou a sala com

o cora����o em disparada, abrindo totalmente a porta.

��� Ent��o voc�� est�� aqui, minha beb��. ��� O tom de

voz de seu pai era animado quando ele entrou. ��� Re-

cebi sua mensagem. ��� Ele a beijou nas bochechas e

segurou-a pelos bra��os para examin��-la criticamente.

��� Hum, um pouco p��lida para o ver��o. Precisa

descansar.

��� Todos os planos de f��rias est��o em espera. ���

Cat for��ou um sorriso.

��� Mas est�� sozinha numa sexta-feira �� noite? Isso

n��o pode acontecer, querida.

R E G R A S DA PAIX��O

117

��� Estou bem. ��� Cat olhou ao redor, mas n��o ha-

via sinal de Sharine. ��� E voc�� parece sozinho tam-

b��m.

��� Temporariamente ��� o pai dela respondeu. ���

Fomos para a Esc��cia semana passada e choveu to-

dos os dias. ��� O tom dele era de frieza. ��� Voc�� j��

comeu? Parei na delicatessen aqui perto e comprei

salada com frango, p��o, queijo e uma torta de p��sse-

gos. Oh, e uma garrafa de vinho.

��� Maravilhoso. ��� Cat levou a sacola para a cozi-

nha.

��� Por que foram a Esc��cia? ��� ela perguntou.

��� Fiquei com Nevil Beverly e sua esposa. Est��

acabando sua nova pe��a e devo atuar no papel princi-

pal. Vou voltar para os palcos.

��� S��rio? Pensei que estivesse se dedicando total-

mente aos filmes.

��� Estava. ��� O pai dela deu de ombros. ��� Mas ��

bom repensar... mudar as dire����es ocasionalmente.

��� A pe��a �� sobre o qu��? ��� ela perguntou, en-

quanto eles comiam. ��� Com��dia?

��� Shakespeare. Ele est�� aproveitando o sucesso

como teatr��logo e se apaixona por Mary Fitton. Tem

que voltar para Stratford para contar �� esposa Anne

Hathaway que o casamento acabou. Mas ela tem

outras id��ias e acaba sendo mais dif��cil do que ima-

ginava livrar-se dela. Ent��o Mary Fitton vem busc��-

lo e o leva de volta a Londres. E elas lutam de corpo

e alma.

��� E suponho que Mary Fitton ven��a?

118

S A R A C R A V E N

��� Nenhuma das duas. ��� David sorriu para ela. ���

Porque as duas percebem que o ��nico amor dele �� o

teatro.

��� E Sharine vai voltar para os Estados Unidos?

��� Ao contr��rio. Ela atuar�� como Mary Fitton.

��� Ela sabe atuar?

��� Claro ��� falou David brevemente. ��� Tem um

verdadeiro talento. Ter�� que usar uma peruca, mas

isso n��o ser�� problema.

��� De jeito nenhum ��� completou Cat. ��� Desde

que voc�� n��o planeje escal��-la como minha madrasta

tamb��m, pensou. ��� E quem ser�� Anne Hathaway?

��� Ainda n��o foi decidido. Oliver tem algumas

atrizes em mente. ��� Ele olhou para ela, franzindo li-

geiramente a testa. ��� Ent��o, de agora em diante voc��

me ver�� com mais freq����ncia. ��� Ele hesitou. ��� Pa-

rece que essa possibilidade n��o a anima tanto.

��� Estou muito contente ��� falou Cat firmemente.

��� S�� que tenho muitas outras coisas na cabe��a.

David n��o parecia ter pressa para ir embora. Clara-

mente queria conversar sobre a pe��a e Cat fez mais

caf�� e ouviu, imaginando qual seria a rea����o da m��e

ao saber das novidades.

Cat estava terminando o caf�� na manh�� seguinte,

quando ouviu a campainha. Ela foi atender lentamen-

te, se preparando para mais desapontamentos.

O mesmo mensageiro de antes estava parado ��

porta, dessa vez segurando um buqu�� de flores. Ele

entregou o cart��o em um pequeno envelope.

��� Devo esperar uma resposta, madame.

R E G R A S D A P A I X �� O

119

O cart��o simplesmente dizia:

��� Amanh�� �� noite... por favor?

Ela enterrou o rosto nas flores e esperou um mo-

mento, com os olhos fechados. Amanh�� �� noite. E re-

petiu em voz alta v��rias vezes, enquanto dan��ava

pela sala com as flores de Liam.

Parecia que a noite de domingo nunca chegaria.

Passou a manh�� de s��bado analisando suas roupas e

decidiu que a maioria das coisas era sem gra��a. Du-

rante a tarde, sairia para comprar algumas roupas ��n-

timas, escolheria algumas rendas em cores pastel.

Domingo foi caminhar no parque, almo��ou fora e

n��o conseguiu ler o jornal. Ela aplicou uma m��scara

facial e tomou um demorado e prazeroso banho, fa-

zendo as unhas em seguida.

Enquanto arrumava a bolsa, ela se sentia muito

nervosa. Liam n��o marcou a hora, mas queria estar

pronta para quando o carro chegasse.

Cat escolheu um de seus novos conjuntos de calci-

nha e suti��. Estava terminando de fechar a bolsa,

quando bateram na porta.

��� Estou indo ��� respondeu, enquanto abria a cor-

rente de seguran��a. S�� para ver a m��e.

��� Oi, querida. ��� Vanessa Carlton entrou, tirando

o palet�� de seu terninho. ��� Recebi sua mensagem no

hotel, ent��o pensei em passar aqui para v��-la para

passarmos uma divertida noite feminina juntas. Que-

ria algo especial?

��� Bem, n��o. ��� Cat engoliu em seco, desanimada.

��� �� que eu n��o a via h�� algum tempo e...

120

S A R A C R A V E N

��� Me ver�� com muito mais freq����ncia agora. Se

tiver algum vinho na geladeira, gostaria de tomar ���

acrescentou.

��� Sim ��� respondeu Cat. ��� Sim, claro. ��� Oh.

Deus, pensava. Isso �� um desastre.

��� Voc�� poderia sair umas horas mais cedo essa

semana? ��� perguntou Vanessa. ��� Gostaria que fos-

se comigo procurar apartamentos para alugar.

��� Para alugar? ��� Cat quase derramou vinho no

vestido azul. ��� N��o pode estar cansada do hotel Sa-

voy.

��� N��o, mas tamb��m n��o quero me tornar uma re-

sidente permanente.

��� Pensei que fosse voltar para Beverly Hills.

��� Bem, eu ia ��� respondeu Vanessa. ��� Mas Lon-

dres me parece um lugar interessante no momento.

Estou tentando viabilizar alguns projetos, ent��o deci-

di ficar onde h�� trabalho. ��� Ela ergueu a ta��a, sorrin-

do. ��� Sa��de, querida.

Ela se recostou e olhou a filha de cima a baixo, am-

pliando o sorriso.

��� Voc�� est�� ��tima, Cathy. Essa cor fica excelente

em voc��. ��� Ela olhou para o rel��gio. ��� Gostaria de

sair para jantar em algum lugar?

Cat ficou tensa.

��� Na realidade, n��o posso ��� respondeu. ��� Vou

sair... para ver uns amigos.

��� Levando uma bolsa de viagem? Sei... ��� Va-

nessa n��o perdia nada. ��� Essas pessoas devem ser

incrivelmente... amig��veis. Me conte, querida, final-

R E G R A S DA PAIX��O

121

mente est�� tendo vida particular? Se tiver, quem ��

ele?

��� Se eu contasse n��o seria mais particular. ��� E

como posso contar se nem eu sei?

��� Uau. Se quer guardar segredo, deve ser impor-

tante. Como m��e preocupada, eu n��o mere��o nem

uma dica?

Cat olhou para ela ironicamente.

��� �� assim que se v��?

Vanessa n��o se sentiu ofendida.

��� Digamos que seja uma nova fun����o na qual ve-

nha pensando, entre outras.

Quando a campainha tocou, ela olhou triunfante

para Cat.

��� E acho que sua vida secreta acaba de chegar,

querida.

O motorista esperava impassivelmente �� porta.

��� Desculpe, mas tenho uma visita inesperada ���

Cat se desculpou em voz baixa. ��� Vou pegar um t��xi

assim que ela for embora.

��� Tenho instru����es, madame. ��� O sorriso dele

era educado. ��� E nenhum outro compromisso, logo

n��o h�� pressa.

Cat voltou para a sala e viu Vanessa olhando pela

janela.

��� Carro bacana, querida. �� assim a carruagem da

Cinderela atualmente? Infelizmente, n��o h�� nem si-

nal do pr��ncipe charmoso ��� ela acrescentou, voltan-

do para o sof�� e enchendo novamente a ta��a. ��� Mas

n��o perco a esperan��a.

122

S A R A C R A V E N

��� M��e, o motorista est�� me esperando. Eu... real-

mente preciso ir.

Vanessa comentou:

��� Conselho materno, querida. N��o aparente tanta

avidez. Relaxe e beba seu vinho enquanto marcamos

um dia para sairmos para ver os apartamentos. Estou

falando s��rio sobre isso.

Ela falava s��rio sobre v��rias coisas, observou Cat

resignada enquanto se sentava e pegava sua ta��a.

Depois falou:

��� O hotel onde foi passar o fim de semana era em

algum lugar especial?

��� Uma reuni��o com antigos amigos. Me diverti

muito.

��� Voc�� levou seu... Gil?

��� Ele tinha conhecidos para visitar. ��� Vanessa

olhou para ela. ��� N��o somos colados um no outro.

Ela come��ou a conversar inconseq��entemente so-

bre amenidades.

Era um monte de bobeira que em outra ocasi��o Cat

teria adorado ouvir. Mas n��o agora. Quando o tempo

se aproximou de uma hora, ela ficou tensa diante da

possibilidade de Liam se cansar de esper��-la.

Quando sua m��e finalmente largou a ta��a e pegou

a bolsa, Cat podia ter gritado de al��vio.

��� Por que n��o vem ao Savoy ter��a-feira de ma-

nh��? ��� sugeriu Vanessa, enquanto elas caminhavam

at�� a porta. ��� Podemos olhar os apartamentos e al-

mo��ar.

��� Certo ��� concordou. ��� Pode ser 10 horas?

R E G R A S D A P A I X �� O

123

��� Bem, certamente antes disso, n��o. Creio que vai

ser dif��cil conseguir um t��xi aqui, agora. Ser�� que seu

motorista pode me deixar no hotel, depois de deix��-la

no local para onde vai? ��� ela perguntou.

Boa tentativa, m��e, observou Cat.

��� Acho que ser�� mais f��cil se ele for primeiro ao

Savoy ��� ela respondeu espertamente. ��� Caso con-

tr��rio, sem problemas.

Exceto que isso significava que ela se atrasaria

ainda mais, pois depois que Vanessa foi deixada no

hotel, o carro enfrentou um grande engarrafamento.

Quando ela chegou, o apartamento estava em si-

l��ncio, mas podia ver um feixe de luz vindo da sala de

estar. Ent��o afinal de contas ele esperou, ela reconhe-

ceu, com o cora����o acelerado.

Cat ensaiava as desculpas, quando abriu a porta e

as palavras morreram em seus l��bios.

Liam estava deitado no canto do sof�� com um dos

bra��os sobre o encosto, de olhos fechados, com a res-

pira����o suave e regular, t��o adormecido que n��o ou-

viu quando ela bateu a porta, ou at�� mesmo quando o

chamou. Duas vezes.

O palet�� dele estava no ch��o, juntamente com sua

gravata, e sua camisa estava aberta no peito. Ele pa-

recia confort��vel e extremamente em paz, ela perce-

beu, quando foi colocar a bolsa no quarto. Mas n��o

era a recep����o que esperava.

Quando voltou, ele ainda n��o tinha se mexido. Cat

o analisou por um momento, e ent��o tirou os sapatos,

e se aninhou ao lado dele, descansando a bochecha

124

S A R A C R A V E N

em seu peito, sentindo aquele cheiro masculino ca-

racter��stico.

Ele murmurou algo imposs��vel de entender e seu

bra��o envolveu os ombros dela, aproximando-a. Ela

respondeu instantaneamente, se aninhando ainda

mais e deslizando a m��o por dentro da camisa dele,

apreciando a textura quente e suave de sua pele na

palma de sua m��o e a batida profunda e firme de seu

cora����o.

Ela o deixaria dormir por mais um tempo, e ent��o

o beijaria para acord��-lo, para que o tempo dos dois

juntos tivesse in��cio. Mas por um momento, sentiu-se

curiosamente, quase luxuriosamente, contente. E at��

mesmo um pouco sonolenta.

O que era rid��culo, claro, falou a si mesma firme-

mente, e fechou os olhos.

Quando os abriu novamente, a primeira coisa que

enxergou foi a janela do quarto, com a luz do sol pas-

sando pelas cortinas. A outra, foi o vestido azul pen-

durado em uma cadeira.

E a terceira foi Liam, ao lado dela na cama, apoia-

do em um cotovelo e olhando para ela.

��� Bom dia ��� e havia prazer em sua voz. ��� Eu

estava cansado da viagem. Qual a sua desculpa?

��� N��o entendo. O que aconteceu?

��� Acordei no sof�� perto de duas horas da manh�� e

a encontrei em meus bra��os, morta para o mundo. En-

t��o eu a trouxe para c�� e a coloquei na cama.

��� Voc�� tirou meu vestido... enquanto eu dormia?

Como conseguiu?

Seu leve sorriso se tornou escancarado.

R E G R A S DA P A I X �� O

125

��� Anos de pr��tica, querida ��� ele falou arrastada-

mente.

��� Na realidade, seu sono �� muito profundo. ��� E

eu estava muito cansado, o que n��o �� comum, e vi

aquelas roupas ��ntimas de renda sob seu vestido. Mas

n��o confiei em mim para tir��-las tamb��m.

Cat sorriu contra o ombro dele.

��� Fico contente por elas n��o terem sido totalmen-

te descartadas. ��� Ela pressionou os l��bios na pele

dele e come��ou a mover o corpo para baixo, fazendo

um caminho de beijos. ��� Talvez possamos fazer uso

delas.

