sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

{clube-do-e-livro} LANÇAMENTO: A VOZ DO AMOR - BRENDA JACKSON - FORMATO: PDF,EPUB E TXT

Brenda Jackson

A VOZ DO AMOR

Tradu����o

Patr��cia Valverde

2006

PUBLICADO SOB ACORDO COM HARLEQUIN ENTERPRISES II B.V.

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodu����o, o armazenamen-to ou a transmiss��o, no todo ou em parte.

Todos os personagens desta obra s��o fict��cios. Qualquer semelhan��a com pessoas vivas ou mortas �� mera coincid��ncia.

Copyright �� 2006 by Brenda Streater Jackson

T��tulo original: THE DURANGO AFFAIR

Originalmente publicado em 2005 por Silhouette D��sire

Editora����o Eletr��nica:

TopTextos Edi����es Gr��ficas Ltda.

Tel.: (55 21) 2240-2609

Impress��o:

RR DONNELLEY MOORE

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Aos cuidados de Virginia Rivera

virginia.rivera@harlequinbooks.com.br

CAP��TULO UM

Na janela, o rosto firme e o olhar m��sculo de Duran-

go Westmoreland refletido no vidro combinavam

perfeitamente com a paisagem das montanhas que ele

tanto admirava. Pela manh��, como de costume, uma

dor no joelho direito anunciava a chegada de uma forte

nevasca, e, muito embora as previs��es anunciassem

que esta passaria r��pido por Bozeman rumo ao Norte,

na dire����o de Havre, a dor n��o o enganaria.

N��o havia provas cient��ficas sobre isso, mas mes-

mo com o c��u limpo em Montana, Durango sabia que

estava certo. A natureza das montanhas �� receber

bem os homens que sabem viver em harmonia com o

lugar, pois, a qualquer momento, corre-se o risco de

ficar preso em um vale qualquer em meio �� nevasca

e, em conseq����ncia, ser atingido por avalanches, que

surpreendiam at�� mesmo os mais destemidos esquia-

dores.

Este era o lar que ele tanto amava, mesmo na pior

��poca do ano.

Por��m, pensamentos saudosos flu��am para Atlanta,

sua cidade natal, onde moravam entes queridos. Mes-

mo que prezasse a privacidade que gozava morando

sozinho, momentos como aquele o emocionavam.

Por perto, havia um vizinho, o tio Corey, rec��m-

casado e que j�� n��o visitava Durango com tanta fre-

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q����ncia, mas com quem mantinha contato mesmo

que fosse necess��ria uma longa caminhada at�� a fa-

zenda na parte mais alta do pico da chamada "Mon-

tanha de Corey". Mas quem mais lhe vinha �� mente

era Savannah Claiborne, irm�� da noiva no casamento

de Chase.

Assim que se entreolharam, surgiram fa��scas de

atra����o. Mal se lembrava da ��ltima vez que fora t��o en-

volvido por uma mulher. Ela o deixou completamente

perdido, dos p��s a cabe��a, sem o m��nimo controle.

Ao anoitecer, depois de acompanhar a sa��da dos

noivos, todos permaneceram no sal��o do hotel feste-

jando noite adentro.

Durango e Savannah estavam mais que alegres e

embriagados quando ela o convidou, �� meia-noite,

para um drinque a s��s em um quarto de hotel onde,

ap��s insinua����es m��tuas, acabaram fazendo amor.

Tanto Savannah quanto aquela noite n��o sa��am da

invicta mente do solteir��o Durango Westmoreland.

��� Droga!

Tratou logo de espantar tais pensamentos, culpando

o tio rec��m-casado. Durango lembrou-se da ��ltima vez

que esteve apaixonado e ganhou, em troca, uma pro-

funda cicatriz no cora����o. Dali em diante, preferia a

tranq��ilidade das montanhas e ��s vezes mantinha dis-

t��ncia das mulheres, resguardando ao m��ximo os sen-

timentos dos riscos de viver novas aventuras.

Ainda assim, Savannah Claiborne era t��o insisten-

temente lembrada que parecia convencido de que

algo especial tinha acontecido. Havia momentos que

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parecia senti-la, os corpos encaixados e colados um

ao outro, na ��nsia de levar a fundo o desejo que ela

pulsava internamente...

Tentou se recuperar, relaxou a cabe��a na inten����o

de voltar ao normal. Virou-se e alcan��ou o telefone

para se disponibilizar a trabalhar na central do parque,

uma vez que naquele dia a equipe estava desfalcada,

devido �� licen��a hospitalar de um colega que se sub-

meteria a uma cirurgia no joelho. Assim que come��ou

a digitar os n��meros, ficou mais tranq��ilo, pois era

esse mesmo o objetivo: manter-se sob controle.

Savannah Claiborne parou em frente �� porta de

madeira maci��a, sem acreditar que chegara a Monta-

na e que em poucos minutos estaria mais uma vez

diante de Durango Westmoreland. Quando decidiu

procur��-lo pessoalmente, ao contr��rio de telefonar,

n��o imaginava que seria t��o dif��cil dar seu recado.

Deu um forte belisc��o no pr��prio bra��o para voltar

a si e entender, mais uma vez, como deixara tudo

aquilo acontecer. J�� n��o era mais uma adolescente

sem instru����es sobre sexo seguro, e sim, uma mulher

de vinte e sete anos que conhecia m��todos anticon-

cepcionais. Pena que estivesse muito ocupada para se

prevenir de diversas doen��as e do homem que seria o

pai de uma crian��a dentro de sete meses.

Para piorar, n��o sabia quase nada sobre esse ho-

mem, a n��o ser que era um guarda florestal, um espe-

cialista em fazer amor... e, evidentemente, em fazer

beb��s, mesmo que essa n��o fosse sua proposta.

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B R E N D A J A C K S O N

Pelas conversas com a irm��, sabia que Durango

era um solteir��o convicto. Por isso, ela n��o faria

quest��o de que ele mudasse de id��ia, e simplesmente

soubesse da novidade. Logo em seguida voltaria para

Filad��lfia e cuidaria sozinha da crian��a.

Ergueu a m��o para bater na porta, mas antes, sol-

tou todo o ar dos pulm��es. Nervosa, deu-se conta de

que a ��ltima vez que o vira fora h�� dois meses, saindo

do quarto do hotel depois de passarem uma ��nica noi-

te juntos. Definitivamente, isso n��o era de seu feitio,

jamais desejara casos superficiais, muito menos sexo

casual. Mas naquela noite embriagou-se e se sensibi-

lizou com a felicidade da irm��. Pat��tico. Sabia que

n��o ag��entava nem uma gota de ��lcool, mas mesmo

assim, entrou no ritmo da festa e se desinibiu.

Desde ent��o, passou diversas noites em claro so-

nhando com Durango... Recentemente tamb��m n��o

dormia pela manh��, devido aos freq��entes enj��os

provocados pela gravidez. A ��nica pessoa que sabia

de tudo era sua irm��, J��ssica, e ela concordava que

Durango tinha o direito de saber e o melhor seria Sa-

vannah lhe contar pessoalmente.

Respirando fundo, Savannah encheu os pulm��es e

bateu na porta. O Dodge de Durango estacionado em

frente a casa indicava que ele estava l��.

Savannah engoliu o n�� na garganta ao ouvir a ma-

��aneta virar. A porta foi aberta. Ficou est��tica e sem

respirar diante daquele homem forte, atraente e visi-

velmente constrangido. Vestido de cal��a jeans justa e

com uma camisa xadrez cobrindo os ombros largos e

o peitoral definido, ele continuava t��o lindo e irresis-

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t��vel como antes. Ela passou os olhos por todos os

tra��os que a haviam seduzido: os cabelos negros, cur-

tos e cacheados, a pele marrom, os l��bios bem defini-

dos e o olhar penetrante.

��� Savannah? Quanta surpresa! O que lhe traz aqui?

Com o est��mago contra��do, ela pensou no incont��-

vel n��mero de mulheres que sentia o mesmo ao v��-lo.

Respirou fundo e tentou afastar esses pensamentos.

��� Preciso falar com voc��. Posso entrar? ��� per-

guntou, breve e objetiva.

Ele estranhou um pouco, levantou uma das so-

brancelhas e a fitou dizendo:

��� Claro, entre.

Durango n��o se considerava muito intuitivo, mas

estranhou que justo a mulher em quem estava pen-

sando havia poucos minutos, tinha se materializado

em frente �� porta de sua casa na pior esta����o do ano em

Montana. Ainda que janeiro fosse conhecido como o

m��s de clima mais rigoroso nas montanhas, fevereiro

n��o era diferente. Portanto, o que Savannah tinha a

dizer devia ser muito importante a ponto de traz��-la

at�� os confins da floresta em pleno inverno.

Enquanto Savannah pendurava o casaco, as luvas

e a touca no cabideiro, Durango observava os contor-

nos do corpo dela, ao mesmo tempo em que tentava

entender o motivo daquela visita surpresa. Mas antes,

para receb��-la melhor perguntou:

��� Gostaria de beber algo? Acabei de fazer choco-

late quente.

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��� Sim, obrigada. Acho que me aquecer��.

Ao v��-la sem casaco, Durango tinha certeza de que

eram aquelas as curvas que habitavam suas fantasias.

Os seios fartos e firmes, a cintura fina, os quadris gra-

ciosamente curvos. Ela era fant��stica... a pele cor-de-

jambo de seu rosto... e ainda aquele par de olhos...

Respirou fundo. Foram aqueles olhos que o fize-

ram perder o ju��zo durante o ensaio do casamento na

sala de jantar e �� noite quando fizeram amor. Atrav��s

daqueles olhos, ele acompanhou todo o prazer que

ela sentia ao alcan��ar o cl��max.

De repente, Durango perdeu o controle sob suas

sensa����es, e elas explodiram internamente, o sangue,

em ebuli����o, subiu at�� partes que precisaram ser ur-

gentemente escondidas. Como isso aconteceu? Pare-

cia mais um adolescente inexperiente do que um ho-

mem de trinta e tr��s anos.

��� Fique �� vontade ��� conseguiu dizer depois de

pigarrear. ��� Volto logo.

Saiu se perguntando por que estava tolerante dian-

te da visita surpresa de uma mulher. Como de costume,

deixaria bem claro o quanto a situa����o o incomodava.

A ��nica justificativa era considerar aquela visita

como uma exce����o, uma vez que Savannah era cu-

nhada de Chase. Mas Durango desconfiava que havia

algo al��m disso.

Quando retornou para a sala, procurou saber a ra-

z��o da visita inesperada.

Ao v��-lo sair da sala, Savannah sabia que estava

agindo corretamente, por��m era imensa a dificuldade

de cumprir o que se propunha. Mas ele merecia saber.

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Talvez o beb�� tivesse mais sorte do que J��ssica, seu

irm��o Rico e ela mesma. Um sorriso iluminou seu

rosto ao lembrar-se deles. Rico n��o gostaria de v��-la

como m��e solteira, mas certamente se apaixonaria

pela id��ia de ser titio e, caso Durango n��o aceitasse

ser pai, ele assumiria a figura paterna e seria muito

presente.

Savannah, com o olhar cl��nico de fot��grafa, notou

a amplitude e a rusticidade dos dois andares da casa.

As paredes interiores do andar de baixo eram de pe-

dra polida. �� direita, havia uma lareira de tijolos e

uma enorme estante de madeira para livros, ainda que

a leitura fosse um passatempo impens��vel para Du-

rango. No centro da sala, havia uma mesinha de caf��

entre dois sof��s que pareciam confort��veis. E diante

de cada uma das janelas que mostravam a beleza das

montanhas e do gelo, tinham sido colocados dois

bancos altos para apreci��-los. O ambiente era acon-

chegante e preenchido por mob��lias rudimentares,

personalizado e ��ntimo nos dois andares, inclusive na

escada de madeira escura e maci��a.

��� Aqui estamos.

Ela se virou na dire����o de Durango que, segurando

uma bandeja com duas x��caras de chocolate quente,

ati��ava as fantasias de Savannah, ao imagin��-lo lindo

cuidando dos afazeres dom��sticos. Aquele pensa-

mento provocou nela uma erup����o de desejo.

��� Obrigada ��� disse enquanto atravessava a sala

at�� ele.

Ao apoiar a bandeja sobre a mesinha, Durango

sentiu o perfume de Savannah quando ela ficou bem

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B R E N D A J A C K S O N

pr��xima dele, e isso lhe trouxe as mesmas sensa����es

daquela noite. Ofereceu a x��cara a ela e decidiu cortar

a educa����o de bom-mo��o. Era necess��rio saber o que,

afinal, ela estava fazendo ali.

��� A que devo sua visita, Savannah? ��� perguntou

suave e diretamente.

N��o havia motivo razo��vel para v��-la ali, no auge

do inverno, dois meses ap��s terem se conhecido e fei-

to amor... a menos que...

Suas sobrancelhas se juntaram assim que sentiu

uma pontada no est��mago provocada pela tens��o.

Tudo o que mais queria era que estivesse enganado,

mesmo que a situa����o indicasse o contr��rio. N��o era

uma quest��o de ingenuidade, mas rever a mulher de

uma ��nica noite de amor, nessas condi����es, signifi-

cava que ela desejava que a performance se repetisse

ou... que algo inesperado e bomb��stico havia aconte-

cido.

Diante da determina����o nos olhos dela, seu cora-

����o parecia querer pular pela boca. De repente, enfu-

receu-se ao perceber que estava emboscado no acon-

chego do pr��prio lar. Perguntou:

��� Diga logo, Savannah. Qual o motivo da sua vi-

sita?

Ela pousou calmamente a x��cara na bandeja, ajei-

tou o cabelo e encarou o tom de acusa����o que vinha

de Durango. Suspeitava que ele j�� soubesse e, portan-

to, estivesse poupando-a de adiar a revela����o. Por

fim, respondeu:

��� Estou gr��vida.

CAP��TULO DOIS

D u r a n g o ficou im��vel e s�� voltou a si quando come-

��ou a raciocinar. Ela n��o disse quem era o pai do

beb��, pois estava impl��cito. No entanto, sempre sou-

be que fazia amor e n��o beb��s, mesmo que as lem-

bran��as indicassem que tudo era poss��vel... por��m,

um detalhe naquela m a n h �� o fez sorrir um tanto

quanto inconformado e se p��s a dizer:

��� N��o �� poss��vel.

Savannah n��o entendeu com qual argumento ele

estaria resistindo e se alterou um pouco:

��� Se voc�� pretende dizer que �� est��ril, esque��a.

Largando o corpo para tr��s at�� o encosto do sof��,

cruzou os bra��os e sustentou sua inten����o:

��� N��o, n��o sou est��ril. Mas se n��o me engano, na-

quela manh�� voc�� falou para que eu n��o me preocu-

passe, porque voc�� fazia uso de m��todos anticoncep-

cionais.

Um pouco desnorteada, ela tamb��m cruzou os bra-

��os e respondeu:

��� E usava. Mas acontece que me esqueci de tomar

a p��lula. Em geral, falhar uma s�� vez n��o tem proble-

ma, mas neste caso... acho que isso me faz ser a exce-

����o da regra.

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��� Se esqueceu de tomar a p��lula? ��� disse nervoso

e em tom debochado. Ela esqueceu justo no ��nico mo-

mento que deveria? N��o faz sentido. A n��o ser que...

��� Voc�� queria engravidar? ��� perguntou um pou-

co inseguro, em tom baixo.

Ele a percebeu surpresa e tamb��m como a pergun-

ta a havia desagradado:

��� Como voc�� ousa me perguntar isso?

��� Droga, queria ou n��o queria? ��� rebateu um

pouco mais nervoso, ignorando a rea����o dela.

��� N��o, eu n��o quis engravidar, mas isso n��o im-

porta mais. Voc�� �� o pai dessa crian��a, queira ou n��o.

E acredite, se eu pudesse ter escolhido voc�� n��o esta-

ria em minha lista ��� ela respondeu com raiva.

Durango tencionou as mand��bulas. Que diabos ela

queria dizer com isso? Por que ele n��o seria uma op-

����o para ela? De repente, Durango sacudiu a cabe��a e

caiu em si. N��o era poss��vel que estivesse se pergun-

tando isso. Ele n��o queria estar nesse tipo de lista de

nenhuma mulher.

Savannah sacudiu o universo de Durango, abalou

sua estrutura e o tirou desse del��rio ao proferir pala-

vras em tom autorit��rio e de amea��a:

��� Acho melhor ir embora.

Agora desperto, Durango a deteve:

��� Voc�� realmente acha que pode aparecer de sur-

presa em minha casa, largar essa bomba no meu colo

e sair?

��� E por que n��o? Tudo o que queria era dar-lhe a

not��cia pessoalmente, porque achei que voc�� merecia

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saber. N��o tenho mais nada para fazer aqui, nem que-

ro lhe pedir nada. Sou capaz de criar o beb�� sozinha

sem nenhuma ajuda sua.

��� Ent��o voc�� ter�� esse filho?

Savannah se encheu de f��ria.

��� Sim. Terei, e se voc�� acha que eu devo tir��-lo,

pode...

��� N��o, droga. N��o �� isso o que eu quero dizer. Eu

jamais diria isso para qualquer mulher que carregasse

um filho meu. Se a crian��a for minha, eu assumirei

todas as responsabilidades.

Com o est��mago embrulhado ao v��-lo duvidar, fi-

tou-o profundamente e perguntou esmorecida:

��� Ent��o esse �� o problema, n��o �� Durango? Voc��

n��o acredita que essa crian��a seja sua, n��o �� mesmo?

Ele a observou em sil��ncio lembrando-se da noite

que passaram juntos. Sabia que essa verdade era pos-

s��vel, mas estava muito abalado para admitir qual-

quer coisa.

��� Acredito que h�� chances ��� ele disse meio con-

fuso, como se pedisse para que fosse convencido do

contr��rio.

Mas, mesmo que fosse de forma inconsciente, ele

a ofendia, pois questionava seu car��ter. Como ele po-

dia sugerir que ela passaria a responsabilidade da

gravidez de um homem para outro?

Sem dizer mais nada, seguiu para o cabideiro onde

seu casaco, touca e luvas estavam pendurados e co-

me��ou a vesti-los.

��� H�� mais do que chances, Durango. E pouco im-

porta se voc�� n��o acredita, porque a maravilha que

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B R E N D A J A C K S O N

est�� crescendo dentro de mim foi voc�� quem ajudou a

fazer. Se negar esse filho, o problema ser�� seu. Tudo

o que posso lhe desejar �� que tenha uma boa vida.

��� Aonde �� que voc�� pensa que vai? ��� falou em

tom imperativo e ao mesmo tempo frustrado.

��� Voltar para o aeroporto e pegar o pr��ximo v��o

��� respondeu, enquanto caminhava para a porta. ���

J�� fiz tudo o que devia fazer.

��� Um momento, Savannah ��� ele disse sem con-

vic����o, assim que ela abriu a porta.

Ela o atendeu, levantou a cabe��a e perguntou:

��� O qu��?

��� Se tudo isso for verdade, precisamos conversar.

��� Tudo isso �� verdade, Durango, e pelo que per-

cebi, n��o temos mais nada a dizer.

Antes que ele retomasse o f��lego, a porta se fe-

chou depois que ela saiu.

Da janela da sala Durango acompanhou Savannah

dar a partida no carro alugado. Ele se manteve ali

quieto, parado e em choque vendo ela seguir na estra-

da at�� perd��-la de vista. O rel��gio de parede indicava

meio-dia e meia. Ele olhou para a bandeja e as x��ca-

ras sobre a mesinha e desejou que o tempo voltasse

para apagar tudo o que havia acontecido naquela sala.

Savannah Claiborne esteve ali, vinda da Filad��lfia,

para lhe dizer que ele seria pai, e tudo o que ele fez foi

mand��-la embora.

Sem d �� v i d a , C h a s e o pegaria pelo p e s c o �� o se

soubesse como sua cunhada tinha sido tratada. Era

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dif��cil de acreditar que ele seria pai. Abaixou a cabe-

��a, atravessou a sala e se jogou na poltrona de couro

reclin��vel.

N��o era poss��vel. A id��ia de ser pai o deixara em

p��nico. Parecia que beb��s estavam invadindo a fam��-

lia Westmoreland. Dare e Shelly j�� tinham anunciado

um beb�� para o ver��o. E quando falou com Thorn na

semana passada, este mencionou que Delaney e Ja-

mal tamb��m teriam outro beb��.

Durango estava feliz por todos, mas ele... N��o ��

que nunca quisesse ter filhos, mas nem cogitava a hi-

p��tese de ser pai dali a alguns meses. O momento era

prop��cio para farrear como solteiro. Al��m disso, n��o

via problema nenhum com a solid��o e ostentava o or-

gulho de ser invicto.

No entanto, o nome de fam��lia Westmoreland tam-

b��m significava "responsabilidade pelos pr��prios

atos". Foi assim que ele e seus cinco irm��os tinham

sido educados. De tal modo que a partir do momento

que reconhecessem as conseq����ncias de seus atos,

eles se tornariam homens distintos e n��o mais garotos

diante dos desafios da vida.

Outra coisa a qual fora ensinado era admitir e re-

parar o erro cometido. Se Savannah Claiborne estava

gr��vida, e n��o havia por que duvidar disso, ent��o o

beb�� era dele.

Encarar que seria pai foi o primeiro e ��rduo passo.

J�� o segundo, fez com que tremesse nas bases, ao

pensar que deveria agir de acordo com a responsabi-

lidade que lhe cabia. Checou o rel��gio e se levantou.

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Arriscou que daria tempo de alcan����-la se partisse

naquele instante.

Eles teriam um beb��, e se essa garota petulante da

cidade achava que lhe daria a not��cia e sairia sem te-

rem conversado a respeito, estava muito enganada.

N��o bastou muito para que se lembrasse de Tricia

Carrington, por quem se tinha apaixonado quatro

anos atr��s. Rec��m-chegada de Nova York, Durango

se apaixonou perdidamente por ela e a pediu em na-

moro. Seu tio, Corey, j�� tinha entendido o tipo de

mo��a que ela era e tentou avis��-lo, mas j�� n��o dava

mais tempo.

O que Durango n��o sabia �� que era alvo de uma

aposta entre Tricia e suas arrogantes amigas. A brin-

cadeira era conseguir seduzir um nativo e depois lar-

g��-lo para casar-se com um homem rico e arranjado

pelos pais na volta a Nova York. Quando Durango

declarou abertamente seus sentimentos, foi alvo de

chacota, gargalhadas e desprezo. Ela chegou a lhe di-

zer que jamais trocaria o noivo influente de Nova

York por um caipira do interior como ele, que ganha-

va a vida sujando as m��os de terra.

Essas palavras dilaceraram o cora����o de Durango,

que jurou nunca mais se apaixonar, principalmente

por uma mo��a da cidade.

E Savannah era, sem d��vida, urbana.

Afinal, percebeu isso logo que a viu: moderna,

cort��s e sofisticada, andando leve e graciosa pelo sa-

l��o do hotel, com a auto-confian��a estampada na tes-

ta, parecendo uma primeira-dama de distrito. Enfim,

o perfil exato do qual ele fugia h�� anos.

A V O Z D O A M O R





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No entanto, decidiu n��o ser impedido pelo medo e,

recuperado do choque, resolveu tomar as r��deas da

situa����o, pois a partir daquele momento come��ara a

contribuir, mesmo sem que querer, para a perpetua-

����o da linhagem Westmoreland.

Savannah n��o estava surpreendida, mas era intole-

r��vel a d��vida dele sobre a paternidade.

��� Deseja devolver o carro, senhora?

Trazida ��quele instante para a realidade, respon-

deu:

��� Sim, por favor.

Olhou o rel��gio desejando regressar logo �� tran-

q��ilidade de seu conjugado na Filad��lfia e tomar to-

das as medidas para a nova vida.

Come��aria mudando o hor��rio de trabalho. Aten-

deria apenas como aut��noma a pedidos espor��dicos,

embora s�� de pensar nisso j�� sentisse falta do ritmo

acelerado proporcionado pelas viagens dentro e fora

do pa��s.

O foco era cuidar-se, fazer o pr��-natal e marcar

consultas m��dicas. Proporia outros projetos ao chefe,

entraria em f��rias durante a gesta����o, e depois goza-

ria dos seis meses de licen��a, ap��s o nascimento do

beb��, financiada pela poupan��a mantida h�� v��rios

anos.

O que menos queria era depender de algu��m. Sua

m��e ficaria felic��ssima com a novidade, mas n��o exi-

giria muitas aten����es de Jennifer Claiborne, final-

mente envolvida com o tal de Brad Richman, caso o

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plano de viagem deles para a Europa vingasse. Nem

esperaria muito de sua irm�� J��ssica, que ainda apro-

veitava as n��pcias, ou mesmo de Rico, ocupado com

a nova empreitada como investigador particular.

Savannah cedeu lugar para o pr��ximo cliente ser

atendido e pousou a m��o na barriga. Sabia que todas

as mudan��as em prol da crian��a seriam valiosas. N��o

importava o que Durango pensasse, ela estava muito

feliz.

Parado ao lado da fonte d'��gua no aeroporto, Du-

rango imaginava Savannah linda... e gr��vida.

Gr��vida dele.

E agora? O que faria com uma crian��a? Era tarde

demais, a situa����o era esta. Logo a avistou por cima

da multid��o. Ele sabia o que tinha de ser feito e cor-

reu para alcan����-la.

��� Precisamos conversar, Savannah.

Ela se assustou tanto que quase derrubou a baga-

gem de m��o. Fitou Durango e disse:

��� O que voc�� est�� fazendo aqui? N��o temos nada

para conversar. Creio que j�� dissemos tudo, com li-

cen��a...

��� Escute, preciso me desculpar com voc��.

��� O que voc�� disse? ��� perguntou, surpreendida.

��� Estou pedindo desculpas por ter sido est��pido

h�� pouco. Eu estou assustado com essa hist��ria.

Tensa, Savannah respondeu:

��� E da��?

��� Eu acredito que o beb�� seja meu.

A V O Z D O A M O R

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Ela cruzou os bra��os na altura do peito como se

prendesse a emo����o e o choro. Desde o come��o da

gesta����o se transformara em uma manteiga derretida.

��� Por que voc�� mudou de id��ia de repente?

��� Porque nossa noite foi maravilhosa e tamb��m

porque acredito em voc��. Minha conclus��o �� que n��o

tenho motivo para duvidar de sua palavra.

Ela o observava, e Durango sorrindo, concluiu:

��� Acho que �� assim que deve ser.

Se ele pensa que com essa conversa mansa vai re-

solver tudo, est�� enganado.

��� �� assim coisa nenhuma, Durango. Foi bom voc��

ter reconhecido a paternidade, pois assim ser�� o pri-

meiro a receber as fotos do beb��, quando ele nascer.

Savannah voltou a caminhar, mas foi novamente

bloqueada.

��� Como estava dizendo, Savannah, precisamos

conversar. N��o permitirei que me negue o direito de

participar da vida desta crian��a.

Ela olhou para o teto indicando intoler��ncia. H��

uma hora o tom da conversa era completamente outro.

��� Eu n��o teria vindo at�� aqui se desejasse isso.

Ap��s acalmar-se e encher os pulm��es de ar, acres-

centou:

��� Eu vim porque achei que devia avis��-lo, n��o

para fazer exig��ncias.

Ser alvo do olhar de Durango por muito tempo n��o

era f��cil. Ele a envolvia. De repente, sentiu seu rosto

enrubescer. Ser�� que o cabelo estava desgrenhado?

Ser�� que a roupa estava amarrotada? O v��o a deixou

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B R E N D A J A C K S O N

abatida e tamb��m um pouco enjoada devido �� turbu-

l��ncia. O cabelo estava todo embara��ado e a maquia-

gem borrada. Desde o desembarque, n��o havia tido

tempo de se retocar, e ainda teve que alugar o carro.

��� Mesmo que voc�� n��o queira, eu tenho respon-

sabilidades para com essa crian��a, e �� isso que temos

que resolver. Voc�� j�� fez o que precisava fazer, agora

vamos nos sentar e conversar como dois adultos.

Savannah franziu a testa desconfiada sobre o que

mais eles teriam para acertar. J�� repetira diversas ve-

zes que n��o queria nada dele. E engoliu em seco

quando cogitou o oposto. Na semana anterior, havia

lido um artigo em um peri��dico da Filad��lfia sobre

um homem que processou a namorada pela cust��dia

do filho em comum.

Talvez conversar n��o fosse t��o ruim assim. Me-

lhor seria deixar tudo esclarecido desde cedo para

pouparem problemas mais tarde.

Assim que acharam uma mesa livre na lanchonete

do aeroporto, Durango puxou uma cadeira para Sa-

vannah se sentar, e assim ela o fez, com as pernas tr��-

mulas. Ela olhou para o rosto charmoso dele at�� se

perder profundamente nos l��bios carnudos e nas me-

m��rias irrefre��veis dos beijos entre eles. Mas des-

viou o olhar assim que se entreolharam. Achou estra-

nho estarem dividindo uma mesa pela primeira vez.

Mesmo no ensaio do jantar tinham ficado separados,

apesar de n��o terem deixado de se admirar dos luga-

A V O Z D O A M O R

21

res que estavam. Por��m quanto a dividir a mesma

cama...

��� Deseja beber alguma coisa, Savannah?

��� N��o quero nada.

Ap��s fazer o pedido do que ele queria beber, per-

guntou-lhe:

��� Ent��o, como tem passado?

Ela se admirou, pensando que ele deveria ter feito

essa pergunta logo no come��o do dia. Durango demo-

rou muito tempo para ser gentil, mas ela se manteve

decidida a aguardar e ver at�� aonde ele iria. Por isso,

respondeu com educa����o:

��� Bem, e voc��?

��� Bem tamb��m, mas esta esta����o do ano costuma

ser a pior para todos os guardas da regi��o.

��� E por qu��?

��� Al��m das condi����es clim��ticas, o trabalho exi-

ge muita aten����o com ca��adores que descumprem as

leis, que ca��am fora de temporada, e pior, com os que

insistem em ca��ar em ��reas proibidas do parque flo-

restal de Yellowstone.

Savannah pensava que esse trabalho era dif��cil e

perigoso. J��ssica tinha dito que ele era guarda-flores-

tal, ou seja, patrulhava e mantinha a ordem nas trilhas

do parque, fiscalizava a vida selvagem, o cumpri-

mento das regras e a seguran��a das redondezas. E tre-

meu de medo ao imaginar a possibilidade de v��-lo

enfrentar cara a cara um urso forte e grande ou qual-

quer outro animal selvagem.

��� Tudo bem, Savannah?

22

B R E N D A J A C K S O N

Ele se inclinou na dire����o da mo��a que estava pa-

ralisada pelo medo.

��� Sim. �� que o imaginei perto de um urso.

Ele voltou ao encosto da cadeira e sorriu ao dizer:

��� Bah! Isso �� comum acontecer, mas tenho sorte

por nunca ter precisado lutar com um.

Ela concordou, mas logo voltou ao cerne da quest��o

de estarem ali e quis que ele fosse direto ao assunto.

��� Do que voc�� precisa, Savannah? ��� indagou

finalmente, depois de um longo e constrangedor si-

l��ncio.

Mantendo o olhar direto no dele e movida pela

emo����o reiterou:

��� J�� lhe disse que n��o preciso nem quero nada de

voc��. Meu ��nico motivo era fazer o que creio ser cer-

to. J�� ouvi muitas hist��rias horr��veis de ��rf��os e ho-

mens que n��o sabem que s��o pais. Achei que n��o se-

ria justo que isso acontecesse com voc�� e com meu

beb��.

Ele reagiu franzindo a testa:

��� Seu beb��? Voc�� quis dizer nosso beb��, n��o ��

mesmo?

Savannah mordeu o l��bio. Ela quis dizer dela, des-

de o momento que comprou o teste de gravidez na

farm��cia. Mesmo antes da confirma����o m��dica j�� ti-

nha se convencido em ser m��e solteira. Durango era

apenas o progenitor, nada mais.

��� Entenda uma coisa, Savannah. Eu quero parti-

cipar da vida do nosso beb��.

A V O Z D O A M O R

23

Tudo o que ela sentia eram pontadas nervosas na

boca do est��mago e um tom de amea��a em Durango.

��� Que tipo de participa����o?

��� A que eu tiver que exercer como pai.

��� Mas moramos a quil��metros de dist��ncia um do

outro, voc�� em Montana e eu na Filad��lfia.

Depois de analis��-la em sil��ncio, ele disse:

��� Ent��o teremos que encurtar a dist��ncia.

Ela retrucou:

��� Simplesmente n��o sei como.

Durango encostou-se e disse:

��� Eu sei. H�� somente uma atitude a ser tomada

diante de tal circunst��ncia.

Savannah o desafiou:

��� Qual?

Ele a olhou direto nos olhos e perguntou confiante:

��� Quer se casar comigo?

CAP��TULO TR��S

Savannah arregalou os olhos, pois achou que n��o ti-

nha entendido bem a pergunta. Mas logo deixou esca-

par um sorriso enquanto ele, s��rio, continuava a falar:

��� Voc�� deve estar brincando, n��o ��?

��� N��o, n��o estou.

��� Bem, ent��o desculpe, mas casamento n��o est��

em meus planos.

Ele cruzou os bra��os e disse:

��� Por que n��o? Voc�� acha que eu n��o sou bom o

suficiente para voc��?

Savannah estranhou a pergunta.

��� A quest��o n��o �� essa. Acontece que n��o casarei

com voc�� porque n��o nos conhecemos.

Visivelmente agitado, ele se aproximou dela.

��� Talvez n��o, mas isso j�� deixou de ser um empe-

cilho, n��o �� verdade?

Savannah olhou-o com seriedade.

��� Tudo por que nos embriagamos. N��o �� do meu

feitio dormir com qualquer um que aparece na minha

frente.

��� Mas dormiu.

��� Sim, e agora todos sabem o que nos faltou na-

quela noite. Mas n��o haver�� casamento. Hoje em dia

n��o se casa mais por causa de um beb��.

A V O Z D O A M O R

25

Durango ficou incomodado e replicou:

��� Tratando-se de um Westmoreland, se casa sim.

Sinceramente, estou t��o entusiasmado para me casar

quanto voc��, mas o fato �� que os homens de minha fa-

m��lia honram o nome que tem.

Para Durango, este matrim��nio era mais uma ati-

tude do que um desejo. Por��m, n��o permitiria ser res-

pons��vel pelo ��nico bastardo da fam��lia. Lembrou

que seu primo, Dare, casou com a m��e de A. J., Shel-

ly, depois de passar dez anos sem se verem e com o

filho nascido no interior, na casa dos av��s maternos.

