quarta-feira, 30 de junho de 2010

Blog de Época - Beleza cansa

** Ivan Martins - Blog de Época
Beleza cansa
Vivemos num mundo obcecado pela beleza humana. Ela está na televisão, nos filmes, na capa das revistas, no balcão das lojas do shoping e no restaurante descolado,
onde garçons e garçonetes parecem todos modelos.
A beleza nos é oferecida em doses enormes, em vários formatos, para todos os gostos e gêneros. Há loiras altas, morenos fortes, jogadores de pernas grossas e cantoras

de barrigas impecáveis. A beleza nos enche os olhos. É um colírio grátis, permanente e intoxicante.
Num ambiente desses, talvez seja inevitável imaginar que beleza é a coisa mais importante do mundo - em nós e nos outros.Essa ilusão circula amplamente por aí,
por
um motivo simples: a beleza atrai a atenção das pessoas como talvez só a violência consiga com a mesma intensidade.
Diante de uma cena de agressão ou de uma ameaça de agressão, os nossos sentidos se crispam. Quando uma mulher bonita entra pela porta (imagino que um homem bonito

cause o mesmo efeito), as sensações também se alteram, mas desta vez na direção do prazer.
A beleza nos torna atenciosos e solícitos, ao menos por algum tempo. É por isso que ela funciona tão bem nos filmes, nas novelas, na publicidade. O prazer de olhar

seqüestra os nossos olhos e monopoliza a nossa atenção. Na outra direção, ela dá às pessoas bonitas a certeza de que serão notadas - e a ilusão de que serão amadas.

Mas isso é totalmente bobagem, não é? Todo mundo sabe, ou deveria saber, que a aparência tem um papel importante mas limitado nas relações humanas.
Pense no caso da moça bonita que começou a trabalhar no escritório. Na primeira semana não se fala de outra coisa. Ela é um objeto que os olhos devoram incansavelmente.

Passados uns dias, as pessoas se acostumam e o fascínio diminui, até que ela se torne como as outras, uma pessoa normal. Se a moça for uma chata, uma boba, ou uma

mosca morta, o processo de "normalização" é ainda mais rápido.
Isso acontece porque, na vida real, nós fazemos contato com a totalidade das pessoas: seus sentimentos, seus modos, sua inteligência, seu humor, seu charme ou sua

integridade. As relações humanas reais formam uma teia densa, complexa, na qual a beleza é apenas um componente - relevante, mas não absoluto.
É possível colocar um planeta inteiro apaixonado pela Shakira ou pelo Tom Cruise porque ninguém tem contato com eles. São apenas imagens bonitas, nas quais as pessoas

projetam qualquer tipo de sentimento. Mas ponha o Reynaldo Gianecchini ou a Sabrina Sato para trabalhar na mesa ao seu lado. Em uma semana você vai estar reclamando

de que ela ri muito alto ou que ele é folgado e se espalha demais para sentar. De perto, todo mundo é meio mala.
E quando se trata de namorar? Em princípio, claro, todo mundo quer gente bonita. Quanto mais bonita, melhor, na verdade. Mas basta olhar em volta pra perceber que

não é nada disso.
Aquele sujeito que faz o maior sucesso com as meninas do trabalho, por exemplo. Ele chega ao churrasco da firma com uma mulher que ninguém acha bonita - mas pela

qual ele é maluco. E a moça linda, coitada, que dança miudinho na mão de um namorado esquisito e tirânico que só ela acha irresistível? Claro, há aquela garota
da
praia, absurdamente sensual, com quem o seu amigo saiu duas vezes e não quis mais nada - e agora é ela quem fica pegando no pé dele.
É isso, não é? Beleza, nas relações amorosas, vai até a página dois ou três. Depois tem de incrementar com outras coisas. Ou acaba.
Olhar para a sua garota e achá-la arrebatadoramente linda tem mais a ver com estar apaixonado por ela do que com o fato de ela ser realmente tão bonita. Se ela
fosse
apenas bonita e você não gostasse mais dela, o olhar seria outro.
Vale o mesmo das mulheres para os homens. Quando elas dizem que nós somos bonitos, a mensagem realmente importante é: eu gosto de você, eu vejo beleza em você.
Eu
estou aqui com você há 10 anos, há um ano ou há seis meses e continuo interessada no que você diz e faz, naquilo que você é. Por isso, continuo achando você bonito.

Na vida real, a percepção da beleza é mais importante do que a beleza. E tem a ver com uma monte de coisas, inclusive a aparência.

(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)
Renata Coutinho

"Um livro aberto é um cérebro que fala; fechado, um amigo que espera;
esquecido, uma alma que perdoa; destruído, um coração que chora."
(Rabindranath Tagore)

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