domingo, 21 de fevereiro de 2010

história - a República Velha

A república velha. (1889-1930

Ao final da década de 1880, a coroa imperial já não se ajustava
perfeitamente às novas necessidades de um país que havia se modificado
muito, principalmente com a substituição da secular escravatura pelo
trabalho livre. Alguns setores novos da sociedade, que não participavam
do governo imperial, chegaram à conclusão de que a monarquia devia ser
eliminada e substituída por um governo republicano. Assim, uma parte da
elite proprietária de terras, sobretudo das áreas mais novas de expansão
do café, aliada ao exército, depôs o último ministério do Imperador e
proclamou a República. Esses dois setores sociais foram os maiores
interessados na "proclamação da República", porém, no movimento
republicano, mais precisamente nos antecedentes do 15 de novembro de
1889, podemos observar três facções:

O setor militar liderado por Deodoro Da Fonceca, Benjamin Constant e
outros, foi o braço armado da proclamação. A verdade é que, a principal
liderança desse grupo, Deodoro não pensava em derrubar a monarquia, mas
somente o gabinete do Visconde de Ouro Preto.

O grupo do partido republicano, liderado por Quintino Bacaiúva,
representava a elite do movimento. Aliado dos cafeicultores paulistas
aos militares do exército, defendia uma república que deveria surgir de
forma pacífica e sem promover grandes mudanças nas estruturas sociais e
no acesso à propriedade da terra.

O terceiro grupo, que representava o setor mais progressista do
movimento, seu principal líder era Antônio da Silva Jardim. Era Mau
visto pelos membros do partido Republicano e tolerado pelos militares.
Defendia um levante popular armado.
A proclamação foi um movimento militar, sem que os populares soubessem
o verdadeiro motivo. O exército serviu como força capaz de derrubar a
monarquia.

a) A República da Espada. (1889-1894)

O governo provisório.

O governo provisório, liderado por Deodoro da Fonseca, era composto
pelos setores que estudamos anteriormente, mas foram excluídos os
republicanos radicais, como Silva Jardim. Esse governo tomou várias
medidas: dissolveu as Assembléias Provinciais, as Câmaras Municipais e a
Câmara dos deputados; extinguiu o senado vitalício e aboliu o Conselho
de Estado; separou o Estado da igreja. Nomeou interventores para os
Estados que substituíam as antigas províncias do Império. Promoveu a
grande naturalização dos imigrantes que não queriam manter a
naturalidade de origem; convocou uma Assembléia Constituinte para
elaborar a nova Constituição do país.
Em dezembro de 1889, marcaram-se as eleições para a Constituinte, que
seriam realizadas em 15 de setembro de 1890. Nesse curto período de
tempo, apareceram e acirrara-se as divergências entre os grupos na luta
pela Hegemonia do poder. Essas diferenças se mostrariam claramente em
questões econômicas e políticas.
O ministro da Fazenda do governo Provisório foi Rui Barbosa, liberal e
representante dos interesses da nascente burguesia nacional e da classe
média, que tinha grande interesse em impulsionar as novas atividades
econômicas, especialmente a indústria. Rui Barbosa elaborou uma política
financeira sem o conhecimento dos demais ministros que compunham o
governo, motivando as primeiras crises da República. A principal meta do
ministro era a industrialização. Para isso, era necessário estimular a
produção interna, o que seria possível ao aumentar as tarifas
alfandegárias sobre produtos estrangeiros que tivessem similares
produzidos no Brasil, protegendo assim a produção industrial nacional,
mas prejudicando a burguesia agrária latifundiária e exportadora e os
investimentos internacionais. Outra medida tomada por Rui Barbosa foi a
extinção dos pagamentos das indenizações aos antigos proprietários
escravistas, imposto durante o regime imperial, e que contribuía para
abalar o Tesouro Nacional.
Com a abolição da escravatura e a imigração, o país ficou com um
grande número de assalariados. Mas, não se dispunha de papel-moeda
suficiente em circulação. O Brasil não conseguia empréstimos no
exterior, e Rui Barbosa passou a emitir papel-moeda através de alguns
bancos, situados em Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
A emissão de papel-moeda aumentou o dinheiro circulante e reativou os
negócios, mas, como a produção interna não cresceu nas mesmas
proporções, a inflação também aumentou. O crédito fácil resultou em uma
violenta especulação com as ações das empresas que surgiam. Esta
especulação ficou conhecida como Encilhamento. A especulação desenfreada
ocasionou o aparecimento de empresas "fantasmas", isso é, que só
existiam no papel, somente na forma de ações. A inflação aumentou e
conseqüentemente houve muitas falências, levando a uma grande crise da
economia. As más repercussões do Encilhamento e as reduzidas forças
sociais que apoiavam o ministro facilitaram a tarefa dos que desejavam
substituí-lo. Rui Barbosa seria derrubado e a economia brasileira
permaneceria com uma estrutura dependente, agrária e exportadora.

