terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

para alessandra e kem mais kiser: 52 histórias infantis.

1 - A BOA IDÉIA DE SUZANA
A história que segue mostra como Suzana escolheu fazer o que agrada a Jesus.
Suzana olhou alegremente ao seu redor e para os pequenos convidados. - Faço sete anos hoje! Disse ela. Dentro de um ou dois minutos abrirei meus presentes de
aniversário. Então encontrarei o relógio de pulso que o papai e a mamãe prometeram dar-me, quando eu fizesse meu sétimo aniversário!
Suzana desatou fitas azuis, fitas amarelas, fitas cor-de-rosa - um verdadeiro arco-íris de fitas. Quão interessante era ter uma festa de aniversário!
- Trouxe-te um jogo para limpeza de casa de verdade! E Leti sorriu para Suzana, enquanto os negros cachos lhe dançavam pela face. - Olha, Sue! Leti ajudou Suzana
a desembrulhar o pequenino esfregão para a limpeza do pó, o vidrinho com óleo para a limpeza de móveis, e foi Leti quem colocou em Suzana o lindo aventalzinho estampado
de flores alegres. Até havia um pequeno espanador, e uma vassoura!
- Você agora pode arrumar seu próprio quarto, Suzana, disse-lhe a mãe, sorrindo.
Suzana acenou com a cabeça.
Ajudar a mamãe agora seria coisa realmente bem interessante.
Tinha somente mais um presente a desembrulhar e esse devia ser o relógio de pulso. Havia numa caixa cor-de-rosa e prateada. Havia realmente um relógio! E aí
Suzana viu Nete, com seu engraçado narizinho chato, espreitando pelos vãos da cerca. Neti parecia estar fazendo o possível para não chorar! Não vou convidar Neti
Almeida, vai se desfazer em pranto e molhar todos os meus presentes, e portar-se mal, dissera Suzana a sua companheira predileta Leti. Esta concordara com ela...
Suzana voltou as costas para a cerca, e fez de conta que Neti fora embora. Começou a brincar de "lenço-atrás" com as outras crianças, mas, por mais que fizesse,
não podia achar graça no brinquedo. Não, não havia graça alguma. Até Leti não demonstrava vontade de brincar, e olhava triste para Neti.
Durante toda a manhã Suzana excluíra Neti da mente. No dia anterior, quando sua mãe lhe dissera bondosamente: - Querida Suzana, não gostaria você que Neti tomasse
parte, amanhã, na sua festinha de aniversário? Suzana batera o pé e dissera: "Não!".
A mãe estivera muito ocupada, fazendo os bolos para a festinha, e arranjando os brinquedos e outras coisas, mas parara para dizer: - Temo que você magoe Neti,
Suzana. Bem sei que lhe prometi que poderia escolher os companheiros que desejava que viessem no seu aniversário, mas não seria melhor que qualquer hora, hoje,
você desse um pulo e convidasse Neti? Ela, certamente, não assiste a muitas festas de aniversário, e haveria de gostar bastante se a convidasse. Não espere que lhe
traga um presente, querida, porque seus pais são muito pobres.
Tão ocupada estava a mãe de Suzana com os planos da festinha, que se esqueceu de Neti, justamente como Suzana esperava que acontecesse.
- Convidou Neti? Perguntou-lhe a mãe. (Suzana pendeu a cabeça e corou de vergonha, pois ela e Leti haviam rasgado o lindo cartão cor-de-rosa do convite reservado
para Neti.) Confiei na minha pequena, senão eu mesma tê-la-ia convidado, disse gravemente a mãe de Suzana, demonstrando estar bem triste.
Suzana sentiu-se muito mal. Ali estava ela, com os presentes empilhados ao seu redor e o belo relógio de pulso no braço a fazer tique-taque, mas não tinha nem
um pouco de alegria. Nem um pouco! Suzana sentiu como se fosse a menina mais infeliz do mundo, pois repentinamente vira quão egoísta tinha sido, quão falta de bondade
para com Neti. Todos podiam ver Neti choramingar agachada atrás da cerca, procurando ver a mesa de aniversário!
Foi nesse momento que Suzana teve a boa idéia.
Girou velozmente, e correu o mais depressa possível até o passeio e ao redor da cerca, até encontrar Neti. - Venha para a festa! Suzana tomou na sua à mão
de Neti, apertando-a com satisfação. Quão bem se sentia agora!
- Vou dar-te o meu aventalzinho branco. Neti quero dizer que será seu mesmo... Já fiz sete anos hoje; sete, realmente! E Suzana meditava, enquanto cortava
um pedaço do bolo de aniversário para Neti. "Não posso continuar a ser mesquinha para ninguém, porque estou quase moça!".
02 - A EXPOSIÇÃO DE FLORES DE GUILHERME
Guilherme, um dia, foi com sua escola visitar uma exposição de flores. Era muito divertido sair com os professores e com as outras crianças. Guilherme deu a mão
para seu melhor amigo e para algumas outras mamães, e os professores também estavam ali junto com eles.
Quando voltou para casa, Guilherme contou para a mãe tudo o que tinha visto na exposição de flores. Ele contou que tinha visto flores azuis, flores cor-de-rosa,
e flores amarelas. Havia muitas flores, tipos diferentes, eram tantas que Guilherme não pôde ver tudo.
Guilherme estava tão excitado que quase não podia parar de falar.
A mamãe ficou feliz em ver que Guilherme gostava de flores. E ela disse:
- Guilherme, estou contente porque você gosta das flores, porque algum dia nós vamos a um lugar onde existem flores muito mais bonitas do que as que você viu
hoje.
- Onde, mãe? Onde? Eu quero ir - disse Guilherme feliz, pulando, pronto para ir ali.
- Não é agora, Guilherme - disse a mamãe. - Logo Jesus vai voltar para nos levar a um lugar maravilhoso, chamado Céu. Lembra que estudamos sobre o Céu na lição
da Escola Dominical. Lá vamos ver lindas flores como as que você viu hoje, e além disto, haverá outras coisas bonitas. Lá vai haver bonitos pássaros que cantam,
e animais com os quais poderemos brincar. Além disso, todos vamos ter uma coroa brilhante para usar. Vai ser maravilhoso ir para o Céu. E Jesus vai estar conosco
lá. Ele vai nos dizer o nome de todas as flores, também vai fazer com que elas cresçam. Eu quero ir para o Céu, você também quer?
- Sim, mamãe, eu quero ir para o Céu. Quero ver as flores, quero usar uma coroa, e principalmente, quero ver a Jesus - disse Guilherme para sua mãe.
Eu também quero ir, e vocês?
Que coisas Jesus criou que vocês gostam hoje? Vocês acham que elas serão ainda melhores quando estivermos lá no Céu? De que maneira?
03 - A HISTÓRIA DE DUQUE
- Vocês gostariam de ouvir o meu cavalo falar? - perguntou o Sr. Oliveira, por cima da cerca dos fundos, para os três meninos que tinham se mudado recentemente
para aquela vizinhança e estavam brincando num terreno vazio ali perto.
- Oh, sim - respondeu Tony, e todos os três vieram correndo.
O Sr. Oliveira abriu o portão e deixou que eles entrassem na estrebaria. O Sr. Oliveira era um dos bons policiais da cidade. Ele gostava muito de meninos e também
gostava muito de cavalos. Os meninos tinham visto seu bonito cavalo branco bem na frente de um desfile. Eles gostavam de ver o Sr. Oliveira escovar o Duque, e pentear
o seu rabo e sua crina. Ele trazia uns dois ou três baldes de água morna e lavava Duque por inteiro. O cavalo ficava parado em pé, olhando ao redor de vez em quando.
Se fosse um desfile muito especial, o Sr. Oliveira também dava polimento nos cascos de Duque. Depois pegava uma sela muito limpa e brilhante que com todo cuidado
colocava em cima do cavalo, e gentilmente, mas com firmeza amarrava o cinturão.
O Sr. Oliveira sempre usava sua roupa de montaria - camisa amarela e calça marrom. Também usava um chapéu marrom. O chapéu era tão grande que parecia um sombreiro
mexicano. Ele também tinha espora brilhante, mas muito raramente as usava.
Nas grandes paradas, a melhor banda normalmente estava bem atrás de Duque e do Sr. Oliveira. Duque havia sido treinado para saber o que fazer quando o Sr. Oliveira
batesse no seu lado ou puxasse as rédeas. Ele podia marchar e marcar o tempo da música. Algumas vezes ele parava prestando atenção por uns minutos. Ele podia se
sustentar em suas patas traseiras e levantar as patas dianteiras como se fosse um cachorrinho ensinado.
Muitas vezes ele balançava a cabeça com impaciência, e andava de um lado para o outro, ansioso para mostrar o que realmente sabia fazer. Quando a banda começava
a tocar uma marcha alegre, ele podia marchar e mover a cabeça no compasso da música, no tempo perfeito.
Neste dia especial, o Sr. Oliveira queria mostrar para os meninos que seu cavalo podia fazer alguma coisa mais do que marchar no tempo da música, como fazem
os soldados.
- Vocês sabiam que o meu Duque pode falar? - começou a perguntar logo que fechou o portão. Os meninos arregalaram os olhos e prestaram atenção.
- Eu nunca ouvi um cavalo falar - disse Frederico
- Bem, o Duque fala - disse o Sr. Oliveira. - Você não será capaz de ouvir, mas poderá ver como me responde.
- Como é isto? - todos perguntaram de uma só vez.
- Ele pode escrever? - perguntou Daniel, porque uma vez tinha visto um cavalo pegar um lápis com seus dentes e fazer números.
- Vou fazer umas perguntas para ele - disse o Sr. Oliveira. - Duque, você já tinha visto estes meninos antes? - ele começou. O cavalo começou a mover sua cabeça
para cima e para baixo, de maneira a dizer "Sim".
- Algum deles jogou pedras em sua estrebaria?
Novamente Duque moveu a cabeça para cima e para baixo.
Os meninos se lembraram de que haviam jogado pedacinhos de madeira, cascas e também pedras, através da cerca para ver Duque correr, e ficaram felizes porque
o Sr. Oliveira não olhou para suas caras de culpados.
- Você gosta disto, Duque? - perguntou o Sr. Oliveira. O cavalo balançou fortemente a cabeça de um lado para o outro.
- Eu sei que vocês gostam de Duque tanto quanto eu. Vocês não quiseram machucá-lo. Se ele tivesse ficado assustado por causa da pedra, poderia ter se jogado
contra a cerca e quebrado a perna, ou ter furado um olho, poderia ter rompido a cerca e corrido para fora - disse o Sr. Oliveira.
- Nós não jogaremos mais nada contra ele novamente - disse Daniel. - Não pensamos que poderíamos machucar o Duque, somente pensamos que seria divertido ver como
ele pulava e corria.
- Não haveria nenhum outro cavalo que liderasse a parada se ele tivesse fugido - acrescentou Frederico pensativamente.
Tony estava pensando em uma coisa muito dura.
- O senhor teria que dar um tiro nele se por acaso tivesse quebrado uma perna, teria que matá-lo, não teria, Sr. Oliveira?
O Sr. Oliveira baixou a cabeça, enquanto trazia uma forte caixa de madeira que colocou na frente de Duque. O cavalo colocou suas patas em cima da caixa. Então
ele levantou a pata direita e dava a mão a cada menino quando lhe davam um pequeno torrão de açúcar.
Tony, Daniel e Frederico vão à estrebaria de Duque cada dia. Mas vocês podem estar certos de que não jogam mais pedra. Mas eles ainda estão admirados de como
Duque sabia responder Sim ou Não às perguntas do Sr. Oliveira.
Por que vocês acham que os meninos jogavam pedras em Duque? Vocês acham que eles sabiam que era errado? Por quê? A que mandamento ou regra estavam desobedecendo
quando eram maldosos para com o cavalo? Será que eles imaginavam o que poderia acontecer ao cavalo quando jogavam pedras nele? O que vocês imaginam que os meninos
estavam pensando quando apertavam a mão (pata) de Duque?
04 - A HISTÓRIA DE ESTELA
Tessa era uma idosa senhora que vivia num dos mais pobres bairros de Roma. Pobre, sem amigos, fiava para ganhar a escassa subsistência.
Convertida à religião cristã, Tessa muitas vezes se dirigia de noite às catacumbas, onde pequeno grupo de consagrados cristãos se reunia secretamente para o culto.
O imperador Nero olhava com amargo ódio a todos os cristãos, e seus soldados sempre estavam de vigia para prendê-los. Era plano desse monstro, para exterminar
a nova religião, mandar todos os cristãos serem espedaçados por feras, para divertimento do povo romano.
Sendo muito pobre e inteiramente desconhecida, Tessa nunca era molestada pelos soldados e vivia em paz fiando, fiando o dia todo.
Certa noite bateram à porta. Embora fosse tarde e ela nunca recebesse visitas, não temeu levantar-se e abri-la. Que tinha a recear quem era tão pobre? Entrou
um homem, conduzindo pela mão uma meninazinha.
- Lúcio exclamou Tessa, admirada. A esta hora! Que grave acontecimento levou você, professor cristão, a expor-se aos perigos destas escuras e perversas ruas?
- Silêncio! Disse ele, levando o dedo aos lábios. Não posso demorar-me. Foram presas hoje centenas de verdadeiros crentes. Amanhã ou depois, serão lançados
aos leões.
- Ah! Que crime cometeram? Suspirou Tessa.
Lúcio apenas meneou a cabeça e murmurou "ai"!
- Esta menininha, continuou, trazendo para frente à criança, chama-se Estela. Os pais foram levados e condenados à morte. Salvei-a e trouxe-a aqui. Sei que a
senhora é pobre. É lhe possível cuidar dela?
- Sim, certamente, respondeu Tessa. Sempre foi meu sonho ter uma frágil criaturinha, como essa para amar e proteger. Agora Deus me concedeu esse desejo. Louvado
seja Seu nome!
Trabalharei para duas, isso é tudo.
- Deus a recompensará também por isso. E agora preciso ir. Adeus, Estelinha. Que o céu as abençoe e as livre da mão dos ímpios!
- Amém! Disse Tessa. Aonde vai a esta hora?
- Unir-me no cárcere a meus infelizes irmãos. Cumpre-me levar-lhes, em seus últimos momentos, o conforto da oração e da palavra de Deus, e depois morrer com
eles.
- Quão nobre e bom é você! volveu Tessa, inclinando-se.
Estela era uma criança doce e terna, e sua presença foi um raio de sol na pobre habitação de Tessa. Nada sabia da terrível sorte dos pais e, pequenina como era,
logo se habituou ao novo lar. Começou a chamar a Tessa "mãe" e interessou-se profundamente na fiação.
Passaram-se assim longos anos e a criança tornou-se encantadora moça. Nada veio empanar o brilho da quieta casinha, e Tessa começou a nutrir esperanças de ter
o imperador encontrado algum outro divertimento que não o de matar cristãos.
Ah! Em breve deveria ser-lhe desfeita a ilusão. Circulou em Roma a notícia de que a estátua de Nero fora danificada por pequeno grupo de cristãos e, sem verificar
se isso era ou não verdade, o imperador começou a castigá-los mais que antes.
Dessa vez Tessa e sua amiguinha não escaparam. Foram levadas por soldados e postas em celas separadas, entre outros infelizes prisioneiros, todos condenados
à morte.
Chegou a manhã do fatal dia em que todos deveriam ser lançados às feras. As celas em que estavam encerrados os crentes eram prisões ao redor da grande arena,
ou circo, e a ela davam acesso, separadas por barras de ferro. Através dessas barras, os infelizes prisioneiros que ainda esperavam sua vez, viam os companheiros
sendo mandados à morte.
Os assentos ao redor do vasto circo elevavam-se fileira sobre fileira e estavam tomados por pessoas que se compraziam em assistir a esses terríveis espetáculos.
Ninguém os apreciava mais que o próprio Nero. Lá estava ele no camarote imperial, numa espécie de embriagado torpor, contemplando a tortura dos cristãos.
As últimas a serem mandadas para a arena foram Estela e a velhinha. Ao ver Tessa, a menina exclamou: "Oh, Mamãe!". Correu para ela pondo-lhe os braços em volta
do pescoço. Estela não viu os leões, nem o imperador, nem o vasto auditório que a contemplava, mas unicamente a amiga, a quem estreitou nos braços.
De repente Tessa soltou um grito penetrante. "Olhe"! Disse ela apontando para frente, com mão trêmula. Estela voltou-se. Enorme leão africano para elas se dirigia
com passo lento e majestoso.
Tessa ajoelhou-se e começou a orar. Estela, encarando o leão, postou-se firmemente em frente da senhora, como para protegê-la. Nessa posição, olhava resolutamente
ao animal, enquanto de todos os lados se levantavam murmúrios de admiração. Até o imperador, surpreso ante a estranha cena, inclinou-se para frente.
O leão avançava. Estela estendeu os braços para fechar o caminho entre a fera e sua mãe adotiva. Os romanos nunca tinham visto tanta coragem, e estrepitosos
aplausos encheram o ar.
Ao ver o que aconteceu caminhou-se para o terrível animal, ajoelhou-se e, pondo-lhe os braços em volta do pescoço, acariciou-o suavemente. Ele deteve-se por
um momento, entre os braços da jovem, e depois, vagarosa e calmamente, voltou-se e foi-se embora.
Nero riu-se. Agradou-lhe a romântica cena. Essa pequena fez alguma coisa nova, disse ele. Não vemos todos os dias tal coragem. Que ela e a mãe sejam postas em
liberdade.
Minutos depois, ambas se dirigiam para casa, louvando a Deus pelo milagre que operara para salvá-las.
05 - A HONESTIDADE DE HENRIQUE
Uma carteira de senhora no banco do bonde! Foi a descoberta que Henrique fez no momento em que o bonde arrancava, depois de uma parada. Henrique vira à senhora que
acabava de descer. Tinha-a visto no bonde e lembra-se de que essa era a carteira que ela levava.
Imediatamente tocou a campainha. Desceria na primeira esquina. Era o que de melhor poderia fazer. Precisava encontrar a dona da carteira. Voltou depressa à esquina
onde a senhora havia descido e encaminhou-se para o lado onde ele a vira seguir. Correu vários quarteirões, olhando à direita e à esquerda, em cada esquina que chegava,
para ver se a via. De repente percebeu que assim nada faria. Parou um pouco para pensar e nesse momento encontrou um de seus amigos, um jovem mais ou menos de sua
idade.
- Parece que você andou correndo - disse Jaime. - Está muito agitado. Que aconteceu?
Henrique contou rapidamente a história da carteira e explicou que não sabia como entregá-la à dona.
- Suponho que pertence a alguma senhora rica - disse Jaime rindo - e você espera receber uma gratificação. Bem poderia ficar com a carteira. Você não receberá
mais do que ela vale e contém. E isso de querer encontrar uma pessoa de quem não sabe o nome, é como procurar agulha em palheiro.
- Não me parece que a dona seja rica, disse Henrique, e, portanto não faço isso visando uma recompensa. Ela vestia-se bem, porém suas roupas não pareciam ser
de muito preço. Quanto a encontrá-la, creio que você tem razão. Mas, quem sabe, se eu olhasse dentro da carteira encontraria o nome e o endereço.
- Como me haveria de rir se nela estivessem apenas alguns níqueis! Isso sim seria uma boa peça, depois de tanta correria...
- Oh! Isso não teria importância alguma, replicou Henrique. Não é a quantia de dinheiro que haja dentro o que me preocupa, mas sim a sua devolução. Você sabe
que, segundo dizem, os grandes ladrões começaram com pequenas desonestidades. Tenho certeza de que todos os que acabam roubando automóveis ou grande soma de dinheiro,
começaram roubando apenas alguns níqueis.
- Nunca pensei nisso - disse Jaime. Mas acho que você tem razão. Muitos começam até por uma fruta ou umas balas. Já tenho visto tanta gente fazer isso e não
dar a mínima importância ao caso! Essas coisas, porém, não lhes pertencem e mais tarde, como você já o disse, farão roubos mais vultuosos.
- Voltando ao assunto da carteira, vejamos o que ela contém.
Henrique abriu a carteira e exclamou:
- Oh! Aqui está um cartão!
Diz: "Sra. H. Lemos, ao cuidado do Dr. D. Lemos. É uma pessoa de muita influência. Tinha uma expressão muito agradável, mas não era diferente de qualquer outra
senhora".
- Talvez, no final você acabe recebendo mesmo uma gratificação - disse rindo Jaime.
- Talvez..., Respondeu Henrique; mas eu não estava pensando nisso.
- Já sei - replicou Jaime. - Já sei. Sei que é honrado. Sei que você não pensava na recompensa, mas dava o primeiro lugar às coisas que vêm em primeiro lugar.
Antes de tudo você quis devolver a carteira.
Ao olharem um pouco mais, viram que havia alguns cheques de banco. Não os contaram. Fecharam depressa a carteira, depois de descobrirem o endereço da Sra. Lemos.
- Devo ir bem depressa à casa do Dr. Lemos a fim de encontrar sua mãe e entregar-lhe a carteira. Já passei pela casa dela, mas não a vi porque mora na terceira
casa depois da esquina e já havia entrado quando lá cheguei. Quer vir comigo, Jaime?
- Não. Preciso voltar para casa. Foi você quem achou a carteira. Não tenho parte nesse assunto. Sinto-me orgulhoso em ser seu amigo. Creio que amanhã a notícia
sairá nos jornais.
Henrique não demorou muito para chegar à casa do Dr. Lemos. Que diria? Não teve, porém, de esperar muito. Perguntou simplesmente se a Sra. Lemos morava ali.
Fizeram-no passar por uma sala onde a mãe do doutor estava sentada junto ao telefone.
Já havia mandado, pelo telefone, um anúncio para o diário e telefonara para a companhia de bondes para que revistassem o carro em que viajara, quando chegasse ao
extremo da linha.
- Acho que tudo será em vão, pensou ela. O mais provável é que alguém a encontrou e quem quer que seja que a tenha achado poderá aproveitar bem a quantia de
dinheiro que continha.
Nem sequer ergueu a cabeça para ver quem estava entrando. Henrique se deteve e disse:
- A senhora conhece esta carteira?
Sua tristeza tornou-se alegria. Henrique nunca soubera quanto prazer podia infundir num momento.
- Oh! Minha carteira! Sim, conheço-a, mas até me parece mentira. Pensei que jamais a tornaria a ver. E aqui estão também os meus cheques. Nunca poderei recompensá-lo
bastante por isso. Dar-lhe-ei dinheiro, mas quero que saiba que aprecio muito um rapaz honrado. São muito poucos. Sente-se. Quero conversar com você antes que se
retire. Quero saber seu nome e seu endereço. Ah! Seu nome é Henrique Martins e mora na Rua do Comércio, 496! Muito bem! Quero que me conte como encontrou minha carteira,
e porque correu tanto para me encontrar quando podia ter ficado com ela, como faria a maior parte dos meninos de sua idade. Ah! Sim. Seus pais o ensinaram a não
guardar qualquer coisa que não fosse sua, não é?
O rapaz anuiu com a cabeça.
- Sim. Lembro-me de quando era bem pequeno, uma vez brincara com um menino vizinho de casa, e levara para casa umas lindas bolinhas que lhe pertenciam. Ele possuía
muitas e nem sequer daria pela falta daquelas. Ao chegar a casa, mamãe me perguntou onde as conseguira. Quando lhe disse que Benjamim tinha muitas e que aquelas
não lhe fariam falta, falou-me do mal que eu acabara de fazer. Que pensa a senhora que minha mãe disse? Lembro-me de suas palavras, como se ela as houvesse dito
hoje:
"- Filho, essas bolinhas não são tuas e não podes guardá-las. Eu irei contigo à casa de Benjamim e lhe devolveremos as bolinhas, dizendo que nunca mais tomarás
alguma coisa que não te pertence".
"Muito me custava fazer isso, mas minha mãe insistiu em que eu os fizesse. Quando disse a Benjamim e a sua mãe quanto lamentava ter feito isso, sua mãe me olhou
sorrindo e isso me animou. Disse ela a minha mãe que poderia ficar com as bolinhas, pois Benjamim possuía muitas. Minha mãe, porém, insistiu em não aceitá-las por
eu as ter levado sem permissão. Não ouvi muito mais o que minha mãe e a de Benjamim falaram, porque comecei a brincar com meu companheiro, mas escutei esta frase
de mamãe:
"- Quero que meu filho seja sempre honrado e nunca tome alguma coisa que não lhe pertença".
- Agora compreendo esse seu gesto, disse a Sra. Lemos. Um jovem cuja mãe proporciona tais lições, nunca verá o cárcere. Muito bem, meu filho. Viva sempre de
acordo com esses ensinos e nunca se perderá.
Depois de curto silêncio, Henrique disse que sua mãe o esperava. Acrescentou ainda que seu pai fora sempre muito escrupuloso em todos os negócios.
- Aqui estão duzentos cruzeiros pelo trabalho que teve em me procurar. Quero que venha sempre me visitar depois de sair da escola. Você trabalha?
- Faço trabalhinhos aqui e ali, quando os consigo, porque são tantos os meninos da vizinhança que procuram trabalho que não quero ser egoísta, pois muitos deles
necessitam trabalhar tanto quanto eu. Seria uma felicidade arranjar um trabalho fixo durante as férias. Mas preciso ir. Quero agradecer muito por este dinheiro.
Nunca tive tanto!
Nesse dia, quando o Dr. Lemos voltou para casa, sua esposa e sua mãe lhe contaram do jovenzinho que havia devolvido a carteira. O doutor guardou silêncio por
um instante, dizendo depois:
- Estão precisando de um rapaz de confiança na farmácia que fica em baixo do meu consultório. Terá uma oportunidade para subir, e poderá também trabalhar durante
à tarde quando começarem as aulas.
Tomou o telefone para falar com o farmacêutico. Depois de explicar porque se interessava por aquele rapaz em particular, o farmacêutico respondeu:
- Diga-lhe que se apresente para o trabalho amanhã de manhã.
Os anos que se seguiram demonstraram que Henrique e a farmácia eram inseparáveis, porque Henrique era fiel nas mínimas coisas. Podia-se ter nele toda confiança
e seu patrão mostrava tê-la.
06 - A MENINA QUE FALOU A VERDADE
Uma vez, há muito tempo, uma linda menina brincava com tranqüilidade que tão bem caracteriza o espírito infantil. Sua mãe, da janela onde tecia um tapete, vigiava
com indizível ternura seu rico tesouro ao qual dedicava tanto amor! De repente, ao longe, nuvens de poeira levantavam-se como que anunciando a chegada de apressados
visitantes. O olhar calmo e meigo, da mãe bondosa, tornou-se aflito quando divisou tropas de estrangeiros dominadores de sua raça.
- Ó filha, esconde-te - diz a mãe. Avisarei teu pai que os soldados estrangeiros se aproximam. Que desejarão eles, agora? E, tomada de aflição e medo, entrou
à procura do marido.
Enquanto isto, a pequenina de olhos pretos, bem pretos e brilhantes, hesitava entre o desejo de esconder-se e a curiosidade de ver de perto soldados uniformizados
e tão estranhos. A curiosidade venceu-a e ali se quedou, sozinha, com olhar inquirido. Foi então que o mais importante dentre os soldados viu-a ali e, achegando-se
a ela, disse:
- Não me temes, pequena?
- Não, meu senhor. O meu Deus sempre cuida de mim.
- O teu Deus, menina? Confias, então, muito, n'Ele?
- Oh, muito, meu senhor. Ele nunca deixou de atender-me.
A esta altura, a mãe pressurosa corre à porta e depara a filha entre os soldados. Bruscamente agarra-a, tentando levá-la consigo. - Mulher, diz-lhe o chefe dos
exércitos estrangeiros, és nossa escrava, tu e toda a tua raça. Permitirás que eu leve tua gentil e corajosa filha para companheira de minha esposa?
A pobre mãe, aturdida com a pergunta, afasta-se com lentidão, estampando na face grande amargura. Não tinha dúvidas que não lhe seria permitido negar sua filha,
uma escravazinha, para o serviço de uma nobre e ilustre dama estrangeira. Preparou a roupa da pequena e os três, ajoelhados na humildade daquela casa pobre, mostraram
a riqueza que possuíam - a fé em um Deus verdadeiro que os ouvia e consolava. Levantaram-se tranqüilos, embora tristes pela separação, e ajudaram a pequenina a partir
em um dos carros daquele exército.
Agora, numa casa rica, andava a menina, ora a varrer todos os cantinhos daquelas salas esplendorosas, não deixando nem o cisco ficar sob os fofos tapetes; ora
a procurar belas flores para adornar o lar de seus bondosos senhores. Ela soubera fazer-se querida pela maneira franca de falar só a verdade, pelo modo cuidadoso
com que realizava suas tarefas.
Um dia seus senhores estavam muito tristes. Não havia médico que proporcionasse a cura de seu senhor que era um grande general em sua terra. A menina amava-o
e respeitava-o. Lembrou-se então de enviá-lo a um grande homem que poderia curá-lo. O general não hesitou em atender à sugestão da escravazinha. Procurou, com incontida
ansiedade, esse grande homem do qual ela lhe falara. Foi realmente curado de uma moléstia julgada por todos incurável! Voltou com o coração a transbordar de alegria
por conhecer também uma pequena que sempre falava a verdade, só à verdade!
07 - A MENINA QUE SE TORNOU GRANDE
- Clara! Clara!
A voz de David era trêmula e fraca, pois estava muito doente. Ele amava muito ao pai e à mãe, que lhe eram muito caros, mas na doença não queria perto de si
outra pessoa senão Clara. Quando a menina saía do quarto, ele começava a gemer, a chorar e a chamar por ela. O doutor deu-lhe diferentes remédios, mas nenhum lhe
parecia fazer bem algum.
Finalmente todos desanimaram, dizendo que nada mais podiam fazer por ele. Diziam todos que David não viveria por muito tempo mais - todos, menos Clara. Ela ficou
sempre ao seu lado, refrescando-lhe, freqüentemente, a fronte escaldada pela febre ou dando-lhe bebidas nutritivas. Orava para que Deus o poupasse. Não o abandonava.
Clara faltou às aulas para cuidar de David. Ele ardeu em febre durante muito tempo, mas finalmente esta cedeu, deixando-o muito fraco. Contudo, não melhorava
como devia. Afinal, passado um ano, o pai de David ouviu falar num doutor que tratava de modo diferente. O doutor veio e levou David para o seu sanatório, a fim
de o tratar. E o menino começou a melhorar rapidamente. Quão contente ficou a família, e como se alegrou Clara de ter perseverado e feito tudo ao seu alcance por
David, quando os outros pensavam já ser tarde.
Clara costumava fazer bem tudo o que empreendia. Em criança foi boa aluna, vindo mais tarde a ser professora. Era ainda nova quando começou a lecionar, muito
mais nova do que a maioria dos professores, mas fez esplendidamente o trabalho. Tinha uma escola que ninguém conseguira dirigir, pois havia quatro rapazes bem grandes
que estavam determinados a dominar a situação e expulsar qualquer professor, fosse homem ou mulher, que os viesse ensinar.
Clara tinha um modo especial de tratá-los, que os outros não tinham. Brincava com eles e lhes perguntava bondosamente se não lhe queriam prestar favores. Era
tão paciente com eles que os conseguiu ganhar, levando-os a se tornarem alunos muito quietos e obedientes.
Clara ouviu dizer que havia em uma cidade próxima meninos e meninas que não tinham escolas em que pudessem aprender a ler, escrever e fazer contas. Isso certamente
faz muitos anos. Havia umas poucas escolas, mas estas eram somente para pessoas que tinham bastante dinheiro para pagar os estudos. Clara achava que devia haver
escolas gratuitas para os meninos e meninas pobres, tanto como para os filhos dos ricos. Mas todos diziam que ela nunca poderia fazer alguma coisa neste sentido;
ela, porém, o fez. Suas escolas tiveram tamanho sucesso que muitos ricos tiraram os filhos das escolas que estavam freqüentando, para pô-los nas escolas de Clara.
Veio a guerra - a terrível guerra. Clara era agora um pouco mais velha, e embora fosse ainda pequena e delicada, tinha bastante determinação. Não podia consentir
em ver homens sofrerem e morrerem nos campos de batalha sem os devidos cuidados. Era o tempo da Guerra Civil nos Estados Unidos. Rogou que lhe permitissem fazer
alguma coisa, mas seus pedidos não foram atendidos, visto ser mulher.
Ela, porém, persistiu, sendo-lhe, finalmente, concedida a oportunidade de ir ajudar os feridos. Muitas vezes esteve sua vida em perigo. Certa vez, quando estava
dando algo a beber a um homem ferido, foi-lhe o copo arrebatado da mão por uma bala. Doutra vez, uma bala rasgou-lhe a manga do vestido. Ela, porém, continuou lidando
com os feridos, dando água fria aos sedentos e confortando os moribundos.
