Ferrara
LEITURA
SEM PALAVRAS
Como analisar narrativas
C��ndido Vilares Gancho
Inconfid��ncia Mineira
C��ndida Vilares Gancho
Vera Vilhena de Toledo
O sistema colonial
Jos�� Roberto Amaral Lapa
A unifica����o da It��lia
John Gooch
A posse da terra
C��ndida Vilares Gancho
Helena Queiroz F. Lopes
Vera Vilhena de Toledo
As origens da Primeira Guerra
Mundial
Ruth Henig
As origens da Segunda Guerra
Mundial
Ruth Henig
O Antigo Regime
William Doyle
Forma����o de palavras em
portugu��s
Valter Kehdi
Maquiavelismo
S��rgio Bath
A Po��tica ��e Arist��teles
L��gia Militz da Costa
Conquista e coloniza����o
da Am��rica espanhola
Jorge Luiz Ferreira
Vozes verbais
Ammi Boainain Hauy
A d��cada de 50 ��� Populismo e
metas desenvolvimentistas no Brasil
Marly Rodrigues
A d��cada de 60 ��� Rebeldia,
contesta����o e repress��o pol��tica
Mana Helena Sim��es Paes
A d��cada de 70 ��� Apogeu e crise da
ditadura militar brasileira
Nadine Habert
A d��cada de 80 ��� Brasil: quando a
multid��o voltou ��s pra��as
Marly Rodrigues
Grande sert��o: veredas ��� Roteiro
de leitura
Kathrin Holzermayr Rosenfield
Lucr��cia D'Alessio
Ferrara
Professora-Titular de Comunica����o e Semi��tica da
Pontif��cia Universidade Cat��lica de S��o Paulo
Professora-Adjunta da Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo da Universidade de S��o Paulo
LEITURA
SEM PALAVRAS
Dire����o
Benjamin Abdala J��nior
Samira Youssef Campedelli
Prepara����o de texto
Sueli Campoplano
Arte
Coordena����o e
projeto gr��fico (miolo)
Ant��nio do Amaral Rocha
Arte-final
Ren�� Etiene Ardanuy
Capa
Ary Normanha
Antonio U. Domiencio
E D I T O R A AFILIADA
Impresso nas oficinas da
Gr��fica Palas Athena
ISBN 85 08 01527 5
2 0 0 4
Todos os direitos reservados pela Editora ��tica
Rua Bar��o de Iguap��, 110 - CEP 01507-900
Caixa Postal 2937 - CEP 01065-970
S��o P a u l o - S P
Tel.: 0 X X 11 3346-3000 - Fax: 0 X X 11 3277-4146
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Sum��rio
1. Materiais e procedimentos 5
Comunica����o sem palavras 5
Comunica����o enquanto pr��tica cultural 6
Imagem e simulacro 7
C��digo e sintaxe��� 8
Associa����es 8
Informa����o e Semi��tica 10
2. O texto n��o-verbal 13
Leitura e texto n��o-verbais 13
O texto n��o-verbal 14
Meios quentes e frios 14
Linguagem sem c��digo 15
O n��o-verbal e a representa����o 16
As muitas faces do texto 18
A cidade como espa��o privilegiado do n��o-verbal���19
A imagem da cidade 20
3. A leitura do texto n��o-verbal 22
As vari��veis da leitura n��o-verbal 22
Sensa����o e aten����o 23
Recep����o e mem��ria 24
Verbal e n��o-verbal 21
Decifrar e decodificar 28
Linguagem e ideologia 29
4. Um m��todo poss��vel 30
M��todo e estrat��gia 30
Constantes estrat��gias 31
Procedimentos des-verbais 34
Ainda o verbal 35
5 . Lugares 3 7
E , a g o r a ! ? 3 7
D o e s p a �� o a o l u g a r _ 3 8
A m u l t i d �� o n a p r a �� a -40
Do ��ndice ao s��mbolo, 40; As m e t a m o r f o s e s da
p r a �� a , 42; A p r a �� a c o m o abrigo, 45.
A c a s a c o m o m o d e l o 5 1
O e s p a �� o tem coisas a dizer, 51; O velho e o novo:
um pelo outro, 52; A escola no e s p a �� o , 53; O e s p a �� o
coletivo, 56; A escola-modelo, 61.
6 . Vocabul��rio cr��tico 6 5
7 . Bibliografia comentada 6 9
1
Materiais e
procedimentos
Comunica����o sem palavras
A fala e a escrita n��o s��o nossos ��nicos sistemas de
comunica����o. Telefone, tel��grafo, r��dio, televis��o, impren-
sa s��o outros meios de comunica����o que marcam a vida
moderna e as sociedades industrializadas pelo aparato tec-
nol��gico que as caracterizam. N��o se trata apenas de co-
munica����o pessoa a pessoa, mas, gra��as ��queles meios, as
cidades, os estados, os pa��ses, os hemisf��rios se comunicam
e transformam o universo em uma "aldeia", na medida em
que ampliam a escala das comunica����es humanas.
A contribui����o desses meios t��cnicos para o exerc��cio
da comunica����o ��, entretanto, uma p��lida imagem do que
pode ser a comunica����o humana, quando dispensa ou su-
pera o apoio da palavra como recurso competente e, sobre-
tudo, exclusivo. P��lida imagem, porque aqueles meios t��c-
nicos n��o podem dispensar um ou mais c��digos, ou seja,
aqueles sistemas convencionais de signos ou tra��os distin-
tivos organizados de modo a ser poss��vel a constru����o e
compreens��o de uma mensagem. Em outras palavras, �� o
6
c��digo que assegura a comunica����o entre um emissor e
um receptor.
Comunica����o enquanto pr��tica cultural
Toda pr��tica humana est�� inserida numa situa����o
mais ampla, na medida em que se instala como elemento
interferidor nos sistemas social, econ��mico e cultural, seja
para confirm��-los, seja para alter��-los. Entretanto, o padr��o
dessa inser����o, para ser conhecido, ��, necessariamente, re-
presentado atrav��s de signos. O modo dessa representa����o
revela a a����o do sistema socioecon��mico-cultural sobre
nossos pensamentos, ou seja, como diz Peirce, "n��o pode-
mos pensar sem signos" .
O modo dessa representa����o, essa linguagem e sua
l��gica constitutiva terminam por ser o elemento de comu-
nica����o do sistema socioecon��mico-cultural: o modo de
representa����o �� o significado do pr��prio sistema. Logo, ao
lado do social, do econ��mico e do cultural, a estrutura
informacional constitui um dos elementos b��sicos de
apreens��o do real.
Entretanto essa estrutura informacional n��o precisa
ser, nem �� exclusivamente verbal. O traje usado para co-
brir o corpo, o meio de transporte adotado n��o s��o de
ordem estritamente funcional, ao contr��rio, dizem, sem
palavras, nossas prefer��ncias, explicitam nossos gostos.
Escolher cores, modelos, tecidos, marcas significa expecta-
tivas socioecon��micas, mas sobretudo revela o que quere-
1 Charle s Sander s Peirce . (Cambridge/Massachusetts , 1 0 / 9 / 1 9 1 4 ;
Milford/Pensilv��nia, 1 9 / 4 / 1 8 3 9 ) : l��gico, matem��tico, f��sico e fil��-
sofo norte-americano, uma das mais l��cidas figuras do nosso
s��culo; criador da l��gica da linguagem, a que deu o nome de
Semi��tica.
7
mos que pensem de n��s; aquelas escolhas representam,
s��o signos da auto-imagem que queremos comunicar. Estes
signos falam sem palavras, s��o linguagens n��o-verbais alta-
mente eficientes no mundo da comunica����o humana.
Imagem e simulacro
Toda representa����o �� uma imagem, um simulacro do
mundo a partir de um sistema de signos, ou seja, em ��ltima
ou em primeira inst��ncia, toda representa����o �� gesto que
codifica o universo, da�� se infere que o objeto mais
presente e, ao mesmo tempo, mais exigente de todo pro-
cesso de comunica����o �� o pr��prio universo, o pr��prio real.
Dessa presen��a decorre sua exig��ncia, porque este objeto
n��o pode ser exaurido, visto que todo processo de comu-
nica����o ��, se n��o imperfeito, certamente parcial. Assim,
corrigindo, toda codifica����o �� representa����o parcial do
universo, embora conserve sempre, no horizonte da sua
expectativa, o desejo de esgot��-lo.
�� dessa parcialidade e dessa expectativa que brotam
o interesse e a pertin��ncia da a����o interpretante do recep-
tor: uma a����o interpretante sobre o modo de representa����o
de uma linguagem ��, necessariamente, uma rela����o entre
a face do objeto realmente representada, a expectativa n��o
exaurida dessa representa����o e os demais e eventuais mo-
dos ou possibilidades de representa����o.
Toda a����o interpretante ��, pois, uma rela����o entre
uma representa����o presente e outras representa����es poss��-
veis, eventuais e virtuais. O resultado dessa rela����o �� o
significado de uma linguagem, ou seja, o significado ��
uma resultante de um modo de representa����o, �� conseq����n-
cia e vem embutido no pr��prio modo de representa����o:
uma ��ntima e indissoci��vel alian��a significante-significado.
8
C��digo e sintaxe
Se toda codifica����o �� uma representa����o do universo,
decodificar �� conhecer o instrumento de codifica����o, o
signo, mais a sintaxe que o identifica e caracteriza seu
modo de representar. Todo c��digo se caracteriza por um
signo e uma sintaxe espec��ficos; decodificar �� conhecer e
exibir esse signo e sua sintaxe.
Signo e sintaxe s��o tanto mais l��gicos e lineares quan-
to mais pr��ximos est��o da hegemonia expressiva de cada
sentido humano, porque cada um deles funciona como
elemento abstraidor dos demais, ao mesmo tempo que atua
como extens��o do homem na sua capacidade de perceber
e organizar o mundo. A rigor, toda codifica����o do uni-
verso atua como prolongamento da a����o abstraidora dos
sentidos e �� tanto mais coerente e competente quanto mais
fiel �� natureza de cada sentido. Em outras palavras, essa
�� mais uma raz��o que vem confirmar o fato de que cada
c��digo gera signo e sintaxe espec��ficos.
A capacidade representativa de uma linguagem �� tanto
mais segura e exaustiva em rela����o ao objeto representado
quanto mais se apoiar na capacidade perceptiva de cada
sentido em particular. Sons, texturas, paladares, cheiros,
cores s��o possibilidades de identifica����o do universo e s��o
tanto mais seguras quanto mais fi��is �� capacidade exclu-
siva de cada uma daquelas emana����es dos sentidos.
Associa����es
�� compet��ncia expressiva de cada sentido em parti-
cular, alia-se a capacidade l��gica da cultura ocidental e
da sintaxe do seu sistema verbal, dominado pela linearidade
sujeito-predicado-complemento, suficiente para expressar
9
u m m o d o d e p e n s a r e m i n e n t e m e n t e h i e r �� r q u i c o , d i a c r �� n i c o
e e x p a n s i v o e m f r a s e s s u b o r d i n a d a s .
A l i n e a r i d a d e d e u m a f r a s e e n s i n o u - n o s q u e a u m
s u j e i t o s e g u e m - s e u m p r e d i c a d o e u m c o m p l e m e n t o d e
m o d o tal q u e , e n t r e o s t r �� s , h �� c e r t a e s p �� c i e d e r e g r a o u
n o r m a q u e o s f a z c o - p r e s e n t e s , d a �� s e r o v e r b a l u m s i s t e -
m a d e l i n g u a g e m n �� o - i s o l a n t e .
A e x p e r i �� n c i a d a c u l t u r a o c i d e n t a l , q u e n o s e n s i n o u
a o p e r a r e a a s s o c i a r p o r l i n e a r i d a d e , c a p a c i t o u - n o s t a m -
b �� m a inferir, p r i n c i p a l m e n t e p o r c o n t i g u i d a d e , d e f o r m a
q u e q u a l q u e r e l e m e n t o d e u m s i s t e m a �� c a p a z d e s u s c i t a r ,
d e s p e r t a r , e m n o s s a m e n t e , t o d o o c o n j u n t o d e q u e f a z
p a r t e : a s s i m u m e s p e c �� f i c o sinal d e t r �� n s i t o e m r e l a �� �� o a
t o d o o c �� d i g o de s i n a l i z a �� �� o v i �� r i a , p o r e x e m p l o . �� o
h �� b i t o d a a s s o c i a �� �� o p o r c o n t i g u i d a d e q u e o r i e n t a t o d a
a c u l t u r a o c i d e n t a l e q u e d �� a o v e r b a l , e s c r i t o o u f a l a d o , o
r e c o n h e c i m e n t o d a c o m p e t �� n c i a m �� x i m a p a r a a e x p r e s s �� o
d o s n o s s o s p e n s a m e n t o s .
E n t r e t a n t o , n o s �� c u l o X V I I , q u a n d o D a v i d H u m e 2
t e n t a v a c a t a l o g a r o s f e n �� m e n o s d o u n i v e r s o e , e n t r e e s s e s ,
a c a p a c i d a d e q u e o h o m e m t e m d e p r o d u z i r i d �� i a s n o v a s
a p a r t i r de i n f e r �� n c i a s a s s o c i a t i v a s , c h e g o u a e s t a b e l e c e r
d o i s t i p o s d e a s s o c i a �� �� e s : a c o n t i g u i d a d e , d e q u e f a l a m o s ,
e a s i m i l a r i d a d e , o p e r a �� �� o m a i s c o m p l e x a q u e , a t u a n d o
p o r c o m p a r a �� �� o , f l a g r a s e m e l h a n �� a s e a p r o x i m a �� �� e s e n t r e
o b j e t o s e s i t u a �� �� e s o r i g i n a l m e n t e d i s t a n t e s . P o r �� m a c u l -
t u r a o c i d e n t a l c o n t i n u o u a p r i v i l e g i a r a a s s o c i a �� �� o p o r
c o n t i g u i d a d e e o v e r b a l e n q u a n t o c a p a c i d a d e e x p r e s s i v a .
A o l a d o d e H u m e , C h a r l e s S a n d e r s P e i r c e , a o e s t u -
d a r a p r o d u �� �� o d o c o n h e c i m e n t o a p a r t i r d e i n f e r �� n c i a s
a s s o c i a t i v a s , c a r a c t e r i z o u q u e :
- D a v i d H u m e ( 1 7 1 1 - 1 7 7 6 ) , f i l �� s o f o e h i s t o r i a d o r e s c o c �� s , a u t o r d o
c �� l e b r e Ensaio sobre o entendimento humano, n a s c e u em E d i m -
b u r g o .
10
1) a associa����o por similaridade n��o �� uma subclasse da
associa����o por contiguidade, conforme insinuava a Psico-
logia na sua ��poca;
2) ao lado da associa����o por contiguidade, h�� tamb��m
uma outra patente associativa: a similaridade;
3) contiguidade e similaridade se cruzam e talvez at�� se
confundam, assim como a experi��ncia quotidiana com pro-
du����es mais complexas da mente humana, como a cons-
ci��ncia da linguagem.
A associa����o por similaridade sugere claramente que,
ao lado do verbal falado ou escrito, a comunica����o huma-
na utiliza outros recursos expressivos que se agrupam
ou se comp��em com o pr��prio verbal, mas cuja consti-
tui����o s�� pode ser apreendida se superarmos a l��gica da
associa����o por contiguidade.
Informa����o e Semi��tica
Sempre ocupado em entender logicamente e classifi-
car as infer��ncias decorrentes da experi��ncia quotidiana,
o mesmo Charles Sanders Peirce catalogou-as em tr��s
classes, numericamente compreendidas como fen��menos de
primeira, de segunda e de terceira classes, denominados:
primeiridade, secundidade e terceiridade 3.
Experi��ncia de primeiridade �� aquela de uma quali-
dade; a de secundidade �� proporcionada pela rea����o a
um choque, a um conflito entre a����es e h��bitos, que ocor-
rem aqui e agora, e apenas uma vez; se repetida e conti-
nuada, passa a ser uma rea����o com for��a de lei, e, a��,
estamos no dom��nio da experi��ncia de terceiridade.
��cones, ��ndices e s��mbolos correspondem aos signos
de primeira, de segunda e de terceiridade, respectivamente.
3 Peirc e d�� a essas classes o nom e de categoria s cenopitag��ricas .
11
Os signos s��o denominados ��cones, ��ndices ou s��mbolos
tendo em vista a rela����o que mant��m com o objeto que
representam: um ��cone �� sempre o signo de uma qualidade
do objeto, e sua representa����o �� sempre poss��vel e n��o
necess��ria, por��m ��nica, intransitiva e intraduz��vel; um ��n-
dice �� realmente afetado pelo objeto que representa e tem,
portanto, com ele uma rela����o direta; o s��mbolo liga-se ao
objeto que representa com a for��a de uma conven����o, de
uma lei, uma associa����o de id��ias obrigat��rias. Como se
v��, essa classifica����o esclarece o significado das designa-
����es de ��cone, ��ndice e s��mbolo, de modo a rever o uso
que o senso comum faz desses voc��bulos.
Identificar e definir a natureza de um signo, a rela-
����o que mant��m com o objeto representado, a atua����o
poss��vel de um interpretante na pr��tica relacional que esta-
belece entre o modo de representa����o de um signo e seu
objeto, parcial ou totalmente representado, constitui con-
di����o imprescind��vel para que se estabele��am os padr��es
caracter��sticos de uma linguagem. Ao estudo dessa l��gica
d��-se o nome de Semi��tica.
Esse estudo �� indispens��vel para que se possa em-
preender qualquer investiga����o sobre a natureza da lingua-
gem amplamente falando, ou seja, linguagem verbal ou
n��o.
Semi��tica e Teoria da Informa����o constituem esteios
interdependentes no estudo do compromisso que a ver-
tente informacional assume, ao lado do socioecon��mico-
-cultural, para a compreens��o do real. Para perceber a
participa����o do informacional na constitui����o do real ��
n��o s�� indispens��vel lan��ar m��o de ju��zos e conceitos pro-
venientes da Teoria da Informa����o e da Semi��tica, como
tamb��m necess��rio combin��-los.
Nestas p��ginas introdut��rias procuramos estabelecer
os conceitos que ser��o operacionalizados na defini����o do
12
que chamamos leitura n��o-verbal; n��o pretendemos, obvia-
mente, fazer um "resumo" ou "levantamento" dos concei-
tos definidores das referidas ci��ncias; antes, procedemos a
uma sele����o dos aspectos que mais se aproximam ou inte-
ressam ��s perspectivas te��ricas e anal��ticas que atualmente
desenvolvemos.
2
O texto n��o-verbal
Leitura e texto n��o-verbais
A primeira postura desta investiga����o est�� em distin-
guir duas realidades implicadas no mesmo trabalho, mas
necessariamente distintas: o texto e a leitura n��o-verbais.
Ambos s��o opera����es, manifesta����es de linguagem;
entretanto o texto �� uma linguagem-objeto, aparentemente
natural; a leitura �� uma metalinguagem, opera����o inferen-
cial que manifesta o conhecimento do texto n��o-verbal, e
para isso �� metodologicamente orientada. O texto n��o-ver-
bal �� uma linguagem; a leitura n��o-verbal firma-se tam-
b��m como linguagem, na medida em que evidencia o texto
atrav��s do conhecimento que a partir dele e sobre ele ��
capaz de produzir, ou seja, �� uma linguagem de linguagem.
O texto n��o-verbal �� uma experi��ncia quotidiana; a
leitura n��o-verbal �� uma infer��ncia sobre essa experi��ncia.
Da natureza do texto, a leitura faz brotar suas aspira����es
e ambi����es metodol��gicas, mas dela pr��pria, leitura, de-
pende apreender aquela manifesta����o quotidiana.
14
O texto n��o-verbal
Todo c��digo �� constituido de signos que criam sua
pr��pria sintaxe e maneira de representar; logo, para deco-
dificar qualquer sistema, �� necess��rio identificar o signo
e a sintaxe que o constituem e lhe d��o realidade.
A dificuldade de tal caracteriza����o aponta, parado-
xalmente, a primeira e maior dificuldade do texto n��o-ver-
bal, ao mesmo tempo que �� o elemento b��sico de sua defi-
ni����o. Para superar essa dificuldade, �� necess��rio entender
alguns elementos preliminares.
Meios quentes e frios
Marshall McLuhan, com sua autoridade em comuni-
ca����o, no seu livro Os meios de comunica����o como exten-
s��es do homem (S��o Paulo, Cultrix, 1969, p. 38),
observa:
H�� um princ��pio b��sico pelo qual se pode distinguir um
meio quente, como o r��dio, de um meio frio, como o tele-
fone, ou um meio quente, como o cinema, de um meio
frio, como a televis��o. Um meio quente �� aquele que pro-
longa um ��nico de nossos sentidos e em alta defini����o
[... ] Alta defini����o se refere a um estado de alta satu-
ra����o de dados [... ] De outro lado, os meios quentes n��o
deixam muita coisa a ser preenchida ou completada pela
audi��ncia. Segue-se naturalmente que um meio quente,
como o r��dio, e um meio frio, como o telefone, t��m efeitos
bem diferentes sobre seus usu��rios.