J�� seu tio, Corey, era uma exce����o, pois n��o fazia a

menor id��ia que fosse pai de trig��meos at�� estes com-

pletarem trinta anos. Por isso tamb��m n��o houve ca-

samento. Agora, com ele, era diferente. N��o podia

ser irrespons��vel.

Ele a pressionou e n��o estava arrependido. Devido

�� circunst��ncia, casamento, mesmo que a curto pra-

zo, era a solu����o. Ambos eram maduros e certamente

dariam conta das intimidades que uma uni��o propor-

cionaria sem criar grandes expectativas. Contudo,

era como se n��o abrisse m��o de continuar solteiro.

��� Bem, ent��o se considere um homem livre ���

Savannah o alertou. ��� A ��nica pessoa que sabe da

gravidez �� J��ssica, e eu confio que o segredo esteja

bem guardado com ela e Chase, que j�� deve estar sa-

bendo tamb��m.

��� Mas eu sei, Savannah. E n��o h�� nada que me

fa��a abandonar meu beb��.

26

B R E N D A J A C K S O N

Se por um segundo Savannah ficou amolecida pe-

las palavras que acabara de ouvir, em outro decidiu

que a gravidez n��o a faria casar. E o quanto antes ela

sa��sse de Montana, melhor. Ent��o sorriu suavemente,

levantou-se, pegou a bolsa, colocou a al��a da c��mera

nos ombros e disse:

��� Grata pelo pedido de casamento, Durango. Es-

tou sinceramente tocada, mas n��o me casarei com

voc�� nem com ningu��m por uma crian��a.

Durango tamb��m se levantou e esbravejou:

��� Escute aqui, Savannah...

��� N��o, escute voc��! ��� ela replicou com seguran-

��a. ��� Conhe��o essa hist��ria. Meu pai se viu for��ado

a se casar com minha m��e gr��vida do meu irm��o. Por

essa obriga����o o casamento foi infernal. Para ag��en-

tar a press��o, constituiu uma outra fam��lia, sendo in-

fiel e mantendo uma vida dupla com a outra mulher

��� tomou f��lego para continuar. ��� Papai era repre-

sentante de vendas e por isso viajava muito, mam��e

nem imaginava que existia a J��ssica na Costa Oeste.

Mas quando descobriu, quem mais sofreu al��m das

crian��as, foram as duas mulheres que confiavam nele

e o amavam muito. Chegou ao ponto insuport��vel da

m��e de J��ssica cometer suic��dio. Era imperdo��vel as-

sistir tanto sofrimento em casa. Portanto, n��o importa

o que voc�� diga, eu n��o me casarei por crian��a nenhu-

ma... Obrigada pela conversa. Manterei contato.

Virou-se e andou r��pido em dire����o ao guich��,

embora com o queixo tremendo.

A V O Z D O A M O R





2 7


��� Desculpe senhora, mas devido �� forte nevasca,

todos os v��os foram cancelados at�� nova ordem.

Savannah paralisou.

��� Todos?

��� Sim. Estamos providenciando um lugar para os

passageiros passarem a noite, mas parece que os ho-

t��is da redondeza est��o lotados.

N��o lhe agradava nem um pouco dormir em uma

cadeira dura.

��� Savannah, voc�� vem comigo.

Ela se virou na dire����o da voz firme que ouviu

atr��s de si.

��� N��o vou a lugar nenhum com voc��.

Durango se aproximou tentando intimid��-la:

��� Ah, vai sim. Voc�� n��o ouviu que todos os v��os

foram cancelados?

��� A senhora precisa de ajuda? Quer que eu chame

os seguran��as? ��� perguntou o atendente.

Era o que faltava, n��o precisaria muito para que

Durango mostrasse a raiva que sentia daquela per-

gunta. Savannah ajeitou o cabelo que ca��a sobre a

face, manteve os olhos sob Durango e falou por cima

dos ombros:

��� N��o preciso, mas obrigada ��� disse ao atenden-

te. ��� Com licen��a.

Frustrada e exausta, pegou no bra��o de Durango e

o levou para longe do guich��.

��� Acho que precisamos esclarecer umas coisi-

nhas.

28

B R E N D A J A C K S O N

��� O qu��? ��� Durango disse ajeitando os ombros e

o pesco��o tentando aliviar a tens��o que sentia.

��� Ningu��m diz o que eu devo ou n��o fazer, Du-

rango Westmoreland ��� disse-lhe, a um palmo do

rosto dele.

Nossa, ela era linda quando ficava enfurecida. Mas.

pensando bem, ela tinha raz��o sobre aquela postura au-

torit��ria dele. Lembrou-se de Delaney, seu primo,

transformado em um homem superprotetor depois de

casado. Mas com ela era diferente. A ��nica certeza era

de que n��o deixaria a m��e de seu filho dormir em uma

cadeira dura de aeroporto, se ele podia perfeitamente

acomod��-lo em seu aconchegante quarto de h��spedes.

Preferiu outra t��tica. Conhecido por mudar da ��gua

para o vinho em um piscar de olhos, estendeu o bra��o e

alcan��ou a m��o de Savannah:

��� Desculpe-me se fui autorit��rio com voc��. Es-

tava pensando no bem de voc��s dois. Com certeza

n��o seria bom que dormisse aqui. H�� um quarto de

h��spedes l�� em casa. Estou lhe convidando. Quer vir

comigo?

Palavras doces e quase suplicantes acompanhadas

de um sorriso bondoso fizeram seu sangue ferver,

pois percebia que tudo n��o p a s s a v a de c o n v e r s a

mole. Anos de experi��ncia ouvindo o pai se descul-

par com a m��e a tornou especialista nesse tom de voz.

E quase usou de jarg��es baixos para mand��-lo ao in-

ferno.

Por��m, passar mal a noite n��o era uma boa id��ia.

Seria maravilhoso tomar um banho quente e se enfiar

A V O Z D O A M O R

29

em uma cama, sozinha. Ressabiada, por Durango

Westmoreland ser um grande sedutor, procurou na

express��o facial dele se havia segundas inten����es na-

quele convite. Mas o que mais poderia acontecer?

Nada mais a faria dormir com ele outra vez.

Retirou sua m��o das dele e perguntou:

��� Voc�� tem mesmo um quarto de h��spedes?

Com um sorriso de satisfa����o, Durango a fez ceder

por um momento �� atra����o que levaram ambos at��

aquele est��gio.

��� Sim, e voc�� ser�� muito bem-vinda.

Procurando distrair-se mexendo na al��a da c��me-

ra, ela o fitou mais uma vez e respondeu:

��� Aceito o convite se voc�� prometer que n��o to-

car�� mais no assunto do casamento. Isso �� caso encer-

rado.

Por um momento, ela captou um s��bito olhar pro-

vocativo nele, que logo desapareceu:

��� Est�� bem, Savannah. Atenderei seu pedido.

��� Ent��o irei com voc��.

��� Que bom! ��� Pegou a bagagem dela e conti-

nuou. ��� Venha, estacionei logo aqui em frente.

Meia hora depois eles estavam de volta �� casa de

Durango.

��� Chegamos ��� ele a conduziu ao quarto de h��s-

pedes. ��� H�� mais dois quartos, mas creio que gosta-

r�� deste.

Ela adorou a cama grande de madeira, com cabe-

ceira e acolchoada na cor de cereja, penteadeira com

30

B R E N D A J A C K S O N

espelho e arm��rio combinando, al��m dos v��rios qua-

dros e um vaso de flores que compunham a decora-

����o. Era praticamente uma su��te com direito a sof�� e

banheiro.

��� Minha m��e costuma ficar neste quarto. Ela acha

que falta um toque feminino nos outros.

Quando se entreolharam, parecia que os cora����es

faziam barulho de tanto pulsar.

��� Gostei, obrigada. �� muito bonito ��� ela disse

desviando a aten����o para a decora����o, em busca do

resgate do autocontrole.

Pelo canto do olho p��de not��-lo se aproximar e o

acompanhou at�� a janela, onde ele fora abrir as corti-

nas, para desvendar uma bela paisagem. Mas a paisa-

gem que Savannah tanto admirava era um homem

forte, alto, de pernas torneadas e ombros largos. Era

esse conjunto que a fisgara e mudara completamente

suas perspectivas sobre o que esperar de uma rela����o

��ntima. Tudo o que aquele corpo prometia ser, era

exatamente o que cumpria fazer. Bastavam as lem-

bran��as para excit��-la.

Ele se virou a surpreendendo:

��� Parece tudo perfeito d a q u i . N a d a al��m das

montanhas. �� simplesmente maravilhoso quando co-

me��a a nevar nesta ��poca do ano ��� disse e voltou-se

para a janela.

Contida para n��o mostrar outro tipo de interesse,

ela seguiu ao lado dele e perdeu o f��lego diante de

tanta beleza. A vista panor��mica da janela era linda e

desejou captur��-la com a c��mera antes que partisse.

A V O Z D O A M O R

31

��� H�� quanto tempo mora aqui? ��� A curiosidade

a fez falar.

��� H�� quase cinco anos. Assim que terminei os es-

tudos e consegui o trabalho como guarda, fui morar

com meu tio no topo de uma montanha por cerca de

dois anos, at�� poupar o suficiente e comprar esse pe-

da��o de terra. Todo esse terreno era a pousada de um

casal de velhinhos. Quando eles faleceram, os her-

deiros lotearam e venderam tudo. Meu terreno tem

mais de mil quil��metros quadrados.

��� Nossa! �� enorme.

Ele confirmou sorrindo.

��� Sim, mas o que mais me atraiu �� que a maior par-

te �� montanhosa. A primeira coisa que fiz foi aprovei-

tar a ��gua natural e quente que sai de dentro das monta-

nhas em uma banheira coletiva que fica logo ali fora.

Se o tempo estivesse melhor, voc�� poderia conhec��-la.

�� garantia de uma ��tima noite de sono.

Savannah n��o resistiu �� possibilidade disso acon-

tecer e pensou alto:

��� Uma noite bem dormida me parece perfeita.

Meu v��o foi muito cansativo.

Durango expressou tom de conformismo e disse

ap��s olhar para o rel��gio:

��� Infelizmente, �� sempre assim. Mas que tal eu

p��r a mesa para jantarmos? J�� esquentei frango e o

molho, repolho refogado e pur�� de batata. Voc�� �� mi-

nha convidada.

Nem era preciso responder, seu est��mago anun-

ciou alto o que ela queria. Jantar costumava ser a me-

32

B R E N D A J A C K S O N

lhor refei����o desde que os enj��os matinais n��o per-

mitiam comer nada al��m de bolachas de ��gua e sal

muito depois da hora de almo��ar.

��� Agrade��o o convite. Parece delicioso. Precisa

de ajuda?

��� N��o. Est�� tudo sob controle ��� caminhou para a

porta a fim de deix��-la �� vontade, mas antes parou e

disse: ��� Seu nome n��o �� tipicamente urbano.

Ela franziu a testa e logo lembrou que J��ssica a ad-

vertiu sobre a opini��o de Durango sobre as mulheres

da cidade.

��� �� o nome da cidade sulista preferida de minha

m��e. Ela acha que combina comigo.

E ele tamb��m achava. Era um nome t��o feminino e

charmoso tanto quanto ela.

Pouco tempo depois, Savannah desceu as escadas

seguindo o aroma da comida na cozinha. Notou mais

uma vez a organiza����o e a decora����o r��stica, um so-

nho para qualquer cozinheiro ��� e Durango parecia

um. Ele a ouviu admirar-se.

��� J�� se acomodou?

��� Sim, n��o trouxe quase nada. N��o planejava ficar.

��� Mesmo assim, fique �� vontade. N��o me sur-

preenderia se ficar presa aqui mais uns dias.

��� O qu��? Por que voc�� diz isso?

Durango se encostou na pia e apontou a janela:

��� Veja l�� fora.

Savannah foi r��pido �� janela. Uma neblina forte

n��o a deixava ver nada.

A V O Z D O A M O R

33

��� O que aconteceu?

��� Bem-vinda a Montana. N��o sabia que esta �� a

pior ��poca do ano para fazer visitas?

N��o. O que ela desejava era contar a ele sobre o

beb��, logo que soube da gravidez, e nada mais... e

voltou para a janela:

��� Quantos dias mais ser��o assim?

��� N��o sei. Tudo o que nos resta fazer, �� aprovei-

tar... o que tivermos para aproveitar.

Savannah sabia que ele brincava com a insinua-

����o. Mas trancafiada na casa com Durango, " apro-

veitando o que tivesse para aproveitar" n��o era o que

estava planejando. Bastava menos que uma troca de

olhares para que ela sucumbisse ao desejo de t��-lo.

��� Vamos comer, Savannah.

Ela olhou desconfiada antes de chegar �� mesa.

��� Voc�� n��o tem medo de a luz acabar?

Durango negou com a cabe��a:

��� N��o. Tenho meu pr��prio gerador que supri toda

a energia necess��ria, al��m das lareiras nos quartos e

na sala. Independente do clima l�� fora, nos mantere-

mos aquecidos e a salvo aqui dentro.

N��o era o frio que a preocupava, tinha certeza de

que os dois podiam, inclusive, incendiar a casa. E

disso, ela n��o estava a salvo.

��� Tudo me parece delicioso. N��o sabia que cozi-

nhava ��� ela disse enquanto se servia e tentava n��o

lamber os l��bios e revelar a fome que sentia.

Durango sorriu ao v��-la com apetite. Muitas das

mulheres com quem sa��a para jantar comiam t��o pou-

co que at�� n��o tinha gosto de se servir.

34

B R E N D A J A C K S O N

��� Sou um h o m e m s o l t e i r o que sabe se virar.

Aprendi tudo com uma grande professora, Sarah

Westmoreland, minha m��e.

Savannah provou o pur�� de batata e o achou deli-

cioso.

��� Mmmm, est�� ��timo.

��� Obrigado.

Depois de um certo sil��ncio, Durango disse:

��� Notei que a barriga n��o est�� aparecendo.

Ela enrubesceu pensando que ele investigara seu

corpo.

��� Estou de dois meses, Durango. O beb�� deve es-

tar menor que um amendoim agora. Na maioria das

mulheres, a barriga come��a a aparecer com quatro

meses.

Interessado ele perguntou:

��� Como tem sido a gesta����o at�� agora?

Ele levantou os ombros e disse:

��� Normal, acho. O que me incomoda s��o as fortes

n��useas logo que acordo. Em geral n��o ouso comer

nada mais que bolachas de ��gua e sal �� tarde. Por isso

estou faminta agora.

Surpreso, ele arregalou os olhos:

��� Todos os dias?

��� Quase todos. Mas segundo o m��dico, isso �� co-

mum nos dois primeiros meses... Voc�� nunca convi-

veu com uma mulher gr��vida?

��� N��o. Quando viajei na P��scoa ano passado,

Jayla estava gigante carregando g��meos.

A V O Z D O A M O R

35

Ele sorriu um pouco envergonhado e continuou:

��� Minha fam��lia tem muitos g��meos, e at�� trig��-

meos.

��� Obrigada pelo aviso ��� foi tudo o que ela p��de

dizer.

Pegando-a desprevenida, Durango passou os de-

dos suavemente no cabelo sedoso e macio dela.

��� Acho que um trio com seus olhos seria lindo.

Savannah n��o se conteve, pois tudo o que desejava

era sentir o peso daquelas m��os. Id��ntica ��quela noi-

te, a sensa����o que tinha era forte e selvagem, deixan-

do-a vulner��vel a qualquer movimento dele, cedendo

ao ��xtase que a lembran��a garantia.

��� Quero testemunhar todas as mudan��as de seu

corpo com meu beb�� crescendo a�� dentro ��� sussurrou.

As palavras massageavam Savannah onde n��o era

permitido ao toque. Arrepiada de excita����o, ela disse:

��� N��o sei como isso ser�� poss��vel, Durango ���

ela tamb��m sussurrou.

��� Ser�� se nos casarmos.

Ela franziu a testa quebrando o clima sensual:

��� Voc�� prometeu que n��o tocaria nesse assunto.

��� Eu sei, mas quero fazer uma proposta e espero

que a aceite ��� ele disse sorrindo sutilmente.

��� Que tipo de proposta? ��� ela respondeu atenta.

��� Que nosso casamento seja limitado pelo tempo

da gravidez e mais alguns meses, digamos... de seis a

nove meses. Depois disso, damos entrada no div��rcio.

Estarrecida com a proposta, Savannah tentou ig-

norar o olhar fulminante de Durango e perguntou:

36

B R E N D A J A C K S O N

��� Para que algo assim?

��� Bem, em primeiro lugar, sacio minha vontade

de estar com voc�� durante a gesta����o, segundo, pro-

tejo meu filho da ilegitimidade, coisa que abomino. E

terceiro, sabendo que tudo ter�� um fim estipulado,

voc�� n��o far�� mais compara����es entre mim e a hist��-

ria de seu pai.

��� Eu nunca disse que voc�� faria o m e s m o que

meu pai.

��� Disse em outras palavras. Mas concordo com

voc��. Meu senso de obriga����o n��o bastaria para nos

mantermos unidos. Sinceramente, n��o estou prepara-

do para um casamento duradouro, por��m acho saud��-

vel para o beb�� se estivermos juntos durante a gesta-

����o. Pense bem, seria justo para n��s dois, pois j�� sa-

ber��amos o que esperar um do outro.

V��rias perguntas passavam pela cabe��a dela, mas

havia uma que n��o podia deixar de ser feita:

��� Voc�� est�� propondo um casamento de fachada?

Casamento de conveni��ncia?

��� Sim.

Ela o olhava sem piscar.

��� Isso significa que n��o dividiremos a cama?

Ele sabia onde ela chegaria, mas a atra����o por ela

era quase animal. Definitivamente, ser seu esposo

sob o mesmo teto significava dividir a cama com ela.

Deixando encostar-se na cadeira, disse:

��� N��o exatamente. Tenho outros planos em rela-

����o a esse assunto.

Ela podia bem imaginar quais eram...

A V O Z D O A M O R

37

��� Ent��o pode guard��-los com voc��. Se, eu disse,

" se" eu aceitasse, n��s n��o dormir��amos juntos.

��� Voc�� est�� dizendo que n��o gostou de dormir

comigo?

Savannah se ajeitou um pouco. Quem foi que dor-

miu naquela noite? Nem por um segundo pregaram o

olho. Pelo que lembrava, virou a noite fazendo o me-

lhor sexo de toda sua vida. N��o tinha nem compara-

����o com Thomas, o ex-namorado.

��� N��o �� isso.

��� O que �� ent��o? ��� Durango for��ou uma resposta.

��� �� que ��� disse com cuidado ���, com exce����o

daquela noite, n��o �� do meu feitio me deitar com um

homem sem estar sinceramente envolvida.

E decidiu parar por a��, omitindo que seu hist��rico

amoroso contava apenas com duas ��nicas pessoas.

Ele se aproximou:

��� Confie em mim, Savannah. Se nos casarmos,

estaremos "sinceramente envolvidos", mesmo que

por pouco tempo. Com franqueza, n��o sei por que

n��o dormirmos juntos. Somos adultos com desejos e

necessidades, chegou a hora de assumirmos nossa

forte atra����o, que, inclusive, nos trouxe at�� aqui. E ���

ele continuou para interromper o que ela iria dizer ���

pode ser que tenhamos perdido o j u �� z o por beber

champanhe demais, mas foi delicioso. Por que fingir

o contr��rio?

N��o era fingimento, ela n��o queria outra dose,

mesmo sendo maravilhoso como foi.

��� Voc�� est�� fugindo do assunto.

3 8

B R E N D A J A C K S O N

��� Acho que voc�� �� quem est��. Eu quero participar

desta gravidez, e �� importante firmarmos um la��o fa-

miliar durante o desenvolvimento do beb�� em seu

ventre e logo ap��s o nascimento.

��� Voc�� se refere a quanto tempo com o rec��m-

nascido?

��� Tanto quanto combinarmos. Prefiro, no m��ni-

mo, seis meses ou at�� mesmo um ano.

Tentando acompanhar tudo o que estava aconte-

cendo, ela disse:

��� N��o quero nenhum favor seu.

��� N��o se trata de favores. Pretendo estar presente

na vida dessa crian��a mesmo que estejamos separa-

dos. Mas seis meses s��o suficientes, a n��o ser que de-

seje mais.

Ela ficou completamente muda. N��o havia o que

dizer. O que fazer? Ele estava certo. Estavam atra��-

dos desde o primeiro momento.

Mas sobre o passado n��o podia mais decidir, e n��o

mudaria de opini��o sobre dividir a cama com ele.

Se houvesse insist��ncia, ela teria outros planos para

todos.

Durango n��o estava acostumado a receber negati-

vas em suas propostas, mas com ela era diferente!

Ele tamb��m falou sobre estar presente enquanto o

beb�� estivesse se desenvolvendo em seu ventre. Era

inacredit��vel que ele soubesse das sutilezas na cone-

x��o entre pais e filhos ainda na barriga. Sabia de ca-

sais que contavam hist��rias e colocavam m��sicas na

A V O Z D O A M O R

39

barriga para o bem-estar dos beb��s, mas Durango n��o

entenderia dessas coisas.

Savannah afastou o prato satisfeita, sendo essa a

��ltima refei����o at�� a mesma hora do dia seguinte. As-

sim que levantou a cabe��a, ela esclareceu:

��� Se o assunto ainda for o casamento de fachada,

voc�� n��o ter�� direitos de cama. Agora, se est�� procu-

rando brechas nesta proposta, eu n��o dormirei nem

solteira ou casada com voc��. E onde morar��amos, se

eu aceitasse sua proposta?

��� Eu preferiria aqui, mas se fizer quest��o, mudo

para a Filad��lfia.

Ela sabia que o lugar dele era entre as montanhas.

Era quase imposs��vel imagin��-lo na Filad��lfia.

��� E seu emprego?

��� Pe��o afastamento.

��� Voc�� estaria disposto a fazer isso?

��� Pelo nosso beb��, sim.

Savannah procurou ind��cio de qualquer outro sen-

timento, mas se comoveu entendendo que era since-

ro, como tamb��m se assustou. Mesmo sendo uma

uni��o breve, ele parecia estar disposto a tudo pelo fi-

lho dela.

Filho deles.

Levantou-se.

��� Como eu disse, preciso de um tempo para pen-

sar, Durango.

��� Pense mesmo, e pense muito bem. Se n��o qui-

ser mais discutir sobre dividirmos a cama, tudo bem.

Meu pedido de casamento continua mantido.

40

B R E N D A J A C K S O N

Ele saiu da cadeira e se p��s no caminho dela:

��� H�� toalhas, roup��o e tudo mais que precisar no

banheiro anexo ao quarto. Se quiser algo mais, me

chame. Caso contr��rio, at�� amanh��.

��� Eu ajudo com a lou��a e...

��� N��o, deixe ��� disse logo em seguida, soltando

um suspiro de frustra����o. N��o havia nada mais forte

no mundo do que a vontade de beij��-la e senti-la. Mas

n��o agora. Ela precisava pensar na proposta.

��� Cuidarei disso logo que fizer a ��ltima ronda

pela casa. ��� Acrescentou.

��� Tem certeza?

��� Sim.

��� Ent��o est�� bem.

Durango a viu sair. Era imposs��vel ignorar que a

atra����o que sentia por ela continuava a mesma.

CAP��TULO QUATRO

Savannah acordou bastante confusa. N��o havia pre-

gado os olhos pensando na proposta. Tinha medo de

piorar a situa����o, embora ele parecesse sincero em

ajud��-la durante a gravidez, al��m de tomar cuidado

para n��o dispensar uma atitude t��o rara como aquela.

Cansada desse assunto, levantou da cama e foi at��

a janela. O clima parecia ter piorado e somente um

milagre mudaria o c��u naquele dia. Ao menos a larei-

ra estava acesa, e teve a impress��o de ver Durango de

madrugada, ati��ando o fogo, seus bra��os fortes e

m��os firmes, as mesmas que uma vez ati��aram seu

corpo. Lembrou-se de t��-lo admirado na madrugada

quando se p��s de p��, e o elegeu o melhor bumbum

vestido de jeans do mundo.

Tomou um susto quando bateram �� porta, pois n��o

havia mais ningu��m al��m dele na casa:

��� Pode entrar.

A lareira era completamente dispens��vel com Du-

rango sorrindo no quarto. Como era poss��vel ficar

imune a tanto charme?

��� Bom dia, Savannah. Dormiu bem?

��� Bom dia, Durango. Sim, dormi bem, mas pelo

visto o tempo n��o melhorou ��� disse sentanda na

cama e arrumando o decote da camiseta.

4 2

B R E N D A J A C K S O N

��� N��o, acho at�� que piorou. Preciso sair agora e...

��� Nesse tempo?

Durango levantou as sobrancelhas e, sorrindo disse:

��� N��o se preocupe, hoje nem se compara com a

tempestade do m��s passado. Estou acostumado. Tra-

balho na equipe de Busca e Resgate. Acabei de rece-

ber um telefonema informando que h�� dois esquiado-

res desaparecidos. H�� poucas cabanas na regi��o, mas

espero que tenham encontrado uma e ficado por l��.

T e m e r o s a com tudo que imaginava, desviou o

olhar para fora.

��� Ficar�� bem at�� eu voltar?

��� Ficarei ��� voltou o olhar e acompanhou ele sair

do quarto. ��� Tenha cuidado!

Do corredor, Durango a atendeu respondendo:

��� Terei. ��� E continuou sorrindo. ��� N��o tenho a

m��nima vontade de deix��-la sozinha com nosso beb��.

Savannah esperava que fosse diferente, mas assim

que saiu da cama, come��ou a sentir fortes ��nsias e

correu at�� o banheiro. Ap��s fazer a higiene pessoal,

seguiu para a cozinha e encontrou o pacote de bola-

chas de ��gua e sal que Durango havia deixado para

ela. Enquanto comia, pensava em quando voltaria

para a casa, vendo a neve cair pela janela.

Durango bateu bem os p��s para livrar as botinas da

neve, depois fechou a porta com cuidado. Felizmen-

te, os esquiadores foram encontrados bem e em uma

A V O Z D O A M O R

4 3

barraca velha e abandonada, mas todo o dia de traba-

lho fora tomado pelos pensamentos de encontr��-la

em casa quando chegasse. Olhou em volta e a encon-

trou cochilando, encolhida no sof��. Seu cabelo emol-

durava o rosto e uma express��o pac��fica, que o fize-

ram admir��-la ali, parado, por toda a eternidade.

Bastou um movimento pequeno para ele entender

que naquele ventre �� mostra crescia e se formava sua

semente. Sorriu imaginando uma menininha de olhos

encantadores e cabelos encaracolados iguais aos da

m��e.

Mulheres eram uma raridade na fam��lia Westmo-

reland. Por quase trinta anos, Delaney foi a ��nica mi-

mada pelo pai, cinco irm��os e seis primos, at�� que h��

oito meses, uma nova integrante vinda entre os trig��-

meos do tio Corey, a Casey, aliviou a super prote����o

da pobre Delaney.

Era ineg��vel tamanha admira����o de Durango pela

mo��a no sof��. Diferente do que conhecia, ela n��o

usou da gravidez como desculpa para nada, n��o o for-

��ou em nenhuma decis��o e at�� agora n��o aceitara o

pedido de casamento que, mesmo sendo tempor��rio,

ele queria muito.

Vestida com a camiseta e a cal��a do agasalho dele,

ainda podia ver os contornos dos seios que pareciam

mais cheios do que na noite que os tocara. Seria ma-

ravilhoso acompanhar as mudan��as daquele corpo

nos pr��ximos meses. Quem diria que ele, solteiro

44

B R E N D A J A C K S O N

convicto, estaria completamente envolvido por uma

mulher gr��vida?

Ela fez um pequeno som e acomodou o corpo ain-

da dormente, mexendo a barriga, levantando a cami-

seta e exibindo ainda mais o local onde seu beb�� cres-

cia. Durango soltou um gemido de excita����o com

vontade de beij��-la na barriga, mas antes fechou os

olhos como se n��o houvesse barreiras para sua imagi-

na����o. Lembrou-se dos momentos t��rridos de paix��o

e se viu excitado e ansioso para viver tudo de novo.

Fisgada pelo aroma da comida, Savannah perce-

beu que n��o estava mais sozinha. Despertou em um

pulo e pensou que, ao tentar aliviar uma leve tontura,

pegou no sono. Por que ele n��o a acordou? E os es-

quiadores?

��� Comeu alguma coisa?

Sens��vel por ter acabado de acordar, a voz de Du-

rango vibrou dentro dela fazendo o cora����o bater a

todo vapor. Displicentemente vestido, ele continuava

irresist��vel, seria uma prova de fogo viver sob o mes-

mo teto e n��o ir para cama com ele. Mas estava deter-

minada a resistir.

��� N��o, mas obrigada por deixar o caf��-de-manh��

aquecido no forno. Meu est��mago n��o estava muito

disposto e comi as bolachas que encontrei.

Ele tinha se lembrado das crises de n��useas.

��� J�� foi ao m��dico?

A V O Z D O A M O R





4 5


��� Sim. Mas terei que procurar outro. O dr. Wilson

�� o mesmo m��dico de quando minha m��e teve a mim

e a meu irm��o. E ele est�� se aposentando agora.

��� Mas o que ele diz de voc�� passar mal todas as

manh��s? Ser�� que voc�� e o beb�� est��o bem nutridos?

Savannah se sentou.

��� O dr. Wilson disse que estamos bem.

Durango encostou-se na parede:

��� Gostaria de acompanh��-la na pr��xima consulta.

��� Na Filad��lfia?

��� Onde voc�� quiser, n��o importa. E j�� que muda-

r�� de m��dico, h�� uma ��tima obstetra aqui em Boze-

man, se quiser.

Ela encostou a cabe��a para tr��s tentando resistir

aos apelos do corpo dele:

��� S��rio? Bom saber.

��� Imaginei que fosse ��� disse sorrindo.

Durango se aproximou, sentou em uma cadeira e

cruzou as pernas na altura dos tornozelos.

��� Tem pensado na proposta?

��� Tenho sim.

��� E? ��� perguntou gentilmente, cuidadoso para

n��o apress��-la.

��� Preciso de mais tempo para decidir ��� respon-

deu olhando fixamente para as pernas cruzadas dele.

��� Gostaria de lhe dar todo o tempo do mundo,

mas o tempo urge Savannah. Se decidirmos nos ca-

sar, alguns arranjos ter��o que ser feitos.

��� Arranjos?

4 6

B R E N D A J A C K S O N

��� Sim ��� ele achou engra��ada a surpresa dela. ���

Pode n��o ser t��o elaborado quanto o de Chase, mas

voc�� sabe que minha fam��lia �� grande e...

��� Francamente, n��o vejo por que ostentar algo

que acabar�� logo. Se eu aceitar, preferirei uma via-

gem para Vegas e contarei tudo depois. Todos sabe-

r��o o motivo do casamento em alguns meses mesmo.

Durango concordou com a cabe��a, sabia que seria

um choque para todos, pois nunca deixou de escon-

der sua avers��o por casamentos.

��� E quanto a sua m��e? ��� ele perguntou.

��� Ela ficar�� em Paris por umas semanas a partir

de amanh��. Se eu decidir me casar, n��o nos incomo-

daremos sobre a cerim��nia at�� por que ela sabe que

n��o acredito em "finais felizes".

Por algum m o t i v o , D u r a n g o se i n c o m o d o u ao

ouvi-la, mesmo que pensasse parecido.

��� Est�� bem. Ent��o, se voc�� concordar, embarca-

mos e se caso nossos pais quiserem, podem fazer uma

recep����o mais tarde. O que acha?

��� ��timo.

��� Ent��o quando saberei sua decis��o?

��� Antes de voltar para casa. Ser�� que o clima es-

tar�� melhor amanh��?

��� N��o tenho certeza. Em geral, esse tipo de tem-

pestade leva uma semana para passar.

��� Uma semana? N��o tenho roupas suficientes.

Ele at�� tinha a solu����o, mas achou impr��pria a

hora para dizer que ela podia andar nua pela casa se

quisesse...

A V O Z D O A M O R

47

��� Voc�� pode provar as roupas que Delaney dei-

xou da ��ltima vez que esteve aqui. Acredito que vo-

c��s tenham o mesmo tamanho.

��� Ser�� que ela n��o se incomodaria?

��� Tenho certeza de que n��o.

��� Se �� assim, ent��o est�� bem.

Ele se levantou:

��� Acha que seu est��mago est�� pronto para o jan-

tar? Fiz carne assada.

��� Creio que sim. Quer ajuda na cozinha?

��� Se quiser, pode p��r a mesa.

Ela se levantou:

��� Est�� bem. E os esquiadores?

��� Por sorte um dos dois era escoteiro e soube o

que fazer. Estavam em boas condi����es quando foram

achados.

Aliviada, ela sorriu enquanto o seguia at�� a cozi-

nha:

��� Que bom.

Savannah n��o sabia o quanto estava faminta e no-

tou, envergonhada, que ele estava parado a observan-

do devorar a carne.

��� Estava com muita fome.

��� �� o que parece. Mas continue, n��o se incomode

comigo.

��� J�� comi o suficiente, obrigada.

��� De nada. Fa��o quest��o de ajudar a bailarina a

dan��ar.

��� Que bailarina?

48

B R E N D A J A C K S O N

��� Nossa filha.

Savannah se serviu de um gole de leite e pergun-

tou:

��� Por que voc�� acha que ser�� menina?

Ele se aproximou para enxugar a boca dela com

um guardanapo e disse:

��� Porque sou metido o bastante para achar que

ser�� tudo do jeito que eu quero.

Isso n��o era novidade para ela.

��� E por que voc�� quer uma menina?

��� Por que n��o? ��� ele n��o diria que a verdade era

para ter uma pequena Savannah em casa.

��� Com a quantidade de homens em sua fam��lia, a

log��stica ser�� mais f��cil se for menino.

��� Nossa log��stica funcionou bem com Delaney,

al��m de amedrontar qualquer sujeito que chegasse

um quarteir��o pr��ximo dela. Quero mudar nossa pr��-

xima gera����o. Esqueceu que as filhas s��o as "meni-

nas dos olhos do pai"?

��� Nem sempre ��� ela respondeu, lembrando-se

de sua hist��ria pessoal.

��� Mas deixe-me esclarecer: Amarei se for meni-

no ou menina, mas ter uma filha ser�� extra, extra es-

pecial.

Savannah sorriu agraciada pelas palavras dele,

provavelmente por que tamb��m desejasse o mesmo.

Contudo, estava surpresa por um solteiro orgulhoso

se interessar por crian��a e querer ser pai. Naquele

momento, era linda a imagem dele segurando uma

menina no colo e contando hist��rias para ela.

A V O Z D O A M O R





4 9


��� Ent��o, o que voc�� acha? ��� Durango perguntou.

Savannah olhou as roupas estendidas na cama.

