E. Larreula e R. Capdevila
C - L333
Editora Scipione
1990
Texto proveniente de:
Seção Braille da Biblioteca Pública do Paraná
Material destinado às pessoas com deficiência visual, não podendo ser
utilizado com fins comerciais.
<p>
Nota da contra-capa do livro
Tudo parece dar errado com a Bruxa Onilda: ela nasceu meio antes do tempo,
quase morreu afogada ao cair da prancha de windsurf, seu marido sumiu no dia do
casamento...
Mas nem só de desgraças vive a Bruxa Onilda.
Participar de suas aventuras divertidas, sempre cheias de bom humor e
otimismo, é um prazer enorme, reservado só para aqueles que a conhecem de perto.
E você não vai querer ficar de fora, vai?
Final da nota da contra-capa
Nota da orelha do livro
O curioso livro que está desenhado na outra orelha é um manuscrito que o
famoso antiquário Benjamin Catador encontrou no duplo fundo secreto de um velho
baú que ele havia comprado de um vendedor ambulante.
Quem tinha escrito o livro?
Ninguém sabia.
Quando tinha sido escrito?
Ninguém sabia.
O que dizia o livro? Impossível saber, porque estava escrito com uns
garranchos estranhos e misteriosos.
Benjamin Catador, muito curioso, passou anos e anos tentando decifrar o
conteúdo daquele livro secreto, mas não conseguiu.
Um dia, um mago chamado Magicus Tremendus descobriu que se tratava do diário
da bruxa Leonilda Caldeira, escrito por ela mesma.
Esta descoberta foi considerada muito importante por todos os sábios do mundo,
porque Leonilda Caldeira, mais conhecida como Bruxa Onilda, era uma das últimas
representantes das bruxas da velha escola de magia.
Magicus Tremendus, que tinha sido farmacêutico quando jovem, descobriu também
que o livro não estava escrito em código: a Leonilda é que tinha uma letra
péssima.
Aqui, lhe oferecemos um dos capítulos da vida extraordinária da Bruxa Onilda,
tal como ela deixou escrito.
Estamos certos de que despertará seu interesse, como despertou o de todos os
sábios do mundo.
Final da nota da orelha
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As férias da Bruxa Onilda
Naquele verão, o calor estava insuportável. O jeito era tirar umas férias e ir
para um lugar tranqüilo e bem arejado.
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Com tanto calor, nada como uma praia. E foi prá lá que eu fui. Nem bem cheguei
à praia, vi que tinha mais gente do que areia. "Melhor assim!", pensei. "No meio
dessa multidão ninguém vai me reconhecer e eu vou ficar sossegada."
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Quando saí pela cidade procurando um hotel, percebi que todos me olhavam. Não
sei por que tanta curiosidade.
Consegui um quarto, bem de frente para o mar. "Será um ótimo lugar pra
descansar", pensei.
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E, para não ser reconhecida, comprei um chapéu de palha e óculos de sol.
Mas todo mundo continuava com os olhos em cima de mim. Seria por causa do meu
vestido?
<p>
Aí, resolvi trocar de roupa. Com maiô, talvez não chamasse tanto a atenção.
Mas me enganei. Não sei quem espalhou que só a Bruxa Onilda usaria um maiô tão
fora de moda. Adeus sossego! E não parei mais de dar autógrafos.
<p>
Na rua, as pessoas me fotografavam e me paravam para conversar. Até um artista
pintou o meu retrato e nem quis cobrar.
De tarde, vi que organizavam um campeonato de castelos de areia. Fiquei toda
animada pra participar.
<p>
Ganhei o campeonato. Também, pudera! Afinal, morei a vida inteira num castelo!
O prêmio foi uma prancha de windsurf, com vela e tudo, que eu logo quis
experimentar.
<p>
Nossa! Nunca pensei que esse negócio fosse tão difícil!
Quase me afoguei. Já tinha engolido uma meia dúzia de peixes, quando um jovem
me salvou a vida.
<p>
Levaram-me ao hotel pra descansar, mas não foi possível: não parava de chegar
gente querendo me conhecer. Fiquei tão nervosa que resolvi fugir pela janela,
montada em minha vassoura.