O signo n��o-verbal �� de baixa defini����o, ou seja, �� um
meio frio, visto que a informa����o dele decorrente pode ser
rica, por��m pouco saturada em rela����o �� precis��o dos seus
dados; em conseq����ncia, ��rdua e diversificada �� a tarefa
do seu receptor.
15
Linguagem sem c��digo
Se cada c��digo se identifica pelo signo e pela sintaxe
que engendra, podemos dizer que o texto n��o-verbal ��
uma linguagem sem c��digo; essa �� outra das caracter��sticas
determinantes do texto n��o-verbal.
A fragmenta����o s��gnica �� sua marca estrutural; nele
n��o encontramos um signo, mas signos aglomerados sem
conven����es: sons, palavras, cores, tra��os, tamanhos, tex-
turas, cheiros ��� as emana����es dos cinco sentidos, que,
via de regra, abstraem-se, surgem, no n��o-verbal, juntas e
simult��neas, por��m desintegradas, j�� que, de imediato, n��o
h�� conven����o, n��o h�� sintaxe que as relacione: sua asso-
cia����o est�� impl��cita, ou melhor, precisa ser produzida.
Essa fragmenta����o gera uma esp��cie de opacidade,
ou uma neutralidade significativa: a princ��pio, o texto
n��o-verbal tem seu reconhecimento comprometido, porque
seu significado, o elemento b��sico de todo ato de lingua-
gem, inexiste. O texto n��o-verbal n��o exclui o significado,
nem poderia faz��-lo sob pena de destruir-se enquanto lin-
guagem. Seu sentido, por for��a sobretudo da fragmenta����o
que o caracteriza, n��o surge a priori, mas decorre da sua
pr��pria estrutura significante, do pr��prio modo de produ-
zir-se no e entre os res��duos s��gnicos que o comp��em. Este
significado n��o est�� dado, mas pode produzir-se.
A variedade s��gnica que comp��e o n��o-verbal mescla
todos os c��digos, de modo que o pr��prio verbal pode com-
por o n��o-verbal, mas n��o tem sobre ele qualquer for��a
hegem��nica e centralizante; ao contr��rio, a palavra nele
se distribui, por��m n��o o determina.
Trata-se de um texto feito de res��duos s��gnicos, de
um lixo de linguagem, e seu nome ��, de certa forma, im-
pr��prio, porque nele tamb��m a palavra surge, por��m sem
determin��-lo. O nome n��o-verbal se justifica exatamente
porque nele a palavra n��o apresenta aquela l��gica central
16
que caracteriza o texto verbal. Desvencilhando-se da centra-
lidade l��gica e conseq��entes linearidade e contiguidade do
sentido, o texto n��o-verbal tem uma outra l��gica, onde o
significado n��o se imp��e, mas pode se distinguir sem
hierarquia, numa simultaneidade; logo, n��o h�� um sentido,
mas sentidos que n��o se imp��em, mas que podem ser
produzidos.
A esta fragmenta����o dos c��digos, variedade e com-
bina����o de v��rios signos d��-se o nome de intersemiotiza����o:
linguagem complexa estruturalmente, por��m mais eficiente
enquanto possibilidade de representa����o.
O n��o-verbal e a representa����o
Por��m onde est�� e qual �� o objeto de representa����o
do texto n��o-verbal?
Se, para iniciar uma resposta e, como fizemos ante-
riormente, por uma quest��o pr��tica, tomarmos o verbal
como in��cio de nossas reflex��es, verificaremos que �� pos-
s��vel distinguir: o verbal art��stico e o verbal utilizado para
a comunica����o em geral. No caso do verbal art��stico ���
prosa ou poesia, e mais poesia do que prosa ���, verifica-
remos que a possibilidade de operar visual, gr��fica e sono-
ramente a palavra e a associa����o entre palavras permite
sua explora����o enquanto imagem, tornando-a de comu-
nica����o dif��cil, por��m rica em possibilidades ic��nicas. Neste
caso, a capacidade expressiva da palavra persiste, por��m
seu maior interesse est�� na cria����o da imagem, da met��-
fora art��stica.
Excluindo-se esse dado, quando o texto verbal se arti-
cula l��gica, discursiva e linearmente, em fun����o de um
texto argumentativo ��� cr��nica, ensaio, artigo ���, o obje-
to desse signo se confunde com o significado da pr��pria
palavra:
17
Uma palavra possui um significado para n��s, na medida
em que somos capazes de utiliz��-la para comunicar nosso
conhecimento a outros e na medida em que somos capa-
zes de apreender o conhecimento que os outros procuram
comunicar-nos.
( P E I R C E , p . 1 5 9 - 6 0 )
Por��m esse significado �� o mais simples e o de "grau
mais baixo". Outras rela����es provocadas pelo significado
de uma palavra na medida em que �� assumida pelo emissor
ou, mais ainda, na medida em que �� relacionada pelo re-
ceptor a outras informa����es ou mensagens, outros signifi-
cados mais complexos ou em graus mais sofisticados po-
dem produzir-se. Entretanto esses n��veis complexos desen-
volvem-se no ��mbito do interpretante e n��o do objeto do
signo . Ou seja, aquele significado prim��rio do signo
verbal estabelece entre ele e seu objeto uma clara distin-
����o, que permite o reconhecimento imediato do objeto do
signo: uma outra manifesta����o da associa����o por conti-
guidade e da linearidade l��gica que tende a envolver o
verbal.
Ao contr��rio, no texto n��o-verbal, o objeto n��o se
distingue do pr��prio signo, porque ele, o signo, �� extra��do
do pr��prio objeto como parte dele; uma rela����o, por
assim dizer, meton��mica, se utilizarmos uma designa����o
da ret��rica verbal.
Entretanto s�� poderemos identificar esse prolongamen-
to do objeto no signo n��o-verbal, se abandonarmos a
associa����o por contiguidade para adotarmos, como ins-
trumento de infer��ncia, a associa����o por similaridade.
1 P a r a Peirce , signo, objeto , interpretant e s�� o entidades interdepen-
dentes, mas n��o submissas entre si. Nesta cadeia, os tr��s an��is
s��o irredut��veis um ao outro; a passagem de um para outro n��o
�� mecanicamente determinada, mas ocorre em virtude de uma
media����o criativa exercida pelo signo.
18
N o n �� o - v e r b a l , s i g n o e o b j e t o e s t �� o e n v o l v i d o s d e tal m o d o
q u e , n o t e x t o , o s i g n o c h e g a a ser u m a r e f e r �� n c i a d o p r �� -
p r i o o b j e t o o u s e j a , u m s i g n o i n d i c i a i 2 .
E s s a a s s o c i a �� �� o p o r s i m i l a r i d a d e p r e s e n t e n o t e x t o
n �� o - v e r b a l e q u e t e r �� c o n s e q �� �� n c i a s m e t o d o l �� g i c a s p a r a
s u a l e i t u r a d e i x a e v i d e n t e a r e l a �� �� o a r b i t r �� r i a e m o t i v a d a
q u e e x i s t e e n t r e o s i g n i f i c a n t e e o s i g n i f i c a d o v e r b a l , tal
c o m o o a p r e s e n t o u S a u s s u r e , a t r a v �� s d o s s e u s a l u n o s , n o
C u r s o d e L i n g �� �� s t i c a G e r a l . S e n �� o r e c o n h e c e r m o s a a r b i -
t r a r i e d a d e q u e d e t e r m i n a q u e u m s i g n o �� n e c e s s a r i a m e n t e
d i s t i n t o d o s e u o b j e t o , p r e c i s a r e m o s a b r i r u m a e x c e �� �� o
p a r a o t e x t o n �� o - v e r b a l , o u m e s m o n e m p o d e r e m o s r e c o -
n h e c �� - l o .
As muitas faces do texto
M a i s d o q u e u m f r a g m e n t o , o t e x t o n �� o - v e r b a l , p r o -
l o n g a n d o s u a r e l a �� �� o m e t o n �� m i c a c o m o o b j e t o , p a s s a a
s e r r e f e r �� n c i a d e l e . 3
D e s s e m o d o , o s t e x t o s n �� o - v e r b a i s n �� o s e i m p �� e m ��
o b s e r v a �� �� o , m a s e s t �� o i n c o r p o r a d o s �� r e a l i d a d e e , p o r
a s s i m dizer, i n c �� g n i t o s . N �� o s e c o n c e n t r a m n o e s p a �� o
b r a n c o d a p �� g i n a , e s p a �� o c a r a c t e r �� s t i c o d o v e r b a l e s c r i t o ,
n e m n o t i m b r e o u r i t m o d e u m a v o z , e s p a �� o p r �� p r i o d o
v e r b a l f a l a d o , n e m n a d i m e n s �� o o u t e x t u r a d e u m a t e l a ,
c o m o n o s i g n o v i s u a l p i c t �� r i c o , n e m n a m e l o d i a o u h a r -
m o n i a q u e a c o m p a n h a m o s i g n o s o n o r o ; m a s s �� o t e x t o s
q u e s e o r g a n i z a m n o e s p a �� o t r i d i m e n s i o n a l f e c h a d o , p r i -
v a d o , c o m o o d e u m a h a b i t a �� �� o , o u a b e r t o , p �� b l i c o , c o m o
2 "A o signo apreendid o c o m o fragment o extra��d o d o objet o d��-se
o nome de ��ndice." P E I R C E , 1977, p. 47.
3 "U m ��ndice �� degenerad o s e n a su a rela���� o c o m o objet o ele
constituir uma refer��ncia dele." P E I R C E , 1977, p. 66.
19
o d e u m a c i d a d e . N �� o s e q u e r d i z e r c o m i s t o q u e o t e x t o
n �� o - v e r b a l �� m a n i f e s t a �� �� o e x c l u s i v a d a h a b i t a �� �� o o u d a
c i d a d e , m a s q u e r - s e c h a m a r a a t e n �� �� o p a r a o c a r �� t e r f r a g -
m e n t a d o , i m p r e v i s t o , m �� l t i p l o , d i l u �� d o d a q u e l e t e x t o , a n �� -
l o g o �� q u i l o q u e o c o r r e n a h a b i t a �� �� o o u n a c i d a d e , s e a s
c o n s i d e r a r m o s e n q u a n t o m a n i f e s t a �� �� o d e l i n g u a g e m . C o m -
p a r a t i v a m e n t e , a p i n t u r a t a m b �� m utiliza s i g n o s n �� o - v e r b a i s
��� a c o r , a luz, a s o m b r a ���, m a s , p o r a s s i m d i z e r , e s s e s
s i g n o s s �� o f a l s a m e n t e m �� l t i p l o s , v i s t o q u e a t i n g e m u m
m e s m o s e n t i d o ; d a �� f a l a r - s e e m s i g n o v i s u a l . O n �� o - v e r b a l
n �� o �� e x c l u s i v a m e n t e v i s u a l o u s o n o r o , m a s �� , s o b r e t u d o ,
p l u r i s s �� g n i c o . D a �� o e s p a �� o h a b i t a d o c o m o s u a m a n i f e s -
t a �� �� o e x e m p l a r .
A cidade como espa��o privilegiado do
n��o-verbal
O t e x t o n �� o - v e r b a l e s p a l h a - s e e m e s c a l a m a c r o p e l a
c i d a d e e i n c o r p o r a a s d e c o r r �� n c i a s d e t o d a s a s s u a s m i c r o -
l i n g u a g e n s : a p a i s a g e m , a u r b a n i z a �� �� o , a a r q u i t e t u r a , o
d e s e n h o i n d u s t r i a l a m b i e n t a l , a c o m u n i c a �� �� o v i s u a l , a p u -
b l i c i d a d e , a s i n a l i z a �� �� o v i �� r i a ��� i n c l u i n d o a�� o v e r b a l ���,
a m o d a , o i m p a c t o d o s v e �� c u l o s d e c o m u n i c a �� �� o d e m a s s a
n o s s e u s p r o l o n g a m e n t o s u r b a n o s e a m b i e n t a i s , o r �� d i o ,
o j o r n a l , a t e l e v i s �� o . A c i d a d e d o m i n a d a p e l o p l u r i e s p a �� o
c o m o d e c o r r �� n c i a d a n e c e s s i d a d e d e c r i a r e s p a �� o s : o e s -
p a �� o h o r i z o n t a l e s u a s t r a n s f o r m a �� �� e s v e r t i c a i s , a d i s p o -
n i b i l i d a d e p a r a o e s p a �� o i m p r e v i s �� v e l , u m a c i d a d e o n d e
t o d o e s p a �� o g e r a o u t r o s , v i r t u a i s .
A c i d a d e , e n q u a n t o t e x t o n �� o - v e r b a l , �� u m a f o n t e in-
f o r m a c i o n a l r i c a e m e s t �� m u l o s c r i a d o s p o r u m a f o r m a
i n d u s t r i a l de v i d a e de p e r c e p �� �� o . O m o v i m e n t o , a m �� q u i -
n a , o a u t o m �� v e l , o t r a b a l h o m e c a n i z a d o e e s p e c i a l i z a d o , a
20
f �� b r i c a , o e s c r i t o r i o , o s a l �� r i o , o t r a n s p o r t e c o l e t i v o , o
e s p a �� o e x �� g u o d a h a b i t a �� �� o , a m u l h e r q u e t r a b a l h a , a d u p l a
j o r n a d a d e t r a b a l h o , a a t i v i d a d e d o m �� s t i c a m e c a n i z a d a
c o m o e l e m e n t o s i n c o r p o r a d o s �� v i d a u r b a n a e q u e g e r a m
u m a f o r m a a d e q u a d a d e p e r c e p �� �� o : v e l o z , s i m u l t �� n e a , a n t i -
t e m p o r a l e a n t i l i n e a r , u m a f o r m a o n d e a f r a g m e n t a �� �� o
p e r c e p t i v a �� u m p a d r �� o .
N a c i d a d e , o t e x t o v e r b a l l i b e r t a - s e d a s u c e s s �� o g r �� -
fica d o s c a r a c t e r e s e a d i c i o n a - s e a o s �� n d i c e s d i s p e r s o s e m
q u i l �� m e t r o s d e r u a s , a v e n i d a s , e d i f �� c i o s , m u l t i d �� e s e m l o c o -
m o �� �� o , r u �� d o s , l u z e s , c o r , v o l u m e . O s t e x t o s n �� o - v e r b a i s
a c o m p a n h a m n o s s a s a n d a n �� a s p e l a c i d a d e , p r o d u z e m - s e ,
c o m p l e t a m - s e , a l t e r a m - s e a o r i t m o d o s n o s s o s p a s s o s e ,
s o b r e t u d o , d a n o s s a c a p a c i d a d e d e p e r c e b e r , d e r e g i s t r a r
e s s a i n f o r m a �� �� o . �� e s s e r e g i s t r o q u e t r a n s f o r m a o s t e x t o s
n �� o - v e r b a i s e m m a r c o s r e f e r e n c i a i s d a c i d a d e ; s i g n o s d a
c i d a d e , e s s e s m a r c o s a g l u t i n a m o b j e t o e s i g n o u r b a n o s .
A imagem da cidade
E n q u a n t o t e x t o n �� o - v e r b a l , a c i d a d e d e i x a d e ser
v i s t a c o m o e s p a �� o a b s t r a t o d a s e s p e c u l a �� �� e s p r o j e t i v a s ,
s o c i o l �� g i c a s o u e c o n �� m i c a s p a r a ser a p r e e n d i d a c o m o e s -
p e t �� c u l o , c o m o i m a g e m . N e s s e s e n t i d o , a a p r e e n s �� o d a
c i d a d e c o m o t e x t o n �� o - v e r b a l n �� o s �� a p r e e n c h e , c o m o
lhe g a r a n t e u m t r �� n s i t o i n f o r m a c i o n a l c o m s e u s u s u �� r i o s .
D a �� o s �� n d i c e s r e f e r e n c i a i s c a p a z e s d e s i t u a r , c o n t e x t u a l -
m e n t e , o s l u g a r e s , o s " p e d a �� o s u r b a n o s " .
E s s a c o n t e x t u a l i z a �� �� o �� o u t r a c a r a c t e r �� s t i c a i m p o r -
t a n t e d o n �� o - v e r b a l u r b a n o p o r q u e g e r a a q u a l i f i c a �� �� o
d o e s p a �� o e s u a c o n s e q �� e n t e i d e n t i f i c a �� �� o s o c i a l , e c o n �� -
m i c a , c u l t u r a l : o c e n t r o da c i d a d e , a c i d a d e v e l h a , a c i d a d e
n o v a , a c i d a d e a l t a , a c i d a d e b a i x a , a s z o n a s sul, n o r t e ,
21
leste, oeste, o com��rcio varejista e o atacadista, as re-
gi��es das diversas classes sociais, os locais comerciais,
industriais, burocr��ticos, o lazer popular e o intelectual.
A cidade, enfim, como imagem, como espet��culo.
A contextualiza����o �� respons��vel pelo uso dos luga-
res urbanos: uma outra informa����o que redesenha a tridi-
mensionalidade espacial dando-lhe uma outra vari��vel, mais
din��mica e significativa, porque capaz de informar mais
rapidamente sobre constituintes espaciais n��o previstos em
projetos de urbaniza����o e, no entanto, capazes de produzir
e/ou alterar a imagem de uma rua, avenida ou pra��a.
�� esse uso que qualifica nossa mem��ria urbana e
sedimenta a vida de uma cidade. Alimenta uma tradi����o,
ao mesmo tempo que estimula a din��mica de sua mudan��a;
os ��ndices referenciais de um uso mant��m-se atualizados
e, paradoxalmente, conservam a mem��ria do seu passado.
Dizemos paradoxalmente porque o uso mant��m o aqui-
-agora, o instant��neo de um espa��o, ao mesmo tempo
que gera uma institucionaliza����o, uma mem��ria, um h��bi-
to urbano. Desse modo, o uso opera como um grau zero
da informa����o na cidade, ou seja, registra a atualidade
referencial de um ��ndice e gera o h��bito, a conven����o ur-
bana: simultaneamente ��ndice e s��mbolo. A fala da imagem
da cidade.
A leitura do
texto n��o-verbal
As vari��veis da leitura n��o-verbal
A leitura de um texto n��o-verbal tem como pontos
de refer��ncia duas vari��veis b��sicas e, assim, devem ser
entendidas, ou seja, da qualidade ou intensidade dessas
vari��veis decorre o grau ou n��vel da leitura. Tais vari��veis
s��o:
1) o homog��neo n��o �� pass��vel de leitura;
2) toda leitura n��o-verbal �� um complexo ato de recep-
����o 1
A defini����o e as caracter��sticas da leitura n��o-verbal
devem levar em considera����o as duas vari��veis acima para
que seja poss��vel compreend��-las e verificar em que me-
dida e por que interferem naquele ato de leitura.
1 A leitur a d e u m text o n��o-verba l reprop��e , e m muito s aspectos ,
a Teoria da Recep����o, de raiz alem��, que se desenvolveu c o m os
estudos de Hans Robert Jauss e que, a partir da Teoria Liter��ria
e do estudo de textos liter��rios, caracteriza a necessidade de se
estabelecer a dimens��o hist��rica da receptividade de uma obra,
para que se possa compreender sua matriz produtiva.
23
Como vimos, o texto n��o-verbal apresenta-se diluido
no quotidiano do espa��o urbano, e nada o imp��e �� nossa
observa����o; o texto n��o-verbal �� mudo porque n��o agride
nossa aten����o. O h��bito de atuar nos mesmos espa��os e
ambientes faz com que eles sejam cada vez mais iguais e
impercept��veis. Ora, n��o se l�� o homog��neo.
Sensa����o e aten����o
Para que seja poss��vel a leitura �� necess��rio tornar
heterog��neos os ambientes atrav��s de uma opera����o da
mente capaz de provocar um valor, um predicado, um
ju��zo que atraia nossa aten����o para fragmentos espaciais
espec��ficos e os imponha �� nossa percep����o, ou seja, que
projete uma imagem valorativa desses fragmentos, a fim
de que possam valer pelo ambiente como um todo e atuem
como um prolongamento, um ��ndice dele.
A produ����o dessas imagens valorativas constitui
uma complexa opera����o da mente receptora acionada, de
um lado, pela sensa����o, de outro, pela aten����o. A aten����o
�� um ato indutivo que controla espontaneamente ou cria
condi����es artificiais de controle das sensa����es provocadas
por agress��es aos sentidos e decorrentes de fragmentos
ambientais, circunstanciais e imprevistos.