��� Acho que os agasalhos servir��o bem. N��o cos-

tumo usar jeans, mas ser�� bom variar.

��� Voc�� tem planos para hoje �� noite?

Pelo tom da voz dele, era imposs��vel ela n��o tre-

mer com aquela pergunta, mas continuou resistindo.

��� Pensei em terminar o livro que trouxe.

��� Ah, que tipo de livro?

��� Sobre beb��s, o que esperar durante a gravidez e

sobre o parto.

��� Parece interessante.

��� Sim, �� ��� ela tentou disfar��ar a excita����o por

estarem no mesmo quarto. Precisava tir��-lo dali, mas

antes:

��� Quero lhe fazer uma pergunta antes de me de-

cidir.

��� Ent��o fa��a.

Para amenizar a ansiedade que sentia, o ideal seria

conversarem em um lugar neutro, mas se afastou da

cama, sentou em uma cadeira, e percebendo que ele

aguardava a pergunta, disse logo:

��� Quero saber o que voc�� tem contra mulheres da

cidade.

CAP��TULO CINCO

H�� perguntas que n��o devem ser feitas. Savannah

chegou a essa conclus��o quando viu a mand��bula de

Durango se contrair. Suas m��os se fecharam e uma

rajada de fogo raivosa disparou atrav��s de seus olhos.

Outro motivo para que ela temesse aquela situa����o

era a sensa����o de que o ar estava pesado, agitado, le-

vando-a a suspender brevemente a respira����o.

A pergunta de Savannah o pegou obviamente des-

prevenido, exigindo dele todas as for��as para manter-

se sob controle. Ela estava receosa, mas ainda assim

precisava de uma explica����o para aquela fobia. Ela

sabia que ele n��o suportava nem ouvir falar sobre o

assunto, e se reservava a mencion��-lo apenas com os

mais ��ntimos.

Savannah o viu mexer os l��bios, e sabia que estava

murmurando palavras incompreens��veis, vazadas do

dom��nio que se esfor��ava em manter. Cada vez mais

curiosa, ela continuou a mostrar interesse, pois n��o

aceitaria ficar sem resposta.

��� Durango?

��� Prefiro n��o falar sobre isso ��� respondeu visi-

velmente tenso.

Falando em tom carregado e baixo, Savannah sen-

tiu que pisava em terreno minado. Evidentemente,

A V O Z D O A M O R

51

ele tamb��m p��de perceber pelo olhar determinado

dela que insistiria naquele assunto.

��� Esse assunto n��o lhe interessa, Savannah. Voc��

carrega nosso filho em seu ventre, se casar�� comigo,

mas isso n��o significa que precisamos escancarar o

passado de um e de outro. Respeitarei seu direito de

privacidade e espero que fa��a o mesmo comigo.

Era imposs��vel para Savannah ignorar o quanto

ansiava por aquela resposta. O que tinha causado ta-

manho sofrimento a Durango? S�� Deus para saber

quantas marcas ainda dolorosas ela guardava escon-

didas em algum lugar dentro de si. E ela sabia o valor

da privacidade, afinal, seus segredos eram divididos

unicamente com J��ssica. Ela sabia que n��o deveria

vasculhar o passado dele, mas era necess��rio somar

garantias que seu poss��vel novo relacionamento n��o

fosse corro��do pela raz��o de tanto mist��rio. Enquanto

isso n��o fosse resolvido, ela n��o voltaria atr��s.

��� Entendo o que disse Durango, mas se vamos

realmente nos casar, mesmo que temporariamente,

preciso saber se n��o serei destratada de alguma ma-

neira pela transgress��o de outro algu��m.

��� Garanto que n��o! ��� suas palavras foram mais

r��pidas que um piscar de olhos. Davam a impress��o

de que ele falava com raiva e remorso. ��� Isso n��o

tem nada a ver conosco, n��o se deixe influenciar pe-

las hist��rias que aconteceram antes de nos conhecer-

mos, nem que elas influenciem sua decis��o sobre

nosso casamento.

5 2

B R E N D A J A C K S O N

Mas o que estava influenciando Savannah naquele

momento eram os contornos dos m��sculos dele, um

dos ombros encostado no dossel, os p��s, cal��ados por

um par de botas, cruzados nos calcanhares e os bra-

��os fechados sobre o peito, e ambos se entreolhando

intensamente.

Faltavam poucos segundos para que o quarto todo

se incendiasse, pois eles estavam ardentes e se consu-

mindo pelo desejo. �� beira de n��o serem mais res-

pons��veis pelos pr��prios atos, ele tinha a n��tida im-

press��o que soltava fa��scas com tanto calor diante

dela, mesmo sem trocarem uma ��nica palavra. Ela

sentia a necessidade e o desejo por aquele homem e

estava lembrando o gosto que ele tinha e o quanto

ainda o queria mais.

Durango manteve o olhar nela como se a estivesse

hipnotizando. Seguiu em frente, atravessou o quarto

com todo seu charme na dire����o dela. Savannah n��o

reagiu �� aproxima����o dele. Mais perto, ele a alcan��ou

e gentilmente a levantou do sof�� pelos bra��os.

Os dois sabiam o que queriam naquele instante.

Ele abaixou o rosto e com uma das m��os a envolveu

pela nuca para que seus rostos se encontrassem e a

beijou. No momento que seus l��bios se encostaram,

as m��os de Savannah deslizarem automaticamente

para dentro dos bolsos traseiros da cal��a que ele

vestia.

Ao sentirem os l��bios se encaixarem, atados um ao

outro, ele inseriu a l��ngua com tanta intimidade e pai-

x��o que n��o havia como resistir. E ela sabia que nada

A V O Z D O A M O R

53

poderia fazer a n��o ser relaxar e se entregar ��s del��-

cias daquele beijo. E foi exatamente o que fez.

Um beijo simples entre dois adultos n��o faria mal

a ningu��m, era isso que ela pensou quando ro��aram

uma l��ngua na outra. Mas depois de um tempo ela

descobriu que n��o se tratava de um beijo qualquer.

Os movimentos e a l��ngua dele eram fortes, gostosos

e muito mais quentes do que uma fogueira em brasa

sob seus p��s.

O beijo de Durango era intenso, quente e sensual. O

tipo exato que faz os dedos dos p��s se contra��rem e os

seios incharem. Ela preferiu fechar os olhos mergu-

lhando cada vez mais nas sensa����es que afloravam sua

mente e nas descargas el��tricas que percorriam todo o

seu corpo. Ela respirava o cheiro dele, esfregava-se em

sua pele... ele estava fazendo amor com sua boca.

Mas, de repente, ele relutou e quebrou o beijo ao

se afastar. Ela abriu os olhos lentamente encontrando

o olhar profundo de Durango. Suspirou e sentiu-se

descontrair todos seus m��sculos como se estivesse

saciada. Com o olhar mantido sob os l��bios de Savan-

nah, ele sussurrou:

��� Adorei seu beijo.

Durango usou destas palavras como se justificasse

toda a paix��o que o levou a seduzi-la, inesperada-

mente.

��� Hum! Eu sei!

Savannah j�� tinha se convencido de que seus pla-

nos em Montana tinham sido alterados e o que lhe

restava era " aproveitar o que tinha para aproveitar".

5 4

B R E N D A J A C K S O N

Seu projeto inicial era dar a not��cia do beb�� pessoal-

mente e logo em seguida partir. Mas, agora, sabia que

sua flexibilidade lhe trouxera conseq����ncias s��rias.

Por outro lado, caso tivesse se mantido firme aos ob-

jetivos, n��o teria a m��nima id��ia do que seria viver

uma paix��o verdadeira. Antes dele, era como se fosse

analfabeta no assunto.

��� Acho melhor deix��-la. Vejo-a pela manh��.

Durango sussurrou tocando os l��bios molhados

aos dela. E antes que ela sa��sse do transe, ele partiu.

* * *

Logo que Durango fechou a porta, Savannah que

estava de p�� e inebriada pela magia do beijo, titubeou

como se o ch��o estivesse mole, murmurou algumas

palavras do mesmo jeito que Durango fizera h�� pou-

co sem desejar ser ouvida, atravessou o quarto e pro-

curou equil��brio sentando-se na cama. Foi a partir de

um beijo que tudo come��ou, e ela acabou gr��vida.

Ela o convidou para que continuassem a tomar cham-

panhe em seu quarto de hotel, e antes mesmo que ter-

minasse de servi-lo, ele tomou a garrafa e a ta��a de

suas m��os e a beijou com paix��o. O sabor que ele dei-

xava era delicioso e incrivelmente prazeroso. Ela

sentia a lux��ria ocupar todo seu ju��zo at�� se despirem

e ficarem nus.

Era ineg��vel que a atra����o que sentiam um pelo ou-

tro, fugia a qualquer padr��o. No fundo, Savannah sabia

que tal explos��o qu��mica perturbava a ambos. Eram vi-

A V O Z D O A M O R

55

s��veis os efeitos que ela causava em Durango, como a

mand��bula tensa e olhar paralisado sobre ela, como se

fosse necess��ria a interven����o de um ser de outra di-

mens��o para que ele se controlasse e lidasse com tanta

sensualidade correspondida entre um e outro.

��� E pensar que esse homem quer se casar comi-

go... ��� murmurava para si um pouco frustrada. ���

Mas por um tempo limitado, e isto ele faz quest��o de

lembrar ��� disse se acomodando no encosto da cama

e cruzando os bra��os, pensativa.

��� Do que mais poderei tirar proveito desse acordo?

Mais beijos ��� sua voz interna a respondeu ime-

diatamente. E se largar o jogo duro, ter�� temporaria-

mente um bom parceiro de cama. O que voc�� tem a

perder? Por que n��o? Ser�� um relacionamento com

todas as expectativas controladas. Saber�� que amor

n��o ter�� nada a ver com uma situa����o como essa,

al��m de ser uma alternativa saud��vel entre a crian��a

e um pai realmente amoroso e participativo.

Devido �� traum��tica experi��ncia com o pai, tudo

isso significava muito para ela. Savannah acreditava

que, mesmo depois de separados, Durango se mante-

ria presente e participativo na vida da crian��a.

Mas ela deveria se ater tamb��m ��s outras raz��es

que fariam de sua uni��o com Durango uma boa id��ia.

Endireitando-se, ela deitou do seu lado preferido

da cama. A quest��o agora era ter ou n��o um parceiro

de cama provis��rio. E para isso, ningu��m melhor do

que Durango Westmoreland. A verdade �� que ela n��o

tinha experi��ncia com sexo casual nem flertes, afinal,

5 6

B R E N D A J A C K S O N

antes de Durango aparecer, ela s�� havia se envolvido

com Thomas Crawford. Eles namoraram pouco mais

que um ano. Tudo ia bem, at�� ela ser selecionada para

desenvolver um projeto na empresa onde ambos tra-

balhavam. Como ele tamb��m desejava fazer o traba-

lho, chegou a quase convenc��-la a largar a oportuni-

dade para que ele pudesse abocanh��-la. Thomas foi o

homem mais ego��sta e egoc��ntrico que atravessou

seu caminho. Somavam quase dois anos desde que

terminara com Thomas e n��o dormira com ningu��m.

O que aconteceu naquela noite com Durango n��o ti-

nha sido apenas atra����o, mas necessidade hormonal

concentrada agindo como se respondesse a instintos

animais.

Ela se deitou de lado, com as m��os debaixo do ros-

to virado sob o travesseiro, e continuou refletindo so-

bre as vantagens dessa proposta de casamento e as

suas reais expectativas.

Nenhum dos dois estaria coberto por coura��as de

medo e nem cegos de paix��o, pois n��o se tratava de

um casamento tradicional. Como eles n��o se ama-

vam, seria muito mais f��cil lidar com a separa����o

programada.

At�� agora, Savannah se convencia cada vez mais

sobre as vantagens de aceitar o pedido de casamento.

Sua crian��a teria o tipo de pai que ela nunca teve e

tamb��m algu��m a quem recorrer quando precisasse,

al��m da extensa fam��lia Westmoreland a sua volta ���

que ao que p��de notar na festa de casamento de J��ssi-

ca e Chase, era bastante unida.

A V O Z D O A M O R

57

Tudo parecia favor��vel a que aceitasse o pedido,

mas se esfor��ou em pensar tamb��m nos aspectos ne-

gativos. E o que lhe parecia mais evidente era a pos-

sibilidade dela se apaixonar por ele.

Mas como dispositivo de prote����o, ela n��o se es-

tenderia em um pensamento como esse, mesmo cien-

te da possibilidade. Era perfeitamente poss��vel se en-

cantar com a gentileza e sensibilidade que Durango

vinha tendo ao preparar o caf��, em aquecer-lhe o

quarto de madrugada, al��m de toda a preocupa����o

dispensada a ela e ao beb��.

Mas, ainda assim, isso n��o aconteceria. Era dif��cil

acreditar que ela entregaria o cora����o ou a alma nas

m��os dele ou de qualquer outro homem.

Depois de horas debru��ado sobre as contas do m��s

e dos acertos de sua sociedade com McKinnon, no

haras, Durango n��o conseguiu pensar em outra coisa

que n��o o gosto de Savannah em sua boca. Ela incen-

diou e anestesiou seu ju��zo.

��� Droga!

Fechou o livro-caixa com for��a e se afastou do

computador. Estava indignado por n��o conseguir se

concentrar nos investimentos com os cavalos.

CAP��TULO SEIS

��� M e u Deus! Savannah, voc�� est�� bem?

Pelo tom da voz ele estava desesperado e preocu-

pado, mas a fraqueza n��o permitia que ela respondes-

se nem com um simples gesto de levantar a cabe��a

para olh��-lo. Al��m disso, sentia-se envergonhada de

ser vista rec��m-acordada ajoelhada diante de um

vaso sanit��rio sem ter feito a m��nima higiene.

��� Savannah o que est�� acontecendo?

Logo que p��de, ela aproveitou o f��lego entre os

intervalos de ��nsia e disse na inten����o de tranq��ili-

z��-lo:

��� N��usea da manh��.

��� �� isso que acontece com voc�� todas as manh��s?

Ela gemeu em tom sarc��stico. Sobre o que ele pen-

sava? Quase expressou sua indigna����o em uma res-

posta ir��nica, mas se ocupou com mais uma crise de

n��usea e vomitou o resto que lhe sobrava do jantar da

noite passada.

��� O que eu posso fazer?

Injuriada com a fraqueza que lhe tomava, tentou

pedir que ele sa��sse, mas tudo que conseguiu foi afas-

t��-lo com o bra��o, pedindo que ele a deixasse.

��� N��o sairei por nada neste mundo, minha queri-

da ��� disse com ternura, agachando-se ao lado dela e

A V O Z D O A M O R

59

a apoiando pelos bra��os. ��� Estamos juntos nessa,

lembra? Deixe-me ajud��-la.

Antes que ela dissesse que n��o havia nada a ser

feito e que melhoraria sem o aux��lio de algu��m, como

sempre acontecia em seu pequeno apartamento na Fi-

lad��lfia, ele provou que realmente ajudava. Durante

outra s��ncope de n��usea, ele alcan��ou a toalha e a se-

gurou junto �� testa de Savannah enquanto seu corpo

expelia o conte��do g��strico. Quando ela se acalmou,

ele secou sua boca e seu rosto, e deixou que ela se

aninhasse em seu colo. Carinhosamente, encostou

uma das m��os na barriga dela e, como um rem��dio,

acalmou seu mal-estar.

��� Isso mesmo querida, relaxe um pouco. Tudo vai

melhorar. Deixa-me cuidar de voc�� ��� disse baixi-

nho, ro��ando os l��bios no l��bulo da orelha dela ap��s

beij��-la na testa.

Ent��o ela ouviu o barulho da descarga, ao mesmo

tempo em que se acomodou nos bra��os fortes e prote-

tores dele. Ap��s abaixar a tampa do assento, ele a fez

sentar-se ali, a erguendo nos bra��os com facilidade

como se ela pesasse como uma pluma. Agachado

diante dela, perguntou, olhando-a nos olhos:

��� Ser�� que um refrigerante ajuda?

��� Sim ��� foi tudo que conseguiu dizer diante do

olhar de Durango que a fazia perder a respira����o.

��� Ficar�� bem sozinha enquanto eu des��o para pe-

gar um?

��� Estarei bem.

��� J�� volto.

60

B R E N D A J A C K S O N

Depois que ele se afastou, Savannah respirou fun-

do e percebeu que sua desagrad��vel sess��o matinal

de n��useas havia passado t��o r��pido e inexplicavel-

mente como quando aparecera. Aproveitou a vanta-

gem de estar sozinha e se curvou na pia para escovar

os dentes. At�� ent��o tinha somente gargarejado ��gua

quando Durango apareceu para socorr��-la. Agora,

custara o tempo de cuspir um anti-s��ptico bucal para

Durango voltar.

��� Aqui est��.

Savannah pegou a lata gelada de soda, e com a

ponta do indicador puxou com for��a o anel de metal.

O primeiro gole logo lhe fez bem. Assim que termi-

nou de beber, lambeu os l��bios e disse:

��� Obrigada. Precisava mesmo disso.

Manteve-se sentada observando o r��tulo do objeto

que segurava sem se deter a um detalhe espec��fico.

Durango, por sua vez, fixava-se nela, deixando-a

constrangida. Ela sabia o quanto sua imagem estava

horripilante. Lembrou-se de uma li����o que aprendera

no internato s�� para meninas que frequentou a mando

de seus av��s: em hip��tese nenhuma uma mulher po-

deria demonstrar fraqueza e nem descuido diante de

um homem. Mas naquele momento n��o podia fazer

nada, at�� por que ela n��o esperava que ele aparecesse.

Logo pela manh��, ele praticamente invadiu o banhei-

ro. Mas por qu��?

Como se tivesse escutado seus pensamentos, Du-

rango irrompeu em seus devaneios e respondeu:

A V O Z D O A M O R

61

��� Sei que voc�� n��o tem o costume de se alimentar

no caf��-da-manh��, mas resolvi, antes de preparar o

meu, ter certeza se voc�� iria me acompanhar.

��� Eu nem poderia comer nada.

��� ��, agora eu sei. Isso acontece todas as manh��s?

��� perguntou preocupado.

��� Quase todas as manh��s, dependendo do jantar.

Acho que acabei cometendo um exagero com a carne

assada ontem �� noite.

��� Isso �� evidente. E o que o m��dico disse a res-

peito?

Suspirou profundamente e respondeu:

��� N��o h�� muito o que dizer. Escute, Durango, ��

previs��vel que no in��cio de toda a gravidez a mulher

sinto ��nsias matinais.

��� Isso n��o quer dizer muita coisa.

Ela estendeu os bra��os e com as duas m��os fez si-

nal para que ele parasse. Estava percebendo que com

aqueles coment��rios ele logo sugeriria que ela procu-

rasse um m��dico local e por isso, resolveu impor a

sua vontade e disse:

��� Antes de qualquer coisa preciso me recompor,

Durango. Necessito de um tempo, est�� bem?

��� Tem certeza que conseguir�� se recuperar?

��� Sim, tenho.

��� Quer que eu fa��a alguma coisa?

Mal acostumada com tanto mimo, e ainda sentada,

ela alongou a coluna e respondeu impaciente:

��� N��o preciso de nada, obrigada.

6 2

B R E N D A J A C K S O N

��� Ent��o lhe deixarei �� vontade para que se arru-

me. ��� Durango concordou e antes de deix��-la, vol-

tou e a surpreendeu com o toque de seus l��bios nos

dela e disse:

��� Pe��o desculpas por meu beb�� estar lhe dando

tanto trabalho.

Antes que ela pensasse no que responder, ele j�� ti-

nha deixado o banheiro.

Durango estava feliz por n��o t��-la deixado sozinha

em casa, e ficou imaginando como ela teria se virado

sem ele. Depois, caiu em si, e lembrou-se de que no

apartamento da Filad��lfia ela deve ter vivido v��rias

situa����es como aquela, sem ter podido contar com a

ajuda de ningu��m. A primeira impress��o que Duran-

go teve sobre a indisposi����o matinal dela era de que

fosse um leve mal-estar, mas nada parecido com o so-

frimento que h�� pouco testemunhara.

Contudo, ficou satisfeito em poder ajud��-la. Du-

rango esfregou as m��os no rosto e na cabe��a, perce-

bendo o quanto ele ainda precisava entender sobre o

universo feminino, a gravidez e os beb��s. A fam��lia

Westmoreland n��o tinha crian��a at�� Delaney dar a

luz alguns anos atr��s. E, mesmo assim, ela passou a

maior parte da gesta����o e agora, com a crian��a j��

crescida, na terra de seu marido no Oriente M��dio.

Outra gr��vida com quem Savannah tivera liga����o,

embora em poucos encontros, era Jayla. Ele chegou a

se impressionar com o tamanho que ela tinha chega-

do nos ��ltimos meses por gerar g��meos, dando a im-

A V O Z D O A M O R

63

press��o de que sua bolsa pudesse estourar a qualquer

momento. Mas n��o se lembrava de nenhum coment��-

rio de Storm, o marido coruja, sobre ��nsias ou v��mi-

tos pelas manh��s.

Durango engatou os polegares nos bolsos frontais

da cal��a e sentiu que come��ava a ficar nervoso. N��o

havia como Savannah tranq��iliz��-lo dizendo que

tudo era normal. Pensando no que acabava de aconte-

cer, ele a aguardava na sala de estar, e a ouviu se

aproximar. Encontraram-se e ele n��o conseguia acre-

ditar que aquela era a mesma mulher que h�� pouco

vira p��lida e abatida. Bastaram uma cal��a e jaqueta

jeans para ela se transformar em uma mulher linda.

Na verdade, qualquer roupa lhe cairia bem.

Com um toque de maquiagem leve e natural valo-

rizando seus tra��os, ela estava muito bonita, como se

nada tivesse acontecido. Com ela, a sala se iluminou

e expandiu com mais vida... o que naturalmente se

pensaria se comparada com a paisagem do lado de

fora pela janela, coberta pela nevasca, ainda que as

previs��es mais recentes indicassem sinais de dissi-

pass��o.

��� Est�� melhor?

��� Sim, estou. E quero me desculpar por... ��� disse

sorrindo e foi interrompida.

��� N��o, n��o h�� nada para se desculpar. Estou feliz

porque estava por perto.

Era ineg��vel admitir que ela tamb��m estivesse

contente. As incont��veis vezes que passou por ma-

nh��s como aquela, e sozinha, n��o desmereciam o om-

64

B R E N D A J A C K S O N

bro que lhe foi oferecido pelo homem que investia no

seu bem-estar e no de seu beb��.

O que n��o podia admitir era que ele estava am��vel

e garboso desde cedo. Mas n��o havia novidade nisso,

pois ele sempre estava bem quando vestia jeans e ca-

misas xadrez. Savannah decidiu que se ocuparia com

pensamentos que a ajudassem a resistir aos encantos

de Durango. Assim, caminhou at�� a janela e observou

que o tempo continuava fechado:

��� Voc�� ter�� que sair hoje?

Ele se p��s ao lado dela para olhar atrav��s da janela.

��� Talvez mais tarde. Mas est�� previsto uma me-

lhora do tempo.

��� �� mesmo, ent��o quer dizer que poderei ir embo-

ra ainda hoje.

��� Talvez sim ��� ele respondeu sem dar muita

aten����o. ��� Sei que voc�� n��o costuma comer nada pe-

sado pela manh��, mas h�� algo que eu possa lhe ofere-

cer que n��o irrite seu est��mago?

��� Hum! Bolachas de ��gua e sal e um ch�� de ervas

me fariam bem. ��� E assim que ele saiu para provi-

denciar o pedido, ela chamou:

��� Durango?

��� Sim.

Com o cora����o acelerado Savannah disse:

��� J�� me decidi sobre sua proposta. Podemos con-

versar?

��� Est�� bem, conversaremos na mesa da cozinha,

o que acha?

Ela o seguiu.

A V O Z D O A M O R

65

��� Ent��o, o que decidiu?

Savannah largou a x��cara de ch�� sobre o pires, le-

vantou a cabe��a de onde podia ver o prato com as bo-

lachas, e falou sobre o que havia decidido na noite

passada e confirmado depois da atitude que ele tivera

mais cedo:

��� Aceito me casar com voc��.

De frente para ele, Savannah o viu encostar-se na

cadeira olhando-a fixamente com a impress��o de

querer expressar algo.

��� Mas quero explicar os motivos pelos quais

aceito seu acordo e porque n��o concordo em dividir a

cama com voc��.

��� Sou todo ouvidos.

Ela fez uma pausa, tomou outro gole de ch�� e re-

solver dizer:

��� Acho que j�� mencionei por que n��o me casaria

com ningu��m por causa de uma gravidez.

��� Por causa de sua hist��ria com seu pai, n��o ��

mesmo?

��� Sim.

��� Como eles se conheceram?

��� Na faculdade. Mam��e passou as f��rias do ano

de conclus��o fora de casa e quando voltou apresentou

papai para meus av��s dizendo-lhes que planejavam

se casar logo ap��s a formatura e que estava gr��vida

dele. Al��m do grande susto que tomaram, meus av��s

n��o aceitavam uni��es inter-raciais, e n��o eram muito

favor��veis �� rela����o deles.

��� Imagino.

66

B R E N D A J A C K S O N

��� Isso n��o era bem o futuro que Roger e Melissa

Billingslea reservavam para sua filha. Mas n��o havia

nada que fizesse mam��e m u d a r de id��ia, pois ela

acreditava que Jeff Claiborne era o homem de seus

s o n h o s , e q u a n d o seus pais p e r c e b e r a m que n��o c o n s e g u i a m c o n v e n c �� - l a de que estava errada, a deserdaram.

��� Adiantou alguma coisa?

��� N��o. Papai e mam��e se casaram meses depois

e, segundo ela, tudo ��a bem at�� ele perder o antigo

emprego em uma empresa grande e dar in��cio ao tra-

balho de representante de vendas em v��rias cidades.

Foi a partir da�� que o lar de minha m��e se desvirtuou.

Papai j�� n��o era mais a mesma pessoa, mas somente

quinze anos depois ela descobriu que ele mantinha

vida dupla, vivendo e sustentando tamb��m amante e

filha na Costa Oeste.

Durango tomou um gole de caf��. Nada disso era no-

vidade para ele depois de uma conversa com Chase.

��� N��o foi f��cil para mim e Rico ��� disse, usando

uma entona����o que chamasse sua aten����o para a con-

versa. ��� As pessoas viam filhos de uni��o inter-racial

como se fossem de outro mundo. Mas mam��e nos

ajudou a enfrentar essa situa����o e contou com a ajuda

de nossos av��s, embora houvesse uma certa press��o

dominadora sobre nossas vidas, pois minha av�� se

ofereceu para pagar um col��gio bom e s�� para meni-

nas para mim, at�� eu optar, felizmente, dentre as fa-

culdades nas quais fui aprovada, pela mais distante,

no estado do Tennessee.

A V O Z D O A M O R





6 7


Mais um gole de caf�� e Durango se manteve aten-

cioso, embora estivesse grato por ela estar lhe confi-

denciando sua hist��ria. N��o se conteve e perguntou:

��� Afinal, qual �� a rela����o disso que voc�� est�� me

contando com nosso casamento ou ainda... em dividir

a cama comigo enquanto formos marido e mulher?

Savannah ajustou-se na cadeira e respondeu:

��� Mais do que qualquer coisa, quero oferecer a

meu filho uma fam��lia unida, estruturada e que ele

saiba que o pai deseja participar de sua vida sem se

sentir obrigado a estar com ele.

Durango se curvou na cadeira para alcan����-la, en-

ternecido pelo sofrimento de um pai ausente, quando

tanto ele como ela sabiam que Durango n��o era esse

tipo de homem.

��� Serei bom pai para nossa crian��a, Savannah.

��� Eu acredito que sim, Durango, a quest��o agora

�� saber se voc�� tamb��m ser�� bom para mim.

Desconfiado, ele perguntou:

��� Voc�� acha que eu a destrataria?

Ela negou com a cabe��a.

��� N��o �� nada disso. Sei que voc�� gosta de mulhe-

res, Durango, e eu simplesmente n��o quero ser um

corpo dispon��vel para voc�� ou para qualquer outro

homem.

Durango pousou a x��cara de caf�� no pires pensan-

do se ela estava insinuando que, devido a sua expe-

ri��ncia com outras mulheres antes de conhec��-la, eles

n��o dormiriam juntos. Isso era um absurdo. Indigna-

do, ele teria que lembr��-la novamente que o passado

68

B R E N D A J A C K S O N

n��o deveria vir �� tona. O certo seria deix��-lo para

tr��s, para evitar discuss��es, a n��o ser que...

Com a tens��o crescendo e o abdome contra��do.

Durango cogitou a hip��tese de ela estar se referindo ��

sua fidelidade enquanto estivessem cumprindo o

acordo de casados. Ele a fitou, esclarecendo seus

pensamentos.

��� Est�� se referindo a infidelidade durante nosso

casamento?

Com express��o s��ria ela respondeu:

��� Isso nem passou pela minha cabe��a, deveria me

preocupar?

��� N��o.

Felizmente, ela pensava assim, porque mesmo

sem ter direitos em sua cama, jamais lhe seriam da-

dos motivos para que ela o questionasse sobre fideli-

dade. Desde a primeira noite que passaram juntos.

Durango sentiu que havia realmente diferen��a entre

ela e todas as outras com quem havia sa��do. O fato ��

que algumas mulheres eram para casos e outras para

casar. Savannah era, sem d��vida, mesmo que n��o

soubesse disso, o tipo de mulher para se casar.

Ela merecia mais que meio-casamento ou meio-

marido. Ela merecia um marido que a amasse, que

olhasse por ela, que estivesse presente nos momentos

bons e ruins da vida. Um homem inteligente, a sua al-

tura, a faria muito bem, sendo principalmente o com-

panheiro ideal, aquele que a apresentasse para todos

os prazeres existentes entre o homem e a mulher, e

aos quais ela se negava o direito de ter.

A V O Z D O A M O R





6 9


Jamais esqueceria o dia que a viu chegar ao orgas-

mo em uma explos��o que parecia estar lhe invadindo

pela primeira vez, e ainda surpresa pela magnitude

desse prazer que ele compartilhava. Era inevit��vel

querer mais de sua companhia, e ela se enganava se

pensava que ele pleiteava unicamente por seu prazer

individual. Naquele momento, sentados �� mesa da

cozinha, sua miss��o era convenc��-la a atender ��s ne-

cessidades do pr��prio corpo.

Mas agora o momento n��o era prop��cio. Sem pres-

sa, tinha plena consci��ncia que haveria melhores

oportunidades antes e durante o casamento.

��� Voc�� �� muito mais do que um corpo, Savannah

��� disse sinceramente. ��� E desculpe se encara a si-

tua����o por esse prisma, mas n��o vejo nenhum erro

dois adultos que se gostam e se respeitam saciarem

suas vontades e necessidades quando est��o a s��s sob

o mesmo teto.

Mas, mesmo atenta, Savannah parecia imune ��s

palavras "vontades" e "necessidades". Talvez por ter refreado seus impulsos e n��o ter concebido que o

prazer mora �� margem da loucura, e �� forte e saud��-

el. Por outro lado, era dif��cil para ele saber bem

qual gesto dela o excitava mais, se era a leveza dos

dedos finos quando tocavam a x��cara, o cabelo solto

o olhar distante. Por fim, Durango optou pela cautela,

e disse:

��� Se n��o quiser dormir comigo, respeitarei sua

acolha. ��� Mas seu cora����o ardia, e ele imaginava o

contr��rio.

70

B R E N D A J A C K S O N

Feliz com a conclus��o, Savannah lembrou-se de

que agora deveriam acertar a data do casamento e lu-

gar para morar, mas Durango se adiantou:

��� Ent��o, quando nos casaremos?

Preocupada que ele largasse um servi��o espec��fico

da regi��o, Savannah reviu seus planos como aut��no-

ma e disse sem demora:

��� Ainda n��o sei, mas penso em me mudar para c��,

se voc�� n��o se importar.

Surpreendido, ele n��o imaginava que ela trocaria a

cidade pelas montanhas.

��� E seu emprego? Achei que precisasse dele para

se manter.

��� A gravidez naturalmente diminuir�� meu ritmo

de trabalho, pretendo me dedicar a um projeto por

aqui, se isso n��o for incomod��-lo.

Admirado pela decis��o, ele rompeu o breve sil��n-

cio:

��� N��o ser�� nenhum problema, at�� acho que se

adaptar�� bem ao clima.

��� Eu tamb��m acho.

Envolvido pela ansiedade e quase infantilmente

feliz, ele disse:

��� E quando nos casaremos?

Savannah respondeu com calma:

��� Deixarei que se encarregue de todos os prepa-

ros, basta me dizer quando e onde e estarei presente.

��� E em seguida vir�� morar comigo?

��� Sim, e ficaremos juntos enquanto eu estiver de

licen��a-maternidade que ser��, ao que presumo, at�� o

A V O Z D O A M O R

71

beb�� completar seis meses de idade. Concorda com

essa data?

��� Concordo. Voc�� ainda prefere um casamento

discreto?

��� Ah! Sim. Quanto mais discreto, melhor. Acho

que prefiro ir para Las Vegas, sem tumultos.

Durango respondeu sorrindo:

��� Farei o poss��vel, pois considerando nossa situa-

����o, imagino que estar�� fora do meu alcance conter

esse tumulto.

Ao entardecer, Durango se p��s a pensar no casa-

mento, e entendia t��o bem quanto ela que se tratava

de uma uni��o tempor��ria, em prol da liga����o mais

importante entre os seres humanos. Pensou, tamb��m,

que sua fam��lia reagiria com surpresa �� not��cia mas,

com certeza, sua m��e, a matriarca da fam��lia, ficaria

feliz, pois estava sempre �� frente de campanhas para

que seus filhos se casassem. Nada mal dar-lhe o gos-

tinho breve da vit��ria.

Contudo, independentemente da dura����o do casa-

mento, faria daquela uni��o uma eternidade especial.

Come��aria procurando por Ian, seu irm��o, que tinha

adquirido h�� pouco um hotel-cassino no Lago Tahoe,

onde todos que o visitaram sa��ram maravilhados.

Este seria o pr��ximo passo para um casamento ines-

quec��vel para os dois.

Decis��o tomada, Savannah agora precisava contar

para tudo para J��ssica, sua irm�� e confidente. Digitou

72

B R E N D A J A C K S O N

o n��mero no celular e aguardou. Bastaram apenas

dois toques para J��ssica atender:

��� Al��.

��� J��ss, sou eu, Savannah.

��� Savannah. Como foi em Montana? O que ele

disse? E o que voc�� far�� agora?

Ela sorriu percebendo que J��ssica tinha muitas

perguntas.