Foi a fundadora da Cruz Vermelha Americana, que tanto tem ajudado aos que sofrem, em suas necessidades. Nunca há um terremoto, maremoto, enchente, guerra, ou
qualquer outra terrível calamidade que as enfermeiras da Cruz Vermelha ali não estejam para fazer o possível em favor do povo.
Clara Barton propôs em seu coração, quando ainda menina, fazer quanto lhe fosse possível para ajudar aos que sofrem. Pôs bem alto o alvo, e seu nome é exaltado
como de uma mulher digna de toda estima.
08 - A PROMESSA DE PAULA
"Clara", chamou Paula da frente de sua casa, "espere um minuto! Quero lhe contar uma coisa".
E Paula correu bem depressa para o portão onde Clara estava esperando.
"O que tem de tão importante?", perguntou Clara, "parece que você encontrou um milhão de dólares ou coisa semelhante".
"Não", disse Paula, "eu não achei um milhão de dólares nem coisa semelhante. Eu tenho um trabalho para esta noite. Eu estava esperando conseguir um trabalho
para poder ajudar a comprar meu uniforme escolar, e agora encontrei. Vou cuidar dos gêmeos da Sra. Mendes. Ela precisa sair por algumas horas para cuidar de sua
mãe que está doente".
"Ah, isto, disse Clara", eu poderia dizer que é mais do que um trabalho. Eu cuidei dos gêmeos da Sra. Mendes, uma vez quando eram bebezinhos, mas a Sra. Mendes
era tão crítica e maldosa, que preferi nunca mais trabalhar para ela".
Clara começou, bem devagar a caminhar para longe do portão. "Bem, divirta-se", ela disse, "talvez você goste da maneira como a Sra. Mendes dá ordens, mais do
que eu".
Paula voltou a sentar-se na beira da varanda. Ela se sentia preocupada, será que Clara estava com inveja? Ou será que é tão difícil trabalhar para a Sra. Mendes?
Paula viu quando Clara dobrou a esquina em direção da casa de Maria. Era muito bom e divertido ser amiga de Clara e Maria. As duas eram muito populares, e Paula
também se sentia popular quando estava com elas.
A Sra. Mendes estava pronta para sair quando Paula chegou. "Estou muito feliz porque você chegou na hora", disse ela, convidando Paula para entrar em casa. "Este
é um momento muito difícil para mim, me sentiria muito melhor se pudesse encontrar alguém em quem confiar. Eu gostaria de lhe dizer exatamente o que espero que você
faça, para que possamos nos entender desde o começo. Eu quero que você me prometa que nunca deixará a casa, sejam quais forem às circunstâncias. Se alguma coisa
errada acontecer com os gêmeos, quero que me chame imediatamente. Você pode me prometer isto?"
"Sim, certamente", disse Paula, "a senhora não precisa ficar preocupada".
"Estou sentindo que posso confiar em você", disse a Sra. Mendes confiantemente, "mas eu tive uma experiência muito ruim com uma menina que veio cuidar dos gêmeos,
e vivo apavorada desde então. Não quero parecer mal-humorada, ou rabugenta, mas nossas crianças são muito queridas e muito especiais para nós, e não quero correr
nenhum risco".
"Eu sei", disse Paula, "meus pais são muito exigentes sobre a maneira como devo cuidar de nosso bebê. A mamãe sempre diz que a segurança dele deve sempre vir
primeiro porque é muito pequeno e indefeso. Se a senhora me der o número do telefone onde posso encontrá-la, vou colocar bem à vista, aqui na mesa, junto com os
meus livros".
Logo que a Sra. Mendes saiu, Paula olhou ao redor para ver se havia alguma coisa que deveria fazer antes de começar seus deveres de casa. Os gêmeos ainda estavam
dormindo tranqüilamente.
Na cozinha havia louça que precisa ser lavada. Ela encheu a pia com água quente e colocou o sabão. Levaria somente alguns minutos, e tudo estaria em ordem quando
a Sra. Mendes voltasse para casa.
Mas antes que começasse a lavar a louça, ouviu alguém batendo à porta. Ela ligou a luz e olhou para fora. Clara e Maria estavam paradas no pórtico.
"Vimos quando a Sra. Mendes saiu", disse Clara, "e pensamos que você, talvez, gostaria de dar uma escapadinha por alguns minutos e ir conosco tomar um refrigerante
na lanchonete. Você não ficará fora mais de meia hora".
"Eu não posso ir", disse Paula, "prometi para a Sra. Mendes que não deixaria a casa. Pode acontecer alguma coisa com os gêmeos".
"Não seja boba", disse Clara, "não pode acontecer nada. Chaveie a porta, pegue seu casaco, e venha conosco".
"Paula", disse Maria, com tom impaciente, "você vem ou não? Talvez você não queira mais ser nossa amiga".
Paula pensou por um instante, e então pegou seu casaco, que estava na cadeira, abriu a porta e começou a sair, mas ficou em dúvida.
"Não", disse ela, "eu não posso fazer isto, eu prometi". E voltando para dentro da casa, disse: "Quero continuar sendo amiga de vocês, mas não posso quebrar
minha promessa".
"Você tem certeza que quer continuar sendo nossa amiga?", caçoou Maria, enquanto ela e Clara corriam pela rua escura.
Paula sabia que era o fim de sua amizade, mas não podia fazer mais nada. Lentamente fechou e chaveou a porta, e voltou para a cozinha.
A janela, em cima da pia, estava um pouquinho aberta, e sentia o ar fresco, gostoso, soprando em seu rosto. Parece que a noite estava ficando bem fria, e o vento
estava começando a soprar mais forte.
Paula jogou longe o pano de secar pratos quando sentiu o cheiro de fumaça. Voltou para a pia e procurou cheirar o ar que entrava pela janela aberta. Realmente
sentiu o cheiro de fumaça - como se fosse borracha queimando. Então teve a certeza de que alguma coisa estava queimando, em algum lugar muito perto.
Ela correu de quarto em quarto. Estava tudo em ordem, mas o cheiro de fumaça estava aumentando. Ela abriu a porta dos fundos e olhou para fora. A princípio
não pôde ver nada, somente luzes na rua vizinha, mas logo que seus olhos ficaram acostumados com a escuridão, ela viu uma grossa nuvem de fumaça preta que subia
para o céu. Não sabia exatamente a que distância estava, mas não deveria ser mais do que meia quadra.
Fechou a porta com toda a força. Seu coração batia muito acelerado. Parou no meio da cozinha tentando pensar. Será que deveria chamar a Sra. Mendes? Será que
deveria acordar os gêmeos, caso tivesse que levá-los para fora de casa?
O som de sirenes quebrou o silêncio. Os bombeiros estavam vindo! Seu coração batia ainda mais depressa, e com mais força, enquanto os carros dos bombeiros, com
suas luzes vermelhas girando, tocavam a sirene pela rua. Eles diminuíram a velocidade e pararam em frente da casa que estava duas portas mais para frente. As pessoas
saíram rápido de suas casas e corriam de um lado para outro da rua gritando e chamando aos outros. Paula teve vontade de se juntar a eles e ver o que estava acontecendo,
mas devia permanecer junto dos gêmeos.
E assim Paula ficou parada na frente da porta tentando ver o que estava acontecendo. A fumaça fazia como um redemoinho por entre as casas. Algumas vezes ela
tinha uma visão das chamas furiosas. De repente ela viu a Sra. Mendes subir correndo as escadas, seu rosto estava muito pálido.
"Você ainda está aqui?", perguntou a Sra. Mendes, com voz muito estranha.
"Naturalmente que estou", disse Paula, orgulhosamente, "eu prometi que não me afastaria da casa".
A Sra. Mendes se deixou cair sobre uma cadeira e escondeu seu rosto entre as mãos. "Acho que estou agindo como uma boba, mais fiquei muito apavorada da outra
vez. Quando meus gêmeos eram ainda muito pequenos, tive que sair por umas poucas horas. Eu pedi a uma menina para cuidar dos bebês para mim; mas logo que cheguei
na cidade, notei que tinha levado a bolsa errada, e assim tive que voltar. A porta estava chaveada, e Clara tinha saído. Eu não podia entrar em casa, porque minhas
chaves estavam na outra bolsa. Tive que subir em uma janela para poder entrar em casa. Felizmente não tinha acontecido nada com os bebês, mas isto ainda me deixa
assustada, por pensar em todas as coisas que poderiam ter acontecido".
"A senhora disse que o nome da menina era Clara?", perguntou Paula.
"Sim", respondeu a Sra. Mendes, "o nome era Clara. Eu acho que deve ser sua amiga. E isto é uma coisa que me apavora".
"Eu pensei que Clara fosse minha amiga", disse Paula, "mas, na realidade, ela não é. Ela e Maria queriam que eu fosse com elas até uma lanchonete, mas eu disse
que tinha prometido não abandonar a casa".
A Sra. Mendes começou a sorrir. "Quando Clara voltou naquele dia e viu que eu estava em casa, ela se virou e fugiu, e desde então nunca mais chegou perto de
mim".
Enquanto Paula andava de volta para casa pela movimentada rua, estava muito agradecida porque não tinha permitido que Clara e Maria a persuadissem a quebrar
sua promessa. O fogo já tinha sido apagado, e o ar estava limpo e fresco. As estrelas estavam brilhando e o coração de Paula estava cantando.
09 - A RESPOSTA DE DEUS
Durante a guerra, grandes aviões com sua carga mortal sobrevoaram a Áustria. Milhares de casas foram destruídas, fábricas incendiadas e a Capital passou por grande
aflição. Inúmeras famílias foram deixadas sem lar, como só acontece quando há guerra. Gene e Maria chamemo-los assim, voltaram um dia da escola para casa apenas
para descobrir que não somente a casa tinha sido destruída pelas bombas, mas tanto o pai como a mãe haviam sido mortos. Os vizinhos os levaram, com muitas outras
crianças sem lar, para o grande orfanato da cidade. Bem podemos imaginar a tristeza e a amargura daquelas pobres crianças. Contudo, não esqueceram os ensinamentos
dos pais e muitas vezes ao encontrarem-se no vestíbulo do orfanato, cruzavam as mãozinhas e oravam ao Pai celeste. Não sabiam o que o futuro lhes reservaria.
Um dia foi anunciado que um país vizinho se oferecia para arranjar lares para muitas daquelas crianças. Todos estavam excitados e felizes no dia da partida.
Gene e Maria saíram felizes com seus poucos pertences debaixo do braço e entraram no ônibus que os havia de levar até a estação, onde tomariam o longo trem sibilante.
Seria sua primeira viagem de trem. Centenas de crianças seriam levadas da pátria para um país estranho, onde deveriam encontrar novos lares - novos papais e novas
mamães.
Quando soou o apito, o trem começou a movimentar-se, ganhando velocidade. Logo cortava os campos com rapidez enquanto ansiosos olhinhos perscrutavam cenários
que nunca seriam esquecidos. Gene e Maria, contudo, não estavam demasiado ocupados para poderem cruzar de vez em quando as mãozinhas e curvar as cabecinhas para
uma oração: "Querido Jesus, Tu sabes que perdemos nosso papai e nossa mamãe: dá-nos, por favor, um novo lar. Não permitas que sejamos separados e envia-nos para
o lar conveniente".
Logo o trem diminuiu a velocidade e parou numa estação. Crianças e mais crianças emergiram dos superlotados carros e fizeram filas na plataforma. Muita gente
da cidade ali estava, a fim de escolher uma criança e adotá-la. Aqui e ali uma era escolhida por ansiosos casais que fitavam aqueles orfãozinhos de um país estranho.
Aqueles rostinhos tristes se voltavam para cima para verem seus novos pais. Os que sobravam voltavam para o trem e viajavam para a próxima cidade.
O dia inteiro repetiu-se a cena, enquanto o grande trem, hora após hora carregava aqueles pedacinhos da humanidade para novas aventuras. De quando em quando
Gene e Maria repetiam a oração para que de qualquer maneira Deus encontrasse para eles o devido lar.
Estava quase escuro quando o trem parou outra vez numa grande estação. Gene e Maria separavam-se ao descerem do trem para a fila, onde, conforme pensavam seriam
passados por alto, como tantas vezes já havia acontecido antes.
Essa manhã, em certa cidade, um casal adventista do sétimo dia estava fazendo o culto quando uma batida na porta anunciou a chegada do jornal matutino. Depois
de terminado o culto passaram os olhos pelo jornal para lerem as manchetes: "Trem de crianças austríacas chega esta noite", foi o que lhes atraiu a atenção. A bondosa
senhora olhou para o marido e disse: "Querido, esta é a nossa oportunidade de conseguirmos o menino que há tanto tempo você deseja".
O marido respondeu com um sorriso: "Não, querida, você sempre desejou uma menina e não quero ser egoísta. Enquanto vou trabalhar, você vai à estação e, quando
o trem chegar, escolha uma linda menina de cabelos crespos, para nós".
Por algum tempo estiveram considerando se devia ser menino ou menina. De uma coisa estavam convictos: que só poderiam cuidar de uma criança. Existia no coração
de ambos uma simpatia especial pelos austríacos, pois ambos tinham parentes na Áustria. Finalmente chegaram á conclusão de que adotariam um menininho que tivesse
cabelos crespos, ombros largos e se parecesse com o pai adotivo.
Quando o trem parou em sua cidade aquela noitinha e as centenas de crianças fizeram fila para procurar novos pais, a Sra. Bergman estava lá. Andou avidamente
de um lado para o outro, contemplando os rostinhos magros e tristes das pequenas vítimas da guerra. Podia ler a história de desapontamento, desolação e fome em muitas
faces. Afinal notou um rapazinho que parecia ter as feições procuradas, ombros largos, cabelos crespos e ar tranqüilo e calmo. Havia algo nele que atraiu a atenção.
Parecia-se com alguém que ele já tinha visto antes. Aproximou-se dele com um sorriso:
Você quer vir para a nossa casa? Temos um balanço no quintal e nenhuma criança para brincar nele. Eu gosto de homenzinho como você. Você vem comigo?
Gene continuou ereto e impassível. Afinal respondeu com sua vozinha fina:
- Sim, eu gostaria de ir com a senhora e brincar no balanço, mas tenho uma irmãzinha e queremos ficar juntos.
Sua vozinha tremeu um pouco na última palavra e lágrimas brilharam nos olhos.
- Oh, mas sua irmãzinha terá acolhida em outra parte! Nós só podemos ficar com um, rogou a Sra. Bergman.
- Mas nós pedimos a Jesus que nos mandasse para a mesma casa e temos certeza de que Ele terá um lugar onde poderemos ficar juntos, pois perdemos nosso pai e
nossa mãe, disse o pequeno, num soluço.
O coração da senhora ficou tocado. Ali estava um menino que cria em Deus e cria que Ele havia de responder à sua oração. Respondeu rapidamente: - Onde está sua
irmãzinha? Vá buscá-la, para eu vê-la.
O pequeno correu, procurando-a na fila, e voltou em seguida com ela pela mão. Ambos pararam, fitando a bondosa senhora com olhar súplice.
- Aqui está ela, disse Gene com um sorriso.
Lágrimas assomaram aos olhos da senhora enquanto sentia um nó na garganta. Que injustiça estaria praticando ao separar aqueles irmãozinhos, únicos sobreviventes
daquela família destruída pelo bombardeio! Convenceu-se de que devia aceitar os dois. Olhando-os intensamente, disse: - Bem, queridos amigos, não sei o que meu marido
dirá, mas vou levar vocês dois. Venham comigo e logo chegaremos em casa.
Com exclamações de alegria eles disseram adeus aos companheiros e logo se perderam no meio da multidão, seguindo sua nova mãe até o auto lá embaixo, na estação.
Poucos depois estavam sentados na sala de uma boa e ampla casa, esperando algo para comer.
A Sra. Bergman estava na cozinha preparando alguma coisa para os famintos aditamentos de sua família. Com os olhos bem abertos, os pequenos olhavam tudo o que
havia na casa. Realmente estavam contentes de estar nesse novo lar, mas ainda um pouco receosos do futuro. De repente Gene apontou o dedo magro para o retrato de
uma mulher que estava sobre o piano.
- Veja, disse ele à Maria, parece...
- Não pôde continuar, um soluço embargou-lhe a voz e ambos começaram a chorar. Não podiam controlar as emoções.
Quando a Sra. Bergman ouviu os soluços, veio correndo para ver o que havia. - Que é que vocês têm? Que aconteceu? Vocês não estão satisfeitos aqui? Exclamou
ela.
- Sim, disse a menina por entre lágrimas, estamos contentes.
- Então por que estão chorando tanto? Perguntou ela.
Logo que se acalmaram um pouco, olharam para a face maternal da Sra. Bergman e apontaram para o quadro sobre o piano. A senhora, fitando o retrato, disse: - Sim,
é minha irmã. Porque vocês choram ao ver essa fotografia?
A menininha soluçou: - Essa é minha mãe!
Então a Sra. Bergman concluiu que sua irmã, que fazia anos havia ido para a Áustria e dela não tinha notícias já havia quatro ou cinco anos, teria sido morta no
bombardeio. Depois de considerável interrogatório, ficou convicta de que estes eram realmente os filhos de sua irmã.
Oh, que alegria houve naquele lar e que gratidão por Deus ter ouvido as orações daquelas crianças deixadas sem lar! Compreenderam que há um Deus que ouve e responde
de modo maravilhoso às orações.
10 - A VINGANÇA DO INDÍGENA
Era um fim de verão, faz muitos, muitos anos, na América do Norte. Fazia meses que não chovia, e o sol castigava a terra sem piedade, de maneira a secar os córregos
e riachos, ficando só os rios de maior volume d'água.
Um jovem alto, esbelto, chamado Daniel Wilson, trabalhava perto de seu rancho, localizado numa curva em que os campos se encontravam com a imensa floresta.
Era o único homem branco, muitas e muitas léguas separado dos demais, e a esposa dele era a única mulher branca naquele lugar.
Por um trilho que vinha da floresta para o campo, apareceu um indígena de estatura elevada e de aspecto nobre. Porém andava como que cansado, movimentando-se
irregularmente, e em seu rosto se observavam traços de doença e de quem estava muito sedento. Ao se aproximar do rancho, hesitou, por um momento, e depois se aproximou
do homem branco.
"Estou muito sedento; pode fazer o favor de me dar água para beber", disse ele.
"Vá embora", foi a áspera resposta. "Não dou coisa alguma a indígenas".
A descortês e violenta atitude do homem branco feriu profundamente o orgulho do selvícola, mas, como estava para morrer de sede, mesmo em desespero, suplicou
de novo: "Não posso mais andar. Tenha a bondade de me arranjar água para beber!".
"Desapareça daqui! Não quero conversa com bugres", foi à resposta, ainda mais violenta do que a primeira.
O indígena, o exausto pele vermelha, pouco a pouco se foi virando, para partir, mas seus olhos demonstravam o desejo intenso de vingança. Vagarosamente seguiu
pela estrada do campo, até penetrar na mata densa, em direção de sua aldeia.
A jovem esposa do homem branco tinha ouvido a súplica insistente do homem das selvas, assim como a cruel recusa do marido. Ficara comovida e confusa. Quando
o índio se retirava lentamente, sem poder andar direito, ela foi observá-lo da janela. Quando o trilho por que andava descia, para se encobrir mato adentro, a mulher
viu o caboclo parar, trêmulo, cambaleante, e cair estendido no chão.
De repente apanhou um vaso d'água, um bule de leite e um bom pedaço de pão e, como o marido estivesse do lado oposto, saiu sem ser vista para acudir aquele pobre
índio. Temia que estivesse morto. Chegando lá, porém, ao local, verificou que ele havia desfalecido em conseqüência da exaustão e da sede. Com a água fresca que
levara e com palavras de simpatia, conseguiu fazê-lo voltar a si. Deu-lhe de beber e alimentou-o. Pediu, então, que não levasse em conta as palavras grosseiras do
marido. Refeito, dentro de pouco tempo estava ele em condição de continuar a viagem. Antes, porém, de partir, tirou uma das penas brancas que trazia na cabeça e
entregou-a, dizendo:
"Minha bondosa senhora, receba esta pena. Quando seu marido estiver caçando, peça-lhe para usá-la, para que possa escapar com vida. Eu havia planejado voltar
e matá-lo. Por sua causa, no entanto, não farei isto. Se ele cair nas mãos de outros de minha tribo, só escapará se estiver com esta pena".
Ao concluir estas palavras, com um porte elegante seguiu pelo restinho do trilho e desapareceu na vastidão da floresta.
Passaram-se três anos. Outros colonos se estabeleceram naquele mesmo distrito. Perto do fim do inverno, quando a alimentação estava ficando bastante escassa,
os homens se organizaram e saíram num grupo para caçar. Antes de saírem, a esposa do homem que havia sido muito, muito grosseiro para com a pele vermelha, três anos
atrás, pediu-lhe que usasse a pena branca do índio na lapela de seu paletó, repetindo-lhe as palavras do selvícola quando o fora socorrer. O marido riu-se, zombando
da preocupação e do medo da esposa, e não queria usar a pena. Por fim, dada a insistência da mulher e para satisfazê-la, pregou-a no paletó e saiu.
As caças estavam raríssimas. Não aparecia o que matar. Andaram e andaram, mato adentro, mais longe do que haviam imaginado. O sol descambava no poente. Todos
estavam procurando matar um lindo veado, tomando posição aqui e ali, correndo para mais adiante, sem se darem conta do tempo que corria também. Daniel Wilson ficara
atrás dos companheiros, procurando endireitar os sapatos que o estavam maltratando bastante.
Quando ficou pronto, já estava escurecendo a noite. Apressou-se, correndo e buscando ver que direção haviam tomado os outros. As trevas, mo meio da floresta,
não permitiam mais que visse as saídas. Era difícil andar. Estava perdido. Pensou que poderia ouvir os companheiros: assobiou, gritou, e nada. Pelejou e pelejou,
até se convencer de que não havia outra coisa a fazer, a não ser permanecer a noite inteira na floresta e aguardar o amanhecer do dia.
Nisto, percebeu como que vultos erguerem-se ao seu redor. Poucos momentos, e estava ele nas mãos de um grupo de índios que pareciam selvagens. Amarraram-lhe
as mãos e fizeram com que ele andasse á sua frente. Cansado, mas obrigado a caminhar mais e mais, horas e horas. Depois, todos de novo a caminho.
No dia seguinte chegaram à aldeia, na floresta, perto de um lago. Cabanas altas e de topo pontiagudo, mulheres e crianças, fumaça de fogo de cozinha, tudo indicava
ser de grande importância àquela taba.
O aflito homem branco foi levado a uma cabana desocupada, ficando lá sob a guarda de dois bravos jovens. Era já tarde. O sol descia no ocaso. Ouvem-se rumores
entre os selvícolas. Chega outro grupo de guerreiros, com o chefe à frente, um homem alto, de boa aparência, trazendo suas penas e com as pinturas que usam na guerra.
Contaram-lhe da captura do homem branco e ele foi vê-lo. Logo que viu a pena branca, reconheceu o cativo, o homem que, anos atrás, se havia negado de socorrê-lo,
mal-tratando-o sem piedade.
"É muito feliz em estar usando a pena", disse o chefe indígena. "Se não fosse isto, você seria morto esta noite. Por causa de sua esposa, que me tratou com bondade,
prometi poupá-lo quando caísse em meu poder. Por que os homens brancos não são bondosos para com os irmãos de pele -vermelha? Os pele-vermelha só matam os brancos
quando se vingam de qualquer crueldade de que foram vítimas.
"Agora irei levá-lo de volta a sua casa. Eu mesmo vou acompanhá-lo. Primeiro, porém, você precisa comer e descansar".
Ao se retirar o chefe, dois jovens trouxeram-lhe comida e uma pele sobre que se deitar, para passar bem o resto da noite. E, cumprindo a promessa, de manhã,
bem cedinho, aquele valoroso chefe indígena veio e saiu com o homem branco. Caminharam léguas e léguas, através da floresta, até chegarem ao ponto em que a mata
termina e começa o campo. Nesta longa viagem, Daniel Wilson aprendeu a respeitar e a admirar o homem cuja honra salvou o inimigo cativo, em seu poder.
11 - AMOR SUFICIENTE PARA TODOS
Ricardo podia ouvir o vento frio soprando lá fora e se sentiu muito alegre por ter uma casa confortável e quentinha. Ele estava observando sua mãe descascando
maçãs para fazer um doce, enquanto alisava seu cachorrinho de estimação que já estava quase dormindo.
A mamãe, com todo cuidado tirava a fina casca das maçãs. A casca se enrolava, enquanto sua faca dava voltas ao redor da maçã. Sua irmã, Sandra, estava bem perto
da mamãe, pegando as cascas antes que tocassem na panela.
- Eu também quero fazer isto - disse Ricardo, enquanto chegava mais perto da mamãe. - A próxima casca é minha, não é, mãe?
- Há cascas suficientes para os dois - disse a mãe - e acho que ainda vai sobrar. - E ela sorriu para Ricardo.
O sorriso da mamãe fez com que Ricardo ficasse muito satisfeito. Ele olhou para ela e sorriu também, e notou que a mamãe estava sorrindo para Sandra.
Neste momento uma casca de maçã caiu no chão, e Muchinga, a gatinha, pulou em cima dela.
- Ó, Muchinga, você é muito malandra! Disse Ricardo se divertindo, vendo como ela jogava a casca. - Você quer brincar, não é? Está bem, então venha aqui que
eu vou brincar com você.
Ricardo foi até a sala e encontrou o brinquedo especial e preferido da gatinha, uma longa fita com uma pequena bola vermelha amarrada na ponta. Ele corria ao
redor da sala puxando fita, enquanto Muchinga procurava caçar a bolinha.
- Grrr! - resmungou Tuty, o cachorrinho, correndo e tentando agarrar a bola. Ele havia acabado de acordar e queria entrar na brincadeira. Mas, Muchinga não gostou
da história, levantou suas costas e seu pêlo, e... arranhou o Tuty. Este por sua vez, latiu, latiu e deu uma patada em Muchinga.
- Que aconteceu. Venham aqui vocês dois - disse Ricardo, sentando entre eles e gentilmente agradando cada um. - Não se preocupem. Nós podemos brincar todos juntos.
Eu gosto de cada um da mesma maneira.
Pouco tempo depois tanto o cachorrinho quanto à gatinha, estavam dormindo, e Ricardo voltou para a cozinha. Sandra continuava ajudando a mãe a colocar as maçãs
numa panela grande.
- Eu quero fazer isso - disse Ricardo, tentando alcançar a panela.
- Há lugar suficiente para os dois, e muitas maçãs também - disse a mãe. E desta maneira Ricardo e Sandra se revezavam ajudando até que a panela estava bem cheia.
Quando as maçãs estavam fervendo em cima do fogo, Ricardo olhou para a mamãe e perguntou:
- De quem você gosta mais, mãe, de Sandra ou de mim?
Ele esperou ansioso pela resposta. Sandra ouviu o que Ricardo tinha perguntado, e veio para perto para ouvir o que a mamãe iria responder.
Ricardo ficou muito surpreso pelo que a mãe fez então. Ela sorriu, sentou-se, e colocou um braço ao redor de Ricardo e o outro braço ao redor de Sandra.
- Ricardo - ela disse - eu vi você brincando com seu gatinho e com o seu cachorrinho.
De qual dos dois você gosta mais?
- Oh, gato e cachorro são diferentes - respondeu Ricardo. - A gatinha é branca e macia, tem lindos olhos azuis. Tuty é todo crespinho e preto, e tem um nariz
comprido e bonito. Eu não gosto mais de um do que do outro.
- Bem - disse a mãe - Sandra é uma menina, com longos cabelos e olhos escuros. Você é um menino, tem cabelos curtos e olhos azuis. Vocês são ambos meus filhos,
e eu amo a cada um da mesma maneira. Tenho amor suficiente para os dois, e ainda tem mais amor sobrando.
Ricardo se sentiu muito bem ao ouvir isto. Sandra também estava sorrindo.
- E sabem - acrescentou a mamãe - Deus nos ama da mesma maneira também. Ele tem muito amor por cada pessoa neste mundo.
- Assim como maçãs - riu Ricardo. - Suficiente para todos, e algumas de sobra.
Deus nos ama muito mesmo - ama a cada um de nós. Vamos lhe dizer "Muito Obrigado" por nos amar tanto e por ter feito um mundo tão maravilhoso onde podemos viver.
12 - ARTEIRO
Arteiro era um gatinho preto, que apareceu no quintal, e as crianças trouxeram para dentro de casa.
Célia deu-lhe o nome de Arteiro, porque a primeira arte que fez foi enfiar as patinhas na cesta de costura da mamãe enroscá-las na linha, desenrolar o carretel,
puxá-lo para fora e embrulhar-se todo na linha já embaraçada.
Um dia, ele pulou e puxou a ponta da toalha da mesa e subiu por ela, pondo-se todo contente bem no centro da mesa! Era tão pretinho e engraçado sobre a toalha
alva, que até a mamãe não pode deixar de rir ao tirá-lo de lá, dizendo que ali não era lugar para gatinhos!
"Ele precisa tomar umas lições de boas maneiras", disse Rosália; "mas como ele aprenderá, se não entende o que dizemos?".
Papai gostava do Arteiro também. Quando estava em casa à tarde, deixava que o gatinho lhe subisse pelas pernas, e se aninhasse no alto dos seus ombros. Depois
o levava consigo até à biblioteca, e o ajeitava na mesa, onde ele tirava um bom sono. Mas quando não queria dormir, o Arteiro fazia artes: Mexia nos papéis... Um
dia ele pulou na escrivaninha e passou um tempo delicioso espalhando penas e lápis pela sala toda; mas quando entornou o tinteiro, mamãe disse: "Não há jeito; precisamos
ensinar boas maneiras ao Sr. Arteiro, ou então conservar a escrivaninha sempre fechada".
"O melhor é fechar a escrivaninha", disse Rosália que achava que o Arteiro era muito pequeno para aprender boas maneiras.
Um dia, papai estava muito ocupado e chegou tarde para o almoço. As crianças almoçaram e estavam prontas para ir à escola.
"Antes de almoçar, preciso ver o jornal", disse o papai, "não tive tempo de correr os olhos pelas notícias esta manhã!".
Ele abriu o jornal e começou a ler, quando...
"Papai, olhe! Gritou Rosália", Olhe, papai!".
Papai afastou o jornal, sobre a mesa, saboreando placidamente seu prato!
"Será possível!" Exclamou a mamãe! "Este gatinho tem que aprender bons modos!"Ela retirou o gatinho de lá, levou-o para o "hall", fechou a porta e trocou o
prato do papai".
Papai simplesmente riu. "Ele aprenderá quando for mais velho", disse.
Mamãe esqueceu-se do Arteiro enquanto tirava a mesa. De repente, lembrou-se. "Ora! Esqueci-me do gatinho lá no hall!".
Ela foi procurá-lo. Nem sinal de gatinho no "hall"! Ela chamou, chamou, mas o Arteiro não apareceu. Procurou-o pela casa toda, e nada do Arteiro!
Quando as meninas voltaram da escola, a mamãe disse-lhes:
"Coitado do Arteiro! Sumiu-se! Procurem-no pelo quintal; não quero que ele passe a noite fora, sozinho!".
As crianças procuraram e procuraram... Perguntaram aos vizinhos, e nada. Ninguém vira o Arteiro.
"Papai ficará triste quando souber do desaparecimento do Arteiro", disse Rosália.
"Vou tentar mais uma vez. Vou olhar por toda parte", disse Célia. Mas não foi encontrado. As crianças estavam tristes quando papai chegou para jantar.
"Papai, Arteiro sumiu-se", disseram elas.
Papai riu gostoso
"Olhem aqui!" Disse ele. Enfiou a mão no bolso do sobretudo e retirou de lá... O gatinho preto!
"O Arteiro!" Gritaram as crianças, correndo ambas para pegá-lo.
Onde você o encontrou; perguntou mamãe.
Papai contou que já estava na metade do caminho para a cidade, quando, ao tirar, o lenço do bolso, deu com o gatinho que dormia sossegadamente no seu bolso.
Quando mamãe levou-o para o "hall", ele subiu no, sobretudo do papai e acomodou-se num dos bolsos.
"Que fez com ele, papai?" Perguntou Célia.
"Levei-o para o escritório, naturalmente", disse ele; "não havia tempo para voltar em casa. No escritório, ele se comportou muito bem; brincou com todos e dormiu
no cesto de papel. E ainda se fala em ensinar-lhe boas maneiras! Vamos tratá-lo como a um cavalheiro, e mais tarde verão que ele será o melhor e mais ajuizado gato
do mundo!".