Esse controle espont��neo ocorre a partir da simples
exposi����o atenta do receptor ��s agress��es ambientais; essa
exposi����o deve estar, obviamente, orientada pela inten����o
da leitura; o controle artificial ocorre quando criamos si-
tua����es objetivas de controle, como, por exemplo, a gra-
va����o de sons, ru��dos, vozes, falas ambientais; a fixa����o
fotogr��fica ou atrav��s de desenho ou v��deo de imagens e
movimentos ambientais, ou a combina����o, mais refinada,
de dois ou mais instrumentos de controle a fim de pro-
24
vocar situa����es experimentais ricas em informa����es; neste
caso, a inten����o de leitura �� claramente colocada e rigo-
rosamente indutiva. De um modo ou de outro, entretanto,
o gesto atento corresponde a uma opera����o controlada.
Por��m sensa����o e aten����o s��o condi����es de leitura,
mas n��o s��o, ainda, a leitura porque esta imp��e a rela����o
das sensa����es e das imagens fixadas pela aten����o para
tornar poss��vel, de um lado, a integra����o do mundo 'inde-
pendente dos sentidos, originalmente dispersos, e, de ou-
tro, a associa����o comparativa das emo����es.
Recep����o e mem��ria
Integrar sensa����es e associar percep����es dizem res-
peito ��quele complexo ato de recep����o de que falamos.
Sensa����es e associa����es despertam a mem��ria das nossas
experi��ncias sens��veis e culturais, individuais e coletivas de
modo que toda a nossa viv��ncia passada e conservada na
mem��ria seja acionada. Na realidade �� necess��rio despertar
aqueles valores ou ju��zos perceptivos a que j�� nos refe-
rimos, compreender uma intera����o entre passado e presente,
entre as sensa����es de ontem e de hoje, mais a reflex��o
sobre elas para compar��-las e perceber-lhes os pontos de
converg��ncia e/ou diverg��ncia. Esta recep����o sup��e o
repert��rio do receptor e sua atua����o reflexiva sobre as
pr��prias experi��ncias ambientais.
O resultado organizado dessas opera����es constitui a
leitura, uma metalinguagem que se produz sobre o n��o-
-verbal espacial/ambiental e capaz de revel��-lo, produzi-lo
enquanto texto n��o-verbal. O texto �� linguagem-objeto
sobre o qual se debru��a a leitura metalingu��stica. O texto
n��o-verbal existe no espa��o, mas sua revela����o depende
da produ����o da sua leitura.
25
E m r e s u m o , a l e i t u r a a c i o n a a d e s c o n t i n u i d a d e s �� g n i c a
p r e s e n t e n o e s p a �� o a m b i e n t a l , a f i m d e c o n c e n t r a r o s
s i g n o s - �� n d i c e s - t r a �� o s d e s i g n i f i c a �� �� o . P r o d u z i r o s e n t i d o
d e s s a c o n c e n t r a �� �� o �� a t a r e f a d o r e c e p t o r , q u e , e n t �� o , s e
t r a n s f o r m a e m leitor d e s s e t e x t o n �� o - v e r b a l . A l e i t u r a ��
u m a t e n t a t i v a d e o r g a n i z a �� �� o e n t r e c o n v e r g �� n c i a s e d i v e r -
g �� n c i a s ; ler �� o p e r a r c o m o h e t e r o g �� n e o e o r g a n i z a r , ��
s a b e r d i s t i n g u i r , p o r c o m p a r a �� �� o , o i g u a l e o d i f e r e n t e .
A o r d e m n �� o e s t �� n o h o m o g �� n e o , m a s n o s e u o p o s t o .
D e o u t r o l a d o , �� i m p o r t a n t e n o t a r q u e a l e i t u r a n �� o -
- v e r b a l �� d o m i n a d a p e l o m o v i m e n t o p o r q u e , p a r a c o n c e n -
t r a r o q u e s e a p r e s e n t a d i s p e r s o , �� n e c e s s �� r i o o p e r a r c o m
r a p i d e z p a r a n �� o p e r d e r i n f o r m a �� �� o e p a r a a c o m p a n h a r o
r i t m o a c e l e r a d o d a a s s o c i a �� �� o d e i d �� i a s �� m e d i d a q u e a
a t e n �� �� o s e d e s l o c a n o e s p a �� o e s o b r e ele. �� p o s s �� v e l p r e v e r
c e r t a d i s r i t m i a e c e r t a a s s i m e t r i a e n t r e o q u e �� r e g i s t r a d o
p e l a a t e n �� �� o e o q u e o leitor c o n s e g u e p r o d u z i r na l e i t u r a ,
d a �� o c a r �� t e r r e l a t i v o e p a r c i a l d e s s a p r �� t i c a , q u e , d e s a �� d a ,
s e p r o p �� e c o m o p r o v i s �� r i a ; s u a v e r d a d e t e m a m e s m a
d u r a �� �� o d o m o v i m e n t o q u e a s u s t e n t a .
P o r �� m , a p e s a r d e fal��vel e m o m e n t �� n e a , a l e i t u r a t e m
u m a v e r a c i d a d e m a i o r , q u e a s u p l a n t a , p o i s s e t r a t a d e
u m a p r �� t i c a q u e s u p �� e u m a �� n t i m a r e l a �� �� o c o m o e s p a �� o
q u e n o s e n v o l v e , s u p l a n t a n d o o q u o t i d i a n o q u e n o s h a b i -
t u a a i n t e r a g i r m e c a n i c a m e n t e ; p o r o u t r o l a d o , a n e c e s s i -
d a d e d e o r g a n i z a �� �� o p a r a a p r o d u �� �� o d e u m t e x t o esti-
m u l a a c a p a c i d a d e a s s o c i a t i v a p o r s i m i l a r i d a d e e r e v e l a
o u t r a p o s s i b i l i d a d e d e ler e d e p r o d u z i r s i g n i f i c a d o s a l �� m
d o h �� b i t o d e a s s o c i a �� �� o p o r c o n t i g u i d a d e a q u e n o s c o n -
d i c i o n a t o d o o s i s t e m a c u l t u r a l o c i d e n t a l . O b v i a m e n t e ,
n �� o s e t r a t a d a s u b s t i t u i �� �� o d e u m s i s t e m a p e l o o u t r o , a
c o n t i g u i d a d e p e l a s i m i l a r i d a d e , m a s , a o c o n t r �� r i o , d e u m a
o p e r a �� �� o b e m m a i s c o m p l e x a , o n d e o s d o i s p r o c e s s o s s e
m e s c l a m e se c o m p l e t a m , de m o d o a p e r m i t i r a a p r e e n s �� o
d e m �� l t i p l o s p r o c e s s o s s i m u l t �� n e o s d e l i n g u a g e m .
26
Verbal e n��o-verbal
E n t r e t a n t o , p o r c o m p l e m e n t a �� �� o o u p o r c o n t r a s t e , a
a n �� l i s e d o s �� l t i m o s a s p e c t o s a r e s p e i t o d a s c a r a c t e r �� s t i c a s
d a l e i t u r a n �� o - v e r b a l n o s l e v a a p �� r e m e v i d �� n c i a p o n t o s
d e c o r r e n t e s d a c o m p a r a �� �� o e n t r e o s d o i s m o d o s d e ler e
q u e a c a b a m p o r s e refletir s o b r e a p r �� p r i a l e i t u r a v e r b a l .
A l e i t u r a v e r b a l a p �� i a - s e n o d o m �� n i o d a s u a c o m p e -
t �� n c i a ; e n s i n a - s e a ler p e l a c o m p r e e n s �� o d o e n c a d e a m e n t o
l �� g i c o , c o o r d e n a d o , s u b o r d i n a d o o u m i s t o d a s e s t r u t u r a s
f r �� s i c a s do t e x t o v e r b a l . A p r e n d e - s e a ler e d e s e n v o l v e - s e
e s s e a p r e n d i z a d o .
A l e i t u r a n �� o - v e r b a l �� u m a m a n e i r a p e c u l i a r d e ler:
v i s �� o / l e i t u r a , e s p �� c i e d e o l h a r t��til, m u l t i s s e n s �� v e l , s i n e s -
t �� s i c o . N �� o s e e n s i n a c o m o ler o n �� o - v e r b a l . �� m a i s u m
d e s e m p e n h o d o q u e c o m p e t �� n c i a p o r q u e , s e n d o d i n �� m i c o ,
o n �� o - v e r b a l e x i g e u m a l e i t u r a , s e n �� o d e s o r g a n i z a d a , p e l o
m e n o s s e m o r d e m p r e e s t a b e l e c i d a , c o n v e n c i o n a l o u s i s t e -
m a t i z a d a . P o r �� m , o n �� o - v e r b a l a p r e n d e c o m o v e r b a l a
q u a l i d a d e d a s u a c o m p e t �� n c i a e o r i g o r d a s u a o r g a n i z a �� �� o .
D a d a s a p r o v i s o r i e d a d e e a f a l i b i l i d a d e da leitura
n �� o - v e r b a l , �� �� b v i o q u e e l a n �� o d e t �� m e n �� o p r o d u z u m
s a b e r ; tal c o m o n a l e i t u r a v e r b a l , p o r �� m , s e m d �� v i d a , ela
a c i o n a u m p r o c e s s o d e c o n h e c i m e n t o a p a r t i r d a e x p e -
r i �� n c i a e d o e x e r c �� c i o q u o t i d i a n o d a s u a p r �� t i c a : a c a p a -
c i d a d e a s s o c i a t i v a e a p r o d u �� �� o d e i n f e r �� n c i a s , c o n h e c i -
m e n t o c o m o i n t e r p r e t a �� �� o .
Decifrar e decodificar
A c o m p l e x i d a d e l �� g i c a d o t e x t o v e r b a l o f a z d e p �� -
sito d e s e n t i d o s q u e n e c e s s i t a m ser d e s c o b e r t o s p a r a s e -
r e m c o n h e c i d o s e a s s u m i d o s . N e s s a p e r s p e c t i v a , a d e c o -
27
d i f i c a �� �� o n o v e r b a l c o n f u n d e - s e c o m d e c i f r a �� �� o , s e m c o n -
f u n d i r e s s a a t u a �� �� o c o m u m a a d i v i n h a �� �� o i n g �� n u a o u i m -
p r e s s i o n i s t a ; a o c o n t r �� r i o , e s s a d e c i f r a �� �� o �� p r o d u t i v a ,
p a r t i c i p a d a c o n s t r u �� �� o d e s e n t i d o s d o t e x t o , p o r �� m t e m
s e u s l i m i t e s f i x a d o s e s t r u t u r a l m e n t e p o r ele. E m r e s u m o ,
s�� �� p o s s �� v e l ler o q u e o t e x t o n o s f a c u l t a ��� n �� o p o d e -
m o s d e i x a r d e r e c o n h e c e r a o v e r b a l e s s e p o d e r .
P o r �� m , s e m v o l t e i o s s e m �� n t i c o s , �� p o s s �� v e l p e n s a r e
d i s t i n g u i r e s s e d e c i f r a r e d e c o d i f i c a r : d o i s o b j e t i v o s d i v e r -
g e n t e s , s e n �� o d i v e r s o s . D e c o d i f i c a r s u p �� e s i t u a r r e f e r e n -
c i a l m e n t e o o b j e t o da l e i t u r a , i d e n t i f i c a r s e u t e m p o e e s -
p a �� o ; d e c i f r a r s u p �� e e n c o n t r a r u m s e n t i d o m e n o s e s c o n d i -
d o d o q u e c o m p l e x o . S e m d �� v i d a , d e c o d i f i c a r s u p �� e u m a
i n t e r p r e t a �� �� o , e n q u a n t o d e c i f r a r s u p �� e u m a h e r m e n �� u t i c a ,
q u e d i f e r e d a i n t e r p r e t a �� �� o , p o r q u e e s t a �� u m a o b r a d o r e -
c e p t o r n a m e m �� r i a f i x a d a e m s e u r e p e r t �� r i o ; e n q u a n t o
a q u e l a �� u m a a r t e d o e m i s s o r , q u e c o l o c a n o t e x t o a s
c h a v e s - p i s t a s d e l e i t u r a : d e c i f r a �� �� o , c o m p r e e n s �� o d o
t e x t o . A l i �� s , a p r �� p r i a t r a d i �� �� o d e e s t u d o s d e t e x t o s , c a r a c -
t e r i s t i c a m e n t e v e r b a i s , c o m o a B �� b l i a o u a n t i g o s t e x t o s
m e d i e v a i s , d e i x a c l a r o o s e n t i d o d a l e i t u r a c o m o h e r m e -
n �� u t i c a : d e c i f r a �� �� o d e u m s e n t i d o o c u l t o e / o u m e t a f �� r i c o .
E s s a d i s t i n �� �� o e n t r e d e c i f r a r e d e c o d i f i c a r a p o n t a
d u a s o u t r a s c a r a c t e r �� s t i c a s : a l e i t u r a v e r b a l d e c i f r a , d e s -
c o b r e u m s e n t i d o o u s e n t i d o s o c u l t o s n o t e x t o , d i r i g e - s e
a u m p r o d u t o f i x a d o e e s t a b e l e c i d o , c o n s o l i d a - s e c o m o
l e i t u r a d e u m p r o d u t o p e l a s i m p l e s r a z �� o d e q u e a in-
t e n �� �� o d e c o m u n i c a �� �� o �� c l a r a , s u a e m i s s �� o �� e x p l �� c i t a .
E s t �� c l a r o q u e e s t e s e n t i d o f i x a d o , e s t a b e l e c i d o p e l o a u t o r
e s t a r �� t a n t o m a i s c o m p r o m e t i d o o u p r e j u d i c a d o q u a n t o
m a i s c r i a t i v o , m e n o s l i n e a r e l �� g i c o , m a i s a m b �� g u o f o r
u m t e x t o v e r b a l l i t e r �� r i o , p o r e x e m p l o .
O t e x t o n �� o - v e r b a l n �� o t e m u m e m i s s o r q u e a s s u m e
a c o m u n i c a �� �� o d e u m s e n t i d o , �� , p o r a s s i m d i z e r , u m
28
t e x t o s e m a u t o r ; a l e i t u r a n �� o - v e r b a l , p e l o s e u c a r �� t e r d e
d e s e m p e n h o n �� o d e s o r g a n i z a d o , m a s s e m p r o g r a m a �� �� o
p r e v i a m e n t e e s t r u t u r a d a , d i r i g e - s e p a r a a p r o d u �� �� o d e u m
s e n t i d o e s p a �� o - a m b i e n t a l , f u g a z e f a l �� v e l , p o r �� m s u f i c i e n t e
p a r a p e r m i t i r u m a i n t e r a �� �� o c o m o m e i o q u e n o s e n v o l v e ,
c o n d i �� �� o p a r a a t u a r m o s s o b r e ele c o m m a i s c o n s e q �� �� n c i a .
Linguagem e ideologia
R o m p e r o h �� b i t o q u e c a r a c t e r i z a o u s o d o e s p a �� o
a m b i e n t a l p a r t i c u l a r o u p �� b l i c o d e v e s e r c o n d i �� �� o p a r a
u m a a t u a �� �� o c a p a z d e r e v e r , d e c o l o c a r e m c r i s e v a l o r e s
e / o u c o n d i c i o n a m e n t o s m a i s o u m e n o s c o m p u l s i v o s , q u e
n o s l e v a m a a g i r r e d u n d a n t e m e n t e , n u m a q u a s e i n c o n s -
c i �� n c i a d o s n o s s o s a t o s . E s s a a t u a �� �� o m a i s c r �� t i c a e
d e s c o n d i c i o n a d a �� , i n d i r e t a m e n t e , u m a d e c o r r �� n c i a d a
p o s s i b i l i d a d e d e a t u a �� �� o d o i n t e r p r e t a n t e , q u e , a t i v a e r e l a -
c i o n a l m e n t e , o p e r a e n t r e o o b j e t o de r e p r e s e n t a �� �� o e o
s i g n o q u e o r e p r e s e n t a .
E m o u t r a s p a l a v r a s , t o d o p r o c e s s o d e r e p r e s e n t a �� �� o
�� i d e o l o g i c a m e n t e i n f o r m a d o , v i s t o q u e �� s e m p r e p a r c i a l
e s e l e t i v a t o d a r e p r e s e n t a �� �� o d o o b j e t o d e u m s i g n o . O
s i g n o n �� o �� s i m p l e s m e n t e e x p r e s s i v o , m a s t r a n s m i t e u m a
i m p r e s s �� o , c e r t o m o d o d e v e r o o b j e t o . A m a n i f e s t a �� �� o
s �� g n i c a d e u m a m b i e n t e s o f r e o m e s m o p r o c e s s o e n o s
e n v o l v e p o r u m u s o h a b i t u a l . R o m p e r e s s a c a d e i a �� c o n d i -
�� �� o d e c o m p r e e n d e r a d i m e n s �� o r e p r e s e n t a t i v a d o s i g n o
e o p r o c e s s o i d e o l �� g i c o q u e o i n f o r m a . E m o u t r a s p a l a -
v r a s , t r a t a - s e , n �� o d e f a l a r o u ler s o b r e i d e o l o g i a , m a s d e
i n t e r a g i r c o m e l a e t �� - l a c o m o o b j e t o d e l e i t u r a .
C o m o s e v �� , o o b j e t i v o d a l e i t u r a n �� o - v e r b a l v a i
m u i t o a l �� m d a d e c o d i f i c a �� �� o . S e a l e i t u r a v e r b a l t e m
c o m o o b j e t i v o s a b e r o q u e o t e x t o q u e r d i z e r , p a r a a
l e i t u r a n �� o - v e r b a l a d e c o d i f i c a �� �� o d e u m r e f e r e n t e a m b i e n -
2 9
tal �� in��cio d e u m p r o c e s s o , c o n d i �� �� o e n �� o c o n s e q �� �� n c i a .
L o g o , a l e i t u r a e n t e n d i d a c o m o p r o c e s s o d e p r o d u �� �� o d e
s e n t i d o ( s ) s e o p �� e �� q u e l a v i s t a c o m o t �� c n i c a , u m a c o m -
p e t �� n c i a q u e f l a g r a o s i g n i f i c a d o c o l o c a d o n o t e x t o m a i s
o u m e n o s c o n s c i e n t e m e n t e , p o r �� m p a r a s e m p r e a p r i s i o -
n a d o n a s r e d e s d e a m b o s , d o t e x t o e d o e m i s s o r . E s t a
c o n c e p �� �� o d o e m i s s o r e d o t e x t o c o m o p r o p r i e t �� r i o s d e
u m s e n t i d o s e o p �� e �� q u e l a q u e e n t e n d e o r e c e p t o r p a r t i c i -
p a n d o d a c o n c e p �� �� o d o t e x t o e d o s e u s i g n i f i c a d o , n a m e -
d i d a e m q u e s o b r e eles p r o j e t a a c o o p e r a �� �� o d a s s u a s p r �� -
p r i a s v i v �� n c i a s i n d i v i d u a i s e c o l e t i v a s , m a i s a s u a c a p a c i -
d a d e e d e s e m p e n h o n a o p e r a �� �� o c o n s c i e n t e d a l i n g u a g e m .
E s t a r e v o l u �� �� o n o s p r o c e d i m e n t o s c o m a l i n g u a g e m
e s u a c o n s e q �� �� n c i a i d e o l �� g i c o - c u l t u r a l a c o m p a n h a m - s e d e
r e a l i d a d e a n �� l o g a n o c a m p o d a a r t e q u a n d o , n a a l t u r a d e
1 9 1 0 , t r a n s f o r m a - s e a s u a c o n c e p �� �� o d e r e p r e s e n t a �� �� o
r e f e r e n c i a l d o u n i v e r s o p a r a a p r e e n d �� - l a n a s s u a s c o n e x �� e s
e s t r u t u r a i s ; o u s e j a , �� a r t e e a o a r t i s t a m o d e r n o j �� n �� o
i n t e r e s s a v a a m �� m e s e d a r e a l i d a d e , m a s a s r e l a �� �� e s e s t r u -
t u r a i s q u e n e l a se d e s e n r o l a m ; e m i s s o r e r e c e p t o r , o a r t i s t a
e s e u p �� b l i c o p a s s a r a m a e s t a r a l e r t a s p a r a a p r e e n d e r o
i n e s p e r a d o , m a i s i n s i n u a d o d o q u e r e a l m e n t e e x p l �� c i t o ,
p o r �� m c a p a z d e r e f o r m u l a r a v i s �� o d e m u n d o q u e o s
i n f o r m a v a .
U m a r e v o l u �� �� o n o c a m p o d a a r t e e d a c o m u n i c a �� �� o
q u e l e v o u , a p r i m e i r a , a s u p e r a r s e u limite d e o b r a a u r �� -
t i c a e �� n i c a , e, a s e g u n d a , a p r o j e t a r - s e , t e c n o l �� g i c a e
i d e o l o g i c a m e n t e , p a r a e n c u r t a r d i s t �� n c i a s g e o g r �� f i c a s e c u l -
t u r a i s . T r a n s f o r m a - s e o u n i v e r s o e m u m a a l d e i a o n d e
t u d o �� a r t e e i n f o r m a �� �� o r e p r o d u t �� v e l a o a l c a n c e d e t u d o
e d e t o d o s . E s t a m o s n a e r a d a c o m u n i c a �� �� o .