��� Ainda estou em Montana e n��o pude sair devi-

do �� nevasca.

��� E onde voc�� est��?

��� Com Durango. Ele me convidou para ficar e

aceitei.

��� Que bom.

��� Sei que temos muito o que conversar, portanto,

sobre a segunda pergunta, lhe digo que ele se chocou

e n��o acreditou logo quando dei a not��cia do beb��,

mas depois voltou ao normal.

��� E?

��� E me pediu em casamento.

��� Oh! E o que voc�� disse?

J��ssica sabia sua opini��o sobre casamentos nessas

circunst��ncias.

��� Primeiramente disse n��o, e...

��� P r i m e i r a m e n t e ? ��� J��ssica a interrompeu e

continuou ��� Por acaso voc�� disse " sim" ?

Savannah sorriu suavemente.

��� Sim, decidi me casar pelo bem do beb��, por

tempo limitado.

��� N��o entendo. O que ser�� limitado?

A V O Z D O A M O R





7 3


��� Nosso casamento.

Ap��s um certo sil��ncio, J��ssica voltou a falar:

��� Ser�� que entendi bem? Voc�� e Durango ter��o

um casamento de apar��ncias e tempor��rio?

��� Sim. Concordamos em nos manter juntos at�� o

beb�� completar seis meses, que tamb��m ser�� o tempo

das minhas economias durarem, e ap��s isso volto a

trabalhar em per��odo integral.

��� E sobre voc��s dois? Dormir��o juntos?

��� N��o.

��� Mas voc��s v��o morar juntos?

��� Sim.

��� Savannah, estamos falando de um Westmore-

land.

S a v a n n a h d e s p r e z o u o c o m e n t �� r i o virando os olhos para cima.

��� E da��? N��o estou entendendo.

��� Pense bem, voc��s j�� dormiram juntos.

��� Mas eu estava completamente b��bada.

��� E voc�� acha que n��o o desejar�� estando s��bria?

��� �� claro que sim, J��ss. Posso n��o estar sexual-

mente ativa, mas n��o estou morta nem cega. Ele �� um

ornem extremamente sedutor, mas sei controlar

meus ��mpetos e n��o me intimidar por ele, n��o impor-

ta qu��o sensual ele seja.

��� N��o se trata de qualquer homem, Savannah,

acredite em mim. H�� uma diferen��a entre os Wes-

rmoreland e os outros. N��o ser�� f��cil se desvencilhar

de Durango uma vez j�� envolvida com ele.

7 4

B R E N D A J A C K S O N

��� Tenha a santa paci��ncia, J��ss, ele �� um homem

normal ��� ela respondeu tentando mostrar desinte-

resse.

��� Se fosse qualquer um, voc�� n��o estaria nessa si-

tua����o. Tudo o que eu sei, e n��o �� pouco, �� que voc��

me perguntou sobre ele antes do primeiro gole de

champanhe. N��o venha agora me dizer que foi para a

cama sem estar interessada, porque estava sim. Vi

quando voc��s trocavam olhares, um seduzia o outro.

Isso tudo n��o lhe diz nada?

��� Diz sim, que estou atra��da por ele e j�� admiti

isso. Mas o que voc�� n��o percebe �� que estou imune

ao poder de sedu����o dele agora.

��� E quanto a se apaixonar?

��� Paix��o, J��ss. Tamb��m estou vacinada contra

isso, gra��as a nosso pobre pai, mas mesmo se isso

acontecer, basta lembrar que o ��nico elo entre n��s �� a

crian��a e a oportunidade de dar a ela tudo o que n��o

tivemos. Acho ele carinhoso e com chances de ser um

pai melhor do que o nosso, que se ocupava com duas

fam��lias.

��� Voc�� ter�� que superar isso um dia ��� J��ssica

disse suavemente. ��� N��o pode deixar que Jeff Clai-

borne comande sua vida e seu futuro.

Savannah ouviu o que n��o queria e constatou que

n��o ainda aprendera a lidar com o assunto.

��� N �� o c o n s i g o J �� s s , e, s i n c e r a m e n t e , n��o sei como voc��, que perdeu a m��e por isso, consegue.

��� Porque nunca pensei que todos os homens fos-

sem iguais a ele, nem voc�� deveria.

A V O Z D O A M O R

75

E quando o segundo longo sil��ncio'se instalou,

dessa vez por causa de Savannah, J��ssica alertou:

��� Tenha cuidado.

��� Cuidado com o qu��?

��� Para n��o se surpreender com a sedu����o de um

W e s t m o r e l a n d e t o d o o a c o l h i m e n t o da fam��lia.

Acredite, sei o que estou falando. N �� o podia ver

Chase nem se fosse pintado de ouro, lembra? Ago-

ra n��o consigo me imaginar sem ele. Amo muito

meu marido.

��� E estou feliz por voc��, J��ss, mas somos diferen-

tes. Nunca acreditei em "finais felizes", e por en-

quanto quero que aceite a decis��o que ser�� o melhor

para mim, at�� o dia de ir embora. N��o estamos juntos

por amor, mas, para construirmos uma rela����o sadia

para nosso beb��.

��� Ent��o quando ser�� o casamento?

��� Em breve. Pedi a Durango pouco alvoro��o. Em

poucos meses vou parecer uma baleia e todos saber��o

de todo os porqu��s.

��� Sente-se bem com isso?

��� Claro. Por enquanto fique feliz por mim, J��ss.

��� Estou feliz por voc��. Algu��m mais sabe?

��� N��o, somente voc��. N��o quero me abrir para

milhares de conselhos, e tamb��m n��o sei se ele dir�� a

algu��m, mas parece que quando a fam��lia dele sou-

ber, far�� quest��o de uma grande reuni��o depois da

viagem.

��� E, pelo que sei, Jennifer far�� o mesmo. Tem

data marcada?

76

B R E N D A J A C K S O N

��� N��o sei a data exata, mas acho que era uma se-

mana teremos tudo arranjado. Al��m disso, nossas fa-

m��lias se deram bem em seu casamento, n��o me im-

portarei se estar��o unidos para a festa.

��� Agora fiquei com vontade de participar da festa.

��� Que bom. Quanto a mim, sei que tudo ser�� por

pouco tempo e sairei dessa do mesmo jeito que entrei.

��� E que jeito �� esse?

��� Com expectativas racionais.

CAP��TULO SETE

Ao pisar fora do quarto, Savannah encontrou Du-

rango passando pelo corredor, e isso inflamou seu

desejo, assim como em todos os breves encontros an-

teriores.

Ela imaginou o qu��o perfeitas seriam as fotos que

tiraria dele com as lentes de sua c��mera, para depois

mant��-las por perto, afim de saciar suas fantasias

mais selvagens.

��� Como foi seu cochilo?

A pergunta de Durango a resgatou de seus pensa-

mentos voluptuosos. Ela fora dormir logo depois de

encerrar a conversa com J��ssica pelo telefone. Fe-

chou os olhos com Durango ocupando sua cabe��a,

sonhou com ele e at�� sentiu os resqu��cios ardentes de

uma noite de amor.

��� Savannah?

De repente ele percebeu que n��o havia respondido.

��� Tirei um bom cochilo. Estava pensando em pre-

parar o jantar de hoje. O que voc�� acha? Outro dia,

enquanto procurava pelas bolachas, encontrei v��rios

ingredientes que podem incrementar um espaguete.

Sincero, atento e cuidadoso, Durango respondeu:

��� Isso cair�� bem em seu est��mago?

78

B R E N D A J A C K S O N

Ela riu e se afundou no sof�� procurando apoio, ten-

tando ignorar os apelos sedutores dele, que estava en-

costado com o ombro no batente da porta que dividia

a sala de estar da de jantar. Como de costume, os po-

legares estavam enterrados nos bolsos frontais da

cal��a e a camiseta justa revelava a defini����o dos m��s-

culos peitorais.

��� No final da tarde meu est��mago concorda com

quase tudo. S��o as manh��s que me preocupam. Ent��o,

o que achou da id��ia de um espaguete? ��� ela pergun-

tou antes que padecesse de alguma reca��da por ele.

Durango se afastou da porta, fez sinal com os om-

bros indicando que tamb��m pensaria igual e disse:

��� ��timo, se estiver mesmo disposta, aproveitarei

para tomar um banho. Depois preciso conversar com

voc�� sobre algumas coisas.

Savannah levantou as sobrancelhas em fun����o da

d��vida que desviava sua aten����o do envolvimento a

que estava se entregando.

��� Sobre o qu��?

��� Enquanto voc�� cochilava, tomei a liberdade de

fazer umas liga����es e decidir sobre alguns assuntos.

Voc�� mesma disse que eu devia me encarregar dos

preparativos para o casamento e que tudo estaria cer-

to contanto que eu poupasse o alvoro��o.

��� Sim, �� verdade.

��� Bem, quero saber ent��o se voc�� aprova o que

fiz.

Surpreendida, ela pensou que enquanto cochilava,

sonhando com ele, Durango n��o dormiu em servi��o.

A V O Z D O A M O R

7 9

��� Preparativos para o casamento? Ent��o realmen-

te temos que conversar.

��� Temos sim. Volto em um minuto.

Antes de deixar a sala, perguntou:

��� Tem certeza de que n��o precisa de ajuda na co-

zinha?

��� Pode deixar, consigo dar conta.

��� Tenho certeza que sim ��� disse sorrindo.

Ao sair, deixou a leve impress��o de que suas ��lti-

mas palavras n��o se referiam somente ao espaguete.

��� Tudo est�� delicioso, Savannah.

��� Obrigada ��� ela olhava para todos os lugares,

exceto para o outro lado da mesa onde ele estava,

simplesmente para fugir �� tenta����o. Pela janela via a

neve cair continuamente e passou pela decora����o da

cozinha, apreciando mentalmente tudo, inclusive os

quadros na parede...

��� Est�� tudo bem?

Para responder, sentiu-se for��ada a olh��-lo algo

que estava evitando ao m��ximo. Como n��o teve alter-

nativa, sentiu um arrepio subir pela espinha e tomar

conta de todo seu corpo.

��� Sim, estou bem. Por que a pergunta?

��� Por nada.

Sentada ��quela dist��ncia dele, era poss��vel ouvi-lo

respirar, sentir o frescor do cheiro da pele rec��m-sa��-

da do banho. Mas a maior tenta����o era, incompara-

velmente, como ele se vestia, em uma cal��a de c��s

baixo parada nos ossos da bacia deixando os m��scu-

80

B R E N D A J A C K S O N

los da barriga �� mostra e camisa desabotoada quando

chegou �� mesa.

��� Posso falar dos planos que fiz?

Mais uma vez, ele a convidou a retomar os sentidos

com uma pergunta, justo no momento que ela desviava

o olhar para territ��rios privados de Durango.

��� Claro.

Ele come��ou o assunto se levantando e tirando as

lou��as da mesa.

��� Pensei que ao inv��s de irmos para Las Vegas

poder��amos nos hospedar num hotel de frente para o

Lago Tahoe.

Sem entender o motivo da troca, Savannah inda-

gou com a face.

��� Lago Tahoe?

��� Sim, meu irm��o Ian comprou um hotel-cassino

recentemente. E todos que j�� conheceram disseram

que o lugar �� espetacular. E eu gostaria de conhecer

tamb��m.

��� Lago Tahoe ��� disse enquanto se acostumava

com a id��ia. J�� tinha visitado o lugar h�� alguns anos e

ficou com uma boa impress��o. Sorriu ainda sentada ��

mesa para Durango e disse:

��� Est�� bem, parece-me perfeito, e para quando?

��� Depois de amanh��.

��� Qu��?

Ele sorriu internamente diante de tanta surpresa.

��� Acho que sexta-feira ser�� perfeita para viajar-

mos ao Lago Tahoe. Se amanh�� o tempo continuar a

melhorar, ent��o depois de amanh�� poderemos...

A V O Z D O A M O R





8 1


��� Calma! Chega! Pare! ��� tomou f��lego por um

instante e continuou ��� Durango, n��o h�� nada que me

fa��a casar com voc�� nesta sexta, entendeu? Preciso

voltar para minha casa, pegar minhas coisas, me or-

ganizar para o casamento e depois...

��� �� tudo provis��rio, Savannah, lembra? Al��m do

mais, para n��o chamarmos muita aten����o, temos que

providenciar tudo logo e r��pido.

Nesse caso ele tinha toda a raz��o.

��� Eu sei, mas n��o pensava em me casar t��o r��pido

assim.

��� Quanto antes, melhor, n��o acha? Voc�� j�� est��

com dois meses de gravidez. Se acontecer com voc��

o mesmo que aconteceu com Jayla, com quatro me-

ses a barriga estar�� aparecendo. Eu a vi na P��scoa,

junto com meus pais, e fiquei impressionado. Ela es-

tava uma bola gigante, quase n��o passava na porta.

Savannah olhou para o teto, esperando que jamais

ele dissesse o mesmo dela.

��� Eram g��meos, Durango, por favor.

��� E c o m o voc�� sabe que n��o teremos g��meos

tamb��m? Nascimentos m��ltiplos nunca foram novi-

dade em minha fam��lia. Meu pai �� irm��o g��meo do

pai de Chase, e ambos tiveram g��meos, al��m do tio

Corey que teve trig��meos. Isso quer dizer que tudo ��

poss��vel, Savannah.

Isso n��o era bem o que ela desejava ouvir. N��o

contava com essa possibilidade. Desejava uma crian-

��a feliz e saud��vel, mas se viesse mais do que um

como ele dizia, estaria contente tamb��m.

82

B R E N D A J A C K S O N

��� N �� o t e n h o as m �� n i m a s c o n d i �� �� e s de estar pronta para ir ao Lago Tahoe nesta sexta-feira. N��o

trouxe roupas suficientes e tenho que resolver alga-

mas coisas.

��� H�� muitas lojas em Bozeman com tudo que

possa precisar. Amanh�� podemos tirar o dia para fa-

zer compras.

Ela se sentiu apressada e achou melhor ser clara.

��� Sinto que voc�� est�� me apressando ��� disse em

um tom pedinte.

Durango esbo��ou um sorriso e disse:

��� De certa forma estou, querida. Agora que sa��-

mos do i m p a s s e das i n d e c i s �� e s , por que esperar

mais? Quero concretizar nosso casamento o quanto

antes.

Ela n��o conseguiu deixar de pensar sobre a raz��o

de tanta pressa. Ser�� que ele duvidada de sua deci-

s��o? O que mais podia ser? Nos pr��ximos sete meses

da gesta����o eles estariam unidos. Ela carregava um

beb�� dele, e quando apareceu para lhe dar a not��cia,

nem sonhava com a id��ia de casamento. Mas antes de

permitir mais uma vez maiores mudan��as em seus

planos, era necess��rio que se sentisse bem por, no m��-

nimo, duas semanas para se reorganizar e da�� tratar

do casamento no tal Lago Tahoe por telefone da Fila-

d��lfia. Mas, ao que tudo indicava, nada estava saindo

conforme o planejado.

��� Por que voc�� est�� hesitando? Devemos prosse-

guir com o acordo e resolver logo isso.

A V O Z D O A M O R

83

Resolver logo isso? Ele poderia, ao m e n o s , se

mostrar mais disposto ao casamento e n��o parecer es-

tar sendo for��ado, casar, afinal, a id��ia havia partido

dele, ela desejava apenas dar a noticia da gravidez.

Estava pronta para dizer o que pensava, quando ele a

pegou desprevenida pelos bra��os, levantou-a da ca-

deira e encaixou o corpo dela contra o seu, pressio-

nando um ao outro.

Pasma, ela s�� se deu conta da situa����o quando es-

tava colada a ele e o viu sorrir no canto da boca por

alguns segundos e disse suavemente:

��� Voc�� quer bancar a dif��cil, n��o ��?

Savannah engoliu em seco. N��o era f��cil manter-

se presa e olh��-lo direto nos olhos.

��� N��o �� essa minha inten����o.

��� Ent��o por que est�� resistindo tanto? J�� chequei

os v��os, t��m v��rios hor��rios dispon��veis ainda. Tam-

b��m falei com Ian, basta partirmos ��� ele continuou

depois dela franzir a testa. ��� Disse a ele que est��va-

mos nos casando, mais nada. Ele falou que adoraria

nos receber como h��spedes no final de semana e se

encarregar�� de todos os preparos necess��rios.

Durango tentou entender o que se passava pela ca-

be��a dela e, observando-a perguntou:

��� Voc�� mudou de id��ia sobre o que combinamos,

Savannah? Voc�� desistiu de um casamento discreto?

Prefere que fa��amos aqui mesmo e convidemos nos-

sos familiares?

��� N��o ��� disse prontamente. ��� Prefiro tudo do

jeito que est��. Acho que estou hesitando porque nun-

8 4

B R E N D A J A C K S O N

ca pensei na hip��tese de voltar para a Filad��lfia como

uma mulher casada.

��� Ent��o suponho que n��o esteja preparada para

chegar l�� com um marido a tira colo?

Aquelas palavras a chocaram.

��� Voc�� vai voltar comigo?

��� Sim, ter�� que me apresentar a sua fam��lia um

dia, n��o?

Imersa a in��meras cenas que apareceram em sua

mente com ele a seu lado, na Filad��lfia, que chegou a

ficar tonta.

��� Mas voc�� j�� conheceu todos os meus parentes

no casamento de J��ssica e Chase.

��� Sim, os conheci como primo da fam��lia, mas.

n��o como seu marido. E em nossas n��pcias, seria es-

tranho nos virem separados.

��� Sim, mas...

��� Al��m disso, quero lev��-la para conhecer minha

fam��lia em Atlanta, n��o como a irm�� da J��ssica, mas

como minha esposa. E n��o me importo sobre o que

eles podem vir a pensar sobre nossa decis��o de casar-

mos r��pido, afinal, n��o devemos nada a ningu��m. Di-

remos que nos conhecemos na festa de casamento,

nos apaixonamos perdidamente e decidimos nos unir

por toda a vida.

Savannah abriu um sorriso amarelo diante daquela

justificativa, sabia que ele n��o convenceria ningu��m

com aquela lorota. Pelo sorriso ir��nico de Durango,

ela percebeu que ele pensava igual a ela.

A V O Z D O A M O R

85

��� Vamos deixar que eles pensem o que quiserem

��� disse Durango, rindo. ��� Nossas decis��es n��o in-

teressam a ningu��m, a n��o ser a n��s dois.

Savannah nada fez a n��o ser concordar, pois Du-

rango tinha toda a raz��o no que dizia, ainda mais de-

pois de sua conversa com J��ssica. Tomadas as deci-

s��es, porque n��o andar logo com tudo?

��� Est�� bem, se voc�� prefere nesta sexta-feira, irei

com voc��.

��� Bom. Tem mais uma coisa que precisamos fa-

zer amanh��.

��� O qu��?

��� Visitar um m��dico na cidade. Eu j�� marquei

uma consulta para voc�� amanh�� de manh��.

Ela se afastou e franziu a testa:

��� Por qu��? N��o acredita que estou gr��vida? ��

isso? Ou prefere se certificar antes da nossa cerim��-

nia de casamento?

��� N��o, n��o �� nada disso ��� ele falou desconcerta-

do. ��� Quero que um m��dico a avalie antes de viajar-

mos. Voc�� me assustou esta manh��, por isso quero

garantir que voc�� e o beb�� estejam bem.

Savannah desconfiou das inten����es dele, mas re-

conheceu em seu olhar que ele estava sendo sincero e

se acalmou:

��� Est�� bem ��� disse finalmente ��� irei ao m��dico,

se �� isso o que deseja.

Ela respirou fundo e sentiu que precisava de espa-

��o e procurou se afastar.

��� Vou come��ar a lavar a lou��a, ent��o...

86

B R E N D A J A C K S O N

��� N��o, voc�� cozinhou, agora �� justo que eu limpe

a cozinha.

��� Durango, eu posso...

��� Savannah, relaxe, ser�� assim daqui para a fren-

te. Temos muito o que fazer nos pr��ximos dias e acho

que, felizmente, o clima estar�� ao nosso lado.

Pela janela ela viu que a neve cessava. Este era o

momento que tanto esperava, mas ao inv��s de fazer

as malas e voltar para a Filad��lfia, ela tinha agora que

se preparar para o casamento.

��� Se voc�� insiste em cuidar da lou��a sozinho, en-

t��o vou ligar para meu chefe. Na ��ltima vez que con-

versamos, disse-lhe que voltaria ao trabalho na se-

gunda-feira.

��� Est�� bem. ��� Quando ela se virou para sair ele

disse:

��� Savannah, reservei uma su��te para n��s dois, mas

com dois quartos separados. Tem algum problema?

Por essa ela n��o esperava. Recomp��s-se interna-

mente e olhadno direto em seus olhos disse:

��� Nenhum problema, enquanto houver dois quar-

tos separados.

O sorriso nos l��bios de Durango como resposta lhe

atingiu com tanto fogo e desejo que ela sentiu o corpo

arrepiar.

��� Ent��o est�� tudo acertado. Ligarei agora para a

ag��ncia e reservarei as passagens.

Seguiam rumo ao Lago Tahoe para dar in��cio a um

casamento de apar��ncias.

A V O Z D O A M O R

87

Os preparativos que Durango anunciara na noite

anterior foram t��o importantes para seu organismo

que lhe tiraram o sono e ��� melhor ��� anularam as

tradicionais ��nsias matinais.

No entanto, ele parecia estar de prontid��o ao lado

da cama para ajud��-la em uma emerg��ncia. Quando

ela abriu os olhos, encontrou-o sentado a seu lado na

cama segurando um prato de bolachas e uma x��cara

de ch��.

��� Bom dia!

Aquela voz sensual logo cedo al��m do sorriso

atento e preocupado dele a despertou, assim como a

seus desejos. Ela sentiu uma leve tremedeira por de-

baixo das cobertas.

��� Bom dia ��� disse enquanto se levantava na

cama. Mesmo que estivesse tocada pela dedica����o

dele, preferiria alguns minutos reservada para pen-

tear o cabelo e lavar o rosto de sono.

��� Est�� se sentido bem esta manh��?

��� Sim, obrigada pela preocupa����o. N��o sei como,

mas ainda n��o estou sentindo n��useas.

E preferiu n��o dizer que suspeitava que a tens��o so-

bre a proposta estaria funcionando como um rem��dio.

��� Fico feliz em ouvir isso de voc�� ��� ele ent��o fez

um sinal com a cabe��a na dire����o da lareira. ��� Ten-

tei manter sua noite aquecida.

��� Obrigada.

Como passou a noite em claro, percebeu a presen-

��a dele em intervalos curtos de tempo durante a ma-

drugada.

88

B R E N D A J A C K S O N

Olhando ainda para a lareira, ele disse:

��� Est�� come��ando um dia bastante atribulado

para n��s. Tudo por que nosso v��o partir�� amanh��

logo cedo.

Savannah voltou a olh��-lo:

��� Imagino que sim.

��� Depois da consulta m��dica, eu a levarei ao shop-

ping. Creio que prefira fazer compras sozinha, ent��o

durante esse tempo farei uma visita a McKinnon, de-

pois virei busc��-la. Voc�� se lembra de McKinnon, meu

melhor amigo, n��o?

��� Lembro sim, do casamento da J��ssica ��� ela e

todas as mulheres do lugar n��o se esqueceriam de

McKinnon Quinn. Alto, de tra��os ancestrais fortes,

pele cor de bronze e olhos negros bem desenhados. ��

primeira vista, dividira sua aten����o entre os dois ho-

mens mais charmosos da festa: Durango e McKin-

non. Mas isso n��o bastou para desvi��-la da tenta����o

que Durango a provocava.

��� Acho melhor deix��-la para que se vista ��� ele

disse enquanto apoiava o pires e o ch�� no criado-

mudo e se punha de p��.

Era necess��rio muita concentra����o para que Sa-

vannah deixasse de admir��-lo e prestasse aten����o ao

que ele dizia. Durango vestia jeans, uma blusa de pu-

l��ver e botas pretas cano alto de couro. Pouco impor-

tava quantas vezes ele insistia naquele traje, era ca-

paz de tirar seu f��lego de t��o bonito que era.

��� Obrigada pelas bolachas e o ch��.

��� N��o seja por isso ��� ele disse sorrindo.

A V O Z D O A M O R

8 9

O cora����o de Savannah estava disparado. Seu fu-

turo marido olhou para fora, pela janela, e ela apro-

veitou aquele momento para observ��-lo ainda mais.

Seus olhos focados nas montanhas como se carregas-

se um problema, um fardo, depois de sentir que Du-

rango estava preocupado, perguntou-se se ele pres-

sentia que o tempo pioraria e ficaria encoberto. Ines-

peradamente, quando ele virou-se, entreolharam-se e

ela se sentiu um pouco atordoada, com o pulso acele-

rado e o corpo quente como a chama da lareira.

��� �� melhor eu ir. Ainda tenho que resolver algu-

mas pend��ncias do lado de fora da casa antes de par-

tirmos. ��� E procurando sa��da da sensa����o que seu

corpo tamb��m sentia, Durango se virou para a lareira

e continuou. ��� Essa lareira realmente aquece o quar-

to, n��o?

Ela teve vontade de dizer que era ele a raz��o de

tanto calor, e n��o o fogo da lareira, mas, preferiu a

resposta menos comprometedora:

��� Sim, �� verdade.

Era preciso admitir que Savannah se acostumara a

dormir com o fogo da lareira. Acomodara-se bem ao

cheiro da madeira queimada, ao som dos estalos da

lenha e mais do que tudo, ao calor prazeroso provoca-

do pelo fogo.

��� Voc�� se considera capaz de comer algo al��m de

bolachas e ch�� agora de manh��? ��� ele perguntou in-

terrompendo os pensamentos de Savannah.

Ela franziu a testa, procurando n��o dar chance

para o mal-estar.

90

B R E N D A J A C K S O N

��� Acho melhor n��o me arriscar. As bolachas e o

ch�� ser��o suficientes, obrigada.

L o g o ap��s Durango deixar o quarto, Savannah

sentou no canto da cama e se p��s a pensar tra��ando as

tarefas do dia que estava apenas come��ando. Sentiu-

se exausta s�� de pensar, mas manteve-se focada em

cumprir o combinado e admitiu estar ansiosa para a

consulta m��dica com a companhia de Durango. Vi-

sualizando a situa����o, ela at�� chegou a sentir um frio

na barriga pensando que ele estaria compartilhando

com ela os cuidados e a experi��ncia junto ao beb��.

CAP��TULO OITO

��� C o m o est�� o beb��? ��� Durango perguntou nervo-

so �� m��dica.

Deitada de costas na maca de exames, Savannah

procurou pelo olhar de Durango, reconhecendo a voz

preocupada e a express��o tensa entre as sobrancelhas

dele.

Ela ent��o se voltou �� dra. Patrina Foreman, uma

jovem de vinte e oito anos, por��m segura e competen-

te. Em poucos minutos, a dra. Foreman explicara que

todas as gera����es de mulheres de sua fam��lia foram

parteiras e que decidiu fazer medicina para aliar o

atendimento personalizado e apurado de parteira ��

tecnologia e ��s modernidades dos tratamentos m��di-

cos atuais.

A dra. Foreman acabara de espalhar gel pela barri-

ga de Savannah quando levantou o rosto para respon-

der a Durango:

��� Escutem isso por um instante e depois me di-

gam o que acham.

Eles puderam ouvir pela primeira vez as suaves

batidas do cora����ozinho do beb��. Eles ficaram t��o

emocionados que se encheram de carinho um pelo

outro. Durango alcan��ou os ombros de Savannah. Ela

estava surpreendida pela maior prova que podia ter

de que tudo era real.

9 2

B R E N D A J A C K S O N

Savannah se viu com l��grimas nos olhos e perce-

beu que Durango tamb��m estava profundamente co-

m o v i d o . E n a q u e l e i n s t a n t e e n t e n d e u que independente do sentimento que nutriam, um pelo outro,

ali come��ava uma nova vida para eles.

��� Voc�� nunca tinha escutado antes? ��� Durango

perguntou carinhosamente.

��� N��o. �� a primeira vez.

��� N��o h�� nada parecido como a emo����o dos pais

ouvirem o cora����o do seu beb�� pela primeira vez ���

dra. Foreman disse baixinho. ��� H�� sempre uma ma-

gia nesse momento, e o ritmo das batidas est�� forte e

saud��vel.

Durango sorriu e disse:

��� Sim. Est�� bem, n��o est��?! Isso tudo �� novo de-

mais para mim, e estou um pouco nervoso aqui.

��� Voc�� tem todo o direito de ficar preocupado,

mas ao que tudo indica, tanto a mam��e quanto o beb��

est��o bem de sa��de ��� a m��dica respondeu afastando

o aparelho da barriga de Savannah e concluindo o

exame. ��� Continue tomando suas vitaminas pr��-na-

tais, Savannah.

��� E sobre os v��mitos e n��useas que ela vem tendo

todas as manh��s? ��� Durango perguntou curioso.

Dra. Foreman respondeu a ele:

��� As n��useas matinais s��o muito comuns at�� o

quarto m��s de gesta����o. S��o causadas pela produ����o

hormonal acelerada durante a gravidez ��� e conti-

nuou, dessa vez olhando para Savannah. ��� Portanto,

tomara que em breve, voc�� deixe de sofrer esses en-

j��os.

A V O Z D O A M O R

93

��� E quanto ao beb��? Ele tamb��m sofre com isso?

��� Durango perguntou em tom investigativo, procu-

rando por garantias m��dicas.

��� N��o deveria, mas �� claro que pode afet��-lo se

Savannah n��o conseguir manter nenhum alimento ou

l��quido ou ainda, se come��ar a perder peso. Por outro

lado, essas mesmas n��useas s��o indicadores de que a

gravidez est�� se desenvolvendo bem.

A dra. Foreman ent��o pegou um pequeno pacote

de dentro de uma gaveta e o entregou a Savannah di-

zendo:

��� Talvez isso ajude. �� um bracelete que trabalha

com pontos de press��o. Costumo indicar a meus pa-

cientes para viagens em cruzeiros para prevenir n��u-

sea e v��mitos. Alguns garantem que tamb��m redu-

zem os engulhos matinais.

Nos quinze minutos seguintes, a dra. Foreman res-

pondeu pacientemente todas as perguntas de Duran-

go e de Savannah. Em seguida, o casal se despediu e

recebeu as felicita����es para o casamento.

��� Gostei muito dela ��� disse Savannah logo que

sa��ram do consult��rio. ��� E nem esperava que ela

fosse t��o jovem.

Feliz, ele a conduziu at�� seu Dodge Durango.

��� Sim, Trina �� jovem e pelo que ouvi dizer, �� uma

das melhores profissionais na ��rea. Ela �� nascida e

criada nesta regi��o, e seu marido, Perry, era delegado,

mas infelizmente foi assassinado h�� poucos anos, em

uma persegui����o para tentar prender um criminoso.

��� Oh! Que horror.

Durango balan��ou a cabe��a concordando:

9 4

B R E N D A J A C K S O N

��� Sim, Perry era uma ��tima pessoa, querida e res-

peitado por todos. Ele e Trina eram namorados desde

a adolesc��ncia.

Durango abriu a porta do carro para Savannah en-

trar e a ajudou a ajustar o cinto de seguran��a.

��� �� apenas uma coincid��ncia, ou voc�� comprou

esse carro deliberadamente? ��� ela perguntou sorrin-

do. A ironia residia no fato de o carro levar o mesmo

nome dele.

Ele riu assim que encaixou a fivela do cinto dela.

��� N��o existem coincid��ncias. Achei que fosse

meu dever compr��-lo e saudar os fabricantes da Dod-

ge, por resolverem batizar um modelo de carro em

minha homenagem ��� disse esbanjando arrog��ncia,

com um sorriso instigante e fazendo com que sentisse

um friozinho na barriga. ��� At�� por que esse modelo

�� conhecido por assegurar viagens inesquec��veis e

prazerosas ��� disse suave encarando-a nos olhos.

Savannah ficou muda, at�� por que ela era uma das

que poderiam atestar tais viagens prazerosas, assim

c o m o a intensidade de um passeio com Durango.

Tais pensamentos a deixavam sem ch��o, lembrando-

se dos momentos que eles dividiram a cama.

Ela o acompanhou, observando-o ele dar a volta

no carro e se acomodar no assento do motorista.

��� Est�� me levando ��s compras? ��� Savannah per-

guntou tentando se recompor ap��s se aproximar do

pesco��o dele enquanto ajustava o cinto que estava

largo. Se ela n��o resistisse em domar seus pensamen-

tos nesses momentos, n��o quereria nem pensar a res-

peito quando estivessem casados.

A V O Z D O A M O R

95

��� Sim, estou levando voc�� ao shopping principal,

o Gallatin Valley Mali, onde encontrar�� tudo o que

precisar ��� Durango disse assim que arrancou com o

carro. ��� Quer que eu lhe ajude nas compras?

��� N��o �� necess��rio ��� disse logo, sabendo que

precisava ficar um pouco sozinha. ��� Se h�� algo que

as mulheres sabem fazer sozinhas s��o compras.

Depois de uma breve olhadela em Durango, sen-

tiu-se insegura e impelida a saber o que ele realmente

pensava sobre o casamento e se os planos ainda esta-

vam de p��.

��� Durango?

��� Sim?

Parados no sinal vermelho do tr��fego, Savannah se

fixava na rua �� frente, enquanto sabia que ele apro-

veitava para olh��-la.

��� Tem certeza de que quer casar? ��� perguntou o

mais calma que p��de.

��� Tenho ��� ele disse t��o baixo e rouco que ela n��o

resistiu e voltou-se para ele. Foi quando ela se perdeu

entre o olhar profundo e negro de Durango e seu sor-

riso charmoso a deixou sem rea����o.

��� E se antes eu n��o tivesse certeza, Savannah, te-

ria agora, especialmente depois de ouvir o cora����o do

nosso beb�� bater. Meu Deus! Foi uma experi��ncia in-

cr��vel. E segundo Trina, todos os ��rg��os vitais j�� es-

t��o formados, n��o �� mais um conjunto de c��lulas,

mas um ser humano de verdade, criado por n��s. Ago-

ra quero participar de tudo.

Ela sentiu-se aliviada e suspirou. A ��ltima coisa

que desejaria era que ele se arrependesse de se casar

9 6

B R E N D A J A C K S O N

com ela. E se dava por satisfeita que esse era apenas

inseguran��a da sua cabe��a.



* * *

Uma das cidades mais bem estruturadas para turis-

tas da regi��o montanhosa era Bozeman, al��m de ser

conhecida pela hospitalidade e pelos ��timos hot��is e

resorts apropriados para a pr��tica de esqui. Bozeman

n��o �� apenas alvo de turistas, mas tamb��m de fam��-

lias, que se mudam para l�� em busca de melhor quali-

dade de vida.