13 - AS ESTRELAS SÃO PARA NOS GUIAR
Bruce queria acompanhar seu pai nas planícies do grande Deserto de Gobi. O Gobi se estende por muitos e muitos quilômetros, mas com muito poucas marcas ou sinais
que indiquem a direção. Existem somente quilômetros de planícies onduladas - sem estradas, sem árvores, sem cidades e sem vilas.
O pai de Bruce ia com freqüência ali, porque, bem distante, além daquelas planícies, estava uma importante sede da missão. Mas era uma viagem longa, muito cansativa,
e a pessoa tinha que levar tudo o que precisava, colchonete para dormir, coisas para comer e roupa suficiente para todo o tipo de temperatura. E se estivesse na
época das chuvas, qualquer tipo de viagem seria muito difícil.
O papai estava se preparando para a viagem, e Bruce tinha esperança que poderia ir junto. Depois de muitas considerações sobre o assunto, e tendo de fazer uma
preparação adicional, o papai decidiu que Bruce poderia ir junto desta vez. O pai carregou o carro na noite anterior, e tudo estava preparado para a partida na manhã
seguinte.
"Vamos", disse o pai, "está na hora de acordar, já é tempo de tomarmos nosso caminho".
Bruce esfregou os olhos, se espreguiçou um pouco, e somente meio acordado, lembrou que naquela manhã iria acompanhar o pai na longa viagem. E assim, rapidamente,
saiu da cama, se vestiu, e bem depressa estava sentado à mesa, tomando seu desjejum na madrugada. O papai estava colocando as últimas coisas no carro, esquentando
o motor e esperando pela hora de partir.
Com um alegre "viva", e um último carinho em Rom-rom, Bruce e seu pai saíram do portão para a estrada, e logo começaram a subir a estrada adicional que os levaria
à parte alta da planície do Deserto de Gobi. Em menos de uma hora, estavam mais próximas e mais brilhantes.
O carro seguia pela escuridão, e o dirigir requeria muito pouca atenção. Bruce sentado no banco da frente com seu pai adormeceu um pouco, e o ronco contínuo
do motor parece que estava embalando o pai em uma sonolência, também; mas não foram muito longe porque o carro caiu em um declive que levava a um desfiladeiro profundo.
O caminho defeituoso e a sacudidura acordaram o pai, que olhando ao redor logo viu que tinham saído da estrada. Ao invés de viajarem para o sudoeste, estavam indo
direto para o Este, e naturalmente logo estariam em áreas desconhecidas.
"Bem", disse o pai, "acho que cochilei um pouco e não sabia para onde estava guiando. Eu nunca tinha visto esse desfiladeiro antes".
"Como você sabe?", perguntou Bruce, "existem tantos desfiladeiros, como você pode saber qual que já viu e qual não viram?".
"Você precisa ter certeza", respondeu o pai, "estou acostumado com os que já vi, e nunca estive neste desfiladeiro antes".
"Você sabe em que direção está o norte, pai?".
"Não, mas sei uma maneira que podemos descobrir".
"Mas você não tem uma bússola", disse Bruce.
"Não", replicou o pai, "vamos nos guiar pelas estrelas".
"Pelas estrelas!", exclamou Bruce, "como, se todas estão no céu! Como pode se guiar por estrelas?".
"Certamente podemos, filho; os marinheiros nos grandes navios que atravessam os oceanos calculam sua localização corretamente, olhando para o céu e localizando
certas estrelas. Embora não estejamos no mar, estas grandes planícies são exatamente como um oceano, e nós também podemos calcular nossa localização, e encontrar
o caminho certo pelas estrelas. Primeiro precisa encontrar a Estrela Polar, a Estrela do Norte, e seguir a linha até onde estão agora. Depois identificando outras
constelações, e encontrando a relação com outras estrelas, podemos ter uma direção geral e saber como devemos proceder para encontrar um certo ponto no mapa", explicou
o pai.
"Isto é muito interessante", disse Bruce. "Eu lembro que o primeiro capítulo de Gênesis nos fala que quando Deus criou o céu e a Terra, Ele mandou que aparecessem
os luminares no céu, e a Bíblia nos diz que eles deveriam servir de sinal para as estações, para os dias e para os anos; mas eu não sabia que também poderiam nos
ajudar a encontrar o caminho quando estamos perdidos".
"Sim, Bruce, você não se lembra da história na Bíblia, quando os magos foram guiados por uma estrela, através do deserto até Belém, para encontrar o Menino Jesus?".
"Ah, sim, eu me lembro desta bonita história; e sabe, pai, acho que você é igual aos magos, vai encontrar nosso caminho neste deserto através de uma estrela".
Muitas vezes a Bíblia nos fala sobre as estrelas. Você mencionou Gênesis, onde está escrito que os luminares do céu deveriam servir de sinal. Quando Jesus esteve
aqui na Terra, Ele falou sobre os sinais no céu. Um dia Seus discípulos perguntaram quando Ele voltaria a Terra, e Ele disse que haveria sinais no Sol, na Lua e
nas estrelas para mostrar que Sua volta estaria perto.
"Pai, isso já aconteceu?".
"Sim, filho, o último destes sinais aconteceu há 100 anos atrás quando houve uma chuva de estrelas cadentes. Parecia como se do céu estivessem chovendo estrelas.
Por aquele e por outros sinais, podemos saber que Jesus voltará muito em breve. E assim, as estrelas não somente nos ajudam a encontrar nosso caminho aqui neste
deserto, mas também sinalizam a volta de Jesus".
E assim, guiados pelas estrelas, papai e Bruce logo encontraram a estrada correta novamente, contente por Deus ter colocado as estrelas no céu para orienta-los
no caminho certo.
14 - AS MÃOS DE MINHA MÃE
Faz anos, quando minha irmã mais velha tinha meses de idade, aconteceu adormecer no quarto da frente. Mamãe estivera ocupada com o serviço da casa e, ao aproximar-se
da hora do almoço, encheu o fogão de querosene, preparando-se para cozinhar o almoço.
Cheio o fogão, mamãe riscou um fósforo para acender. Seguiu-se terrível explosão, e em breve a pequenina casa se achava em chamas. Na explosão minha mãe ficou
seriamente ferida. O braço esquerdo e o ombro ficaram em carne viva. Os vizinhos acorreram à cena e ajudaram-na a pôr-se em segurança.
O corpo de bombeiros da pequenina cidade; com seu primitivo aparelhamento daqueles tempos, apareceu dentro de alguns minutos. Por essa altura toda a casa era
uma verdadeira fornalha.
Naturalmente, a primeira coisa de que mamãe se lembrou ao recuperar-se do choque, foi a criancinha adormecida em meio àquelas chamas. Os bombeiros e os espectadores
disseram não haver esperança de penetrar nos aposentos cheios de fumaça e dos caibros a cair. Desprendendo-se, porém, dos que a procuravam conter, mamãe precipitou-se
para a incendiada casa, abrindo caminho por entre o fumo e as chamas, em direção do quarto em que se achava sua filhinha - ainda adormecida.
Agarrando-a com aqueles braços já horrivelmente queimados pela explosão, mamãe carregou o precioso fardo para fora, a salvo. Apenas uma cicatriz produzida por
um botão quente assinalou minha irmã mais velha, mas mamãe levou ao túmulo os vestígios de seu ato de heroísmo.
Por mais de um ano esteve ela em tratamento, enquanto a pele enxertada ia aos poucos cobrindo as feridas. Aqueles repuxados tendões desfiguraram-lhe a bela mão,
e feias cicatrizes marcaram o braço que transportou a pequenina para lugar seguro. Aqueles dentre nós, porém, que conheciam a história que se achava por trás daquelas
cruéis cicatrizes, amávamos aquela mãe, que a constrange a não poupar a própria vida para salvar seu filho!
Como esse amor tem inspirado e moldado à vida dos grandes homens deste mundo! Podemos seguir, através dos séculos, a influência do amor e da educação de uma
mãe.
Aí está José, o jovem escravo que se tornou poderoso governador do Egito - o segundo Faraó. Em meio de adversidade e popularidade José não se desviou da senda
da retidão. Por que? Porque, como menino aos joelhos de Raquel, absorvera de sua piedosa mãe aqueles princípios de verdade e justiça que o mantiveram fiel ao ser
combatido pelas ondas da tentação.
Jorge Washington foi, em sua infância, moldado pelo caráter e o amor de uma piedosa mãe.
Abraão Lincoln disse uma vez: "Tudo quanto eu sou ou tudo quanto ainda espero ser, devo a minha angélica mãe!".
"O trabalho da mãe muitas vezes se afigura, aos seus próprios olhos, sem importância. Raras vezes é apreciado. Pouco sabem os outros de seus muitos cuidados
e encargos. Seus dias são ocupados com uma série de pequeninos deveres, exigindo todos paciente esforço, domínio de si mesma, tato, sabedoria e abnegado amor; todavia
ela se não pode vangloriar do que fez como de algum importante feito. Fez apenas com que tudo corresse suavemente no lar; muitas vezes fatigada e perplexa, esforçou-se
por falar bondosamente às crianças, mantê-las ocupadas e satisfeitas, guiar os pequeninos pés no caminho reto. Sente que nada fez. Assim não é, entretanto. Anjos
do céu observam a mãe, fatigada de cuidados, notando suas responsabilidades dia a dia. Seu nome pode não ser ouvido no mundo; achava-se, porém, escrito no livro
da vida do Cordeiro.
"Existe um Deus no céu, e a luz e glória do Seu trono repousam sobre a fiel mãe enquanto ela se esforça por educar os filhos para resistirem à influência do
mal. Nenhuma outra obra se pode comparar a sua em importância. Ela não tem, como o artista, de pintar na tela uma bela forma, nem, como o escultor, de cinzelá-la
no mármore. Não tem, como o escritor, de expressar um nobre pensamento em eloqüentes palavras, nem, como o músico, de exprimir em melodia um belo sentimento. Cumpre-lhe,
com o auxílio divino, gravar na alma humana a imagem de Deus".
Quão adequado, neste Dia das Mães, que nos detenhamos um pouco e prestemos um tributo a quem tantas vezes tem enchido plenamente a medida da dedicação por aqueles
a quem ama! Por intermédio de sua ilimitada afeição, quanto filho ou filha coxeante não tem sido conduzido à luz do supremo amor celeste! Que alegre dia de reunião
será aquele em que as piedosas mães de todos os séculos se encontrarem com os seus ao redor do grande trono branco!
"Pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que se não compadeça dele, do filho de seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, Eu, todavia, não
Me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das Minhas mãos te tenho gravado: os teus muros estão continuamente perante Mim". Isaías 49:15 e 16.
Não quereis vós, neste Dia das Mães - enquanto o coração se acha enternecido ao pensamento do lar e da mãe - pensar também naquele incomparável amor de Cristo
e entrar com Ele em mais íntimas relações - com Ele que vos amou e Se entregou a Si mesmo por vós?
15 - CARLINHOS MUDA DE OPINIÃO
- Não emprestarei para ninguém! Exclamou Carlinhos ao ver, na manhã de seu aniversário, a bela caixa de ferramentas, enviada pelo tio, acompanhada de um bonito
cartão de felicitações. E para maior segurança, acrescentou ele, para que ninguém me venha pedir nada emprestado, manterei a caixa fechada e guardarei a chave comigo,
no bolso.
- Não se esqueça, Carlinhos, disse o pai, que você por mais de um ano tem usado livremente as ferramentas de José. É justo que você seja reconhecido!
Carlinhos ouviu as palavras mais não claramente, pois já se adiantava quando o pai começara a falar. Não que ele não estivesse bem com José, não, eles se davam
muito bem. É que no dia anterior, quando vinham da escola, José havia falado numa carteira escolar que estava fazendo para a irmãzinha brincar em casa. Ele não podia
acabar porque lhe faltava um trado a fim de fazer alguns buracos nas pernas da carteira.
José estaria esperando pedir emprestado as ferramentas novas - e, pensou Carlinhos, se eu deixar a caixa aberta, José sentir-se-á livre para utilizar-se delas.
O mais acertado será eu trazer a caixa sempre fechada e guardar a chave sempre comigo, no "bolso".
À tardinha daquele mesmo dia, entretanto, José veio brincar e Carlinhos observou como ele examinava demoradamente a caixa, apreciando quão belas e finas eram
as brilhantes ferramentas novinhas.
- Que lindo presente, Carlinhos, disse José tomado de grande entusiasmo. Se fossem minhas não permitiria que ninguém tocasse.
- É isso mesmo que vou fazer. Não emprestarei a ninguém, mas se você quiser fazer algum serviço, eu estarei disposto a faze-lo para você, respondeu Carlinhos.
- Você tem a chave da caixa, não tem? Perguntou José.
- Certamente, veja, e mostrou a José uma chavezinha de metal branco, brilhante.
Branco e brilhante.
- Muito bem, isto é suficiente para guardar bem as suas ferramentas, disse José, ao mesmo tempo em que seu pai o chamava.
- Vamos passear até o sítio, convidou o papai. Como uma flecha José correu para o portão, onde estava o pai.
- Você poderá vir também, disse o pai de José para Carlinhos.
- Não, obrigado, respondeu Carlinhos. Preciso fazer umas voltas para mamãe.
- Tudo, porém o que segurava Carlinhos era a linda caixa de ferramentas. Ele saiu para fazer algumas compras para a mãe, mas voltou imediatamente. Nunca fizera
uma volta tão depressa. Grande era a animação pelo presente do tio - a linda caixa de ferramentas brilhantes.
Mas, quando ele voltou e acabou de fazer alguns outros trabalhos extraordinários naquela noite, não dispôs de tempo para dar mais uma olhada ao lindo presente.
Demais, ele havia fechado a caixa e a chave estava consigo. Entretanto, para se cientificar correu a mão ao bolso e para espanto seu a chave não estava. Estacou,
meditando.
"Bem me lembro agora, disse ele em voz baixa". José estava com a chave quando seu pai o chamou. Será que ele me entregou a chave? Não! E Carlinhos convenceu-se
de que José não lhe havia devolvido a chave.
"Malvado de José!" Murmurou, "mas eu hei de apanhá-lo. Não direi nada a ele que a minha chave desapareceu até que ele venha e me peça alguma ferramenta emprestada;
então direi que a chave se perdeu".
Carlinhos foi dormir aborrecido e na manhã seguinte acordou-se ainda amuado, mas não deu a menor impressão de que estava aborrecido. Queria demonstrar estar
tudo muito bem.
Quando se dirigia para a escola viu a José que o esperava no mesmo lugar de sempre, saudando-o alegremente. Carlinhos nem tirou as mãos do bolso para corresponder
à saudação de José. Este não notou que Carlinhos não lhe correspondeu o aceno de mão; nem tocou no assunto da caixa de ferramentas que Carlinhos havia recebido.
No período de lanche da escola é que falou a um grupo de companheiros do lindo presente que Carlinhos ganhara. Nesta hora, Carlinhos se conteve para não desmascarar
a José de ter ficado com a chave da caixa.
O dia de aulas se passou e Carlinhos não olhou nem uma vez para o lado onde se sentava José. Quando se acabaram as aulas, Carlinhos adiantou-se para casa, e
naquele dia pela primeira vez não teve palavras de carinho que o veio encontrar como sempre.
Quando chegou em casa o pai o estava esperando na porta e, tomando a pasta de livros, pediu-lhe que voltasse ao armazém e trouxesse meio quilo de pregos.
Carlinhos voltou e no meio do caminho encontrou-se com José, que vinha. Seu primeiro pensamento foi passar de largo e nem olhar para o amiguinho.
- Vou ao armazém, quer ir comigo? Foi o que respondeu ao amiguinho que havia perguntou aonde ia ele.
- Não, respondeu José, mas vou esperá-lo aqui e iremos depois juntos para sua casa.
Carlinhos bem desejaria demorar um pouco mais, até que José desistisse de esperá-lo e então fosse sozinho para casa. Mas José o esperou.
- Venha e olhe isto aqui, disse José ao se aproximar Carlinhos, já de volta, e ambos pararam ao lado de uma grande construção, observando a estrutura fundamental
da mesma.
- Eu olhei isto ontem à tarde, respondeu Carlinhos, parando para observar.
Num dado momento o pé de Carlinhos resvalou e o menino caiu, saltando-lhe da mão o pacote de pregos que espalharam em todas as direções.
- Que farei, agora? Mais da metade dos pregos caíram pela grade, dentro do bueiro!
Neste momento a face de José brilhou de satisfação. Parecia estranho José estar satisfeito neste transe...
- Você tem aí um cordão?
- Sim, tenho um barbante, mas que adianta?
- Certamente que o barbante só não adianta nada, retrucou José, mas olhe aqui, e desembrulhou alguma coisa.
- Um ímã! Esplêndido! Onde adquiriu você este ímã?
José sorriu satisfeito. - Eu o comprei, disse alegremente, para sua caixa de ferramentas, pois notei que não havia nenhum.
Carlinhos estava quase para dizer que José estava querendo amenizar a situação de ter ficado com a chave, mas lembrando-se do propósito que fizera quanto a manter
segredo a respeito da chave, nada falou.
- Pronto, disse José, depois de haver amarrado o ímã na ponta do barbante. Estou certo de que reaveremos todos os pregos.
Em poucos minutos todos os pregos que haviam caído no bueiro estavam em mãos. Na última vez que ele ergueu o ímã do bueiro, notou que a face de Carlinhos ruboresceu
de satisfação. É que unida ao ímã veio uma chavezinha - a chave da caixa de Carlinhos.
- Parece a chave de sua caixa de ferramentas!
- Sim, é a minha chave mesmo, disse Carlinhos, sem tirar os olhos do amiguinho e relembrando-se de que na tardinha anterior, ao passar por ali, ouvira um determinado
som metálico, mas não podia imaginar que fosse a chave, e demais estava com muita pressa para voltar para casa com as compras que fora fazer para a mãe. Agora ele
compreendia que o som era o de sua chave, quando caíra.
E cheio de emoção falou:
- Ótima coisa você ter esse ímã neste momento!
- É verdade, é uma ótima coisa, mas se você não houvesse ganhado a caixa de ferramentas eu não o compraria, pois o comprei especialmente para a sua caixa de
ferramentas.
- Muito obrigado, José, disse a Carlinhos emocionado e cheio de gratidão. E acrescentou: - Quando você desejar algumas de minhas ferramentas, disponha. A caixa
estará sempre aberta!
16 - DAVI E AS PANELAS NOVAS
Pela quarta vez naquela manhã, Davi correu para casa e perguntou: "Que horas são, mamãe?".
"Agora são nove e vinte e cinco. Você precisa esperar mais trinta e cinco minutos", respondeu a mãe dando uma olhada para Davi.
"Está bem!", ele concordou, "mas eu queria que o vendedor se apressasse. Quero ver as panelas novas que ele está trazendo. Você tem certeza que elas podem cozinhar
batatas e cenouras sem água e assim mesmo não queimar?".
"Sim, Davi!", riu a mamãe. "Você vai poder ver com os seus próprios olhos hoje mesmo. Logo que o vendedor chegar irá fazer o almoço, para que nós possamos aprender
como usar as novas panelas e assim não deixar queimar a comida".
"É difícil de acreditar que essas panelas possam ser tão boas". O tom de voz de Davi demonstrava que ele não podia acreditar no que sua mãe estava dizendo. "Vou
ficar bem perto para poder ver com meus próprios olhos".E saiu rapidamente mais uma vez, saiu para esperar pelo vendedor de panelas que cozinhavam sem água.
O tempo parecia se arrastar. Será que aquele homem nunca chegaria? Davi se sentou nos degraus da escada e dava um pulo a cada vez que um carro entrava na rua
onde ele morava.
Finalmente chegou o vendedor. "Ele chegou! Ele Chegou!" Rápido Davi abriu a porta da frente e chamou sua mãe.
A mamãe convidou o vendedor para entrar, e Davi ajudou a carregar algumas das caixas onde estavam as panelas.
O vendedor desempacotou as brilhantes panelas. "Muito bem, vamos examinar bem cada panela para ver se estão perfeitas", ele disse. "Depois teremos de lavar cada
uma antes de começar a fazer o almoço".
"Por que lavar? Perguntou Davi muito surpreso", elas nunca foram usadas".
"Não", disse o vendedor, "elas nunca foram usadas, mas também não foram lavadas depois do último polimento dado na fábrica. Nós não vamos querer cozinhar alguma
coisa nelas sem ter a certeza de que estejam muito bem lavadas. Isto não será bom para você e nem para as panelas".
"Ah, sim", respondeu Davi. E ficou observando como o vendedor colocava detergente em uma esponja e esfregava, com todo o cuidado, as panelas e as tampas. Depois
enxaguou bastante e enxugou cada panela.
"Como estão lindas e brilhantes!", exclamou a mamãe, "espero que continuem sempre assim".
"Elas ficarão", prometeu o vendedor, "quer dizer, se a senhora não usar palha de aço, e nem outra coisa afiada e áspera para limpar. Lembre-se sempre disto,
pois é muito importante".
Logo as panelas estavam lavadas e o vendedor pronto para demonstrar como usar. Pedaços tenros e brilhantes de cenoura foram colocados dentro de uma panela, ervilhas
em outra e as batatas dentro de outra panela ainda. Colocaram as tampas, mas não colocaram água. As panelas foram colocadas sobre o fogo e acenderam o gás, mas colocaram
fogo bem baixo.
A mamãe e Davi se sentaram para conversar com seu novo amigo, o vendedor, enquanto os vegetais estavam cozinhando. Uma pequena válvula, do tamanho da metade
de um dedal, começou a subir e descer, fazendo um barulho divertido. O vendedor colocou o fogo ainda mais baixo, até que a válvula ficou em silêncio novamente.
"Esta válvula é o seu guarda da cozinha", ele disse, "ela está avisando que o fogo está muito alto e o alimento poderá queimar se a senhora não abaixar o fogo".
A mamãe arrumou a mesa, e logo os vegetais foram servidos. Como estavam gostosos, cozidos sem água nas panelas novas! E também não estavam queimados.
Depois do almoço, Davi perguntou: "Posso lavar a louça? Eu gostaria de lavar as panelas novas".
"Claro que sim, Davi. Mas, por favor, tome cuidado com elas", disse a mamãe.
"Está bem", prometeu Davi, preparando-se para o trabalho. Cuidadosamente limpou cada panela. Ele estava imitando o vendedor na casa de um freguês. Pegou o detergente
e espalhou sobre cada tampa das panelas. Então, por um momento, esqueceu o aviso do vendedor de somente usar alguma coisa macia, como uma toalha de papel ou uma
esponja, com detergente. Davi pegou a esponja de aço da mamãe e esfregou e raspou uma mancha imaginária.
Então, como uma flecha, lembrou-se das palavras do vendedor. "Nunca use palha de aço".
Davi parecia ter ficado paralisado. "Oh, não!", disse para si mesmo, enquanto abria a torneira para tirar o sabão. Ali, claro como o dia, estava uma mancha,
um arranhão profundo sem possibilidade nenhuma de conserto!
"Que vou fazer? Que vou dizer? Por que não pensei antes?" Se perguntava Davi silenciosamente, enquanto secava a tampa. E por mais forte que tentasse, não conseguia
fazer desaparecer a mancha. O coração de Davi estava pesado.
Ele terminou de lavar a louça e guardou tudo em seus lugares. Mas deixou as panelas e as tampas novas em cima da mesa, porque não sabia onde a mamãe iria guardar.
Quando a mamãe veio para guardar as panelas, imediatamente notou a tampa arranhada. "Oh, veja o que o vendedor fez quando lavou as panelas". A voz da mamãe estava
cheia de tristeza, quando pegou a tampa arranhada e olhava cuidadosamente.
"Não, mamãe", falou Davi, "ele não fez isto, fui eu quem fiz".
A mamãe olhou muito surpresa para seu filho. Depois de um breve momento ela sorriu. "Oh, como estou feliz porque você me contou. Está tudo bem". E não disse
mais nada.
Davi agora está bem crescido. Mas o coração de sua mãe fica emocionado, cada vez que lava a tampa arranhada. É a tampa que ela guardará com todo o carinho e
cuidado pelo resto de sua vida, porque aquele arranhado é uma lembrança de que seu filho não teve medo de dizer a verdade, mesmo quando teria sido muito mais fácil
para ele ficar em silêncio. E porque ele não teve medo de dizer a verdade, também conservou bem puro e limpo seu registro lá no Céu.
17 - FIDELIDADE RECOMPENSADA
Nos distantes dias de minha infância, sempre me parecia que o sábado era um impedimento para se ter êxito na vida e empreender uma obra de valor. Meus companheiros
ambicionavam posições de destaque em que ganhassem muito dinheiro. A mim não me parecia que essas aspirações se adaptassem ao programa de um menino adventista do
sétimo dia.
Quarenta anos mais tarde, quando visitei a velha cidadezinha onde eu nascera, e comecei a indagar acerca daqueles meus antigos companheiros, ninguém me soube
dar informações. Quando, naquele dia, visitei o cemitério, notei que a maioria deles se achava debaixo da terra. Um daqueles amigos da infância construíra na cidade
um lindo palacete. Agora, fazia pouco fora sepultado - morrera bêbado! Quando deixei o cemitério, não pude conter as lágrimas. Deus me estava a dizer, muito claramente:
"Meu filho, coloquei a cerca dos Meus Dez Mandamentos em torno de você, nos dias de sua infância, para que tivesse uma vida mais abundante".
Existem também muitas histórias acerca de como a obediência à lei de Deus trouxe bom êxito. Todos vocês, meus pequenos leitores, sabem o que a Bíblia diz acerca
de Daniel e seus companheiros, e acerca de José, de Ester, Rute e muitos outros. Mas há também muitas histórias acerca de meninos e meninas dos nossos dias, a quem
Deus honrou assinaladamente porque guardavam a Sua lei.
Uma das melhores histórias que conheço fala de um rapaz que trabalhava numa fábrica de alimentos enlatados. Quando o menino apresentou o seu pedido para o dispensarem
do trabalho aos sábados, disseram-lhe, em poucas palavras, que a companhia não tinha lugar para alguém que não trabalhasse aos sábados, ou em outro qualquer dia
em que a companhia precisasse de seus serviços. Devia comparecer no escritório na sexta-feira para receber a conta, e o seu caso estaria encerrado.
Mas aconteceu que, antes que chegasse o sábado, o Senhor enviou uma chuva. Foi uma dessas chuvas pesadas, que vem inesperadamente e mesmo fora de tempo. Deus
mandou essa chuva para ajudar um de Seus filhos que estava resolvido a honrar o Seu sábado.
Certa ocasião essa companhia de conservas tinha cerca de vinte mil latas de frutas em conserva, todas rotuladas e prontas para o despacho. Mas estavam fora,
ao ar livre, e poderia vir chuva para estragá-las. Nosso menino, observador do sábado, estava quase certo de que iria chover. E sabia que aquelas latas não podiam
apanhar umidade. Nem era de sua responsabilidade Dar-lhes qualquer atenção. Tinha já terminado o trabalho do dia, e o cuidado das latas não lhe cabia. Entretanto,
arrumou mais algumas pessoas e com elas pôs todas aquelas latas debaixo de coberta. Apenas terminaram o trabalho, quando desabou pesado aguaceiro.
O gerente da companhia estava de volta de uma cidade distante, e enquanto se dirigia para casa, pensava: "Todas aquelas latas se molharam. Tem de ser muito bem
enxutas, para não enferrujarem; todos os rótulos tem de ser tirados, e colocados outros. Isto significa alguns milhares de cruzeiros de despesas extraordinárias,
em trabalho e material...".
Como ele ficou contente quando viu todas aquelas latas abrigadas da chuva! Naturalmente, foi logo perguntando:
- Quem fez isso?
- Aquele menino adventista foi à resposta.
E o menino adventista, depois disso, teve liberdade para guardar todos os sábados que quisesse. E é claro que queria guardar todos.
Nenhum menino ou jovem adventista ficará num beco sem saída, por causa do sábado. Ainda que às vezes seja provado por algum tempo, Deus lhe providenciará um livramento
glorioso!
18 - QUERO SER O FILHO DE ALGUÉM
Em certa localidade veio um menininho alegrar o lar humilde de um pobre casal. Chamaram-no Joãozinho.
Sendo Joãozinho ainda pequenino, penetrou a enfermidade em sua pequena família. Não havia médicos por ali perto, que fossem ajudar a seu pai enfermo, e assim
não tardou a que ele morresse. Pouco mais tarde sua mãe também veio a falecer, ficando Joãozinho completamente só. Embora seu tio tomasse conta dele, o pequeno
se sentia muito triste e solitário sem o papai e a mamãe. Tinha as roupas sujas e rotas.
Não tardou a que Joãozinho sentisse que não era de ninguém. Começou a vagar em companhia de alguns meninos maus, e ele próprio se tornou mau. Às vezes um menino
órfão aprende muitas coisas más de outras crianças na rua. Nós, que temos um bom papai e uma boa mamãe, devemos cada dia dar graças a Jesus por isso.
Depois de algum tempo seu tio se mudou para a povoação, ficando vizinho de um de nossos missionários. Também aí Joãozinho fez amizade com meninos maus. Uns homens
ruins ouviram falar nele, e uma vez resolveram servir-se dele para maus fins. Eram ladrões que tiravam aos outros o que lhes pertencia.
Um dia muito frio esses maus homens quiseram roubar na casa do missionário. Falaram com Joãozinho a esse respeito. Disseram-lhe que ele devia rondar a casa,
e ver onde guardavam as chaves, de modo que ele pudesse roubar uma. Devia também ver quando os missionários saíam de casa. Prometeram dar-lhe uma boa parte do que
roubassem. Joãozinho concordou em fazer esse feio papel.
À noite estava fria, e Joãozinho estava pobremente vestido enquanto se dirigia para a casa do missionário. Tremendo de frio, parou debaixo da janela, olhando
para dentro, a ver o que a família estava fazendo. Ao ver o missionário dirigir-se para a porta da frente, procurou esconder-se; mas ele o viu. Falando-lhe amavelmente,
disse: "Pequenino, deves estar com frio. Entra comigo e aquece-te". O menino entrou em casa, pensando que agora tinha melhor ensejo que nunca de conhecer o arranjo
de tudo por dentro, e saber onde se guardavam as coisas de valor.
A esposa do missionário sentiu compaixão pelo pequeno sujo e esfarrapado. Preparou-lhe um banho quente e deu-lhe roupa limpa e trouxe-lhe também uma ceia quentinha.
Joãozinho não podia compreender essa bondade tão grande. Ao terminar a refeição, a família missionária reuniu-se na sala para o culto vespertino. O dono da casa
disse:
- Agora repitamos juntos S. João 3:16: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que N'Ele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna". Joãozinho escutava. Seu coração se enternecia enquanto repetia as belas palavras de S. João 3:16 uma e mais vezes, mas não podia recordar
todas as palavras. Depois do culto, o missionário perguntou a Joãozinho se queria fazer um recado para eles. Ele respondeu: Sim, senhor.
- E deitou a correr pela rua em que os homens maus o estavam esperando. Agora eles viram um menino limpo e bem vestidinho. Estava todo mudado. Os ladrões pediram-lhe
informações acerca da casa do missionário, mas o menino negou-se a falar. Foi ameaçado, e depois açoitado até que o deixaram quase morto.
Ao ser encontrado na rua, Joãozinho estava inconsciente. Tinha as roupas sujas, e as feridas a sangrar. Vocês se lembram da história do bom samaritano, que encontrou
no caminho o pobre homem espancado pelos ladrões. Pessoas de bom coração recolheram o menino inconsciente e ensangüentado, e levaram-no ao hospital. Durante toda
a longa noite ele delirava e dizia:
- Deixem-me em paz; já não sou aquele menino mau. Sou João 3:16. Repetidamente o ouviam as enfermeiras dizer: "Sou João 3:16". Elas não podiam entender o que
ele queria dizer com isso.
Mais tarde, quando Joãozinho começou a melhorar, explicou como pensara em ajudar os ladrões; como havia parado, sujo, faminto e friorento, sob a janela do missionário.
Como este o levara para sua cômoda morada, lhe dera um banho quente, roupas limpas e uma boa ceia quente, e João 3:16. Então, o menino disse: "Se João 3:16 pôde
fazer tudo isto por mim, mostrando-me tanto amor e bondade, então também eu quero ser um João 3:16. Quero ser o filho de alguém".
Esta noite, querido amiguinho leitor, quando te ajoelhares para orar a Jesus, pense nos menininhos que não tem papai nem mamãe que os amem, nem um lar em que
viver. Diz-Lhe: "Jesus: Bendize aos órfãozinhos e ajuda-os a encontrar bons lares. Dou-te graças por meus pais e tudo quanto tenho e por Ti, querido Jesus. Amém".