Liam a interrompeu com um gemido de arrependi-

mento.

��� Querida, n��o podemos. Viu que horas s��o? Te-

nho reuni��es hoje de manh��.

��� Droga ��� Cat olhou desesperadamente para o

rel��gio. ��� J�� devia ter ido embora tamb��m. Oh, n��o

posso suportar isso.

Liam inclinou a cabe��a, beijando-a com uma vora-

cidade sem igual.

��� Quebrar��amos alguma regra se nos encontr��s-

semos aqui hoje �� noite? ��� ele murmurou. ��� Pro-

meto ficar acordado dessa vez.

��� Eu adoraria ��� Cat sussurrou de volta. ��� Mas

se voc�� me prometer ficar a noite toda.

��� Concordo. ��� Ele a beijou novamente.

Cat observou enquanto ele procurava suas roupas,

ficando tensa. E finalmente falou:

��� Por falar em regras...

��� Hum?

126

S A R A C R A V E N

��� N��o preciso de motorista para chegar aqui ���

ela falou. ��� Eu mesma posso fazer isso.

��� Ele logo chegar�� para peg��-la ��� ele respondeu.

��� Mas pode ser a ��ltima vez, se �� o que prefere.

��� Por favor. ��� Ela fez uma pausa. ��� Al��m dis-

so... fiquei presa na noite passada e n��o tive como

avis��-lo. Ent��o, talvez pud��ssemos trocar os n��meros

dos celulares para emerg��ncias.

Liam olhou para ela, levantando as sobrancelhas.

��� Pensei que isso fosse exatamente o que n��o qui-

sesse.

��� N��s dois somos ocupados. Tamb��m n��o quero

mal-entendidos ��� ela falou. ��� Apenas os n��meros.

Sem mais detalhes, claro.

��� Naturalmente. ��� Havia um tom de ironia na

voz dele. ��� E somente para emerg��ncias.

Quando ele partiu, Cat ficou pensativa. N��o foi

uma concess��o t��o grande assim da parte dele. Pare-

cia que realmente tinha comprado a id��ia de terem vi-

das separadas.

Mas eu tamb��m, ela lembrou. N��o perguntei o que

causou o cansa��o da viagem. Ele n��o perguntou por

que me atrasei. E isso �� um tipo de confian��a, n��o?

Como saberei?, indagou. E suspirou.

Cat tinha acabado de sair de uma reuni��o quando

seu celular tocou.

Ela olhou para a tela com uma certa descren��a

quando atendeu.

R E G R A S D A PAIX��O

127

��� Liam... alguma coisa aconteceu? N��o poder��

comparecer hoje �� noite, afinal?

��� Nada disso. S�� queria ouvir sua voz.

Ela percebeu que sorria absurdamente e que seu

rosto ardia.

��� Isso n��o �� uma emerg��ncia.

��� Voc�� tem sua defini����o ��� ele respondeu sua-

vemente. ��� Eu tenho a minha. E quero que saiba que

estou contando as horas para hoje �� noite.

��� Eu tamb��m. ��� A voz dela era rouca, um pouco

tr��mula.

Quando eles desligaram, ela ficou olhando para

aquele milagre eletr��nico em sua m��o. Minha liga����o

com ele, constatou. E ele ligou.

CAP��TULO 9

��� V o c �� n��o est�� ajudando, querida ��� falou Va-

nessa.

Cat, ainda perdida na alegre euforia da noite ante-

rior, rapidamente lembrou a raz��o de estar ali.

��� Qual �� o problema? ��� prosseguiu Vanessa. ���

Est�� procurando algo para voc�� tamb��m?

��� J�� tenho onde morar, lembra? Preferi a pequena

casa em Chelsea.

A m��e dela fez uma pausa.

��� Voc�� tem raz��o: escolherei Chelsea. ��� Isso ��

t��o importante para mim, especialmente agora.

��� Por que agora? ��� sondou Cat. ��� E por que a

pressa? M��e, o que est�� aprontando?

��� Querida, sempre precisei de paz total ao estudar

um papel, voc�� sabe.

��� Era por isso que a casa de Beverly Hills vivia

apinhada de gente? ��� perguntou Cat.

��� Mas l�� eu estava filmando. A vida no teatro e

totalmente diferente.

��� Vai atuar em uma pe��a? ��� perguntou. ���

Quando decidiu isso?

��� Quando o ador��vel Oliver Ingham me ofereceu

o papel de Anne Hathaway em sua nova produ����o ���

falou. ��� Fui a Esc��cia no fim de semana para con-

versar com ele e discutir os termos.

R E G R A S DA P A I X �� O

129

��� Ouvi dizer ��� falou Cat sorridente. Ela fez uma

pausa. ��� Creio que saiba que meu pai atuar�� com

voc�� como Will Shakespeare.

��� Bem, eles falaram sobre isso ��� respondeu Va-

nessa. ��� Na realidade, acho que pode ser como nos

velhos tempos.

��� Oh, Deus ��� falou Cat, sem for��as. ��� Voc��

est�� totalmente insana? Entrar em uma produ����o com

David e sua namorada? Ser�� um pesadelo. Por qu��?

Voc��s sequer se falam!

��� Bem, Shakespeare e Anne Hathaway ficaram a

maior parte do tempo sem se falar, ent��o a hist��ria

pede uma certa tens��o. Sinto que pode ser um grande

desafio para todos n��s. Agora pe��a caf�� enquanto

vou ao toalete, querida.

E ela saiu, deixando uma confusa Cat para tr��s.

Gostasse ou n��o, certamente haveria tempos de

tempestade em sua vida futuramente, refletiu.

Cat admitia que tinha visto os im��veis totalmente

sem aten����o, tendo todos os tipos de sonhos ut��picos

sobre se mudar para eles com Liam. Em sua cabe��a,

preencheria cada espa��o com mob��lia que escolhe-

riam juntos. Ela pensou no quarto em que passariam

todas as noites nos bra��os um do outro. Imaginou

como seria a vida junto com ele.

N��o havia por que pensar assim, ela se corrigia

veementemente. Porque era um pensamento n��o ape-

nas est��pido, mas perigoso e totalmente fora de cogi-

ta����o.

130

S A R A C R A V E N

Devo ter me deixado levar por causa da noite de

ontem, admitiu secamente. Que foi uma noite de so-

nho. Ficou sem ar quando lembrou...

Ela chegou no apartamento e Liam j�� estava espe-

rando, sem disfar��ar a voracidade e impaci��ncia,

quando ela foi direto para os seus bra��os, abrindo os

l��bios junto aos dele, j�� excitada.

Eles mal tiveram tempo de respirar, quem dir�� de

se despir. Ele a deitou no pesado tapete em frente ��

lareira, se livrando das roupas e tirando a calcinha

dela, antes de tom��-la com uma urg��ncia passional.

Foi selvagem, glorioso e logo o corpo dela foi le-

vado ao ��xtase com total absor����o, correspondendo ��

dele.

Depois, eles se deitaram juntos, estremecidos pelo

poder da consuma����o m��tua, pegos entre risadas e l��-

grimas. E mais tarde, Liam a levou para o quarto,

onde tirou suas roupas lenta e gentilmente, entre bei-

jos, e fez amor com ela novamente com uma calma

maravilhosa, quase com pregui��a, tentando-a, dei-

xando-a com a promessa de al��vio, at�� que uma voz

que ela mal reconhecia como sua implorou pelo

preenchimento total, sem nenhuma inibi����o.

No fim, exaustos, eles pegaram no sono, mas ao

amanhecer, Cat foi acordada novamente pelas m��os

dele em seu corpo, virou-se para ele calorosamente,

se ofereceu ��s car��cias dele e tudo que se seguiria,

com os sentidos j�� antecipando o prazer que viria.

Foi a noite mais maravilhosa de sua vida, mas n��o

conseguiu amenizar a inevit��vel separa����o dele pela

manh��.

R E G R A S DA PAIX��O

131

N��o esperava precisar tanto dele, de tantas formas

que transcendessem o desejo, notou, desapontada.

Contra sua vontade, seus sentimentos estavam fican-

do cada vez mais complexos e perturbadores. E era a��

que residia o grande perigo.

Porque ela n��o tinha a menor id��ia do que Liam

sentia, se �� que sentia algo. Oh, ele gostava dela. N��o

tinha d��vidas. Ele parecia obter o mesmo prazer in-

cr��vel que ela.

Por��m ele parecia aceitar completamente as estri-

tas limita����es que ela imp��s para a rela����o deles, e

n��o dava nenhuma dica de que queria mais do que

uma fervorosa liga����o corporal com ela.

Ela estava come��ando a se cansar dessas limita-

����es. Porque cada vez que o via ela sentia que queria

compartilhar outras coisas.

A vida dele era claramente agitada. Estava sempre

vindo de alguma viagem ou indo a reuni��es. Dinheiro

n��o era problema, ela apenas admitiu, secamente.

Vestia roupas caras e n��o deixava que ela contribu��s-

se nas despesas do apartamento.

Havia tanto sobre ele que Cat n��o conhecia, e tal-

vez jamais fosse conhecer.

E no momento, seria bom contar a ele sobre Va-

nessa e David, bem como sobre essa maldita nuvem

de problema que se aproximava. Mas, como todos os

t��picos pessoais, este assunto estava fora de quest��o.

Acima de tudo, ela sentia falta das coisas mais

simples: a prepara����o das refei����es, a curti����o de um

programa de televis��o, at�� mesmo o direito de dormir

com ele todas as noites e acordar todas as manh��s.

132

S A R A C R A V E N

Se ele achava que o sexo substitu��a todas essas ou-

tras intimidades, ela n��o.

Cat suspirou. N��o aceitava facilmente essa mu-

dan��a de sentimentos, especialmente depois de ter

sido t��o contundente sobre as regras do caso deles.

Jamais poderia dizer a Liam.

N��o tinha ilus��es a respeito. Se ele suspeitasse no

que ela pensou esta manh�� quando foi visitar uma

casa com sua m��e, provavelmente desistiria de v��-la.

Uma id��ia que ela julgava totalmente insuport��vel.

O gar��om trouxe o caf�� e ela olhou para ele sorrin-

do brevemente para agradecer, quando viu Liam en-

trando no restaurante com outros dois homens.

Por um momento estonteante, imaginou que esti-

vesse tendo alucina����es, que ele fosse apenas fruto

de sua imagina����o, resultante de suas reflex��es.

Oh, Deus, pensou, com o cora����o em disparada.

Primeiro o Mignonette, agora aqui. N��o pode ser

poss��vel. Um raio n��o cai duas vezes no mesmo lu-

gar. N��o podia lidar com a situa����o.

Quando Liam virou para falar com um dos rapa-

zes, a viu. Ele ficou t��o surpreso quanto ela, mas ha-

via prazer em seu rosto ao olhar para ela.

Ent��o, interrompendo um pouco a conversa, ele se

dirigiu a ela, demorando propositadamente entre as

mesas.

E da outra dire����o vinha Vanessa, sorrindo ra-

diante.

Cat estava de p��, segurando a bolsa. E falou:

��� Podemos ir? Devo voltar ao trabalho.

R E G R A S DA PAIX��O

133

��� J��? ��� Vanessa olhou para o rel��gio. ��� Mas

ainda n��o tomamos caf��. E pensei que voc�� viesse

comigo ver a casa de Chelsea novamente.

��� Desculpe, n��o posso. Vou pedir a conta... ���

Ela virou para sair, mas o caminho j�� estava bloquea-

do.

��� Srta. Adamson? ��� falou L i a m . ��� �� srta.

Adamson, certo? ��� Seu olhar era desafiador, e tinha

um come��o de raiva. ��� Que surpresa interessante.

��� E srta. Carlton. Que privil��gio! Devo ser seu

maior f��.

��� Que gentileza dizer isso. ��� Os olhos de Vanes-

sa o percorreram em clara avalia����o, e seu sorriso se

alargou, em aprova����o. Da mesma forma que Cat viu

tantas outras vezes, quando homens atraentes apare-

ciam na frente dela.

Mas nunca aconteceu com o meu homem, consta-

tou. At�� agora.

Sua m��e estendeu a m��o e Liam deu um beijo nela.

Era uma clara homenagem a uma linda mulher, e Va-

nessa se divertia com isso.

��� De onde conhece minha pequena Catherine?

Liam se ajeitou. Ele sorria, mas o olhar que lan��a-

va para Cat era frio.

��� Eu e a srta. Adamson nos encontramos umas

duas vezes ��� ele respondeu. ��� A trabalho. Mas tal-

vez ela n��o esteja se lembrando.

Ela sentiu um balde de ��gua fria sendo jogado em

cima dela.

��� Claro que lembro. Mas agora o trabalho me

chama novamente, sinto muito.

134

S A R A C R A V E N

��� Espero que n��o estejam indo por minha causa

��� falou Liam muito cort��s.

��� Simplesmente... tenho que ir. ��� Ela se virou

novamente para Vanessa. ��� Voc�� vem?

��� N��o, obrigada, querida. ��� Vanessa se recostou

na cadeira. ��� Ela �� t��o impaciente ��� falou a Liam.

��� Mas tamb��m estou determinada a ficar aqui e ter-

minar meu caf��. Tem algu��m esperando voc��, ou

pode me fazer companhia um pouco?

��� Seria uma honra ��� ele falou, tomando o lugar

vago de Cat.

Enquanto ia pagar a conta, ela percebeu que Va-

nessa j�� tinha seguido em frente.

Meu nome, ela raciocinou. Ele sabia meu nome

todo esse tempo e nunca falou nada. Ela sabia a res-

posta para isso, claro, a charmosa recepcionista do

hotel Ansconte Manor.

N��o que pudesse culp��-los. Mesmo sem tentar.

Liam exalava um poderoso carisma. Algo que Vanes-

sa, uma predadora de rapazes, sentiu imediatamente,

e correspondeu.

Certamente ela j�� sabe quem ele �� agora, admitiu

Cat, rangendo os dentes. Provavelmente tinha toda a

hist��ria.