Durango dirigiu direto ao shopping, estacionou e

chegou at�� a acompanhar Savannah para comprar o

que tamb��m precisava. Logo depois, ele deixou o n��-

mero do celular para que ela o chamasse, caso termi-

nasse as compras antes do previsto. Uma vez separa-

dos, Savannah visitou loja por loja. E em poucas ho-

ras, ela j�� havia comprado tudo o que precisava e um

pouco mais. Ela extrapolou em alguns itens, como

em umas pe��as sensuais de baby-doll adquiridos na

Victoria 's Secret exclusivamente para satisfaz��-la,

pois Durango n��o a veria vestida em nenhuma delas.

Passadas algumas horas, Savannah terminou as

compras e ligou para o celular de Durango, conforme

haviam combinado. Ele tinha acabado de chegar no

estacionamento e marcou de se encontrarem na pra��a

de alimenta����o do shopping para jantarem em um ��ti-

mo restaurante que ele conhecia.

A V O Z D O A M O R

9 7

Ela o esperou no piso que combinaram por poucos

minutos at�� ele aparecer do outro lado da pra��a. Seu

pulso acelerou e logo o cora����o come��ou a bater for-

te, ao perceber que aquele homem n��o chamava s�� a

sua aten����o, como tamb��m a das outras mulheres que

estavam por perto. Era imposs��vel negar que ele era

um arraso de homem vindo em sua dire����o. Com os

olhos fixados nela exatamente igual ao dia que se co-

nheceram, e cada vez mais perto, Savannah precisou

controlar o ci��me e o orgulho que sentia. Ele n��o era

dela nem ela era de ningu��m. Mas assim que se apro-

ximava, encurtando a dist��ncia que os separava, co-

municando-se entre olhares t��o intensos, esperou-o

com naturalidade.

E como se fosse rotina, j�� em sua frente, ele se in-

clinou e a beijou. E ela, antes, sem rea����o, respondeu

com um breve beijo, embora estivesse ouvindo inter-

namente, uma orquestra de tanta emo����o.

��� Conseguiu fazer tudo o que queria? ��� ele per-

guntou carinhosamente, mantendo os l��bios bem pr��-

ximo aos dela.

Ainda se recompondo, ela respondeu com a cabe-

��a, at�� que conseguiu dizer, embora sem f��lego:

��� Sim, al��m de encontrar tudo o que precisava,

comprei um vestido que achei lindo para usar amanh��.

Durango esbo��ou um sorriso e por iniciativa dele,

deram-se as m��os at�� ao chegarem ao restaurante.

��� Tenho certeza de que ser�� mais do que lindo.

Aposto que ele �� perfeito, e estou ansioso para v��-la

vestida nele.

98

B R E N D A J A C K S O N

Ao entardecer, enquanto preparava as malas, Sa-

vannah recordava com um sorriso no rosto os melho-

res momentos daquele dia que fora maravilhoso. Pri-

meiro, a consulta m��dica; depois, o passeio no shop-

ping; e por ��ltimo, a deliciosa companhia de Durango

em um jantar a luz de velas. A comida era excelente e

temperada com a presen��a de Durango. Durante o

jantar conversaram bastante sobre diversos assuntos,

entre eles a sociedade de Durango com McKinnon

em um haras, e como o neg��cio estava sendo bastante

lucrativo.

Pressionando a mala para fech��-la com o z��per,

tamb��m lembrava que tanto ela como Durango ado-

raram saber, pelo recado deixado na secret��ria eletr��-

nica, que J��ssica e Chase os esperariam no Lago Ta-

hoe no dia seguinte. Savannah n��o podia deixar de

admitir que mesmo sendo um casamento de apar��n-

cias ��� ou n��o ���, a teimosia de J��ssica n��o a privaria

de sua companhia na festa. Durango parecia estar

tamb��m bastante contente com a presen��a do primo

Chase.

Fechou a mala e ouviu baterem �� porta.

��� Entre.

Durango apareceu vestido com uma cal��a de mo-

letom, camiseta e uma toalha enrolada no pesco��o:

��� Estava entrando na banheira de ��guas t��rmicas

l�� fora e, pensei em cham��-la para vir comigo. O que

acha?

��� Mas est�� frio demais l�� fora.

Ele sorriu:

A V O Z D O A M O R

99

��� Sim, mas uma vez dentro da banheira, n��o sen-

tir�� frio nenhum. �� a melhor coisa para relaxar, ali-

viar dores musculares e eliminar toxinas atrav��s do

suor. Experimente. Garanto que voc�� vai gostar.

Essa era uma proposta tentadora depois de cami-

nhar praticamente o dia todo no shopping. Ela ficou

disposta, mas...

��� �� suficientemente grande para n��s dois ficar-

mos confort��veis? ��� seria loucura ficar apertada ao

corpo nu de Durango na banheira.

��� Ah! Sim, cabem cinco a seis pessoas sem pro-

blemas.

Ela concordou com a cabe��a. Seria ��timo assim.

Ele ficaria em um canto da banheira e ela no canto

oposto.

��� Est�� bem. Vou p��r uma roupa de banho.

Vestiria a roupa que tinha acabado de comprar, j��

acomodada no fundo da mala. Depois que Durango

saiu, ela lembrou que fizera muito bem em comprar

um mai�� comportado ao inv��s de um biquini provo-

cativo, uma vez que os ferom��nios entre eles reagiam

�� provoca����es das mais inocentes.

��� Por um momento, pensei em sair daqui para ir

busc��-la.

Ela sorriu e seguiu pisando com cuidado na ponta

dos p��s at�� a borda da banheira ainda com o roup��o

que a cobria enquanto falava:

��� Desculpe. Minha m��e ligou ali fora, justo na

hora que eu ia entrar.

Durango levantou as sobrancelhas:

1 0 0

B R E N D A J A C K S O N

��� Voc�� contou sobre nossos planos para amanh��?

��� Sim ��� disse quando dispensava o roup��o e en-

trava na banheira com agilidade at�� afundar-se at�� o

pesco��o. Segundos depois, soltou um leve suspiro.

Depois de submersa e procurando ajeitar-se con-

fortavelmente, continuou a dizer:

��� N��o dei muitos detalhes, mas combinamos de

conversar sem pressa quando ela voltar de Paris. Mas

ela �� muito esperta, tenho certeza de que j�� faz id��ia

da raz��o de casarmos t��o r��pido.

Durango a observava desde que somente o rosto

dela estava a mostra.

��� Sua m��e soube que est��vamos envolvidos um

com o outro? ��� perguntou, enquanto, na verdade,

gostaria de ter uma vis��o de raios X para v��-la debai-

xo da ��gua e atrav��s do mai��. Mesmo que tivesse pro-

curado despist��-lo das curvas de seu corpo, falhara,

pois Durango com olhos de lince, fora mais r��pido e

se deteve nos decotes do mai�� com desenho sensual,

que revelavam partes dos seios, quadris e costas.

��� Se sabia, n��o fui eu quem contou. No entanto,

ela comentou, h�� cerca de um m��s, quando sa��mos

para lanchar, que ela n��o pode ignorar que tinha per-

cebido que n��o consegu��amos tirar os olhos um do

outro na mesa de jantar do casamento.

Ela, por��m, decidiu n��o acrescentar que a m��e

tamb��m notara os dois sa��rem juntos do sal��o.

Savannah procurava desviar a aten����o de Durango

de seu corpo.

A V O Z D O A M O R

101

��� Nossa! Que del��cia isso aqui ��� ela disse sentin-

do o efeito do calor relaxando seus m��sculos. ��� Voc��

tinha toda raz��o, n��o sinto o frio do lado de fora.

��� Que bom. Ali��s, pode deixar de se esconder de

dentro da ��gua. Prometo que n��o farei nada de mal

com voc�� ��� disse calmo e ir��nico.

Ela o olhou com cumplicidade e sorriu meio sem

jeito.

��� N��o esperava mesmo que voc�� fosse fazer qual-

quer coisa do tipo. �� que achei que correria o risco de

morrer de frio.

��� E agora que sabe que n��o vai morrer?

Com um longo respiro levantou o tronco e deixou

a margem da ��gua quente e borbulhante descer at�� a

cintura, na mesma altura que a margeava o corpo

dele. A excita����o corria por toda a espinha at�� con-

centrar-se na barriga. Ela sabia que ele pousava os

olhos sobre ela. Mesmo que o mai�� fosse decente, pa-

recia que seus seios saltavam fartos diante dele.

��� Gostei do maio, ou pelo menos, do que vi dele

at�� agora ��� disse em um tom baixo e intimista.

��� Obrigada ��� ela disse apreciando o lugar a sua

volta. ��� O que lhe fez construir essa banheira aqui?

Ele a fitou como se soubesse que ela estava disfar-

��ando, fugindo ��s possibilidades que surgiam em

cada encontro de olhares, preferindo mudar de assun-

to, at�� um ao que eles j�� tivessem conversado.

��� Foi f��cil decidir instalar a banheira, sendo que

bastava aproveitar as vantagens instaladas natural-

mente dentro da propriedade.

102

B R E N D A J A C K S O N

��� Ah! Ent��o h�� outras iguais a essa?

Durango sorriu, lembrando que j�� trataram do

mesmo assunto alguns dias atr��s.

��� H�� sim. Mas n��o espere que v�� mostr��-los hoje

a noite a voc�� ��� ele disse se espichando com as cos-

tas na parede rochosa e as pernas ro��ando de leve ��s

dela, como se o toque n��o fosse intencional.

Savannah se ajeitou vagarosamente a fim de dar-

lhe mais espa��o.

��� Vai a algum lugar? ��� ele a intimidou com ma-

l��cia na pergunta, mas mantendo o olhar totalmente

inocente.

��� N��o. Estou apenas querendo lhe dar mais espa��o.

��� Mas eu n��o preciso de mais espa��o.

��� Puxa! Voc�� quase me enganou! ��� sussurrou

em um respiro ir��nico para si.

��� Desculpe, voc�� disse alguma coisa? Eu n��o en-

tendi.

Ela o fitou e disse:

��� Nada. S�� estava pensando alto.

E em um piscar de olhos ele pegou impulso da pa-

rede de rochas e saltou sobre ela, aproximando-se

cada vez mais seus rostos.

��� Agora! O que foi que voc�� disse, Savannah?

Ela perdeu o f��lego de repente, n��o s�� por que ele

estava perto, mas por que sentia todo o calor do corpo

dele, deixando a ��gua quente em estado fervente.

��� Alguma vez eu lhe disse o quanto adoro beijar

voc��? ��� ele perguntou.

Uma onda forte de desejo crescia dentro dela, dos

p��s �� cabe��a.

A V O Z D O A M O R

1 0 3

��� N��o me recordo se j�� disse isso ou n��o ��� ela

falou com ��gua na b o c a , vidrada nos l��bios que

amea��avam encostarem-se aos dela.

��� Ent��o, deixe-me frisar que adoro beijar voc��.

Voc�� tem um gosto ��nico ��� disse com voz forte e

rouca.

��� Tenho?

��� Sim. �� tentadoramente t��o doce que eu me es-

baldaria em seus beijos por horas.

Outra onda de desejo invadiu todo o corpo dela,

deixando-a absolutamente arrepiada.

��� Nunca, nenhum homem me disso isso antes.

Ele sorriu.

��� Talvez por n��o ter beijado o homem certo.

��� Talvez.

��� E se eu n��o sou o felizardo com direitos na

cama com voc�� mesmo quando estivermos casados, o

mesmo n��o se aplica ao direito sobre beijos, n��o ��

verdade Savannah? ��� ele perguntou sensualmente.

��� Ahh! N��o.

Mas talvez eu devesse... Pensou r��pido.

��� ��timo, pois vou me deliciar beijando-a tanto o

quanto eu quiser.

Segurando a respira����o a cada movimento dele,

ela se mantinha im��vel e entregue a for��a sensual de

Durango, j�� inclinado sob ela, envolvida por seus

bra��os fortes. Ele a pegou pela cintura com uma das

m��os e come��ou a deslizar a ponta da l��ngua de forma

meticulosa, sensual e intensa pelo contorno da boca

de Savannah.

104

B R E N D A J A C K S O N

Entre gemidos, ela clamou por ele nos momentos

antes de sua l��ngua encontrar a dele dentro se sua

boca e se render em um beijo cada vez mais quente e

��ntimo. Bastou um movimento natural de suas pernas

para que, ao encaixe dos corpos, ela sentisse a ess��n-

cia de tanta paix��o, ciente do que significava o m��s-

culo viril e encorpado dele pressionando sua intimi-

dade.

Savannah quis se afastar e suspender a avalanche

de sensa����es e de tanto desejo, mas n��o conseguia.

Suas pernas fracas cediam ao contorno do corpo de

Durango, enquanto sua boca se prendia a dele. Teria

perdido o equil��brio escorregando na banheira se ele

n��o a segurasse firme com uma das m��os na cintura,

enquanto o outro bra��o ousava erguer-se a altura dos

seios, com a m��o resvalando suavemente no seio en-

rijecido de prazer, mesmo por cima do tecido do mai��

colado �� pele.

Ele afastou um pouco o corpo, o suficiente para

sussurrar em seu ouvido:

��� Esqueci de lhe dizer que eu tamb��m adoro tocar

no seu corpo, Savannah. Voc�� arde por todos os poros.

Prestes a diz��-lo que ele era quem a deixava arden-

te em todos os poros, Durango sugou mais uma vez

sua l��ngua para mais um beijo longo, encerrando a

prov��vel conversa.

O cora����o de Savannah pulsava cada vez mais for-

te quando sentiu ele afastar com suas pernas tonifica-

das, as dela e deslizar a m��o da cintura para baixo, le-

vantando-a na altura ideal para que pudesse acariciar

A V O Z D O A M O R

105

sua zona er��gena atrav��s do tecido el��stico do mai��,

provocando sensa����es de prazer e euforia.

��� Sei que essas partes me s��o proibidas ��� disse

em voz rouca e intensa, vibrando todo o seu corpo na-

quele mesmo tom. ��� Mas posso lhe assegurar que as

mesmas partes me querem. Est��o pedindo pelo que

eu sei fazer, Savannah. Estou louco por voc��. Por

dois meses tenho deitado �� noite pensando em voc��,

lembrando-me dos seus carinhos, como foi boa aque-

la noite e como poderia continuar sendo.

Enquanto ele falava, seu dedo continuava a massa-

ge��-la, deixando seus sentidos aflorados, sens��veis,

perdida em desejos. A cabe��a de Savannah tombou

no peito dele e acelerou a respira����o de tanta paix��o.

��� Ser�� dif��cil dividirmos o mesmo espa��o sendo

t��o apaixonados um pelo outro e sem fazer nada a

respeito, n��o acha? ��� Durango perguntou sensual-

mente, tocando com seus l��bios a orelha dela.

��� Sim, tenho certeza que sim ��� concordou sol-

tando as palavras com a boca entreaberta.

��� Mas eu respeitarei o que voc�� decidiu at�� agora,

a n��o ser que... mude de id��ia, e me permita fazer o

contr��rio. E a partir da��, nada mais me impedir��, Sa-

vannah.

Ela n��o sabia o que dizer. Enquanto pensava nas

mudan��as que acarretariam sua opini��o diferente,

Durango continuava com os dedos em movimentos

h��beis, sensa����es crescentes, como se subissem em

uma reta elipsoidal, explodiram de excita����o fazen-

do-a chamar por ele na loucura do prazer que era o or-

106

B R E N D A J A C K S O N

gasmo, sem que ele ainda atravessasse a barreira de

sua roupa.

Durango a puxou gentilmente pelo cabelo, trazen-

do para seu alcance a boca tr��mula que desejava bei-

jar, como se literalmente bebesse seu pr��prio nome

dos l��bios dela, devorando-a, deixando imersa na

emo����o que ele prometia, e marcando nele o sabor

que ela tinha.

Ela for��ou manter dist��ncia da boca dele quando

foi preciso respirar. E com o ju��zo voltando aos pou-

cos, deu-se conta do prazer que ele lhe proporciona-

va. Em um certo momento do beijo, suas pernas agar-

raram o tronco encorpado de Durango. Ela n��o sabia

como podia se entregar a tal ponto. A ��nica certeza

era de que ele tinha alterado todos seus sentidos com

a magnific��ncia de seus beijos.

Respirou fundo. J��ssica estava certa sobre tomar

cuidado com um homem da fam��lia Westmoreland.

Estava diante de um homem incomum, que n��o fazia

nada pela metade. A gravidez era uma prova disso.

Que outro homem faria uma mulher ainda vestida

gritar de excita����o por seu nome?

Savannah levantou o olhar para ent��o dizer-lhe

algo, mas ele se aproximou e a beijou novamente.

Este era lento, l��nguido e ainda t��o ardente quanto to-

dos os outros que devastaram seu ju��zo.

Quando ele se afastou, a troca de olhares sustenta-

da por tantas palavras silenciosas, emo����es ainda

contidas e respira����o presa, ela o ouviu dizer:

��� �� verdade tudo o que eu disse, Savannah. Eu

quero fazer amor com voc��, mas voc�� tem que permi-

A V O Z D O A M O R

107

tir. Caso contr��rio, n��o excederei dos beijos entre

n��s.

Ela confirmou com a cabe��a e fechou os olhos sa-

bendo que ele respeitaria as fronteiras que ela impu-

sesse. Contudo, tamb��m sabia que ele faria de seus

beijos uma arma para enfraquecer suas defesas. As-

sim que ele se afastou, Savannah abriu os olhos e o

viu sair da banheira. Sua sunga estava colada feito

uma segunda pele, e o ind��cio do seu desejo por ela

ainda estava evidente.

Durango se manteve em sil��ncio, olhando fixa-

mente para ela enquanto esfregava a toalha para se

secar. Ele sorriu de forma serena, e disse:

��� Amanh�� ser�� o dia do nosso casamento e inde-

pendente do que nos trouxe a esta situa����o, Savan-

nah, pretendo fazer de amanh�� um dia muito especial

para voc��. Para n��s dois.

Pouco depois da porta da ��rea de banho se fechar

atr��s dele, Savannah mergulhou o corpo inteiro, j��

sentindo a falta do calor que ele trazia. Mesmo que

ela quisesse ou n��o, um lado seu n��o ag��entava mais

esperar para que chegasse o dia seguinte, o dia que se

tornaria, ainda que temporariamente, a sra. Westmo-

reland.

CAP��TULO NOVE

No dia seguinte, quando chegaram �� frente do Rol-

ling Cascade Cassino e Hotel, Savannah n��o sabia o

que dizer. Com o olhar cl��nico de fot��grafa e expe-

riente em v��rias paisagens, n��o imaginava ser bom-

bardeada por tanta beleza desde o momento da parti-

da, em Reno, onde alugaram um carro at�� o hotel de

Ian no Lago Tahoe.

Durango queria mostr��-la o que chamou de uma

viagem c��nica, com imagens lindas em que Savannah

poderia parar e registrar v��rias vezes o que desejasse

com sua c��mera. H�� minutos distante de Stateline.

em Nevada, o Rolling Cascade Hotel era bem dife-

rente dos outros pelos quais passaram no caminho, ti-

nha arquitetura panor��mica para o Lago Tahoe, e era

cercado por v��rias lojas e por uma mir��ade de restau-

rantes.

Segundo Durango, o hotel ficara fechado por um

ano depois que a pol��cia descobriu transa����es ilegais

dos antigos propriet��rios. Quando Ian e seus s��cios

resolveram compr��-lo e investir, desistindo de sua

rota de viagem pelo rio Mississipi, de Nova Orleans

at�� Memphis, tamb��m devido ��s mudan��as ocorridas

depois do furac��o Katrina; preparou seus investimen-

tos para uma pequena comunidade local, mas com a

A V O Z D O A M O R

109

rentabilidade dos primeiros meses logo cresceu con-

correndo com a qualidade dos cassinos de Las Vegas.

��� Esse lugar �� simplesmente maravilhoso ��� ela

disse.

Assim que Durango estacionou, uma equipe de

funcion��rios veio receb��-los. Ele saiu do carro e pas-

sou seu bra��o forte sob os ombros de Savannah en-

quanto entravam ainda maravilhados naquele belo

lugar. Durango parou, olhou em voltou e soltou um

discreto assobio.

��� Dessa vez Ian acertou. Acho que encontrou sua

voca����o.

��� Tamb��m acho, meu irm��o.

Ambos, viraram-se e encontraram um Ian sorri-

dente, que abra��ou Durango afetuosamente e se incli-

nou para beij��-la no rosto.

��� Estou feliz que estejam gostando do que est��o

vendo ��� Ian disse sorrindo.

��� Estamos mesmo.

Savannah respondeu com o mesmo sorriso, pen-

sando que todos os irm��os e primos Westmoreland se

pareciam. Todos altos, morenos e charmosos, no en-

tanto, Ian com sua barba intencionalmente mal feita

parecia um grande bandido sedutor. Acrescentando:

��� E agradecemos �� hospitalidade.

Ian sorriu e disse:

��� N��o h�� motivo para me agradecerem. J�� era

hora de Durango sair das montanhas e ir para outro

lugar que n��o fosse Atlanta. Al��m do mais, n��o ��

todo dia que um Westmoreland se casa. Venham co-

migo, vamos encaminh��-los ao quarto. A capela est��

110

B R E N D A J A C K S O N

reservada para as cinco horas da tarde, ent��o podem

descansar e relaxar antes da cerim��nia.

��� J��ssica e Chase j�� chegaram? ��� Durango per-

guntou enquanto ele e Savannah seguiam Ian ao bal-

c��o de check-in.

��� Sim, acabaram de chegar, mas j�� sa��ram para

ver lojas.

Ian sorriu expansivamente e disse:

��� Tenho uma grande surpresa para voc��, Durango.

��� O que ��?

��� Recebi uma liga����o de McKinnon dizendo que

foi cancelado seu compromisso de hoje. Ele pegou

um avi��o e est�� vindo para o casamento.

Durango ficou feliz ao saber que seu melhor ami-

go estaria presente no casamento.

Em menos de dez minutos, Durango e Savannah

chegaram ao que Ian dissera ser a su��te presidencial.

Na verdade, parecia um apartamento exclusivo com

tr��s quartos, duas banheiras espa��osas, uma lareira

gigante, cozinha e um lindo terra��o com vista para o

Lago Tahoe.

Savannah se sentiu mais a vontade ao ver os tr��s

quartos, um deles enorme, o que seria a su��te master.

N��o tinha inten����o de repetir a avalanche de sensa-

����es da ��ltima noite com Durango na banheira, por

isso, quando ele sugeriu que ela ficasse �� vontade

para escolher o quarto que desejasse ficar, ela res-

pondeu ainda revelando uma certa timidez:

��� Com tudo o que eu trouxe, acho que prefiro

esse maior aqui, caso n��o se incomodar.

A V O Z D O A M O R

111

Durango esbo��ando um sorriso e disse:

��� N��o, n��o me importo ��� olhou para o rel��gio ���

Podemos matar o tempo que nos resta caminhando ��

beira do lago, o que acha?

��� Adoraria. Quanta gentileza de Ian nos ceder

essa su��te presidencial, n��o?

Durango sorriu ironicamente.

��� Sim, ele consegue ser agrad��vel quando quer,

por outras vezes, �� muito chato de se aturar.

Savannah sabia que se tratava de uma brincadeira,

pois bastava pouco tempo entre eles para logo perce-

ber o quanto eram ligados um ao outro.

��� Preciso de uns minutinhos, pode ser?

��� Claro.

Quando ela pisou no quarto escolhido, Durango a

chamou:

��� Ian me disse que, se quisermos, h�� uma banhei-

ra quente no vig��simo andar que poderemos utilizar.

Imediatamente sua cabe��a se encheu de lembran-

��as de cenas da noite t��rrida de paix��o que passara

com Durango e tudo isso mexeu com suas sensa����es.

��� Acho que hoje n��o.

��� Tem certeza? ��� ele perguntou insinuando que

todos os poss��veis detalhes daquela noite podiam ser

revividos.

��� Sim.

��� Se n��o soubesse da missa a metade, pensaria

que voc��s dois est��o ansiosos para se casarem ��� dis-

se J��ssica.

112

B R E N D A J A C K S O N

Savannah virou-se para a irm�� enquanto fazia o

vestido deslizar em seu corpo. Encontraram Chase e

J��ssica enquanto caminhavam pelo lago. Por suges-

t��o de J��ssica, a noiva se arrumaria na su��te presiden-

cial e Durango na su��te de Chase. Assim, n��o se ve-

riam vestidos antes do casamento.

��� Voc�� est�� imaginando coisas. Eu e Durango

concordamos em fazer o que for melhor para o beb��.

Esta �� a ��nica raz��o deste evento.

J��ssica Claiborne Westmoreland riu, jogou-se em

um abra��o forte com a irm�� e disse:

��� Pouco importa. Ainda acho que voc��s formam

um belo casal.

Savannah mirou a irm�� e pediu em um contido

aborrecimento:

��� Eu disse para n��o ficar inventando coisas, J��ss.

��� Se voc�� prefere assim, que explica����o voc�� me

d�� para isso ��� disse apontando para todas as roupas

sensuais que viu fora da mala. ��� Se isso aqui n��o for

para agradar Durango, ent��o para quem ��? ��� per-

guntou quando escolheu uma das pe��as e quis v��-la

de perto.

��� Para mim. Voc�� sabe que gosto de usar roupas

sensuais na cama ��� Savannah disse ao se esticar e

pegar a pe��a da m��o de J��ssica e a recolocando na

mala.

��� Como n��o dividiremos a cama, ele n��o vai pre-

cisar saber o que estarei vestindo.

J��ssica levantou a cabe��a para o teto e insistiu:

��� Voc�� ainda n��o entendeu, n��o �� mesmo?

A V O Z D O A M O R

1 1 3

��� Entender o qu��?

��� Um Westmoreland n��o d�� ponto sem n��. Quan-

to tempo voc�� acha que durar�� a resist��ncia dessa

atra����o forte de um pelo outro? Hoje mesmo voc��s se

olhavam admirados enquanto achavam que n��o eram

percebidos. Exatamente igual ao dia do meu casa-

mento.

��� E da��?

��� Da�� que voc�� sabe o que acontecer�� quando es-

tiverem sozinhos entre quatro paredes.

��� N��s nos excedemos em champanhe da ��ltima

vez, mas n��o tenho inten����o de ingerir ��lcool durante

a gravidez.

��� H�� outras maneiras de se perder o ju��zo com a

qu��mica sexual ��� disse indicando com a cabe��a as

roupas provocativas na mala mais uma vez.

��� N��o vou perder o ju��zo.

��� E quanto ao cora����o?

��� Nem o cora����o. Agora me diga como estou?

J��ssica tinha achado bonito o vestido, mas nela pa-

recia que tinha sido feito sobre medida, e se emocio-

nou em v��-la t��o linda.

��� Ent��o, o que voc�� acha? ��� Savannah pergun-

tou mais uma vez.

��� Voc�� est�� simplesmente maravilhosa, pena que

Jennifer n��o pode v��-la.

��� Pare com isso, J��ss. Esse casamento n��o �� gran-

de coisa. Estou aqui por causa da gravidez... lembra?

J��ssica insistia em pegar as pe��as de lingerie, pro-

vocando Savannah ainda mais.

114

B R E N D A J A C K S O N

��� E quando voc�� avisar�� para Rico que �� uma mu-

lher casada?

��� Eu e Durango vamos fazer uma bateria de liga-

����es e avisar a todos quando voltarmos. Depois, pla-

nej��vamos visitar os parentes em Atlanta e Filad��lfia

na semana seguinte, mas um colega de Durango est��

de licen��a m��dica e a equipe n��o poder�� liber��-lo an-

tes de um m��s. Talvez at�� seja melhor que eles te-

nham tempo para se acostumar com a id��ia.

��� Mal posso esperar para ver a rea����o dos West-

moreland quando souberem que Durango, o mais de-

sacreditado, se casou.

��� Sim, mas n��o esque��a que ele est�� nessa por

causa da gravidez.

J��ssica riu e disse:

��� A quest��o �� se voc�� n��o esquecer�� disso depois

deste final de semana.

* * *

Logo que sentiu a presen��a de Savannah na capela,

Durango se virou e ficou estarrecido com sua beleza

deslumbrante. Savannah personificava o sonho de

todo homem, linda com um colar de p��rolas e o cabe-

lo longo e encaracolado emoldurando seu rosto.

��� Sua noiva �� linda, Rango. N��o sei se isso �� um

bom sinal.

D u r a n g o l e v a n t o u as s o b r a n c e l h a s , desviou o olhar dela para McKinnon que sussurrara tal coment��rio em seu ouvido. Ele era o ��nico a saber de tudo

al��m de Chase.

A V O Z D O A M O R

115

��� Farei meu melhor, McKinnon.

O amigo sorriu e disse:

��� Ainda bem que o acordo �� seu. Em seu lugar,

correria o grande risco de ser alvo de v��rias reca��das.

Durango esperava ser o homem que McKinnon in-

sinuava quando, e se, esses momentos viessem. Do

outro lado, Ian e Chase miravam Savannah e ele, dei-

xando-o pensar que eles tamb��m pensavam o mesmo.

Agora, ambos estavam diante do casamenteiro

contratado pelo Cascade Hotel para realizar a ceri-

m��nia. Durango n��o teria problema algum em dizer

sim para os votos tempor��rios enquanto o casamento

durasse.

Sentindo o perfume dela, sua pele sob as roupas

estava mais do que nunca ati��ada com as mem��rias

do encontro na banheira t��rmica.

��� Agora eu os declaro marido e mulher. Pode bei-

jar a noiva.

Aquelas palavras soaram para ele como a concre-

tiza����o de seus planos, e agora casado, selaria a ceri-

m��nia com o beijo tradicional. Durango virou-se

para Savannah. Ela estava um pouco tensa, mas sor-

rindo.

Buscando tranquiliz��-la, ele deslizou as costas dos

dedos suavemente na ma���� do rosto dela mantendo o

olhar profundo e c��mplice. Com o expresso al��vio

entre os l��bios dela, Durango se inclinou e no que se-

ria um beijo breve, no momento que seus l��bios se to-

caram, foi levado por um desejo intenso e forte que

surpreendeu, inclusive, a ele pr��prio.

116

B R E N D A J A C K S O N

Seu bom senso lhe dizia que n��o era hora nem lu-

gar para se entregar a uma descarga tempestuosa de

paix��o, mas quando sentiu suas l��nguas se enla��arem,

cobriu-a com o bra��o, segurou aquela cintura fina e

sentiu o cheiro que ela exalava. Era t��o natural conti-

nuar ali como respirar. E n��o conseguiu fazer outra

coisa depois que sentiu as m��os dela apoiadas em

seus ombros.

Foi somente quando McKinnon pesou-lhe a m��o

sobre o ombro que Durango se separou dela:

��� Estou vendo que esses dois j�� est��o bem casados.

��� Gostaria que voc��s mantivessem segredo sobre

o casamento at�� que eu possa avisar a todos ��� Du-

rango disse a Ian e a Chase minutos depois da ceri-

m��nia ser encerrada. ��� Eu quero dar a not��cia.

Ambos aceitaram com a cabe��a, ent��o Ian disse:

��� Mam��e ficar�� triste por n��o ter estado aqui.

��� Sim, mas esse �� o jeito que eu e Savannah pre-

ferimos.

��� Quando dir�� a todos? ��� Chase perguntou, sa-

bendo que n��o seria f��cil esconder novidades entre os

Westmoreland.

��� Ligarei para todos quando voltar. Assim que

contar a mam��e, a not��cia se espalhar�� feito fogo.

Mas devido a equipe estar desfalcada l�� no departa-

mento, poderei tirar licen��a daqui a um m��s somente

e assim darei a not��cia pessoalmente.

��� Quando isso acontecer, prepare-se para a festa

de arromba que a tia Sarah far�� ��� Chase disse rindo.

A V O Z D O A M O R

117

��� De in��cio, ela pode n��o gostar da velocidade com

que tudo aconteceu em sua aus��ncia, mas com certe-

za ficar�� extasiada em ver mais um filho casado.

Durango sabia que al��m dessa novidade, sua m��e

ficaria mais feliz ainda ao ver Savannah, cuja barriga

j�� estaria aparecendo, com seu primeiro netinho a ca-

minho.

��� Sua noiva o est�� chamando para mais fotos. Ian

disse valorizando a liberdade tomada em contratar

um fot��grafo exclusivo para a cerim��nia.

Ainda que Durango n��o dissesse nada, seu irm��o o

conhecia o suficiente para tirar as pr��prias conclus��-

es sobre esse casamento, e quanto a isso, deixaria

para todos, a resposta ao tempo.

Horas depois do jantar de comemora����o com Ian,

J��ssica e Chase, Savannah e Durango foram para a

su��te, e mesmo sem um beijo de boa noite, cada um

entrou em seu quarto e fechou a porta. Mesmo que es-

tivesse sentida pela dist��ncia entre eles, ela sabia que

Durango estava tentando cumprir com o que prome-

tera e n��o ser suscet��vel a que um beijo leve a outro e

depois a outros incontrol��veis.

Savannah saiu do chuveiro quando notou que ca-

beriam mais do que quatro pessoas em sua banheira e

se perguntou onde Durango estaria agora. Ele estava

t��o bonito durante o casamento que por um momento

de loucura desejou que tudo fosse de verdade. Mas

n��o era poss��vel, pois no prazo de um ano, em m��dia,

118

B R E N D A J A C K S O N

cada um seguiria seu rumo. Ela era a mulher de um

casamento de apar��ncias.

Mas e se...

Se Durango fosse seu amante tempor��rio seria t��o

ruim assim? Incr��vel como de um momento para o

outro, o que antes n��o lhe fazia falta, come��ava a ser

absolutamente necess��rio. Ela n��o era mulher de re-

la����es casuais, haja vista que a separa����o de Thomas

Crawford estava completando mais de um ano e ela

n��o sentia falta de um novo relacionamento. Mas foi

Durango que a mostrou naquela noite no hotel, como

seu corpo clamava por necessidades de trocas de pra-

zeres novamente, al��m de deixar dentro dela uma

parte de si mesmo.

Com a camisola que pretendia usar para dormir,

sozinha, estendida sobre a cama, Savannah repensou

que se quisesse uma rela����o ��ntima com ele, n��o po-

deria envolver os sentimentos. Afinal, eles n��o se

amavam. Isso certamente facilitaria enfrentar a hora

da separa����o.