19 - GELO, NEVE E ANJOS
Três rostos se viraram ansiosamente da janela para sua mãe que estava costurando ali perto, sentada em uma cadeira de balanço.
- Oh! Mãezinha, o papai vai mesmo chegar esta noite? - perguntou Carla.
Largando um pouco a agulha, a mamãe sorrindo disse:
- Sim, Carla, o papai disse que estaria aqui hoje à noite.
- Mas, mãe, as estradas estão horríveis, muito perigosas agora - disse Tadeu com uma voz assustada.
E novamente os olhos voltaram a olhar pela janela. Duas horas antes tinha começado uma chuva gelada, o gelo estava pendurado nas árvores e arbustos, fazendo
com que parecessem de prata. Agora estava caindo neve, cobrindo todo o chão. O gelo nas estradas foi rapidamente escondido e coberto pela camada de neve. A mamãe
levantou de sua cadeira e juntou as crianças ao redor dela. Jaime, que tinha três anos, passou os braços ao redor da mãe e perguntou:
- O papai está bem?
Arrumando seus cabelos, a mamãe sorriu novamente e perguntou:
- Crianças, vocês lembram quem está cuidando de nós todo o tempo?
Todos os três mexeram a cabeça para cima e para baixo.
- Jesus - disse Carla.
- E quem manda para estar com cada um o tempo todo?
- Nosso anjo da guarda! - disse Tadeu sorrindo.
- Um anjo está cuidando do papai? Perguntou Jaime.
- Sim, ele está ao lado do papai, Jaime - disse a mamãe. - Sabe de uma coisa, vamos todos ajoelhar e fazer uma oração especial pedindo que Jesus traga o papai
logo, logo para casa e em segurança.
Todos ajoelharam em cima do tapete no meio da sala quentinha e deram as mãos. Cada um orou - mamãe, depois Jaime, Carla e por último Tadeu.
"Querido Jesus", orou Tadeu, você sabe onde está o papai. Por favor, mande o anjo da guarda proteger o papai na estrada gelada e fazer com que ele chegue logo
em casa. Obrigado. Amém".
Logo que levantaram da oração, de repente a sala ficou escura. O peso do gelo e neve tinha arrebentado o fio da linha elétrica em algum lugar. A mamãe foi acender
uma vela e observou o relógio - eram 7:30 horas. Depois a mamãe acertou o seu relógio de pulso e sentou com as crianças no sofá.
- Vamos cantar algumas canções de Natal! - disse Carla.
- É isto mesmo, vamos cantar! - disse Tadeu.
E começaram a cantar "Num Berço de Palhas", "Sinos de Natal" (escolha outros hinos). Até mesmo o Jaiminho estava cantando, mesmo não conseguindo dizer muito
bem as palavras por ser muito pequeno.
Quando começaram a cantar "Noite Feliz", eles ouviram o barulho de pneu ao lado da casa como se um carro tivesse entrado. Pulando em direção da janela, todos
olharam para ver se era realmente o papai.
Houve gritos de alegria quando o papai entrou na sala. Abraços e beijos foram trocados, e neste mesmo momento a luz voltou.
Depois que o papai pendurou o seu casaco, ele veio sentar-se junto com sua família no sofá. Jaiminho sentou no seu colo e Carla e Tadeu sentaram em cada lado,
bem pertinho.
- Sabem, quase não pude chegar em casa esta noite. Não estava muito ruim logo que comecei a voltar. Estava começando a chover. Mas quando a estrada começou a
ficar gelada, fiquei muito preocupado e com medo. Eu não tinha dinheiro suficiente para parar em nenhum lugar, e assim continuei a viagem. Eu vi carros caídos em
buracos ao meu redor. Mas conservei meus olhos na estrada prestando atenção para não cair em buracos de gelo. - A esta altura o papai parou, abraçou Carla e Tadeu
e deu um beijo na cabeça de Jaime.
- Eu não podia dirigir depressa, acho que nunca dirigi tão devagar. Mas quando cheguei perto da ponte que atravessa (cite um nome), começou o problema. Eu estava
ouvindo as notícias de como estava o tempo e as estradas. Eles tinham acabado de anunciar que eram 7:30 horas quando o carro começou a derrapar. Havia um forte vento
atravessando a ponte, e a estrada era um espelho de gelo. Eu podia ver a água - preta e fria. O carro estava derrapando depressa e fora do meu controle. Eu estava
esperando a batida contra a mureta e...
O papai respirou fundo e deixou escapar um longo suspiro.
-... Mas de repente o carro parou de deslizar e foi direto para frente. Eu não tive mais problemas no resto do caminho para casa.
- Seu anjo da guarda! Exclamaram as três vozes juntas.
- Você disse que isto aconteceu exatamente as 7:30 horas? - perguntou a mamãe.
- Posso dizer que Jesus respondeu as orações de vocês. Vamos ajoelhar e agradecer pelo cuidado que Ele teve para comigo - disse o papai.
O que você pode fazer quando está com medo?
Por que vocês acham que acontecem experiências como a que acabamos de contar?
20 - HISTÓRIA DE UM CHINÊS
Numa pequena choça, no alto de uma colina de onde se avista o verde mar, vivia um jovem pescador chinês. A choça era deveras pequena. Consistia apenas num quarto,
atrás do qual ficava um alpendre que servia de cozinha. As paredes e o soalho eram de barro batido e encarnadas telhas formavam o teto. A cama, ou melhor, algumas
tábuas sobre dois bancos, duas tripeças e uma pequena mesa constituíam a singela mobília. Do outro lado oposto à porta, achava-se uma mesa alta e estreita, onde
se encontrava o ídolo de barro pintado, dos pescadores. Ladeavam encarnadas velas em candelabros de metal branco e a sua frente ficava a pesada taça de bronze, cheia
de cinzas provindas das barras de incenso.
Toda manhã, antes de sair à pesca, o jovem chinês Khiok-ah apanhava duas novas barras de incenso, segurava-as diante do ídolo, agitava-as no ar, e colocava-as
na taça, rogando dessa maneira as bênçãos do ídolo para sua pesca. Assim fazia toda manhã, com fé singela no poder que deveria ajudá-lo.
Isso aconteceu por muito tempo. Certa ocasião nosso amigo chinês precisou ir a uma aldeia distante e não podia estar de volta no mesmo dia. Não havia ninguém
para queimar incenso ao ídolo, no tempo designado. No entanto, para a fé sincera de Khiok-ah, isto não apresentava dificuldade. À hora de sair, tirou do pacote vermelho
duas barras de incenso, e colocou-as diante do ídolo com uma caixa de fósforos. Em seguida, inclinando-se reverentemente, disse: "Ó espírito, hoje devo ir a negócios
a um lugar distante e não poderei estar de volta em tempo de queimar-te incenso. Diariamente, sem faltar, tenho feito isto; mas somente desta vez, queima-o tu mesmo.
Repara, aqui estão diante de ti, as barras de incenso e os fósforos. Somente desta vez, acende tu mesmo, por favor". E retirou-se logo.
Ao regressar, para sua surpresa, não viu as espirais de fumo que deveriam ascender da taça de incenso. Aproximando-se e investigando melhor, deparou com as barras
de incenso e os fósforos justamente como os havia deixado. Então, cheio de ira, volveu-se para o ídolo e disse: "Por muito tempo tenho queimado incenso diante de
ti e nunca o deixei de fazer. Somente dessa vez pedi que o queimasse por mim e não o fizeste. Será que não podes? Bem, um deus que não tem poder para ascender sua
própria barra de incenso, certamente não tem poder para ajudar-me. Por isso não adorarei mais a nenhum deles, até encontrar um capaz de ascender sua própria luz".
Passaram-se alguns anos. Khio-ah abandonou sua choça de pescador e teve oportunidade de freqüentar uma escola. Um de seus colegas era cristão e veio, a saber,
o voto que ele fizera. De modo que certo dia, o cristão lhe disse:
- Amigo, queres amanhã de madrugada, subir comigo ao cume de uma colina? Tenho alguma coisa para mostrar-te.
Khiok-ah aceitou ao convite e na manhã seguinte, antes do nascer do sol, saíram juntos os dois amigos. A todas as perguntas do chinês, o nosso bom cristão respondia:
"Espera e verás".
Chegaram afinal ao cume da colina, quando os primeiros clarões tingiam de púrpura o céu oriental. Enquanto observavam o maravilhoso alvorecer de mais um dia,
viram o sol surgindo em toda sua glória e esplendor.
- Repara, disse o amigo cristão, o Deus que eu adoro é Todo-poderoso. Toda manhã Ele acende Sua luz e espalha claridade, alegria e vida em todo o mundo.
Desde esse dia, Khiok-ah dedicou a vida ao Deus que tinha poder para acender Sua própria luz. Tornou-se mais tarde um pregador, mostrando a outros o caminho
para o verdadeiro Deus. Mas jamais esqueceu o amigo que por uma ilustração simples, o guiou à verdadeira Luz.
21 - INUNDAÇÃO NA FLORESTA
Estourando de excitação, Leandro e Davi correram atravessando o quintal em direção à trilha, ignorando as pilhas de restos de artilharia e trincheiras individuais,
lembranças ruins da Segunda Guerra Mundial.
"Tchau, mãe", disseram e acenaram pela última vez, antes de desaparecerem dentro da mata.
A mamãe confiou que Zai Kom, o zelador do acampamento da missão, iria cuidar de seus filhos, enquanto sussurrava uma oração: "Cuida deles, querido Deus".
O pai de Leandro e Davi tinha saido em uma viagem missionária, para uma parte isolada e solitária da Birmânia. Os meninos estavam indo para encontrar-se com
ele na pequena vila de Lai Twi aquela noite.
Os meninos e o zelador fizeram seu caminho ao longo de atalhos estreitos e cheios de precipícios, caminhos que pareciam uma cobra se retorcendo por entre grandes
árvores e pequenos arbustos. A luz do sol, filtrada pelas árvores, fazia desenhos de luz que dançavam sobre os cabelos louros dos meninos. Em muitos lugares os meninos
apontavam para árvores com delicadas orquídeas crescendo em seu tronco - algumas amarelas e violeta, entre muitas brancas como a neve.
"Estamos perto do rio", disse Leandro, depois de algum tempo.
"Que bom. O velho Manipur não é muito fundo, podemos atravessar sem dificuldade", disse Davi. Os três atravessaram facilmente o rio e depois pararam um pouco
do outro lado para descansar, antes de começar a subida que levava a Lai Twin.
O coração de Leandro palpitava forte na subida, e ele começou a ficar para trás. "Estamos quase chegando?", perguntou ansiosamente.
"Logo depois da próxima curva", respondeu Zai Kom, "mais uns minutos e estaremos lá".
"Até que enfim!" Gritou Leandro, subindo rapidamente pelo caminho e esquecendo que suas pernas estavam cansadas. Podia ouvir ruídos do vento soprando através
das árvores. Agora Leandro estava bem na frente de Davi e Zai Kom. Já podia sentir o cheiro peculiar de uma vila birmanesa, e em poucos minutos chegou à vila.
Enquanto esperava que os outros chegassem, ficou observando os sinais comuns de uma vila pagã. Sempre ficava com medo quando via as ofertas que faziam aos espíritos
nos postes do lado de fora das casas. Ali estava a cabeça de um cachorro, sua boca curiosamente aberta com palitos e depois enchida com comida. Como estava feliz
por ser cristão, e também porque a sede da missão ficava em uma vila cristã.
Além do poste, a casa tinha o telhado feito de palha, e muitas casas tinham inkas (varanda, pórtico) com tutpas. Um tutpa é um banquinho baixo, geralmente enfeitado
com pele de tigre. As casas eram construídas contra a montanha e do outro lado sustentadas por pilares. Embaixo das casas os porcos grunhiam.
"Ugh! Olhe que sacrifício horrível naquele poste", disse Leandro torcendo seu nariz, logo que Davi chegou perto dele.
"Realmente é horrível", Davi concordou, franzindo seu nariz, "mas venha, temos de chegar na casa dak, passaremos a noite ali. O papai deve chegar logo".
Uma curta distância à frente, eles encontraram o "hotel" mantido pelo governo e que era conhecido por dak. Era um pouco melhor do que uma choupana, mas tinha
paredes quebradas, colunas que balançavam e um inka (entrada) sujo.
Bem depressa os meninos se ocuparam fazendo fogo, e cozinhando arroz para o jantar. Leandro e Davi não deram atenção aos moradores da vila que vieram para observá-los.
Mas quando as pessoas começaram a apontar, falar e rir excitadamente, os meninos sabiam que alguém estava chegando.
"Deve ser o papai", exclamou Davi, e começou a ir para a entrada.
"É o papai! É o papai", ele gritou enquanto corria para os braços do pai. Leandro seguiu bem de perto.
"Como estão vocês?", perguntou o pai em voz profunda, enquanto abraçava Davi e Leandro. Depois, mais depressa que puderam passaram pelas pessoas e entraram na
choupana para comer o seu jantar.
Não tiveram tempo de conversar depois do jantar, porque os moradores da vila se amontoaram ao redor, trazendo seus doentes. O pai deu medicamento, tratou e ajudou
em tudo que pôde. Depois começou a falar para as pessoas sobre Jesus, que os amava.
Finalmente as pessoas voltaram para suas casas, e o papai, deitou para descansar.
Durante a noite caiu uma chuva muito forte. Choveu durante toda à noite. De manhã, a trilha tinha sido lavada e apagada em muitos lugares, e o caminho estava
muito escorregadio.
O pai conversou com os carregadores sobre a situação. Com uma chuva tão forte e pesada, o Rio Manipur deveria estar transbordando. Será que deveriam seguir aquele
caminho, ou deveriam tomar um caminho mais longo, que demorava mais de um dia para encontrar a ponte? Ao final, todos concordaram que deveriam descer a montanha
e enfrentar o rio.
Escorregando aqui e ali, desceram a trilha até o rio. Quando alcançaram o rio, ficaram todos atolados.
"O rio cresceu mais depressa do que uma massa de pão em uma cozinha quentinha", disse Zai Kom. A água fazia redemoinhos e muita espuma na borda.
"O rio deve estar com mais de 160 metros de largura", observou o papai. "Vamos precisar muito da ajuda de Deus para poder atravessar o velho Manipur hoje". E
virando para Zai Kom, disse: "Corte uma vara bem comprida de bambu. Todos devemos nos segurar nesta vara para cruzar o rio, se alguém cair, poderemos ajudá-lo a
levantar-se". O papai olhou ao redor para Zai Kom, Leandro e Davi, e para os carregadores. Leandro e Davi estavam tão excitados que não tinham tempo para sentir
medo.
Logo que a vara estava pronta, o papai pediu que todos curvassem a cabeça para uma oração: "Pai Nosso que estás no Céu, cuida de nós enquanto atravessamos o
rio, ajuda-nos a ter pés firmes, e que possamos chegar salvos até a outra margem. Pedimos em nome de Jesus. Amém".
Zai Kom foi o primeiro a entrar na água agitada, depois Leandro, o Papai, Davi e os carregadores seguiram, segurando na vara de bambu.
Leandro andou alguns passos e logo começou a escorregar. "As pedras estão muito lisas! Quase não posso ficar em pé!", ele gritou.
"Segure bem firme", acrescentou o pai, mas o barulho da correnteza impossibilitou que os outros ouvissem.
A água agitada empurrava e retorcia seus corpos. E começou a ficar mais fundo, e mais fundo - a água chegou primeiro até os joelhos, depois na cintura e até
o peito. Os carregadores lutavam para manter o equilíbrio, com os pacotes sobre suas cabeças.
Leandro já estava sentindo a água em sua boca e nariz. Quando seu pé pisou em uma pedra grande, ele deu um impulso e por um momento conseguiu tirar sua cabeça
e seu peito de dentro da água para respirar, mas em seguida seu corpo desapareceu na água funda novamente. Ele esticava as pernas, tentando pisar no fundo, quando
uma de suas mãos escapou da vara. A turbulência do rio o sacudiu com tanta força, que conseguiu fazer com que sua outra mão se soltasse da vara de bambu, e por isto
submergiu completamente e começou a ser arrastado rio abaixo. Mas seu pai que viu o que estava acontecendo, mergulhou na revoltosa água e conseguiu encontrar Leandro.
O menino sentiu os fortes braços do pai puxando-o de volta. Novamente conseguiu se segurar na vara e depois sentiu as mãos de seu pai cobrindo suas mãos, enquanto
segurava firme na vara de bambu. Depois desse acontecimento, que pareceu uma eternidade para Leandro, a pequena comitiva conseguiu alcançar o outro lado do rio.
Leandro olhou para o rosto de seu pai e disse: "Estou muito feliz porque os anjos cuidaram de nós, papai, e também estou feliz por você ter segurado a minha
mão". Viu quando o rosto de seu pai se transformou em sorriso. Leandro agora sabia um pouco mais sobre o amor de seu Pai Celestial e também sobre Sua proteção.
22 - JOÃOZINHO E OS FÓSFOROS
Não se pode negar que eu era um rapaz levado, que causava muitos aborrecimentos à mãe. Meu pai, que era pianista, naquele tempo pouco se podia dedicar à educação
dos filhos. Eu tinha um prazer especial em brincar com fogo. Quando encontrava uma caixa de fósforos esquecida, logo acendia um pauzinho. Com alegria, contemplava
a pequena chama e em seguida lançava fora o fósforo, sem cuidar se ele ainda ardia. Isto eu fiz durante muito tempo, até que uma vez minha mãe chegou a observar
e deu um fim repentino ao meu divertimento.
- Espero que você nunca mais pegue numa caixa de fósforos sem licença, disse ela, e ameaçou-me com um severo castigo.
Prometi, todo amor e bondade, e pretendia também cumprir a promessa.
Certa manhã, porém, minha mãe teve de ir à feira. Deixou a nós dois, a mim, Joãozinho, e a irmãzinha que era dois anos mais nova, aos cuidados da empregada recém-chegada
ao serviço.
- Joãozinho - ela aconselhou, ainda, ao partir - lembre-se de que Deus pode vê-lo também, quando eu não estou aqui.
Eu prometi ser bonzinho. Mas logo que me senti livre dos olhos vigilantes de mamãe, a velha insolência tomou conta de mim, porque, com a empregada tão nova e
quieta, eu não me importava. Nós começamos a correr por todos os compartimentos da casa, eu na frente, e minha irmãzinha, que ainda estava um pouco fraca, atrás
de mim.
Em nossa correria doida chegamos ao quarto de nossos pais. Ali, sobre a estufa, uma caixa de fósforos me tentava. Logo tive o desejo de acender um pauzinho.
Ao mesmo tempo veio-me à lembrança a severa proibição de mamãe. Eu procurava desviar-me dali. Mas a caixa com a linda etiqueta vermelha parecia estar em todos os
cantos do quarto e tentava-me irresistivelmente. Apenas vou ver se há fósforos dentro, eu pensei.
Uma cadeira foi carregada para perto da estufa, pois eu era muito pequeno para alcançar a caixa. Subi na cadeira, enquanto minha irmã olhava admirada. Logo peguei
a caixa almejada, com muito gosto. Estava bem cheia de fósforos de cabecinha vermelha. Será que eles também queimavam? Somente um, apenas um, eu queria experimentar.
Que bela chama! Era tão linda! Mais uma vez, mais outra. De um fósforo aceso, tornaram-se dois, três, quatro!
- Eu também, eu também, Joãozinho, pedia à pequena que achava bonitos os fósforos inflamados.
Dei um fósforo à irmãzinha; depois lhe estendi a caixa para riscar, sem pensar que estava ensinando a desobediência a ela. Minha irmãzinha não sabia bem riscá-los.
- Dá-me, aqui, tolinha - disse eu, sentindo-me muito superior a ela, e tomei-lhe os fósforos da mão, dando a caixa em troca.
Enquanto eu me esforçava a dar, à criança assustada, o pauzinho aceso, não notei que o meu próprio fósforo chegava debaixo da manga de seu vestidinho vermelho,
de lã. Eu ainda não sabia o que acontecera, até que vi a fumaça subir e o fogo aparecer.
Atônito, eu estava ali, olhando como minha irmã corria de um lado ao outro, gritando, e com os braços erguidos. Pelo movimento a chama ficava maior e maior.
A pequena gritava quanto podia, de susto e de dor. A empregada veio correndo. Em vez de ajudar, ela ficou parada em nossa frente, sem saber o que fazer. Pôs o avental
na frente dos olhos e começou a soluçar.
Neste momento crítico, mamãe apareceu na porta. Na frente da casa ela já tinha ouvido os nossos gritos e, pressentindo o perigo, subiu as escadas quase voando.
Pálida, muito pálida mesmo, ela olhava ao redor de si. Mas, num segundo, e ela já sabia qual a situação. Lançou a sacola de verduras a um lado e enrolou a criança
chamejante em sua larga saia. Foi num abrir e fechar de olhos. Mamãe apertou a criança contra seu corpo e deste modo conseguiu apagar o fogo.
A irmãzinha estava salva da morte. Mas em que estado ela se achava, eu depois iria saber. Enquanto a mãe cuidava da criança, eu saí, devagarzinho. Na sala de
música estava o grande piano de cauda de papai. Em baixo deste eu me escondi, como fazia sempre que alguém estivesse zangado comigo. No cantinho mais escuro fiquei
para esperar a tormenta passar.
Depois de algum tempo ouvi os passos de mamãe e logo sua voz chamando: - Joãozinho, onde você está?
Agora não adiantava mais me esconder. Eu tinha de sair e sabia que seria castigado. Olhava com medo para o grande espelho atrás do qual era guardada a vara.
Oh, se mamãe a tivesse tirado e dado o castigo merecido! Até as piores varadas eu teria esquecido logo. Mas o que aconteceu então nunca mais esquecerei.
Venha comigo - disse mamãe com uma voz triste, e levou-me ao lado da caminha da irmã.
23 - MÃE DE VERDADE
A história que passo a contar é verídica.
O bonito subúrbio londrino perdera a sua paz. A população toda estava calma, mas o perigo era eminente!
A guerra mostrando-lhe seu horror, ameaçava destruí-la.
- Preciso mesmo partir, mãezinha?
O coração da pobre mãe apertou-se ainda mais ao ouvir estas palavras e ao olhar para Guilherme, o filhinho de seis anos, cuja pele era tão negra como a de seus
pais.
Os cinco anos que passara na Inglaterra pacífica, longe do calor dos trópicos, não conseguiram tornar branca aquela epiderme macia. O pequenino se considerava
diferente e inferior às demais crianças, quem sabe se porque estas, sem coração, lhe houvessem feito sentir a diferença de cor.
Havia chegado o momento em que as crianças tinham de ser enviadas para longe de seus pais, deixando a cidade ameaçada, para que suas vidas, fossem salvas.
Guilherme devia partir para talvez nunca mais se reunir à mamãe e ao papai, para os quais era tudo!
- Mamãe! Sou preto! Ninguém me há de querer! Deixa-me ficar aqui!
A infeliz mãe tomou-o em seus joelhos e disse carinhosamente:
- Filhinho! Tens de partir! Teu pai é agora soldado e eu sou enfermeira! Tua vida tem de ser guardada para que também um dia possas ser útil... O nosso Deus
vai achar para Guilherme um outro lar e uma nova mãe! -
Sua voz não tremia diante do sacrifício!... Seu filho ia ter uma nova mãe!... Ela própria iria substituir outras mães nos hospitais de sangue! O filho que tanto
amava ia deixá-la... Não mais escutaria a sua vozinha meiga, não mais receberia os seus beijos... Mas, que importava o seu sofrimento, a saudade que sentiria, desde
que a vida do filho amado fosse salva!
- Filhinho, não te esqueças de Jesus!
Ora diariamente e pede a Ele que te guarde!
- Devo então partir mesmo e sozinho... Ninguém quererá receber um pretinho... O que devo fazer?
A resposta foi dada pelo pai de Guilherme que entrou na sala com um envelope na mão.
- Vou colocar este envelope no forro do teu paletozinho, meu filho. Não dirás a ninguém que está ali. Quando chegares ao teu destino verás que muitas pessoas
irão receber as crianças e levá-las para as suas casas.
Espera que uma senhora sorria ao olhar para o teu rosto, sem recuar por ver que és um pretinho. Se ela disser que te vai levar consigo, pergunta-lhe: "A senhora
tem certeza de que me quer?".
Poderás ler a resposta em seus olhos e, se neles vires amor e carinho, segue-a e seja para ela um bom filho!
O menino seguiu, pois, com centenas de outras crianças, para um futuro desconhecido!
A notícia da chegada dos pequenos fugitivos se espalhara e a estação se enchera de senhoras que se prontificavam a adotá-los.
Em uma casa pequenina daquela cidade, uma senhora, vestida de luto, terminava o arranjo do modesto interior.
"Irei buscar um menino, dizia. Sou agora muito pobre! Meu marido e meus filhos dei-os à Pátria e entreguei-os a Deus! Estou só, mas com o meu trabalho sustentarei
o novo filho que Deus me proporcionar".
"Amá-lo-ei e seremos ainda felizes".
O coração desta mãe havia também sofrido.
Seu marido e seus dois filhos fizeram-se aviadores e haviam morrido.
O seu amor materno, entretanto, não morrera: porque havia amado seus filhos amaria agora o menino - afastado de sua mãe - que iria trazer para casa.
A bondosa senhora começou a sua escolha, difícil, pois todos os rostinhos tristes e assustados que lhe via causavam piedade e tocavam as suas fibras maternais.
Parou afinal junto do pretinho gordo e bem tratado, que a olhava com meiguice e receio.
Os olhares de ambos se encontraram e Guilherme viu a ternura que procurava. Quando a senhora estendeu-lhe a mão, a criança perguntou:
- Minha senhora, está bem certa de que me quer? Sou pretinho!
Havia naquela vozinha um misto de meiguice, de pavor, de ansiedade e de desejo intenso de amor! Como aquelas palavras ecoaram e caíram bem no coração daquela
mãe sem filho!
- Sim, meu filho, bem certa! A tua alma é tão branca como a de meus filhos! Vem! Educar-te-ei e amar-te-ei como se fosses meu!
À noite, depois de haver deitado o novo filho em sua própria cama e de haver orado com ele pelos pais que haviam ficado tão longe, a boa senhora foi dobrar as
roupinhas que lhe despira. Com surpresa sentiu que havia alguma coisa no forro do paletó.
Retirando o envelope achou nele algumas notas de cem cruzeiros e o seguinte bilhete:
"Que Deus a recompense, minha senhora, e permita que no nosso Guilherme encontre um filho obediente, dócil e amoroso. Enviamos isto para as despesas do nosso
querido, que entregamos nas mãos de Jesus".
Logo enviaremos mais.
Muito gratos por sua hospitalidade e pelo carinho que der ao pequenino!
Minha esposa esquece seu sofrimento e a dor de ver partir o filho, a quem ama acima de tudo neste mundo, quando pensa que o seu sacrifício significa a salvação
de uma vida que mais tarde poderá ser útil a Deus e aos homens.
Partirá amanhã para ser a mãe carinhosa de muitos que, em seus leitos de dor, estarão privados do amor materno.
Lágrimas quentes rolaram por suas faces tornadas pálidas e magras pelo sofrimento e, mesmo de longe, os dois corações maternos se entrelaçaram e se irmanaram
no sentimento de amor, de dedicação e de esquecimento do seu eu.
Quando vocês se prepararem para festejar o "Dia das Mães" tenham em mente que não é apenas nesse dia especial que podem e devem lembrar-se do amor de que são
cercados.
É preciso que em cada dia do ano os filhos honrem, amem e mostrem que amam as suas mamães e que se lembrem igualmente que seus papais merecem o mesmo carinho!
"Honrarás a teu pai e a tua mãe", eis a ordem do Senhor nosso Deus.
24 - MÃOS ATRAVÉS DO CAMPO DE TRIGO
Carlos gostava de olhar o dourado campo de trigo, e ver como se dobravam e balançavam com o vento. "Ele faz ondas assim como no mar!" Ele disse.
O pai de Carlos sorriu: "Sim, filho, é isto mesmo. E amanhã os combinados vão começar a rolar".
Carlos sabia o que eram combinados. Eram máquinas grandes que iam de um lado ao outro do campo. Elas colhiam os grãos que estavam na haste do trigo, amontoavam
dentro dos caminhões que levavam os grãos para os mercados da cidade,
Por isto, Carlos ficou um pouco triste, ao pensar que não teria mais muito tempo para ficar vendo o trigo balançando com o vento. Se os combinados começassem
a trabalhar de manhã cedo, provavelmente de tarde todo o campo de trigo já teria sido colhido.
"Vou ficar com saudades do trigo, papai", disse Carlos com tristeza.
O papai sorriu e colocou sua mão no ombro de Carlos. "Eu acho que também vou ficar com saudades. Mas é tempo de colheita. Você sabe que a Bíblia nos diz que
existe tempo para plantar e tempo para colher. Nós plantamos o trigo no tempo certo, ele cresceu verde e forte. Depois de muitos meses, o vento, a chuva e o sol,
fizeram com que ele amadurecesse. Agora está no ponto de ser colhido. Se ficar mais um pouco, o talo do trigo começará a ficar muito fraco e poderá cair. Se isto
acontecer, as espigas do trigo cairão no chão e ficaria muito baixo para que os combinados pegassem, e desta maneira perderíamos os grãos".
Bem calado, Carlos ficou prestando atenção no que o pai dizia. E depois começou a sorrir também. Ele sabia que seus pais precisavam do dinheiro que conseguiriam
com a venda do trigo para pagar a fazenda. Lentamente, Carlos alcançou a mãos de seu pai. "Estou contente por que é tempo de colheita", ele disse.
O pai apertou, fortemente, a mão de Carlos entre as suas, dizendo: "Eu também estou feliz".
Bem cedo na outra manhã, Carlos e sua irmãzinha, Lisa, foram para fora ver se os grandes combinados já estavam vindo da cidade. O céu estava claro e limpo, e
o sol brilhava cada vez mais. Um longo tempo passou mas, os combinados não chegavam.
Lisa se cansou de esperar. "Vamos fazer qualquer outra coisa", suplicou, "estou cansada de esperar pelas máquinas".
Carlos riu. "Está bem. Por que não vamos caçar borboletas para variar? Eu acabei de ver uma borboleta no campo de trigo".
"Agora sim", gritou Lisa. "Eu também acabei de ver uma borboleta!".
E saiu correndo para casa, tão depressa quanto permitia suas pequenas pernas. Por alguns minutos Carlos ficou olhando para ela, mas logo viu uma enorme borboleta,
de asas muito bonitas, e começou sozinho a caçar.
Quanto tempo Carlos ficou caçando borboletas, ele não se lembrava. Logo perdeu de vista aquela grande borboleta, mas viu outras de cores variadas e de diversos
tamanhos para caçar. Ele se esqueceu completamente de Lisa. Também se esqueceu dos combinados, até que ouviu o barulho deles vindo pela estrada.
"Lisa!", ele chamou, voltando para casa, "os combinados estão chegando!".
Mas Lisa não respondeu. A mamãe ouviu Carlos chamando e gritando, e veio até o pátio.
"Lisa não está comigo", disse a mãe, "pensei que estivesse com você esperando as máquinas".
"Ela estava", explicou Carlos, "mas começamos a caçar borboletas, e notei quando ela correu em direção de casa para pegar uma borboleta que tinha visto".
Carlos viu o pai que estava saindo do celeiro e correu para encontrá-lo, "Pai, a Lisa está no celeiro?" Perguntou.
"Não, por quê?", perguntou o pai muito surpreso, "pensei que ela estivesse com você!".
Carlos teve vontade de chorar. "Ela estava comigo, começamos a caçar borboletas, e agora não sei onde ela está".
O pai olhou preocupado, bateu levemente no ombro de Carlos e disse, tentando acalmar: "Nós vamos encontrá-la. Vou avisar os homens para não começarem a trabalhar
com os combinados. Lisa pode estar na plantação".
Carlos passou os olhos pelos hectares e hectares de ondulante trigo. Como poderiam encontrar Lisa dentro de tão grande plantação?
Mas o papai tinha um plano. Ele, os homens das máquinas, junto com a mamãe e Carlos, deveriam se dar às mãos e andar através do campo. "Vamos andando e chamando
até alcançarmos o outro lado", explicou o pai. "Depois vamos voltar e caminhar novamente. Desta maneira não vamos perder nenhum pedacinho. Lisa pode ter sentado
para descansar em algum lugar e talvez tenha pegado no sono. E assim não poderá ouvir o nosso chamado. Se não nos dermos às mãos, poderemos perdê-la, neste trigo
tão alto".
Os homens concordaram que era um plano muito bom. Todos se deram as mãos, e o papai fez uma oração pedindo a proteção de Jesus, e também o Seu auxílio.