Na pr��xima vez que eu encontr��-la, preciso lem-

brar de perguntar: M��e, qual �� o nome do homem

com quem transo?

Ao sair, ela arriscou uma ��ltima olhada para tr��s.

E se arrependeu, pois eles ainda estavam juntos, con-

versando calmamente. Liam tinha at�� aproximado a

R E G R A S D A P A I X �� O

135

cadeira de Vanessa, e ela sorria dentro dos olhos dele,

colocando uma das m��os na manga de seu palet��.

"Fui derrotada", concluiu. Em uma guerra que se-

quer sabia que tinha come��ado.

Cat pediu ao motorista do t��xi para lev��-la a

Wynsbroke Gardens.

Precisava muito ficar sozinha, e n��o conhecia lu-

gar melhor.

Mas n��o foi o santu��rio ideal, como Cat descobriu,

pois em vez do sil��ncio que queria, viu as lembran��as

a assombrando assim que entrou.

Ela afundou no sof��, fechando os olhos e tapando

os ouvidos com as m��os, tentando bloquear as lem-

bran��as.

Porque agora havia outras imagens e lembran��as,

e teria que lidar com elas.

Ali estava Liam, pensou, o verdadeiro. H�� apenas

doze horas ela estava abra��ada a ele, se sentindo to-

talmente segura. Agora estava sozinha.

Ela tinha que aceitar que ele era como todos os ho-

mens: facilmente entediado com uma rela����o, sem-

pre a esmo, eternamente em busca de divers��o.

At�� me deixei acreditar por um momento que ele

pudesse ser diferente, ela remoeu. Deus sabe o quan-

to eu queria que ele fosse diferente, apesar de estar na

cara que era um conquistador. Como tenho sido idio-

ta. Mas pelo menos ele nunca soube disso...

Teve que lidar com o efeito Vanessa, como seu pai

costumava dizer, em toda a sua vida. Sua m��e n��o era

136

S A R A C R A V E N

apenas uma mulher linda e instintivamente sensual.

Tinha realmente jeito de estrela.

Ent��o, n��o era surpresa que Liam tenha se encan-

tado instantaneamente por ela. E sabendo disso, por

que sentia essa agonia de surpresa e trai����o?

Afinal, n��o podia reclamar de Liam. Ela insistiu

nisso. De acordo com os termos do acordo deles, ele

era livre, assim como ela. E como Gil n��o parecia

muito presente, Vanessa estava presumivelmente li-

vre para escolher outro. E claramente arrastou uma

asa para Liam.

Outro para adicionar �� sua lista de brinquedos...

Cat enterrou os dentes no l��bio inferior at�� sentir

gosto de sangue. N��o precisava ser assim e n��o devia

ser assim. Era tudo culpa dela.

Se n��o fosse essa sua rid��cula demanda de sexo

sem compromisso, poderia encontrar Liam segura-

mente. Porque se Vanessa soubesse que Liam era de

sua filha, provavelmente ignoraria a atra����o e deixa-

ria de atuar como femme fatale.

Vanessa n��o tinha nem id��ia de que isso estava

acontecendo agora. Simplesmente seguiu seus instin-

tos, e atrair homens era como um ato condicionado

para ela.

Cat tirou os sapatos e se aninhou no sof��, dobran-

do os bra��os em seu corpo como uma barricada. Mas

era tarde demais para isso. Suas defesas j�� tinha sido

baixadas e a dor poderia ser mortal.

Ela ouviu um som vindo l�� debaixo, e se esticou,

largando o copo.

R E G R A S DA PAIX��O

137

Ouvia os passos de Liam na escada, mas ser�� que

tinha vindo sozinho?

O apartamento era dele. Ele pagava o aluguel. Ti-

nha o direito de fazer o que quisesse, trazer os visi-

tantes que quisesse. Por tudo que sabia, ele devia es-

tar tendo outras utilidades tamb��m.

Quando ele entrou, ela estava de p��, olhando na di-

re����o da porta.

Ele parecia sozinho, e o cora����o dela se contraiu

em um al��vio quase constrangedor.

Ele parou, olhando para ela, sem express��o.

��� O apartamento est�� assombrado?

��� Assombrado? ��� ela perguntou, desnorteada.

��� O que quer dizer?

��� Parece que voc�� viu um fantasma.

��� N��o estava esperando ser interrompida ��� falou

brevemente. ��� O que est�� fazendo aqui?

��� Voc�� n��o estava em seu apartamento, ent��o

pensei que pudesse estar aqui.

��� E onde est�� Vanessa?

��� Visitando mais uma vez uma casa em Chelsea,

acredito. Voc�� deve saber melhor do que eu, �� filha

dela.

��� Ela contou isso?

��� Acho que queria dizer afilhada ��� ele falou. ���

Mas como seu nome �� Adamson, a charada foi desco-

berta. Sempre fui f�� dela, e posso lembrar quando

voc�� nasceu.

Ele fez uma pausa.

��� Porque chama sua m��e pelo nome?

138

S A R A C R A V E N

��� Porque ela prefere ��� ela respondeu, curta-

mente.

��� E o que acha disso?

��� Nunca fez muita diferen��a para mim. Meu pai

tamb��m prefere ser chamado de David. N��o que eu

passe muito tempo com eles, claro.

��� Sei ��� ele falou.

��� Certamente sabe. ��� Ela ficou em sil��ncio. ���

Mais uma informa����o para o seu arquivo. Agora, j��

deve ter um dossi��.

��� Mas ainda h�� lacunas importantes.

Ele caminhou na dire����o de Cat e ela deu um passo

para tr��s, se afastando. A beira do sof�� entretanto

atrapalhou, e ela caiu sentada.

Ele parou com a m��o na cintura, apertando os

olhos.

��� Que diabos est�� acontecendo com voc��? Pri-

meiro me evita no restaurante, e agora se afasta de

mim. Por qu��?

Ela n��o conseguia verbalizar nenhuma raz��o, en-

t��o permaneceu sentada, arrumando a saia no lugar.

��� Essa �� sua forma sutil de dizer que n��o quer

transar? ��� A voz dele era g��lida. ��� Pensou que eu

tivesse vindo para um r��pido prazer vespertino?

Diante das circunst��ncias, acho que eu n��o teria essa

op����o.

��� Espero que minha presen��a n��o tenha atrapa-

lhado nenhum outro plano que pudesse ter em mente.

��� Eu at�� considerei a possibilidade de beber mais

��� ele falou. ��� Mas poderia ficar enjoado e com dor

R E G R A S DA PAIX��O

139

no pesco��o. Ent��o decidi conversar calmamente mes-

mo.

��� Isso �� realmente necess��rio? ��� O tom dela era

desafiador.

��� Creio que sim, ou n��o estaria aqui. ��� Ele fez

sil��ncio. ��� Qual �� o problema com Vanni? Cheguei

e vi a mulher que acordou em meus bra��os esta ma-

nh��, mas quando me aproximei, me vi sendo tratado

com desd��m.

��� Mas n��o devia se aproximar ��� ela falou. ���

Nos encontramos aqui, somente aqui, foi o acordo.

Voc�� sabe disso.

��� Sinto muito, mas n��o aceito mais isso ��� falou

Liam, sorrindo. ��� A menos que queira que eu lhe

forne��a uma lista com os restaurantes que freq��ento,

para que possa evit��-los.

��� N��o.

��� Bom ��� ele falou. ��� Ent��o podemos lidar com

outros futuros encontros de forma mais civilizada?

��� Creio que sim ��� ela falou. ��� Foi t��o... inespe-

rado.

��� E rejeitado ��� ele completou. ��� Pelo menos de

sua parte.

��� Fiquei constrangida tamb��m. Sei que Vanessa

esperaria ser apresentada a voc��... e nem sei seu

nome todo.

��� E Hargrave ��� ele respondeu calmamente. ���

Liam Hargrave, para futuras refer��ncias.

��� E tamb��m n��o saberia como explicar nossa re-

la����o. ��� Ela sorriu, nervosamente. ��� N��o poderia

dizer que �� meu amante ocasional.

140

S A R A C R A V E N

��� N��o ��� ele falou. ��� Provavelmente, n��o. Que

tal... amigo?

��� �� isso o que voc�� ��?

��� Sim ��� ele respondeu. ��� E isso ser�� uma cons-

tante, aconte��a o que acontecer.

Ele queria dizer, quando o caso acabasse, ela con-

cluiu. Quando seu desejo por ela terminasse. E isso

soava como um terr��vel aviso, como se seus dias jun-

tos j�� estivessem contados. Como se...

��� Sobre o que conversou com Vanessa?

��� Quer saber se a interroguei sobre voc��? Eu po-

dia ter feito isso, pelo menos tive a oportunidade,

mas sua m��e tem o pr��prio papo e o segue com perse-

veran��a. Ela me fez lembrar voc�� ��� ele acrescentou.

��� N��o sou como ela. N��o quero ser como ela. ���

A voz dela era alta, as palavras pareciam ter sido cus-

pidas a fogo, mas ela lutou para se recompor. ��� Nem

como meu pai.

Liam se moveu rapidamente, levantando-a e abra-

��ando-a, apesar da resist��ncia.

��� Me conte.

��� N��o era inten����o deles que eu nascesse ��� ela

desabafou. ��� Fui um acidente. Eles tiveram essa fa-

bulosa brecha em suas carreiras; havia uma fila de

pessoas querendo contrat��-los e a ��ltima coisa que

queriam era um beb��.

��� Mas voc�� est�� aqui ��� falou Liam calmamente.

��� Ent��o o desastre n��o pode ter sido t��o grande.

��� Publicidade negativa. Minha prima Belinda ou-

viu Vanessa conversando sobre isso com a tia Susan.

Ela ficava enjoada pela manh�� e todos no teatro sou-

R E G R A S DA P A I X �� O

141

beram que estava gr��vida. Se cogitasse a possibilida-

de de fazer um aborto, sairia em todos os jornais do

dia seguinte. A imagem de deusa iria por ��gua abai-

xo.

��� Ent��o ela foi adiante com a gravidez. Meu

Deus, me deram at�� o nome de Katharine, e as pes-

soas achavam o m��ximo.

��� Imagine se tivesse sido menino ��� falou Liam.

��� O preju��zo seria bem maior. Ser�� que o chamariam

de Pet, para abreviar?

��� Deus ��� ela falou, tentando rir. ��� Nunca pen-

sei sobre isso. Enfim, depois que Belinda me contou,

me recusei a continuar sendo Katharine com K, e tro-

quei para Catherine.

��� E para a gata solit��ria?

��� N��o. ��� Ela sorriu, sacudindo a cabe��a. ��� Isso

veio depois.

��� E o que seus pais falaram sobre a troca das ini-

ciais de seu nome?

��� Duvido que tenham notado. ��� Ela notou que

ele ainda a abra��ava, e se libertou gentilmente. ���

Meus tios cuidaram de mim e se preocupavam, eu sei.

Mas Vanessa e David nunca estavam por perto. Al��m

disso, o casamento estava come��ando a ter proble-

mas, tinham quest��es mais importantes a cuidar.

��� Isso �� question��vel ��� ele falou. E ficou em si-

l��ncio. ��� Eu os vi em uma pe��a quando era da es-

cola. Achei sua m��e a coisa mais linda que j�� tinha

visto.

Cat perguntou:

��� Mas ela n��o sabe que estamos... envolvidos?

142

S A R A C R A V E N

Ele olhou para ela.

��� Eu n��o falei.

��� Ent��o vamos manter assim. Fi��is ��s regras, pelo

menos quanto a isso.

��� Se ainda for o que voc�� quer.

��� Sim, claro ��� ela respondeu. ��� Voc�� conheceu

minha m��e por acidente, mas nada mais mudou.

��� Se �� o que diz. ��� Ele ficou em sil��ncio. ��� Tem

mais alguma outra solicita����o ou necessidade que eu

possa satisfazer? ��� Ele colocou as m��os sobre os

ombros dela, trazendo-a para perto. ��� S�� porque eu

estou aqui, e voc�� tamb��m ��� ele falou com a voz

mansa, descendo a boca at�� a dela. ��� Entende isso,

espero...

��� Mas voc�� falou que n��o veio aqui para isso ���

Cat lembrou, com o cora����o agitado por felicidade e

ang��stia.

��� Eu menti ��� ele falou suavemente, e come��ou a

beij��-la.

CAP��TULO 10

Setembro

Cat desligou o telefone e colocou-o na mesa ao lado

da banheira com um profundo suspiro de satisfa����o.

Liam tinha viajado h�� quase duas semanas, e seu in-

consol��vel corpo ansiou por ele a cada dia e a cada

noite da separa����o.

Ela levantou da banheira e come��ou a se acariciar

de forma mon��tona. Ent��o, entrou no quarto e retirou

a tampa de uma caixa azul e dourada que a esperava

em cima da cama.

O mensageiro de sempre a entregou mais cedo em

seu apartamento ��� o ��ltimo presente de uma s��rie

que Liam enviou nas ��ltimas duas semanas.

Cat perdeu o ar ao retirar a camisola da caixa. Era

um pouco mais que um lindo disfarce para seu corpo,

com al��as prateadas sustentando um pequeno corse-

lete que mal cobria seus seios, de onde ca��a a saia at��

o ch��o. E era exatamente a�� que a camisola pararia,

quando Liam desfizesse esses lindos la��os, constatou

sorrindo.

Seus silenciosos desejos de tr��s meses atr��s pare-

ciam ter sido atendidos. O desejo de Liam por ela n��o

tinha acabado. As horas que passavam juntos eram

marcadas pela entrega apaixonada de um ao outro.

144

S A R A C R A V E N

Mas toda a vida dele, longe dela, ainda permanecia

um livro fechado. Um livro que ela queria desespera-

damente abrir e ler.

Entretanto, isto provavelmente nunca aconteceria.

Ela esperava, depois do encontro com Vanessa,

quando ele revelou seu nome completo, que outras

revela����es fossem naturalmente feitas. No entanto,

n��o havia brechas no muro que ele construiu, e todas

as tentativas de Cat foram bloqueadas. De forma gen-

til, mas firme.