Atravessou o quarto em dire����o ao vestido da ceri-

m��nia tomara-que-caia, cor de pele, jogado em um

canto no quarto e lembrou-se do beijo que continuava

a levantar os p��los de seu corpo como se ainda n��o

contivesse a emo����o. J��ssica tinha raz��o, Durango

n��o era um homem como outro qualquer, e ele, por

sua vez, tamb��m estava certo quando dizia que difi-

cilmente conseguiriam n��o dividir a cama. S�� agora

tudo estava mais claro. O casamento de apar��ncias

seria consumado. E depois de tudo acabado, ela esta-

A V O Z D O A M O R

1 1 9

ria t��o ocupada com o trabalho e com a crian��a que

nem sentiria falta de homem. Era at�� capaz de passar

o resto da vida sem ningu��m, satisfeita pela sua his-

t��ria com Durango.

Logo que abriu a porta do quarto, Savannah o en-

controu fazendo parte de uma paisagem estonteante.

Debru��ado sobre o terra��o com vista para o lago, Du-

rango apreciava o crep��sculo que dourava ainda mais

seu peito desnudo. Mais uma vez, ela correria para

pegar a c��mera e registrar aquele momento t��o exci-

tantes, para t��-lo a seu alcance sempre que desejasse.

Como se sentisse sua presen��a virou-se e se entreo-

lharam. Aquela tens��o fazia seu cora����o bater cada

vez mais forte.

Ele se movia devagar, diminuindo a dist��ncia que

os separavam. Savannah procurava entender se ele

sabia qual efeito causava nela, ou se sabia o quanto

era sedutor e lindo, no sentido do desenho de seus tra-

��os, na intensidade do olhar, na forma da face e nos

l��bios fartos. Quanto mais perto chegava, mais se

sentia derreter com o calor que ele emanava, at�� que

parou a sua frente.

��� Mudei de id��ia sobre algumas coisas ��� ela dis-

se suavemente, sentindo o delicioso cheiro dele.

��� Mudou?

Ela o olhou profundamente dizendo:

��� Sim.

��� E sobre o que voc�� mudou de id��ia? ��� ele per-

guntou com uma voz que a deixou estarrecida de t��o

sensual.

120

B R E N D A J A C K S O N

��� Sobre minha noite de n��pcias.

Levantando as sobrancelhas, ele indagou:

��� Sua noite de n��pcias?

��� Sim. Decidi que quero ter uma.

Sem se mexer, apenas com o olhar e repleto de de-

sejo ele disse:

��� Quer?

��� Sim ��� ela sabia que estavam se entendendo,

mas para n��o cometer nenhum engano, percebeu que

ele procurava ter certeza:

��� Est�� bem, posso providenciar isso. Algo mais

mudou?

Antes de responder, mordeu os l��bios mais do que

uma vez:

��� Quero dormir com voc�� enquanto durar nosso

casamento. Acho que somos bem maduros para lidar

com isso, n��o?

Por um momento, ele ficou absorto em pensamen-

tos e sensa����es at�� que estampou um sorriso nos l��-

bios e disse:

��� Claro. E eu posso saber o que a fez mudar de

id��ia?

��� Acho que o contr��rio seria muito dif��cil para

n��s. Somos muitos atra��dos um pelo outro e...

Franziu a testa enquanto ela n��o terminava:

��� E... o qu��?

Ela tamb��m sorriu quando foi interrompida:

��� E n��o sou muito resistente �� tenta����es, princi-

palmente tratando-se do tipo Durango Westmore-

land.

A V O Z D O A M O R

121

Ele colocou as m��os na cintura dela, inclinou-se e

sussurou em seu ouvido:

��� Posso lhe contar de um segredinho?

��� Claro.

��� Eu tamb��m n��o lido muito bem com tenta����es,

principalmente o tipo Savannah Claiborne. Acho que

posso concluir que temos algo em comum. Este �� um

bom sinal.

��� Ser��? ��� ela disse sem deixar de olhar para a

boca dele t��o pr��xima �� dela.

��� Hummm! Deixa eu lhe mostrar que sim.

Ele ent��o beijou os l��bios dela, acordando todos os

seus desejos, v��tima de uma paix��o que ardia em seu

peito. Puxou-a contra o pr��prio corpo e na intensida-

de de seus beijos, Savannah podia jurar que seus os-

sos derretiam.

��� T e m uma coisa que sempre quis fazer com

voc��, desde o dia que nos conhecemos, mas n��o tive

oportunidade ��� disse entre beijos envoltos da boca

de Savannah at�� o l��bulo da orelha.

��� O qu��? ��� ela duvidava que conseguisse falar

algo mais que isso.

��� Dan��ar com voc�� ��� murmurou em um tom

sensual.

Durango deu um passo atr��s, afastou-se por um

momento e ela ouviu o jazz mel��dico de Anita Baker,

calmo com o saxofone correndo por toda sua espinha,

tornando seu corpo mais sens��vel, preparando seus

sentidos para o toque de Durango.

Ele a tomou para dan��ar com o peito nu.

122

B R E N D A J A C K S O N

��� Dance comigo ��� Durango sussurrou em seu

ouvido depois de pux��-la para mais perto. Colados

em todos os passos, os movimentos desenhavam o

contorno dos toques, principalmente o vigor enrijeci-

do de Durango pressionado em seu ventre, enchendo

os dois de paix��o.

Entregue, Savannah encaixou a cabe��a nos om-

bros fortes de Durango, e mergulhada no cheiro dele,

instintivamente respondeu �� virilidade dele lamben-

do seu pesco��o firme, vagarosamente.

��� Se voc�� me lamber, eu te lamberei tamb��m ���

sussurrou. ��� E no lugar que eu escolher ��� disse com

voz sensual.

Ela levantou a cabe��a e eles se entreolharam por

um tempo. Quando a dan��a terminou, ele inclinou,

tomou f��lego mais uma vez e a fez ceder �� mistura de

desejos e urg��ncias com as demandas da l��ngua sedo-

sa e dominadora dele.

Savannah se ouviu gemer, ofegar e tremer em re-

posta ao que os beijos dele faziam, n��o restando nada

mais sen��o responder com a mesma intensidade at��

perceber que foi levantada do ch��o com muita natu-

ralidade. A essa altura se dera conta que tudo estava

apenas come��ando.

Durango interrompeu o beijo assim que a deixou

na cama do quarto escolhido por ela. Nesse momento

a viu t��o feminina e provocativa com seu baby-doll

que sentiu perder o ar. Voltou �� cama, ajoelhou no

colch��o e tocou os seios dela por cima da roupa de

A V O Z D O A M O R

123

cetim. Ela gemia baixinho, respondendo aos toques

dos dedos dele em volta do bico do seio escuro e fir-

me de excita����o.

Sua m��o ent��o deslizou para a barriga exposta

pelo desenho da roupa, circulou o umbigo e massa-

geou o ventre sentindo que os m��sculos contra��am

sob a maciez de sua pele. Ciente que come��ava a per-

der o controle, em um movimento decidido e suave,

despiu-a completamente.

Pela segunda vez naquela noite, sentiu perder o ar

dos pulm��es com maior intensidade, pensando que

nenhuma mulher devia ser t��o irresistivelmente linda

como Savannah.

Lentamente, multiplicavam-se em Durango ponta-

das que lhe faziam todo o corpo arder, intensificando

seu desejo de possu��-la. Procurando ter certeza de

que ela estaria pronta para ele, estendeu o bra��o e a

tocou com os dedos entre as pernas v��rias vezes. E

n��o teve mais d��vidas. Com o som que escapara da

boca de Savannah, ele parou o que fazia para tirar a

cal��a do pijama.

��� Durango!

Aquele suspiro com seu nome o fez sentir que n��o

faria sexo, e sim amor com a mulher que era, agora,

sua esposa. Impactado por aquela sensa����o, procurou

n��o resistir �� entrega de seu corpo e mente para a mu-

lher que tinha trocado flu��dos de emo����es ��nicos, ini-

gual��veis no mundo, e nada o impediria de am��-la na

noite de n��pcias de seu casamento.

124

B R E N D A J A C K S O N

Deitando-se na cama, ele a beijou e a cobriu inteira

com o pr��prio corpo, levantou-lhe o quadril e rompeu

o beijo para olh��-la nos olhos enquanto a penetrava

vagarosamente. A sensa����o daquele momento era t��o

forte que ele paralisou por um momento com o turbi-

lh��o de emo����es que o tomava.

��� Sei que pode parecer arrogante da minha parte

��� disse baixo e um pouco rouco ���, mas acho ��� im-

pelindo profundamente suas partes baixas nela ���

que isso aqui foi feito s�� para mim.

Savannah sorriu, ajustando o corpo intimamente

ao encaixe dele.

��� Se voc�� pensa assim, ent��o quem sou eu para

dizer o contr��rio? Com certeza, voc�� n��o ouvir�� de

mim nada diferente disso.

Ele respondeu em um sorriso ��nico e sensual di-

zendo:

��� Isso �� o que vamos ver. �� que adoro os sons que

voc�� faz. ��� disse lembrando da ��ltima vez que che-

garam ao ��pice do prazer.

Ele continuou a mover-se em um ritmo cauteloso,

procurando incutir seu membro viril completamente

dentro dela, na busca de ver eclodir toda feminilidade

represada. Ele a queria faminta e desesperada por seu

corpo. N��o permitiria nenhuma resist��ncia de serem

um ��nico ser.

Com os desejos em ebuli����o pelos movimentos

dos quadris dela, Durango mantinha um ��nico objeti-

vo em mente e trabalhava por ele. Pesando sobre ela,

esfregando-se dentro e fora, massageando-a com os

A V O Z D O A M O R

1 2 5

movimentos que seu membro ereto podia realizar, in-

tensificados quando elevava os quadris de Savannah

para um contato profundo e prazeroso. Por v��rias ve-

zes, a for��a de Durango quase sucumbia ao tremor de

tanta ard��ncia, mas resistia internamente para chegar

onde queria.

E no momento que ela gritou em ��xtase, ele a sentiu

selvagem com todos os m��sculos espremendo seu cor-

po pesado, para que o prazer nunca mais acabasse. Ele

tamb��m cedeu ao desejo e expeliu todo o anseio con-

centrado internamente de um modo extraordin��rio.

Quando ele se abaixou para beij��-la era como se a

devorasse, a engolisse. Apertou as pernas e os bra��os

envoltos nela, colocando seu corpo em um ��ngulo

que aumentasse de prazer, confirmando o que sentia,

que mesmo se vivesse ainda cem anos, seria somente

nos bra��os daquela ��nica mulher que alcan��aria tanto

prazer e plenitude sexual. Seria somente com ela.

CAP��TULO DEZ

D u r a n g o olhou impaciente para o teto. Eles acaba-

vam de voltar para a casa e decidiram ligar no final

do dia para anunciar o casamento a todos. Primeira-

mente, �� m��e de Durango.

��� Sim, mam��e. Estou lhe dizendo a verdade. Ca-

sei-me nessa sexta-feira, com Savannah, a irm�� de

J��ssica.

Pendurado ao telefone, Durango se entretinha com

o aparecimento de Savannah no quarto depois de sair

do banho usando um roup��o azul lindo, com uma toa-

lha enrolada na cabe��a.

��� Mam��e, eu e Savannah nos adiantamos e nos

casamos no Lago Tahoe. Ian sabia, mas fui eu que

pedi segredo �� ele, portanto ele estava certo em n��o

lhe contar nada.

Depois acrescentou:

��� Tudo bem, voc��s duas podem planejar uma fes-

ta de boas-vindas. Eu e Savannah prev��amos que

voc�� e a m��e dela fossem querer, mas n��o sei quando

poderemos chegar a Atlanta. Eu retorno para a senho-

ra e aviso. N��o sei, pelo menos daqui h�� quatro ou

cinco semanas ��� e continuou depois de algumas sa-

cudidelas de cabe��a respondendo ��� Nos conhece-

mos no casamento de Chase, nos apaixonamos e ca-

A V O Z D O A M O R

127

samos discretamente sem muito alvoro��o ��� disse

emprestando as palavras de Savannah.

Durango voltou a observar Savannah que agora ti-

rava a toalha da cabe��a, e seus muitos cachos negros

ca��am sob o contorno dos ombros. Ele acompanhou

todos os passos que ela dava para sec��-los, primeira-

mente ergueu os bra��os e n x u g a n d o a cabe��a, de

modo que encurtasse a altura do roup��o que usava,

valorizando as curvas generosas de seu corpo, fazen-

do o tecido ro��ar ritmado aos movimentos da pele.

Havia algo naquele momento ritual��stico que o exci-

tava, sem saber bem por qual raz��o. No entanto, tor-

cia para que o ter em seu quarto n��o fosse um ato in-

volunt��rio de paix��o, dando a impress��o que tudo em

sua casa combinava perfeitamente com Savannah,

como, por exemplo, suas roupas penduradas ao lado

das dele no arm��rio, parecendo impor que era desse

jeito que deveriam ficar.

E esse, por melhor que fosse, n��o era um bom si-

nal. Ainda imerso no universo que Savannah instau-

rava em seu quarto, resolveu despertar e n��o se en-

volver. Procurou limpar a garganta, pigarreou um

pouco e concentrou-se no que sua m��e dizia.

��� N��o �� mais segredo mam��e, pode espalhar a no-

t��cia para a fam��lia inteira. Ela est��, sim. Quer falar

com ela? ��� disse euf��rico para sair o quanto antes do

telefone.

N��o conseguia mais ficar sob a mira do interroga-

t��rio da m��e, e logo passou o telefone a Savannah,

mas antes disse:

128

B R E N D A J A C K S O N

��� Sim, mam��e, tamb��m te amo. D�� um beijo no

papai por mim. Vou passar para Savannah ��� esten-

deu o fone a ela que acompanhava a conversa e aler-

tou: ��� Prepare-se.

Ian estava certo quando dissera que sua m��e se en-

fureceria por n��o ter sido avisada, mas o fato de ter

mais um filho encaminhado ao matrim��nio, ameni-

zou seu temperamento. E com isso, aliviou a press��o

que sofria para se casar, desviada agora aos pr��ximos

da fila heredit��ria, ou seja, Ian, Spencer, Quade e

Reggie. Tudo o que podia desejar era que eles se pre-

parassem para o que lhes estava reservado.

Ouvindo um trecho da conversa das duas, Savan-

nah se desculpou v��rias vezes e aceitou todas as cul-

pas por sua decis��o perante a m��e de Durango. An-

tes que sa��sse do quarto para tomar banho, tamb��m

ouviu Savannah incentivar a festa que Sarah West-

moreland planejaria com sua m��e para receb��-los em

casa.

Durango estava a ponto de deix��-la sozinha, quan-

do a ouviu se comprometer em enviar as fotos digi-

tais do casamento. Isso definitivamente contaria pon-

tos para que fosse bem cotada a rela����o entre ela e a

matriarca, em especial para quando chegasse a hora

de contar mais novidades.

Vinte minutos depois de Durango sair do banho.

Savannah ainda estava ao telefone. Ele fez um sinal

de pedido de desculpas e sentou-se ao lado dela na

cama. Dez minutos depois ele pegou o fone de Sa-

vannah e disse �� m��e:

A V O Z D O A M O R

129

��� Mam��e, acho que voc�� j�� ocupou muito minha

esposa. �� hora de irmos para a cama. Somos rec��m-

casados, lembra-se?

��� Durango! ��� Savannah exclamou.

Fazendo sinal de sil��ncio com o indicador encos-

tado aos l��bios fechados, Durango continuou:

��� Obrigada pela compreens��o, mam��e. Sim, ga-

ranto que ela enviar�� as fotos hoje �� noite antes que...

Bem, que v�� dormir. Boa noite, mam��e. ��� E sorriu

enquanto colocava o fone no gancho.

Savannah o fitou dizendo:

��� Durango Westmoreland, voc�� me exp��s a sua

m��e insinuando que vamos...

Ele a calou com um beijo e a deitou na cama en-

quanto a despia do roup��o:

��� N��o contei nenhuma mentira ��� disse quando

se liberou do beijo.

Ele a beijou novamente e a pressionou dizendo:

��� Hum! �� assim que eu gosto... nua e submissa.

��� Ele sabia que suas palavras a fariam reagir.

Ela o empurrou dizendo:

��� E quem aqui voc�� acha que �� submisso? Quero

que saiba...

Ele a calou novamente com beijos, pensando o

quanto a vida era sem gra��a antes de conhec��-la, e t��o

logo aceitou esse pensamento cruzar sua mente se viu

envolvido emocionalmente. Mas ele n��o se permitia

a tal envolvimento. Voltou a lembrar que o casamen-

to era tempor��rio, mas n��o deixou de admitir que Sa-

130

B R E N D A J A C K S O N

vannah viesse mostr��-lo que a manuten����o de sua

privacidade n��o era mais interessante como antes.

��� Voc�� est�� jogando baixo ��� Savannah disse as-

sim que ele finalmente a soltou para que respirasse.

Olhando-a com intensidade, e sentindo todo seu

corpo reagir ao contato dela, disse fogoso:

��� Minha querida, eu nem estou jogando.

Durango ent��o se despiu e se deitou nu ao lado

dela. Em seguida, puxou-a pelos bra��os e a beijou

sem parar. Quando finalmente se afastou, perguntou

admirando a pele do rosto de Savannah com as mar-

cas dos beijos ardentes que lhe havia dado:

��� Ent��o, o que achou da viagem ao Lago Tahoe?

Savannah se ajeitou, brincou com os pelos do pei-

to dele, lembrando-se das del��cias da viagem, do que

haviam feito no quarto de hotel, e de sua mais recente

descoberta sobre D u r a n g o . Seu incr��vel vigor na

cama.

��� Sim ��� disse finalmente, pensando que gostara

muito dos dias em que esteve no Rolling Cascade

com ele. E continuou: ��� Foi uma experi��ncia muito

proveitosa.

��� E voc�� n��o enjoou uma vez sequer.

Ela sorriu e disse:

��� Sim, e adorei o caf��. Talvez essa pulseira real-

mente funcione ��� levantando o pulso para mostrar a

ele, mas este foi agarrado no ar por uma das fortes

m��os de Durango, que a puxou para que pudesse bei-

jar-lhe o pulso. Deslizou a mesma m��o entre sua bar-

A V O Z D O A M O R

131

riga e a dela, massageando o lugar onde seu beb��

crescia.

��� Ent��o posso supor que nosso beb�� esteja bem.

��� Sim, ele esta ��timo.

��� Bom saber disso, agora posso me dedicar intei-

ramente �� m��e ��� ele sussurrou com tanta sedu����o a

ponto de ver Savannah ceder a um breve tremor na

barriga.

��� E como ser�� essa dedica����o? ��� perguntou in-

genuamente, mas sabendo da resposta e o provocan-

do para que fosse dita de alguma maneira.

��� Melhor eu mostrar do que lhe contar.

Guiada pelos olhos sedutores de Durango que insi-

nuava com o corpo que ela pendesse a cabe��a, Savan-

nah ent��o se permitiu:

��� Ent��o me mostre.

E assim ele fez v��rias vezes aquela noite.

��� ��timo! Um pouquinho mais para a direita. Ah!

Assim. Agora incline levemente a cabe��a mais para

tr��s. Menos. Perfeito, agora fique parado desse jeito.

Assim que voltou do trabalho, Durango aceitou

posar para uma s��rie de fotos. Ela o tinha convencido

a posar, justificando que gostaria de acabar com o

que restava de filme na c��mera.

��� Agora abra a camisa e deixe aparecer o peito.

Ele franziu a testa:

��� O que voc�� pretende com esse tipo de fotos?

Ela sorriu com mal��cia:

132

B R E N D A J A C K S O N

��� J�� disse. Quero vender para meu chefe a id��ia

de fazer um calend��rio com os oficiais que patrulham

o parque nacional. Sempre fazem de bombeiros e po-

liciais. Chegou a hora de saudarmos os verdadeiros

her��is desse pa��s.

Durango cruzou os bra��os ignorando o fato de que

ainda se mantinha como um alvo para Savannah e sua

c��mera:

��� E sobre qual p��blico-alvo estamos falando

aqui? ��� disse lembrando-se do calend��rio do qual

seu primo Thorn havia participado, por caridade, al-

guns anos atr��s e que dera um tremendo lucro para a

institui����o, haja visto o grande sucesso de venda.

Ela riu e respondeu:

��� Todos que souberem apreciar a boa arte... como

tamb��m a homens bonitos e sensuais. Para lhe dizer a

verdade, penso que este seria um excelente projeto

para arrecadar fundos para a caridade. J�� estou at�� vi-

sualizando voc�� com o sr. Fevereiro.

Durango levantou uma de suas sobrancelhas sem

entender o sentido:

��� Por que sr. Fevereiro?

Ela respondeu com naturalidade:

��� Porque �� um m��s que tem sido muito bom pra

mim, apenas das n��useas pela manh��. Mas �� o m��s

em que ouvimos o cora����ozinho do nosso beb��. Por

isso acho que faz todo o sentido voc�� ser o sr. Feve-

reiro, mesmo que o que eu acabei de dizer n��o o fa��a.

Durango concordava perfeitamente com ela. Pou-

co importava quanto duraria sua uni��o ou quando

A V O Z D O A M O R

133

acabasse, o m��s de fevereiro seria sempre comemo-

rado por ele pelos mesmos motivos que a levaram a

escolh��-lo o sr. Fevereiro. E sem dizer mais nada, de-

sabotoou a camisa e voltou a posar para as fotos.

��� Hum! Que homem mais sensual ��� ela disse ti-

rando os olhos do visor da c��mera. Ela estava feliz

por ter conseguido fazer as fotos.

��� Voc�� acha mesmo?

��� Acho sim ��� ela disse, j�� guardando a c��mera.

��� J�� a c a b o u ? D e v o admitir que foi divertido.

Quando foi que decidiu ser fot��grafa? ��� ele pergun-

tou acomodando o bra��o no encosto da varanda.

Quando Savannah voltou-se para ele, a paisagem

ao fundo com as cordilheiras cobertas por neves era

mais uma chance de registrar mais fotos dele com mais

uma pose naturalmente sensual.

��� Quando adolescente, acho que com dezesseis

anos de idade. Meus av��s me deram uma c��mera de

presente e eu deixei todo mundo em estado de alerta,

porque simplesmente fotografava tudo na casa, com

ou sem a permiss��o deles. Tenho registros embara��o-

sos de mam��e, Rico e J��ssica.

��� M m m ! Ser�� que devo me preocupar? ��� per-

guntou em tom de brincadeira.

Ela gargalhou:

��� N��o mais. Cresci e muita coisa mudou desde

aquela ��poca. Agora sou inofensiva.

Inofensiva? Talvez D u r a n g o n��o c o n c o r d a s s e

muito. Desde que ela surgira em sua vida, tudo muda-

ra completamente de figura. Seus colegas de trabalho

134

B R E N D A J A C K S O N

n��o acreditaram que ele, agora, era um homem com-

prometido e casado. Muitos deles acharam que se tra-

tava de um trote, at�� Savannah aparecer ao meio-dia

na hora combinada para almo��arem juntos. Ele logo

identificou olhares convencidos, e tamb��m invejo-

sos, em mais de um deles. Durango n��o p��de deixar

de imaginar o que pensar��o aqueles homens quando

daqui a um ano, eles se separarem.

��� Espero que goste do que preparei para o jantar.

Tais palavras interromperam os pensamentos de

Durango sobre a prevista separa����o deles.

��� Tenho certeza de que sim. Mas n��o devia ter se

incomodado. Eu poderia ter preparado algo assim

cheguei do trabalho.

Ela riu.

��� �� o m��nimo que eu posso fazer enquanto voc��

trabalha o dia todo. N��o sou acostumada a ficar en-

furnada em casa sem ter o que fazer. Por falar nisso,

lancei a id��ia do calend��rio para meu chefe, e se ele a

aprovar, ficarei muito ocupada. Voc�� acha que os ofi-

ciais de seu departamento se incomodar��o se eu con-

vid��-los para umas sess��es de fotos?

Durango negou com a cabe��a e esbo��ou um sorri-

so imaginando que seria mais f��cil do que ela imagi-

nava.

��� Acho que se incomodar��o os que n��o aparece-

rem. O simples fato de serem escolhidos para um ca-

lend��rio inflar�� os egos de alguns que conhe��o, tenho

certeza disso.

A V O Z D O A M O R

135

Ele parou para observ��-la, sentindo que algo a ti-

nha deixado cabisbaixa. N��o havia notado antes, tal-

vez porque a c��mera o distra��a, mas agora sem nada

nas m��os era claro e ��bvio. Nesse momento elucu-

brou a possibilidade de Savannah usar a c��mera foto-

gr��fica como um abrigo de resguardo emocional.

��� Aconteceu alguma coisa hoje que eu deva sa-

ber, Savannah? Tem algo a ver com sua m��e ou seu

irm��o?

Ele sabia que a m��e ainda estava em Paris e que

ambos tinham rec��m-conversado, mas n��o conseguiu

falar com Rico at�� o come��o da tarde. No entanto, an-

tes de Durango chegar soube atrav��s de um telefone-

ma dele que seu irm��o ficou bastante surpreso e feliz,

esperando ansioso para o encontro de todos na Fila-

d��lfia.

Durango a acompanhou tomar f��lego e dizer es-

morecida:

��� N��o �� bem a minha fam��lia?

Atento, nada mais p��de concluir a n��o ser que era

a dele.

��� Algu��m da minha fam��lia ligou hoje?

��� Sim.

��� Quem?

Ele testemunhava a rea����o de desconforto dela

quando esbo��ou um pequeno sorriso antes de dizer:

��� Acho mais f��cil responder �� pergunta de quem

n��o ligou. Sua fam��lia �� um tanto quanto numerosa.

Numerosa e exagerada, Durango pensou sendo

todo ouvidos.

1 3 6

B R E N D A J A C K S O N

��� E?

��� E... bem,... todos ficaram surpresos pela not��cia

do nosso casamento, e desejaram sinceros votos de

felicidades, o melhor para nossas vidas e, isso since-

ramente me fez parecer uma impostora dissimulada.

Ele entendeu muito bem o que ela queria dizer,

pois sentiu o mesmo no trabalho aquele dia.

��� Mas voc�� sabe que essa sensa����o n��o corres-

ponde �� verdade. �� nossa decis��o dar um prazo ao ca-

samento e ningu��m tem nada a ver com isso.

��� Sim, eu sei... mas...

Levantou uma das sobrancelhas como de costume

e a interrompeu:

��� Mas o qu��?

��� Mas todos foram imensamente gentis. At�� sua

prima Delaney ligou do Oriente M��dio. Creio que to-

dos os Westmoreland me deram as boas-vindas �� fa-

m��lia. Disseram que de agora em diante sou conside-

rada como irm�� para eles. J��ssica havia me dito que

todos foram bastante receptivos com ela. Voc�� sabe

como eu me sinto com isso tudo?

Ela olhava fixamente para ele, tensa, e ele disse:

��� N��o sei. Como voc�� se sente?

��� Sinto-me especial. Meu grande sonho sempre

foi pertencer a uma fam��lia grande e numerosa, mas

tudo n��o passa de uma farsa. Entende agora como me

sinto?

Entendia muito bem e sabia que tinha sentido o

que ela dizia. Durango lembrou que desde o in��cio,

A V O Z D O A M O R

137

esse era um dos principais motivos para que o acordo

proposto por ele fosse aceito. A oportunidade de dar

a sua crian��a a chance que ela n��o teve, de estar ro-

deada por pessoas am��veis, unidos a toda prova nos

momentos alegres ou dif��ceis. Uma fam��lia que pre-

zasse por valores essenciais, passados de gera����o

para gera����o, garantindo a seguran��a de que nunca a

abandonariam.

��� Entendo sim ��� disse depois de soltar uma lon-

ga e carregada baforada. ��� Mas, independente de

qualquer coisa, sempre haver�� um forte elo entre n��s

dois e nossa crian��a. Voc�� sabe disso, n��o sabe?

J�� n��o seria a primeira vez que Savannah era com-

parada com Tricia nos pensamentos de Durango. E

cada vez mais, ele se deparava com o disparate entre

as duas. �� certo que as duas vinham da cidade, mas a

dissimula����o que tanto incomodava Savannah passa-

va despercebida por Tricia, sem demonstrar remorso

algum quando percebeu que o amor que habitava o

cora����o de Durango por ela tinha morrido depois de

muito sofrimento e ainda se despedir dizendo-lhe que

ele n��o passava de um boneco idiota.

��� Vou preparar a mesa para o jantar. Quanto esti-

ver tudo pronto, avisarei.

Depois que ela desabafou, n��o p��de mais conti-

nuar a conversa e mudou de assunto.

��� Precisa de mim?

��� N��o. Deixe tudo comigo.

138

B R E N D A J A C K S O N

Durango resolveu deix��-la ir, respeitando sua von-

tade de ficar sozinha. Ele olhou pela janela para a pai-

sagem montanhosa, um esplendor de beleza natural

em um t��pico dia ensolarado de inverno de tirar o f��-

lego. Tal cen��rio memor��vel confirmava repetidas

vezes sua decis��o de se estabelecer h�� anos em Mon-

tana.

Ele sempre encontrou conforto diante das monta-

nhas quando momentos dif��ceis lhe ocupavam a men-

te, como Savannah agora fazia.

Mesmo ciente que as diferen��as entre Tricia e Sa-

vannah eram gritantes, Durango sentia que ainda n��o

se livrara de seu passado. Sua paix��o por Tricia fora

inesperada. E sofreu. Desprezado, decidiu que nunca

mais, sob nenhuma circunst��ncia, ele se permitiria

voltar a ficar vulner��vel.

Ele e Savannah fizeram amor, um beb��, se casa-

ram, mas tudo por lux��ria. Depois da entrada triun-

fante de Savannah em sua vida, tudo ficou mais inte-

ressante, mas seu cora����o lhe dizia que n��o estava

recuperado do passado, fazendo seu peito se fechar

involuntariamente para um novo amor. Durango sa-

bia muito bem a diferen��a entre amor e lasc��via, e que

seu sentimento por Savannah n��o passava de pura

atra����o f��sica, ainda que em n��vel avan��ado. Bastava

pensar nos recentes dias com ela para que o ritmo da

respira����o se alterasse, principalmente ontem, quan-

do as primeiras horas do dia tinham sido o ��pice da

perfei����o.

A V O Z D O A M O R

1 3 9

Durango admitia que em v��rios momentos j�� havia

desejado, analisado e fantasiado, cogitando a hip��te-

se de estender por mais um ano o casamento com ela.

Mas as cicatrizes no cora����o e o gosto amargo da

frustra����o mostraram-no que h�� coisas na vida que

depois de acontecidas nunca podem serem alteradas.

Sua dor parecia retumbar internamente ensurdecen-

do-o para o som das trombetas que anunciavam um

novo amor.

Era assim que tudo estava, era assim que continua-

ria a estar.

No final da noite, j�� haviam tomado banho e agora

estavam relaxados, sentados no ch��o de pernas cru-

zadas em frente �� lareira, satisfeitos com o jantar que

Savannah havia preparado.

��� O jantar de hoje foi maravilhoso, Savannah.

Ela sorriu para ele e disse:

��� Obrigada. Fiz o prato favorito de minha av�� ���

Referindo-se ao preparo do bife com batatas assadas.

��� Ent��o... ��� Durango disse se esticando a seu

lado. ��� Que programa voc�� nos sugere para passar-

mos o final desta noite?

Savannah sorriu e disse sensualmente:

��� Posso fazer mais uma sess��o especial de fotos

suas.

��� Acho melhor n��o. Vamos pensar em algo mais.

��� Algo mais?

��� Algo como uma investiga����o para averiguar

como esquentar ainda mais esse lugar.

140

B R E N D A J A C K S O N

As palavras proferidas pela boca sedutora dele lhe

deixaram excitada.

��� Hum! E por onde voc�� pensa come��ar? ��� disse

olhando direto para ele.

��� Venha aqui para eu te mostrar ��� Durango a pu-

xou para que ela deitasse a seu lado no ch��o. Ela o

olhava se deixando ser despida. ��� Est�� curiosa para

saber sobre meu pr��ximo passo?

Com a cabe��a baixa, Savannah viu atrav��s do rou-

p��o dele a dimens��o do desejo que ele insinuava por

ela, sendo levada por rea����es qu��micas hormonais se-

dentas por prazer.

��� N��o, eu j�� desconfio qual ser�� ��� disse com

��gua na boca de vontade por beijos.

��� Pois bem.

��� Mas quero fazer um pedido ��� disse enla��ando

o pesco��o de Durango com os bra��os.

��� O qu��?

��� Deixe-me tirar seu roup��o.

Ele sorriu.

��� V�� em frente.

Quando removia o roup��o dele, ela passou a l��ngua

em um de seus o m b r o s , deliciando-se lentamente

com o gosto e o cheiro at�� cobri-lo com o roup��o e

olh��-lo de frente.

��� Voc�� tem um corpo delicioso.

Ele sorriu.

��� Voc�� acha mesmo?

��� Acho.

A V O Z D O A M O R

141

��� Obrigada. Tamb��m me delicio com seu corpo,

ali��s, quero estar inteiro dentro dele.

��� Bem, neste caso...

Durango se aproximou lentamente, gemeu baixo e

se p��s de joelhos como um leopardo diante da ca��a,

atento aos movimentos e confiante por mant��-la ali,

na posi����o que desejava e sussurrou:

��� Agora �� minha vez de lamber.

E assim ele fez. Desceu at�� passar sua l��ngua nas

partes internas das pernas de Savannah at�� seguir a

ess��ncia do sabor que ela tinha.

��� Durango!

Somente depois de completamente embevecido

por ela, cobriu-a com todo o seu corpo, penetrando-a

com for��a e paix��o. E quando sentiu as contra����es do

corpo de sua mulher cada vez mais intensas, vindas

da regi��o onde o beb�� crescia, jogou a cabe��a para

tr��s e insistiu furiosamente contra aquele corpo que

tamb��m agia com a mesma atividade contra ele.

Era imensamente prazeroso v��-la ardendo em bra-

sa, mas somente por ele e com ele. E quando ela le-

vantou-se entre gemidos movendo os quadris, Durango

sentiu as mesmas sensa����es extraordin��rias de orgas-

mo em seu corpo, levando-o para onde jamais estive-

ra antes, elevando-o para cima das nuvens e al��m

desse universo.

Permanecendo nela com ainda mais vigor, sentiu-

se pleno e feliz sabendo que ela passava pelos mes-

mos n��veis explosivos de prazer. Ele n��o conseguia

parar de fazer amor com ela. Era incr��vel. Uma mu-

142

B R E N D A J A C K S O N

lher da cidade grande de dia e uma selvagem das

montanhas �� noite.

Enquanto ela sugava dele o que nenhuma outra

mulher havia experimentado, n��o podia deixar de

pensar nos meses que ainda estavam por vir e que

quando acabasse o prazo determinado por eles, sua

vida jamais voltaria a ser como antes.