Quando a oração terminou, Carlos segurou na mão do papai e estendeu sua outra mão, procurando a mão de outra pessoa. Olhou em volta muito surpreso. Ele era o
último daquela fila.
O papai olhou para ele e disse baixinho. Segure na mão de Jesus, meu filho. Ele vai nos ajudar a encontrar Lisa".
Conforme iam se movendo através do campo, Carlos quase podia sentir Jesus segurando a sua mão. O trigo estava muito alto, em muitos lugares passava acima de
sua cabeça, mas por alguma razão não era difícil andar através dele.
De um lado e de outro da linha, Carlos podia ouvir os homens chamando o nome de Lisa. A mamãe e o papai também chamavam, mas Carlos não chamava. Tinha que se
manter junto com o pai, e os passos dele eram muito grandes.
De repente, Carlos soltou a mão de seu pai e começou a correr pelo campo de trigo. Quando estava um pouco na frente, parou e se ajoelhou em oração. Logo que
terminou de orar, levantou e correu um pouco para frente, em outra direção.
E parou subitamente. Bem na sua frente estava Lisa. Ela estava dormindo num pequeno monte de trigo.
"Pai!", Carlos gritou, "pai, Lisa está aqui".
Quando o papai chegou, Lisa acordou, esfregou os olhos e disse: "Eu estava perdida", ela soluçou, "eu chamei, mas ninguém me respondeu, ninguém sabia onde eu
estava".
Carlos pegou em sua mão e disse: "Jesus sabia, e Ele me ajudou a encontrá-la. O papai me disse para eu segurar na mão de Jesus quando todos saímos para procurá-la.
Jesus me disse para onde devia ir".
Há esse tempo, todos os outros que estavam procurando por Lisa, chegaram e puderam ouvir o que Carlos estava dizendo. Um dos homens sorriu para Carlos e disse:
"Filho, eu acho que, realmente, Jesus segurou a sua mão".
Carlos sorriu para o homem. Ele tinha certeza que Jesus tinha estendido Sua mão por todo o campo de trigo.
25 - MEIA HORA DE VIDA
Numa prisão, na Áustria, em frente de uma cela em que se encontravam dois jovens condenados, incriminados do assassínio de um policial, dois visitantes conversavam:
- Parece-me que vai perder o seu tempo, dizia um deles, sacerdote; estes jovens são católicos. Envidei todos os esforços no sentido de os converter, mas tudo
foi inútil, pois estão completamente endurecidos. Todavia quando já me propunha a sair pediram que os deixasse falar com um pastor evangélico.
Eram 17:30h e às 18:00 horas ambos seriam executados.
O homem a quem havia sido dirigido a palavra do padre, um pastor evangélico, entrou na cela, orando fervorosamente no espírito. Os jovens Sobot e Kosil, de 17
anos, levantaram-se, cumprimentando-o e Sobot disse, simplesmente:
- Esperávamos que o senhor viesse...
Colocando sobre a mesa a Bíblia, o pastor respondeu:
- Sinto-me muito contente por estar aqui.
- Que livro é aquele? Perguntou Kosil.
- A Bíblia.
- Será esse o livro que diz que Deus fez o mundo?
- Exatamente, tornou o pastor; mas diz muito mais ainda. Não relata apenas que Deus criou o mundo, mas diz, também, que Ele o amou. Escutai isto: "Porque Deus
amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que n'Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna".
E o pastor sentou-se num banco, fazendo sentar ao seu lado os dois condenados; e continuou:
- Deus amou o mundo! Isto é verdade e algo aconteceu que o prova, e ao mesmo tempo em que Ele ainda o ama.
Os jovens escutavam atentamente e o pastor falou-lhes de Cristo, o Filho de Deus, que pelo sacrifício de Si próprio veio tirar o pecado, reconciliando o mundo
com Deus. Em dada altura leu-lhes as seguintes palavras: "E quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali O crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro
à esquerda. E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem".
- Mas é verdade que Ele disse isso por aqueles dois criminosos? Interrompeu Kosil.
- Certamente eles estavam incluídos nesta frase, foi a resposta.
- Pastor, julga realmente que há alguma coisa além da morte? Sempre supus que na morte tudo findaria...
- Não, amigo, a morte não é o fim; há algo mais depois dela.
- Se isso é verdade, será uma coisa péssima o que nos espera, exclamou Kosil amargamente.
Mas, com alegria, o pastor atalhou:
- Não, necessariamente; pode acontecer uma coisa maravilhosa. Escutai.
E leu-lhes a história do ladrão que, moribundo, disse a Jesus pendurado na cruz ao seu lado: "Senhor, lembra-Te de mim, quando entrares no Teu reino". E a resposta
de Jesus: "Em verdade te digo hoje, que serás comigo no Paraíso".
Sobot e Kosil quedaram pensativos.
- Meus amigos - disse o pastor, tomando-lhes as mãos - nunca em minha vida aconselhei alguém a seguir o exemplo de um criminoso, agora, porém, peço-vos: imitai
este ladrão que morreu ao lado de Jesus, confessando os seus pecados, naquelas palavras: "E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos
mereciam; mas este nenhum mal fez". Este homem voltou-se para Deus e confiou em Jesus para o perdão dos seus pecados, e quando Deus nos perdoa, os nossos crimes
são apagados. Jesus respondeu à fé daquele homem com as palavras: "Na verdade te digo hoje, que serás comigo no Paraíso".
Depois desta conversação, quando o pastor apareceu à porta da cela, o padre perguntou-lhe:
- Então que conseguiu?
O pastor apenas lhe respondeu: - Entre, senhor capelão.
E os dois permaneceram na cela durante dez minutos apenas. Foram, todavia, momentos santificados, pelo arrependimento dos jovens, pela sua fé em Cristo, crucificado
e vivo.
Depois, foram palavras de agradecimento, saudação e o adeus...
O padre e o pastor evangélico ficaram olhando à porta até que de todo se perderam as figuras daqueles que não mais voltariam e, num movimento espontâneo, apertaram-se
às mãos. Ambos haviam visto que o Evangelho de Cristo é o "poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê".
26 - NANCY E AS FLORES
A vovó de Nancy tinha uma loja de flores. Atrás de sua casa havia um viveiro, onde se podia encontrar qualquer variedade de planta que você possa imaginar.
E atrás do viveiro havia um jardim. E o jardim transbordava de flores de verão. Haviam flores rosadas, flores azuis, alaranjadas, douradas e flores amarelas.
E atrás, num pequeno cercado, estavam plantas cheias de rosas vermelhas, brancas, rosadas e amarelas. Quando Nancy ia visitar a vovó, sempre ajudava a molhar as
flores, e também ajudava a capinar, tirando o mato. Algumas vezes, a vovó lhe dava uma tesoura, e deixava que ela cortasse algumas flores para fazer um buquê. Ela
precisava de tesoura, especialmente para apanhar rosas. Sempre que podava as flores, Nancy pensava como devia ter sido lindo no Jardim do Éden, onde não havia espinhos
nas rosas, não havia erva daninha e nem mato para arrancar. Como devia ter sido lindo antes que o pecado entrasse em nosso mundo para estragar tantas coisas bonitas!
Mas os espinhos eram superados pela deliciosa fragrância das rosas, e por isto ela era muito agradecida.
Uma manhã a mamãe perguntou: "Nancy, você gostaria de ir passar o dia com a vovó?"
"Ó, mãe, como eu gostaria de ir. Eu gosto muito de ir à casa da vovó!" E Nancy batia palmas de felicidade. "Vai ser muito divertido na casa da vovó".
Quando a mamãe e Nancy chegaram na entrada da casa, a vovó já estava esperando por elas. Tinha um grande sorriso em seu rosto, e deu um beijo em Nancy. "Você
é exatamente a ajudante que eu precisava hoje. Vou estar muito ocupada arrumando flores para um casamento. Não tenho ninguém para capinar e molhar minhas flores.
Você gostaria de fazer isto para mim?"
"Lógico que sim", disse Nancy, se sentindo muito importante e correndo com a vovó para o jardim.
A vovó mostrou quais as flores que precisavam de atenção, e depois voltou para a loja, para trabalhar nas flores para o casamento.
Enquanto Nancy trabalhava, lembrava que sua avó tinha dito, muitas vezes, que ela deveria lembrar de nunca arrancar uma flor, mas sempre cortar com uma tesoura.
A vovó também sempre avisava para não entrar no cercado onde estavam plantadas as rosas.
"Rosas têm espinhos muito perigosos", sua vovó tinha dito, "eles podem machucar uma menina pequena. Eu conheço uma menininha a quem não quero ver toda arranhada
pelos espinhos".
Nancy lembrava destas regras enquanto arrancava o mato e molhava as flores. "Acho que estas regras foram feitas quando eu era ainda muito pequena para saber
como me cuidar" pensou ela, "agora estou bem crescida, tenho certeza".
Depois que terminou de capinar o mato, olhou em volta. As flores estavam muito bonitas. Mas Nancy gostava muito mais das rosas, e decidiu esquecer a regra antiga
e chegou bem perto do cercado para ver as rosas.
"Ah, como eu gostaria de ter uma rosa" , disse alto. E viu uma rosa por cima da cerca.
Uma vozinha dentro dela parecia dizer: "Por que você não pega essa linda rosa que está em cima da cerca? Você pode alcançar muito fácil, e a vovó nunca vai saber".
Mas, no mesmo instante, outra voz, a voz da consciência, parecia dizer: "Não! Lembre-se da ordem da vovó. Ela não quer que você arranque as flores. Você poderá
se machucar com os espinhos se tentar pegar aquela rosa".
Mas Nancy desprezou a voz da consciência e subiu na cerca. Esticou a mão e segurou o talo da rosa, virou de um lado para o outro, torceu, mas não conseguia
arrancar. Usou então as duas mãos, e de repente perdeu o equilíbrio e caiu diretamente em cima da roseira.
"Ai! Ai! Ai!" Nancy começou a gritar de dor. Os espinhos que estavam nos ramos da roseira iam arranhando seu rosto conforme ela caia. Também suas pernas e seus
braços estavam arranhados, e, além disso, seu vestido estava rasgado.
Cada vez que Nancy se mexia, tentando levantar-se, os espinhos a arranhavam ainda mais. Então chamou pela vovó com toda a força de seus pulmões. Esqueceu que
tinha desobedecido, esqueceu que a vovó poderia ficar muito zangada com ela, e somente sabia que queria se ver livre daqueles espinhos horríveis.
A vovó ouviu seus gritos e veio correndo. Com muito cuidado tirou
Nancy do meio da roseira, e carinhosamente a carregou para dentro de casa.
Gentilmente lavou seus ferimentos e arranhões com uma loção desinfetante. Logo Nancy se sentiu bem melhor.
"Estou muito triste porque desobedeci à senhora e quebrei a roseira", disse arrependida.
A vovó a abraçou com todo o cuidado: "Agora não devemos ficar preocupadas com roseiras quebradas, mas sim dar graças que os ferimentos".
De minha netinha não foram mais graves", disse a vovó carinhosamente. "Você sabe, as tentações de Satanás são exatamente como aquelas lindas rosas. Ele as torna
tão atrativas que não vemos os espinhos até que seja tarde demais. Mas então podemos chamar por Jesus. Ele sempre vai nos ouvir. Ele vai nos tirar do meio dos espinhos
e nos perdoar com todo o amor, assim como a vovó lhe perdoou, querida Nancy "".
Então, Nancy sorriu. Como era bom ser perdoada!
27 - O BARCO QUEBRADO
Quem não ficaria orgulhoso do lindo modelo de veleiro que Jaime tinha feito?
Ele o havia colocado sobre a toalha da lareira para que todos os que entrassem na sala pudessem ver.
Um dia seus tios e seu primo favorito, chamado Marcos, vieram fazer uma visita. Jaime franziu o rosto quanto notou que Marcos se levantou na ponta dos pés e
pegou o lindo veleiro que estava sobre a lareira. Mas Jaime não disse nada, porque gostava muito de Marcos.
"Jaime trabalhou, fazendo este veleiro, por mais de três semanas", disse o papai, colocando orgulhosamente as mãos sobre os ombros de Jaime.
"Olhe! Cuidado!" Disse a mãe de Jaime, quando Marcos tropeçou na ponta do tapete. Mas era muito tarde, e Marcos caiu! O belo modelo de veleiro voou de suas mãos
e se espatifou no chão.
Jaime apertou os lábios, enquanto a passos largos atravessou a sala para juntar seu barco. O mastro principal tinha sido arrancado, e o mastro menor estava quebrado.
Seu modelo de barco tão lindo estava completamente arruinado!
Marcos olhou para Jaime, seu rosto estava pálido, e havia lágrimas em seus olhos castanhos. "Eu... eu... sinto muito!" Seus lábios tremiam e então começou a
chorar.
Jaime sentiu muita vontade de xingar e brigar com ele, mas por um minuto não disse nada - somente olhou para o barco quebrado que estava em suas mãos. Marcos
não tinha nada de ter pegado o barco de cima da lareira. O barco não pertencia a ele. Agora as três semanas gastas para construir o barco estavam perdidas. Mas Jaime
somente sorriu e disse: "Foi um acidente, Marcos", e se abaixou para ajudar o pequeno menino a se levantar, "e, além disso, eu posso consertar o veleiro. Ele ficará
tão bom quanto se fosse novo. Por favor, pare de chorar".
Marcos mal podia enxergar através de suas lágrimas. "Nam...nam...não, você não vai poder consertá-lo", disse duvidando.
"Sim, eu tenho certeza que poderei consertar".
"Ma... ma..., mas o veleiro está todo quebrado", disse Marcos, tentando enxugar as lágrimas.
"Ele ficará tão perfeito, como se fosse novo, depois que eu construir um novo mastro", disse Jaime.
"Sentimos muito pelo que aconteceu, Jaime", disse seu tio, enquanto procurava sua carteira. E tirando algum dinheiro disse: "Isto é para você. Quero que você
construa um novo modelo".
Jaime sorriu para seu tio. "Muito obrigado, tio, mas eu já tenho outro modelo para construir. Papai trouxe um para casa ontem. De qualquer maneira, muito obrigado
por seu oferecimento. Mas não foi causado dano ao barco que não possa ser consertado".
Quando Marcos e seus pais finalmente se despediram, Jaime estava na porta com a sua mãe e seu pai e acenou para eles quando o carro passou na rua.
"Sabem de uma coisa! Já descobri o que posso dar a Marcos em seu aniversário, no próximo mês", disse Jaime enquanto entravam em casa. "Ele gosta de veleiros,
e assim vou consertar este que está quebrado e dar a ele de presente".
A mamãe e o papai sorriram. "Estamos orgulhosos pela maneira que você se comportou quando Marcos derrubou o seu barco", disse seu pai, mexendo no cabelo negro
de seu filho.
"Com certeza estamos orgulhosos", concordou a mamãe, "e acho que o seu amigo mais querido também está muito orgulhoso de você".
Jaime sorriu para seus pais. Ele estava lembrando o quanto seu querido Amigo Jesus o amava. Lembrou como Jesus o tinha ajudado a gostar de Marcos, mesmo quando
este tinha quebrado seu lindo veleiro. Estava muito contente por não ter xingado e nem ter dito palavras feias para Marcos. "Amizade e amor valem muito mais do que
um veleiro" pensou, dizendo para si mesmo.
"Veleiros podem ser consertados mais facilmente do que amizades rompidas".
28 - O CUSTO DE UMA DESOBEDIÊNCIA
Era uma vez dois meninos muito bons amigos. Chamavam-se João e Santiago, e como estavam sempre juntos, assistiam ambos a uma escola situada no cume de uma colina.
Próximo dos terrenos para brinquedos da escola havia um extenso terreno baldio onde tinham sido realizadas escavações para certas minas. Foram descobertos minérios
valiosos a uma grande profundidade, e tiradas muitas pedras para a superfície para passá-las pelas máquinas que separavam o minério das escórias.
Os mineiros trabalharam nisto durante muito tempo, até que finalmente não havia mais minério e o trabalho terminou. Foram tiradas todas as ferramentas dos poços
e das galerias subterrâneas, e a maquinaria foi levada para onde havia novas minas. A água começou a encher os túneis, uma vez que foram tiradas as bombas. As chuvas
também contribuíram para encher os poços, até que a água quase chegou à superfície.
Uma ordem muito severa da escola era que nenhum menino devia pisar nesses terrenos.
Numa tarde, depois que terminaram as aulas, ocorreu a Santiago uma idéia que lhe pareceu brilhante. Para a maioria das crianças, há prazer na variação de suas
atividades, de modo que Santiago disse a seu amigo:
- Joãozinho, vamos tomar um caminho de atalho para nossa casa.
Joãozinho pensou que isso seria interessante, e o acompanhou. O caminho do atalho passava pelo terreno onde haviam trabalhado os mineiros, porém os meninos esqueceram-se
do regulamento da escola.
Foi muito divertido ir para casa por um caminho diferente. Santiago escondeu-se atrás de um montão de pedras, e Joãozinho tratou de procurá-lo. Logo pararam
para examinar o que havia ao redor de um velho poço. Jogaram pedras ao seu interior para ouvir como golpeavam contra a água.
Mais adiante viram um despenhadeiro e um lugar bastante bom para nadar, porém fazia frio. Fizeram esforço para subir a um grande montão de escórias de cujo cume
podia ser vista grande parte da cidade e até os campos de muito longe.
Outra tarde os meninos detiveram-se para brincar ao redor de um poço. Santiago correu até muito perto da boca, tropeçou e caiu de cabeça nas águas turvas. Quando
voltou à superfície procurou agarrar-se a madeiras podres que flutuavam no pólo. João não podia alcançar o seu amigo com a mão e não tinha corda para jogar-lhe.
Gritou-lhe que ia, em busca de auxílio, e saiu correndo.
Alguém chamou pelo telefone o corpo de bombeiros. Imediatamente chegaram os caminhões com suas sirenas; veio também o grande caminhão com escadas. Joãozinho
indicou aos homens onde tinha caído Santiago, porém agora não podia ser visto. Os homens começaram a usar cordas e ganchos para tirar o menino.
Logo se espalhou pelo povoado a notícia de que havia acontecido um acidente, e vieram mineiros de todas as partes para ajudarem a procurar. Chegou a noite, mas
os homens, com o auxílio de algumas pequenas luzes, continuaram trabalhando, ainda que sem resultado.
No dia seguinte outros homens estenderam cabos para as luzes elétricas e a força do motor. Foram instaladas duas grandes bombas, que imediatamente começaram
a funcionar, tirando milhares de litros de água que lançavam em um ribeiro ao pé da colina.
Lentamente foi baixando a água do poço. No interior deste foi construído um andaime para que os homens pudessem trabalhar melhor. Passaram-se vários dias. As
grandes bombas continuavam funcionando, e os homens lutavam dia e noite.
Bem no fundo do poço foi encontrado o corpo do menino. Tiraram-no imediatamente, levaram-no para uma ambulância que esperava, porém era demasiado tarde. Este
caso triste mostra-nos que os meninos devem atender ao conselho de seus pais e professores e obedecer-lhes sempre.
29 - O FIEL TUPÍ
Tupí era apenas um cãozinho sem lar, sem ninguém que dele cuidasse. Passava maus bocados, e recebia muitos pontapés e pancadas de meninos maus que se compraziam
em maltratá-lo. Encontrou certo dia um menininho que se mostrou bondoso para com ele, e acompanhou à casa o pequeno Roberto. Pediu com tanta insistência que o deixassem
entrar, que a mãe do menino disse: "Sim, Roberto, dê-lhe um bom jantar".
Tupí portou-se tão bem, e Roberto estava tão ansioso por tê-lo em casa, que lhe foi permitido ficar. A família toda o apreciava; mas Mimosa, a gatinha, não queria
acamaradar-se com ele, a princípio. Arranhava-o e cuspia-lhe cada vez que dela se aproximava. Mas, no decorrer do tempo, Mimosa começou também a gostar dele, e tornaram-se
bons amigos.
Tupí tornara-se útil de várias maneiras. Guardava a casa, afastava do jardim os pintinhos, levava a cesta à venda e trazia as coisas de que sua dona necessitava.
Fez-se muito amigo de Roberto, acompanhava-o e brincava com ele.
Uma noite incendiou-se a casa e, si não fosse a ação imediata de Tupí, teria sido destruída e os habitantes devorados pelas chamas. Tupí correu para a cama de
Roberto, agarrou a colcha, latiu e fez tanto barulho, que Roberto acordou a tempo de chamar o pai antes que o fogo tivesse causado muito dano. Embora somente um
cachorro, Tupí era fiel e fazia o que podia para demonstrar sua gratidão para com o bom lar que o acolhera.
Os cães têm grande amor a seus donos, e geralmente os servem com a maior fidelidade. Há muitas espécies de cães: dogue, buldogue, Terra-Nova, São Bernardo, mastim,
cão dágua e outros. Alguns são ferozes e cruéis, e outros amáveis e nobres. Os cães de São Bernardo têm ido a montanhas cobertas de neve, à procura de viajantes
que se extraviaram. Têm salvo a muitos, conduzindo-os ao lar dos que os enviaram em sua missão de misericórdia.
Como vêem, queridas crianças, até os mudos animais se sentem gratos pela bondade com que são tratados. Alguns cães são muito fiéis como guardas de ovelhas. Vigiam-nas
para não se desgarrarem do rebanho.
Pode-se ensinar muitas coisas aos cães. Atendem ao que se lhes diz muito melhor que alguns meninos e meninas. Espero que todos os meus leitores obedeçam prontamente
aos pais. Algumas crianças dizem: "Sim, mamãe, já vou", mas, a não ser que sejam mandadas outra vez, esquecem-se do que lhes foi dito. Isso não é direito. Façam
sempre o que lhes for mandado, o mais depressa que puderem. Aprendam a obedecer imediatamente.
30 - O LEMA DE JUDITE
A porta da loja de balas se abriu e cinco meninas pequenas entraram correndo. Ansiosamente elas olhavam para as muitas espécies de balas que estavam nos potes.
- Escolham o que desejarem, meninas, porque eu tenho um monte de dinheiro comigo - disse Judite.
- Obrigada, obrigada, Judite - exclamaram todas elas ao mesmo tempo.
- Eu quero algumas destas, e destas - disse Sílvia apontando para os potes de balas.
- Por favor, me dê algumas balas de leite - disse Maria para o Sr. Mason, que estava atendendo.
Finalmente cada menina havia sido atendida, Judite abriu sua bolsa vermelha e tirou o dinheiro (diga uma quantia).
- Aqui está o seu dinheiro, Sr. Mason - disse Judite, entregando o dinheiro para ele.
- Muito bem, Judite, você deve ter feito aniversário para ter tanto dinheiro assim.
Esta já é a terceira vez esta semana que você compra balas para suas colegas - comentou o Sr. Mason.
Judite não disse nada. Ao sair da loja, as colegas novamente rodearam Judite.
- Muito, muito obrigada pelas balas, Judite. Você é um docinho - disseram todas.
Judite sorriu.
- Está bem, tudo bem. - E Judite andava orgulhosa ao lado delas.
A lição da escola no dia seguinte era sobre Benjamim Franklin.
- Aqui está uma folha de papel para cada um de vocês - disse a professora Célia. - Cada um vai escrever alguma coisa sobre Benjamim Franklin. Quando eu chamar,
por favor, levante e leia o que escreveu em sua folha de papel.
A professora passava de uma fila para outra, chamando cada aluno. Chegou a vez de Judite ler alto, e ela leu o que havia escrito:
- Uma das frases mais famosas de Benjamim Franklin foi: "Honestidade é a melhor política".
A professora continuou chamando os alunos, mas Judite quase não ouviu o resto dos trabalhos. Estava pensando profundamente. Finalmente a aula terminou.
- Você vai agora à loja de balas, Judite? - perguntaram suas colegas, enquanto saíam pela porta.
- Não, eu não posso ir lá hoje - respondeu Judite - mas podemos andar juntas por algumas quadras.
- Não, nós não podemos - disse uma delas - o seu caminho é outro e realmente não podemos acompanhá-la. - E elas saíram andando em outra direção.
Judite continuou seu caminho sozinha, bem devagar. Ela atravessou a rua em frente à casa do Sr. Mendes. De repente escorregou em cima de alguma coisa e caiu.
Ela olhou para ver o que tinha feito com que caísse. Você pode achar estranho, mas ao lado de Judite estava um quadro, com a moldura quebrada, e neste quadro tinha
uma frase. Ela olhou com atenção para ver o que estava escrito, e leu em voz alta. "A honestidade é a melhor política" - Benjamim Franklin. O velho lema havia caído
de uma caixa estragada que o Sr. Mendes tinha jogado fora, depois que comprou um quadro novo.
Judite se levantou bem devagar, mas, de repente começou a correr, correr, correr, o mais rápido que podia, entrou correndo no jardim de sua casa. Abriu a porta
e chamou:
- Mamãe, mamãe, onde está você? Eu preciso muito falar com a senhora.
- Por que, Judite, o que aconteceu? Perguntou sua mãe, logo que ela entrou na sala.
- Oh! Mamãe - Judite passou os braços ao redor do pescoço de sua mãe, e apertou bastante - eu fiz uma coisa horrível. Acho que você não vai me amar mais, eu
sei. E lágrimas começaram a correr pelo rosto de Judite.
- Conte-me, filhinha, o que está perturbando você - disse a mãe.
- Eu ando pegando dinheiro da caixa que está na cozinha - disse Judite.
- Oh! Judite estou muito triste - a mamãe olhou preocupada. - Aquela é minha caixa missionária, onde eu coloco dinheiro para dar para Jesus. E esse dinheiro
será usado em algum lugar onde tenham uma necessidade especial, no campo missionário.
Judite começou a chorar.
- Eu peguei o dinheiro para comprar balas para minhas colegas na escola. Agora ninguém mais vai gostar de mim.
- Minha filhinha, Judite - disse a mãe olhando em seus olhos - eu sempre amarei você, não importa o que você tenha feito. E Jesus também ainda ama muito você.
Vamos nos ajoelhar e dizer a Jesus que você está muito arrependida. Depois vamos estudar uma maneira de você devolver o dinheiro.
Judite e sua mãe ajoelharam juntas e Judite falou para Jesus como estava arrependida por ter roubado o dinheiro da caixa missionária de sua mãe. Quando levantaram
da oração, Judite estava sorrindo feliz:
- Como é bom a gente se sentir perdoada.
- Sim, filhinha, eu sei - sorriu a mamãe. - Agora me diga onde estão as meninas com quem você gastou o dinheiro?
- Elas foram para suas casas. Eu não tinha dinheiro para gastar com elas hoje, então não quiseram me acompanhar até minha casa.
- Você não pode comprar amiga com dinheiro, Judite. Mas, vamos imaginar que você convide algumas meninas para vir aqui em casa amanhã depois da escola.
- Mas, mamãe, que poderemos fazer aqui? - Judite queria saber.
- Elas podem ajudar você a assar biscoitos para vender e devolver o dinheiro para a caixa missionária. - A mãe puxou Judite para bem perto dela. Tenho certeza
de que elas poderiam vir.
- Que bom! Exclamou Judite - será muito divertido! Tenho certeza de que elas também vão gostar muito!
- Depois Judite deu um abraço bem apertado na mamãe e disse:
- Benjamim Franklin estava certo quando disse: "A honestidade é a melhor política".
O que vocês acham:
Quais eram os sentimentos de Judite, enquanto estava roubando dinheiro para comprar balas para as meninas, lá na loja de doces?
A que mandamento ela estava desobedecendo?
Será que Jesus deixou de amar Judite quando ela começou a roubar?
Por que ou por que não?
Será que Jesus deixou de amar Judite quando ela começou a roubar?
Por que ou por que não?
Será que foi somente um acidente, aquele quadro com o lema estar caído na calçada para que Judite caísse em cima?
O que trouxe felicidade para Judite?
31 - O MELHOR CAMINHO
Joel, Maria Assunção e sua irmãzinha brincavam no quintal quando Breno, João e o pequenino Guilí Almeida passaram pela alta cerca que separava os quintais,
para brincar com eles.
Durante horas seguidas as crianças se divertiram jogando bola e peteca, ou balançando-se no grande balanço de cordas, e escorregando no plano inclinado que o
pai de Joel para eles fizera. Repentinamente, porém, todos pareceram perder por completo o interesse no que estavam fazendo.
- Já sei porque, disse Joel, todos nós estamos com fome.
- Decerto que estamos, disse Maria; e embora mamãe tenha visitas esta tarde, correrei para casa a fim de ver alguma coisa para comer.
- Querida, disse-lhe a mãe, quando Maria lhe contou a que viera, fiz, esta tarde, sanduíches tanto para as visitas, como para os de casa.Você encontrará uma
boa porção deles no guarda-comida. Mas tenha cuidado, não os leve para o quintal no prato de porcelana.
Maria prometeu-lhe mudá-los de prato, e apressou-se em sair. Mas ao olhar para dentro do guarda-comida e ver os sanduíches bem arrumadinhos no lindo prato azul
e cor-de-rosa, achou desnecessária a advertência da mãe.
- Estão tão bem neste prato! Resmungou ela. Carregá-lo-ei com todo o cuidado, e farei de conta que me esqueci de trocá-lo.
Então, levantando cuidadosamente o prato, volveu pelo mesmo caminho, rumo do quintal.
Que momentos agradáveis se seguiram à sua chegada! Tanto os de casa como os de fora, amontoaram-se ao redor do grande prato, e comeram até que o último farelo
lhes havia descido pela goela.
- Bem, disse Maria, nada mais resta agora senão levar novamente o prato para a cozinha e reiniciar a brincadeira; e dispôs-se a voltar. Mas, oh, infelicidade!
Mal havia dado uma passada e deu uma topada e lá se foi o prato contra uma pedra, fazendo-se em pedaços.
Por alguns momentos as crianças ficaram a olhar umas para as outras, depois Joel fez sinal de silêncio. - Nós podemos pôr a culpa na pequenina, Maria, disse
ele baixinho, pois ela não sabe falar.
Esse seria um meio de sair da enrascada - pôr a culpa em Bessi; mas seria isso direito?
Novamente se agruparam as crianças. De repente Maria sorriu e levantou a mão direita.
- Não, Joel, disse ela calmamente, não é direito fazer uma coisa e depois pôr a culpa em outra pessoa; direi a verdade à mamãe e sofrerei o castigo.
Todos ficaram silenciosos por um minuto; depois João aproximou-se de Maria dizendo-lhe meigamente: - Não seria bom fazer sua mãe pensar que foi a pequerrucha
quem quebrou o prato, mas seria muito mais fácil se todos nós a acompanhássemos quando você fosse falar com sua mãe.
Certamente, pareceu mais fácil a Maria contar à mãe o ocorrido tendo ao lado os amiguinhos, do que fazê-lo sozinha.
32 - O NOME GRAVADO NO BRAÇO DE RAMON
Ramon era um menino hindu que morava com os pais, lá na Índia. Com oito anos de idade, nunca havia freqüentado escola alguma. Ele tinha intensa vontade de estudar,
mas o pai o enviava para cuidar das cabras.
Toda pmanhã saía, para apascentar o rebanho, levando-o aos lugares em que houvesse folhas em abundância, e à noite voltava com ele para o cercado.
Quando chegava, à noitinha, comia os alimentos que a mãe lhe preparara e se assentava ao lado do pai. Era costume os homens comerem primeiro e só depois é que
as mulheres se serviam.
Antes de irem dormir em suas esteiras, Ramon, orava, mas não da maneira que orais. Ele ficava de pé, com as mãos postas, e repetia muitas e muitas vezes, o nome
do deus por que era ele chamado: "Rama, Rama, Rama,..." dizia ele, esperando que aquele deus o ouvisse e o amparasse durante a noite e o dia seguinte.
Mas Ramon fez mais do que rezar. Foi á procura de um homem que soubesse, pela tatuagem, gravar em seu braço o nome de Rama. Ele cria que o deus visse seu nome
lá inscrito e cuidasse dele de modo especial.
Um dia, enquanto vigiava as cabras, viu algumas crianças que conduziam ardósias ou pedras de escrever, e livros. Perguntou aos meninos para onde se dirigiam,
e eles lhe responderam que iam à nova escola da missão, bem distante ainda.
Como Ramon desejava freqüentar a escola, também! Embora tivesse as cabras de que cuidar, resolveu ir, para saber como era a instituição. Foi, pois, em direção
da escola, levando também seu rebanho de cabras. Ao chegar lá, procurou escutar tudo quanto o professor disse, enquanto os animais pastavam. Não tardou muito, e
o professor o convidou a entrar. Procurou um lugar de onde pudesse ver o rebanho, para estar certo de que nenhum perigo houvesse com os animais.