Ele n��o respondia a nenhuma indireta sobre novos

restaurantes de que ouviu falar, novos filmes que

gostaria de assistir e locais que queria visitar.

Na cama, era um amante completamente genero-

so, mas manter a vida como territ��rio proibido para

ela parecia muito conveniente.

Ela ficava imaginando qual seria a rea����o dele se

propusesse a renegocia����o do acordo. Mas n��o ousa-

va fazer isso, pois ele podia desistir. Poderia dizer a

ela o que tinha mais pavor: que n��o era a ��nica em

sua vida.

No entanto, isso n��o a impedia de procurar por ele,

constantemente e sem vergonha. Sempre que entrava

em um restaurante, procurava nas mesas, meio espe-

ran��osa e meio medrosa, caso ele estivesse l��, mas

acompanhado.

J�� tinha at�� mesmo investigado na lista telef��nica

os assinantes com sobrenome Hargrave, tentou ligar

para todos os listados, mas sem sucesso.

Bem, ela teve a id��ia do caso secreto, entretanto se

arrependia muito agora.

R E G R A S DA PAIX��O

145

Sem passado, sem futuro, apenas o prazer do mo-

mento, ela lamentava, sentindo um n�� na garganta. E

exatamente esta ang��stia que tentava desesperada-

mente evitar.

H�� muito tempo, ela notou que Liam tinha o poder

de mago��-la. Quando ela o viu com Vanessa, ficou

cega de ci��me, e at�� hoje imaginava o teor daquela

conversa impensada.

Ele nunca falou sobre isso e, mais surpreendente,

nem Vanessa, apesar de Cat estar encontrando com

ela regularmente. E considerando a rea����o da m��e ao

seu encontro com ele, Cat esperava que ela falasse de

Liam, desse alguma opini��o sobre ele pelo menos.

Mas ela n��o falou nenhuma palavra e, ent��o, decidiu

n��o tocar no assunto. Se Vanessa o conhecera e j�� es-

queceu, melhor assim.

Al��m disso, sua m��e estava totalmente envolvida

com os ensaios da pe��a. Outra situa����o complicada

para a qual Cat foi arrastada.

A rea����o inicial de seu pai �� not��cia de que sua ex-

mulher e sua atual amante fossem atuar juntas foi ex-

plosiva.

��� Por que diabos n��o a convence de desistir dis-

so? ��� ele perguntava a Cat.

��� Porque n��o �� da minha conta ��� ela retrucava.

Ele ficou furioso e falou que n��o tinha a menor in-

ten����o de desistir da produ����o.

Mas parecia que as previs��es de batalha n��o se

materializaram durante os ensaios, e seus pais vi-

nham se comportando com meticuloso profissiona-

lismo. Tudo era muito estranho.

146

S A R A C R A V E N

Por��m n��o haveria mist��rios naquela noite, muito

menos arrependimentos in��teis, ela ponderou, cla-

reando os pensamentos. Apenas o cont��nuo ��xtase da

possess��o de Liam.

Passou uma eternidade at�� ouvir a porta de baixo

sendo aberta.

Quando ele entrou, ela estava parada �� porta do

quarto, com a camisola transparente.

Por um minuto, ele ficou im��vel, ent��o seus olhos

verdes ficaram fumegantes de apetite em dire����o a ela.

Ele caminhou at�� ela, puxou-o com for��a, beijou

seus l��bios com uma forte urg��ncia.

��� Oh, Deus ��� ele murmurou, levantando a cabe-

��a com relut��ncia. ��� Tem id��ia do quanto �� linda?

Seus dedos foram direto para a al��as prateada, des-

fazendo o la��o.

��� Tem certeza de que n��o est�� cansado, depois do

v��o? ��� A voz dela era provocativa e seus olhos bri-

lhavam diante dele.

��� Cansa��o n��o �� nada. ��� Liam partiu para a se-

gunda al��a e observou a camisola escorregar por seu

corpo. Os dedos dele estavam frios quando come��a-

ram a acarici��-la, mas se aqueceram e excitaram to-

dos os locais tocados. O sorriso dele era um beijo.

��� Com sua ajuda, minha linda mulher, planejo fi-

car totalmente exausto.

Estava sonhando e sabia disso, caminhara sobre as

pedras de um antigo castelo. Liam estava na sua fren-

te e ela tinha que correr para continuar, mas o cami-

nho era irregular e seus p��s sempre escorregavam,

R E G R A S DA P A I X �� O

147

for��aram-na a voltar ao come��o. Ela era obrigada a

lutar para mant��-lo �� vista. Tentava cham��-lo, implo-

rar que esperasse, mas n��o sa��a nenhum som de sua

garganta. Quando ela virou na esquina, ele tinha par-

tido.

Cat acordou ofegante, procurando cegamente por

ele, mas a cama ao seu lado estava vazia. Ela se sen-

tou, olhando ao redor quase ferozmente, e viu que ele

estava perto da janela, olhando para uma profunda

escurid��o.

Ela ficou olhando para ele, sentindo-se estranha-

mente perturbada.

��� Liam? ��� ela chamou. Ele virou um pouco. ���

Algo errado?

��� Nada. ��� A voz dele era calma. ��� S�� n��o con-

sigo dormir. Mas n��o queria acord��-la.

Cat saiu da cama e foi at�� ele, deslizou os bra��os

por sua cintura e pressionou os l��bios em seus om-

bros nus.

Ela falou:

��� Querido, volte para a cama, por favor. N��o �� ri-

d��culo? Estava tendo um pesadelo.

��� Quer me contar? ��� A voz dele era gentil. Ele

pegou a camisa dele e a envolveu.

��� Eram ru��nas ��� ela falou. ��� Eu procurava

voc��, mas n��o conseguia achar.

��� Bem, estou aqui agora ��� ele falou, tirando os

cabelos do rosto dela. ��� Ent��o est�� tudo bem.

��� Esperava que estivesse, porque estava morren-

do de saudades ��� ela falou, hesitante. ��� Foi... uma

longa viagem.

148

S A R A C R A V E N

Ela esperava desesperadamente um convite para a

pr��xima vez. E sabia que essa seria a t��o esperada vi-

rada no relacionamento deles.

Mas tudo que ele falou foi:

��� Infelizmente, ��s vezes isso ter�� que acontecer.

��� Eu estava muito agitada? ��� ela perguntou, ten-

tando amenizar seu desapontamento. ��� Incomodei

voc��? Por isso acordou?

��� Tinha que pensar um pouco ��� falou Liam, de-

pois de uma pausa. ��� O meio da noite pode ser um

bom momento para isso.

��� Mas n��o apenas para isso. ��� Ela se aproximou,

encostou-se nele em oferta t��cita, confortada pela

resposta imediata e instintiva do corpo dele.

��� N��o ��� ele respondeu com a voz rouca. ��� N��o

apenas para isso, minha ador��vel bruxa. E ele a le-

vantou no colo, levando-a para a cama.

No fim, ele caiu em um sono profundo quase de

uma vez, mas Cat permaneceu acordada na escuri-

d��o, imaginando que pensamentos o levaram a ficar

assim. Certamente n��o eram bons pensamentos, pois

o olhar dele era quase assombrado. E tamb��m n��o era

nada comum.

Ela sentiu uma mudan��a no sexo, na ��ltima vez.

Apesar de o prazer proporcionado ter sido t��o intenso

quanto antes, ele parecia estar se afastando mental-

mente e emocionalmente de uma forma estranha.

Talvez esteja com preocupa����es no trabalho, ela

pensou. Talvez a viagem n��o tenha sido t��o boa

quanto esperava.

R E G R A S DA PAIX��O

149

Ela n��o esperava que ele compartilhasse seus pro-

blemas com ela, sejam quais fossem. Afinal de con-

tas, ainda n��o tinha id��ia sobre seu trabalho. Mas

mesmo assim era doloroso se iludir.

Andrew estava saindo da sala de reuni��o, quando

falou com Cat.

��� Voc�� viu o jornal de hoje? Tem uma reporta-

gem sobre sua m��e.

��� N��o ��� respondeu Cat. ��� O que diz?

��� Leia voc�� mesma. A coluna da fofoca.

Cat suspirou internamente quando ele saiu. Ainda

estava ruminando sobre a noite anterior, pois as

preocupa����es de Liam a atingiram. Normalmente,

adorava acordar ao lado dele, com risadas e ternura

temperando a dor de outra separa����o. Freq��entemen-

te Liam a ajudava a se vestir, fechando z��peres e bo-

t��es com m��os muito h��beis.

Mas hoje ele simplesmente tomou banho e se ves-

tiu, rapidamente e em sil��ncio. E seu beijo de partida

mal tocou o l��bio dela.

O amante passional que voltou para ela na noite

anterior pode estar perdido para sempre.

Devia haver algo s��rio na cabe��a dele, ela con-

cluiu. E agora tamb��m estava preocupada.

"Preciso saber", convencia-se. Mas como? Tentou

ligar para ele, mas o celular dele estava desligado. Na

realidade, era como se ele estivesse tentando se afas-

tar.

Quanto mais pensava, imaginando coisas, mais

desconfort��vel se sentia.

150

S A R A C R A V E N

Ent��o, a ��ltima coisa que queria era os problemas

de Vanessa. E suspirando, abriu o jornal na p��gina in-

dicada.

Um rosto especial far�� falta na noite de estr��ia

da linda Vanessa Carlton na pe��a Playwright in

Residence, em duas semanas.

Seu maravilhoso namorado, Gil Granger, foi

para a Calif��rnia, sem planos de retorno.

No entanto, Vanessa est�� se recuperando r��pi-

do do rompimento. H�� rumores de que j�� exista

um sucessor em vista.

Quando perguntada sobre a identidade do novo

caso, respondeu simplesmente "Sem coment��-

rios ".

Bem, refletiu Cat, era ��bvio desde o in��cio que Gil

e sua m��e mal combinavam. Mas isso n��o significava

que Vanessa apreciaria ser dispensada publicamente,

logo antes de a pe��a come��ar.

Ela imaginou que a hist��ria da substitui����o podia

ter sido criada pela pr��pria Vanessa, como uma ten-

tativa de livrar a pr��pria pele. E em seu lugar prova-

velmente teria feito o mesmo, admitiu.

Cat ligou para a casa dela. Vanessa atendeu de pri-

meira, soando muito ansiosa e muito alegre para

quem tinha levado um fora.

Mas ela mudou ligeiramente a voz quando viu

quem era.

��� Li a not��cia no jornal, queria saber se est�� bem

e dizer que sinto muito com rela����o a Gil.

R E G R A S D A P A I X �� O

151

��� N��o precisa ��� Vanessa estava claramente con-

tente. ��� Gil simplesmente durou mais do que deve-

ria, era hora de ele partir. Al��m disso, come��ou a se

desanimar por causa de Patric, estava achando tudo

isso muito triste.

��� Quem �� Patric?

��� O namorado de Gil, querida, que o emprestou

para mim ��� respondeu Vanessa. ��� Afinal de contas,

eu estava sem ningu��m e n��o podia voltar para c��

quando seu pai estava sendo visto com sua ninfeta. ���

Ela fez uma pausa. At�� mesmo seu pai foi enganado.

Falei a Gil que ele devia pensar em ser ator.

Ela fez uma pausa.

��� Querida, ainda est�� a��?

��� Sim ��� respondeu Cat. ��� Acho que sim. �� que

��s vezes voc�� me deixa sem ar. Como... vai fazer sem

Gil para acompanh��-la?

Ela podia ver o sorriso na voz da m��e.

��� N��o se preocupe, querida. Eu jamais o deixaria

partir se n��o tivesse outro peixe para pescar. Ent��o

espera com calma pois ainda n��o viu nada. E agora

preciso ir.

Cat estava confusa quando desligou. Outro peixe

para pescar. Ent��o o rep��rter n��o mentiu e Vanessa

estava envolvida com algu��m. E o que �� pior, ela pa-

recia quase satisfeita com isso.

De repente, e por nenhuma raz��o espec��fica, ela

teve medo.

Naquela noite, ligou para o pai.

��� Meu Deus ��� ele falou. ��� A que devo a honra?

152

S A R A C R A V E N

��� Pensei que pud��ssemos sair para comer ��� ela

sugeriu. ��� Que tal um almo��o amanh��?

��� Jantar seria melhor. Estamos ensaiando durante

o dia. Vou reservar uma mesa no restaurante Le Bon-

net Rouge para 8 horas. S�� para n��s dois. Sharine fi-

car�� estudando o ato 3.

"Opa", pensou Cat quando desligou. Isso n��o pa-

recia bom para a produ����o. Mas era ideal para suas

metas.

Ela desprezava o que estava fazendo, mas seu

medo aumentava como bola de neve e n��o havia ou-

tra forma de descobrir o que queria saber.

Se vestiu cuidadosamente para a ocasi��o, com um

vestido de crepe preto e n��o escondeu o rosto com

maquiagem, para dar a entender que n��o se importa-

va com nada e que dormia feito um beb�� a noite toda.

David j�� estava esperando na mesa quando ela che-

gou. Ele se levantou e deu um forte abra��o nela, en-

quanto as pessoas que o reconheciam cochichavam.

��� Voc�� est�� linda, querida.

��� E voc�� tamb��m. ��� E ela n��o estava falando a

verdade.

��� Tentei deixar a barba crescer para o papel, e

sinto dizer que estava grisalha. Foi um choque.

��� Mas a mam��e n��o parece ter envelhecido, nem

mudado nada.

Quando eles pediram a comida, ela perguntou so-

bre a pe��a e viu preocupa����o no rosto dele.

��� Estamos em uma pe��a complicada, mas tudo est��

indo bem. Sharine est�� se saindo muito bem agora.

Ainda tem problemas com o sotaque, mas gra��as ��s in-

sistentes interven����es e sua m��e, n��o precisar�� de uma

R E G R A S DA P A I X �� O

153

voz de coxia. Tamb��m n��o gosta do figurino, acha in-

c��modo. E o fato de ela ter uma ��tima substituta tam-

b��m n��o ajuda ��� ele continuou, com raiva. ��� Sharine

se sente realmente desmotivada com tudo isso.