A Constituição de 1891.

A primeira Constituição da República foi promulgada em 24 de fevereiro
de 1891. Suas principais características são:

A forma de governo era o regime representativo: o povo exerceria o
poder indiretamente, por representantes eleitos em pleito direto por
todos os cidadãos do sexo masculino e maiores de 21 anos. O presidente
da República seria eleito por voto direto para um mandado de quatro
anos.

Estabeleceu-se o princípio federativo de origem norte-americana. A ampla
autonomia política era dada aos Estados, o que permitiu-lhes dispor de
um contingente militar maior que o exército federal e contrair
empréstimos externos.

O governo era presidencialista, com clara divisão dos poderes:
legislativo (Câmara dos deputados e senado), Executivo e judiciário.

Foram garantidas a liberdade de imprensa, locomoção, ensino e religião
e igualdade de todos perante a lei.

Instituiram-se o casamento e o registro civil.

O Governo Constitucional de Deodoro (1891).

Embora estivesse previsto que a eleição para presidente e
vice-presidente seria direta, esta regra não foi aplicada à escolha do
primeiro presidente, eleito pela Assembléia Constitucional. Além de
Deodoro, que continuava com o apoio de grande parte do Exército, havia
outro candidato, o cafeicultor paulista Prudente de Morais, prefeito dos
republicanos, civis. Os militares espalharam o boato de que se Deodoro
fosse derrotado, o Exército dissolveria o Congresso pela força das armas
e implantaria uma ditadura militar. Assim, Deodoro venceu seu
adversário por 129 votos contra 97. Como vice, elegeu-se o Marechal
Floriano Peixoto, da chapa de prudente de Morais.
A maioria do Congresso era formada por membros do partido republicano
Paulista (PRP), e não apoiava o presidente, nem seu ministro. Além
disso, os Congressistas desaprovavam o extremo autoritarismo de Deodoro
ao tomar decisões. Para impedir que o presidente tomasse atitudes
ditatoriais, os deputados decidiram apresentar um projeto de lei
reduzindo as atribuições do presidente. Apesar de não ter esse direito,
Deodoro dissolveu o Congresso, o que significava um golpe de Estado. A
marinha tomou posição, ameaçando o Rio de Janeiro, se Deodoro
continuasse no poder. Diante disso, o Marechal decidiu renunciar,
transmitindo o cargo ao vice-presidente, Floriano Peixoto.

O Governo de Floriano Peixoto E O Florianismo.

Com uma base de sustentação política que seu antecessor não
conseguira obter, Floriano buscou consolidar o novo regime através de
um executivo forte e um autoritarismo que às vezes superava o de
Deodoro. Em seu governo se desenvolveu um movimento conhecido por
Florianismo. Este movimento era caracterizado por um sentimento
político associado à figura enérgica e autoritária do presidente, que a
nível econômico manifestou-se através de um ideal desenvolvimentista
ligado a uma política econômica nas seguintes bases:
- Empréstimos à indústria;
- Taxas alfandegárias protecionistas;
Floriano era obrigado por lei, a convocar novas eleições
presidenciais, mas não as convocou, alegando que não estava contrariando
a Constituição, pois fora eleito vice-presidente indiretamente. O
questionamento sobre a autoridade de seu governo gerou revoltas no Rio
de Janeiro, e um manifesto assinado por 13 generais exigindo eleições. As
revoltas foram sufocadas e os generais exonerados. O Congresso,
simpático ao Marechal De Ferro, legitimou-o no poder. As tensões
políticas levaram à explosão de duas revoltas que ameaçaram o poder de
Floriano: A Revolução Federalista e a Revolta da Armada.

b) A República Oligárquica.

Os presidentes civis durante a República Relha foram:
1. Prudente de Morais (1894-1898).
2. Campos Sales (1898-1902).
3. Rodrigues Alves (1902-1906).
4. Afonso Pena (1906-1909).
5. Nilo Peçanha (1909-1910).
6. Hermes da Fonceca (1910-1914.).
7. Venceslau Brás (1914-1918).
8. Epitácio Pessoa (1919-1922).
9. Artur Bernardes (1922-1926).
10. Washington Luís (1926-1930).