Houve uma coisa que Ramon aprendeu muito depressa: a querida história de Jesus. Dentro de pouco Ramon disse ao professor que queria tornar-se cristão. E agora,
que fazer com o nome gravado em seu braço? Tinha tanta vergonha disso, que sempre e sempre escondia a tatuagem, para que ninguém a visse.
- Senhor professor, pode fazer o obséquio de cortar meu braço? - gaguejou ele, ao erguer a mão.
- Que é que há com seu braço, para querer que eu o corte? - disse, surpreendido, o professor.
- Senhor - disse Ramon - desejo ser um menino de Jesus, isto não pode ser enquanto eu tiver o nome de meu antigo deus gravado em meu braço. Veja bem as letras
onde estão.
O missionário foi tão bondoso, que logo Ramon criou coragem e disse: - Quero tanto ser um menino de Jesus, que estou pronto para dar, com alegria, o meu braço.
Não foi difícil o professor missionário explicar ao pequeno Ramon que Jesus tinha muito prazer em vê-lo disposto a sacrificar até mesmo o braço, e declarou-lhe
que Jesus estava pronto a aceitá-lo, embora com aquele nome do deus pagão em seu braço. Então, veio-lhe à mente uma nova idéia:
- Senhor, se eu pedir ao homem para gravar o nome de Jesus por cima do de Rama, de maneira que só se veja o de Jesus, não será bom?
- Jesus o aceitará, mesmo com o nome de Rama em seu braço, mas creio que Ele Se alegrará em ver que agora o nome Dele está em cima do nome de Rama.
Foi desta maneira que Ramon se tornou cristão e pôde demonstrar seu amor para com Jesus.
33 - O PRATO DE COMIDA PARA PÁSSAROS
Observar as coisas através da janela da cozinha era muito divertido. Jéssica fazia isto, cada manhã antes do café. Primeiro ela puxava um banquinho para perto
da pia da cozinha, e depois subia para ver que tipo de passarinho estava comendo no prato preparado para eles naquele dia.
Mas uma manhã, quando Jéssica subiu no banquinho e olhou para fora, ela viu que uma criatura muito diferente estava comendo a comida do prato. Tinha um rabo
comprido, fofo e brilhante, e seus olhos também eram brilhantes; e comia, comia, comia e comia.
Jéssica, assustada, chamou o Tio Bruce.
- Há alguma coisa lá fora, no prato de comida, que não é um passarinho!
O Tio Bruce veio, parou ao lado de Jéssica, e disse:
- Sr. Conversador, o esquilo vermelho, é melhor sair de nosso prato para passarinhos. Então o Tio Bruce pegou a vassoura, que estava ao lado da porta dos fundos,
e na ponta dos pés, bem silencioso, abriu a porta e saiu. Ele foi devagar até ficar atrás do prato e... "Vapt!" Bateu com a vassoura em cima do prato, que Jéssica
se assustou e deu o maior grito. O esquilo saiu correndo através do quintal, passou pela cerca e foi para longe, correu para cima de uma árvore de nozes. O Tio Bruce
riu até não poder mais, por causa da velocidade do esquilo.
Mas Jéssica estava muito preocupada.
- Os esquilos também não ficam com fome, tio Bruce?
- Sim - disse o tio Bruce - mas eles juntam nozes durante o outono, antes que caia neve, e assim eles têm o que comer quando têm fome durante o inverno. Para
os passarinhos é muito difícil encontrar depois que a neve cobre todas as sementes que caíram durante o verão. Mas este esquilo preguiçoso prefere comer as sementes
que colocamos no prato para os passarinhos, do que se esforçar em lembrar onde escondeu suas próprias nozes!
Jéssica ficou parada em cima do banquinho, observando até que os passarinhos começaram a vir para o seu café matinal. Só depois ela chamou a mamãe e pediu:
- Você pode me preparar o meu café agora? Estou contente porque Jesus providencia comida tanto para os passarinhos e para os esquilos, como também para todas
as crianças.
Quem fez os pássaros? Quem fez os esquilos? Quem ensinou os esquilos a esconder nozes para ter o que comer no inverno?
________ você tem algum animalzinho? O que você pode fazer hoje para ser bondoso para com seu bichinho?
34 - O QUE MERECE SER FEITO
A mãe de Alice tomou um dos pratos e o colocou de lado. Dele caíram algumas gotas de água que rolaram sobre a mesa.
- Secaste estes pratos Alice? Perguntou ela.
- Oh, mamãe, exclamou Alice descontente, porque sempre encontra à senhora defeito no que eu faço?
- O que merece ser feito, merece ser bem feito, respondeu a mãe com voz serena.
- Eu não gosto de enxugar pratos, resmungou de mau humor a pequena.
- Oh, suspirou a mãe, quanto gostaria de encontrar maneira de fazer-te compreender a importância de fazer as coisas corretamente! Algum dia alguma coisa muito
importante irá depender de quão bem hajas feito teu trabalho... .
- Oh, não se aflija mamãe, interrompeu Alice, tudo sairá bem!
E acrescentou:
- Posso usar agora a máquina de costura?
A mãe pensou: "Se Alice ao menos fosse tão conscienciosa a respeito de outras coisas quanto o é sobre suas costuras".
Alice gostava de costurar. Fazia pontos nítidos e iguais. Gostava especialmente de casear. As casas que fazia eram bem feitas e fortes.
- Quando eu crescer irei ser costureira! Dizia a menina com orgulho.
Alguns dias mais tarde, Alice estava na escola fazendo os exercícios de aritmética, quando de repente a campainha grande da parede começou a tocar. Ouviu-se
três toques curtos, um momento de silêncio e em seguida outros três toques curtos.
Isto significava incêndio! Com presteza e serenidade, a professora conduziu a classe para a janela onde ficava a saída para os casos de incêndio.
- Talvez não seja mais que outro exercício pensou Alice. Oxalá deixem de fazer tantos exercícios! Não me agradam nada.
Porém de repente sua atenção foi despertada pelo silvo agudo de uma sirena. Eram os bombeiros que chegavam! O coração de Alice começou a bater rápido. Era realmente
um incêndio! Os meninos iam saindo para o campo de recreio.
Algumas das meninas menores começaram a chorar, porém não Alice. Ela pensava:
- De que vale chorar? Temos tido tantos exercícios para os casos de incêndio que todos já devem estar fora do edifício.
Olhou para cima e se admirou de que já houvesse uma cadeira ardendo na plataforma do segundo andar. Dir-se-ia que, nos momentos de agitação, alguém havia posto
aquela cadeira, agora ardendo, sobre a plataforma da via de escape.
De repente se ouviu um grito, e ao levantar os olhos, Alice viu na parte superior da escada de escape sua própria irmãzinha Júlia. Como havia a pequena ficada
para trás? Talvez tivesse saído ao corredor para tomar água, pois Júlia estava sempre querendo tomar água. Talvez houvesse outro motivo, porém, tudo o que Alice
podia pensar nesse momento era que sua irmãzinha estava só na parte de cima da escada de emergência, e na plataforma que ela devia atravessar, havia uma cadeira
em chamas. Que iria a pequena fazer? Como poderia passar?
- Espera! Gritaram a Júlia os bombeiros. Fica aí quietinha que te vamos buscar.
Júlia, porém, estava muito assustada para ficar quietinha e para escutar o que lhe diziam. Ficou um momento olhando a multidão em baixo, e logo começou a trepar
pela sacada de ferro, em cuja parte superior havia várias pontas.
- Não! Não faças isso! Gritaram todos de uma vez. Não faças isso Júlia, espera que te vamos buscar!
Mas Júlia continuou subindo pelo gradil. Isso lhe era difícil, por causa das pontas de ferro que ficavam a pouca distância umas das outras. Conquanto fossem
providenciadas em seguida escadas por onde os bombeiros subiam até próximo de Júlia, esta trepava demasiado depressa para que a alcançassem. Passou por cima das
pontas de ferro e, de repente, escorregou.
Alice fechou os olhos e dela se apoderou um medo espantoso que nem lhe permitia gritar. Fechou os olhos e elevou uma curta oração a Deus: "Oh, Senhor, salva
Júlia!" De repente a multidão deixou escapar um grito, e Alice abriu os olhos. Viu um homem bombeiro na parte superior da escada, e ali estava Júlia também. Estava
presa ao gradil, pois seu vestido se enroscava numa das pontas e o bombeiro a estava tirando dessa posição perigosa.
Quando o bombeiro chegou em baixo, meia dezena de mãos se ergueu para ajudá-lo. Júlia chorava, mas estava sã e salva! O bombeiro dizia:
- A salvação foi às casas bem feitas do vestido desta menina. Uma das casas se enganchou numa ponta, e se não fosse forte... .
Uma casa forte! Alice havia caseado o vestido de Júlia, e o fizera de maneira sólida e forte, pois lhe agradava fazer qualquer espécie de costura.
Mas, que teria acontecido se ela não gostasse de coser? Admitamos que ao fazer as casas, fosse essa uma das coisas que lhe desagradasse fazer? A menina estremeceu
ao pensar nisso. Tivesse ela feito as casas descuidadamente e Júlia não estaria com vida agora.
Essa noite Alice enxugou os pratos para a mamãe. Secou-os com muito cuidado e reflexão. Lembrava-se de todas as outras coisas que havia feito com negligência,
pouco se lhe dando que saíssem bem ou não. Decidira que não mais seria negligente. Havia aprendido que algumas vezes uma vida depende de haver uma pessoa sido cuidadosa
ou não.
35 - O SACRIFÍCIO SUPREMO
A triste e breve mensagem: "S. O. S", "S. O. S", era despachada a intervalos regulares pelo rádio-telegrafista de certo navio que, açoitado por furiosa tempestade,
estava em iminente perigo de afundar-se entre as ondas do Atlântico, depois de haver enfrentado por longas horas um temporal violentíssimo.
O casco do navio se achava ainda intacto, conquanto seus lúgubres e prolongados estalidos indicassem que em breve se produziria uma brecha capaz de fazê-lo soçobrar
dentro de alguns minutos. Tal era o temor do capitão, e daí seus pedidos de socorro.
- Todos aos botes! Prover-se de salva-vidas! Não há tempo a perder! Gritou de repente o primeiro piloto, subindo da casa das máquinas. Haviam-se realizado o
temor do comandante da nave, e esta começava a adernar ligeiramente para bombordo, ante o peso da água que entrava em torrentes por uma larga abertura.
As ordens imperiosas do piloto deram lugar, na coberta, a um estado de confusão que parecia ir assumir proporções de tragédia. Os passageiros lutavam braço a
braço com a tripulação, para serem os primeiros a chegar aos botes, que começavam a ser desamarrados para estar prontos à primeira ordem de deitá-los na água.
O capitão, provido de poderosa buzina, e secundado pelos dois pilotos, superou com sua voz os rugidos do mar e os estridentes sibilos do vento em desencadeada
fúria:
- Não façam confusão! Há lugar para todos! Passem calmamente a ocupar seu lugar!
De repente, uma gigantesca onda, como a desmentir o marinheiro, arrebatou dois dos botes salva-vidas que, meio desamarrados, não puderam resistir ao furioso
embate do oceano embravecido, e se perderam em face da consternação de todos.
Era simplesmente impossível que o total dos passageiros e tripulantes coubessem nos quatro que restavam! A perda era irreparável!
- As mulheres e as crianças primeiro! Exclamou a voz forte do capitão.
A ordem cumpriu-se imediatamente, e estas e aquelas, assim como alguns anciãos, começaram a ocupar as pequenas embarcações em que se encontrava sua derradeira
esperança. Vários vigorosos marinheiros, escolhidos pelos pilotos, tomaram os remos dos botes, que eram arreados um a um, repletos até ao máximo de sua capacidade
com os atemorizados viajantes.
A manobra realizava-se na maior ordem. Faziam-se despedidas desoladoras entre os que ficavam a bordo, condenados a uma morte inevitável, e os que lutariam com
a tormenta nos frágeis botezinhos. Algumas senhoras desmaiavam e eram carregadas em braços até os ditos botes. Os homens proviam-se de salva-vidas, si bem que de
pouco lhes pudesse servir, dada a violência da agitação do mar. Restava apenas um bote por arrear.
- Um momento o bote número seis! Um momento!
A ordem do segundo piloto fez com que se detivesse a manobra, e o último barquinho permaneceu por uns instantes em seu lugar.
- Duas mulheres mais! Há lugar para elas? Continuou o marinheiro.
Após uma pausa, ouviu-se a voz do encarregado da embarcação salva-vidas:
- Há lugar apenas para uma!
Venha depressa!
E então foi testemunha uma cena que se desenrolou em menos tempo do que é necessário para contá-la. Uma senhora de seus quarenta anos, pálida e trêmula, mas
com decisão inquebrantável e com a suprema força emprestada pelo desespero, colocou no bote uma jovenzinha que, incapaz de articular palavra, e meio desfalecida,
caiu nos braços dos passageiros, ficando o mesmo cheio a mais não poder.
- Tu, minha filha! Salva-te tu, minha filha! Foi a única despedida que a pobre mãe pôde articular.
E antes que a mocinha houvesse reagido o suficiente para responder a sua mãe, a ligeira navezinha se achava em meio da espuma do oceano que rugia em redor, como
reclamando as presas que lhe escapavam... Uns segundos mais, e já se havia alongado do casco do navio, que cada vez mais se inclinava para bombordo, afundando rapidamente.
Poucos minutos depois, um enorme redemoinho assinalava o lugar da nave engolida pelo mar.
Consumara-se o sacrifício supremo de uma mãe!
O nome do navio e data do acontecimento baniram-se-me da memória; mas oxalá permaneça na tua, prezado leitor, este exemplo do que é capaz de fazer uma mãe, movida
pelo puríssimo amor que o Eterno lhe gravou no coração.
Recorda também a ordem celestial: "Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa".
36 - OITO MINUTOS
Daniel se apoiou sobre o rastelo, e ficou olhando para o montão de folhas secas que havia sobre a grama.
"Junte tudo, depois tire as folhas da grama e ponha fogo nelas", havia mandado o pai àquela manhã.
Tirar o lixo era muito trabalho. Por que não podia queimar as folhas ali mesmo? "A grama está bem verde aqui, e não tem vento", pensou Daniel, "deve ser perfeitamente
seguro queimar as folhas aqui". Além disso, havia uma caixa de fósforos no bolso de sua jaqueta, que ele tinha deixado ali depois de acampar com os Desbravadores.
Ele riscou um fósforo e colocou dentro do monte de folhas, mas não aconteceu nada. Acendeu um outro palito de fósforo e cuidadosamente protegeu a chama com sua
mão, enquanto se inclinava para pegar um punhado de grama seca. Novamente o fósforo se apagou.
Então, Daniel se lembrou da lata de combustível que estava no barracão. Lembrou que muitas vezes o pai o usava para começar um fogo. Por alguma razão, ele não
achava ser muito correto pegar o óleo. Pensou que seu pai também não gostaria que fizesse aquilo, mas se lembrou da ordem do pai para limpar e queimar as folhas,
e esta era uma maneira mais fácil. Além disso, o papai ficaria admirado quando visse que trabalho perfeito ele havia feito.
A lata com o combustível estava exatamente no lugar que ele imaginava. Daniel correu de volta, com a lata em sua mão. Derramou uma quantidade generosa sobre
a grama e sobre as folhas. Depois riscou um novo palito de fósforo e colocou em cima do monte de folhas.
As chamas ascenderam e como que lamberam a grama, as folhas e outro lixo que havia. Daniel juntou mais alguns galhos secos do pomar, que o pai havia amontoado
perto da cerca, depois de ter podado as árvores. Daniel pensou que o pai ficaria muito contente ao ver que ele havia limpado o pomar também.
Quando Daniel começou a voltar para onde estava o fogo, quase, não podia acreditar no que viu. Uma corrente de vento soprou de repente sobre a pilha que estava
queimando e uma faísca de fogo caiu sobre o pasto.
Daniel jogou o rastelo e correu para onde o capim estava queimando. Tentou apagar o fogo, e quando parecia que tudo estava sob controle, uma rajada de vento
fez reviver as chamas. Elas começaram a alcançar os galhos secos mais altos que havia por perto. Atrás do pasto irrigado, havia um outro campo que não era usado
por algum tempo, e estava cheio de arbustos muito seco.
Se o fogo conseguisse alcançar aqueles arbustos secos, estaria fora de controle. A casa do vizinho, do outro lado da estrada, e as construções da fazenda, poderiam
ser muito danificadas. Daniel sabia que o fazendeiro e sua família estavam ausentes. Não havia ninguém para ajudá-lo a acabar com o fogo.
Se ele pudesse fazer uma trincheira, talvez pudesse controlar e fazer com que o fogo parasse. Correu para o outro lado e começou a alimentar a chama. O fogo
estava cada vez mais perto da trincheira de terra que havia feito.
"Somente Deus pode me ajudar", ele disse em voz alta. "Por que não tirei para fora o lixo, ao invés de queimar sobre a grama?" Então começou a orar e trabalhar
mais do que nunca.
Subitamente ele parou de cavar e enxugou o suor de sua testa. Como! Parecia que alguma coisa está empurrando o fogo de volta!
"O vento mudou de direção!" Gritou Daniel. "Obrigado, meu Deus, por me ajudar mesmo quando eu não merecia. Muito obrigado por salvar a casa de meu vizinho".
As chamas foram enfraquecendo ao redor da parte já queimada e finalmente se apagaram. Não ficou nada sem queimar depois que o vento mandou as chamas de volta.
Oito minutos não é um tempo muito grande, mas foi tempo suficiente. Foi suficiente para o fogo parar e apagar-se completamente, e para Daniel compreender como
Deus tinha sido bondoso para com ele, mesmo quando havia sido descuidado.
Novamente Daniel olhou para a casa do vizinho e para as construções da fazenda. Depois, colocando as ferramentas no ombro, andou por sobre o campo queimado observando
bem para ver se não havia vestígio de fogo. E uma vez após outra agradecia a Deus por ter respondido a sua oração. Quando chegou em casa disse suavemente: "E pensar
que Deus fez tudo em oito minutos!".
37 - OS CAMINHOS DO SENHOR
Ao longo de uma praia, na costa da Inglaterra, entre as cidades de Norwich e Yarmouth, perambulava um pai acompanhado de seu filhinho de quatro anos.
- Tenho fome, disse o menino.
- Cala-te, desgraçado, respondeu-lhe o pai.
- Sim, tenho fome e sinto dores, prosseguiu o menino.
- Não te calas? Maroto! Acaso me é possível arranjar-te pão aqui entre as pedras e areias da praia?
Um estremecimento correu todo o corpo do menino, que nada mais disse, porque o pai lhe havia falado num tom desabrido e rude e os seus olhos tinham um brilho
estranho.
Caminharam os dois, mudos, um ao lado do outro; o menino com a cabeça pendida sobre o peito a fim de ocultar ao pai as lágrimas que estilavam os seus olhos.
No coração do pai tumultuavam pensamentos tenebrosos. Esforçava-se em vão por manter o equilíbrio, pois, segundo o seu costume, estava embriagado, e vacilava a
cada passo que dava.
De repente o menino prorrompeu em altos gritos; não tinha podido mais se conter; a violência que se fizera para reprimir a dor só o havia aumentado. "Pão"! Exclamou
o menino, "quero um pedaço de pão!" O desnaturado pai, porém, acometido de um acesso de fúria e desespero, pegou do menino e com toda a força de seu braço o arremessou
ao mar, retirando-se precipitado.
Por uma coincidência notável, a que o mundo dá o nome de acaso, como se por uma palavra vazia de sentido se pudesse explicar o que o cristão não duvida em considerar
como providência divina, uma tábua sobrenadava ao lado do menino, a que o infeliz pôde agarrar-se, sendo logo movimento das ondas.
Não muito distante da praia fundeava um vaso de guerra, de cujo bordo foi avistada a criança que, agarrada ao frágil destroço, era impelida na direção do navio,
em risco de ser despedaçada de encontro ao mesmo. Acaso deixar-se-á perecer a criança?
Não haverá ninguém que se disponha a salvá-la? Tais pensamentos apenas tinham tido tempo de penetrar no espírito da marinhagem, quando um marinheiro já se havia
lançado ao mar, trazendo com risco de vida o menino para bordo, onde foi logo por todos interrogados.
- Chamo-me Jacob, respondeu o menino, mas, além disso, nada sabia adiantar que pudesse esclarecer a guarnição com respeito à família a que pertencia. Resolveu-se,
pois, conservá-lo a bordo, onde todos lhe chamavam "o pobre Jacob".
Como fosse de gênio pacífico e dócil e, além disso, muito serviçal, não tardou em conquistar a simpatia de todos. Era por todos considerado como um filho adotivo,
constituindo para todos pontos de honra não deixar faltar-lhe coisa alguma. Depois de muitos anos de estudos, Jacob obteve colocação em um dos vasos de guerra como
cirurgião da marinha real. Da maneira mais conscienciosa preencheu as funções desse cargo durante a longa guerra entre a Inglaterra e a França.
Uma ocasião, havendo o navio a que pertencia, capturado uma pequena embarcação, foram trazidos para bordo diversos feridos que se confiaram aos cuidados do cirurgião
Jacob. Entre os feridos havia também um homem já idoso, cujos ferimentos pareciam fatais. Não obstante, o nosso consciencioso cirurgião lhe dedicou os mais desvelados
cuidados. Todos os seus esforços, porém, foram baldados.
Sentindo o ancião que a morte se avizinhava, desejou dar ao cirurgião uma prova de sua gratidão, e solicitando-lhe alguns momentos de atenção, falou-lhe nestes
termos:
- O senhor tem usado para comigo de tanta benevolência, que me sinto constrangido a entregar-lhe o único tesouro que possuo neste mundo. E, entregando-lhe uma
Bíblia, acrescentou: Uma senhora crente fez-me presente deste livro que me abriu os olhos sobre a minha miserável condição e me libertou das minhas paixões criminosas.
Nesta Bíblia achei o caminho da salvação, o perdão dos meus pecados por Cristo Jesus, a doce paz do meu coração, que tanto tempo viveu torturado por indizíveis remorsos,
e a consolação nos dias do meu infortúnio.
Aqui o velho interrompeu-se. Um inditoso segredo parecia pesar-lhe ainda sobre a alma, mas a vergonha de confessá-lo travara-se de luta com a necessidade que
tinha de desabafar o coração. Essa luta, porém, durou apenas alguns instantes. Então começou a relatar com voz pausada, mas grave, todas as desordens e impiedades
de sua vida, referindo entre outras como arremessara ao mar uma criança de quatro anos, seu próprio filho, por lhe haver pedido de comer.
Ó Deus, seria isto possível? Exclamou o jovem cirurgião, cujos movimentos e estupefação cresciam à medida que o velho prosseguia a sua narração. Seria possível
tornamo-nos a ver neste mundo? Diga-me, continuou ele, segurando na mão do velho, em que parte da Inglaterra sucedeu isto?
- Entre Norwich e Yarmouthm respondeu o ancião, que não compreendia porque o jovem cirurgião se achava tão comovido ao fazer-lhe tal pergunta.
- E quanto tempo há que sucedeu isto?
- Há mais ou menos vinte e três anos, respondeu o ancião.
- E não se chamava esse menino, Jacob? - interrompeu o cirurgião, que mal se podia conter.
- Jacob! Sim, era esse o seu nome! Exclamou o velho, com espanto crescente.
- Meu pai, abençoe o seu filho! - exclamou o cirurgião, atirando-se de joelhos ante o leito do moribundo. - Abençoe o seu filho! Foi Deus quem nos ajuntou de
novo, quem quis pôr diante dos meus olhos o exemplo de sua conversão, e de sua pia esperança.
Longo tempo o ancião conservou-se mudo; não acreditava aos próprios olhos; pensava na possibilidade de um sonho a que havia de seguir-se amargo desengano. Pouco
a pouco, porém, foi reunindo suas idéias e pediu ao jovem oficial que lhe relatasse os pormenores que ainda lhe lembravam. Finalmente estava convencido de que era
de fato seu filho a quem tinha diante de si e lágrimas de alegria inundaram-lhe as faces, sobre que pairavam já as sombras da morte: e, como Simeão, exclamou: "Agora,
Senhor, despedes em paz o Teu servo".
Faleceu ainda nesse mesmo dia, nos braços de seu filho, rendendo graças a Deus.
Esta coincidência tão inesperada e tão admirável fez tal impressão sobre o jovem cirurgião, que ele logo depois resignou o seu posto na marinha, para dedicar-se
à pregação da Palavra de Deus.
E sucedeu que, havendo um servo do Evangelho relatado essa história em uma reunião religiosa, ele se dirigiu ao dirigente e disse: "Eu sou aquele pobre Jacob".
38 - PERDÃO
- Quero tanto que papai chegue! Disse Ricardo, muito triste e aflito.
- Seu pai vai ficar zangado com você, respondeu a tia, que se achava na sala, fazendo tricô.
Ricardo, levantando-se do sofá, onde estivera chorando havia meia hora, disse, indignado, a sua tia: Ficará triste; não zangado. Meu pai nunca fica zangado.
Ouviram que alguém estava chegando. - Oh! Felizmente é ele que chega! Exclamou o menino, correndo em direção à porta, para encontrá-lo, mas voltou, muito desapontado,
dizendo: - Não era ele. Não sei porque está demorando tanto! Quero que volte depressa!
- Parece que você está com desejo de ser castigado, disse-lhe a tia, que estava de visita, havia uma semana, e não era uma senhora amável, nem tinha muita simpatia
pelas crianças.
- Creio que gostaria de me ver apanhar, porém garanto que não terá esse prazer, retrucou Ricardo.
- Confesso que um pouco de disciplina não lhe faria mal. Se você fosse meu, poderia ter certeza de que não escaparia, tornou a tia.
- Mas, felizmente não sou seu, nem quero ser. Meu pai é bom e me quer bem, afirmou o menino.
Ouviram-se passos, novamente, para os lados da porta, e o menino disse: - Tomara que desta vez seja ele mesmo! E, correndo, foi abrir a porta.
- Olá, como vai, meu filhinho? Ora, que é que tens? Está triste? Que foi que aconteceu? Interrogou o pai.
- Venha comigo, papai, disse-lhe Ricardo, puxando-o pela mão, para o escritório. O Sr. Gonçalves assentou-se e colocando o menino sobre os joelhos, perguntou:
Que é que tem, meu filho? Que aconteceu? Pode contar a papai, sem receio.
Os olhos do menino se encheram de lágrimas, enquanto procurava falar, mas não pôde por causa de um nó na garganta. Desceu, abriu um armário e trouxe os pedaços
de uma estatueta quebrada e os pôs diante de seu pai. A peça fora comprada no dia anterior e, sendo uma obra de arte, custara muito.
- Quem fez isto? Perguntou o pai, surpreendido.
- Fui eu, papai.
- Como?
- Oh! Papai esqueci-me e joguei a bola aqui dentro de casa. Joguei-a uma só vez, mas quebrei a estatueta. Estou tão triste por ter feito isto, papai! E, dizendo
isso, o menino desatou a chorar.
O Sr. Gonçalves ficou pensando alguns momentos e depois disse:
- Pois bem, Ricardo, não podemos desfazer o que já está feito. Você confessou, e está perdoado. Guarda os cacos. É claro que já sofreu bastante. Não é preciso
que eu diga mais nada. Julgo que o seu castigo já foi suficiente e que aprendeu uma boa lição.
- Oh! Papai, como o senhor é bom! Pode ter a certeza de que, daqui por diante, farei todo o esforço para lhe obedecer. Como gosto de meu paizinho! É o melhor
do mundo! Exclamou o menino, dando um forte abraço no pai.
Os dois foram, então, para a sala, onde estava a titia. Esta, vendo-os, disse: - Que menino feio é o Ricardo! Merece ser severamente castigado pelo que fez.
O menino precisa aprender que não se brinca dentro de casa com bola. Certamente que ele vai pagar bem caro pela sua arte!
- Já ajustamos contas, Julieta. Uma das regras desta casa é: sair das trevas e entrar na luz, o mais cedo possível, explicou o pai, amavelmente, à irmã que,
no íntimo, era boa e somente um pouco severa.
Julieta, surpreendida, ficou quieta. Refletindo sobre o incidente e concluiu que ambos tinham razão, e que era, mesmo, muito melhor sair das trevas do rancor
e permanecer na luz do amor e da harmonia.
39 - PERDIDOS
A senhora Barbosa estava muito admirada. ...
Mais alguns longos minutos se passaram e então Lauro falou:
- Não estamos adiantando caminho, mamãe. Estamos perdidos. Aqui está o velho tronco de novo. Com esta são três vezes que passamos por aqui. Estamos fazendo
círculos. Eu não quis dizer isso antes porque não queria atemorizá-la. Mas creio que precisamos parar.
- Eu sabia que estávamos perdidos, disse Janete. Notei que havíamos passado por aqui, por este velho tronco, já duas vezes. Que caminho tomará agora?
- Sim, eu estava certa de que estávamos perdidos, mas julgava que pudéssemos atravessar este capão se continuássemos, retrucou a Sra. Barbosa. Estou muito preocupada!
- Mamãe, aventurou Lauro, com expressões de esperança. A senhora se recorda da história que nos contou na semana passada, do missionário que estava perdido
e orou a Deus pedindo que o ajudasse a encontrar o caminho? A senhora contou que ele assim que acabou de orar começou a andar e encontrou o caminho. Deus o ajudou.
Vamos orar nós também?
E assim os três se ajoelharam e cada um fez uma curta oração, pedindo a Deus que os ajudasse a achar o caminho.
Acabaram de orar e já era escuro. Lauro segurou a mão da mãe e a da irmãzinha e começaram a andar, por entre os arbustos e macegas daquele capão escuro.
Não haviam andado muito quando Lauro exclamou, cheio de satisfação:
- Olhem lá uma luz!
- Mas não é nenhuma casa, respondeu a mãe, pois não há moradores aqui por perto. Deve ser alguém, andando. Vamos ver se o alcançamos.
- A lanterna está balançando e não sai do lugar. Vamos ligeiro até ela, disse Lauro.
Quando chegaram bem perto da luz puderam observar que se tratava de três homens que estavam de passagem. Haviam parado ao ouvir vozes.
- Podem dizer-nos onde estamos? Perguntou a Sra. Barbosa.
Os homens explicaram onde se encontravam e ofereceram-se para guiá-los até a estrada. Quando chegaram ao caminho reconheceram-no e rumaram para casa. Andaram
um pouco mais no escuro e logo avistaram a luz de casa.
- Espero que vovô tenha deixado alguma comida quente para nós, disse Janete, que sentia bastante fome, agora que passara todo o temor.
- É mesmo, pois estou até fraco de fome, respondeu Lauro.
- Para mim, o melhor é poder ver nossa casinha já bem perto, falou a Sra. Barbosa.
- Estivemos perdidos, vovô, disse Janete assim que entrou em casa.
- Eu estava mesmo imaginando, respondeu o avô. E continuou: vocês devem ter ficado até muito tarde na roça!
- É verdade, concordou a Sra. Barbosa.
- Mas, vovô, nós oramos e Deus nos ajudou a achar caminho. Não foi bom termos orado? Perguntou Janete.
- Orar é sempre uma boa coisa, queridinha. Deus sempre nos mostra o caminho de casa. E não somente o caminho desta casa, mas o caminho do lar celestial, respondeu
o avô, em tom amorável de voz grave, ao mesmo tempo em que punha sobre a mesa o alimento quentinho e cheiroso.
40 - PERSEGUIDO POR UM LEOPARDO
Tinha Tomás treze anos de idade, e freqüentava uma escola da missão localizada no sopé dos montes Himalaia, ao norte da Índia. Era inverno, e havia neve por
toda parte, cobrindo florestas, campos e veredas com grosso lençol branco.
Uma tarde, depois da reunião na capela da missão, pediram a Tomás que acompanhasse uma senhora idosa que voltava ao lar, cuidando de que chegasse sã e salva
ao destino. Isto significava uma caminhada de cinco quilômetros através da neve. Parecia longa a jornada, pois naturalmente a idosa senhora não podia andar muito
depressa. Finalmente, contudo, os dois chegaram seguros à casa da anciã, e Tomás voltou para a escola.
Então começou a notar que já era bem tarde. O sol estava preste a se esconder, e logo escurecia. De repente lembrou-se dos leopardos da neve e começou a correr.
Se havia uma coisa que desejava evitar, era encontrar-se com um destes animais selvagens depois do escurecer.
Diferente do leopardo comum, de pêlo pardo e manchas pretas, o leopardo da neve tem pêlo acinzentado e manchas vermelho-pardas. É fera horripilante e difícil
de ver contra a neve, sendo perigosa quando faminta ou molestada. No inverno, descem dos planaltos, procurando alimento até nos lugares povoados. Seus rastos sempre
eram vistos na floresta que ficava perto da missão, e que agora estava entre Tomás e a casa.