��� Talvez a mam��e se sinta um pouco desmotiva-

da por Gil ter ido para os Estados Unidos.

��� Bem, n��o imagino por qu�� ��� o pai dela conti-

nuou. ��� O rapaz �� gay. E ela est�� vendo outra pessoa ocasionalmente h�� semanas.

��� Est��? ��� Cat tentou parecer casual. ��� Como ele ��?

��� Mais novo que ela, claro. Moreno, rico. N��o

prestei tanta aten����o. Por que pergunta?

��� S�� para saber, se ele for meu pr��ximo padrasto.

��� Ela fez uma pausa. ��� Ela pegou o buqu�� no casa-

mento de Belinda, lembra?

��� Uma supersti����o rid��cula.

��� Talvez ��� ela falou. ��� Talvez n��o. Ele �� bonito?

David estava olhando atr��s dela, com os olhos

apertados. E falou:

��� Bem, julgue voc�� mesma, querida. Ele e sua

m��e acabaram de chegar. Podemos ter um agrad��vel

almo��o familiar.

Cat colocou o copo na mesa calmamente, sentia-se

pronta para uma execu����o.

��� David. ��� Vanessa apareceu ao lado deles, sor-

rindo. ��� E minha ador��vel Cat. Que surpresa agrad��-

vel. ��� Ela virou para o jovem ao lado dela. ��� Que-

rido, voc�� se lembra da minha filha, n��o? E este, cla-

ro, �� David, meu diretor favorito. ��� Ela riu. ��� Da-

vid, este �� Liam Hargrave.

CAP��TULO 11

Cat congelou. Todos os seus medos mais terr��veis de

repente foram justificados, e o frio que sentia por

dentro atingia sua garganta, seu rosto.

Ela olhou para o rosto sem express��o de Liam. Ne-

nhum constrangimento, nem arrependimento. Assim

como nenhum desejo em seus olhos tamb��m, ou sau-

dade para ser amenizada. Somente uma discreta pru-

d��ncia.

Ele acha que posso gritar, ou desmaiar. Fazer uma

cena. Jogar vinho. Atacar com a faca...

��� Boa noite, srta. Adamson. Parece que sempre

nos encontramos em restaurantes.

Tr��s vezes, ela constatou tonta. A terceira vez �� a

da sorte, n��o �� o que dizem? E agora ela podia berrar.

Podia sentir-se desesperada, uma sensa����o quase in-

control��vel. Quase, mas n��o totalmente.

��� N��o se preocupe, sr. Hargrave. Posso garantir

que isso n��o vai mais acontecer. ��� E virou de costas.

Ela observou quando ele apertou a m��o do pai dela

como dois lutadores antes de uma luta mortal.

S�� que era ela quem estava morrendo.

Eu fiz isso, pensou. Porque tive medo, e precisava

saber disso. Tinha que descobrir. Ent��o tentei usar

meu pr��prio pai e fui punida por isso. Deus, como fui

punida.

��� Talvez possamos sentar todos juntos? ��� Va-

nessa olhava ao redor.

R E G R A S D A PAIX��O

155

"Oh, Deus, por favor, n��o."

��� Estamos no meio de nossa refei����o, Van ��� fa-

lou David, calmamente. ��� Talvez uma pr��xima vez.

��� Bem ��� ela falou. ��� Provavelmente tem raz��o.

��� Ela olhou para Liam, passando o bra��o pelo dele.

��� Querido, vamos para a nossa mesa.

Cat n��o olhou para ver para onde foram. Tudo ti-

nha que parecer normal. Ela comeu, ciente de que

David estava olhando para ela.

��� Voc�� o conhece, este Liam Hargrave?

��� J�� o encontrei ��� ela falou. ��� Mas n��o o conhe-

��o.

��� Hum. ��� Ele franziu mais a testa. ��� Esse a��

pelo menos parecer ter c��rebro. Talvez seja s��rio.

��� Muito provavelmente ��� respondeu Cat, sentin-

do-se enjoada.

Foi a refei����o mais dif��cil de sua vida. Deixou qua-

se tudo no prato e recusou sobremesa e caf��.

Ela queria sair dali. Queria ficar sozinha para gri-

tar seu desespero.

Felizmente, seu pai tamb��m n��o parecia disposto a

demorar e eles conseguiram pegar um t��xi.

Quase n��o conversaram e assim que chegou em

casa, Cat foi ao banheiro vomitar violentamente.

Mesmo com o est��mago j�� vazio, ainda sentia-se

mal, tonta e tinha l��grimas descendo por seu rosto.

"Liam e Vanessa".

N��o podia estar acontecendo. Deve ser outro pesa-

delo, e logo ela acordaria e ele a confortaria.

��� Estou aqui agora ��� ele diria, e se tivesse ouvi-

do adequadamente, devia ter escutado o aviso em

156

S A R A C R A V E N

suas palavras. Porque estaria dizendo que n��o era

para sempre.

Agora ele n��o ficaria mais com ela, mesmo tendo

sido o ��nico homem que amou.

"Finalmente eu admiti isso, agora que j�� n��o h��

mais esperan��a".

N��o foi uma epifania. Honestamente, sabia desde

o in��cio que ele era diferente, mas lutou contra isso

arduamente. Dizia a si mesma repetidamente que n��o

era amor, mas sexo que queria. O ato de fazer amor,

em vez de o ato de amar.

Duas pessoas acreditando confiantes a constru��-

rem uma vida juntas. E ela jogou a chance fora deli-

beradamente. Destruiu a felicidade de seu futuro com

as duas m��os. Porque n��o ouviu seu cora����o.

��� Eu n��o queria a verdade ��� ela sussurrava. ���

Queria a est��pida fantasia que inventei e agora n��o

tenho nada.

Ainda deu a Liam a chance de procurar em outro

lugar. Mas nunca, mesmo em seus piores momentos,

sonhou que escolheria Vanessa. A deusa de sua ju-

ventude, ela recordou. Ainda linda, ainda fascinante.

"Ele me falou que eu era linda", ela lembrou desolada. E apesar de saber que n��o era verdade, adorei

ouvi-lo falando.

Mas nunca me disse que me amava. Pelo menos

foi justo, apesar de isso n��o servir de consolo agora.

E eu tamb��m nunca disse que o amava.

Tantas vezes as palavras estiveram prontas, que-

rendo sair. Queria admitir que queria tudo dele, todo

o pacote, corpo e alma. Ser sua esposa, se ele qui-

sesse.

R E G R A S D A P A I X �� O

157

Mas isso faria diferen��a? Ou Vanessa ainda o teria

tomado, deixando-a reconhecer que se humilhou �� toa.

Talvez sofresse ainda mais do que agora.

Ela tirou a roupa e rastejou at�� a cama, abra��ando

o corpo tr��mulo.

Em algumas horas teria que se levantar, se vestir e

sair para trabalhar, fingindo que a vida n��o acabou e

conseguindo falar com todos. Porque o ��nico ombro

em que queria chorar era o de Liam. E ele n��o a que-

ria mais.

"N��o posso continuar pensando assim", ela dizia a si mesma, ou vou enlouquecer.

Tinha que come��ar a ser racional, pr��tica. Tinha

que se livrar de tudo que ele dera a ela, desde o come-

��o, ent��o apagaria o n��mero de seu telefone do celu-

lar e deixaria as chaves no apartamento.

Se comportaria bem, concluiu, e ele nunca saberia

o quanto foi dif��cil para ela. Ela podia se poupar des-

sa humilha����o.

Devia fazer com que ele acreditasse que o plano

era para valer. Que tudo que queria era uma rela����o

f��sica livre, e sem recrimina����es quando ela chegasse

ao fim.

E que ela n��o teve grande dificuldade de encontrar

algu��m para o substituir.

E se conseguisse, um dia, em um futuro distante,

talvez convencesse at�� a si mesma.

Ela queria parecer brava, mas logo notou que ir at��

o apartamento n��o era t��o f��cil. Ainda estava estacio-

nando e seu cora����o j�� galopava.

158

S A R A C R A V E N

Estava tentada a deixar as chaves na caixa de cor-

reio e correr, mas precisava entrar para dar uma ��lti-

ma olhada, caso tenha sido descuidada e esquecido

alguma coisa. J�� tinha acontecido algumas vezes nos

��ltimos meses, apesar de ela ter sido escrupulosa e le-

vado para casa tudo que sempre trazia.

Na realidade, perdeu um brinco depois da ��ltima

visita, h�� duas noites. N��o era particularmente valio-

so, mas um de seus favoritos.

Levaria apenas alguns segundos para olhar, pen-

sou Cat.

Ela destrancou a porta e entrou. S�� que o aparta-

mento n��o estava vazio. Liam estava sentado em um

dos sof��s e se levantou quando a viu, fitando-a.

O cora����o dela batia na garganta, em verdadeiro

choque.

��� Desculpe... Eu n��o sabia que podia estar aqui...

Vou embora.

��� Por qu��? ��� A voz dele era fria. ��� Voc�� deve

ter tido uma boa raz��o para voltar.

��� A melhor ��� ela falou. ��� Preciso deixar isso.

Ela estendeu as chaves e percebeu que ele poderia

toc��-la para peg��-las, o que seria impens��vel. Ent��o

ela colocou em cima da prateleira.

��� E queria dar uma olhada para ver se n��o esqueci

nada pessoal.

��� N��o esqueceu ��� ele respondeu. ��� J�� olhei e

n��o h�� rastros de voc��. ��� O olhar dele era amea��a-

dor. ��� As regras foram cumpridas �� risca. Como

sempre quis.

R E G R A S D A P A I X �� O

159

��� Mesmo assim ��� ela respondeu. ��� Gostaria de

dar uma olhada.

��� Fique �� vontade... mais uma vez.

N��o havia nenhum brinco no banheiro ou no quar-

to. Provavelmente ela o perdeu em um local total-

mente deferente.

Agora tinha que decidir como lidaria com a situa-

����o presente.

"Preciso manter a calma", pensou. Posso estar

quebrada por dentro, mas n��o posso deixar transpare-

cer. E posso fazer isso, pois preciso. N��o tenho alter-

nativa.

Quando ela voltou para a sala, Liam estava olhan-

do pela janela. Como ela hesitou perto da porta, ele se

virou e os dois se fitaram.

��� N��o se preocupe ��� ela falou. ��� N��o vou per-

guntar em que est�� pensando, ou se h�� um problema.

Porque n��o precisa. Est�� tudo perfeitamente claro.

Ela fez uma pausa.

��� Por que n��o falou na minha cara que tudo tinha

acabado na outra noite? ��� A voz dela ficou arrasta-

da. ��� Ou estava esperando para aproveitar sua parte?

Uma express��o mudou seu rosto, mas logo desapa-

receu, e quando ele falou seu tom de voz correspon-

dia �� indiferen��a dela.

��� Uma id��ia interessante ��� ele reconheceu. ���

Pena que nunca me ocorreu.

��� Tem certeza? ��� desafiou Cat. ��� S�� para cons-

tar, quando come��ou a encontrar Vanessa?

��� Isso realmente tem import��ncia? ��� Ele parecia

aborrecido. ��� E n��o �� de sua conta, certo?

160

S A R A C R A V E N

��� Sim ��� ela falou, conseguindo n��o recuar. ���

Realmente acho que faz diferen��a. Afinal de contas,

ela �� minha m��e.

��� Muito bem ��� ele falou. ��� Estamos nos vendo

desde aquele dia no restaurante. Isso satisfaz sua cu-

riosidade?

��� Est��o se encontrando aqui?

��� N��o ��� ele respondeu. ��� Ningu��m al��m de

voc�� veio aqui.

��� Que perda lastim��vel ��� ela falou. ��� Com todo

o local arrumado para... seja o que for. ��� Ela fez uma

pausa. ��� Len����is limpos na cama e toalhas limpas no

banheiro todos os dias. Total anonimato. Nenhum si-

nal de... mim aqui. ��� Ela n��o conseguiu falar "n��s".

E acrescentou:

��� Agora, voc�� pode continuar... a loca����o.

��� N��o ��� ele falou. ��� N��o vou manter o aparta-

mento.

��� Por que n��o?

��� Porque perdeu a utilidade.

��� Assim como todo o resto ��� ela falou claramen-

te.

��� E porque quero algo melhor para a mulher que

amo ��� prosseguiu Liam, como se ela n��o tivesse fa-

lado. ��� Quero fazer um lar com ela. Isso aqui n��o ��

um lar e nunca ser��.

��� Mas n��o era esse o prop��sito mesmo.

��� N��o ��� ele falou. ��� N��o era. E ele serviu ao

seu objetivo muito bem. Apesar de acreditar que n��s

dois sab��amos que ele poderia durar para sempre. ���

Ele parou. ��� N��o perguntei, claro, se voc�� quer man-

R E G R A S DA PAIX��O

161

ter o apartamento. Um local para perseguir sua exis-

t��ncia descompromissada ��� acrescentou.

��� Deus, n��o. ��� Ela conseguiu at�� rir.

Ela estava mentindo, pois o apartamento n��o esta-

va totalmente vazio. Ele tinha uma rede de imagens.

A maioria era ��ntima. Todas eram perturbadoras.

As roupas deles espalhadas pelo ch��o, ela lem-

brou. Liam na cama, bebendo vinho com ela na mes-

ma ta��a. Ele olhando com sensual aprecia����o en-

quanto ela se despia para ele. Acima de tudo, o pr��-

prio Liam, nu. Aquele corpo precioso e adorado que

nunca mais tocaria.

Aquelas imagens a assombrariam para sempre, re-

cordou, engasgada. Assim como o tom de sua voz, o

calor de sua pele e seu cheiro peculiar.

��� N��o ��� ele falou. ��� Tem raz��o. N��o tem nada.

�� precisamente por isso que pretendo desistir e en-

contrar outro local. Um local a que possa dar vida,

com a minha mulher.

��� Que aconchegante - afirmou Cat, desejando

feri-lo tanto quanto estava sendo ferida. ��� Mas espe-

ro que n��o esteja planejando virar um rapaz de fam��-

lia. N��o sei se a minha m��e pode lidar com isso.