Logo após a proclamação da República, surgiram divergências entre
civis e militares, pois estes, influenciados pela doutrina positivista,
julgavam-se destinados à "salvação nacional", defendendo um governo que
centralizasse a maior parte das decisões. Os cafeicultores paulistas, a
mais forte oligarquia estadual, pretendiam um regime federativo, com
ampla autonomia estadual, afim de manobrar com mais facilidade a
economia, em função de seus próprios interesses.

O Modelo Político.

A estrutura política da República Velha era semelhante uma corrente
por três elos, cuja manutenção dependia da integração e da união dos
três. São eles: O poder local, o poder regional e o poder federal.
A nível local, o poder, estava incontestavelmente nas mãos dos
latifundiários, o que originou o fenômeno do coronelismo. A inexistência
da justiça eleitoral, o voto aberto, a falta de mecanismos eficazes de
controle sobre o processo eleitoral e a dependência econômica
asseguravam a maior impunidade para a dominação política do grande
proprietário. Estes manipulavam o voto e conduziam a fraude. Os
camponeses votavam de acordo com as indicações dos coronéis. Era o
chamado "voto de cabresto", "do curral eleitoral" dos fazendeiros. A
indicação dos candidatos dos coronéis estava sempre articulada aos
interesses dos governadores de estado.
O eleitorado votava nos candidatos, ou pela força, ou porque o coronel
"sabe mais", ou por causa do "compadrio".
A nível estadual organizou-se a política dos governadores. Inaugurada
no governo de Campos Sales, essa política representava um acordo entre o
governo federal e os estaduais visando formar um congresso dócil às
decisões presidenciais. Os governadores escolhiam os "bons senadores" e
os "bons deputados", indicando seus nomes aos coronéis, que se
responsabilizavam por garantir a eleição.
Na instância federal, a política e a escolha de um presidente
resultava de um acordo das maiores oligarquias do país: São Paulo e
Minas Gerais. Essa política de conchavos que levava à alternância de
mineiros e paulistas no poder era conhecida por Política do Café com
Leite".

O MODELO ECONÔMICO.

A partir do governo de Prudente de Morais para o de Campos Sales,
consolidou-se o domínio das oligarquias, com a ápice da produção de café
no Oeste de São Paulo. No começo do século o café já era o negócio da
"burguesia rural" paulista, os investimentos ingleses nos setores
infra-estruturais (fretes, seguros) e a definitiva implantação do
trabalho assalariado ajudaram bastante na expansão do café paulista.
Podemos identificar alguns pontos importantes do modelo adotado:
- A política de valorização do café;
- O fundig loan;
- Convênio de Taubaté;

A política de valorização do café pode ser entendida, pois um governo
liderado pelos cafeicultores, protegeria a produção cafeeira. Os lucros
dos cafeicultores era protegido das oscilações do preço do café no
mercado internacional através de uma política de desvalorização
cambial. O Brasil estava a serviço dos interesses privados dos
cafeicultores!
Entretanto, o principal setor da economia. a cafeicultora: continuava
crescendo dentro dos parâmetros coloniais, ou seja, monocultura voltada
para a exportação. A conseqüência era o fraco desenvolvimento na
produção de manufaturados e o crescimento das importações. O problema é
que o país para financiar as importações, se endividava, sobretudo com a
Inglaterra, maior credora do Brasil. Isto levou a uma crise, pois não
conseguia mais saldar suas dívidas externas.
Em 1898, antes mesmo de Campos Sales tomar posse, o ministro da
fazenda, Joaquim Murtinho, foi à Inglaterra renegociar a dívida.
Conhecido como Fundig Loan (empréstimo de consolidação), o acordo
financeiro consistiu no seguinte:

- Como garantia do pagamento da dívida, em um prazo de 63 anos, o
governo hipoteca as rendas da alfândega do Rio de Janeiro e das demais
(se necessário), assim como as receitas da estrada de ferro, Central do
Brasil e do serviço de abastecimento de água do Rio de Janeiro
A partir daí, o governo adotou uma política de contenção da inflação,
de controle dos gastos públicos, de redução dos créditos às empresas e
de aumento dos impostos, sob a fiscalização dos credores. Com isso, a
política de desvalorização cambial ficou inviabilizada, levando os
cafeicultores a adotar uma nova maneira de atender seus interesses. A
tentativa era evitar a superprodução que derrubava os preços. Isso no
entanto foi insuficiente, o que levou a assinatura do Convênio de
Taubaté, em 1906, último ano do governo de Rodrigues Alves. O Convênio
era assinado pelos governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro. Através dele, os Estados se comprometiam:
- Contrair empréstimos de 15 milhões de libras, garantidos pelo governo
federal, com o objetivo de comprar os excedentes de produção. Dessa
forma, regulava-se a oferta e garantia altos preços;
- Criar um fundo em moeda forte para a estabilização do mil-réis (caixa
de conversão);
- Proibir o plantio de novos cafezais.
São Paulo foi o único Estado que confirmou o convênio, respondendo pela
metade da produção mundial de café. Mas atrás do governo paulista,
estava o federal garantindo tudo.

A Indústria Na República Velha.

O capital e o consumo gerados pelo café levaram ao desenvolvimento de
um certo tipo de indústrias, pois os cafeicultores investiam seus
lucros em ferrovias, portos, bancos e sociedades comerciais. Além disso,
essas novas empresas geraram lucros que puderam ser investidos na compra
de máquinas. Aos poucos a população urbana começava a aumentar, graças
ao (xodo rural), à imigração e à redução da mortalidade nas áreas
urbanas. Nas cidades, os setores da classe média estavam ansiosos por
artigos importados e bens de consumo em geral. A grande
industrialização da República Velha concentrou-se principalmente no
Estado de São Paulo e Rio de Janeiro, na época o Distrito Federal. A
concentração geográfica da indústria do sudeste explica-se pelo seu
relacionamento com a economia cafeeira. Durante quase um século, o café
criou nessa região toda a infra-estrutura necessária ao desenvolvimento
industrial, transportes, eletricidade, bancos, mercado consumidor, maior
urbanização e etc. Mas, por outro lado, essa concentração no sudeste
dificultou a formação de um mercado nacional que pudesse solidificar o
desenvolvimento industrial brasileiro.

O Modelo Social.

A classe dominante na República Velha era formada pelas oligarquias,
especialmente a dos cafeicultores. O poder era incontestável, a nível
nacional e regional. Mas a elite apresentava divergências internas, que
acabava resultando em rachas nas eleições. Foi o caso da eleição de
1910, onde Minas Gerais e Rio Grande do Sul apoiavam o marechal Hermes
da Fonceca enquanto São Paulo e Bahia apoiavam Rui Barbosa, com sua
"Campanha civilista".
O proletariado nacional formou-se inicialmente do elemento imigrante,
mas a partir de 1910, o trabalhador nacional passou a ser maioria. As
condições de vida eram péssimas: longa jornada de trabalho, multas,,
perseguições, proibições de organização etc. O resultado foi o
surgimento de organizações operárias, greves e agitações sociais. Os
sindicatos surgiram em 1907, e a nível nacional foram formadas
associações promovidas pelo operariado nos centros urbanos industriais
do país, grandes o suficiente para atemorizar a classe dominante. Esses
movimentos foram influenciados pela Revolução Russa, mas no início
tinham a liderança dos anarquistas, mas depois as correntes socialistas
passaram a dominar os movimentos. Em 1922, era fundado o partido
comunista do Brasil: PCB.

A Crise Da República Oligárquica.

Na década de 1920, a República Oligárquica entrou em crises, até o seu
desaparecimento com a Revolução de 1930. A crise estava associada a
vários fatores: o descontentamento de setores do exército; a crescente
insatisfação dos de classe média que o sistema político não absorvia; e
principalmente, as dissidências entre as oligarquias dominantes, quando
algumas delas passaram a combater a hegemonia das oligarquias paulistas
e mineiras sobre a vida política nacional. Como manifestações dessa
crise, tivemos a formação do Partido comunista do Brasil. (PCB), a
Semana de Arte Moderna e o Tenentismo.

A Fundação do Partido Comunista do Brasil. (PCB).