4
Um m��todo poss��vel
M��todo e estrat��gia
A i n c o m p l e t u d e e a f a l i b i l i d a d e da l e i t u r a n �� o - v e r b a l
t r a z e m s u a s c o n s e q �� �� n c i a s p a r a o m �� t o d o a d o t a d o n e s s a
p r �� t i c a . C o m o l e r ? C o m o e n s i n a r a ler o n �� o - v e r b a l ?
Q u e m �� t o d o s e t �� c n i c a s d e v e m ser d e s e n v o l v i d o s ? C o m o
r e s p e i t a r e v a l o r i z a r a d i n �� m i c a d o e s p a �� o a m b i e n t a l ? C o -
m o i n t e r a g i r c o m ele, o e s p a �� o , a fim d e p r o d u z i r u m
t e x t o n �� o - v e r b a l ? E n f i m , d e q u e m a n e i r a c r i a r u m m �� t o d o
q u e n �� o s e i m p o n h a a o e s p a �� o a m b i e n t a l a p o n t o d e o f e -
r e c e r , n o p r �� p r i o m �� t o d o , o s p r e s s u p o s t o s a s e r e m d e s e n -
v o l v i d o s na l e i t u r a e �� m e d i d a q u e o leitor a p r e e n d e o e s -
p a �� o e c o m ele s e i d e n t i f i c a ?
N a r e a l i d a d e , p o u c o h �� p a r a e n s i n a r e n q u a n t o m �� t o d o
d e l e i t u r a n �� o - v e r b a l , o u s e j a , n �� o h �� u m m �� t o d o f i x a d o
e , s o b r e t u d o , p r e d e t e r m i n a d o . L o g o , p o r p r u d �� n c i a e p o r
f i d e l i d a d e �� n a t u r e z a d o o b j e t o n �� o - v e r b a l l i d o , n �� o s e
f a l a e m m �� t o d o , m a s e m p r o c e d i m e n t o s m e t o d o l �� g i c o s , isto
�� , h �� n e c e s s i d a d e d e e s t a b e l e c e r e s s e s m e c a n i s m o s , p o r �� m
a s u a o p e r a c i o n a l i z a �� �� o d e p e n d e d a n a t u r e z a e d a d i n �� -
m i c a d e c a d a o b j e t o l i d o .
31
Q u a n d o s e f a l a e m m �� t o d o p o s s �� v e l , p r e t e n d e - s e
s a l i e n t a r t r �� s a s p e c t o s :
1 ) h �� n e c e s s i d a d e d e s e e s t a b e l e c e r u m m o d o d e ler;
2 ) e s s e m o d o s e r e f a z o u s e c o m p l e t a a c a d a leitura,
v i s t o q u e o p r �� p r i o o b j e t o lido s u g e r e , n a s u a d i n �� m i c a ,
c o m o d e v e s e r v i s t o ;
3 ) �� n e c e s s �� r i o ter p r e s e n t e q u e o q u e v e m o s n o
o b j e t o lido �� r e s u l t a d o d e u m a o p e r a �� �� o s i n g u l a r entre
o q u e e f e t i v a m e n t e e s t �� no o b j e t o e a m e m �� r i a d a s n o s s a s
i n f o r m a �� �� e s e e x p e r i �� n c i a s e m o c i o n a i s e c u l t u r a i s , indivi-
d u a i s e c o l e t i v a s ; l o g o , o r e s u l t a d o da l e i t u r a �� s e m p r e p o s -
s��vel, m a s j a m a i s c o r r e t o o u t o t a l ;
4 ) �� n e c e s s �� r i o o u s a d i a n a s a s s o c i a �� �� e s p a r a q u e s e
p o s s a f l a g r a r u m a i d �� i a n o v a , u m a c o m p a r a �� �� o i m p r e v i s t a ,
u m a h i p �� t e s e e x p l i c a t i v a i n u s i t a d a .
D e s s e m o d o , f a l a r e m m �� t o d o d e l e i t u r a n �� o - v e r b a l �� ,
a n t e s , u m a a t i t u d e d i d �� t i c a q u e p o d e s e r p r o p o s t a c o m a
c a u t e l a q u e e s s e o b j e t i v o e x i g e : d e v e - s e e n s i n a r a d e s c o -
b r i r ; e m o u t r a s p a l a v r a s , t o d o m �� t o d o p o d e l e v a r a b o m
t e r m o o o b j e t i v o p r o p o s t o , p o r �� m d e v e ser r e v i s t o a c a d a
p a s s o . U m c o n s t a n t e e x e r c �� c i o .
M a i s p r o c e d i m e n t o ( s ) m e t o d o l �� g i c o ( s ) d o q u e m �� -
t o d o p r o p r i a m e n t e d i t o , a p r o p o s t a �� c r i a r u m a e s t r a t �� g i a
q u e , a o m e s m o t e m p o , o r i e n t e a l e i t u r a e crie u m a f o r m a
e s p e c �� f i c a d e ler c a d a t e x t o - o b j e t o . E s t e p r o t o m �� t o d o e s t ��
s u b d i v i d i d o e m : c o n s t a n t e s e s t r a t �� g i c a s e p r o c e d i m e n t o s
d e s - v e r b a i s .
Constantes estrat��gicas
C h a m a - s e c o n t e x t o e s p a c i a l a m b i e n t a l o c o n j u n t o d e
c i r c u n s t �� n c i a s f �� s i c a s , s o c i a i s , e c o n �� m i c a s e c u l t u r a i s s u b -
32
j a c e n t e s a o u s o a m b i e n t a l , q u e , p o r i n t e r f e r �� n c i a e n �� o
d e t e r m i n a �� �� o d e s s a s v a r i �� v e i s , �� m �� l t i p l o e d i v e r s i f i c a d o .
A h i s t �� r i a d e u m a m b i e n t e , a s m u d a n �� a s s o c i a i s e
e c o n �� m i c a s q u e s o b r e ele i n c i d i r a m , a s c a r a c t e r �� s t i c a s f��si-
c o - g e o g r �� f i c a s q u e o c a r a c t e r i z a r a m o u q u e v i e r a m a m u -
d a r s u a a p a r �� n c i a s �� o e l e m e n t o s q u e p r e c i s a m s e r l e v a n t a -
d o s e l e v a d o s e m c o n s i d e r a �� �� o n a m o n t a g e m d e u m p l a n o
d e l e i t u r a n �� o - v e r b a l . E s s e l e v a n t a m e n t o p r i m e i r o e o p e -
r a c i o n a l m e n t e b �� s i c o p a r a a l e i t u r a c h a m a - s e contextua-
liza����o.
N o p a n o r a m a t e �� r i c o d o f o r m a l i s m o e d o f u t u r i s m o
r u s s o , C h k l o v s k i d e f i n i u a e s p e c i f i c i d a d e d a o b r a d e a r t e
e m g e r a l e d a l i t e r �� r i a e m p a r t i c u l a r c o m o u m m o d o "dif��-
cil" de o r g a n i z a r a r e a l i d a d e , q u e d e v e l e v a r o r e c e p t o r a
e s t r a n h �� - l a e o b r i g �� - l o a u m a r e f l e x �� o p a r a i d e n t i f i c �� - l a ,
ou s e j a , �� n e c e s s �� r i o " r e - c o n h e c e r " a r e a l i d a d e , c o n h e c �� - l a
o u t r a v e z . E s t a p o s i �� �� o r e v o l u c i o n o u , n o in��cio d e s t e s �� -
c u l o , o p a n o r a m a d a s a r t e s e t r o u x e t r a n s f o r m a �� �� e s p r o f u n -
d a s e m t o d a s a s f o r m a s c r i a t i v a s d e a t u a �� �� o h u m a n a , c o l o -
c a n d o , p a r a e l a s , o o b j e t i v o d e d e s t r u i r o s c o m p o r t a m e n -
t o s a u t o m a t i z a d o s , a fim d e t o r n a r a p e r c e p �� �� o d o u n i -
v e r s o q u e n o s c i r c u n d a m a i s d e n s a e m a i s s a g a z .
A s s i m c o m o n �� o �� p o s s �� v e l ler o h o m o g �� n e o , n �� o ��
p o s s �� v e l l e r / v e r / p e r c e b e r o q u e n �� o c o n s e g u i m o s e s t r a -
n h a r . E n t r e t a n t o , o a b s o l u t a m e n t e n o v o n �� o �� p a s s �� v e l d e
c o n h e c i m e n t o , p o r q u e e s t a f a c u l d a d e inicia s e u p r o c e s s o
a p a r t i r d e u m e l e m e n t o a n t e r i o r , j �� s e d i m e n t a d o n a m e -
m �� r i a i n f o r m a c i o n a l . A p r e e n d e r e s s e n o v o a p a r t i r d o
v e l h o p r e s s u p �� e u m " r e c o n h e c i m e n t o " d o v e l h o e u m a
" p a r a d a " p e r c e p t i v a d i a n t e d o n o v o . E s s e d e s c e n t r a m e n t o
d a i n f o r m a �� �� o p a s s o u p a r a a h i s t �� r i a d a s t e o r i a s a r t �� s t i c a s
c o m o n o m e d e e s t r a n h a m e n t o . P a r a a leitura n �� o - v e r b a l ,
tal p r o c e d i m e n t o �� b �� s i c o e r e v e l a d o r d a r e a l i d a d e q u e n o s
e n v o l v e e �� q u a l e s t a m o s h a b i t u a d o s .
33
O l i n g u i s t a R o m a n J a k o b s o n , e m a r t i g o f a m o s o inti-
t u l a d o " A d o m i n a n t e " l , a l e r t a - n o s p a r a o f a t o d e q u e t o d o
t e x t o �� o r g a n i z a d o a p a r t i r de uma dominante, o q u e lhe
g a r a n t e a c o e s �� o e s t r u t u r a l , e h i e r a r q u i z a o s d e m a i s c o n s -
tituintes, a p a r t i r de s u a p r �� p r i a i n f l u �� n c i a s o b r e e l e s . A
d o m i n a n t e �� , c o m o t o d o s o s d e m a i s e l e m e n t o s d o t e x t o ,
u m �� n d i c e , p o r �� m �� a q u e l e q u e " g o v e r n a , d e t e r m i n a e
t r a n s f o r m a " o s d e m a i s . L o g o , e n t r e o s �� n d i c e s - f r a g m e n t o s
d e s i g n o s q u e c o m p �� e m o t e x t o n �� o - v e r b a l �� i n d i s p e n s �� -
vel a i d e n t i f i c a �� �� o d a s u a d o m i n a n t e . D a d a s a a s s i m e t r i a e
a d i s p e r s �� o d o t e x t o n �� o - v e r b a l n �� o s e p o d e f a l a r q u e a
d o m i n a n t e p o s s a s e r i d e n t i f i c a d a m a s , a o c o n t r �� r i o , e l a d e v e
s e r e l e i t a e n t r e o s �� n d i c e s r e c o n h e c i d o s n o t e x t o .
E s s a e l e i �� �� o �� , e s t r a t e g i c a m e n t e , f u n d a m e n t a l p a r a a
l e i t u r a , p o r q u e d e l a d e p e n d e , n �� o s �� u m r o t e i r o , m a s ,
s o b r e t u d o , u m �� n d i c e n o r t e a d o r d o " p o r o n d e c o m e �� a r " .
O b v i a m e n t e , a e s c o l h a d e s s a d o m i n a n t e p o d e r �� r e c a i r s o -
b r e q u a l q u e r t r a �� o i n d i c i a i ��� s o m , l u z , c o r , t e x t u r a , v o -
l u m e s ��� , m a s e s s a e l e i �� �� o �� e s t r u t u r a l n a l e i t u r a , d a �� s e u
c a r �� t e r e s t r a t �� g i c o .
A e l e i �� �� o d e u m a d o m i n a n t e d e s p e r t a a a t e n �� �� o p a r a
o a m b i e n t e e s p a c i a l , p a r a o t e x t o q u e n o s e n v o l v e , p o r �� m
e l a �� e s t r a t �� g i c a e m e t o d o l o g i c a m e n t e a m b i c i o s a . E m
o u t r a s p a l a v r a s , �� o p e r a c i o n a l , p o r q u e d e l a d e p e n d e a
d e s p a s t e u r i z a �� �� o d o h a b i t u a l , o u s e j a , t o r n a r h e t e r o g �� n e o
o h o m o g �� n e o p e l a ��nfase a t e n t a a d e t e r m i n a d o s �� n d i c e s ,
e s t i m u l a d o s p e l a dominante. H i e r a r q u i z a - s e a t e x t u r a in-
d i c i a i e i s t o n o s p e r m i t e estranhar o a m b i e n t e e c o l o c a r
em crise o h��bito de ver, p e r c e b e r ou u s a r .
A a t e n �� �� o e s t �� n o c e r n e d e s s a s c o n s t a n t e s e s t r a t �� g i -
c a s , p o r q u e �� o r i e n t a d a p o r d o i s e l e m e n t o s , t a m b �� m b �� s i -
c o s : a observa����o e a compara����o.
1 Questions de po��tique. Paris , Seuil, 1 9 7 3 . p. 145 .
34
A o b s e r v a �� �� o �� a v �� l v u l a de o n d e d e c o r r e a c o n t e x -
t u a l i z a �� �� o , o e s t r a n h a m e n t o e a d o m i n a n t e . �� d e l a q u e
d e p e n d e a i n t e r a �� �� o c o m o e s p a �� o a m b i e n t a l n �� o - v e r b a l n o
s e n t i d o d e p r o d u z i r u m a l e i t u r a ; �� , p o r a s s i m dizer, u m a
c o n d i �� �� o e u m a a t i t u d e d e c o n h e c i m e n t o q u e d i r i g e n o s s o
m o d o d e v e r e , p r i n c i p a l m e n t e , n o s s o r e l a c i o n a m e n t o c o m
t u d o o q u e n o s e n v o l v e .
E s s a o b s e r v a �� �� o , a l i a d a a o s d e m a i s e l e m e n t o s j �� v i s -
t o s , d e s p e r t a a c o m p a r a �� �� o , a a n a l o g i a , a c a p a c i d a d e de
" c o m b i n a r a s i m a g e n s , d e f a z e r c o e x i s t i r a p a r t e d e u m a
c o m a p a r t e d e o u t r a e d e p e r c e b e r , v o l u n t a r i a m e n t e o u
n �� o , a l i g a �� �� o d e s u a s e s t r u t u r a s " 2 . A c o m p a r a �� �� o , a a s -
s o c i a �� �� o e n t r e e s t r u t u r a s p e r m i t e c r i a r / c o n s t a t a r s i m i l a r i -
d a d e s i n u s i t a d a s e n t r e o s �� n d i c e s , a i n d a q u e o r i e n t a d o s /
/ h i e r a r q u i z a d o s p o r u m a d o m i n a n t e j �� d e s i e s t r u t u r a n t e .
A a n a l o g i a ��, e n t r e os p r o c e d i m e n t o s e s t r a t �� g i c o s , o e l e -
m e n t o m a i s d i r e t a m e n t e r e s p o n s �� v e l p e l a i n t e g r a �� �� o s e n -
s o r i a l c a p a z d e s u p e r a r , c o m v a n t a g e m i n f o r m a c i o n a l , o
m u n d o i n d e p e n d e n t e d o s s e n t i d o s .
Os procedimentos des-verbais
E s s e s p r o c e d i m e n t o s s e r e f e r e m a e l e m e n t o s p r �� t i c o s
q u e a u x i l i a m a a t u a �� �� o d a s c o n s t a n t e s e s t r a t �� g i c a s a n t e -
r i o r e s ; t r a t a - s e m a i s d e t �� c n i c a s o p e r a c i o n a i s d o q u e d e
p r o c e d i m e n t o s m e t o d o l �� g i c o s p r o p r i a m e n t e d i t o s .
A c o n t e x t u a l i z a �� �� o s u p �� e o l e v a n t a m e n t o d a m e m �� -
r i a a m b i e n t a l e n c o n t r a d a n a d o c u m e n t a �� �� o d e a r q u i v o s ,
b i b l i o t e c a s , j o r n a i s , r e v i s t a s , f o t o s a n t i g a s ��� �� i m p o r t a n t e
s a b e r c o m o foi d e t e r m i n a d o a m b i e n t e , q u e u s o s e s t i m u l o u ,
q u e h i s t �� r i a s , q u e f a t o s a g a s a l h o u . E s s a v o l t a a o p a s s a d o
2 V A L �� R Y , Paul . Introductio n �� l a M��thod e de L��onar d de Vinci .
Vari��t�� I, Paris, Gallimard, 1 9 6 7 . p. 2 1 5 .
3 5
n a d a tem d e n o s t �� l g i c a o u p i t o r e s c a ; a o c o n t r �� r i o , p a r a s e
c o n s e g u i r p e n e t r a r m a i s p r o f u n d a m e n t e n a a n a l o g i a d o
p r e s e n t e , �� n e c e s s �� r i o b u s c a r p r o p o s i t a l m e n t e o p a s s a d o .
A o l a d o d e s s a d o c u m e n t a �� �� o , t a m b �� m t e m s e n t i d o b u s c a r
f o n t e s v i s u a i s o u a u d i t i v a s ; c o m p a r a r f l a g r a n t e s f o t o g r �� f i c o s
o u g r a v a �� �� e s d e o n t e m e d e h o j e p o d e ser m o t i v o p a r a a
d e s c o b e r t a d e s i m i l a r i d a d e s q u e a j u d a r �� o a e n x e r g a r a
d i n �� m i c a p r e s e n t e .
A o l a d o d e s s a m e m �� r i a , �� n e c e s s �� r i o p r o c e d e r a u m a
i n f o r m a �� �� o m �� l t i p l a a t r a v �� s d o u s o d e t �� c n i c a s q u e o p e -
r a m i n t e r c �� d i g o s : a s g r a v a �� �� e s , a s f o t o g r a f i a s , o s v �� d e o s ,
a s m o n t a g e n s v i s u a i s d e f o t o s o u slides, o s d e s e n h o s o u
c r o q u i s s �� o e l e m e n t o s q u e d e v e m ser u s a d o s p a r a a g u �� a r
a o b s e r v a �� �� o e e s t i m u l a r a c o m p a r a �� �� o . E s s a s t �� c n i c a s
p e r m i t e m c a p t a r i n s t a n t e s e x e m p l a r e s , s e g u r a r a i n f o r m a -
�� �� o , p a r a q u e s e j a p o s s �� v e l s u p e r a r o u c o n t r o l a r o m o v i -
m e n t o e a d i n �� m i c a q u e f a z o s a m b i e n t e s s e r e m p a s s a -
g e i r o s o u m u t �� v e i s .
A t r a v �� s d e s s a s t �� c n i c a s p r o c e s s a - s e u m a d i s s e c a �� �� o
o c u l a r , a u d i t i v a , o l f a t i v a , t��til n e c e s s �� r i a n u m p r i m e i r o
m o m e n t o , �� c o m p a r a �� �� o e l o g o a p �� s , a u m a r e - c o m p o s i -
�� �� o d a q u e l e s e l e m e n t o s d e m o d o a e x p l i c i t a r a s r e l a �� �� e s
e s t r u t u r a i s e a n a l �� g i c a s q u e s e r �� o e x p l o r a d a s n a l e i t u r a .
U t i l i z a m - s e o s r e c u r s o s d e t o d o s o s c �� d i g o s p a r a s u p e r a r
o m u n d o i n d e p e n d e n t e d o s s e n t i d o s e e s t i m u l a r a a n a l o -
g i a q u e n o s p e r m i t e a p r e e n d e r o a m b i e n t e q u e n o s e n v o l v e
e n o s e n s i n a a v e r m a i s e m e l h o r .
Ainda o verbal
E n t r e t a n t o , e a t��tulo d e c o n c l u s �� o , c a b e a i n d a u m a
p a l a v r a s o b r e o v e r b a l . A s c o n s t a n t e s e s t r a t �� g i c a s e o s
p r o c e d i m e n t o s d e s - v e r b a i s s �� o i n s t r u m e n t o s m e t o d o l �� g i c o s
36
d a l e i t u r a n �� o - v e r b a l , m a s n �� o s �� o a g a r a n t i a d a s u a p r o -
d u �� �� o .