��� Ao contr��rio ��� ele falou, friamente. ��� Ela se-

ria perfeitamente capaz de ter outro filho, se quisesse.

Mulheres mais velhas do que ela fazem isso o tempo

todo.

"N��o", ela gritou silenciosamente. "N��o pode dizer isso, n��o pode nem pensar nisso. Porque sou eu

que devo ter os seus filhos, ningu��m mais. Qualquer

162

S A R A C R A V E N

mudan��a seria obscena. S�� eu, ningu��m mais, ou

como poderei suportar isso?"

��� Meu Deus ��� ela falou. ��� Quer dizer que isso

realmente foi discutido?

��� Falamos sobre v��rias coisas.

��� Posso imaginar. ��� Ela hesitou. ��� Ela sabe dis-

so tudo? ��� Ela gesticulou ao redor. ��� Contou a ela

sobre n��s, sobre o acordo?

��� Quer que eu conte?

��� N��o ��� ela respondeu. ��� N��o vejo necessidade

disso. Fomos discretos e mantivemos tudo em segre-

do, ent��o vamos continuar assim.

��� Concordo com seu julgamento ��� falou Liam.

caminhando at�� a prateleira e pegando as chaves. ���

Algo mais? Ou podemos dar isso por encerrado?

��� N��o me lembro de mais nada. ��� Cat virou a ca-

be��a, deixando os olhos percorrerem lentamente o

corpo dele. ��� A n��o ser que fantasie um ��ltimo en-

contro, claro ��� ela acrescentou, mantendo o tom de

piada. ��� A cama est�� esperando. Pod��amos nos des-

pedir em alto estilo.

Se isso n��o o convencer de que tudo que queria

dele era sexo, nada convencer��.

��� Obrigado ��� ele disse, educadamente, sem pra-

zer nos olhos. ��� Mas estranhamente, prometi a mim

mesmo que quando encontrasse a mulher que queria

como esposa eu a amaria e permaneceria fiel a ela

para o resto da minha vida. Mas eu agrade��o a oferta.

��� Ent��o... seja feliz. ��� Ela manteve a voz firme

com um esfor��o sobre-humano. ��� E obrigada pelas

lembran��as.

R E G R A S DA P A I X �� O

163

��� Adeus, Catherine.

Ela saiu do apartamento de cabe��a erguida. S��

quando entrou no carro e trancou as portas permitiu a

agonia que sentia transbordar, enquanto suspirava:

��� Eu o perdi para sempre.

Todas as manh��s ela se pintava como uma artista,

tentando recriar uma mo��a chamada Cat Adamson,

treinada para viver sem amor e casamento. Algu��m

que insistiu em ser independente e agora estava preso

a isso.

Algu��m que ria e conversava com os clientes,

como se fosse realmente importante. Que conseguia

esconder o fato de estar morrendo por dentro.

Al��m da cont��nua ang��stia de perder Liam, os te-

lefonemas de Vanessa eram o problema mais dif��cil

de Cat lidar. Elas poderiam n��o ter uma perfeita rela-

����o de m��e e filha, mas tinha come��ado a tentar a ser

amigas. Agora, Cat tinha que ficar na defensiva sem-

pre que elas conversavam, esperando o nome de

Liam ser mencionado, pronta para ser evasiva.

N��o que ela o citasse com freq����ncia, e quando

ocorria, Vanessa o fazia quase com casualidade,

como se ele fosse apenas uma parte aceit��vel de sua

vida.

No entanto, ela parecia bem mais preocupada com

a pe��a e as dificuldades que Sharine poderia causar

na estr��ia.

��� Ela congelou quatro vezes em cena ontem ��

noite ��� falou Vanessa irritada durante uma con-

versa.

164

S A R A C R A V E N

��� Como papai est�� lidando com isso tudo? ��� per-

guntou Cat, intrigada.

��� Com surpreendente toler��ncia ��� respondeu

Vanessa. ��� Voc�� vai na noite de estr��ia, n��o queri-

da? Pode assistir quando nos vaiarem no palco.

��� N��o tenho certeza ��� respondeu. ��� Tenho tra-

balhado at�� tarde.

��� Ah, mas deve ir. Precisamos de rostos amigos

na plat��ia. Al��m disso, haver�� uma festa depois, en-

t��o vou deixar um ingresso para voc��. Vou trabalhar,

querida.

Cat suspirou ao desligar. Nunca compareceria ��

festa, mas independentemente da desculpa que fosse

usar, seus pais ficariam decepcionados se ela n��o fos-

se �� estr��ia.

Acho que n��o tenho alternativa, conjeturou.

Mas quando a noite da quinta-feira chegou, ela

ainda estava plantada �� sua mesa, indecisa.

��� Oh, est�� aqui. Excelente. ��� Andrew apareceu

atr��s dela. ��� Tenho not��cias boas, para variar.

��� Fomos sondados pela cadeia de hot��is Durant.

Pequenos, cl��ssicos e exclusivos, voc�� sabe. Nos pe-

diram para fazer um projeto. ��� Ele assobiou. ��� Cat,

se conseguirmos, vai ser uma inje����o de ��nimo. ���

Ele fez uma pausa. ��� J�� ficou em um hotel Durant?

��� Sim ��� falou Cat lentamente. ��� A recep����o de

casamento da minha prima foi em um deles, no Ans-

cote Manor.

��� E ?

��� Havia algumas tranqueiras na recep����o, mas o

restante me pareceu ador��vel. N��o vejo necessidade

de melhoria.

R E G R A S D A P A I X �� O

165

��� Bem, a diretoria do Durant claramente n��o con-

corda ��� falou Andrew, animado. ��� Porque o Ans-

cote Manor �� o primeiro da lista de reforma, e quero

que v�� fazer uma visita semana que vem.

Cat ouviu, desanimada.

��� Outra pessoa pode fazer isso? Estou meio... ato-

lada.

��� Cat, precisamos deste contrato. Pode ser muito

bom para n��s. Alem disso, pediram voc��. Ficaram

muito satisfeitos com seu trabalho no London Phoe-

nix ano passado.

��� O London Phoenix tinha sido um hotel, e foi

praticamente destru��do. Qualquer coisa pareceria

melhoria.

��� Ent��o, ser�� um passeio no campo ��� falou An-

drew. ��� E voc�� j�� n��o deveria ter ido? Pensei que

fosse ao teatro.

��� Sim ��� Cat falou. ��� Preciso ir.

Ela chegou bem na hora. As luzes j�� estavam sen-

do apagadas quando caminhava na primeira fileira,

em busca de seu assento. Mas n��o estava escuro o su-

ficiente para reconhecer seu vizinho e parar no cami-

nho, sem ar.

��� Boa noite ��� cumprimentou Liam.

��� Isso �� algum tipo de piada? ��� perguntou Cat.

��� Claro que n��o. ��� Sua voz era impaciente. ���

Devia saber que eu estaria aqui hoje. Isso �� um pro-

blema para voc��?

Se ela dissesse que sim e sa��sse andando, ele sabe-

ria o quanto era importante para ela, e qualquer pe-

166

S A R A C R A V E N

quena vantagem que tivesse ganho no ��ltimo encon-

tro seria aniquilada.

Por outro lado, a id��ia de continuar longe de um

toque dele era seu maior pesadelo.

��� Sugiro que sente ��� ele continuou. ��� As corti-

nas j�� ser��o abertas, e anunciaram uma mudan��a na

programa����o. Mary Fitton agora ser�� representada

por Jana Leslie.

A substituta, raciocinou Cat, enquanto se sentava

silenciosamente mantendo os cotovelos ao seu lado e

deixando os joelhos colados um no outro para reduzir

a possibilidade de contato.

Conforme o tempo passou, Cat come��ou a relaxar

e a gostar da pe��a. Ela podia ver exatamente por que

seus pais optaram por fazer isso, sem deixar que a

briga pessoal interferisse. Apesar do turbilh��o que

sentia internamente, Cat conseguiu rir bastante.

A substituta Jana Leslie era uma linda mo��a natu-

ralmente morena. Se estava nervosa, n��o deixou

transparecer.

��� Acho que as estrelas nascem estrelas ��� comen-

tou Liam quando as cortinas desceram para o inter-

valo.

��� Pode ser. Eles comentaram por que Sharine n��o

entrou em cena?

��� N��o ��� ele respondeu. ��� Suponho que o resto

do elenco a tenha assassinado. ��� Ele fez uma pausa.

��� Pedi vinho branco para voc�� no bar. Espero que

seja sua escolha.

Ela olhou para ele, incr��dula.

��� Quer dizer que sabia que eu vinha?

R E G R A S DA PAIX��O

167

��� Certamente esperava que viesse ��� ele falou. ���

N��o queria que Vanessa ficasse desapontada. Voc��

vem tomar o drinque?

��� N��o ��� falou Cat. ��� Obrigada. Prefiro ficar

aqui.

��� Como quiser. ��� Ao sair, ele ro��ou ligeiramen-

te nela e Cat estremeceu.

O teatro parecia estar esvaziando rapidamente,

pouca gente ficava nos assentos. Como filha de Va-

nessa e David, seria notada. Ela ficou sentada por um

momento, tensa, e se levantou para segui-lo.

Ela se uniu a ele no bar.

��� Desculpe, fui grosseira. ��� Ela ensaiou um sor-

riso. ��� Devo estar cansada.

��� Bem, acontece. ��� Ele pegou as bebidas e pas-

sou o vinho a Cat.

��� A pe��a est�� ��tima, n��o? ��� Ela olhou ao redor,

assentindo. ��� E eles est��o se divertindo. Meus pais

sempre falam que podemos julgar pela rea����o das

pessoas no intervalo, e todos est��o conversando e rin-

do. ��� Ela respirou fundo. ��� E Vanessa �� brilhante.

Pode dizer isso a ela, por favor?

��� Por que voc�� mesma n��o fala?

Ela percebeu que ele a olhava por cima do copo e

corou.

��� Porque n��o vou �� festa.

��� Ah ��� ele falou. ��� Ainda se recolhendo solit��-

ria. �� sua especialidade, n��o �� Cat?

��� Mesmo se fosse verdade ��� ela falou ���, n��o ��

mais de seu interesse. ��� Ela levantou a ta��a. ��� Aos

dias felizes.

168

S A R A C R A V E N

��� Sem contar com as noites ��� ele falou suave-

mente, e bebeu.

Ela costumava pensar como seria ir ao teatro com

ele, beber junto com ele em p��blico. Bem, agora sa-

bia, e era uma droga.

��� Acho que n��o estou com sede ��� falou. ��� E

vou pular o segundo ato, se n��o se importar.

��� N��o quer descobrir o que acontece?

��� Sei como termina ��� falou Cat. ��� Infelizmen-

te, como muitas coisas na vida, sou boa de finais.

Quando ela virou para ir embora, ele colocou a

m��o no bra��o dela.

��� Cat. ��� A voz dele de repente mudou, ficou

mais firme e urgente. ��� Cat, n��o v��. N��o assim. Pre-

cisamos muito conversar.

E l a recuou, se libertando, desconsiderando os

olhares surpresos e inquisit��rios ao seu redor.

Falou em voz baixa, pulsando de raiva:

��� N��o me toque. N��o ouse me tocar. Porque estou

irritada com voc��, agora e sempre, e j�� conversamos

o suficiente.

Ela parou e levantou o queixo.

��� Realmente espero que d�� tudo certo entre voc��

e minha m��e. Mas n��o espero convite para o casa-

mento e nunca me pe��a para cham��-lo de papai.

CAP��TULO 12

Choveram cr��ticas sobre a pe��a naquela semana,

enaltecendo a nostalgia da antiga m��gica de Carlton

e Adamson. David e Vanessa deram um golpe certei-

ro, e a carreira de Jana Leslie foi lan��ada.

Cat tinha que ficar contente por todos. Ficava con-

tente por ningu��m ter testemunhado o drama paralelo

do bar.

N��o era o ��nico membro da fam��lia a sofrer uma

desilus��o amorosa. Seu pai estava solteiro nova-

mente.

Era ir��nico, pensou. A pe��a era um tremendo su-

cesso, mas foi um triunfo que custou a felicidade de

David e Sharine.

Sharine teve um ataque de p��nico na noite de es-

tr��ia, e a substituta vinha desempenhando seu papel

desde ent��o. Ela voltou para a Calif��rnia, esperando

que David a acompanhasse.

Mas ele n��o foi com ela. A vida imitando a arte. O

teatro venceu no final. Seu pai n��o abandonaria um

papel t��o bom, especialmente com tanto sucesso.

Por��m ele teve que pagar um tributo pelo caso com

Sharine. Desde que ela se foi, sua tristeza era palp��-

vel.

Nem queria falar sobre isso, o que n��o era t��pico

dele, que adorava um drama mesmo fora do palco.

170

S A R A C R A V E N

��� Deixei que fosse ��� ele falou a Cat um dia, no

almo��o. ��� Deixei que fosse e agora a perdi. Perdi to-

das as esperan��as. Como pude ter sido t��o tolo?

��� Pai. ��� Ela colocou a m��o gentilmente sobre a

dele, sentindo uma dor t��o profunda quanto a sua,

mas ele se reanimou instantaneamente, mudando de

assunto.

Pessoalmente, Cat achava que David tinha sorte

por escapar, mas n��o podia dizer isso a ele. Seria

muito cruel. Ele envelheceu visivelmente, e nunca o

vira t��o melanc��lico. Ela detestava isso, apesar de ter

percebido que sua tristeza proporcionou mais profun-

didade �� interpreta����o.

Vanessa, por outro lado, era pura serenidade quan-

do Cat foi v��-la. Parecia estar flutuando, enquanto ela

sofria.

Vinha fazendo pesquisas sobre a possibilidade de

morar e trabalhar no exterior. N��o queria ir, mas ficar

e ver Liam e Vanessa juntos, fingindo indiferen��a,

seria imposs��vel.

Ent��o, o Anscote Manor poderia ser seu ��ltimo

projeto na empresa, e um projeto que n��o queria fa-

zer.