O Partido Comunista surgiu da união de diversas associações: A Liga
Comunista de Livramento (RS); A União Maximalista de Porto Alegre O
Círculo de Estudos Marxista de Recife; e O grupo Comunista Brasileiro
Zumbi, do Rio de Janeiro. Foi o resultado de debates dessas associações
sobre o anarquismo e a Revolução Russa de 1917. Chegavam a conclusão que
o anarquismo não era capaz de realmente atingir a transformação da
sociedade, e passaram a adotar o centralismo democrático e a disciplina
partidária. Em reuniões realizadas em março de 1922 em Niterói, os
delegados das associações, intelectuais, operários, fundavam o partido.
O partido após a fundação, só teve quatro meses de existência legal,
sendo proibido pelas autoridades, passando a clandestinidade.
No movimento operário, o partido defendia a união da luta sindical com
a luta com a ação partidária. Procurava participar das eleições,
formando frentes únicas, mas com resultados inexpressivos.

A Semana De Arte moderna. (1922)

Na década de 20, a maior parte da intelectualidade estava reunida na
academia Brasileira de Letras, que era jocosamente chamada de "República
Velha das Letras". A prosa era ornamental e frívola, onde se escrevia
sobre amenidades, como o chamado "Conto Sertanejo", onde uma literatura
artificial tratava os tipos brasileiros do meio rural de forma jocosa.
As raras exceções, como Machado de Assis, Euclides da Cunha, Monteiro
Lobato e Lima Barreto se destacavam da mediocridade geral. Os três
últimos eram inconformados com o passadismo e procuravam conhecer melhor
a realidade brasileira. Na cidade de São Paulo, surge uma vanguarda
literária e artística, atenta a tudo o que se passava na Europa. Esse
grupo era informado sobre as novas tendências literárias e artísticas,
com o futurismo, o Cubismo e o Surrealismo. Esses intelectuais eram
chamados pelos críticos pejorativamente de "futuristas de São Paulo".
Não aceitava o passadismo e o academismo da literatura "oficial" do
Brasil.
O auge do movimento se deu na Semana de Arte Moderna, nos dias 13, 14,
15 e 17 de fevereiro de 1922, no teatro Municipal de São Paulo, com
exposições de artistas plásticos, apresentação de programas musicais e
declamações de versos dos poetas modernistas. O público vaiava, os
jornais criticavam. Mas o modernismo vinha para ficar. Depois da
chamada Semana de 22, surgiram diversas revistas que articulavam os
grupos modernistas. A vida intelectual na República Velha começava a
esquentar, abrindo espaço para novas opções estéticas e políticas.

Tenentismo.

O movimento tenentista, com uma série de revoltas que marcaram a
cirse da República Oligárquica, foi a manifestação
política da baixa oficialidade de um grupo funcional, o exército. Desde
o fim do governo de Floriano Peixoto, a cúpula do exército estava
interessada em acabar com a influência do positivismo nas escolas
militares. A alta oficialidade queria um exército mais técnico,
disciplinado e respeitador da hierarquia. Os soldados passaram a ser
recrutados através do serviço militar obrigatório, e procurou-se
profissionalizar o exército. Em 192, foi proibida a participação dos
militares em manifestações políticas coletivas.
Na década de 20, havia um acúmulo de oficiais nos escalões
subalternos, nos postos de tenente e capitão. Isso se devia à legislação
de aposentadoria e promoção, que permitia limites de idade muito altos
nos postos militares e nas fileiras do exército. A lentidão nas
promoções gerava descontentamento profissional entre os tenentes, o
maior contingente da oficialidade. O descontentamento, o baixo grau de
controle hierárquico, os baixos salários e a situação política do país
criavam condições para as revoltas da baixa oficialidade.
Os "tenentes" se identificavam como os guardiões da pureza das
instituições republicanas, em nome do povo. Eram nacionalistas e
defensores de um poder central forte, um executivo com poderes de
decisão ampliado, mas o movimento carecia de um embasamento
ideológico.
A primeira rebelião tenentista ocorreu em 1922. Uma força de oposição,
dos tenentes, lançou-se a uma reação radical contra o governo de
Epitácio Pessoa, sendo o estopim, o fechamento do clube militar e a
prisão de seu presidente, Hermes da Fonceca. Em 5 de julho, ainda
madrugada, alguns oficiais tomaram o Forte de Copacabana, enquanto
outras unidades se rebelavam. O Congresso decretou Estado de Sítio, e os
tenentes decidiram enfrentar o governo. Os oficiais (17 ao todo) e uns
civis, que a eles se juntaram e marcharam nas areias de Copacabana para
o confronto com as tropas do governo. Dos "18 do Forte" apenas dois
sobreviveram.
No dia 5 de junho de 1924, aconteceu nova revolta, tenentista, agora
em São Paulo. Diversas unidades se rebelaram, e a crítica maior era o
governo de Artur Bernardes, exigindo a formação de um governo
provisório, a eleição de uma Constituinte e a adoção do voto secreto. Os
combates foram violentos, e com a chegada das tropas leais ao governo,
os revoltosos fugiram para o interior. em Foz do Iguaçu, os paulistas se
aliaram a outra coluna de revolucionários que vinham do Rio Grande do
Sul, chefiada pelo capitão Luís Carlos Prestes. Com a fusão das duas
colunas revoltosas e sob o comando do general Miguel Costa e do capitão
Luís Carlos Prestes, estava formada a Coluna Prestes. Os rebeldes
percorreram 24000 quilômetros de abril de 1925 a fevereiro de 1927,
incitando a população do interior a lutar contra as oligarquias.
Formavam um contingente de 800 a 1500 pessoas, não perdendo nenhum dos
53 combates em que enfrentou as tropas governamentais, ou os jagunços dos
coronéis. Em 1927, a Coluna se desfez e os principais líderes foram para
a Bolívia.
A fragilidade programática dos tenentes, assim como a ausência de
relações com as classes sociais do país contribuiu para que os tenentes
não atingissem naquele momento seu objetivo.