E x p l i c a n d o , a l e i t u r a n �� o - v e r b a l c o n c r e t i z a - s e e m u m
p a d r �� o m e t a l i n g u �� s t i c o q u e n �� o d i s p e n s a o v e r b a l o r a l o u
e s c r i t o . A c o n t e x t u a l i z a �� �� o , o e s t r a n h a m e n t o , a e l e i �� �� o de
u m a d o m i n a n t e , a a t e n �� �� o , a �� n f a s e , a o b s e r v a �� �� o , a c o m -
p a r a �� �� o e a a n a l o g i a , e n f i m , a s c o n s t a n t e s e s t r a t �� g i a s j ��
v i s t a s , s �� o c o n d i �� �� e s d e l e i t u r a n �� o - v e r b a l , m a s e s s e p r o -
d u t o s �� s e m a n i f e s t a , s �� e x p l i c i t a s e u d e s e m p e n h o a t r a v �� s
d o v e r b a l , p o r q u e s u a c o n s i s t �� n c i a , s u a c o n v i c �� �� o a l i c e r -
�� a m - s e n u m a l �� g i c a a r g u m e n t a t i v a q u e �� c a r a c t e r �� s t i c a e
d i s t i n �� �� o d a l i n g u a g e m v e r b a l . O n �� o - v e r b a l o p �� e - s e a o
v e r b a l p a r a e n c o n t r a r s e u p a d r �� o d e d i f e r e n �� a , m a s s �� s e
c o m p l e t a a t r a v �� s d e l e . P o r o u t r o l a d o , s e u m p r o g r a m a
d e a l f a b e t i z a �� �� o �� c o n d i �� �� o p a r a a l i b e r t a �� �� o c u l t u r a l d e
u m p o v o , o c o m p o r t a m e n t o d e s a u t o m a t i z a d o p e l a r e v i s �� o
c o n s t a n t e de h �� b i t o s e c r e n �� a s �� a g a r a n t i a de s u a a u t o d e -
t e r m i n a �� �� o . O s c �� d i g o s s e c o m u n i c a m e s e e x p l i c a m m u -
t u a m e n t e . E s s e �� o d e s t i n o d a s l i n g u a g e n s .
5
Lugares
E agora!?
N a s e g u n d a p a r t e d e s t e t r a b a l h o , a b a n d o n a r e m o s a
e x p o s i �� �� o t e �� r i c a e n i t i d a m e n t e a r g u m e n t a t i v a e a s u b s t i -
t u i r e m o s p o r u m a m o n t a g e m :
1 ) d e t e o r i a - p r �� t i c a o u d e p r �� t i c a - t e �� r i c a , d e s o r t e q u e
a a r g u m e n t a �� �� o e n t r e em c o m b i n a �� �� o c o m a l e i t u r a e a
e x e m p l i f i c a �� �� o e s e i l u m i n e m m u t u a m e n t e ;
2 ) d e t e x t o s v e r b a i s e n �� o - v e r b a i s , d e m o d o q u e a m b o s
f o r n e �� a m a s i n f o r m a �� �� e s n e c e s s �� r i a s �� i n t e r p r e t a �� �� o ; v e r b a l
e n �� o - v e r b a l s �� o , a q u i , t e x t o s q u e d i a l o g a m ;
3 ) d a s c o n s t a n t e s e s t r a t �� g i c a s v i s t a s a n t e r i o r m e n t e , o p e r a -
c i o n a l i z a n d o - a s n a p r �� t i c a , d e m o d o q u e s e j a p o s s �� v e l ler
c o m f l e x i b i l i d a d e o s t e x t o s a m b i e n t a i s s e l e c i o n a d o s e , a o
m e s m o t e m p o , e s c l a r e c e r a i m p o r t �� n c i a d a q u e l a s c o n s t a n t e s
n a p r �� t i c a d a l e i t u r a .
L o g o , n a s l e i t u r a s , m o n t a r e m o s u m d i a g r a m a q u e d e -
v e r �� p e r m i t i r r e s g a t a r a s p e c t o s f u n d a m e n t a i s d a t e o r i a q u e
p o s s i b i l i t e m a p e r c e p �� �� o d o s o b j e t o s e s p a c i a i s p r o p o s t o s
p a r a l e i t u r a .
38
Do espa��o ao lugar
E m Espa��o e m��todo ( S �� o P a u l o , N o b e l , 1 9 8 5 , p . 6 ) ,
M i l t o n S a n t o s 1 a f i r m a q u e , p o r f o r �� a d e v a r i �� v e i s l o c a l i -
z a d a s , d e t e r m i n a d o e s p a �� o s e c o n c r e t i z a e a d q u i r e a e s p e -
c i f i c i d a d e d e l u g a r , o u s e j a , u m e s p a �� o s e t r a n s f o r m a e m
l u g a r s o b o i m p a c t o f u n c i o n a l d o m e i o e c o l �� g i c o ( c o m -
p l e x o s t e r r i t o r i a i s ) , d a s f i r m a s ( q u e p r o d u z e m b e n s , s e r -
v i �� o s e i d �� i a s ) , d a s i n s t i t u i �� �� e s ( q u e c r i a m n o r m a s , o r d e n s
e l e g i t i m a �� �� e s ) , d a s i n f r a - e s t r u t u r a s ( q u e c o n s t i t u e m a e x -
p r e s s �� o m a t e r i a l e l o c a l d o t r a b a l h o h u m a n o ) e d o s h o -
m e n s ( q u e c o r r e s p o n d e m �� f o r �� a d e t r a b a l h o c a p a z d e m o -
d i f i c a r u m e s p a �� o e m l u g a r ) . S o b o i m p a c t o d e s s a s v a r i �� -
v e i s e , n a c o n c e p �� �� o d o g e �� g r a f o c i t a d o , h �� , e n t r e e s p a �� o
e l u g a r , u m a d i a l �� t i c a i n e g �� v e l .
U t i l i z a r e m o s o m e s m o r e c u r s o l e x i c a l ��� e s p a �� o e
l u g a r ��� e a m e s m a c a r a c t e r i z a �� �� o f u n c i o n a l ��� u m a d i a l �� -
tica ��� p a r a e x p r e s s a r a t r a n s f o r m a �� �� o d e u m d e t e r m i n a d o
a m b i e n t e u r b a n o q u e , s o b o i m p a c t o p e r c e p t i v o d o u s u �� r i o
��� a t e n �� �� o , o b s e r v a �� �� o e c o m p a r a �� �� o ��� , a b a n d o n a a
h o m o g e n e i d a d e q u e o f a z ileg��vel e s e t r a n s f o r m a e m l u g a r ,
a m b i e n t e d e p e r c e p �� �� o e l e i t u r a , f o n t e d e i n f o r m a �� �� o
u r b a n a .
P o r f o r �� a d a e s c a l a m a c r o d a c i d a d e , a p e r c e p �� �� o d e
s u a i m a g e m , d a t r a n s f o r m a �� �� o d e u m e s p a �� o e m l u g a r
s u p �� e , n o m �� n i m o , tr��s s e g m e n t a �� �� e s :
1 ) o r e c o r t e s e l e t i v o d e u m f r a g m e n t o d e e s p a �� o e n t r e e s -
p a �� o s ;
2 ) p o r s e r i m p o s s �� v e l c o n t r o l a r e s s e e s p a �� o n o d e c o r r e r d e
s u a h i s t �� r i a , �� n e c e s s �� r i o f l a g r a r i m a g e n s i n s t a n t �� n e a s q u e
f u n c i o n e m c o m o a m o s t r a g e m d e u m e s p a �� o e s u g i r a m o
p r �� p r i o m o d o d e s u a p e r c e p �� �� o ;
1 Ge��graf o brasileiro , atualment e professo r d a Universidad e d e
S��o Paulo, �� conhecido internacionalmente por seus trabalhos sobre
urbaniza����o, notadamente dos pa��ses em desenvolvimento.
3 9
3 ) d o e s p e c t a d o r p a r a o u s u �� r i o u r b a n o h �� u m a e v o l u �� �� o ;
d e u m p a r a o o u t r o , h �� m e n o s u m a q u e s t �� o d e d e s e n h o
d a c i d a d e o u d e s u a c o m u n i c a �� �� o v i s u a l d o q u e u m a q u e s -
t �� o d e i m a g e m p e r c e p t i v a , d e u m j u �� z o v a l o r a t i v o s o b r e a
c i d a d e ; em o u t r a s p a l a v r a s , e s s e j u �� z o s u p �� e a l e i t u r a e a
i n t e r p r e t a �� �� o d a q u e l e f r a g m e n t o u r b a n o s e l e c i o n a d o a p a r -
tir d a " d o m i n a n t e " e s t r u t u r a l e s c o l h i d a p a r a n o r t e a r a
l e i t u r a .
A c o m b i n a �� �� o d e s s a s s e g m e n t a �� �� e s p r o m o v e a s s o c i a -
�� �� e s , d e s c o b e r t a d e c o n v e r g �� n c i a s e d i v e r g �� n c i a s q u e c o n -
f e r e m a o f r a g m e n t o s e l e c i o n a d o u m v a l o r q u e s u p e r a s e u
a s p e c t o e x c l u s i v a m e n t e f �� s i c o , v i s u a l o u f u n c i o n a l , m e s m o
q u e u m d e s s e s a s p e c t o s t e n h a s i d o s e l e c i o n a d o c o m o a " d o -
m i n a n t e " a c i m a c i t a d a .
P o r o u t r o l a d o , �� o r e c o r t e d e s s e f r a g m e n t o u r b a n o ,
c o m b i n a d o c o m a i n t e r p r e t a �� �� o d a s a s s o c i a �� �� e s p o r ele
s u g e r i d a s , q u e p e r m i t e q u e o m a c r o e s p a �� o u r b a n o m o s t r e
s u a s i n t i m i d a d e s , s u a s f o r �� a s e f r a q u e z a s q u e o t r a n s f o r -
m a m e m l u g a r o r g �� n i c o , d o t a d o d e f o r �� a vital.
A t r a n s f o r m a �� �� o d e u m e s p a �� o e m l u g a r , a p a r t i r d a
p e r c e p �� �� o d o u s u �� r i o , s u p �� e d e s m a s c a r a r a c i d a d e c o m o
e s p a �� o trivial, q u o t i d i a n a m e n t e i g u a l e e x p o s t o a o s o l h o s
d e t o d o s ; n a r e a l i d a d e , a p e r c e p �� �� o u r b a n a e v i d e n t e n a
l e i t u r a s u p �� e u m a i n t e r p r e t a �� �� o d a i m a g e m d a c i d a d e q u e
v a i a l �� m d a c o l e �� �� o d e f o t o s d e u m d e t e r m i n a d o a m b i e n t e .
A o c o n t r �� r i o , a s s i m c o m o s e t r a n s f o r m a u m e s p a �� o e m
l u g a r , t a m b �� m s e t r a n s f o r m a u m a i m a g e m , u m a f o t o e m
r e t r a t o q u e e v i d e n c i a a s v a r i a n t e s d e u m a p e r c e p �� �� o e a
i n t e r p r e t a �� �� o p o s s �� v e l d e u m a m b i e n t e u r b a n o ; e s s a o p e -
r a �� �� o d e i n f e r �� n c i a s n �� o �� s i m p l e s e x e r c �� c i o i m p r e s s i o n i s t a ,
m a s �� r e s g a t a d a d a q u e l e s r e t r a t o s q u e , c o m b i n a d o s , r e v e -
l a m a q u e l a f o r �� a vital, a q u e l e o r g a n i s m o d e q u e f a l a m o s .
D o e s p a �� o a o l u g a r , o p r o c e s s o b i l a t e r a l e n t r e a c i d a d e
e s e u u s u �� r i o .
4 0
A multid��o na pra��a
D o �� n d i c e a o s �� m b o l o
N a I d a d e M �� d i a , p r a �� a e r a e n t e n d i d a n �� o s �� c o m o
o m a r c o z e r o d a c i d a d e , m a s s o b r e t u d o c o m o r e t r a t o d e
s u a v i d a �� n t i m a , c o m o s e u m i c r o m o d e l o , c e n t r o d e o p e -
r a �� �� e s e d e c i s �� e s ; v i v �� - l a e r a p a r t i c i p a r d a v i d a u r b a n a ;
n a c i d a d e i n d u s t r i a l , a p r a �� a d e a n t i g a s r a �� z e s o u n �� o , j ��
a p r e s e n t a c e r t o d e s c o m p a s s o e m r e l a �� �� o �� e s c a l a , �� di-
m e n s �� o d a g r a n d e m e t r �� p o l e , p o r �� m a i n d a c o n s e r v a o
m e s m o m i t o , p o n t o n e v r �� l g i c o q u e p r e t e n d e t o r n a r t r a n s -
p a r e n t e a v i d a d o s g r a n d e s c e n t r o s .
E m S �� o P a u l o , a P r a �� a d a S �� c u m p r e e s s e p a p e l . D e
m a r c o z e r o d a c i d a d e , c o m o s i m b o l i z a s e u �� n d i c e c e n t r a l ,
a p r a �� a �� u m n �� d e r u a s , q u e a e l a c o n v e r g e m o u d e l a
d e r i v a m , �� u m a d e s e m b o c a d u r a e n a d a a c a r a c t e r i z a c o m o
p o n t o d e e s t a r o u d e l a z e r , s a l v o p a r a o s d e s a l o j a d o s q u e
s �� o s u a m a s s a u r b a n a c a r a c t e r �� s t i c a .
Foto: Danilo Pavani
42
I m p l a n t a d a e m e s p a �� o r e t a n g u l a r , a P r a �� a f i c a c o n -
t i d a e n t r e r u a s e n �� o t e m i d e n t i d a d e v i s u a l q u e c o n d i g a
c o m s u a s u p o s t a o u r e a l i m p o r t �� n c i a f u n c i o n a l : o c o r a �� �� o
d a c i d a d e . A c a t e d r a l f e c h a u m a d e s u a s e n t r a d a s , l i m i t a
f i r m e m e n t e s e u e s p a �� o , i m p e d i n d o a v i s �� o d e s u a v i z i n h a
P r a �� a J o �� o M e n d e s , e a s s u m e u m c a r �� t e r m o n u m e n t a l u m
t a n t o f a l s o , p o r s u a s c a r a c t e r �� s t i c a s g �� t i c a s d e d i s c u t �� v e l
i n f l u �� n c i a d e o u t r o s e x e m p l a r e s e u r o p e u s e p e l o d e s e q u i -
l �� b r i o e n t r e s u a s p r o p o r �� �� e s e o e s p a �� o q u e r e a l m e n t e o c u -
p a ; d e s c o m p a s s o f��sico q u e �� u m a r �� p l i c a d a f i g u r a �� �� o d a
i g r e j a e m r e l a �� �� o a S �� o P a u l o : d e s p r o p o r �� �� o e n t r e o q u e
g o s t a r i a de ser e o q u e r e a l m e n t e ��.
A d o m i n a n t e d e s t a l e i t u r a d a P r a �� a d a S �� s e r �� o
c o n t r a s t e e n t r e s u a f u n c i o n a l i d a d e i n d i c i a i e a s i m b �� l i c a 2 .
A s m e t a m o r f o s e s d a P r a �� a
A d r o d a I g r e j a d e S �� o P e d r o d a P e d r a ( 1 8 6 0 ) , L a r g o
d a S �� , o n d e e s t a c i o n a v a m o s f i a c r e s ( 1 9 1 0 ) , L a r g o d a S �� e
p a s s a g e m o b r i g a t �� r i a d e b o n d e s ( 1 9 1 5 ) , P r a �� a d a S �� e a
n o v a C a t e d r a l e m c o n s t r u �� �� o ( 1 9 3 3 ) , a P r a �� a d a S �� s e a m -
p l i a ( 1 9 5 2 ) , e m p r o j e t o a S u p e r p r a �� a d a S �� ( 1 9 7 5 ) ��� e s t e s
o s m a r c o s c r o n o l �� g i c o s d e t r a n s f o r m a �� �� o d a P r a �� a . M u -
d a n �� a s m a i s d e s e j a d a s o u p l a n e j a d a s d o q u e r e a l m e n t e e x e -
c u t a d a s , p o r q u e , e m s �� n t e s e , a P r a �� a p e r m a n e c e a m e s m a .
�� m a r c a d a p e l o f l u x o d i �� r i o d e p e s s o a s a t r a �� d a s p e l a
a t i v i d a d e d a f u n �� �� o e c o n �� m i c a , c o m e r c i a l e , s o b r e t u d o ,
v i �� r i a : o c e n t r o �� i r r a d i a �� �� o f �� s i c a , �� p o s s i b i l i d a d e c o n c r e t a
d e d e s l o c a m e n t o s , m a s , e x a t a m e n t e p o r i s s o , n �� o p e r m i t e
c r i a r r a �� z e s , �� p o n t o o b r i g a t �� r i o , p o r �� m d e p a s s a g e m .
2 E m dois trabalho s anteriore s lemo s a P r a �� a d a S �� a parti r d e
duas outras dominantes: a passagem da P r a �� a da S�� para a
Superpra��a (A estrat��gia dos signos. S��o Paulo, Perspectiva, 1 9 8 0 )
e a P r a �� a sob a ��gide da renova����o urbana (Rev. Atrav��s, n. 1,
S��o Paulo, Martins Fontes, 1 9 8 3 ) .
43
A S �� c o m o c e n t r o i r r a d i a d o r d e l i n h a s d e �� n i b u s e
b o n d e s e r a m a i s i n �� s p i t a �� s e d i m e n t a �� �� o d e a t i v i d a d e s e
t i p o s p o p u l a r e s d o q u e h o j e , c o m o m e t r �� o c u p a n d o s e u s
s u b t e r r �� n e o s , m a s d e i x a n d o l i v r e s s u a s u p e r f �� c i e , s e u s �� n -
g u l o s e r e e n t r �� n c i a s : l u g a r e s p a r a s e r e m f i s i c a m e n t e d e s c o -
b e r t o s e s e n t i m e n t a l m e n t e a p r o p r i a d o s . R e a l m e n t e , a c o n s -
t r u �� �� o d a S u p e r p r a �� a foi u m a t e n t a t i v a d e r e s g a t a r a P r a �� a
n a s u a q u a l i d a d e v i s u a l , q u e n �� o foi p r o p r i a m e n t e p e r d i d a ,
p o i s s e d u v i d a q u e t e n h a e x i s t i d o . A d e s c a r a c t e r i z a �� �� o ,
q u a n d o n �� o a d e g r a d a �� �� o , c o n s t i t u i s e u �� n d i c e m a r c a n t e .
N o p a s s a d o , s u a d i l u i �� �� o v i s u a l i m p e d i a o r e c o n h e c i m e n t o
d e s u a i m p o r t �� n c i a f u n c i o n a l e n q u a n t o c e n t r o i r r a d i a d o r
d e m e i o s d e t r a n s p o r t e , q u e , p a r a s e r r e c o n h e c i d a , p r e c i s a v a
s e r e n f a t i c a m e n t e e x p l i c a d a p e l o c o n j u n t o d e a b r i g o s d e
�� n i b u s d i s p o s t o s e m c o n t i g u i d a d e , �� s e m e l h a n �� a d e u m a
g a r a g e m .
Foto: Depto. Patrim��nio Hist��rico
45
E s s a d e s c a r a c t e r i z a �� �� o v i s u a l e f u n c i o n a l l e v o u �� d e -
t e r i o r a �� �� o u r b a n �� s t i c a , d e m o d o q u e , d e p o i s d a c o n s t r u �� �� o
d o m e t r �� n o s s e u s s u b t e r r �� n e o s , i m p u n h a - s e s u p e r a r a s u a
d e g r a d a �� �� o p o r u m d e s e n h o i m p o n e n t e e p r e t e n s i o s o q u e
c o m u n i c a s s e a i n t e n �� �� o d e u m v i s u a l e d e u m u s o c o e -
r e n t e s c o m s u a f u n �� �� o o f i c i a l : c a r t �� o d e v i s i t a d a c i d a d e .
S a b e - s e q u e , a e s s a i n t e n �� �� o , o u s u �� r i o r e s p o n d e u
c o m u m u s o p a r �� d i c o , f a z e n d o - a a b r i g o , n �� o m a i s d e ��ni-
b u s o u b o n d e s , m a s d e d e s a l o j a d o s p o r s o r t e o u p r o f i s s �� o ,
p a s s a g e i r o s o u e s t �� v e i s . A P r a �� a �� , e m S �� o P a u l o , n �� o
a p e n a s u m m i c r o m o d e l o d a g r a n d e m e t r �� p o l e i n d u s t r i a l ,
m a s , s o b r e t u d o , u m a s �� n t e s e d a p e r c e p �� �� o u r b a n a d a p o p u -
l a �� �� o , q u e , s o r r a t e i r a m e n t e , r o u b a , n a c i d a d e , s e u s e s p a �� o s
p a r a , t a m b �� m , v i v e r .
A P r a �� a c o m o a b r i g o
A P r a �� a e n q u a n t o e s p a �� o d e v i d a r o u b a d o �� m e t r �� -
p o l e i n d u s t r i a l n �� o s e m a n i f e s t a a p e n a s p e l o u s o q u e d e l a
f a z e m o s d e s a b r i g a d o s d a S u p e r p r a �� a , m a s , e m v �� r i o s m o -
m e n t o s d e s u a h i s t �� r i a , a s s i m a t u o u o p o v o e m g e r a l
q u a n d o , p o r f o r �� a d a i n e x i s t �� n c i a d e o u t r o s e s p a �� o s cen-
t r a i s a b e r t o s , a e l e g e u c o m o o l o c a l d e s u a s c o n c e n t r a �� �� e s .