O dia estava nublado e chuvoso quando Cat foi ao

Anscote Manor. De certa forma, preferia assim, pois

o c��u azul e ensolarado traria ainda mais lembran��as

tristes.

Ela devia procurar a srta. Trevor, uma esp��cie de

gerente executiva da cadeia Durant.

R E G R A S D A P A I X �� O

171

Talvez seja bom para mim psicologicamente, ela

refletiu, enquanto estacionava. Se eu mudar o local,

ele pode se desligar desse meu perigoso sonho ro-

m��ntico. Um primeiro passo para minha reabilita����o

emocional.

Sabia que deveria esquecer Liam. Que devia tir��-

lo totalmente da cabe��a. E queria isso. Queria ser ca-

paz de conseguir, pois n��o precisava da infelicidade

com que acordava todas as manh��s, ou o grande espa-

��o de solid��o em sua cama, �� noite.

Mas tudo parecia conspirar contra ela.

Sua rela����o com a m��e parecia coloc��-lo na porta

de entrada de seu subconsciente e n��o havia como fu-

gir, porque Vanessa falava sobre ele com freq����ncia.

Era apenas uma quest��o de tempo, certamente, an-

tes de a imprensa falar sobre esse novo caso de Va-

nessa Carlton, dando o relat��rio completo, inclusive

com fotos.

Outra dificuldade para seu pai tamb��m. Ele sem-

pre pareceu se recuperar mais rapidamente das de-

press��es, mas n��o havia sinal de outra mo��a desde

que Sharine partiu.

Toda noite ele ia do teatro para casa.

Sua ��nica vida social era almo��ar com Cat.

E, ao mesmo tempo, ela tinha os pr��prios proble-

mas...

Ela ajeitou os ombros, respirou fundo e caminhou

para o hotel, para a sala de confer��ncias. As portas es-

tavam abertas e havia uma mo��a l��, batendo o p�� im-

pacientemente, como se Cat estivesse atrasada, o que

n��o era verdade.

172

S A R A C R A V E N

��� Sita. Trevor, sou Catherine Adamson. ��� E fi-

cou em sil��ncio ao perceber que j�� tinha visto a mo��a

em algum lugar.

Meu Deus, pensou. �� a morena que vi com Liam

no Mignonette.

E de repente o sal��o ficou mais frio.

Mas se a srta. Trevor reconheceu Cat, n��o deixou

transparecer. Simplesmente apertou a m��o dela for-

malmente.

��� Vou fazer a introdu����o ��� ela anunciou. ��� Mas

voc�� lidar�� diretamente com nosso diretor. Ele est��

muito interessado neste projeto especificamente, e

certamente tomar�� as decis��es finais quanto a contra-

ta����es.

Cat sentou, abrindo sua pasta com um forte pres-

sentimento. Tinha que responder com observa����es

positivas e educadas, e sabia disso, mas seu c��rebro

parecia ter parado de funcionar. Porque a menos que

tivesse totalmente paran��ica, sabia exatamente quem

entraria na sala de reuni��o em seguida. E de repente

suas m��os ficaram suadas e seu corpo, tr��mulo.

��� Aparentemente sua empresa veio muito bem in-

dicada ��� a srta. Trevor parecia em d��vida. ��� Mas a

cadeia Durant �� muito exigente.

��� Sei disso ��� falou Cat, mantendo a calma pro-

fissional. ��� J�� passei a noite aqui uma vez ��� falou.

��� Minha impress��o geral foi boa.

De tr��s, Liam falou:

��� Somente no geral? Em que aspecto julgou que

n��o a atendemos bem, srta. Adamson?

R E G R A S DA PAIX��O

173

Ela n��o olhou para tr��s. Parecia estar colada na ca-

deira, ao atestar tudo o que previa.

��� Foi erro humano ��� ela respondeu. ��� E n��o a

decora����o do hotel. O sistema de computador que-

brou, resultando na quebra de sigilo dos dados.

��� O sistema foi alterado ��� ele falou. ��� Espero

que se sinta mais segura.

��� Estou aqui como consultora de design e n��o

como h��spede.

A srta. Trevor inspirou ligeiramente. Certamente

n��o achou a resposta adequada.

��� Devo levar a srta. Adamson para um tour nos

quartos principais? ��� ela perguntou. ��� Explicar a

vis��o da diretoria a ela?

��� Acho que a srta. Adamson j�� sabe o que est�� en-

volvido ��� retrucou Liam. ��� E estou aqui, Sandra,

posso continuar. Talvez pudesse pedir caf�� para n��s.

��� Para mim n��o precisa ��� reclinou Cat. Ela se le-

vantou lentamente, encarando Liam em desafio. ���

Tem certeza sobre esse projeto de reforma, sr. Har-

grave? Eu pensei que o hotel tinha sido redecorado

recentemente.

��� Meu nome �� Durant ��� falou Liam. ��� Hargra-

ve �� meu nome do meio.

��� Desculpe ��� ela falou severamente. ��� Fui mal

informada.

��� N��o se preocupe. Esses erros acontecem. ��� Ele

fez uma pausa. ��� E quanto �� decora����o, apesar do

que foi feito, sinto que alguns quartos ainda est��o

fora do padr��o. Podemos dar uma olhada?

Ele virou para a srta. Trevor.

174

S A R A C R A V E N

��� Sandra, venha conosco e tome notas para que

n��o haja desentendimentos. Pensei em come��ar com

o restaurante e depois passar para um quarto comum.

O quarto 10, por exemplo.

Cat pegou a pasta e todos os pap��is ca��ram no ch��o

em cascata. Mas pelo menos o esfor��o para peg��-los

explicava o rubor em seu rosto.

Precisava recuperar terreno de alguma forma, ape-

sar de saber que a possibilidade de conseguir o con-

trato do Durant ser lorota, sabia disso. Mas o que o te-

ria levado a criar uma situa����o rid��cula como essa?

��� Alguma raz��o espec��fica para escolher este

quarto? ��� ela perguntou.

��� Quero garantir que todos os h��spedes saiam da-

qui com ��timas lembran��as. N��o tenho certeza se o

quarto 10 cumpre este papel para todos.

��� Mas talvez a m��dia dos h��spedes n��o seja t��o

exigente quanto voc��.

��� O tipo de h��spede no qual penso n��o faz parte

da m��dia. Eu o classificaria como altamente exigen-

te.

��� Tenho certeza que a cadeia Durant pode lidar

com eles ��� ela respondeu friamente, tentando man-

ter o humor e controlar a dor ao mesmo tempo. Cat

parou. ��� Quer que eu seja honesta, sr. Durant?

��� Eu adoraria ��� ele respondeu. ��� Essa qualida-

de �� muito rara nos dias de hoje.

Ela ignorou Sandra Trevor, parada diante dela bo-

quiaberta. Olhou para Liam, com o queixo erguido.

��� Acho que o Anscote Manor est�� ��timo desse

jeito. N��o acredito que precise de reforma e nem

R E G R A S DA P A I X �� O

175

voc��. E como n��o estou interessada em brincar, vou

voltar para Londres agora mesmo. Mas n��o se preo-

cupe. N��o vou cobr��-lo pelo meu tempo perdido.

��� Ao contr��rio, estou falando s��rio, mas n��o con-

segui esclarecer minhas aspira����es. ��� Ele virou para

a outra mo��a. ��� Poderia nos deixar sozinhos, San-

dra, enquanto converso com a srta. Adamson e mos-

tro a ela o local?

��� N��o h�� necessidade ��� disparou Cat. ��� Este

tipo de projeto n��o interessaria minha empresa, de

qualquer forma, ent��o n��o h�� nada a ser dito. Quanto

ao quarto 1 0 , sugiro uma vis��o minimalista. Tudo

pintado de branco, suave e f��cil de esquecer. Agora,

com licen��a. ��� E ela virou, com a cabe��a erguida,

voltando para as escadas.

Quando chegou no carro, estava tremendo. Mas

ele n��o a seguiu, constatou quando colocou a chave

na igni����o. Pelo menos isso.

Ela socou o volante. O que ele fez era imperdo��-

vel. Estava irritando Cat deliberadamente, for��ando-

a a visitar um territ��rio que deveria ser esquecido. E

foi a presen��a de Sandra que a impediu de dizer isso,

e de cham��-lo de cr��pula.

Que jogo era esse, fazer com que ela fosse at�� l��

para que se lembrasse de como as coisas eram entre

eles? Ele realmente pensava que ela podia esquecer?

N��o sabia como ela se sentiria, ou n��o se importava?

"Oh, Deus, como ele podia fazer isso?", ela se perguntava, lutando contras as l��grimas.

176

S A R A C R A V E N

Porque n��o eram apenas as emo����es dela que esta-

vam envolvidas. Andrew se animou, a empresa preci-

sava muito do trabalho.

Al��m disso, onde ficava Vanessa? Provavelmente

confiava em Liam, em seu compromisso com ela.

Sua m��e claramente acreditava que tinha encon-

trado o amor. Ent��o, como se sentiria ao saber que o

homem que amava inventou um pretexto para encon-

trar a amante anterior, se satisfazendo com esse tipo

de brincadeira sexual?

Se ela tivesse ido ao quarto 1 0 , ele ficaria apenas

nas palavras? Ou se livraria de Sandra Trevor para os

dois come��arem a transar?

O corpo dela estremecia diante da lembran��a da

boca dele sobre a dela, das m��os dele tocando sua

pele, excitando-a. E ela se desprezou por isso. Porque

ele n��o era mais dela para que o desejasse. Tinha es-

colhido Vanessa e n��o permitiria que sua m��e fosse

ferida porque ele queria brincar com um antigo brin-

quedo.

Eu o odeio, pensava, engolindo as l��grimas. Mas

ao mesmo tempo, n��o posso deixar de am��-lo, e sei

que nunca deixarei. Ele tem a mim, de corpo, alma e

cora����o. Como isso pode ser t��o louco?

Agora tenho que voltar para Londres e dar a m��

not��cia a Andrew.

Ela suspirou e deu a partida no carro, e sabia que,

apesar de tudo, n��o diria uma palavra a Vanessa.

Em vez disso, se manteria afastada de Liam Har-

graves Durant.

R E G R A S DA P A I X �� O

177

O m��ximo poss��vel. E por quanto tempo fosse ne-

cess��rio.

Quando a luz para afivelar os cintos de seguran��a

foi acesa, Cat guardou seus pap��is e suspirou. O co-

mandante dizia que era um perfeito dia de outono em

Londres, o que significava que provavelmente senti-

ria frio, especialmente depois de tr��s semanas em

Santa L��cia.

Mas ao mesmo tempo, estava feliz por ter voltado.

Relaxou bastante, nadou e mergulhou em um mar

perfeito. Passou v��rios dias maravilhosos fazendo tu-

rismo.

Parecia bem, e se sentia bem. E o melhor, estava

pronta dominar a vida novamente.

N��o estava curada de Liam, admitia com dureza.

Agora, sabia que n��o seria assim t��o f��cil. Ele ainda

fazia parte de seus sonhos com muita intensidade.

Mas sempre que ele aparecia em sua mente, ela tenta-

va bloque��-lo, se concentrar em algo diferente, com

determina����o. Somente o tempo diria se o efeito seria

permanente, mas ela s�� podia esperar.

Claro, se o caso de Liam com Vanessa tivesse ter-

minado enquanto esteve fora, ele podia sair de sua

vida de uma vez.

Seria o final perfeito das f��rias perfeitas, engana-

va-se, ignorando o primeiro n�� de seu est��mago.

N��o era sua inten����o tirar f��rias.

Depois da viagem para o Anscote Manor, passou

toda a viagem para Londres preocupada em como ex-

plicaria a Andrew que n��o conseguiu o contrato com

178

S A R A C R A V E N

o hotel Durant. E que desculpa daria para seu com-

portamento amador diante de um cliente em poten-

cial.

Para seu al��vio, ele n��o considerou seu pedido de

demiss��o.

��� As coisas v��o melhorar ��� ele falou. ��� Confio

no meu instinto. Errei ao colocar o Durant nas suas

m��os, quando j�� estava sobrecarregada. Voc�� apa-

renta estar cansada, querida, e eu j�� devia ter feito

algo a respeito. Tire umas f��rias em uma ilha paradi-

s��aca.

��� Sim ��� ela concordou. ��� Vai ser bom sair um

pouco. Preciso espairecer.

A todos que perguntassem, ela diria que se diver-

tiu muito, fingindo que n��o se incomodou de ficar so-

zinha em um local cheio de casais.

Quando ela entrou em casa, sua secret��ria eletr��-

nica estava cheia de recados. Apenas um deles exigia

aten����o imediata, e era de sua m��e.

Vanessa respondeu de primeira.

��� Querida ��� falou. ��� Finalmente voltou. Que

maravilha! Se divertiu?

��� Sim ��� concordou Cat. ��� O lugar �� maravilho-

so. ��� Ela parou por um instante, percebendo que o

tom animado de sua m��e n��o tinha nada a ver com

sua volta. ��� Como est��o as coisas?

��� Maravilhosas. Acho que nunca fui t��o feliz. ���

Ela diminuiu o tom de voz. ��� O que far�� ��s 10 da

manh��, depois de amanh��?

��� Acho que vou lavar roupa. E fazer faxina. Por

qu��?

R E G R A S DA P A I X �� O

179

��� Porque gostaria que fosse minha madrinha.

Os olhos de Cat se encheram de l��grima. Ela caiu

de joelhos.

��� Voc�� falou... madrinha?

��� Sim, querida. Vou me casar e naturalmente

quero que seja uma de minhas testemunhas. Aceita?

��� Casar? ��� repetia Cat, incr��dula. ��� Quando de-

cidiu isso?

��� H�� cerca de duas semanas. Ah, querida, �� ina-

credit��vel. Nunca pensei que pudesse ser t��o feliz,

n��o depois de tanto tempo.

O sofrimento de Cat estava tirando seu ar, sua ca-

pacidade de falar. Sabia que esta era uma possibilida-

de, mas agora era uma cruel realidade.

��� Catherine? Cathy, est�� a��? ��� perguntou Va-

nessa.