a revolução de 1930.

O último presidente da República Velha foi Washington Luís
(1926-1930). As revoltas tenentistas já estavam dominadas e em 1927 o
governo colocou em vigor a Lei Celerada, que censurava a imprensa e
restringia o direito de reunião. Os mais atingidos eram os tenentes e os
operários. Tudo levava a crer que o país estava em calma e não haveria
mais perigo. Mas as aparências muitas vezes enganam!
Devemos então, identificar os fatores responsáveis pela queda da
República Oligárquica:

1. A crise de 1929:

Com a crise do sistema capitalista em 1929, o mundo
inteiro entrou em crise econômica, com exceção da União Soviética. O
Brasil, nação agroexportadora, dependente totalmente de mercado externo
e vendedor de um artigo de sobremesa, (café), sentiu imediatamente os
efeitos dessa crise. Houve uma retração do mercado consumidor, a
suspensão do financiamento para a estocagem do café, e exigência da
liquidação imediata de débitos anteriores. A famosa política de
valorização do café não poderia mais ser sustentada pelo governo
federal, abrindo uma brecha no poder das oligarquias cafeicultoras.

2. A Divisão das Oligarquias:

Em 1930, começava a questão sucessória para o cargo de presidente da
República. O hábito era o rodízio entre paulistas e mineiros (política
do café com leite) mas o presidente Washigton Luís não indicou um
mineiro como era esperado, preferindo apoiar um paulista (Júlio
Prestes).
Antônio Carlos (Prestes) de Minas) esperava ser o candidato do governo, e
ficou frustrado. Acontece aí a divisão entre o PRP e o PRM, partidos que
davam base a República Velha. Minas Gerais, através de Antônio Carlos
procurou o apoio do Rio Grande do Sul para articular a candidatura de
oposição. Nascia a Aliança Liberal, com Getúlio Vargas como candidato à
presidência e João Pessoa (da Paraíba) como vice. A campanha da Aliança
Liberal era em cima de reformas políticas: voto secreto, anistia
política, criação de leis trabalhistas, ganhando o apoio da massa urbana
e até dos tenentes.

3. A Vitória de Júlio Prestes:

Nas eleições de 1930, o candidato eleito foi Júlio Prestes. Os antigos
políticos gaúchos já tinham aceitado a derrota, quando políticos mais
novos, como Oswaldo Aranha e Lindolfo Collor se juntaram aos tenentes
Juarez Távara e Miguel costa, que questionaram o resultado da eleição.
Ocorre então, na Paraíba, o assassinato de João Pessoa (por Motivos
Pessoais), mas com o clima político, sua morte serviu como bandeira
para os aliancistas desencadearem um movimento armado contra a
oligarquia paulista. Em 3 de outubro de 1930 a oposição estava unida e
no Rio Grande do Sul começava um movimento militar, ao mesmo tempo do
Nordeste.

Washington Luís, estava isolado, sem o apoio até do seu estado (são
Paulo). Os Generais Mena Barreto, Tasso Fragoso e o Almirante Isaías de
Noronha, depuseram o presidente. Washington Luís partia para o exílio e
Getúlio assumia a chefia do governo Provisório.
1 arquivo anexado:

A república velha.txt

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