<p>
Mas saí tão afobada que, em vez da vassoura, peguei o esfregão que a mulher da
limpeza tinha deixado ali, no canto do quarto.
Foi uma queda tão feia, que quase me arrebento toda, inclusive a dentadura.
<p>
Nem no hospital pude descansar. Médicos, enfermeiras, auxiliares de
enfermagem, visitantes, estagiários, todo mundo queria me ver, pedir autógrafos
e receitas mágicas para curar calos, verrugas, caspa...
<p>
E quando saí do hospital, dei de presente o meu equipamento de praia e voltei
depressa pra casa. Eu queria era descansar das férias! O diretor do hospital
disse que eu poderia voltar se me acontecesse alguma coisa, e até me prometeu um
bom desconto. É, nunca se sabe...
Fim
O casamento da Bruxa Onilda
E. Larreula e R. Capdevila
C - L333
Editora Scipione
Quarta edição
1992
Texto proveniente de:
Seção Braille da Biblioteca Pública do Paraná
Material destinado às pessoas com deficiência visual, não podendo ser
utilizado com fins comerciais.
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Nota da contra-capa do livro
Tudo parece dar errado com a Bruxa Onilda: ela nasceu meio antes do tempo,
quase morreu afogada ao cair da prancha de windsurf, seu marido sumiu no dia do
casamento...
Mas nem só de desgraças vive a Bruxa Onilda.
Participar de suas aventuras divertidas, sempre cheias de bom humor e
otimismo, é um prazer enorme, reservado só para aqueles que a conhecem de perto.
E você não vai querer ficar de fora, vai?
Final da nota da contra-capa
Nota da orelha do livro
O curioso livro que está desenhado na outra orelha é um manuscrito que o
famoso antiquário Benjamin Catador encontrou no duplo fundo secreto de um velho
baú que ele havia comprado de um vendedor ambulante.
Quem tinha escrito o livro?
Ninguém sabia.
Quando tinha sido escrito?
Ninguém sabia.
O que dizia o livro? Impossível saber, porque estava escrito com uns
garranchos estranhos e misteriosos.
Benjamin Catador, muito curioso, passou anos e anos tentando decifrar o
conteúdo daquele livro secreto, mas não conseguiu.
Um dia, um mago chamado Magicus Tremendus descobriu que se tratava do diário
da bruxa Leonilda Caldeira, escrito por ela mesma.
Esta descoberta foi considerada muito importante por todos os sábios do mundo,
porque Leonilda Caldeira, mais conhecida como Bruxa Onilda, era uma das últimas
representantes das bruxas da velha escola de magia.
Magicus Tremendus, que tinha sido farmacêutico quando jovem, descobriu também
que o livro não estava escrito em código: a Leonilda é que tinha uma letra
péssima.
Aqui, lhe oferecemos um dos capítulos da vida extraordinária da Bruxa Onilda,
tal como ela deixou escrito.
Estamos certos de que despertará seu interesse, como despertou o de todos os
sábios do mundo.
Final da nota da orelha
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O casamento da Bruxa Onilda
Quando jovem, eu era uma mulher lindíssima. Andava sempre muito elegante e,
por isso, tinha muitos pretendentes.
Uma dia, varrendo a casa pra cá e pra lá, achei uma moeda de ouro.
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Primeiro pensei em vendê-la e depositar o dinheiro na Caderneta de Poupança,
mas logo desisti. Achei melhor comprar alguma coisa que me deixasse ficar ainda
mais bonita. Eu era tão convencida!...
E foi o que fiz. Comprei um grande laço azul da cor do céu e o amarrei na
ponta do chapéu.
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Resolvi fazer uma faxina geral na casa para deixá-la brilhando como eu.
Comecei pelos vidros da porta da frente para que todos pudessem ver como eu
estava bonita.
Estava quase terminando, quando apareceu um esqueleto - vocês sabem que nós,
as bruxas, temos umas amizades meio esquisitas... Só de me ver ficou apaixonado
e fez uma declaração de amor. Disse que era um bom partido, que comia pouco e
que estava louco por meus ossos. Só impôs uma condição: que não tivéssemos
cachorro em casa, pois de cachorro ele morria de medo!