De modo que correu, mas não tão depressa como gostaria. Dentro de pouco tempo escureceu por completo. Entrou na floresta. Decorridos poucos minutos percebeu
que era seguido. Voltando-se, viu um par de olhos fitos nele, brilhando na escuridão. Era um leopardo da neve. Ousadamente marchou para o animal, que se desviou
do caminho.
Aí foi que Tomás começou a orar como nunca dantes. Orava, enquanto corria. Então viu novamente os olhos. Tomás correu novamente até pressentir que o leopardo
estava mais perto. Parou; fitou-o nos olhos e correu novamente. Durante todo o tempo estava orando por auxílio.
O leopardo da neve estava agora bem perto. ...
Justamente aí chegou a uma encruzilhada no caminho. Um trilho desviava-se para a esquerda; o outro, através de um trilho bem íngreme, levava à porta dos fundos
da escola da missão. Qual seguiria, com o leopardo tão perto de si?
Nesse momento alguma coisa atravessou o trilho correndo, bem na sua frente. Parecia-lhe ser um homem, mas na escuridão da mata não podia dizer quem ou o que
era. Mas pensou que isso confundiria o leopardo, e que ele perderia a pista. E tinha razão.
Quando o estranho passou para um lado, ele seguiu para o outro, subindo a toda o curto atalho em busca de segurança.
Encontrei-me com Tomás um dia destes. Disse-me ele que, apesar de se terem passado vinte e cinco anos desde aquela terrível noite, nunca deixou de agradecer
a Deus por livrá-lo do leopardo da neve.
41 - "POSSO FAZER QUALQUER COISA"
Ao iniciarem Tomaz e Jorge seus estudos universitários, fizeram-no com o objetivo de alcançar não só um título, mas também o preparo necessário para se destacarem
na vida como profissionais. Os anos passados nas aulas da Faculdade de Direito foram de árduo estudo, e às vezes se lhes afiguraram intermináveis, mas chegaram ao
fim como todas as coisas desta vida.
Ao receber o diploma, verificaram que as condições econômicas, em geral, haviam-se modificado muito desde o momento em que iniciaram sua carreira, aguda crise
abalava o mundo, e não lhes foi possível instalar-se como advogados. Que fazer nessas circunstâncias? Ambos eram jovens resolutos, pelo que não se intimidaram. Resolveram
procurar emprego, embora não fosse no desempenho de sua profissão.
No porto em que viviam, estava instalado um grande estaleiro. Em suas oficinas e escritórios trabalhavam vários milhares de empregados, pelo que decidiram solicitar
trabalho ao gerente dessa poderosa instituição.
Tomaz foi o primeiro a apresentar-se com seu flamante título em baixo do braço.
- Em que pode ocupar-se? Perguntou-lhe cortesmente o diretor da empresa, depois de lançar um olhar ao diploma do solicitante.
- Como o senhor compreenderá, não posso submeter-me a ser simples empregado. De acordo com meus conhecimentos, solicito um cargo de certa responsabilidade, com
remuneração equivalente.
- Muito bem, jovem. Deixe-me seu endereço e, quando se apresentar à oportunidade em que haja uma vaga para um cargo de "responsabilidade", pensaremos no senhor,
respondeu-lhe o gerente, com certa ironia.
Claro está que essa oportunidade nunca chegou.
Jorge apresentou-se algumas horas, no mesmo escritório. Não levava consigo o título de advogado. Tinha apenas a determinação de começar a trabalhar de qualquer
maneira honesta e de fazer-se conhecer em seu trabalho.
- Que é capaz de fazer, jovem? Interrogou-o gerente que se advertira da capacidade intelectual de Jorge, por suas palavras de introdução.
- Posso fazer qualquer coisa, senhor. Para começar, satisfar-me-ia qualquer ocupação.
O diretor tocou uma campainha.
- Tem alguma vaga para este jovem? Perguntou, segundos depois, ao chefe de uma seção do estaleiro, que se apresentou ao seu chamado.
- Sim, precisamente, necessitamos de alguém que se encarregue da limpeza do departamento das máquinas.
E o formado da universidade começou essa humilde tarefa no dia seguinte.
Depois de três meses, o gerente chamou o chefe da seção em que Jorge trabalhava.
- Como vai Jorge? Perguntou-lhe.
- Muito bem. Demonstra tal dedicação ao trabalho, que o departamento de máquinas está sempre reluzindo. Parece incrível que um advogado tenha tão boa vontade
para trabalho tão humilde.
O Sr. Silveira, tal era o nome do diretor do estabelecimento, sorriu enigmaticamente e limitou-se a dizer:
- Está bem, pode retirar-se.
Outros três meses se passaram e, depois de ter pedido algumas informações quanto à conduta do jovem advogado, mandou-o chamar ao escritório.
- Nesta empresa, principiou, temos por norma experimentar por seis meses os novos empregados. Durante esse tempo, pagamos-lhes o ordenado fixo de Cr$ 300,00
mensais, importância essa que o senhor tem recebido até agora. Mas isso não é o mais importante, prosseguiu. O que nos interessa principalmente, nesse período,
é a conduta, a fidelidade e dedicação ao trabalho do que se acha à prova. Ora, como a esse comportamento se unem ainda suas aptidões intelectuais, seus conhecimentos
gerais e preparo universitário... Uma tossezinha interrompeu as palavras do gerente. Mudando de assunto, dir-lhe-ei que meu secretário particular foi ocupar um
posto de maior responsabilidade no estrangeiro e preciso de alguém que tome esse importante lugar. Que o senhor, Dr. Jorge - e o diretor fez ressaltar o título -
considerar a possibilidade de ser seu sucessor? De minha parte estou convencido de que o senhor é a pessoa mais indicada. Informo-lhe ainda que os vencimentos são
de Cr$ 3.500,00 mensais.
O doutor, que momentos antes estivera a trabalhar de escova na mão, não respondeu imediatamente. Oprimia-o profunda emoção. Por fim, com uma voz que ele mesmo
estranhou, respondeu:
- Agradecido, Sr. Silveira, que outra coisa poderia desejar?
Ao cabo de cinco anos, era Jorge o braço direito da empresa. E, ao passo que ocupava um cargo de muito maior responsabilidade que o de secretário particular
do gerente e que seu ordenado se escrevia com várias cifras... Seu companheiro Tomaz escondera o título no fundo de um velho baú, onde guardava muitos "trastes"
inúteis e, premido pela crise, lavava automóveis numa garage.
Vale a pena dizer: "Posso fazer qualquer coisa...". E fazê-la.
42 - PREPARADO PARA A VOLTA DE JESUS
Tinha sido um sábado muito feliz para a família Smith. Eles tinham acampado num parque muito bonito e tinham se maravilhado observando todas as coisas criadas
por Deus. O esquilo malhado era novidade para a família. Estevão estava andando bem perto do esquilo antes que ele se escondesse em seu buraco. Chorando, Estevão
correu para a mamãe:
- Eu só queria fazer um carinho nele, queria pegá-lo no colo. Eu não ia machucá-lo.
- Estêvão, o esquilo está com medo de você. E também não é uma boa idéia pegar qualquer animal, porque o animal pode mordê-lo e fazer com que você fique doente
- respondeu a mãe.
Estêvão caminhou de volta até o buraco do esquilo e olhou.
- Mãe, por que ele morde? Por que ele fica com medo?
A mamãe pensou um pouco antes de responder.
- Bem, querido, esta é uma das coisas que aconteceram quando o pecado entrou neste mundo. Não será maravilhoso quando chegarmos ao Céu e pudermos pegar os animais?
Eles não terão medo; não irão fugir e também não irão morder ou atacar como agora.
Depois de descansarem um pouco, a família queria ir a um lugar especial para ver o pôr-do-sol. O papai disse:
- Vamos subir até o topo do Monte Sentinela. Poderemos ver uma porção de coisas novas, mesmo no caminho até lá, e não será muito difícil para Karen e Estevão.
O pôr-do-sol será colorido lá em cima.
Karen e Estevão ficaram encantados com a idéia, e começaram a pular de alegria.
Assim que começaram a subir a montanha, o cheiro dos pinheiros enchia o caminho. A caminhada através da fresca floresta foi um tempo feliz quando observaram
bem de perto um inseto em uma flor. Depois que deixaram as árvores para trás e começaram a subir por cima das pedras, puderam ver todos os campos e vales.
Foi então que a mamãe perguntou:
- Estevão e Karen, vocês sabiam que o Céu vai ser muito mais bonito que qualquer destas coisas? Sabiam que será muito mais bonito do que possam imaginar?
- Quando Jesus vai voltar? Quando poderemos ir para o Céu? Haverá veadinhos lá no Céu?
Poderemos ver quando passeiam? Vou poder agradar um veadinho? - perguntou Estevão.
Calmamente a mamãe começou a responder:
- Jesus vai voltar depois que cada pessoa deste mundo tenha tido a oportunidade de ouvir sobre Ele. Devemos estar preparados e contar aos outros sobre Jesus,
como Ele os ama e quer que estejam no Céu também. Estou segura de que vai haver veadinhos lá no Céu, e você vai poder acariciá-los lá. Não sei se vamos ver algum
veadinho hoje. Precisaremos observar e esperar, mas se conseguirmos ver um, não poderemos chegar perto deles. Eles, provavelmente correriam para longe se tentássemos.
Lá no topo do Cume Sentinela, eles observaram as brilhantes cores do pôr-do-sol, e logo viram a Lua nascer cor-de-rosa. Quando começaram a descer, já estava
um pouco escuro. De repente ouviram um ruído num arbusto ali perto. Todos pararam muito calmos e ficaram bem silenciosos. Estavam escutando. Seria um coelho? Ou
será que era um urso? O papai focou a lanterna em direção do som. Justamente ao lado do caminho estava parado um veadinho. Ele olhou para todos por um minuto e depois
desapareceu no escuro da noite.
- Mãe - sussurrou Estevão - eu vi um veadinho hoje. Eu quero ir para o Céu.
- Eu também - respondeu a mãe bem baixinho. - Vamos fazer a vontade de Jesus e falar DELE cada dia para que possamos estar preparados.
Quais são alguns dos motivos pelos quais vocês querem ir para o Céu com Jesus?
43 - SABES MANDAR?
Maurício estava completamente entregue ao brinquedo, no pátio, quando a mãe o advertiu:
- Brincaste bastante por hoje, filho. Pensa em fazer os trabalhos que ainda não acabaste.
Aparentemente contrariado, Maurício, que estava por fazer entrar a sua pedra no "céu", entrou em casa, resmungando. Certamente lhe ouviram pronunciar alguma
amarga reflexão acerca dessa cruel necessidade de "sempre obedecer".
- Como quisera ser grande, para fazer minhas quatro vontades!
Contudo, exprimiu esse desejo de maneira bastante discreta. Papai, porém, tem o ouvido bem apurado e nada lhe escapa; de maneira que deteve o homenzinho ao passar.
- Tua mãe acaba de dizer-te que deves terminar os teus deveres escolares. Quando estiverem acabados, vem ver-me: tenho alguma coisa para mostrar-te.
A voz do pai não era de ralho. Além disso, não costumava mostrar-se ríspido. É de gênio bom e afável, e, se chega a moralizar, fá-lo de maneira tão agradável,
tão interessante, que torna aprazível e proveitoso ser por ele admoestado.
Maurício apressou, pois, a terminação dos deveres e foi, com a confiança dum rapazinho sem medo nem culpa, apresentar-se diante do pai.
- Que quer o Senhor dizer-me, papai?
- Isto, filho: Sabes mandar?
- Mas, exclamou Maurício, estupefato, nunca tenho de mandar; só se exige de mim obediência.
- Que engano! Tu mandas, meu amigo, e todos os dias, a um bom número de serviçais.
A mais ou menos nove.
- O senhor está brincando comigo, papai!
- De maneira nenhuma. Como me permitiria tal coisa? Convencer-te-ás rapidamente desta verdade. Examinemos juntos esses servidores. Vejo dois neste momento, que
me olham fixamente, com ar bastante assombrado.
- Meus olhos! São meus olhos, mas eu nunca tinha pensado nisso!
- Que fossem teus servidores? Entretanto, quantos bons serviços te prestam! Obedecem tão somente à tua vontade. Vêem o que lhes ordenas ver. Graças a eles desfrutas
da luz, das delícias da natureza, do sorriso de teus pais, e nem sei quantas outras coisas mais. Se queres ler, decifram para ti os caracteres de imprensa. Enfim,
são dois maravilhosos auxiliares, dóceis e atentos. Mas, existem também outros. Vejo outros dois, igualmente amáveis. Por meio deles vais e vens, corres, saltas,
brincas com a bola, etc. Penso que não precisarei mencioná-los.
- Minhas pernas! - exclamou Maurício, muito divertido com essa aventura de descobrimento. - Logo chegará também a vez dos braços.
- Exatamente; eles também merecem toda a nossa atenção. Como farias sem eles, para lavar-te, alimentar-te, trabalhar, brincar? Façamos uma breve recapitulação:
Dois olhos, duas pernas, dois braços; são, pois, seis escravos sujeitos à tua pessoa. Não te custará descobrir os outros. Um deles é a língua precioso instrumento
pelo qual podes comunicar teu pensamento à tua família e aos que te rodeiam, falar, assobiar, cantar, etc. E, finalmente, esses pequenos aparelhos acústicos que
ornam os lados de tua cabeça; eles percebem os sons, a voz dos que vivem perto de ti, permitem também que gozes a música da harmonia da natureza. E pretendias ter
de só "obedecer", com tão numeroso pessoal sob as tuas ordens! Estarás convencido do contrário? Mandas, meu filho. Eis, pois, a explicação de minha pergunta de há
pouco: Sabes mandar?
- Mas, disse Maurício, que quer o senhor dizer com isso, papai?
- Isto, meu filho: Esses servidores fiéis, amáveis, que são os teus membros e sentidos, podes empregar para o bem ou para mal. Podem, segundo a tua vontade,
ser úteis ou prejudiciais à tua vida moral.
"Com o mesmo braço, por exemplo, podes retirar do pântano uma pessoa que nele caiu, ou atirar uma pedra que cegue um companheiro. Com as mesmas pernas, podes
ir buscar auxílio para um ferido, ou seguir maus companheiros em suas malandragens. Com os mesmos lábios, a mesma boca, podes louvar a Deus ou proferir odiosas
mentiras.
"Trata-se, pois, para ti, meu amigo, de saber mandar com inteligência, discernimento e energia, as faculdades do teu ser. Esse domínio próprio, temos continuamente
de exercer também, nós, os "grandes". Mandar-se a si mesmo é, às vezes, mais difícil que obedecer ao mando duma mãe que nos faz pensar nos trabalhos que estão por
acabar".
Com essa conclusão, qualquer outro teria baixado a cabeça, mas Maurício ergueu-a, olhar firme, luminoso, armado de nova resolução.
- Procurai mandar bem e ser como o senhor, papai.
- Façamos o melhor, meu filho, e também, sejamos orgulhosos desta gloriosa liberdade de ação, pois se ela pode causar-nos a miséria, pode também criar nossa
grandeza.
44 - AS SEMENTES DE ABÓBORA REVELAM UM SEGREDO
Acaso já alguma vez trabalharam vocês quando desejavam brincar? Se assim foi hão de imaginar o que sentiu o menino desta história ao ter que ficar em casa e
trabalhar na roça enquanto os companheiros iam nadar.
O pai de Eduardo era fazendeiro nos primitivos tempos. Naquela época de desbravadores, a maior parte da terra achava-se coberta de florestas, e não tinha fim
o trabalho por fazer. Havia nas matas animais selvagens que penetravam de quando em quando nas plantações em crescimento. As raposas e gambás comiam os frangos
e perus. Estando pronto o trabalho regular da fazenda, havia sempre mais terras para limpar. Isso queria dizer derribada de grandes árvores e arrancamento de enormes
tocos. E depois, também, Eduardo era o único rapaz da família.
Certa manhã, na estação própria, disse o pai ao filho:
- Eduardo, quero que você leve algumas sementes de abóbora à roça, e as plante numa carreira de milho sim, e noutra não. Quando as tiver plantado todas, pode
ir nadar.
Era fácil compreender, pela fisionomia de Eduardo, que ele não estava contente. Era feriado, e os meninos da vizinhança, que residiam alguns quilômetros de distância,
iam nadar no rio, mas ele tinha de passar a manhã plantando aboboreiras. Fizera esse trabalho noutros anos, e sabia que se pusesse apenas três ou quatro sementes
em cada cova, levar-lhe-ia a manhã inteira para plantar a roça toda.
Parecia-lhe, enquanto trabalhava, que a roça crescera muito desde a última vez que a plantara, um ano antes. E ia abaixo e acima nas longas filas, sentindo-se
cada vez mais mal. Estava tão aborrecido que sequer ouvia o cântico dos pássaros, conquanto em geral procurasse responder aos seus trinados.
Ouviu então um convite que o fez ferver interiormente, eram os rapazes vizinhos, de caminho para o rio.
- Tem de trabalhar, hein, Edu? Nós vamos nadar. Você não deveria trabalhar nos feriados. Poderá vir à tarde?
Isso foi demais para Eduardo.
- Esperem um minuto, exclamou ele. Eu vou agora.
O vento soprava na direção contrária, e os rapazes não ouviram Eduardo dizer que ia nadar também. De modo que não viram o frenesi com que cavou junto à grande
pilha de galhos, próximo ao mato. Eduardo estava ofegante ao chegar junto aos seus companheiros.
- Mas você não tinha de trabalhar esta manhã? Perguntaram. Já plantou todo o campo?
- Sim, já plantei todas as sementes, disse Eduardo, pondo-se a assobiar uma canção. Como se havia mudado a expressão de sua fisionomia! Desaparecera-lhe a carranca,
mas fosse como fosse, não tinha ar muito natural, embora procurasse agir como quem se sente feliz.
- Não conseguiu por certo plantar já todas aquelas sementes, não foi? Indagou o outro rapaz. Sim, cada semente está na terra. Mas se entendo de sementes,
aposto que não muitas delas vão vingar, pois não me parecem em muito bom estado, talvez este não seja um ano bom para abóboras.
Nadando com os rapazes, a manhã passou rápido para Eduardo; depois vestiu-se e apressou-se em voltar pelo campo, chegando a casa, de enxada ao ombro, à hora
do almoço.
A primeira coisa que o pai perguntou:
- Então, filho, você plantou todas as sementes?
- Sim, papai, cada semente está na terra. Mas não me parecem muito boas. Duvido que vão nascer todas.
Pensava ele que esta declaração haveria de preparar o pai para a surpresa, quando nenhuma aboboreira brotasse em grande parte do campo.
Mas eram boas as sementes, e nascerão bem. Nas leiras em que Eduardo as plantou não falhou um só pé. Mas em muitas das filas de milho não havia nenhum pé de
abóbora. Estava bem evidente onde ele havia parado de plantar naquela manhã, quando os rapazes passaram.
E o lugar onde enterrara o resto das sementes, próximo a pilha de galhos, junto à mata, não se podia ocultar. Ele pensava que as tinha enterrado tão fundo que
elas nunca haveriam de brotar. E que o pai pensaria que estivesse plantado o campo todo. Mas junto à velha pilha vieram a crescer centenas de aboboreiras, e, conquanto
estivessem tão juntas que algumas morreram, uma porção delas vingou, mas treparam sobre a pilha, e no verão pareciam como um manto verde salpicado de amarelo.
Eduardo não escondera seu mal feito. As sementes de abóbora revelaram-lhe o segredo. Toda vez que olhava na direção do milharal sentia-se condenado. E uma porção
de vezes, quando o pai se dirigia para ali, Eduardo notava-lhe no rosto uma expressão de tristeza. Ele não repreendeu o rapaz, nem disse coisa alguma a respeito
das abóboras.
Um dia, sentindo-se Eduardo com a consciência perturbada acerca desse negócio, procurou o pai dizendo a verdade quanto a não haver aboboreiras naquela parte
do campo.
- Fui nadar aquela manhã, papai, enterrei a maior parte das sementes à pilha de galhos, no fundo do campo.
- Sei, tudo respondeu-lhe o pai.
- Mas, quem lhe contou, papai? Indagou-lhe o menino.
- Olhe só para o monte de galhos, filho, e há de ver como o seu segredo foi descoberto. Mas não falemos mais nisso. Estou certo de que você aprendeu a lição,
e sei que daqui em diante posso confiar em que meu filho será fiel e honesto. Você aprendeu, filho, que não é possível encobrir as más ações.
45 - SILKY, A URSA VEGETARIANA
Silki era a mais bonita, e a mais mimosa bolinha de pele preta que já tinha brincado e dado cambalhotas, na gruta dos ursos, no Zoológico da cidade. Tinha uma
irmã gêmea chamada Cetim. E como se divertiam correndo em volta e brincando o dia inteiro! Silky tinha olhos pretos, brilhantes, que olhavam de uma maneira tão amistosa,
que você teria a impressão de que se ela pudesse falar nossa linguagem diria: "Entre aqui em nossa gruta para se divertir! Não vamos machucá-lo!" Mas, naturalmente,
nunca entrou ninguém, porque as pessoas sempre pensam que os ursos são ferozes.
Um dia o Sr. Ferreira veio visitar o Zoológico. Ele gostava muito de animais e sempre os tratava com bondade e gentilmente. Ele havia tido muitos animais de
estimação em sua casa, e esses animais gostavam muito dele porque sempre os tratava com muito amor e bondade. Quando o Sr. Ferreira viu Silky e Cetim, pensou consigo
mesmo: Oh! Como eu gostaria de ter um ursinho assim como Silky! Vou pesquisar para saber onde posso encontrar um filhote assim ". Saiu dali e foi procurar o zelador
do zoológico, pensando que, talvez, ele pudesse indicar alguma pessoa que lhe vendesse um filhote de urso".
Bem depressa o Sr. Ferreira encontrou o zelador colocando feno na casa dos elefantes. Quando saiu dali, o Sr. Ferreira caminhou até ele, dizendo: "Como são lindos
os ursinhos que você tem na gruta dos ursos! Você não saberia me dizer onde posso encontrar uma pessoa que venda um filhotinho de urso como aqueles?".
Os olhos do zelador brilharam enquanto se virava para colocar de lado o garfo do feno, antes de responder a pergunta do Sr. Ferreira. "Ora, você pode comprar
um aqui mesmo. Nós encomendamos um casal de filhotes de urso - queríamos um macho e uma fêmea. Mas acontece que os dois filhotes, que nos mandaram, são fêmeas e
precisaremos comprar um filhote macho, para tomar o lugar de uma das fêmeas. E assim o senhor pode escolher entre Silky e Cetim, e levar para sua casa a que quiser".
Não demorou muito tempo para que os Sr. Ferreira escolhesse o filhote que queria. Ele havia se encantado com Silky, e por isto escolheu aquele filhote e o levou
para sua casa.
A primeira coisa que precisava fazer era construir uma jaula, ou um cercado para ela. Construir uma jaula para urso não é um trabalho pequeno. E mesmo antes
que a jaula estivesse terminada, as pessoas já vinham de todas as partes para ver Silky.
A princípio, Silky se sentiu muito solitária longe se sua irmã Cetim. As duas nunca tinham ficado separadas antes. De noite Silky chorava muito. Quando ouvia
seu choro, o Sr. Ferreira levantava e ia consolar Silky. Em certas noites tinha de levantar três ou mais vezes, mas ele não se importava, e ficava satisfeito por
ser capaz de fazer com que ela se sentisse melhor e voltasse a dormir novamente.
Uma coisa estranha com este filhote era que não gostava de leite, mas gostava de sorvete, mel, grama, alface, cenoura, maçãs, e outras coisas parecidas, mas
nunca tocava em carne e nem peixe. Silky era o que chamamos de "vegetariana", porque não comia carne e nem peixe.
Silky tinha o mais lindo conjunto de dentes e garras afiadas, mas nunca tentava morder ou arranhar. Ela gostava de perseguir seu dono ao redor do quintal, mas
nunca ficava nervosa nem mal-humorada.
Quando o Sr. Ferreira tinha que viajar, Silky sempre queria ir junto. Certa vez ele a levou em um passeio com alguns meninos e meninas, e como ela gostou de
brincar com as crianças! Ela corria em círculos ao redor de todos eles, parecia nunca se cansar. Enquanto o Sr. Ferreira dirigia o carro, Silky colocava sua cabeça
do lado de fora da janela para poder observar tudo que estava acontecendo. Muitas vezes, o Sr. Ferreira saía para o campo com Silky e faziam excursões pela mata.
Silky gostava muito de trepar nas árvores, nestas excursões subia em praticamente todas as árvores que encontrava ao longo do caminho.
Uma vez, depois de terem dado um longo passeio, chegaram a uma estrada de ferro. O Sr. Ferreira decidiu seguir a estrada. Mas Silky parecia pensar que estavam
indo por um caminho errado, e o Sr. Ferreira teve muito trabalho para conseguir que ela o seguisse, pois pulava e puxava a sua corrente. Finalmente saíram da estrada
de ferro, e chegaram no fim da rua onde moravam. Então Silky, praticamente, arrastou o Sr. Ferreira em direção da casa. Desde aquela vez, ele não conseguiu mais
que Silky saísse do quintal. Tentou puxar e empurrá-la para fora, mas ela não se movia. É quase impossível fazer com que um urso de 200 quilos vá a algum lugar contra
a sua vontade! Parece que Silky estava muito satisfeita em casa e não queria dar outra oportunidade de se sentir perdida.
Silky agora está com mais de seis anos de idade. Continua sendo tão amorosa como quando era apenas um filhote. Algumas vezes seu dono manda que ela sente em
seu colo, e podem acreditar, realmente é um peso pesado! Ela gosta de sentar ao lado dele com sua pata ao redor de seu ombro: e sempre que ele se deita de bruços
sobre a grama, no quintal, ela se deita em suas costas. Mas isto terá que parar - está muito pesado! Silky também gosta muito de lutar com o Sr. Ferreira, e sempre
o deixa vencer. Ela teria muito mais força para vencer se quisesse, mas Silky é realmente muito amorosa. Na verdade um urso vegetariano é um maravilhoso animalzinho
de estimação.
Agora Silky, que era uma bolinha de pele preta, está bem grande, alta e gorda. Seu pêlo tem mais ou menos uns 12 cm. de comprimento. Ela é sadia e muito feliz.
De fato, tanto quanto alguém saiba, nunca ficou doente.
Como Adão e Eva devem ter se divertido com todos os animais, no Jardim do Éden! Agora vamos pensar no que a Bíblia nos diz sobre o Céu, em Isaías 11:7. "A vaca
e a ursa pastarão juntas, e as crias juntas se deitarão; o leão comerá palha como o boi".
O Céu será um lugar muito, muito feliz, e eu estou ansiosa esperando para ter um lar ali, onde Jesus colocará animais mansos para que todos possamos brincar
com eles. Vocês também estão desejosos de ir par o Céu?
46 - SUNDAR E A RODA DE ORAÇÃO
"Sundar, precisamos comprar nossa roda de oração hoje!".
Sundar suspirou quando seu pai o chamou da entrada de sua casa feita de barro, perto de Lhasa, lá no distante Tibet. Estava na hora de sua família ir a Lhasa
fazer compras, mas a última coisa que Sundar queria trazer para casa era uma roda de Oração.
"Se eu pudesse contar para meu pai o que aprendi sobre Jesus com o Tio Bula, ele não iria mais querer uma roda de oração. Ele também saberia que foi Deus quem
criou a Terra e que também criou todas as coisas viventes. Saberia que é somente Deus quem faz com que a nossa plantação cresça. Daí que não haveria mais necessidade
de uma roda de oração", pensava Sundar.
O vento gelado castigava Sundar e seu pai, enquanto desciam o sinuoso caminho que os levava de sua casa até Lhasa. O pai se enrolou bem em seu manto grosso e
sorriu para seu filho.
"Como é bom ter você novamente em casa", ele disse, tentando falar acima do ruído do vento. "Você gostou de ficar com o Tio Bula?".
"Oh, sim, papai, gostei muito!", Sundar se apressou em responder. "A Índia é um país muito bonito, e o Primo Ratu é muito divertido".
O pai de Sundar concordou, balançando a cabeça, mas seu rosto estava um pouco triste. "Eu acho que na Índia não é tão frio como aqui", suspirou o pai.
Sundar meneou sua cabeça. "Não, pai, não é frio, mas eu não me importo com o frio".
"Não se importa?", disse seu pai muito surpreso. "Antes de ir visitar seu tio e primo, você se queixava muito por causa do vento".
"Eu sei, papai?", concordou Sundar, "mas não vou mais me queixar".
Seu pai franziu o rosto e olhou muito admirado para seu filho, mas Sundar não disse mais nada. Ele não poderia explicar que não iria mais se queixar do vento,
porque agora sabia que Jesus tinha criado a Terra e feito o vento para soprar, o Sol para brilhar e a chuva para cair. Se seu pai pudesse saber disto também, como
seria bom!
Sundar tinha aprendido todas estas coisas maravilhosas na Escola Cristã, onde seu tio o tinha levado. O missionário havia explicado que Jesus é o único Deus
verdadeiro que está no Céu, e que é tolice adorar a outros deuses ou acreditar em roda de oração.
Embora Sundar soubesse que seu pai achava errado falar de qualquer outra religião que não adorasse o Grande Lama ou o sacerdote no templo, ele se arriscou a
tocar no assunto da roda de oração.
"Papai, por que você quer uma roda de oração?".
O pai de Sundar parou de repente naquele estreito caminho.
"Filho, a visita a seu tio o fez mudar de verdade!", ele exclamou. "Você sabe muito bem para que precisamos de uma roda de oração. Precisamos colocar no córrego
perto de casa. A roda de oração vai fazer com que o córrego não seque, e também vai fazer com que a nossa plantação cresça e possamos ter uma boa colheita. No ano
passado não tivemos uma roda de oração, e nossa colheita não foi nada boa. Será que você não se lembra? Certamente a sua viagem não fez com que esquecesse tanto
assim!".
"Eu lembro, papai", respondeu, tranqüilamente, Sundar.
O pai de Sundar continuou andando pelo estreito caminho. "Será seu trabalho observar que a roda de oração continue girando", acrescentou o pai para Sundar.
Sundar se sentiu ainda mais infeliz. Sabia que devia obedecer a seu pai. Um dos mandamentos de Jesus manda honrar aos pais, mas como tinha pavor do trabalho
de atender a roda de oração!
Pouco antes de chegar à cidade, Sundar e seu pai atravessaram uma ponte estreita sobre um ruidoso rio. O menino quase sempre tinha medo daquela água correntosa,
mas desta vez atravessou a ponte com muita confiança. "Jesus tirou todo o meu medo", murmurou para si mesmo.
"Lá está o lugar do chefe Lama", disse seu pai, como tinha feito muitas outras vezes quando visitavam a cidade.
"Sim", respondeu Sundar. Ele tinha ouvido a história muitas vezes, e podia lembrar sobre o poderoso legislador que vestia um manto amarelo e sentava sobre um
alto trono. Com ele, dentro do palácio, estavam os monges carregando rodas de oração e cantando a única oração que conheciam. "Oh, jóia no coração do lótus".(Lótus
é uma bonita flor).
"Como são diferentes as orações feitas a Jesus Cristo!", pensou Sundar. Ele desejava muito contar a seu pai sobre a bonita oração do Pai Nosso que Ratu, seu
primo, tinha ensinado para ele.
"Talvez algum dia eu possa fazer isto", pensou Sundar, para se confortar. "Vou orar a Jesus pedindo que me ajude".
Depois de terem feito todas as compras, Sundar e seu pai voltaram para casa. Enquanto Sundar alimentava e dava água para o iak, o animal de trabalho da família,
seu pai instalou a roda de oração no pequeno riacho que irrigava a plantação.
"Agora nossa plantação vai crescer forte, sadia e alta, o pendão vai se dobrar até a terra, por causa de seu peso", afirmou o pai.
Sundar também desejava um lindo campo de cereais, mas sabiam que a roda de oração não poderia fazer nada para isto.
Cada dia ele observava a roda para ver se estava girando, assim como seu pai tinha mandado que fizesse. O riacho continuou correndo e a plantação cresceu mais
alta do que anteriormente.
"Está vendo a plantação, filho!", exclamou seu pai um dia. "Nossa roda de oração está funcionando".
Mas Sundar balançou sua cabeça: "Pai", ele disse, "a roda não pode fazer a plantação crescer. Mas existe Alguém que faz com que a plantação cresça".
Seu pai se virou rapidamente, tirando os olhos da plantação.