��� Sim. Estou feliz por voc��, mam��e, mas tem cer-

teza de que precisa se apressar tanto?

��� Me apressar? Ao contr��rio, estava com medo

de que deixasse passar. Que deixasse para ficar muito

tarde. Sei que deve ser um choque para voc��, querida,

mas prometa que vir��.

A voz de Cat soava estranhamente calma.

��� Realmente n��o sei o que dizer. Afinal de con-

tas, o noivo pode n��o ficar contente em ver sua filha

crescida.

��� Mas que coisa sem sentido. Claro que n��s dois

queremos voc��. Voc��, acima de todas as pessoas. ���

Ela suspirou. ��� Apesar de Liam ter dito que prova-

velmente n��o iria.

180

S A R A C R A V E N

Cat se endireitou. Ele a estava desafiando a v��-lo

se casar com sua m��e. Na realidade, estava dizendo

que ela n��o teria peito de enfrentar a situa����o.

E estava certo. Preferia sair correndo, chorando,

do que ser testemunha desse casamento, mas para seu

amor-pr��prio, tinha que provar que ele estava errado.

Ou jamais conseguiria encar��-lo em outras circuns-

t��ncias.

��� Ele est�� errado. Ficarei honrada em ser sua ma-

drinha. O que quer que eu vista?

��� Bem, vou estar de terno creme. Que tal o lindo

vestido turquesa que usou no casamento de Belinda?

��� Muito bem ��� falou Cat suavemente, sentindo

uma enorme dor. ��� Se �� o que quer.

��� E nada de presentes de casamento ��� ela falou.

��� Isso seria rid��culo. Ser�� uma cerim��nia simples

para declararmos nosso amor um ao outro. Sei que ��

rid��culo, mas j�� me sinto nervosa. Ligo amanh��, que-

rida, para resolvermos os detalhes.

Cat tentou se levantar, mas suas pernas estavam

bambas. Ela sentia-se enjoada.

Estava t��o orgulhosa de si mesma quando chegou.

Chegou a pensar que poderia reconstruir a vida.

Bem, agora sabia. Sempre que ouvisse falar nele,

seria uma tortura.

Ela o amava mais do que a pr��pria vida, mas n��o

podia t��-lo, pois em seu orgulho e sua estupidez, nun-

ca falou como se sentia. Agora era tarde demais.

Porque em dois dias ela teria que ficar entre ele e

Vanessa, e sorrir, fingindo que n��o estava morrendo

por dentro.

R E G R A S DA PAIX��O

181

��� Como estou? ��� Vanessa perguntava pela en��-

sima vez.

��� Est�� linda ��� falava Cat, sentada ao seu lado no

t��xi. ��� Muito linda. Seu... marido ficar�� muito orgu-

lhoso.

De repente, Vanessa chorou, pegando a m��o de

Cat e apertando-a convulsivamente.

��� Obrigada por isso, querida ��� sussurrou. ��� Sei

que n��o mere��o, pois fui uma m��e relapsa. Cometi

tantos erros, e agora parece que estou sendo perdoada

por todos eles. Receberei uma nova chance de vida.

Vida real.

Cat a abra��ou cuidadosamente.

E eu cometi um erro, ela lembrou, infeliz. E serei

punida por ele pelo resto de minha vida. A come��ar

por este vestido, que devia ter dito que joguei fora.

Tudo menos vesti-lo novamente, a lembran��a de meu

primeiro encontro com Liam.

Ela olhou para o buqu�� de rosas que teria que car-

regar na cerim��nia com os olhos emba��ados.

Liam foi a primeira pessoa que ela viu quando che-

gou no cart��rio, e seu cora����o pareceu parar.

Vanessa caminhou at�� ele, e Cat sabia que ele bei-

jaria sua m��o. Tamb��m sabia que qualquer tentativa

de disfar��ar seu sofrimento seria em v��o. Que todos

sabiam como ela se sentia por ele s�� de olhar para seu

rosto p��lido.

Que ali, finalmente, n��o havia nada a esconder.

Ela virou e se dirigiu cegamente a uma porta. De-

via ser a sala de espera, pois havia cadeiras e revistas

em uma mesinha. E quando ela fechou a porta, perce-

182

S A R A C R A V E N

beu que a sala j�� estava ocupada. Seu pai estava em

uma das cadeiras, e veio ao seu encontro.

��� Querida, o que est�� fazendo aqui?

Ela respirou fundo, olhando para ele descrente.

��� Essa n��o deveria ser minha pergunta?

��� Naturalmente, estou sendo discreto. ��� Ele fez

uma pausa. ��� Mas certamente seu lugar �� com sua

m��e.

��� Sim, creio que sim. Mas... diferente de voc��...

percebi que n��o posso ir adiante. N��o posso ficar de

testemunha de um casamento que me faz sofrer ���

desabafou.

David a parou e olhou para ela, desmanchando o

sorriso em ansiedade.

��� Esperava que fosse ficar contente. Que visse

isso como certo, e at�� mesmo maravilhoso. ��� Ele he-

sitou. ��� Que apesar de ficar surpresa, aben��oaria.

��� N��o ��� ela falou. ��� Isso simplesmente n��o ��

poss��vel. Voc�� ter�� que dar alguma desculpa por

mim, papai. Fingir que estou doente e que tive que ir

embora. Porque n��o quero estragar o dia especial da

mam��e.

��� E quanto aos meus sentimentos? ��� perguntou

David. ��� Ou eles n��o contam?

��� Claro que contam. Como pode perguntar? ���

Cat podia sentir o gosto ��cido das l��grimas na gar-

ganta. ��� Por isso n��o entendo por que est�� aqui.

Como pode suportar isso?

��� Bem ��� seu pai falou ��� o casamento n��o pode-

ria ocorrer sem um noivo. ��� Ele fez uma pausa. ��� E

n��o vou fingir que n��o estou desapontado, Cat. Mas

R E G R A S D A P A I X �� O

183

se realmente acha a id��ia totalmente inaceit��vel, in-

ventarei uma hist��ria para acalmar sua m��e. ��� Ele

suspirou. ��� Liam, �� claro, ser�� um problema diferen-

te. Ele apostou muito nesse casamento. N��o sei como

suportar�� o fato de deix��-lo.

Havia um estranho zumbido nos ouvidos de Cat.

Ela moveu os l��bios, mas n��o saiu som.

��� N��o entendo o que diz ��� sussurrou. ��� O que

est�� acontecendo aqui?

��� Eu e sua m��e vamos nos casar novamente. Por

favor, tente ficar feliz.

��� N��o pode ser verdade. Voc�� ama Sharine, n��o

suporta a vida sem ela. Voc�� me contou...

��� Contei? ��� David sacudiu a cabe��a. ��� Querida,

eu n��o estava falando de Sharine. H�� muito tempo eu

tinha visto que meu div��rcio com sua m��e foi um

erro. Fiquei mal pensando que outro homem poderia

faz��-la mais feliz do que eu, mas estava muito orgu-

lhoso para admitir.

��� Mas ela estava saindo com Liam ��� falou Cat,

confusa. ��� Por semanas. Deve saber disso.

��� Eu sabia, claro. Eu os vi juntos e me senti mal.

Mais uma vez parecia ter me trocado por um rapaz

mais novo. E h�� alguma semanas, eu a procurei no

camarim e eles estavam juntos. Ele a abra��ava, e ela

chorava em seu ombro.

Ele sorriu.

��� Presumi que ele tinha feito algo para feri-la e

perdi o controle. Ameacei bater nele. Ele ficou total-

mente calmo, e falou que era hora de Vanessa e eu

conversarmos e sermos honestos um com o outro.

184

S A R A C R A V E N

Que j�� t��nhamos cometido muitos erros, especial-

mente com voc��. Que por nossa causa, voc�� desen-

volveu uma fobia de casamento e compromisso. Que

voc�� n��o permitiria que ele se aproximasse emocio-

nalmente, mesmo que fosse a ��nica esposa no mundo

que ele quisesse ter.

Ele fez uma pausa.

��� Querida, isso �� verdade? Foi nossa culpa?

Ela sentia um n�� na garganta.

��� Acho que come��ou a��, mas houve outros fato-

res. Liam n��o me pediu em casamento, papai. Nunca.

Ele simplesmente... fugiu.

��� Esperava que voc�� se importasse e fosse atr��s

dele ��� respondeu David. ��� Desse algum sinal de

que queria que ele ficasse. Sua m��e foi a ��nica a dar

esperan��a a ele. Estava convencida de que voc�� o

amava, mas que lutava contra os sentimentos, e que

precisava de tempo. E ele, por sua vez, garantiu a ela

que eu n��o tinha interesse por Sharine. Mas eu n��o

demonstrava interesse por Vanessa tamb��m, por isso

ela chorava quando entrei no camarim.

��� Ent��o, o que aconteceu?

��� Ele saiu e n��s conversamos. E agora estamos

aqui.

Como uma deixa, a porta foi aberta e entrou uma

funcion��ria do cart��rio, chamado David.

��� Estamos indo. ��� David pegou um len��o e lim-

pou o rosto de Cat. ��� N��o estamos?

��� Eu.... n��o sei...

��� Voc�� o ama? ��� perguntou David.

��� Sim. Oh, amo. E tenho me sentido t��o infeliz!

R E G R A S D A P A I X �� O

185

��� Ent��o venha ser feliz ��� ele falou.

Ela ficou r��gida ao lado de Liam, sem ousar olhar

para ele, escutando os votos dos pais sem ouvir, cien-

te apenas da presen��a dele. De sua proximidade e do

abismo que os separava.

"Oh, Deus", pensou. Eu amo demais, mas o que

posso dizer? Como poderemos acertar as coisas?

Quando David colocou o anel no dedo de Vanessa,

ela sentiu a m��o de Liam ro��ando na dela, e seus de-

dos tr��mulos se entrela��aram aos dele t��o firmemen-

te que ela soube que n��o seria necess��ria nenhuma

palavra, nenhuma desculpa, nenhuma explica����o,

pois era assim que passariam o resto de suas vidas.

Soube que os dias da gata solit��ria tinham acabado.

Ela olhou para ele e percebeu que, apesar de estar

sorrindo, havia l��grimas em seu rosto tamb��m.

��� Pode beijar a noiva ��� falou o juiz de paz.

Liam virou para ela.

��� Posso? ��� ele sussurrou, com seus olhos apai-

xonados, ansiosos por ela.

��� Sim ��� falou Cat, e ela inclinou a boca na dire-

����o dele.

EP��LOGO

Setembro seguinte

O banheiro estava iluminado por velas, suas chamas

estavam calmas no ar.

Cathy virou umas gotas do ��leo arom��tico na pal-

ma da m��o e come��ou a massagear lentamente sua

pele, prestando aten����o particular aos seios e �� curva

da barriga.

A m��sica vinha do quarto ao lado, e ela inclinou a

cabe��a, suspirando, deixando a ��gua quente acarici��-

la, bebia a ��gua mineral gelada que estava na mesi-

nha do banheiro. Esperava o telefone celular tocar.

Quando isso aconteceu, ela atendeu, sorrindo.

��� Querido, finalmente. Parece ter ficado fora uma

eternidade.

Ela alargou o sorriso enquanto ouvia.

��� Vai chegar em vinte minutos? Oh, isso �� ��timo.

��� Ela fez uma pausa, acarinhando o monte que guar-

dava seu filho. ��� Estaremos esperando por voc��,

meu amor. N��s dois. Ent��o venha r��pido, por favor.





EM NOME DO AMOR


Emma Darcy


��� Teria ido atr��s de voc��. ��� Aproximou-se da mo��a,

o corpo emanando um ar de confian��a, os olhos determi-

nados.

A respira����o ficou presa na garganta, deixando-a

muda, quando as m��os de Nick deslizaram pela cintura

da mo��a. O publicit��rio atra��a o corpo de Tess em dire-

����o ao dele. A senhorita Steele ergueu as m��os para atrair a compreens��o daquele homem, pousando no peito dele

e logo foram tentadas a deslizar, indo at�� os ombros, ao

ver a express��o no rosto de Ramirez.

��� E nada iria me deter ��� assegurou-lhe. Com um dos

bra��os, Nick a prendeu com firmeza. Ergueu o outro bra-

��o e acariciou-lhe o rosto, os olhos presos aos dela suplicando perd��o. ��� Lamento que tenhamos chegado a esse

ponto. Mas estamos aqui e voc�� �� a mulher com quem quero estar.

Era? Propusera casamento antes de saber a respeito de

Zack. Ent��o, Tess era a mulher que Nick escolhera. E

uma vez que houvera uma tremenda lista de mulheres

formid��veis, belas e talentosas na vida dele, a senhorita

Steele deveria se sentir lisonjeada com a escolha, e n��o

dilacerada por medo de ser enganada e usada.

Embora Ramirez pudesse ver o caos emocional que a

consumia, murmurou:

��� Agora vou prend��-la para compensar os meses em

que estivemos separados... ��� abaixou a cabe��a, os l��bios

chegando cada vez mais perto dos dela, sussurrando. ���

N��o deixei de desej��-la...







---------- Forwarded message ---------
De: Bons Amigos lançamentos




O Grupo Bons Amigos  tem a satisfação de lançar hoje mais um livro digital para atender aos deficientes visuais. 

Regras da Paixão - Sara Craven


 Livro doado por Neilza e digitalizado por Fernando Santos

Sinopse:
Quando Cat conhece Liam Hargrave, ele proporciona a ela um encontro apaixonante e explosivo.

Grupo Parceiro:

https://groups.google.com/forum/#!forum/solivroscomsinopses  



Lançamento  Grupo Bons Amigos:

https://groups.google.com/forum/#!forum/bons_amigos  



Blog:




Este e-book representa uma contribuição do grupo Bons Amigos  para aqueles que necessitam de obras digitais como é o caso dos deficientes visuais 

e como forma de acesso e divulgação para todos. 
É vedado o uso deste arquivo para auferir direta ou indiretamente benefícios financeiros. 
 Lembre-se de valorizar e reconhecer o trabalho do autor adquirindo suas obras .



 




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