Nem dei bola pra ele! Sei lá!... Era magro demais e, além disso, não gosto de
carecas. Ele foi embora mergulhado num mar de lágrimas, dizendo que, de tanto
desgosto, era capaz até de voltar a viver.
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Estava limpando a garagem, quando - pá! Pá! Pá! - ouvi uns passos e vi que se
aproximava, sorrindo, o monstro Frankenstein.
Declarou-se ali mesmo, e ali mesmo levou um fora. Ele era tão alto e tão forte
que fiquei com medo. E se um dia ele me desse uma pisada? Meu pobre pé ficaria
achatado como o pé de um pato.
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Mais tarde, quando passava o aspirador de pó nos tapetes, apareceu um
fantasma, que também estava apaixonado por mim e se declarou dizendo: UUUUUHH!
Mas o coitado não teve sorte: o aspirador engoliu o lençol dele. E ele, tímido
como era, ficou vermelho de vergonha e desapareceu dizendo: UUUUUUUUHH!
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Estava no terraço batendo meu colchão, quando vi se aproximar uma espécie de
morcego enorme voando em ziguezague. Pensei em espantá-lo, mas ele logo virou um
vampiro lindo, daqueles bem elegantes, de fraque e capa preta. E foi dizendo:
"Bruxa Onilda, você, que é tão linda, quer se casar comigo?" Minha resposta foi
não: com aquelas presas tão pontudas, ele mal conseguia fechar a boca. Além
disso, parecia um chuveiro quando falava.
E ele, em prantos, sumiu pelo ar.
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Estava tirando as teias de aranha da torre quando, de repente, apareceu uma
múmia, que me declarou amor eterno, entusiasmada com minha beleza. Prometi
pensar: aquele tipo todo envolto em faixas me dava impressão de ser um daqueles
caras que vivem enrolados. Diante disso, ele voltou ao seu sarcófago para curtir
lentamente sua tristeza.
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Estava no jardim varrendo as folhas secas, quando, por detrás das árvores
iluminadas pelo luar, apareceu um lobisomem. Ele também queria casar comigo, mas
eu disse não. Sabem por quê? Lobisomem só aparece em noites de lua cheia e,
desse feito, a gente só iria se ver uma vez por mês.
E assim, foi embora uivando, com o rabo entre as pernas. Não deu nem tempo de
consolá-lo com um cafuné na cabeça, nem de recomendar uma loção contra pulgas
que era uma verdadeira maravilha.
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Finalmente, quando estava estendendo a roupa lavada no varal, ouvi alguém
assobiar para mim, cheio de admiração. Era um jovem muuiiito interessante, que
vinha com uma flor na mão.
Disse que se chamava Bruxo Pedrusco Pardusco e que, só de me ver, tinha ficado
perdidamente apaixonado e queria casar o quanto antes.
Aí, não resisti e disse sim. Ele tinha cara de bom moço e parecia entender
muito de magia e feitiçaria.
Resolvemos casar no dia seguinte e passamos a manhã inteira mandando convites
a todos os amigos.
E nos casamos. A cerimônia foi emocionante demais... Em companhia de nossos
amigos mais íntimos, fomos comemorar com um almoço bem caprichado no pico mais
alto da montanha mais difícil de escalar do país. Ai, que romântico!...
Quando já tínhamos comido tudo, chegou o momento solene de brindar. Pedrusco
encheu as taças de champanhe e, muito emocionado, prometeu fazer um discurso
depois do brinde.
Assim que tomou o primeiro gole, o pobre Pedrusco foi ficando pequeno,
pequeno, até desaparecer completamente. Procuramos o coitado por toda parte, mas
nada! Houve até quem dissesse que ele sumiu para não pagar a conta.
Acontece que Pedrusco tinha bebido vinho demais e já estava meio tonto. Na
hora do champanhe, trocou as garrafas e encheu a taça com uma poção mágica que
eu tinha preparado para dar sumiço nas moscas. E ele não voltou nunca mais.
Coitadinho!...
<p>
E assim, eu passei de solteira a casada e de casada a viúva, tudo no mesmo dia.
O pior foi que Pedrusco sumiu tão de repente que nem deu tempo de me ensinar a
fórmula mágica para acabar com os calos. Essa fórmula só ele conhecia e
funcionava às mil maravilhas.
Fim
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