N e s s e s m o m e n t o s , a C a t e d r a l p e r d e s u a s p r e t e n s �� e s
d e o b r a a r q u i t e t �� n i c a e a s s u m e , i n t e g r a l m e n t e , s u a f u n �� �� o
s i m b �� l i c a .
N o s m o m e n t o s d e c o n c e n t r a �� �� o p o p u l a r , a P r a �� a ,
a n t i g a o u n o v a , t r a n s f o r m a - s e f u n c i o n a l m e n t e , e e s s a n o v a
r o u p a g e m a t o r n a o u t r a , s e m i d e n t i f i c a �� �� o c o m a p r i m e i r a :
a p r a �� a f u n c i o n a l d �� l u g a r �� p r a �� a s i m b �� l i c a , e m b l e m �� t i c a .
�� h i s t �� r i a d a s m e t a m o r f o s e s d a P r a �� a , s o m a - s e e s s a o u t r a
i m a g e m , a p r a �� a s i m b �� l i c a , p o r �� m c o m u m a d i f e r e n �� a
p o n d e r �� v e l ; e l a s e i n d i v i d u a l i z a .
N a v e r d a d e , e s s a i m a g e m t a m b �� m s e a l t e r a p o r f o r �� a
4 6
d a n a t u r e z a o u d o m o t i v o d a c o n c e n t r a �� �� o p o p u l a r : d o
r e l i g i o s o a o r e i v i n d i c a t i v o o u a o p r o p r i a m e n t e p o l �� t i c o .
E m t o d a s a s c o n c e n t r a �� �� e s , a C a t e d r a l a t u a c o m o
e l e m e n t o e x p o n e n c i a l d a P r a �� a : s u a f u n �� �� o �� , e n t �� o , a g a -
s a l h a r a m u l t i d �� o q u a n d o m a n i f e s t a a n e c e s s i d a d e d e
c r e n �� a o u q u a n d o e x p r e s s a a v o n t a d e p o p u l a r .
I n v e r t e - s e a f u n �� �� o d a P r a �� a p e l a m u d a n �� a d e r e g i s t r o
do r e c e p t o r : o u s u �� r i o �� s u b s t i t u �� d o p e l a m u l t i d �� o , q u e a
u s a c o m o p o n t o o n d e p o d e f i x a r - s e , o n d e s e c o n s t r �� i e s e
j u s t i f i c a c o m o m u l t i d �� o ; o u s u �� r i o p a s s a p e l a P r a �� a , a
m u l t i d �� o e s t �� n a P r a �� a e , m a i s , a P r a �� a f a z a m u l t i d �� o n a
m e d i d a e m q u e �� o e s p a �� o f �� s i c o d a c o n c e n t r a �� �� o ; u m a
e s p �� c i e d e j u s t i f i c a �� �� o t o p o g r �� f i c a a p a r t i r d a i n v e r s �� o d o
s e u s i g n i f i c a d o f u n c i o n a l .
O a c o n t e c i m e n t o , a f e s t a , r e s g a t a a S�� c o m o c e n t r o
d e S �� o P a u l o ; e n t r e t a n t o e s s a c e n t r a l i d a d e n a d a t e m a ver
c o m a p r a �� a f u n c i o n a l , m a s c o m u m �� n g u l o d a c i d a d e
e m s e u a s p e c t o e m b l e m �� t i c o , c o m o u m a j u s t i f i c a t i v a s o c i a l
d a p r a �� a q u e n u n c a existiu, m a s q u e c o r r e s p o n d e �� n e -
c e s s i d a d e p o p u l a r d e u m e s p a �� o q u e s i r v a d e a m p a r o p a r a
a s u a v o n t a d e , q u e a g a s a l h e o e c o d e s u a s f a l a s e a s p i r a -
�� �� e s . N e s s a s i t u a �� �� o e c o n t e x t o m u d a m a s r e f e r �� n c i a s
e s p a c i a i s , q u e , a o c o n t r �� r i o d o q u e foi dito n a p a r t e t e �� -
r i c a , j �� n �� o s �� o m a r c a s q u e c o r r e s p o n d e m a v i v �� n c i a s
i n d i v i d u a i s o u c o l e t i v a s z e l o s a m e n t e c o n s e r v a d a s n a m e -
m �� r i a r e p e r t o r i a l d o u s u �� r i o , m a s , a q u i , e s s e s �� n d i c e s s u s -
c i t a m v i v �� n c i a s c o l e t i v a s , o e c o j a m a i s o l v i d a d o d e u m a
a n t i g a n e c e s s i d a d e d e e x p r e s s �� o . N e s s a P r a �� a , s u p e r a - s e
q u a l q u e r r e f e r �� n c i a f u n c i o n a l a n t e r i o r , m u d a - s e a f u n �� �� o
d a p r a �� a a fim d e p r o p o r c i o n a r o a p a r e c i m e n t o d e u m
e s p a �� o q u e n �� o e x i s t e , m a s q u e o p o v o c r i a p a r a s a t i s f a z e r
s u a n e c e s s i d a d e s o c i a l .
E m c a d a u m d a q u e l e s t i p o s d e c o n c e n t r a �� �� o , a l t e r a - s e
a i m a g e m q u e a c a t e d r a l c o m u n i c a , o u s e j a , e m t o d a s
e l a s , l �� e s t �� e l a c o m s u a s t o r r e s , o g i v a s e c o l u n a s , m a s
Foto:
Agencia Estado
s e u g e s t o c o m u t a t i v o s e t r a n s f o r m a c r i a n d o t e x t o s n �� o -
- v e r b a i s d i v e r s o s .
N a s c o n c e n t r a �� �� e s r e l i g i o s a s , a C a t e d r a l a b r e - s e p a r a
a g a s a l h a r a m u l t i d �� o . O b v i a m e n t e , a d i m e n s �� o d e s s e g e s t o
a l t e r a - s e c o n f o r m e a m u l t i d �� o a a b r i g a r N a a l t u r a d e 1 9 1 0 ,
n a s p r o v i n c i a n a s p r o c i s s �� e s de Corpus Christi, a a n t i g a
i g r e j a d a S �� l i t e r a l m e n t e s e a b r i a p a r a r e c e b e r a m i n i m u l -
t i d �� o ; n a a l t u r a d e 1 9 5 4 , q u a n d o a c i d a d e , q u a d r i c e n t e n �� -
ria, j �� s u p o r t a v a u m a c a t e d r a l , e l a n �� o m a i s s e a b r i a , m a s
e s t e n d i a - s e , p r o l o n g a v a - s e p e l a P r a �� a e u m a a s s u m i a o
e s p a �� o d a o u t r a , d e i x a n d o - s e m u t u a m e n t e i n v a d i r ; c o n s e -
q �� e n t e m e n t e , a o a l o n g a r - s e n a P r a �� a , a i g r e j a , s i m u l t a -
n e a m e n t e , t r i v i a l i z a s e u s u s o s e c o s t u m e s , s e u ritual e
s u a s p r �� t i c a s : s u a s n a v e s e s t e n d e m - s e p e l o s m e a n d r o s d a
P r a �� a , s u a s i m a g e n s s a n t a s s e p r o j e t a m n o s o l h o s d e c a d a
fiel, s e u s r i t o s s �� o o s g e s t o s e s p o n t �� n e o s d e c a d a m �� o a o
s e e r g u e r .
N a s c o n c e n t r a �� �� e s p o l �� t i c a s , a p r o c i s s �� o �� s u b s t i t u �� d a
p e l a p a s s e a t a o u p e l a s u a e x p r e s s �� o m a i s n o b r e , o c o m �� c i o .
50
A P r a �� a c o m o e s p a �� o �� , a g o r a , o s �� m b o l o d a f o r �� a p o p u -
l a r a o o r g a n i z a r - s e p a r a s e f a z e r o u v i r : a v o z d o p o v o . O
c o m �� c i o �� a m a n i f e s t a �� �� o i n t e r m e d i �� r i a entre a oficial e
a e s p o n t �� n e a , p o r q u e r e p r e s e n t a a v o n t a d e p o p u l a r n �� o
n a t u r a l m e n t e e x p r e s s a , m a s o r g a n i z a d a : a m u l t i d �� o s e c o n -
c e n t r a p a r a d a r f o r �� a e f a z e r e c o a r u m a v o n t a d e o u u m a
v e r d a d e i n d i s c u t �� v e l e , n o m o m e n t o d e s u a e x p r e s s �� o ,
p e r e n e .
A g o r a , a C a t e d r a l �� s u b s t i t u �� d a p e l o p a l a n q u e q u e s e
e r g u e �� s u a f r e n t e ; e l a a t u a , f i s i c a m e n t e , c o m o c e n �� r i o ,
c o m o p a n o d e f u n d o , m a s , s i m b o l i c a m e n t e , d �� s e u c o n s e n -
t i m e n t o , s u a b �� n �� �� o e a d e r e �� m u l t i d �� o . A q u i , a P r a �� a
�� o e s p a �� o d e s s a a d e s �� o , p o r �� m n �� o e x t e n s i v o c o m o n a s
c o n c e n t r a �� �� e s r e l i g i o s a s , m a s d i v i d i d o e n t r e o p a l a n q u e e
o r e s t o , entre o e s p a �� o d o s q u e d e t �� m a p r o m o �� �� o d a q u e l a
v e r d a d e i n c o n t e s t e e o l u g a r d o s s e u s s e g u i d o r e s ; s e m
d �� v i d a , o c o m �� c i o �� o l u g a r de d u a s c l a s s e s h i e r �� r q u i c a s e
c l a r a m e n t e d i s t i n t a s p e l o e s p a �� o q u e o c u p a m n a P r a �� a .
N a S �� , a c o n c e n t r a �� �� o p o p u l a r e m t o d a s a s s u a s m a -
n i f e s t a �� �� e s c o n c r e t i z a u m u s o q u e n �� o �� f u n c i o n a l m e n t e
p r e v i s t o , e q u e �� f a c i l m e n t e c o m p r o v a d o p e l a s f o t o s d o
c o m �� c i o q u e s e d e s e n r o l o u n a S u p e r p r a �� a p o v o a d a d e c a n -
t e i r o s , t i p u a n a s e j a t o s d ' �� g u a d e s a g r e g a d o r e s d o �� n i c o
e s p a �� o c o n t �� g u o c e n t r a l d a c i d a d e . O u s o d a s c o n c e n t r a -
�� �� e s p o p u l a r e s n �� o �� e s t i m u l a d o p e l a e s t r u t u r a f �� s i c a o u
f u n c i o n a l d a p r a �� a ; a o c o n t r �� r i o , s o b r e s u a f u n �� �� o v i �� r i a ,
p r o j e t a - s e u m a o u t r a , i n f o r m a c i o n a l , p a s s a g e i r a , s e m �� n d i -
c e s o u r a s t r o s , a p e n a s c o n s e r v a d a n a m e m �� r i a . E n q u a n t o
e s p a �� o d e s s a f u n �� �� o i n f o r m a c i o n a l , a P r a �� a j �� n �� o t e m
u s o s o u u s u �� r i o s h a b i t u a i s o u r o t i n e i r o s , m a s �� a p e n a s o
e s p a �� o q u e a b r i g a u m a l i n g u a g e m s i m b �� l i c a e s p o r �� d i c a , e
o s e u e m i s s o r �� a m u l t i d �� o , u s u �� r i o m o m e n t �� n e o de u m a
f a c e e d e u m s �� d e s e j o , n a �� n i c a p r a �� a p o p u l a r q u e S �� o
P a u l o p e r m i t e .
51
A casa como modelo
O e s p a �� o t e m c o i s a s a d i z e r
A F a c u l d a d e d e A r q u i t e t u r a e U r b a n i s m o d a U n i v e r -
s i d a d e d e S �� o P a u l o t e v e ( o u t e m ) d u a s s e d e s : a p r i m e i r a ,
a p a r t i r de 1 9 4 8 , e a s e g u n d a , v i n t e a n o s d e p o i s , a p a r t i r
d e 1 9 6 9 , o p r �� d i o definitivo e a t u a l n a C i d a d e U n i v e r s i -
t �� r i a . A v e l h a e a n o v a F A U .
A V i l a P e n t e a d o , a s e d e inicial, foi p r o j e t a d a p e l o
a r q u i t e t o C a r l o s E c k m a n e c o n s t r u �� d a entre 1 9 0 2 e 1 9 0 6 .
A s e g u n d a e definitiva s e d e foi p r o j e t a d a p e l o a r q u i t e t o
J o �� o V i l a n o v a A r t i g a s , e s u a i n a u g u r a �� �� o s e d e u e m 1 9 6 8 .
D a ' v e l h a p a r a a n o v a F A U , d o p r i m e i r o p a r a o s e g u n d o
a r q u i t e t o , d u a s c o n c e p �� �� e s d e a r q u i t e t u r a .
D e s t e i n �� c i o b a n a l e a p e n a s i n f o r m a t i v o , q u e r e m o s
e x t r a i r a s p o n t a s q u e n o s l e v a m a ler a F A U , n e m a v e l h a ,
n e m a n o v a , p o r �� m u m a p e l a o u t r a : c o m p a r a �� �� o , t e r r i t �� -
rio de c o n v e r g �� n c i a s e d i v e r g �� n c i a s .
�� d o s e g u n d o a r q u i t e t o , V i l a n o v a A r t i g a s , u m a f r a s e
r e v e l a d o r a , p o r q u e n o r t e i a a l e i t u r a e d e f i n e s u a d o m i n a n t e :
" D i g o a o s j o v e n s a r q u i t e t o s : t e n h a m a s e n s i b i l i d a d e d e
f a z e r c o m q u e s e u s e d i f �� c i o s t e n h a m a l g u m a c o i s a a d i z e r "
( a u l a p r o f e r i d a n o c o n c u r s o p a r a p r o f e s s o r - t i t u l a r d a e s -
c o l a , 2 8 d e j u n h o d e 1 9 8 4 ) .
U m e s p a �� o c o m f a l a , u m e s p a �� o e x p r e s s i v o d e filo-
s o f i a s , d e i d e o l o g i a s , d e p r o g r a m a s , d e e m o �� �� e s : e l e m e n t o s
q u e c o n t r i b u e m p a r a a s o l u �� �� o d o s e s p a �� o s . N a F A U ,
q u a l �� e s s a f a l a ?
E s s a f a l a �� sutil n o e s p a �� o l u m i n o s o d a n o v a F A U :
a luz �� s u a c a r a c t e r �� s t i c a e s p a c i a l e p a r e c e t u d o c o n t e r e
t u d o e x p l i c a r : a a r q u i t e t u r a s e m v �� o s , s e m e s p a �� o s r e c l u -
s o s , s e m f r a g m e n t o s , s e m a p �� n d i c e s . E s s a f a l a a p a g a - s e n a s
f o r m a s d a l u z ; �� n e c e s s �� r i o d i g i t a l i z a r o e s p a �� o , d e s c o r t i -
52
n a r s e u s i n d i c a d o r e s p a r a t a t e �� - l o e o u v i r , d e l o n g e q u e
s e j a , a s u a v o z .
Q u a n t o m a i s n �� t i d a f o r e s s a v o z , q u a n t o m a i s c a r a c t e -
r i z a d a e / o u i n s t i t u c i o n a l i z a d a , t a n t o m a i s s i m b �� l i c a , c o e -
rente e o r g a n i z a d a s e r �� s u a m e n s a g e m . E n t r e t a n t o e s s a
c l a r e z a , p o r q u e n �� o - v e r b a l , n �� o s e m a n i f e s t a l o g i c a m e n t e ,
m a s �� a p e n a s a p r e e n d i d a p e l a l e i t u r a ; u m o l h a r m e t a l i n -
g �� �� s t i c o q u e , n a d i g i t a l i z a �� �� o d o e s p a �� o , f l a g r a o s �� n d i c e s
d a q u e l a f a l a . E n t r e t a n t o e l a n �� o s e i n a u g u r a c o m o n o v a e
e x c l u s i v a d e c a d a e s p a �� o , m a s s e m a n i f e s t a c o m c e r t a t a x a
d e r e d u n d �� n c i a e m m �� l t i p l o s a s p e c t o s , s �� c a p t �� v e l p e l a
c o m p a r a �� �� o e n t r e v �� r i o s e s p a �� o s , d i s t a n t e s d e i m e d i a t o ,
m a s p o s t e r i o r m e n t e e , n a r e a l i d a d e , q u a s e c o - p r e s e n t e s .
O v e l h o e o n o v o : u m p e l o o u t r o
N a n o v a F A U �� f r e q �� e n t e a n t i g o s p r o f e s s o r e s o u a l u -
n o s c o m e n t a r e m c o m s a u d a d e a s p e c t o s p a r t i c u l a r e s e a v i d a
d a e s c o l a n a a n t i g a s e d e . E n t r e t a n t o e s s a n o s t a l g i a n �� o
r a r o s e a p o i a n a c o n s t a t a �� �� o d e u m a f a l t a d e c o n t i n u i d a d e
d e p r o g r a m a s , a t i v i d a d e s e p e r s p e c t i v a s e n t r e a s d u a s e s c o -
l a s . N �� o s e d �� a t e n �� �� o �� s c o n v e r g �� n c i a s o u d i v e r g �� n c i a s
e n t r e o s d o i s e s p a �� o s , m a s , a o c o n t r �� r i o , a o s i g n i f i c a d o d o
s e u d e s e m p e n h o , a s u a o c u p a �� �� o u t i l i t �� r i a . P o r �� m , s e c o n -
s i d e r a r m o s n a t u r a l a d i f e r e n �� a d e u s o s , d a d o o t e m p o q u e
m e d e i a e n t r e a s d u a s e s c o l a s , p a r e c e - m e q u e n �� o h �� s e n t i d o
n e s t a n o s t a l g i a . A a p r o x i m a �� �� o e n t r e o s d o i s e s p a �� o s
a p o n t a n a t u r a l m e n t e , n �� o p a r a u s o s s e m e l h a n t e s , m a s p a r a
e x p l o r a �� �� e s e s p a c i a i s d a n o v a F A U a n �� l o g a s �� q u e l a s q u e
o c o r r e r a m n a a n t i g a V i l a P e n t e a d o . N �� o s e t r a t a d e m a n -
ter o u c o n t i n u a r p r o g r a m a s o u p e r s p e c t i v a s , m a s d e in-
v e n t a r u s o s s u g e r i d o s p e l o e s p a �� o q u e l e m b r a o a n t i g o e ,
p o r t a n t o , c o m o n o p a s s a d o , e s t �� p r o n t o p a r a a c o l h �� - l o s .
P o r �� m e s t a a c o l h i d a n �� o �� m e c �� n i c a , m a s p r e c i s a ser esti-
m u l a d a p e l a a d e q u a �� �� o d o u s o a o e s p a �� o .
53
N e s t a l e i t u r a , n �� o h e s i t a m o s e m a p r o x i m a r a s d u a s
s e d e s , e m b o r a c o n s i d e r e m o s a s d i f e r e n �� a s d e c o n t e x t o , d e
a s s e n t a m e n t o , d e d i m e n s �� e s , d e f o r m a o u d e s e n h o . E s s a
a p r o x i m a �� �� o �� s u g e r i d a p e l a p e r c e p �� �� o e p e l a c o m p a r a �� �� o
q u e r e v e l a e d e s v e l a o u s o d o a n t i g o , a o m e s m o t e m p o
q u e i l u m i n a o n o v o e s p a �� o e s u a p o s s �� v e l u t i l i z a �� �� o .
E n t r e o s e s p a �� o s d a v e l h a F A U e d a n o v a n �� o h ��
u m a c o n s t a t a �� �� o n e c e s s �� r i a e o b j e t i v a , p o r �� m a s u g e s t �� o
m e t a f �� r i c a d e s e m e l h a n �� a s q u e s e q u e r p o s s �� v e i s e t a n t o
m a i s s e d u t o r a s q u a n t o m a i s r e p e l e m v a g a s i m p r e s s �� e s d e
l i g e i r o s s e n t i m e n t o s . A p e r c e p �� �� o d e u m e s p a �� o u r b a n o e ,
s o b r e t u d o , d a c o m p a r a �� �� o e n t r e e s p a �� o s s u p �� e u m a infe-
r �� n c i a d e l e i t u r a , p o r �� m u m a o p e r a �� �� o s a g a z e n t r e �� n d i c e s
e m a r c a s r e a l m e n t e e n c o n t r a d a s e v e r i f i c �� v e i s . N e s t e c a s o ,
a s i n f e r �� n c i a s s �� o c a m i n h o s s u g e r i d o s p e l o s r a s t r o s e x i s -
tentes n u m e s p a �� o o u e n t r e e s p a �� o s p r �� x i m o s o u d i s t a n t e s
n o t e m p o .