��� Tente descansar, querida. Vou at�� o escrit��rio e

j�� volto ��� Durango sussurrou em seu ouvido, en-

quanto a levava nos bra��os para a cama ap��s fazerem

amor em frente �� lareira. Com cuidado fechou a porta

do quarto e desceu as escadas para o escrit��rio.

Chegando no escrit��rio, parou para avistar o bri-

lho da lua sob as montanhas e concluiu que nada po-

deria ser mais lenitivo e perfeito do que aquele mo-

mento. Ele era um amante das montanhas, do traba-

lho que exercia e, temporariamente, n��o morava mais

sozinho. Ter jantado com ela foi maravilhoso, assim

como o banho m��gico que tomaram juntos. Mas nada

se comparava �� qualidade do amor que fizeram em

seguida em frente ao fogo da lareira. Parecia que a

cada vez, os encontros eram exponencialmente me-

lhores. Por��m, perturbava-o pensar que a companhia

de Savannah o envolvia tanto. E, para encontrar uma

sa��da, fez men����o de sentar-se um pouco �� mesa.

quando de repente o celular tocou. Assustou-se com

o som e para n��o arriscar acord��-la, atendeu sem ver

o n��mero que piscava no visor.

��� Al��.

A V O Z D O A M O R

143

��� O que �� que est�� acontecendo, Durango?

Acomodou-se na cadeira do escrit��rio, reconhe-

cendo a voz do irm��o mais velho, Jared, advogado de

sucesso, que mesmo depois de casado ainda conti-

nuava osso duro de roer:

��� Jared! Como voc�� est��?

��� N��o enche, responda o que perguntei.

Durango virou os olhos lembrando-se do compor-

tamento bruto e bitolado do irm��o.

��� O que faz voc�� pensar que algo demais esteja

acontecendo?

��� Do que voc�� est�� falando?

��� Voc�� se casou.

Durango riu. Ent��o foi por isso que ele ligou.

��� J�� era hora, n��o acha? Voc�� sabe que na minha

opini��o, o casamento lhe fez imensamente bem, en-

t��o corri atr��s do meu.

��� E voc�� quer que eu acredite nisso?

��� Seria plaus��vel.

��� Pois n��o d��.

��� Que novidade!

��� E Ian est�� escondendo o jogo.

Durango sorriu e disse:

��� Que bom.

��� �� claro que mam��e est�� pulando de alegria ���

Jared Westmoreland continuou a dizer. ��� Acho que

a essa hora, toda nossa fam��lia tem as fotos do casa-

mento enviados pela Internet.

��� Ian n��o se abre, mas mam��e est�� contente, en-

t��o qual �� o seu problema, Jared?

1 4 4

B R E N D A J A C K S O N

��� Quero saber por que voc�� fez isso?

��� Ainda n��o se deu por satisfeito com o que j�� lhe

falei?

��� Vai te catar!

Ele n��o estava surpreso. Dos cinco irm��os, Jared

era o que mais o conhecia, sendo quase imposs��vel

esconder qualquer fato de quem era tr��s anos mais

novo e, segundo Durango, o mais astuto e s��bio. Se

toda a fam��lia engoliria a not��cia sobre o amor avas-

salador e �� primeira vista entre ele e Savannah, isso

ele n��o precisava se preocupar, mas sustentar essa

hist��ria encarando Jared e mais dois irm��os que co-

nheceram bem as opini��es de Durango sobre casa-

mento, essa sim, era uma ��rdua tarefa. Tamb��m pu-

dera, Dare era investigador do FBI e atualmente dele-

gado em College Park, na Ge��rgia, man��aco em des-

confiar de tudo; e Stone que provavelmente ainda

n��o ligara por estarem ele e Madison, sua mulher, em

algum lugar da Europa para promover seu livro. Sto-

ne e Durango tinham meses de diferen��a de idade e

sempre foram muito pr��ximos.

��� Vai me dizer o que estou querendo saber ou te-

rei que recorrer a medidas dr��sticas e come��ar a in-

vestigar? ��� Jared amea��ou interrompendo os pensa-

mentos de Durango.

��� Hum! Que medidas dr��sticas seriam essas?

��� Que tal eu pegar o pr��ximo v��o para Montana e

saber com meus pr��prios olhos o que �� que est�� acon-

tecendo?

A V O Z D O A M O R

145

Isso n��o! Durango sabia que Jared n��o s�� amea��a-

va e decidiu abrir o jogo.

��� Savannah est�� gr��vida.

O irm��o suspirou, expressando que era isso o que

suspeitava.

��� H�� quanto tempo? ��� Jared finalmente per-

guntou.

��� Est�� indo para o terceiro m��s.

Mais uma pausa at�� que Jared indagasse:

��� Foi na noite do casamento?

Durango levantou uma de suas sobrancelhas.

��� Como voc�� sabe?

��� Por favor, Durango. Todos sentiram sua falta

no jogo de cartas mais tarde. E foi uma droga, porque

eu contava que pelo menos conseguiria ganhar um di-

nheiro de voc��. Al��m do mais, n��o consegui deixar

de notar que o vi atra��do por ela. Por sinal, todos o vi-

ram acompanh��-la da recep����o ao quarto do hotel.

Durango sorriu lembrando-se dos coment��rios fei-

tos sobre aquela noite.

��� Todo mundo viu muito naquela noite.

��� N��o importa. ��� Ent��o Jared quis saber. ��� E

voc��s decidiram se casar por causa do beb��?

��� Sim, acho que isso j�� diz tudo. Mas ser�� por

pouco tempo.

��� Como assim?

��� At�� o beb�� completar seis meses. N��o quero

que nas��a como um bastardo de pai e tamb��m porque

quero acompanhar Savannah durante a gesta����o para

fortalecer nossos la��os como pais.

146

B R E N D A J A C K S O N

��� E depois disso?

��� Cada um seguir�� seu rumo, mas fazendo o pos-

s��vel para mantermos contato e contar um com o ou-

tro. Ela sabe e deseja tanto quanto eu, que eu partici-

pe da vida da crian��a. Sabemos de antem��o que n��o

ser�� f��cil, mas encontraremos o jeito certo.

Depois de uma pausa maior que a anterior, Jared

disse:

��� E voc�� est�� satisfeito com o fato desse ser um

acordo tempor��rio?

Durango contraiu os ombros com a indaga����o:

��� E por que n��o estaria?

��� Eu vi as fotos que mam��e espalha orgulhosa por

toda cidade. Voc��s dois pareciam felizes de verdade

no casamento, se eu n��o soubesse exatamente o...

��� Mas voc�� sabe exatamente, por isso estamos

conversando agora. N��o se engane com as fotos, Jared.

A raz��o para estarmos juntos n��o �� nada al��m do beb��.

Seis meses depois da crian��a nascer, Savannah viver��

a vida dela do jeito que quiser e eu farei o mesmo.

��� Ent��o enquanto isso voc��s dois habitar��o dia e

noite na mesma casa, felizes como marido e mulher?

��� Mais ou menos ��� disse se perdendo nos pensa-

mentos sobre Savannah, que de t��o ��ntegra e franca,

n��o tinha como ser associada �� palavra " menos" nes-

sa resposta.

��� Cuidado!

Com a sobrancelha esquerda levantada perguntou:

��� Cuidado com o qu��?

A V O Z D O A M O R

147

��� Em descobrir que seu cora����o n��o �� feito de fer-

ro e acabar se transformando em gel��ia quando entre-

gue ��s m��os da mulher certa.

Durango sustentou a postura:

��� Acredite, isso n��o tem chances de acontecer.

Jared riu:

��� Eu pensava o mesmo que voc�� e olha no que

deu. N��o estou reclamando do meu casamento, de

jeito nenhum. Mas descobri que os melhores relacio-

namentos s��o do tipo desacreditado.

��� Do que voc�� est�� falando?

Outra pausa pequena, e Durango pensou ter escu-

tado o irm��o beber algo. Em se tratando de Jared, de-

via ser um vinho de alta classe. Jared era advogado de

sucesso em Atlanta, onde morava em uma mans��o de

milh��es de d��lares, e ao longo dos anos se tornou co-

nhecido por ganhar Causas dif��ceis envolvendo pro-

cessos com celebridades. H�� um ano, Jared tinha se

convencido de se manter solteiro, sem comprometi-

mentos s��rios, assim como Durango, at�� aparecer

Dana Rollins de surpresa para ele e para todos que o

c o n h e c i a m , e s p e c i a l m e n t e q u a n d o o assunto era compromisso s��rio. Antes dela, ele mantinha a postura de advogar nas separa����es conjugais, e n��o nas re-

concilia����es. Mas agora se sentia afortunado com o

casamento, pouco se importando com o que os outros

pensassem de sua mudan��a de opini��o.

��� Meu noivado com Dana ��� Jared disse final-

mente, procurando a aten����o de Durango para que o

acompanhasse na novidade que traria do passado,

148

B R E N D A J A C K S O N

mais precisamente da festa de anivers��rio de seu pai

na ��ltima P��scoa.

��� O que tem seu noivado?

��� Nunca houve um, ao menos, n��o um noivado de

verdade.

Durango franziu a testa, tentando entender que

diabos o irm��o estava dizendo. J�� era tarde e seu can-

sa��o n��o permitia que raciocinasse com agilidade e

desvendasse aquela charada.

��� O que voc�� quer dizer com isso? Eu estive l��

quando voc�� anunciou o noivado.

��� N��o fui eu, Durango. Preste aten����o. Foi ma-

m��e que anunciou.

As palavras de Jared o fizeram pensar. Era verda-

de. A m��e deles foi quem mais comemorou agitando

a casa e os convidados presentes com o noivado de

Jared, que naquela noite, n��o disse nada, mas tam-

pouco n��o se manifestou negando coisa alguma.

��� O que voc�� est�� me dizendo �� que foi levado

por essa hist��ria porque mam��e o obrigou?

��� Em termos, porque a hist��ria n��o acabou ainda,

Durango. Se voc�� lembrar bem, n��o demorou muito

para descobrirmos aquele n��dulo maligno no seio da

mam��e. E como ela tinha constru��do toda a realidade

de que eu iria me casar, a ��ltima coisa que desejei foi

decepcion��-la, o que poderia agravar a situa����o. Ela

poderia ter um c��ncer de mama, pois havia essa pos-

sibilidade.

Durango ent��o disse:

A V O Z D O A M O R

149

��� Ent��o voc�� forjou um noivado? E como con-

seguiu fazer com que Dana aceitasse uma situa����o

dessas?

��� Sim. Foi muito delicado, mas acabamos por nos

apaixonar no meio dessa hist��ria.

Durango negou com a cabe��a, pasmo em saber que

o irm��o tinha enganado a todos bem debaixo de seus

narizes.

��� Quem mais sabe sobre isso?

��� Dare. Ningu��m mais precisava saber. Mas es-

cute! O ��nico motivo de contar a voc�� essa hist��ria ��

para mostrar que as coisas nem sempre acontecem

como planejamos.

��� De que coisa est�� se referindo?

��� De como voc�� pode entrar em uma situa����o

pensando de um jeito e no final, sair pensando de ou-

tro. Quanto mais eu passava meu tempo conhecendo

Dana, mais eu queria viver com ela. Eu vi Savannah

no casamento de Chase e notei o quanto voc��s esta-

vam atra��dos, um pelo outro. Ela parece uma mulher

capaz de virar a cabe��a de qualquer homem. �� isso o

que est�� acontecendo com voc��?

Durango se endireitou na cadeira.

��� Bem, isso n��o ��� ele rebateu. ��� Fico feliz em

saber que sua rela����o com Dana ficou resolvida da

melhor maneira, mas ser�� diferente entre mim e Sa-

vananh.

��� Voc�� pode garantir isso?

��� Sim, eu posso. Voc�� era obviamente um ho-

mem capaz de se apaixonar por uma mulher. Mas eu

1 5 0

B R E N D A J A C K S O N

n��o. Ao menos, n��o neste momento. Se a tivesse co-

nhecido antes de Tricia, talvez...

��� Quando �� que voc�� superar�� o que essa mulher

lhe fez?

��� Eu j�� superei tudo, mas isso n��o quer dizer que

eu queira cometer o mesmo erro mais uma vez.

��� E voc�� acha que ser�� assim?

��� O que eu acho �� que n��o estou disposto a me ar-

riscar.

��� E quanto a Savannah?

��� O que tem ela?

��� E se ela pensar diferente?

��� N��o �� o caso. Ela era mais resistente do que eu

em rela����o ao casamento. O fato �� que foi dif��cil con-

seguir convenc��-la de que casar era o melhor a ser

feito, e ela mudou de opini��o depois que chegamos ��

conclus��o de que nosso casamento seria o melhor

para a sa��de de nossa crian��a. O acordo �� para ficar-

mos juntos por seis meses e depois ela cair�� fora.

��� Voc��s fizerem esse tipo de acordo?

Durango virou os olhos intolerante.

��� Sim, mas n��o oficializamos nada, se �� isso o

que quer saber, sr. Advogado. Mas at�� que n��o seria

m�� id��ia. Quero que ela saiba que farei tudo o que me

comprometi desde o in��cio, por ela e pelo beb��. Voc��

poderia redigir algo para mim?

��� Redigir o qu��?

��� Sei l��. Algo que oficialize o compromisso de

pens��o e poupan��a para meu filho ap��s o prazo de fi-

carmos juntos se encerrar. Sei que posso me compro-

A V O Z D O A M O R

151

meter com essas despesas, gra��as ao sucesso da so-

ciedade com McKinnon.

��� Tem certeza de que quer fazer um documento

oficial agora?

��� Por que n��o? Creio que a deixar�� segura e cien-

te de que n��o correr�� o mesmo risco que a m��e correu

quando esteve gr��vida. Ela tem uma cisma com o pai

pelo tratamento que este deu �� m��e e o descaso com

ela, J��ssica e o irm��o delas.

Durante a meia hora seguinte, Durango encerrou

sua conversa com Jared, ap��s trocarem informa����es

sobre tudo o que deveria constar do documento. Por

mais que o irm��o fosse reticente em aceitar seu casa-

mento com Savannah, seria tudo mantido como tem-

por��rio e Durango n��o tinha, de fato, a m��nima inten-

����o de esquecer este detalhe.

CAP��TULO ONZE

As semanas seguintes foram bastante atarefadas e

corridas para Savannah. O fato de ela acordar sem ��n-

sia de v��mitos, foi fundamental para que os dias fos-

sem bem produtivos.

Seu chefe estava confiante a respeito da id��ia do

projeto do calend��rio comemorativo do Parque Na-

cional de Yellowstone com fotos dos homens que

protegiam suas terras. O projeto havia sido incremen-

tado com a encomenda de um document��rio em v��-

deo. Savannah estava t��o feliz e ansiosa que passava

a maior parte do tempo ensaiando os cen��rios para o

projeto.

�� noite, depois do jantar, ela lia para Durango li-

vros sobre gesta����o e beb��s, deixando-o consciente

sobre as mudan��as que aconteceriam em seu corpo.

Em seguida, entregava-se ��s investiga����es de Duran-

go na cama. Cada vez que ele a levava ao ��pice do

prazer, ela tinha mais certeza que aqueles momentos

��ntimos deixariam marcas de mem��ria em seu corpo

para al��m de quando viessem a se separar. Mas tudo

tomava propor����es fora do controle deles.

Ela estava completamente apaixonada.

Parada junto �� janela, ela tentava lembrar-se do

momento que permitira que tudo aquilo acontecesse.

A V O Z D O A M O R

153

Teria sido na noite passada, quando tomaram banho

juntos, como se fosse uma rotina, e ele fez amor com

ela de uma forma t��o rom��ntica a ponto de encher-lhe

os olhos de l��grimas? Ou na semana passada quando

ele a convidou para escalar a montanha e pararam na

cabine de ca��a constru��da por ele e McKinnon para se

alimentarem com o lanche que ela havia preparado?

Ou depois quando voltaram da montanha, quando fi-

zeram amor ao ar livre perto de um rio raso sob o es-

pl��ndido c��u de Montana? Era inevit��vel recordar to-

dos os momentos de paix��o e soltar suspiros por ins-

tantes t��o plenos. Ela sabia que sentiria muito a falta

dele.

Virou-se para atender o celular que tocava, pen-

sando que fosse Durango, mas o visor indicava o n��-

mero de seu irm��o, Rico.

��� Al��.

��� Sei de tudo, Savannah.

Ela levantou as sobrancelhas desconfiando do que

se tratava. Com certeza sua m��e deixara escapar algo.

��� Do que voc�� sabe? ��� perguntou com ar de ino-

c��ncia.

��� Que voc�� est�� gr��vida.

Esse era o seu irm��o-direto e de poucas palavras.

Savannah sorriu meio sem jeito e disse:

��� Pensei em contar para voc�� quando chegasse a

hora certa.

Rico quebrou o sil��ncio que se fez em seguida in-

terrogando:

��� Voc�� est�� bem?

1 5 4

B R E N D A J A C K S O N

Savannah riu contente:

��� Estou mais do que bem, estou radiante. �� claro

que no c o m e �� o fiquei com medo e nervosa, mas

como nunca planejei casar, estou feliz em ter um

beb��. Sempre quis ser m��e.

��� Mas voc�� est�� casada?

��� Somente por causa do beb��.

��� Mas voc�� sempre jurou que jamais casaria.

Ela suspirou:

��� Agora �� diferente. Durango e eu estamos cien-

tes de toda a situa����o, e por isso optamos pelo casa-

mento, que ser�� melhor para nosso beb��.

��� Mesmo que isso os penalize com um casamento

sem amor?

��� Sim, porque em nosso caso ser�� tempor��rio.

C o n c o r d a m o s em nos divorciar quando a crian��a

completar seis meses de idade.

��� E voc�� se sente bem com isso?

��� Claro, por que n��o?

��� Por nada ��� disse levemente ir��nico. ��� Quan-

do vir�� para casa?

Ela balan��ou os ombros.

��� N��o tenho certeza. Antes me preocupava muito

quando voltaria para a Filad��lfia, para checar se tudo

estava em ordem, mas como todas as contas est��o

programadas para d��bito autom��tico, ent��o estou

sem pressa. At�� porque aqui �� muito gostoso.

��� E seu marido?

��� O que tem ele?

��� Como a tem tratado?

A V O Z D O A M O R

155

De todas as formas que uma mulher deve ser trata-

da. Estava com essas palavras na ponta da l��ngua,

mas preferiu n��o sugerir nenhuma ambig��idade. Mas

essa era a mais pura verdade. Talvez Durango vives-

se constantemente a possibilidade da separa����o e fa-

zia com que os dois aproveitassem o tempo da me-

lhor forma poss��vel.

Mas essa n��o era uma tarefa dif��cil, porque ela ha-

via se apaixonado por ele desde quando o viu chegar

no casamento de J��ssica e Chase.

��� Savannah?

��� Ele est�� me tratando muito bem. �� um bom ho-

mem, nem pense o contr��rio.

��� Ele a engravidou.

Ela sentiu a voz pesada de raiva de Ri��o.

��� Mas ele n��o estava naquela cama sozinho ���

ela respondeu o recriminando. ��� Tampouco me ob-

rigou a nada. Lembre-se disso. ��� E acrescentou ���

J�� sou bem grandinha, Rico.

Ele riu:

��� E ficar�� cada vez maior nos pr��ximos meses.

Savannah ficou feliz, pois a tens��o entre os dois se

dispersara.

��� Como g��meos s��o recorrentes na fam��lia Wes-

tmoreland, posso virar uma bola ao quadrado.

��� Descobrir que voc�� est�� gr��vida e com a possi-

bilidade de ter g��meos �� demais para meu cora����o

ag��entar, Savannah.

Sorrindo de felicidade, disse:

��� Mas tenho certeza de que ele ag��enta.

1 5 6

B R E N D A J A C K S O N

��� Foi muito gentil da parte de seus colegas nos

oferecerem uma recep����o por nosso casamento. ���

Savannah falou ao p�� do ouvido de Durango, que es-

tava observando a decora����o da sala. Beth Manning,

uma das oficias que trabalhavam no departamento

junto com Durango, tinha procurado por ela h�� uma

semana para avisar que a equipe de oficias preparava

um ch��-de-panela para ela e Durango. Primeiramen-

te, Savannah se sentiu uma fals��ria aceitando o con-

vite, depois se fiou no que Durango dissera sobre a

decis��o deles n��o interessar a mais ningu��m.

��� Sim, foi gentil da parte deles ��� ele concordou

envolvendo-a com o bra��o por cima do sof��. Eles es-

tavam na casa de Beth e seu marido, Paul, um veteri-

n��rio da regi��o.

Savannah achou a casa bonita. Ela n��o ficava mui-

to distante de onde eles moravam, embora fosse do

outro lado da montanha. A casa, apesar de ter um ��ni-

co andar, diferente da de Durango, que possu��a dois

andares, era muito bem distribu��da. Em uma das pa-

redes, havia uma janela sem cortina, que partia do

ch��o at�� o teto, e deslumbrava uma vista incrivel-

mente linda.

Em uma ocasi��o anterior ��quela, Savannah tivera

a oportunidade de conhecer todas as oficiais do de-

partamento, mas naquela festa reencontrou-as e co-

nheceu seus respectivos maridos. Logo de in��cio ela

se deu muito bem com todos. Estava sinceramente

comovida por a terem recepcionado bem fazendo-a

sentir-se em casa.

A V O Z D O A M O R

157

Cada casal contribuiu levando um prato diferente

para a recep����o. Savannah percebeu que raramente

Durango sa��a de seu lado, mostrando-se um grande

companheiro, ou segurando sua m��o ou a envolvendo

com o bra��o. Ela sabia que as apar��ncias eram a de

um casal feliz.

��� Est��o prontos para abrirem os pacotes? ��� o

sorriso exuberante de Beth, uma loira de olhos azuis,

instigou o casal.

Durango olhou para o rel��gio e viu que se aproxi-

mava da meia-noite.

��� Sim, j�� �� hora, est�� ficando tarde.

��� Desde quando voc�� se preocupa com hora, Du-

rango? Estudamos juntos desde o col��gio e voc�� sem-

pre foi conhecido por ser arroz de festa, o primeiro a

chegar e o ��ltimo a sair.

��� Ah! Mas agora ele �� um homem casado, Paul.

��� Beth lembrou o marido induzindo-o a se reeducar

os coment��rios. ��� Estamos diante de um novo Du-

rango Westmoreland.

Savannah mal podia imaginar como seria t��-lo co-

nhecido antes. Desde o primeiro instante sabia que

ele era um chamariz de mulheres, natural para um

moreno alto e forte com olhar negro e penetrante.

N��o podia se iludir, ingenuamente, que ele n��o sa��sse

com outras mulheres antes dela. Quando teve a opor-

tunidade, J��ssica logo avisou que se encerrado o

acordo entre os dois, ele voltaria ao velho estilo mu-

lherengo de ser.

158

B R E N D A J A C K S O N

Em pouco tempo, eles se viram todos sentados em

cadeiras formando um c��rculo com o casal ao centro.

Dado o in��cio da abertura dos presentes, Beth entre-

gava um por vez para que Savannah os abrisse. Eles

ganharam ta��as de vinho, toalhas de banho e mesa,

pratos, tapetes de porta e v��rios outros presentes. Du-

rango observava sua esposa cada vez mais entusias-

mada a cada pacote aberto. Mas foi uma colcha de

cama linda de cetim azul que chamou a aten����o de to-

dos, inclusive a dele, inspirando ainda mais suas fan-

tasias.

As partes ��ntimas de Savannah e Durango pare-

ciam se comunicar quando se entreolharam com se-

gundas inten����es, visualizando-se na cama em cima

da colcha fazendo amor. Por sorte, era o ��ltimo pre-

sente que precisava ser aberto.

��� Vou carregar o carro e em seguida vamos em-

bora. �� oficialmente domingo de manh��.

Paul riu.

��� Ningu��m o encarregou como homem do tempo,

Durango, mas entendo, sou casado h�� quatro anos a

mais que voc��.

Savannah n��o soube bem o que fazer nem dizer a

n��o ser agradecer aos homens que prontamente aju-

daram Durango a carregar o carro.

��� Nunca imaginei viver para ver Durango ficar

ca��do por uma mulher ��� Penny Washington, outra

guarda florestal contava ao p�� do ouvido de Savan-

nah. ��� Voc��s parecem muito felizes juntos.

A V O Z D O A M O R 1 5 9

Savannah chegou a ensaiar uma resposta que insi-

nuaria que tudo n��o passava de um disfarce, mas de-

sistiu, pois n��o tinha certeza dos sentimentos dele.

Essa era a raiz de um grande problema. Estava tudo

claro e acertado que ambos desejavam viver a bonan-

��a da uni��o sem la��os emocionais. Mas ela estava fe-

liz com ele, e cada vez mais era dif��cil esconder que o

amava.

��� Pronta?

Ela o atendeu vendo que ele voltara para cham��-la.

Sentiu a inten����o em seus olhos, reconhecendo, de

t��o habituada a ele, que se correspondiam pela sensa-

����o de estarem sem ar e com os corpos moles queren-

do jogar-se um nos bra��os do outro.

��� Sim ��� disse pigarreando um pouco.

Mas antes foi chamada a aten����o por um dos cole-

gas de Durango:

��� Esperem um pouco. Voc��s sabem como esse

tipo de reuni��o deve encerrar, n��o? N��s queremos

ver o beijo na noiva.

Ele sorriu, e voltou o caminho que trilhara para

fora da casa respondendo �� dist��ncia:

��� Sem problema.

Durango a curvou ligeiramente para tr��s e beijou

sua boca com tanta paix��o e vontade, que n��o parecia

que estavam na presen��a de tanta gente. Savannah o

desejava e o amava cada vez mais. Seus suspiros e

gemidos n��o foram percebidos, completamente imer-

sa no gosto daquele homem que era seu marido tem-

por��rio.

1 6 0

B R E N D A J A C K S O N

Durango estava apenas no meio do caminho quan-

do n��o se conteve por nem mais um minuto. Cedeu ao

��mpeto de suas vontades, parou repentinamente o

carro no acostamento, puxou o freio de m��o, desligou

a igni����o, soltou os cintos de seguran��a e se virou

para Savannah, puxando-a para seu colo com deci-

s��o. Sentia necessidade de mais um beijo.

Seus l��bios se abriram j�� prontos e com a mesma ur-

g��ncia, ardendo em paix��o, e quanto mais era devora-

da, mais lhe respondia com a mesma intensidade.

Ele adorava o jeito dela gemer, de sentir o balan��o

do corpo dela em seu colo, aumentando a vontade de

t��-la mais perto para sentir seu perfume inebriante.

Mas teve que interromper o beijo ��quela altura,

caso contr��rio ficaria imposs��vel resistir, tudo por

que queria am��-la na cama, e n��o no carro. Ele ent��o

falou abertamente suas inten����es:

��� Assim que chegarmos em casa, vou lhe ensinar

uma habilidade que toda mulher deve ter.

Ansiosa para tudo que viesse dele, ela perguntou:

��� Que habilidade �� essa?

Durango usou dos dedos, com cuidado, no centro

dos seios para persuadi-la, a ati��ando por cima da

blusa e dizendo com sedu����o:

��� Logo descobrir�� ��� e com a for��a de seus bra-

��os, colocou-a de volta ao assento de passageiro, pu-

xou o cinto de seguran��a e ligou o carro.

O restante da viagem at�� sua casa foi torturante

para Savannah. Qualquer coisa que ele fizesse a dei-

xava excitada, e n��o havia nada nele que pudesse es-

A V O Z D O A M O R

161

fri��-la. Durante o caminho, mesmo em uma noite sem

lua, e com a leve ilumina����o refletida no cap�� do

Dodge, ela admirava o desenho de seu perfil e tam-

b��m a confirma����o de que ele estava t��o excitado

quanto ela.

Quando chegaram a casa, D u r a n g o estacionou

com pressa e n��o disse nada. Deu a volta no carro, a

liberou do cinto e a p��s nos bra��os sem descarregar

os presentes, destrancando a porta com ela no colo.

Andando a passos curtos e r��pidos, Savannah per-

guntou:

��� E quanto aos presentes na mala do carro? ���

disse encostando a cabe��a no peito dele, mergulhan-

do em seu cheiro e disposta a tudo o que viria aconte-

cer dali em diante.

��� Descarregarei tudo amanh�� cedo. N��o temos

tempo de fazer isso hoje.

Ela sorriu, pensando que para alguma coisa ainda

lhes restava tempo. Durango fechou a porta da casa

com o p�� e subiu as escadas em dire����o ao quarto

com ela ainda no colo.

Savannah n��o tinha d��vida sobre o que estava

prestes a acontecer. No quarto, Durango a despiu em

uma velocidade ��nica em cima da cama, depois de fa-

zer o mesmo. Logo, ele a tinha virado de bru��os en-

quanto ela gemia baixo feito uma gata.

Ele a tocou em todas as partes, com suas m��os e de-

pois com a boca, come��ando a pressionar habilmente

os seios sens��veis e eri��ados com a l��ngua, correndo

por movimentos circulares e depois sugando o espa��o

162

B R E N D A J A C K S O N

entre a pele e sua boca. Ela se ouviu gemer, murmurar,

suspirar e clamar por Durango v��rias vezes.

Savannah sentia as pernas fraquejadas, todo o cor-

po mergulhado na sensa����o ardente de paix��o e a

mente espalhada em peda��os.

Ningu��m era capaz de toc��-la como ele. Tampou-

co ela conseguiria se entregar a mais ningu��m sen��o

a ele. As necessidades de todo seu corpo atendidas, a

troca de tanto flu��do apaixonado, o toque em sua

alma. Seu grande e ��nico amor.

E quando Durango afastou a boca de seus seios,

descendo cada vez mais pelo seu corpo, ela quase pa-

rou de respirar. Ele a tocou intimamente e quando

seus dedos deslizaram para dentro, os quadris levan-

taram e a coluna arcou como se acordasse de repente

de prazer. Os dedos dele a acariciaram com destreza,

sedu����o e intensidade, depois deram lugar �� boca fa-

minta de Durango. Logo no primeiro toque, ele a fez

pular com a avalanche de sensa����es em um ��nico se-

gundo, e sentindo-se daquele jeito pela primeira vez

em sua vida. Se ela fosse contemplada com o direito

de fazer um pedido pelo amor deles, al��m de desejar

uma crian��a saud��vel, este seria t��-lo pelo resto da

vida.

��� S�� penso em loucuras com voc��, Savannah. ���

disse suspirando ainda b��bado de paix��o, encobrin-

do-a com seu pr��prio corpo e a deixando sem f��lego.

Que loucuras seriam aquelas? Os pensamentos de

Savannah corriam com ela imersa entre as loucuras

que lhe arrasavam o ju��zo, como a loucura de n��o

A V O Z D O A M O R

1 6 3

querer que aquele casamento terminasse nunca. Mas

isso n��o era poss��vel. Desde o in��cio seu casamento

estava fadado ao div��rcio. Ela o amava, mas ele n��o.

Mas naquela noite, se n��o pudesse t��-lo por toda a

vida, faria daquele momento uma eternidade.

De todas as vezes que fizeram amor, havia algo

naquela noite diferente de todas as outras. Ela podia

sentir que cada vez que ele introduzia seu membro,

m a s s a g e a n d o sua zona er��gena, ambos se consu-

miam da mesma febre.

N��o ag��entando mais se conter, ela gritou de prazer

entre os l��bios ao sentir o corpo rijo e c��lido de Duran-

go firme dentro dela, expelindo com for��a o l��quido

que agora fervia entre seus m��sculos, espalhado por

cada orif��cio de cada canto de seu ventre. E ela sabia

que se vivesse por mais cem anos, Durango permane-

ceria como o ��nico homem a ocupar seu cora����o.

Pouco depois, no quarto iluminado �� meia luz do

abajur, ela soltou um suspiro satisfeito quando ele a

puxou para mais perto, aproximando-se para beij��-la

enquanto possu��a com a m��o cheia, um dos seios

dela.

��� N��o consigo me saciar ��� disse rouco em sus-

surro.

Nem ela tampouco, e sabia que sempre seria assim.

��� Que habilidade voc�� queria me ensinar? ��� dis-

se ofegante.

Ele se deitou de costas, puxou-a para cima, sorriu

e disse:

��� Agora quero voc�� em cima.

164

B R E N D A J A C K S O N

��� Conte-me sobre seus irm��os ��� Savannah disse

ao deixar pender a cabe��a perto dos l��bios de Duran-

go, depois de horas de pr��tica em sua nova habilida-

de, sem mover um dedo sequer de t��o exausta.

Ele abra��ou a cintura fina dela, mantendo-a pr��xi-

ma e em cima dele com seus corpos atados.

��� Acho bom m e s m o , pois voc�� os encontrar��

logo em breve. Acabei de saber que poderei tirar duas

semanas de folga agora que Lonnie voltar�� ao traba-

lho ��� ele disse.

��� Isso significa que poderemos viajar para Atlan-

ta e Filad��lfia?

��� Sim, estarei liberado dentro de uma semana.

Ela se aproximou de modo a colar-se nele.

��� Que bom! ��� entusiasmada.

E procurou voltar ao assunto, incentivada por via-

jar antes que imaginava.

��� Conheci todos os seus irm��os no casamento de

J��ss, mas n��o sei muito sobre eles.

��� Est�� bem. Ent��o, deixe-me lhe interar ��� ele

disse. ��� Aos trinta e oito anos, Jared �� o mais velho.

Ele �� advogado e o ��nico casado. Depois, vem Spen-

cer, oito meses mais novo que ele, trabalha com pla-

nejamento financeiro em uma empresa multinacional

na Calif��rnia. Spencer �� um homem que admiro mui-

to por manter-se sob o controle de sua vida pessoal e

profissional depois que sofreu muito com a morte,

por afogamento, de sua noiva Lynete. Mas ainda du-

vido que ele tenha superado completamente dessa

perda.

A V O Z D O A M O R

165

Continuou a linhagem dos Westmoreland com um

sorriso maroto dizendo:

��� Sou o terceiro, e voc�� sabe tudo o que precisa

saber sobre mim. Se quiser mais, posso mostrar o que

ainda n��o souber.

��� N��o, obrigada, acho que j�� o conhe��o o sufi-

ciente ��� disse se precavendo para n��o ser muito en-

xerida. ��� E quanto aos outros?

Ele estendeu o sorriso.

��� Depois s��o os g��meos de trinta e tr��s anos, Ian

e Quade. Ian n��s o vimos no casamento. Ele terminou

um relacionamento que durou anos com a funcion��-

ria de Dare, e n��o sei o porqu��, nunca mais soube dele

ter se envolvido seriamente com mais algu��m.

Ele ajeitou os corpos posicionando-a melhor sobre

ele, de modo a se encaixar melhor para am��-la ainda

mais ��� prazer sustentado pela provoca����o que a

press��o do corpo de Savannah causava. Ela sentiu ele

crescer dentro de seu corpo, quente, ereto e disposto.