"O que você está dizendo, meu filho! Por que você está com estas idéias estranhas? Onde você aprendeu estas coisas? Lógico que nossa roda de oração está fazendo
com que a plantação cresça. Não quero ouvir você falar isto novamente!".
Sundar sabia que não poderia responder as perguntas de seu pai sem falar sobre Jesus. Mas também sabia que não era a hora propícia. "Vou continuar orando a Jesus
para que Ele me mostre quando devo falar sobre isto novamente", pensou.
Não demorou muito tempo para que as orações de Sundar começassem a ser respondidas. Uma manhã, quando ia para a plantação, viu que a força da água tinha arrancado
a roda de oração de onde estava amarrada, e também a tinha quebrado.
"Agora nossa plantação não vai dar uma boa colheita!" Resmungou o pai de Sundar, por ter perdido a roda de oração. "O riacho, com certeza, vai secar".
Sundar quase falou, mas uma voz parecia lhe dizer para que ficasse em silêncio.
Os dias passavam e o vento continua soprando. Mas a água do riacho não secou. A plantação cresceu bem alta, e os grãos começaram a se formar.
O pai de Sundar olhava o campo com muita admiração. Algumas vezes viu como ele balançava a cabeça, e um dia o pai disse:
"Não posso entender como nossa plantação cresceu depois que a roda de oração foi quebrada. Você não me disse um dia que Alguém faz com que ela cresça?".
O coração de Sundar bateu bem depressa, e um sentimento de emoção encheu seu coração. Sabia que agora era o tempo de falar para seu pai sobre Jesus.
"Jesus, o verdadeiro Deus que está no Céu, Ele é quem faz com que as plantas cresçam", explicou Sundar alegremente. "Ele criou a Terra e todas as coisas que
existem. Ele é o nosso grande Criador e Salvador. Se acreditarmos NELE, Ele nos levará para o Seu reino quando voltar um dia".
O pai de Sundar escutava com muita atenção. "Onde você aprendeu todas estas coisas? Foi na casa de seu tio?".
"Sim", concordou Sundar. "Eu aprendi sobre Jesus com o Tio Bula e com o Primo Ratu. Eles me levaram para a escola da missão, e eu aprendi muitas coisas com os
missionários".
Os dias chegavam e passavam, e a plantação crescia cada vez mais alta. Um dia notaram que o riacho estava com muito pouco água, era somente um filete correndo
por entre a plantação. Mas isto não importava. Os grãos do cereal já estavam bem formados, em poucos dias começariam a ficar maduros e sem demora todo o campo se
parecia com um enorme cobertor dourado.
"Amanhã começaremos a colheita!", disse o pai de Sundar, uma tarde, parado na porta de entrada de entrada de casa e radiante. "Nossa plantação amadureceu mesmo
sem a roda de oração, e eu acho que vamos ter a melhor colheita, como nunca antes". Por que, Sundar? Será que é por causa do seu Jesus?"
Rapidamente, Sundar respirou bem fundo: "Oh sim, papai! Eu orei muito para que nossa plantação crescesse, também orei pedindo ajuda para fazer você crer em Jesus,
que criou a Terra; e eu creio que Ele respondeu as duas orações. Eu estou muito, muito feliz!".
Por um momento o pai de Sundar ficou em silêncio. Mas Sundar viu a expressão de seu rosto, e não ficou surpreso quando seu pai passou o braço em seu ombro, e
disse com voz gentil:
"Você precisa me contar tudo o que sabe sobre nosso Jesus. No ano que vem, depois que a neve tiver derretido, vamos novamente visitar o Tio Bula e o Primo Ratu.
Ali você vai me levar para a Escola Cristã para ver os missionários que lhe ensinaram sobre o Deus do Céu que criou a Terra e que faz as coisas crescerem".
E Sundar sabia que seu pai iria cumprir a promessa.
47 -UM BOM AMIGO
Quando o ônibus parou defronte da escola, Paulo se dirigiu ao local em que se encontravam os meninos. Ele tinha dez anos de idade mas era grande, bem desenvolvido.
Podia avantajar-se aos demais, conseguindo o melhor assento, perto da janela. Sua teoria era: "Quem primeiro chega, melhor é servido".
Certa vez tomou seu lugar, como de costume, junto da janela, e ocupou a maior parte do banco, de tal maneira que o companheiro ficou mesmo na ponta.
Paulo lançou um golpe de vista ao colega de viagem e percebeu que era mais ou menos de sua idade. Era desconhecido, porém. Sua vestimenta era semelhante, mas
Paulo estava com as mãos sujas, ao passo que o vizinho tinha as mãos bem limpas. Paulo sentiu atração por ele e, quase sem se sentir, afastou-se para lhe dar mais
lugar no banco. O rapazinho sorriu e disse: "Muito obrigado".
Isto fez com que Paulo se sentisse bem. Viu que um pouco de cortesia não fazia mal algum, de quando em quando. Desejou fazer amizade com ele.
Paulo não era um menino mau. Era apenas egoísta. Não tinha irmãos e ficava como que solitário. E quando se relacionava com alguns companheiros, a amizade durava
pouco tempo. Não sabia conservar os amigos. Logo cortavam as relações de amizade com ele.
A mãe notara isto. "Temo que você goste muito de mandar, Paulo", disse ela, "por isso que seus amigos fogem de você. Não procure estar só mandando. Dê oportunidade
aos outros, também. Não seja egoísta".
O filho não respondeu. Não gostava de ser criticado. A mãe dele era viúva e trabalhava num escritório, para poder mantê-lo. Estava sempre cansada, e não dispunha
de mais tempo para cuidar do menino.
Quando o ônibus parou, o menino desceu juntamente com Paulo e saíram ambos na mesma direção. "Moro nesta rua", disse ele.
Paulo sorriu. "Nunca tinha visto você. Como se chama? Meu nome é Paulo".
"O meu é David", respondeu o outro. "Nós nos mudamos para aquela casa faz poucos dias". E apontou para o edifício que ficava algumas casas da de Paulo.
"Então somos vizinhos!" Exclamou Paulo, com um sorriso de felicidade. Ele desejava que David o houvesse simpatizado, para se tornarem bons amigos. Pensou que
a mãe tivesse razão, na advertência que lhe fizera, e decidiu não mandar tanto em David, se fizessem amigos.
Quando chegaram defronte da casa de Paulo, David disse: "Até logo. Amanhã nos encontraremos de novo", e prosseguiu caminhando.
"Alô"! Bradou Paulo. "Por que não entra para brincarmos no quintal? Não tenho o que fazer até que minha mãe venha do trabalho, e terei prazer em sua companhia".
"Sinto muito, Paulo", respondeu David. "Tenho que ajudar minha mãe. Atendo a mandados e cuido de meus irmãozinhos".
"Bem", disse Paulo, em voz baixa, mas realmente não compreendia a situação. Ele nunca ajudara à mãe, a não ser indo ao armazém, de bicicleta, para fazer compras,
algumas vezes.
"Você não quer ir comigo", disse David, "para que minha mãe o conheça? Ela gosta de conhecer meus amiguinhos".
Paulo concordou. "Vá caminhando, David, que irei guardar meus livros". Estava muito feliz com o novo amigo, mas não queria dizer-lhe que ia lavar as mãos, antes
de chegar lá.
Alguns minutos depois, Paulo se encontrava defronte da casa de David. O rosto e as mãos estavam limpos e o cabelo bem penteado, mas ele se sentia acanhado.
Se David não houvesse aparecido imediatamente para encontra-lo, ele teria voltado para casa. Foi um prazer, porém, encontrar a mãe de David. Ela o cumprimentou alegremente,
com muito carinho. Era uma senhora ainda jovem. Paulo sentiu-se muito bem.
Não pôde, porém, demorar-se muito lá, porquanto tinha que vigiar a casa. Costumava andar de bicicleta, ao redor da residência, ou ler alguma coisa, até a hora
da chegada da mãe. Desta vez, porém, ao chegar em casa, lembrou-se de como David ajudava à mãe. Quis imitar o bom exemplo.
Foi à cozinha e lavou todos os pratos, porque a mãe não tivera tempo de lavá-los antes de sair.
Quando ela chegou e viu os pratos lavados, tudo arrumado, chorou de alegria, abraçou o filho e beijou-o.
Paulo contou-lhe do novo amigo e disse que iria deixá-lo mandar também.
Na manhã seguinte, quando estavam esperando o ônibus, havia duas meninas para tomarem o veículo. Paulo observou que David, em lugar de subir primeiro no ônibus,
afastou-se e gentilmente deixou que as meninas subissem antes. Paulo seguiu-lhe o exemplo.
Afinal, Paulo chegou à conclusão de que é agradável ser gentil, cortês e bondoso. Foi uma felicidade encontrar um bom amigo.
48 - UM ESTRANHO NA JANELA
A mamãe espetou o seu dedo com a agulha que estava costurando, quando pulou de susto ao ouvir um barulho de batida na janela. O mesmo barulho fez com que Jane
batesse na torre que estava construindo com seus blocos.
- Que foi isto? - disse Jane pulando e arregalando os olhos.
Havia uma porção de penas na janela. A mamãe e Jane foram até a janela e olharam para fora. Lá estava um pássaro de peito amarelo (use o nome de um pássaro conhecido,
como Bem-te-vi) caído na grama, bem embaixo da janela.
- Oh! - exclamou Jane, e saiu correndo pela porta. Gentilmente ela pegou o pássaro que estava mole. Ele não se movia. O passarinho havia batido no vidro da janela.
- Ele está morto, mãe. Seu coração ainda está batendo. Pegue depressa, será que pode fazer alguma coisa por ele?
A mamãe pegou o passarinho (Bem-te-vi) em suas mãos. Ele abriu um dos olhos e se acomodou nas mãos da mamãe de Jane. As duas, mamãe e Jane, voltaram para dentro
de casa. Jane foi procurar uma caixa grande e um pedaço de pano fofinho para colocar dentro. Depois colocaram o pássaro (Bem-te-vi) dentro da caixa. Tudo o que faziam
parecia não interessar ao pequeno pássaro. Ele não queria comida. Elas tentaram dar um pouco de água com um conta-gotas, mas parecia que ele não conseguia engolir.
- Mamãe - disse Jane bem baixinho, depois de algum tempo em silêncio - eu fiz uma oração pedindo pelo Bem-te-vi. Você sabe que Jesus cuida dos pardais, e isto
quer dizer que Ele também cuida destes Bem-te-vis, não é mesmo?
- Sim, querida, e Jesus gosta de ver que cuidamos de Suas criaturas - respondeu a mamãe com um sorriso.
O passarinho não melhorava, e a mamãe começou a pensar que ele havia batido com tanta força na janela que não poderia sarar.
Jane não dizia nenhuma palavra. Mais tarde se notou uma pequena movimentação dentro da caixa. Mamãe e Jane ouviram um "tiu-tiu" muito fraco, o que fez com que
corressem para a caixa. Olharam para dentro e Jane exclamou:
- Mamãe, parece que ele está melhor!
Realmente, o pássaro parecia estar um pouco melhor, mas ainda continuava sem querer comida. Antes de ir para a cama aquela noite, a mamãe disse:
- Como seria maravilhoso se o pássaro Bem-te-vi estivesse melhor amanhã cedo, assim eu poderia mostrá-lo para as crianças da escola, aquelas bem pequenas! Então
elas poderiam ver o passarinho voar novamente!
Na manhã seguinte Jane e sua mãe estavam lavando louça na cozinha, quando ouviram alguns "tiu, tiu" vindos da caixa. Parece que o Bem-te-vi estava respondendo
aos chamados dos outros Bem-te-vis lá nas árvores.
Quando as crianças chegaram para as aulas do jardim de infância, a mamãe pegou o pássaro (tipo) e foi encontrar as crianças na porta. Contou como tinham encontrado
o pássaro ferido. Todas olharam com muita atenção e interesse quando o pássaro foi colocado em cima da grama. Primeiro ele afofou sua penas, depois olhou de um lado
para outro. Então de repente ele bateu suas asas e saiu voando pelo ar. Voou direto para a árvore mais próxima.
- Tchal, Bem-te-vi, tchal! Gritavam as crianças. Estamos contentes por você poder voar novamente. Depois todas entraram em casa para ter sua lição.
Jane ficou mais um pouco do lado de fora, e bem baixinho ela disse: "Muito obrigado, querido Jesus, porque Você cuidou do Bem-te-vi fazendo com que ele ficasse
bom outra vez. Também lhe agradeço, porque Você me ama e cuida de mim".
O que Jesus disse para Adão e Eva fazer para todos os animais no Jardim do Éden? (Cuidar deles) Jane estava obedecendo a Jesus quando cuidou do Bem-te-vi! (Sim).
Quem cuida de vocês? (Os pais). Vocês querem dizer "Muito Obrigado" a Jesus por nos amar e por nos ter dado todos os animais e pássaros para cuidarmos? Vocês querem
dizer "Muito Obrigado" pelos seus pais?
49 - UM JOVEM DE FIBRA
Era um rapaz que tinha apenas catorze anos. Ocupava-se em entregar frutas a um grande armazém de uma pequena cidade.
Quanto devo a você? Perguntou o comerciante ao rapazinho, ao terminar este de descarregar as frutas. Não me parece que já seja homem para dizer-me quanto devo.
- Sim, posso, posso dizer - replicou o jovem, prontamente. Logo se pôs a consultar as anotações que fizera em sua caderneta. Tornou a verificá-las, para estar
certo de que não se havia enganado na soma. Disse, depois:
- A conta é vinte mil réis.
- Dez mil réis, não são? Disse o comerciante, procurando experimentar o rapazinho.
Depois de passar as cifras pelas engrenagens metálicas, voltou:
- Você tem razão, rapaz; são vinte mil réis mesmo. Diga-me: que idade tem você?
Respondida a pergunta, volveu o negociante:
-Você é quase um homem. Só falta uma coisa - é um bom trago de pinga. Não pagarei a você sem que o beba. Venha cá, comigo.
- Eu não bebo! Respondeu apressadamente o jovem.
- Mas beberá desta vez! Gritou o homem, pegando o rapaz e arrastando-o para o lugar das bebidas.
Sem dúvida, o comerciante estava embriagado, senão não faria isso.
O pequeno esbracejava desesperadamente e olhava com ansiedade para todos os lados, ao ser arrastado para o bar. Notou então, na mesa, várias garrafas de gasolina.
Passou-lhe, aí, uma idéia pela mente.
- Que quer que sirva? Perguntou ao chefe o que atendia ao balcão.
- Dê-me um trago de pinga forte, disse o comerciante.
- E para mim, um copo de gasosa, pediu o jovem.
O homem bebeu rapidamente seu trago, e em seguida tomou um copo dágua, para tirar o gosto forte da boca. Olhou para o rapazinho, e viu que estava tomando soda,
e não pinga.
- Ah! Você não vai se escapar assim, não! Grunhiu irado, o borracho. Você vai beber um trago de pinga.
Pegando novamente do garoto, gritou ao caixeiro que trouxesse mais pinga e o ajudasse a fazer aquele "malandro" beber. Como era ligeiro e forte, o rapazinho
conseguiu derrubar o borracho, e estava para fugir quando o caixeiro do bar o segurou por trás. Pegando-o pelas costas e com a ajuda de seu patrão embriagado, procurava
introduzir-lhe entre os lábios um copo de bebida.
A uma mesa no canto do salão estavam três homens jogando. Um deles, de aspecto bastante rude, alto e forte, com os cabelos em desalinho e com tabaco a escorrer
dos cantos da boca, parou de jogar para presenciar a cena. Viu que aqueles dois homens estavam maltratando um menor de catorze anos, e começou a refletir. Acendeu-se
em seu íntimo, então uma fagulha de virilidade e sentimento de justiça.
Imediatamente, duas mãos fortes pegaram o caixeiro por trás e o lançaram pesadamente ao solo. Quando o comerciante se endireitou, assustado, o homem segurou-o
também, arrastou-o até à porta da rua e o jogou fortemente na calçada, dizendo-lhe que voltasse para o armazém e ali ficasse até aprender a ser homem. Enquanto isso,
o rapazinho fugia apressadamente e tomava seu carro.
Como tivesse medo de voltar ao armazém para receber o dinheiro que lhes devia, entregou o resto da carga a outras casas comerciais, e horas depois se aproximaram,
cautelosamente, daquele lugar. Vendo que o patrão não estava, dirigiu-se rapidamente ao caixa, apresentou sua conta e recebeu a importância. Mas ao sair encontrou
o chefe, que estava na porta da rua.
- Venha cá, diz o comerciante, um tanto calmo, quero: conversar com você um instante.
Vendo que sua atitude parecia ser mais amistosa e de respeito, o rapazinho atendeu. Foi com ele, a seu convite, até ao escritório.
- Você é um homem, um verdadeiro homem, diz o comerciante. É o primeiro rapaz que vejo passar por uma prova como esta sem beber coisa alguma. Você é um jovem
de fibra. E disse mais, ao rapazinho, que ia sair em férias, mas que ele podia continuar trazendo suas mercadorias, todas as semanas.
- Não traga menos do que você tem trazido, até eu voltar. Apresente-me então a conta e pagarei a você. Confio no que me disser.
Semanas depois, ao regressar o comerciante, cumpriu sua palavra, pagando tudo que o jovem disse que ele lhe devia. Logo terminaram as férias e o rapazinho tinha
de voltar para o ginásio. Foi despedir-se de seu freguês, comunicando-lhe que ia continuar os estudos e passar para um ano mais adiantado.
- Deixe os estudos, diz-lhe o comerciante. Preciso de um jovem honesto como você, que tenha bastante caráter para ficar firme no que é direito. Quero que trabalhe
comigo.
E o homem fez o oferecimento de bom ordenado e muitas vantagens. Mas isso de nada valeu. O jovem, que tinha firmeza de propósito para não beber pinga, custasse
o que custasse, também possuía fibra para não se iludir com aqueles oferecimentos e abandonar seus estudos.
Esse rapaz é agora homem feito, e leciona num conhecido estabelecimento de ensino.
50 - UMA ESTRADA COM PAGAMENTO DE PEDÁGIO
Ana e Alfredo gostavam muito de viajar. Gostavam, especialmente de visitar a vovó e o vovô Martins. Como era gostoso ir para lá.
Só a viagem já era divertida, e depois estar na fazenda do vovô era o melhor de tudo.
Enquanto o pai dirigia, saindo da cidade, Ana e Alfredo falavam sobre todas as coisas maravilhosas que fariam na fazenda.
- Eu vou ajudar o vovô a dar comida para a Princesa - disse Alfredo - depois ele me deixará montar nela e vai me levar para dar uma volta.
- Muito bem, e eu estou curiosa para ver se o filhote da Princesa já está grande para eu poder montar - disse Ana.
- Talvez o vovô coloque a Princesa na carroça novamente, e nos deixe ir apanhar abóboras e melancias - disse Alfredo, lembrando o que tinham feito no ano passado.
- Eu acho que já cresci bastante este ano, e já posso ajudar também, não preciso somente andar a cavalo - disse Ana.
O tempo estava passando rápido para Alfredo e Ana. Logo o papai parou para pagar o pedágio.
- Nós vamos até (cite uma cidade conhecida) - disse o pai para o cobrador que lhe entregou o recibo.
- Deixe-me ver o recibo, pai? - pediu Alfredo se inclinando para frente.
O papai entregou o recibo para ele. Parecia muito interessante com todos aqueles sinais e marcas.
- A viagem até (dê o nome de uma cidade conhecida) sempre é muito bonita - disse sorrindo a mamãe.
- Eu também gosto muito - disse Ana - gosto muito de passar pelos túneis.
- É muito bom, e logo, logo vamos ter um túnel - disse Alfredo.
Ana bateu palmas de felicidade.
- As cores amareladas, âmbar, enferrujada e vermelha vivo das folhas, tornam muito bonitas estas montanhas - disse a mãe.
- Sim, querida. As variações e mudanças de estações são uma das maneiras de podermos saber que servimos a um Deus de amor - disse o papai - Ele faz muitas coisas
para nossa satisfação.
Algumas horas mais tarde e depois de ter passado por três túneis, começaram a notar sinais de que (a cidade) estava se aproximando.
- Está na hora de sairmos da estrada principal - disse o pai.
- Pai, deixe-me o recibo para o cobrador? - pediu Alfredo, e se inclinou para frente, pegando o recibo que o pai lhe dava. Justamente, neste momento uma corrente
de vento soprou fazendo com que o recibo voasse para longe das mãos de Alfredo.
- Oh, não! - gritou Alfredo - o vento levou o recibo para longe.
O papai parou o carro o mais rápido possível. - Espero que possamos encontrar o recibo - disse o pai, enquanto corria para o lugar onde, imaginava, o recibo
poderia ter caído.
Alfredo descobriu naquele momento como o recibo era importante. O pai havia dito que teriam de pagar uma muita grande se não estivessem com o recibo.
Mamãe e Ana olhando pelo vidro detrás observavam como o papai procurava o recibo ao lado da estrada.
Grandes lágrimas rolavam pelo rosto de Alfredo e caíam em sua camisa. Ele se sentia muito mal. Muitas preocupações vieram à mente de Alfredo. E só um pensamento
feliz. Ele se lembrou de seu verso de sábado: "Invoca-me no dia da angústia, Eu te livrarei e tu Me glorificarás". Salmo 50:15.
- Eu vou orar! - disse calmamente Alfredo e fechou os olhos. "Querido Jesus, por favor, ajude o papai a encontrar o recibo. Nós precisamos muito dele. Muito
obrigado. Amém".
Alfredo voltou a olhar pela janela de trás, e viu o pai correr uns passos, se abaixar e pegar alguma coisa. O pai se virou e sorriu, depois voltou para o carro.
- Oh! Muito obrigado, querido Jesus! - disse Alfredo.
O papai entrou no carro e Alfredo se inclinou para frente e deu um abraço no pai.
- Desculpe, papai - ele disse - eu não queria causar nenhum problema.
- Está tudo bem, Alfredo, você não sabia o que podia acontecer - disse o pai. - Eu acho que tudo aconteceu para o bem.
- Eu também acho - disse Alfredo - e você conseguiu encontrar o recibo porque eu fiz uma oração, pedindo que Jesus o ajudasse a encontrar.
- E você já agradeceu a Jesus?
- Sim, papai, eu já agradeci - respondeu Alfredo.
- Logo que sairmos desta estrada, vou parar e todos nós vamos curvar a cabeça para agradecer pelo amor e cuidado de Jesus - disse o pai. - Certamente Ele é o
nosso melhor amigo, nunca nos deixa ficar com problemas.
Que coisas aconteceram antes que o recibo voasse que nos dá a certeza de que a família de Alfredo e Ana estavam tendo um feriado muito feliz?
Que vocês acham, Alfredo foi ou não descuidado quando deixou o recibo voar?
Como vocês se sentiram com o final da história?
Como, pensam vocês, se sentiu a família de Ana e Alfredo?
51 - UMA VOZ DESCONHECIDA
Michele gostava muito de ficar fora de casa observando o maravilhoso mundo de Jesus. Quase sempre chorava bastante quando mamãe dizia que já estava na hora de
entrar. Havia tantas coisas lindas e interessantes para ver lá fora!
Algumas vezes papai e a mamãe levavam Michele para um passeio, saíam pelo quintal e passavam para o outro lado da cerca. Depois tomavam um caminho que cruzava
a linha dos trens. Como era divertido equilibrar-se sobre os trilhos, cair fora e depois pular em cima outra vez. "Hi, hi, hi", ria Michele se deliciando, quando
o papai e a mamãe a balançavam entre eles sobre os trilhos dos trens.
Ao lado dos trilhos cresciam lindas flores, e elas pareciam dizer: "Me apanhe! Me apanhe!"!
A parte mais excitante do passeio ficava bem perto, um pouquinho mais na frente. O primeiro sinal era o som de água correndo, caindo cada vez mais rápido. Normalmente,
Michele primeiro espiava a ponte e depois corria lá para frente.
- Espere por nós, filhinha - diziam a mamãe e o papai. - É muito perigoso atravessar a ponte sozinha. - Mas, Michele desobedecia e corria na frente, e o papai
tinha que correr atrás dela. Eles ficavam sem fôlego e riam quando a mamãe conseguia alcançá-los; e juntos, de mãos dadas eles atravessavam a ponte.
Não é fácil atravessar uma ponte de estrada de ferro quando se tem somente três anos de idade. Os dormentes parecem estar muito separados, e um pequeno pezinho,
como o de Michele, poderia pisar justo no espaço que fica entre eles. "Ui, ui"! Dizia Michele, segurando bem forte a mão da mamãe. "Uau"! Ela exclamava, observando,
entre cada espaço, a água correr lá embaixo.
Quando estavam em cima da ponte o melhor de tudo era ficar parado segurando na cerca. Que vista maravilhosa da cachoeira! Que quantidade de pedras grandes com
uma espuma branquinha caindo ao redor, e cobrindo todas elas.
Com a mamãe e o papai segurando bem forte, Michele jogava flores lá de cima, de um lado da ponte sobre a água, e depois corriam para o outro lado para ver as
flores coloridas caindo lá embaixo. "Tchal, tchal"! Dizia Michele, abanando a mão, enquanto observava as flores deslizando em cima da água.
A mamãe sempre ficava aliviada quando eles estavam fora da ponte e em segurança. A madeira dos trilhos estava ficando velha. Mas eles sempre faziam seus passeios
depois que o último trem do dia já havia passado.
Numa manhã bonita de sol, a mamãe estava superocupada. Ela fechou bem forte o portão do quintal e deixou Michele brincando na caixa de areia.
- Brinque bastante agora, filhinha, e não saia do quintal - disse a mamãe.
- Está bem - respondeu Michele e pegou sua pazinha vermelha para brincar.
A mamãe entrou depressa em casa, colocou a roupa na máquina para lavar, e começou a lavar a louça. Alegremente ela cantarolava, mas seus ouvidos estavam prestando
atenção nos barulhos do quintal.
"É estranho", pensou a mamãe, "já passou da hora do trem da manhã, e eu não ouvi o seu apito. Que terá acontecido"!
De repente a mamãe se virou, como se alguém tivesse falado com ela. Não, não havia ninguém ali; mas ela tinha escutado muito bem uma voz dizer: "Vá procurar
Michele".
A mamãe voltou para a pia e continuou lidando com a louça, mas a voz estava bem mais forte: "VÁ PROCURAR MICHELE"! Ela ainda não via ninguém ali dentro, mas
desta vez a mamãe jogou longe o pano de secar pratos e correu para a porta, desceu a escada, e foi para o quintal.
- Oh, não! - ela disse nervosa, e imediatamente viu o portão aberto. Que direção tomar?
Um caminho levava para uma rua principal muito perigosa, o outro caminho levava para a estrada do trem. E lá na frente, neste caminho ela viu a pazinha vermelha
de Michele jogada sobre a grama. Os pés da mamãe quase não tocava no chão, parecia que ela estava voando em direção a estrada de ferro. Ela levantou Michele em seus
braços justamente um pouquinho antes que ela começasse a atravessar a ponte.
- Flores bonitas, mamãe! - chorava Michele, enquanto a mamãe a levava em segurança de volta para casa. Logo que chegaram no quintal, ouviram o apito do trem.
Por que o papai e a mamãe não queriam que Michele atravessasse a ponte sozinha? Michele sempre obedecia a seus pais? Como vocês sabem? Por que a mamãe queria
que Michele brincasse no quintal e não fosse para fora? E Michele, obedeceu a sua mamãe? Por quê? Quem, você acha, avisou a mamãe para ir procurar Michele? Apesar
de Michele ter desobedecido, quais eram os sentimentos da mamãe? Você acha que foi isto que Deus sentiu quando Adão e Eva pecaram? O que Deus fez para Adão e Eva?
52 - VALE A PENA OBEDECER
"Vamos sair agora", disse a mãe. "Sejam bonzinhos, busquem a lenha e arranjem tudo, até que voltemos".
"Sim, mamãe", prometeu Paulo e José.
"Se tudo estiver pronto quando chegarmos de volta, teremos uma agradável surpresa para vocês", disse a mãe.
"Mais ainda", adicionou o pai, "não saiam ao lago enquanto estivermos fora".
José e Paulo prometeram não ir ao lago. Houve as despedidas e o casal Carson partiu em sua viagem de algumas léguas, à cidade.
"Bem", disse Paulo, "é melhor que apanhemos a lenha agora mesmo, para não ficarmos preocupados com isto. Assim também estaremos certos de receber o que a mamãe
nos prometeu, se nossa tarefa for feita".
"Está fazendo muito calor agora", replicou José. "Vou esperar até à tardinha, para fazer minha parte".
Enquanto ainda conversavam sobre o trabalho a ser feito, surgiu à porta da residência um de seus amiguinhos. De fato, era um de seus mais íntimos amigos.
"Oh!" Exclamou José, chegou o David! Para onde irá ele?
"Alô, David, para onde vai você? Perguntaram os dois irmãos, quase ao mesmo tempo".
"Vou nadar um pouco no lago. Vamos juntos?".
"Não podemos, David, porque o papai e a mamãe foram à cidade e nos disseram que não fôssemos ao lago".
"Eles não irão saber disso. Estaremos de volta muito antes que regressem".
"Mas", disse Paulo, "nós prometemos que não iríamos ao lago".
"Vamos, vamos", insistiu David, "está fazendo calor e será bom um banho agora".
José e Paulo bem sabiam que não deviam ir. Mas estava um tempo muito quente e eles, pensando no banho, ficaram quase a ceder à tentação. Tinham certeza de que
chegariam em casa antes do regresso dos pais.
"Espere um momento", disse Paulo, "e iremos também".
Entraram apressadamente, apanharam os calções de banho e correram com o David, em demanda do lago.
O lago ficava a uma distância de cerca de meia légua, de maneira que, ao chegarem lá, estavam bem molhados de suor.
"Estou alegre por havermos decidido vir", disse José, "pois depois do banho ficaremos mais dispostos para o trabalho a ser feito".
A água estava tão agradável, que eles logo se esqueceram de seus deveres. José avistou uns botes à distância e sugeriu a idéia de nadarem até lá.
Paulo objetou, chamando a atenção do irmão para a profundidade das águas naquele lugar.
"Mas descansaremos nos botes", respondeu José, conseguindo convencer os companheiros. Todos começaram a nadar com destino ao local das embarcações.
Num dado momento, cansado de brincar nos barcos, José salta nágua, sem atender aos conselhos dos outros. Sabiam que ele não nadava bem e logo ficaram assustados
quando o viram desaparecer no lago. Subiu, mais uma vez, para afundar em seguida e, na terceira vez, não voltou mais à tona!
"José! José!..." clamaram os dois que ficaram nos barcos, mas tão perplexos que não sabiam o que fazer.
David, que era bom nadador, mergulhou para ver se encontrava o companheiro, não achando nada, infelizmente.
Enquanto isso, Paulo já havia saído em busca de socorro. A casa mais próxima se encontrava a mais de um quilômetro de distância. Ao chegar o primeiro homem,
David já estava exausto de mergulhar, sem resultado algum. Depois de muito trabalho, o mergulhador encontrou o corpo de José e o conduziu à margem do lago.
Apareceu, no momento, outro morador daquela vizinhança, enfermeiro da Cruz Vermelha e começou logo a fazer respiração artificial, para tentar salvar o menino,
mas todos os esforços foram em vão. Estava morto!
David e Paulo oraram, para que Deus os ajudasse. O enfermeiro tentou mais uma vez, fazendo respiração artificial, mas não foi possível obter resultado.
"Vão avisar aos pais do José", disse o enfermeiro, "pois já está quase anoitecendo".
Os dois meninos partiram apressadamente para casa. À distância perceberam que havia fumaça da chaminé do fogão, sinal de que os pais já haviam voltado.
Ao chegar Paulo em casa, os pais fizeram logo várias perguntas, pois estranhavam a ausência de José, mas ele não podia responder, até que, com a voz embargada,
pôde pronunciar: "no lago...".
Num instante o casal, havendo buscado o automóvel, partiu em direção do local. Paulo queria contar a história, mas não podia, pois o choro não permitia que falasse.
Chegaram, afinal, à margem do lago. Lá estava o corpo do José. Foi uma cena tocante, quando a mãe abraçou e beijou o filho, inerte e frio, em conseqüência da
desobediência.
O pai, o Sr. Carson providenciou o enterro.
Acalmados os ânimos, Paulo se dirigiu à mãe e disse-lhe:
"Mamãe, estou pronto para sofrer meu castigo. Eu fui o maior culpado. Eu o induzi a ir ao lago".
"Meu filho", respondeu-lhe muito comovida a mãe, "você já sofreu seu castigo. Quero que jamais se esqueça da dura lição que lhe foi dada: Vale a pena obedecer
aos pais e a Deus".--
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