S e r i a p r e t e n s �� o e x a g e r a d a a f i r m a r q u e a F A U n o v a ��
u m r e d e s e n h o d a o u t r a a p r e e n d i d o n a s u t i l e z a d e u m p r o -
j e t o c u j a s s o l u �� �� e s e s p a c i a i s r e v e s t e m a n t i g a s e m o �� �� e s e
p r o p o s t a s e d u c a c i o n a i s d o a r q u i t e t o A r t i g a s ? A r e s p o s t a
s e g u r a a e s t a q u e s t �� o n e c e s s i t a d a i n v e s t i g a �� �� o a r q u i t e t �� -
n i c a , p o r �� m n �� o �� i m p r o v �� v e l p a r a u m a l e i t u r a q u e a p r o -
x i m e o s d o i s t e x t o s .
A e s c o l a n o e s p a �� o
A v e l h a e a n o v a F A U n a d a t �� m e m c o m u m e n q u a n -
t o p r o p o s t a s a r q u i t e t �� n i c a s .
S o b a i n f l u �� n c i a art nouveau, a V i l a P e n t e a d o er-
g u i a - s e n o s a l t o s d e u m t e r r e n o , r o d e a d a d e j a r d i n s , j u n t o
�� A v e n i d a H i g i e n �� p o l i s e �� R u a I t a m b �� . F o i c o n s t r u �� d a
p a r a a b r i g a r a f a m �� l i a P e n t e a d o .
Foto: Vila Penteado, FAU/USP, 1976
E r a u m a r e s i d �� n c i a , e s e u p a r t i d o a r q u i t e t �� n i c o c o r r e s -
p o n d i a �� s s u a s e x i g �� n c i a s f u n c i o n a i s . A l i m o r a v a u m a
f a m �� l i a n u m e r o s a e , m a i s d o q u e i s s o , d e p o s s e s e c o n �� m i -
c a s e l e v a d a s e i g u a l p r e s t �� g i o s o c i a l ; o s t e n t a v a - s e e p u b l i -
c a v a - s e d i n h e i r o e p o d e r e m m �� l t i p l a s a t i v i d a d e s s o c i a i s ,
e s p o r t i v a s e c u l t u r a i s ; a c a s a c o r r e s p o n d i a a o s s e u s o b j e -
t i v o s : f r a g m e n t a v a - s e e m q u a r t o s , e s t �� d i o s , s a l a s e s a l �� e s .
A v i l a c u m p r i u s u a s f u n �� �� e s p o r m a i s d e t r i n t a a n o s ;
e m 1 9 4 8 , t r a n s f o r m o u - s e n a F a c u l d a d e d e A r q u i t e t u r a e
U r b a n i s m o d a U n i v e r s i d a d e d e S �� o P a u l o j u s t i f i c a - s e : e r a
u m d o s e x e m p l a r e s m a i s r i g o r o s o s d a art nouveau.
A F a c u l d a d e d e A r q u i t e t u r a e U r b a n i s m o n a C i d a d e
U n i v e r s i t �� r i a foi p r o j e t a d a p a r a ser u m a e s c o l a d e a r q u i -
t e t u r a . E s p a l h a d a h o r i z o n t a l m e n t e n o t e r r e n o , �� u m e x e m -
p l a r d e a r q u i t e t u r a m o d e r n a , e m c o n c r e t o e v i d r o .
Foto: Cristiano Mascaro
Foto: Samuel O. Moreira
Foto: Cristiano Mascara
L u z a b u n d a n t e , a m p l o s e s p a �� o s , e l i m i n a �� �� o d e j a n e -
l a s e v �� o s , e s t �� d i o s e n o r m e s ; p o u c a s s a l a s d e a u l a , n �� o
m a i s d o q u e u m a c o n c e s s �� o : u m a e s c o l a p l a n e j a d a p a r a
u m e n s i n o r e v o l u c i o n �� r i o n u m a e s t r u t u r a a r r o j a d a .
D a r e s i d �� n c i a �� e s c o l a , d u a s p r o p o s t a s a r q u i t e t �� n i c a s
p a r a a t e n d e r a o b j e t i v o s e f u n �� �� e s d i f e r e n t e s . N a d a t �� m
e m c o m u m . P o r �� m a F a c u l d a d e s e i m p l a n t a , c r e s c e e s e
s e d i m e n t a �� s o m b r a d e d u a s o b r a s e x e m p l a r e s : u m d e s a f i o
q u e e x i g e r e s p o s t a s e �� t a c i t a m e n t e a s s u m i d o .
O e s p a �� o c o l e t i v o
D a c a s a �� e s c o l a h �� u m a d i s t �� n c i a d e p r o p o s t a s , p o -
r �� m u m u s o q u e a s a p r o x i m a e n q u a n t o f o n t e s d e i n f o r -
m a �� �� o . I s s o s e d e f i n e s e a n a l i s a r m o s o s d o i s e s p a �� o s a
p a r t i r d e a l g u n s p o n t o s - c h a v e .
57
N a V i l a P e n t e a d o , o s a g u �� o e r a o n �� c l e o c e n t r a l d e
t o d a a o r g a n i z a �� �� o f �� s i c a d a c a s a e s i m b �� l i c a d a f a m i l i a :
l �� e r a o p o n t o d e r e u n i �� o d o s f a m i l i a r e s , d a s f e s t a s e en-
c o n t r o s s o c i a i s ; q u a n d o s e t r a n s f o r m o u e m e s c o l a , e r a o
e s p a �� o a d e q u a d o p a r a e x p o s i �� �� e s e r e u n i �� e s c o m e m o r a t i -
v a s ; a s e s c a d a s e o v e s t �� b u l o s u p e r i o r d o m i n a v a m o s a g u �� o
e a r t i c u l a v a m - s e v e r t i c a l m e n t e c o m ele, d u p l i c a n d o s u a
d i m e n s �� o , s u a a l t u r a e f a z e n d o - o m a i o r e m a i s c o m u n i -
c a t i v o : e r a o e s p a �� o c o l e t i v o d a F A U M a r a n h �� o .
N a n o v a F A U , o s a l �� o c a r a m e l o �� u m a e x p a n s �� o
t r a n s f o r m a d a d o s a g u �� o art nouveau: m a i s a m p l o , i l u m i -
n a d o e a r e j a d o , i n c o r p o r a o e s p a �� o e x t e r n o e se t r a n s f o r -
m a n u m a g r a n d e p r a �� a n o i n t e r i o r d a e s c o l a ; p o n t o d e
e x p o s i �� �� e s , d e r e u n i �� e s , d e c o m e m o r a �� �� e s , e s p a �� o d e p a s -
s a r , v e r e s e r v i s t o , c a n t o de r e l a �� �� e s p e s s o a i s e i n t e r p e s -
s o a i s ��� o n �� c l e o do e s p a �� o c o l e t i v o . P r o l o n g o u - s e a v e l h a
F A U .
Foto: Cristiano Mascaro
Foto: Cristiano Mascaro
�� s e m e l h a n �� a d o s a g u �� o , o c a r a m e l o p r o l o n g a - s e , v e r -
tical e h o r i z o n t a l m e n t e , p a r a a s r a m p a s , i n c o r p o r a n d o - a s
a o e s p a �� o c o l e t i v o e a s s u m i n d o s e u s g r a f i t o s , d e s e n h o s ,
c a r t a z e s , f a i x a s , o b j e t o s , c o m o s u a d e c o r a �� �� o e x c l u s i v a
N �� o s e r i a m e s s e s e l e m e n t o s u m a r �� p l i c a d o s f l o r �� e s , p i n -
t u r a s e m o t i v o s g e o m �� t r i c o s d a M a r a n h �� o ?
Foto: Cristiano Mascaro
5 9
R e v o l t a n d o - s e c o n t r a o s e s p a �� o s a c a n h a d o s , e s c o n d i -
d o s e , s o b r e t u d o f r a g m e n t a d o s d a s s a l a s d e a u l a i m p r o v i -
s a d a s d a M a r a n h �� o , a F A U n o v a e x p �� e e e x p a n d e s e u s
e s t �� d i o s a m p l o s , e n o r m e s , p a r a 1 5 0 a l u n o s c o m s u a s p r a n -
c h e t a s , t r a b a l h a n d o livres, s e m j a n e l a s , p o r t a s o u p a r e d e s ,
p o i s a s q u e e x i s t e m n �� o c h e g a m a v e d a r . T r a n s f o r m o u - s e
a v e l h a F A U .
Foto: Cristiano Mascaro
P a r a c o m p l e t a r a s i m e t r i a n o e s p a �� o c o l e t i v o : o s in-
g �� n u o s l a g u i n h o s d e u m a e d e o u t r a e , a q u i o u ali, o s
o b j e t o s d o p a s s a d o : a s v e l h a s m e s a e c a d e i r a s d a a n t i g a
s a l a d e j a n t a r d o s P e n t e a d o q u e , a g o r a , c o m p �� e m a s a l a
d a C o n g r e g a �� �� o , a s f o t o s d e d e t a l h e s art nouveau f a c i l -
m e n t e i d e n t i f i c �� v e i s o u a e s g u i a F a u s t i n a ��� s �� m b o l o d a
v e l h a e s c o l a , q u e , p r o p o s i t a l m e n t e o u n �� o , r e a p a r e c e e m
p o n t o s e m o m e n t o s e s t r a t �� g i c o s c o m o c e n t r o d e u m a ex-
60
p o s i �� �� o p r e s t i g i o s a p a r a a e s c o l a o u c o m o d e c o r a �� �� o d a
p r �� p r i a s a l a d o D i r e t o r .
Foto: Cristiano Mascaro
Foto: Samuel Q. Moreira
Foto: Samuel O. Moreira
A escola-modelo
�� p o s s �� v e l u m a c a s a ser e s c o l a ? O u , �� p o s s �� v e l u m a
e s c o l a s e r c a s a ? E s s e �� o p o n t o .
A V i l a P e n t e a d o foi d o a d a �� U n i v e r s i d a d e d e S �� o
P a u l o m e n o s p a r a s e r u m a e s c o l a d o q u e p o r ser u m m a r c o
a r q u i t e t �� n i c o d a c i d a d e e , c o n t i n u a n d o a a t u a �� �� o d e v a n -
g u a r d a d o s s e u s p r o p r i e t �� r i o s , d e v e r i a ser u m c e n t r o d e
a g i t a �� �� o n o c a m p o d a s a r t e s e d a s i d �� i a s e m g e r a l . E f e t i -
v a m e n t e , e s s e foi o p a p e l d a F a c u l d a d e d e A r q u i t e t u r a d a
R u a M a r a n h �� o a t �� t r a n s f e r i r - s e p a r a a C i d a d e U n i v e r s i t �� -
ria, e m 1 9 6 9 , vinte a n o s d e p o i s d a s u a f u n d a �� �� o . D u r a n t e
d u a s d �� c a d a s , n �� o d e i x o u d e i n s t a l a r - s e e d e s e n v o l v e r - s e
c o m o e s c o l a , m a s , n a d i n �� m i c a d a v i d a c u l t u r a l d a c i d a d e ,
foi o c e n t r o de r e u n i �� o d o s j o v e n s u n i v e r s i t �� r i o s , e o f a m o -
s o s a g u �� o a s s i s t i u a d e b a t e s , r e u n i �� e s a c a l o r a d a s e n t r e
g r u p o s e f a c �� �� e s a r t �� s t i c a s o u p o l �� t i c a s d e c o l o r a �� �� e s d i f e -
r e n t e s , a l �� m d e e x p o s i �� �� e s d e j o v e n s a r t i s t a s , d e p o i s r e n o -
m a d o s . O s a g u �� o p r e e n c h i a o v a z i o d a a u s �� n c i a d e u m
c e n t r o c u l t u r a l n a c i d a d e .
62
N a F A U n o v a , o s a l �� o c a r a m e l o n a s u a e x p a n s �� o v e r -
t i c a l - h o r i z o n t a l �� o c e n t r o de c o n v �� v i o da e s c o l a e, em
m o m e n t o s de d e c i s �� o p a r a a v i d a u n i v e r s i t �� r i a , �� o l o c a l
p a r a o n d e a f l u e m p r o f e s s o r e s , a l u n o s e f u n c i o n �� r i o s n a r e a -
l i z a �� �� o d e a g i t a d a s a s s e m b l �� i a s , n a t o m a d a d e c o m p l i c a d a s
e , a l g u m a s v e z e s , c o n f u s a s d e c i s �� e s . �� n o s a l �� o c a r a m e l o
q u e s e d �� a v i d a c u l t u r a l e a r t �� s t i c a d a U n i v e r s i d a d e n a s
s u a s e x p a n s �� e s u r b a n a s , a p e s a r d a e x i s t �� n c i a , h o j e , d e u m a
e s c o l a d e a r t e s .
O a n t i g o s a g u �� o a b r i g o u a j u v e n t u d e u n i v e r s i t �� r i a d a s
d �� c a d a s d e 5 0 e 6 0 , o s a l �� o c a r a m e l o a b r i g a a j u v e n t u d e
d o s �� l t i m o s q u i n z e a n o s . E s s e s e s p a �� o s a s s u m i r a m e a s s u -
m e m c o m n a t u r a l i d a d e e s s a f u n �� �� o p o r q u e t a l v e z p a r a i s s o
t e n h a m s i d o f e i t o s . E n t r e a s p r o p o s t a s a r q u i t e t �� n i c a s d a s
d u a s e s c o l a s n �� o h �� n a d a e m c o m u m , m a s a v i d a d e a m -
b a s �� s e m e l h a n t e .
A s d u a s c o m p o r t a m - s e m a l c o m o e s p a �� o p a r a e s c o l a :
n a v e l h a , c l a s s e s i m p r o v i s a d a s , e s p a �� o s h o j e p e q u e n o s p a r a
a q u a n t i d a d e d e a l u n o s , e e s c u r o s , c o m a m a s s a c i n z e n t a
d o s e d i f �� c i o s q u e a e n v o l v e m ; n a n o v a , e s p a �� o s e x c e s s i v a -
m e n t e a m p l o s p a r a a u l a s e s t a b e l e c e m a n e c e s s i d a d e d e t r a -
b a l h o s i n d i v i d u a i s o u d e p e q u e n o s g r u p o s , s u a luz �� d e m a -
s i a d a e s e u r u �� d o p r e c i s a s e r c o n s t a n t e m e n t e c o n t r o l a d o ,
n �� o s e n d o dif��cil e n c o n t r a r q u e m a c o n s i d e r e i n a b i t �� v e l o u
i n u s �� v e l ; p o r �� m n �� o s e r i a p o s s �� v e l i d e n t i f i c �� - l a d e o u t r o
m o d o : �� u m a e s c o l a , p o r i s s o �� s e m p r e n o m e a d a n o f e -
m i n i n o .
P o r �� m q u e e s p a �� o s e s c o l a r e s s �� o e s s e s ?
C o m o r e s i d �� n c i a q u e e r a , o e s p a �� o d a v e l h a F A U
a c o m o d a v a - s e m a l c o m o e s c o l a ; o e s p a �� o d a n o v a F A U
p r e s t a - s e m a l �� r o t i n a e s c o l a r . N o s d o i s c a s o s , s a l v a m - s e
o s e s p a �� o s d e c o n v �� v i o , o s e s p a �� o s c o l e t i v o s , m a s n �� o s �� o
a s s u m i d o s , n a t u r a l m e n t e , c o m o e s c o l a r e s ; a n t e s , n o q u o t i -
d i a n o , p o d e m s e r f o n t e d e d i s p e r s �� o , q u a n d o n �� o d e e s -
63
p a �� o s p e r d i d o s . M a s s �� o o s e s p a �� o s d e u s o , v i t a i s p a r a a
s o b r e v i v �� n c i a d a s d u a s e s c o l a s .
Foto: Samuel Q. Moreira
C o m o j �� f o i v i s t o , a m b a s s �� o a r q u i t e t o n i c a m e n t e
d i f e r e n t e s , p o r �� m a b r i g a r a m e a b r i g a m e s c o l a s ; a p e n a s s o l i -
c i t a m o u s u g e r e m u m e n s i n o e s t r u t u r a l m e n t e d i f e r e n t e d o
r o t i n e i r o . E s s a s u g e s t �� o a p a r e c e n o u s o m a i s r e a l d o q u e
f u n c i o n a l n o c a s o d a v e l h a F A U , e , n a p r o p o s t a d e s s a
l e i t u r a , �� u m a s u g e s t �� o f u n c i o n a l e e m o c i o n a l m e n t e a s s u -
m i d a n o p a r t i d o p r o j e t i v o d a n o v a F A U ��� p e n s a - s e e m
u m a e s c o l a q u e n �� o d e v e c a b e r e m s e u s m u r o s , u m a e s t r u -
64
t u r a u r b a n a a b e r t a a t u d o e a t o d o s , c a p a z d e d e s e m p e n h a r
u m p a p e l n a v i d a i n t e l e c t u a l e c u l t u r a l d a c i d a d e . M a i s
u m a e s c o l a e x p a n d i n d o - s e n a c o m u n i d a d e d o q u e r e a l i -
z a d a i n t e r n a m e n t e . A r t i g a s r e s p o n d e r i a n o p r o j e t o d a n o v a
F A U a o s e s t �� m u l o s d a s u a v i v �� n c i a n a R u a M a r a n h �� o ?
N a n o v a F A U n �� o s e d e s p r e z a o e s p a �� o d e s t i n a d o ��
a u l a f o r m a l ; a o c o n t r �� r i o , e s t a a t i v i d a d e c a b e e p o r i s s o
lhe s �� o d e s t i n a d a s s a l a s e s p e c i a i s n o a n d a r s u p e r i o r , m a i s
d i s t a n t e s d o r u i d o s o e s p a �� o d e c o n v �� v i o c o l e t i v o ; e n t r e t a n -
to c l a r a m e n t e se i n s i n u a q u e a a u l a n �� o �� a a t i v i d a d e ex-
c l u s i v a d e u m a e s c o l a e e l a d i v i d e o e s p a �� o c o m o s e s t �� d i o s ,
a p e n a s q u a t r o , p o r �� m t �� o a m p l o s q u e p a r e c e m o c u p a r t o d o
o e s p a �� o ; n a r e a l i d a d e , a o l a d o d o s a l �� o e d a s r a m p a s ,
e l e s o c u p a m o c o r a �� �� o d a e s c o l a . N �� o h a v e r �� n e s s a d i s -
t r i b u i �� �� o e s p a c i a l u m a c l a r a n o �� �� o d a s v i c i s s i t u d e s e , s o -
b r e t u d o , d a i n s u f i c i �� n c i a d o p a d r �� o e s c o l a r a t r e l a d o a d i s -
c i p l i n a s f o r m a l i z a d a s e m s a l a s d e a u l a e c u r r �� c u l o s ?
A s e g m e n t a �� �� o d a e s t r u t u r a c u r r i c u l a r e m d i s c i p l i n a s
p a r e c e o p o r - s e a o e s p a �� o , q u e s u g e r e u m a p r e n d i z a d o o n d e
o i n d i v i d u a l o u o p e q u e n o g r u p o p o d e s u b s i s t i r c o m v a n -
t a g e m s o b r e o e n s i n o i n s t i t u c i o n a l i z a d o e s o l i d a m e n t e d e -
m a r c a d o e m h o r �� r i o s , d i s c i p l i n a s e a v a l i a �� �� e s . N e s t e e s -
p a �� o p a r a u m a e s c o l a - m o d e l o t u d o e s t �� p r e p a r a d o p a r a
u m a f o r m a �� �� o i n f o r m a l , n �� o - e s t a b e l e c i d a , p o r q u e c o n s -
t a n t e , n �� o - e s t r u t u r a d a , p o r q u e o r g a n i z a d a e m t o r n o d e
p �� l o s d e i n t e r e s s e s m �� l t i p l o s e v a r i a d o s , s e m c o m p r o m i s s o s
c o m o b j e t i v o s p r e d e t e r m i n a d o s , u m e s p a �� o o n d e p e s q u i s a r
�� a p r e n d e r e e n s i n a r a o m e s m o t e m p o , u m e s p a �� o q u e ��
u m d e s a f i o p a r a o e n s i n o e p a r a c o m o e n s i n a r .
N o p r o j e t o d a n o v a F A U , a V i l a P e n t e a d o p e r m a n e c e
e s u g e r e c o m o f a z e r u m e s p a �� o - e s c o l a . S e r �� e s t a a c o n -
t r i b u i �� �� o d a a r q u i t e t u r a p a r a a e d u c a �� �� o : c o m e �� a r a e n s i -
n a r a t r a v �� s d a s p r �� p r i a s s o l u �� �� e s e s p a c i a i s ?