��� Meu irm��o Quade trabalha para o Servi��o Se-

creto. Raramente sabemos alguma coisa sobre o que

ele faz. Quando ele chega em casa de viagem, nunca

perguntamos nada sobre onde esteve. E, por ��ltimo,

vem Reginald, ou Reggie, que completar�� trinta anos

este ano. Ele j�� tem seu pr��prio escrit��rio de contabi-

lidade em Atlanta.

Savannah levantou a cabe��a, depois de acompa-

nhar a voz doce e amorosa de Durango sobre seus ir-

m��os.

��� E sobre...

166

B R E N D A J A C K S O N

��� J�� cansei de falar.

Ela levantou as sobrancelhas em tom surpreso.

��� S��rio?

��� Sim.

Ela sorriu e perguntou:

��� Ent��o o que deseja fazer?

Ele a incitou com o olhar e a qu��mica sensual cres-

cente entre eles imediatamente eclodiu poderosa, fa-

zendo-o dizer:

��� Gostaria de que voc�� aperfei��oasse aquela sua

mais nova habilidade.

CAP��TULO DOZE

N a q u e l a manh�� de segunda-feira, Durango acordou

sentindo dores no joelho direito. Julgou ser um an��n-

cio de tempestade, mas no c��u se formava, aparente-

mente, um dia aberto.

Levantou-se da cama com cuidado para n��o acor-

dar Savannah, foi ao banheiro e quando a porta se fe-

chou e ele se viu s��, resolveu se encarar no espelho.

N��o fossem os olhos revelando a noite sem sono e a

barba por fazer, estaria com a mesma apar��ncia de

sempre, por��m internamente algo tinha mudado e ele

n��o sabia bem dizer o qu��. Era um sentimento pro-

fundo que jamais sentira, nem mesmo por Tricia.

S�� em pensar no que aquela mulher lhe havia feito

sofrer, seus sentimentos agora eram... nada. Nem as

marcas em seu cora����o, ou as lembran��as da decep-

����o amorosa da qual sobreviveu eram significantes.

Parecia que o espa��o de Tricia fora completamente

substitu��do pela sensa����o de plenitude trazida mira-

culosamente por Savannah.

Em um curto espa��o de tempo, somente estando ao

seu lado e a conhecendo cada vez mais, Savannah

Claiborne fez algo que nenhuma outra mulher fizera.

Ela o curou profundamente, abrindo-lhe as portas in-

ternas, iluminando-o com confian��a, esperan��a, f�� e

amor.

168

B R E N D A J A C K S O N

Amor.

Aquela ��nica palavra o desorientou de tal maneira

que evidenciou uma verdade: ele amava Savannah.

Ela e a crian��a em seu ventre. E desejava a ambos,

n��o temporariamente, mas para sempre em sua vida,

e n��o desejava mais que aquele casamento acabasse.

Suspirou profundamente como se dizendo que Ja-

red tivesse raz��o. Seu cora����o estava uma gel��ia nas

m��os da mulher certa ��� Savannah.

A quest��o agora era como mudar os planos. Tinha

sido t��o dif��cil convenc��-la a realizar um casamento

tempor��rio, que brigaria com unhas e dentes para

convenc��-la do contr��rio. E teria que ser ��quela noi-

te. Caso fosse necess��rio, identificaria o calcanhar-

de-Aquiles dela para conseguir mudar as regras.

Durango faria qualquer coisa para ter o cora����o de

Savannah.

Savannah estava tomando ch��, ansiosa pela chega-

da do carteiro que traria o contrato sobre a proposta

do calend��rio e do document��rio para ser assinado,

conforme seu chefe a avisara. Faltava pouco para rea-

lizar o projeto, pois quase tudo j�� estava providencia-

do, inclusive v��rios colegas de Durango haviam se

prontificado como volunt��rios.

Enquanto isso, lembrava-se dos telefonemas de

Durango pela manh��. Em duas ocasi��es para avis��-la

da tempestade que se aproximava, e em outra para

que esperasse ele chegar a fim de terem uma conver-

sa muito importante. Ele n��o adiantou o assunto pelo

A V O Z D O A M O R

169

telefone, mas pelo tom da voz era algo realmente

muito s��rio.

Ela ouviu o som da caixa de correios e rapidamen-

te largou o pires. Saiu da mesa, pegou o casaco no ca-

bide perto da porta e logo que p��s os p��s para fora de

casa sentiu o clima diferente. Tirou as cartas da caixa

de correio, empilhou todos os pap��is e voltou logo

para a casa aquecida. Deixou o montante de cartas

endere��adas a Durango de lado e separou as duas que

eram para ela.

Uma delas referia-se ao contrato que tanto espera-

va. A outra, fez-lhe levantar as sobrancelhas de cu-

riosadade. Era do escrit��rio de advocacia do irm��o de

Durango, Jared Westmoreland.

Ela rasgou o envelope e puxou o documento oficial.

L �� g r i m a s c o m e �� a r a m a e s c o r r e r em seu rosto quando come��ou a leitura de todos os termos e garantias que Durango afirmava que cumpriria depois que

o acordo terminasse. O prop��sito daquele documento

dele era para n��o deix��-la se esquecer de que tudo

n��o passava de um trato. Seu casamento n��o era nada

mais que um acordo de neg��cios.

Imaginando que a conversa que ele queria ter com

ela mais tarde se referia a esse documento, ela come-

��ou a se perguntar: ser�� que ele notou mudan��as in-

desej��veis em meu comportamento? Ser�� que n��o

consegui esconder que o amava? Talvez ele quisesse

retomar todos os pontos desde o in��cio. Ser�� que ele

sentia sua privacidade invadida e insinuava com este

documento que ela deveria partir?

1 7 0

B R E N D A J A C K S O N

Dores fortes surgiram em seu cora����o, pois sabia

que n��o ficaria em lugar nenhum que n��o fosse quis-

ta... ou amada. Sua m��e esteve na mesma situa����o fa-

zendo Savannah jurar que n��o passaria pelas mesmas

coisas e n��o quebraria tais votos. Mesmo de cora����o

partido e dolorido n��o podia mais resistir. Jogou o

documento aberto na mesa da sala e subiu para o

quarto a fim de fazer as malas. Se corresse, com sorte

pegaria o v��o para Filad��lfia antes da tempestade.

Savannah voltava para casa.

Durango olhou para a porta de seu escrit��rio e sor-

riu logo que viu Beth chegar, at�� ent��o n��o tivera

oportunidade de agradec��-la sobre a festa e a hospita-

lidade do final de semana.

Mas antes que ele abrisse a boca para falar qual-

quer coisa, ela disse com simpatia, mas em tom ur-

gente e preocupada.

��� Paul acabou de me ligar e disse que um Dodge

Durango muito parecido com o seu acabou de passar

por ele se dirigindo a Bozeman.

Desconfiado, Durango sentou ereto na cadeira e

franziu a testa. Tinha rec��m-adquirido o costume de

ir trabalhar com o carro da companhia para n��o dei-

xar Savannah sem meio de locomo����o.

��� Ele disse que era o meu Dodge Durango?

��� Ele disse que se parecia muito, s�� isso. O que o

preocupa �� a tempestade que est�� se aproximando.

Durango tamb��m se preocupava com a tempesta-

de, afinal, passou a manh�� ligando para avisar a Sa-

A V O Z D O A M O R

171

vannah da mudan��a do tempo, e ela n��o mencionou

nada sobre sair naquele dia. Por que raz��o ela estaria

se dirigirindo �� cidade?

��� Mas talvez n��o seja o seu carro, somente um

outro qualquer, parecido ��� Beth tentava acalm��-lo,

mas sem sucesso. De qualquer maneira, ele n��o gos-

tou da not��cia e se preocupou tanto quanto Paul e

Beth.

Nervoso, Durango, resolveu ligar para casa. A

cada toque de telefone n��o atendido ele ficava mais

tenso, j�� �� beira de entrar em p��nico. Ligou ent��o

para o celular dela, e depois de n��o obter nenhuma

resposta, colocou o fone no gancho e olhou para

Beth, que tamb��m estava apreensiva. Uma nevasca

em Montana n��o era brincadeira, e imaginar Savan-

nah l�� fora e sozinha, era o mesmo que um pesadelo.

Ele se levantou e perto da porta do escrit��rio disse a

Beth:

��� Vou atr��s dela. Preciso encontrar Savannah an-

tes que a nevasca comece.

��� Avise-me quando encontr��-la.

��� Avisarei ��� disse por cima dos ombros e saindo

com pressa.

Agora n��o �� hora de entrar em p��nico, Savannah

repetia diversas vezes para si mesma. Ela estava diri-

gindo com bastante dificuldade. Os flocos de neves

se a v o l u m a v a m c a d a vez mais c o b r i n d o t o d o o p��ra-brisa, impossibilitando que ela continuasse na

estrada.

172

B R E N D A J A C K S O N

Ciente de que n��o poderia seguir por nem mais um

cent��metro com o carro de Durango, resolveu esta-

cionar no acostamento, desligar o motor e ligar pelo

celular para Durango, mas n��o conseguiu contat��-lo.

Sem o calor do motor, n��o demorou para que come-

��asse a tremer de frio. Procurou pela manta de l�� em-

baixo do pr��prio assento e a enrolou em volta dos

ombros. Relaxou em fun����o do calor providencial,

por��m por pouco tempo. N��o sabia at�� quando conti-

nuaria a salvo isolada naquela circunst��ncia. Seria

suic��dio sair e voltar a p��, ainda mais sem ter a certe-

za de que dist��ncia se encontrava de casa. Ela sabia

que n��o podia se aventurar. O jeito era esperar que a

nevasca diminu��sse ou que algu��m a socorresse.

Durango entrou na estrada que seguia para Boze-

man a partir de sua casa e passados dez minutos, pa-

rou o carro ao lado de um carro estacionado no acos-

tamento. Era um Dodge Durango. Seu cora����o dispa-

rou. Saiu correndo do jipe sem pensar em nada, igno-

rou os grandes flocos de neve em seu rosto, segurou

o ar assim que abriu a porta e ficou apavorado. Sa-

vannah estava deitada nos bancos da frente, enrolada

na manta. Ela estava desacordada. Durango procurou

alcan����-la e toc��-la e a primeira coisa que notou foi

uma mala e a bolsa da c��mera no piso. Para onde ela

iria? Por que estava indo embora?

��� Savannah? Meu amor! Voc�� est�� bem? O que

est�� acontecendo? ��� Durango perguntou sentindo

A V O Z D O A M O R

173

que ela estava gelada e sem rea����o. Sem obter respos-

ta, Durango entrou em p��nico.

Ele a pegou nos bra��os, protegeu seu rosto com o

casaco aberto, pensando em correr com ela para o

hospital, mas isso significava mais meia hora em uma

estrada perigosa. Preferiu usar seu treinamento em

pronto-socorro at�� lev��-la para algum lugar quente.

Por n��o estarem muito longe de casa, voltaria, e no

caminho, se pudesse, alcan��aria Trina atrav��s do ce-

lular ou em casa. Havia falado h�� pouco com ela, que

atendia ao chamado m��dico pela redondeza na casa

dos Marshall, cujo beb�� escolhera justo aquela noite

de forte nevasca para nascer.

A casa de Durango seria caminho para quando Tri-

na voltasse, isso se ela j�� n��o tivesse sa��do. Assim

que acomodou Savannah no carro, Durango se apres-

sou e n��o pensava em outra coisa a n��o ser em sua

mulher e no beb��. Mal podia entender o motivo que a

fizera partir, mas agora que a tinha encontrado, ja-

mais a deixaria escapar de novo.

��� E voc�� tem certeza de que ela e o beb�� ficar��o

bem, Trina?

Trina fez sinal para que sa��ssem at�� o corredor an-

tes de dizer qualquer coisa.

��� Sim, os dois est��o bem. Verifiquei o batimento

card��aco e ele est�� t��o forte como antes. �� uma crian-

��a resistente essa de voc��s.

Durango estava completamente p��lido quando

chegara com ela diante de Trina. Caso houvesse algu-

174

B R E N D A J A C K S O N

ma d��vida de que o casamento deles fosse por causa

da gravidez de Savannah, tal d��vida teria sido dissi-

pada na nevasca. O que se via era um homem verda-

deiramente apaixonado por sua mulher.

Notando que com o que dissera apaziguara a ten-

s��o de Durango, Trina continuou:

��� Estou feliz que a tenha encontrado, e a trazido

at�� aqui. N��o quero nem pensar no que poderia ter

acontecido. Ter dado ch�� foi muito bem pensado. Pa-

rece-me que Savannah sabia que o mon��xido de car-

bono do e s c a p a m e n t o poderia envenen��-la e n��o

usou o calor do motor ligado para se aquecer. Que

bom que n��o houve s��rios riscos.

D u r a n g o concordou balan��ando a cabe��a, pois

tamb��m estava muito feliz.

��� Por quanto tempo mais ela dormir��? ��� pergun-

tou um pouco mais aliviado.

��� Por algumas horas. Deixe-a descansar ��� Trina

disse vestindo o casaco depois que o viu tranq��ilizado.

��� Tem certeza de que prefere sair nesse tempo?

Voc�� pode ficar e esperar um pouco aqui comigo at��

a nevasca amenizar.

Trina sorriu dizendo:

��� Obrigada, mas conhe��o tudo aqui como a pal-

ma da m��o. Esqueceu que cresci nessa terra? Al��m

do que, moro perto. Ficarei bem, n��o se preocupe.

Prometo ligar quando chegar.

Durango sabia que n��o podia falar mais nada para

Patrina Foreman que a fizesse mudar de id��ia. Penny

A V O Z D O A M O R

175

sempre dizia que "teimosia" era o segundo nome de

Trina. Ele a agradeceu:

��� Obrigado por tudo, Trina. Como posso recom-

pens��-la?

��� Voc�� j�� pagou, Durango. Desde que voc�� chegou

�� regi��o, tem sido um bom amigo com quem eu e Perry

sempre pudemos contar. Al��m de voc��, McKinnon e

Beth, o pessoal daqui tamb��m sempre oferece muito

apoio. Voc��s me ajudaram a n��o perder minha vida e

minha casa. Sempre serei grata por isso.

Ela sorriu e continuou dizendo:

��� Perry e eu fomos felizes juntos por cinco anos.

A ��nica coisa que me arrependo �� de n��o ter tido um

filho com ele. Da�� teria algo dele nesse mundo sem-

pre a meu lado, algo que me fizesse lembrar dele para

sempre. Mas voc�� tem essa chance, Durango. Tem a

mulher que ama e crian��a que ela est�� gerando. Cuide

bem deles.

Uma hora e pouco depois, Durango ficou parado

em frente �� janela sem ver quase nada das montanhas

devido a nevasca. Sentiu-se sossegado por ter recebi-

do o telefonema de Trina, j�� segura em casa, e tam-

b��m por ter avisado ao pessoal do departamento que

Savannah estava bem. Suspirou descansado do susto

que sofrera, e no momento que baixou os olhos en-

controu o documento sobre a mesa da sala, com tudo

o que pedira a Jared para redigir oficialmente. Re-

leu tudo e ent��o p��de concluir o que teria feito Sa-

vannah decidir partir. E agora? Como ele a conven-

ceria a ficar?

176

B R E N D A J A C K S O N

Passou os olhos pela sala e previu um lugar frio,

cinza e sem vida sem Savannah por perto. N��o im-

portava o que ele faria, imploraria a ela de joelhos,

pois o certo �� que ele n��o deixaria mais que aquele

epis��dio se repetisse. Custasse o que custasse, ele se

recusaria a se afastar do amor de sua vida.

Savannah for��ou os olhos e despertou mesmo sem

estar preparada para o fim do sonho que estava tendo,

em que Durango tinha acabado de tirar suas roupas e

come��ado a beij��-la. Mas um ru��do a despertou. Pro-

curou se ambientar, olhou para os lados e mais uma

vez mantendo o quarto aquecido, l�� estava o homem

que a amava ajoelhado de frente para a lareira e cui-

dando dela. Ela suspirou profundamente com o peito

apertado de tanta dor. Lembrou-se de ter feito as malas

e de tentar sair da casa onde n��o era amada, ��s pressas

para o aeroporto antes que a forte nevasca chegasse.

Como �� que agora estava de volta a um lugar onde

n��o era quista? Tal sensa����o foi t��o agonizante que

soltou um murm��rio denso dentro de si mesma, mas

que chegou aos ouvidos de Durango. Ele atendeu e se

virou para ela mantendo o olhar parado e hipnotizado

com for��a suficiente para deix��-la sem ar.

Ela o observava em p�� e depois quando lentamente

come��ou a se aproximar da cama, ainda com o olhar

penetrando nela.

��� Voc�� estava me deixando ��� disse em tom in-

quisitivo ��� Voc�� estava realmente me deixando.

A V O Z D O A M O R

177

Savannah suspirou. Era ��bvio que ele estava com

o orgulho ferido, desacostumado a mulheres que o

abandonassem.

��� Voc�� n��o me queria mais aqui ��� disse de for-

ma suave, sem saber mais o que dizer. ��� Achei que

seria melhor partir.

��� Voc�� pensou que eu n��o a quisesse mais por

causa do documento enviado por Jared? ��� aprovei-

tando que ela n��o respondera a pergunta r��pido o su-

ficiente, continuou. ��� Pois se enganou sra. Westmo-

reland.

Savannah piscou v��rias vezes os olhos, pois n��o

soube o que pensar. Por todas as semanas que esti-

veram casados, ele nunca se dirigira a ela assim,

tamb��m pudera, um t��tulo provis��rio n��o precisava

ser lembrado. E por que a chamava por aquele nome

agora?

��� Enganei-me?

��� Sim, se enganou. Achei que tudo explicado em

um documento oficial era o que voc�� queria, mas

agora vejo que n��o.

��� N��o importa ��� ela disse sem for��as tentando

segurar as l��grimas.

Ele se aproximou e sentou ao lado na cama pegan-

do em sua m��o e dizendo:

��� Importa sim, Savannah, e muito. Importo-me

com voc��.

Ela deu de ombros fazendo pouco caso e dizendo:

��� O beb�� importa para voc��.

178

B R E N D A J A C K S O N

��� �� v e r d a d e , o b e b �� importa para m i m tanto

quanto para voc��. Mas voc�� tamb��m, Savannah. Im-

porto-me com voc�� porque eu te amo.

Sem ar, est��tica com seus lindos olhos arregala-

dos, ela n��o podia acreditar. Ele queria reiterar qual

era seu desejo mais profundo, determinado a faz��-la

acreditar e aceit��-lo.

��� Eu te amo. Seria perda de tempo explicar quan-

do isso aconteceu exatamente, mas como temos todo

o tempo do mundo, pode me perguntar se quiser. ���

Disse sorrindo e se deitando ao lado dela na cama.

��� Quando? ��� Savannah perguntou sem conse-

guir proferir mais nada.

Ele parou como se procurasse as palavras certas:

��� Acho que foi quando me atrasei para o ensaio

do casamento e a vi conversando com J��ssica. En-

treolhamos-nos e a partir da��, fui fisgado. Antes pen-

sei que fui lascivo, mas agora sei que foi amor. A lu-

x��ria n��o seria suficiente para eu fazer sexo sem ca-

misinha com nenhum tipo de mulher, embriagado ou

n��o, Savannah. E quando fizemos nosso sexo, senti

pela primeira vez uma urg��ncia e sede de eclodir den-

tro de voc��.

Ele sorriu.

��� Com ou sem p��lula, �� claro que voc�� tinha que

estar gr��vida. Agora, quando me lembro de como foi,

a surpresa seria se voc�� n��o estivesse. Est��vamos

muito ardentes e dispostos a nos enla��ar naquela noi-

te. N��o foi intencional, mas tinha que ser assim. E in-

dependente do que voc�� sente por mim, eu te amo.

A V O Z D O A M O R

179

Ele se levantou um pouco para aproximar-se mais

dela e disse:

��� Semanas antes de nos casarmos, voc�� me per-

guntou o porqu�� da fobia com mulheres da cidade.

Nunca lhe dei uma resposta, mas talvez agora seja a

hora.

E Durango seguiu a pr��xima meia hora contando

sua hist��ria com Tricia, a mulher pela qual ele achou

ser a ��nica por quem tivesse se apaixonado, e como

ela o usou como um fantoche, jogando fora e com de-

boche todo o amor que pensava sentir por ela.

��� Eu pensei realmente que fosse incapaz de me

apaixonar por outra mulher n o v a m e n t e , de tanto

medo de me machucar e passar por tudo de novo,

principalmente se tratando de uma mulher vinda da

cidade.

Ele riu de si mesmo, lembrando-se da primeira

noite que viu Savannah.

��� No primeiro momento que a vi, logo percebi

que voc�� era tipicamente urbana, mas isso n��o foi

obst��culo nenhum para que eu me apaixonasse �� pri-

meira vista por voc��, Savannah.

Ele a fitou deitada na cama, olhou fundo em seus

olhos e disse:

��� N��o importa o que aquele documento diga, eu

amo muito voc��. Muito mesmo.

Savannah tamb��m sentiu que estava curada de

uma ferida do��da e por mais que desacreditasse com-

pletamente no amor, ambos se transformaram para o

melhor.

180

B R E N D A J A C K S O N

Ela sentiu as l��grimas escorrerem pela face e quis

d e s e s p e r a d a m e n t e e n x u g �� - l a s , mas D u r a n g o s e adiantou e as lambeu. Quando se afastou, aumentou a

��rea dos olhos franzindo a testa como se estivesse

sendo pego de surpresa.

��� Achei que todas as l��grimas fossem salgadas,

mas as suas s��o doces. H�� algo que n��o seja perfeito

em voc��?

Savannah soltou um leve choro e com seus bra��os

enla��ou Durango pelo pesco��o em um desabafo:

��� Eu tamb��m te amo, e a partir do mesmo mo-

mento que voc�� se apaixonou por mim.

Ele sorriu brevemente e soltou-se vagarosamente

dela. Levantou-se da cama e disse:

��� Ent��o s�� nos resta uma coisa a fazer ��� alcan-

��ou o documento no criado-mudo e o jogou no fogo

da lareira. Os dois observaram o papel virar cinza.

Savannah n��o tirava os olhos dele que vinha com

passos insinuantes e tirando a camisa. Seu cora����o

mal se continha quando ele ent��o tirou a cal��a jeans

j�� a seu lado.

��� Sei que provavelmente est�� muito exausta para

fazer amor, mas preciso t��-la em meus bra��os, Sa-

vannah. Preciso do seu calor, do seu amor, e de que

me prometa nunca mais me deixar.

Ela come��ou a ficar com ��gua na boca assim que

ele entrou para debaixo das cobertas. Ele a puxou

para si, abra��ados e colados ela disse:

��� N��o o deixarei, Durango. Quero voc�� para o

resto da vida e... n��o estou cansada.

A V O Z D O A M O R

181

Ele sorriu carinhoso dizendo:

��� Tamb��m quero voc�� para toda a vida, mas est��

cansada sim. S�� n��o sabe disso.

Ent��o eles grudaram os l��bios em um beijo intenso

por estarem diante da descoberta do grande amor de

suas vidas. O que seria um casamento de apar��ncias

prometia, agora, ser ��nico e eterno.

��� Ent��o, sra. Westmoreland, se manter�� casada

comigo na alegria e na tristeza?

Ela sorriu e emocionada disse:

��� Sim, me manterei casada com voc��, mas sus-

peito que todos os dias ser��o na alegria.

Ele se espichou deitado ao lado dela e depois de

beij��-la sussurrou no ouvido dela:

��� Eu cuidarei disso.

EP��LOGO

Savannah olhou em volta da sala e viu mais West-

morelands do que imaginava ter encontrado no casa-

mento de J��ssica. Mesmo sabendo que se tratava de

uma fam��lia grande, n��o fazia id��ia que era t��o nume-

rosa assim.

As boas-vindas da fam��lia ao casamento passou de

uma simples reuni��o para uma festa em grande estilo,

al��m de contar, para a surpresa de Savannah, com a

presen��a de seus av��s vindo da Filad��lfia.

��� Sei como se sente, minha querida ��� Dana Rol-

lins Westmoreland se chegou ao seu lado para dizer-

lhe. ��� A primeira vez que Jared me apresentou a to-

dos, achei que n��o fosse uma fam��lia, mas que esti-

vesse diante dos habitantes de uma cidade, todos li-

gados em duzentos e vinte volts.

Savannah riu e se identificou com o coment��rio.

Olhou mais uma vez pelo sal��o e encontrou Tara

Westmoreland, casada com Thora, primo de Duran-

go, que tamb��m se aproximou e disse:

��� Parece que Durango resolveu convidar toda a

civiliza����o dos Westmoreland.

��� Oh! ��� Savannah disse imaginando o porqu��.

Percebendo a preocupa����o de Savannah de estar

sendo o alvo da aten����o de todos e de uma s��rie de

A V O Z D O A M O R

183

perguntas, Tara Westmoreland sentiu que deveria

ajud��-la e resolveu dizer:

��� Tenho certeza de que quando forem falar com

voc��, n��o demorar�� muito. Enquanto isso, algu��m j��

lhe disse como eu e Thorn nos conhecemos?

Savannah sorriu:

��� N��o, mas depois de conhec��-lo, imagino que

deve ter sido bem interessante.

��� Sim, e foi mesmo. Venha, vou lhe contar. Que

tal voc�� e Dana reunirem as mulheres para prosear-

mos hist��rias na cozinha? Se os garotos t��m tempo

para cochichar, n��s tamb��m podemos.

Depois de chamarem Delaney, Shelly, Madison,

J��ssica, Casey e Jayla, as mulheres casadas ou n��o da

fam��lia Westmoreland foram para a cozinha contar

suas hist��rias de amor e como conheceram seus ma-

ridos.

��� Est�� bem, estou vendo pontos de interroga����o

estampados na testa de todos aqui. O que querem sa-

ber? Podem mandar bala ��� Durango falava com os

homens que o emboscaram no meio da roda dos fami-

liares inquisidores.

Stone foi o primeiro a se manifestar:

��� Sabemos que n��o temos nada com sua vida

amorosa, Durango, mas do jeito que o conhecemos,

por que motivo voc�� resolveu se casar?

Durango, no centro das aten����es, balan��ou a cabe-

��a e reconheceu que sua uni��o seria dif��cil de ser ex-

plicada; a fam��lia o extrairia at�� a ��ltima gota de ar-

1 8 4

B R E N D A J A C K S O N

gumento. Ent��o preferiu soltar logo a bomba sabendo

que alguns j�� suspeitavam qual seria a resposta.

��� Savannah est�� gr��vida. Por��m ��� ele continuou

antes que interven����es desnecess��rias surgissem ���,

mesmo que essa gravidez tivesse sido pretexto para

nos casarmos, agora j�� n��o �� mais.

Spencer Westmoreland levantou suas grossas so-

brancelhas e interveio:

��� N��o mais?

��� N��o. Estou apaixonado por ela, e ela por mim.

Teremos um beb�� em setembro e estamos muito fe-

lizes.

Na sala, alguns homens eram compreensivos, tal-

vez por saberem da facilidade de se apaixonarem

quando se trata da mulher certa, mas Durango perce-

beu que alguns mantinham olhares desconfiados.

��� E voc�� espera que acreditemos que um mulhe-

rengo invicto e orgulhoso como voc��, se apaixonou

assim, da noite para o dia, por algu��m? ��� perguntou

Quade Westmoreland.

��� Acontece ��� Durango disse sorrindo.

��� Concordo ��� acrescentou Storm Westmore-

land, que por um tempo fora o homem solteiro mais

cobi��ado da cidade, inclusive apelidado como "O

Desastre Perfeito". Ele olhou para todos a seu redor

como se segurasse uma verdade suprema em sua fala,

encontrando um aliado na express��o de seu cunhado

Sheik Jamal Yasir, que tamb��m dizia:

��� Todos aqui conhecem minha hist��ria, e ainda as-

sim Jayla fisgou meu cora����o ��� ele lembrou a todos.

A V O Z D O A M O R

185

Thorn Westmoreland riu.

��� E voc��s tamb��m sabem o que Tara significa

para mim.

Todos os homens presentes realmente n��o duvida-

vam o quanto Tara tinha mudado a vida de Thorn,

vencendo as frustra����es do passado e resistindo para

que o amor entre eles vencesse.

��� E voc�� se sente um homem feliz estando casado,

Durango? Sem arrependimentos? ��� Reggie Westmo-

reland perguntou precisando entender melhor.

Durango decidiu falar abertamente a todos, olhan-

do em seus olhos:

��� Estou feliz e sem arrependimentos. Voc��s vi-

ram Savannah, digam qual homem n��o estaria feliz

casado com ela? E ela �� t��o linda por fora quanto por

dentro. Eu preciso dela em minha vida por ser a ��nica

mulher que fez meu cora����o respirar de novo.

Todos os presentes finalmente acreditaram nele.

Por mais incr��vel que pudesse ser, Durango Westmo-

reland tinha ca��do nas garras do amor. Infelizmente,

essa n��o era uma not��cia muito alegre para os soltei-

ros restantes da fam��lia Westmoreland, que n��o ti-

nham nem previs��o em suas agendas para se apaixo-

narem. Para eles, pensar em compromisso era t��o ab-

surdo quanto ver neve cair no ver��o.

��� Parab��ns e seja bem-vindo ��s del��cias do matri-

m��nio ��� disse Chase Westmoreland, dando tapinhas

nas costas de Durango;

��� Obrigado, Chase.

186

B R E N D A J A C K S O N

E assim seguiram v��rios cumprimentos, at�� que

Ian perguntou seriamente a grande quest��o:

��� E quanto a n��s, que n��o temos vontade nenhu-

ma de trilhar o mesmo caminho?

Durango olhou para o irm��o com um sorriso no

rosto e disse:

��� Detesto dizer-lhe isto, mas duvido que algum

homem esteja a salvo. Repetirei as palavras que um

homem mais velho e s��bio me disse uma vez: " N �� o

importa o quanto seu cora����o seja de pedra ou a��o,

ele virar�� um pudim quando colocado nas m��os da

mulher certa."

Jared Westmoreland riu e levantou a ta��a de vinho

saudando Durango e dizendo:

��� Depois disso, meus caros homens, caso encer-

rado.

Dare Westmoreland que tinha se mantido calado

por todo o tempo, sorriu e depois de observar toda a

sala com o os seis Westmorelands solteiros concluiu

lan��ando o pr��ximo desafio:

��� Agora, enfrentamos o grande dilema: qual de

voc��s ser�� o pr��ximo?





TERMOS DE SEDU����O

Shirley Rogers

A vida antes de se mudar para c�� permanecia um

mist��rio: n��o conseguia se lembrar como, aos 17 anos,

terminara inconsciente, numa estrada rural, com um

traumatismo que resultara em amn��sia. Sabia apenas o

que a equipe do hospital informou, atrav��s de sua iden-

tifica����o ��� que ela era Tanya Winters, uma garota com

experi��ncia urbana, sem parentes �� sua procura. Por

um golpe de sorte, Edward Taylor ouviu tudo e lhe ofe-

receu uma segunda oportunidade: a de trabalhar na fa-

zenda de amendoim.

Ela aprendera tanto com Edward, trabalhara ao seu

lado, ��vida por sua aten����o e conhecimento. Com a

dura concorr��ncia de outros fazendeiros, ficara cada

vez mais dif��cil continuar a ter um lucro razo��vel ven-

dendo amendoim. A pedido dela, mudaram o cultivo

principal ��� de amendoim para soja. Tanya pesquisara a

crescente ind��stria da soja, fornecendo muita informa-

����o a Edward, para tomar uma decis��o consciente.

Atualmente, a fazenda gerava um lucro maior do que

tivera durante anos.

Oh, Deus, o que seria dela agora? Amava essa casa, a

terra, e as pessoas que ali trabalhavam. Adorava a cida-

dezinha de Cotton Creek, onde todos a aceitavam ela

era. N��o se importavam de ela ser pobre. Agora que o

pai de David partira, ser�� que ele a deixaria ficar e con-

tinuar administrando Cottonwood?

At�� parece. Ap��s a separa����o dolorosa que tiveram,

Tanya se surpreendera. No ver��o em que ela chegara,

David regressou da faculdade e, apesar de ter uma que-

da por ele, ele mal a tolerava. David brigava com o pai

por quase tudo e, no final do ver��o, anunciou que ia embora. Querendo que David ficasse, Tanya atirou-se a

ele. Ele a beijou intensamente, depois saiu como um

raio.

Sua rejei����o fora devastadora.

Ela, por��m, j�� n��o era t��o t��mida e adolescente. Ed-

ward a moldara, ensinara-lhe a ter orgulho de ser quem

ela era. E agora, mais do que nunca, Tanya precisava ser

forte.

Suas l��grimas diminu��ram. Ciente de que David ain-

da a segurava, Tanya encontrou o olhar de David.

��� Eu sinto muito.

Perturbada pelo calor da proximidade, Tanya se sol-

tou, evitando que David soubesse que ainda se impor-

tava, ainda lhe despertava sentimentos. Era pela triste-

za, racionalizou ela. Suas emo����es estavam apenas em-

baralhadas.

Tanya fungou, e seu olhar novamente cruzou com o

dele. Seus olhos azuis a estudavam, e o choque em per-

ceber que ainda se sentia atra��da por ele n��o era nada

comparado �� raiva crescente. Embora soubesse que pai

e filho n��o se entendiam bem, ela ficara desapontada

por ele n��o ter voltado para casa, imediatamente, quan-

do soube da doen��a do pai. ��� O que houve, David? ���

perguntou ela, parando diante de uma das janelas da

sala. ��� Por que voc�� demorou tanto a chegar?







---------- Forwarded message ---------
De: Bons Amigos lançamentos <







 O Grupo Bons Amigos e o Grupo Só Livros com sinopses têm o prazer de lançar hoje mais uma obra digital  no formato txt,  pdf e epub para atender os deficiente  visuais.

A Voz do Amor -Brenda Jackson


Livro doado por Neilza e digitalizado por Fernando Santos
Sinopse:
Bastou Savanna chegar com a notícia de sua gravidez...

Lançamento    Só Livros com sinopses e Grupo Bons Amigos:

)https://groups.google.com/forum/#!forum/solivroscomsinopses  


Blog:



Este e-book representa uma contribuição do grupo Bons Amigos e Só livros com sinopses  para aqueles que necessitam de obras digitais como é o caso dos deficientes visuais 

e como forma de acesso e divulgação para todos. 
É vedado o uso deste arquivo para auferir direta ou indiretamente benefícios financeiros. 
 Lembre-se de valorizar e reconhecer o trabalho do autor adquirindo suas obras.


  
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