Vocabul��rio cr��tico
Analogia: o b e d e c e n d o a o h �� b i t o m e n t a l d a a s s o c i a �� �� o d e
i d �� i a s , d e s e n v o l v e m o s u m a f a c u l d a d e q u e c o n s i s t e e m
a s s o c i a r i m a g e n s , c o m b i n �� - l a s t o t a l m e n t e o u e m p a r t e s ;
n u m a a t u a �� �� o m a i s r i g o r o s a d e s c o b r i m o s , p e l a a n a l o g i a ,
a p r o x i m i d a d e o u r e l a �� �� o entre e s t r u t u r a s d e f e n �� m e n o s
o u m a n i f e s t a �� �� e s o r i g i n a l m e n t e d i s t a n t e s .
C��digo: s i s t e m a d e s i n a i s o u s �� m b o l o s q u e p o r c o n v e n �� �� o
p r e e s t a b e l e c i d a s e d e s t i n a a t r a n s m i t i r u m a m e n s a g e m
entre u m e m i s s o r e u m r e c e p t o r , q u e p o d e m e s t a r r e p r e -
s e n t a d o s p o r h o m e n s , m �� q u i n a s o u a m b o s .
Cren��a/H��bito: a c r e n �� a �� a i n d i c a �� �� o m a i s ou m e n o s
s e g u r a d e s e ter e s t a b e l e c i d o , e m n o s s a n a t u r e z a o u e m
n o s s o q u o t i d i a n o , u m a t e n d �� n c i a c a p a z d e o r i e n t a r n o s s o s
d e s e j o s e n o s s a s a �� �� e s d a n d o - l h e s u m a c o n f i g u r a �� �� o d e
h �� b i t o . O b i n �� m i o c r e n �� a / h �� b i t o s e o p �� e a u m o u t r o :
c r i s e / d �� v i d a .
Dedu����o, Indu����o, Abdu����o: s �� o os n o m e s q u e d i s t i n g u e m
a s t r �� s e s p �� c i e s f u n d a m e n t a i s e d i f e r e n t e s d e r a c i o c �� n i o .
A dedu����o e x t r a i d a s h i p �� t e s e s u m a t e o r i a o u d i a g r a m a
r e p r e s e n t a t i v o , d e i x a n d o e x p l �� c i t a s o u r e a l �� a n d o a s r e l a -
66
�� �� e s s u b j a c e n t e s �� t e o r i a , s u a v a l i d a d e o u f r e q �� �� n c i a
e , s o b r e t u d o , e x t r a i d a t e o r i a u m a c o n c l u s �� o n e c e s s �� r i a ;
a d e d u �� �� o " p r o v a q u e a l g o d e v e s e r " . A indu����o c o n -
s i s t e e m p a r t i r d e u m a t e o r i a , o b s e r v a r o u s u b m e t e r
a l g u n s f e n �� m e n o s a t e s t e s e x p e r i m e n t a i s a fim de v e r i -
f i c a r s e c o n c o r d a m o u n �� o c o m a t e o r i a ; �� u m r a c i o -
c �� n i o q u e s u p �� e e x p e r i m e n t a �� �� o c o n t r o l a d a , m o s t r a q u e
" a l g u m a c o i s a �� r e a l m e n t e o p e r a t i v a " . A abdu����o c o n -
s i s t e n a c a p a c i d a d e d e c r i a r h i p �� t e s e s e x p l i c a t i v a s o u
e x p l a n a t �� r i a s d e f e n �� m e n o s o b s e r v a d o s n a e x p e r i �� n c i a
o u n a n a t u r e z a ; s �� o h i p �� t e s e s p o s s �� v e i s , m a s n �� o n e c e s -
s �� r i a s e s u j e i t a s a c o n f i r m a �� �� o ou t e s t e a p a r t i r da e x -
p e r i m e n t a �� �� o i n d u t i v a e s u s t e n t a �� �� o t e �� r i c o - d e d u t i v a ,
o u s e j a , s �� o h i p �� t e s e s q u e s u g e r e m i d �� i a s n o v a s , q u e d e -
v e m ser e l a b o r a d a s a b s t r a t a o u t e o r i c a m e n t e p e l a d e d u -
�� �� o e v e r i f i c a d a s p e l a i n d u �� �� o ; a a b d u �� �� o " s i m p l e s m e n t e
s u g e r e q u e a l g u m a c o i s a p o d e s e r " ( P e i r c e , C . P., 5 . 1 7 2 ) .
D��vida/Crise: a d �� v i d a �� um e s t a d o d e s a g r a d �� v e l e i n c �� -
m o d o c o n t r a o q u a l l u t a m o s ; e s s e e s f o r �� o �� o r i e n t a d o
p e l a i n v e s t i g a �� �� o , q u e n o s p e r m i t e s u p e r a r a c r i s e e m
q u e a d �� v i d a n o s p r o j e t a . N o s s a s a �� �� e s s �� o o r i e n t a d a s
p o r h �� b i t o s q u e d e c o r r e m d e c r e n �� a s , p o r �� m e s t a r e g u -
l a r i d a d e e s t �� c o n s t a n t e m e n t e o p e r a n d o c o m d �� v i d a s , q u e
p r e j u d i c a m o e q u i l �� b r i o c a r a c t e r �� s t i c o d a c r e n �� a ; p o r t a n t o
o b i n �� m i o d �� v i d a / c r i s e t e m c o m o a n t �� n i m o u m o u t r o
b i n �� m i o , c r e r i �� a / h �� b i t o .
��cone/��ndice/S��mbolo: c o n f o r m e o m o d o p e l o q u a l u m
s i g n o r e p r e s e n t a u m o b j e t o , ele s e r �� u m : ��cone, s e r e p r e -
s e n t a r u m a q u a l i d a d e q u e �� , s i m p l e s m e n t e , u m a p o s s i -
b i l i d a d e d o o b j e t o ; ��ndice, s e r e p r e s e n t a r u m a q u a l i d a d e
r e a l m e n t e e x i s t e n t e e q u e c a r a c t e r i z a o o b j e t o ; s��mbolo,
s e r e p r e s e n t a r u m a a s s o c i a �� �� o n e c e s s �� r i a c o m o o b j e t o
e q u e a t u a c o m a f o r �� a d e u m a lei.
67
Infer��ncia: �� um c o n h e c i m e n t o ao q u a l c h e g a m o s a p a r t i r
d a e x p e r i �� n c i a e , s o b r e t u d o , c o m o a u x �� l i o d a o b s e r -
v a �� �� o e c o m p a r a �� �� o e n t r e e l e m e n t o s q u e a t r a e m n o s s a
a t e n �� �� o .
Metodologia: s �� o m o d a l i d a d e s d e a �� �� o p a r a a s o l u �� �� o d e
p r o b l e m a s e m u m d e t e r m i n a d o c a m p o d e i n v e s t i g a �� �� o .
N �� o t e m u m f i m e m s i p r �� p r i a , m a s �� o u d e v e s e r a p e -
n a s u m i n s t r u m e n t o d e a �� �� o a d a p t a d a a c a d a o b j e t o d e
p e s q u i s a o u e s t u d o , s e m q u a l q u e r i n t e n �� �� o d e r e c e i t a
o u r o t i n a .
Representar: �� e s t a r em l u g a r d e , isto ��, e s t a r em r e l a �� �� o
c o m a l g u m a c o i s a d e m o d o a p o d e r ser c o n s i d e r a d o p o r
a l g u �� m c o m o s e f o s s e a p r �� p r i a c o i s a r e p r e s e n t a d a .
Semiotiza����o/Semi��tica: t o d a r e p r e s e n t a �� �� o d e u m s i g n o
e m r e l a �� �� o a o o b j e t o r e p r e s e n t a d o �� s e m p r e p a r c i a l ,
p o i s n �� o e s g o t a t o d a s a s f a c e s d o m e s m o o b j e t o . A s s i m ,
s e m i o t i z a �� �� o e n v o l v e a r e p r e s e n t a �� �� o p a r c i a l d o s i g n o
e m r e l a �� �� o a o o b j e t o , m a i s a r e l a �� �� o i n t e r p r e t a n t e q u e o
i n t �� r p r e t e o u r e c e p t o r e s t a b e l e c e e n t r e a q u e l e m o d o d e
r e p r e s e n t a �� �� o e o p r �� p r i o o b j e t o r e p r e s e n t a d o . T o d o
s i s t e m a d e r e p r e s e n t a �� �� o t e m , p o i s , u m a l �� g i c a q u e o
c a r a c t e r i z a ; o e s t u d o cient��fico d e s s a l �� g i c a c h a m a - s e
S e m i �� t i c a .
Signo/Objeto/Interpretante: s �� o e n t i d a d e s i n t e r d e p e n d e n -
tes, m a s n �� o s u b m i s s a s e n t r e si; n e s t a c a d e i a , o s tr��s ele-
m e n t o s s �� o i r r e d u t �� v e i s u m a o o u t r o p o r q u e d e s i g n a m
i n s t �� n c i a s p a r t i c u l a r e s d e u m p r o c e s s o d e s i g n i f i c a �� �� o
q u e c o m p r e e n d e o s tr��s e l e m e n t o s s i m u l t a n e a m e n t e . O
signo e s t �� no l u g a r do o b j e t o e o r e p r e s e n t a p a r a a l g u �� m ;
o objeto �� r e p r e s e n t a d o p e l o s i g n o , q u e t r a n s m i t e s o b r e
e l e a l g u m a i n f o r m a �� �� o ; o interpretante �� a r e l a �� �� o q u e
o i n t �� r p r e t e e s t a b e l e c e e n t r e o o b j e t o e o m o d o c o m o o
s i g n o r e p r e s e n t a e s s e o b j e t o ; l o g o , n �� o �� p o s s �� v e l c o n -
f u n d i r i n t e r p r e t a n t e e i n t �� r p r e t e .
68
Signo-pensamento: q u a n d o p e n s a m o s , t e m o s p r e s e n t e ��
c o n s c i �� n c i a u m a i m a g e m , s e n s a �� �� o o u r e p r e s e n t a �� �� o .
O r a , q u a n d o p e n s a m o s , s u r g i m o s c o m o s i g n o q u e �� s e m -
p r e i n t e r p r e t a d o p o r u m o u t r o p e n s a m e n t o q u e lhe ��
s u b s e q �� e n t e . S e j a o q u e f o r q u e p e n s e m o s , �� m a n i f e s -
t a �� �� o d a n o s s a p e s s o a , �� u m a r e p r e s e n t a �� �� o n o s s a e n o s
f a z s u r g i r c o m o s i g n o s .
7
Bibliografia comentada
B A K H T I N , Mikhail (Volochin��v). Marxismo e Filosofia da
Linguagem. S��o Paulo, Hucitec, 1981.
Disc��pulo de Bakhtin, Volochin��v assina a primeira pu-
blica����o desta obra na R��ssia, em 1929. A raz��o deste
fato n��o est�� suficientemente esclarecida, por��m, hoje,
a autoria da obra �� atribu��da a Bakhtin. �� luz do mar-
xismo, desenvolve uma filosofia da linguagem que pro-
cura estabelecer a natureza ideol��gica de todo sistema
de representa����o, notadamente o verbal.
���. L'��uvre de Fran��ois Rabelais. Paris, Gallimard, 1970.
Tese apresentada pelo autor no Instituto de Literatura
da Academia das Ci��ncias da URSS, em 1946. Nesse
trabalho, a partir da obra de Rabelais, estuda a base
c��mica da cultura popular que se desenvolve durante
a Antiguidade e vai, pouco �� pouco, caracterizando-se
at�� distinguir-se da "cultura oficial" na Idade M��dia.
Para parodiar e negar os valores, mitos e cren��as da
sociedade feudal, o povo reunia-se na pra��a p��blica em
comemora����es de carnaval, que, pelo seu car��ter gro-
tesco, opunha-se �� festa "oficial" e constitu��a a m��xima
express��o do "popular".
70
C H K L O V S K I , V i c t o r . Sur la th��orie de la prose. P a r i s , L ' �� g e
d ' H o m m e , 1 9 7 3 .
S o b a i n f l u �� n c i a m a r c a n t e d o f o r m a l i s m o r u s s o , o a u t o r
d e s e n v o l v e a t e o r i a d e q u e a a r t e o p e r a p e l a d e s c o b e r t a
de p r o c e d i m e n t o s q u e l e v a m o r e c e p t o r a v e r a r e a l i d a d e
d e o u t r o m o d o , o q u e s u p �� e u m r e - c o n h e c i m e n t o , i s t o
�� , n �� o i d e n t i f i c a r , p o r �� m c o n h e c e r o u t r a v e z . E s t e p r o -
c e d i m e n t o s e r i a f u n d a m e n t a l p a r a a c r i a �� �� o d a q u e l a o b r a
d e p e r c e p �� �� o "dif��cil", p o r �� m m a i s d e n s a , c a p a z d e s u -
p e r a r o h �� b i t o e a r o t i n a .
E c o , U m b e r t o . Lector infabula. M i l �� o , B o m p i a n i , 1 9 7 9 .
P a r t i n d o d o leitor l i t e r �� r i o , o a u t o r e s t u d a a c o o p e r a �� �� o
i n d i s p e n s �� v e l d e l e , leitor, n a c o n s t r u �� �� o d a s n a r r a t i v a s ,
s o b r e t u d o a q u e l a s d e c a r �� t e r i n t e r t e x t u a l . M u i t a s d a s
s u a s h i p �� t e s e s p o d e m s e r d e s e n v o l v i d a s e m o u t r o s s i s t e -
m a s d e l i n g u a g e m , a l �� m d o l i t e r �� r i o .
K O P P , A n a t o l e . Ville et r��volution. P a r i s , A n t h r o p o s , 1 9 6 7 .
N e s t a o b r a s �� o d e s e n v o l v i d a s a s p r i n c i p a i s i d �� i a s d o s
a r q u i t e t o s e u r b a n i s t a s r u s s o s q u e , l o g o a p �� s a r e v o l u -
�� �� o d e 1 9 1 7 , p r o c u r a r a m e s t u d a r e c r i a r c o n d i �� �� e s u r -
b a n a s q u e p e r m i t i s s e m o d e s e n v o l v i m e n t o s o c i a l s o b
o u t r o s p a r �� m e t r o s d e h a b i t a �� �� o o u d e c i d a d e . M u i t a s
d e s s a s i d �� i a s n u t r i r a m o d e s e n v o l v i m e n t o d a a r q u i t e -
t u r a e d o u r b a n i s m o e u r o p e u s e m g e r a l .
K O S I K , K a r e l . Dial��tica do concreto. R i o d e J a n e i r o , P a z
e T e r r a , 1 9 7 6 .
E s t a o b r a t e v e s u a p r i m e i r a e d i �� �� o e m 1 9 2 6 , n a T c h e -
c o s l o v �� q u i a , e e s t u d a a r o t i n a d a s n o s s a s a �� �� e s i m p r e g -
n a d a s p e l a c r e n �� a e m d e t e r m i n a d o s f e t i c h e s d i �� r i o s , q u e
t r a n s f o r m a m n o s s a s r e a �� �� e s e m r e p e t i �� �� e s d e h �� b i t o s ,
q u e p r e c i s a m ser d e s m i s t i f i c a d o s p a r a q u e s e j a p o s s �� v e l
o c o n h e c i m e n t o da r e a l i d a d e e o r o m p i m e n t o d o s a u t o -
m a t i s m o s .
71
K U H N , T h o m a s . A estrutura das revolu����es cient��ficas. S �� o
P a u l o , P e r s p e c t i v a , 1 9 7 5 . ( C o l . D e b a t e s . )
N e s t e l i v r o e s t u d a - s e n �� o t a n t o o d e s e n v o l v i m e n t o d a s
c i �� n c i a s , m a s s e u p r o g r e s s o , p o r q u e , s u p e r a n d o - s e o c a -
r �� t e r c u m u l a t i v o d o c o n h e c i m e n t o c i e n t �� f i c o , a p r e s e n t a -
- s e a c i �� n c i a c o m o f r u t o d e u m d e s e n v o l v i m e n t o c o n -
t r a d i t �� r i o e n �� o - p r e v i s �� v e l , d e c a r �� t e r r e v o l u c i o n �� r i o . D e
c e r t a f o r m a , o a u t o r n��o o p �� e c o n h e c i m e n t o c i e n t �� f i c o a
r e v o l u �� �� o c i e n t �� f i c a , m o s t r a n d o c o m o o p r o g r e s s o d a
c i �� n c i a r e s u l t a d e u m a c r i s e q u e q u e s t i o n a a s " c r e n �� a s "
e s t a b e l e c i d a s e m u m r a m o d o c o n h e c i m e n t o e , c o m o
t a i s , a c e i t a s e s e g u i d a s p e l a c o m u n i d a d e c i e n t �� f i c a .
L Y N C H , K e v i n . A imagem da cidade. S �� o P a u l o , M a r t i n s
F o n t e s , [ 1 9 8 2 ] .
O l i v r o �� o r e l a t o de u m a p e s q u i s a r e a l i z a d a s o b a
c o o r d e n a �� �� o d o a u t o r n o C e n t r o d e E s t u d o s U r b a n o s e
R e g i o n a i s d o I n s t i t u t o T e c n o l �� g i c o d e M a s s a c h u s e t t s .
E s t u d a m - s e tr��s c i d a d e s n o r t e - a m e r i c a n a s , B o s t o n , J e r -
sey C i t y e L o s A n g e l e s , a p a r t i r d o a s p e c t o v i s u a l d e
s u a s i m a g e n s , m e t o d o l o g i c a m e n t e a p r e e n d i d a s , e c o m o
r e c u r s o d e a n �� l i s e e s u g e s t �� o d o design u r b a n o . N �� o
c o n s i d e r a a c i d a d e c o m o u m a m a n i f e s t a �� �� o d e l i n g u a -
g e m , m a s a i m a g e m d a c i d a d e c o m o a p e n a s u m a m a n i -
f e s t a �� �� o d o s e u v i s u a l .
P E I R C E , C h a r l e s S a n d e r s . Collected papers. C a m b r i d g e ,
H a r v a r d U n i v e r s i t y P r e s s , 1 9 3 1 - 1 9 5 8 . 8 v .
S o b o t��tulo g e r a l d e P a p �� i s C o l i g i d o s , �� a o b r a q u e
r e �� n e i m p o r t a n t e s t r a b a l h o s d e P e i r c e , o r i g i n a l m e n t e p u -
b l i c a d o s e m r e v i s t a s e s p e c i a l i z a d a s d a s u a �� p o c a . A t u a l -
m e n t e , a I n d i a n a U n i v e r s i t y P r e s s ( B l o o m i n g t o n ) e n -
c a r r e g a - s e d a p r i m e i r a p u b l i c a �� �� o d a s o b r a s c o m p l e t a s ,
q u e t �� m c o m o t��tulo Writings of Charles Sanders Peirce.
A t �� o m o m e n t o f o r a m l a n �� a d o s q u a t r o v o l u m e s . A r e f e -
r �� n c i a d o s t e x t o s c o n s t a n t e s e m P a p �� i s C o l i g i d o s �� indi-
72
cada conforme o original ingl��s, ou seja, Collected
papers ( C . P . ) , mais o n��mero do volume e do par��-
grafo correspondente ao texto em quest��o.
���. Semi��tica. Trad. Jos�� Teixeira Coelho Neto. S��o Paulo,
Perspectiva, 1977.
���. Semi��tica e filosofia. Trad. Octanny Silveira da Mota
e Le��nidas Hegenberg. S��o Paulo, Cultrix, 1972.
Os pensadores vol. X X X V I , S��o Paulo, Abril Cultural,
1974. Trad. de Armando Mora D'01iveira e S��rgio Po-
merangblum.
S��o as tr��s obras que, em portugu��s, apresentam tradu-
����es de alguns textos de Peirce extra��dos dos Collected
papers e de interesse para este trabalho.
V �� R I O S A U T O R E S . A literatura e o leitor. Sel. e Trad. de
Luiz Costa Lima. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1979.
Trabalho que re��ne alguns textos expressivos da mo-
derna Teoria da Recep����o de origem alem��. S��o textos
de Jauss, Stierle, Iser, Gumbrecht. Atualmente, a Teoria
da Recep����o constitui um importante esfor��o no sentido
de reintroduzir o estudo de quest��es cruciais da hist��ria
e da cr��tica liter��ria a partir do receptor. Embora privi-
legiem a literatura, estes enfoques podem e devem ser
expandidos para o estudo de qualquer manifesta����o da
linguagem.
V E N T U R I , Robert; I Z E N O U R , Steven; B R O W N , Denise Scott.
Aprendiendo de Las Vegas. Barcelona, Gustavo Gili,
1978.
Estudo do impacto do simbolismo sobre a arquitetura
e sua capacidade de interferir na linguagem urbana a
ponto de transform��-la. A partir de agudas observa����es,
os autores estudam o caso de Las Vegas e sua arquite-
tura kitsch. Sem preocupa����es metodol��gicas, pelo me-
nos expl��citas, a obra �� uma "leitura" de alguns aspec-
tos e pontos da cidade.
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